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AUTO DO MONTE OLIMPO

AUTO DO MONTE OLIMPO


Cenário

O Olimpo.
Como fundo uma paisagem vista das montanhas acima das nuvens. Ao centro numa posição mais elevada, um
cadeirão, panos coloridos e sedosos caem a toda a volta do cadeirão. A toda a volta almofadas e tapetes pelo
chão. Na base do cadeirão de Zeus, outras duas cadeiras, uma de cada lado, uma para a Justiça do lado
esquerdo e outra para o deus defensor.
Ao canto direito avançado do público um estrado com tribuna para o réu.

Personagens Olímpicas

Zeus – Rei dos Deuses e dos Homens. Barba e cabelo cinzento e enorme. Túnica branca trançada pelo corpo.
Coroa de ouro na cabeça. Personagem forte e lutadora. Cansado pelos anos.

Afrodite – Deusa do Amor e da Beleza. Esposa de Hefaisto. Mãe de Eros. Bela mas superficial. Com túnica
branca1, cabelos longos com coroa de louros na cabeça, mulher experiente.

Apolo – Deus do Sol, patrono da verdade da musica e da medicina. Cabelo longo e louro. Imagem de
brancura e juventude radiante. Filho de Zeus. Defende as virtudes do desporto.

Atena – Deusa da sabedoria. Mulher combatente, adorada pelos Atenienses, que lhe prestavam anualmente
um festival de teatro de 4 dias conhecido por Ateneiadas. Apesar de Dionísio ser por excelência o Deus do
teatro, é Atenas que reconhece que é no festival de teatro em sua homenagem que os homens encontram a
felicidade.

Themis - Deusa grega da justiça. Usa uma venda nos olhos2. Numa mão traz uma balança, na outra traz uma
espada (um destes é dispensável para não sobrecarregar o personagem).

Asclépio - Deus grego da medicina.

Dionísio – Deus do vinho e da fertilidade. Também filho de Zeus. Magoado com a vida, vagueava pela terra.
Símbolo de uma vida dissoluta.

Ares – Deus da Guerra. Filho detestado de Zeus. Protegido de Hades, pois povoa o inferno com as muitas
guerras que causa. Era muito respeitado pelos gregos pela sua força. Usa capacete medieval e roupas negras
de combate3 num estilo Darth Vader.

Eros – Deus do amor e do erotismo. É o equivalente ao Cupido romano. È representado como uma criança de
fralda branca. Transporta um cesto de setas às costas, e um arco sempre nas mãos com uma flecha. A flecha
tem uma seta em forma de coração. È um travesso.

Hermes – Deus Mensageiro. Representado com um capacete com asas e também com asas nas sandálias. Usa
uma túnica branca4, amarrada na cinta e com saia. È o narrador e sequenciador da nossa história, ao estilo
stand up comedy.

1
Fazer a parte frontal da roupa com velcro. Fazer as setas também com um coração de velcro na ponta. De forma que
quando se disparar uma seta elas adiram à roupa de Ares e de Afrodite.
2
Uma venda de tecido transparente para quem o usa, mas de cor negra para dar a impressão de cegueira ao publico.
3
Ver a nota 1.
4
Um elemento cómico interessante seria ter uma lata de red bull pintada na tunica de Hermes. “Red bull dá-te asas”.

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Hades – Personagem cómica da nossa história. É o Deus do Inferno. Receptor da alma dos mortos. Corcunda,
de vestes negras a cobrir o corpo e de máscara. Traz uma foucinha como a morte. Arrasta-se pelos cantos e
delicia-se quando algo de mau acontece. E força sempre que algo de mau aconteça.

Personagens Mortais

Cocas – É um alcoólico. A vida nunca lhe deu alegrias, e ele escondeu-se atrás do vinho. È um falhado na
vida. Barba por desfazer, beata apagada no canto da boca, de fato cinzento em tecido grosso largo, e camisa
por fora das calças.

Marlene – Mulher da hi-society. Passou a vida em festas, a ser fotografada. Pensava que isso era a felicidade
mas vai descobrir através da justiça que nunca foi feliz e brevemente o inferno vai tomar conta da sua alma.
De vestido de noite ‘glamoroso’.

Actriz / Julita - Actriz que interpreta o papel de actriz na peça Romeu e Julita. É uma actriz de comédia,
diverte o povo mas é infeliz e solitária. Ao principio vem vestida de Julita e é divertida. Mas desmascaram-na
tirando-lhe os adereços de Julita. Usa o teatro para estar próxima das pessoas, para se mascarar e fugir à
própria realidade.

Joca – Jovem chefe de um gang, vive assumidamente para a anarquia. È um vândalo, já executou alguns
crimes, e é o mau exemplo seguido pelos jovens do seu bairro. È um guerreiro dos subúrbios. Veste-se de
couro, com muitas correntes, óculos escuros, e uma fita roxa na cabeça. Traz acorrentada uma moça muito
bela, e também vestida de negro que o idolatra.

Guida – Personagem hipocondríaca exagerada seleccionada pelo Deus da Medicina para representar o bem
que os medicamentos fazem às pessoas. Mas até os remédios quando são demais fazem mal, e Guida vive
cada situação tomando um medicamento diferente, a cada frase toma um comprimido. Traz uma bolsa para
transporte dos medicamentos, entra com uma saliência na roupa debaixo do braço que mais tarde vemos ser
um termómetro. Tem olheiras e é magra.

Jonhson – Atleta Olímpico5, durante alguns anos foi o maior campeão atlético do mundo e era adorado pelo
povo, mas os anos passaram e para continuar a aguentar o ritmo começou a tomar drogas. Foi apanhado no
dopping e passou de bestial a besta para o povo que o adorava. Negro de cabeça rapada (facilita-se ao actor
não rapar o cabelo se optar, mas a personagem fica enriquecida com esse tipo de caracterização), traz um fato
de treino vestido.

Outras personagens6

Chita – Submissa a Joca, vem acorrentada por este, e aceita este destino, pois no bairro em que vive ser
escrava do chefe do gang é uma forma de estar protegida e sobreviver. Traz roupas escuras e também uma fita
roxa na cabeça, símbolo do gang a que pertence. Mia como uma gata.

Resumo cénico da história

Entra Hermes pela frente da cortina antes de esta abrir, e faz a apresentação da história. Ouve-se música, abre
a cortina e ao centro está Zeus sentado no seu trono. Os deuses dançam à sua frente.
Zeus está aborrecido por ter passo os últimos 4 mil anos a ver os deuses a dançar e pede a Dionisio que lhe
proporcione um espectáculo diferente. Dionísio diz que o teatro é bom mas melhor é o vinho, para os alegrar.
O Deus da Medicina protesta, dizendo que a única aplicação útil da fermentação é a produção do álcool para

5
Pode-se criar um jogo de palavras muito interessante pelo facto de um mortal ser olímpico.
6
Temos 18 personagens no total. 9 personagens masculinas, 7 femininas, 1 indiferenciada (Hades) e 1 criança a
personificar Eros.

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tratamentos médicos. Atenas diz que o momento em que observou os mortais mais felizes, foi durante a
realização do festival de teatro anual em sua honra, e por isso o teatro era a melhor opção. Inicia-se uma
discussão entre os três sobre o que trará mais felicidade. Zeus cansa-se ainda mais da discussão e sobrepõe-se
à discussão lançando-lhes um desafio, descobrirem o que trará a verdadeira felicidade. Dos outros deuses
presentes Afrodite toma palavra, e pede a Zeus que lhes deixe entrar também no desafio, para que possam
provar que são as suas artes que trazem a verdadeira felicidade. Zeus concorda e os deuses presentes saem,
com Afrodite a empurrar o filho Eros e a dizer-lhe que a mãe vai ter que realizar uma tarefa que o pai tomava
conta dele enquanto ela estava ausente. Apagam-se as luzes no palco, e Hermes entra, faz uma rábula ao estilo
Stand up comedy, descrevendo o que aconteceu com cada deus entretanto na Terra.
Acendem-se as luzes e entra Zeus e a Deusa da Justiça. Sentam-se nos seus lugares, e Hermes vem da lateral
recuada no palco, e como se fosse um arauto anuncia a entrada da deusa defensora do teatro e da actriz.
A deusa do teatro faz o seu discurso elogiativo das artes do teatro, e passa a palavra à deusa da justiça. Esta
contra interroga a actriz, e esta faz um discurso alegre (tipo Julita), que convence a deusa da Justiça, mas aí
Hades que já andava a rondar baixinho por ali à algum tempo, aproxima-se do personagem e rouba-lhe os
adereços (a máscara de teatro), surgindo de baixo da mascara de personagem a actriz. Surpreendida a deusa
da justiça, volta a interrogar a actriz, e esta revela-se uma pessoa triste, que apenas encontra alegria fugindo à
sua própria realidade. Zeus pronuncia-se e o seu veredicto, é que o teatro e o circo podem fazer esquecer por
momentos a tristeza, mas não são fonte de felicidade. Retira-se derrotada a deusa do teatro e a actriz.
Hermes entra novamente e faz mais um pouco de stand up, conta um anedota, e anuncia Dionísio e Cocas.
Dionisio faz a sua apresentação baseada em que não há tristeza que resista ao vinho. E a deusa da justiça
contra interroga Cocas que está num estado lastimoso, e não tem condições para um depoimento coerente.
Cocas cai para trás em cima das almofadas e Zeus dá o veredicto, nenhuma droga pode dar felicidade, apenas
iludir e viciar o corpo e piorar com isso a situação. Sai a arrastar-se Cocas, e Dionísio desiludido.
As luzes diminuem novamente e os actores congelam no palco, aparece Hermes à frente com luz forte apenas
sobre ele. Mais um momento de stand up comedy. As luzes acendem, Hermes recua no palco apresenta o deus
da medicina e Guida e sai.
O deus da medicina faz a sua apresentação oral, de uma mulher que nunca teve maleitas na vida, pois toda a
vida se cuidou com medicamentos. Portanto se os homens o que mais desejam para ser felizes é saúde e
trabalho e sem a saúde não podem trabalhar, por isso essa é o mais importante. E esta mulher tem tudo para
ser feliz. A deusa da justiça começa por observar que para alguém que tem tanta saúde, tem um aspecto muito
doentio. A mulher desmascara-se logo pois reconhece que não é verdade ela ter saúde, é doente, muito doente,
e vai tomando medicamentos.
Zeus conclui que a medicina é necessária, mas não traz felicidade, pois só adere aos seus tratamentos quem
perdeu a saúde e a felicidade com ela. Saem Asclépio e Guida.
Hermes entra novamente e anuncia Apolo e Jonhson atleta olímpico, e sai Hermes.
Apolo entra vitorioso e discursa sobre as virtudes do desporto e de que felicidade exige uma mente sã em
corpo são. E apresenta Jonhson como campeão olímpico.
Começa a entrevista da justiça, que segue a história de Jonhson desde que saiu de um bairro degradado em
jovem, e de como o desporto lhe deu um objectivo na vida e o libertou de um mundo sem futuro, tornado-o
um herói e exemplo para os miúdos. Mas a justiça avança na história, e chega à actualidade. Aí é onde a
história do desportista colapsa, pois descobre-se que para manter-se um herói ele aderiu a drogas e doppings.
È esse o exemplo que ele representa? Mais um caso falhado. Zeus conclui que o desporto é um caminho
saudável, e uma alternativa de vida positiva, mas o objectivo do desportista deve ser participar e não apenas
ganhar , pois se o objectivo for apenas ganhar o ideal fica corrompido. Apolo sai derrotado juntamente com
Jonhson.
As luzes afrouxam e aparece Hermes iluminado na frente, mais um pouco de stand up comedy e a
apresentação de Afrodite e Marlene. Afrodite e Marlene são o oposto visual uma da outra, Marlene é a noite
vestida de negro e cabelo escuro, a outra é o dia vestida de branco e loura.
Afrodite fala egoístamente sobre a necessidade que o ser humano tem de estar rodeado de beleza para ser
feliz, valorizando a imagem e o ambiente. E apresenta Marlene que tem tudo para ser feliz pois viveu toda a
vida rodeada de beleza e coisas boas.

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Marlene começa a falar abstraída da realidade que a rodeia habituada a um mundo de frugalidade. Diz
disparates sem sentido, e dá a perceber que perdeu o valor e o respeito pelas coisas simples, estando viciada
na fama e no viver de aparências7.
É interrompida por Hades que entra anunciando o seu protegido Ares e Joca. Ares entra à frente seguido de
Joca que traz acorrentada Chita. Afrodite protesta por ter sido interrompida, mas Ares ignora-a aproxima-se
de Marlene e entrega-a a Hades que a leva do palco para o inferno, oferecendo o lugar a Joca que sobe para o
palanque de réu com Chita no chão aos seus pés.
Ares faz a sua apresentação de uma forma bruta afirmando que os homens nunca estão bem consigo próprios
e a única forma de terem paz é primeiro fazendo a guerra. E entrega a sua testemunha à justiça para
comprovar a sua teoria.
A deusa da justiça interroga então Joca, que se revela perfeitamente autentico, fruto do seu meio, pervertedor
da juventude e criminoso. Joca acredita que o importante não é ser feliz, mas dominar e sobreviver, e isso é
uma forma de felicidade acha ele. Para isso outros têm que ser subjugados, e é assim por todo o lado.
A justiça que leva o caso a peito faz ver que não tem que ser assim, e que esse não é o caminho, perdendo a
própria justiça a imparcialidade.
Zeus comenta sobre isso que quando a injustiça impera até a justiça tem que tomar lados para restaurar o
equilíbrio. E Zeus pergunta se alguém mais tem algo a acrescentar pois em tanta diversidade não viu a fonte
da felicidade. O silêncio impera e as cabeças ficam baixas durante alguns segundos, até que entra saltitando
Eros. Afrodite chama pelo filho e questiona-lo porque é que ele não está com o pai correndo para o apanhar
ao que Eros dispara uma seta na sua direcção. Ares que vê essa insubordinação de filho para mãe avança para
lhe dar uma lição e Eros dispara outra seta.
O milagre acontece, a frivolidade dos dois transforma-se em amor, e eles beijam-se perante o espanto dos
outros presentes.
Zeus levanta-se do seu trono e observa que eles ganharam o brilho no rosto próprio da felicidade. E conclui
que afinal é o mais pequeno dos deuses que provoca a maior das emoções, a solução para a felicidade é um
coração cheio de amor.
Fecham as cortinas e ouve-se musica.
Vem Hermes para a frente das cortinas e faz o seu ultimo discurso misturando comédia e seriedade.
Abrem as cortinas.
Passam os actores todos a correr de um lado para o outro do palco como quem foge (com musica adequada),
passados uns segundos passa Eros de arco erguido em perseguição no mesmo sentido. Com o palco vazio
ouvem-se sons de setas a serem lançadas e alvos humanos atingidos, começando os actores a entrar em palco
aos casais, agradecendo.
Fim de peça.

7
Marlene é um exemplo de Narcisismo.

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Cena I – Asas de frango


Cortinas ainda fechadas. Entra Hermes.

Hermes ............Olá. Boa noite. O meu nome é Hermes. Não sei se vale a pena ter dito o meu nome, pois
no final da noite toda a gente vai continuar a referir-se a mim como “o que tinha asas de galinha na cabeça”.
Outros devem estar a pensar: “Aquele tipo abusou do Red Bull”
Mas isto de trazer asas de galinha na cabeça tem vantagens e desvantagens, reparem: trago sempre um lanche
comigo, asinhas de frango; se aconteceu uma desgraça a alguém de quem eu não gosto, posso chegar-me
cinicamente à beira dele e dizer: “Eh pá, tenho pena de ti”. É verdade! As desvantagens começam em que
muitas vezes chego a um café ou bar em que tem aquelas placas a dizer “Proibido entrar animais” e não me
deixam entrar pá! È descriminação, pá. Outra coisa que detesto é que me costumam perguntar se durmo numa
cama ou num poleiro. Eh pá, eu sou um deus não uma galinha.
Para quem não saiba sou filho de Zeus, o rei dos deuses e um promiscuo do caraças. È pá o meu pai é um
fodilhão tão grande que para o podermos comparar com alguém temos que imaginar uma mistura de um
coelho com o Zezé Camarinha, depois de tomar viagra.
Vocês conhecem aquela anedota do tipo que toma viagra e depois para o inchaço desaparecer tem que
“coisar” com a mulher, com a sogra, com o cão, e outros buracos que vai encontrando pelo caminho... Pois é,
o meu pai casou-se com a irmã! Tão a imaginar. Percebem porque é que nasceram crianças com asas na
cabeça...? E isso é uma coisa que desde pequeno me fez confusão... Eh pá, devo tratar a minha mãe por mãe
ou tia? E os meus irmãos são filhos da minha tia, por isso devem ser meus primos.
O meu pai sempre que estava contente comigo e com os meus irmãos referia-se a nós como filhos. Quando
fazíamos traquinices passávamos a ser os sobrinhos.
Vocês percebem porque é que na Grécia surgiram coisas do tipo o síndroma de Édipo, o tipo que se casou
com a mãe... Já imaginaram se isso acontecesse comigo a confusão que isto dava? Imaginem eu casava-me
com a minha mãe e acontecia logo isto: o meu pai que também era meu tio passava a ser meu cunhado. E os
meus irmãos que já eram meus primos passavam a ser meus afilhados.
E se eu tivesse um filho? Ele além de ser meu filho, era filho da minha mãe e portanto meu irmão, mas era
também filho da minha tia por isso meu primo. E a minha mulher passava a ser mãe e avó do meu filho. Já os
meus irmãos eram tios do meu filho, mas também eram irmãos e primos dele.
Eh pá, para imaginar isto tudo os gregos tinham mesmo que ser filósofos.
Vamos à nossa história.

Cena II - 4000 anos de aborrecimento


Abrem as cortinas. Ao centro está Zeus no seu trono, a toda a volta dançam os deuses ao som da musica. A
musica silencia. (em palco estão Zeus, Atena, Dionísio, Asclépio, Eros, Apolo e Afrodite)

Zeus .................Quatro mil anos e sempre as mesmas coisas. Estou aborrecido. Dionísio tu que és mestre
do teatro não nos arranjas um entretenimento novo?

Dionísio...........Pai, vejo que realmente precisais de alguma alegria. Mas a melhor forma de o conseguir é
através da bebida dos deuses!

Asclépio...........Néctar? Sim o néctar é a bebida dos deuses e é um bom medicamento!

Dionísio...........Qual néctar!? Estou a falar de vinho! Desde que ensinei os mortais a fazer o vinho, todos
os que o bebem ficam bem dispostos.

Asclépio...........Disparates. A única coisa que se aproveita no vinho é o álcool para tratamentos médicos.

Atena ...............Pois a mim parece-me que a sugestão de Zeus era a melhor. Os Atenienses organizam em
minha honra um festival de teatro de 4 dias. E esses são os dias do ano em que eles são mais felizes.

Asclépio...........São felizes porque estão de boa saúde. Porque eu lhes dou os medicamentos para isso.

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Dionísio...........Disparates digo eu! Eles estão felizes durante o festival de teatro porque estão
embriagados.

Asclépio...........Bárbaro! O vinho só os ilude, e passado o seu efeito eles estão piores.

Atena ...............Os homens não precisam de drogas para serem felizes, sejam elas quais forem. Precisam é
de arte.

Dionísio...........Arte? Qual arte? Eles querem é vinho!

Asclépio...........Remédios!

Atena ...............Arte!

Dionísio...........Vinho! O vinho é que dá alegria.

Asclépio...........Remédios para terem saúde é que os fazem felizes.

Atena ...............Teatro. Porque a arte eleva a alma.

Zeus .................CHEGA! LEVAM JÀ TODOS COM UM RAIO! Estava aborrecido e agora estou
chateado também. Vocês não se entendem, mas deixaram uma questão no ar que deve ser respondida. O que é
faz os mortais felizes? Esse é a pergunta a que vão ter que me responder! Quero que cada um de vós vá ao
mundo dos mortais e me traga uma resposta.

Afrodite ...........Senhor, alargai o vosso desafio aos outros deuses presentes e deixai-nos provar que aquilo
que faz os homens mais felizes são as nossas virtudes.

Zeus .................ASSIM SEJA! Todos os deuses presentes poderão competir para provar qual a virtude que
mais satisfaz os homens, e porventura os próprios deuses. Para que o desafio seja justo o juiz será a deusa da
justiça Themis. Agora vão todos para o mundo dos mortais.

(Zeus permanece sentado no trono, os deuses começam a sair e Afrodite e Eros ficam para o fim)

Afrodite ...........Vamos filho, tu ficas com o teu pai enquanto a mãe vai a uma festa.

(fecham as cortinas)

Cena III – Os três “Vi´s” – Vinho, Virtude e Virgindade

(à frente das cortinas entra Hermes)

Hermes ............Olá. Sou eu outra vez, o Hermes. Não sei bem porque insisto em dizer o meu nome,
porque vocês quando saírem daqui, dos poucos que se lembrarem do meu nome, vão-me tratar ou por
“Crepes” ou por “Herpes”[...] por isso até prefiro “Asas de frango”.
Não sei se sabem que sou o deus do comércio. É verdade. Tenho bastantes pastas acumuladas, sou o deus
do comércio, dos viajantes, dos oradores... Se compararmos isto de ser deus com um governo podia-se dizer
que eu sou o ministro das finanças. (pausa) Curiosamente também sou o deus dos ladrões.
Bem, é melhor falar dos ministérios dos meus irmãos...
O meu irmão Dionísio cuida da pasta do vinho e das festas. É portanto o equivalente do Santana Lopes cá
no Olimpo. Cultura e boémia misturadas, estão a ver. Mas não vamos estar aqui a difamar o meu irmão a
compará-lo a um playboy... Quando o Dionísio saiu daqui foi direitinho a um bar. Diz ele que seja qual for a
situação há sempre uma boa razão para se beber um copo. E ele tem uma certa razão, reparem: Se tivermos
um problema grave na vida e se encontramos a solução para ele, bebemos para comemorar, se não

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encontramos solução, bebemos para esquecer. E o vinho dá conhecimento também, um bêbado é um criativo,
uma vez conheci um que a meio do processo criativo inventou uma expressão que resumia o seu estado de
espirito: (fazendo de bêbado) Dizia ele: “Eh pá, não me atrafalhes”, que era uma mistura de “Eh pá não me
atrapalhes” com “Eh pá, estou todo fodido”.
Já chega de falar de desgraças. Vamos falar de Virtudes. A minha irmã Atena..., é virgem... Eh pá, ela tem
4000 anos e nunca esteve com ninguém. Não é que nenhum homem a tenha querido, mas ela usa capacete,
escudo e espada. Tentem-se aproximar dela que vocês vêm o que acontece. Pum! Soc! Pau! Ui! Aiiii!
Mas com a evolução dos tempos felizmente cada vez há menos virgens, é que já se inventou a vacina
contra isso. “O quê és virgem? Vamos já vacinar-te!” Enfia-se agulha e pronto, está-se livre da virgindade! É
pá ainda falam da agulha para a penicilina ser grande, haviam de ver o tamanho da agulha para dar a vacina
contra a virgindade. E é claro que faz deitar um bocado de sangue, a agulha é grande. E tal como a vacina do
tétano esta também tem que ser administrada periodicamente. Só que no tétano é uma vez de dez em dez anos,
a vacina contra a virgindade convém ser repetida todas as noites, se possível duas vezes.
Não é que a virgindade volte... mas é uma questão ética e de ter gosto no que se faz. Existem trabalhadores
que trabalham sem gosto, mas um vacinador contra a virgindade é o exemplo do trabalhador. Nunca faz
greve, trabalha com gosto, a maior parte trabalha em horário nocturno, e se puder abdica das férias para dar
mais umas vacinas.
No entanto com tanta boa gente por aí a minha irmã continua virgem. E não é a única, hão para aí ainda
muitas mulheres para vacinar. Vacinem-se meninas.

Cena IV – A vida é um teatro

(Abrem as cortinas)
(Zeus está sentado no trono, Themis entra cerimonialmente e senta-se na cadeira ao lado de Zeus)
(Entra o arauto Hermes)

Hermes ............A deusa Atena e Julita actriz de teatro. (e sai)

(entram Atena e Julita, Julita vai para a tribuna enquanto Atena discursa pelo palco)

Atena ...............Senhor meu pai, Themis deusa da justiça, senhores da audiência, venho perante vós provar
que a felicidade pode ser encontrada no teatro. Vou-vos apresentar uma pessoa do teatro que em todas as suas
acções transmite alegria. Ela vai falar convosco e vocês vão-se sentir bem com as suas palavras. Porque o
actor é doutor nos sentimentos e emoções humanas. A arte teatral explora a emotividade humana, a natureza
do ser e da personalidade, e o actor ao tomar conhecimento de como funciona a mecânica emocional cria um
laço muito mais intimo com o controlo das suas próprias emoções e as do publico.
Na verdade cada personagem mantém-se viva de acordo com a capacidade de se aproximar do público,
quanto mais profundamente tocar aquilo que é comum no ser humano mais longe pode levar a sua
identificação com o mundo. Encontrar a proximidade ou a semelhança é o exercício de quem procura criar ou
recriar a si mesmo.
E este é um elo de intimidade para com a própria vida.
Senhores apresento-vos Julita, actriz de teatro, e deixo-a á vossa justiça.

Themis .............Boa noite. Então você é actriz. Fale-nos de si.

Julita ...............Oláaaa! Senhoras e senhores. Mininos e mininas. Eu sou a Julita, sou actriz, e o que mais
gosto é de comédia e fazer rir as pessoas.

Themis .............E porque escolheu a comédia Julita? O teatro também é drama.

Julita ...............Sim, o teatro é drama, mas é quando eu faço comédia e as pessoas se riem que eu as vejo
mais felizes. E o que eu gosto é de ver as pessoas felizes!

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Themis .............É um valor nobre. Então exemplifique-nos como consegue transmitir essa alegria às
pessoas.

Julita ...............A sério? Posso fazer estes senhores um pouco mais felizes? Posso? Posso? Posso! (e
retira-se da tribuna para o centro do palco)

(Julita faz uma pequena encenação com Atena, que é chamada com um gesto, coloca uma mascara e
aproxima-se do centro do palco também)

Atena Zezé .......'Tou-te a dizer, pá! De todas as personalidades do bilénio passado, se houve alguém que se
destacou foi o Dário! Aquele da Teoria da Evoluição! Mas neste caso, pela negativa!...

Julita Tóni .......Pois, pela negativa, pois! 'Atão mas porquê, que eu 'tou arredio de conclusões?

Atena Zezé .......'Atão, como é que aquele sacripanta do Dário pode falar de evoluição, se ainda andem
tubérculos como tu a passarinhar...? (Ri-se)

Julita Tóni .......Ah pois é! Realmente esse Dário também não me inspira muita confiança! Agora de quem
eu gosto munto é do Fróis! Eu sou perdido pelo Fróis! Tudo o que era psiquiatrices o homem dominava! Ele
tem uma frese que ainda hoje me dá que pensar!

Atena Zezé .......E 'atão que maravilha de frase é essa, não me dizes?

Julita Tóni .......Não me lembro! Por isso é que passo dias a pensar na sacrista da frase, a ver se a recordo!
Mas lembro-me que era em português...!

Atena Zezé .......Já é um começo! 'Atão e assim mais a nivel artistico-ó-musical? Hum? Quem é que te
ficou na retina?

Julita Tóni .......Eh pá, ai tenho que dizer, sem hesitações, que foi o... (muito rápido) O Mózar!

Atena Zezé .......Ena, alta finésse! Sim senhores, O Mózar... E quantas vezes é que vistes esse senhor a
actuar, diz-me lá?

Julita Tóni .......Ui! Um porradão de vezes! Sempre que a banda dá o seu espectáculozito, eu nem hesito!
'Tou lá sempre batido, na fileira da frente!

Atena Zezé .......'Tamos a falar do S. Carlos, portantos? Sim senhores, 'tá bem de ver que o senhor é fã!

Julita Tóni .......Eh pá, tu 'tá calado! Aquilo é sempre bom - muda o vocalista, mas é espectáculo
garantido! É com cada canção mais bonita!... Verdadeiros hits pra dançar! Só comparável a uns Supertramp!

Atena Zezé .......Por acasos... Agora que referes, 'tou em crer que realmestes o Mózar tem um bom
reportório...

Julita Tóni .......Olha, por exemplos: (cantando) La perne é mobile / Deram-lhe um jeito / La perne é
mobile / Feita num oito...

Atena Zezé .......Psshé! Contém a guelra! Acho que 'tás a fazer uma mistura a dois tempos! Olha lá, mas se
já andemos em território nacional, não nos podemos esquecer do nosso ex-lebris!

Julita Tóni .......Ah pois não! E eu 'tou-me a esquecer? 'Tou? Só 'tava à espera que fosses tu a dizer! Oras,
por obséquio...

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Atena Zezé .......O fado! O Fado e a...

Julita Tóni .......E a... a Tonicha! (começando imediatamente a cantar) Ora Zumbas na canela / Ora na
canela zumbas / o diacho da canela toda à noite catacumbas... Umbas, umbas, umbas, catacumbas, umbas,
umbas, umbas...

Atena Zezé .......Ora que rica ideia! Canelas! Zumba!

Julita Tóni........Ai, ai, aiii! Olha que o pau tem farpas! 'Inda m'aleijas práqui todo c'o a raça da
brincadeira!

Atena Zezé ......(indignado): Eu 'tou a falar do Fado e da Poesia! Meu macaco!

Julita Tóni .......Ah. Poesia. Gosto. Munto. Sou perdidinho por poesia. Antes de ter o meu Pirata, até tinha
um cão que era o Camões! (Tristonho) Mas 'tadito... Um dia deu em tirar uma fotografia a um carro... 'Inda o
vi passar... Parecia um tapete...

Atena Zezé .......Enroladito?

Julita Tóni .......Todo enroladito.

Atena Zezé .......'Tadito do canito. Bom, mas deixa-te lá de nostalgias e arrelias! Lembra-te doutros poetas!
Por exemplos, dum Pessonha...

Julita Tóni .......Mas qual dos dois irmãos Pessonha? O Fernando? Ou o Camilo?

Atena Zezé .......Eram grandes os dois! E há outro Camilo... O Camilo que inspirou gerações e gerações de
poetas e escritores...

Julita Tóni .......O Camilo de Castelo Brando?

Atena Zezé .......Não, o camilo Álvares! O palheto de abertura fácil! O tintol da Adega Cooperativa de
tremoceiras de Baixo! Um verdadeiro V.Q.P.T.T.P.P.R.T.T de origem domesticada!

Julita Tóni .......Ena, tu hoje 'tás bruto dos queixos! Olha, por acasos já marchava uma bolinha desse
liquido... Ou não?

Atena Zezé .......E onde é que ela mora?

Julita Tóni .......Faló mi! Nouanaimine?

Atena Zezé .......(Dando um estalinho com a lingua): Éniueui!

Fernando Pinheiro – 2004 Página 9 / 13


AUTO DO MONTE OLIMPO

(usar este trecho na cena de entrada de Afrodite e Marlene) = ” Mas agora vamos falar da senhora
gelo, a Afrodite. Essa mulher é tão fria, tão fria, que um pinguim há beira dela arrisca-se a morrer de
hiportermia. E querem saber qual é a diferença entre a Afrodite e uma cobra? É que a cobra precisa de morder
para espalhar o veneno. Mas não estejam a pensar que tudo na Afrodite é mau, aliás é muito fácil pôr-lhe os
olhos a brilhar... basta enfiar-lhe um fósforo aceso nos ouvidos. (...) Têm é que ter cuidado para o fósforo não
se apagar porque entre os ouvidos dela existe um túnel de vento.
Eu estou a brincar, mas fiquem a saber que a Afrodite é uma idealista. Ela acredita que a felicidade é algo
que se pode comprar... Portanto só não é feliz quem não é rico e não pode ir a festas. E mais! A felicidade é
directamente proporcional à fama do estilista que nos desenha os vestidos.
Outro factor importantíssimo para a felicidade é não ter rugas. Claro que os velhos também podem ser
felizes... desde que façam um lifting.
Bem... Isto é o que a nossa Afrodite acha que a felicidade é. E para provar isso ela trouxe-nos uma pessoa
com tudo para ser feliz.”

Fernando Pinheiro – 2004 Página 10 / 13


Anexos - AUTO DO MONTE OLIMPO

ANEXOS

Cenário – Lista de objectos


Trono Central (cadeirão)
Estrado para elevar o trono
Cadeira à esquerda do trono para a justiça e á direita para o deus da defesa
Panos para enfeitar o trono
Fundo pintado em tecido
Tribuna para o réu
Almofadas

Fernando Pinheiro – 2004 Página 11 / 13


Anexos - AUTO DO MONTE OLIMPO

Personagens 8 Lista de adereços9


Afrodite Cabelo longo louro
Tiara brilhante
Túnica longa e branca, rachada na perna. (velcro branco aplicado na frente)
Ornamentos, pulseiras, anéis, colares (muitos, de preferencia dourados e pérolas,
com bom gosto)
Leque branco (*)
Apolo Túnica curta branca.
Cinto a prender a túnica.
Sapatilhas.
Cabelo louro curto.
Boné vermelho na cabeça, com a pala para trás.
Elásticos nos pulsos
Bola de basquetebol (*)
Ares Túnica curta preta (velcro preto aplicado no peito)
Capa preta.
Capacete de guerreiro a cobrir o nariz
Botas pretas de militar.
Cinto, espada e bainha preta. (*)
Maço de corrente (*)
Asclépio Túnica longa e branca.
Coroa de louros na cabeça.
Bastão de Asclépio (símbolo da medicina = bastão com serpente enlaçada) (*)
Cinto com cabaça amarrada
Atena Escudo redondo (*) (com possibilidade de ser transportado no braço ou às costas)
Espada curta e bainha no cinto (*)
Capacete guerreiro (cabelo escondido pelo capacete)
Túnica branca curta
Cinto largo de couro
Sandálias de tiras
Mascara teatral
Chita Roupa de couro preto (se for vestido com saia, usar também meias pretas)
Óculos escuros (*)
Trela pendurada do pescoço com 1.5m (*)
Fita roxa amarrada á volta da cabeça
Cocas Calça e casaco normal (largos para o actor)
Camisa (fralda de fora)
Boné
Garrafa de vinho (*)
Dionísio Cabelo louro
Túnica branca longa
Coroa de folhas de videira
Taça de vinho dourada (numa mão) (*)

8
Se possível ter todos os deuses com cabelo louro, e um objecto nas mãos (entretém o actor, e caracteriza o deus). Todos
os mortais a ter cabelo escuro.
9
Os adereços marcados com (*) são necessários usar desde já nos ensaios. Os outros adereços apenas em ensaios gerais e
representações públicas.

Fernando Pinheiro – 2004 Página 12 / 13


Anexos - AUTO DO MONTE OLIMPO

Eros Cabelo louro encaracolado


Asas brancas ou cor de rosa
Fralda (ou pano enrolado)
Arco (*)
Cesto de flechas ás costas (*)
Setas com ponta de coração feito em velcro (pelo menos 2). (*)
Guida Vestido simples de algodão, de cor clara e caído.
Cabelo escuro longo desarranjado
Bolsa (*)
Caixa e frasco de comprimidos (na bolsa) (*)
Relógio num dos pulsos (*)
Hades Túnica preta a cobrir todo o corpo e com capucho. (quando ele se desloca deve se
arrastar pelo chão)
Luvas pretas
Mascara de teatro grega (careta) (*)
Sapatos pretos
Hermes Túnica curta branca
Cinto de pano a amarrar a túnica.
Botas, de tiras cruzadas nas pernas, com asas
Capacete com 2 asas (*)
Joca Roupa negra com casaco de couro (estilo “terminator”)
Botas militares
Fita roxa na cabeça
Óculos escuros (*)
Bastão de basebol (*)
Jonhson Fato de treino desportivo
Sapatilhas
Medalha ao pescoço (com um laço fácil de arrancar se puxar) (*)
Julita Vestido vermelho curto
Sapatos vermelhos
Sombrinha (*)
Máscara de teatro alegre na cara (*) (por baixo da máscara o actor irá com pintura
de palhaço triste, bastando umas lágrimas pintadas no rosto e uns lábios descaídos
nos cantos)
Cabelo vermelho vivo (dá-se preferencia a cabeleira ao invés de andar
constantemente a pintar o cabelo)
Marlene Vestido de noite preto com brilhantes
Cabelo escuro longo e bem arranjado
Carteira preta de mão (*)
Sapatos altos
Echarpe semitransparente negra (*)
Themis Túnica branca longa
Venda negra para os olhos (semi-transparente) (*)
Espada longa (*)
Cabelo louro em puxo.
Zeus Túnica Branca comprida (tipo lençol enrolado)
Barba longa cinzenta
Cabelo longo cinzento
Coroa dourada (*)
Trovão dourado (*)

Fernando Pinheiro – 2004 Página 13 / 13

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