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Astronomia Náutica

Princípios e Fundamentos

Pedro Rafael de Aguiar Santos


nº 11886 2ºAno LPLT
Índice
Introdução...................................................................................................................................2
1. Sistemas de Referência.......................................................................................................3
1.1. Sistemas Fundamentais de Referência......................................................................3
1.2. Sistemas de Coordenadas Astronómicas...................................................................3
1.2.1. Coordenadas Eclípticas......................................................................................3
1.2.2. Coordenadas Horizontais...................................................................................4
1.2.3. Coordenadas Equatoriais...................................................................................4
1.2.4. Coordenadas Horárias.......................................................................................5
2. Movimentos da Terra.........................................................................................................7
2.1. Movimento de Rotação...............................................................................................7
3. Princípios Básicos da Mecânica Celeste............................................................................9
3.1. O Problema dos Dois Corpos.....................................................................................9
3.2. Leis de Kepler.............................................................................................................9
3.3. Equação do movimento – Problema dos Dois Corpos...........................................10
4. O Sistema Solar................................................................................................................11
4.1. Constituição do Sistema Solar.................................................................................11
4.2. Movimentos dos planetas e suas órbitas.................................................................11
4.3. Órbita terrestre. Estações do ano............................................................................12
5. Particularidades Relativas A Alguns Astros..................................................................12
5.1. O Sol..........................................................................................................................12
5.2. A Lua.........................................................................................................................13
5.3. Os planetas – Vénus, Marte, Júpiter e Saturno......................................................13
5.4. Estrelas......................................................................................................................14
6. O Tempo............................................................................................................................15
6.1. Conceitos Básicos......................................................................................................15
6.2. Os Sistemas de Medição de Tempo.........................................................................16
6.3. Sistemas de Tempo Rotacional................................................................................16
6.4. Sistemas de Tempo Dinâmico..................................................................................16
6.5. Sistemas de Tempo Atómico....................................................................................17
6.6. Tempo Universal Coordenado.................................................................................17
6.7. Tempo GPS...............................................................................................................18
6.8. Utilização Prática do Tempo – Tempo Legal..........................................................18
Conclusão...................................................................................................................................19

1
Introdução
Este trabalho de pesquisa, desenvolvido no âmbito da unidade curricular de
Astronomia Náutica, teve como objetivo uma melhor compreensão das temáticas
abordadas em sala de aula, bem como um aprofundamento nos conceitos pilar para a
Navegação Astronómica. Foi sobretudo consultado o livro Astronomia Náutica (Lisboa,
1964) pelo Capitão de Fragata E. Da Silva Gameiro, pelo que qualquer referência à
“publicação” remeterá a esta. Dada a data da mesma, é de ressalvar que, embora os
modelos matemáticos tenham mudado ao longo do seu tempo de vida, os princípios
nos quais se fundamenta a Navegação Astronómica e os seus métodos, não sofreram
alterações significativas.
Dada a vastidão do campo da Astronomia, a pesquisa restringiu-se sobretudo aos
aspetos de relevo para o navegador e à prática da navegação, não aprofundando a
vertente histórica. Com efeito, serão por vezes utilizados modelos teóricos
desaprovados pela comunidade científica, mas que a utilidade para o navegador os
torna relevantes. Um exemplo disto é a teoria geocentrista, que será abordada mais à
frente.
Tendo em conta a natureza de rigor praticada, foram anexadas algumas páginas de
apontamentos relevantes aos tópicos a tratar, de modo a possibilitar uma melhor
visualização dos conceitos abordados. Provas matemáticas foram também incluídas.

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1. Sistemas de Referência
1.1. Sistemas Fundamentais de Referência
Para a determinação de posições no plano terrestre, é de referência o sistema de
coordenadas terrestres. Estas três coordenadas, Latitude, Longitude e Altitude,
constituem os fundamentais para a localização de pontos no geoide. Trabalharemos
sobretudo com as duas primeiras, sendo estas definidas como segue.
A Latitude é medida de 0º a 90º, para ambos os lados da linha do Equador, o seu
paralelo de referência e círculo máximo de raio terrestre. Esta toma de nome Norte ou
Sul, consoante o polo mais próximo e representa o arco entre a linha do Equador e o
zénite do observador. É também utilizado o seu complemento, a Co-Latitude, sendo
este o arco, medido de 0º a 90º, entre o polo elevado e o zénite do observador.
A Longitude é medida de 0º a 180º, Este ou Oeste do Meridiano de Greenwich, o seu
meridiano de referência.
Com isto, é possível ao navegador localizar-se no geoide. Contudo, de modo a poder
utilizar os astros como meio para obter a sua posição, o navegador terá de recorrer a
outros sistemas de coordenadas, computados na esfera celeste, uma construção de
raio arbitrário. Esta decorre do modelo geocêntrico, isto é, a Terra é tida como o seu
ponto de origem e as posições dos astros e planetas estão incluídas na mesma.

1.2. Sistemas de Coordenadas Astronómicas


Existem 4 sistemas de coordenadas astronómicas. Será feita uma abordagem
individual a cada um destes nos pontos seguintes.

1.2.1. Coordenadas Eclípticas


Este sistema é referente à órbita solar, na sua interseção com a esfera celeste no
denominado plano da elíptica. As coordenadas eclípticas são a latitude e longitude
celestes, esquematizadas na imagem abaixo. Neste sistema de coordenadas, é de
realçar a presença do Ponto Vernal (ϒ), a aprofundar mais à frente.

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1.2.2. Coordenadas Horizontais
Este sistema de coordenadas tem como referência o observador, sendo projetado um
plano, denominado horizontal, na esfera celeste, à latitude do observador. Dentro
deste sistema de coordenadas encontramos múltiplas noções importantes para a
condução da navegação pelos astros. O hemisfério onde se encontra é denominado de
hemisfério visível, e o polo mais próximo a este é conhecido como polo elevado.
O Zénite é a interseção da vertical do lugar na esfera celeste, no hemisfério visível, na
direção da cabeça do observador, isto é, o ponto diretamente acima do mesmo, de
altura 90º. A Nádir, por oposição, é o ponto diametralmente oposto ao Zénite,
localizado no hemisfério invisível.
À projeção de um meridiano de qualquer lugar terrestre na esfera, que inclua o
Zénite, é chamado de meridiano superior do lugar e o seu complementar, que passa
pela Nádir, é tido como sendo o meridiano inferior do lugar.
As coordenadas horizontais são o azimute verdadeiro e a altura verdadeira. O azimute
é medido do ponto cardeal Norte, 360º no sentido Leste – Oeste. A altura é a medida
angular entre o plano do observador (0º) e o Zénite do mesmo (90º). Estas
coordenadas apresentam-se esquematizadas na imagem abaixo.

1.2.3. Coordenadas Equatoriais


As coordenadas medidas no equador celeste, denominadas Equatoriais, tal como as
Eclípticas, não variam com o lugar onde se encontra o observador, como tal, são
uranográficas.
As principais coordenadas são a declinação (δ), o arco compreendido entre o equador
e o astro, o ângulo sideral (AS), arco compreendido entre o ponto vernal (ϒ) e o
meridiano do astro medido de 0º a 360º no sentido Leste – Oeste, e o seu
complemento, a ascensão reta (AR). Abaixo encontram-se duas esquematizações
destas coordenadas.

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1.2.4. Coordenadas Horárias
Neste sistema de coordenadas constam o ângulo horário (hl), a declinação (à
semelhança das coordenadas equatoriais, visto que o ângulo horário é traçado sob a
linha do equador) e a distância polar (Δ).
Este sistema de coordenadas permite-nos não só determinar a posição de um astro,
como também determinar a longitude da posição do observador e ainda apresenta um
papel determinante no cálculo do tempo a bordo (Este último tópico será abordado
mais à frente).

1.3. Transformação de Coordenadas


De modo a poder solucionar os problemas que se apresentem aquando a prática da
navegação, foram deduzidas relações matemáticas entre as múltiplas coordenadas
enunciadas acima. Com recurso a estas, é possível o cálculo de variadas informações
e/ou outras coordenadas. Abaixo encontram-se 3 imagens ilustrativas destes cálculos.
A primeira ilustra as fórmulas para o
cálculo do ângulo horário (hl) no
lugar a partir da Longitude do lugar
(L) e do ângulo horário em Greenwich
(hg), o cálculo deste a partir do
ângulo horário no Ponto Vernal (ϒ) e
do Ângulo Sideral (AS) e a sua relação
matemática com a Ascenção Reta
(AR). Com esta transformação de
coordenadas, é possível preencher
uma tabela, obtendo assim estes
valores para múltiplos astros.

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Um aspeto fundamental na transformação de coordenadas, e que é ilustrado nas duas
imagens seguintes, é a resolução de triângulos de posição. Estes são obtidos a partir da
esfera celeste e a sua resolução requer conhecimentos de trigonometria esférica.
Esta imagem apresenta o método de obtenção do triângulo
de posição na esfera celeste. Para o resolver, pode-se utilizar
a Lei dos Cossenos da Trigonometria Esférica, enunciada da
seguinte forma: “O cosseno de um dos lados do triângulo é
igual ao produto entre os cossenos dos lados opostos com a
soma do produto dos senos dos lados oposto pelo ângulo
oposto ao lado a calcular”. Ou, matematicamente, como
expresso na imagem. É de realçar que casos específicos
simplificam a expressão, ou mesmo possibilitam a utilização
de outras.
Nesta imagem, encontramos
deduzidas, pela Lei dos Senos da
Trigonometria Esférica, expressões para o cálculo de
ângulos no interior do triângulo de posição. Dadas as
propriedades da trigonometria, é possível utilizar tanto as
coordenadas como os seus complementos na resolução
do triângulo, o que aumenta a versatilidade do mesmo.
É de destacar também a possibilidade da utilização da
regra de Mauduit: “O cosseno do elemento médio é igual
ao produto das cotangentes dos elementos conjuntos ou produto dos senos dos
elementos separados”, em problemas que requeiram a utilização do pentágono de
Napier para a sua resolução, isto é, problemas com triângulos esféricos retângulos (por
exemplo, quando hl=90º).

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2. Movimentos da Terra
2.1. Movimento de Rotação
A Terra move-se em torno do seu eixo no sentido Oeste – Leste, sendo que uma volta
completa é feita a cada 23 horas 56 minutos e 4,09 segundos. É, igualmente, este o
fenómeno que explica a existência do dia e da noite. Isto acontece, pois, ao cumprir o
seu movimento de rotação, diferentes partes da superfície
terrestre vão sendo iluminadas, criando assim os arcos
diurnos e noturnos na esfera celeste.
Na seguinte imagem é representado o arco diurno e
noturno de um ponto na latitude 40ºN. Nota que a zona
escurecida representa o arco noturno, e este é
consideravelmente menor que o diurno, dado que o
exemplo é ilustrativo do Verão no Hemisfério Norte. As
estações do ano serão vistas no próximo tópico.
A evolução de dia para noite ao longo do geoide tem como
consequência, também, horas diferentes para o
nascimento e para o ocaso do Sol em diferentes lugares da
Terra, criando as chamadas diferenças horárias, que
abordaremos mais adiante.

2.2. Movimento de Translação


A par com o movimento de rotação da Terra sobre si mesma, esta também orbita em
torno do Sol. Esta, ao contrário do que se pensava outrora, não é circular,
apresentando uma forma conhecida como eclíptica. Consequentemente, isto implica
que ao longo da sua órbita, há um ponto onde a Terra se encontra mais perto do Sol
(Periélio) e outro onde se encontra mais distante (Afélio).
Este movimento apresenta um período de 1 ano sideral 1 ou 365,2564 dias, sendo
efetuado no sentido Oeste – Leste, o que explica o movimento aparente do Sol em
relação à Terra.
Com este retiramos dois pontos de relevo para a resolução de problemas
astronómicos: O Ponto Vernal (ϒ) e o Ponto Balança. Estes são, correspondentemente,
o ponto equinocial da Primavera e do Outono, e representam os pontos onde a
declinação do Sol é de 0º. Outros dois pontos importantes são os solsticiais de Verão e
Inverno, onde a declinação do Sol é máxima (23º26’ Norte e Sul respetivamente).

Devido a este movimento temos as estações do ano. Nós, na Terra, sentimos as


estações pelas alterações climáticas, nomeadamente a nível de temperatura, que se
1
(Ano Sideral) Tempo que decorre entre duas passagens consecutivas da Terra pelo mesmo ponto na
sua órbita.

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sentem. O que acontece é que, devido à translação em torno do Sol, os raios solares
alcançam a Terra a inclinações diferentes. Quando os raios incidem numa superfície
com maior inclinação, há uma área maior a ser abrangida por estes,
consequentemente, menos quantidade calorífica aplicada por área. Verifica-se
também uma alteração na dimensão dos arcos diurno e noturno, do mesmo ponto, em
alturas diferentes do ano. A imagem seguinte apresenta uma esquematização dos
arcos diurnos e noturnos de um ponto a 40ºN de latitude, no Verão e no Inverno,
respetivamente.

2.3. A Precessão e Nutação da Terra


Ambos os movimentos acima mencionados são de conhecimento alargado, visto que o
tema é abordado desde o tempo da escola primária. Contudo, existem ainda outros
dois movimentos importantes do geoide: A Precessão e a Notação da Terra.
A Precessão ocorre devido ao efeito da atração gravítica do Sol e da Lua, na Terra.
Como esta não tem uma distribuição uniforme da sua massa (existe uma
protuberância no Equador) há uma tendência do polo Norte de rodar no sentido
Oeste, com um período de aproximadamente 25,772 anos. Este movimento, também
chamado de “retrogradação do Ponto Vernal” ou “precessão dos equinócios”, é
responsável pelo deslocamento anual do Ponto Vernal sob a eclíptica, de 50’’,26
Oeste.
Como consequência deste movimento temos a alteração, embora ligeira, das
declinações e ângulos siderais das estrelas e também a mudança de estrela Polar (Isto
é, será uma estrela diferente a situar-se na orientação Norte). Nos dias de hoje, a
nossa estrela Polar é a Polaris, enquanto que aquando a construção das pirâmides era
Thuban e, no ano 14.000, será Vega.

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A Nutação assenta na mesma explicação teórica que a Precessão, contudo, ao passo
que a última regista os efeitos destas forças ao longo de um largo período, a nutação
existe, pois, as forças em si não são constantes. Como tal, a obliquidade da eclíptica
sofre uma ligeira alteração a cada 18,6 anos.

3. Princípios Básicos da
Mecânica Celeste
3.1. O Problema dos
Dois Corpos
O problema dos dois corpos consiste na
tentativa de prever o comportamento de
dois corpos, sendo a única força presente a
atração/repulsão entre estes.
A melhor solução para estre problema
provém da Lei da Atração Gravitacional de
Newton, com a famosa equação:
m1 m2 −11
F=G 2 ,G=6.67 ×10 . Com esta, é
r
provado que ambos os corpos 1 e 2 são
atraídos ao centro de massa entre estes, que
por sua vez pode-se deslocar, com
velocidade constante. Na imagem podemos ver uma esquematização deste problema,
bem como uma versão simplificada dos cálculos.

3.2. Leis de Kepler


As Leis de Kepler, também conhecidas como as Leis de
Kepler para o movimento dos planetas, são um conjunto
de 3 Leis concebidas por Johannes Kepler entre 1609 e
1619 que visa explicar o movimento dos planetas do
Sistema Solar. Estas contribuíram consideravelmente
para melhorar e completar a teoria heliocêntrica de
Copérnico. As Leis enunciam-se da seguinte forma:
1ª Lei: A órbita de um planeta é uma elipse, com o Sol
num dos pontos focais; Com isto, Kepler elimina a noção
de todas as serem órbitas circulares.
2ª Lei: Um planeta em órbita percorre áreas iguais em
tempos iguais; Dada a natureza eclíptica da órbita, isto
implica que a velocidade do planeta é máxima à medida
que se aproxima do seu periélio e mínima à medida que
se aproxima do afélio.

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3ª Lei: O quadrado do período orbital de um planeta é diretamente proporcional ao
cubo do semieixo superior da sua órbita; A imagem acima apresenta uma resolução do
problema dos dois corpos com base nesta 3ª Lei, para o caso específico de uma órbita
circular (Excentricidade = 0), provando, no processo, esta Lei.

3.3. Equação do movimento – Problema dos Dois


Corpos
Decorrente do problema dos dois corpos proposto acima, encontramos o “Problema
de Kepler”, isto é, a tentativa de encontrar uma expressão analítica que descreva a
trajetória de uma partícula2 com um dado potencial escalar.

Através da equação do movimento ṙ =


√ 2
m
∗E−V −
l2
2 mr
2
, é-nos possível solucionar

este problema, descobrindo uma relação entre o raio da trajetória da partícula e o seu
ângulo e, inclusivamente, elaborando uma tabela que permite classificar 4 tipos de
órbitas diferentes: Circular, Elipse, Parabólica e Hiperbólica. A prova matemática
destes conceitos está apresentada nas imagens seguintes.

2
Em Mecânica Celeste, os corpos celestes, maciços em dimensão, são considerados
partículas para facilidade de raciocínio.
10
4. O Sistema Solar
4.1. Constituição do Sistema Solar
O Sistema Solar, localizado na Via Láctea, é um conjunto planetário composto pelo Sol
e todos os corpos celestes no seu domínio gravitacional. Dentro deste existem 8
planetas, 2 cinturas de asteroides e múltiplos planetas anões e outros corpos menores.
Dentro dos planetas, temos: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e
Neptuno. Aos primeiros 4 dá-se o nome de planetas telúricos e os restantes são os
planetas gasosos, conhecidos como “gigantes gasosos”. São de interesse à navegação 3
Vénus, Marte, Júpiter e Saturno.

4.2. Movimentos dos planetas e suas órbitas


Vamos proceder a uma breve descrição dos movimentos dos planetas do Sistema Solar
e as suas órbitas:

 Mercúrio: Apresenta um período orbital de 87,969 dias 4 e um período de


rotação de 58,646 dias. É o planeta com a órbita
mais excêntrica (ϵ = 0,21) do Sistema Solar. É de
notar que, pela equação na imagem ao lado,
determina-se que, em média, o planeta mais
próximo da Terra é Mercúrio.
 Vénus: Apresenta um período orbital de 224,701 dias e um período de rotação
de 243 dias. É o planeta com a rotação mais lenta dentro do Sistema Solar,
apresentando uma órbita quase esférica (Isto é, a sua excentricidade orbital é
muito reduzida ; ϵ = 0,0067720). A sua órbita é conhecida de sair do Zodíaco
em determinadas ocasiões.
 Marte: Tem um período orbital de 686,971 dias e um período de rotação de 24
horas 39 minutos e 35,244 segundos, muito semelhante à Terra.
 Júpiter: O seu período orbital é de 11,86 anos e o período de rotação de 9
horas 55 minutos e 30 segundos. É o maior planeta do Sistema Solar.
 Saturno: O seu período orbital é de 29,4571 anos e o seu período de rotação
exato ainda está por descobrir, sendo que a estimativa mais recente aponta
para 10 horas 32 minutos 35 segundos. É o planeta mais longínquo a ser
facilmente avistado à vista desarmada.

3
(de interesse à navegação) É implícita a inclusão da Terra nesta definição.
4
(Dias) Esta medida é relativa a dias terrestres, visto que, do ponto de vista do planeta em questão, o
período rotacional é de 1 dia seu e o período orbital de 1 ano seu.

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 Urano: O seu período orbital é de 84,0205 anos e o seu período de rotação
interior é de 17 horas e 14 minutos. É o planeta mais longínquo que pode ser
avistado à vista desarmada, sendo por vezes visível em noites escuras. Dado o
seu período orbital, Urano demora 3 anos a atravessar cada constelação do
Zodíaco.
 Neptuno: O seu período orbital é de 164,8 anos e o seu período de rotação
cerca de 16 horas 36 minutos e 6 segundos.
4.3. Órbita terrestre. Estações do ano.
Estando a Terra em constante órbita ao Sol, e possuindo uma inclinação em relação à
eclíptica de 23º26’, esta recebe os raios solares em ângulos diferentes, o que por sua
vez altera a quantidade calorífica por unidade de área destes. A estas alterações
climáticas damos o nome de estações do ano. Existem 4 estações, do mesmo modo
como são considerados quatro pontos notáveis na órbita terrestre: Os solstícios e os
equinócios (As suas definições foram dadas anteriormente).
Estando as estações compreendidas entre estes
pontos, a sua duração é constante, como mostra a
imagem retirada da publicação.

5. Particularidades Relativas A Alguns Astros


5.1. O Sol
No contexto cósmico, o Sol é uma anã amarela de dimensões médias, contendo quase
a totalidade da massa do Sistema Solar. A sua temperatura à superfície é de 6000 ºC,
sendo que a estrela produz esta temperatura por fusão nuclear. Há, por vezes, a
presença de manchas na sua superfície, sendo este fenómeno nada mais que
concentrações de fluxo do campo magnético, que inibem a convecção. Estas manchas
são visíveis facilmente, dado que aparecem como pontos escuros na superfície solar,
devido à temperatura inferior que se encontram relativamente ao restante corpo.
Estima-se que em 5 biliões de anos, quando a fusão de hidrogénio atingir um ponto
onde é perturbado o equilíbrio hidrostático do seu núcleo, este terá tendência a
aumentar visivelmente de massa e volume, evoluindo a estrela para a categoria de
gigante vermelha. Nessa altura, terá englobado a órbita de Mercúrio e Vénus e, dadas
as estreitas condições que computam a habitabilidade de um planeta, a Terra tornar-
se-á um planeta inóspito.

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5.2. A Lua
Ocupando a posição de satélite terrestre, a Lua é determinante, tanto para a vida no
nosso planeta, visto que mantém a órbita da Terra a uma distância suficiente e
constante do Sol para se encontrar dentro da zona habitável da estrela, como para as
condições na Terra, visto que é esta que causa as marés, por exemplo.
A Lua roda em torno do seu eixo no sentido Oeste – Leste e o seu período de rotação e
de revolução é, para ambos, de 27,3 dias A sua órbita é uma elipse de pequena
excentricidade, ocupando a Terra um dos seus pontos focais.
Dado que a sua rotação e revolução são iguais, a Lua apresenta sempre a mesma face
voltada para a Terra. Contudo, devido ao efeito da libração 5, 41% da superfície da Lua
está permanentemente virado para a Terra, 41% nunca é visível e os restantes 18% vão
visíveis em determinadas alturas. A Lua apresenta também um movimento de
precessão, com um período de 18 anos, sendo este o principal fator da notação
terrestre. Em consequência deste movimento, há na Lua um fenómeno conhecido
como precessão dos nodos6.
As fases da Lua são resultantes da sua revolução em torno da Terra: Dependendo da
sua posição relativa ao Sol, a Lua poderá estar a voltar para o geoide a sua face
obscurecida (Lua Nova), a sua face iluminada (Lua Cheia) ou uma combinação
quadrantal (Quarto Crescente e Quarto Minguante).

5.3. Os planetas – Vénus, Marte, Júpiter e


Saturno
Vénus, o segundo planeta a contar do Sol, é também o segundo corpo celeste mais
brilhante na noite terrestre, atrás da Lua. É raramente visível durante o dia e é capaz
de causar sombras na superfície terrestre.
Tal como a Lua, esta apresenta fases para um observador na Terra e, dada a sua
ligeira inclinação orbital em relação à terrestre, em períodos de 105,5 anos é possível
avistar, aos pares, o alinhamento de Vénus com o Sol, quando este coincide com o
plano terrestre. Os últimos pares foram em 2004/2012.
Sendo um planeta inferior, nunca se encontra a mais de 47º do Sol. É
facilmente visível na sua face iluminada, chegando mesmo a ser frequentemente
reportada como Objeto Voador Não Identificado, quando visível no céu.
Apesar da sua atmosfera tornar a presença de vida à superfície uma
impossibilidade, crê-se que poderá albergar alguma forma de organismos nas suas
nuvens, visto que os índices de absorção/refração da luz solar destas são idênticos às
nuvens terrestres e dos seus organismos.

5
(Libração) Oscilação aparente da Lua.
6
(Nodos) Pontos de intersecção da eclíptica com o plano lunar.

13
Marte, o quarto planeta a contar do Sol, apresenta uma cor vermelha visível à vista
desarmada, devido à concentração de óxido de ferro na sua composição.
Tem uma excentricidade relativamente pronunciada (ϵ = 0.09), sendo que há
cerca de 1,35 milhões de anos, este valor era 0.088 menor. O aumento da sua
excentricidade deve-se, em parte, à colisão com um corpo celeste de massa
significativa. Esta colisão, conjura-se, fez o planeta perder grande parte da sua
atmosfera o que por sua vez eliminou a hipótese de este albergar vida.
A sua distância à Terra tem vindo, e virá a decrescer, nos próximos 35 milhões
de anos, fruto da influência gravítica de outros corpos na sua órbita, aumenta a sua
excentricidade.
Júpiter, o primeiro planeta após o cinturão de asteroides, é, em média, o terceiro
corpo celeste mais brilhante no céu terrestre, sendo brilhante ao ponto de conseguir
projetar sombras na superfície.
O planeta apresenta uma região de altas pressões constante, onde se encontra
uma tempestade anti-ciclónica, que produz a sua mancha vermelha característica. Esta
mancha é continuamente observada desde 1830, havendo registos de visualização
datados até 1665 – 1713.
Dada a sua posição, apresenta-se sempre na sua face iluminada à Terra.
Saturno, o sexto planeta do Sistema Solar, apresenta um campo magnético inferior ao
da Terra, apesar de possuir um momento magnético muito maior, fruto da sua
dimensão. Este possui um sistema de anéis, compostos por partículas de gelo com uma
pequena quantidade de detritos rochosos e poeiras. Orbitam a si pelo menos 82 luas,
sendo que a maior, Titã, é maior que o planeta Mercúrio.
Apresenta uma nuvem persistente, de formato hexagonal, a aproximadamente
78ºN, no seu polo desse nome.

5.4. Estrelas
O cosmos encontra-se repleto de estrelas. Estas, por sua vez, encontram-se agrupadas
em galáxias (i.e., o Sol localiza-se na galáxia de nome Via Láctea).
Dada a sua abundância no céu, e a tendência do cérebro humano em achar padrões,
desde o tempo da Grécia Antiga que são reconhecidas figuras no céu, denominadas
constelações. São atualmente reconhecidas 88, cobrindo o céu na sua totalidade e
apresentadas em cartas de estrelas, onde foram carteadas segundo as suas
coordenadas equatoriais.
A nível de temperatura, as estrelas azuis são as que apresentam uma temperatura
maior (devido aos comprimentos de onda vemos a sua luz como sendo azul), e as de
menor temperatura são as vermelhas. No que toca ao seu diâmetro, estas podem ser
gigantes ou anões, sendo que estas últimas são consideravelmente mais densas que as
anteriores.

14
6. O Tempo
6.1. Conceitos Básicos
A medição do tempo está intrinsecamente ligada à Navegação Astronómica. Tanto
para a confirmação das observações efetuadas, como
para a determinação das ETD7 e ETA8, uma medição
efetiva e precisa do tempo é essencial a bordo. Para isso,
é necessário saber o que é o tempo e, principalmente,
como medi-lo.
A definição de tempo é um tópico de complexidade
elevada, atualmente explorado pela vertente da
Relatividade Especial. Como tal, em termos práticos, a
medição desta unidade é a maior imperativa e, como tal,
assumem-se alguns postulados.
Para efeitos de medição de tempo, é
considerado o Sol Médio, um astro
imaginário que se move segundo a
linha do equador, a uma velocidade
constante9. O erro induzido por este
postulado é computado na Equação
do Tempo (Na imagem acima). Estão
presentes também as medições de
tempo para este Sol, a diferentes
escalas.
A determinação da hora é feita pelo
meridiano superior do lugar no ponto
onde se localiza o observador, em
relação ao Sol Médio (como ilustrado
na imagem ao lado). É possível equacionar a Hora Média em Greenwich, a medida
determinante para o cálculo da hora a bordo, como veremos mais à frente, com
recurso à expressão: Hmg=Hml± L.

7
(ETD) Estimated Time of Departure
8
(ETA) Estimated Time of Arrival
9
É por necessidade disto que foi criado o Sol Médio: Na realidade, o nosso astro move-se a uma
velocidade irregular, o que impossibilita o estabelecimento de um padrão-guia.

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6.2. Os Sistemas de Medição de Tempo
Desde a Antiguidade que o ser humano tem criado formas de medir o tempo. Um
exemplo a destacar é o relógio solar. Estes, embora na sua maioria indiquem apenas a
hora solar local, com a aplicação de três correções é possível a hora nacional local (Isto
é, do país onde o observador se situa). Apresentam o inconveniente de apenas
funcionarem otimamente em dias de boa visibilidade.
Na medição do tempo a pequena escala temos a ampulheta, ou relógio de areia. Este
aparelho consiste em dois recipientes unidos por um orifício estreito. Um destes
encontra-se cheio de areia, e o aparelho mede o tempo que esta leva a passar
completamente de um para o outro. O fluxo é variável consoante a abertura do
orifício, a granularidade do material e o volume dos recipientes.
Com o passar dos anos, foram-se inovando as formas como medimos o tempo, com o
surgimento de sistemas como o relógio mecânico, o relógio de quartzo, e
posteriormente, o relógio atómico.
Considerando a medição de tempo a pequenas escalas, há também que considerar o
erro induzido pelo cronómetro. Este relógio mecânico de grande precisão é utilizado
sobretudo na medição do tempo das medições, contudo, há que ajustar para o seu
erro, que se apresenta pela fórmula: Ec = Hmg – Hc10.
Não só isto, mas a forma como pensamos a medição do tempo foi-se alterando,
surgindo muitos dos modelos e sistemas que se seguem nos tópicos seguintes.

6.3. Sistemas de Tempo Rotacional


Os sistemas de tempo rotacional medem o tempo com base na rotação terrestre.
Podemos destacar o Ano Trópico e o Ano Sideral.
O Ano Trópico consiste na medição do tempo entre duas passagens consecutivas do
Sol pelo Ponto Vernal (ϒ). Por efeito da precessão dos equinócios, esta medida não é
uma constante.
O Ano Sideral consiste na medida do tempo que leva a Terra a dar uma volta completa
ao Sol, do ponto de vista das estrelas fixas.

6.4. Sistemas de Tempo Dinâmico


Os sistemas de tempo dinâmico consistem na medição do tempo de observações
astronómicas. O objetivo disto é eliminar o efeito das irregularidades na rotação da
Terra.

10
(Hc) Hora do cronómetro.

16
Pode ser determinado somando o Tempo Universal (Medida do tempo pela rotação da
Terra) com o efeito do desvio da rotação da Terra ao comprimento fixo dos dias
atómicos (TU + ΔT11 = TT).

6.5. Sistemas de Tempo Atómico


Os instrumentos mais precisos na medição do tempo são os relógios atómicos. Estes
medem o sinal eletromagnético que os eletrões emitem ao mudarem de níveis de
energia. A sua precisão depende da temperatura dos eletrões (Quanto mais baixa for,
mais lentamente se deslocarão as partículas e consequentemente, maior será o tempo
de exposição à medição) e da frequência, sendo que quanto maior esta for, mais
precisa a medição.
A Hora Atómica é o padrão para serviços internacionais de tempo, controlando a
frequência das emissões televisivas e de sistemas de posicionamento por satélite,
como o GPS. À medida obtida da hora média de relógios atómicos em mais de 50
laboratórios ao longo do globo, é dada o nome de Tempo Atómico Internacional (TAI).
Este sistema de medição do tempo é de tal modo preciso, que alguns aparelhos
chegam a conter apenas 1 segundo de incerteza em 30 milhões de anos.

6.6. Tempo Universal Coordenado


O Tempo Universal Coordenado (UTC) é o padrão principal ao qual o mundo regula os
seus relógios. Está contido a cerca de 1 segundo do tempo solar médio a 0º de
Longitude (Isto é, no Meridiano de Greenwich 12) e não é corrigido para o sistema de
poupança de luz solar.
O sistema divide a superfície terrestre em fusos horários (Que falaremos mais à frente)
e o tempo em dias, horas, minutos e segundos. Os dias são contados segundo o
calendário Gregoriano13, tendo uma duração de 24 horas, e cada uma contendo 60
minutos. O número de segundos num minuto é geralmente 60, contudo, pode ser
introduzido um segundo-bissexto para fins de correções, podendo então o minuto
alcançar os 59 ou os 61 segundos. A introdução de segundos-bissextos é divulgada 6
meses antes da sua aplicação, numa publicação denominada “Boletim C”. Até à data,
foram introduzidos 27 segundos-bissextos, colocando o UTC desfasado 37 segundos
com o TAI.

11
(ΔT) O valor desta unidade para o início de 1902 é de aproximadamente 0 segundos, enquanto para
2002 é de cerca de 64 segundos. Conclui-se então que durante esse século, as rotações terrestres
levaram mais 64 segundos que o que seria necessário para dias em tempo atómico.
12
Por este motivo, é também conhecido como GMT (Tempo Médio em Greenwich).
13
Calendário de 12 meses utilizado em grande parte do mundo.

17
6.7. Tempo GPS
O tempo GPS é mantido através de relógios atómicos contidos nos seus satélites.
Contudo, o seu tempo não é corrigido para coincidir com a rotação da Terra, como tal,
não contem segundos-bissextos ou outras correções adicionadas ao Tempo Universal
Coordenado. Sendo que o tempo GPS foi definido para coincidir com o UTC em 1980,
houve desde então uma divergência. O desfasamento com o TAI é como segue: TAI –
GPS = 18 segundos (Devido ao segundo-bissexto adicionado ao UTC no dia 31 de
Dezembro de 2016). São feitas correções periódicas aos relógios a bordo dos satélites,
de modo a mantê-los sincronizados com os relógios em Terra.
Este sistema de medição do tempo é, em teoria, preciso até aos 14 nanossegundos,
contudo, a maioria dos recetores, no processo de interpretação dos sinais, perde
precisão, descendo este valor para os 100 nanossegundos.

6.8. Utilização Prática do Tempo – Tempo Legal


Como parte do sistema UTC, há uma divisão
dos 360º do geoide em 25 fusos , de 15º
cada (Cada um correspondente a 1h). O Fuso
0, coincidente com o Meridiano de
Greenwich, apresentando a letra “Zulu” do
alfabeto da NATO. As restantes notações dos fusos, bem como a sua progressão,
estão exibidos na imagem seguinte14.
Em termos práticos, os navios no mar mantêm a Hora Legal do Fuso
onde se encontram. A navegação para Oeste atrasa os relógios de
bordo, e a navegação para Este adianta-os. Sendo a referência para
o cálculo horário a Hora Média em Greenwich, o cálculo da hora
legal a bordo é dado pela fórmula: Hmg=Hleg ± Fuso .
A determinação do fuso é efetuada como segue no fluxograma
seguinte.

14
Nota que, nos fusos sentido Este (-), não existe a letra “Juliet”.

18
Conclusão
É uma afirmação universal que “Tempo é dinheiro”. Poderá certamente ser, mas no
contexto da Navegação Astronómica, este toma a proporção do salvamento de vidas.
Foi com uma boa medição do tempo e uma diligente observação dos astros que
povoam os céus, de dia e, principalmente, de noite, que permitiu a marítimos durante
séculos o privilégio de retornar a casa.
O campo estudado ao longo da realização deste trabalho, a Astronomia, revelou-se
potenciador de novos horizontes, com camadas progressivamente mais elaboradas na
busca pela compreensão do cosmos e, sobretudo, pela tentativa de domínio do céu
que nos contempla à noite.
Do ponto de vista de um navegador, esta ciência baseia-se na adoção de um método e
a sua aplicação com rigor, com consulta constante das Tábuas Náuticas e dos
Almanaques, como fio condutor para a conduta de uma boa navegação celeste.

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Bibliografia
Escola Naval. (1972). Astronomia Náutica. Lisboa: Gabinete de Formação Académica.

Escola Naval. (1978). Trigonometria Esférica. Lisboa: Gabinete de Formação Académica.

Gameiro, E. D. (1964). Astronomia Náutica. Lisboa: Papelaria Fernandes.

Instituto Hidrográfico. (1972). Tábuas Náuticas. Lisboa: Instituto Hidrográfico.

Tom Stockman, G. M. (12 de Março de 2019). Venus is not Earth's closest neighbour. Obtido de
Physics Today: https://physicstoday.scitation.org/do/10.1063/PT.6.3.20190312a/full/

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