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Objetivos (sumários):
1. A etimologia dos termos ‘tragédia’ e ‘comédia’ e o sentido destes vocábulos na
atualidade.
2. O teatro grego da Antiguidade: a associação entre tragédia, comédia e culto
dionisíaco; o papel do teatro na Atenas do século V a.C.; principais tragediógrafos
gregos; aspetos da evolução da tragédia, com particular destaque para o confronto
entre a produção dramática dos três grandes poetas trágicos da época clássica
(Ésquilo, Sófocles, Eurípides); principais cultores da comédia grega (cf. Aristófanes,
Menandro) e diferentes fases da mesma (cf. Comédia Antiga, Comédia de Transição,
Comédia Nova).
3. estrutura formal da tragédia. Principais temas abordados pela produção trágica e pela
produção cómica da Grécia antiga. A construção dos espetáculos dramáticos durante
os festivais dionisíacos.
2.1. Ésquilo
A mais antiga tragédia conservada é de Ésquilo, “Os Persas”, sobre a história
contemporânea, a coragem dos Helenos e a moleza Persa;
o Aqui, o inimigo aparece dignificado;
o Kommos: lamentação em comum do coro e da cena;
A sua tragédia mais rica de problemas é “Prometeu Agrilhoado” (a qual faltam
também muitos dados que permitam estuda-la);
o Drama de ação episódica, de tensão entre dois polos opostos: O protagonista
Prometeu (o saber sem poder) e Zeus (o poder sem o saber).
o Prometeu é castigado pela sua filantropia, o que lhe valeu ser visto como
símbolo da humanidade, cultura, liberdade, rebelião, sonho, etc. que, durante
várias gerações, inspirou vários poetas;
Sequencia da trilogia de ofensa-castigo-reconciliação é comum;
Em 485 a.c. o primeiro prémio das Grandes Dionísias é da última tetralogia de Ésquilo,
a Oresteia.
o É aqui introduzida uma nova forma de solucionar certos problemas (da
narrativa) das Tragédias: Ésquilo criou uma nova ordem social, o Tribunal do
Aréopago (Tribunal dos deuses) e, por isso, doravante os casos desta natureza
serão decididos não pelo interessado, mas por este tribunal – Isto dá a
entender um certo progresso do direito, pois a vingança de sangue é
substituída por um processo jurídico regular;
o Aqui, o hino a Zeus toca um dos pontos vitais do pensamento que enforma
toda a tragédia: Aprende-se sofrendo;
o Esta patente que, quando um deus deseja destruir uma família, cria uma falta
(erro, pecado…) no Homem, que depois desencadeará uma serie de castigos
fatais (comum em várias Tragédias);
o Opõem-se, aqui, 2 formas de pensar:
A tradicional, de que o excesso de ventura atrai a desgraça;
A refletida, pessoal do autor, de que esta desgraça é castigo da
impiedade (insolência do homem que quer superar os deuses).
o A grande lição é de que o caminho para a paz deve alcançar-se pela persuasão,
e não pela força, opondo-se a civilização barbárie.
2.2. Sófocles
Ao contrário de Ésquilo (foco em situações trágicas), Sófocles foca-se em carateres,
com figuras nitidamente delineadas;
Certas passagens parecem censurar a educação sofistica, quando ela atua sobre o
pensamento político;
“Rei Édipo” é a mais bem construída e das poucas que aplica escrupulosamente a
suposta lei das 3 unidades (da “Poética” de Aristóteles);
o É de notar a interpretação que o próprio autor deu a esta obra: Édipo não era
culpado, os deuses é que estavam irados com a sua raça;
2.3. Eurípedes
Uma das mais antigas peças de Eurípedes é a “Medeia”, estreada em 431 a.c. o ano de
início da Guerra de Peloponeso;
o Medeia é uma princesa bárbara e feiticeira, embora a parte da magia ocupe
uma parte muito mínima, e a bárbara tenha repercussões dramáticas
importantes (sobre habitar na Grécia mas não discutir pela razão, mas antes
pelos factos e/ou usar as leis e a justiça em vez da força).
o Esta tragédia é um conflito legal;
Teatro de feição predominantemente psicológica;
Em “Hipólito”, mais do que em qualquer outra Tragédia, a divindade é retratada como
cega, inamovível e inflexível;
o Análise psicológica refinada;
o Perfeita ordenação dos episódios;
o É, talvez, o primeiro grande drama sobre o amor trágico/infeliz (que, muito
mais tarde, vem a ser bastante frutuoso, na época moderna);
Gosto pelo romanesco, peripécia e inesperado;
“Orestes” é dos mais difíceis de interpretar, principalmente a parte final;
o O êxodo é constituído por uma série de movimentados atos de violência;
o Para o leitor moderno este fim parece demasiado convencional;
o Muitas passagens da lucidez á loucura nem sempre são claras;
o O movimento da peça é imprevisível e frenético;
o O inesperado aparece intercalado com o quase burlesco e/ou horrível;
o Aparecem novos movimentos do coro;
o Uma partitura musical também cheia de novidades.
3. A Comédia
Comédia Antiga
Demorou muito mais tempo a começar a ser representada nos festivais dionisíacos e
menos tempo a deixar de ser;
Primeiro concurso de poetas trágicos: 534 a.c., enquanto o equivalente cómico foi só
em 486 a.c.;
Como na tragédia, tem um prólogo, párodo, episódios, odes corais e êxodo, porem,
difere pela presença de mais uma parte: a parábese, no centro da peça, e que derruba,
temporariamente, a ilusão dramática – o coro tira as máscaras e vem á frente, dirigir-
se ao auditório;
As formas métricas e o tema são bem definidos;
Critica a atualidade política;
Frequentes alusões a factos e figuras de relevo;
As únicas comédias que nos chegaram completas são as de Aristófanes;
o “As Rãs” ganhou o primeiro prémio nas Leneias de 405 (Poesia sobre
discussão entre Ésquilo e Eurípedes, sobre qual deles é melhor), em que
Aristófanes expressa o seu descontentamento com os poetas da atualidade;
o Outras comédias do mesmo autor representam muitas vezes esforços para
impor um ideal de paz.
Assim, a crescente debilidade económica de Atenas foi uma das razões que fez este
género evoluir bastante e rapidamente, nesta época (porque havia mais motivos para
criticar a atualidade política).
Comédia de Transição
Já quase sem coros nem parábases.
Comédia Nova
O grande autor deste período é Menandro, que se interessou especialmente pelo
desenho de carateres e problemas éticos;
Comédia nova sobre temáticas relacionadas com os duros destinos dos homens,
loucura e equilíbrio mental, diversidade de carateres, modo de guiar e/ou transviar
as almas…;
Noçao de “carater” como mais importante que “acçao”, sendo que a última é uma
consequência da primeira;
Limitaram-se, portanto, a um ciclo temático mais estreito, mais dentro da esfera
familiar;
É a arte que reflete uma nova sociedade, mais limitada, fina, burguesa, inteligente…;
Passamos da comédia política para a comédia de costumes e psicológica, esta última
vai ser imitada pelos latinos e tornar-se arquétipo da comédia europeia;