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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS UNI-ANHANGUERA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MONITORAMENTO E CONTROLE DE UM DISPOSITIVO EM TEMPO


REAL UTILIZANDO CONCEITOS DA INDÚSTRIA 4.0

ALEXANDRE CASSIANO MACHADO


FERNANDA SOUSA ABREU

GOIÂNIA
Junho/2019
ALEXANDRE CASSIANO MACHADO
FERNANDA SOUSA ABREU

MONITORAMENTO E CONTROLE DE UM DISPOSITIVO EM TEMPO


REAL UTILIZANDO CONCEITOS DA INDÚSTRIA 4.0

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Centro Universitário de Goiás – Uni-
ANHANGUERA, sob orientação da professora
Mestra Ludmilla Reis Pinheiro dos Santos, como
requisito parcial para obtenção do título de
bacharelado em Engenharia Elétrica.

GOIÂNIA
Junho/2019
FOLHA DE APROVAÇÃO

ALEXANDRE CASSIANO MACHADO


FERNANDA SOUSA ABREU

MONITORAMENTO E CONTROLE DE UM DISPOSITIVO EM TEMPO REAL


UTILIZANDO CONCEITOS DA INDÚSTRIA 4.0

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora como requisito parcial para
obtenção do Bacharelado em Engenharia Elétrica do Centro Universitário de Goiás - Uni-
ANHANGUERA, defendido e aprovado em 03 de Junho de 2019 pela banca examinadora
constituída por:

____________________________________
Profa. Ma. Ludmilla Reis Pinheiro dos Santos
Orientadora

____________________________________
Prof. Esp. André Silveira Neves
Membro

____________________________________
Prof. Me. Márcio de Souza Balian
Membro

____________________________________
Prof. Esp. Tiago Marcelino Reis
Membro
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por
existir, ter saúde, oportunidade e sabedoria para
buscar minhas conquistas. Especialmente à nossa
família e amigos que nos apoiaram e nos deram todo
suporte e amor incondicional para realização do
sonho da graduação.
AGRADECIMENTOS

Aos professores, coordenador e amigos da Graduação em


Engenharia Elétrica Uni-Anhanguera, pelo tempo de
aprendizado que passamos juntos. Com muito carinho a nossa
orientadora Ludmilla Reis Pinheiro dos Santos pela dedicação,
presteza e incentivo durante toda a realização deste resultado.
Aos nossos familiares pela força e carinho. Enfim, a todos que
contribuíram de alguma forma para que nós chegássemos até
aqui e pudéssemos dizer: muito obrigado!
A verdadeira motivação vem de
realização, desenvolvimento pessoal,
satisfação no trabalho e
reconhecimento.

Frederick Herzberg
Resumo

No presente momento, vive-se uma transformação digital na Indústria, que está sendo referenciada
como a quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0. Essa nova revolução foi precedida por três
anteriores, onde: produção em massa, linhas de montagem, eletricidade e a tecnologia da
informação, foram os marcos. As revoluções elevaram a renda dos trabalhadores e geraram uma
competição tecnológica acerca do desenvolvimento econômico. Estudos preveem que a quarta
Revolução Industrial terá um impacto mais profundo e exponencial, caracterizando-se por um
conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico apoiando-se em
tecnologias habilitadoras, tais como: Internet of Things (loT), machine learning, big data analytics,
cyber-physical systems (CPS), machine-to-machine (M2M) e cloud computing. Este trabalho teve
como objetivo desenvolver um sistema utilizando conceitos da Indústria 4.0, que possibilitou
monitorar e controlar um dispositivo em tempo real, através da Internet. Como estudo de caso, foi
utilizado um motor elétrico AC, simulando o trabalho no chão de fábrica de uma indústria. Esse
motor foi conectado a um conversor de frequência monofásico, munido de uma Interface Homem
Máquina (IHM) que possibilitou o recebimento de parâmetros, estabelecidos de acordo com as
características do mesmo. Um gateway de rede foi utilizado para permitir o monitoramento e
controle do motor elétrico através da Internet, sendo que os dados obtidos são armazenados em um
servidor online. Com base nas informações que são recebidas e armazenadas no servidor, cria-se os
dashboards em uma página Web que podem ser acessados por tablets, smartphones e computadores
que estejam conectados à Internet, contendo as seguintes funcionalidades: ligar, desligar, aumentar
e diminuir a velocidade do motor.

PALAVRAS-CHAVE: Indústria 4.0. Internet of Things (IoT). Cloud Computing.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01: As quatro revoluções industriais 19


Figura 02: Benefícios da IoT 21

Figura 03: Arquivos salvos na nuvem 23


Figura 04: Previsão do mercado de dispositivos móveis conectados 25
Figura 05: Estação de Tratamento de Água (ETA) 26

Figura 06: Evolução industrial 28


Figura 07: Tecnologias da Indústria 4.0 29
Figura 08: Diagrama do sistema proposto 31

Figura 09: Captura de tela do software Node-Red 33


Figura 10: Captura de Tela do IBM Watson 34
Figura 11: Captura de tela do Linux OS Yocto Sumo 2.5 35

Figura 12: Motor Siemens 36


Figura 13: Parte frontal do Conversor de Frequência G120C Siemens 37
Figura 14: Parte lateral do Conversor de Frequência G120C Siemens 37
Figura 15: Foto frontal do Gateway IoT 2040 Siemens 38
Figura 16: Interface do sistema operacional 40
Figura 17: Comando setup no prompt 41
Figura 18: Tela inicial do Node-Red 42
Figura 19: Página de desenvolvimento do Node-Red 43
Figura 20: Instalação do Pacote S7 no Node-Red 44
Figura 21: Conexão IoT e IBM Watson 45
Figura 22: Motor conectado diretamente na tensão de 220V 46
Figura 23: (a) Conversor de Frequência em stand-by; e (b) Tela da IHM 47
conectada no Conversor de Frequência
Figura 24: Conversor de frequência (a) menu SETUP; (b) opção RESET; (c) ao 49
(g) parâmetros do motor; (d) tela final.
Figura 25 Motor e Conversor de Frequência em funcionamento. 50
Figura 26: IoT 2040 Siemens com cartão de memória e leds acesos 51
Figura 27: Conexão entre os dispositivos IoT 2040 Conversor de Frequência e 52
Motor
Figura 28: Interface de desenvolvimento Node-Red 54
Figura 29: Programação em blocos Node-Red no IBM Watson 55
Figura 30: Tela de autenticação web 56
Figura 31: Tela de interação com o motor 57
Figura 32: Interface web apresentando gráficos 59
Figura 31: Captura de tela do sistema apresentado em um smartphone 60
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 Parametrização do Motor 51


LISTA DE SIGLAS

A Ampères
AC Corrente Alternada
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
CC Corrente Contínua
CPS Cyber-Physical Systems
CLP Controlador Lógico Programável
ETA Estação de Tratamento de Água
Hz Hertz
IHM Interface Homem Máquina
IoT Internet of Things
IP Índice de Proteção
LED Light Emitting Diode
kW Quilowatt
M2M Machine to Machine
M2P Machine to People
SD Secure Digital
TC Cadeia Têxtil e de Confecção
TLS Transport Layer Security
USP Universidade de São Paulo
V Volts
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................14
1.1. Objetivo Geral ......................................................................................................................15
1.2. Objetivos Específicos ............................................................................................................16
1.3. Justificativa ...........................................................................................................................16
1.4. Metodologia ...........................................................................................................................16
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 18
2.1. Indústria 4.0 ..........................................................................................................................18
2.2. Internet das Coisas (IoT) .....................................................................................................20
2.3. Cloud Computing...................................................................................................................22
2.4. Trabalhos relacionados ........................................................................................................24
2.4.1 Proposta de integração entre ferramentas de avaliação de ciclo de vida do produto e
Indústria 4.0 (Industrie 4.0): estudo de caso da Indústria têxtil e de confecção brasileira .....24
2.4.2 Transformação Digital na Indústria: Indústria 4.0 e a Rede de Água Inteligente no
Brasil ...............................................................................................................................................26
2.4.3 Indústria 4.0: Estudo da cadeia produtiva de madeira no Paraná ..................................27
2.4.4. Indústria 4.0: Análise e simulação de uma nova era industrial .......................................28
2.5. Considerações sobre trabalhos Relacionados ....................................................................30
3. PROPOSTA DE SOLUÇÃO ............................................................................................... 31
3.1 Descrição da Solução ............................................................................................................31
3.2. Componentes de Software ...................................................................................................33
3.2.1. Node-Red ............................................................................................................................... 33
3.2.2. IBM Watson ..........................................................................................................................34
3.2.3. Linux OS Yocto Sumo 2.5 ....................................................................................................34
3.3. Componentes de Hardware .................................................................................................35
3.3.1. Motor Siemens AC ...............................................................................................................35
3.3.2. Conversor de Frequência G120C Siemens .........................................................................36
3.3.3. Gateway IoT 2040 Siemens ..................................................................................................38
4. TESTES .................................................................................................................................39
4.1 Componentes de Software ...................................................................................................39
4.1.1 Linux OS Yocto Sumo 2.5 ....................................................................................................39
4.1.2 Software Node-Red ...............................................................................................................41
4.1.2.1 Node- Red no IoT 2040 ......................................................................................................41
4.1.2.2 Node-Red no IBM Watson ................................................................................................ 44
4.2 Componentes de Hardware .................................................................................................45
4.2.1 Motor Siemens AC ...............................................................................................................45
4.2.2 Conversor de Frequência .....................................................................................................47
4.2.3 IOT 2040 ................................................................................................................................ 51
4.3 Teste de integração entre os dispositivos ............................................................................51
4.3.1 Conexões físicas ....................................................................................................................52
4.3.2 Conexões lógicas ...................................................................................................................53
5 APLICAÇÃO ........................................................................................................................54
5.1 Desenvolvimento da aplicação .............................................................................................54
5.2 Interface Web........................................................................................................................55
6. RESULTADOS OBTIDOS ..................................................................................................58
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 61
7.1 Considerações Finais ............................................................................................................61
7.2 Sugestões de Trabalhos futuros ...........................................................................................62
8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................63
1. INTRODUÇÃO

Estamos vivendo a era da informação e com apenas um toque na tela do smartphone é


possível se conectar a qualquer parte do mundo. O advento da tecnologia aproximou as pessoas e
viabilizou a integração das pessoas com máquinas como nunca visto na história.
Novas tecnologias estão sendo criadas para interação entre pessoas e máquinas (Machine to
People - M2P) e máquinas e máquinas (Machine to Machine – M2M), as quais permitem que
pessoas minimizem a execução de atividades repetitivas, foquem atenção e energia no planejamento
da produção (BOSWARTHICK et. al., 2012).
Entre os séculos XVIII e XIX na Inglaterra, surgiu a primeira Revolução Industrial com base
na exploração do carvão e no uso de biocombustíveis, sendo utilizado principalmente o vapor para
funcionamento das máquinas. A mecanização se iniciou no segmento têxtil, substituindo os
operadores e artesãos, e se estendeu para os setores de metalurgia, transportes e agricultura
(HOBSBAWM, 2011).
A segunda Revolução iniciou-se no final do século XIX com a industrialização de produtos
que poderiam ser fabricados e transportados para qualquer lugar do mundo. As descobertas de novas
fontes de energia, como o petróleo e usinas hidroelétricas, alavancaram invenções como o motor a
combustão, o que promoveu uma evolução tecnológica nas formas de produção. Como exemplo
pode ser citada a linha de produção criada por Henry Ford (1863 – 1947) que transportava chassis
de carros ao longo da fábrica através de esteiras até que o mesmo fosse completamente montado
(CUITINHO, 1992).
Em meados do século XX, após a segunda guerra mundial, surgiu a terceira Revolução
industrial impulsionada pela microeletrônica. Até o século XX, a base para os processos das
indústrias era a eletromecânica que por sua vez funcionava de forma repetitiva e não programável.
Os microcontroladores, sensores, Controladores Lógico Programáveis (CLPs) e computadores
ganharam força, otimizando os processos e possibilitando eficiência no fluxo de produção
(CUITINHO, 1992).
Profundas mudanças estão acontecendo, não só na Indústria, mas também na comunidade,
nos preceitos, na forma como nos relacionamos, como escolhemos os produtos e serviços, economia
compartilhada, inovação colaborativa, manufatura aditiva, redes sociais e plataformas digitais.
Diante disso, surge a quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0.
14
Segundo Lopes (2018), existem seis princípios para o desenvolvimento e a implantação da
Indústria 4.0: (a) capacidade de operação em tempo real, que consiste na aquisição, tratamento de
dados e tomada de decisões em tempo real; (b) virtualização, que são simulações utilizadas
atualmente, como sistemas supervisórios, permitindo a rastreabilidade e monitoramento remoto de
todos os processos por meio dos inúmeros sensores espalhados ao longo da planta; (c)
descentralização da tomada de decisões, realizadas pelo sistema cyber-físico de acordo com as
necessidades da produção em tempo real, onde as máquinas não apenas receberam comandos, mas
poderão fornecer informações sobre seu ciclo de trabalho; (d) orientação a serviços, consiste na
utilização de arquiteturas de software orientadas a serviços aliado ao conceito de Internet of Things
(IoT); e (e) modularidade, que se adapta de acordo com a demanda, com acoplamento e
desacoplamento de módulos na produção.
Esse cenário está presente em vários países da Europa e América do Norte, onde essa
mudança de paradigma tem tornado os processos produtivos mais competitivos. No Brasil ainda é
um desafio, devido a falta de incentivos em infraestrutura, sendo que os principais investimentos
são aplicados por multinacionais que possuem linhas de produção no país (RIZZO, 2016).
A interação do mundo real com o virtual, ou seja, a fusão entre o mundo físico, digital e
biológico são aspectos fundamentais da Indústria 4.0. O uso de dispositivos IoT permite coletar e
trocar dados através da conexão em rede de objetos físicos, ambientes, veículos e máquinas por
meio de dispositivos eletrônicos embarcados. Esta tecnologia, conectada à nuvem (Cloud
Computing), possibilita a análise e processamento massivo dos dados (Big data) para se modelar as
necessidades do cliente.

1.1. Objetivo Geral

Desenvolver um sistema, utilizando conceitos da Indústria 4.0, que possibilite monitorar e


controlar um dispositivo em tempo real, através da Internet. Como estudo de caso, o dispositivo
utilizado será um motor Siemens AC, no qual através de um software aberto, permitirá: ligar,
desligar, aumentar e diminuir a velocidade de rotação do motor.

15
1.2. Objetivos Específicos

 Desenvolver um sistema composto por: (a) página Web, para permitir monitorar e controlar um
motor Siemens AC remotamente; e (b) um protótipo, que integre os sistemas de tecnologia da
informação e automação industrial;
 Otimizar parâmetros do Conversor de Frequência, através de uma Interface Homem Máquina
(IHM) para monitorar o status do motor;
 Comunicar o conversor de frequência e gateway, através do software Node-Red;
 Conectar IoT com a Internet, utilizando o software IBM Watson.

1.3. Justificativa

A demanda de mercado para Indústria 4.0, pode ser observada na necessidade de uma
Indústria em monitorar e controlar equipamentos no chão de fábrica. As informações podem ser
enviadas em tempo real para dispositivos remotos, estarem disponíveis para consulta e permitir a
interação com os equipamentos, auxiliando nas tomadas de decisões.
Noventa por cento do total de dados criados no mundo foi criado nos últimos dois anos,
estima-se que em 2020 a quantidade de informações armazenadas seja cinquenta vezes maior do
que em 2010. A maioria desses dados serão gerados através de smartphones que devem conectar de
dois a três bilhões de pessoas no mundo (SALDIVAR, 2015).
Se adequar à era da digitalização é uma questão de sobrevivência para as indústrias. A quebra
desse paradigma está atrelada a otimização do tempo, redução nos custos operacionais, aumento na
produtividade e ganhos de eficiência no processo de manufatura. A competitividade gera a
necessidade de processos automatizados e com possibilidade de escalabilidade (BLOIS, 2018).

1.4. Metodologia

16
 Compreender conceitos ligados à tecnologia da informação e automação industrial;
 Pesquisar livros, artigos científicos e trabalhos relacionados ao tema;
 Realizar testes unitários e de integração dos componentes de hardware e software;
 Desenvolver uma página Web, utilizando linguagem de programação Java Script através
da plataforma Node-Red, que será utilizada na interação do usuário com o dispositivo;
 Utiliza protótipo, contendo um motor Siemens AC, que possibilite aplicar os conceitos
de Indústria 4.0.

1.5. Organização do Trabalho

Este capítulo apresentou introdução, objetivo geral, objetivos específicos, justificativa e


metodologia deste trabalho. O capítulo 2 apresentará o referencial teórico com o intuito de fornecer
aprofundamento ao tema Indústria 4.0. O capítulo 3 apresentará a proposta de solução. O capítulo 4
apresentará os testes. O capítulo 5 apresentará a interface com o usuário. O capítulo 6 apresentará
os resultados obtidos. O capítulo 7 apresentará as conclusões e o capítulo 8 apresentará as
referências.

17
2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão abortados conceitos, definições e alguns trabalhos relacionados ao tema,
que se mostram relevantes para o entendimento deste trabalho.

2.1. Indústria 4.0

A Indústria 4.0 é a integração entre a automação, os sistemas ciber-físicos, a Internet das


coisas (IoT) e a computação em nuvem (SCHWAB, 2018).
A cada nova revolução industrial, os avanços tecnológicos têm impacto fundamental no
aumento da produtividade. A Figura 01 mostra quatro avanços tecnológicos que mudaram
profundamente a dinâmica industrial. Produção em massa, linhas de montagem, eletricidade e a
tecnologia da informação, foram os marcos das três primeiras revoluções industriais as quais
elevaram a renda dos trabalhadores e geraram uma competição tecnológica acerca do
desenvolvimento econômico. A quarta Revolução Industrial, terá um impacto mais profundo e
exponencial, caracterizando por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico,
digital e biológico (BRASIL, 2018).

18
Figura 01: As quatro revoluções industriais.
Fonte: Adaptado de KAGERMANN et. al. (2013).

O conceito de Indústria 4.0 foi apresentado inicialmente em 2011 na Feira de Hannover.


Segundo Rizzo (2016), a iniciativa fortemente patrocinada e incentivada pelo governo alemão em
associação com empresas de tecnologia, universidades e centros de pesquisa do país, propõe uma
importante mudança de paradigma em relação à maneira como as fábricas operam atualmente.
A Indústria 4.0 surgiu como resposta à crescente competitividade global pela qualidade de
produtos e baixos custos de produção. As empresas de manufatura da Alemanha reconheceram que
os consumidores não estavam dispostos a pagar preços mais altos por melhorias incrementais de
qualidade, e passaram a ajustar à produção focando em produtos customizados e respostas rápidas
ao mercado (BRETTEL et al, 2014).
Nessa visão de futuro, ocorre uma completa descentralização do controle dos processos
produtivos e uma proliferação de dispositivos inteligentes interconectados, ao longo da cadeia de
produção e logística. O impacto esperado na produtividade da Indústria é comparável ao que foi

19
proporcionado pela Internet em diversos outros campos, como no comércio eletrônico, nas
comunicações pessoais e nas transações bancárias.
Analistas indicam um mercado potencial de US$ 15 trilhões em 15 anos. Gigantes globais
como GE e Intel, empresas de tecnologia, universidades e institutos de pesquisa trabalham para
vencer desafios técnicos, como nível de segurança viável para troca de informações sensíveis e
criação de padrões e referências para a interoperabilidade entre máquinas e dispositivos (HANH,
2016).
Tornar a Indústria 4.0 uma realidade implicará a adoção gradual de um conjunto de
tecnologias emergentes de TI e automação industrial, na formação de um sistema de produção
físico-cibernético, com intensa digitalização de informações e comunicação direta entre sistemas,
máquinas, produtos e pessoas. Esse processo visa gerar ambientes de manufatura altamente flexíveis
e auto ajustáveis à demanda crescente por produtos cada vez mais customizados.
A era da Internet Industrial começou unindo máquinas inteligentes, análise computacional
avançada e trabalho colaborativo entre pessoas conectadas para gerar profundas mudanças,
proporcionando eficiência operacional para setores industriais diversos, tais como: manufatura,
transporte, energia e saúde. A seguir será apresentado o conceito de IoT, fator fundamental para
possibilitar a conexão entre máquinas, processos e pessoas.

2.2. Internet das Coisas (IoT)

Os desenvolvimentos atuais em tecnologia incluindo a Indústria 4.0 e Internet das Coisas


(IoT) juntamente com o conceito de que o mundo está se contraindo com base na conectividade,
contribuem para que as empresas se capacitem digitalmente para estarem prontas para novos
desafios de integração (ATZORI et. al., 2010). O crescimento das empresas ultrapassou as fronteiras
geológicas, com a otimização dos negócios como o principal impulsionador para garantir a
sustentabilidade frente a um mercado cada vez mais competitivo.
Internet das Coisas é o modo como os objetos físicos estão conectados e comunicando entre
si e com o usuário, através de sensores inteligentes e softwares que transmitem dados para uma rede.
O resultado disso são objetos mais inteligentes e responsivos, desde um relógio ou uma geladeira,
até carros, máquinas, computadores e smartphones. Segundo Villarino (2016), qualquer objeto pode
20
entrar para o mundo da Internet das Coisas proporcionando inúmeros benefícios para a sociedade.
A Figura 02 apresenta alguns desses benefícios.

Figura 02: Benefícios da IoT.


Fonte: RSI (2018).

Os objetos comunicam entre si para dar mais conforto, produtividade, informação e


praticidade em geral, e seus usos podem abranger: (a) monitoramento de saúde; (b) fornecimento
de informação em tempo real sobre o trânsito da cidade; (c) número de vagas disponíveis em um
estacionamento e em que direção elas estão; (d) recomendação de atividades, lembretes, ou
conteúdo em dispositivos conectados (VILLARINO, 2016).
As tarefas do cotidiano se tornam inteligentes e têm suas funções ampliadas por cruzamento
de dados através da interconectividade dos dispositivos inteligentes, ou seja, pela Internet das
Coisas. Pode-se citar como exemplo um assistente virtual, que cruza dados dos seus dispositivos
conectados para informar uma tarefa, mesmo que não seja solicitado.

21
A IoT na Indústria 4.0 é a responsável pela integração de todos os dispositivos internos e
externos à planta. Ao introduzir automação, conectividade e técnicas de produção mais flexíveis, por
exemplo, estima-se que os fabricantes podem aumentar sua produtividade em até 30% (ROMANO,
2017).
Além disso, a escalabilidade, economia de tempo e de custos, auxiliam na maximização dos
lucros de organizações industriais. Dentre os aspectos que aumentam a eficiência operacional da planta
podem ser citados: (a) redução de paradas na produção; (b) melhoria do uso do ativo; (c) redução no
custo do ciclo ativo; (d) melhoria da produção (ROMANO, 2017).
“A Internet das Coisas é uma rede de objetos físicos, sistemas, plataformas e aplicativos com
tecnologia embarcada para comunicar, sentir ou interagir com ambientes internos e externos.”
(EUROPEAN PARLIAMENT, 2015). A IoT na Indústria 4.0 permite que sejam criadas novas
fontes de receitas pela criação de novos serviços conectados. Os modelos de negócio híbridos
permitem que sejam aproveitados tantos os produtos quanto serviços digitais.
Podem ser citados como exemplo os veículos conectados, que utilizou dados brutos obtidos,
para fornecer serviços em tempo real, como fonte para manutenções preventivas. A utilização de
serviços digitais melhora o relacionamento com o cliente, pois a entrega do produto possibilita
diferentes pontos de contatos que geram informações valiosas para o cliente, além de criar uma
relação de confiança e lealdade.
A análise dos dados industriais permite que os executivos tenham maior quantidade de
informação. Isso facilita a tomada de decisões em virtude de ter uma visão mais precisa do
desempenho da Indústria. É importante ressaltar que, a Indústria 4.0 visa promover que boa parte
dessas decisões sejam tomadas automaticamente por técnicas inteligentes.
Para completar, o conceito de Industria 4.0 utilizando rede de dispositivos IoT inteligentes
permite que as organizações industriais conectem pessoas, dados e processos do chão de fábrica até
os executivos, auxiliando na produtividade dos líderes e nas tomadas de decisão.

2.3. Cloud Computing

Cloud computing ou computação na nuvem ganhou espaço em grandes indústrias e corporações,


mas apenas recentemente têm chegado em pequenas empresas. O conceito refere-se à capacidade de

22
computação infinitamente disponível e flexível. Dessa forma, a infraestrutura de hardware e rede é
visualizada pelos usuários como um serviço onde se paga apenas pelo recurso utilizado. O usuário não
precisa se preocupar com questões como espaço de armazenamento, tamanho da banda larga, poder de
processamento ou segurança das aplicações e dados.
Com a implementação da cloud computing, todas estas demandas de tecnologia da informação
são satisfeitas efetivamente. Ao se necessitar de mais recursos, a infraestrutura se adapta a nova demanda
de maneira automática. A ideia da cloud é, justamente a de expansividade, deixar a infraestrutura
transparente para o usuário, para que de acordo com a necessidade, a cloud consiga disponibilizar maior
infraestrutura e se adequar ao volume recebido. Isso garante, especialmente para corporações, a
utilização eficiente de recursos e reflete diretamente na economia de custos e de tempo.
A ideia de guardar arquivos na nuvem surgiu do fato de que não se sabe exatamente onde os
dados estão sendo armazenados ou processados, conforme ilustrado pela Figura 03. Eles podem
estar em um servidor no Brasil, do outro lado do mundo ou em mais de um local ao mesmo tempo,
um sendo cópia de segurança do outro. O princípio é conseguir acessar esses dados pela Internet, de
qualquer lugar do mundo, mesmo que estejam armazenados a quilômetros de distância.

Figura 03: Arquivos salvos na nuvem.


Fonte: ANDRADE (2017).

23
Conforme Silva (2017), pode se destacar algumas vantagens da Cloud Computing na
Indústria 4.0:
 Agilidade e facilidade no compartilhamento de dados: como a cloud não é um local
físico, é possível que várias pessoas tenham acesso de diversos locais diferentes aos
mesmos arquivos, desde que sejam autorizadas. No caso de uma empresa ou Indústria,
isso garante grande agilidade. A cloud permite que os funcionários consigam interagir
com o conteúdo armazenado na nuvem em tempo real, sendo possível auxiliar na
colaboração e integração entre departamentos, permitindo uma comunicação rápida e
otimizada;
 Monitoramento com mobilidade: a cloud promove maior controle das operações e
acompanhamento de demandas remotamente em tempo hábil. Isso permite um melhor
aproveitamento dos insights e melhoria na tomada de decisões, visto que o gestor tem
acesso a dados que o permite monitorar a performance da empresa ou Indústria com
flexibilidade e eficiência;
 Economia: com a implementação da cloud computing na Indústria gera economia na
aquisição de helpdesks (serviço de apoio e suporte à problemas técnicos) e servidores.
Além disso, o tempo gasto para obtenção de informações também será otimizado.

2.4. Trabalhos relacionados

Existem diversos trabalhos no meio acadêmico que abordam questões da Indústria 4.0. Nos
próximos subitens serão apresentados quatro trabalhos relacionados ao tema.

2.4.1 Proposta de integração entre ferramentas de avaliação de ciclo de vida do produto e


Indústria 4.0 (Industrie 4.0): estudo de caso da Indústria têxtil e de confecção brasileira

O objetivo principal dessa tese foi propor um modelo para integrar ferramentas de Avaliação
do Ciclo de Vida (ACV) de um produto têxtil no contexto da Indústria 4.0. O modelo foi construído
a partir do desdobramento funcional de quatro sistemas produtivos têxteis para a produção de
24
camisetas 100% algodão com a descrição dos fluxos de entrada e saída relacionados a material,
energia, informação e seus respectivos componentes e tecnologias. O modelo contempla a ACV dos
sistemas envolvidos e a projeção das mudanças tecnológicas na produção e consumo de artigos
têxteis a partir da contraposição entre a tecnologia descrita em patentes, artigos científicos e as
ferramentas tecnológicas da Indústria 4.0 (DUARTE, 2017).
Analisando os resultados, obteve-se uma visão clara sobre os processos produtivos da Cadeia
Têxtil e de Confecção (TC) e a independência entre todos os fluxos. A partir do monitoramento
tecnológico, foi possível inferir que a novidade conceitual e a complexidade de configuração dos
componentes da Cadeia TC encontram-se em um processo evolutivo, em que há automação de
partes das máquinas e processos (DUARTE, 2017).
Para atingir a Quarta Revolução Industrial, as ferramentas tecnológicas devem ser
incorporadas tanto na produção como no consumo de artigos têxteis. Estima-se que haverá um
crescimento expressivo dos dispositivos móveis conectados e computadores vestíveis, conforme
Figura 04. O autor ressaltou que as ferramentas tecnológicas que caracterizam a Indústria 4.0 ainda
não foram totalmente integradas à produção têxtil e o desafio para este setor será acompanhar essas
inovações que irão repercutir não somente na produção, mas também nos modelos de ensino,
negócio, nos hábitos de consumo e em aspectos sociais e culturais (DUARTE, 2017).

Figura 04: Previsão do mercado de dispositivos móveis conectados


Fonte: DUARTE (2017).

25
2.4.2 Transformação Digital na Indústria: Indústria 4.0 e a Rede de Água Inteligente no
Brasil

A tese visou caracterizar as tecnologias habilitadoras, as visões da transformação digital e o


cenário Brasil para esta nova realidade, o conceito foi implantado em uma Estação de Tratamento
de Água (ETA), Figura 05. O objetivo central foi a definição de uma plataforma de transformação
digital aplicada ao cenário da Indústria de Utilities. Para a identificação do setor industrial, optou-
se pela aplicação de um questionário direcionado às indústrias da região metropolitana de
Campinas-SP, para traçar o nível de conhecimento, aderência e perfil profissional desejado pelas
empresas relacionadas com a transformação digital (AZEVEDO, 2017).

Figura 05: Estação de Tratamento de Água (ETA).


Fonte: AZEVEDO (2017).

Na análise do questionário para o grupo estudado, verificou-se desconhecimento estratégico


sobre a transformação digital e resistência para aplicação dos novos conceitos na cadeia de
suprimentos existente. Para suprir esta necessidade e como prova de conceito foi proposta uma
plataforma para transformação digital para a questão da água, com o objetivo de alcançar uma gestão
eficiente dos recursos atrelada ao uso racional da água (AZEVEDO, 2017).
26
Para a definição da plataforma foi realizado o levantamento de todo o processo de uma planta
de tratamento de água, implantada nos moldes da terceira revolução industrial, de modo a melhorar
o processo aplicando-se os conceitos da transformação digital na nova plataforma definida. Como
resultado, o estudo de caso contribuiu para o projeto PURA-USP juntamente com o projeto SafeCity,
do convênio Huawei-USP no âmbito do conceito de cidades inteligentes, integrando a
transformação digital na gestão eficiente dos recursos hídricos no campus USP da capital paulista.
Adicionalmente, inseriu-se a capacitação técnica no projeto Huawei-USP, denominada Centro de
Internet do Futuro, habilitando e capacitando os profissionais para as novas tecnologias
(AZEVEDO, 2017).

2.4.3 Indústria 4.0: Estudo da cadeia produtiva de madeira no Paraná

Apresentou-se o estado da arte do tema proposto no setor madeireiro paranaense, os


principais desafios para que seja alcançado um nível de maturidade industrial no setor e os impactos
ocasionados pela transformação da Indústria convencional em Indústria 4.0. O trabalho buscou
reconhecer a situação da Indústria madeireira no estado Paraná focando na Região Metropolitana
de Curitiba, que é bastante representativa atualmente. A partir destes dados, reconhecer seus
desafios de modernização e apontar caminhos para aumentar sua inserção no mercado (MOREIRA,
2017).
A metodologia aplicada foi fundamentada em pesquisas bibliográficas e questionários
enviados para profissionais da Indústria madeireira do Paraná, com o objetivo de realizar um
levantamento do estado de industrialização em conformidade com os quatro principios de
implementação da Indutria 4.0: assistência técnica (virtual e física), a interconexão (IoT), a
transparência da informação e as decisões descentralizadas das empresas do ramo. Como resultados
foram apresentadas uma visão do atual estágio de desenvolvimento, as melhores práticas baseadas
nos conceitos apresentados e os resultados obtidos caso as diretrizes apontadas sejam aplicadas na
Indústria da madeira paranaense (MOREIRA, 2017).
A Figura 06 apresenta uma linha do tempo da evolução industrial.

27
Figura 06: Evolução industrial.
Fonte: MOREIRA (2017).

2.4.4. Indústria 4.0: Análise e simulação de uma nova era industrial

Essa monografia teve como objetivo realizar um estudo sobre os princípios que envolvem
essa revolução, além de desenvolver uma aplicação que emprega os conceitos tecnológicos
relacionados com Sistemas de Informação, utilizando linguagem de programação Java, Arduino e
Lego Mindstorm, de forma a apresentar alguns dos conceitos básicos e desafios, relacionados a
computação (PAMPLONA, 2018).
A monografia apresentou o desenvolvimento de um protótipo de uma pequena linha de
produção, para exemplificar de forma didática uma parte dos conceitos envolvidos neste modelo.
Com o estudo percebeu-se que o conceito da Indústria 4.0, Figura 07, através da implementação da
estratégia e aplicação dos seus princípios, adapta-se a esse novo conceito, e com isso pode melhorar
todos os setores de manufatura (PAMPLONA, 2018).
No desenvolvimento do protótipo, o uso dos princípios de modularidade, Internet das coisas
e integração de sistemas proporcionou uma experiência sobre a quarta revolução industrial, o seu
desenvolvimento propõe como os conceitos dessa nova Indústria podem auxiliar até mesmo uma

28
simples linha de produção, mostrando que mesmo na falha, a Indústria é capaz de se gerenciar e
entregar o produto na etapa final (PAMPLONA, 2018).
Concluiu-se que a aplicação do conceito da Indústria 4.0 é essencial para as fábricas
entregarem produtos de qualidade e customizados para seus clientes, além de obter mais lucro. A
adoção deste modelo implicará no ganho de competitividade quando comparada ao modelo atual, o
que resultará na sua extinção a médio ou longo prazo. Por fim, a monografia ressaltou que as
indústrias terão diversos desafios científicos, tecnológicos, econômicos, sociais e políticos na
adoção do novo modelo, que exigirão soluções específicas para que, após a superação dos mesmos,
possa ocorrer a transição ao novo marco industrial (PAMPLONA, 2018).

Figura 07: Tecnologias da Indústria 4.0.


Fonte: PAMPLONA (2018).

Tendo em vista a diversidade de implementações dos trabalhos aqui relacionados, pode-se


notar que existem algumas barreiras que dificultam a transformação digital dentro das indústrias. O
modelo de consumo, aspectos culturais e maturidade das indústrias são desafios à serem superados
para que a tecnologia ocupe um espaço cada vez maior dentro das indústrias.
Mesmo com desafios, a Indústria 4.0 consegue evoluir nos mais diversos cenários
industriais, variando do ramo têxtil ao fornecimento de água, observa-se que tem se tornando uma

29
necessidade as indústrias se reinventarem e se adequarem às transformações tecnológicas que
chamamos de Indústria 4.0.

2.5. Considerações sobre trabalhos Relacionados

O trabalho Industria 4.0: Análise e simulação de uma nova era industrial apresentou o
desenvolvimento de um protótipo de uma pequena linha de produção, para exemplificar de forma
didática os conceitos envolvidos da Indústria 4.0, tais como: Big Data, IoT e Cloud Computing.
A tese Transformação Digital na Indústria: Indústria 4.0 e a Rede de Água Inteligente
no Brasil propôs uma plataforma para uma gestão eficiente dos recursos atrelado ao uso racional
da água utilizando o cenário da Indústria de Utilitie. O trabalho Proposta de integração entre
ferramentas de avaliação de ciclo de vida do produto e Indústria 4.0 (Industrie 4.0): estudo de
caso da Indústria têxtil e de confecção brasileira apresentou uma proposta para a incorporação
de ferramentas tecnológicas na produção e no consumo de artigos têxteis, como os computadores
vestíveis.
O trabalho Indústria 4.0: Estudo da cadeia produtiva de madeira no Paraná apresentou
uma visão do estágio de desenvolvimento, as melhores práticas baseadas nos quatro princípios de
implementação da Indústria 4.0 : (a) assistência técnica virtual e física; (b) interconexão - IoT; (c)
transparência da informação; (d) decisões descentralizadas.

O capítulo 3 abordará a proposta de solução deste trabalho.

30
3. PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Este capítulo apresenta a descrição da solução e as ferramentas de software e hardware


utilizados para o desenvolvimento deste trabalho.

3.1 Descrição da Solução

A Figura 08 apresenta um diagrama que representa os principais elementos do sistema


utilizando conceitos da Indústria 4.0, que permite monitorar e controlar um dispositivo em tempo
real, através da internet.

Figura 08: Diagrama do sistema proposto.


Fonte: Autoria própria.

31
Para exemplificar a aplicação dos conceitos, foi utilizado como estudo de caso um motor
elétrico Siemens ligado em 220V AC, simulando o trabalho no chão de fábrica de uma Indústria. O
motor está conectado a um conversor de frequência G120C Siemens, que contém uma IHM que
permite o recebimento de parâmetros, estabelecidos de acordo com as características do motor, tais
como: frequência, tensão, corrente e potência.
Os equipamentos estão fixados em uma estrutura de madeira, composta por cinco botões e
um equalizador, ligados nas saídas digitais do conversor de frequência e em uma saída analógica,
permitindo a interação com o motor, através do conversor de frequência. Um cabo padrão ethernet
foi conectado a um gateway de rede através da porta ethernet do conversor de frequência e
configurado para a comunicação através do protocolo Profnet.
A comunicação entre o gateway e o conversor de frequência é feita através do software
Node-Red, uma plataforma aberta de programação em blocos que permite enviar e receber
comandos através no protocolo Profnet. Dentro do chassi do gateway há um sistema operacional
Linux OS Yocto Sumo 2.5, instalado em um cartão de memória mini Secure Digital (SD) Card.
A comunicação do motor com a Internet é feita através do gateway, conectado em um
modem através de um cabo ethernet, que proporciona o link de conexão entre a Internet e os
dispositivos que estão dentro da fábrica. Toda informação que passa pelo conversor de frequência é
interpretada pelo gateway e encaminhada para a Internet através de um protocolo de comunicação
seguro e criptografado.
Os dados que são transmitidos pelo conversor de frequência passam pelo gateway, navegam
através da Internet e são recebidos em uma API de Node-Red que está hospedada em um servidor
online IBM Watson. Com base nas informações que são recebidas e armazenadas no servidor, serão
criados e disponibilizados dashboards, e botões de interação com o motor em uma página Web que
podem ser acessados por smartphones, computadores e tablets conectados à Internet.

32
3.2. Componentes de Software

A próximas subseções apresentam as ferramentas de software utilizadas para o


desenvolvimento deste trabalho.

3.2.1. Node-Red

É uma ferramenta de código aberto baseada em JavaScript, originalmente criada pela IBM
para conectar dispositivos de hardware na Internet com segurança através de conexão Transport
Layer Security (TLS). A programação é feita através de blocos baseada em fluxos, onde se tem
entrada, processamento e saída. (NODE-RED.ORG, 2018) A versão 0.19.1, publicada em 14 de
agosto de 2018, será utilizada neste trabalho para: (a) comunicação do gateway com o conversor de
frequência através do protocolo Profnet; e (b) desenvolvimento da página Web.

Figura 09: Captura de tela do software Node-Red.


Fonte: Autoria própria.

33
3.2.2. IBM Watson

Utilizado para conectar os dispositivos de hardware à nuvem, o IBM Watson é um sistema


escrito em diversas linguagens de programação, incluindo Java, C++ e Prolog, seu sistema
operacional é o SUSE Linux Enterprise Server 11 (IBM, 2018). Neste trabalho será utilizado o
pacote gratuito, que permite a iteração com até 500 dispositivos com limite de consumo de dados
de 200MB por mês. O IBM Watson permite conectar o gateway na nuvem e disponibilizar os dados
gerados pelo motor na página Web.

Figura 10: Captura de Tela do IBM Watson.


Fonte: Autoria própria.

3.2.3. Linux OS Yocto Sumo 2.5

É um sistema operacional de código aberto e colaborativo da Fundação Linux, criado em


2010 com o objetivo de manter a compatibilidade com equipamentos de IoT, sendo utilizado por

34
vários fabricantes de hardware na área industrial (YOCTO, 2018). A Siemens disponibiliza uma
versão compilada para o hardware IoT 2040, a qual foi utilizada neste trabalho.

Figura 11: Captura de tela do Linux OS Yocto Sumo 2.5.


Fonte: Autoria própria.

3.3. Componentes de Hardware

As próximas subseções apresentam as ferramentas de hardware utilizadas para o


desenvolvimento deste trabalho.

3.3.1. Motor Siemens AC

Conforme ilustrado na Figura 12, o motor Siemens AC, possui grau de proteção IP 55,
tornando-o protegido contra poeira e jatos de água, sua ligação foi feita em estrela para funcionar
com tensão de 220V e corrente de 0,73A. A frequência para esse tipo de ligação é de 50Hz e seu
fator de potência é de 0,75kW.
35
Figura 12: Motor Siemens.
Fonte: Autoria própria.

3.3.2. Conversor de Frequência G120C Siemens

As Figuras 13 e 14 apresentam o Conversor de Frequência G120C Siemens, que atua em


motores com potência entre 0,55kW e 18,5kW, possui protocolos de comunicação Profibus e
Modbus. Possui seis entradas digitais, duas saídas digitais, uma entrada analógica, uma saída
analógica e uma porta ethernet. Através da IHM, é possível inserir parâmetros otimizados e
acompanhar o status do motor (SIEMENS, 2018).

36
Figura 13: Parte frontal do Conversor de Frequência G120C Siemens.
Fonte: Autoria própria.

Figura 14: Parte lateral do Conversor de Frequência G120C Siemens.


Fonte: Autoria própria.

37
3.3.3. Gateway IoT 2040 Siemens

A Figura 15 apresenta o Gateway IoT 2040 Siemens, que é uma plataforma com suporte
para linguagem de programação de alto nível, possui processador Intel Quark x1020, 1 GB de
memória RAM, duas portas ethernet, duas interfaces RS232. Oferece suporte para o sistema
operacional Linux Yocto e conexões de dispositivos através de uma porta mini PCIe (SIEMENS,
2018).

Figura 15: Parte frontal do Gateway IoT 2040 Siemens.


Fonte: Autoria própria.

Esse capítulo apresentou os dispositivos de software e hardware, os testes executados para


certificar o seu funcionamento serão apresentados no próximo capítulo.

38
4. TESTES

Este capítulo apresenta os testes feitos nos componentes de software e hardware para o
desenvolvimento do trabalho.

4.1 Componentes de Software

Os testes foram desenvolvidos em um computador com o sistema operacional Windows 10


Profissional 64 bits, Processador Intel(R) Core(TM) i7-3517U CPU @1.90GHz 2.40 GHz, Memória
RAM 4,00 GB, HD 500 GB e acesso à Internet.

As próximas subseções apresentam os testes realizados no software Linux OS Yocto Sumo


2.5 instalado no computador.

4.1.1 Linux OS Yocto Sumo 2.5

O sistema operacional Linux OS Yocto Sumo 2.5 foi instalado em um SD Card através da
ferramenta Win32 Disk Imager instalada no computador citado na seção 4.1. Após a instalação, o
cartão foi conectado no hardware IoT 2040, onde foram executados os testes de funcionamento do
sistema operacional e conexão com a Internet.

Fez-se um acesso remoto através da ferramenta PUTTY, conforme os seguintes passos:

 Inserir endereço IP;


 Inserir o login usuário root;
 Inserir uma senha com até 5 caracteres.

A conexão foi bem-sucedida apresentando a interface do sistema operacional, conforme Figura 16.

39
Figura 16: Interface do sistema operacional.
Fonte: Autoria própria.

A Figura 17 mostra a tela ao selecionar a opção Software do menu (Figura 16), onde
seleciona-se a opção Auto Start node-red, que permite a inicialização do Software Node-Red
automaticamente ao iniciar o sistema operacional.

40
Figura 17: Comando setup no prompt.
Fonte: Autoria própria.

4.1.2 Software Node-Red

A seguir são apresentados os testes realizados no software Node-Red instalados no IoT 2040
e no IBM Watson.

4.1.2.1 Node- Red no IoT 2040

A instalação do software Node-Red no IoT 2040 foi feita através do menu setup,
selecionando a opção auto start Node-Red do sistema operacional Linux OS Yocto Sumo 2.5 (Figura
17).
O teste de funcionamento do sistema Node-Red foi feito através do navegador Google
Chrome instalado em um computador conectado na mesma rede que o IoT 2040. Foi digitado no
navegador o endereço: <http://192.168.200.1:1880/>, composto pelo endereço configurado na

41
interface do IoT 2040 e o número da porta de conexão, obtendo a tela principal do Node-Red,
conforme apresentado na Figura 18.

Figura 18: Tela inicial do Node-Red.


Fonte: Autoria própria.

Por padrão o usuário a ser digitado deve ser root e o campo de senha deve ficar em branco.
Essas informações podem ser alteradas posteriormente para motivos de segurança. Após os dados
de login ser inseridos, a página de desenvolvimento é apresentada, conforme Figura 19.

42
Figura 19: Página de desenvolvimento do Node-Red.
Fonte: Autoria própria.

O próximo passo foi a instalação do pacote de comunicação S7 da Siemens, Figura 20,


seguindo os passos abaixo:

 Conectar no IoT através do Putty;


 Fazer login;
 Acessar o diretório cd /usr/lib/node_modules;
 Inserir o comando de instalação: npm install node-red-contrib-s7.

Figura 20: Instalação do Pacote S7 no Node-Red.


Fonte: Autoria própria.
43
4.1.2.2 Node-Red no IBM Watson

Instalou-se uma API do Node-Red no IBM Watson, com a finalidade de sincronizar a


ferramenta em execução no IoT 2040 com a Internet, conforme Figura 21. Essa conexão foi
realizada através do protocolo Hyper Text Transfer Protocol Secure (HTTPS) e chave de segurança
de 64 bits criada no Linux OS Yocto Sumo 2.5, o teste foi executado emitindo comandos na
ferramenta Node-Red no IBM Watson, os quais foram replicados na interface do IoT 2040.

Figura 21: Conexão IoT e IBM Watson.


Fonte: Autoria própria.

44
Através dos testes de software realizou-se a conexão lógica entre o dispositivo IoT 2040
com a Internet, a qual permitiu a troca de informações entre o software Node-Red no IoT 2040 e no
IBM Watson.

4.2 Componentes de Hardware

Os testes feitos nas ferramentas de hardware possibilitam a conexão entre todos os itens do
projeto. Esses são apresentados nas próximas subseções.

4.2.1 Motor Siemens AC

Para certificar o funcionamento, o motor foi ligado em formato estrela diretamente na tensão
de 220V, o que gerou um arranque e o funcionamento imediato do mesmo, Figura 22.

45
Figura 22: Motor conectado diretamente na tensão de 220V
Fonte: Autoria própria.

46
4.2.2 Conversor de Frequência

Esse dispositivo foi ligado diretamente na tensão de 220V. Após a conexão, o mesmo fez a
checagem de verificação de funcionamento, permaneceu em modo stand-by aguardando a
parametrização, conforme Figura 23(a). Através da IHM, Figura 23(b). foi realizado o
comissionamento do conversor de frequência, ou seja, a configuração dos parâmetros mais
importantes para o seu funcionamento.

(a) (b)
Figura 23: (a) Conversor de Frequência em stand-by, e (b) Tela da IHM conectada no Conversor
de Frequência.
Fonte: Autoria própria.

O comissionamento do conversor de frequência foi realizado através dos seguintes passos:

47
 Acessar o menu SETUP, conforme Figura 24(a), através dos botões de seleção, e
posteriormente o botão OK;
 Marcar a opção RESET, conforme Figura 24(b) através dos botões de seleção, para retornar
o conversor aos parâmetros de fábrica, e posteriormente o botão OK;
 Configurar os parâmetros do motor, apresentados na Figura 24(c) à Figura 24(g), sendo que
a parametrização foi executada de acordo com os dados inseridos na placa do motor, Tabela
1.1.
 Para finalizar o comissionamento, clicar no botão OK para que o conversor de frequência
finalize e salve as configurações, conforme Figura 24 (h).

48
(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

(g) (h)

Figura 24: Conversor de frequência (a) menu SETUP, (b) opção RESET, (c) frequência do motor,
(d) tensão do motor, (e) corrente do motor, (f) potência do motor, (g) velocidade máxima de
rotação e (d) tela final da configuração.
Fonte: Autoria própria.

49
Frequência 50 Hz
Tensão do Motor 220V/380V
Corrente do Motor 0,73ª
Potência do Motor 0,75kW
Velocidade do Motor 0,16CV

Tabela 1.1 Parametrização do Motor.


Fonte: Autoria própria.

Após o comissionamento, foram feitos os seguintes testes entre o motor e o conversor de


frequência: (a) ligar e desligar; (b) aumentar e diminuir a velocidade de rotação do motor; (c) partida
do motor em modo rampa e (d) inverter o sentido de rotação do motor. Esses podem ser observados
na Figura 25.

Figura 25: Motor e Conversor de Frequência em funcionamento.


Fonte: Autoria própria.

50
4.2.3 IOT 2040

Os testes foram feitos observando os LED's indicativos na frente do dispositivo. O


dispositivo foi ligado na Internet através de uma fonte de alimentação de 24V CC, o qual estava
conectado em uma tomada de 220V. Após a conexão com a energia foi possível observar que o LED
de PWR ficou aceso enquanto o dispositivo esteve conectado na rede.

Ao inserir o cartão de memória, observou-se que o dispositivo acendeu o LED USB e


permaneceu piscando durante todo o funcionamento do dispositivo, Figura 26.

Figura 26: IoT 2040 Siemens com cartão de memória e LED's acesos.
Fonte: Autoria própria.

Foi realizado o teste da conexão dos dispositivos de hardware através do software Node-
Red, sendo possível acessar o software Node-Red através do navegador do computador.

4.3 Teste de integração entre os dispositivos

A seguir são apresentados os passos que permitiram a integração entre os dispositivos Motor,
Conversor de Frequência, IoT e IBM Watson, aplicando os conceitos de Indústria 4.0.

51
4.3.1 Conexões físicas

Os dispositivos foram conectados fisicamente da seguinte forma:

 Motor conectado no Conversor de Frequência através de um cabo de três vias de


4mm de diâmetro blindado;
 Conversor de Frequência conectado no IoT 2040 utilizando de um cabo de rede
padrão ethernet;
 IoT 2040 conectado à internet utilizando um cabo de rede padrão Ethernet.

A Figura 27 ilustra a conexão entre os componentes de hardware.

Figura 27: Conexão entre os dispositivos IoT 2040 Conversor de Frequência e Motor.
Fonte: Autoria própria.

52
4.3.2 Conexões lógicas

A comunicação lógica dos dispositivos foram feitas da seguinte forma:

 Entre o Motor e o Conversor de Frequência a comunicação se dá por variação de


tensão, corrente e frequência aplicada nos cabos de 4mm interligado entre eles;
 A comunicação entre o IoT 2040 e o Conversor de Frequência é feita utilizando
protocolo de comunicação industrial Profnet;
 O IoT 2040, faz o papel de gateway entre os dispositivos de chão de fábrica (Motor
e Conversor de Frequência) e o serviço de cloud computing IBM Watson. Através do software
Node-Red ele interpreta a comunicação via Profnet com o Conversor de Frequência e os transmite
para o IBM Watson através do protocolo de comunicação HTTPS;

53
5 APLICAÇÃO

Este capítulo apresenta as aplicações feitas nos componentes de software Node-Red e IBM
Watson para o desenvolvimento do trabalho.

5.1 Desenvolvimento da aplicação

O desenvolvimento da aplicação, que consiste na comunicação entre os dispositivos através


de protocolos diferentes, criação de dashboards e página web para interação com o usuário foi
concebido através de programação de blocos, utilizando a ferramenta Node-Red instalada no IoT
2040.

Por meio da interface de desenvolvimento apresentada na Figura 27, é possível utilizar


blocos de programação em Java Script disponibilizados pela plataforma Node-Red para desenvolver
a aplicação proposta.

Figura 28: Interface de desenvolvimento Node-Red


Fonte: Autoria própria.

54
Após o desenvolvimento da aplicação no Node-Red instalado no IoT 2040, sincronizamos
com a API do Node-Red instalada no IBM Watson para replicar as informações transmitidas para a
nuvem (Figura 28), o que nos permitiu levar a aplicação para a internet e disponibilizá-la através do
endereço (https://unianhangueratcc.mybluemix.net/ui/#!/0) para os usuários se conectarem
remotamente.

Figura 29: Programação em blocos Node-Red no IBM Watson


Fonte: Autoria própria.

A seguir será apresentado a interface web desenvolvida para a interação com o usuário.

5.2 Interface Web

A Interface com o usuário, é uma parte fundamental em um software, e tem como objetivo
fornecer uma interação amigável entre o usuário e o sistema. Dessa forma, ela deve ser fácil de ser

55
usada pelo usuário, fornecendo sequencias simples e consistentes de interação, mostrando
claramente e intuitivamente as alternativas disponíveis a cada passo da interação. O sistema
desenvolvido contém duas telas para o gerenciamento do sistema: autenticação e interação com o
motor.
Por motivos de segurança o sistema solicita uma autenticação com login e senha, a fim de
impedir que usuários não autorizados consigam acessar os controles do motor, conforme Figura 29.

Figura 30: Tela de autenticação


Fonte: Autoria própria.

Após efetuar o login, o usuário é direcionado para a página de interação com o motor,
conforme Figura 30.

56
Figura 31: Tela de interação com o motor
Fonte: Autoria própria.

Na interface apresentada é possível efetuar os comandos de ligar e desligar o motor através


dos botões superiores, aumentar e diminuir a frequência de trabalho através do slider e monitorar os
parâmetros de corrente e tensão em tempo real através dos gráficos.

57
6. RESULTADOS OBTIDOS

A aplicação do monitoramento de um motor utilizando os conceitos de Industria 4.0 foi feita


através de uma integração entre os conceitos de Automação e Tecnologia da Informação, Para isso,
foi utilizado o software Node-Red, capaz de integrar a linguagem de automação Profnet aos
protocolos de comunicação web HTTPS.
Ao utilizar o software Node-Red hospedado no IBM Watson foi possível executar comandos
básicos no motor por meio da interface gráfica desenvolvida conforme apresentado na Figura 32.
Observou-se que, a velocidade de recebimento das informações no motor foi abaixo do esperado,
apresentando um delay de aproximadamente 4 segundos para responder aos comandos enviado
através do Node-Red utilizando uma conexão de rede Wifi. Notou-se que esse tempo de resposta
está ligado diretamente com a velocidade da conexão de internet que os dispositivos estão
conectados.
Quando o teste foi realizado através de um celular utilizando rede 4G da operadora Vivo
como apresentado na Figura 33, esse tempo de resposta passou para uma média de 5 segundos, valor
observado para os comandos de ligar e desligar o motor. Para os testes de velocidade e sentido de
rotação esse tempo de resposta aumentou para aproximadamente 7 segundos.
Para os gráficos de tensão e velocidade foram coletados dados do motor em um intervalo de
1 (um) minuto. Nesses valores não foram observados diferença no tempo de resposta para o
recebimento das informações em uma rede Wi-Fi ou 4G.
Ao desconectar o IoT 2040 da internet, observou-se que o motor continuou em
funcionamento com os valores inseridos antes da remoção do cabo de rede. Isso demonstra que em
caso de uma falha de conexão entre o IoT e o IBM Watson, o funcionamento do motor não será
afetado. Quando reconectado à internet o IoT sincronizou as informações que estavam armazenadas
no Node-Red local com o Node-Red no IBM Watson, atualizando as informações de gráficos e
status de atuação.
Ao simular uma falha de conexão entre o conversor de frequência e o motor, foi gerado uma
falha de comunicação no conversor de frequência. Quando reconectado, o conversor de frequência
não voltou ao seu status normal, com isso foi necessário reiniciar o mesmo para que voltasse ao seu
funcionamento.

58
Quando a falha de conexão foi entre o conversor de frequência e o IoT 2040, o conversor de
frequência manteve os parâmetros inseridos e manteve o funcionamento do motor, após a reconexão
o IoT 2040 recebeu as informações que estavam no conversor e apresentando-as na interface, essa
atualização, demorou aproximadamente 12 (doze) segundos no dispositivo móvel que estava sendo
utilizado para o monitoramento.

Figura 32: Interface web apresentando gráficos.


Fonte: Autoria própria.

59
Figura 31: Captura de tela do sistema apresentado em um smartphone.
Fonte: Autoria própria.

60
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Capítulo apresenta as considerações finais e sugestões de trabalhos futuros.

7.1 Considerações Finais

Este trabalho apresentou um estudo sobre os principais conceitos da Industria 4.0, para
integração entre dispositivos no chão de fábrica e a internet. Foram apresentados quatro estudos de
caso onde se discorreu a junção de Tecnologia de Automação à Tecnologia da Informação com
finalidade de otimizar o processo de manufatura e tomada de decisão descentralizada.

Foi proposta uma solução para o monitoramento de um motor através de dispositivos


conectados à internet utilizando os conceitos da Indústria 4.0 sendo uma alternativa capaz de auxiliar
em uma linha de produção através do gerenciamento remoto de um motor. Deste modo, concluiu-
se que o conceito de Indústria 4.0 é uma alternativa para as fábricas chegarem ao seu produto final
otimizando o monitoramento e descentralizando o processo de tomada de decisão.

É importante ressaltar que as indústrias terão diversos desafios para o adequado


funcionamento desse tipo de solução, dentre eles podemos citar a capacitação de seus colaboradores
para adoção de novas tecnológicas, capacidade computacional de servidores para atender a diversos
dispositivos conectados, velocidade de conexão das redes de internet oferecidas e sincronização do
dispositivo remoto (computador, smartphone) ao IoT.

A quarta revolução industrial (Indústria 4.0) traz ferramentas tecnológicas que devem ser
integradas ao processo de produção da manufatura. São exemplos o monitoramento inteligente das
linhas de produção, maquinas capazes de comunicar o status atual à dispositivos remotos e controle
em tempo real da linha de produção.

O desafio da Industria 4.0 é acompanhar as inovações tecnológicas que irão repercutir não
somente na produção, mas também nos modelos de negócio, nos hábitos de consumo e em aspectos
culturais nos próximos anos.

61
7.2 Sugestões de Trabalhos futuros

Alguns possíveis trabalhos futuros são:


 Desenvolver aplicativo de monitoração e controle para dispositivos móveis;
 Configurar parâmetros do Conversor de Frequência através da interface web;
 Implementar Inteligência Artificial (IA) para análise automática dos dados e tomada
de decisão.

62
8. REFERÊNCIAS

ANDRADE, Marco. O que é Computação em Nuvem – Cloud Computing? 2017. Disponível


em: <https://techmob.com.br/o-que-e-computacao-em-nuvem-cloud-computing/>. Acesso em: 03
set. 2018.

ATZORI, Luigi; IERA, Antonio; MORABITO, Giacomo. The Internet of Things: A survey.
Computer Networks, [s.l.], v. 54, n. 15, p.2787-2805, out. 2010. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.comnet.2010.05.010. Disponível em: . Acesso em: 03 out. 2018.

AZEVEDO, Marcelo Teixeira de. Transformação Digital Industrial: Indústria 4.0 e a rede
inteligente no Brasil. 2017. 177 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia de Sistemas Eletrônicos,
Escola Politécnica da Universidade de São Paualo, São Paulo, 2017.

BLOIS, Marcelo. A ERA DA INDÚSTRIA DIGITAL. Disponível em:


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