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INSTITUTO JUNGUIANO DA BAHIA - ESCOLA BAHIANA DE MEDICINA

Curso de Especialização em Arteterapia Junguiana


Disciplina: Expressões Artísticas –Teatro Terapêutico
Profª.: Maria Schüller

A Origem do Teatro

A história do Teatro é tão antiga como a do homem.

Desde a pré-história, as pinturas rupestres dão conta de representações das caças aos
bizontes, como garantia para o sucesso da empreitada.

Os historiadores das manifestações dramáticas ocidentais tomam como ponto de


partida para a representação teatral o Teatro Grego, V a VI Séculos a.C., nas
manifestações ao deus Dioniso.

As representações dionisíacas

Dioniso era a divindade da vegetação, da


fertilidade e do vinho, da alegria, do êxtase e
das metamorfoses; o deus dos excessos, da
embriaguez, da orgia, das emoções
descontroladas, da transgressão e dos mistérios
ocultos.

As representações dionisíacas tinham caráter orgiástico, apesar da celebração ser


religiosa e ritualista.

Durante as celebrações em honra ao deus, que duravam seis dias, em meio a


procissões, jovens, fantasiados de animais, batiam de porta em porta pedindo prendas
e brincando com os habitantes da cidade; dançarinos, cantores e mascarados, seminus
e embriagados, conduziam o emblema fálico, símbolo da fecundidade e dos prazeres
sexuais, entoando o ditirambo.

Ditirambo – Canto lírico, alegre, entusiasta, e exuberante. Tinha uma parte narrativa,
recitada pelo corifeu (cantor principal) e outra parte coral, executada por “personagens”
vestidos de faunos e sátiros (meio bode/meio homem), tocando flautas, liras e
tambores.

O ditirambo, inicialmente improvisado, perdeu a espontaneidade quando passou a ser


cantado sobre um texto em verso, escrito por poetas. Os rituais dionisíacos foram se
modificando; um grupo destacou-se da parte profana dando origem às tragédias,
enquanto outro grupo, fiel aos festejos a Dioniso, engendrou a comédia.

Dioniso tornou-se, assim, o deus do teatro.

As Tragédias

As tragédias seguem a linha apolínea, isto é, retratam a justiça, equilíbrio, respeito à


ordem e ao dever, e mesmo que o herói trágico cometa uma falha (transgressão à
ordem), ela precisa ser reconhecida e reparada.

Apolo - filho de Zeus, fazia os homens conscientes de


seus pecados e era o agente de sua purificação,
identificado com o sol e a luz da verdade; símbolo da
inspiração profética e artística; temido pelos outros
deuses, somente seu pai e sua mãe podiam contê-lo.
Era o deus da morte súbita, das pragas e doenças,
mas também da cura e da proteção contra as forças
malignas; era o deus da Beleza, da Perfeição, da
Harmonia, do Equilíbrio, da Razão e da ordem social.

Para os autores clássicos, a tragédia era o mais nobre dos gêneros literários.

Era a imitação de uma ação completa, com princípio, meio e fim e não a imitação dos
caracteres humanos. Embora não imitasse o caráter, as ações justas, íntegras e
equilibradas o revelavam. O herói trágico estava acima dos homens comuns, era quase
um deus. Por não ser um deus, comete uma “falha trágica” (transgressão à ordem).

A “falha trágica” precisa ser reconhecida e reparada pelo herói. Ele teve seu destino
traçado e seu sofrimento é irrefutável.

Édipo, por exemplo, nasce com o destino de matar o pai, Laio, e se casar com a mãe,
Jocasta. Embora ambos os erros, graves, não tivessem sido conscientes, o herói, ao
tomar conhecimento, precisava repará-los em respeito à ordem e à sua integridade.

Édipo é um dos exemplos da mitologia grega que serviram de base para o teatro
moderno.

O objetivo da tragédia era promover a catarse, para que provocasse a compaixão ou o


terror ao herói.
Os principais autores de tragédias

Atribui-se a Tespis as primeiras configurações do teatro ao colocar o ator num espaço


cênico fora do coro, não falando para o coro, mas retratando as atribulações de seu
próprio herói.

Ésquilo, considerado o fundador do gênero, teria colocado o segundo ator,


possibilitando o diálogo e a interação de personagens.

Sófocles inseriu o terceiro ator e a cenografia. Entre suas peças estão a trilogia:
"Édipo Rei", "Édipo em Colona" e "Antígona".

Eurípides, considerado o mais trágico, escreveu o maior número de peças, tendo


chegado a nós 18 delas.

Representação das tragédias

As representações das tragédias ocorriam durante as Grandes Dionísias, festival em


honra de Dióniso. Nesse festival, os tragediógrafos concorriam a um prêmio, com três
tragédias, julgadas pelos nobres, que contavam a história de deuses e heróis, os quais
enfrentavam com dignidade suas transgressões e as reparavam imputando, às vezes,
a si mesmos o castigo (reparação).

As peças eram apresentadas em grandes teatros ao ar livre; os atores, sobre imensos


coturnos, usavam personas (máscaras), dialogando com o coro.

Os principais elementos da tragédia

 Peripécia - mudança de estado no sentido contrário, geralmente da fortuna para


o infortúnio;
 Reconhecimento - passar da ignorância ao conhecimento. O mais belo
reconhecimento é o que sobrevém no decurso da peripécia, como acontece no
Édipo.
 Acontecimento patético (catástrofe) - morte, dor aguda, sofrimento, ferimentos
decorrentes da falha.
 Nó – parte da tragédia que vai do início até o ponto em que se dá a peripécia;
 Desenlace – parte que vai da mudança até o final da peça.

A comédia antiga

A comédia era considerada um gênero literário menor, porque imitava os maus


costumes humanos (as sombras). Falava de homens comuns, de suas taras ou do
ridículo (deficiências físicas); fazia alusões jocosas aos mortos, satirizava
personalidades vivas e até mesmo os deuses.

Nos festivais, as comédias eram julgadas pelas pessoas comuns e representadas


depois das tragédias. Aristófanes (447 a.C. a 385 a.C.) foi o maior autor da comédia
antiga.

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