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Um só Sindicato. Todas as vozes.

UNIDADE E
REALISMO:
Análises do Sinagências
sobre a estratégia de
negociação em novo
cenário político

Sindicato Nacional
dos Servidores das
Agências Nacionais
de Regulação
Unidade e Realismo:
Análises do Sinagências sobre a estratégia de
negociação em novo cenário político

I
Considerações Importantes

1 Criada há duas décadas e interrompida em 2016, com o golpe e a ascensão de governos


que declaravam os trabalhadores do setor público como seus inimigos, a MESA
NACIONAL DE NEGOCIAÇÃO PERMANENTE foi reinstalada pelo Governo Lula.

2 Foram sete longos anos sem qualquer diálogo com o governo. Desde então, é a primeira
vez que a categoria da REGULAÇÃO tem a oportunidade de apresentar sua pauta de
reivindicações, há muito represada.

3 Temos um momento propício para lutar pela reparação de injustiças. Por isso, é preciso
reivindicar que a remuneração seja compatível com a importância estratégica do setor
da REGULAÇÃO e a complexidade profissional que ela exige.

4 Além disso, é fundamental propor inovações institucionais que garantam, a um só


tempo, um arranjo funcional condizente com as atribuições desempenhadas, associada
a valorização de seus quadros, que apontem para o fortalecimento da atividade
regulatória no Brasil pelos próximos anos.

5 Infelizmente, a ausência de diálogo não se deu apenas em relação ao Governo. Nos


últimos seis anos, o diálogo entre a categoria e a sua direção, que já era rarefeito e
insuficiente desde a fundação do sindicato, simplesmente deixou de existir.
6 A última vez que houve algum debate organizado sobre os rumos da Regulação foi em
2017, no IV CONSAG. Desde então, o Sindicato, tal e qual o país, fechou-se ao diálogo
e à democracia. Essa situação hoje cobra um preço elevado: fragmentação interna, falta
de acúmulo no debate sobre a categoria, desinformação sobre elementos básicos da
dinâmica de negociação, bem como acerca do funcionamento de uma organização
sindical e do processo decisório do SINAGÊNCIAS.

7 Foi nesse cenário que a Gestão 2023-2026 - PROTAGONISMO, RENOVAÇÃO E LUTA


assumiu o SINAGÊNCIAS.

8 Entendemos que era indispensável reabrir os canais de comunicação com os


servidores, que necessitavam ser escutados e estimulados a discutir e atualizar a pauta
de reivindicações da categoria para a negociação na Mesa Específica e Temporária da
Regulação, que teve início no dia 2 DE OUTUBRO DE 2023.

9 Por isso, logo após tomar posse, a nova Direção eleita deflagrou um amplo processo de
escuta por meio de reuniões abertas com cada um dos segmentos.

10 O objetivo era reconhecer as demandas e propostas da base para subsidiar a


organização da pauta de reivindicações, a ser aprovada em ASSEMBLEIA GERAL.

11 Em 17 dias, foram realizadas 06 reuniões abertas a toda a categoria, com a participação 2


de 542 servidores e servidoras, que produziram 82 propostas. Via formulário
eletrônico, foram coletadas 451 contribuições de trabalhadores (filiados e não filiados),
que produziram 223 propostas.

12 Este processo participativo resultou, de imediato, em 78 novas filiações ao Sindicato e


ajudaram no diagnostico para a Direção sobre quais são as principais questões que o
conjunto da categoria acredita ser necessário reivindicar.

13 Há que se destacar ainda os graves equívocos de interpretação e assimetrias de


informação entre os servidores sobre o processo de negociação e as deficiências de
organização do próprio funcionamento do Sindicato.

14 Com base nesse processo de diálogo, a Diretoria formulou uma proposta de pauta de
reivindicações para ser discutida e aprovada pela ASSEMBLEIA GERAL a partir das
seguintes diretrizes:

15 Essas diretrizes fundamentam e justificam as opções e orientações que compõem a


Proposta de pauta de reivindicações da Diretoria Colegiada Executiva Nacional que
será apreciada pela Assembleia Geral Extraordinária.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
II
Mesa Nacional de Negociação Permanente

A. Funcionamento da Mesa e o status das negociações com o Governo

16 A MESA NACIONAL DE NEGOCIAÇÃO PERMANENTE (MNNP) é o sistema estruturado de


negociação coletiva, organizado a partir de debates entre o Governo (representado pelo
Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos - MGI) e as entidades
sindicais representantes das categorias. A MNNP é composta por três mesas: Mesa
Central, Mesa Específica e Temporária e Mesa Setorial. 1

17 O reajuste linear de 9%, por exemplo, foi fruto da recriação da MNNP pelo Governo,
com negociação ocorrida, no âmbito da Mesa Central, com o conjunto das entidades.

18 Atualmente, a recomposição para 2024 está sendo discutido na MESA CENTRAL. A


expectativa das entidades é de que na reunião marcada para o dia 18/dez o Governo
apresente o índice para o reajuste linear e o patamar de aumento dos auxílios e 3
benefícios, que passarão a vigorar em 2024.

19 Em relação às Mesas Específicas e Temporárias, só avançaram e fecharam acordo, até


o momento, as quatro categorias consideradas prioritárias pelo governo em 2023:
FUNAI, ANM, ATPS E ATI.

20 Tais categorias estão com o acordo assinado e agora estão trabalhando juntas pela
aprovação do respectivo Projeto de Lei até o encerramento do ano legislativo.

21 Outras categorias com maior poder de agenda, como a Polícia Federal, tentam
emplacar avanços na Mesa Específica ainda esse ano, mas é pouco provável que
consigam esgotar a negociação em tempo hábil para o fechamento do acordo.

22 Por sua vez, a categoria da REGULAÇÃO participou da MESA ESPECÍFICA E TEMPORÁRIA


durante o ano de 2023 para resolver a equiparação da ANM às demais agências,
consolidada por meio de acordo assinado em novembro deste ano.

1 Mesa Central, com competência para debater questões transversais a todo o serviço público federal.
Nela se discutem, por exemplo, os índices de reajuste linear, recomposição de auxílios e benefícios, bem
como normas e regramento de pessoal que dizem respeito a todos os servidores do poder executivo
federal. Participam desta mesa as centrais sindicais e representantes de até 20 entidades sindicais com
representatividade nacional.
Mesa Específica e Temporária, cujo objetivo é negociar pautas específicas apresentadas pelas
entidades sindicais representantes das carreiras e que possuam impacto orçamentário. É nela que a
Regulação irá discutir sua carreira e seu patamar remuneratório. A entidade que representa a categoria
da Regulação nessa mesa é o Sinagências.
Mesa Setorial: para encaminhar as tratativas coletivas de caráter específico, isentas de impacto
orçamentário e amparadas nas competências do órgão. Questões como programas de gestão, trabalho
remoto e gestão de pessoas devem ser tratadas nessa mesa. A instalação se dará mediante solicitação do
Sinagências e ocorrerá no âmbito de cada uma das 11 agências.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
23 Para o conjunto da categoria (todas as agências), a Mesa Específica e Temporária foi
inaugurada no dia 02/out, reafirmando a pauta do IV CONSAG. Nesse sentido, o
SINAGÊNCIAS iniciou a preparação para negociação nesse âmbito, incluindo a
atualização emergencial de pauta.

24 Acreditamos que seja possível aprovar até 13/dez, em Assembleia Geral


Extraordinária, uma pauta mínima emergencial, que contemple as necessidades de
toda a categoria para ser apresentada ao Governo ainda esse ano.

25 Passada essa fase, no começo de 2024, o SINAGÊNCIAS também deverá se organizar para
a instalação das MESAS SETORIAIS DA REGULAÇÃO, no âmbito das onze agências.

26 Para isso, será realizado um diagnóstico detalhado, em conjunto com os servidores,


sobre as questões sem impacto orçamentário que deverão ser levadas à negociação com
a direção de cada uma das Agências.

27 Será um momento ímpar, visto que a categoria terá a oportunidade de tratar suas
demandas específicas a ser enfrentadas no cotidiano do trabalho em cada Agência.

B. Orientação sobre o processo de negociação

“NEM DERROTISMO, NEM EUFORIA: A NECESSIDADE DE SE CALIBRAR AS EXPECTATIVAS”


4

28 O processo de escuta promovido pelo SINAGÊNCIAS permitiu à DIRETORIA COLEGIADA


EXECUTIVA NACIONAL observar diferentes posições e percepções dos servidores acerca
do processo de negociação, o que lhe permite propor caminhos.

29 Cumpre salientar que um processo de negociação dessa natureza é longo e tortuoso,


tendendo o seu desfecho ser diferente da proposta inicial encaminhada ao Governo.

30 Sabemos que nenhuma pauta de reivindicações é aceita de primeira. A bem da verdade,


a negociação em si começa com a negativa por parte do Governo, que apontará o
caminho que pretenderá seguir. Desse ponto em diante, caberá à categoria eleger suas
prioridades, escolher os pontos que podem ser negociados e indicar aqueles
inegociáveis, bem como definir suas estratégias, instrumentos, formas e intensidade
da luta a que está disposta a empreender em busca dos seus objetivos.

31 Por isso, não cabe nem ansiedade nem alarmismo. Tampouco preciosismo quanto à
formulação da pauta de reivindicações a ser apresentada ao governo. Não é um jogo de
tudo ou nada, a pauta é apenas o pontapé inicial do processo.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
32 A pauta deverá representar ao máximo os nossos desejos e necessidades e materializar
um consenso mínimo na categoria, capaz de unificar a todos em torno de um objetivo
comum.

33 Proposta forte é aquela que consegue agregar, em torno de si, os mais amplos setores
da categoria dispostos a defendê-la. Trata-se de um grande pacto em torno das
necessidades e que fortaleça a unidade. A divisão nesse processo de negociação pode
ser fatal, levando ao fracasso de todos.

34 O maior erro que pode ser cometido na formulação da pauta de reivindicações é pedir
de menos e, eventualmente, apresentar uma proposta abaixo do que o Governo estava
disposto a atender. Não cabe a nenhum de nós negar, a priori, qualquer pedido. Caso
haja uma negativa, ainda que diga respeito à legalidade, constitucionalidade ou
viabilidade orçamentária, esta nunca deve partir da categoria, mas sim do Governo.

35 Há que se desmistificar a narrativa quanto aos supostos excessos de pedidos que


travam a pauta ou de que o Governo já tenha deixado de atender determinada demanda
porque outras também foram pedidas. Isso nunca aconteceu. O Governo nunca deixou
de atender uma demanda porque se pediu demais.

36 Assim, o foco da proposta deve ser:


5
a) contemplar o máximo de desejos e necessidades da categoria;

b) não vetar pautas de outros segmentos da categoria que não se mostrem prejudiciais
aos demais;

c) produzir consenso e unidade, uma vez que a luta para o seu atendimento
necessitará de muita coesão interna; e,

d) ser sintética e o mais objetiva possível, sem entrar em minudências, para dar
margem para que os negociadores, de ambos os lados, promovam ajustes e
busquem alternativas ao seu atendimento.

37 Quanto à dinâmica do processo, a Direção observou também percepções recorrentes e


equivocadas situadas em dois extremos.

38 A primeira delas compreende que tudo está dado e que será muito fácil: alteração de
nomenclatura, restruturação de carreira, patamar remuneratório do Ciclo de Gestão
ou Receita, dentre outros assuntos similares. Existe em alguns a percepção de que o
cenário está mais favorável do que realmente está e que, basta protocolar a pauta e usar
os argumentos corretos que o Governo atenderá a demanda.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
39 Para defender essa posição, um argumento corrente é o de que as Agências
Reguladoras contribuem para a arrecadação do Estado e que isso, por si só, seria fator
definidor para o direcionamento de recursos para atender os pleitos da categoria, sem
considerar que ao Governo, mais interessa é o papel da REGULAÇÃO no
desenvolvimento do parque industrial brasileiro, na regulamentação e fiscalização de
serviços prestados e concessões, entre outros tantos.

40 Infelizmente, apesar deste Governo ser mais aberto ao diálogo com os servidores, nada
está dado, nada será fácil e tudo dependerá de muita mobilização, unidade, luta e
atuação estratégica dos negociadores. Cumpre salientar, ainda, que todos os pleitos já
foram negados por diversas vezes à Mesa, como observaremos adiante.

41 No outro polo, há aqueles que compreendem que tudo está dado e que não há margem
para negociar. Nesse caso deveríamos nos conformar à situação fiscal do país, à suposta
inviabilidade jurídica e econômica de determinados pedidos e nos ater aos limites
estreitos que o Governo nos impuser, pedindo apenas o que no seu entendimento nos
é permitido pedir.

42 A esse grupo é preciso dizer que o processo de negociação está em aberto e que não
funciona de forma determinista. Se ao longo da história da REGULAÇÃO tivéssemos nos
comportado assim, jamais teríamos avançado em conquistas que alcançamos, tanto
remuneratórias, quanto da carreira. 6

43 Para ambas as posições que apontamos, a resposta é mesma: nem sucesso, nem
fracasso estão pré-determinados. O resultado do processo dependerá da conjuntura
econômica e política do país, e, sobretudo, da capacidade da categoria e do seu
Sindicato em exercer pressão.

“NOSSA VITÓRIA SERÁ DO TAMANHO DA NOSSA LUTA.”

C. Diálogo e pragmatismo: a unidade é a maior tarefa da Regulação

44 O processo de negociação com o Governo é um dos momentos mais sensíveis e tensos


para a categoria no âmbito sindical. Isso porque é nele que se pauta a discussão de duas
questões centrais ao trabalhador: REMUNERAÇÃO e RECONHECIMENTO.

45 A tensão se estabelece porque:

a) os interesses individuais e coletivos podem, real ou aparentemente, apresentar-se


como contraditórios;
b) mesmo em meio a divergências, o sucesso da negociação depende do grau de coesão
interna da categoria; e

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
c) o processo de negociação, reivindicação e luta por conquistas é conflitivo
internamente (categoria) e externamente (Governo/gestores das agências).

46 O grau de maturidade e pragmatismo para lidar com essa equação depende


diretamente do nível de diálogo que a categoria consegue estabelecer entre si. Quanto
menos diálogo, mais ruídos na comunicação, mais assimetria de informações, maior
propensão à desconfiança e a julgamentos baseados em preconceitos e estereótipos.
Um ambiente assim tende a produzir intransigência, divisão interna e sectarismo,
fadando a negociação ao fracasso.

47 Por outro lado, um maior nível de diálogo interno da categoria, apesar de não resolver
por si os problemas, cria o espaço em que as concertações sejam possíveis. A
intransigência deve ceder lugar ao pragmatismo. Aqui não se trata de negar os
interesses individuais em nome de um interesse coletivo abstrato, mas compreender,
de forma realista, que qualquer conquista depende necessariamente de um elevado
grau de coesão interna de toda a categoria, sem o qual não é possível pressionar o
Governo de forma eficiente.

48 Com mais diálogo, aos poucos, vão se dissipando preconceitos e percepções


equivocadas, aumenta a compreensão sobre a situação e as necessidades do outro (e
vice-versa) e, com algum otimismo, abre-se caminho para a construção e solidificação
de uma identidade comum na REGULAÇÃO, bem como para a solidariedade mútua. 7

49 Intensificar o diálogo e buscar unidade é a maior tarefa coletiva da REGULAÇÃO. Isso


envolverá, por parte da Direção do SINAGÊNCIAS, a criação de espaços qualificados,
democráticos e honestos para trocas, construção de consensos e soluções coletivas. Por
parte dos filiados, significará ter senso de responsabilidade para participar, bem como
a abertura sincera aos debates construtivos.

50 Diálogo é uma via de mão-dupla. Trata-se de falar francamente, mas também de


escutar atenciosamente a demanda do outro para produzir uma síntese. Repetir-se na
defesa intransigente da própria posição sem qualquer esforço para considerar a
legitimidade de opiniões ou desejos diferentes inviabiliza esse processo. Sem jamais
abdicar do que considera justo, é necessário desarmar o espírito, para que a competição
deletéria de todos contra todos dê lugar à cooperação possível.

D. Variáveis do processo de negociação

51 O sucesso de uma negociação é influenciado por uma série de variáveis. Algumas


podem ser consideradas externas, a exemplo do desempenho da economia, a
conjuntura política, a orientação ideológica predominante no governo e na opinião
pública (se direita, tendência a diminuição do Estado e enfraquecimento do serviço

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
público; se esquerda, tendência ao fortalecimento do papel do Estado e olhar mais
favorável aos servidores públicos).

52 Tais variáveis, por estarem conectadas a processos mais amplos e complexos, são de
difícil transformação imediata por meio de uma entidade sindical ou categoria de
trabalhadores isoladamente.

53 Há, no entanto, variáveis que podem ser consideradas internas, ou seja, dependem
mais do comportamento da categoria e do seu sindicato, dentre as quais podemos citar
a capacidade de convencimento técnico, de articulação política e de pressão, que
repercutem no poder de barganha e negociação do Sindicato.

54 A capacidade de convencimento técnico diz respeito à competência para demonstrar


perante o Governo, a viabilidade técnico-jurídico-econômica da proposta. Essa é a
variável mais frágil, visto que demonstrar a viabilidade, pura e simplesmente, não
obriga o Governo a acatar o pleito.

55 Por outro lado, uma proposta convincente demonstra a organização da categoria e a


seriedade dos seus negociadores, além de retirar do Governo a possibilidade de negar
o atendimento da demanda por esse motivo. Ter uma proposta tecnicamente robusta
não é garantia de que vai ser atendida, mas fortalece a posição de quem a pleiteia.
8
56 No entanto, mais importante que a viabilidade técnico-jurídica, é a sua viabilidade
política, ou seja, o convencimento de determinados atores ou forças políticas de que a
necessidade apresentada pode e deve ser atendida.

57 Esse fator é tão importante que, a partir dele, o próprio conceito de viabilidade jurídica
e econômica pode ser revisto pelos atores políticos. Legislações podem ser alteradas e
espaços orçamentários podem ser criados. Incidir sobre a vontade política do Governo
é a mais importante e mais trabalhosa missão numa mesa de negociação.

58 Para alterar a correlação de forças, tornando a mais favorável à categoria, é


fundamental a articulação e o exercício da pressão política.

59 A articulação política é a habilidade de sensibilizar e convencer atores do Governo, do


Parlamento, da Opinião Pública e do próprio movimento sindical quanto a necessidade
de atendimento do pleito da categoria, seja por meio de agendas institucionais, seja via
ações de comunicação bem-sucedidas. Aqui entram também a importância das
reuniões com setores do Governo, parlamentares, movimento sindical, dirigentes de
agências, além das campanhas de comunicação.

60 O exercício da pressão política, por sua vez, é a mais importante e poderosa variável
interna do processo negocial. Como já afirmamos, o mero convencimento técnico,

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
apesar de relevante, é insuficiente para garantir a decisão do Governo frente às
inúmeras disputas por recursos públicos orçamentários por parte de outros atores.

61 A articulação política é fundamental, mas para ser bem-sucedida, carece de um


elemento que pressione o lado de lá da mesa. Para que o pleito da categoria se torne
negociação, é necessário que ambos os lados tenham a ganhar e a perder.

62 Sem qualquer desconforto ao Governo e sem risco de dificuldades para os setores


econômicos, dificilmente haverá avanços além dos pré-estabelecidos pelo negociador
governamental.

63 O exercício da pressão está associado à capacidade de mobilização da categoria em


torno de um pleito e, de forma organizada, promover paralisações, operações-padrão
e quaisquer ações que visem afetar processos críticos sob competência dos
trabalhadores da REGULAÇÃO, além de atos de agitação que deem visibilidade à causa.

64 Quanto maior o impacto político e econômico da mobilização, maior será a pressão


exercida sobre agentes políticos e econômicos, aumentando a possibilidade de
constranger os negociadores governamentais ao atendimento das reivindicações.

65 Olhando-se para a história da categoria e dos movimentos de trabalhadores, percebe-


se que as maiores conquistas foram fruto de grandes greves e mobilizações, atingindo 9
um resultado muitas vezes acima do esperado.

66 Na REGULAÇÃO, as grandes vitórias resultaram de paralisações, sobretudo no setor de


Portos, Aeroportos e Fronteiras, que com seu impacto político e econômico, forçaram
o Governo a ceder.

67 Recentemente, na histórica luta dos servidores da Agência Nacional de Mineração pela


equiparação às demais agências, o atraso no repasse da CFEM aos municípios
desempenhou papel de grande importância para se pressionar o governo e alcançar o
objetivo de equiparação.

“A VITÓRIA DA CATEGORIA SERÁ DO TAMANHO DA SUA LUTA.”

68 Porém, não há que se romantizar greves e movimentos paredistas. Primeiro porque são
conflituosos, tensos e não raro são objeto de dura repressão por parte do governo.
Segundo porque sua realização é extremamente difícil e carece de muita unidade da
categoria para organizá-los e levá-los a cabo. Terceiro, porque nem toda greve é bem-
sucedida, ela pode também ser derrotada, gerando grande revés e frustração aos
envolvidos.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
69 Assim sendo, movimentos paredistas não devem ser a primeira opção, nem podem ser
descartados a priori, como se fosse algo que tivesse ficado no passado - tal argumento
não se sustenta, uma vez que se estamos convencidos da importância e da necessidade
do trabalho dos reguladores para a sociedade brasileira, seria um contrassenso
considerar que sua paralisação é irrelevante.

70 Seja como for, num processo de negociação, haverá resistências. Quando a força dos
argumentos e das articulações institucionais não forem suficientes, a categoria deve
estar devidamente preparada, mobilizada e de prontidão para dar demonstrações
progressivas de força, caso queira obter conquistas.

III
Pauta de Reivindicações: bases para formulação

A. Histórico

71 Ao se discutir uma pauta de reivindicações a ser apresentada ao Governo, é


fundamental que se observe o histórico de formulação, negociação e conquistas
empreendido pelo SINAGÊNCIAS ao longo de sua história.
10
72 Olhar para a história do que foi aprovado pelos congressos da entidade (CONSAGs),
bem como para os processos de negociação já ocorridos, ajuda a perceber como foram
obtidas as conquistas e quais tem sido os desafios históricos que a categoria sempre
teve de enfrentar. Ou seja, coloca em perspectiva o que se acumulou coletivamente e
qual deve ser o significado estratégico de uma atual pauta de reivindicações.

73 O quadro abaixo demonstra, de forma sintética, as principais formulações aprovadas


pela categoria em seus diversos congressos, no que diz respeito à pauta remuneratória
e carreira:

Pauta Remuneratória
I CONSAG (2008): Transformação da estrutura de remuneração dos servidores das
Agências Nacionais de Regulação e do DNPM em subsídios, com valores unificados
para o nível médio e para nível superior, tendo como parâmetros os subsídios
instituídos pela Lei nº 11.358/2006.
II CONSAG (2011): Subsídio para todos os servidores das Agências Reguladoras
Federais e DNPM; Incorporação das gratificações ao Vencimento Básico de todos os
servidores das Agências Reguladoras e DNPM; Paridade remuneratória entre as
Agências Reguladoras e o DNPM com a Receita Federal do Brasil; lgualdade
remuneratória entre o PEC das Agências Reguladoras e DNPM com as Novas Carreiras

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
das Agências e do DNPM; Igualdade remuneratória entre os cargos que desenvolvem
atividade Meio (Gestão da Regulação) e Fim (Exercício do Poder de Polícia das
Agências Reguladoras e DNPM); Resgate dos parâmetros percentuais entre cargos de
Nível Superior, Nível Intermediário e Nível Auxiliar, aplicados ao PCCS de 1970, para
os cargos das Agências Reguladoras de DNPM (nova carreira e PEC), que garante ao
Nível Intermediário ter remuneração equivalente a 68% do Nível Superior. Ou seja,
dos atuais 49% mantidos pelo Sinagências na greve de 2008, para 68% do teto dos
cargos de Nível Superior das Agências e DNPM.
CONSAG Extraordinário Estatutário (2013): Patamar remuneratório dos
Auditores da Receita Federal para os cargos de Nível Superior das Agências
Reguladoras Federais e DNPM e, para o Nível Intermediário, percentual de correlação
de 68% da remuneração dos cargos de NS; Remuneração por subsídio.
III CONSAG (2014): Construir uma proposta de Tabela Remuneratória Exclusiva
para as Agências Reguladoras, com mais três níveis de progressão, garantido a
paridade plena entre) cargos de mesmo nível de escolaridade, elevando o percentual
de correlação no NI com o NS a 68% (sessenta e oito por centro), com teto
remuneratório para cargos de Nível Superior correlato ao teto das demais instituições
de Estado; Ter remuneração na forma de Subsídio, com um único vencimento básico
incorporando as gratificações ao VB.
IV CONSAG (2017): Defesa da tabela salarial dos cargos de nível superior das 11
entidades que fazem regulação no Ciclo de Gestão e suas repercussões percentuais em
todos os cargos da regulação nacional. Defesa de equiparação remuneratória entre os
cargos de mesmo nível.

Carreira
I CONSAG (2008): Reestruturação das carreiras e planos especiais de cargos das
Agências Nacionais de Regulação e DNPM, criados pelas leis: 10.871/204;
10.768/2003; 10.882/2004; 11.046/2004; 11.357/2006, em uma nova carreira, típica
e exclusiva de Estado, garantindo a todos os seus integrantes aposentadoria integral,
denominada: Carreira de Regulação Federal, aplicando-se, onde couber, o instituto da
transformação de cargos, considerando a natureza de cada cargo, o nível de
escolaridade e o posicionamento nas suas respectivas carreiras, possibilitando o devido
aproveitamento dos atuais servidores dos entes nacionais de regulação;
II CONSAG (2011): Carreira de Estado com aposentadoria integral para todos os
servidores das Agências Reguladoras e DNPM
CONSAG Extraordinário Estatutário (2013): Carreira única, formada por
apenas um cargo de NS e um cargo de NI, com desenho transversal entre as ARF, com

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
a junção das atribuições de gestão e finalísticas. A denominação dos cargos ficará para
o debate nas instâncias de negociação com o Governo.
III CONSAG (2014): Reorganizar as Carreiras e Cargos das Agências Reguladoras
em carreiras e cargos transversais a todas as Agências, respeitando-se as
especificidades de cada ente regulador, buscando a unificação dos cargos de cada Nível
de escolaridade em um único cargo por Nível, racionalizando os cargos integrantes dos
quadros de pessoal Específico e Efetivo. Ficando a denominação da Carreira e dos
respectivos Cargos, para definição na negociação com o Governo; Resgatar os cargos
de Nível Auxiliar, integrantes do Plano Especial de Cargos das Agências Reguladoras e
do DNPM, para seus respectivos enquadramentos na condição de Nível Intermediário
dos referidos Planos Especiais de Cargos, a exemplo do já realizado em diversos órgãos
da administração federal, considerando do nível de escolaridade do ocupante do cargo;
Mudança do pré-requisito de ingresso para formação superior, nos cargos de Técnico
em Regulação e Técnico Administrativo, ou a denominação que venha a ser definida
na reorganização da carreira para o exercício destas competências nas Agências
Reguladoras;
IV CONSAG (2017): Defesa da inclusão de um parágrafo no artigo 1º da Lei nº
10871/2004 para considerar os cargos do Plano Especial das Agencias (Leis nº 10.882
de 2004 e nº 11357 de 2006) e os cargos da Lei nº 11046/2004 efetivos das Agências.
Defesa da transversalidade dos cargos das Agencias. Defesa da exclusividade de 12
requisito de ingresso de nível superior para todos os cargos das Agencias. Defesa de
possibilidade de exercício de outras atividades econômicas para todos os cargos da
regulação nacional.

B. Debate acumulado sobre a carreira:

74 Desde o I Encontro Nacional de Servidores e demais Agentes Públicos das Agências


Nacionais de Regulação (2004), a preocupação com a estrutura da Carreira da
Regulação esteve presente nas formulações do SINAGÊNCIAS.

75 O I CONSAG (2008) demonstrou esse cuidado, sobretudo no que diz respeito da


necessidade de uma estrutura de carreira considerada típica e exclusiva de Estado em
que o marco legal refletisse a realidade das agências, ou seja, em que os oriundos do
Plano Especial de Cargos (PEC) fossem incorporados pela Carreira da Regulação. A
tônica se manteve nos congressos de 2011, 2013, 2014, com algumas variações.

76 A partir do CONSAG Extraordinário Estatutário (2013), além do debate de carreira


única, trazendo apenas um cargo de nível superior e outro de nível intermediário, com
junção de atribuições de Gestão e Regulação, ganhou força também a transversalidade
dos cargos entre as diferentes agências.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
77 O III CONSAG (2014) incorporou, a essa formulação, também a necessidade de se
resgatar o pessoal de nível auxiliar das agências, pleiteando seu reenquadramento no
nível intermediário a depender da atual escolaridade de seus ocupantes.

78 A tônica do debate sobre a estrutura da carreira viria mudar apenas no IV CONSAG,


em 2017, no qual a preocupação com a incorporação do PEC à carreira foi mantida,
mas foi aprovada uma nova tática: em vez da carreira única com transformação de
cargos, aprovou-se a tentativa de inclusão de um parágrafo no artigo 1º da Lei nº
10871/2004 para considerar os cargos do Plano Especial das Agencias como efetivos
das Agências.

79 A busca pela correção da injustiça cometida contra o PEC, desde a criação da Carreira
da Regulação, é uma luta histórica do SINAGÊNCIAS. Em verdade, não se pode
normalizar o fato de trabalhadores possuírem a mesma lotação, desempenharem
funções semelhantes e, por uma artimanha divisionista para gerar uma economia
irrisória para os cofres públicos, possuírem menor remuneração, situação jurídica
diferente e serem prejudicados em sua aposentadoria.

80 A luta pelo óbvio, de que o PEC das Agências faz parte da carreira e não pode ser tratado
de forma discriminatória, é uma luta de toda a categoria. Sempre esteve presente e
deverá continuar ainda com mais força, até que esse objetivo seja alcançado. Quanto à
tática a ser adotada para esse fim, caberá à própria Regulação definir, de modo 13
democrático, a melhor forma de pleitear e lutar, sem dogmas ou preconceitos.

81 Em relação aos cargos de nível intermediário é importante notar que a pauta da


alteração de requisito de nível de acesso está presente nas formulações desde os
primeiros congressos.

82 Essa pauta tem sido objeto de reiteradas deliberações ao longo dos anos e permanece
sendo reafirmada até o presente momento. Não se trata, portanto, de novidade, mas
do fruto de um acúmulo histórico dos servidores da REGULAÇÃO em busca da devida
valorização e reconhecimento das atividades desempenhadas.

83 A partir do IV CONSAG (2017), outra formulação ganhou força: a possibilidade de


exercício de outras atividades econômicas para os cargos da REGULAÇÃO, em
contraposição aos critérios de dedicação exclusiva impostos à categoria, os mais
severos de todo o serviço público federal.

C. Histórico da pauta remuneratória:

84 No histórico de formulação do SINAGÊNCIAS sobre a pauta remuneratória é importante


observar algumas recorrências.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
85 A luta pela remuneração por subsídio esteve presente em todos os congressos até sua
conquista. Outro elemento recorrente é o pleito de equiparação remuneratória entre
os cargos de mesmo nível, pauta aprovada em todos os congressos realizados na
história da categoria, configurando-se como uma das lutas mais longevas da
Regulação.

86 O patamar remuneratório aprovado nos diversos congressos demonstra a necessidade


de se construir uma identidade própria, o que não foi possível alcançar até o momento.

87 Nos primeiros congressos, a referência de remuneração eram as tabelas da Receita


Federal. A partir do III CONSAG (2014), surge o sentimento de que a Regulação
precisa constituir um referencial próprio, uma vez que sua importância e complexidade
não se encaixam adequadamente em nenhuma das demais carreiras existentes.
Infelizmente, não se conseguiu avançar no desenvolvimento dessa tabela.

88 No IV CONSAG (2017), o Ciclo de Gestão foi aprovado como patamar de referência


para o plano de lutas.

89 Observa-se ainda que desde o II CONSAG (2011), o SINAGÊNCIAS pauta o resgate da


correlação remuneratória entre os cargos de nível intermediário e nível superior na
proporção de 68%. Trata-se de um referencial praticado pelo serviço público federal
entre os anos 1970 até o final dos anos 1990. Atualmente, tal proporção está na casa 14
dos 49%, o que faz dessa luta extremamente atual.

D. O que o histórico de formulações do Sinagências tem a nos dizer?

90 Olhar para a história da formulação das diversas pautas de reivindicações aprovadas


pela categoria ao longo do tempo pode trazer muitas lições.

91 A primeira delas é a pauta de reivindicações é um pontapé inicial no processo de


negociação. Aponta para um horizonte máximo dos desejos e necessidades da
categoria, sendo lapidada e ajustada a partir do movimento de diversos fatores, tais
como: abertura do governo para avançar em determinados temas, conjuntura política
da ocasião, intensidade da luta e da mobilização da categoria e mesmo decisões desta
de como se comportar diante das negativas governamentais.

92 Outro ponto que fica evidente ao se olhar para o histórico é perceber que existe uma
distância muito grande entre o que é pedido e o real atendimento da demanda. Pedir é
necessário, mas não é suficiente. Observa-se que a restruturação da carreira, a
equiparação remuneratória, a mudança de requisito de acesso para os cargos de nível
intermediário e o patamar remuneratório, seja da Receita, seja do Ciclo de Gestão, são
itens presentes na pauta de reivindicações praticamente desde a fundação do
SINAGÊNCIAS e já foram reiteradamente negados.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
93 Sendo assim, é preciso colocar a luta pelos avanços da REGULAÇÃO em perspectiva
histórica e abandonar o imediatismo do tudo ou nada.

94 Por outro lado, a história também mostra que a perseverança vale a pena. A forma da
remuneração por subsídio foi conquistada quase dez anos depois de aparecer nas
pautas do sindicato. A equiparação remuneratória entre o então DNPM (atual ANM) e
as demais agências reguladoras viria a ser acordado somente quinze anos depois de ser
aprovado pela primeira vez como reivindicação sindical.

95 Isso demonstra que as negativas fazem parte do processo e que determinados pleitos
necessitam de maturação política para serem atingidos, seja por parte do governo, seja
por parte da categoria.

96 A forma que os pedidos são estruturados também trazem lições importantes. O que se
apresenta ao governo é uma síntese objetiva do que se pretende alcançar.

97 No entanto, se faz necessário, mesmo no decorrer do processo de negociação, o


detalhamento e aperfeiçoamento dos pleitos. Ou seja, depois da pauta de
reivindicações ser entregue ao MGI, cabe à categoria avançar em estudos técnicos,
pareceres, consultorias e grupos de trabalho para dar mais densidade e consistência ao
que se pede.
15
98 Em paralelo, o governo também aponta seus questionamentos, inconsistências e
direcionamentos no percurso da negociação. Não raro, o próprio negociador
governamental encaminha GTs com participação do sindicato para melhor elucidação
das propostas.

99 Quando a Regulação estrutura sua demanda deve-se, portanto, abandonar o


preciosismo, focar no que é principal e ter a consciência de que a consolidação técnica
e política do pleito ocorrerá de forma progressiva ao longo do tempo.

E. O processo decisório do Sinagências

100 O histórico da formulação do SINAGÊNCIAS também ajuda a ter um olhar sobre o


processo decisório do sindicato e a desfazer alguns mitos que foram se solidificando.

101 Apesar da pouca visibilidade que os congressos da entidade (CONSAGs) tiveram


quando se olha para o conjunto dos servidores da REGULAÇÃO, é possível observar que
existe um rito e uma metodologia para se decidir o que o sindicato levará para a mesa
de negociação.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
102 Não se trata de decisão arbitrária do presidente da ocasião ou da direção sindical, mas
de todo um processo que envolve muita discussão e aprovação por um fórum
qualificado, de acordo com o previsto no estatuto do SINAGÊNCIAS.

“A HISTÓRIA DAS REIVINDICAÇÕES DOS REGULADORES


E REGULADORAS SEMPRE FOI ESCRITA A MUITAS MÃOS.”

F. Democracia sindical e a supremacia da participação

103 Com a baixa intensidade da convivência sindical nos últimos anos e, mesmo diante de
uma sociedade onde o próprio sindicalismo, de forma geral, é visto com desconfiança,
é natural que boa parte da REGULAÇÃO não esteja familiarizada com o funcionamento
do sindicato. Por isso, cabe à Direção elucidar alguns pontos.

104 Alguns acham estranho que haja a limitação do tempo de fala. Isso se dá porque,
primeiro, é necessário organizar os trabalhos. Imagine uma reunião com 30, 50, 100
ou 200 pessoas onde todos possam falar livremente, sem controle de tempo. Seria uma
reunião improdutiva e interminável.

105 Além disso, por uma questão de democracia, é importante que todos possuam o mesmo
tempo de fala. À exceção da mesa, que precisa conduzir os trabalhos, nesses espaços
convencionou-se o tempo de 3 minutos para a apresentação de uma opinião, um
16
argumento coeso. Importante que, durante o prazo estipulado, a fala se dê de modo
absolutamente livre, sem censuras ou interrupções. O controle do tempo de fala é
fundamental para a organização dos trabalhos e para que todos tenham iguais
oportunidades de se manifestar.

106 Outro questionamento recorrente apresentado pelos servidores é sobre a possibilidade


de votação segmentada por cargo nas instâncias do SINAGÊNCIAS.

107 Nesse aspecto, é importante ressaltar que as atividades que o sindicato realiza por
cargo, como foi na primeira etapa de preparação para a mesa, tem uma finalidade
apenas de melhor organização do trabalho.

108 Naquele momento, dividir por cargo foi importante para permitir maior tempo de fala
para cada um e possibilitar uma escuta dedicada às questões de cada segmento.

109 Para o estatuto do SINAGÊNCIAS, todos são filiados, não havendo distinção por cargo ou
quadro na hora de votar. Além disso, na mesa de negociação ou em outras instâncias
em que os servidores se fazem representar pelo seu sindicato, não há pauta ou proposta
por cargo, mas sim, da categoria como um todo.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
110 Tudo afeta e diz respeito a toda a REGULAÇÃO, direta ou indiretamente. Por isso, no
momento de deliberar, seja em assembleias ou congressos, todos os votos possuem o
mesmo peso e são contabilizados igualmente.

111 A Direção também recebeu algumas questões referentes ao fato de algumas propostas
já terem sido aprovadas nos espaços deliberativos de outras entidades ou grupos de
servidores e, desse modo, deveriam desde já serem incorporadas pelo SINAGÊNCIAS.

112 Em que pese ser relevante a aprovação de propostas em outros espaços coletivos,
sobretudo quando se trata de pauta de reivindicações, o estatuto do SINAGÊNCIAS exige
que isso passe por Congresso ou Assembleia Geral.

113 No sindicato, não há melhores ou piores. Todos e todas são tratadas de forma
igualitária. Cada cabeça, um voto. O que vai dizer se uma ideia é boa ou ruim, é a
validação democrática por parte dos pares.

114 Nem o presidente, nem a DIRETORIA COLEGIADA EXECUTIVA NACIONAL têm poder
discricionário para levar à MESA suas propostas, mas apenas aquelas referendadas nas
instâncias competentes como Congresso e Assembleia Geral, espaços soberanos, em
que todos os votos têm o mesmo peso. Assim funciona a democracia sindical.

17
G. Resultados do processo participativo de escuta ativa

115 O SINAGÊNCIAS realizou um processo aberto de escuta dos trabalhadores de todas as


Agências Reguladoras buscando colher as opiniões e propostas sobre a Mesa de
Negociação com o Governo Federal.

116 Esse processo de escuta e coleta de propostas ocorreu por meio de duas vias de
participação:

a) por formulário eletrônico

b) por reuniões virtuais abertas a todos os trabalhadores de um segmento específico


(Aposentados, PEC na Ativa, Especialistas, Analistas Técnicos em Regulação e
Técnicos Administrativos).

117 Nas reuniões abertas as propostas foram apresentadas pelos participantes e já


sistematizadas em “Mapas de propostas”.

118 As reuniões virtuais coletaram um total de 82 propostas elaboradas e consolidadas


coletivamente com cada segmento, sendo 15 propostas dos Aposentados, 17 propostas
dos PEC na Ativa, 21 propostas dos Especialistas, 12 propostas dos Analistas, 10
propostas dos Técnicos em Regulação e 7 propostas dos Técnicos Administrativos.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
119 Nas reuniões de todos os segmentos apareceram, principalmente, propostas
relacionadas à REMUNERAÇÃO e relacionadas à REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA. E nos
segmentos Aposentados, PEC na Ativa, Especialistas e Analistas aparecem também
propostas de atuação para o Sindicato.

120 A participação via os formulários eletrônicos foi individual e contou com 451
contribuições de trabalhadores (filiados e não filiados).

121 Diferente da participação por reunião aberta que processa propostas a partir da síntese
de uma discussão coletiva, a participação via formulários eletrônicos é individual.
Desta forma, observa-se que cada formulário enviado contém nenhuma ou varias
propostas de um participante. As contribuições enviadas são na sua maioria
semelhantes e muitas vezes repetidas, o que revela o grau de convergência sobre quais
são as principais questões a serem definidas.

122 Por formulário eletrônico foram contabilizadas um total de 223 propostas.

123 Todas as propostas coletadas no processo de escuta (via formulário eletrônico [223] e
via reuniões abertas [82]) foram sistematizadas totalizando 305 propostas.

124 O processo de sistematização classificou essas propostas em 4 áreas, sendo 3


relacionadas as mesas nacionais de negociação com o governo e 1 relacionada a 18
atuação do sindicato:

a) propostas para a mesa central de negociação permanente

b) propostas para a mesa específica e temporária (com impacto financeiro)

c) propostas para a mesa setorial de negociação (sem impacto financeiro)

d) propostas sobre a atuação do sindicato

125 No processo de sistematização foi possível identificar a quantidade de vezes que um


assunto/propostas foi mencionado. Deste modo, podem-se observar as questões que
aparecem com mais força no processo de escuta e que, portanto, são os
assuntos/propostas mais importantes.

Mesa específica e temporária (com impacto financeiro)

126 Do total de propostas que foram coletadas a maior parte está relacionada às pautas da
mesa específica e temporária (com impacto financeiro). São propostas relativas às
seguintes pautas, em ordem de recorrência:

 Reestruturação da carreira (57)

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
 Equiparação com ciclo de gestão (40)
 Equiparações diversas (35)
 Proporção remuneratória entre nivel médio e superior (28)
 Nível de acesso (16)
 Recomposição salarial (14)
 Paridade aposentados e ativos (13)
 Subsídio (11)
 Gratificações (5)
 Adicionais (5)
 Ampliação dos niveis na carreira (4)
 Novas vagas e concurso (4)
 Bonus eficiência (3)

127 Dentro dessa mesa/área a pauta mais recorrente é a REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA (61
menções) seguida da EQUIPARAÇÃO COM O CICLO DE GESTÃO (40 menções).

128 A sistematização do processo de escuta aponta, portanto, que essas são as duas
principais pautas dos trabalhadores. Seja pela quantidade de menções, seja pela
amplitude de segmentos que trazem essas pautas.
19
129 É importante destacar que dentro da pauta REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA (61) aparece
de maneira mais recorrente as propostas de REESTRUTURAÇÃO (Níveis
/Transversalidade /Nomenclatura /Atribuições) (25 menções) e de CARREIRA ÚNICA
(18 menções), sendo que, além da quantidade de menções, essa proposta aparece nas
reuniões abertas de todos os segmentos excetuando o segmento dos especialistas.

130 Em seguida aparecem as propostas de CARREIRA REGULADOR FEDERAL (14 menções) e


de CARREIRA AUDITOR DE REGULAÇÃO (4 menções).

131 Se considerarmos que as propostas de CARREIRA DE REGULADOR FEDERAL e CARREIRA


DE AUDITOR DE REGULAÇÃO, são, também, propostas de uma carreira única, então, a
principal proposta e mais recorrente seria a CARREIRA ÚNICA com 36 menções
(18+14+4), ultrapassando em recorrência a proposta de REESTRUTURAÇÃO
(Níveis/Transversalidade/Nomenclatura/Atribuições). E, além da quantidade de
menções, desta forma, a proposta de CARREIRA ÚNICA teria sido consolidada nas
reuniões abertas de todos os segmentos.

132 Apesar da pauta EQUIPARAÇÃO COM O CICLO DE GESTÃO (40 menções) ser a segunda mais
recorrente, a pauta EQUIPARAÇÕES (35 menções) tem quase o mesmo nível de
importância considerando o grau de recorrências e a amplitude de segmentos que

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
propõem equiparações entre os segmentos, entre níveis de escolaridade, entre área
meio e área fim e entre as agencias reguladoras.

133 Cabe ainda destacar a importância das pautas PROPORÇÃO REMUNERATÓRIA - Nível
Médio e Superior (28 menções) e NÍVEL DE ACESSO (16 menções), não só pela
quantidade de menções, mas pela amplitude de segmentos que apoiam essas pautas e
pelo papel que cumprem como parte importante da REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA.
Além disso, essas pautas têm força, principalmente, no segmento dos Técnicos em
Regulação.

Mesa Setorial de Negociação (sem impacto financeiro)

134 As pautas e propostas relacionadas a Mesa Setorial de Negociação, embora não sejam
tão expressivas numericamente, compõem um conjunto de questões que afetam muito
o cotidiano dos trabalhadores das agencias reguladoras, são elas, em ordem de
recorrência:

 incentivo e motivação dos servidores (6)


 participação dos servidores na gestão e direção (5)
 apoio aos aposentados (4)
 PGD e teletrabalho (4)
20
 terceirização (3)
 porte de arma (1)

Mesa Central de Negociação Permanente

135 As pautas e propostas relacionadas a MESA CENTRAL DE NEGOCIAÇÃO PERMANENTE são


as seguintes, em ordem de recorrência:

 auxílios e benefícios (12)


 plano de saúde (9)
 contribuição previdenciária (7)

136 As propostas coletadas abordam, principalmente, a necessidade aumento e


equiparação dos valores dos AUXÍLIOS E BENEFÍCIOS às carreiras dos outros poderes,
como legislativo e judiciário.

137 Uma pauta muito sensível, principalmente, para o segmento dos aposentados é a
melhoria das condições do PLANO DE SAÚDE que estão muito defasadas.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
IV
Proposta de Pauta de Reivindicações para a Mesa Específica e
Temporária

138 A presente proposta representa um esforço significativo para melhorar e valorizar a


carreira da REGULAÇÃO no Brasil, visando maior eficiência nas atividades regulatórias e
o atendimento das necessidades de todos os segmentos de servidores da REGULAÇÃO.

139 Trata-se de um pleito construído a partir do acúmulo histórico da REGULAÇÃO, da


escuta ativa empreendida pela Direção do SINAGÊNCIAS e pelo trabalho de diversos
setores da categoria na busca por soluções e consensos. Um processo que só foi possível
com o resgate da democracia sindical e da ampla participação dos trabalhadores.

140 A proposta está em linha com as formulações construídas em todos os CONSAGs, visto
que os desafios referentes ao patamar remuneratório e à estrutura da carreira
permanecem ao longo dos anos.

141 Importante frisar, a presente pauta de reivindicações possui caráter emergencial, para
protocolo imediato no MGI e início dos debates com o Governo. Trata-se de uma
21
plataforma inicial a ser constantemente aperfeiçoada e detalhada a partir do debate da
categoria e das tratativas com o Governo. Futuras alterações também serão objeto de
deliberação em Assembleia.

 Diretrizes:

 Equiparar o Nível Superior das Agências com o Ciclo de Gestão.

 Garantir a remuneração do Nível Intermediário na proporção de 75% do Nível Superior.

 Viabilizar um referencial de paridade na ativa para os integrantes do Plano Especial de


Cargos.

 Promover a igualdade remuneratória entre cargos do mesmo nível.

 Estabelecer o requisito de nível superior para acesso a todos os cargos da Regulação.

 Demarcar a especificidade das atribuições exercidas pelos cargos de gestão das agências.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
Pauta Emergencial da Categoria da Regulação

 Remuneração:

 Patamar remuneratório para o cargo de nível superior equiparado aos cargos do


Ciclo de Gestão.
 Patamar remuneratório para o cargo de nível intermediário correspondente a 75%
da remuneração recebida pelo cargo de nível superior.

 Reestruturação das Carreiras:

 Reorganização da carreira da Regulação, passando a ser composta por dois cargos


e três áreas de atuação:

REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO – formado pelos ativos e aposentados


dos atuais cargos de Especialista em Regulação e correlatos

Nível GOVERNANÇA E GESTÃO – formado pelos ativos e aposentados dos


Superior atuais cargos de Analista Administrativo
ATIVIDADES ESPECÍFICAS EM REGULAÇÃO – formado pelos ativos e
aposentados dos atuais cargos de nível superior do Plano Especial 22
de Cargos

REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO – formado pelos ativos e aposentados


dos atuais cargos de Técnico em Regulação e correlatos
Nível GOVERNANÇA E GESTÃO – formado pelos ativos e aposentados dos
Intermediário atuais cargos de Técnico Administrativo
ATIVIDADES ESPECÍFICAS EM REGULAÇÃO – formado pelos ativos e
aposentados dos atuais cargos de nível auxiliar e nível intermediário
do Plano Especial de Cargos

 Manutenção das atribuições e da estrutura remuneratória dos cargos de origem.


 No caso dos cargos remunerados por VENCIMENTO BÁSICO, este deverá incorporar
os valores recebidos a título de GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO (VB 100).
 REQUISITO DE ACESSO de escolaridade de nível superior para os todos os cargos.
 A NOVA NOMENCLATURA deverá ser definida no curso da negociação com o Governo
e em debate de todos os segmentos.

 Outras demandas relevantes:

 Possibilidade de exercício de atividades profissionais não relacionadas à Regulação.

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
 Definição das atividades das Agências Reguladoras como ATIVIDADES TÍPICAS DE
ESTADO.
 Revisar a Lei do SUBSÍDIO para permitir o recebimento de verbas de natureza
indenizatória, a exemplo dos adicionais de periculosidade, insalubridade e outros.

Brasília-DF, 11 de dezembro de 2023.

Diretoria Colegiada Executiva Nacional


Sindicato Nacional dos Servidores de Agências Nacionais de Regulação

23

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação – Gestão Protagonismo, Renovação e Luta
Um só Sindicato. Todas as vozes.

www.sinagencias.org.br

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