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SISTEMA NACIONAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE

SOCIAL - SNHIS

MINISTÉRIO DAS CIDADES


CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES – NÚCLEO REGIÃO METROPOLITANA DE
MARINGÁ

MUNICÍPIO DE SARANDI - PR
PREFEITO MUNICIPAL – APARECIDO FARIAS SPADA
SECRETÁRIA DE URBANISMO – Márcia Hofman

COORDENAÇÃO DA EQUIPE TÉCNICA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SARANDI


Walter Leite da Silva
Dep. de Habitação / Chefe de Divisão – Secretaria Municipal de Urbanismo.

EQUIPE TÉCNICA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SARANDI


Andréia Cristina Pires
Diretora de Departamento de Administração – Secretaria de Saúde.

Antônio Odair Senhorini


Chefe de Orçamento, Finanças e Compras – Secretaria Municipal de Educação.

Elton Eidy Toy


Engenheiro Civil – Secretaria de Urbanismo.

Francisco dos Santos


Assessor de Assuntos Comunitários (GRC) – Gabinete do Prefeito.

Marilda Ribeiro da Silva


Diretora do Departamento Administrativo – Secretaria de Urbanismo.

Shirley de Andrade Batista


Diretora do Dep. De Geração de Trabalho e Renda – Secretaria de Desen. Econômico.

Vandikson de Souza
Assessor de Departamento – Autarquia Águas de Sarandi.

Verlaine Cristina de Paula


Assistente Social e Diretora do Dep. de Enfrentamento à Pobreza – SAS.

1
Vítor Alexandre de Souza
Diretor de Administração de Receitas – Secretaria de Fazenda.

Walker Nael Torrezan


Diretor de Captação de Recursos – Secretaria de Planejamento.

Walter Leite da Silva


Dep. de Habitação / Chefe de Divisão – Secretaria Municipal de Urbanismo.

COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO DO PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE


SOCIAL – PLHIS

Ana Lúcia de Biozio


Parque Alvamar.

Adenilson Konzelmann
Colégio Antônio Francisco Lisboa.

Aparecida Luisa Miranda


Moradora do Parque Alvamar.

Creuza dos Santos Carmo


Conselho de Habitação / Central de Movimentos Populares – CMP.

Dadin de Oliveira
Delegado do Bairro Bom Pastor.

Franciele Aparecida dos Santos


Delegada do Jardim Panorama.

Ilda Rodrigues da Rocha Santos


Conselho da Mulher.

Joana D`Arc Pereira


Associação de Moradores do Novo Bertioga.

Josefa Jocilda dos Santos


Representante Parque Alvamar II.

Juliana Marco
Jardim Independência.

Julieta da Silva Cruz


Movimento de Luta por Moradia – MLM.

Maria Eunice de Paula


Igreja Católica e Parque Alvamar.

Maria Fernanda Cezar


Delegada do Distrito Vale Azul.

2
Mirtes Dinorá Pipino
Conselho da Mulher.

Nelson Livero
Conselho de Saúde.

Newton Cezar Martins


Conselho de Habitação / Central de Movimentos Populares – CMP.

COORDENAÇÃO DO OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES – NÚCLEO RMM


Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues
Socióloga, doutora pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

COORDENAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLHIS - SARANDI


Profa. Dra. Marivânia Conceição de Araújo
Socióloga, doutora pela Universidade Estadual de São Paulo, Araraquara.

EQUIPE EXECUTORA
Profa. Dra. Celene Tonella
Profa. Dra. Marivânia Conceição de Araújo
Arquiteta Elise Savi
Arquiteto João Paulo da Rosa

COLABORADORES
Estagiários:
Altair Ferrari Moraes
Luiz Modesto Costa
Juliana De Nardin

3
ÍNDICE

LISTA DE SIGLAS.......................................................................................................................... 6

LISTA DE GRÁFICOS.................................................................................................................... 9

LISTA DE MAPAS ........................................................................................................................ 11

PARTE 01 – PERFIL MUNICIPAL DE SARANDI ....................................................................... 12

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 13

2. PANORAMA HISTÓRICO DA HABITAÇÃO SOCIAL EM SARANDI................................... 14

3. O MUNICÍPIO NO CONTEXTO REGIONAL........................................................................... 18

3.1. OCUPAÇÃO TERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE SARANDI..............................................................18


3.2. DEMOGRAFIA.....................................................................................................................................23
3.3. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA........................................................................................................38
3.4. ECONOMIA LOCAL E MERCADO DE TRABALHO ...........................................................................42
3.5. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DE SARANDI .........................................................................................51
3.6. EXPERIÊNCIAS HABITACIONAIS JÁ DESENVOLVIDAS PELO PODER PÚBLICO .......................56
4. CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVAS ....................................................... 68

4.1. MARCOS REGULATÓRIOS E LEGAIS ..............................................................................................68


4.1.1. Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, de 1992 ...........................................................69
4.1.2. Lei do Parcelamento do Solo Urbano, de 1992................................................................70
4.1.3. Lei do Código de Obras e Edificações ............................................................................70
4.1.4. Conselho e Fundo Local de Habitação de Interesse Social ............................................72
4.1.5. Anteprojeto de Lei do Plano Diretor de Sarandi, de 2007................................................73
4.1.6. Anteprojeto de Lei do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, de 2007 .......................74
4.1.7. Anteprojeto de Lei do Código de Edificações, de 2007...................................................76
4.1.8. Lei Municipal número 527, de 1993..................................................................................77
PARTE 02 – PERFIL HABITACIONAL DE SARANDI ............................................................... 79

5. NECESSIDADES HABITACIONAIS ....................................................................................... 80

5.1. DEFINIÇÕES BÁSICAS ......................................................................................................................80


5.1.1. Déficit Habitacional ..........................................................................................................81
5.1.2. Inadequação Habitacional ou Déficit Qualitativo.............................................................82
5.1.3. Demanda Demográfica.....................................................................................................83
5.2. DÉFICIT HABITACIONAL DE SARANDI ............................................................................................84
5.2.1. Considerações Iniciais.....................................................................................................84
5.2.2. Metodologia de Cálculo ...................................................................................................89
5.2.3. Déficit habitacional de Sarandi por classes de renda .....................................................95
5.3. INADEQUAÇÃO HABITACIONAL DE SARANDI................................................................................98
5.3.1. Condição de Habitabilidade dos Domicílios..................................................................101
5.3.2. Assentamentos Precários e Informais...........................................................................103
5.4. DEMANDA DEMOGRÁFICA DE SARANDI ......................................................................................123
5.4.1. Metodologia adotada nas estimativas populacionais ...................................................123
5.4.2. Demanda de Moradia a partir das projeções populacionais 2009 - 2020 ......................128
5.4.3. Correção da Projeção Populacional ..............................................................................130

4
5.4.4. Correção do Cálculo para a Demanda Futura ...............................................................132
6. OFERTA HABITACIONAL .................................................................................................... 135

6.1. PROGRAMAS DE ACESSO À TERRA E À MORADIA. ...................................................................135


6.2. DISPONIBILIDADE DE SOLO URBANIZADO..................................................................................143
6.3. PRODUÇÃO HABITACIONAL DE MERCADO. ................................................................................145
6.3.1. Valor do Solo Urbano.....................................................................................................145
6.3.2. Agentes Imobiliários e Produção de Lotes Urbanizados ..............................................151
6.3.3. Tipos e formas de produção de moradias .....................................................................157
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 159

5
LISTA DE SIGLAS
IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens
Imóveis
CadÚnico – Cadastro Único
ITR – Imposto Territorial Rural
CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias
CEF – Caixa Econômica Federal LOA – Lei de Orçamentária Anual
CEM – Centro de Estudos da Metrópole MCidades – Ministério das cidades
COHAPAR – Companhia de Habitação do OGU – Orçamento Geral da União
Paraná ONU – Organização das Nações Unidas
CREA – Conselho Regional de Engenharia, PAR – Programa de Arrendamento
Arquitetura e Agronomia Residencial
DATASUS – Banco de dados do Sistema PASEP – Programa de Formação do
Único de Saúde Patrimônio do Servidor Público
FDS – Fundo de Desenvolvimento Social PD – Plano Diretor
FGTS – Fundo de Garantia por tempo de PlanHab – Plano Nacional de Habitação
Serviço
PLHIS – Plano Local de Habitação de
FJP – Fundação João Pinheiro Interesse Social
FNHIS – Fundo Nacional de Habitação de PLHIS – Plano Local de Habitação de
Interesse Social Interesse Social
FPM – Fundo de Participação dos PSH – Programa de Subsídio À Habitação
Municípios de Interesse Social
FUNDEF – Fundo de Manutenção e RMM – Região Metropolitana de Maringá
Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização s.m. – salário mínimo
do Magistério SNHIS – Sistema Nacional de Habitação de
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Interesse Social
Estatística SUS – Sistema Único de Saúde
ICMS – Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Prestação de ZEIS – Zona Especial de Interesse Social
Serviços
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
IPI – Imposto sobre Produtos
Industrializados
IPPUR – Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano e Regional
IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano
IPVA – Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores

6
LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 – Associações Comunitárias de Bairro de Sarandi ............................................ 53

Tabela 1 – População residente de 15 anos e mais de idade que trabalha ou estuda e pessoas que
realizaram movimento pendular - 2000.......................................................................................................... 26
Tabela 2 – Percentual da população residente de 15 anos e mais de idade que trabalha ou estuda e
pessoas que realizaram movimento pendular - 2000 .................................................................................. 26
Tabela 3 – Participação da população residente com menos de 16 anos e com mais de 60 anos na
população total. ................................................................................................................................................. 29
Tabela 4 – População por faixa etária nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi - 2000.................. 30
Tabela 5 - Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi - 2000 .............................. 32
Tabela 6 - Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi - 2000 .............................. 32
Tabela 7 – População por gênero nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandí – 2000........................ 34
Tabela 8 – População por gênero e por AED no município de Sarandi - 2000............................................... 34
Tabela 9 – População por situação de domicílio nos municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu - 2000 35
Tabela 10 – Total de pessoas responsáveis pelas famílias da cidade de Sarandi - 2000 ............................ 36
Tabela 11 – Total de mulheres com idade entre 10 e 19, número de filhos nascidos vivos e proporção de
adolescentes com experiência do município de Sarandi - 2000................................................................ 37
Tabela 12 – Total de famílias de Sarandi - 2000.................................................................................................. 38
Tabela 13 - Percentual de famílias por AED Sarandi – 2000............................................................................. 38
Tabela 14 – Valor adicionado pela agropecuária, indústrias e serviços no PIB municipal de Sarandi - 2005
............................................................................................................................................................................. 39
Tabela 15 – PIB municipal e PIB per capita para os municípios conurbados da Região Metropolitana de
Maringá entre os anos 2000 e 2005............................................................................................................... 40
Tabela 16 – Renda per capita nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 -
2000..................................................................................................................................................................... 41
Tabela 17 - População contada, admissões e desligamentos nos municípios ............................................... 43
Tabela 18 - Admissões e demissões mensais nos municípios conurbados da RMM - 2007........................ 45
Tabela 19 – Evolução do emprego por setor de atividade econômica nos municípios conurbados da RMM
- 2007 .................................................................................................................................................................. 47
Tabela 20 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Maringá.............. 48
Tabela 21 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Paiçandu............ 48
Tabela 22 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Sarandi .............. 49
Tabela 23 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Maringá, 2006........................ 50
Tabela 24 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Paiçandu, 2006...................... 50
Tabela 25 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Sarandi, 2006......................... 50
Tabela 26 – Unidades habitacionais produzidas pela COHESMA.................................................................... 57
Tabela 27 – Unidades habitacionais produzidas pela COHAPAR. ................................................................... 59
Tabela 28 – Unidades habitacionais produzidas pelo GOVERNO FEDERAL / PREFEITURA MUNICIPAL
E CAIXA ECONÔMICA FEDERAL................................................................................................................. 62
Tabela 29 – Quantidade de projetos do programa Casa Fácil aprovados pela prefeitura nos anos de
2004 a 2008 ....................................................................................................................................................... 66
Tabela 30 – Famílias cadastradas no CadÚnico, por tipo de posse do imóvel, Sarandi, 2008 .................... 90
Tabela 31 – Domicílios Próprios por tipo de construção. Sarandi, 2008.......................................................... 92
Tabela 32 – Atualização do cálculo do déficit municipal. Sarandi, 2008 .......................................................... 93
Tabela 33 – Déficit habitacional acumulado por classes de renda. Sarandi, 2008......................................... 95
Tabela 34 – Inadequação por Infra-estrutura. Sarandi, 2008........................................................................... 100
Tabela 35 – Caracterização de domicílios segundo dados do IBGE, por setor censitário, em 2000. ....... 107
Tabela 36 - População Censitária, Estimada e Projetada do Município de Sarandi entre os anos de 1980
a 2020. ............................................................................................................................................... 126
Tabela 37 – População e demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da
população no Município de Sarandi entre os anos de 2000 a 2020. ...................................................... 129
7
Tabela 38 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no
Município de Sarandi entre os anos de 2009 a 2020. ............................................................................... 129
Tabela 39 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no
Município de Sarandi, subdividido por faixas de renda, entre os anos de 2009 a 2020. ..................... 130
Tabela 40- População Censitária, Estimada e Projetada do Município de Sarandi entre os anos de 1980 a
2020, e Projeção Geométrica da população até 2023 .............................................................................. 131
Tabela 41 - Bairros/Loteamentos que apresentam mais de 100 lotes vazios no município de Sarandi ... 144
Tabela 42 – Loteamentos particulares aprovados, por ano ............................................................................. 154
Tabela 43 – Produção de Lotes Urbanizados por Incorporadora Imobiliária. Sarandi, 2008...................... 155
Tabela 44 – Loteamentos que apresentam irregularidades por ano de aprovação. Sarandi, 2008........... 157

8
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Parcela da população de Sarandi que trabalha ou estuda no município de origem, trabalha ou
estuda fora do município, e que trabalha ou estuda na cidade pólo......................................................... 25
Gráfico 2 - População total nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi segundo o Censo
Demográfico de 2000, a estimativa populacional de 2006 e a Contagem Populacional de 2007
(IBGE) ................................................................................................................................................................. 26
Gráfico 3 – Percentual populacional da área conurbada da Região Metropolitana de Maringá – Maringá,
Sarandi e Paiçandu – Censo Demográfico 2000 e Contagem Populacional de 2007. .......................... 27
Gráfico 4 – Percentual populacional da área conurbada da Região Metropolitana de Maringá por faixa
etária – Maringá, Sarandi e Paiçandu – 2000............................................................................................... 28
Gráfico 5 – População com idade inferior a 16 anos e superior a 65 anos nos municípios de Sarandi,
Maringá e Paiçandu - 2000.............................................................................................................................. 29
Gráfico 6 - Percentual de pessoas, por faixa etária, distribuídos por AED no município de Sarandi – 2000
............................................................................................................................................................................. 32
Gráfico 7 – População por gênero nos municípios de Sarandi, Maringá e Paiçandu - 2000 ........................ 33
Gráfico 8 - População por situação de domicílio nos municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu - 2000 35
Gráfico 9 – Média de pessoas por família por AED no município de Sarandi - 2000..................................... 36
Gráfico 10 – Incremento do PIB entre os anos de 2002, 2003, 2004 e 2005 nos municípios conurbados da
Região Metropolitana de Maringá................................................................................................................... 40
Gráfico 11 – Renda per capita nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 -
2000..................................................................................................................................................................... 41
Gráfico 12 – Percentual de pessoas com mais de 50% de suas rendas provenientes de transferências
governamentais nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 - 2000 ..... 42
Gráfico 13– Domicílios Particulares Permanentes, por tipo de posse, Sarandi, 2008 ................................... 85
Gráfico 14 – Renda Familiar das famílias que residem em domicílios próprios. Sarandi, 2000................... 85
Gráfico 15– Renda Familiar das famílias que residem em domicílios alugados. Sarandi, 2000 .................. 86
Gráfico 16 – Renda Familiar das famílias que residem em domicílios cedidos. Sarandi, 2000 ................... 86
Gráfico 17 – Caracterização dos domicílios cedidos. Sarandi, 2000 ................................................................ 87
Gráfico 18 – Famílias cadastradas no CadÚnico, por tipo de posse do imóvel .............................................. 91
Gráfico 19– Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 5 salários mínimos
mensais. Sarandi, 2008.................................................................................................................................... 95
Gráfico 20 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos
mensais. Sarandi, 2008.................................................................................................................................... 97
Gráfico 21 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos
mensais. Sarandi, 2008.................................................................................................................................... 98
Gráfico 22 – Componentes da inadequação habitacional. Sarandi, 2008 ....................................................... 99
Gráfico 23 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos
mensais. Sarandi, 2008.................................................................................................................................. 102
Gráfico 24 Situação dos domicílios dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão ............................ 114
Gráfico 25 - Condição física dos domicílios dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão ............... 114
Gráfico 26 - Renda dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão......................................................... 115
Gráfico 27 - Escolaridade dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão ............................................. 115
Gráfico 28 - Situação física dos domicílios das pessoas entrevistadas no Conjunto Res. Floresta .......... 116
Gráfico 29 - Situação física dos domicílios das pessoas entrevistadas no Conjunto Res. Triângulo ........ 116
Gráfico 30 - Renda dos moradores entrevistados no bairro Jd. Monterrey ................................................... 117
Gráfico 31 - Escolaridade dos chefes das famílias entrevistadas no bairro Jd. Monterrey ......................... 117
Gráfico 32 - Situação dos domicílios das pessoas entrevistadas no bairro Jd. Monterrey.......................... 117
Gráfico 33 - Condição física dos domicílios das pessoas entrevistadas no bairro Jd. Monterrey .............. 117
Gráfico 34 - Renda dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor .................................................. 118
Gráfico 35 - Escolaridade dos chefes das famílias entrevistadas no Pq. Res. Bom Pastor........................ 118
Gráfico 36 - Situação dos domicílios dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor.................... 118
Gráfico 37 - Condição física dos domicílios dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor ........ 118
Gráfico 38 – Tendência populacional. Sarandi, 1991 a 2020. ......................................................................... 127
Gráfico 39 – Tendência Populacional, Sarandi 1991 a 2023 ........................................................................... 132
Gráfico 40 – Incorporadora Imobiliária por área parcelada. Sarandi, 2008 ................................................... 153
9
LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 - Plano inicial de Sarandi .............................................................................................................................. 18


Fig. 2 - Representatividade por Associações Comunitárias de Bairros/Sarandi 2007. .................................. 52
Fig. 3 - Foto de uma casa no Cj. Triângulo que sofreu modificações: a porta saiu da fachada e a lateral
foi aumentada. ................................................................................................................................................... 58
Fig. 4 - Planta e Vista frontal da casa padrão do Cj.Triângulo........................................................................... 58
Fig. 5 - Planta e elevação da casa padrão do Cj. Res. Vale Azul ..................................................................... 59
Fig. 6 - Foto de uma casa no Cj. Vale Azul........................................................................................................... 59
Fig. 7 - Exemplo de planta da casa da COHAPAR nos Conjuntos Osvaldo Gehal e Sarandi ...................... 60
Fig. 8 - Implantação do loteamento do Cj. Casa da Família no Jd. Independência 3a Parte. ....................... 61
Fig. 9 - Casa no Cj. Acalanto II ............................................................................................................................... 62
Fig. 10 - Casa no Cj. Acalanto I ou Morada do Sol.............................................................................................. 62
Fig. 11 - Domicílio no Cj. Mutirão............................................................................................................................ 63
Fig. 12 - Interior de um domicílio do Cj. Mutirão................................................................................................... 63
Fig. 13 - Vista da viela do Cj. Mutirão .................................................................................................................... 64
Fig. 14 - Espaço onde foram demolidas 3 casas no Cj. Mutirão........................................................................ 64
Fig. 15 - Mapa mostrando em destaque as quadras do conjunto Mutirão ....................................................... 64
Fig. 16 - Casa em construção do Conjunto Alvamar ........................................................................................... 65
Fig. 17 - Folder de divulgação do Programa Casa Fácil na gestão 2005-2008 .............................................. 66
Fig. 18 - Planta de 69,96 m2 do programa Casa Fácil......................................................................................... 67
Fig. 19 - Planta de 48,00 m2 do programa Casa Fácil......................................................................................... 67
Fig. 20 - Paisagem rural característica do Jd. Universal................................................................................... 113
Fig. 21 - Casa no Jardim Universal ...................................................................................................................... 113
Fig. 22 - Vista da estrada de acesso ao Jd. das Torres.................................................................................... 113
Fig. 23 - Casa no Jardim das Torres.................................................................................................................... 113
Fig. 24 - Domicílios com materiais improvisados no Mutirão ........................................................................... 115
Fig. 25 - Exemplo de fossa usada pelo moradores do Mutirão........................................................................ 115
Fig. 26 - Conjunto de casas na ocupação do Jd. Universal ............................................................................. 121
Fig. 27 - Erosão atrás das casas na ocupação do Jd. Universal..................................................................... 121
Fig. 28 - Domicílio com materiais improvisados ................................................................................................. 121
Fig. 29 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal ....................................................................................... 121
Fig. 30 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal ....................................................................................... 122
Fig. 31 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal ....................................................................................... 122
Fig. 32 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal ....................................................................................... 122
Fig. 33 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal ....................................................................................... 122
Fig. 34 - Chácara – ocupação irregular no Jardim Independência 3a Parte .................................................. 123
Fig. 35 - Domicílios na ocupação do Jardim Independência 3a Parte............................................................. 123
Fig. 36 - Ocupação em Área de Preservação Ambiental .................................................................................. 123
Fig. 37 - Casa em Área de Preservação Ambiental........................................................................................... 123
Fig. 38 – Situação esquemática do Jardim Esperança II, em Sarandi. .......................................................... 153
Fig. 39 - Empreendimento Habitacional, com residências acabas (ao fundo) – Parque Residencial Bom
Pastor, Sarandi, 2008. .................................................................................................................................... 159
Fig. 40 - Empreendimento Habitacional, com residências inacabadas e com a obra paralisada– Parque
Residencial Bom Pastor, Sarandi, 2008. ..................................................................................................... 159

10
LISTA DE MAPAS

MAPA 01 – Setores Censitários Urbanos


MAPA 02 – Bairros
MAPA 03 – Evolução Urbana
MAPA 04 – Loteamentos urbanos e empreendedores responsáveis
MAPA 05 – Zoneamento Urbano
MAPA 06 – Infra-Estrutura Urbana
MAPA 07 – Equipamentos Urbanos
MAPA 08 – Conjuntos Habitacionais
MAPA 09 – Planta genérica de valores
MAPA 10 – Vazios públicos e vazios urbanos
MAPA 11 – Terrenos adquiridos judicialmente pela prefeitura
MAPA 12 – Vazios urbanos de uso residencial ou misto
MAPA 13 – Bairros carentes e ocupações irregulares
MAPA 14 – Densidade populacional
MAPA 15 – Densidade intradomiciliar
MAPA 16 – Renda
MAPA 17 – Tipo de ocupação domiciliar segundo IBGE, 2000
MAPA 18 – Número de domicílios alugados segundo CadÚnico
MAPA 19 – Número de domicílios alugados segundo CadÚnico
MAPA 20 – Número de domicílios com mais de 6 moradores
MAPA 21 – Número de chefes de família sem renda mensal
MAPA 22 – Número de chefes de família com menos de 4 anos de estudo
MAPA 23 – Número de chefes de família com idade entre 10 e 19 anos
MAPA 24 – Número de chefes de família com idade igual ou acima de 70 anos
MAPA 25 – Número de mulheres chefes de família
MAPA 26 – Número de mulheres chefes de família não alfabetizadas

11
PARTE 01 – PERFIL MUNICIPAL DE SARANDI

12
1. INTRODUÇÃO

Para a realização do diagnóstico foram feitos levantamentos de dados estatísticos,


diversos mapas da cidade, gráficos e tabelas contemplando as mais específicas situações,
oficinas com técnicos da prefeitura e audiências públicas com a população do município. Essas
atividades vão ao encontro das prerrogativas do PLHIS, que é pautado pela presença e
participação de grupos sociais diretamente interessados na implantação de políticas públicas
que dizem respeito à habitação de interesse social. Quanto às informações coletadas a partir
de diferentes fontes – como os dados do Censo de 2000, do IPARDES, entre outros – e
métodos de pesquisa – tais como a aplicação de questionários junto à população – elas foram
elaboradas objetivando oferecer subsídios para melhor conhecer as características e os
problemas relacionados à habitação popular e ao déficit habitacional.
O Diagnóstico Habitacional versa sobre o panorama histórico da habitação social no
Brasil, quando são elencadas as políticas voltadas para habitação nas diferentes esferas do
executivo; contextualiza o município de Sarandi no âmbito regional, envolvendo vários temas:
ocupação territorial, demografia, situação econômica, organizações sociais e as experiências
habitacionais já desenvolvidas. Traz dados sobre as condições institucionais e administrativas
que têm relação com o uso do solo e a legislação vigente para a edificação. Informa sobre as
necessidades habitacionais, apresentando informações sobre déficit habitacional, inadequação
habitacional e a demanda demográfica, referentes à cidade de Sarandi. Há, ainda, um estudo
sobre a oferta habitacional, isto é, demonstra através de diversos mapas (com suas respectivas
apreciaçôes) e os resultados das análises dos dados oferecidos pela prefeitura entre outras
fontes, as áreas disponíveis naquele espaço urbano e menciona elementos pertinentes para
essa discussão como o valor do solo urbano, os agentes imobiliários, a produção de lotes
urbanizados – que em Sarandi tem um papel determinante na organização do traçado urbanos
e tipos e formas de produção de moradia.
O Diagnóstico Habitacional apresenta informações históricas, da legislação relacionada
à habitação no país, traça um amplo panorama da situação do espaço urbano de Sarandi,
dados da sua população, etc. Tudo com o objetivo de oferecer o mais completo conjunto de
elementos que possibilite conhecer o município e para formular propostas para futuros
programas e políticas relacionadas à habitação de interesse social que Sarandi tanto necessita.

13
2. PANORAMA HISTÓRICO DA HABITAÇÃO SOCIAL EM SARANDI

O Sistema Nacional de Habitação de Interesse Popular –SNHIP – foi criado no Senado,


por meio do Projeto de Lei de iniciativa popular no. 2.710/92, a mesma lei regulamentou
Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS – e autoriza o Poder Executivo a
criar o fundo e seu conselho gestor. Como conseqüência, foi estruturado o Plano Nacional da
Habitação – o Planhab, cujo objetivo é dar maior suporte institucional e mais consistência ao
Sistema Nacional de Habitação.
Em mais um resultado de um Projeto de Lei de iniciativa popular, foi instituído o Sistema
e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS/FNHIS), Pela Lei Federal no
11.124/05 em 16 de junho de 2005 e o Conselho Gestor, esse fato possibilitou a consolidação
do setor habitacional como política de Estado. De acordo como o Ministério das Cidades, o
objetivo principal do SNHIS é
“(...) implementar políticas e programas que promovam o
acesso à moradia digna para a população de baixa renda, que compõe a
quase totalidade do déficit habitacional do País.
Além disso, esse Sistema centraliza todos os programas e
projetos destinados à habitação de interesse social, sendo integrado
pelos seguintes órgãos e entidades: Ministério das Cidades, Conselho
Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, Caixa
Econômica Federal, Conselho das Cidades, Conselhos, Órgãos e
Instituições da Administração Pública direta e indireta dos Estados,
Distrito Federal e Municípios, relacionados às questões urbanas e
habitacionais, entidades privadas que desempenham atividades na área
habitacional e agentes financeiros autorizados pelo Conselho Monetário
Nacional.” 1

Na estrutura da política habitacional do Governo Federal, o PLHIS é um instrumento de


implementação do SNHIS, isto é, ele visa possibilitar a participação da população, a discussão
e a ação do poder municipal para resolver o problema do déficit habitacional (quantitativo e
qualitativo) que atinge a grande parte da população brasileira de baixa renda.
O ministério das Cidades afirma que o

1
http://www.cidades.gov.br
14
“O processo de elaboração do PLHIS contempla três etapas –
proposta metodológica, diagnóstico do setor habitacional e estratégias de
ação – , que resultam em um conjunto de objetivos, metas, diretrizes e
instrumentos de ação e intervenção para o setor habitacional.”2

O Município de Sarandi desenvolveu algumas ações no sentido de discutir e buscar


soluções para o problema do déficit habitacional por habitação de interesse social. Ou seja, por
meio da Lei no 1.089/2003, foram criados o Fundo Municipal de Habitação e o Conselho
Municipal, em 2005 foi instituído o Departamento de Habitação do Município de Sarandi.
Em 25 de fevereiro de 2007 o município aderiu ao PLHIS, para a elaboração do Plano
de Habitação, fruto de um processo participativo e democrático.
Essas medidas foram tomadas pelo poder público municipal devido aos sérios
problemas existentes em seu perímetro urbano, em especial no que diz respeito à organização
do espaço urbano da cidade e à habitação destinada à população de baixa renda. Esses
problemas são percebidos e apontados em diferentes instâncias. Por exemplo, em seu Plano
Diretor, sancionado em 1992, lê-se o seguinte:
“ (...) no processo de ocupação do solo de Sarandi houve uma
degradação da qualidade da urbe, sua evolução ocorreu sem que se
resguardasse o adequado desenho das funções urbanas, fluxos ou distribuição
de atividades” (Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento, Sarandi, 1992)

Como conseqüência desse processo tem-se em Sarandi um tecido urbano


desorganizado, um padrão de parcelamento desarticulado e um sistema viário em que não se
percebe a sua hierarquia. O mesmo Plano Diretor destaca ainda que este processo de
deterioração urbanística, ocorrido em Sarandi e Paiçandu, repete uma tendência da
urbanização brasileira recente que se caracteriza pelo crescimento urbano proporcionado a
periferização das populações de baixa renda em regiões sem os serviços públicos básicos e
com padrão urbanístico inadequado.
Todavia, o Plano Diretor de Sarandi não informa que em Maringá também se repetiu o
mesmo processo quando do seu crescimento urbano, isto é, a população mais empobrecida foi
deslocada, pelo poder público municipal e estadual ou pelas pressões do mercado imobiliário,
para as franjas da cidade, em condições precárias, devido à ausência de serviços públicos.
Esse fator é muito importante para a caracterização do solo urbano em Sarandi assim como
2
http://www.cidades.gov.br

15
para o aumento da demanda por habitação de interesse popular, haja vista que boa parte
daquela população pobre expulsa da cidade de Maringá instalou-se em Sarandi, devido aos
valores dos aluguéis e dos terrenos serem comparativamente menores em Sarandi.
Segundo o Plano Diretor, em Sarandi não há favelas, porém o Conjunto Mutirão é
citado por se caracterizar pelas condições inadequadas de habitabilidade3. Fato que aumenta a
demanda por habitação. O Plano Diretor destaca, ainda, que até 1990 em Sarandi foram
edificados sete conjuntos habitacionais, perfazendo 177 casas com áreas construídas entre 27
a 47 m2 e cujos agentes foram a COHESMA e a INCOOP. Nota-se que se trata de um número
que ficou muito aquém das necessidades habitacionais do município e o problema se agrava
quando se observa o metro quadrado das áreas construídas, isto é, um espaço ínfimo para
uma família viver de modo confortável, dentro dos padrões estipulados pelo Ministério das
Cidades para uma moradia de qualidade4.
Com base nesses dados apresentados pelo Plano Diretor de Sarandi e por suas
respectivas reflexões, é possível perceber que os problemas relacionados à habitação em
Sarandi são muitos e estruturais, pois alguns dizem respeito ao seu processo de ocupação do
espaço e a baixa oferta de habitações de interesse popular.
Segundo Nedier Souza (1991), o crescimento espacial de Sarandi foi exorbitante,
desordenado e envolveu várias áreas da cidade. Alguns loteamentos se constituíram de forma
alongada (exemplo do Jd. Universal), o que dificulta o acesso de seus moradores à área central
da cidade, porém por outro lado, há terrenos vazios próximos ao centro.
De acordo com Veloso,
“Na década de 80 são aprovados apenas dois loteamentos, que seguem
a tendência iniciada no período anterior de expansão contínua, em direção ao
norte: a expansão, que era predominantemente realizada longitudinalmente ao
longo dos eixos rodoviário e ferroviário, começa a prosseguir transversalmente.
(...) Na década de 90 ocorre o segundo período de maior expansão de território
com a aprovação de mais 27% dos loteamentos hoje existentes, ocorrendo de
maneira dispersa, ocupando vazios localizados entre porções já loteadas e
também expandindo linearmente o parcelamento em direção a noroeste e a
sudoeste. (...) Na década de 2000 foram implantados mais sete loteamentos,
sendo que os dois maiores ocorreram totalmente desconstituídos e distantes da
malha urbana, um a sudeste e outro a sudoeste.” (VELOSO, 2003)

3
Sobre o Conjunto Mutirão ver página 64
4
www.cidades.gov.br
16
A aprovação destes loteamentos ao longo dos anos e o modo como eles estão
dispersos no espaço urbano de Sarandi, demonstra como vem se configurando desorganizado
e sem planejamento aquele espaço. Esse fato tem sérias conseqüências para a população de
baixa renda que habita aqueles loteamentos, pois eles foram implantados de forma dispersa,
na periferia da cidade, em locais sem infra-estrutura e à mercê de um transporte público
deficitário. Essa população também está numa situação de isolamento, na medida em que os
loteamentos estão próximos a vazios urbanos. Esse aspecto “caótico” (Plano Diretor de
Sarandi, 1992) da malha urbana prejudica sobremaneira a população empobrecida e evidência
a necessidade de uma política pública com base em um planejamento coerente que vise
beneficiar todas as parcelas da população, ocupando os vazios, inclusive aqueles próximos ao
cento da cidade. E a discussão de caráter participativo para a elaboração de um Plano de
Habitação vem ao encontro da necessidade de organizar e tornar mais democrático o espaço
urbano de Sarandi.

17
3. O MUNICÍPIO NO CONTEXTO REGIONAL

3.1. OCUPAÇÃO TERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE SARANDI

O surgimento da cidade de Sarandi faz parte do processo de ocupação do Norte do


Paraná, implantado pela Companhia de Terras Norte do Paraná, companhia de capital inglês
que, em 1939, passou a ser de acionistas brasileiros e, então, mudou seu nome para
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. A ocupação da região foi impulsionada pela
prática da cultura cafeeira que se expandiu do interior do estado de São Paulo para esta região
de terras férteis, a “terra roxa”, muito favorável à produção do café.

O modelo de ocupação implantado pela Companhia consistia na venda de terras na


área rural para a agricultura e, para dar suporte a essa ocupação, a implantação de núcleos
urbanos maiores distanciados cerca de cem quilômetros, conformados como pólo prestadores
de serviços, e outros menores distanciados entre si cerca de quinze quilômetros. Nesse sentido,
Sarandi conforma-se como um pequeno núcleo, ao lado de um grande: Maringá.

O início da ocupação de Sarandi data de 1935, quando foram adquiridos por imigrantes
de São Paulo, Minas Gerais e do Nordeste, os primeiros lotes de terras e, em maio de 1947, foi
fundada a cidade.

Fig. 1 - Plano inicial de Sarandi


Fonte: Construtora Vicky, 1973 (apud Caldeira, 1997, p.52).

Inicialmente Sarandi era apenas um patrimônio e, em 1951, passou a ser distrito de


Marialva, que era distrito de Mandaguari. Posteriormente, Marialva tornou-se município, e
Sarandi continuou como seu distrito. No ano de 1981, Sarandi então, emancipou-se. Segundo

18
Veloso (2003), Sarandi não foi planejada para o crescimento urbano, previa-se apenas
atividades comerciais, religiosas e institucionais.

Até 1960, Sarandi era constituída apenas do núcleo inicial e duas vilas, Vera Cruz e
Chácaras Aeroporto, em 1954 foi implantada a ferrovia e a estação ferroviária. Essas chácaras
se desenvolveram junto à linha férrea e à estrada que ligava Londrina a Maringá o que explica o
fato da localização destas vilas ser distante do núcleo inicial. Essa ocupação de Sarandi
ocorreu devido à venda de terras na região como enfatiza Veloso (2003), comerciantes ali se
estabeleceram uma vez que se constituía em núcleo de venda de terras da Companhia.

As poucas famílias que se instalaram até a década de 60 vieram atraídas pelas terras
férteis, “terra roxa” e, até hoje, as duas vilas da ocupação inicial permanecem desconexas do
restante do território devido aos grandes vazios urbanos. Na década de 90, com a implantação
de um loteamento contíguo a essas vilas há certa integração com o restante do território
municipal, porém ainda com uma baixa ocupação dessa área.

Ainda na década de 60, o surgimento da BR 376 cortando o município faz com que a
ocupação aconteça no núcleo traçado pela Companhia junto à rodovia. Soma-se a esse fator
de expansão o fato de Sarandi ter recebido moradores de Maringá, entre 1961 e 1964, por meio
de uma ação de despejo adotada pelo então prefeito de Maringá. Apesar dessa expansão na
década de 60, o maior crescimento demográfico aconteceu em 1976, quando uma forte geada
atingiu a região, destruindo grande parte dos cafezais, o que fez com que a população saísse
do campo em direção à zona urbana. Concomitante a isso, o êxodo rural foi resultado também
da implantação de lavouras mecanizadas de soja e trigo. Como em Sarandi o preço dos lotes
era menor do que em Maringá, a cidade foi ocupada não apenas por indivíduos do município
como também por moradores de toda região. Esse êxodo pode explicar o fato de que a maioria
dos loteamentos da cidade, aproximadamente 54%, surge nesse período.

Segundo Veloso:

A expansão da área urbana tornou-se acentuada em 1974, quando a


empresa Construtora Vicky Ltda., de propriedade do Dr. Vicente Yabiku,
iniciou a venda de lotes urbanos. Em 1975, surgem três novos conjuntos
margeando a rodovia (BR 376). (VELOSO, 2003, p. 44).

Até 1975, a ocupação do município ocorreu a partir do núcleo original, com a ocupação
de suas proximidades e de uma grande área na direção da BR 376, ao Norte, conformando o
19
que é hoje a região central da cidade. Em termos de morfologia, essa expansão do território se
deu através de loteamentos de traçado regular, quadras retangulares, configurando o máximo
aproveitamento do lote. Porém, lotes menores quando comparados aos lotes do núcleo inicial.
A região central da cidade configura-se como a área mais valorizada do território, onde há a
maior concentração de comércio e serviços, bem como maior quantidade de infra-estrutura e
equipamentos.

A expansão do território nesses períodos pode ser melhor observada com o mapa de
evolução urbana (Mapa 03), onde é possível visualizar como o espaço do município foi sendo
ocupado ao longo das décadas principalmente na década de 1970. A malha, descontínua em
muitos momentos, faz com que existam bairros desconexos do ambiente urbano, aproximando-
se mais do meio rural. Do ponto de vista dessa ocupação mais periférica, muitos casos se
tratam de ocupações irregulares, em unidades precárias (barracos), com a criação de animais
em lotes do perímetro urbano, essenciais a complementação da renda familiar, especialmente
nas atividades de recolhimento de materiais recicláveis.

Ainda na década de 70, a expansão da cidade aconteceu de maneira mais linear,


direcionada para o limite com o município de Maringá e entre a linha férrea e a rodovia no
sentido de Marialva. Essa expansão em direção à Maringá acentuou a conurbação dos dois
municípios. O surgimento de um grande loteamento a nordeste, o Jardim Universal,
caracterizou-se como uma expansão descontínua à malha. A nova expansão do território
apresenta loteamentos com alguns pontos de descontinuidade das vias e desconsidera a
topografia o terreno.

Na década seguinte são aprovados dois grandes loteamentos, limitados pelo


Córrego Guaiapó, que reiteram a descontinuidade da expansão. A exemplo do que acontece
com os outros loteamentos, estes também não consideram a topografia do sitio físico e não tem
grande preocupação quanto à proteção dos recursos hídricos. A conexão com os loteamentos
existentes acontece por vias descontinuas.

Durante a década de 90, o território de Sarandi sofreu outra expansão como o


surgimento de mais de 27% dos loteamentos hoje existentes. Esse crescimento ocorreu tanto
no sentido de ocupação de vazios quanto em direção a áreas novas a noroeste e sudoeste.
Posteriormente, em 2000, foram aprovados mais sete loteamentos sendo dois destes
localizados distantes da malha urbana existente.

20
A vasta quantidade de loteamentos, resultado do parcelamento de pequenas glebas, fez
com que ocorresse um grande número de bairros, surgidos antes mesmo que outros
loteamentos já estivessem ocupados e consolidados o que explica a ocorrência de muitos
bairros, sendo alguns com uma baixa ocupação. A cidade expandiu-se desordenadamente,
fruto da especulação imobiliária, com loteamentos criados sem que houvesse uma preocupação
quanto a concepção urbanística. Acompanhando esse cenário, com aprovação de vários
loteamentos de maneira irregular fez com que muitos não tivessem lotes destinados a Prefeitura
para implantação de equipamentos públicos como creches, escolas e postos de saúde, como
exige a Lei Federal número 6.766 de 1979 e pela Lei do Plano Diretor Municipal, número 4, de
1992.

Ainda sob o ponto de vista da ocupação do território, este concentrou o comércio e


serviços no núcleo inicial e ao longo de algumas vias como a Avenida Londrina, que é cortada
pela BR 376, Rua Rio de Janeiro e Avenida Maringá bem como ao longo da rodovia. Quanto ao
uso residencial, este é predominante em todo o perímetro urbano, onde prevalecem habitações
de um pavimento. Já o uso industrial concentra-se ao longo da rodovia, sendo sua maior
concentração na saída para Marialva.

A ocupação de Sarandi, de maneira geral, se deu principalmente, por pessoas atraídas


pelas oportunidades de emprego de uma cidade de médio porte como Maringá, porém, não
tendo condições de morar naquele local devido ao custo dos lotes, estabeleceram-se em
Sarandi, onde os lotes tem preço mais acessível.

Vários estudos sobre Sarandi como uma cidade-dormitório uma vez que grande parte da
mão-de-obra do município desloca-se para trabalhar na cidade-pólo Maringá, retornando no fim
do dia. Essa conformação deve-se ao fato de que o solo urbano de Sarandi possui um preço
mais acessível quando comparado à Maringá. Porém, vale ressaltar que esse custo inferior está
relacionado, muitas vezes, à falta de infra-estrutura urbana como pavimentação e esgoto.

Segundo Veloso (2003), Sarandi sofreu primeiramente com a exploração do solo por
parte dos incorporadores imobiliários e, posteriormente, essa exploração se deu por outros
agentes do espaço urbano como grandes industriais, proprietários dos meios de produção e
outros. Isso fez com que o planejamento inicial da CMNP não fosse seguido trazendo
problemas a cidade.

Durante muito tempo houve certo imobilismo tanto da administração pública quanto da

21
iniciativa privada em relação às políticas públicas locais, o que fez com que a implantação de
infra-estrutura urbana não acompanhasse o crescimento populacional. Nesse contexto, muitos
loteamentos surgiram e foram aprovados sem seguir os critérios legais de aprovação,
resultando em loteamentos desprovidos de galerias, asfalto e até de posteamento de energia
elétrica.

Mesmo o Plano Diretor de Sarandi (1992) indicando que haveria um controle na


expansão de loteamentos de maneira que os bairros tivessem infra-estrutura e que os
investimentos públicos pudessem ser melhor aplicados neste sentido, o Plano Diretor não foi
respeitado, tendo em vista que os loteamentos surgiram de forma dispersa no território e,
muitas vezes, desprovidos de infra-estrutura básica.

A população que passa a habitar Sarandi enfrenta situações difíceis como:


falta de ônibus nos bairros, barro e poeira por falta de asfalto, falta de
energia elétrica. (VELOSO, 2003, p. 32).

As áreas mais providas de infra-estrutura, principalmente área central, foram ocupadas


pelas pessoas com recursos financeiros suficientes - os pioneiros, o que levou a uma
periferização da cidade, pois a população com baixa renda não tinha acesso aos lotes melhor
localizados, mais dotados de infra-estrutura e se deslocou para as áreas periféricas.

O cenário atual de Sarandi é resultado dessa falta de planejamento para ocupação e


desenvolvimento da cidade. O município cresceu, porém, a implantação de infra-estrutura e
serviços não acompanhou esse crescimento. Segundo Rodrigues (2004), um diagnóstico do
Plano Diretor de Maringá (1991) destaca aspectos da urbanização de Sarandi, cuja expansão
pode ser considerada,

...caótica, pois se deu obedecendo à lógica exclusiva da especulação


imobiliária, que muitas vezes não respeitou, sequer o princípio preliminar
da manutenção das diretrizes do sistema viário. A resultante deste
processo é um tecido urbano desarticulado, apoiado em padrão de
parcelamento bastante inadequado, e num sistema viário no qual é de
difícil percepção a hierarquia (PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO
DE MARINGÁ, 1991 apud Rodrigues 2004, p. 103)

A economia de Sarandi está baseada, principalmente, na prestação de serviços e


fornecimento de força de trabalho à cidade de Maringá - pólo industrial e comercial da região
metropolitana. Ao mesmo tempo em que os assalariados trabalham, também consomem em

22
Maringá, o que significa uma redução nas possibilidades de arrecadação do município. Trata-se
de uma relação de dependência, Maringá necessita da mão-de-obra de Sarandi e esta
necessita dos empregos disponíveis em Maringá.

O somatório de todos estes aspectos conformados ao longo anos de ocupação leva a


um cenário com vários problemas econômicos, de falta de infra-estrutura e de um ambiente
urbano caótico.

3.2. DEMOGRAFIA

Para elaborar um diagnóstico demográfico sobre Sarandi, optou-se pela utilização dos
dados fornecidos pelos Censos Demográficos (IBGE) dos anos de 1991 e 2000, apresentados
tanto em dados totais do município como seccionados por Áreas de Expansão Demográfica5
(AED), que consiste na junção dos dados coletados em determinados setores censitários, em
uma área determinada por suas características espaciais, possibilitando uma identificação
territorializada mais específica das informações, além dos dados da contagem populacional
realizada em 2007 (IBGE).

No caso de Sarandi, foram constituídas quatro AED’s: Centro 1, Centro 2, Nova


Independência e Linha do Trem, localizadas conforme Figura 02:

5
Apenas informações do último Censo Demográfico realizado pelo IBGE até o período da elaboração
deste diagnóstico (2000)
23
Fig. 2 – Áreas de Expansão Demográfica de Sarandi - PR
Fonte: Observatório das Metrópoles – RMM 2008

No ano 2000, o município de Sarandi contava com 71.422 habitantes. Maringá, cidade
pólo da região metropolitana e com a qual Sarandi apresenta um quadro claro de conurbação,
contava com um contingente populacional aproximadamente três vezes maior que a cidade em
questão, ou seja, 288.653 habitantes.

Distribuídos os dados de população por AED’s, constata-se que a AED Centro 1 era a
mais populosa, com 19.647 habitantes, representando 27,51% da população total do município,
além da AED Centro 1, com 18.499 habitantes e representando 25,9% da população total.

Considerando que entre os habitantes de Sarandi em 2000, 64,86% (32625 pessoas)


desenvolviam atividades como trabalho e estudo, e que mais de um quarto da população, ou
seja, 28,76% (14467 pessoas) trabalhavam ou estudavam fora do município de origem, é
possível afirmar a existência de um movimento pendular intenso, especialmente com relação à
cidade pólo da Região Metropolitana, Maringá, para onde 26,47% (13315 pessoas) residentes
em Sarandi se deslocavam diariamente para trabalhar ou estudar no período, conforme
demonstrado no Gráfico 1.
24
Gráfico 1 – Parcela da população de Sarandi que trabalha ou estuda no município de
origem, trabalha ou estuda fora do município, e que trabalha ou estuda na cidade pólo.

Que es tudam e
26,47
trabalham em Maringá

Que es tudam ou
trabalham fora do 28,76
m unicípio

Pes s oas que es tudam


ou trabalham no 64,86
m unicípio

0 10 20 30 40 50 60 70

Fonte: Censo Demográfico – Micro dados da Amostra (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Observado o mesmo dado distribuído por AED fica claro que, dos 14467 moradores
residentes de Sarandi que se deslocavam diariamente para outro município para estudar ou
trabalhar, as AED’s Centro 1 e 2 foram as que comportaram maior parcela de pessoas nestas
condições – Centro 1 – 23,13% (3346 habit), Centro 2 - 27,97% (4047 habit.). Há de se levar
em consideração que o valor apresentado nas outras AED’s não diferem muito com relação à
população de cada uma, indicando que este movimento pendular intenso é um fenômeno
comum a todo o território urbano municipal.

Este alto número de pessoas que se deslocavam diariamente para Maringá ou região
expressa, num primeiro momento, a falta de emprego no território municipal, aliado a isso, o
intenso incremento populacional que Sarandi sofreu nas últimas décadas em decorrência da
supervalorização da terra urbana e especulação imobiliária na cidade pólo, que forçou as
parcelas da população com baixa renda a procurar habitação com valores viáveis às suas
respectivas rendas.

Um parêntese a ser feito é que a contagem populacional realizada pelo IBGE para o ano
de 2007 no município contraposta à estimativa populacional de 2006 demonstra que, enquanto
em Sarandi era esperada uma população de 88.747 pessoas naquele ano, em 2007 foram
contadas 79.686, uma diferença de -10,21% que o esperado no ano anterior e, entre os
municípios conurbados (Maringá, Sarandi e Paiçandu), apenas Maringá correspondeu na
contagem populacional de 2007 aquilo que havia sido estimado em 2006, conforme observa-se
disposto no Gráfico 2:

25
Gráfico 2 - População total nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi segundo o
Censo Demográfico de 2000, a estimativa populacional de 2006 e a Contagem
Populacional de 2007 (IBGE)
30764
Paiçandu 37096
34604

71422
Sarandi 88747
79686

288653
Maringá 324397
325968

0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000

Maringá Sarandi Paiçandu

Censo 2000 288653 71422 30764


Estimativa 2006 324397 88747 37096
Contagem 2007 325968 79686 34604

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 1 – População residente de 15 anos e mais de idade que trabalha ou estuda e


pessoas que realizaram movimento pendular - 2000

Total de pessoas
Que trabalham
AED AED Tipo População ou estudam Que trabalham
Que trabalham
Total fora do ou estudam
ou estudam
município de em Maringá
residência
4126256001001 Centro 1 4 18499 13271 8713 3346 3010
4126256001002 Centro 2 5 19647 14671 9691 4047 3642
4126256001003 N. Independência 6 15864 10745 6841 3349 3107
4126256001004 Linha do Trem 6 17412 11611 7379 3725 3557
Total 71422 50298 32625 14467 13315
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá

Tabela 2 – Percentual da população residente de 15 anos e mais de idade que trabalha ou


estuda e pessoas que realizaram movimento pendular - 2000

Total de pessoas
Que trabalham
AED AED Tipo População População de ou estudam Que trabalham
Que trabalham
15 anos ou fora do ou estudam
ou estudam
mais município de em Maringá
residência
4126256001001 Centro 1 4 25,90 26,38 26,71 23,13 22,60
4126256001002 Centro 2 5 27,51 29,17 29,70 27,97 27,35
4126256001003 N. Independência 6 22,21 21,36 20,97 23,15 23,33
4126256001004 Linha do Trem 6 24,38 23,08 22,62 25,75 26,71
Total 100,00 70,42 64,86 28,76 26,47
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá

26
Com relação à população total da área conurbada da Região Metropolitana em 2000
(Maringá, Paiçandu e Sarandi) e o que representa a população de cada um dos municípios
nesta composição, foram contadas 390.839 pessoas na área, nesse contexto, Sarandi
participava com 18,26% de população, Paiçandu com 7,9%, e a cidade pólo, Maringá, com
73,85%, conforme Gráfico 3.

Com base na contagem populacional de 2007, a população total da área conurbada


passou a ser de 440.258 habitantes, onde os moradores de Sarandi passaram a representar
18,10% da população, os de Paiçandu 7,86%, e a população de Maringá a representar 74,04%.
Isso indica que, por mais que Sarandi não tenha correspondido em 2007, na contagem
populacional, ao que havia sido estimado em 2006, sua taxa de crescimento é bem mais
significativa que a observada em Maringá e em Paiçandu.

Gráfico 3 – Percentual populacional da área conurbada da Região Metropolitana de


Maringá – Maringá, Sarandi e Paiçandu – Censo Demográfico 2000 e Contagem
Populacional de 2007.
Paiçandu; 7,9 Paiçandu
7,86%
Sarandi ; 18,27
Sarandi
18,10%

Maringá; 73,83
Maringá
74,04%

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE) e Contagem Populacional 2007 - IBGE


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Quando distribuída a população recenseada em 20006 nos municípios conurbados por


faixas etárias para cada um deles (a cada quatro anos), e apresentadas em um gráfico de
linhas (Gráfico 4), observa-se que o movimento realizado pela linha que indica as informações
de Sarandi (rosa) é muito aproximado ao que faz aquela que representa os dados Paiçandu
(amarela). Enquanto Sarandi e Paiçandu apresentam nas faixas de 0 a 4 anos, 5 a 9, 10 a 14 e
25 a 29 anos uma população relativamente maior que Maringá (em azul), entre os habitantes da
cidade pólo destacam-se as faixas de idade de 35 e 79 anos, inclusive a das pessoas com mais
de 80 anos.

6
Não existem dados mais atuais sobre faixa etária.
27
As faixas de idade dos 15 a 19 anos, 20 a 24 e 30 a 34 anos, apresentaram uma mesma
disposição no gráfico, considerando se tratarem de dados relativos.

Com base nestas informações é possível afirmar que na cidade pólo, em comparação à
mesma faixa em Sarandi e Paiçandu, a representação das pessoas com idade igual ou superior
a 35 anos é maior e, inversamente, Sarandi e Paiçandu apresentaram, quando do censo 2000,
maior concentração relativa de crianças de 0 a 14 anos e em jovens de 25 a 29 anos, em
comparação a cidade pólo.

Gráfico 4 – Percentual populacional da área conurbada da Região Metropolitana de


Maringá por faixa etária – Maringá, Sarandi e Paiçandu – 2000
10,50

9,50

8,50

7,50

6,50

5,50

4,50

3,50

2,50

1,50

0,50
80 ou mais
0a4

10 a 14

15 a 19

20 a 24

25 a 29

40 a 44

45 a 49

50 a 54

55 a 59

60 a 64

65 a 69

70 a 74

75 a 79
5a9

30 a 34

35 a 39

Maringá Sarandi Paiçandu

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Se seccionados os dados de população com idade inferior a 16 anos dentre a população


total, observa-se, conforme Gráfico 5, que Sarandi é aquela com maior representatividade nesta
faixa etária, com 31,47%, seguido de Paiçandu, com 31,09% e, por fim, Maringá com 26,31%
de sua população com menos de 16 anos (5,16 pontos percentuais a menos que Sarandi).

Realizando o mesmo exercício de seleção de dados de pessoas com mais de 65 anos, é


possível observar um movimento contrário, ou seja, Maringá apresenta a maior parcela de
idosos com relação a sua população total, 5,98%, seguido de Paiçandu, com 4,85% e, com
1,64 pontos percentuais a menos que a cidade pólo, Sarandi, com 4,54% de seus moradores
com idade superior a 65 anos.

28
Gráfico 5 – População com idade inferior a 16 anos e superior a 65 anos nos municípios
de Sarandi, Maringá e Paiçandu - 2000
31,09 31,47
30,00
26,31
25,00

20,00

15,00

10,00
5,98
4,85 4,54
5,00

0,00
Participação da população residente com Participação da população residente com
mais de 65 anos de idade na população menos de 16 anos de idade na população
total, 2000 total, 2000
(%) (%)
Maringá (PR) Paiçandu (PR) Sarandi (PR)

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 3 – Participação da população residente com menos de 16 anos e com mais de 60


anos na população total.
Participação da população residente com Participação da população residente com
mais de 65 anos de idade na população menos de 16 anos de idade na população
Município
total, 2000 total, 2000
(%) (%)
Maringá (PR) 5,98 26,31
Paiçandu (PR) 4,85 31,09
Sarandi (PR) 4,54 31,47
Fonte : Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - SNIU - IBGE (Metrodata)
Organização : Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

29
Sarandi (PR)
Sarandi (PR)

Maringá (PR)
Maringá (PR)
Paiçandu (PR)

Paiçandu (PR)
Município
Município

População total, 2000 População total, 2000

71422
30764
71422
30764

288653
%População residente total de 40 População residente total de 0 a 4

6,27
6,23
7,32
7084
2941
a 44 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000

População residente total de 45 a 288653 21323 %População residente total de 0 a 4

9,92
9,56
7,39

3794
1601
49 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000

17967
%População residente total de 45 População residente total de 5 a 9

5,31
5,20
6,22
7110
3066

a 49 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000


23618

Organização : Observatório das Metrópoles -Núcleo RMM


População residente total de 50 a %População residente total de 5 a 9
9,95
9,97
8,18

2991
1293
54 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000

14585
%População residente total de 50 População residente total de 10 a 14

4,19
4,20
5,05
6930
3017

a 54 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000


25820

População residente total de 55 a %População residente total de 10 a 14

Fonte : Sistema Nacional de Indicadores Urnanos - SNIU - IBGE (Metrodata)


984
9,70
9,81
8,94

2261
59 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000

10846
%População residente total de 55 População residente total de 15 a 19

3,17
3,20
3,76
6909
2964

a 59 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000


27632

30
População residente total de 60 a %População residente total de 15 a 19
787
9,67
9,63
9,57

1655
8619

64 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000

%População residente total de 60 População residente total de 20 a 24


2,32
2,56
2,99
6682
2832

a 64 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000


26513

População residente total de 65 a %População residente total de 20 a 24


593
9,36
9,21
9,19

1250
6490

69 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000

%População residente total de 65 População residente total de 25 a 29


1,75
1,93
2,25
6562
2781

a 69 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000


24083

População residente total de 70 a %População residente total de 25 a 29


910
413
9,19
9,04
8,34

4839

74 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000


Tabela 4 – População por faixa etária nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi - 2000

%População residente total de 70 População residente total de 30 a 34


1,27
1,34
1,68
6351
2700

a 74 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000


25215

População residente total de 75 a %População residente total de 30 a 34


590
286
8,89
8,78
8,74

3032

79 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000

%População residente total de 75 População residente total de 35 a 39


0,83
0,93
1,05
5368
2391

a 79 anos de idade, 2000 anos de idade, 2000


24042

População residente total de 80 %População residente total de 35 a 39


495
199
7,52
7,77
8,33

2896

anos de idade ou mais, 2000 anos de idade, 2000

%População residente total de 80 População residente total de 40 a 44


4480
1916

anos de idade ou mais, 2000 anos de idade, 2000


21133

0,69
0,65
1,00
A distribuição dos dados de população por faixa etária de 2000 em Sarandi por
AED demonstra em quais áreas ocorre maior ou menor concentração de pessoas por
idade.

- A AED Linha do Trem possuía o maior contingente de crianças com idade entre 0
e 5 anos (28%), e entre 6 e 14 anos (27,09%), porém, o menor percentual de idosos com
idade igual sou superior a 65 anos entre todas as AED’s (17,25%);

- A AED Nova Independência apresentou o menor percentual de adolescentes e


jovens entre 15 e 18 anos (22,46%), e entre jovens e adultos entre 19 e 40 anos
(22,58%);

- A AED Centro 2 demonstrou o maior percentual de adolescentes e jovens com


idade entre 15 e 18 anos (28,5%), de jovens e adultos com idade entre 19 e 40 anos
(26,43%), de adultos com idade entre 41 e 64 anos (33,06) – destacando que esta é a
segunda maior concentração de pessoas entre as faixas etárias selecionadas, ficando
atrás apenas da de pessoas com 65 anos ou mais, onde a AED Centro 2 demonstrou
concentrar 36,39% dos idosos do município;

- A AED Centro 1 foi a que apresentou uma concentração média de pessoas entre
todas as faixas etárias selecionadas.

No Gráfico 6 e Tabela 5 é possível observar o destaque da AED Linha do Trem


em relação ao percentual de crianças de 0 a 5 e de 6 a 14 anos em detrimento às outras
AED’s, e o destaque da AED Centro 2 em relação ao percentual de adolescentes e jovens
entre 15 e 18 anos, adultos entre 41 e 64 anos, e, principalmente, entre pessoas com 65
anos ou mais.

31
Gráfico 6 - Percentual de pessoas, por faixa etária, distribuídos por AED no
município de Sarandi – 2000
40,00

35,00

30,00

25,00

20,00

15,00
0 a 5 anos 6 a 14 anos 15 a 18 anos 19 a 40 anos 41 a 64 anos 65 anos ou mais

Centro 1 23,84 25,38 25,59 26,17 26,64 28,48

Centro 2 23,79 23,40 28,50 26,43 33,06 36,39

N. Independência 24,37 24,14 22,46 22,58 19,38 17,88

Linha do Trem 28,00 27,09 23,45 24,83 20,91 17,25

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 5 - Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi -


2000
Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi - 2000

Faixa etária
AED AED Tipo População
0_5 6_14 15_18 19_40 41_64 65_ou+
4126256001001 Sarandi - Sarandi Centro 01 4 18499 2064 3164 1449 7127 3775 919
4126256001002 Sarandi - Sarandi Centro 02 5 19647 2059 2917 1614 7198 4684 1175
4126256001003 Sarandi - Sarandi N. Independência 6 15864 2110 3009 1272 6150 2746 577
4126256001004 Sarandi - Sarandi Linha do trem 6 17412 2423 3378 1328 6763 2963 557
Total 71422 8656 12468 5664 27237 14169 3228
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá

Tabela 6 - Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi -


2000

Faixa etária
AED AED Tipo População
0_5 6_14 15_18 19_40 41_64 65_ou+
4126256001001 Sarandi - Sarandi Centro 01 4 25,90 23,84 25,38 25,59 26,17 26,64 28,48
4126256001002 Sarandi - Sarandi Centro 02 5 27,51 23,79 23,40 28,50 26,43 33,06 36,39
4126256001003 Sarandi – Sarandi N. Independência 6 22,21 24,37 24,14 22,46 22,58 19,38 17,88
4126256001004 Sarandi - Sarandi Linha do trem 6 24,38 28,00 27,09 23,45 24,83 20,91 17,25
Total 100,00 12,12 17,46 7,93 38,14 19,84 4,52
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá

32
Em todos os municípios conurbados observou-se maior contingente de
mulheres em relação ao percentual de homens na população total em 20007. Maringá foi
onde se percebeu maior disparidade, 52,01% de mulheres para 47,99% de homens (uma
diferença de 4,02 pontos percentuais), seguido por Sarandi e Paiçandu, com 50,2% de
mulheres para 49,8% de homens (1,4 pontos percentuais de diferença que, no caso de
Sarandi, representa quase 1000 pessoas do sexo feminino a mais) – Gráfico 7 e Tabela 7.

Em se tratando da parcela de homens e mulheres nas AED’s do município de


Sarandi (Tabela 8), constatou-se que, em 2000, a maior concentração de homens se dava
na AED Nova Independência, onde eram 50,3% os moradores do sexo masculino (7979),
e 49,7% feminino (7885). Nas outras AED’s a parcela mulheres foi sempre superior,
variando entre 50,12 e 50,68%.

Gráfico 7 – População por gênero nos municípios de Sarandi, Maringá e Paiçandu -


2000
53,00

52,01
52,00

51,00
50,21 50,22
50,00 49,79 49,78

49,00

47,99
48,00

47,00

46,00

45,00
Maringá Sarandi Paiçandu

Feminino Masculino

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

7
Não foram produzidos dados mais atuais sobre gênero pelo IBGE

33
Tabela 7 – População por gênero nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandí –
2000.
População %População
População %População
População total total
Município total feminina, total feminina,
total, 2000 masculina, masculina,
2000 2000
2000 2000
Maringá (PR) 288653 150139 52,01 138514 47,99
Paiçandu (PR) 30764 15447 50,21 15317 49,79
Sarandi (PR) 71422 35865 50,22 35557 49,78
Fonte : Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - SNIU - IBGE (Metrodata)
Organização : Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Tabela 8 – População por gênero e por AED no município de Sarandi - 2000


AED Total Homens Homens % Mulheres Mulheres %
Centro 1 18499 9227 49,88 9272 50,12
Centro 2 19647 9689 49,32 9958 50,68
Nova Independência 15864 7979 50,30 7885 49,70
Linha do Trem 17412 8662 49,75 8750 50,25
Total 71422 35557 49,78 35865 50,22

Fonte: Censo Demográfico 2000 – Micro dados da Amostra (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Organizando os dados censitários de 2000 por situação de domicilio (Gráfico 8 e


Tabela 9), é em Maringá onde se observa maior taxa de urbanização, de 98,38%, em
relação a 1,62% de habitantes em área rural. Sarandi demonstrou que 97,3% de sua
população residia em área urbana, contra 2,7% em área rural. Paiçandu apresentou
96,29% em área urbana e 3,71% em área rural.

De uma forma geral, podemos afirmar que na área conurbada da Região


Metropolitana de Maringá existe alto grau de urbanização, encontrando-se todos os três
municípios com mais de 95% de seus habitantes residindo no perímetro urbano.

34
Gráfico 8 - População por situação de domicílio nos municípios de Maringá, Sarandi
e Paiçandu - 2000
98,38 96,29 97,30
100

90

80

70

60

50

40

30

20

10 3,71 2,70
1,62
0
Maringá Paiçandu Sarandi

Rural Urbano

Fonte: Censo Demográfico 2000 – Micro dados da Amostra (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 9 – População por situação de domicílio nos municípios de Maringá, Sarandi


e Paiçandu - 2000
%População
População total, População total % População População total
Município total urbana,
2000 rural, 2000 total rural, 2000 urbana, 2000
2000
Maringá (PR) 288653 4675 1,62 283978 98,38
Paiçandu (PR) 30764 1142 3,71 29622 96,29
Sarandi (PR) 71422 1929 2,70 69493 97,30
Fonte : Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - SNIU - IBGE (Metrodata)
Organização : Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Sarandi contava com 21.200 famílias no ano 2000, indicando uma média de 3,37
pessoas por núcleo familiar no município. Considerando que tanto a AED Centro 1, com
5.534 famílias, como a Centro 2, com 6.060, a média de pessoas por família estava
abaixo da média municipal (3,34 e 3,24 pessoas por lar, consecutivamente). Já nas AED’s
Nova Independência, que demonstrou abrigar 4.607 famílias em seu território, e Linha do
Trem, com 5000, a média de membros por núcleo familiar foi superior à média municipal,
com 3,44 e 3,48 integrantes, consecutivamente.

35
Gráfico 9 – Média de pessoas por família por AED no município de Sarandi -
2000

Total 3,37

Linha do Trem 3,48

N. Independência 3,44

Centro 2 3,24

Centro 1 3,34

3,10 3,15 3,20 3,25 3,30 3,35 3,40 3,45 3,50

Centro 1 Centro 2 N. Independência Linha do Trem Total


3,34 3,24 3,44 3,48 3,37

Fonte: Censo Demográfico 2000 – Micro dados da Amostra (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 10 – Total de pessoas responsáveis pelas famílias da cidade de Sarandi -


2000

Número de responsáveis pelas famílias


AED AED Tipo
entre 10 e 19 com 65 anos Mulheres sem
anos ou mais cônjuge
4126256001001 Centro 1 4 68 540 946
4126256001002 Centro 2 5 70 679 1148
4126256001003 N. Independência 6 81 333 743
4126256001004 Linha do Trem 6 80 373 879
Total 300 1926 3716
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata)
Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Apresentados os dados de adolescentes com experiência reprodutiva8 e número


de filhos nascidos vivos por AED no ano de 2000 no município de Sarandi (Tabela 11)
observou-se que tanto as AED’s Centro 1 e Centro 2 demonstraram menores valores, um
percentual de 6,33 e 6,53% de adolescentes com experiência reprodutiva, indicando 111
e 121 filhos nascidos vivos no período, considerando que o número de mulheres com
idade entre 10 e 19 anos era de 1747 e 1859, respectivamente.

8
Expressão utilizada pelo IBGE para identificar mulheres que já tiveram filhos, segundo o Dicionário do
Censo Demográfico 2000

36
Na AED Nova Independência foi onde se concentrava maior parcela de
adolescentes com experiência reprodutiva, 12,79%, que é mais que o dobro do percentual
apresentado pela AED Centro 2 no mesmo período, como visto acima. Um olhar mais
apurado sobre este dado, relacionando-o ao total de adolescentes entre 10 e 19 anos,
que é o menor entre as AED’s do município – apenas 1567 mulheres nesta faixa etária
para 200 filhos nascidos vivos de mulheres com esta idade no período. Na AED Linha do
Trem o percentual de adolescentes com experiência reprodutiva foi de 8%, com 145 filhos
para um total de 1817 adolescentes.

Tabela 11 – Total de mulheres com idade entre 10 e 19, número de filhos nascidos
vivos e proporção de adolescentes com experiência do município de Sarandi - 2000

Número de mulheres e filhos nascidos vivos


Adolescentes
AED AED Tipo Mulheres com
Filhos nascidos com
idade entre 10 e
vivos experiência
19 anos
reprodutiva
4126256001001 Centro 1 4 1747 111 6,33
4126256001002 Centro 2 5 1859 121 6,53
4126256001003 N. Independência 6 1567 200 12,79
4126256001004 Linha do Trem 6 1817 145 8,00
Total 6990 578 8,26
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo RMM

Considerando os dados de família e quantidade de filhos por núcleo familiar por


AED (Tabela 12 e Tabela 13) – informações relevantes para a construção do déficit
habitacional – observa-se a mesma estrutura de distribuição relativa encontrada nos
dados de adolescentes com experiência reprodutiva se repete: as AED’s Centro 1 e
Centro 2 possuíam a menor concentração de famílias com mais de 4 filhos (3,51, sendo
194 famílias, e 3,57%, 216 famílias), e de famílias com mais de 7 membros (0,9, sendo 50
famílias, e 1,76%, 107 famílias), enquanto que a AED Nova Independência contava com
4,12% de suas famílias com mais de 4 filhos (190 famílias) e 2,93% (135 famílias) com
mais de 7 membros, além da AED Linha do Trem, que apresentou maior valor relativo de
lares com mais de 4 filhos, 6,18% (309 famílias), e 1,93% com mais de 7 membros (97
famílias).

A importância de considerar os dados relativos é a condição que eles comportam


de dimensionar a realidade da área. Se em valores absolutos a AED Centro 2 supera os
totais de famílias com mais de 4 filhos na AED Nova Independência, mas se distribuídos
esses valores pelo total de famílias da área, é possível compreender qual a intensidade

37
da representação destes números para a realidade da área, por isso optou-se por analisar
dados relativos, não apenas os absolutos.

Tabela 12 – Total de famílias de Sarandi - 2000

Total de famílias
Tota de
AED AED Tipo Com 7
famílias com 4 ou
membros ou
mais filhos
mais
4126256001001 Centro 1 4 5534 194 50
4126256001002 Centro 2 5 6060 216 107
4126256001003 N. Independência 6 4607 190 135
4126256001004 Linha do Trem 6 5000 309 97
Total 21200 910 388
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo RMM

Tabela 13 - Percentual de famílias por AED Sarandi – 2000

Total de famílias
Tota de
AED AED Tipo Com 7
famílias com 4 ou
membros ou
mais filhos
mais
4126256001001 Centro 1 4 26,10 3,51 0,90
4126256001002 Centro 2 5 28,58 3,57 1,76
4126256001003 N. Independência 6 21,73 4,12 2,93
4126256001004 Linha do Trem 6 23,58 6,18 1,93
Total 100,00 4,29 1,83
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo RMM

3.3. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA

Entende-se como Produto Interno Bruto a medida do fluxo interno de bens e


serviços finais produzidos por determinada região, ou seja, a riqueza gerada9.

A Coordenação de Contas Nacionais divulgou os dados de valor adicionado do


PIB nos setores da agropecuária, indústria e serviços no ano de 2005 para o município de
Sarandi que, por sinal, apontam uma inversão na distribuição das parcelas que
constituíam o PIB municipal do município quando do censo demográfico de 2000.

Enquanto nos dados de 2000 a agricultura apresentava-se como carro chefe10 na


produção de riqueza no município, em 2005 ele comportou apenas 2,51% da riqueza

9
Sistem Nacional de Indicadores Urbanos (SNIU) 2000

38
adicionada entre os três maiores setores da economia. Na indústria esta parcela foi de
24,04% e, como principal setor que agregou na constituição do produto interno bruto de
Sarandi, o setor de serviços, foi responsável por 73,44% do valor agregado pelos três
setores (Tabela 14).

Tabela 14 – Valor adicionado pela agropecuária, indústrias e serviços no PIB


municipal de Sarandi - 2005
Descrição Valor (1000R$) Representação (%)
Valor Adicionado na Agropecuária 8830 2,51
Valor Adicionado na Indústria 84428 24,04
Valos Adicionado no Serviço 257876 73,44
Impostos 308000
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais
Org: Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Olhando para o incremento do PIB municipal da área conurbada da Região


Metropolitana de Maringá entre os anos 2002 e 2003, 2003 e 2004, e 2004 e 2005, é
possível perceber maior crescimento no PIB de Paiçandu que, entre 2002 e 2003
aumentou 29,47%, entre 203 e 2004 um aumento de 13,94% e, entre 2004 e 2005 de
13,93%, considerando que, mesmo apresentando maiores percentuais, o PIB municipal
era de R$ 109.515.000,00 em 2002 e em 2005 de R$ 184.060.000,00, quando em
Sarandi o valor do PIB municipal manteve-se sempre como quase o dobro do de
Paiçandu, e Maringá de em média 20 vezes este valor.

Sarandi e Maringá mantiveram um incremento percentual do PIB no período


selecionado muito semelhante, com um leve destaque para o período entre 2003 e 2004
em Sarandi, quando o incremento foi de 17,58%, enquanto em Maringá de 11,39%.

A grande questão que sobressai, ao serem observados os dados da riqueza


municipal na área conurbada é, quando calculado o PIB per capita, a deficiencia
demonstrada em Sarandi em relação a Paiçandu e Maringá. Enquanto o PIB per capita
em Maringá variou entre R$ 10.034,00 em 2002 e R$ 14.400,00 em 2005, e em Paiçandu
entre R$ 3.296,00 em 2002 e R$ 5.094,00 em 2005, em Sarandi o PIB per capita variou
entre R$ 3.165,00 em 2002 (3,97% menos que o PIB per capita de Paiçandu no período),
e R$ 4.436,00 em 2005 (12,92% menor que o apresentado por Paiçandu no período).

10
Como Anda a Região Metropolitana de Maringá, in www.cch.uem.br /observatorio

39
Gráfico 10 – Incremento do PIB entre os anos de 2002, 2003, 2004 e 2005 nos
municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá.

35,00
29,47
30,00 25,82
25,00 22,03
20,00 17,58
13,94 13,93
15,00 11,39
10,00 7,95 7,61
5,00
0,00
2002-2003 2003-2004 2004-2005
Maringá 25,82 11,39 7,95
Sarandi 22,03 17,58 7,61
Paiçandu 29,47 13,94 13,93

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Contas Nacionais


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 15 – PIB municipal e PIB per capita para os municípios conurbados da


Região Metropolitana de Maringá entre os anos 2000 e 2005
PIB Municipal (R$ 1000)
ano 2002 2003 2004 2005
Maringá 3035834 3819697 425717 4592923
Sarandi 247357 301856 354915 381934
Paiçandu 109515 141785 161551 184060
PIB per capita (R$)
ano 2002 2003 2004 2005
Maringá 10034 12401 13573 14400
Sarandi 3165 3736 4253 4436
Paiçandu 3296 4147 4595 5094
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Contas Nacionais
Organização: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Observando os dados de renda per capita (Gráfico 11 e Tabela 16) dos anos de
1991 e 2000 para os municípios conurbados, Maringá se destaca dos demais,
apresentando sempre mais que o dobro destes.

No ano de 1991 Paiçandu demonstrou menor renda per capita em relação a


Sarandi, sendo que esta diferença praticamente desaparece em 2000. É possível afirmar
que a renda per capita de Sarandi e Paiçandu estavam muito aproximadas no período
selecionado.

40
Gráfico 11 – Renda per capita nos municípios conurbados da Região Metropolitana
de Maringá – 1991 - 2000
500
465,37
450

400

350 327,08

300

250

200 182,23 187,13

144,66
150 134,37

100

50

0
Maringá Paiçandu Sarandi
Renda per Capita , 1991 Renda per Capita , 2000

Fonte: Censo Demográfico – 2000 (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 16 – Renda per capita nos municípios conurbados da Região Metropolitana


de Maringá – 1991 - 2000

Renda per Capita , Renda per Capita ,


Município
1991 2000

Maringá (PR) 327,08 465,37


Paiçandu (PR) 134,37 182,23
Sarandi (PR) 144,66 187,13
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil
Organização: Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Fonte: Censo Demográfico 1991 e 2000 (METRODATA-IBGE)


Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Apresentados os dados de pessoas com mais de 50% de sua renda advinda de


transferências governamentais nos anos de 1991 e 2000, observa-se que Sarandi
apresentava pior situação em 1991, com 4,58% de sua população nestas condições,
Paiçandu com 4,06%, e Maringá com apenas 3,3%. Em 2000 Paiçandu passa a ser o
município com maior parcela de pessoas com mais de 50% de sua renda derivada de
transferências, seguida de Maringá, com 8,38%. Sarandi aparecia com apenas 7,75%
(Gráfico 12).

41
Isso pode não significar a diminuição de pessoas que dependiam em mais de 50%
de repasses governamentais para sua subsistência em Sarandi ou o aumento destas nos
outros dois municípios, mas provavelmente da implementação de políticas de distribuição
de renda, tais como o Bolsa Família, efetivado pelo Governo Federal.

Gráfico 12 – Percentual de pessoas com mais de 50% de suas rendas provenientes


de transferências governamentais nos municípios conurbados da Região
Metropolitana de Maringá – 1991 - 2000
10

9 8,65
8,38
8 7,75

5 4,58
4,06
4
3,3
3

0
% de pessoas com mais de 50% da renda provenientes de % de pessoas com mais de 50% da renda provenientes de
transferências governamentais, 1991 transferências governamentais, 2000
Maringá Paiçandu Sarandi

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


Organização: Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

3.4. ECONOMIA LOCAL E MERCADO DE TRABALHO


Antes de começarmos a detalhar os dados deste item, cabe tomar novas lentes
para observá-los, que nada mais é que o fato de que muitas pessoas que residem em
Sarandi e Paiçandu compõe o intenso movimento pendular para a cidade pólo (Tabela 1),
como indicou o Observatório das Metrópoles no estudo Como Anda a Região
Metropolitana de Maringá (2005). Os dados gerados tanto pela RAIS como pelo CAGED
são fornecidos pelos empregadores da cidade, não especificando em momento algum a
origem do ocupado, sendo assim, cabe compreender que Maringá conta em seu alto grau
de formalização do mercado de trabalho e de geração de emprego as vagas ocupadas
por trabalhadores que residem em Sarandi e Paiçandu. Uma outra coisa necessária para
compor esta lente é o fato de algumas empresas se instalarem em certos centros urbanos
(KAZTMAN, 2006) pela disponibilidade de mão-de-obra em sua periferia ou em seu
entorno, e de mão-de-obra barata, relativamente qualificada para as funções industriais, e

42
disposta a trabalhar por baixos salários para tentar enfrentar a forte onda de desemprego
e, principalmente, segregação habitacional (IDEM). Considerados estes pontos,
passamos aos dados.

Se, de um lado, é possível afirmar que os dados primários reafirmam aquilo que já
é claro a boa parte da população da região, informações mais específicas de emprego e
desemprego já não podem dizer a mesma coisa.

Com relação ao número de admissões e demissões, proporcionalmente ao


número de habitantes de cada município no mesmo período (Tabela 17), o
desmembramento destes dados para cada mês do ano selecionado (2007), a imagem
não é a mesma daquela apresentada no item anterior. Curiosamente foi em Paiçandu
onde pudemos observar maior saldo positivo neste indicador – 1,37 pontos, Maringá com
1,29, e Sarandi com 1,02. Como é possível observar na tabela abaixo, Maringá tem o
maior valor relativo de admissões (16,65) e de demissões (15,36), indicando nada mais
que uma alta rotatividade de pessoal em empregos formais.

Tabela 17 - População contada, admissões e desligamentos nos municípios

POPULAÇÃO RELAÇÃO RELAÇÃO


ADMISSÕES DEMISSÕES
CONTAGEM POPULAÇÃO POPULAÇÃO SALDO
2007 2007
2007 ADMISSÕES DEMISSÕES

MARINGÁ 325.968 54.288 16,65 50.075 15,36 1,29


PAIÇANDU 34.640 1.943 5,61 1.470 4,24 1,37
SARANDI 79.686 3.821 4,80 3.009 3,78 1,02
FONTE: CAGED - MTE/SPPE/CGET/IBGE - Contagem Populacional 2007
Organização: Observatório das Metropoles

Se seccionarmos estas informações para cada mês do ano de 2007, mirando


apenas o valor relativo, que é a relação entre admissões e demissões que cada cidade
apresentou durante o mês, observamos que Sarandi obteve destaque nos meses de
fevereiro, com saldo de 2,13%, março, com 3,16% (o maior entre todos em 2007), em
julho, com saldo de 2,16%, novembro, com 0,87%, e em dezembro, onde se percebe
saldo negativo para todos os municípios, Sarandi demonstrou o menor, de -1,39%.

Compreende-se, nesta primeira apreciação, que Sarandi destacou-se em 05


meses de 2007. Por mais que isso pareça revigorante depois da apresentação dos dados

43
primários, nada melhor que contrastar esta informação com o tipo de ocupação que mais
ocupou no município e a remuneração média por ocupação, exercício que faremos logo
adiante.

No caso de Paiçandu, os meses em que se percebeu maior relação positiva entre


admissões e demissões, comparando-a com Maringá e Sarandi, foram janeiro, 2,73%,
abril, com 1,07%, maio, onde demonstra grande destaque, de 3,15% de saldo entre
admissões e demissões, junho, com 1,86%, agosto, com 2,10, além de setembro, com
saldo de 1,97%. Paiçandu, como foi possível ver, destacou-se com relação
admissão/demissão em 6 meses do ano de 2007.

Feita a conta, 05 meses onde os maiores saldos admissionais foram de Sarandi,


06 meses onde pertenceram a Paiçandu, Maringá, logo, consegui superar suas irmãs
pobres no percentual de admissões contrapostas ao total de demissões com apenas
0,79% de saldo.

Resta, como já foi dito, observar dados de rendimento médio e tipo de ocupação
que concentra este contingente de admissões.

44
Tabela 18 - Admissões e demissões mensais nos municípios conurbados da RMM - 2007

JANEIRO/2007 FEVEREIRO/2007 MARCO/2007


MUNICIPIO ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL %
MARINGA 4.606 3.952 654 0,71 5.205 4.282 923 0,99 5.368 4.795 573 0,61
PAICANDU 215 139 76 2,73 168 165 3 0,10 164 141 23 0,80
SARANDI 303 204 99 1,50 419 276 143 2,13 521 304 217 3,16
ABRIL/2007 MAIO/2007 JUNHO/2007
MUNICIPIO ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL %
MARINGA 4.994 4.892 102 0,11 4.757 4.086 671 0,71 4.882 4.356 526 0,55
PAICANDU 171 140 31 1,07 237 145 92 3,15 213 157 56 1,86
SARANDI 336 281 55 0,78 335 286 49 0,69 330 297 33 0,46
JULHO/2007 AGOSTO/2007 SETEMBRO/2007
MUNICIPIO ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL %
MARINGA 4.757 4.233 524 0,54 5.391 4.414 977 1,01 5.236 4.271 965 0,99
PAICANDU 162 142 20 0,65 206 141 65 2,10 189 127 62 1,97
SARANDI 415 259 156 2,16 400 278 122 1,65 323 306 17 0,23
OUTUBRO/2007 NOVEMBRO/2007 DEZEMBRO/2007
MUNICIPIO ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL %
MARINGA 5.754 4.975 779 0,79 4.544 3.859 685 0,69 3.413 4.885 -1.472 -1,46
PAICANDU 143 167 -24 -0,75 124 114 10 0,31 66 111 -45 -1,40
SARANDI 377 338 39 0,52 286 220 66 0,87 217 323 -106 -1,39
FONTE: CAGED - MTE/SPPE/CGET
Organização: Observatório das Metrópoles

45
Passando aos dados de evolução do emprego por setor de atividade econômica,
conforme Tabela 19, tomamos novamente a variação entre admissões e demissões como
parâmetro para a análise.

Ocorre em Maringá grandes e positivas variações nas ocupações relacionadas à


extração mineral (48,35%), Serviços Industriais de Utilidade Pública (22,22%), e na
Administração Pública (124,71%). Os outros municípios não apresentaram variação no
número de postos destes setores em 2006.

Com relação à variação do numero de ocupados na Indústria da Transformação,


Paiçandu demonstra grande incremento (57,63%), seguida de Sarandi (10,78%), Maringá
apresenta baixa variação (2,46%).

No caso da Construção Civil, setor que tem tomado espaço nos meios de
comunicação justamente pela falta de mão de obra qualificada neste segundo semestre
de 2008, demonstrou variação negativa em 2007 tanto em Maringá (-1,92%), como em
Paiçandu (-5,71%). Sarandi apresentou variação positiva (5,45%).

Com relação ao setor de Comércio e ao de Serviços, Paiçandu apresenta melhor


variação do emprego nas ocupações relativas a eles (16,81% e 10,57%,
consecutivamente), sendo que em Maringá mostra-se significativo ainda a variação do
emprego no setor de Serviços (7,12%), e Sarandi no Comércio (8,99%).

No setor Agropecuário o único município que não demonstrou variação negativa


foi Sarandi (1,75%). Em Maringá a variação foi de -0,84%, e Paiçandu de -6,35%.

Começa aqui a tomar forma à distribuição dos ocupados por tipo de ocupação no
território conurbado da Região Metropolitana de Maringá, pelo menos no que diz respeito
à variação de emprego por setores da atividade econômica: de um lado, Maringá
apresenta melhores índices para Extração Mineral, Serviços Industriais de Utilidade
Pública e na Administração Pública, por outro, Paiçandu e Sarandi mostram-se
comedidos, indicando variações pouco significativas na maioria dos setores, exceto nas
ocupações da Indústria da transformação no caso e Paiçandu.

46
Tabela 19 – Evolução do emprego por setor de atividade econômica nos municípios conurbados da RMM - 2007

MARINGÁ PAIÇANDU SARANDI


ATIVIDADE TOTAL TOTAL VARIACAO TOTAL TOTAL VARIACAO TOTAL TOTAL VARIACAO
ECONOMICA ADMIS. DESLIG. SALDO EMPR % ADMIS. DESLIG. SALDO EMPR % ADMIS. DESLIG. SALDO EMPR %

EXTRATIVA MINERAL 98 54 44 48,35 0 0 0 ---- 0 0 0 ----

IND. TRANSFORMACAO 13.042 12.493 549 2,46 1.440 836 604 57,63 1.730 1.415 315 10,78

SERV.IND.UTIL.PUB. 51 43 8 22,22 0 0 0 0,00 0 0 0 ----

CONSTRUCAO CIVIL 4.610 4.681 -71 -1,92 76 80 -4 -5,71 106 94 12 5,45

COMERCIO 16.628 15.541 1.087 4,20 369 289 80 16,81 984 834 150 8,99

SERVICOS 17.989 15.500 2.489 7,12 156 110 46 10,57 566 515 51 3,82

ADMIN. PUBLICA 833 303 530 124,71 23 3 20 ---- 0 0 0 ----

AGROPECUARIA 216 221 -5 -0,84 11 15 -4 -6,35 43 41 2 1,75

OUTROS 0 0 0 ---- 0 0 0 ---- 0 0 0 ----

TOTAL 53.467 48.836 4.631 5,26 2.075 1.333 742 35,45 3.429 2.899 530 8,47
FONTE: MTE-CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS-LEI 4923/65
ORGANIZAÇÃO: Observatorio das Metropoles

47
Da remuneração média de empregos formais nos setores da atividade econômica
em dezembro de 2006, destaca-se em Maringá a administração pública, com 1467,16
reais em média, Em Paiçandu este valor é de 833,15 reais, e em Sarandi de 858,26 reais.
No caso de Paiçandu, a maior remuneração média se dava no setor de Serviços, de
928,97 reais, sendo que em Maringá a remuneração média no setor de serviços era de
1151,33 reais, já Sarandi tinha remuneração média de 792,54 reais.

Para Sarandi, observa-se como setor da atividade econômica com maior


remuneração média em dezembro de 2006 o de Serviços Industriais de Utilidade Pública,
de 873,08 reais, maior que a remuneração média percebida em Maringá, que foi de
689,37 reais11.

Tabela 20 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 -


Maringá
Indicadores Masculino Feminino Total

Total das Atividades 1009,76 928,13 975,82

Extrativa Mineral 783,6 532,38 774,01


Indústria de Transformação 870,77 630,32 781,79
Serviços Industriais de Utilidade Pública 681,8 721,8 689,37
Construção Civil 742,81 770,37 744,42
Comércio 864,85 710,77 804,23
Serviços 1215,59 1076,4 1151,33
Administração Pública 1534,13 1426,62 1467,16
Agropecuária 675,57 618,05 667,26

Tabela 21 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 -


Paiçandu

Indicadores Masculino Feminino Total

Total das Atividades 736,99 637,96 685,3

Extrativa Mineral 0 0 0
Indústria de Transformação 676,38 520,62 602,45
Serviços Industriais de Utilidade Pública 0 0 0
Construção Civil 679,95 427,78 667,94
Comércio 641,4 528,13 591,54
Serviços 1097,15 826,31 982,97
Administração Pública 941,64 793,41 833,15
Agropecuária 567,91 534,14 567,33

11
Paiçandu não apresentou valores neste indicador.
Tabela 22 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 -
Sarandi
Indicadores Masculino Feminino Total

Total das Atividades 813,97 676,55 754,48

Extrativa Mineral 0 0 0
Indústria de Transformação 797,42 543,23 721,62
Serviços Industriais de Utilidade Pública 882,27 811,37 873,08
Construção Civil 595,44 1435,2 611,8
Comércio 781,38 587,24 703,01
Serviços 941,49 637,19 792,54
Administração Pública 887,42 846,4 858,26
Agropecuária 512,04 440,79 505,73
Fonte: RAIS/2006 - MTE
Org: Observatório das Metropoles

Observados os salários médios pagos nas ocupações relacionadas aos setores da


atividade econômica, constantes das Tabelas 21,22 e 23, e visto que Maringá, numa
primeira análise, demonstra maiores valores do que os apresentados por Sarandi e
Paiçandu, partimos para o último indicador selecionado para este estudo, que é o das
ocupações que apresentaram maiores estoques no ano de 2006 e seus respectivos
salários médios.

Em Maringá, entre as cinco ocupações que obtiveram maiores estoques, a que


teve maior remuneração média foi a de assistente administrativo, de 1228,59 reais,
seguida da de motorista de caminhão, com 944,74 reais de salário em média, e com
menor remuneração média, de apenas 597,24 reais, os alimentadores da linha de
produção.

Em todos os municípios identificou-se o vendedor de comércio varejista como uma


das cinco ocupações com maiores estoques em 2006, porém a remuneração média para
esta ocupação em Maringá era de 787,02 reais, em Paiçandu de 545,25 reais e, em
Sarandi, de 592,18 reais.

Tanto em Paiçandu como em Sarandi, das cinco ocupações com maiores


estoques, aquela com maior remuneração em média era a de professor, com salário
médio de 917,91 e 934,24 reais, respectivamente.

Entre todos os salários médios das ocupações com maiores estoques nos três
municípios, a pior média foi encontrada entre as costureiras de confecção em série em

49
Sarandi, de 488,77 reais, porém, das cinco ocupações com maiores estoques de
Paiçandu, apenas uma não se encontra com médias salariais entre 504 e 562 reais.

Tabela 23 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Maringá,


2006
Remuneração médias nas ocupações com maiores
Masculino Feminino Total
estoques - Maringá 2006

CBO 521110 Vendedor de comércio varejista 999,68 730,56 842,33

CBO 411005 Auxiliar de escritório, em geral 819,33 761,92 787,02


CBO 782510 Motorista de caminhão (rotas regionais e
internacionais) 946,14 758,55 944,74

CBO 784205 Alimentador de linha de produção 630,8 537,66 597,24

CBO 411010 Assistente administrativo 1279,66 1195,55 1228,59


Fonte: RAIS/2006 - MTE
Org. Luiz Modesto Costa

Tabela 24 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Paiçandu,


2006
Remuneração média nas ocupações com maiores
Masculino Feminino Total
estoques - Paiçandu 2006

CBO 848520 Magarefe 592,94 508,9 561,15


CBO 991405 Trabalhador da manutenção de edificações 606,77 516,36 558,23
CBO 331205 Professor de nível médio no ensino fundamental 705,13 918,83 917,91
CBO 763010 Costureira de peças sob encomenda 483,25 508,22 507,04
CBO 521110 Vendedor de comércio varejista 588,16 511,87 545,25
Fonte: RAIS/2006 - MTE
Org. Luiz Modesto Costa

Tabela 25 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Sarandi,


2006
Remuneração média nas ocupações com maiores
Masculino Feminino Total
estoques - Sarandi 2006

CBO 992225 Auxiliar geral de conservação de vias


permanentes (exceto trilhos) 503,85 524,68 518,12

CBO 411005 Auxiliar de escritório, em geral 890,15 675,65 765,56

CBO 521110 Vendedor de comércio varejista 660,56 549,79 592,18


CBO 231205 Professor da educação de jovens e adultos
do ensino fundamental (primeira a quarta série) 864,94 937,18 934,24

CBO 763210 Costureiro na confecção em série 421,6 494,85 488,77


Fonte: RAIS/2006 - MTE
Org.Observatório das Metrópoles

50
3.5. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DE SARANDI

A organização das camadas populares na luta por uma moradia digna compõe com
vigor o cenário dos movimentos sociais brasileiro. São inúmeras as entidades organizadas
de caráter nacional como União Nacional por Moradia Popular, Movimento Nacional de Luta
por Moradia e outras.

Em Sarandi encontram-se organizados movimentos de expressão nacional


envolvidos com a luta por moradia popular: o Movimento Nacional de Luta por Moradia e a
Central de Movimentos Populares.

A Central de Movimentos Populares (CMP) atua em 15 Estados, os movimentos


populares em torno da Central são variados e vão desde ONGs de mulheres, movimentos de
negros, por moradia, comunitários, passando pelos movimentos culturais, de rádios,
comunitárias, indígenas e ecológicos, dentre outros, propondo diretrizes gerais para as lutas
a serem travadas em cada momento específico, bem como colaborar com a construção de
um projeto político popular para a transformação da sociedade. A CMP ainda que não tenha
como foco exclusivo a luta por moradia, foi organizada em Sarandi em 1998 em torno, em
parte, das dificuldades enfrentadas pelos mutuários do Sistema Financeiro da Habitação. A
entidade foi a responsável por viabilizar as Conferências Municipais da Cidade (2005 e 2007)
No momento presente, segundo seus integrantes, a CMP encontra-se em fase de
reestruturação e o motivo atribuído à pouca articulação do movimento em nível municipal
nos últimos anos está no fato de que suas lideranças passaram a compor o quadro da
administração municipal, que teve o Partido dos Trabalhadores à frente por duas gestões
consecutivas (2000-2004, 2004-2008).

Sarandi conta também com 27 associações de moradores, constantes do Quadro 1,


reunidas na União das associações de Moradores – UNISAN. Tendo por base o trabalho de
Silva (2008), temos a possibilidade de detalhar as atividades de 25 das 27 associações de
moradores. O autor usou o esquema metodológico abaixo para classificar as atividades das
associações de moradores e espacializar seu desempenho.

51
Esquema Metodológico da elaboração dos mapas.

Reivindicação = 0,25 Conquista concreta = 1,0


+

Fraca Atividade Forte Atividade


soma de1,25 a soma 3,50 a +
Média Atividade
1,75
soma de 2,0 a
3,25

Fig. 3 - Representatividade por Associações Comunitárias de Bairros/Sarandi 2007.


Fonte: SILVA, J. A., 2007

De acordo com a Figura 02 , Sarandi conta com 7 associações comunitárias de


moradores dentro da classificação de forte atividade. A Associação de Moradores e Amigos
Parque São Pedro tem uma forte atuação em seu espaço. Além de conseguir a identificação
de uma creche no bairro, a qual mantém convênio direto com o Estado, ou seja, verbas são
entregues diretamente do Estado para a Associação, por estar na divisa com o município de

52
Maringá, por meio de projetos, conseguiu que se construísse sobre um rio uma travessia
para a cidade. Para isso, foi necessária a aprovação da Marinha, segundo o presidente da
associação.

Quadro 1 – Associações Comunitárias de Bairro de Sarandi .

1. Associação de Moradores do Parque residencial 15. Associação de Moradores do Jardim


Bom Pastor e Alphaville Panorama

2. Associação de Moradores Jardim Universal 16. Associação de Moradores e Amigos do


Jardim Califórnia
3. Associação de Moradores e Amigos do Novo
Independência 1º Parte 17. Associação de Moradores do Jardim Novo
Bertioga
4. Associação de Moradores e Amigos do Jardim
Novo Independência 2º Parte 18. Associação de Moradores do Conjunto
Floresta.
5. Associação de Moradores e Amigos do Parque
Alvamar 19. Associação de Moradores do Jardim
Santana
6. Associação dos Moradores e Amigos do Parque
Alvamar II e Jardim Tropical 20. Associação de Moradores e Amigos do
Jardim das Torres
7. Associação de Bairro e Moradores do Centro e
do Jardim Europa, Bela Vista e Perimetral Sul. 21. Associação de Moradores e Amigos do
Conjunto Sarandi I.
8. Associação de Moradores do Jardim Primavera
e Prima Verão 22. Associação de Moradores Jardim
Independência 1ª parte
9. Associação de Moradores do Jardim das Flores
23. Associação de Moradores do Jardim Nova
10. Associação de Moradores do Jardim Aliança.
Independência 3º parte
24. Associação de Moradores do Jardim Verão
11. Associação de Moradores e Amigos Parque São
Pedro. 25. Associação de Moradores do Jardim Cometa

12. Associação de Bairro do Jardim Esperança. 26. Associação de Moradores do Jardim Paulista

13. Associação de Moradores do Jardim Castelo

14. Associação de Moradores e Amigos do Conjunto


Triângulo.
Fonte: Trabalho de Campo. Organização: SILVA, Juliano Alves.

Outra entidade que se enquadra no nível de forte atividade é a Associação de


Moradores do Jardim Nova Aliança. Segundo o presidente entrevistado, quando se mudou
para o bairro, nos dias chuvosos, era impossível transitar com automóveis. Por meio de
reivindicação feita pela Associação foi feito o cascalhamento das ruas. Ela conta com outros

53
projetos na área social. Um eles teve destaque regional pela Rede Globo de Televisão, pois
neste, a associação implantou um curso de informática gratuito que além de atender ao
bairro, recebia pessoas de toda a cidade. Alguns alunos já haviam conseguido emprego com
a qualificação recebida. Desenvolveu também programas de alfabetização para idosos.

Associação de Moradores dos parques residenciais Alphaville e Bom Pastor também


se enquadram em forte atividade, apresentando 5 reivindicações, já conseguiram um terreno
para a construção de um salão comunitário e cascalhamento de ruas. A associação do
conjunto Sarandi I se destaca por ter conseguido a reativação de uma escola, bem como o
asfaltamento de algumas ruas, com conquistas e reivindicações suficientes para se inserir
em forte atividade.

Importantes conquistas foram alcançadas pela associação do Jardim Paulista, tanto


na área de infra-estrutura, com conserto de ruas, como na área social, com reformas no
posto de saúde e no centro de educação infantil. O jardim Cometa possui um centro de
recuperação para mulheres drogadas, conquista também feita através da Associação de
moradores. A Associação do Jardim Universa instituiu vários benefícios, como as ampliações
do colégio, a unidade de saúde e a creche.

Na classificação por média atividade, enquadram-se o maior número de associações,


9 no total. A Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Triângulo construiu seu salão
sede, por meio de reivindicações, foi feito também conserto de suas ruas. Apesar de obter
poucas conquistas, destaca-se pelo envio de projetos, fato importante quando se analisa o
associativismo, sinal de que estão reivindicando melhorias através da associação. A
Associação de Moradores e Amigos do Jardim Novo Independência 2º Parte concretizou o
asfaltamento de algumas de suas ruas e iluminação pública.

A reativação de um colégio do bairro é um fato que merece destaque na Associação


de Moradores do Conjunto Floresta. Quando houve reuniões para tratar de assuntos
referentes ao colégio, a participação era intensa, em torno de 500 pessoas. Foram
realizados protestos no Núcleo Regional de Educação, sediado em Maringá, segundo o
presidente entrevistado. Teve também algumas de suas ruas asfaltadas, depois de muitas
reivindicações por parte da associação. A construção de um campo de futebol foi
concretizada pela Associação de Moradores e Amigos do Jardim das Torres, além de
conseguir cascalhamento para as ruas.

54
A Associação de Moradores e Amigos do Parque Alvamar II e Jardim Tropical se
destaca pelo encaminhamento de diversos projetos, dentre os quais, concretizou-se a
construção de um salão comunitário, além disso, mantém projetos sociais na área da
educação e do esporte. Os projetos sociais têm grande presença nas associações de
Sarandi. A Associação de Moradores e Amigos do Novo Independência 1º parte conta com
aulas gratuitas de capoeira. Através da associação, foi feito um campo de malha. Outra
associação que, por meio de projetos e reivindicações, asfaltou e fez o cascalhamento de
algumas de suas ruas foi a Associação de Bairro do Jardim Esperança.

A Associação de Moradores que abrange o Jardim Primavera e Prima-verão


conseguiu uma importante conquista. Havia uma fábrica processadora de madeira dentro do
Jardim Primavera que tinha uma chaminé que jogava poluição nas casas de vizinhos. Por
meio da manifestação dos moradores, organizada pela Associação Comunitária, a situação
foi amenizada. Houve a mudança da chaminé e sua regularização. A Associação do Jardim
Panorama também se enquadra no nível de classificação de média atividade, pelo número
de reivindicações, 5, no total, uma foi concretizada, a construção de um contorno.

Dentre as que se classificam como fraca atividade, estão 8. Além de realizarem


poucas reivindicações apresentam somente uma conquista importante cada uma:
Associação de Moradores do Jardim Verão A união faz a força, Associação de Moradores e
Amigos do Jardim Califórnia, Associação de Moradores do Jardim das Flores, Associação
do Jardim Novo Bertioga, Associação do Jardim Independência 1º Parte, Associação do
Jardim Independência 3º Parte, Associação do Jardim Castelo e a Associação de
Moradores e Amigos do Parque Alvamar.

Uma foi considerada desativada, a Associação de Bairro e Moradores do Centro e do


Jardim Europa, Bela Vista e Perimetral Sul, faz parte do centro da cidade, uma região que
conta com uma boa infra-estrutura, se comparada a outros bairros, o que faz com que os
habitantes da espacialidade não se manifestem.

Embora as associações de moradores não tenham se organizado em torno da luta


específica pela conquista de casas populares, entende-se que se empenharam e se
empenham por garantir melhores condições de moradia para a população.

As entidades citadas: Central de Movimentos Populares, Movimento Nacional de Luta


por Moradia e União das Associações de Moradores se fazem representar no Conselho

55
Municipal de Habitação, criado pela lei Municipal no. 1089/2003. O Conselho tem se reunido
mensalmente e a atividade principal, no momento, é o acompanhamento das obras do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento) – com recursos federais destinadas a Sarandi
para a construção de 56 moradias e das obras do Jardim Alvamar, com 23 moradias
financiadas com recursos federais também. O Conselho selecionou as famílias a serem
beneficiadas por meio de cadastro e de visitas.

3.6. EXPERIÊNCIAS HABITACIONAIS JÁ DESENVOLVIDAS PELO PODER PÚBLICO

Na década de 1970, a COHESMA – Cooperativa Habitacional dos Empregados


Sindicalizados de Maringá – teve um papel relevante na construção de conjuntos
habitacionais na Região Metropolitana de Maringá. Foi criada pelas categorias de
profissionais liberais, funcionários públicos, trabalhadores sindicalizados, entre outros, atuou
entre 1968 e 1993.

A COHESMA buscava linhas de crédito desenvolvidas pelo governo federal


especificamente para a população pertencente à classe “b”. Este segmento compreende as
famílias com rendimento mensal de 3 a 10 salários mínimos não atendidas pelas
Companhias Habitacionais como COHAB e COHAPAR cujo público alvo são as famílias de
mais baixa renda. Sua responsabilidade era definir os projetos (número de unidades, a
localização, dimensões, seleção dos cooperados, compra de materiais, contratação de mão-
de-obra, etc) e encaminhar ao BNH (enquanto ele existiu) para análise de viabilidade. Após
aprovação, buscava-se um agente financeiro intermediário que poderia operar os recursos
para a cooperativa, como por exemplo, bancos estaduais ou mesmo a própria Caixa
Econômica Federal. A forma de financiamento consistia em prestações mensais assumidas
pelo mutuário durante aproximadamente 25 anos

Após a conclusão do conjunto, as unidades eram repassadas aos mutuários por meio
de assembléia e sorteio. Após esta etapa, a cooperativa se retirava do empreendimento
quando eram assinados todos os contratos definitivos entre mutuário e agente financeiro,
finalizando a sua responsabilidade.

Os empreendimentos realizados pela COHESMA (Tabela 27) em Sarandi datam de


1987 e 1991. O primeiro consiste em dois edifícios residenciais multifamiliares de 4 andares
com 64 apartamentos cada um totalizando 128 unidades de 60,51m2 com o nome de
Conjunto Res. Luiz Bifon. O conjunto está localizado na parte noroeste do centro da cidade e

56
foi destinado à população de classe media/alta e teve como mutuante o Banco Nacional da
Habitação (BNH).

Em 1991 a COHESMA realizou os Conjuntos Residencial Triângulo e Floresta (Vale


Azul, Vale Azul I e Vale Azul II)12. Juntos eles somam 942 unidades habitacionais, o que
corresponde a quase 60% do total das habitações sociais do município. No entanto, são as
unidades que possuem as menores áreas e a menor qualidade construtiva13. Os
loteamentos foram desenhados com lotes que variam entre 185,00m² e 200,00m² e as casas
de 26,98m2 (Triângulo) e 27,04m2 (Floresta). Os Conjuntos encontram-se na periferia, parte
sudoeste da malha urbana, distantes de equipamentos públicos e do centro da cidade.
Somente em 2006, 15 anos após a sua edificação, a prefeitura inaugurou a Escola Municipal
Paulo Freire no Conjunto Floresta.

Tabela 26 – Unidades habitacionais produzidas pela COHESMA.


Nome do conjunto Localização Programa Unidades Metragem da Data do
construídas casa projeto
2
Cj. Res. Luiz Bifon Centro - 128 (4 blocos 60,51m 1987
de 4 andares)
2
Cj Res. Vale Azul Cj. Res. Floresta PAIH 131 27,04m 1991
2
Cj Res. Vale Azul I Cj. Res. Floresta PAIH 187 27,04m 1991
2
Cj Res. Vale Azul II Cj. Res. Floresta PAIH 266 27,04m 1991
2
Cj. Res. Triângulo Cj. Res. Triângulo PAIH 182 26,98m 1991
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi - Departamento de Habitação

12
Os Conjuntos Vale Azul, Vale Azul I e Vale Azul II tiveram os nomes alterados para Conjunto Res. Floresta
através da lei de nº554/93, dois anos após sua inauguração. No ano de 2006, a lei nº1342/2006 determinou que
ele voltasse ao nome inicial.
13
Só perdem em qualidade para o conjunto Mutirão, construído através do sistema de mutirão habitacional, que
será descrito a seguir.
57
Fig. 4 - Foto de uma casa no Cj. Triângulo que Fig. 5 - Planta e Vista frontal da casa padrão do
sofreu modificações: a porta saiu da fachada e a Cj.Triângulo.
lateral foi aumentada.
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.
Fonte: Observatório das Metrópoles-Núcleo
RMM, 2008

58
Fig. 6 - Planta e elevação da casa padrão do Cj. Res. Fig. 7 - Foto de uma casa no Cj. Vale Azul
Vale Azul Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi. RMM, 2008

Em Sarandi, os conjuntos habitacionais realizados pela COHAPAR - Companhia de


Habitação do Paraná - são relacionados na Tabela 28:

Tabela 27 – Unidades habitacionais produzidas pela COHAPAR.


Nome do conjunto Localização Programa Unidades Metragem Data do
construídas da casa projeto
2
Conjunto Osvaldo Jardim Casa da 40 47,19m 1986
Gehal Independência Família
2
Cj. Hab. Sarandi Jardim Casa da 40 32,40m e 1986
2
Independência Família 47,19m
2
Cj. Res. Sarandi I Sarandi I Casa da 176 28,96m 1990
Família
2
Cj. Res. Casa da Jd. Independência Casa da 196 48,30m 1993
a
Família 3 parte Família
2
Cj. Res. Ricardo Jardim Social - 168 42,70m 1997
Romanelli
2
Cj. Res. Acalanto Jardim Social - 50 42,70m 1997
2
Cj. Res. Acalanto I – Jardim Monterrey - 58 28,98m 2003
Morada do Sol
2
Cj. Res. Acalanto II Pq. Res. Santana - 41 28,83m 2003
2
Cj. Res. Acalanto III Jd. Bom Pastor - 19 40,00m 2003
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Departamento de Habitação

59
Os primeiros conjuntos habitacionais feitos pela COHAPAR em Sarandi datam de
1986. São eles os Conjuntos Osvaldo Gehal e Sarandi, localizados no Jardim
Independência, com 40 unidades habitacionais cada um. O bairro, por ser um dos mais
antigos da cidade (aprovado em 1974) provavelmente já estivesse bem estruturado na
época, o que talvez mostre uma certa preocupação do poder público na escola do local. As
metragens das casas variam entre 47,19m² e 32,40m² e estão implantadas em lotes de
272,56m² a 325,00m² e tiveram como mutuante o Banco Nacional da Habitação (BNH). Em
1990, a COHAPAR construiu o conjunto Residencial Sarandi I, localizado no bairro com o
mesmo nome, que possui 176 casas em alvenaria com área de 28,96m². Já nesse caso,
além da metragem da casa ser inferior aos conjuntos descritos, a localização periférica
deixou a desejar.

Fig. 8 - Exemplo de planta da casa da COHAPAR nos


Conjuntos Osvaldo Gehal e Sarandi
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.

Entre 1993 e 1997 foram construídas 414 unidades em parceria com a COHAPAR
marcando o último período em que houve uma quantidade expressiva de unidades
construídas no município. De 1993 é o Conjunto Res. Casa da Família atendido pelo
programa que leva o mesmo nome e localizado no bairro Jd. Independência 3ª parte. São

60
196 unidades de 48,30m2, lotes que variam de 262,50 m² até 476,72 m², ruas de 12 e 15
metros de largura. Já em 1997, com a COHAPAR, foram construídos os Conjuntos Ricardo
Romaneli e Acalanto, ambos no bairro Jardim Social, num total de 168 e 50 unidades,
respectivamente, de 42,70m2.

Fig. 9 - Implantação do loteamento do Cj. Casa da Família no Jd.


Independência 3a Parte.
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.

Atualmente, o “Casa da Família” é o principal programa de habitação popular do


Governo do Paraná. O mutuário pode escolher entre cinco projetos arquitetônicos com 32,
40, 44, 52 e 63 m². O sistema atende a população de baixa renda (de 1 a 3 salários
mínimos) através do sistema de autogestão: os recursos para a construção da casa eram
repassados em parcelas diretamente ao beneficiário que podiam comprar o material de sua
escolha, contratar a mão-de-obra, fazer modificações no projeto básico sob orientação
técnica da COHAPAR. Os lotes e a infra-estrutura eram viabilizados pela prefeitura e
sorteados entre os mutuários. As famílias deviam comprovar tempo de residência mínimo de
três anos na cidade, não possuir casa própria, nem ter sido atendida pelo sistema financeiro
da habitação federal ou estadual. O financiamento durava até 25 anos, pela Caixa

61
Econômica Federal. O tempo médio para construção é de 120 dias e, com a obra pronta, as
famílias se mudam imediatamente, sem a espera da inauguração ou qualquer providência
burocrática.

Foi através desse programa que, em 2003, três Conjuntos foram construídos:
Acalanto I, II e II. O primeiro, também conhecido como “Morada do Sol”, está localizado no
Jardim Monterrey e possui 58 casas de 28,98m2 para onde foram transferidos os moradores
da antiga “Favela do Hélio”. O Conjunto Res. Acalanto II tem 41 unidades de 28,83m2
localizadas no Parque Res. Santana e o Conjunto Res. Acalanto III tem 19 unidades de
40,00m2 construídas no Jardim Bom Pastor.

Fig. 10 - Casa no Cj. Acalanto II Fig. 11 - Casa no Cj. Acalanto I ou Morada do Sol
Fonte: Observatório das Metrópoles-Núcleo RMM, Fonte: Observatório das Metrópoles-Núcleo RMM,
2008. 2008.

Além dos programas da COHESMA e COHAPAR, o município de Sarandi construiu


unidades habitacionais em parceria direta com o Governo Federal e a Caixa Econômica
Federal que são relacionados na Tabela 29:

Tabela 28 – Unidades habitacionais produzidas pelo GOVERNO FEDERAL /


PREFEITURA MUNICIPAL E CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
Nome do conjunto Localização Programa Unidades Metragem Data do
construídas da casa projeto
Cj. Mutirão Jardim Social Programa Aprox.
2
Nacional de 160 20 m 1983
Mutirões
Habitacionais
2
Cj. Res. Bela Vista Jd. Bela Vista Morar Melhor 18 32,00m 2004
2
Cj. Res. Jardim Jardim Social Morar Melhor 08 32,00m 2004
Social
2
Cj. Res. Jardim São Jd. São Jorge 04 32,00m 2004
Jorge
62
2
Cj. Res. Jardim Jd. Itamarati 04 32,00m 2004
Itamarati
2
Cj. Res. Jardim Ana Jd. Ana Eliza 10 32,00m 2004
Eliza
Cj. Res. Alvamar II Pq. Res. Alvamar 23 (em 2008
construção)
PAC Habitação Jd. Nova PAC- 56 (em 2008
Independência Habitação construção)
1aParte e Jd.
Universal
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Departamento de Habitação

O Conjunto Mutirão (Figuras 11,12,13 e14) foi construído nos anos 80


14
(provavelmente em 1983 ) no Jardim Social, numa parceria entre prefeitura e governo
federal do Programa Nacional de Mutirões Habitacionais. O projeto planejava a construção
de 448 casas15 das quais foram construídas 160. A construção é bastante rústica com
péssimas condições de habitalidade: uma espécie de barracão linear divido em cômodos de
aproximadamente 20m2 com banheiro, de modo que os domicílio ficaram divididos apenas
por uma parede e sem quintal. A cobertura é de telha de fibrocimento e a habitação não tem
forro. Observa-se hoje que praticamente todas as casas estão depreciadas e em condição
improvisação - apresentando emendas com materiais impróprios para a construção de
habitações.

Fig. 12 - Domicílio no Cj. Mutirão Fig. 13 - Interior de um domicílio do Cj. Mutirão


Fonte: REDÍGOLO (2008) Fonte: REDÍGOLO (2008)

14
As informações acerca do Conjunto Mutirão são escassas a ponto de não constar na lista dos
Conjuntos Habitacionais existentes no município apresentada pelo Departamento de Habitação da
Prefeitura de Sarandi. Uma matéria na revista chamada SARANDI, Cidade progresso do Paraná,
editada em 1983 pela Prefeitura do municípioi, afirma que naquele ano as casas do projeto Mutirão
seriam inauguradas, no entanto não foi possível ter a confirmação.
15
Revista SARANDI, Cidade progresso do Paraná, 1983. Página 29.
63
Fig. 14 - Vista da viela do Cj. Mutirão Fig. 15 - Espaço onde foram demolidas 3 casas no Cj.
Fonte: Observatório das Metrópoles - 2008 Mutirão
Fonte: Observatório das Metrópoles

A implantação (Figura 15) mostra as vielas de 6 metros de largura sem asfalto e sem
esgotamento sanitário para onde as casas são voltadas. É comum ver encanamento vindo
das residências despejando esgoto na rua.

Fig. 16 - Mapa mostrando em destaque as quadras do conjunto Mutirão


Fonte: Observatório das Metrópoles.

Em 2004 foram construídos 5 novos conjuntos habitacionais no município que


somados perfazem 44 unidades de 32,00m2. No ano de 2008 a prefeitura pretende concluir
outras 79 unidades, 23 delas do Conjunto Alvamar, no bairro Parque Res. Alvamar (Figura
16) e 56 delas do programa PAC-Habitação - nos bairros Jardim Nova Independência 1a
Parte e Jardim Universal.

64
Fig. 17 - Casa em construção do Conjunto Alvamar
Fonte: Observatório das Metrópoles - 2008

Atualmente o programa habitacional popular da prefeitura de Sarandi é o Casa Fácil.


Segundo a AEAM (Associação de Engenheiros e Arquitetos de Maringá), ele existe desde
1989 atendendo Maringá e 22 municípios da região, incluindo Sarandi, por meio de uma
parceria entre Prefeitura, CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) e AEAM.
São disponibilizados 39 projetos arquitetônicos que variam de 25 a 70 m2 à famílias com
renda de até 3 salários mínimos. Além desse requisito, o requerente deve ter seu IPTU em
dia e possuir apenas um imóvel em seu nome no município e este não edificado. Segue o
folder de divulgação do programa durante a gestão 2005 a 2008.

65
Fig. 18 - Folder de divulgação do Programa Casa Fácil na gestão
2005-2008
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.

Segundo dados do Departamento de Urbanismo de Sarandi (Tabela 30), a procura


pelo programa aumentou nos últimos dois anos. Enquanto de 2004 a 2006 foram solicitadas
em média 45 ART´s (Acervo de Responsabilidade Técnica) por ano, em 2007 esse número
subiu para 69 ART´s por ano. Até o início de setembro de 2008, haviam sido solicitadas 39
ART´s.

Tabela 29 – Quantidade de projetos do programa Casa Fácil aprovados pela prefeitura


nos anos de 2004 a 2008
Quantidade de projetos do programa
Ano Casa Fácil
2004 42
2005 51
2006 44
2007 69
(até início de setembro) 2008 39
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi

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Dos dados de 2007 e 2008 (incompleto) foi possível constatar que os projetos mais
procurados são aqueles com 48,00 m2 e 69,96 m2 e, em segundo lugar, os projetos com
40,00 m2. A maioria dos projetos estão localizadas nos bairros Jardim Novo Bertioga (24) e
Parque Residencial Nova Aliança (13) no Jardim Monterrey (8), Parque Residencial Bom
Pastor (7) e Jardim Nova Independência 2a Parte (6), que são bairros com características
similares de localização periférica, carência em infra-estrutura e deficiência em
equipamentos públicos, fazendo com que os terrenos apresentem baixo custo. As figuras 18
e 19, exemplificam projetos padrões do “catálogo” existente na Secretaria de Urbanismo.

2 2
Fig. 19 - Planta de 69,96 m do programa Casa Fácil Fig. 20 - Planta de 48,00 m do programa Casa
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi Fácil
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi

Verifica-se que as ações voltadas à melhoria da condição de moradia das famílias de


baixa renda de Sarandi ainda são pontuais e incipientes face aos problemas sociais e
urbanos que o município apresenta. Percebe-se que os programas habitacionais alí
implantados sempre responderam a demandas isoladas e não são estruturados num
planejamento municipal que possa contribuir substancialmente - e a longo prazo - para a
redução dos problemas de moradia. Entende-se que o planejamento das ações futuras deve
estar articulado, sobretudo com as políticas urbana e de geração de trabalho e renda, como
forma de estimular a permanência do trabalhador sarandiense no próprio município e
garantir sua qualidade de vida.

67
4. CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVAS

4.1. MARCOS REGULATÓRIOS E LEGAIS

A análise dos marcos regulatórios e legais referentes ao município de Sarandi se deu


através do Anteprojeto de Lei do Plano Diretor de Sarandi, uma vez que a referida lei ainda
não foi aprovada, bem como por meio da legislação vigente, que são as leis constantes do
Plano Diretor de 1992, de maneira a identificar os dispositivos que garantem ou não o
acesso à moradia de qualidade aos habitantes de Sarandi a partir de aspectos presentes no
Estatuto da Cidade.

Dentre os debates sobre o direito à cidade e à moradia a atenção sobre o Estatuto da


Cidade, Lei Federal 10.257/2001, é pertinente, uma vez que seu conteúdo traz instrumentos
valiosos de reforma urbana, voltados a promover a inclusão territorial e social, levando em
consideração aspectos sociais e urbanos e buscando sempre garantir a função social do
solo urbano. E, para garantir a aplicação desses instrumentos, há o Plano Diretor
Participativo.

O Plano Diretor deve incidir diretamente nas diretrizes locais da política


habitacional, direcionando a ocupação das áreas centrais e vazios urbanos, destinando
áreas dotadas de infra-estrutura para implantação de habitação de interesse social,
facilitando o acesso da população de baixa renda ao solo urbano e à cidade, além da
regularização de assentamentos informais na malha urbana. A política habitacional é
instrumento para que as carências habitacionais sejam supridas e que a população tenha
acesso à moradia digna.

Entretanto, para que a política habitacional seja eficiente é preciso que as leis
estejam articuladas e que os agentes produtores do espaço urbano – população, poder
público, poder privado – atuem na elaboração, aplicação e cumprimento dessa legislação.

A análise das leis urbanísticas de Sarandi se dá a partir das leis vigentes do Plano
Diretor de 1992, Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, Lei de Parcelamento do Solo e Lei
de Obras e Edificações. Além dessas leis, são analisadas algumas leis do Anteprojeto de Lei
do Plano Diretor que está ainda em fase de elaboração e aprovação, e a Lei N° 1089/2003
que institui o Conselho Municipal de Habitação.

68
4.1.1. Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, de 1992

A Lei Complementar nº 03/92, regula sobre o uso e ocupação do solo urbano de


Sarandi e está estruturada em três capítulos. O capítulo II trata da divisão da cidade segundo
zonas, sendo elas: Zona Central (ZC), Zonas Residenciais (ZR), Eixos de Comércio e
Serviços (ECS), Zona Industrial (ZI), Zona de Proteção Ambiental (ZPA) e Zonas Especiais
(ZE).

Segundo o art. 4, a Zona Central se caracterizará pela predominância do comércio e


serviços especializados, concentração de empregos e atividades de animação. Em seguida,
os artigos 5 e 6, tratam das Zonas Residenciais, predominantemente ocupadas por
habitações, sendo estas divididas em quatro: Zona Residencial 1, Zona Residencial 2, Zona
Residencial 3 e Zona Residencial 4.

Além das zonas, são estabelecidos eixos de comércio e serviços. No artigo 7, são
apresentados os Eixo de Comércio e Serviços 1, Eixo de Comércio e Serviços 2 e Eixo de
Comércio e Serviços 3. Os três eixos são de uso misto diferenciando-se apenas em alguns
aspectos como o tipo de comércio ou prestação de serviços disponíveis.

Posteriormente, o art. 8 trata da Zona Industrial e suas especificações. O artigo 9


aborda as zonas de proteção ambiental, Zonas de Proteção Ambiental 1 e 2. Estas zonas
visam a proteção de nascentes e cursos d’água bem como recuperação e manutenção das
matas ciliares, sendo proibidas edificações nestas áreas.

Por último, tem-se as Zonas Especiais que visam a manutenção de padrões


urbanísticos específicos em áreas de atividades, usos ou funções urbanas de características
excepcionais, sendo elas Zona Especial 1, 2 e 3. A Zona Especial 1 corresponde à área
junto à Estação ferroviária de Sarandi, a Zona Especial 2 corresponde ao cemitério Municipal
e a Zona Especial 3 consiste no cemitério Vera Cruz.

Para todas as zonas e eixos estão definidos requisitos urbanísticos para ocupação do
solo urbano, como dimensões mínimas dos lotes, coeficiente de aproveitamento, taxa de
ocupação máxima e recuos mínimos. A menor área de lote permitida encontra-se na Zona
Residencial 1, sendo de 250,00 m² e testada de 10 m.

O artigo 12 da presente lei trata do imóvel urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado localizado nas áreas de ocupação urbana prioritária, serão aplicados instrumentos

69
constantes no art. 182, § 4°, da Constituição Federal de acordo com o art. 13 da Lei do Plano
Diretor Integrado de Desenvolvimento de 1992. Os instrumentos aplicáveis constantes do
Plano Diretor são parcelamento compulsório, edificação compulsória, desapropriação,
tombamento, permuta de imóveis públicos por imóveis particulares, concessão do direito real
de uso de imóveis integrantes do patrimônio público, IPTU progressivo no tempo, entre
outros. A aplicação desses instrumentos visa impulsionar a ocupação dos vazios urbanos e a
manutenção do ambiente construído, garantindo assim a função social do solo urbano.

A partir dos aspectos abordados percebe-se a ausência de áreas destinadas à


habitação para a população de baixa renda. A presente lei poderia abordar o aspecto da
habitação social destinando alguma área específica que assegurasse essa ocupação.

4.1.2. Lei do Parcelamento do Solo Urbano, de 1992

A Lei do Parcelamento do Solo Urbano, Lei Complementar 04/92, trata do


parcelamento do solo para fins urbanos no município de Sarandi admitido apenas nas Zonas
Urbanas. A lei traz definições, procedimentos, exigências e requisitos para o parcelamento
do solo. No cap. IV, seção III, art. 31 da referida lei, encontram-se disposições para
parcelamentos destinados à Urbanização de Interesse Social. No § 1° diz que os
parcelamentos deverão atender as exigências de áreas mínimas para equipamentos urbanos
e comunitários, sendo 5% da gleba. Os lotes terão dimensões mínimas de 250,00 m² de área
e 10,00 m de testada.

O artigo 32 afirma que ficam os parcelamentos destinados à urbanização de


interesse social dispensados do atendimento de iluminação pública quanto às obras mínimas
de infra-estrutura.

4.1.3. Lei do Código de Obras e Edificações

No que se refere à habitação popular, na Lei Complementar 05/92 de Obras e


Edificações, não há muitas informações quanto à projetos voltados para a população de
baixa renda. No Cap. I, art. 6, consta que o interessado em projeto para habitação unifamiliar
de até 60 m² poderá recorrer a programa específico desenvolvido pela Prefeitura, desde que
preencha as condições estabelecidas.

70
Já no Cap. III, tem-se os procedimentos para aprovação de projetos e obras. No que
se refere à aprovação de projetos arquitetônicos, deverá ser apresentado à Prefeitura quatro
vias do projeto arquitetônico, contendo elementos como planta de situação do lote e
localização da edificação no lote na escala mínima de 1:500, planta baixa de cada pavimento
na escala mínima de 1:50, cortes transversais e longitudinais na escala 1:50, planta de
cobertura na escala 1:200 e elevações ou fachadas voltadas para a via pública na escala de
1:50.

A seção III do mesmo capítulo trata das instalações hidráulicas onde se especifica
que para edificações com área total de 60 m² serão permitidos reservatórios com capacidade
de 500 l (quinhentos litros) e para casas populares admite-se reservatórios com capacidade
mínima de 250 l (duzentos e cinqüenta litros).

A seção IV trata da aprovação do projeto arquitetônico e da licença para construção.


O projeto arquitetônico estando de acordo, será aprovado por órgão competente e será
repassado ao interessado, ficando a Prefeitura com duas cópias. A Prefeitura tem prazo de
30 dias para se pronunciar quanto ao projeto. No ato da aprovação, será expedida a licença
para construir. Para obter a provação do projeto e a licença para construir, deverá ser
apresentado quatro vias do projeto arquitetônico, cópia do Registro de Imóveis comprovando
a propriedade e Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para projeto e execução de
qualquer tipo de edificação com mais de 1 pavimento, edificação comercial ou qualquer
edificação com mais de 60 m² de área construída.

O art. 24 diz que o alvará de licença para construção terá validade de 1 ano.
Podendo ser revalidado, desde que a obra tenha sido iniciada. Na seqüência do processo, o
art. 27 trata da expedição do Habite-se, onde fica designado que uma vez concluída a obra,
resultante do projeto aprovado e da licença para construção, deverá ser requerido o habite-
se ao órgão municipal responsável.

No Cap. VI, art. 99, da mesma lei, diz que será considerada como de interesse social
a residência unifamiliar com o máximo de 60 m² de área construída, segundo projeto
elaborado por órgão competente do Poder Público Municipal. O artigo 100 se refere ao
projeto e a construção da habitação de interesse social e especifica que os processos desta
natureza terão tramitação prioritária, além de assistência técnica, jurídica e administrativa
gratuita da Prefeitura, para elaboração do projeto, orientação da execução da obra entre
outras facilidades para construção da habitação.
71
Não há mais especificações sobre edificações para a população de baixa renda nem
quanto às dimensões dos compartimentos que distinga a habitação popular de qualquer
outra habitação unifamiliar.

4.1.4. Conselho e Fundo Local de Habitação de Interesse Social

A Lei 1089/2003 institui o Conselho Municipal de Habitação, órgão permanente com a


finalidade de assegurar a participação da comunidade na elaboração e implementação de
programas sociais voltados à política habitacional municipal. Dentre as atribuições do
Conselho é válido ressaltar o estabelecimento de programas anuais e plurianuais de
recursos do Fundo Municipal de Habitação, definição de políticas de subsídios na área de
financiamento habitacional, acompanhamento e fiscalização da aplicação de recursos do
Fundo Municipal de Habitação, entre outras atribuições.

O art. 10 da lei institui o Fundo Municipal de Habitação cujo objetivo é a viabilização


de recursos financeiros para implementação da política municipal de Habitação. Esse fundo
será constituído de dotações do Orçamento do Município, contribuições e doações de
pessoas físicas e jurídicas, resultados de aplicações financeiras de recursos do FMH, entre
outros.

No art. 12 está designado onde serão aplicados os recursos do FMH, como


aquisição, construção e melhoria de unidades habitacionais em áreas urbanas e rurais,
produção de lotes urbanizados para fins habitacionais, urbanização, regularização fundiária e
urbanística de áreas ocupadas por população caracterizada como de interesse social,
construção de moradias populares e aquisição de imóveis para pessoas carentes.

O art. 25 diz que o acesso à moradia deverá ser assegurado aos beneficiários do
FMH, garantindo o atendimento prioritário às famílias de mais baixa renda e adotando
políticas de subsídios implementadas com recursos do Fundo.

O Conselho e Fundo Municipal de Habitação são importantes instrumentos na


captação, gerenciamento e direcionamento de recursos voltados à habitação para que um
número cada vez maior de famílias tenha acesso à moradia digna.

72
4.1.5. Anteprojeto de Lei do Plano Diretor de Sarandi, de 2007

O Anteprojeto de Lei do Plano Diretor traz, no Cap. VIII, Seção I, a Política de


Habitação, cujo principal objetivo é garantir moradia digna à população bem como moradia
adaptada às pessoas portadoras de deficiências. Para isso, o município deverá agir em
conjunto com o setor da construção civil, sociedade civil organizada, poderes público Federal
e Estadual e população interessada.

Ainda a mesma Seção, traz o art. 137, que diz que o Município promoverá o acesso à
moradia para a população de baixa renda através de programas de construção de moradias
populares, regularização, urbanização e titulação de áreas ocupadas por população de baixa
renda bem como promover o acesso a lotes urbanizados, com infra-estrutura básica como
esgoto, coleta de lixo, energia elétrica, pavimentação e equipamentos de educação, saúde e
lazer.

A Subseção I, art. 138, indica as diretrizes para a Política Municipal de Habitação,


que consistem no planejamento do espaço urbano reprimindo a ação especulativa sobre a
terra e simplificando as exigências urbanísticas para garantir que a população tenha acesso
à moradia, busca de recursos para o financiamento de programas habitacionais, incentivo à
participação da iniciativa privada nos programas habitacionais para a população de baixa
renda, incentivar a participação da população na formulação dos programas, melhorias nos
assentamentos populares, implantação de loteamentos urbanizados e de moradias
populares, regularização de loteamentos irregulares para a ocupação legal dos lotes,
produção habitacional municipal e atuação da assistência técnica da prefeitura no
desenvolvimento e disseminação de tecnologias construtivas que visem baratear e agilizar a
produção de moradias.

Para garantir a realização da Política Habitacional, o art. 139, trata de instrumentos


básicos, como delimitação de áreas especiais de interesse social para preempção ou
desapropriação, IPTU progressivo no tempo, concessão do direito real de uso resolúvel,
incentivos e isenções da legislação fiscal e incentivo ao desenvolvimento de consórcios,
cooperativas habitacionais e mutirões populares.

Esses instrumentos fazem parte do Estatuto da Cidade, o IPTU progressivo no tempo


impulsionar a ocupação do solo urbano diminuindo assim a ocorrência de vazios urbanos e
subutilização desses lotes. Quanto à preempção, confere ao Poder Público municipal

73
preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.

Esses instrumentos são apenas alguns dos existentes no Estatuto da Cidade,


presentes no Plano Diretor, que visam o interesse social e regulam o uso da propriedade
urbana em prol do bem coletivo, do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio
ambiental. Porém, outros instrumentos do Estatuto poderiam ser empregados com o objetivo
de facilitar o acesso da população de baixa renda à moradia digna, como usucapião especial
de imóvel urbano ou a criação de ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) visando estimular
não somente a ocupação ou utilização, mas também a construção de habitação de interesse
social. Ainda pode-se liberar as áreas onde se quer construir habitação de interesse social
(geralmente marcadas como ZEIS) do pagamento da Outorga Onerosa, tornando essas
áreas interessantes ao mercado. Outra possibilidade é marcar ZEIS em áreas onde o
mercado imobiliário está atuando fortemente, ao mesmo tempo em que se dá destinação dos
recursos obtidos com Outorga Onerosa para a construção de habitação de interesse social.

O Plano Diretor deve reconhecer as áreas ocupadas de forma irreversível por


população de baixa renda e definir formas de intervenção pública nessas áreas, através de
projetos de regularização. Além disso, deve estabelecer parâmetros de uso e ocupação do
solo condizentes com os problemas habitacionais e a necessidade de regularização efetiva
no município de maneira a facilitar o acesso da população de baixa renda à moradia digna e
que o solo urbano cumpra sua função social.

4.1.6. Anteprojeto de Lei do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, de 2007

Segundo essa lei, o território do Município de Sarandi fica dividido em Solo não
urbanizável, Solo urbano e Solo urbanizável. O cap. II, art. 4, traz as definições desses solos,
sendo eles:

Solo não urbanizável é aquele destinado a fins vinculados com a utilização racional
dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente, e, portanto preservado do processo de
ocupação urbana;

Solo urbano compreende as áreas ocupadas historicamente pelo desenvolvimento da


cidade e aquelas indicadas com a entrada em vigor do Plano Diretor Municipal;

Solo urbanizável se caracteriza por estar destinado pelo Plano para ser suporte do

74
crescimento urbano previsto.

Dentre as categorias de Solo Urbano, encontra-se o Solo urbano de Interesse Social I


(SU-IS/1) que são áreas desocupadas situadas próximas a assentamentos residenciais de
média ou baixa renda, parcialmente destituídos de condições urbanísticas adequadas ou
ocupadas inadequadamente, propícias para o uso residencial onde se incentiva a produção
de moradia para estas faixas de renda, especialmente mediante a formação de cooperativas
habitacionais, consórcio imobiliário e/ou loteamento de interesse social;

O cap. IV, art. 35, diz que no Solo Urbano de Interesse Social I (SU-IS/1) o lote
mínimo será de 250,00 m2 e para os lotes de esquina a área mínima será de 325,00 m2;
frente mínima de 10,00 m, devendo os lotes de esquina ter no mínimo 13,00 m; coeficiente
de aproveitamento 1; taxa de ocupação de 70% da área livre do lote; recuo de frente de no
mínimo 3,00 m (três metros); recuos laterais mínimos de 1,50 m quando houver aberturas
para iluminação e/ou ventilação, se não existir aberturas a edificação poderá avançar até o
as divisas do lote; recuo de fundo mínimo de 3,00 m e gabarito de altura para 1 pavimento.

No cap. V, do Parcelamento do solo para fins urbanos, no art. 60, especifica que nos
casos de loteamentos de interesse social localizados nas Áreas Especiais de Interesse
Social I, e nos casos de urbanização específica de favelas, a Prefeitura do Município poderá
admitir lotes com dimensões inferiores às estabelecidas no inciso I do artigo 35 desta Lei, e
ainda, lotes com frente para via pública exclusiva de pedestre.

No art. 79, que diz respeito aos Loteamentos, no que se refere ao Solo urbano de
Interesse Social I e II (SU-IS/1 e SU-IS/2), a dimensão mínima das áreas destinadas ao uso
publico será de 35% da área da gleba a ser loteada, observando-se que no mínimo 5% será
para a área institucional e mínimo de 5% (cinco por cento) para a área verde.

O art. 83, das obras de infra-estrutura urbana, traz que os loteamentos destinados à
construção de conjuntos habitacionais, executados através da Companhia de Habitação do
Paraná - COHAPAR ou Caixa Econômica Federal e com recursos do Sistema Financeiro da
Habitação - SFH, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS ou Governo do Estado
do Paraná ou outros órgãos públicos que possuam a mesma finalidade, ficarão isentos da
caução de 10% superior ao necessário para conclusão integral das obras de pavimentação,
de abastecimento de água potável, entre outras atribuições.

75
Nos arts. 84, 85 e 86, que tratam do parcelamento do solo em Áreas Especiais de
Interesse Social. Poderá ocorrer loteamento de interesse social destinado a população de
baixa renda, no Solo urbano de Interesse Social I e II (SU-IS/1 e SU-IS/2), desde que fique
caracterizado o interesse público e que esteja vinculado a planos e programas habitacionais
de iniciativa da Prefeitura do Município ou entidade autorizada por lei, ficando sua aprovação
subordinada à apreciação prévia do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano. Neste
caso, o Conselho poderá vincular a aprovação do projeto de loteamento à construção das
moradias, sendo que neste caso, será permitida a quota mínima de 60,00 m2 de terreno por
unidade residencial unifamiliar; ou ainda, autorizar a implantação de vias públicas com
largura inferior às exigidas nesta Lei, desde que obedecidas as diretrizes viárias fixadas pelo
Poder Executivo Municipal; admitir lotes com área inferior à área mínima estabelecida nesta
Lei.

O loteamento de interesse social é aquele destinado à população com renda familiar


de zero a três salários mínimos ou, para assentamento de população proveniente de área de
risco do Município. Será obrigatória a implantação de rede de abastecimento de água, de
esgotos, de energia elétrica e iluminação pública, de drenagem superficial, pavimentação e
sinalização das vias e arborização.

Os empreendimentos residenciais de iniciativa particular situados no Solo Urbano de


Interesse Social I e II (SU-IS/1 e SU-IS/2) destinados à população de baixa renda ficam
isentos do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU durante 2 anos
contados da data da aprovação do projeto de parcelamento do solo.

A Seção III, do desdobro e reagrupamento de lotes, traz que isso só será possível
para lotes com frente para via publica oficial e que os lotes resultantes respeitem as
dimensões mínimas do tipo do solo a que pertencem.

Quanto ao remembramento, na Seção VI, fica proibido o remembramento nas áreas


destinadas ao Solo Urbano de Interesse Social.

4.1.7. Anteprojeto de Lei do Código de Edificações, de 2007

O Código de Edificações, traz em sua constituição alguns artigos que fazem


referência à habitação para população de baixa renda. No Cap. IV, art. 33, consta que a
Prefeitura fornecerá projetos populares, mediante pagamento da taxa obrigatória, com áreas
76
de construção de acordo com programas para implantação de habitações de interesse social
vigentes (estaduais ou federais), para pessoas sem habitação própria e que comprovem a
baixa renda de acordo com cadastro da Secretaria Municipal de Ação Social, mesmo que
incluídas nos programas oficiais do governo.

A Seção V, art. 296, traz a definição do que é habitação de interesse social, sendo
esta a unidade residencial destinada à moradia própria cujo acabamento não ultrapassar o
equivalente do padrão normal da ABNT, INSS, CREA ou Convênios, e cuja área construída
não ultrapasse 70,00 m2, integrando conjunto habitacional, construído por entidades
públicas de administração direta ou indireta.

Além dessa definição, o §1º, do art. 296, diz que pode ser também considerada de
interesse social a habitação isolada, com o máximo de 70,00 m², construída sob a
responsabilidade do proprietário segundo projetos tipos elaborados pelo Poder Público
Municipal. Segundo o §2º, poderão ser consideradas habitações de interesse social aquelas
construídas ou financiadas por outras entidades.

O art. 298 trata de alguns requisitos mínimos que devem se observados quando da
construção de casas populares, como pé-direito mínimo de 2,60 m em todos os
compartimentos de permanência prolongada; área mínima de 8,00 m² e a dimensão mínima
de 2,60 m para sala e dormitórios, os demais poderão ter dimensões menores com o
mínimo de 6,00 m²; área mínima de 4,00 m² e dimensão mínima de 1,80 m para a cozinha;
área mínima de 2,00 m² e dimensão mínima de 1,35 m para compartimento sanitário; e
dimensão mínima de 1,20 m para área de serviço.

Na seqüência, o art. 299 traz que toda moradia econômica deverá dispor, no mínimo,
de sala, quarto, cozinha, banheiro e área de serviço e, no art. 302, diz que é obrigatória a
ligação do prédio às redes urbanas de água e esgoto.

4.1.8. Lei Municipal número 527, de 1993

A Lei 527/93 trata do ITBI (Imposto sobre a Transmissão “Inter vivos” de Bens
Imóveis). Segundo a constituição da referida lei fica definido desconto de 50% para a
efetivação da primeira escritura do imóvel. Esse desconto estende-se a toda pessoa física,
não sendo feita qualquer distinção ou exigência para a obtenção do desconto, não é
necessária qualquer comprovação de renda bem como o solicitante pode ainda ter outros
77
imóveis. Com essa lei, busca-se incentivar um maior grau de formalização da posse, assim
como tornar jurídica a posse do proprietário.

78
PARTE 02 – PERFIL HABITACIONAL DE SARANDI

79
5. NECESSIDADES HABITACIONAIS

A habitação faz parte das necessidades básicas dos indivíduos, é um bem indivisível,
está profundamente ligado à qualidade de vida e a reprodução física e social dos ciadões.
Trata-se de um componente fundamental para que as pessoas tenham segurança e
tranqüilidade. Ela deve ser encarada como um direito, numa perspectiva que vai além de um
simples abrigo inserido num contexto urbano ou rural, ou seja, deve ter a garantia de infra-
estrutura, serviços públicos, equipamentos sociais, abastecimento, acessibilidade e
mobilidade.

A partir do conceito de habitação expresso no parágrafo anterior, o diagnóstico da


situação habitacional de Sarandi, deve identificar e quantificar o conjunto das necessidades
habitacionais, visando qualificar e planejar a intervenção do poder público dos próximos
anos.

Para o cálculo das necessidades habitacionais, partiu-se da metodologia


desenvolvida pela Fundação João Pinheiro (FJP), adotada pelo Ministério das Cidades como
referencial básico para o dignóstico nacional. Essa abordagem do Plano Local de Habitação
de Interesse Social de Sarandi se justifica, entre outras coisas, por distinguir, no âmbito do
conjunto das situações de inadequação e de precariedade das condições de moradia,
aquelas cuja solução passa pela construção de novas unidades, em novo terreno, daquelas
cuja resolução estão relacionadas à melhorias nas unidades, como reforma e ampliação, ou
melhorias no entorno, como problemas de infra-estrutura.

5.1. DEFINIÇÕES BÁSICAS

Como já explicitado, parte-se da metodologia adotada pela Fundação João Pinheiro,


utilizando-se do conceito de necessidades habitacionais, que incluiriam:

• Déficit Habitacional ou Déficit Quantitativo – ou seja, a necessidade de reposição


total de unidades habitacionais precárias e o atendimento às famílias que não dispõem
de moradia em condições adequadas;

80
• Inadequação ou Déficit Qualitativo – a necessidade de melhoria de unidades
habitacionais que apresentem certo tipo de carências, entre as quais identificam-se a
carência de infra-estrutura, o adensamento excessivo e a inadequação fundiária.
• Demanda Demográfica – a necessidade de construção de novas unidades para
atender às famílias que venham a se formar no futuro e precisem de mais moradias,
como função do crescimento populacional e também em função das mudanças nos
arranjos familiares;

5.1.1. Déficit Habitacional

O déficit habitacional, ou déficit quantitativo, ou ainda déficit acumulado representa a


quantidade de famílias em condições de moradia não adequada, e de acordo com o conceito
adotado, está ligado diretamente às deficiências do estoque de moradias. Engloba aquelas
sem condições de habitabilidade devido à precariedade das construções ou em virtude de
desgaste da estrutura física. Inclui ainda a necessidade de incremento do estoque, devido a
coabitação familiar, os imóveis construídos com fins não residenciais, as famílias com ônus
excessivo com aluguel e aquelas que residem em domicílios cedidos. Desta definição, o
déficit habitacional pode ser entendido como “déficit por incremento de estoque” e como
“déficit por reposição de estoque”.

• Déficit por Reposição de Estoque:

a) Domicílios Rústicos – são aqueles predominantemente “construídos” com material


improvisado e devem ser repostos (reconstruídos), seja por que não apresentam
paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, seja porque representam desconforto e
riscos de contaminação por doenças e insalubridade, entre outros problemas aos seus
moradores.

b) Depreciação de Domicílios – parte-se do pressuposto que cada edificação apresenta


uma vida útil. Toma-se 50 anos de construção como limite que define a necessidade
de reposição do estoque. Parte das edificações com idade superior a 50 anos é
considerada componente do déficit, por supor que a outra parte destas edificações
tenha passado por manutenção e reformas, e que tenha mantido as suas condições
de uso. Como componente desta variável do déficit é importante a realização de
estudo das construções em madeira do início da colonização dos municípios do
Paraná.
81
• Déficit por Incremento de Estoque

a) Domicílios improvisados – São locais utilizados como moradia tendo sido


construídos com outra finalidade, denotando necessidade de novas habitações.

b) Cômodos alugados ou cedidos – Famílias que moram em quartos ou cômodos


alugados ou cedidos usando de forma comum áreas de acesso e equipamentos
sanitários, sem privacidade.

c) Famílias conviventes – mais de uma família composta por pelo menos duas pessoas
(famílias conviventes secundárias) residindo no mesmo domicílio da família
considerada “principal”.

d) Famílias com ônus excessivo com aluguel – Famílias com renda de até três
salários mínimos mensais, que comprometem 30% ou mais de sua renda com o
pagamento de aluguel;

e) Famílias que moram em residências cedidas – Famílias com renda de até três
salários mínimos mensais, que residem em domicílios cedidos por empregador,
familiares ou outro.

A inclusão das famílias residentes em domicílios cedidos à estimativa do déficit


habitacional se justifica principalmente pelos indicadores sócio econômicos destas famílias,
em comparação às famílias residentes em domicílios próprios ou alugados, e ao princípio de
segurança da posse. Este componente do déficit não foi considerado pela FJP em suas
estimativas, optando pela variável coabitação (famílias conviventes e cômodos), no entanto,
no município de Sarandi, dados da Secretaria de Assistência Social, e Censo Demográfico
do IBGE de 2000, apontam que estas famílias são carentes de políticas habitacionais,
justificando sua contagem no déficit habitacional do município.

5.1.2. Inadequação Habitacional ou Déficit Qualitativo

Ainda segundo a FJP, as habitações inadequadas são aquelas que não


proporcionam condições desejáveis de habitabilidade, o que não implica, contudo, em
necessidade de construção de novas unidades.

O padrão mínimo de habitabilidade foi definido a partir dos seguintes critérios:

82
a) Densidade excessiva - corresponde a domicílios com mais de dois moradores por
cômodo servindo de dormitório (o que inclui quartos e salas), excluindo-se as famílias
conviventes, já consideradas para cálculo do déficit quantitativo;
b) Inadequação fundiária urbana – corresponde a famílias que declaram ser
proprietárias da edificação, mas não do terreno em que residem, correspondendo a
situações de ocupação de terras;
c) Deficiência de serviços de infra-estrutura básica – domicílios sem acesso a um ou
mais dos seguintes serviços: energia elétrica; abastecimento de água por rede com
canalização interna; esgotamento sanitário por fossa séptica ou por rede, coleta de
lixo direta ou indireta. Este componente foi dividido em carência e deficiência, que
considera a ausência do serviço ou a necessidade de adequação do serviço utilizado.
d) Inexistência de unidade sanitária domiciliar interna – corresponde a famílias que
não dispõem de acesso a sanitários ou banheiros no interior de suas moradias.

5.1.3. Demanda Demográfica

Para o cálculo das necessidades habitacionais, parte-se da idéia de que o


crescimento populacional determina um aumento do número de domicílios, e que há,
portanto, um índice que relaciona o total de população e de domicílios. Este índice é
denominado de tamanho médio dos domicílios.

Como aponta Ferreira (2004), o tamanho médio dos domicílios é considerado um


indicador do modo como as habitações são ocupadas. Neste caso, estão contidos todos os
aspectos relacionados à capacidade da habitação em suprir as necessidades de uma
determinada quantidade de pessoas, como também estão refletidos os aspectos econômicos
que envolvem a capacidade em suprir as necessidades dos moradores. São considerados
também os aspectos sócio-culturais, a decrescente natalidade e aumento da expectativa de
vida, que estariam condensados na caracterização dos domicílios.

Os dados relevantes para o cálculo da demanda futura serão os de projeção


populacional realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
(Ipardes), e a projeção do tamanho dos domicílios, elaborado pelo Centro de
Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).

83
5.2. DÉFICIT HABITACIONAL DE SARANDI

5.2.1. Considerações Iniciais

Como as políticas habitacionais devem atender uma situação existente de déficit, é


preciso compreender como se dá a questão da moradia no município, para tanto, são
pertinentes algumas considerações sobre as formas de moradia, mais especificamente, do
tipo de posse: próprio, alugado ou cedido, pois famílias que não possuem “casa própria” e
residem em domicílios a troco de pagamento mensal, onerando em demasia os rendimentos
da família, ou “moram de favor”, representam o grande contingente dessa demanda.
Portanto, é necessário traçar o perfil das famílias residentes nessas situações de posse, por
classe de renda, fato determinante na inclusão dessas famílias no déficit habitacional.

O perfil dos domicílios próprios de Sarandi e também o déficit habitacional foram


definidos a partir de dados do censo demográfico do IBGE de 2000 e complementados com
informações municipais, mais especificamente do Cadastro Único dos Programas
Assistenciais do Governo Federal – CadÚnico, que armazena informações atualizadas sobre
domicílio, além de dados sócio-econômico das famílias residentes.

O Cadúnico é regulamentado pelo Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007, com o


objetivo de identificação e caracterização sócio-econômica das famílias brasileiras de baixa
renda, a ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários e integração de
programas sociais do Governo Federal. Nesse mesmo decreto, a família de baixa renda é
definida como aquela que possui renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo
ou que possua renda familiar de até três salários mínimos.

O Gráfico 19 que apresenta os domicílios particulares permanentes de Sarandi por


tipo de posse, demonstram que imóveis próprios - quitados ou em aquisição, representando
72% do total, e 28% compõem a demanda por habitação – domicílios alugados, cedidos ou
outra condição, em um universo de 20.038 domicílios particulares permanentes.

84
Gráfico 13– Domicílios Particulares Permanentes, por tipo de posse, Sarandi, 2008

9% 1%

18% Próprio quitado


Próprio em aquisição
Alugado
Cedido
62% Outra condição
10%

Fonte: Censo demográfico IBGE, 2000

Os domicílios próprios (quitados ou em aquisição) estão concentrados entre as


famílias que possuem rendimentos mais altos, como demonstrado pelo gráfico 20, ao
demonstrar que 57% dos domicílios nessa condição de posse pertencem a famílias com
rendimentos superiores a 3 salários mínimos.

Gráfico 14 – Renda Familiar das famílias que residem em domicílios próprios. Sarandi, 2000

4% 8% Sem renda
28%
16% Mais de 0 até 1
Mais de 1 até 2
Mais de 2 até 3
Mais de 3 até 5
15%
29% Mais de 5

Fonte: Censo demográfico IBGE, 2000

Os imóveis alugados possuem um perfil bastante similar aos imóveis próprios, já


que estas duas formas de posse estão diretamente ligadas a capacidade de pagamento das
famílias, apresentando uma queda de apenas 2% entre as famílias com renda mensal
superior a 3 salários mínimos, compondo uma parte significativa do déficit habitacional do
município (Gráfico 21).

85
Gráfico 15– Renda Familiar das famílias que residem em domicílios alugados. Sarandi, 2000

5% 4% Sem renda
25%
17% Mais de 0 até 1
Mais de 1 até 2
Mais de 2 até 3
Mais de 3 até 5
19%
30% Mais de 5

Fonte: Censo demográfico IBGE, 2000

Já nos domicílios cedidos (Gráfico 22) vemos uma predominância de população


com rendimento inferior a 3 salários mínimos, 66% das famílias nessa situação, indicando
que as famílias residentes compõem o déficit habitacional. Sobre a inclusão destes
domicílios no déficit habitacional, complementar a metodologia proposta pela FJP, utilizou-se
de outras características dos domicílios como: (i) o grau de segurança da posse e (ii) as
condições sócio-econômicas das famílias residentes.

Gráfico 16 – Renda Familiar das famílias que residem em domicílios cedidos. Sarandi,
2000

14% 8% Sem renda


14%
Mais de 0 até 1
20%
Mais de 1 até 2
Mais de 2 até 3
Mais de 3 até 5
27%
17% Mais de 5

Fonte: Censo demográfico IBGE, 2000

A segurança jurídica da posse foi definida pelo Comitê das Nações Unidas de
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais16 como um dos aspectos mais relevantes em
relação ao direito à moradia adequada, ao garantir proteção legal contra despejos
forçados, expropriação, deslocamento e outros tipos de ameaças.

Em Sarandi foram considerados cedidos os domicílios que se enquadram nas


seguintes caracterizações, segundo o censo demográfico do IBGE,2000:

16
Comentário Geral nº 4
86
a) domicílio cedido por empregador17;

b) domicílio cedido de outra forma18;

c) outra condição19.
Gráfico 17 – Caracterização dos domicílios cedidos. Sarandi, 2000

6% 18%

Cedido por empregador


Cedido de outra forma

Outra condição
76%

Fonte: IBGE, 2000

A subdivisão dos domicílios cedidos, constante do gráfico 23, caracteriza uma


predominância da cessão do uso por uma outra pessoa ou instituição. Já para o Cadúnico
não há distinção entre as diversas formas de cessão, mas há uma clara predominância de
domicílios cedidos por uma relação mansa e pacífica, onde não há contestação ou oposição
de terceiro, se configurando uma situação transitória enquanto o beneficiário não consiga,
por seus meios, adquirir um imóvel alugado ou próprio. Desta forma, mesmo se tratando de
uma posse “mansa e pacífica”, não há segurança jurídica da posse, o que apenas por este
item já se configura como uma família vivendo em condições inadequadas.

Nesta situação a posse não deve ser o objeto de discussão já que não se trata de
uma invasão, mas de uma situação transitória que deverá ser solucionada por ações do
poder público caso a família nesta condição seja de baixa renda.

Inicialmente, os dados do censo demográfico de 2000 permitem comparar a condição

17
Domicílio cedido por empregador (particular ou público) de qualquer um dos moradores, ainda que
mediante uma taxa de ocupação ou conservação (condomínio, gás, luz etc.), inclusive o caso do
domicílio cujo aluguel é pago diretamente pelo empregador de um dos moradores do domicílio.
18
Domicílio cedido gratuitamente por pessoa que não seja moradora ou por instituição que não seja
empregadora de algum dos moradores, ainda que mediante uma taxa de ocupação (impostos,
condomínios etc.) ou de conservação, incluindo-se o domicílio cujo aluguel é pago, direta ou
indiretamente, por pessoa que não seja sua moradora ou por instituição que não seja empregadora de
algum morador.
19
Domicílio ocupado de forma diferente das anteriormente relacionadas, incluindo-se o domicílio cujo
aluguel, pago por morador, referir-se à unidade domiciliar em conjunto com unidade não-residencial
(oficina, loja, etc.) ou quando a família residir em estabelecimento agropecuário arrendado ou, ainda,
os casos de domicílios ocupados por invasão.
87
de renda familiar mensal das famílias que residem em domicílios alugados ou cedidos
(Gráficos 21, 22 e 23). Estes dados demonstram uma maior porcentagem de famílias com
baixo rendimento mensal nos domicílios cedidos, comparado com os domicílios próprios ou
alugados.

Entre as famílias que residem em domicílios próprios ou domicílios alugados vemos


um equilíbrio entre as faixas de renda, com uma clara concentração de famílias com renda
superior a 3 salários mínimos, 57% no primeiro caso e 55% no segundo, já na condição
domicílio cedido, esta situação se inverte, e 66% das famílias que residem nestas condições
possuem menos de três salários mínimos mensais.

Além da situação majoritária das famílias que residem em domicílios cedidos ser de
baixa renda, vemos uma tendência a sobreposição de outros indicadores de pobreza em
determinados setores censitários do município, como constante dos Mapa 14,15,16,20 e 21.
Essa caracterização se dá através dos dados do censo demográfico de 2000 do IBGE,
considerando os domicílios cedidos ou outra forma, o número de moradores por domicílio, a
porcentagem de responsáveis por domicílio analfabetos ou analfabetos funcionais e a
porcentagem de responsáveis com renda inferior a 3 salários mínimos mensais.

Estes indicadores refletem em uma situação de pobreza na medida em que os


moradores, certamente, não têm renda para entrar em um financiamento habitacional ou
alugar uma residência. Em Sarandi, 10% dos domicílios são cedidos ou ocupados de outra
forma, e a distribuição espacial desta carência habitacional ocorre em toda a cidade, mas
concentra-se em setores censitários20 que possuem índices sócio-econômicos abaixo da
média do município, como os setores localizados ao norte da área urbana. Destes setores,
destaca-se o setor censitário 70, que corresponde à parte dos bairros Jardim Nova
Independência 1ª e 2ª Parte, Jardim Social e Residencial São José I e II, que apresentam o
maior percentual de domicílios cedidos ou outra forma (27,94%), associados a outros
indicadores, como a porcentagem de responsáveis pelo domicílio que recebem menos que 3
salários mínimos mensais (91,2%), baixa escolaridade do responsável, considerado
analfabeto funcional ou analfabeto (45,9%), e a densidade intra-domiciliar maior que 5
ocupantes por domicílio, presente em 32,4% dos domicílios.

20
Setor censitário corresponde à unidade de coleta do Censo Demográfico, sendo definidos como um
agrupamento contíguo de aproximadamente 300 domicílios em uma determinada área do município
(Mapa 01).
88
Outros setores censitários que apresentam estas características são os setores
censitários 45, 34 e 50, que correspondem, respectivamente a parcelas dos bairros Jardim
Independência 1ª e 2ª Parte, Jardim Verão e Conjunto Residencial Floresta.

Cabe destacar ainda que outros setores censitários tem elevada porcentagem de
domicílios cedidos, mas não se encontram associados a porcentagens altas dos demais
indicadores deste estudo, embora ajudem a formar o déficit habitacional do município.

Após estas considerações iniciais, os domicílios cedidos foram incorporados no


cálculo do déficit habitacional do município de Sarandi. A metodologia de cálculo
demonstrará como foram compatibilizados os dados da FJP/IBGE e dados da Secretaria de
Assistência Social – CadÚnico.

5.2.2. Metodologia de Cálculo

Buscando representar a realidade da situação habitacional, o déficit acumulado de


Sarandi foi desagrupado para as seguintes faixas de renda: 0 a 3 salários mínimos e 3 a 5
salários mínimos. A quantificação do déficit habitacional nestas faixas de renda é importante
pelo fato de se configurarem como públicos diferentes para cada uma das políticas
habitacionais.

Desta forma, a metodologia de cálculo, proposta pelo Observatório das Metrópoles –


Núcleo Região Metropolitana de Maringá, parte da metodologia proposta pela FJP,
confrontando os dados do censo demográfico de 2000 com os dados do CadÚnico Municipal
de 2008, seguindo uma série de procedimentos que permitem a consolidação final dos
dados.

Na primeira etapa, as famílias cadastradas no Cadúnico, constantes da Tabela 31,


foram classificadas segundo a posse da propriedade: própria, cedida ou alugada, chegando
ao número de 10.205 famílias cadastras, das quais, 31%, são famílias que pagam aluguel,
20% famílias que residem em moradias cedidas e por fim, 49% de famílias que moram em
casas próprias (Gráfico 24). As duas formas de posse –alugada e cedida – que podem
indicar situação de déficit habitacional constam nos Mapas 18 e 19, e indicam que estas se
concentram nos bairros melhor servidos de infra-estrutura, como Independência e
Panorama, numa clara demonstração de dependência da família moradora, com menor
renda, em relação a família proprietária.

89
Tabela 30 – Famílias cadastradas no CadÚnico, por tipo de posse do imóvel, Sarandi,
2008

Condição de Posse
Domicílio por
Domicílio Domicílio condição de posse
Nome Bairro Alugados Cedidos Domicílios Próprios por Bairro
Parque Alvamar I e II 192 116 340 648
Jardim Tropical 12 7 19 38
Residencial Sao Jose I e II 21 12 34 67
Jardim Nova Independência I e II 37 36 79 152
Jardim Social 2 30 46 78
Jardim Universal 111 117 229 457
Parque Res Bom Pastor e Alphaville 55 51 171 277
Jardim Independencia III 35 21 43 99
Parque dos Pioneiros 6 8 12 26
Jardim Independencia I e II 757 545 1124 2426
Jardim Panorama 221 125 247 593
Jardim Novo Panorama 52 28 60 140
Jardim Ouro Parqueeto 8 5 10 23
Jardim Do Parque 1 0 2 3
Jardim Escala 12 24 31 67
Jardim Ouro Verde 2 0 1 3
Jardim Europa 12 11 8 31
Jardim Boa Vista 15 12 17 44
Jardim Belem 0 1 0 1
Sarandi Centro 118 71 98 287
Jardim Parqueimavera 26 22 30 78
Jardim Parqueimaverao 17 15 21 53
Jardim San Remo 2 1 3 6
Jardim Dom Bosco 16 15 15 46
Jardim Paulista 95 50 98 243
Jardim Nova Paulista 45 21 60 126
Jardim Ana Elisa 39 40 77 156
Jardim Verao 243 2 408 653
Jardim Das Flores I e II 25 18 29 72
Parque Residencial Novo Centro 0 2 4 6
Jardim Sao Jorge 1 4 11 16
Industrial 7 4 0 11
Parque Residencial Nova Aliança 47 24 62 133
Patrimonio Vera Cruz 2 10 7 19
Jardim Esperança I, II, III e IV 117 79 193 389
Jardim Imperial 10 13 31 54
Jardim Ibirapuera 8 15 25 48
Jardim Cometa 85 43 101 229
Jardim Higienopolis 3 2 6 11
Jardim Mercurio 13 10 21 44
Parque Residencial Jaqueline 10 4 30 44
Jardim Santa Tereza 11 12 40 63
Jardim Gralha Azul 51 31 90 172
Jardim Itamaraty 25 18 69 112
Parque Residencial Santana 36 22 52 110
Jardim Castelo 101 55 117 273
Parque Sao Pedro 75 50 167 292
Jardim California 26 20 52 98
Parque Residencial Bela Vista I e II 72 48 132 252
Jardim Esplanada 21 23 50 94
Jardim Ipanema 17 7 34 58
Sarandi I 16 10 37 63
Jardim Nova Sarandi I e II 4 2 6 12
Jardim Cruzeiro 14 6 20 40
Jardim Novo Bertioga 6 2 1 9
Conj Residencial FloResidencialta 87 54 178 319
Conj Residencial Triangulo 23 16 83 122
Jardim Monterey 27 27 69 123
Jardim Das Torres 28 16 52 96
Total 3120 2033 5052 10205
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Secretaria de Assistência Social – CadÚnico,2008
90
Gráfico 18 – Famílias cadastradas no CadÚnico, por tipo de posse do imóvel

31%

49%
Domicílio Alugados

Domicílio Cedidos

Domicílios Próprios
20%

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Secretaria de Assistência Social – CadÚnico,2008

Na segunda etapa, as famílias foram classificadas segundo a renda familiar, para


cada um dos tipos de posses, para que possibilite a comparação entre os dados desta base
de dados e as informações da FJP/ IBGE.

No município de Sarandi todos os cadastrados se encontram dentro dos parâmetros


de classificação do Cadúnico – renda per capita familiar de até ½ salário mínimo ou renda
familiar de até três salários mínimos.

Na terceira etapa, foram quantificadas as famílias que residem em domicílios


próprios, entretanto pelas condições de habitabilidade são considerados domicílios
rústicos. Esta quantificação se faz com o “cruzamento” de duas características do domicílio:
“situação da posse” e “tipo de construção”. Este dado objetiva quantificar famílias que
conseguiram a posse da terra, muitas vezes adquirida em loteamentos que pela qualidade
inferior da infra-estrutura e dificuldade de acesso, possuem baixo custo, mas que não
puderam construir a casa de forma adequada, seguindo os padrões mínimos de
habitabilidade. As famílias nestas características têm permanecido fora dos programas
habitacionais, que via de regra tendem a considerar apenas as famílias que não possuem
bem imóvel. Em Sarandi, das famílias cadastradas no CadÚnico, 49%, ou 5.052 famílias
afirmam ser proprietários do imóvel em que residem, e destas os tipos de construção são
classificados da seguinte forma:

91
Tabela 31 – Domicílios Próprios por tipo de construção. Sarandi, 2008
Tipo de Construção – Domicílios próprios Nº Domicílios
Tijolo/ Alvenaria ou Adobe 4.661
Taipa revestida 9
Taipa não revestida 5
Madeira 363
Material aproveitado 4
Outro 10
TOTAL 5.052
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Secretaria de Assistência Social - CadÚnico, 2008

Dois tipos de construção caracterizam domicílios rústicos: de taipa não revestida e


aquelas construídas com material aproveitado, não adequado, como papelão, lona, madeira
não aparelhada, folha de flandres, maderite, palha, entre outros que não ofereçam condições
adequadas de vida.

Segundo o DATASUS21 (2007), no município são encontrados 29 domicílios rústicos.


Destes, segundo CadÚnico 9 são próprios. Na consolidação do déficit habitacional foram
considerados apenas os domicílios rústicos e próprios, evitando a dupla contagem com os
domicílios alugados e cedidos.

Além dos domicílios rústicos, contabilizados como déficit, em Sarandi um número


elevado de habitações necessita de melhoria em sua estrutura física e não de reposição da
construção, sendo portanto, classificadas como inadequadas (item 5.3).

Na quarta etapa, foram sistematizados os dados da FJP, do censo do IBGE de 2000,


que complementaram os dados da FJP para os componentes do déficit ou faixas de renda
que esta não considerou, e dados do CadÚnico.

A quantificação dos domicílios cedidos, alugados e rústicos entre a população de


baixa renda permite sistematizar as informações e consolidar o déficit habitacional do

21
Os dados disponíveis são oriundos do Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB e gerados
a partir do trabalho das equipes de Saúde da Família (ESF) e Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
Os Agentes Comunitários de Saúde, através das visitas domiciliares, cadastraram as famílias,
identificam a situação de saneamento e moradia e fazem o acompanhamento mensal da situação de
saúde das famílias. Com base nessas informações e mais os procedimentos realizados pelas Equipes
de Saúde da Família na Unidade Básica de Saúde ou no domicílio, as Coordenações Municipais de
Atenção Básica mensalmente consideram os seus dados e os enviam para as Regionais de Saúde.
Na seqüência seguem para as Secretarias Estaduais, sempre fazendo as respectivas consolidações.
As bases estaduais são enviadas mensalmente para o Darasus, quando então é consolidada a base
nacional.
92
município de Sarandi. Na segunda coluna da Tabela 33 se dá a decomposição do déficit
habitacional pela metodologia da Fundação João Pinheiro, que não quantificou os domicílios
rústicos, domicílios cedidos e as famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos que pagam
aluguel. Na terceira coluna, aplicando a metodologia da FJP na base de dados do IBGE, foi
possível detalhar os domicílios cedidos e alugados pelas duas faixas de renda de interesse,
complementando os dados da FJP. Na quarta coluna constam os dados do CadÚnico, que
possibilitaram quantificar os domicílios rústicos e atualizar as informações das famílias que
residem em domicílios cedidos ou em imóveis alugados. Na última coluna estão sintetizados
os dados por classe de renda.

Tabela 32 – Atualização do cálculo do déficit municipal. Sarandi, 2008


Componente do Déficit Déficit FJP Déficit IBGE Cad Único, 2008 Síntese
Domicílios Improvisados Até 3 s.m: 29 - - Até 3 s.m: 29

3 a 5 s.m: 0 - - 3 a 5 s.m: 0
Total: 29 - - Total: 29

Domicílios Rústicos - - Até 3s.m:9 Até 3 s.m:9


- - Total: 9 Total: 9

Domicílios Rústicos por - - Até 3s.m: 147 Até 3 s.m: 147

depreciação do imóvel - - Total: 147 Total: 147

Famílias conviventes Até 3 s.m: 826 - - Até 3 s.m: 0

3 a 5 s.m: 230 - - 3 a 5 s.m: 230


Total: 1056 - - Total: 230

Cômodos cedidos ou Até 3 s.m: 118 - - Até 3 s.m: 0

alugados 3 a 5 s.m: 15 - - 3 a 5 s.m: 15


Total: 133 - - Total: 15

Famílias que pagam Até 3s.m: 1662 Até 3 s.m: 1662 Até 3s.m: 3120 Até 3s.m: 3120

aluguel 3 a 5 s.m: não 3 a 5 s.m: 1147 - 3 a 5 s.m: 1147


considerado

Total: 1662 Total: 3734 Total: 3120 Total: 4267

Domicílios cedidos - Até 3 s.m: 1338 Até 3 s.m: 2033 Até 3 s.m: 2033

- 3 a 5 s.m: 410 - -

- Total: 1748 Total: 2033 Total: 2033

Total Total: 2880 Total: 5482 Total: 5309 Total: 6730


Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Secretaria de Assistência Social - CadÚnico, 2008
Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

93
Para a estimativa dos domicílios improvisados foi utilizado dado do Censo 2000
tratado pela Fundação João Pinheiro, já que este indicador não é quantificado pelo
CadÚnico, apresentando no município 29 domicílios, todos entre as famílias que possuem
renda inferior a 3 salários mínimos mensais.

A inclusão dos domicílios rústicos foi possível apenas pelos dados do CadÚnico,
que faz levantamento do tipo de construção das famílias cadastradas, constante da Tabela
32. O outro item, composto por domicílios rústicos por depreciação do imóvel se refere às
unidades habitacionais do Conjunto Habitacional Jardim Social, também conhecido como
“Mutirão”.

As famílias conviventes foram desconsideradas na consolidação dos dados para a


faixa de renda inferior a 3 salários mínimos, evitando com isso a dupla contagem com os
domicílios cedidos ou alugados. Dessa mesma forma, os cômodos cedidos ou alugados
também foram desconsiderados para esta mesma faixa de renda.

As famílias que pagam aluguel foram quantificadas considerando duas bases de


dados: para a população com renda familiar inferior a 3 salários mínimos mensais, o
CadÚnico fornece informações atualizadas da população, já para a população com renda
superior a 3 salários e inferior a 5 salários mínimos mensais, que não é considerada público
dos programas de subsídio, e portanto não estão cadastrados na Secretaria de Assistência
Social, roram utilizados dados do censo de 2000 do IBGE, aplicando a metodologia da FJP.
Assim, o déficit acumulado entre as famílias de baixa renda que pagam aluguel é de 3.120
unidades, e para a classe de renda seguinte, 1.147.

Para os domicílios cedidos foi considerado apenas a faixa de renda inferior a 3


salários mínimos, mesmo que o censo demográfico de 2000 permita esta contagem para a
população com renda superior, evitando com isso dupla contagem com as famílias
conviventes.

As famílias conviventes e os cômodos cedidos ou alugados, entre a faixa de renda


inferior a 3 salários mínimos mensais foram desconsiderados pela possibilidade de dupla
contagem, no entanto, deverão ser considerados como componente dos domicílios cedidos,
por representarem diferentes graus de prioridade no atendimento do déficit, desta forma, de
2033 domicílios cedidos, estima-se que 944 sejam por coabitação – 826 de famílias
conviventes e 118 de cômodos cedidos ou alugados.

94
Desta forma, no município foram contabilizados um déficit de 6.730 domicílios entre a
população com renda inferior a cinco salários mínimos, como apresentado em seqüência.

5.2.3. Déficit habitacional de Sarandi por classes de renda

O estudo do déficit habitacional considerou as famílias que possuem renda inferior a


três salários mínimos mensais e as famílias com renda superior a três e inferior a cinco
salários mínimos mensais, por corresponderem, nesta ordem, às prioridades de atendimento
da política habitacional do município, constante da Tabela 34.

Tabela 33 – Déficit habitacional acumulado por classes de renda. Sarandi, 2008


Descrição Déficit (0 a 3 Déficit (3 a 5 SM) TOTAL
SM)
Domicílios Improvisados 29 - 29
Domicílios Rústicos 156 - 156
Famílias que pagam aluguel 3.120 1.147 4.267
Famílias em domicílios 2.033 - 2.033
cedidos
Famílias conviventes - 230 230
Cômodos alugados ou - 15 15
cedidos
TOTAL 5.338 1.392 6.730
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi - Secretaria de Assistência Social - CadÚnico 2008
Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

Portanto, o déficit habitacional do município de Sarandi é composto por seis


categorias de deficiência na composição do déficit: domicílios improvisados, domicílios
rústicos, famílias que pagam aluguel, famílias que residem em domicílios cedidos, famílias
conviventes e famílias que residem em cômodos alugados ou cedidos (Gráfico 25).

Gráfico 19– Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 5
salários mínimos mensais. Sarandi, 2008
0%

0% Domicílios Improvisados
1%
3% Domicílios Rústicos
31%
Famílias que pagam
aluguem
Famílias em domicílios
cedidos
Famílias conviventes
65%
Cômodos alugados ou
cedidos
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi - Secretaria de Assistência Social - CadÚnico 2008
Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

95
Os domicílios improvisados e os cômodos cedidos ou alugados representam uma
porcentagem muito baixa em relação ao total do déficit habitacional. No município são 29
famílias, segundo censo 2000, que residiam em domicílios improvisados. Para este
indicador, não houve famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos nestas condições.

Os domicílios rústicos, 156 unidades, também se concentraram entre as famílias com


renda inferior a 3 salários mínimos. Neste componente houve a inclusão das 147 famílias
residentes no Conjunto Habitacional “Mutirão”, que, ocasionado pelas condições iniciais das
construções e a depreciação das unidades ao longo dos anos, tornaram-nas inadequadas à
habitação e sem condições de aproveitamento das unidades para ampliação ou reforma.
Porém, a estimativa do déficit ocorreu em dupla contagem, pois parte das famílias residentes
neste conjunto habitacional podem estar incluídas no CadÚnico em outra situação de posse
do imóvel (alugado ou cedido) localizados em outros bairros (Tabela 31)

Outro indicador do déficit habitacional do município, se refere às famílias com renda


de até 5 salários mínimos que pagam aluguel, e que em Sarandi perfazem 4.267 famílias,
segundo IBGE, 2000. Pela metodologia da FJP, foram considerados déficit as famílias com
renda de até 3 salários mínimos que gastam mais de 30% de seus rendimentos mensais
com o pagamento de aluguel. Na composição do déficit municipal, as famílias com renda de
até 3 salários mínimos representam mais de 73% deste componente, e segundo dados da
Secretaria de Assistência Social, os rendimentos das famílias cadastradas em Sarandi se
encontra abaixo de 2 salários mínimos. Além disso, salienta-se o fato de que muitas famílias
de baixa renda estejam morando em domicílios alugados com condições inadequadas de
uso, e que este fato, aliado a outros como localização, faz com que o preço do aluguel seja
reduzido, portando, desconsiderar as famílias que não oneram mais que 30% de seus
rendimentos, não reflete a realidade municipal, devido à qualidade das habitações de aluguel
que atende as famílias com baixo poder aquisitivo. Desta forma, considerou-se como déficit
o total de famílias que residem em domicílios alugados, cadastras no CadÚnico.

As famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos mensais, segundo dados do censo


2000, foram considerados no déficit total por representarem um público com dificuldade de
acesso ao mercado formal de habitação, mas que não se enquadram na política de subsídio
do Estado. Estas famílias poderão ser atendidas por programas de financiamento.

96
Assim como as famílias que residem em domicílios alugados, as famílias que residem
em domicílios cedidos foram consideradas déficit habitacional, pois mesmo que se
caracterize como aluguel sem transação em dinheiro e portanto não há ônus excessivo,
foram considerados dois outros componentes, como a inexistência de segurança jurídica da
posse e as condições sócio-econômicas destas famílias. Em Sarandi, em domicílios cedidos
residem 2.033 famílias.

As famílias conviventes, consideradas apenas entre as famílias com rendimentos


mensais de 3 a 5 salários mínimos, em Sarandi, para 2000 era da ordem de 230 e, para esta
mesma faixa de renda, 15 famílias residiam em domicílios cedidos ou alugados.

As famílias conviventes e os domicílios cedidos ou alugados, formam outro indicador:


a coabitação familiar, que não foi considerada entre as famílias com renda inferior a 3
salários mínimos, já que parte das famílias que residem em domicílios cedidos estariam
vivendo em coabitação, evitando com isso dupla contagem deste dado.

Gráfico 20 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até


3 salários mínimos mensais. Sarandi, 2008
21%

0 a 3 SM

3 a 5 SM

79%

Fonte: CadÚnico / Secretaria de Assistência Social, Sarandi, 2008


Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

Como explicitado, o déficit habitacional acumulado de Sarandi se concentra entre as


famílias com pouca ou nenhuma capacidade de pagamento, com renda familiar de até 3
salários mínimos mensais (Gráfico 26), representando 79% do déficit habitacional do
município, ou 5.338 famílias.

Além da divisão do déficit por classe de renda familiar, é importante analisar como
está distribuído o déficit habitacional entre essas famílias que possuem renda de 3 salários
mínimos (Gráfico 27), considerando que estas famílias são prioritárias ao atendimento de
programas habitacionais e que determinados tipos de déficit indicam também prioridade de
atendimento.

97
Gráfico 21 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até
3 salários mínimos mensais. Sarandi, 2008
1%

2%
Domicílios Improvisados
39%
Domicílios Rústicos

Famílias que pagam aluguem

58% Famílias em domicílios


cedidos

Fonte: CadÚnico / Secretaria de Assistência Social, Sarandi, 2008


Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

O gráfico indica que entre a faixa de renda prioritária, 97% são famílias que residem
em imóvel alugado ou cedido, e 3% em condições críticas – domicílios improvisados e
rústicos.

5.3. INADEQUAÇÃO HABITACIONAL DE SARANDI

Como apontado anteriormente, a inadequação habitacional refere-se ao número de


domicílios que para tornarem-se adequados necessitam de melhorias, na própria edificação
ou no entorno, e podem ser de quatro tipos: por adensamento excessivo, pela situação legal
do terreno, pela ausência de unidade sanitária interna e pela deficiência ou carência da infra-
estrutura – abastecimento de água, sistema de esgotamento sanitário e iluminação elétrica e
coleta de lixo.

Com base nos dados da FJP, é possível afirmar que em Sarandi há 860 domicílios
com adensamento excessivo, 501 com inadequação fundiária, 144 domicílios sem unidade
sanitária e 16.832 com deficiência de infra-estrutura, em que predomina a ausência de rede
de esgoto.

A inadequação fundiária, definida pelo IBGE, como os casos em que pelo menos um
dos moradores do domicílio declara a propriedade da moradia, mas afirma não possuir total
ou parcialmente o terreno em que aquela se localiza, estimada em 501 unidades, não condiz
com a realidade do município, se considerarmos que em 2008 são 16 domicílios construídos
em terrenos invadidos. Como o censo demográfico considera apenas as informações do
entrevistado, as famílias que responderam não ser proprietárias do terreno não a são porque
não registraram o imóvel em cartório e, prática comum, permanecem com o contrato de

98
compra e venda, ou responderam ser proprietária mesmo não tendo o registro do imóvel, e
desta forma teríamos um número maior de terrenos não registrados.

Segundo informações da Secretaria de Fazenda, Secretaria de Urbanismo e Cartório


de Registro de Imóveis do município, estima-se que 80% dos imóveis não possuem registro,
e com o agravamento entre as famílias de baixa renda, visto que os custos e impostos da
transação representam ônus extra para o qual não estão preparados, com o entendimento
de que a prioridade é a construção da edificação, para fugir do aluguel, mesmo que
inacabada.

Portanto cabe um levantamento aprofundado com o objetivo de quantificar as famílias


de baixa renda que não tiveram condições financeiras de arcar com os custos da transação
imobiliária, propondo parcerias entre o órgão público e associações de classe, como a
Associação dos Notários e Registradores – ANOREG, a fim de viabilizar a posse jurídica a
essas famílias.

O gráfico 28 dos componentes da inadequação habitacional do município, aponta que


91% dos domicílios apresentam deficiência em pelo menos uma das infra-estruturas
consideradas essenciais: iluminação elétrica, abastecimento de água, instalação sanitária e
destino do lixo.

Gráfico 22 – Componentes da inadequação habitacional. Sarandi, 2008


3%
5%
1%
Adensamento Excessivo
Inadequação fundiária
Domicílio sem banheiro
Deficiência de Infra-estrutura

91%
Fonte: Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

A deficiência de Infra-estrutura, segundo metodologia redigida pelo IPPUR, (Instituto


de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional), podem ser de carência de alguma de suas
modalidades (iluminação, abastecimento de água, instalação sanitária ou destino do lixo), ou
relacionado a algum tipo de deficiência no acesso, ou seja, aquelas que têm infra-estrutura
mínima, porém de forma deficiente.

99
Esta metodologia, elaborada a partir das variáveis do censo de 2000 do IBGE,
considera como carência da infra-estrutura os casos seguintes:

• Ausência de iluminação no domicílio, urbano ou rural;


• Abastecimento de água realizado de forma diferente de rede geral ou poço
canalizado ou não;
• Esgotamento sanitário feito em vala negra, rio, lago ou outro local diferente de rede
geral ou fossa;
• Lixo doméstico queimado ou depositado em terreno baldio, jogado em rio, enterrado
em área urbana ou outra condição diferente da coletada;

Para a deficiência da infra-estrutura, são considerados as seguintes situações:

• Abastecimento de água por rede geral ou poço sem canalização;


• Esgotamento sanitário realizado por fossa rudimentar;
• Lixo doméstico urbano coletado indiretamente, ou destino do lixo doméstico de
domicílios em área rural metropolitana enterrado, considerando que em regiões
metropolitanas haveria melhores condições de atendimento desse serviço.

A Tabela 35 sintetiza o número de domicílios com inadequação da infra-estrutura, no


município de Sarandi:

Tabela 34 – Inadequação por Infra-estrutura. Sarandi, 2008


Tipo de Inadequação Situação do
por infra-estrutura Domicílio Carente Deficiência
Urbano 89 0
Iluminação Rural 13 0
Urbano 0 6
Abastecimento de Água Rural 62 13
Urbano 19 16.912
Instalação Sanitária Rural 18 480
Urbano 161 236
Destino do Lixo Rural 279 0
Fonte: IBGE, 2000 – Organização dos dados: Observatório das Metrópoles – Núcleo Região Metropolitana de
Maringá

Segundo esses dados, no município 102 domicílios não possuíam iluminação


elétrica, embora não especifique por qual motivo não há o atendimento deste serviço.

100
Quanto ao abastecimento de água, considerado essencial, não há na área urbana do
município domicílios com carência, apenas na área rural, onde 62 domicílios possuíam
abastecimento de água diferente de rede geral ou poço, embora canalizado. Com deficiência
deste serviço, são 19 domicílios abastecidos por poço sem canalização, dentre os quais 6 na
área urbana e 13 na área rural.

Com relação a instalação sanitária, vemos uma grande carência em todo o município,
e 17.932 domicílios fazem o esgotamento sanitário em fossa rudimentar, dos quais 16.912
na área urbana. Quanto a deficiência desse setor se dá pelo despejo do esgoto doméstico
em vala negra ou em outro local diferente de rede geral ou fossa séptica.

A coleta do lixo doméstico também não atende adequadamente, toda a população,


segundo dados do censo de 2000, todos os domicílios do município, e em 236 domicílios
urbanos a coleta é feita de forma indireta. A deficiência deste setor se dá motivada por
práticas consideradas inadequadas como a queima, enterrar, jogar em terreno baldio ou rio,
ou outra forma diferente de coletado por serviço de limpeza.

No entanto, os dados de inadequação não devem ser somados, ocorrendo o risco de


dupla contagem, pois há uma grande parcela dos domicílios que se enquadram em mais de
um dos componentes da inadequação habitacional.

5.3.1. Condição de Habitabilidade dos Domicílios

Além dos componentes do déficit e inadequação habitacional, considera-se que uma


parcela dos domicílios próprios não oferece condições adequadas de habitabilidade em
função da depreciação pela falta de manutenção da construção ou pela baixa qualidade
construtiva do imóvel.

Em Sarandi há um número relevante de domicílios em madeira, construídas nas


primeiras décadas de criação do município que ao longo dos anos sofreram desgaste físico
por falta de manutenção. A Tabela 32, com dados do CadÚnico, 2008, apontam a existência
de 363 domicílios próprios em madeira sendo resididos por famílias de baixa renda, num
total de 417 domicílios em madeira, como apontado pelo DataSus em relatório de Julho de
2008. No entanto para a consolidação do número de domicílios em madeira que necessitam
de programas de recuperação, há a necessidade de um estudo específico sobre o tema,

101
com o mapeamento destas unidades e levantamento das condições sócio-econômicas
destas famílias, em parcerias com órgãos municipais ligados ao patrimônio histórico.

Em relação aos domicílios com baixa qualidade construtiva, tratados como rústicos
na consolidação do déficit (item 5.2.3), foram contabilizados apenas 9 unidades que
necessitam de reposição da moradia. Os resultados das entrevistas realizadas em diferentes
localidades da cidade mostram que os domicílios improvisados representam 2%,
confirmando os dados do DataSUS.

Porém se considerados os domicílios inacabados e depreciados, este número é


pouco representativo da realidade de Sarandi: os resultados das entrevistas mostram que
dos 1.951 domicílios entrevistados, 49% se encontram em situação de inacabado e
depreciado (Gráfico 29).

Gráfico 23 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até


3 salários mínimos mensais. Sarandi, 2008
0%
26% Concluída
Depreciada
42%
Em Construção
Improvisada
Inacabada
NR
4%
5%
23%

Fonte: Entrevistas, Sarandi, 2008 – Observatório das Metrópoles – Núcleo RM Maringá

Os critérios utilizados nas entrevistas para a classificação da condição do domicílio


são definidos do seguinte modo:

a) Domicílio concluído: aspectos externos indicam a finalização da construção, com


reboco externo e pintura;
b) Domicílio depreciado: o domicílio se apresenta concluído, mas com sinais de
depreciação ao longo do tempo pela ausência de manutenção;
c) Domicílio improvisado: adoção de espaços inapropriados para o uso como moradia
ou de materiais improvisados para a construção da casa.
d) Domicílio em construção: a família reside o imóvel em processo de construção;

102
e) Domicílio inacabado: a obra foi suspensa por tempo indeterminado22;

O resultado da pesquisa que demonstra um número significativamente maior de


domicílios na situação de baixa qualidade construtiva do que aqueles indicados pelo
DataSUS, reforça a necessidade do envolvimento do poder público local no trabalho de
recadastramento dos domicílios e levantamento das condições sócio-econômicas das
famílias residentes.

5.3.2. Assentamentos Precários e Informais

A Organização das Nações Unidas caracteriza os assentamentos precários pela


condição inadequada de habitação e dos serviços básicos tais como a) posse insegura da
propriedade, b) baixa qualidade estrutural dos domicílios, c) adensamento excessivo, d)
acesso inadequado à água potável, ao saneamento e infra-estrutura em geral. As favelas, os
loteamentos irregulares, clandestinos, as habitações precárias, os conjuntos habitacionais
deteriorados e esquecidos pelo poder público são os exemplos mais constantes da condição
de precariedade desses assentamentos.

Para o IBGE as favelas e semelhantes são caracterizados como aglomerações


subnormais. “O setor especial denominado de aglomerado subnormal é definido como o
conjunto (favela e assemelhados) constituído por um mínimo de 51 domicílios (barracos,
casas, etc.), ocupando terreno de propriedade alheia (pública ou particular), dispostos, em
geral, de forma desordenada, densa, carentes, em sua maioria, de serviços públicos
essenciais”. (IBGE, 2003)

Embora as duas definições tenham proximidade, a metodologia de coleta de dados


do Censo utilizada pelo IBGE não considera como aglomerados subnormais os loteamentos,
cortiços e conjuntos irregulares e deteriorados que também representam formas de
precariedade.

De modo complementar aos dados do IBGE, a pesquisa feita em 2007 pelo Centro
de Estudos da Metrópole - “Assentamentos Precários no Brasil Urbano” - apresenta dados

22
A diferença entre o imóvel em construção e a edificação inacabada é dada pelo entendimento de
que, no segundo caso, a família proprietária suspendeu por tempo indeterminado a sua conclusão
por não ter condições financeiras pra continuar a obra, e por isso não oferece condições adequadas
de habitabilidade.

103
mais abrangentes. Este estudo considera como assentamentos precários aqueles que se
aproximam aos aglomerados subnormais, mas que estão localizados em setores comuns.
Em outras palavras, bairros que anteriormente não eram considerados precários, e
pequenas ocupações irregulares, passaram a fazer parte dessas estatísticas em função de
suas características socioeconômicas, demográficas e habitacionais que muito se
assemelham ao padrão de ocupação de favelas, por exemplo. Foram considerados 561
municípios23 em todas as cidades das regiões metropolitanas do país (incluindo a Região
Metropolitana de Maringá) e ainda os municípios brasileiros com mais de 150 mil habitantes.

A pesquisa revelou que mais de 12 milhões de brasileiros vivem em assentamentos


precários ou subnormais. É o equivalente a 14% da população das cidades pesquisadas e
quase o dobro dos 6,3 milhões que moram em setores censitários classificados como
subnormais pelo IBGE. Carvalho reflete sobre a situação desses assentamentos na cidade:

“Ausentes dos mapas e cadastros de prefeituras e concessionárias de serviços


públicos, inexistentes nos registros de propriedade nos cartórios, estes
assentamentos têm uma inserção no mínimo ambígua nas cidades onde se
localizam. Modelo dominante de territorialização dos pobres nas cidades
brasileiras, a consolidação destes assentamentos é progressiva, eternamente
incompleta e totalmente dependente de uma ação discricionária do poder público
– já que para as formas legais de expressão de pertencimentos à cidade estes
assentamentos simplesmente não existem”. (CARVALHO, 2008).

Um tanto distante do perfil das grandes cidades brasileiras, mas, com peculiaridades
que caracterizam a segregação sócio-espacial no âmbito local e na Região Metropolitana de
Maringá, a realidade dos assentamentos precários em Sarandi revela-se nos bairros,
principalmente periféricos, caracterizados pela falta de infra-estrutura urbana (esgotamento
sanitário e coleta de lixo), pela densidade excessiva de moradores no domicilio e na
presença, ainda que pequena, de ocupações irregulares na malha urbana, caracterizadas
como assentamentos informais.

A exemplo da pesquisa realizada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM),


entende-se que estas localidades apresentam condições análogas aos aglomerados
subnormais. São áreas com concentração de domicílios precários em termos urbanísticos, e
cujos responsáveis têm renda muito baixa, mas que não constituem favela ou semelhante.

23
Os municípios considerados na pesquisa englobavam, em 2000, cerca de 98% dos setores
censitários do país classificados como subnormais pelo IBGE.
104
“Mesmo os conjuntos habitacionais construídos pelo poder público em décadas
recentes, por vezes, apresentam avançado estado de degradação e solicitam
atenção por parte de políticas que intervenham na precariedade habitacional e
urbana. (...) Na maioria das vezes, a determinação do tipo de problema presente
depende de vistorias de campo e, ao menos no caso da questão fundiária, de
acesso a documentos cadastrais” (CEM-Cebrap, 2007).

Estas características somadas ao pequeno porte da cidade oferecem condições


técnicas favoráveis para a realização de levantamentos mais precisos sobre a localização
dos assentamentos precários em Sarandi. Tais levantamentos consistem em visitas técnicas,
aplicação de questionários junto à população, análise da documentação cadastral e
cartográfica, além da interpretação de fotos e imagens de satélite.

O objetivo desta investigação é conhecer melhor essas áreas carentes do município


a fim de propor ações públicas mais eficientes e adequadas às especificidades locais. Além
disso, promover a inclusão das famílias que ocupam estes espaços nos programas
habitacionais e iniciativas públicas voltadas à melhoria da qualidade de vida na cidade.

Sarandi não obteve índice de classificação de aglomerados subnormais na pesquisa


do CEM. Dos municípios da Região Metropolitana de Maringá, Paiçandu e Marialva são os
que, depois de Maringá, apresentaram maior número de domicílios em setores precários.
Maringá passou do índice 0 de aglomerados subnormais para 788 domicílios precários,
Paiçandu passou de 0 para 126 domicílios e Marialva de 0 para 118 domicílios.

Por meio dos dados do IBGE de 2000, foi possível classificar setores que apresentam
características de precariedade adaptadas aos padrões sócio-demográficos e urbanísticos
específicos de Sarandi. Para tanto foram adotadas, em um primeiro momento, as seguintes
variáveis utilizadas na pesquisa do CEM:

ƒ número de domicílios e pessoas residentes por setor censitário


ƒ condição de posse da moradia;
ƒ número de moradores no domicílio;
ƒ acesso ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo;
ƒ existência de banheiro no domicílio;
ƒ renda mensal dos chefes de família de 0 a 3 salários mínimos.

105
As demais variáveis, 24 definidas pelo CEM não apresentam números
representativos capazes de qualificar diferenças entre os setores urbanos de Sarandi.
Portanto, estas variáveis não foram utilizadas para comparação.

Considerando que o número de domicílios particulares permanentes do município


(20.141 domicílios em 2000), a Tabela 36 demonstra comparativamente quais os setores
que apresentam condições mais precárias de moradia. Os números mais expressivos em
cada variável estão em destaque.

24
As demais variáveis definidas pelo CEM, mas que não foram utilizadas para comparação neste
trabalho são: porcentagem de responsáveis por domicílio com menos de 30, sem alfabetização,com
menos de 8 anos de estudo, número de domicílios improvisados no setor censitário, número de
banheiros por habitante, renda média do responsável pelo domicílio.

106
Tabela 35 – Caracterização de domicílios segundo dados do IBGE, por setor censitário, em 2000.
Nº de Nº de Nº de Nº de Nº de Nº de Responsáve
%
Nº de domicílios domicílio domicílios domicílio domicílio domicílio is por
populaç
Nº Nome domicíl com outra s com sem s sem s sem s sem domicílio
ão total
ios forma de mais de 5 acesso à acesso à acesso ao banheiro com renda
resident
ocupação moradore rede de rede de serviço mensal de 0
e no
da s abast. de esgoto de coleta a 3 s.m .
setor
moradia25 água de lixo
1 Sarandí Centro 175 0,87 0 11 0 125 0 0 52
2 Jd. Primaverao 215 1,07 0 18 0 211 0 0 141
3 Jd. Paulista/ São Remo/ Dom Bosco 224 1,11 0 13 0 222 0 0 156
4 Jd. San Remo/ Dom Bosco 167 0,83 4 15 1 163 0 0 107
5 Sarandi Centro 194 0,96 0 10 0 71 0 2 134
6 Sarandi Centro/ Jd. Boa Vista 358 1,78 0 20 0 133 0 1 220
8 Jd. Nova Europa 213 1,06 0 15 1 209 0 0 97
10 Jd. Primavera/ Sarandi Centro 233 1,16 0 15 0 231 1 0 153
19 Jd. Independência 1a Parte 241 1,20 0 8 0 237 1 0 145
30 Conj. Res. Osvaldo gheal/ Jd. Ouro
verde 205 1,02 0 19 0 204 2 0 134
34 Jd. Verão 212 1,05 0 29 0 201 2 3 169
41 Jd. Panorama 188 0,93 1 10 0 179 1 0 112
a
42 Jd. Independência 2 parte 209 1,04 3 12 0 201 0 1 133
43 Jd. Independência 2a parte 252 1,25 0 10 0 226 1 0 161
a
44 Jd. Independência 2 parte 181 0,90 1 18 0 174 0 1 126
47 Patrimônio Vera Cruz/ Jd. Imperial 97 0,48 0 13 2 97 6 3 87
48 Jardim Nova Sarandi I e II, Jd.
Cruzeiro 136 0,68 0 11 2 128 1 1 122
51 Conj. Res. Floresta** 273 1,36 5 21 0 143 1 0 216

25
Domicílios que não são quitados, financiados, alugados ou cedidos.

107
53 Jd. Panorama 237 1,18 0 7 0 233 0 0 145
a
55 Jd. Independência 2 parte 183 0,91 0 23 0 173 0 1 135
58 Jd. Novo panorama 285 1,42 0 26 0 149 0 0 195
59 Pq. Alvamar 208 1,03 0 8 0 206 0 1 145
69 Residencial São José e São José II 89 0,44 0 8 0 89 0 0 58
39 * 10 0,05 0 0 10 10 10 0 8
R4 Rural 4 – chácaras Aeroporto *** 142 0,71 2 10 19 137 3 3 113
R3 Rural 3 54 0,27 0 4 54 54 54 1 49
67 Pq. Alvamar 303 1,50 0 17 1 138 0 2 222
9 Jd. Ouro Preto/ Do Parque 300 1,49 0 26 0 288 0 1 178
11 Jd. Verão/ Pq. Res. Novo Centro 372 1,85 0 22 0 368 0 0 214
12 Jd. Nova Paulista 236 1,17 35 17 0 214 0 0 192
14 Jd. Castelo 193 0,96 1 16 9 188 1 0 146
16 Pq. São Pedro/ Jd. Califórnia 261 1,30 0 21 0 256 0 0 208
17 Jd. Independência 2a Parte /
Panorama 336 1,67 0 18 0 315 0 2 192
a
18 Jd. Independência 2 Parte / Edmar 367 1,82 1 25 1 355 0 2 197
22 Jd. Nova Paulista 280 1,39 0 21 1 267 0 2 206
a
27 Jd. Independência 2 parte/ Panorama 402 2,00 0 14 1 384 0 2 205
31 Conj. Hab. Casa da Família 314 1,56 0 18 1 124 1 1 256
a
32 Jd. Independência 3 parte /
Universitário 252 1,25 0 17 4 235 14 1 185
40 Jd. Panorama 272 1,35 0 12 0 268 0 1 183
a
45 Jd. Independência 2 parte 255 1,27 0 21 0 252 1 1 179
52 Jd. Novo Panorama e Panorama 288 1,43 0 20 0 285 1 0 210
a
54 Jd. Independência 2 parte 282 1,40 0 19 0 272 2 2 168
25 Jd. Novo Castelo 77 0,38 0 9 9 75 13 0 57
15 Jd. Castelo 297 1,47 2 24 0 278 0 4 225
7 Sarandi Centro/ Jd. Europa/ 313 1,55 1 12 26 13 0 45 141

108
Perimetral/ Belem/ Clementino
13 Jd. Mercúrio/ Santa Teresa/ Pq. Res.
Jaqueline 310 1,54 0 34 2 298 7 1 213
20 Jd. Escala / Pq. Res. Jalmar 380 1,89 0 25 1 373 0 2 293
a
29 Jd. Independência 1 parte 373 1,85 1 29 0 359 1 0 251
46 Pq. Dos pioneiros / Jd. Independência
1a parte 325 1,61 0 30 0 297 0 0 216
49 Jd. Ipanema e Sarandi I 289 1,43 4 18 4 278 4 7 249
R1 Rural 1 183 0,91 0 26 171 180 149 7 140
36 Ibirapuera/ Ana Elisa 399 1,98 3 34 0 386 0 3 346
63 Jd. Universal 297 1,47 1 29 0 289 4 1 263
35 Jd. Verão/ São Jorge 301 1,49 1 22 0 295 3 1 222
65 Pq. Res. Bom pastor e Alphaville 245 1,22 0 29 5 241 4 3 206
57 Jd. Monterrey 98 0,49 0 16 2 85 5 1 84
23 Jd. Cometa / Higienópolis/ Pq. Res.
Jaqueline 353 1,75 2 37 1 347 0 8 256
50 Conj. Res. Floresta 320 1,59 29 30 0 78 0 4 222
a
60 Jd. Nova independência 1 parte 396 1,97 0 50 0 387 5 4 355
66 Pq. Alvamar 399 1,98 0 33 0 394 5 0 280
a a a
21 Jd. das Flores 1 parte/ 2 parte/ 3
parte/ Jd. Verão 430 2,13 0 39 0 424 2 0 299
24 Jd. Gralha azul/ esperança 1a parte/
Itamaraty / Pq. Res. Sant´ana 388 1,93 1 35 0 360 0 1 326
a
28 Jd. Independência 2 parte 417 2,07 1 31 0 407 0 4 257
37 Jd. Esperança 1a, 2a, 3a e 4a parte 437 2,17 0 48 3 368 2 7 368
a
38 Pq. Res. Bela vista e Bela Vista 2
parte/ Jd. Esplanada/ Conj. Res.
Triângulo 495 2,46 4 51 2 335 7 1 408
a
56 Jd. Nova independência 1 e 2ª parte 282 0 35 0 275 1 0 255
/ Jd. Social – MUTIRÃO 1,40
61 Jd. Nova independência 2a parte/ Jd. 325 1,61 0 37 0 318 1 0 306

109
Social
62 Jd. Nova independência 2a parte /Jd. 314 0 32 0 302 0 0 250
Social 1,56
68 Pq. Alvamar II/ Jd Tropical 581 2,88 1 42 2 576 1 4 434
R2 Rural 2 – Jd. das Torres 148 0,73 1 22 47 148 48 11 131
26 Jd. Novo Bertioga/ Pq. São Pedro/
Jd. Califórnia 321 1,59 0 41 2 309 3 18 242
64 Jd. Universal 270 1,34 6 45 2 262 23 5 244
70 Jd. Nova independência 1a e 2ª 342 2 52 5 334 39 5 310
parte/ 3o parque industrial 1,70
33 Ampliação do 2o Pq. Industrial/ 2o,
4o e 5o Pq. Industrial/ Pq. Res. Nova
aliança/ Jd. Novo mundo 342 1,70 3 32 11 279 14 4 290
TOTAL 20141 100% 116 1687 402 17765 444 186 14593
* Setor 39 está classificado como Área não Urbanizada de Cidade ou Vila.
** Setor 51 está classificado como Área Urbana Isolada
*** Setor Rural 4 está classificado como Aglomerado Rural Isolado – Povoado

Fonte: IBGE, 2000

110
A análise dos números apresentados permite constatar que os setores que
mais apresentam números elevados em todos os critérios são:

• Ampliação do 2º Pq. Industrial/ 2º, 4º e 5º Pq. Industrial/ Pq. Res. Nova Aliança/ Jd.
Novo mundo
• Jd. Nova independência 1a e 2ª parte/ 3º parque industrial
• Jd. Universal
• Jd. Novo Bertioga / Pq. São Pedro / Jd. California
• Rural 2 – Jd. das Torres
• Pq. Alvamar
• Pq. Alvamar II/ Jd Tropical
• Jd. Nova Independência 2a parte/ Jd. Social
• Jd. Nova Independência 1a e 2ª parte / Jd. Social
• Pq. Res. Bela vista e Bela Vista 2a parte/ Jd. Esplanada/ Conj. Res. Triângulo
• Jd. Esperança 1a, 2a, 3a e 4a parte
• Jd. Gralha azul/ Esperança 1a parte/ Itamaraty / Pq. Res. Sant´ana
• Jd. Cometa / Higienópolis / Pq. Res. Jaqueline
• Jd. das Flores 1a parte/ 2 a parte/ 3 a parte
• Cj. Residencial Floresta

Nota-se que são poucos os domicílios com outra forma de ocupação que não seja
alugado, cedidos ou próprio. O maior número está presente no Jardim Novo Paulista (35
domicílios) seguido do Conjunto Floresta (29 domicílios). Segundo dados do IBGE (2000) o
número de domicílios do tipo cômodo também não é significativo: apenas 10 unidades no
setor que engloba os bairros Jd. Esperança 1a, 2 a, 3a e 4 a partes.

Verifica-se que os bairros Pq. Res. Nova Aliança, Jd. Nova Independência 1a e
2ª parte, Jardins Social, Universal, Novo Bertioga, das Torres, Bom Pastor, Tropical,
Pq. Alvamar II e parte do Pq Alvamar merecem maior atenção na definição de
prioridades dos programas habitacionais e sociais, pois concentram maior número de
domicílios com mais de 5 moradores, menor acesso a infra-estrutura e serviços da cidade,
além de números relevantes sobre a população de baixa renda do município (Mapas 06,
07, 16 e 20).

O aspecto geral nestas localidades é típico das áreas de expansão urbana ou até
mesmo de aglomerados rurais, mas que estão inseridos no perímetro urbano. São
constituídos por conjuntos de edificações adjacentes, formando área continuamente

111
construída, com lotes e arruamentos reconhecíveis, de baixo adensamento construtivo
(Mapa 10). Porém, a distância do centro da cidade somada à ausência de rede de esgoto
e asfaltamento reforça o caráter rural da paisagem. Além disso, o acesso dificultado aos
equipamentos comunitários como escolas e postos de saúde estabelece, definitivamente,
o padrão de precariedade nestes bairros. Sobre a infra-estrutura urbana, o Mapa 06
mostra a distribuição dos equipamentos comunitários em relação aos bairros em questão.

A característica mais marcante é o número insuficiente de equipamentos


comunitários e áreas de lazer nas áreas periféricas da cidade. É freqüente o percurso de
mais de 500m até uma instituição de ensino público; muito maior é a distância até um
posto de saúde; os equipamentos de lazer são raros e algumas praças só existem no
papel, ou estão sem qualquer condição de uso.

Isto se deve em partes ao fato de que praticamente todos os loteamentos


aprovados no município não cumpriram com as legislações Federal nº 6766 de 1979 e
Municipal 04 de 1992 que definem a porcentagem mínima de área a ser destinada para
arruamentos, praças e edificações de uso comunitário (35% da área total do loteamento) e
em partes pela ausência de uma estrutura pública voltada ao planejamento e controle
urbanos que permitiu a expansão desordenada da cidade, com a aprovação de
loteamentos à revelia que acabaram por formar diversas áreas consideradas como vazios
urbanos.

A data de aprovação de alguns loteamentos é anterior à Lei que a aprovação de


diversos loteamentos na década de 90 que não cumpriram a legislação federal, já citada, e
com a municipal 04/92 de parcelamento do solo. Além disso,

O problema da falta de pavimentação nas áreas periféricas da cidade é


generalizado e atinge diretamente a população de baixa renda (Mapa 16). Onde a
declividade é mais acentuada e como por exemplo as periferias dos bairros Jardim
Universal, Novo Bertioga, Nova Independência 3a Parte – a ausência de asfalto pode gerar
maiores dificuldades para os moradores em períodos chuvosos tendo em vista, também, o
grave problema de falta de drenagem em praticamente toda a cidade. A pavimentação é
necessária também, na medida em que pode proporcionar a ocupação efetiva destas
áreas.

112
Fig. 21 - Paisagem rural característica do Jd. Fig. 22 - Casa no Jardim Universal
Universal Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM,
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008
2008

Fig. 23 - Vista da estrada de acesso ao Jd. das Fig. 24 - Casa no Jardim das Torres
Torres
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM,
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008
2008

O método de análise utilizando os dados do IBGE, contudo, apresenta limitações


tendo em vista que a classificação parte de setores censitários e não é possível
desagregar as informações para escalas inferiores a eles (como um bairro por exemplo).
Portanto, dados de um determinado bairro, conjunto habitacional ou um local específico do
município podem ser diluídos dentro do setor e acabar não revelando características de
precariedade sócio-habitacional na Tabela 36 ou, o contrário, homogeneizando tais
características para bairros que não o são. Portanto, para as análises a seguir são
mapeadas e analisadas informações coletadas no município sobre os bairros: infra-
estrutura urbana, acesso aos equipamentos comunitários, baixa qualidade estrutural e
depreciação dos domicílios, etc.

No caso dos bairros Pq. São Pedro e Jardim Califórnia que aparecem na
tabela junto ao setor censitário com o bairro Novo Bertioga, apesar dos dados serem
expressivos para o setor, a proximidade deles ao centro e às indústrias da rodovia e a
113
presença de asfalto no primeiro favoreceu o adensamento de ambos e não os colocam na
mesma situação que os bairros descritos acima. O mesmo acontece com o Jd. Novo
Mundo e os Parques Industriais que pertencem ao mesmo setor censitário que o Pq. Res.
Nova Aliança.

A situação de maior precariedade em Sarandi está no Conjunto Mutirão26, que


pertence ao setor censitário junto aos bairros Jardins Nova Independência 1a e 2ª parte,
em destaque na tabela. Trata-se de um conjunto habitacional depreciado com
características que o colocam muito próximo do que o IBGE considera como aglomerado
subnormal ou “favela”. Os 160 domicílios foram construídos através do Programa Nacional
de Mutirões Habitacionais em que os próprios moradores ajudaram na construção, o que
pode ter contribuído para a baixa qualidade construtiva das casas que somada à falta de
manutenção ao longo do tempo fizeram com que praticamente todas elas estejam em
situação precária. Segundo dados obtidos por meio de entrevistas no local, 71% dos 92
domicílios dos entrevistados do Conjunto Mutirão estão depreciados, improvisados ou
inacabados e 50% estão na situação de ocupados, cedidos ou alugados.

Gráfico 24 Situação dos domicílios dos Gráfico 25 - Condição física dos


moradores entrevistados no Conjunto domicílios dos moradores entrevistados
Mutirão no Conjunto Mutirão

Fonte: Observatório da Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Dados sócio-econômicos obtidos em entrevistas mostram que 68% dos


entrevistados trabalham sem carteira assinada e quase a metade dos chefes de família
ganham até 1 salário mínimo (415 reais). Além disso, 20% deles são analfabetos e 33%
estudaram até a quarta série.

26
Mais dados sobre o Conjunto Mutirão no item 3.6 – Experiências habitacionais desenvolvidas pelo poder
público.
114
Gráfico 26 - Renda dos moradores Gráfico 27 - Escolaridade dos moradores
entrevistados no Conjunto Mutirão entrevistados no Conjunto Mutirão

Fonte: Observatório da Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Apesar do local ser desprovido de infra-estrutura (asfalto, esgoto e drenagem) sua


localização é privilegiada em relação aos bairros periféricos da cidade. A proximidade com
o centro e, conseqüentemente, aos equipamentos de serviço e lazer se traduz na
satisfação dos moradores em relação ao local27 e indicam a necessidade de programas
habitacionais específicos de melhoria das habitações sem que haja remoção da população
desta área.

Fig. 25 - Domicílios com materiais improvisados no Fig. 26 - Exemplo de fossa usada pelo moradores do
Mutirão Mutirão
Fonte: Redígolo (2008) Fonte: Redígolo (2008)

Os Conjuntos Habitacionais Triângulo e Floresta28 aparecem na tabela com


números expressivos e também merecem atenção na definição de programas
habitacionais de melhoria das habitações. Ambos foram construídos na periferia do

27
7% dos moradores consideram o bairro excelente, 42% bom e 19% regular, segundo Redígolo (2008).
28
Dados sobre os Conjuntos Habitacionais de Sarandi no ítem 3.6 – Experiências habitacionais desenvolvidas
pelo poder público.
115
município – o Cj. Floresta em condição de isolamento - e, apesar da alta densidade
populacional (Mapa 14), são deficitários em infra-estrutura e equipamentos públicos e
comunitários. No Conjunto Floresta muitas casas permanecem inalteradas de seu projeto
inicial (que já se apresentava inacabado). A falta de manutenção acabou por piorar a
situação desses domicílios.

Os dados das entrevistas realizadas no local mostram que no Conjunto Floresta


quase metade (47%) dos 104 domicílios das pessoas entrevistadas estão depreciados,
inacabados ou improvisados e, no Conjunto Triângulo, 46% dos 56 domicílios estão nesta
situação.

Gráfico 28 - Situação física dos Gráfico 29 - Situação física dos


domicílios das pessoas entrevistadas no domicílios das pessoas entrevistadas no
Conjunto Res. Floresta Conjunto Res. Triângulo

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Os setores onde localizam-se os bairros Jardim Monterrey e Parque Residencial


Bom Pastor29 aparecem na tabela com dados menos expressivos, no entanto, os dados
das entrevistas mostram que, no Jardim Monterrey 94% dos 72 moradores entrevistados
ganham até 2 salários mínimos, 51% não tem carteira assinada e mais da metade dos
chefes de família estudaram até a quarta série ou não estudaram. O índice de domicílios
alugados, cedidos e ocupado é expressivo (18,25%) e grande parte apresenta condições
de depreciação ou estado inacabado e improvisado (39,54%).

29
Os bairros em questão foram apontados pelos moradores e técnicos da prefeitura na 2a Oficina
do PLHIS de Sarandi como bairros que apresentam características de precariedade e que não
tinham destaque na tabela.
116
Gráfico 30 - Renda dos moradores Gráfico 31 - Escolaridade dos chefes
entrevistados no bairro Jd. Monterrey das famílias entrevistadas no bairro Jd.
Monterrey

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Gráfico 32 - Situação dos domicílios das Gráfico 33 - Condição física dos


pessoas entrevistadas no bairro Jd. domicílios das pessoas entrevistadas no
Monterrey bairro Jd. Monterrey

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

No Parque Residencial Bom Pastor, as entrevistas mostram que 54% dos 85


entrevistados não tem carteira assinada, 89% ganham até 2 salários mínimos e 55%
estudaram até a quarta-série ou não estudaram. O índice de domicílios alugados, cedidos
e ocupado é de 25% e a maioria está em estado inacabado (65%).

117
Gráfico 34 - Renda dos moradores Gráfico 35 - Escolaridade dos chefes
entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor das famílias entrevistadas no Pq. Res.
Bom Pastor

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Gráfico 36 - Situação dos domicílios dos Gráfico 37 - Condição física dos


moradores entrevistados no Pq. Res. domicílios dos moradores entrevistados
Bom Pastor no Pq. Res. Bom Pastor

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Os dados sobre os demais setores destacados na Tabela 32 sinalizam a


necessidade de uma observação mais precisa sobre suas características. Ambos
compõem a porção sudoeste da cidade e localizam-se próximo ao centro, mas separado
deste pela linha de trem. Os setores são:
ƒ Pq. Res. Bela vista e Bela Vista 2a parte/ Jd. Esplanada
ƒ Jd. Esperança 2a, 3a e 4a parte
ƒ Jd. Gralha azul/ esperança 1a parte/ Itamaraty / Pq. Res. Sant´ana
ƒ Jd. das Flores 1a parte/ 2 a parte/ 3 a parte / Jd. Verão
A característica principal desses bairros é a falta de pavimentação,
drenagem e rede de esgoto mesmo tendo proximidade com o centro. Além disso, a
quantidade de equipamentos públicos e comunitários é menor que a porção da cidade não
central localizada no lado oposto da rodovia (Jardins Panorama e Independência 1ª e 2a
118
Parte) e insuficiente tendo em vista a elevada densidade populacional (Mapa 14). Estas
características resultam, inclusive, na desvalorização do solo30.

De fato, as condições físicas dos domicílios nestes bairros são melhores que dos
bairros periféricos de Sarandi e ficariam num segundo plano para a definição de
programas habitacionais. Há, no entanto, a necessidade de programas voltados pra a
melhoria urbana principalmente por já estarem consolidados e adensados.

De modo geral as informações coletadas no município sobre infra-estrutura urbana


demonstram que todo o município é servido pela rede de iluminação pública. A rede de
abastecimento de água abrange quase toda a cidade: apenas 402 domicílios (ou 1,99% do
total municipal) utilizam poço, nascente ou outra forma de acesso à água. A maioria está
localizada nos setores rurais que concentram mais de 70% de todos os domicílios sem
acesso à rede geral do município.

Sobre o sistema de destinação dos dejetos, a maior parte é feita por fossa
rudimentar e apenas 4% dos domicílios estão ligados à rede geral de esgoto. O projeto em
andamento no município de ampliação da rede de esgoto prevê o atendimento de 33% dos
domicílios nos próximos anos.

Assentamentos informais - Ocupações Irregulares na malha urbana de Sarandi

Definem-se como ocupações irregulares os assentamentos precários em áreas


públicas ou privadas que sejam ocupados por não proprietários com renda muito baixa ou
sem renda, sobre as quais os moradores edificam casas sem um plano de ocupação pré-
fixado e em condições visivelmente precárias (material inadequado, oferecendo perigo aos
moradores, sem espaço apto à habitação adequada).

Por meio de visitas ao município, levantamentos e aplicação de questionário foi


possível localizar em Sarandi duas ocupações irregulares em área de risco e um início de
ocupação em área de preservação ambiental (APP)31. Ambas encontram-se nas áreas
periféricas da cidade em condições precárias de habitabilidade. A última pode ser
identificada como um núcleo inicial de ocupação com apenas duas casas e somente uma
ocupada. As demais, apesar de distantes uma da outra, possuem a característica de
estarem localizadas margeando buracos de erosão provocados pela água da chuva

30
O estudo de mercado, presente no item 6.3, mostra a diferença de valores dos terrenos entre as
porções da cidade separadas pela rodovia.
31
As APP’s são áreas definidas pela Lei Federal n.º 4.771 de 1965 onde ocorre a chamada mata
ciliar às margens dos cursos d’água (nascentes, córregos, rios, lagos), delimitada para a proteção
dos recursos hídricos, da biodiversidade e do solo onde não é permitido construir.
119
decorrentes, entre outras coisas, da falta de drenagem no município. Segundo informações
colhidas em entrevistas, tal fato justifica a escolha desses espaços para invasão com
alegação de que os proprietários - seja a prefeitura ou particular – não têm interesse
nesses terrenos já que o processo erosivo resultou na depreciação e desvalorização dos
mesmos32 (Ver Mapa 13).

Outra característica em comum nestes locais é o uso rural dentro do perímetro


urbano. Algumas famílias formaram pequenas chácaras com criação de animais para
produção de leite, para venda ou para tracionarem carroças usadas no recolhimento de
lixo reciclável como fonte de renda. Constata-se que, para muitas famílias em Sarandi, o
único meio de sobrevivência é o trabalho com reciclagem, portanto, precisam de espaço
em suas residências para a criação de animais de tração (cavalos e afins) e para a
armazenagem do lixo reaproveitável.

Apesar de não haver um agente promotor e/ou comercializador desses espaços,


quase todas as famílias entrevistadas disseram ter pago de alguma forma pela casa ou
“barraco” mesmo sendo conscientes de que os terrenos não lhes pertencem. Estes são os
casos em Sarandi em que não existe nenhum grau de segurança da posse, caracterizados
claramente como déficit habitacional.

Das áreas invadidas, a que possui maior número de domicílios localiza-se na


região periférica do Jardim Universal. São 10 barracos dispostos linearmente numa faixa
estreita de terra margeada por um buraco causado pela erosão. Segundo informações da
prefeitura e dos moradores do local a invasão existe há aproximadamente uma década
com grande rotatividade de famílias. São habitações em condições precárias, de material
construtivo (pedaços de madeira e tapumes), construídas em área de risco. Há relatos de
barracos que foram arrastados pela enxurrada.

32
Uma ocupação no Jardim Monterrey foi citada na 2a Oficina do PLHIS. No entanto não foi
possível identificar qual(is) casa(s) estavam nessa condição. Outra área invadida, segundo a
prefeitura, são algumas das casas construídas na década de 1950 para os funcionários da
companhia de trem e que são passiveis de serem tombadas pela cidade como patrimônio histórico.
120
Fig. 27 - Conjunto de casas na ocupação do Jd. Fig. 28 - Erosão atrás das casas na ocupação do
Universal Jd. Universal
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM,
2008 2008

As famílias que hoje ocupam as casas instalaram-se geralmente por intermédio


de uma pessoa conhecida que já morava no local, isso explica membros da mesma família
morando em diferentes casas. Através de entrevistas no local foi possível constatar que 3
famílias receberam moradia do Programa de Habitação de Interesse Social do PAC - em
execução no município, no entanto, não existe um programa habitacional da prefeitura
destinado especificamente para esta área. Percebe-se que a evacuação de algumas casas
abrirá espaço para outras pessoas ocuparem as habitações vazias ou, no caso da
demolição destas, construírem novas casas. Além disso, alguns moradores mostraram-se
relutantes em trocar o barraco onde moram pela casa do PAC por alegarem que nas novas
residências não será permitida a criação de cavalos que é, através da coleta da
reciclagem, o único meio de sobrevivência da família. Em geral as condições sócio-
econômicas dos moradores se caracterizam pela baixa ou ausente faixa de renda, pela
ausência de infra-estrutura básica, pela baixa idade dos chefes de família, etc.

Fig. 29 - Domicílio com materiais improvisados Fig. 30 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008
2008

121
Fig. 31 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal Fig. 32 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, Fonte: Observatório das Metrópoles -– Núcleo RMM, 2008
2008

Fig. 33 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal Fig. 34 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008
2008

Na ocupação da periferia do bairro Jardim Independência 3a Parte, divisa com o


Jardim Universitário, existem 4 casas. Duas delas fazem parte de uma grande área de
chácara pertencente a uma família há aproximadamente 20 anos33 por onde também
escoa a água da chuva causando erosão. Nas proximidades existem outras 2 casas na
mesma situação de risco, porém, ocupadas há menos tempo.

33
Dado coletado em entrevista com a família que mora no local.
122
Fig. 35 - Chácara – ocupação irregular no Jardim Fig. 36 - Domicílios na ocupação do Jardim
Independência 3a Parte Independência 3a Parte
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM,
2008 2008

A invasão na área de preservação ambiental que margeia o Rio Marialva,


possui, além dessa, a irregularidade de estar embaixo da linha das torres de alta tensão.
Localiza-se na periferia do bairro Parque Residencial Nova Aliança e tem apenas uma
família ocupando a área há pouco mais de 2 anos. Todavia, antes dela existiram outros
moradores no local não sendo possível constatar há quanto tempo a área está ocupada.
Apesar de haver uma única casa, nota-se um potencial da área para futuramente agregar
famílias em condições de pobreza.

Fig. 37 - Ocupação em Área de Preservação Fig. 38 - Casa em Área de Preservação Ambiental


Ambiental Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo
Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, RMM, 2008
2008

5.4. DEMANDA DEMOGRÁFICA DE SARANDI

5.4.1. Metodologia adotada nas estimativas populacionais

O modelo adotado para estimar os contingentes populacionais dos municípios


brasileiros requer a existência de uma projeção populacional, que leve em consideração a
evolução das componentes demográficas (fecundidade, mortalidade e migração), para
123
uma área maior que o município, quer dizer, para a Unidade da Federação, Grande Região
ou País. Desta forma, se a tendência de crescimento populacional do município entre os
Censos for positiva, a estimativa populacional será maior que a verificada no último
levantamento censitário; caso contrário, a estimativa apontará valor inferior ao último
Censo.

O método de tendência de crescimento demográfico adotado tem como princípio


fundamental a subdivisão de uma área maior, cuja estimativa já se conhece, em n áreas
menores, de tal forma que seja assegurada ao final das estimativas das áreas menores a
reprodução da estimativa, pré-conhecida, da área maior através da soma das estimativas
das áreas menores (Madeira e Simões, 1972).

Considere-se, então, uma área maior cuja população estimada em um momento t


é P(t). Subdivida-se esta área maior em n áreas menores, cuja população de uma
determinada área i, na época t, é

Pi (t) ; i = 1, 2, 3, ... , n

Desta forma, tem-se que:

n
P(t) =Σ Pi (t)
i=1

Decomponha-se, por hipótese, a população desta área i, em dois termos: ai P(t),


que depende do crescimento da população da área maior, e bi . O coeficiente ai é
denominado coeficiente de proporcionalidade do incremento da população da área menor
i em relação ao incremento da população da área maior, e bi é o denominado coeficiente
linear de correção.

Como conseqüência, tem-se que:

Pi ( t ) = a i P ( t ) + b i

Para a determinação destes coeficientes utiliza-se o período delimitado por dois Censos
Demográficos. Sejam t0 e t1, respectivamente, as datas dos dois Censos. Ao substituir-se
t0 e t1 na equação acima, tem-se que:

Pi ( t0 ) = a i P ( t0 ) + b i
Pi ( t1 ) = a i P ( t1 ) + b i

Através da resolução do sistema acima, tem-se que:


124
a i = Pi ( t1 ) – Pi ( t0 )

P ( t1 ) – P ( t0 )

b i = Pi ( t0 ) – ai Pi ( t0 )

Deve-se considerar na expressões anteriores:

Época t0: 1º de setembro de 1991 ( Censo Demográfico )

Época t1: 1º de agosto de 2000 ( Censo Demográfico )

Época t: 1º de julho do ano t ( ano estimado )

Estimativas para os Municípios

Estas estimativas foram obtidas, também, pela aplicação do modelo descrito no


item anterior, ressaltando-se que os Municípios foram considerados como áreas menores
em relação às Unidades da Federação correspondentes.

Estimativas para os Municípios instalados até 1º de agosto de 2000 e com população


inferior a 100.000 habitantes

Obteve-se, previamente, para cada Unidade da Federação, os quartis (medidas


estatísticas) das populações segundo o tamanho dos Municípios, em 1º de agosto de 2000,
e os quartis das taxas médias geométricas anuais de crescimento, observadas no período
intercensitário 1991-2000, segundo a magnitude das mesmas.

Pelo cruzamento dos quartis das duas variáveis (população e taxa) e adotando-
se o critério de se separar os municípios com taxas de crescimento positivas daqueles com
taxas negativas, formaram-se grupos de Municípios com o objetivo de se agregar aqueles
que, dentro de cada Unidade da Federação tivessem tamanho de população, em 2000, e
taxas de crescimento observadas, no período 1991-2000, bastante próximas.

A partir daí, estimaram-se as populações residentes totais destes grupos, para 1º


de julho do ano t, considerando-se como área maior a Unidade da Federação e como áreas
menores os grupos formados.

De posse da proporção que cada município representava em relação ao seu


grupo, com respeito a população de 1º de agosto de 2000, aplicou-se a mesma proporção
ao total estimado para o seu grupo em 1º de julho do ano t, obtendo-se, assim, as
populações residentes estimadas para a mesma data acima para os municípios brasileiros
125
instalados até 1º de agosto de 2000, com população inferior a 100.000 habitantes,
segundo a situação político-administrativa vigente em 1º de julho do ano t.

Projeções populacionais para os Municípios

As projeções populacionais para os municípios nos anos de 2001 até 2020


foram obtidas pelo Banco de Dados IPARDES, entretanto, essas projeções estão
superestimando os dados populacionais, pois, como já foi citado, para se estimar a
população é necessário um modelo que leve em consideração a evolução das
componentes demográficas (fecundidade, mortalidade e migração), de áreas maiores, para
que se possa estimar áreas menores, dessa maneira, para se obter informações
populacionais mais “corretos”, deve-se esperar por um próximo censo demográfico, para
que não se cometa um erro maior ao que foi atribuído nessas projeções.

Análise dos dados municipais

Analisando os dados de Sarandi, observa-se o crescimento da população, no


entanto há um momento em que a população decresce, exatamente no anos de 2007 e
2008, verificado no Gráfico 38, quando as estimativas são baseadas na contagem da
população do IBGE, após esse período, observasse também que, os dados projetados
seguem linearmente uma tendência de crescimento populacional. Com os dados do Censo
Demográfico de 2010, será possível a correção da população projetada, considerando que
já em 2007, a população projetada é superior em 13 mil habitantes.

Depois de levantados, os dados foram analisados e assim se fez a escolha dos


mesmos para os dois municípios, logo segue os dados (Tabela 36):

Tabela 36 - População Censitária, Estimada e Projetada do Município de Sarandi


entre os anos de 1980 a 2020.
População
Ano
Censitária* Estimada** Projetada*** Diferença**** Utilizada
1980 -
1991 47.981 47.981
1992 48.886 48.886
1993 49.846 49.846
1994 50.693 50.693
1995 51.519 51.519
1996 60.212 60.212
1997 62.436 62.436
1998 64.309 64.309
1999 66.185 66.185
2000 71.422 68.068 3354 68.068
2001 74.266 75.670 -1.404 74.266
2002 76.354 78.670 -2.316 76.354

126
2003 78.643 81.669 -3.026 78.643
2004 83.449 84.658 -1.209 83.449
2005 86.108 87.611 -1.503 86.108
2006 88.747 90.557 -1.810 88.747
2007 79.686 93.467 -13.781 79.686
2008 83.486 96.357 -12.871 83.486
2009 99.220 99.220
2010 102.069 102.069
2011 104.916 104.916
2012 107.749 107.749
2013 110.572 110.572
2014 113.380 113.380
2015 116.169 116.169
2016 118.931 118.931
2017 121.661 121.661
2018 124.352 124.352
2019 126.998 126.998
2020 129.581 129.581
Fontes: IBGE - Censo Demografico 1980, 1991, 2000; Estimativas Populacionais 1992 - 2008; Ipardes -
Projeções populacionais 2001-2020;
*Dados resultantes dos censos demográficos realizados pelo IBGE
**Dados resultantes da contagem da população realizados pelo IBGE
***Dados projetados pelo IPARDES
****Diferença entre dados censitários e estimados ou diferença ente dados estimados e projetados

Seguido pelo gráfico de tendência:

Gráfico 38 – Tendência populacional. Sarandi, 1991 a 2020.

Fontes: IBGE - Censo Demografico 1980, 1991, 2000; Estimativas Populacionais 1992 - 2008; Ipardes -
Projeções populacionais 2001-2020;

127
5.4.2. Demanda de Moradia a partir das projeções populacionais 2009 - 2020

A demanda demográfica corresponde a quantidade de moradias que deve ser


acrescida ao estoque existente a fim de acomodar o crescimento populacional projetado
em um intervalo de tempo.

Como apontado anteriormente, para o cálculo das necessidades habitacionais,


parte-se do índice que relaciona o total de população e de domicílios. Este índice é
denominado de tamanho médio dos domicílios, suficiente, como apontado por Ferreira
(2004), pois concentra tanto aspectos da ocupação do domicílio, como àqueles
relacionados às condições sócio econômicas e culturais das famílias residentes em
determinado município e tempo.

Estudos do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) de


2007, apontam a tendência declinante do tamanho dos domicílios ao longo dos anos, com
queda gradual até 202034, em todos os cenários considerados na pesquisa: demográfico
de baixa fecundidade, demográfico básico e demográfico de alta mortalidade. Para a
estimativa municipal das demandas por moradia, ou do fluxo de formação de domicílios, foi
utilizado o cenário demográfico básico, considerando que não haverá grandes
modificações nas taxas de fecundidade e de mortalidade.

O estudo apresenta estimativas por unidades da federação, e como meio de


caracterizar o cenário da habitação no município, tomou-se como base os dados para o
Estado do Paraná, na falta de informações mais precisas para o município, como
apresentado na Tabela 37, no entanto os dados para o Paraná, por incorporarem as
diferentes regiões do estado, não correspondem ao tamanho do município encontrado de
Sarandi, visto que populações com renda mensal mais baixa apresentam maior densidade
intradomiciliar, como apontado pelo CadÚnico do município de Sarandi, que em 2008
apresenta valores médios de 3,3 pessoas por domicílio em imóveis próprios e cedidos e de
3,4 em imóveis alugados, superior a 2,97 que o estudo do Cedeplar apresenta para o

34
A tendência de diminuição do tamanho do domicílio não é um fato isolado do Brasil, em países
com populações mais envelhecidas, pioneiros na transição da fecundidade, é constatada a
tendência de aumento do número de domicílios menores e a queda no número de domicílios
maiores. Bongarts (2001) citado pelo estudo do Cedeplar, estimou o tamanho médio de domicílio
para 43 países em desenvolvimento e verificou que o tamanho médio variou pouco entre as regiões,
de 5,6 pessoas no oriente Médio e África do Norte a 4,8 pessoas na América Latina. Dessa forma, o
tamanho médio de domicílio resultante da projeção, encontra-se abaixo da média verificada para
América Latina, entretanto, nas Regiões mais pobres o valor se aproxima.

128
período 2005 a 2010, acarretando também um superestimação das necessidades
habitacionais.

Tabela 37 – População e demanda de novas moradias para suprir o crescimento


demográfico da população no Município de Sarandi entre os anos de 2000 a 2020.
Sarandi 2000- 2005- 2010- 2015- 2000-
2005 2010 2015 2020 2020
Total da população ao final do período 86.108 102.069 116.169 129.581
Crescimento da população ao ano 3.608 3.192 2.820 2.682
Nº médio de pessoas por domicílio 3,28 2,97 2,79 2,60
estimado para o Estado do Paraná e
adotado para Sarandi
Novas moradias ao ano para suprir a 1.100 1.075 1.011 1.032
demanda demográfica
Novas moradias no período para 5.500 5.375 5.055 5.160 21.090
suprir a demanda demográfica
Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000),
Estimativas populacionais Ipardes.

Verifica-se a necessidade de construção de novas unidades habitacionais, todos os


anos, para atender o crescimento populacional, que se dá anualmente por formação de
uma nova família ou por migração. A Tabela 38, sintetiza os dados anteriores apontando a
necessidade de construção de 12.365 novas moradias entre os anos de 2009 e 2020.

Na consolidação do crescimento do déficit, desconsiderou-se o período 2000 a


2008 pois o déficit passivo, calculado anteriormente no item 5.2, foi atualizado com
informações do CadÚnico de 2008, não se restringindo as informações do Censo
Demográfico de 2000.

Tabela 38 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da


população no Município de Sarandi entre os anos de 2009 a 2020.
Sarandi 2009- 2010- 2015- 2009-
2010 2015 2020 2020
Novas moradias ao ano para suprir a demanda 1.075 1.011 1.032
demográfica
Novas moradias no período para suprir a demanda 2.150 5.055 5.160 12.365
demográfica
Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000),
Estimativas populacionais Ipardes.

Com base nesses dados e na distribuição da população por faixa de renda, é


possível estimar a população que demandará novas moradias mas que não tem condições
de buscar soluções no mercado habitacional e precisará recorrer a financiamentos e
subsídios para satisfazer adequadamente as suas necessidades relacionadas à moradia
(Tabela 39).

129
Devemos considerar no entanto, uma margem de erro, já que a estratificação de
renda utilizada para o período de 2009 a 2020, é a do Censo Demográfico de 2000, não
considerando as variáveis econômicas e sociais que modificam essa estratificação.

Tabela 39 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da


população no Município de Sarandi, subdividido por faixas de renda, entre os anos
de 2009 a 2020.
Sarandi % das famílias Estimativa de novas Estimativa de novas moradias ao ano
por faixa de moradias Sarandi por período
renda (2009 a 2020)
2009-2010 2010-2015 2015-
2020
Até 2 SM 52,15 6.448 561 527 538
De 2 a 3 SM 20,50 2.535 220 207 212
De 3 a 5 SM 16,60 2.053 178 168 171
Mais de 5 SM 10,75 1.329 116 109 111
100 12.365 1.075 1.011 1.032
Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000),
Estimativas populacionais Ipardes.

No entanto há indícios que as projeções populacionais estudas pelo Iparades não


se concretizarão para o futuro próximo, como aponta a queda populacional que se deu na
contagem populacional de 2007, dessa forma, tanto as projeções populacionais e
conseqüentemente a demanda populacional, serão corrigidas. Em 2010 com a realização
do censo municipal, as estimativas deverão ser refeitas buscando um maior retrato da
realidade.

5.4.3. Correção da Projeção Populacional

Analisando o Gráfico 38, podemos verificar três retas de crescimento populacional,


uma contemplando o período de 1991 a 1996, uma entre os anos de 1996 e 2000 e a mais
recente, entre 2000 e 2007.

Nestes anos foram realizados censos demográficos e contagens populacionais


permitindo analisar as taxas de crescimento populacional que houve em cada um desses
períodos. Dessa forma, no primeiro período o crescimento geométrico foi de 4,64%, no
seguinte 4,36% e no período recente, 1,57%, justificado pela queda populacional que há
em 2007, entre a estimativa do Ipardes - 93.467-, e o resultado da contagem - 79.686-, que
totaliza menos 13.781 pessoas.

130
Considerando estas taxas de crescimento, optou-se em aplicar para o período 2008
a 2023 a mesma taxa de crescimento populacional do período anterior, 1,57%; no entanto,
para que esta taxa de crescimento populacional se mantenha é necessário que os demais
municípios da Região Metropolitana de Maringá, especialmente sua cidade pólo,
implementem suas políticas habitacionais e apliquem os instrumentos do Estatuto das
Cidades, de forma a garantir a função social da propriedade e ampliação do acesso a
habitação, especialmente a população de baixa renda.

A Tabela 40 e o Gráfico 39 apresentam os valores calculados pelo IBGE, através


de estimativas e pelo Ipardes, através de projeções, e valores da projeção geométrica
calculada a partir dos censos e contagens populacionais.

Tabela 40- População Censitária, Estimada e Projetada do Município de Sarandi


entre os anos de 1980 a 2020, e Projeção Geométrica da população até 2023
População

Censo e Projeção Censo, Estimada***e


Ano Censitária* Projeção Geométrica** Geométrica Projetada****
1980 - - - -
1991 47.981 47.981 47.981
1992 - 50.210 50.210 48.886
1993 - 52.543 52.543 49.846
1994 - 54.984 54.984 50.693
1995 - 57.539 57.539 51.519
1996 59.600 59.600 60.212
1997 - 62.199 62.199 62.436
1998 - 64.911 64.911 64.309
1999 - 67.742 67.742 66.185
2000 71.422 71.422 68.068
2001 - 72.548 72.548 74.266
2002 - 73.692 73.692 76.354
2003 - 74.853 74.853 78.643
2004 - 76.033 76.033 83.449
2005 - 77.232 77.232 86.108
2006 - 78.449 78.449 88.747
2007 79.686 79.686 79.686
2008 - 80.942 80.942 83.486
2009 - 82.218 82.218 99.220
2010 - 83.514 83.514 102.069
2011 - 84.831 84.831 104.916
2012 - 86.168 86.168 107.749
2013 - 87.526 87.526 110.572
2014 - 88.906 88.906 113.380
2015 - 90.308 90.308 116.169
2016 - 91.731 91.731 118.931
2017 - 93.177 93.177 121.661
2018 - 94.646 94.646 124.352
2019 - 96.138 96.138 126.998

131
2020 - 97.654 97.654 129.581
2021 - 99.193 99.193 -
2022 - 100.757 100.757 -
2023 - 102.345 102.345 -
Fontes: IBGE - Censo Demografico 1980, 1991, 2000; Estimativas Populacionais 1992 - 2008; Ipardes -
Projeções populacionais 2001-2020;
*Dados resultantes dos censos demográficos realizados pelo IBGE;
**Dados resultantes da aplicação do índice de crescimento geométrico, seqüência 1 (Gráfico 39);
***Dados resultantes da contagem da população realizados pelo IBGE, seqüência 2 (Gráfico 39);
****Dados projetados pelo IPARDES, seqüência 2 (Gráfico 39.

Gráfico 39 – Tendência Populacional, Sarandi 1991 a 2023

140.000

120.000
2023; 102.345
100.000

80.000
2007; 79.686
2000; 71.422
60.000
1996; 59.600
40.000 1991; 47.981

20.000

0
91

93

95

97

99

01

03

05

07

09

11

13

15

17

19

21

23
19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20
Seqüência2 Seqüência1

Fontes: IBGE - Censo Demografico 1980, 1991, 2000; Estimativas Populacionais 1992 - 2008; Ipardes -
Projeções populacionais 2001-2020; dados trabalhados pelo Observatório das Metrópoles – Núcleo Região
Metropolitana de Maringá.

No Gráfico 39, a Seqüência 2 indica as estimativas do IBGE para os anos inter


censos e as projeções do Ipardes para os anos subseqüentes a 2000; a Seqüência 1
indica projeções geométricas, considerando as taxas de crescimento para cada ano.
Dessa forma, espera-se para 2023, cenário futuro do Plano Local de Habitação de
Interesse Social de Sarandi, 102.345 pessoas.

5.4.4. Correção do Cálculo para a Demanda Futura

Pela metodologia de estimativa da demanda futura, apresentada no item 5.4.2,


considera-se a população total no final de cada período e o tamanho do domicílio. Nesta
correção as projeções de tamanho de domicílio, obtidos pelo Cedeplar, são mantidas,
modificando apenas as projeções populacionais, obtidas no item anterior.

132
Tabela 41 – População e demanda de novas moradias para suprir o crescimento
demográfico da população no Município de Sarandi entre os anos de 2000 a 2020.
Sarandi 2005-2010 2010-2015 2015-2020 2020-2023
Total da população ao final do período 83.514 90.308 97.654 102.345
Crescimento da população ao ano 1.257 1.359 1.469 1.564
Nº médio de pessoas por domicílio 2,97 2,79 2,60 2,60
estimado para o Estado do Paraná e
adotado para Sarandi
Novas moradias ao ano para suprir a 424 487 565 602
demanda demográfica
Novas moradias no período para 2.270 2.435 2.825 1.806
suprir a demanda demográfica
Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000),
Estimativas populacionais Ipardes.

A Tabela 42 sintetiza a necessidade de construção de novas moradias para o


período 2009 a 2023, desconsiderando os anos anteriores cujo déficit habitacional já foram
estimados e atualizados para 2008.

Tabela 42 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da


população no Município de Sarandi entre os anos de 2009 a 2023.
Sarandi 2009- 2010- 2015- 2020- 2009-
2010 2015 2020 2023 2023
Novas moradias ao ano para suprir a 424 487 565 602
demanda demográfica
Novas moradias no período para 848 2.435 2.825 1.806 7.914
suprir a demanda demográfica
Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000),
Estimativas populacionais Ipardes.

A Tabela 43, considerando a manutenção da distribuição percentual das famílias


em cada uma das classes de renda, estima a necessidade de novas moradias para cada
classe, subdividas em famílias alvo das políticas de subsídio governamental, com renda
familiar menor que três salários mínimos, e famílias com renda mais alta, com
possibilidade de acessar financiamentos de crédito pessoal.

A demanda por novas moradias em Sarandi para atender a formação de novas


famílias e famílias imigrantes, no período de 2009 a 2023 é de 7.914, dos quais 4.127 para
famílias com renda de até 2 salários mínimos mensais e 1.622 para aquelas com renda
mensal de 2 a 3 salários mínimos.

Para as famílias de baixa renda, e portanto carentes de políticas de subsídio, são


necessários 5.749 novas moradias.

133
Tabela 43 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da
população no Município de Sarandi, subdividido por faixas de renda, entre os anos
de 2009 a 2023.
Sarandi % das Estimativa de Estimativa de novas moradias ao ano por período
famílias novas
por faixa moradias
de renda Sarandi (2009 2009- 2010- 2015- 2020 -
a 2020) 2010 2015 2020 2023
Até 2 SM 52,15 4.127 442 1.270 1.473 942
De 2 a 3 SM 20,50 1.622 174 499 579 370
De 3 a 5 SM 16,60 1.314 141 404 469 300
Mais de 5 10,75 851 91 262 304 194
SM
TOTAL 100 7.914 848 2.435 2.825 1.806
Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000),
Estimativas populacionais Ipardes.

134
6. OFERTA HABITACIONAL

6.1. PROGRAMAS DE ACESSO À TERRA E À MORADIA.

Atualmente, para construir, reformar ou comprar um imóvel são disponibilizados


vários meios para obter financiamento ou apoio dos governos federal, estadual e
municipal, tanto por pessoas físicas como também através da intermediação dos governos
locais. Outras principais características que diferenciam estes programas são a origem dos
recursos, as modalidades de intervenção (construção, compra, reforma, etc) e o público
alvo (renda familiar mensal).
Serão apresentadas nos próximos parágrafos, a descrição e análise dos programas
do Governo Federal destinados exclusivamente às famílias com renda mensal de 0 a 3
salários mínimos (baixa renda) e dos programas que abrangem também famílias com
renda mensal acima de 3 salários mínimos, separadamente.
Segundo o Ministério das Cidades, os programas voltados às famílias de baixa
renda são:
a) PROGRAMA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Ação: Apoio ao poder público para construção habitacional. Viabiliza o acesso à
habitação em localidades urbanas ou rurais, por meio das seguintes
modalidades: construção ou aquisição de unidades habitacionais; produção ou
aquisição de lotes urbanizados e requalificação de imóveis existentes.
Beneficiários: Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos.
Origem do recurso: Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS.
Como funciona: O acesso aos recursos podem ser feitos por meio de emendas
parlamentares à Lei Orçamentária Anual (LOA) ou por seleção pública de
propostas realizado pelo MCidades. Neste caso, a União repassa recursos para
estados e municípios construírem moradias para famílias de baixa renda nas
cidades e no campo. Governos locais precisam apresentar contra partidas em
dinheiro ou serviços.
Orçamento:
- Construção / aquisição de casas – repasse de R$ 23.000,00 por família
beneficiada residente em regiões metropolitanas;
- Produção / aquisição de lotes e requalificação de imóveis – repasse de R$
9.000,00 por família beneficiada residente em regiões metropolitanas;
- Municípios com déficit habitacional até 4.999 domicílios – repasse de R$
50.000,00;

135
- Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de
unidades habitacionais verticalizadas.

b) PROGRAMA URBANIZAÇÃO, REGULARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE


ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS
Ação: Melhorar as condições de habitabilidade de populações residentes em
assentamentos humanos precários, para a regularização fundiária e para a
redução de riscos mediante sua urbanização, integrando-os ao tecido urbano da
cidade (com ou sem realocação)
Beneficiários Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos residentes em
assentamentos humanos precários.
Origem do recurso: Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS
Como funciona: o acesso aos recursos podem ser feitos por meio de emendas
parlamentares à Lei Orçamentária Anual (LOA) ou por seleção pública de
propostas realizado pelo MCidades. Neste caso, a União repassa recursos para
estados e municípios melhorarem a situação de assentamentos precários nas
cidades. Governos locais precisam apresentar contra partidas em dinheiro ou em
serviços
Orçamento:
- Urbanização com construção/aquisição de casas em regiões metropolitanas –
repasse de R$ 23.000,00 por família beneficiada;
- Assentamentos entre 100 e 4.000 domicílios – repasse de R$ 5.000.000,00 por
intervenção;
- Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de
unidades habitacionais verticalizadas.

c) PROGRAMA INTERVENÇÕES EM FAVELAS


Ação: Implantar ações integradas de habitação, saneamento e inclusão social
necessárias à regularização fundiária, segurança, salubridade e habitabilidade de
populações localizadas em áreas inadequadas à moradia.
Beneficiários: Áreas ocupadas há mais de 5 anos, com pelo menos 60% das famílias
residentes com renda até 3 salários mínimos e localizadas em favelas.
Origem do recurso: Orçamento Geral da União (OGU)
Como funciona: A União repassa recursos para estados e municípios melhorarem a
situação das favelas nas cidades. Os agentes executores (governos locais e
outras que vierem a ser definidas) precisam apresentar contrapartidas.
Orçamento:
136
- Urbanização com construção/aquisição de casas em regiões metropolitanas –
repasse de R$ 23.000,00 por família beneficiada;
- Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de
unidades habitacionais verticalizadas.

d) PROGRAMA DE SUBSÍDIO À HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - PSH


Ação: Oferecer acesso à moradia adequada por intermédio da concessão de subsídios.
Estes subsídios são destinados diretamente à complementação do preço de
compra/venda ou construção das unidades residenciais, variável de acordo com
a localização do imóvel.
Beneficiários: Pessoas físicas com rendimento familiar mensal de até 3 salários
mínimos (R$1.140,00).
Origem do recurso: Orçamento Geral da União (OGU) com contrapartida dos Estados
ou Municípios.
Como funciona: Para ter acesso ao projeto, o cidadão deve procurar a Secretaria de
Habitação ou órgão equivalente dentro do estado para realizar o cadastro. Os
governos locais devem organizar as famílias interessadas, apresentar proposta
de participação no programa à instituição financeira habilitada; e responsabilizar-
se pela concepção do projeto do empreendimento e pela respectiva contrapartida
necessária a sua viabilização.
Orçamento: complementação aos valores de produção/aquisição de moradias.
- Construção de casas em regiões metropolitanas – subsídio de até R$ 8.000,00;
- Aquisição de casas – subsídio não superior a R$ 4.500,00 para imóveis com
valor até R$ 28.000,00, em regiões metropolitanas;

e) PROGRAMA CRÉDITO SOLIDÁRIO


Ação: Atendimento de necessidades habitacionais da população de baixa renda
organizada por cooperativas ou por associações visando a produção de novas
habitações, a conclusão ou reforma de moradias, mediante concessão de
financiamento diretamente ao beneficiário, pessoa física (máximo de 200
participantes). O Programa atende necessidades habitacionais de famílias,
adquirentes ou proprietários de habitações ou lotes, na seguinte forma: aquisição
de material de construção; aquisição de terreno e construção; construção em
terreno próprio; conclusão, ampliação e reforma de unidade habitacional
Beneficiários: Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos.
Origem do recurso: Fundo de Desenvolvimento Social (FDS)

137
Como funciona: As cooperativas e associações devem procurar a Caixa Econômica
Federal e entregar o projeto para a construção.
Orçamento:
- Aquisição de material de construção em Regiões Metropolitanas – financiamento
de até R$ 10.000,00
- Demais modalidades em Regiões Metropolitanas – financiamento de até R$
20.000,00

f) PROGRAMA PRÓ-MORADIA - ATENDIMENTO HABITACIONAL ATRAVÉS DO


SETOR PÚBLICO
Ação: Financia os estados e municípios para oferecer acesso à moradia adequada à
população em situação de vulnerabilidade social através das seguintes
modalidades: urbanização e regularização de assentamentos precários; produção
de conjuntos habitacionais; desenvolvimento institucional
Beneficiários: Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos.
Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
Como funciona: Financiamento aos estados e municípios para construção de
conjuntos habitacionais com contrapartida mínima de 5% para produção de
conjuntos ou urbanização e regularização de assentamentos precários, ou 7,5%
para desenvolvimento institucional, no valor de investimento
Orçamento:
- Urbanização e construção de casas em Região Metropolitana – R$ 28.000,00;
- Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de
unidades habitacionais verticalizadas;
- Juros mensais de 5% ao ano e demais taxas;
-Prazo de amortização de 20 anos.

A descrição dos programas acima revela que as famílias de baixa renda têm
melhores condições de acesso às seguintes modalidades de intervenção:
• Construção de unidades habitacionais;
• Aquisição de unidades habitacionais novas ou usadas;
• Produção ou aquisição de lotes urbanizados;
• Requalificação de imóveis urbanos;
• Urbanização de assentamentos precários;
• Conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de unidade habitacional em assentamentos
precários;

138
• Aquisição de material de construção para unidades habitacionais em assentamentos
precários ou por meio de cooperativas e associações;
• Urbanização de favelas;
• Construção ou aquisição de unidades habitacionais em favelas.
Não há, portanto, uma modalidade para melhoria, reforma ou ampliação da
moradia voltada diretamente às faixas de renda mais baixa não residentes em
assentamentos precários. No entanto, essa modalidade é disponibilizada para a população
com renda de R$ 415, como mostram os programas a seguir:

g) PROGRAMA CARTA DE CRÉDITO INDIVIDUAL


Ação: financiamentos a pessoas físicas para fins de aquisição de imóvel novo ou
usado, construção, conclusão, ampliação, reforma ou melhoria, propiciando ainda
a aquisição de cesta de material de construção ou a aquisição de lote
urbanizado.
Beneficiários: Famílias com renda mensal de R$ 380,00 a R$ 3.900,0035. Não é
necessário ter depósitos na conta vinculada do FGTS para contratar.
Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
Como funciona: Financiamento obtido na Caixa Econômica Federal
Orçamento:
- Aquisição de material de construção para famílias com renda mensal bruta
máxima de R$ 1.900,00. Financiamento de R$ 1.000,00 a R$ 7.000,00. Prazo
máximo de amortização de 96 meses e mínimo de 36 meses. Construção em até
6 meses.
- Construção de unidade habitacional – financiamento de até R$ 80.000,0036.
- Aquisição de unidade habitacional nova ou usada – financiamento de até R$
80.000,00.

35
Nos casos de financiamentos vinculados a imóveis situados nos municípios integrantes das
Regiões Metropolitanas dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, no Distrito Federal, nos
municípios com população igual ou superior a quinhentos mil habitantes, nos municípios da Região
Integrada do Distrito Federal e Entorno – RIDE e nas demais capitais estaduais, englobando, estas
últimas, os municípios integrantes das respectivas regiões metropolitanas em situação de
conurbação, admite-se a elevação da renda familiar mensal bruta para até R$ 4.900,00.
36
Quanto aos valores de venda/avaliação/investimento, admite-se a elevação para até R$
130.000,00, nos casos de financiamentos vinculados a imóveis situados nos municípios integrantes
das regiões metropolitanas dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e no Distrito Federal; ou
até R$ 100.000,00, nos casos de financiamentos vinculados a imóveis situados nos municípios com
população igual ou superior a quinhentos mil habitantes, municípios da Região Integrada do Distrito
Federal e Entorno – RIDE, e demais capitais estaduais, englobando, estas últimas, os municípios
integrantes das respectivas regiões metropolitanas em situação de conurbação.

139
- Conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de unidade habitacional –
financiamento de até R$ 70.000,00 para famílias com renda mensal bruta
máxima de R$ 3.000,00.
- Aquisição de lote urbanizado – financiamento de até R$ 25.000,00 para famílias
com renda mensal bruta máxima.
- Juros de 6% ao ano para renda familiar bruta de R$ 380,00 até R$ 1.875,00 e
juros de 8,16% ao ano para renda familiar bruta de R$ 1.875,01 a R$ 4.900,00.
- A taxa de juros é reduzida em 0,5% quem tem três anos de trabalho em uma ou
mais empresa, sob o regime do FGTS. Esse período pode ser consecutivo ou
não.
- Contrapartida mínima de 5% incidentes sobre os valores de venda ou avaliação
ou investimento na unidade habitacional.

Limitações do programa:
- Limitação por idade: quem é mais velho tem dificuldade de financiar por longos
períodos (verificar onde está escrito).
- Financiamento exige 20% de entrada (verificar onde está escrito)
- Não é permitido comprometer mais de 30% da renda
- Tem que ter carteira assinada ou rendimento fixo constante

h) PROGRAMA CARTA DE CRÉDITO ASSOCIATIVO


Ação: financiamentos a pessoas físicas, organizadas sob a forma de grupos
associativos (condomínios, sindicatos, cooperativas, associações, pessoas
jurídicas voltadas à produção habitacional e Companhias de Habitação (COHAB)
ou órgãos assemelhados). O programa permite a produção de lote urbanizado, a
construção de unidade habitacional ou a aquisição de unidade nova produzida no
âmbito do próprio programa.
Beneficiários: Famílias com renda mensal bruta de até R$ 3.900,00.
Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
Como funciona: Financiamento obtido na Caixa Econômica Federal
Orçamento:
- Aquisição de unidades habitacional - financiamento de até R$ 80.000,00.
- Construção de unidades habitacional - financiamento de até R$ 80.000,00.
- Reabilitação urbana - financiamento de até R$ 80.000,00.
- Produção de lotes urbanizados - financiamento de até R$ 25.000,00.
- Prazo de amortização de 30 anos.

140
i) PROGRAMA DE APOIO À PRODUÇÃO DE HABITAÇÕES
Ação: produção habitacional ou reabilitação urbana, voltados à população-alvo do
FGTS, por intermédio de financiamentos a pessoas jurídicas do ramo da
construção civil. Os empreendimentos de reabilitação urbana objetivam a
aquisição de imóveis, conjugada com a execução de obras e serviços voltados à
recuperação e ocupação para fins habitacionais, admitidas ainda obras e serviços
necessários à modificação de uso.
Beneficiários: Famílias com renda mensal bruta de até R$ 3.900,00.
Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
Como funciona: Empresas do ramo da construção civil contratam operações de
financiamento com os Agentes Financeiros (SFH), executam e comercializam as
unidades produzidas. Os projetos deverão estar comprovadamente inseridos em
planos municipais de reabilitação de áreas urbanas dotadas de infra-estrutura,
equipamentos e serviços públicos.

Orçamento:
- O valor do financiamento fica vinculado ao valor de venda ou avaliação, o menor,
das unidades habitacionais do empreendimento, limitado a R$48.000,00 e ainda a
100% dos custos da produção. Os valores de financiamento podem chegar a R$
78.000,00 em casos que não cabem em Sarandi (Regiões Metropolitanas de São
Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal, etc.)
- O prazo de carência será equivalente ao prazo previsto para a execução das
obras, limitado a 24 meses. O prazo de amortização fica limitado a 60.
- Juros mensais, nas fases de carência e amortização, à taxa nominal de 6% ao
ano, acrescida da remuneração do Agente Financeiro de 2% ao ano.
Limitações do programa:
- Somente para requalificações
- Somente para população-alvo do FGTS

j) PROGRAMA DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL - PAR


Ação: Propiciar moradia à população de baixa renda, sob a forma de arrendamento
residencial com opção de compra. Engloba a aquisição de empreendimentos
novos, a serem construídos, em construção ou a recuperar/reformar. Entre as
principais diretrizes do programa, destacam-se: melhoria das condições do
estoque de imóveis existentes, intervenção em áreas objeto de Planos Diretores,
aproveitamento de imóveis públicos ociosos em áreas de interesse habitacional

141
Beneficiários: Famílias com renda mensal de até R$1.800,00. Admite-se a elevação do
limite de renda familiar mensal nos seguintes casos:
Até R$ 2.100,00, nos casos de proponentes ao arrendamento de unidades
habitacionais de empreendimentos reformados, inseridos ou não em programas
de requalificação de centros urbanos ou recuperação de sítios históricos;
Até R$ 2.800,00, nos casos de atendimento aos militares das forças armadas e
aos profissionais da área de segurança pública.
Origem do recurso: Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) composto com
recursos provenientes de empréstimo junto ao FGTS e recursos provenientes do
FAS, FINSOCIAL, FDS e PROTECH
Como funciona: As famílias devem se cadastrar junto aos governos locais e a Caixa
fica responsável pelo repasse do recurso e pela seleção da construtora
responsável pelas obras. Ao final das prestações do arrendamento (180 meses),
o beneficiado torna-se o proprietário do imóvel.
Orçamento:
- O valor máximo de aquisição é R$34.000,0037
- A taxa de arrendamento mensal será fixada em 0,7% do valor de aquisição da
unidade habitacional. Para os projetos com a especificação técnica mínima e
destinação das unidades para famílias com renda até R$ 1.200,00, a taxa de
arrendamento será fixada em 0,5% do valor de aquisição das unidades
habitacionais.

Limitação do programa:
- Abrange somente os municípios abrangidos pelo PAR. Área de atuação38:
Capitais estaduais, suas regiões metropolitanas e municípios com população urbana acima
de 100 mil habitantes, conforme Censo Demográfico 2000, IBGE. Sarandi não está
incluso.
Os programas destinados às famílias com renda familiar mensal que atinja até
R$3.900,00 (mais de 9 salários mínimos mensais) incluem as seguintes modalidades de
ação:
• Construção de unidades habitacionais

37
Municípios integrantes das regiões metropolitanas e das regiões integradas de desenvolvimento
econômico e municípios com população urbana igual ou superior a cem mil habitantes. Nos casos
de projetos de reforma de imóveis, inseridos ou não em Programas de requalificação de centros
urbanos ou recuperação de sítios históricos, o valor máximo de aquisição de cada unidade
habitacional será de R$ 40.000,00 nos municípios do Rio de Janeiro e São Paulo e de R$ 38.000,00
nos demais municípios abrangidos pelo PAR nas Unidades da Federação.
38
http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programas_habitacao/par/saiba_mais.asp.
Acessado em outubro de 2008. No site é possível baixar a lista dos municípios abrangidos pelo
PAR.
142
• Conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de unidades habitacionais,
propiciando ainda a aquisição de cesta de material de construção
• Aquisição de unidades habitacionais novas ou usadas
• Aquisição de lotes urbanizados
• Financiamento de material de construção
• Requalificação de Imóveis Urbanos
• Aquisição de empreendimentos novos, a serem construídos, em construção
ou a recuperar/reformar sob a forma de arrendamento residencial com a
opção de compra.

6.2. DISPONIBILIDADE DE SOLO URBANIZADO.

Em Sarandi, os terrenos urbanos disponíveis para a implantação de conjuntos


habitacionais compreendem os lotes vazios e as grandes áreas privadas também vazias
ou de uso agrícola. Atualmente a prefeitura tem utilizado para esse fim os terrenos
adquiridos das loteadoras através de ações judiciais movidas contra aquelas que não
cumpriram com as legislações Federal 6766/79 e Municipal 04/92 e, por isso, encontram-
se irregulares. O município de Sarandi ajuizou 17 Ações contra loteadoras tendo sido
julgadas, até o presente momento, 9 delas. O Mapa 11 mostra os terrenos já em posse da
prefeitura (145 unidades) e aqueles que foram recusados ou que foram aceitos com
restrições (88 unidades) até o momento, que somam 233 lotes localizados nos bairros
Jardim Universal e Nova Independência 1a e 2a Parte. Cabe ressaltar que os Conjuntos
Habitacionais em construção Alvamar II e o PAC-Habitação já estão utilizando tais
terrenos.
Percebe-se, no entanto, que esta prática pode acarretar problemas futuros de falta
de áreas públicas disponíveis nesses bairros para a construção de equipamentos, parques
e áreas verdes já que este deveria ser o destino das mesmas e, além disso, existem
poucas áreas públicas desocupadas no município (Mapa 10). A maioria delas localizam-se
em áreas periféricas - algumas em fundo de vales, como é o caso dos bairros Parque Res.
Nova Aliança, Jardim Novo Bertioga e Residencial São José 2.
Segundo o cadastro territorial urbano do município, existem 11.663 lotes vazios
dentro dos loteamentos aprovados pela prefeitura e outros 1000 novos lotes resultantes de
2 novos loteamentos aprovados em 2008 (em implantação). A Tabela 41 mostra os
bairros/loteamentos que apresentam quantidade superior a 80 lotes vazios.

143
Tabela 44 - Bairros/Loteamentos que apresentam mais de 100 lotes vazios no
município de Sarandi
Bairro No de lotes
vazios*
Jardim Novo Independência 1248
Parq Res Bom Pastor 1147
Jardim Independência 885
Parq Res Nova Aliança 855
Jardim Universal 772
Jardim Monte Rey 673
Parque Alvamar II 481
Parq Res Bela Vista II 439
Jardim Verão 372
Jardim Ouro Verde 353
Jardim Novo Bertioga 339
Parq Res Santana 311
Residencial São José II 292
Parq Res Alphavile 286
Jardim das Torres 268
Parq Res Bela Vista 212
Jardim Tropical 205
Jardim Ana Eliza 178
Parque Alvamar 176
Jardim Castelo 165
Jardim Panorama 153
Parq Res Novo Centro 142
Jardim Califórnia 114
FONTE: Prefeitura Municipal de Sarandi / Cadastro Territorial Urbano
* Os lotes vazios correspondem também aos lotes desmembrados
Observa-se no Mapa 10 que os lotes vazios são mais freqüentes nas áreas de
expansão urbana. Alguns desses bairros periféricos têm mais de 24 anos, porém o
isolamento e a falta de infra-estrutura continuam desestimulando sua consolidação. Ainda
assim, é importante que o poder público incentive a ocupação dessas áreas para que seja
possível reduzir o custo da habitação com o aproveitamento das estruturas já existentes e
para que as melhorias urbanas sejam executadas favorecendo futuros e atuais moradores.
Os bairros mais próximos do centro da cidade como o Pq. Res. Santana, Jardim Itamaraty,
Jardim Novo Castelo e Pq. Res. Bela Vista 2a Partes são os mais propícios para ocupação
devido a suas condições facilitadas de mobilidade. Ao contrário, os bairros Jd. Universal,
Jd. Bom Pastor, Jd. Nova Independência 1a e 2a partes, Pq. Res. Nova Aliança e Jd.
Monterrey, se mostram menos vantajosos quanto ao acesso aos serviços da cidade.
Bairros como o Jd. das Torres e Jd. Novo Bertioga dependem da ocupação de
áreas vazias intermediárias para estabelecerem definitivamente uma conexão com o

144
centro urbano. Em Sarandi, estas áreas denominadas vazios urbanos são frequentemente
utilizadas para cultivo agrícola, mas devem ser pensadas para a implantação de conjuntos
habitacionais novos.
O total de vazios urbanos dentro do perímetro do município, resultante da soma
das áreas residenciais e áreas vazias, é aproximadamente 3.741.205,00 m2 o que justifica
a permanência do atual perímetro urbano sem que ele seja expandido39. Desse montante,
as áreas passíveis de ocupação somam aproximadamente 2.110.640,00 m2 o que
corresponde a cerca de 5.925 lotes de 250 m2 (lotes que poderiam beneficiar cerca de
21.500 pessoas). O atual Plano Diretor do Município (ainda não concluído) deve definir as
ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) de uso prioritário para a construção de
Habitação de Interesse Social.

É necessário lembrar que não há um plano de diretrizes urbanísticas para a


implantação de novos loteamentos nestas áreas vazias. A cidade experimenta hoje as
dificuldades de mobilidade e acessibilidade geradas pela falta de planejamento dos
empreendimentos do passado. Afora estas dificuldades, enfrenta ainda a proximidade das
barreiras geográficas e interurbanas que limitam sua expansão em quase todas as
direções. Mais que a superação das incapacidades técnicas pregressas, o ordenamento
da ocupação urbana em Sarandi constitui a base da política habitacional no município que
deve começar agora.

6.3. PRODUÇÃO HABITACIONAL DE MERCADO.

Neste capítulo será traçado um panorama da produção habitacional de mercado de


Sarandi, compreendendo o valor do solo, a produção de solo urbanizado e a produção de
unidades habitacionais pelos agentes imobiliários, que via de regra tem atendido a
população com rendimentos não abarcados pela política habitacional municipal, estadual
ou nacional, representando a demanda solvável pelas condições de mercado local.
6.3.1. Valor do Solo Urbano

A demanda solvável da habitação está intimamente ligada ao poder de compra de


lotes urbanizados, e o custo do solo é o que determina em grande parte o déficit
habitacional, na medida que facilita ou dificulta o acesso da população a este bem.

O valor do solo e as transformações das cidades estão associados a dois fatores


principais: o desenvolvimento econômico e o crescimento demográfico, que fomentam a

39
Com exceção da área vazia entre a malha urbana e o Jardim das Torres. Entende-se que a incorporação
desta área no perímetro é necessária para uma conexão com o centro urbano.
145
incorporação de novas áreas à malha urbana e intensificam o uso das áreas já ocupadas.
(JORGENSEN,2008)

Segundo Borrero (2008), o desenvolvimento econômico implica maior demanda de


terrenos centrais para as atividades de comércio e de prestação de serviços; de terrenos
adequadamente urbanizados e próximos a estas atividades para a construção de
moradias; e de terrenos estrategicamente localizados, geralmente ao longo de rotas de
acesso à cidade, para a construção de fábricas, garagens e armazéns. E implica, por outro
lado, a criação de novos postos de trabalho, e com eles a atração de mão-de-obra
imigrante, que por sua vez demandará terras ou casas acabadas para morar ao alcance de
suas possibilidades.

Ainda segundo aquele autor, o crescimento demográfico vegetativo e migratório faz


com que haja um aumento do valor dos aluguéis e do preço da terra, pois como em
qualquer outro mercado, a oferta e demanda determinam o preço do imóvel, que quanto
mais bem localizado, mais alto o seu preço – independentemente do custo de construção –
e maior a sua probabilidade de valorização.

E em vista disso, as famílias que têm maior capacidade de pagamento geralmente


optam por adquirir um imóvel, reflexo do país onde a propriedade tende a ser considerada
a maneira mais segura de progresso patrimonial em longo prazo. As famílias que não tem
poupança, capacidade de endividamento ou não possuem segurança dos rendimentos
mensais por estarem incluídos no mercado informal de trabalho, podem passar toda a sua
vida morando em imóveis locados, pagando ao proprietário da moradia uma renda mensal
pelo direito de usá-la.

Para explicar o funcionamento do mercado foram desenvolvidos modelos que


consideraram fatores como a localização do imóvel, os custos de transporte, a quantidade
e uso de solo demandado e os fatores de produção imobiliária. Na base de todos esses
modelos está a renda ofertada pelos diversos agentes aos proprietários do solo urbano.

Segundo Jorgensen (2008) o modelo proposto por William Alonso, estabelece um


continuum cidade-campo com base na demanda de três categorias de uso: agrícola,
residencial, comercial. Estes usos da terra tendem a competir a oferta de localizações.

Por este modelo, a renda ofertada pelo solo (aluguel) representa o resíduo do
rendimento dos agentes depois de descontadas as despesas de transporte e demais
gastos essenciais à sua atividade, resultando em três curvas de oferta de renda (aluguel)

146
que se interceptam, formando uma curva de renda de mercado (curva-envelope) tal que os
lances mais altos exercem o seu poder de preempção na ocupação das distintas regiões-
distância ao centro urbano.

Por este modelo, a estrutura espacial resultante desse continuum urbano-rural ideal
monocêntrico e homogêneo sob todos os aspectos, se apresenta como uma sucessão de
círculos concêntricos de uso comercial, residencial e agrícola, definidos a partir de centros
tradicionais e de novas centralidades que ao longo dos anos vão adquirindo importância.

No município de Sarandi, os dois fatores principais que ocasionam demanda por


terra e habitação, desenvolvimento econômico e crescimento demográfico estão
associados ao município pólo da região metropolitana, Maringá.

Segundo Rodrigues (2005), na concepção de Maringá a companhia colonizadora


projetou a cidade com um zoneamento das áreas habitacionais segundo classes de renda,
desta forma localizava nas áreas centrais e em suas proximidades as áreas residenciais
“principais”, a oeste as “populares”, e a leste, próximo à zona industrial, a área residencial
“operária”, fato que se torna evidente nos dias atuais, onde se observam distinções na
ocupação residencial segundo a condição de classe, e as rendas baixas se localizam nas
áreas de expansão que se desenvolveram fora do traçado original da cidade.
Ainda segundo Rodrigues (2005):
“Além do afastamento da população de baixa renda para a periferia do
perímetro urbano, ocorreram processos sociais, econômicos e políticos
em Maringá que excluíram essa população dos próprios limites do
município, afastando-a para cidades vizinhas, como Sarandi e Paiçandu,
até hoje aglomerações urbanas desprovidas da infra-estrutura básica,
presente em Maringá desde o início de sua fundação”.

Sobre isso Negri (2001) afirma que o desenvolvimento baseado sobretudo na


economia agro-industrial, fez com que Maringá conseguisse cada vez mais influência
sobre as demais cidades próximas, passando a comandar o processo de produção do
espaço urbano. Sobre a ocupação do território e a expansão urbana de Maringá, o autor
afirma que esta se dá a partir de 1947, mesmo ano em que tem início a expansão da
malha urbana para além do projeto original de Jorge Macedo Vieira, sobretudo em direção
a Zona Norte da cidade, com o loteamento da Vila Santo Antônio e posteriormente as Vilas
Progresso, Santa Izabel, Jardim Alvorada e Vila Morangueira, estes dois últimos em 1963.

A ocupação acelerada da área central do município e a expansão do território,


segundo Mendes e Benaduce (1994), apud Veloso, (2003), iria determinar um valor fictício

147
muito elevado da terra urbana, ocasionando o deslocamento da população de baixa renda
para áreas mais afastadas do centro, em direção a periferia.

Esse deslocamento se dá tanto em direção a periferia urbana de Maringá, quanto


aos municípios contíguos, Sarandi e Paiçandu, como apontado pelos dados do IBGE,
2000, em que apresentaram entre os anos de 1996 à 2000, os maiores crescimentos
populacionais, 4,35% e 3,17% ao ano, respectivamente, e Maringá, um incremento
populacional de 1,86%.

Segundo Figueiredo (1997) grande parte da população de baixa renda que reside
nestes municípios busca um custo de vida mais barato que em Maringá e “abrigam uma
população pobre, que foram empurradas para a periferia, mas que diariamente dirigem-se
a ela para trabalhar”.

Dessa forma, o valor do solo urbano de Sarandi se desenvolve subordinado ao


mercado imobiliário em Maringá, que se apresenta como um centro regional de
valorização, seguido por círculos locais definidos pelos subcentros comerciais.

A Planta Genérica de Valores (MAPA 09), que define o Valor Venal do Terreno por
Zonas Fiscais e serve como base a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU), considera homogêneas as áreas pelo valor do solo segundo a dinâmica do
mercado, que como explicitado anteriormente, leva em conta a possibilidade de renda
ofertada em transações de compra, venda ou aluguel do imóvel ou exploração econômica
pelas atividades produtivas.

São doze Zonas Fiscais voltadas para usos residenciais, comerciais ou industriais
onde há uma ocupação clara do território, mesmo que a densidade seja baixa como por
exemplo do Jardim Universal, e quatro zonas com uma densidade de ocupação baixa, sem
parcelamento do solo, áreas verdes ou com características rurais.

Em Sarandi a intensificação do uso na Avenida Londrina, nas proximidades do


centro e à Rodovia BR-376, se configuram como locais onde o preço do metro quadrado é
o mais alto da área urbana, além desses eixos, destacam-se também a Avenida Rio de
Janeiro, Rua Castro Alves, Avenida Maringá, Avenida Montreal e Avenida Cuiabá.

Esses eixos se configuram como subcentros urbanos de Sarandi: a Avenida


Londrina define a centralidade principal, tanto na área central quanto no Jardim
Independência, a Avenida Rio de Janeiro e a Rua Castro Alves também no Jardim
Independência, a Avenida Montreal no Jardim Panorama, a Avenida Maringá entre Jardim
148
Verão e Jardim Paulista e por fim, a Avenida Cuiabá, que também começa a centralizar
usos comerciais e de serviços no Jardim Esperança e Bela Vista.

O terreno residencial tem o seu valor diminuído a partir desses pontos em direção
ao perímetro da cidade, tendência alterada apenas pela presença de infra-estrutura, mais
especificamente de calçamento da via pública. Dessa forma os maiores valores se
concentram principalmente na área central da cidade e no Jardim Independência 1ª e 2ª
Partes, os valores intermediários se concentram entre a área valorizada do centro e a via
férrea, na parte sul, e entre a Rua Castro Alves e Avenida João Marangoni, a norte, e parte
da Parque Alvamar que se encontra melhor servido de infra-estrutura.

A partir dessa área intermediária, se encontram grande parte dos bairros que foram
classificados como precários no item 5.3.2 deste capítulo, e que não possuem as vias
asfaltadas, áreas de lazer urbanizadas ou equipamentos públicos, além de se encontrarem
distantes das áreas melhores servidas, e possuem os menores valores do lote.

Desse mercado imobiliário, que se dá em loteamentos precários, destacam-se o


Parque Residencial Bom Pastor, Jardim Universal, Jardim Nova Independência 1ª e 2ª
Partes, Residencial São José e Jardim Social, na porção norte da área urbana, o Parque
Residencial Nova Aliança, a leste, o Jardim das Torres, o Jardim Monterrey, o Jardim Novo
Bertioga e toda a área situada entre a Rua Pontaporã e a Rua Pioneiro Francisco Brogio, a
sul.

Nos bairros situados na porção norte, há uma tendência de desvalorização do solo


em direção ao fundo de vale, com valores médios que variam entre R$ 2.000,00 e R$
3.000,00 o lote com áreas de 250 a 300 metros quadrados, aumentando em direção a
Avenida João Marangoni com valores médios de R$10.000,00 no Parque Residencial Bom
Pastor de R$25.000,00 no Jardim Nova Independência, nas proximidades do conjunto
residencial “Mutirão”, o que deve se configurar como um ponto de tensão entre os
interesses do mercado, já que esta ocupação ocasiona uma depreciação dos valores dos
lotes adjacentes.

Esta tendência a valorização do terreno em direção ao espigão também se dá no


Parque Residencial Nova Aliança, com valores médios de R$ 4.000,00 no fundo de vale a
R$ 20.000,00 nas proximidades da Avenida Maringá.

Na periferia sul, a partir da Rua Pontaporã, os valores variam entre 5 a 10 mil reais,
motivado principalmente, além da falta de infra-estrutura, pela distância as áreas centrais,

149
como por exemplo o Jardim das Torres, Conjunto Residencial Floresta e Jardim Novo
Bertioga.

Na configuração do valor do solo, em Sarandi a linha férrea representa uma divisão


entre a área central onde os lotes para fins residenciais oscilam entre R$ 50 mil e R$ 100
mil reais ou R$ 25 a 40 mil no Jardim Paulista e Verão, para menos de R$ 25 mil reais nos
bairros localizados a sul da linha férrea e a Rua Pontaporã.

Assim como nesta área, a presença de infra-estrutura e principalmente do


asfaltamento das vias, além de outros fatores como a proximidade a centralidades urbanas
elevam consideravelmente o valor do terreno, como no Jardim Verão e Paulista, que
margeiam parte da Avenida Maringá, parcela dos Parque Alvamar I e II, Jardim Panorama
e Novo Panorama, que se encontram melhores localizados, tanto pela proximidade a
Maringá quanto pela presença de uma centralidade na Avenida Montreal que concentra
uma atividade comercial relativamente intensa. Nestes bairros o valor do terreno está entre
R$ 25 e R$ 40 mil reais. Assim como esses bairros, no Jardim Independência 3ª Parte, o
valor do solo é inferior as áreas centrais, com uma queda acentuada em direção ao fundo
de vale, mesmo com a proximidade da Universidade de Sarandi – UNISA.

Nas centralidades urbanas de maior importância, Praça Ipiranga, Avenida Maringá,


Avenida Londrina e outros eixos comerciais importantes localizados sobretudo no Jardim
Independência 1ª e 2ª Partes, estão localizados os terrenos residenciais com valores mais
altos, acima de 50 mil a norte da Avenida Colombo (BR 376) chegando a 100 mil reais a
sul da Avenida Colombo.

Desta forma, podemos identificar 5 faixas de valores para os terrenos urbanos


residenciais de Sarandi, determinadas principalmente pelo escasseamento dos terrenos
mais bem localizados, onde há uma disputa pelos usos residenciais e comerciais, pela
ocupação da demanda solvável para a área de influência de centralidades secundárias, e
pela ocupação da demanda não solvável para outras zonas, periféricas à cidade
urbanizada, no caso de Sarandi, carente de infra-estrutura e de equipamentos públicos.
Estão assim identificados as 5 faixas de valores dos terrenos:

• Valores inferiores a 5 mil reais: localizados sobretudo nos bairros


precários de infra-estrutura, com carência de equipamentos, de difícil
acesso e localizados em terrenos próximos aos fundos de vale dos
bairros que divisam com o Ribeirão Guaiapó e Córrego Tahy;

150
• Entre 5 a 10 mil reais: estes bairros possuem uma topografia mais
suave se comparados com os lotes do caso anterior, porém se
encontram isolados da malha urbana, caso do Jardim das Torres,
Jardim Monterrey e Jardim Novo Bertioga, ou apresentam falta de infra-
estrutura, caso do Jardim Bela Vista 1ª e 2ª Parte ou Jardim
Independência 3ª Parte;
• Entre 10 a 20 mil reais: estes terrenos estão localizados em bairros
próximos a áreas centrais, mas há dificuldade de acesso, caso dos
bairros limitados pela via férrea, ou estão em áreas desvalorizadas de
bairros bem localizados, como aqueles localizados próximo ao Córrego
Guaiapó do Parque Alvamar I e II;
• Entre 20 e 50 mil reais: estes terrenos estão localizados próximos a
centros que apresentam uma relativa importância, como a porção leste
da Avenida Maringá, no Jardim Paulista e Jardim Verão, ou no espigão
de determinados bairros como Alvamar e Novo Panorama, que se
encontram próximos ao subcentro da Avenida Montreal, Jardim Nova
Independência 1ª e 2ª Parte que apresentam ruas asfaltadas e próximos
a Avenida Curitiba;
• Entre 50 a 100 mil reais: localizam-se em áreas centrais, localizados
sobretudo no Bairro Sarandi Centro, Jardim Independência 1ª e 2ª Parte
e Panorama, que apresentam infra-estrutura e concentram usos
institucionais, financeiros e comerciais.

6.3.2. Agentes Imobiliários e Produção de Lotes Urbanizados

Segundo Harvey (1980) apud Mendes (1992), os incorporadores imobiliários são


proprietários fundiários, agentes imobiliários, a indústria da construção civil, as instituições
financeiras e as instituições governamentais.
Também Mendes (1992) , define os agentes que atuam no espaço urbano,
podendo se constituir em vários grupos distintos entre si:

• Os proprietários fundiários urbanos;


• Os produtores (promotores) fundiários e os produtores imobiliários/
incorporadores;
• A burguesia que detém o capital para investir na produção (promoção)
imobiliária;
• Os compradores de imóveis (demanda solvável);

151
• Os ocupantes de terrenos (invasões) e moradias urbanas (população de
baixa renda);
• O poder público (Estado) e as organizações transnacionais.

Sendo que cada um deles está determinado por regras de valorização de cada
capital em particular. Os proprietários fundiários procuram extrair a maior renda possível
de seus terrenos (especulação), os produtores obter o maior lucro possível de suas
construções, a burguesia extrair a maior quantia de juros possível, os proprietários de
moradias o maior valor possível de aluguel, a demanda não solvável procura se organizar
e reivindicar seus direitos através da luta de classes, o Estado tenta organizar o mercado,
para reduzir os conflitos sociais entre as diversas classes presentes no espaço urbano
(MENDES, 1992).

Sobre a produção do espaço urbano, Capel (1974) afirma que este é resultado da
prática de determinados agentes, que atuando dentro do marco do sistema capitalista,
utilizam os mecanismos legais a sua disposição ou atuam a margem da legislação
pertinente e obtem, posteriormente, a sanção legal correspondente.

Jorgensen (2008) confirma o que foi dito anteriormente, afirmando que a


expectativa que move os proprietários de solo é a máxima valorização de seus terrenos,
resultante principalmente dos investimentos públicos – mas também privados – que fazem
deles localização desejada por potenciais compradores e usuários. A possibilidade de
obtenção de ganhos extraordinários em forma de renda do solo transforma construtores
em incorporadores e faz dos bancos sócios destes últimos nos negócios imobiliários.

Jorgensem (2008) afirma ainda que a terra periférica barata, como é o caso dos
bairros periféricos de Sarandi e mesmo de Sarandi em relação à Maringá, proporciona aos
primeiros empreendedores desta nova “localização” altíssimos ganhos, pressionando,
como era de se esperar o setor público a prover serviços as novas áreas, processo que
redesenha a estrutura da centralidade urbana e o próprio mapa de preços e da
correspondente apropriação social do solo. Dessa forma, configura-se o espaço urbano de
forma desordenada, obedecendo apenas os interesses imobiliários (situação que se
materializa em Sarandi).

Em Sarandi vemos a atuação principalmente do incorporador imobiliário na


produção do espaço urbano, definido por Ribeiro (1982) como aquele que exerce as
seguintes funções: a escolha e compra do terreno, a análise de mercado, a concepção e
desenvolvimento do projeto compreendendo aspectos técnicos, legais, fiscais, financeiros

152
e operacionais e mobilização do capital necessário à operação, compreendendo
financiamento para a construção e para o consumidor final.

As incorporadoras que tiveram maior atuação em Sarandi, em primeiro momento,


agruparam diversas propriedades rurais do entorno do núcleo inicial, como evidenciado na
Figura 38, de implantação do Jardim Esperança II, aprovado em 1976, que retrata o
parcelamento original destas propriedades, substituídas, a partir de meados da década de
70, por loteamentos urbanos para fins residenciais. A capacidade de acumular terra com a
incorporação de diversas propriedades rurais explica em parte o sucesso das maiores
incorporadoras, como a Construtora Vicky e Imobiliária Sol. Exemplo disso, o Jardim Nova
Paulista, promovido pela Imobiliária Sol, substitui sete pequenas propriedades rurais
(Mapa 04).

Fig. 39 – Situação esquemática do Jardim Esperança II, em Sarandi.

Fonte: Secretaria de Urbanismo – Prefeitura Municipal de Sarandi, 2008

Gráfico 40 – Incorporadora Imobiliária por área parcelada. Sarandi, 2008


Construtora Vicky Ltda
2,0% 5,3%
11,5% Imobiliária Sol Ltda
2,4% Wegg Empreendimentos Ltda
2,9% Design Incorporação e Const. Civil Ltda
Monolux Construções Civis
VY Incorporadora
3,5% 54,3% Imobiliária Ypei Ltda
4,6% Demais Loteadoras - 14
Loteadores Particulares - 13
13,5%

Fonte: Secretaria de Urbanismo – Prefeitura Municipal de Sarandi, 2008

153
Outras loteadoras que individualmente foram responsáveis pelo loteamento de
áreas superiores a 2% do total promovido pela iniciativa privada, são: Construtora Vicky
Ltda, Imobiliária Sol Ltda, Wegg Empreendimentos Imobiliários, Design – Incorporação e
Construção Civil, Monolux – Construção Civil, V. Y. Incorporadora de Imóveis, Imobiliária
Ypei Ltda. Atraídas pela possibilidade de lucro, outras quatorze empresas de menor porte
e treze pequenos proprietários rurais promoveram a transformação e ampliaram o espaço
urbano de Sarandi em mais de treze vezes a área inicial, em menos de 30 anos, motivado,
segundo Figueiredo (1997), pelas transformações econômico-sociais pelas quais passou a
região e que colocou à disposição do capital local, grandes unidades que facilitaram certos
empreendimentos, dentre eles os loteamentos.

Nesse período foram aprovados 71 novos loteamentos, dos quais 42 na primeira


década de expansão do território, antes mesmo que Sarandi se emancipasse politicamente
de Marialva.

Tabela 45 – Loteamentos particulares aprovados, por ano

Número de Número de
Loteamentos Loteamentos
Ano Aprovados Ano Aprovados
1970 1 1995 1
1974 4 1996 6
1975 2 1997 4
1976 21 1998 1
1977 6 1999 1
1978 8 2000 5
1984 2 2002 1
1991 2 2003 1
1992 4 Data incerta 1
Total 71
Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi, 2008

A Construtora Vicky é a empresa que desmembrou o maior número de loteamentos


no município, 20, compreendendo uma área de 5.873.968,40 m2 e mais de treze mil lotes
urbanos. Além desta, duas outras tiveram grande importância na configuração do espaço
urbano de Sarandi, a Imobiliária Sol Ltda e a Wegg Empreendimentos Ltda, com a
produção de 3.762 e 1.302 lotes, respectivamente. Estas três incorporadoras foram
responsáveis por 72,4% da área loteada pela iniciativa privada, que teve início em 1974
com a expansão do perímetro a norte da Rodovia BR 376, com o Jardim Independência I,
e posteriormente em 1976, com Independência II e III, Jardim Panorama e Jardim Novo
Panorama.

154
Ainda na segunda metade da década de 70, são aprovados loteamentos a leste da
área central, margeando a Avenida Maringá, e a sul da via férrea, principalmente pela ação
da Construtora Vicky e Imobiliária Sol.

Além do grupo das incorporadoras, que acumulam função de construtora e


atividades imobiliárias de compra e venda, em Sarandi, treze empreendimentos foram
realizados por proprietários fundiários, que parcelaram via de regra, chácaras rurais da
estrutura fundiária original localizados na franja urbana, com áreas inferiores a 50 mil
metros quadrados e área média de 28 mil metros quadrados, exceto os Jardins São José I
e II, com área de aproximadamente 242 mil metros quadrados. Os proprietários fundiários
foram responsáveis pelo incorporação ao tecido urbano de uma área de 577.752,63 m2,
ou 5,3% dos loteamentos particulares.

Em setembro de 2008 foram aprovados dois loteamentos e outros dois estavam em


processo de aprovação. Os loteamentos aprovados são o Jardim Ouro Verde II, com 566
lotes e o Residencial São José III, com 508 lotes, introduzindo no mercado 1.074 novos
lotes.

Tabela 46 – Produção de Lotes Urbanizados por Incorporadora Imobiliária. Sarandi,


2008
Loteadora Incorporadora Loteamentos Área (m2) Número de Lotes
Construtora Vicky Ltda 20 5.873.968,40 14.437
Imobiliária Sol Ltda 12 1.464.263,20 3.762
Wegg Empreendimentos Ltda 2 495.242,44 1.302
Design Incorporação e Const. Civil Ltda 1 381.822,39 783
Monolux Construções Civis 2 310.325,52 807
VY Incorporadora 1 258.456,00 362
Imobiliária Ypei Ltda 1 211.024,00 397
Demais Loteadoras – 14 18 1.246.346,89 2.692
Loteadores Particulares – 13 14 577.752,63 1.274
Total 71 10.819.201,47 25.816
Fonte: Secretaria de Urbanismo – Prefeitura Municipal de Sarandi, 2008

No entanto, como afirma Figueiredo (1997), a principal conseqüência do


parcelamento desenfreado na década de 70 foi a oferta muito superior à demanda, já que
o loteamento não significa a ocupação real da cidade, favorecendo com isso a
especulação com terrenos, que se processa distante das áreas centrais e no interesse de
pessoas que não estão em condições ou têm interesse em construir, constituindo um
estoque de terras que permanecem baldios por tempo indeterminado. O autor afirma ainda
que o êxito desse tipo de empreendimento foi favorecido pois grande parte dos lotes

155
colocados a venda foram comprados por famílias imigrantes que não conseguiram se fixar
em Maringá, numa prática quase generalizada de aplicar suas pequenas economias na
compra de lotes em Sarandi, aliadas às facilidades proporcionadas pelas vias de
circulação.

O parcelamento do solo em Sarandi, que se dá especialmente a partir de 1974, foi


essencialmente para fins residenciais voltados para a população de baixa renda,
atendendo em grande parte a demanda habitacional gerada pelo município sede da região
metropolitana, com uma produção de lotes na área urbana superior a 25 mil unidades, das
quais, a grande maioria com área inferior a 300 metros quadrados. Entre os
empreendimentos com lotes com áreas reduzidas, destacam-se pelo número de unidades
aprovadas o Parque Alvamar II, com áreas variando de 173 a 185 metros quadrados, o
Parque Residencial Bom Pastor / Alphavile, com área variando de 184 a 200 metros
quadrados, Jardim Universal, 250 metros quadrados, e Jardim Nova Independência 1ª e 2ª
Partes, com lotes pouco inferiores a 300 metros quadrados.

A aprovação de um grande número de lotes voltados para a baixa renda, se num


primeiro momento não estimulou loteamentos clandestinos no município, se deu em
função de uma excessiva flexibilidade do poder público na aprovação dos
empreendimentos à revelia da legislação vigente, como a Lei Federal que disciplina o
parcelamento urbano de número 6766, de 1979 e Lei do Plano Diretor Municipal, de 1992.
Fatores como estes, aliados a atividades especulativas e a incapacidade de absorção das
unidades produzidas, foram responsáveis pela formação de uma periferia com
precariedade de infra-estrutura, especialmente da pavimentação urbana e de serviços
públicos, mesmo em grandes loteamentos populares aprovados há mais de 24 anos, como
o Jardim Novo Independência 1ª e 2ª Partes, e a mais de 30 anos como o Jardim
Universal.

As irregularidades em relação Lei Federal no 6.766/79 principalmente no que


dispõe os artigos 3º e 4º. No artigo 3º diz que “somente será admitido o parcelamento do
solo para fins urbanos em zona urbana ou de expansão urbana, assim definidas em lei
municipal”. No artigo 4º a lei estabelece os requisitos urbanísticos para os loteamentos,
sendo que uma das disposições tem a ver com as áreas de uso público em proporção à
densidade populacional da gleba a ser loteada, tornando obrigatório que as áreas
destinadas ao sistema de circulação, a implantação de equipamentos urbanos e
comunitários e a espaços livres sejam proporcionais ao número de habitantes previsto
para o loteamento.

156
A partir de 1992 é aprovado, juntamente com o Plano Diretor, lei municipal de
parcelamento do solo. O Art. 18, I e II prevê uma reserva mínima de 5% da gleba para
equipamentos urbanos e comunitários, e uma reserva mínima de 10% para praças e áreas
verdes.

A seguir a relação dos loteamentos onde não foram destinados os percentuais


mínimos de áreas para equipamentos urbanos e comunitários e/ou não foram executadas
as obras de infra-estruturas mínimas expressamente exigidas pela legislação municipal e
federal (leis 04/92 e 6.766/79 respectivamente).

Tabela 47 – Loteamentos que apresentam irregularidades por ano de aprovação.


Sarandi, 2008
Loteamento Ano Aprovação
PARQUE RES. ALVAMAR II 1992
JARDIM DO PARQUE 1992
PARQUE RES. SANTANA 1996
PARQUE RES. BOM PASTOR 1996
PARQUE RES. NOVA ALIANÇA 1996
PARQUE RES. NOVO CENTRO 1996
JARDIM MONTE REY 1996
JARDIM CALIFORNIA 1996
RESIDENCIAL SÃO JOSÉ 1996
RESIDENCIAL SÃO JOSÉ II 1997
PARQUE RES. BELA VISTA 1997
PARQUE RES. BELA VISTA II 2000
JARDIM DAS TORRES 2000
JARDIM TROPICAL 2000
JARDIM NOVO BERTIOGA 2000
JARDIM NOVO SARANDI 97/2000
JARDIM NOVO SARANDI II 97/2000
Fonte: Procuradoria Municipal de Sarandi, 2008

6.3.3. Tipos e formas de produção de moradias

Segundo Arruda (2002), são identificados três formas de produção de moradia:

• Autoconstrução: neste tipo de produção, o agente que produz a habitação é


o mesmo que vai consumi-la. Os materiais de construção são, em geral, de
baixa qualidade ou de segunda mão. O período da construção é indefinido,
dependendo da capacidade financeira do construtor. A construção é feita
em etapas.
157
• Produção Manufatureira ou Artesanal: o proprietário contrata um profissional
para construir a habitação e emprega mão-de-obra, em geral, pouco
qualificada. A produção é pequena (residência unifamiliar ou pequenos
blocos de apartamentos). O custo final é alto, envolvendo o custo do projeto
e da construção propriamente dita.

• Produção Industrial (ou Indústria da Construção Civil): não há relação direta


entre produtores e consumidores. O capital investido no processo pode ser
expandido e reproduzido. A produção, bem como os materiais empregados,
são em larga escala. A mão-de-obra empregada depende da tecnologia
empregada no processo, podendo ser qualificada ou não. Neste tipo de
produção, o terreno pode ser comprado ou ser trocado por uma ou mais
unidades. Neste último caso, há um agente intermediário que é o
proprietário do terreno.

No território urbano de Sarandi, as principais formas de produção habitacional são


a autoconstrução e a produção manufatureira ou artesanal, com a predominância da
autoconstrução em bairros com baixo valor do solo e a onde população predominante é de
baixa renda, e a produção manufatureira nos demais bairros da cidade, o que garante uma
melhor qualidade da construção.

Além da autoconstrução e da produção manufatureira, ganha destaque também a


produção manufatureira voltada para o mercado imobiliário realizada por construtores
urbanos, definido por Cota (2002), como os empreendedores imobiliários responsáveis
pela produção e venda de moradia acabada, e que nela insere-se o valor da terra, do
projeto e da construção. Envolve diferentes agentes como o próprio
empreendedor/construtor, o proprietário da terra e o profissional de projetos. A produção
nesse sistema está voltada principalmente para famílias com renda superior a 4,5 salários
mínimos, que possuem algum recurso em poupança ou outro bem que possibilite a
capitalização inicial, com comprovação de renda suficiente para financiamento de carta de
crédito individual na Caixa Econômica Federal.

Devido às características desse mercado, as unidades habitacionais têm menos de


90 metros quadrados, com custo médio de 90 mil reais, geminadas, localizadas sobretudo
em áreas com infra-estrutura consolidada como Jardim Independência I e II e Jardim
Panorama.

158
Além desse mercado, a Construtora Vicky, em 1995 iniciou a construção de
unidades habitacionais voltadas a população de baixa renda no Parque Residencial Bom
Pastor, mediante o pagamento de 1 salário mínimo mensal.

O folder promocional do empreendimento aponta seu apelo popular ao tratar da


venda das unidades habitacionais como “inscrição”, termo utilizado no cadastramento das
famílias nas políticas habitacionais. Irregularidades na construção e inadimplência dos
compradores, que se juntaram em sistema de condomínio, paralisaram a construção das
unidades habitacionais e poucas unidades se encontram finalizadas. Entrevistas com
moradores indicaram a existência de ações conciliatórias entre moradores e a construtora
para a conclusão da casa.

Fig. 40 - Empreendimento Habitacional, com Fig. 41 - Empreendimento Habitacional, com


residências acabas (ao fundo) – Parque Residencial residências inacabadas e com a obra paralisada–
Bom Pastor, Sarandi, 2008. Parque Residencial Bom Pastor, Sarandi, 2008.
Fonte: Observatório das Metrópoles Fonte: Observatório das Metrópoles

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