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Princípios e Fundamentos
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Introdução
Este trabalho de pesquisa, desenvolvido no âmbito da unidade curricular de
Astronomia Náutica, teve como objetivo uma melhor compreensão das temáticas
abordadas em sala de aula, bem como um aprofundamento nos conceitos pilar para a
Navegação Astronómica. Foi sobretudo consultado o livro Astronomia Náutica (Lisboa,
1964) pelo Capitão de Fragata E. Da Silva Gameiro, pelo que qualquer referência à
“publicação” remeterá a esta. Dada a data da mesma, é de ressalvar que, embora os
modelos matemáticos tenham mudado ao longo do seu tempo de vida, os princípios
nos quais se fundamenta a Navegação Astronómica e os seus métodos, não sofreram
alterações significativas.
Dada a vastidão do campo da Astronomia, a pesquisa restringiu-se sobretudo aos
aspetos de relevo para o navegador e à prática da navegação, não aprofundando a
vertente histórica. Com efeito, serão por vezes utilizados modelos teóricos
desaprovados pela comunidade científica, mas que a utilidade para o navegador os
torna relevantes. Um exemplo disto é a teoria geocentrista, que será abordada mais à
frente.
Tendo em conta a natureza de rigor praticada, foram anexadas algumas páginas de
apontamentos relevantes aos tópicos a tratar, de modo a possibilitar uma melhor
visualização dos conceitos abordados. Provas matemáticas foram também incluídas.
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1. Sistemas de Referência
1.1. Sistemas Fundamentais de Referência
Para a determinação de posições no plano terrestre, é de referência o sistema de
coordenadas terrestres. Estas três coordenadas, Latitude, Longitude e Altitude,
constituem os fundamentais para a localização de pontos no geoide. Trabalharemos
sobretudo com as duas primeiras, sendo estas definidas como segue.
A Latitude é medida de 0º a 90º, para ambos os lados da linha do Equador, o seu
paralelo de referência e círculo máximo de raio terrestre. Esta toma de nome Norte ou
Sul, consoante o polo mais próximo e representa o arco entre a linha do Equador e o
zénite do observador. É também utilizado o seu complemento, a Co-Latitude, sendo
este o arco, medido de 0º a 90º, entre o polo elevado e o zénite do observador.
A Longitude é medida de 0º a 180º, Este ou Oeste do Meridiano de Greenwich, o seu
meridiano de referência.
Com isto, é possível ao navegador localizar-se no geoide. Contudo, de modo a poder
utilizar os astros como meio para obter a sua posição, o navegador terá de recorrer a
outros sistemas de coordenadas, computados na esfera celeste, uma construção de
raio arbitrário. Esta decorre do modelo geocêntrico, isto é, a Terra é tida como o seu
ponto de origem e as posições dos astros e planetas estão incluídas na mesma.
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1.2.2. Coordenadas Horizontais
Este sistema de coordenadas tem como referência o observador, sendo projetado um
plano, denominado horizontal, na esfera celeste, à latitude do observador. Dentro
deste sistema de coordenadas encontramos múltiplas noções importantes para a
condução da navegação pelos astros. O hemisfério onde se encontra é denominado de
hemisfério visível, e o polo mais próximo a este é conhecido como polo elevado.
O Zénite é a interseção da vertical do lugar na esfera celeste, no hemisfério visível, na
direção da cabeça do observador, isto é, o ponto diretamente acima do mesmo, de
altura 90º. A Nádir, por oposição, é o ponto diametralmente oposto ao Zénite,
localizado no hemisfério invisível.
À projeção de um meridiano de qualquer lugar terrestre na esfera, que inclua o
Zénite, é chamado de meridiano superior do lugar e o seu complementar, que passa
pela Nádir, é tido como sendo o meridiano inferior do lugar.
As coordenadas horizontais são o azimute verdadeiro e a altura verdadeira. O azimute
é medido do ponto cardeal Norte, 360º no sentido Leste – Oeste. A altura é a medida
angular entre o plano do observador (0º) e o Zénite do mesmo (90º). Estas
coordenadas apresentam-se esquematizadas na imagem abaixo.
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1.2.4. Coordenadas Horárias
Neste sistema de coordenadas constam o ângulo horário (hl), a declinação (à
semelhança das coordenadas equatoriais, visto que o ângulo horário é traçado sob a
linha do equador) e a distância polar (Δ).
Este sistema de coordenadas permite-nos não só determinar a posição de um astro,
como também determinar a longitude da posição do observador e ainda apresenta um
papel determinante no cálculo do tempo a bordo (Este último tópico será abordado
mais à frente).
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Um aspeto fundamental na transformação de coordenadas, e que é ilustrado nas duas
imagens seguintes, é a resolução de triângulos de posição. Estes são obtidos a partir da
esfera celeste e a sua resolução requer conhecimentos de trigonometria esférica.
Esta imagem apresenta o método de obtenção do triângulo
de posição na esfera celeste. Para o resolver, pode-se utilizar
a Lei dos Cossenos da Trigonometria Esférica, enunciada da
seguinte forma: “O cosseno de um dos lados do triângulo é
igual ao produto entre os cossenos dos lados opostos com a
soma do produto dos senos dos lados oposto pelo ângulo
oposto ao lado a calcular”. Ou, matematicamente, como
expresso na imagem. É de realçar que casos específicos
simplificam a expressão, ou mesmo possibilitam a utilização
de outras.
Nesta imagem, encontramos
deduzidas, pela Lei dos Senos da
Trigonometria Esférica, expressões para o cálculo de
ângulos no interior do triângulo de posição. Dadas as
propriedades da trigonometria, é possível utilizar tanto as
coordenadas como os seus complementos na resolução
do triângulo, o que aumenta a versatilidade do mesmo.
É de destacar também a possibilidade da utilização da
regra de Mauduit: “O cosseno do elemento médio é igual
ao produto das cotangentes dos elementos conjuntos ou produto dos senos dos
elementos separados”, em problemas que requeiram a utilização do pentágono de
Napier para a sua resolução, isto é, problemas com triângulos esféricos retângulos (por
exemplo, quando hl=90º).
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2. Movimentos da Terra
2.1. Movimento de Rotação
A Terra move-se em torno do seu eixo no sentido Oeste – Leste, sendo que uma volta
completa é feita a cada 23 horas 56 minutos e 4,09 segundos. É, igualmente, este o
fenómeno que explica a existência do dia e da noite. Isto acontece, pois, ao cumprir o
seu movimento de rotação, diferentes partes da superfície
terrestre vão sendo iluminadas, criando assim os arcos
diurnos e noturnos na esfera celeste.
Na seguinte imagem é representado o arco diurno e
noturno de um ponto na latitude 40ºN. Nota que a zona
escurecida representa o arco noturno, e este é
consideravelmente menor que o diurno, dado que o
exemplo é ilustrativo do Verão no Hemisfério Norte. As
estações do ano serão vistas no próximo tópico.
A evolução de dia para noite ao longo do geoide tem como
consequência, também, horas diferentes para o
nascimento e para o ocaso do Sol em diferentes lugares da
Terra, criando as chamadas diferenças horárias, que
abordaremos mais adiante.
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sentem. O que acontece é que, devido à translação em torno do Sol, os raios solares
alcançam a Terra a inclinações diferentes. Quando os raios incidem numa superfície
com maior inclinação, há uma área maior a ser abrangida por estes,
consequentemente, menos quantidade calorífica aplicada por área. Verifica-se
também uma alteração na dimensão dos arcos diurno e noturno, do mesmo ponto, em
alturas diferentes do ano. A imagem seguinte apresenta uma esquematização dos
arcos diurnos e noturnos de um ponto a 40ºN de latitude, no Verão e no Inverno,
respetivamente.
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A Nutação assenta na mesma explicação teórica que a Precessão, contudo, ao passo
que a última regista os efeitos destas forças ao longo de um largo período, a nutação
existe, pois, as forças em si não são constantes. Como tal, a obliquidade da eclíptica
sofre uma ligeira alteração a cada 18,6 anos.
3. Princípios Básicos da
Mecânica Celeste
3.1. O Problema dos
Dois Corpos
O problema dos dois corpos consiste na
tentativa de prever o comportamento de
dois corpos, sendo a única força presente a
atração/repulsão entre estes.
A melhor solução para estre problema
provém da Lei da Atração Gravitacional de
Newton, com a famosa equação:
m1 m2 −11
F=G 2 ,G=6.67 ×10 . Com esta, é
r
provado que ambos os corpos 1 e 2 são
atraídos ao centro de massa entre estes, que
por sua vez pode-se deslocar, com
velocidade constante. Na imagem podemos ver uma esquematização deste problema,
bem como uma versão simplificada dos cálculos.
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3ª Lei: O quadrado do período orbital de um planeta é diretamente proporcional ao
cubo do semieixo superior da sua órbita; A imagem acima apresenta uma resolução do
problema dos dois corpos com base nesta 3ª Lei, para o caso específico de uma órbita
circular (Excentricidade = 0), provando, no processo, esta Lei.
este problema, descobrindo uma relação entre o raio da trajetória da partícula e o seu
ângulo e, inclusivamente, elaborando uma tabela que permite classificar 4 tipos de
órbitas diferentes: Circular, Elipse, Parabólica e Hiperbólica. A prova matemática
destes conceitos está apresentada nas imagens seguintes.
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Em Mecânica Celeste, os corpos celestes, maciços em dimensão, são considerados
partículas para facilidade de raciocínio.
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4. O Sistema Solar
4.1. Constituição do Sistema Solar
O Sistema Solar, localizado na Via Láctea, é um conjunto planetário composto pelo Sol
e todos os corpos celestes no seu domínio gravitacional. Dentro deste existem 8
planetas, 2 cinturas de asteroides e múltiplos planetas anões e outros corpos menores.
Dentro dos planetas, temos: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e
Neptuno. Aos primeiros 4 dá-se o nome de planetas telúricos e os restantes são os
planetas gasosos, conhecidos como “gigantes gasosos”. São de interesse à navegação 3
Vénus, Marte, Júpiter e Saturno.
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(de interesse à navegação) É implícita a inclusão da Terra nesta definição.
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(Dias) Esta medida é relativa a dias terrestres, visto que, do ponto de vista do planeta em questão, o
período rotacional é de 1 dia seu e o período orbital de 1 ano seu.
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Urano: O seu período orbital é de 84,0205 anos e o seu período de rotação
interior é de 17 horas e 14 minutos. É o planeta mais longínquo que pode ser
avistado à vista desarmada, sendo por vezes visível em noites escuras. Dado o
seu período orbital, Urano demora 3 anos a atravessar cada constelação do
Zodíaco.
Neptuno: O seu período orbital é de 164,8 anos e o seu período de rotação
cerca de 16 horas 36 minutos e 6 segundos.
4.3. Órbita terrestre. Estações do ano.
Estando a Terra em constante órbita ao Sol, e possuindo uma inclinação em relação à
eclíptica de 23º26’, esta recebe os raios solares em ângulos diferentes, o que por sua
vez altera a quantidade calorífica por unidade de área destes. A estas alterações
climáticas damos o nome de estações do ano. Existem 4 estações, do mesmo modo
como são considerados quatro pontos notáveis na órbita terrestre: Os solstícios e os
equinócios (As suas definições foram dadas anteriormente).
Estando as estações compreendidas entre estes
pontos, a sua duração é constante, como mostra a
imagem retirada da publicação.
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5.2. A Lua
Ocupando a posição de satélite terrestre, a Lua é determinante, tanto para a vida no
nosso planeta, visto que mantém a órbita da Terra a uma distância suficiente e
constante do Sol para se encontrar dentro da zona habitável da estrela, como para as
condições na Terra, visto que é esta que causa as marés, por exemplo.
A Lua roda em torno do seu eixo no sentido Oeste – Leste e o seu período de rotação e
de revolução é, para ambos, de 27,3 dias A sua órbita é uma elipse de pequena
excentricidade, ocupando a Terra um dos seus pontos focais.
Dado que a sua rotação e revolução são iguais, a Lua apresenta sempre a mesma face
voltada para a Terra. Contudo, devido ao efeito da libração 5, 41% da superfície da Lua
está permanentemente virado para a Terra, 41% nunca é visível e os restantes 18% vão
visíveis em determinadas alturas. A Lua apresenta também um movimento de
precessão, com um período de 18 anos, sendo este o principal fator da notação
terrestre. Em consequência deste movimento, há na Lua um fenómeno conhecido
como precessão dos nodos6.
As fases da Lua são resultantes da sua revolução em torno da Terra: Dependendo da
sua posição relativa ao Sol, a Lua poderá estar a voltar para o geoide a sua face
obscurecida (Lua Nova), a sua face iluminada (Lua Cheia) ou uma combinação
quadrantal (Quarto Crescente e Quarto Minguante).
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(Libração) Oscilação aparente da Lua.
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(Nodos) Pontos de intersecção da eclíptica com o plano lunar.
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Marte, o quarto planeta a contar do Sol, apresenta uma cor vermelha visível à vista
desarmada, devido à concentração de óxido de ferro na sua composição.
Tem uma excentricidade relativamente pronunciada (ϵ = 0.09), sendo que há
cerca de 1,35 milhões de anos, este valor era 0.088 menor. O aumento da sua
excentricidade deve-se, em parte, à colisão com um corpo celeste de massa
significativa. Esta colisão, conjura-se, fez o planeta perder grande parte da sua
atmosfera o que por sua vez eliminou a hipótese de este albergar vida.
A sua distância à Terra tem vindo, e virá a decrescer, nos próximos 35 milhões
de anos, fruto da influência gravítica de outros corpos na sua órbita, aumenta a sua
excentricidade.
Júpiter, o primeiro planeta após o cinturão de asteroides, é, em média, o terceiro
corpo celeste mais brilhante no céu terrestre, sendo brilhante ao ponto de conseguir
projetar sombras na superfície.
O planeta apresenta uma região de altas pressões constante, onde se encontra
uma tempestade anti-ciclónica, que produz a sua mancha vermelha característica. Esta
mancha é continuamente observada desde 1830, havendo registos de visualização
datados até 1665 – 1713.
Dada a sua posição, apresenta-se sempre na sua face iluminada à Terra.
Saturno, o sexto planeta do Sistema Solar, apresenta um campo magnético inferior ao
da Terra, apesar de possuir um momento magnético muito maior, fruto da sua
dimensão. Este possui um sistema de anéis, compostos por partículas de gelo com uma
pequena quantidade de detritos rochosos e poeiras. Orbitam a si pelo menos 82 luas,
sendo que a maior, Titã, é maior que o planeta Mercúrio.
Apresenta uma nuvem persistente, de formato hexagonal, a aproximadamente
78ºN, no seu polo desse nome.
5.4. Estrelas
O cosmos encontra-se repleto de estrelas. Estas, por sua vez, encontram-se agrupadas
em galáxias (i.e., o Sol localiza-se na galáxia de nome Via Láctea).
Dada a sua abundância no céu, e a tendência do cérebro humano em achar padrões,
desde o tempo da Grécia Antiga que são reconhecidas figuras no céu, denominadas
constelações. São atualmente reconhecidas 88, cobrindo o céu na sua totalidade e
apresentadas em cartas de estrelas, onde foram carteadas segundo as suas
coordenadas equatoriais.
A nível de temperatura, as estrelas azuis são as que apresentam uma temperatura
maior (devido aos comprimentos de onda vemos a sua luz como sendo azul), e as de
menor temperatura são as vermelhas. No que toca ao seu diâmetro, estas podem ser
gigantes ou anões, sendo que estas últimas são consideravelmente mais densas que as
anteriores.
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6. O Tempo
6.1. Conceitos Básicos
A medição do tempo está intrinsecamente ligada à Navegação Astronómica. Tanto
para a confirmação das observações efetuadas, como
para a determinação das ETD7 e ETA8, uma medição
efetiva e precisa do tempo é essencial a bordo. Para isso,
é necessário saber o que é o tempo e, principalmente,
como medi-lo.
A definição de tempo é um tópico de complexidade
elevada, atualmente explorado pela vertente da
Relatividade Especial. Como tal, em termos práticos, a
medição desta unidade é a maior imperativa e, como tal,
assumem-se alguns postulados.
Para efeitos de medição de tempo, é
considerado o Sol Médio, um astro
imaginário que se move segundo a
linha do equador, a uma velocidade
constante9. O erro induzido por este
postulado é computado na Equação
do Tempo (Na imagem acima). Estão
presentes também as medições de
tempo para este Sol, a diferentes
escalas.
A determinação da hora é feita pelo
meridiano superior do lugar no ponto
onde se localiza o observador, em
relação ao Sol Médio (como ilustrado
na imagem ao lado). É possível equacionar a Hora Média em Greenwich, a medida
determinante para o cálculo da hora a bordo, como veremos mais à frente, com
recurso à expressão: Hmg=Hml± L.
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(ETD) Estimated Time of Departure
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(ETA) Estimated Time of Arrival
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É por necessidade disto que foi criado o Sol Médio: Na realidade, o nosso astro move-se a uma
velocidade irregular, o que impossibilita o estabelecimento de um padrão-guia.
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6.2. Os Sistemas de Medição de Tempo
Desde a Antiguidade que o ser humano tem criado formas de medir o tempo. Um
exemplo a destacar é o relógio solar. Estes, embora na sua maioria indiquem apenas a
hora solar local, com a aplicação de três correções é possível a hora nacional local (Isto
é, do país onde o observador se situa). Apresentam o inconveniente de apenas
funcionarem otimamente em dias de boa visibilidade.
Na medição do tempo a pequena escala temos a ampulheta, ou relógio de areia. Este
aparelho consiste em dois recipientes unidos por um orifício estreito. Um destes
encontra-se cheio de areia, e o aparelho mede o tempo que esta leva a passar
completamente de um para o outro. O fluxo é variável consoante a abertura do
orifício, a granularidade do material e o volume dos recipientes.
Com o passar dos anos, foram-se inovando as formas como medimos o tempo, com o
surgimento de sistemas como o relógio mecânico, o relógio de quartzo, e
posteriormente, o relógio atómico.
Considerando a medição de tempo a pequenas escalas, há também que considerar o
erro induzido pelo cronómetro. Este relógio mecânico de grande precisão é utilizado
sobretudo na medição do tempo das medições, contudo, há que ajustar para o seu
erro, que se apresenta pela fórmula: Ec = Hmg – Hc10.
Não só isto, mas a forma como pensamos a medição do tempo foi-se alterando,
surgindo muitos dos modelos e sistemas que se seguem nos tópicos seguintes.
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(Hc) Hora do cronómetro.
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Pode ser determinado somando o Tempo Universal (Medida do tempo pela rotação da
Terra) com o efeito do desvio da rotação da Terra ao comprimento fixo dos dias
atómicos (TU + ΔT11 = TT).
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(ΔT) O valor desta unidade para o início de 1902 é de aproximadamente 0 segundos, enquanto para
2002 é de cerca de 64 segundos. Conclui-se então que durante esse século, as rotações terrestres
levaram mais 64 segundos que o que seria necessário para dias em tempo atómico.
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Por este motivo, é também conhecido como GMT (Tempo Médio em Greenwich).
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Calendário de 12 meses utilizado em grande parte do mundo.
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6.7. Tempo GPS
O tempo GPS é mantido através de relógios atómicos contidos nos seus satélites.
Contudo, o seu tempo não é corrigido para coincidir com a rotação da Terra, como tal,
não contem segundos-bissextos ou outras correções adicionadas ao Tempo Universal
Coordenado. Sendo que o tempo GPS foi definido para coincidir com o UTC em 1980,
houve desde então uma divergência. O desfasamento com o TAI é como segue: TAI –
GPS = 18 segundos (Devido ao segundo-bissexto adicionado ao UTC no dia 31 de
Dezembro de 2016). São feitas correções periódicas aos relógios a bordo dos satélites,
de modo a mantê-los sincronizados com os relógios em Terra.
Este sistema de medição do tempo é, em teoria, preciso até aos 14 nanossegundos,
contudo, a maioria dos recetores, no processo de interpretação dos sinais, perde
precisão, descendo este valor para os 100 nanossegundos.
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Nota que, nos fusos sentido Este (-), não existe a letra “Juliet”.
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Conclusão
É uma afirmação universal que “Tempo é dinheiro”. Poderá certamente ser, mas no
contexto da Navegação Astronómica, este toma a proporção do salvamento de vidas.
Foi com uma boa medição do tempo e uma diligente observação dos astros que
povoam os céus, de dia e, principalmente, de noite, que permitiu a marítimos durante
séculos o privilégio de retornar a casa.
O campo estudado ao longo da realização deste trabalho, a Astronomia, revelou-se
potenciador de novos horizontes, com camadas progressivamente mais elaboradas na
busca pela compreensão do cosmos e, sobretudo, pela tentativa de domínio do céu
que nos contempla à noite.
Do ponto de vista de um navegador, esta ciência baseia-se na adoção de um método e
a sua aplicação com rigor, com consulta constante das Tábuas Náuticas e dos
Almanaques, como fio condutor para a conduta de uma boa navegação celeste.
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Bibliografia
Escola Naval. (1972). Astronomia Náutica. Lisboa: Gabinete de Formação Académica.
Tom Stockman, G. M. (12 de Março de 2019). Venus is not Earth's closest neighbour. Obtido de
Physics Today: https://physicstoday.scitation.org/do/10.1063/PT.6.3.20190312a/full/
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