A obra “Balada para Sophie” conta-nos a história do pianista Julien Dubois,
através de uma entrevista feita ao mesmo pela jovem Adeline Jourd, que revela a sua verdadeira identidade no final da banda desenhada. A vida do pianista é contada numa forma de reflexão e introspeção do seu passado, demonstrando um grande arrependimento e sofrimento em relação ao modo como ele a vivia. Desde criança, sempre quis ser um músico famoso, e tinha muita confiança de que poderia vir a sê-lo. Porém, essa confiança deixou de existir quando conheceu um pianista autodidata da sua idade que era um génio autêntico. A partir desse momento, toda a sua vida passou a basear-se na comparação e com o objetivo de ser melhor que esse rapaz. A sua juventude foi marcada pela época Nazi, que trouxe muitos desgostos e pouca liberdade. Viveu na pobreza, seguida de uma ascensão aos palcos, amou e perdeu-se na vida, acabando completamente sozinho e não vendo propósito na sua existência. Conseguiu recompor-se, mas a sua rotina diária já não acontecia fora de casa. A obra termina com a revelação de um segredo, que leva à composição de uma peça para piano pelo protagonista. No início, “Balada para Sophie” demonstra-se muito calma e pouco expressiva. No entanto, com o desenrolar da história, todas as emoções sentidas pelas personagens são transmitidas ao leitor de forma bastante intensa, transpondo-o para a situação apresentada. Esta intensidade é também marcada através da alteração de cores do desenho notada entre a conversa de Julien Dubois com Adeline Jourd, que expressa uma situação mais real e objetiva, e a retrospetiva de vida por Julien Dubois, que é retratada com cores mais surreais e adequadas aos sentimentos vividos pelo mesmo. Para além disso, ao sentir-se comovido, o leitor repensa nas suas ações e na forma como vive a sua vida devido à forte mensagem que esta obra transmite.