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As flechas

de Cupido
O amor nos contos gregos.

Zeus: Albert 2º DS
Hera: Thamiris 3ºADM
Poseidon: Júlio 2º AGRO
Demeter: Monica 3º ADM
Hades: Christian 3º ADM
Atena: Layla 3º ADM
Ares: Lucas Nobre 3º ADM
Artemis: Alessandra 2º DS
Apolo: Djavan 3º ENFER
Hermes: Jota 2º AGRO
Iris: Taylane 2º AGRO
Hefesto: Gaby 3º ENFER
Afrodite: Lara 2º AGRO
Dionisio: Nathan 2º ADMO
Eros: Jean 3º ADM
Perséfone: Costa 3º ADM
Psiquê: Lavinia 3º ADM
Medusa: Rafinha 3º ENFER
Musa Calíope: Jenifer 2º DS
Ninfa: Lara 2º AGRO
Dafne: Victoria 3º ENFER
Nebulosa: Luiza 3º ADM
ATO I

(Uma luz se acende na musa.)

(Música 1)

Musa Calíope:

A muitos anos atrás, na Grécia antiga, existiam seres sobre


humanos que moravam no monte olimpo, eles eram a
representação dos sentimentos e elementos da natureza, e
eram chamados de deuses. Suas histórias e feitos eram
contados de geração em geração, enchendo os corações dos
mortais com temor, admiração e reverência. Os deuses do
Olimpo eram como espelhos, refletindo as forças misteriosas
do universo. E hoje, eles vão nos apresentar seus nomes e
poderes.

(Zeus sobe no palco e se posiciona no centro.)

Zeus:

Sou deus supremo do Olimpo, soberano dos céus e senhor do


trovão. Ergam-se em reverência, pois sou Zeus, o rei dos
deuses.
Hera:

Sou a primeira Deusa imortal e rainha por direito entre deuses


e homens, me chamo Hera, senhora dos céus e protetora do
casamento

Poseidon:

Eu sou Poseidon, o senhor dos mares, deus dos terremotos e


das tempestades. Com meu tridente, comando as ondas e as
profundezas dos oceanos.

Hades:

Eu sou Hades, senhor do submundo, o reino negro das almas


perdidas. Sou o deus das sombras e das riquezas ocultas, o
guardião das almas dos mortos.

Demeter:

Nasci na primeira gota de orvalho da manhã, meu toque cria


vida. Sou Deméter, deusa da colheita e fertilidade. Com meu
toque nos campos, transformo inverno em primavera.

Atena:
Eu sou calma, estratégia, calculismo, sou a própria sabedoria.
Contemplem-me com reverência, pois sou Palas Atena, cujo
escudo protege os buscadores da verdade.

Ares:

Homens e deuses me temem, me chamo Ares mortais, o deus


da guerra. Minha presença é marcada pelo sangue derramado
em terra seca, pelo ódio e clamor da batalha

Iris:

Olá, mortais, sou Íris, a deusa da bondade e guardiã do arco-


íris, a mensageira dos deuses e líder das alianças celestiais.

Apolo:

Apolo, meu nome é como poesia, nasci do sol da manhã, sou


deus da luz, da música e das artes, sou portador da beleza e da
harmonia. Prazer, deus místico do sol e da canção.

Ártemis:

Eu sou Ártemis, deusa da caça e protetora dos bosques


selvagens. A deusa da lua, cujos raios prateados iluminam os
corações daqueles que buscam a pureza dos bosques.

Apolo e Ártemis:
Juntos somos, sol e lua, controlamos os céus em nossos carros
e nossas fechas alcançam todos que são infiéis com os deuses.

Hefesto:

Sou Hefesto, deus do fogo e ferreiro divino. Das chamas da


adversidade, forjo obras-primas que desafiam o destino,
criando beleza a partir do caos.

Dionísio:

Eu sou Dionísio, o deus do vinho, da celebração e do teatro,


sou a alegria que envolve todos os sentidos. Que minhas uvas
tragam alegria aos corações e que a celebração seja eterna.

Hermes:

Eu sou Hermes, o mensageiro dos deuses, ágil condutor das


palavras celestiais. Entre as asas que cortam os ventos e os
caminhos que tecem as sendas do destino.

Afrodite:

Eu sou Afrodite, a deusa da beleza e do amor, meu toque


desperta os desejos mais profundos, nascida das ondas que
acariciam a costa, e minha beleza é tão etérea quanto as
brumas do amanhecer.
Musa Calíope:

Hoje, aos seus ouvidos, revelarei contos sobre mulheres que


tiveram as vidas transformadas pelo amor, das maneiras mais
trágicas possíveis, as flechas de Eros foram como bala no
peito feminino de nossas heroínas. Esperamos que ao final da
nossa peça, as atrocidades que foram feitas com essas
mulheres possam ficar no passado, em um lugar esquecido da
mitologia, não na nossa sociedade.

ATO II

(Atuação enquanto está sendo narrado.)

Musa Calíope:

Após todos os deuses estarem em seus lugares, Zeus casou


Afrodite com seu filho Hefesto, que era apaixonado pela
deusa, que não amava o marido, mas sim de seu irmão, Ares.

(Ares e Afrodite vão a frente e começam a brigar.)

Ares:

Como ousa me enfrentar na frente dos outros deuses?


Afrodite:

Te enfrentar? Eu apenas disse o que todos estavam pensando,


essa ideia de guerra é ridícula...

Ares:

Ridícula? Os humanos estão precisando aprender uma lição,


olhe para eles, não acreditam mais em nós, eles merecem
sofrer...

Afrodite:

Sim, acho que eles merecem aprender uma lição, mas não
acho correto fazer uma guerra por um motivo tão supérfluo...

Ares:

Aí você me irrita tanto, gostaria que você continuasse no mar


com aqueles peixinhos idiotas.

Afrodite:

E eu gostaria que sua irmã cortasse logo sua cabeça e ficasse


como sendo a única deusa da guerra, afinal ela é a única que
realmente sabe lutar com uma lança.

Ares:
Eu odeio você.

Afrodite:

Eu odeio mais.

(Os dois se agarram de uma forma sensual, simulando um


beijo apaixonado.)

(Atuação enquanto está sendo narrado.)

(Música 2)

Musa Calíope:

O desejo é tão insaciável quanto o ódio, e da união desses dois


sentimentos, nasceu o deus do desejo carnal e amor erótico,
Eros. Por ser filho da deusa da beleza, Eros era um belíssimo
garoto, e muito gracioso, por ser tão bondoso com a família,
ganhou de seu pai de criação, Hefesto, um arco e fecha que ele
usava para criar a paixão entre deuses e mortais.

Hefesto:

Meu filho, com esse arco, você acertara qualquer alvo, não
importa o tamanho ou distância, apenas segure forte, puxe e
aponte para aquilo que desejar...
Eros:

E como funcionam as fechas? Como saber qual eu preciso


usar?

Afrodite:

A fecha dourada é a representação do amor e paixão, apenas


olhe nos olhos e escolha qual casal combina mais, e
instantaneamente o casal irá se apaixonar.

Eros:

E a fecha de chumbo?

Hefesto:

A fecha de chumbo cria aversão no coração de quem for


atingida. Cuidado com esse poder, você não pode
simplesmente atirar fechas aos ventos, com grandes poderes
vem grandes responsabilidades.

Musa Calíope:

Com o passar dos anos Eros se transformou em um grande


arqueiro, invejado por todos no olimpo, foi então que o deus
do arco e fecha, Apolo escutou sobre a criança que todos
estavam falando.
Apolo:

Quem ousa desafiar o meu lugar e de minha irmã como


arqueiros divinos do olimpo? Eros? Ora Eros, uma criança em
trajes de deus, terei eu mesmo que cortar as asas desse
menino.

(Com uma expressão confiante)

Eros, filho de Afrodite, ouvi dizer que te tornaste um arqueiro


hábil e renomado entre os deuses. Como deus do arco e
flecha, desejo testar tua destreza e precisão. Que tal um
desafio para ver quem possui o melhor tiro?

Eros:

(Com uma postura confiante, mas respeitosa)

Aceito teu desafio, oh, Febo Apolo. Que nossos tiros sejam
justos e nossos alvos sejam verdadeiros. Que vença o mais
habilidoso, mas que a amizade entre nós prevaleça, pois
somos todos filhos do Olimpo.

(Atuação enquanto está sendo narrado.)

Musa Calíope:
E assim, os dois deuses se preparam para o desafio de arco e
flecha, enquanto no Olimpo os outros deuses observam com
grande expectativa, ansiosos para ver quem sairá vitorioso
neste teste de habilidade divina. O primeiro foi Apolo, que
solta sua flecha, cortando o ar com graça e velocidade. Ela
voa em direção ao alvo, atingindo-o com precisão milimétrica,
deixando uma marca impecável.

Apolo:

(Com um sorriso vitorioso)

Meu tiro é certeiro como o sol que ilumina o mundo. Que tal,
Eros, consegues superar minha façanha?

Musa Calíope:

Eros, sem se abalar pela habilidade do deus do sol, respira


fundo e mira com determinação. Seu arco se curva com graça
enquanto ele solta sua flecha, que voa em direção ao alvo com
uma velocidade impressionante. Os deuses observam
maravilhados, reconhecendo a habilidade excepcional de Eros
e a natureza única de seu poder, e o senhor do olimpo, Zeus
disse a todos com orgulho.

Zeus:
Hoje o dia é de festa, Eros mostra ser um deus do arco e se
torna patrono das flechas em conjunto com os irmãos do sol e
da lua.

(todos batem palmas)

Apolo (com raiva):

Eros, tu és um dos únicos que ousou me desafiar, mas como


conseguiu acertar o alvo? Foi encantado pelo seu pai? Pois
acho que verdadeiramente você nunca conseguiria enfrentar
tantos monstros como eu? Nunca seria capaz de matar Píton
ou criar um templo em seu próprio nome. Volte para as saias
de sua mãe garoto. A partir de hoje eu te amaldiçoei, serás
conhecido apenas por cupido.

Eros: (com raiva contida)

Meu nome não importa, Apolo. Mas saiba que tuas palavras
não ficarão sem resposta.

(Afrodite se aproxima de Eros, colocando uma mão gentil em


seu ombro.)

Afrodite: (com serenidade)

Não permitas que a raiva te consuma, meu filho.


(Atuação enquanto está sendo narrado.)

Musa Calíope:

Eros ficou com tanta vergonha que, em vingança, o deus do


amor pegou uma de suas fechas de ouro e quebrou a ponta,
colocando uma de chumbo no lugar, e mirou no coração do
deus sol que estava se vangloriando para sua irmã. Assim que
a fecha atingiu seu alvo, a maldição de cupido estava feita, o
coração de Apolo jamais sentiria a alegria de um amor
recíproco, tudo que ele amasse, seria tirado dele. Assim os
outros deuses se retiraram enquanto Apolo descia até a terra
para se recuperar da fechada.

ATO III

(Música 3)

Musa Calíope:

Febo Apolo, se sentou à beira de um rio, e do outro lado viu


aquela que seria o seu primeiro amor, sentada a beira do
riacho estava Dafne, ninfa aquática que cuidava daquela que
era a sua casa, logo que o deus chegou perto da ninfa, a
maldição de Eros se cumpriu.
Apolo:

Olá, doce ninfa, desculpe lhe incomodar, mas assim que te vi,
logo quis saber o teu nome, me diga por favor, como te
chamam?

Musa Calíope:

Dafne, alheia ao sofrimento de Apolo, continua seu trabalho,


sua pureza e beleza destacadas pela luz suave do sol que
brilha sobre ela.

Dafne:

Me chamo Dafne, filha do deus rio Penêu, cuido das nascentes


dos rios e estou bastante ocupada, meu senhor, então me
desculpe, mas preciso voltar ao trabalho.

Apolo: (com um suspiro)

Dafne... como es lindo o teu nome. Me chamo Febo Apolo,


senhor do sol, deus da música e da poesia, o patrono da beleza
masculina. Como poderia eu, deus do sol, me apaixonar por
alguém tão delicada como tu, oh ninfa das águas?

(Dafne não dá bola à Apolo)

Apolo: (em um sussurro para si mesmo)


Eu daria tudo para sentir o seu calor sobre o meu corpo, só um
olhar teu e sei que terei em mim a esperança de ser amado.

(Apolo se levanta lentamente e começa a se aproximar de


Dafne.)

Apolo: (com um tom hesitante)

Dafne... há algo que eu preciso lhe dizer.

(Dafne ergue os olhos brevemente, antes de voltar sua


atenção ao rio.)

Dafne: (com voz suave, mas distante)

Diga-me senhor Apolo. O que deseja?

Apolo: (com sinceridade)

Dafne, desde o momento em que pus meus olhos em ti, meu


coração foi tomado por uma chama ardente. Seu rosto, sua
presença... eles me encantam de uma maneira que nunca antes
experimentei. Eu... eu a amo, Dafne. Mais do que posso
expressar em palavras.

(Dafne se vira para encarar Apolo, sua expressão impassível


enquanto ela ouve suas palavras.)
Dafne: (com gentileza, mas firmeza)

Apolo, tuas palavras são lisonjeiras, mas não posso


corresponder aos teus sentimentos. Meu coração pertence à
natureza, à água e à terra. Não posso amar como tu desejas.
Eu não o conheço, meu senhor.

Apolo: (com a voz trêmula)

Mas... como posso viver sem ti, Dafne? Como posso suportar
a solidão de não ter teu amor?

(Dafne se afasta de Apolo, seu rosto impassível enquanto ela


dá alguns passos para trás.)

Dafne: (com tristeza)

Eu sinto muito, Apolo. Mas não posso mudar o que sinto. Por
favor, entenda.

(Apolo tenta alcançar Dafne, desesperado para convencê-la a


amá-lo.)

Apolo: (com angústia)

Dafne, por favor... não me deixe!


(Dafne continua a correr do amor de Apolo, que corre atras
de sua amada.)

Dafne: (com voz trêmula)

Oh, Zeus, senhor dos deuses, escute meu apelo! Transforme-


me em algo que Apolo não possa possuir, algo que me liberte
do seu amor não desejado. Deixe-me ser livre como o vento,
forte como as árvores, impenetrável como a rocha!

(Uma luz divina preenche o palco enquanto a figura de Zeus


aparece, ouvindo o pedido de Dafne com serenidade.)

(Som trovão)

Zeus: (com voz majestosa)

Dafne, tua súplica é ouvida. Que tua forma se torne aquela


que tu mais desejas, para que possas escapar do amor que
tanto te aflige.

(Música 3)

(Dafne fecha os olhos, ela estende os braços para o alto, como


se estivesse se entregando ao destino.)

Dafne: (com determinação)


Que assim seja!

Musa Calíope:

Uma energia mágica envolveu Dafne, transformando seu


corpo em algo novo e poderoso. Ela se torna uma nova
espécie de árvore, suas raízes se fundindo com o solo
enquanto seus galhos se estendem para o céu. Quando Apolo
chega ao local, ofegante e desesperado, procurando pela
amada. Ele para ao ver a árvore que a ninfa se tornou, seu
coração se partiu com a tristeza da perda.

Apolo: (com voz embargada)

Dafne... minha amada Dafne. O que fiz para merecer esta


punição? Eu... eu não deveria ter insultado o deus do amor.
Meu orgulho me cegou para o verdadeiro poder do amor, e
agora perdi a única pessoa que verdadeiramente amei.

(Apolo cai de joelhos diante da árvore)

Apolo: (em um tom de desespero)

Dafne, eu lamento... lamento por não ter compreendido teu


coração. Que tua forma eternamente verde seja um lembrete
amargo do meu erro. Que eu jamais esqueça o preço da minha
arrogância e que aprenda a respeitar o amor, o maior de todos
os poderes.

ATO IV

(Música 4)

Musa Calíope:

As fechas do amor de Eros foram culpadas por várias histórias


dos contos gregos, como por exemplo o conto das estações do
ano. Vocês conhecem essa? Não? Pois vou os contar...
(Luzes se apagam.)
(Atuação enquanto a musa Calíope está narrando.)

Musa Calíope:

No início do mundo, só existia o verão eterno, com a deusa


Demeter, cuidando de todas as arvores frutíferas, plantações e
caça para alimentar deuses e mortais. Até que seu carinho foi
retribuído por Zeus, seu irmão, que por ser casado, fugiu com
a irmã para uma campina para poderem se encontrar e trocar
juras de amor. Dessa união, surgiu uma deusa tão linda e
jovial que Zeus decidiu criar uma estação apenas para ela,
Core, a deusa da primavera.
Perséfone:
Mamãe?
(Perséfone corre para dar um abraço na mãe.)
Demeter:
Olá, hoje você acordou simplesmente linda minha Core.

Musa Calíope:

No monte Olimpo, a beleza de Core encantava a todos os


deuses, mas sua mãe com medo da filha se decepcionar com o
amor, mandou a filha para um bosque na Cicília, onde a deusa
poderia viver em paz, rodeada de flores e ninfas para que
nunca ficasse triste.
(Perséfone está jogando flores e correndo com uma ninfa.)
Perséfone:
Venha ninfa, vamos colher mais flores...
Ninfa:
Calma, minha senhora, estou muito cansada, vamos tomar um
pouco d’água...
Perséfone:
Tudo bem, minha amiga, venha, vou te pegar um pouco de
água.
Ninfa:
Sim senhora, vou te fazer uma coroa de flores...
(Música 5)

Musa Calíope:

Longe do Olimpo, nas profundezas da terra, existia outro deus


que vivia livre das influências dos deuses do amor. Seu nome
era Hades senhor do submundo.
Hades:
O senhor Ares mandou muitas almas para mim hoje não é
sobrinho?
Hermes:
Sim meu tio, a cada dia que passa meu irmão cria mais
guerras em vão, e o senhor tem mais almas para cuidar.
Hades:
Não ligo, esta é a minha tarefa, é para isso que eu fui feito,
cuido para que tudo aconteça da forma correta, entende?
Hermes:
Sim meu grandioso tio, mas acho que o senhor deveria sair
para ir ver o ar livre de vez em quando, soube que foi criada
uma espécie de flor que tem cores belíssimas, os humanos a
chamam de rosa. Uma planta de cor vermelha, bela como os
rubis do seu palácio.
Hades:
Obrigado pelo convite meu querido sobrinho, mas como disse,
não tenho tempo para perder, um olhar perdido meu e os
monstros fogem para a superfície. Mas me prometa trazer uma
na próxima vez que vier me visitar. Combinado?
Hermes:
Como quiser, meu senhor.
(Hermes sai correndo e deixa Hades no trono.)

Musa Calíope:

Logo após a saída do deus Hermes, um tremor foi ouvido por


todo o submundo, deixando o senhor dos mortos com
curiosidade sobre o que estaria acontecendo no reino dos
vivos, o deus decidiu subir a superfície pela primeira vez em
milênios, o deus subiu pelas escadas de ossos até a rachadura
de seu reino, foi quando algo chamou a sua atenção.
Perséfone:
Aqui minha querida ninfa, água pura e cristalina
Ninfa:
Muito obrigado senhora Core, a senhora é a deusa mais
bondosa que já existiu, por isso lhe fiz um presente.
(A ninfa entrega a Perséfone uma coroa de flores.)
Perséfone:
Ownn que coisa mais linda, obrigado, nunca recebi presente
tão bonito
Ninfa:
Ele é lindo como a senhora.
Perséfone:
Acho que essas flores estão mais cheirosas doque eu que estou
correndo pelo vale o dia inteirinho.
(As duas riem enquanto Hades observa escondido pela noite.)

Musa Calíope:

Assim que Hades a viu, logo achou Core a criatura mais linda
que existiu em todos os mundos, nem a beleza de Afrodite era
párea comparada com a da deusa da primavera. A deusa do
amor e seu filho observavam tudo do olimpo, onde Afrodite
teve a ideia de punir Demeter por esconder filha tão bela dos
encantos do amor, então Eros apontou a sua flecha para o
Senhor do submundo e assim fulminou o coração do deus das
sombras com uma paixão avassaladora.
Hades:
Sou um dos deuses primordiais, mais poderoso que os filhos
de meus irmãos e espíritos da natureza, mas todo esse poder,
não significa nada, se não tiver Core como minha esposa, eu
não serei nada. Eu cuidaria dela, daria amor e joias, ela seria
feliz comigo e me ensinaria o que é o amor.

Musa Calíope:

Mas como se declarar para criatura tão bela? O senhor Hades


estava acostumado a falar com almas, e monstros condenados,
não com uma jovem tão viva e gentil, foi então que Hades
lembrou da conversa com Hermes e com uma mecha de seu
poder, criou uma rosa, de um tom vermelho como sangue, e a
colocou a beira do abismo para o seu reino.
Ninfa:
Senhora que flor é aquela que se levanta no horizonte?
Perséfone:
Engraçado, nunca a vi, mas já sinto a sua fragrância daqui,
tem cheiro de casa, e de mistério, vou colher para plantar no
jardim de mamãe.

Musa Calíope:

Mas assim que a deusa pega a flor em suas mãos ela sente o
chão se abrir sobre seus pés, o senhor do submundo agarra sua
amada, com a deusa em seus braços ele a leva aos gritos para
seu palácio no submundo.
ATO V

[No palco, Perséfone está ajoelhada, clamando para o alto.]

Perséfone:
Ó, minha amada mãe! Como anseio pelo calor de teu abraço e
pela luz dos campos que Zeus tão magnificamente ilumina.
Como sinto falta das cores vivas das flores que perfumam o
ar! Aqui, neste sombrio reino, só encontro frio, sombras e um
profundo vazio... As lágrimas secaram de tanto chorar, ou
talvez já nem as sinta mais [suspira, pensativa.] Ai de mim!...
Minha mãe, rogo-te que lembres de tua filha que agora jaz
viva nas sombras dos mortos! Hades deseja transformar-me na
rainha do submundo, mas eu ainda anseio pela vida. Coitada
de mim, até meu nome foi alterado! Agora sou Perséfone, a
infeliz entre as mais infelizes! Coitada, coitada de ti,
Perséfone!
[Soluça desesperadamente.]

ATO VI
(Entra Hermes, mensageiro de Zeus. Aproxima-se
lentamente.)
Hermes:
Choras, Perséfone, tu, a que foi arrebatada por Hades para o
reino das sombras? Zeus sabe, o mundo todo sabe da tua
desgraça e Deméter, tua mãe, também está inconsolável.
Perséfone:
Minha mãe Deméter chora muito por mim? E por que não me
acode?
Hermes:
Zeus não o permitiu ainda, mas os deuses vão reunir em
concílio para decidirem do teu futuro. No mundo superior, tua
mãe, Deméter, revoltada, deixou de prestar assistência aos
homens e às suas colheitas. A terra está dura e fria, as plantas
não crescem e as árvores não dão fruto.
Perséfone:
Não pode ajudar caro irmão? Eu, soterrada viva, e os homens
passando tantas mortificações? Ó Hermes, não me diz que não
há esperança alguma!...
Hermes:
Nada sei, Perséfone. Nada sei. Tudo depende do que resolvam
os deuses no concílio. Mas tem esperança... Essa tem de ser a
última a morrer. (Preocupado.) Olha cá: tu não comeste nada
aqui, nem bebeste água do Letes, pois não?
Perséfone:
Hermes, tenho resistido aos avanços de meu tio Hades, que
deseja me fazer sua esposa e rainha do reino dos mortos.
Embora sinta uma sede insaciável às vezes, sei que se provar
algo das sombras esquecerei completamente a vida que
amava. Não quero esquecer o amor e o carinho de minha mãe,
nem as risadas com minhas amigas.
Hermes:
Então, se é assim, não temas, Perséfone. Basta voar até o
Olimpo e informar a teu pai, Zeus, que me enviou até ti, de
que estás realmente viva e tão desesperada quanto tua mãe.
Perséfone:
Ainda há solução para a solidão que me rodeia aqui, no reino
dos mortos? Não me dês falsas esperanças irmão.
Hermes:
Ânimo, Perséfone. Não te deixes abater. Eu vou levar-te a
Zeus. Ele vai decidir de acordo com o destino. Também está
muito incomodado com toda esta situação. Tem fé no destino!
Que este te seja propício! Vem.
Perséfone: (Chorando)
Que ele te ouça, Hermes! E que nosso pai, Zeus nos proteja no
voo até o olimpo!
Hermes:
Descansa minha irmã. Tu verás tua mãe amada. Ela deixará o
luto em que se confinou desde a tua ausência e toda a
Natureza renascerá e deuses e homens ficarão felizes com tua
presença. (Dando-lhe a mão) Vem.
ATO VII

Hades:
Como minha vida é infeliz, Deméter conseguiu tirar Perséfone
de mim! Zeus permitiu que Hermes a levasse de volta ao
mundo superior, a minha única alegria, meu raio de sol. Todas
as tentativas de mostrar a ela que não sou um mostro foram
em vão. Mas eu não desistirei! Descobri através de um dos
espíritos de meu reino, que minha adorada Perséfone comeu
três sementes de romã... Zeus precisa ser informado disso!
Conforme a lei do submundo, quem come ou bebe das águas
do Estígio deve permanecer aqui. Não suporto a ideia de viver
sem minha Perséfone, a minha rainha e senhora do submundo.
Preciso de sua beleza e doçura... como sinto saudades da sua
companhia, sua presença que me acalma, seu lindo sorriso que
está gravado em meu coração. Não, não permitirei que
Perséfone escape! As sementes de romã foram minha
salvação! Minha amada finalmente será minha rainha! Irei ao
Olimpo contar a Zeus e meus irmãos. Deméter não
prevalecerá sobre meu amor por Perséfone.

ATO VIII
Deméter:
Hades, como pode? Irmão infeliz que trouxe desgraça a minha
filha!... A pobre Core, consumida pela sede, ingeriu três
sementes de romã, e agora, segundo as leis do Inferno, minha
amada filha foi roubada de mim! Mas eu me vingarei: não
haverá colheitas, apenas frio e fome. Nem animais, nem
humanos se multiplicarão, e os deuses, meus iguais, não
receberão mais oferendas. A terra será tão dura quanto o
coração sombrio e implacável de meu irmão Hades.
[Comovida.] Minha querida, como pôde Zeus, seu próprio pai,
entregá-la a Hades para ser sua esposa. Coitada dela e de mim,
agora separadas para sempre e desesperadas... [revoltada
novamente.] Como não poderia eu estar desesperada pela falta
de minha tão amada filha?!... Não posso aceitar! Ó terra,
cobre-te de neve! Ó neve, sufoca a vida sob teu manto gelado!
Esta será a vingança de Deméter: a terra será estéril para
sempre, como meu coração de mãe dilacerado.
ATO IX
[No palco, Perséfone e Hades estão diante um do outro, em
um ambiente sombrio.]

Perséfone:

Meu marido, eu sei que te devo respeito, mas me pergunto,


por que você não veio me conhecer antes de me tomar como
sua esposa? Este mundo é bastante estranho para mim, sendo
eu a própria primavera, e ainda não vi nenhuma flor neste
lugar sombrio. Se me amavas, por que não me disse?

Hades:
Nunca vi alguém tão linda e encantadora como você, minha
esposa. Eu não sabia o que era o amor antes de te conhecer,
não sabia como expressar meus sentimentos. E se eu falasse,
será que seria suficiente? Eu seria suficiente para a própria
primavera? Será que iria me querer, não suportaria a dor da
rejeição.
Perséfone:

Mas, meu marido, como poderia conhecer alguém sem nunca


ter trocado uma palavra? O amor não se baseia apenas na
beleza exterior, mas na conexão entre as almas, na
compreensão mútua e no apoio. Você não tem o direito de me
raptar pelo fato de me achar bela¹ E só isso que sou para
você? Um rosto bonito?

Hades:

Me ofende por achar que só a amo por sua aparência, já vos


disse que es a mais bela entre as belas, sua presença ofusca a
própria Afrodite, que com inveja, mandou Eros atirar sobre o
meu peito sua flecha encantada, por isso não consegui me
segurar, tive que te ter para mim. Eu sei que o que eu fiz não
tem perdão, mas Perséfone, tudo que eu fiz foi pelo meu amor
por você, por todo o seu ser divino. Me desculpe, me perdoe.
Eu te amo.

Perséfone:

Vo-vo, você me ama?

Hades:

É verdade, minha querida. Talvez eu tenha sido egoísta em me


deixar levar apenas pela sua beleza. Mas agora que estamos
juntos, quero aprender a amá-la como merece, a conhecê-la
além da superfície. Eu a escolhi como minha esposa, e farei o
possível para tornar nosso casamento digno de sua grandeza.

[Perséfone olha para Hades.]

Perséfone:

Eu quero acreditar em suas palavras, Hades. Eu quero


encontrar felicidade neste mundo sombrio, mas ainda estou
aprendendo a me adaptar a essa nova realidade. Talvez, com o
tempo, possamos encontrar um equilíbrio entre a escuridão e a
luz.

Hades:

Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para tornar isso


possível, minha amada Perséfone. Com o tempo, espero que
possamos construir um amor verdadeiro.

ATO X

(No inferno, Perséfone, e Hermes que se aproxima dela


lentamente.)
Perséfone: (Melancólica.)
Aqui estou eu, rainha dos infernos. Hades é bom para mim, e
aos poucos vou conhecendo e gostando dele de verdade. Mas
não posso sentir-me verdadeiramente feliz, porque me recuso
a esquecer a minha vida passada. Como sinto falta de minha
mãe, como sinto falta das flores...
Hermes:
Sossega, Perséfone. Não sofras tanto. Não te disse outrora que
a esperança deve ser sempre a última a morrer?
Perséfone:
Ó irmão querido. Como é bom ver-te! Se estás aqui, tu que és
mensageiro de Zeus, é porque tens notícias para mim. Fala-me
primeiro de minha mãe. Viste-a?
Hermes:
Sim. Está feliz, porque Zeus reconsiderou e vai modificar a
sua sentença. Perante o alarme dos outros deuses, ele ordenou
que permanecesses apenas seis meses em cada ano no Hades.
Os outros passá-los-ás com tua mãe, à superfície.
Perséfone (Maravilhada):
Nem posso acreditar! Ainda poderá haver alguma luz de
felicidade para mim nesta vida? Não terei de permanecer para
todo o sempre encerrada no reino das sombras?
Hermes:
Apenas seis meses em que Deméter chorarás no mundo
superior. Lá será então Outono e Inverno. Nos outros seis
meses, haverá Verão e Primavera e a terra florescerá. Depois
regressarás para junto de teu marido. E assim por diante. Foi o
que Zeus determinou para aplacar a dureza no coração de tua
mãe.
Perséfone:
Ó Hermes, é mesmo verdade?...
Hermes:
É. Acredita em mim. Venho buscar-te. Anda. Sua mãe está
ansiosa por te ver. Hades ficará com saudades tuas, mas ele é
o senhor da tristeza. Já está habituado. Anda. Foi Zeus que
mandou que te levasse.
Perséfone:
Só um momento.
Perséfone:
Meu marido, vou com meu irmão ao mundo superior, por seis
meses, durante este tempo, peço-te que pense no que te disse,
se torne mais gentil e caloroso, para que quando eu voltar,
possamos aproveitar nossas núpcias.
Hades:
Sim querida, com minha palavra eu te prometo, serei mais
gentil com todos que aqui habitam, mas antes quero que veja
uma coisa.
(ele mostra um jarro com flores.)
Perséfone:
Que lindo meu marido, elas são simplesmente lindas.
Hades:
Eu plantei com a ajuda de Eros, ele trouxe sementes para
mim, foram plantadas por todo o palácio, elas irão florescer
durante todo o ano, sempre que eu as ver, lembrarei de ti, e
quando você estiver aqui, não sentirá tanta falta de casa.
Perséfone:
Obrigado, meu querido. (dá um beijo em Hades.) Eu te amo.
Hades:
Eu também te amo.
(Saindo com Hermes para o mundo superior, muito iluminado
em contraste com a luz difusa do submundo.)
(Música 6)
Perséfone:
Que o Sol seja bendito! Que a terra se cubra de muito verde,
com muitas cores e com muitos aromas!... Ó Natureza-Mãe,
alegra-te comigo e com a minha felicidade de me sentir viva
de novo! Eu sou Perséfone, e estou aqui, que em todos os anos
a Primavera, cubra o mundo com suas flores. Alegrai-vos
comigo, ó deuses do Olimpo!

ATO XI

(Música 7)

Musa Calíope:

Pobres donzelas, sempre vítimas da fecha de Eros, ah o amor,


que sentimento poderoso, capaz de mudar vidas, transformar
mundos e pessoas, as vezes no pior dos sentidos. Não
acreditam em mim? Porque não perguntam a sacerdotisa do
templo da deusa Atena...
(Entra medusa na forma humana, com um cesto de flores e
coloca aos pés de Atena, que fica paralisada todo o tempo).
Musa Calíope:
Houve um tempo em que os deuses eram reverenciados em
templos e adorados por todo o Mediterrâneo. Cada deus tinha
sua cidade-estado e seu templo, onde sacerdotisas dedicadas
cuidavam zelosamente dos rituais divinos. Entre elas,
nenhuma era tão devota e subserviente quanto Medusa.
(Medusa está de joelhos diante da estátua de Palas Atena,
com as mãos unidas em súplica.)
Medusa:
Senhora Palas Atena, deusa da sabedoria e da guerra justa, eu
me ajoelho diante de ti, humilde e submissa. Imploro a tua
bênção e orientação, pois estou perdida em meio às sombras
do meu próprio destino.
(Medusa levanta o olhar para a estátua, seus olhos cheios de
fervor e devoção.)
Medusa:
Guia-me, ó sábia Atena, e mostra-me o caminho da verdade e
da justiça. Permita-me servir-te com devoção e honra, e que
minha vida seja um reflexo da tua grandiosidade, e em troca
eu prometo, prometo ser sempre donzela, assim como a
senhora, nunca me entregar a homem nenhum.
Musa Calíope:
E Medusa cumpriu sua promessa, mesmo sendo a mulher mais
bela de Atenas, nunca se casou ou teve alguma relação com
homem ou mulher nenhuma, o que causava um caos pela
cidade, especialmente quando medusa jogava flores na porta
do templo de Atenas e suas lindas madeixas escapavam do
véu, mostrando sua beleza esplendorosa por inteiro, atraindo a
atenção especial de um deus que se escondia nas encostas do
oceano e observava atentamente a linda mortal.
Medusa:
Mais um dia cheio de oferendas, muito obrigada, minha
senhora, como já é noite, vou fechar o templo e amanhã
retorno para mais um dia, espero que um dia eu possa ser
agraciada pela sua presença física no templo, é todo que eu
desejo minha deusa, e todo que estimo.
(som de ondas e de mar revoltado.)

(Som mar)
Medusa:
Quem está aí? Pelo sagrado nome de Palas Atena eu ordeno
que apareça, venha para a luz se não tem medo da verdade.
Poseidon:
Eu vim interceder pelas suas orações minha querida...
Medusa: (segurando uma faca, mas com certo medo na fala)
Apareça se tiver coragem, vamos apareça, eu tenho a proteção
de minha deusa, não tenho medo de um homem covarde.
Poseidon:
Pobre criança, você não tem proteção de deusa nenhuma, mas
pode ter a minha, não sou um simples homem, eu escutei seu
chamado e vim, vim cuidar de você bela dama.
Medusa:
Saia daqui senhor, antes que eu chame os guardas...
Musa Calíope:
E quando Poseidon olhou bem para os olhos de Medusa, uma
fecha atingiu seu peito, mas não foi amor que ele sentiu, e sim
um desejo incontrolável, ela deveria ser sele, aquela mulher
que amava tanto sua inimiga tinha que ser dele.
Poseidon: (Avançando lentamente em direção a Medusa)
Medusa, meu doce, não precisa temer. Sou Poseidon, o senhor
dos mares, e venho não como um invasor, mas como alguém
que vê em você uma beleza única e uma alma pura.
(Medusa recua um pouco, segurando a faca com mais
firmeza, seus olhos fixos em Poseidon.)
Medusa:
Poseidon, senhor dos mares, não importa sua divindade, não
posso aceitar suas palavras. Sou devota a Atena, e minha
devoção e pureza são destinadas apenas a ela.
(Os sons do mar ficam mais intensos, ecoando pelo templo
enquanto Poseidon se aproxima, seu olhar fixo e
determinado.)
Poseidon:
Atena não é a única divindade neste mundo. Há espaço para
mais do que uma deusa em seu coração. Deixe-me mostrar-lhe
o poder do amor que transcende as fronteiras divinas.
(A cena se torna tensa e sombria, com Poseidon avançando
sobre Medusa, enquanto ela chora e tenta resistir,
implorando pela proteção de Atena.)
Poseidon: (Com uma expressão malévola)
Você não precisa temer, minha querida. Eu cuidarei de você
como nenhum outro pode.
(Medusa tenta se afastar, mas é agarrada com firmeza por
Poseidon, que a puxa para si.)
Medusa: (Chorando desesperadamente)
Por favor, não faça isso! Deixe-me em paz!
(A estátua de Atena permanece imóvel, observando a cena
com uma expressão inabalável.)

(Música 8)
Poseidon: (Com um riso cruel)
Sua deusa não virá em seu socorro, minha cara. Ela não é mais
do que uma pedra sem vida.
(Medusa soluça de angústia enquanto é forçada contra sua
vontade, sua voz se mistura com os sons das ondas do mar.)
Medusa: (Entre soluços)
Por favor, pare... Atena, me ajude!
Poseidon: (Rindo de maneira sinistra)
Não há ajuda para você aqui, minha querida. Você pertence a
mim agora.
Musa Calíope:
Os gritos da jovem se misturaram com o som da tempestade e
suas lagrimas com a água do oceano, ninguém veio ajudar a
jovem que ficou ali no altar do templo enxarcada de sangue
enquanto o Deus fugiu junto aos primeiros raios do dia. Tudo
que a sacerdotisa conseguia dizer era...
Medusa:
Me desculpe senhora Atena, me ajude...
Atena (com ódio):
Como você ousa me chamar após essa vergonha Medusa! O
que você fez?
Medusa: (Chorando e tremendo de medo)
Senhora Atena, eu... eu não pude evitar, ele... Poseidon veio
até mim e... ele...
Atena: (Com uma voz grave e acusatória)
Poseidon veio até você porque você permitiu! Por sua
vaidade, por sua fraqueza, você convidou a desgraça para
dentro deste templo sagrado!
(Medusa tenta se explicar, mas é interrompida por Atena, que
está cada vez mais furiosa.)
Atena:
Sua vaidade e sua fraqueza abriram a porta para a traição e o
desrespeito! Como sacerdotisa deste templo, você deveria ter
sido fiel à sua deusa e resistido a todas as tentações! Em vez
disso, você permitiu que um deus profanasse este santuário
com sua luxúria!
(Medusa se curva ainda mais diante de Atena, soluçando de
remorso.)
Medusa:
Perdoe-me, senhora Atena! Eu não queria... eu não sabia...
Atena: (Com um gesto de desdém)
Suas desculpas são vãs, Medusa. Sua traição não pode ser
ignorada. Por sua arrogância e sua falha em manter sua
promessa, você será punida.
(Medusa treme de medo, suas mãos agarradas ao altar
enquanto Atena levanta seu escudo reluzente.)
Atena:
Que esta maldição seja sua eterna lembrança de sua desonra e
sua queda do favor dos deuses!
(Medusa solta um grito de horror enquanto Atena ergue seu
escudo e as luzes se apagam.)
Atena:
Como castigo por sua traição, você será transformada em uma
criatura tão hedionda quanto o seu coração corrupto. Seu rosto
será coberto por uma maldição que fará qualquer um que
ousar olhar em seus olhos transformar-se em pedra, e seus
cabelos serão entrelaçados em serpentes para lembrá-la de sua
traição para sempre.
(som de gritos e de choro de medusa)
Atena: (Com uma voz fria e impiedosa)
Que sua maldição seja sua prisão, Medusa. Que todos que
ousarem olhar em seus olhos sejam lembrados de sua traição e
sua punição.

ATO XII
Musa Calíope:
Medusa fugiu para uma ilhota e se escondeu de todos, para
que ninguém a visse daquele jeito, todo o amor e admiração
que ela sentia pelos deuses viraram pedra junto com o seu
coração.
Medusa: (Medusa permanece de pé no centro do cenário
sombrio, sua figura envolta em sombras e sua expressão
contorcida pela dor e pela raiva.)
Olhem para mim! Vejam o que fui reduzida pelos caprichos
dos deuses! todo isso por conta dos deuses. Mesmo sendo
uma mulher dedicada à minha deusa, inocente em minha
devoção. Mas o que recebi em troca? Traição e desonra! Eu
era fiel, eu era pura, eu era devota! E o que os deuses fizeram
por mim? Eles me puniram! Eles me transformaram em um
monstro, uma aberração, uma criatura destinada à solidão e ao
horror!
(Ela se curva, as mãos trêmulas de raiva.)
Medusa:

Eu odeio os deuses! Eu os odeio por sua crueldade e sua


indiferença! Eu os odeio por me fazerem sofrer, por me
privarem da minha humanidade, por me condenarem à solidão
eterna! (Um grito de angústia escapa de seus lábios, seus
olhos queimando com fúria e desespero.)

Medusa:

Eu me vingarei! Transformarei todos aqueles que ousarem


cruzar meu caminho em pedra, assim como fui transformada
por eles! E nunca, nunca esquecerei o preço que paguei por
amar e confiar nos deuses!

ATO XIII
Musa Calíope:
E assim mais uma jovem era punida por uma fecha de Eros,
mais esse amor que o deus causava em deuses e humanos teve
seu fim quando ele mesmo se apaixonou, a última história
conta de como cupido se casou com uma princesa mortal.

(Música 9)

Musa Calíope:
Nossa história se inicia em uma festa entre os deuses, todos se
encontravam nesta data especial, até mesmo Hades e sua
esposa, Perséfone que saíram do submundo em honra ao deus
Dionisio, que dava uma das suas melhores festas.

Dionisio:

Sejam bem-vindos, nobres deuses e deusas, a esta magnífica


festa em honra a todos nós! Que alegria celebrarmos juntos
esta noite especial! As uvas estão doces, a ambrosia está com
um certo gosto de vinho, e as ninfas estão um pouco mais
animadas esta noite.

(As vozes dos deuses comemorando.)

(entram Atena e Apolo estão em um canto, conversando.)

Atena:

Esta festa é uma ótima oportunidade para nos reunirmos e


discutirmos assuntos importantes, como por exemplo a guerra
na Península.

Apolo:

(Sorrindo) Concordo, cara irmã. Mas vamos deixar as


preocupações de lado por hoje e aproveitar o momento. Você
se preocupa demasiadamente com guerras que não duram nem
dez anos.

(Artemis e Afrodite se aproximam.)

Artemis:

Salve, irmãos! Que momento mais agradável, com quase toda


a família reunida, realmente não é sempre que posso ver meu
irmão solar.

Afrodite:

(Elogiando) Realmente, esta festa está bastante agradável, mas


acho que falta algo.

Artemis:

Mas o que poderia estar faltando? Bebida e comida à vontade,


as musas estão tocando para nós, o ambiente está lindo, na
verdade acho que é uma das poucas festas no olimpo que
realmente não me deixam com vontade de dormir. Já sei,
Morfeu, o deus dos sonhos, acho que ele não veio.

Afrodite:

Não jovem caçadora, acho que o que falta aqui é uma cena de
amor, irei atras de meu filho...
Atena:

Ah não, sabes que essas cenas só trazem brigas ao nosso


mundo

Afrodite:

E o que é uma família sem brigas de amor?

(Afrodite saí)

(Ares e Hermes estão em outro canto, discutindo


acaloradamente.)

Ares: (Furioso)

Hermes, eu sei muito bem que sua lealdade é duvidosa. Eu vi


você conspirando com Hercules para matar o meu Javali, O
MEU JAVALI!

Hermes:

Ares, suas acusações são infundadas! Eu apenas tento manter


a paz entre todos nós. A culpa não é minha se o SEU javali
estava matando todos na Trácia.

(Hefesto se junta à conversa, tentando acalmar os ânimos.)

Hefesto: (Pacificamente)
Por favor, irmãos, não vamos estragar esta noite com brigas.
Todos nós precisamos nos unir como uma família divina.
Ares, sabe que Hermes ajuda a todos os heróis, e se sente tanta
falta assim do seu javali, eu construo um de bronze para você,
um que ninguém possa matar.

Ares:

Agradeço irmão, mas se esse aí continuar se metendo em


assunto que não são do porte dele, vai acabar se
transformando em um deus menor.

(eles saem da luz)

(Poseidon, Hades e Perséfone estão em um canto mais


sombrio, conversando em voz baixa.)

Poseidon: (baixinho)

Hades, meu irmão, eu sei que você está descontente com as


festividades, mas por favor, tente aproveitar a noite, sua
esposa está deslumbrante ao seu lado, olhe quanto ouro.

Hades: (Amargurado)
Como posso aproveitar uma festa quando meu reino está
sendo negligenciado? As fúrias maltratam demais as almas,
não acho correto.

Perséfone: (Suavemente)

Querido, talvez seja hora de deixar suas preocupações de lado


e se juntar a nós. O Olimpo precisa de sua presença. Olhe ali,
é mamãe, vou falar com ela.

(Hades suspira profundamente, cedendo à pressão.)

Hades: (Resignado)

Muito bem, Perséfone. Vamos tentar aproveitar esta noite. Vá


falar com sua mãe.

(Perséfone corre e dá um abraço em Demeter.)

Perséfone:

Mamãe, como senti a sua falta nesses dias

Demeter:

Oh minha querida, está tão magrinha, esse homem não te dá


comida naquele lugar? Pelo menos cresce alguma fruta?

Perséfone:
Romã, agora estou plantando umas macieiras e pitangueiras,
mas o gosto não é o mesmo dos da senhora.

Demeter:

E essa roupa minha filha? Lá não tem pano também?

Perséfone:

Eu que escolhi, a cor combina com meus olhos.

Demeter: (Colocando um véu sobre a filha.)

Que bobagem, vamos, vamos pegar um vestido dos seus


antigos. Você vai pegar um resfriado.

(As duas saem de cena.)

Hades:

Nunca tinha reparado o quanto nossa irmã é mandona até ela


se tornar minha sogra.

Poseidon:

Imagine quando ela se tornar avó.

(os dois saem de cena.)

(Som do trovão.)
Hera: (Furiosa)

Mais uma vez, Zeus? Mais uma traição flagrante! Você não
consegue manter sua promessa de fidelidade nem por uma
noite de festa?

Zeus: (Tentando se explicar)

Hera, por favor, entenda. Sou um homem, e os homens têm


necessidades.

Hera: (Indignada)

Necessidades? Você chama isso de necessidades? Enquanto


eu tento manter nossa família divina unida, você vai por aí,
flertando com cada rabo de saia que vê pela frente! Se é
humilhante eu ser corneada por uma deusa, imagine por uma
mortal miserável.

Zeus: (Aproximando-se, tentando acalmar Hera)

Querida, você sabe que a nossa conexão é mais profunda do


que qualquer coisa que eu possa ter com outras deusas. Você é
minha esposa, minha rainha.

Hera: (Afastando-se, os olhos faiscando de raiva)


Não me venha com suas desculpas vazias, Zeus. Se você não
pode ser fiel, pelo menos tenha a decência de não trazer sua
infidelidade para o Olimpo!

Artemis:

E o que aconteceu?

Zeus:

Necessidades minha filha.

Hera: (Gritando com intensidade)

Você ousa me falar de "necessidades", Zeus? Eu sou Hera, a


rainha dos deuses, a protetora do casamento e da família! Eu
mereço respeito, não traições!

(Deuses cochichando.)

Apolo:

E o que aconteceu mesmo?

Atena:

Acho que ele teve outro filho fora do casamento.

Dionisio:
Eles poderiam ter esperado até outro dia para fazer essa briga,
tipo todo santo dia, como já e habitual, mas na minha festa,
justo na minha festa.

Artemis:

Ora pare de reclamações, você faz festas toda semana.

Hera: (Erguendo-se com majestade)

Eu não sou apenas sua esposa, Zeus. Sou uma deusa poderosa
por direito próprio, e exijo ser tratada como tal! Se você não
pode respeitar nosso casamento, então não espere que eu o
trate como meu rei!

Afrodite:

Ora mulher diga logo o que aconteceu.

Hera:

Ao que parecem temos outra filha bastarda de meu marido por


aí, e adivinhem, é uma princesa, o senhor dos deuses se deitou
junto a rainha de Mileto, e ela deu à luz a jovem tem sangue
real e divino. E quase tão bela quando você.

Afrodite:
Que exagero, ela pode ser bonitinha, mas se comparar a mim é
demais.

Hera:

Não acredita Afrodite? Veja com seus próprios olhos, IRÍS,


VENHA CÁ.

(íris vai para a frente.)

Iris:

Diga senhora do olimpo, o que deseja saber?

Hera:

Iris, minha querida amiga e mensageira dos deuses, preciso


que divulgue uma mensagem para todos os presentes aqui
reunidos. Fale sobre a filha de meu marido, a mestiça que em
breve ascenderá ao trono mortal, aquela que os homens de
Mileto aclamam como a mais bela entre as belas.

Iris:

Psique é a filha mais jovem da rainha de Mileto, quando a


jovem nasceu, trouxe uma paz inexplicável para o reino, todos
os homens e mulheres da corte amaram a menina assim que
ela começou a falar, foi agraciada com uma linda voz, uma
bondade imensa e uma beleza que os homens alegam ser
maior doque a de Afro...

(Iris é interrompida por Afrodite.)

Afrodite:

Não termine essa frase. Ora mais, Psique! Apenas o nome dela
já me traz agonia! Como pode Hera, alguém ousar alegar que
sua filha é mais bela que eu, Afrodite, a própria deusa da
beleza? (Afrodite caminha em círculos, exalando frustração)

Zeus:

Afrodite, minha cara, não se deixe levar pelo ciúme. Psique é


uma mortal de rara beleza, é verdade, mas apenas a natureza
humana a enaltece.

(Hera ergue a mão, tentando acalmar Afrodite)

Hera:

Sim minha cara, temo em dizer que essa mortal tem uma
beleza muito mediana, em Mileto só podem precisar de
óculos. A desgraçada é filha bastarda de meu marido, mas não
tem culpa de ser bonita.

Afrodite: (com sarcasmo)


Oh, sim, claro, Hera. Você sempre tão compreensiva com suas
criaturas mortais. Mas eu não posso permitir que essa
insolência passe impune! Eu vou mostrar a Psique o
verdadeiro significado da beleza e do amor!

(Afrodite sai furiosa)

Hera: (com um olhar de preocupação)

Iris, cuide da jovem e observe Afrodite, não deixe o ciúme


obscurecer seu julgamento. Psique pode ser bela, mas isso não
ameaça sua própria beleza divina.

Iris: (com preocupação)

Senhora Hera, tenho a compreensão da sua mensagem. Farei


como me pediu.

(Hera assente, e Iris parte.)

ATO XIV

(Música 1)

Musa Calíope:
Enquanto isso, em Mileto, Psique estava em seu palácio,
lotado de pretendentes, mas a princesa não pensava em um
casamento, estava preocupada em zelar pelo seu reino, seu
nome ecoava pelos corredores dos palácios, despertando
suspiros e invejas por onde passava. Mas essa beleza causou
inveja a Afrodite, que pediu ao povo do reino, a jovem
princesa como oferenda.

ATO XV

Afrodite: (com raiva)

Eros, meu filho, chegou o momento de agir. A princesa Psique


desafiou minha beleza e agora deve pagar por isso. Ela deve
aprender que não se pode zombar da deusa do amor
impunemente.

Eros: (hesitante)

Desculpe por lhe responder minha amada mãe, mas a senhora


não acha que seria melhor resolver isso com compaixão e
perdão? A violência não é a resposta. Somos deuses do amor,
não acho que o amor aprova a punição violenta como resposta
a esse insulto.

Afrodite: (com desdém)

Tolice! Ela precisa ser punida. Quero que você use suas
flechas para fazê-la se apaixonar por um monstro repugnante.
Só assim aprenderá sua lição.
Eros: (hesitante)

Mas mamãe, ela é apenas uma semideusa mortal, como


poderia viver ao lado de um monstro?

Afrodite: (com desdém)

Ai já é com ela, acho que terá que aprender, ou morrer


tentando. Agora vá, só descansarei quando vir a filha de Zeus
morta.

Eros: (com relutância)

Como desejar, mãe.

(Afrodite sai e deixa Eros sozinho, enquanto psique entra e


ele só vê as costas da princesa, que está com um tecido em
seus olhos.)

Eros: (com desdém)

Aqui estou eu, o arqueiro do amor, destinado a espalhar


paixão e desejo onde quer que minhas flechas alcancem. Mas
que tipo de amor é esse que inflige dor e sofrimento aos
inocentes? Recuso-me a ser um mero peão nos caprichos
mesquinhos dos deuses. Recuso-me a atirar minhas flechas
indiscriminadamente, sem consideração pelo bem-estar
daqueles que são afetados por elas. Mas não posso
desobedecer a minha mãe, ela mataria a mim, e o que seria do
mundo sem Eros? terei que encantar a pobre donzela.

Psiquê: (com voz firme)

Aqui estou eu, diante do altar de Afrodite, vendada e


resignada ao meu destino. Eu me dou de bom grado como
sacrifício, não por medo da morte, mas para poupar meu
amado povo da ira da deusa do amor.

Eros: (com relutância)

Quanta coragem para moça tão jovem...

Musa Calíope:
Eros prepara sua flecha, mirando na direção de Psique. No
entanto, quando ele afasta o cabelo da jovem, e olhando para
seu rosto, algo muda em sua expressão. Ele hesita por um
momento, então, acidentalmente, dispara a flecha em seu
próprio peito. Ele se agarra à flecha, surpreso e atordoado.

Eros: (com espanto) (dá um frito de dor.)

O que... o que acabei de fazer?


(Psique tira a faixa dos olhos corre para ajudar Eros,
preocupada com ele.)

Psique: (com ternura)

Pobre querubim, o que aconteceu? Você está bem?

Musa Calíope:
Eros olha nos olhos de Psique, e uma sensação calorosa e
reconfortante se espalha por seu peito. Ele percebe, então, se
descobre, enfim profundamente apaixonado por ela.

Eros: (com admiração)

Desculpe senhorita, eu acho que escorreguei em minha


própria flecha, sou apenas um anjo encarregado de cuidar do
templo, desculpe por fazer a moça ficar com medo, sou tão
desastrado.

Psique: (com ternura)

Calma, calma, não precisa pedir desculpas, agora não se


mecha enquanto tiro essa flecha.

Eros: (com admiração)

A senhoria sabe cuidar de ferimentos?


Psique:

Claro que sim, venha, se deite em meu colo. Posso te contar


uma coisa? Também vivia me machucando quando criança!

Eros:

Sério?

Psique:

Sim, quando a gente é criança, as brincadeiras não têm


limites, nem mesmo no palácio.

Eros:

Já se machucou com flechas?

Psique:

Não, não. Só arranhões e pequenos cortes. Nunca fui atingida


por uma flecha. Olhe aqui, já tirei.

(Mostra a flecha.)

(Eros fica de olhos fixos em Psique.)

Eros:
Já conseguiu retirar? Como a senhorita tem mãos delicadas.
Muitíssimo obrigado.

Psique:

É um prazer, Eros. Agora, você só precisa cuidar desse


ferimento. Se precisar de mais alguma coisa, estarei aqui para
ajudar.

Eros:

A senhorita vai para casa agora?

Psique: (um pouco triste.)

Não, não, vou esperar até sua senhora vir me buscar.

Eros:

Minha senhora?

Psique:

Sim, a senhora deste templo. Afrodite, agora ela também é a


minha senhora, sou uma oferenda a ela.

Eros:

E como você está se sentindo sobre isso, já vi outras v=jovens


sendo oferendas, e todas choravam muito.
Psique:

Estou um pouco triste, não nego, mas pelo menos sei que meu
lar está seguro, que minha família e meu povo estarão bem,
então estou satisfeita pela minha escolha.

Eros:

Nunca vi nenhuma mortal tão forte quanto você.

(um certo silencio constrangedor.)

Psique:

E outra coisa me alegra, sei que não vou estar tão sozinha,
conheço alguém aqui dentro.

Eros:

Conhece? quem

Psique: (rindo)

Você bobo, com você para cuidar de Afrodite também, sei que
não serei a única desastrada por aqui. Mas meu amigo, me
diga, como o chamam?

Eros:

Como me chamam?
Psique:

Sim, sei que não tem muitos anjos pela Grécia, mais acho que
você tem um nome. Meu nome e Psique.

Eros:

Me chamam de... Cupido. É. Me chamam de cupido, minha


família toda chama.

Psique:

É um prazer te conhecer cupido, seremos ótimos amigos.

ATO XVI

Musa Calíope:

Mas Eros não queria apenas a amizade da jovem princesa.


Quando a noite finalmente envolveu o mundo em seu manto
escuro, e Psique mergulhou em um sono profundo, Eros, com
ternura e cuidado, a levantou dos aposentos do templo e a
transportou para seu palácio nas nuvens, um lugar de
esplendor celestial, onde as estrelas cintilavam e pretendia
fazer de Psique sua rainha.
Psique: (olhando em volta, perplexa)

Onde estou? O que aconteceu?

Nebulosa: (gentilmente)

Calma, querida Psique. Você está no palácio nas nuvens, o lar


de Eros, o deus do amor.

(Psique franze a testa, ainda confusa.)

Psique: (com hesitação)

Eros... o deus do amor? O que estou fazendo aqui?

Nebulosa: (explicando)

Você foi trazida aqui como noiva de Eros, como presente de


Afrodite. Durante o dia, viverá neste palácio, sendo cuidada
por nós, as ninfas. À noite, encontrará seu noivo, mas... (ela
hesita) ...nunca poderá ver o rosto dele.

(Psique parece surpresa com a revelação.)

Psique: (com perplexidade)

Como posso noivar de um homem que não conheço? Nunca


ver o rosto do meu noivo? Por quê?
Nebulosa: (com suavidade)

É um acordo feito com Afrodite, nossa senhora. Ela deseja


que seu amigo seja mantido em segredo, protegido da visão
mortal. Em troca, você terá uma vida de rainha aqui nos céus,
cercada por amor e beleza.

(Psique pondera sobre as palavras da ninfa, ainda confusa e


incerta.)

Psique: (com resignação)

Entendo..., mas é uma condição estranha. Como posso me


casar com alguém cujo rosto nunca vi?

Nebulosa:

O amor verdadeiro transcende a aparência, Psique. Confie em


seu coração e nas promessas do amor. E lembre-se, você não
estará sozinha. As ninfas estarão sempre aqui para cuidar de
você.

Musa Calíope:

E quando a escuridão caía sobre o reino dos céus, Eros se


aproximava dela, temeroso de que Psique pudesse rejeitá-lo.
Assim, nas noites silenciosas, eles se encontravam no escuro,
seus corações batendo em uníssono, enquanto se beijavam e se
entregavam ao calor do amor mútuo.

Psique:

Meu marido, como ansiava por este momento. Cada batida do


meu coração clama por você.

Eros:

Psique, minha doce princesa, sua presença ilumina os céus e


enche minha alma de êxtase. Cada instante longe de você é
uma eternidade de dor.

Psique: (com urgência)

Eros, por favor, permita-me ver o rosto daquele que enche


meu coração de amor e meu ser de desejo.

Eros: (com ternura, mas firmeza)

Meu amor, a beleza que você procura vai muito além da


aparência física. É a beleza de nossa conexão, a intensidade de
nosso amor que transcende qualquer forma terrena.

Psique: (com fervor)


Eu confio em você, Eros. Meu amor por você é eterno,
inabalável. Mesmo que seus traços permaneçam ocultos, meu
amor por você nunca acabará. Eu te amo, amo a cada pulsar
de meu peito, amo a cada respiração a cada minuto do dia e da
noite.

Musa Calíope:

A cada encontro, eles se conheciam mais profundamente, se


apaixonando cada vez mais. Até que chegou o dia em que
Afrodite descobriu tudo que acontecia pelo seu espelho de
cristal, se sentindo traída, ela resolveu se vingar do filho e sua
nora.

ATO XVII

(Música 8)

Afrodite:

Eros, como você pôde desafiar minha vontade e manchar o


nome da nossa família com esse relacionamento insolente?

Eros: (com firmeza)

Mãe, nosso amor é puro e verdadeiro. Não é justo que o julgue


como uma traição.
Afrodite: (com desdém)

Amor? Você acha que sabe o que é o amor, filho? O amor é


mais do que meros sentimentos passageiros. É um
compromisso sagrado, uma aliança que não deve ser
quebrada.

Eros: (com paixão)

Eu entendo o que é o amor, mãe. E Psique despertou isso em


mim. Não posso negar o que sinto por ela.

Afrodite: (com amargura)

Psique... Ela não é nada além de uma mortal tola.

Eros: (com tristeza)

Mãe, não foi minha intenção magoá-la. Meu coração foi


levado por Psique, e não consigo mais negar isso.

Afrodite: (com raiva)

Você desonrou nossa família, Eros. Desonrou a mim. E agora,


terá que enfrentar as consequências de suas ações.

Musa Calíope:
E assim, Afrodite decidiu confrontar Psique, e assim
envenenando a relação de seu filho. A deusa então chegou ao
palácio do filho e adentrou os aposentos de Psique

Psique:

Oh, grande Afrodite, o que a traz até aqui?

Afrodite:

Psique, chegou a hora de você saber a verdade sobre seu


marido. Eros não é o que parece. Ele não é um deus como
você pensa, mas sim um monstro terrível e grotesco.

Psique:

Um monstro? Não pode ser...

Afrodite:

É a verdade, jovem princesa. Ele teme que, ao vê-lo, você


descubra a horrível verdade sobre sua verdadeira forma.

Psique:

Mas o que devo fazer, Afrodite? Como posso viver com um


monstro?

Afrodite:
Você não pode, querida. Você deve fugir deste palácio o mais
rápido possível, antes que seja tarde demais

Psique:

Farei como ordena, grande Afrodite.

(Música 11)

Musa Calíope:

Mas Psique não fugiu imediatamente. Ela esperou até


anoitecer, reunindo coragem para enfrentar seu destino
incerto. E assim que seu marido, Eros, chegou ao quarto do
casal, e finalmente adormeceu, Psique, com mãos trêmulas,
pegou uma das velas do quarto e se aproximou do rosto do
jovem.

Psique: (sussurrando para si mesma, com o coração


apertado de angústia)

Será verdade o que Afrodite disse? Será que meu amado


esposo esconde uma terrível verdade por trás do disfarce da
noite?
(Ela hesita por um momento, mas com um tremor nas mãos,
ela ergue a vela, seu feixe de luz revelando os traços do
homem que ela ama.)

Psique: (com os olhos cheios de lágrimas, ao ver a face de


Eros)

Eros... Meu amado Eros, Cupido... Como pude duvidar de


você?

(Psique deixa a vela caiu sobre o marido que acorda com um


susto.)

Psique: (com a voz trêmula de remorso)

Perdoe-me, meu querido. Minha mente foi tomada pelo medo


e pela incerteza.

(Eros com seus olhos brilhando com raiva e desapontamento


ao perceber o que aconteceu.)

Eros: (com voz carregada de indignação)

Psique, como você pôde duvidar do meu amor e desobedecer


à única coisa que lhe pedi? Irei embora.

(Psique se encolhe diante da ira de Eros.)


Psique: (com lágrimas nos olhos, em um tom de súplica)

Por favor, Eros, não vá. Eu sei que errei, mas meu amor por
você é verdadeiro. Eu daria qualquer coisa para remediar meu
erro e provar minha devoção a você.

(Eros olha para Psique.)

Eros: (com tristeza)

Você quebrou minha confiança, Psique. Eu não posso mais


ficar aqui. Vou embora e nunca mais nós veremos. Que a dor
desta separação seja a punição para o seu erro. Só voltarei se
um dia for corajosa demais para me buscar no inferno.

(Eros desaparece diante dos olhos de Psique, deixando-a


sozinha, chorando no chão.)

ATO XVIII

Musa Calíope:

Eros, o destemido, fugiu para as sombras do mundo inferior,


onde encontrou refúgio junto ao seu tio-avô Hades. Enquanto
isso, na superfície da terra, o calor do verão dava lugar ao frio
do outono, anunciando a chegada de uma estação sombria.
Mas o que Eros não previa era o ato corajoso de Psique, que
decidiu desafiar os próprios limites da mortalidade para
encontrar o seu amado. Descendo às profundezas do Tártaro,
ela se deparou com as almas de todas as mulheres que já
tinham sido feridas pela flecha de Eros, suas essências
atormentadas pelo amor que as consumiu e destruiu.

(Música 12)

Perséfone:

Nós, as almas aflitas, clamamos do abismo do Tártaro, onde


nossos destinos foram selados pelo toque das flechas de Eros.

Medusa:

Oh, Psique, ouça nossas vozes unidas em um coro de


lamentos, pois compartilhamos o fardo de um amor que nos
arruinou.

Daphne:

No silêncio das florestas, encontrei a paz que o amor terreno


jamais me proporcionaria. Que tua jornada, Psique, seja
marcada pela aceitação do que és e do que estás destinada a
ser.

Medusa:
No reflexo de minhas próprias lágrimas, encontrei força. Que
tua jornada, Psique, seja guiada pela coragem de encarar teus
demônios, mesmo que eles estejam refletidos nos olhos
daqueles que te rodeiam.

Perséfone:

Que tua jornada, Psique, seja marcada pela compreensão de


que somos feitos tanto de luz quanto de escuridão, e que é
preciso abraçar ambas para encontrar a verdadeira plenitude.

(Música Psique)

Eros:

Psique...

(Psique se vira e vê Eros atras dela)

Psique:

Eros... Eu achei você!

Eros:

Vim pedir perdão, Psique. Perdão por minha arrogância, por


minha falta de confiança em você. Eu... eu prometo ser um
marido melhor, um companheiro mais compreensivo. Eu te
amo, Psique, mais do que qualquer coisa neste mundo.

(Psique olha nos olhos de Eros e suspira profundamente.)

Psique:

Eros, eu... eu também te amo. Apesar de tudo o que


aconteceu, meu amor por você nunca acabou. Eu prometo te
amar, não importa o que o destino nos reserve.

(Os dois se aproximam um do outro, e com um gesto suave,


Eros estende a mão para Psique, que a agarra com
confiança.)

Musa Calíope:

Juntos, o casal criou um tipo de amor, nunca visto antes no


mundo, o amor recíproco, Psique ensinou ao deus do amor, o
que era o verdadeiro amor, e os dois vivem felizes para
sempre no seu palácio nas nuvens.

ÚLTIMO ATO

(Música 10)

Medusa:
Nós clamamos por justiça, por redenção, por uma libertação
do poder opressor que os homens exercem sobre nós. Pois o
amor não é aprisionar, o amor não dói, o que Poseidon me deu
foi uma armadilha que os homens fazem, que nos aprisiona e
nos consome, deixando-nos vazias e desoladas.

Dafne:

Que estas lamentações sirvam como um alerta para todas as


mulheres que permanecem em relacionamentos que as deixem
cinza, sem alegria, fujam, para que não se tornem vítimas do
mesmo destino cruel que nós enfrentamos. Eu não pedi para
ser abusada, minha roupa não é um convite, não é não.

Perséfone:

Agressão não é amor, ser tocada sem permissão e crime. Que


as flechas de Eros não tenham mais poder sobre nós, que
possamos encontrar força em nossa própria existência e
reivindicar nosso lugar no mundo, livre das amarras dos
homens.

Medusa:

Abuso é crime! Não se cale, não se intimide. Você não está


sozinha. Ligue 180!
(Música FINAL)

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