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CONSELHO INTERNACIONAL

DE PESQUISA UNIVERSIDADE ROSE–CROIX

É com satisfação que apresentamos as considerações abaixo, voltadas para os grandes


problemas da vida, e que respondem a inúmeras perguntas feitas por nossos Neófitos. O
discurso que ora apresentamos foi escrito por um membro do Conselho Internacional de
Pesquisas da AMORC, o qual está perfeitamente qualificado para tratar do assunto. O tema e
seu desenvolvimento são tratados de modo geral, mas você encontrará no discurso muitas
informações e idéias perfeitamente aplicáveis a seus assuntos pessoais. O material que ora
apresentamos, pode trazer-lhe benefícios imediatos de natureza prática. Este discurso
especial poderá ser lido por um parente ou amigo, ainda que não seja Membro da AMORC,
caso você julgue que a sua leitura poderá auxiliá-los de alguma forma.

DEIXE SEUS ERROS PASSAREM


Linda Rose-Haley, M.S.

Nossas instituições e sistemas relativos a crenças nos ensinam que "errar é errado”. O
dicionário define a palavra "engano" como "um desvio do que é certo, acurado, correto ou
verdadeiro. . . um erro de ação, opinião ou julgamento. . . um equívoco'. A idéia é de erro,
negação. Desde cedo nos ensinam que as respostas certas são boas e as respostas erradas são
más. Este conceito implica haver sempre uma resposta correta. Na escola, se damos as
respostas certas 90% das vezes, recebemos o conceito A (excelente). Se acertamos 80% das
vezes, o conceito será B (bom). Se acertamos menos de 60% das vezes, recebemos o conceito
C (insuficiente) e somos reprovados. Neste tipo de sistema, mesmo errar um pouco traz
alguma conseqüência desagradável.

Este é um dos pontos de vista existentes. E verdade que aprendemos a fazer certas coisas e a
não fazer outras, por uma questão de sobrevivência. A criança pequena aprende a não tocar o
forno quente ou mexer nas tomadas elétricas. Aprendemos a não atravessar a rua correndo na
frente dos carros em movimento. Em nosso trabalho, se vendermos nossos produtos abaixo do
custo, construirmos telhados que desabam ou servirmos comida estragada, poderemos perder
o emprego ou os clientes.

De um ponto de vista diferente, o erro é um degrau para o todo: o sucesso, o trabalho bem
feito, a realização, a verdade. "Aprendemos com os erros alheios se somos inteligentes." Da
mesma forma, pode o indivíduo reagir a seus próprios erros, fazer deles os degraus que levam
ao sucesso. Uma pessoa pode ter que pegar um avião e não reservar tempo suficiente para
chegar ao aeroporto na hora. Isto pode significar que ela perderá o vôo e a entrevista que
havia marcado. Na próxima vez, essa pessoa, se for inteligente, planejará melhor a viagem,
pegará o avião e chegará à entrevista na hora marcada.

Petrarca disse: "Os grandes erros raramente ocorrem com homens que não tenham grandes
mentes”, Os grandes astros do esporte, do teatro e dos negócios também cometem seus
enganos. O jogador de futebol que faz muitos gols terá tentado fazê-los muitas vezes e
falhado. São os gols feitos que contam. O famoso cozinheiro de grande renome
provavelmente fez vários bolos que não deram certo ou pratos que ficaram salgados demais.
A tentativa de fazer uma nova receita, entretanto, ajudou certamente a tornar melhor o bolo ou
o prato que ficara muito salgado.

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Amsel Adams, o famoso fotógrafo, ao tirar sua famosa foto— 'MONOLITH, THE FACE OF
HALF DOME, YOSEMITE"—não ficou satisfeito com o primeiro resultado. Resolveu tirar
uma outra foto usando um filtro vermelho escuro em vez do filtro amarelo convencional. A
primeira foto representou um degrau para que ele chegasse à outra foto, hoje em dia
considerada uma obra de arte. Ao tirar sua famosa fotografia MOONRISE ele não pôde
encontrar seu medidor de exposição. Ficou aborrecido com o fato, mas não deixou que isto o
impedisse de continuar. Ele sabia que tinha um espaço mínimo de tempo para fazer o trabalho
que planejara. Usando a experiência já adquirida e seu grande conhecimento, ele ajustou o
tempo de exposição da câmara. Ao revelar o filme, ajustou os processos de revelação e
impressão para fazer sua obra magistral. A pessoa que examinar as primeiras impressões desta
foto e as comparar com as versões posteriores, verá que as primeiras tentativas foram degraus
para alcançar o nível de "perfeição”, que hoje podemos apreciar. As primeiras versões,
mesmo "imperfeitas”, foram muito elogiadas e levaram o nome de Adams às alturas da fama.

É muito importante deixar passar nossos enganos e continuar nossa jornada. "Deixar passar" é
liberar, é não prender-se inutilmente a alguma coisa que fizemos e consideramos errada.
Devemos usar nossos "enganos'' como uma lição positiva de aperfeiçoamento de nosso
comportamento futuro. Podemos, por exemplo, falar grosseiramente e em altas vozes com
uma pessoa, porque estamos perturbados por motivos alheios ao problema em pauta, ou por
algo que a pessoa fez ou disse. Depois, provavelmente, tentamos evitar aquela pessoa porque
nos sentimos embaraçados ou por não sabermos de que forma iremos nos dirigir a ela.
Podemos achar que pareceremos tolos, que a pessoa não gosta mais de nós, ou tememos
repetir o mesmo procedimento. Nestes casos, podemos aplicar os passos do "deixar passar".

I —Pergunte: Que aconteceu? (Que fiz? Que fez a pessoa?)


II —Pergunte: Que desejo realmente que aconteça?
III—Pergunte: Que aprendi com esta experiência? QUE POSSO FAZER PARA ALCAN-
ÇAR O QUE DESEJO A PARTIR DESTA EXPERIÊNCIA? Que posso
fazer agora que me possa ser útil em ocasiões semelhantes no futuro?

IV —Visualize-se alcançando o que deseja ser ou o que deseja que aconteça.

É o mesmo que fez Amsel Adams visualizando o resultado final de sua obra MOONRISE e
perguntando a si mesmo o que poderia fazer para obter a foto desejada para que pudesse ser
apreciada por outros tal como ele a imaginara.

Voltemos ao exemplo de gritar com outra pessoa. Você pode ter voltado para casa após um
dia de trabalho exaustivo. Você pode estar trabalhando num projeto cuja data de entrega está
próxima. Uma peça importante do projeto pode estar atrasada. Você está se sentindo
pressionando pela aproximação da data final e preocupado com a possibilidade de não poder
cumprir o prazo. Seu chefe pode ter dado a entender que sua promoção depende da entrega do
projeto em tempo. Você chega em casa e após cumprimentar a esposa, ela lhe pergunta se
combinou com o mecânico o conserto do carro. Você responde: "Mas o que é isto? Todos
querem que eu faça tudo. Por que você não faz alguma coisa também? Você é preguiçosa.
Nunca faz coisa alguma. Deixe-me em paz". Você diz isto em voz alta e em tom zangado e
vai para outra parte da casa. Sua esposa resmunga, retruca e sai batendo a porta da frente. Esta
discussão pode agravar-se por palavras e atos. As pessoas envolvidas podem passar a evitar-se
mutuamente. Ou então uma das partes pode utilizar a situação como um degrau. Você, por
exemplo, pode usar os passos do "deixar passar" da seguinte forma:

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1) Pergunte a si mesmo: QUE ACONTECEU? Revise os acontecimentos, seu
comportamento, 0 comportamento de sua esposa e seus sentimentos a respeito.

2) Pergunte a si mesmo: QUE QUERO SER OU QUE ACONTEÇA? E então você pode
chegar à conclusão de que deseja um alívio das pressões que o incomodam, quer que
alguém lhe dê atenção, que compreenda as pressões que o estão atrapalhando e que
demonstrem simpatia. Você pode desejar ser carinhoso com sua esposa e dela receber o
mesmo sentimento. Você pode concluir que gostaria de retirar o que havia dito.

3) Pergunte a si mesmo: QUE POSSO FAZER DE FORMA DIFERENTE (OU: QUE AJUS-
TAMENTOS POSSO FAZER) para obter o que desejo? Para isto, inspire profundamente,
depois procure sua esposa e, em voz calma, explique as razões de seu comportamento, as
pressões que lhe pesam, sua frustração, e depois peça o seu apoio.

4) Antes de dar o terceiro passo você pode VISUALIZAR-SE ALCANÇANDO aquilo que
deseja que aconteça.

Ao passar por este processo, ambas as pessoas envolvidas têm a oportunidade de aprender,
crescer, progredir e alcançar a harmonia. Elas também têm a oportunidade de modificar seu
modo de agir numa situação semelhante, no futuro.

Deixar passar é uma atitude. É ver cada experiência e acontecimento como lição positiva para
o futuro. E ver todos os elementos como degraus, como passos, parte do ciclo da vida. É saber
que não existe a resposta correta. É saber que tudo faz parte de um processo. É permitir que
nosso Eu fique aberto ao processo e à experiência, não deixando que a experiência ou
passo se torne mais importante que nós. E não permitir que algo que façamos, ou o que os
outros esperam de nós, ou nossos temores, nos controlem. E olhar para tudo que se encontra
diante de nós como uma oportunidade.

Deixar passar é saber que o ciclo da vida é vibratório e tem seus altos e baixos os quais
buscam o ponto de equilíbrio e harmonia, que ocorrem com o tempo. Se ficarmos presas a
algo que consideramos um erro ou fracasso, se não "deixarmos passar" para nos movermos de
acordo com o ciclo, iremos nos sentir pesados, vergados sob o fardo das responsabilidades,
expectativas e temeres. Podemos nos sentir esmagados e todo o nosso sistema ficará em
desequilíbrio. Se nos livrarmos do jogo do "erro" ou do "medo", ficaremos soltos e livres para
prosseguir. A jornada continuará—por vezes com passos pequeninos, por vezes aos saltos e
vôos. Estaremos, então, nos deixando fluir de acordo com o ciclo natural.

PONTOS A PONDERAR
Richard A. Rawson, M.D., F.R.C.

1. "Enganos" são necessários no processo de aprendizagem. Devemos distingui-los da


intenção consciente de não aprender. A base para vencermos os enganos é o conhecimento. O
autodomínio é a base para vencermos o autoderrotismo.

2. Um "engano" pode suscitar censuras, ridículo ou punição, provocando dor física e


emocional proporcionalmente. As regras sociais são relativas e temporárias.

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3. A gravidade de um "engano" cresce de acordo com nosso sentimento de
auto-importância. A Consciência Cósmica é vivenciada pela transformação da
auto-importância em autocompreensão.

4. O privilégio de estarmos "certos" é alcançado pela coragem de estarmos "errados".

5. A perfeição é um atributo do Cósmico; toda outra perfeição não passa de uma


aproximação. Capacidade prática é o conhecimento adquirido de refinar esta aproximação, de
levá-la a uma crescente harmonia com a perfeição.

6. Reconhecer um "engano" depende de percebermos a diferença entre o que é falso e o


que é verdadeiro a respeito do Eu. Desfazer um "engano" depende de desejarmos que o que é
verdadeiro se manifeste.

7. Aceite o fato de que tudo que você está experimentando agora, agradável e
desagradável, só bem mais tarde poderá ser reconhecido como um apoio no processo de
alcançar seu próprio objetivo na vida.

Divisão de Ensino e Instrução/GLP

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