TEATRO
BREVE HISTÓRIA DO TEATRO
Origem
Não é possível estabelecer uma origem para o
teatro, tendo em vista que foi uma manifestação
artística que se desenvolveu espontaneamente na
cultura de muitos povos, ainda que na maioria dos
casos como um gesto de imitação (mimese), como no
caso das celebrações de sociedades primitivas, nas
quais se dançava imitando elementos da natureza em
busca de certos poderes e efeitos sobrenaturais.
Cena de dançarinas e musicistas na tumba de Rekhemire.
Assim como como os povos primitivos, no
Egito também surgiu com características de rituais.
destinadas a exaltar as principais divindades da sua
mitologia, principalmente Isis e Osíris.
Grécia
Os primeiros teatros da Grécia antiga, no
século IV a.C., apresentavam o formato de uma arena
dedicada as festividades à Dionísio. Essas festas
duravam dias seguidos e apresentavam diversas
manifestações religiosas e artísticas, entre elas,
cantos, danças, sacrifícios, rituais sagrados, procissões
e recitais.
Teatro Epidauro. Fonte www.flickr.com
Os cortejos, chamados comos, que faziam
parte dessas celebrações dionisíacas, espalhavam
alegria por onde passavam. Seus membros,
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2º Ano
denominados coro, recitavam, dançavam e cantavam,
interagindo de forma engraçada com a multidão.
O coro era composto por cerca de 50 homens,
chamados coreutas, que representavam histórias
relacionadas a Dionísio. Para isso, vestiam-se de
sátiro, figura mitológica da natureza, com o corpo
metade homem e metade bode.
Com o decorrer do tempo, o público passou a
responder verbalmente aos gracejos do coro, e
acredita-se que foi com esse desafio verbal que surgiu
a comédia e, posteriormente, a tragédia.
O florescimento do teatro grego tomou
impulso quando Thespis começou a percorrer as
cidades com um carro que fazia as vezes de um palco
ao redor do qual os espectadores se reuniam. Em uma
destas celebrações, o mesmo resolveu usar uma
máscara humana enfeitada com cachos de uva e
passou a afirmar que era o próprio deus Dionísio. Era
clara a intenção de Thespis em apenas representar o
deus, e não em se passar por ele, o que não faria
nenhum sentido.
Com isso Thespis rompeu com a tradição das
declarações em coro apresentando-se em papéis
destacados, como protagonista torna-se o primeiro
ator fora do coro em cena. Téspis é considerado o
primeiro ator da história do teatro ocidental.
Com o passar do tempo, as celebrações ao
deus Dionísio ficaram cada vez mais elaboradas. Desta
forma, nestes rituais, os gregos começaram a
representar cenas da vida do próprio deus. Nesta
época, todos os papéis eram interpretados por
homens, já que não era permitida a participação de
mulheres nas representações. Até então, todas as
encenações ocorriam em grandes círculos.
Com o amadurecimento do teatro na Grécia,
foram construídos enormes prédios teatrais, com uma
boa infraestrutura para o desenvolvimento da arte.
Aos poucos, o teatro foi se consolidando, até se
transformar em um dos aspectos mais importantes da
cultura grega.
Em 534 a.C. é instituído o teatro, na Grécia,
pelo tirano Pisístrato, que cria concursos trágicos em
Atenas. Três autores de tragédias ganham
importância. Ésquilo, considerado o verdadeiro criador
da tragédia, das quais a primeira de que se tem notícia
é Os Persas. Sófocles, autor de Édipo Rei, e Eurípedes,
de As Troianas. Na comédia destaca-se Aristófanes,
que escreve Lisístrata.
Roma
Em Roma o teatro era uma espécie de ritual
de celebração onde havia jogos, encenações e danças.
A primeiras peças teatrais romanas era do gênero
satírico, (semelhante a comédia grega) peças curtas e
engraçadas com o objetivo de fazer uma crítica
político-social.
Coliseu. Exemplo da estrutura do teatro romano.
Os romanos criaram a pantomima: por meio
de mímica, um ator mascarado representava todos os
papéis e a tragicomédia. Porém por questões culturais
o teatro em Roma não foi valorizado como na Grécia e
dividia espaço com os espetáculos sanguinolentos.
Medieval
Basicamente o teatro medieval passa por dois
momentos. O primeiro deles é de intensa perseguição
por parte da igreja, podemos chamar essa fase de
teatro profano.
Os espetáculos desses momentos trabalhavam
temas associados a “deuses do passado” –
confrontando diretamente a igreja daquele momento;
ou temas cotidianos expondo a corrupção da igreja.
Com o decorrer do tempo a perseguição ao teatro
profanos reduziu sua atividade em boa parte da
Europa e os espetáculos foram reduzidos a simples
proezas de malabaristas, cantores ambulantes e
palhaçadas em feira de circo.
O segundo momento do teatro pode se
caracterizar pela participação da igreja no meio teatral
o que desemboca na denominação conhecida como
teatro litúrgico.
A reação começou a se processar, aos poucos,
e a própria Igreja Católica, pondo de parte seus
preconceitos, acabaria por utilizar teatro como meio de
se comunicar com o povo (catequisar). Cenas bíblicas,
transformadas em pequenas peças teatrais, chamadas
mistérios, passaram a ser representadas em arenas,
depois que o interior da igreja ficou pequeno para o
número cada vez maior de espectador. Os atores eram
recrutados entre padres, monges e irmão leigos.
Algumas modalidades teatrais são observadas
nesse momento: Os milagres – mostrava a vida de
santidades; situações de intervenção milagrosas.
Normalmente encenadas nas igrejas.
Os mistérios: Foi a mais forte manifestação do
teatro religioso medieval; os temas abordavam, a
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paixão de cristo. As apresentações ocorriam nas
praças.
Autos: Foi a evolução dos milagres e dos
mistérios; contavam histórias de santos nos conflitos
humanos; alegoria dos vícios humanos interpretados
na figura de pessoas.
Moralidades: peças curtas com a presença
das alegorias; conflito entre o bem e o mal; transmitia
lições de moralidade cristã.
Transição entre a idade média e o
renascimento.
Em Portugal destaca-se Gil Vicente com a
obra o “Auto da Barca do inferno” – contava histórias
dos destinos das personas no pós-morte.
Renascentista
Na passagem da idade média para o
Renascimento, as peças eram criadas principalmente
para datas festivas. Com o fortalecimento da realeza,
os atores buscaram um meio de sobrevivência,
fundando as primeiras companhias não amadores. Na
Itália surgem as primeiras experiências teatrais em
língua nacional.
A maioria dessas companhias adotou o ideal
humanista, representando o ser humano e a razão. As
primeiras comédias de Ariosto, La Cassaria e I
Suppositi, marcam o nascimento do teatro erudito.
Maquiavel, com A Mandrágora; Aretino, com A
Cortesã; e Ruzzante, com La Moscheta, são ácidos
comentaristas de seu tempo. Entretanto alguns
autores resistentes a essa temática escreveram
dramas religiosos.
Por volta de 1540 começam a ser construídos,
na Itália, os primeiros teatros, com a divisão palco-
plateia como a conhecemos hoje, que utiliza a noção
de perspectiva nos cenários. Na mesma época ocorre a
profissionalização do teatro na Itália.
Paralelamente às companhias teatrais
profissionais surge no mesmo período a commedia
dell’arte. Esse género cômico do teatro, exerceu
fascínio por quase toda a Europa e influencia até os
dias atuais o trabalho de atores, diretores e
dramaturgos.
Uma cena da Commedia dell’Arte com Arlequim e Punchinello – Pintura
de Nicolas Lancret (1690-1743)
A commedia dell’arte valorizou atores e atrizes,
que passaram se especializar, por meio de rigorosos
treinamentos técnicos de mímica, acrobacia e voz, e a
desenvolver os atributos necessários para o
aprimoramento de suas improvisações. Esse teatro era
popular e familiar, pois, normalmente, a companhia de
atores era composta por integrantes de uma mesma
família que, juntos, viajavam pelo país para se
apresentarem em praças públicas. Às vezes, essas
apresentações erem feitas em suas próprias carroças,
improvisando um palco sobre esse transporte - o que
se caracteriza por ser uma das primeiras criações de
espetáculo de teatro improvisado diante do público.
Na commedia dell’arte, os atores eram os
próprios dramaturgos de suas cenas, pois não havia
um texto literário ou teatral previamente preparada e
decorado pera ser apresentado ao público: o texto era
criado pelos próprios atores no momento da
apresentação.
O máximo que esses “atores-autores” tinham
preestabelecido era o canovaccio, esboço criado
coletivamente da seguinte forma: escolhia-se um
tema para a criação de um roteiro, fazia-se um esboço
de história cômica que seria encenada e escreviam-se
as principais situações, que organizavam uma possível
sequência de acontecimentos da história. Assim, essas
pequenas orientações ajudavam os atores na
encenação improvisada e coletiva de cada cena da
história, já na presença do público.
Entretanto, essas histórias improvisadas já
possuíam personagens fixos para cada um dos atores.
Na tradição da comédia, um ator passaria a vida
inteira interpretando o mesmo tipo de personagem,
especializando-se nele e adaptando-o a cada história
esboçada e cena improvisada.
Esses personagens eram divididos em três
categorias: os enamorados (os casais apaixonados), os
servos (criados) e os velhos (pais, médicos, etc.)
Observe os personagens desta página. Os
personagens mais populares foram Arlequim (cômico,
trapaceiro e fanfarrão) e Pierrô (ingénuo e sensível),
que disputam o amor de Colombina (inteligente,
atraente e inconstante).
Teatro Elisabetano
Enquanto A commedia dell’arte se
desenvolviam na Itália, na Inglaterra governada pela
rainha Elizabeth (1558-1603). Surgem novas formas
dramatúrgicas e cênicas. As primeiras salas de
espetáculo são construídas e consolida-se o teatro
profissional. Os autores mais notáveis são Christopher
Marlowe, Ben Jonson e William Shakespeare,
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considerado o maior poeta dramático de todos os
tempos.
Nos seus enredos, muitas vezes, a temática
classicista da mitologia grega misturava-se ao
imaginário medieval de santos, fadas, duendes e
criaturas excepcionais. Explorou elementos trágicos e
cómicos, em uma estrutura de tempo e espaço
flexíveis para seus heróis.
A obra de Shakespeare sobreviveu ao teatro
elisabetano e deixou para a humanidade produções
como Hamlet, Otelo, A megera domada, entre outras.
Embora o número exato seja desconhecido, atribuem-
se a ele geralmente 38 peças, que revelam alguns
momentos distintos em sua estética.
A fase inicial de sua carreira é marcada por
comédias e abordagens históricas, sendo
representativas desse período peças como: A megera
domada (1590-1594), Henrique VI (1590-1591),
Ricardo III (1592), A comédia dos erros (1594), Sonho
de uma noite de verão (1595), O mercador de Veneza
(1596) e Romeu e Julieta (1595) – possivelmente as
personagens de Romeu e Julieta foram inspiradas em
‘os enamorados’ da commedia dell’arte.
Outro momento de sua jornada artística
ocorreu entre o fim do século XVI e,
aproximadamente, o ano de 1608, quando passou a se
dedicar às tragédias, entre as quais estão diversas
obras-primas, como Hamlet (1599-1601), Rei Lear
(1605-1606) e Macbeth (1606).
Na última fase da sua vida, dedicou-se à
escrita de peças classificadas por alguns estudiosos
como tragicomédias, obras que misturam elementos
trágicos com aspectos cômicos, ou romances, segundo
outros autores, estabelecendo, nessa época,
colaborações com outros dramaturgos. São desse
período A tempestade (1610-1611) e Conto de inverno
(1609-1610).
Fonte da imagem: www.unicamp.br/unicamp
TEATROS ELISABETANOS – São construídos
de madeira, com formato circular ou poligonal e sem
teto. O palco pode ter até três níveis para que várias
cenas sejam representadas simultaneamente. Ele
avança até o meio do edifício, de modo que o público
o cerque por três lados e tenha boa visibilidade. Ao
fundo, uma cortina modifica o ambiente. Aos
espectadores mais abastados e aos representantes da
nobreza são destinadas as galerias.
Na cena espanhola barroca do chamado
Século de Ouro (séc. XVII), destaca-se a dramaturgia
de Pedro Calderón de La Barca, particularmente a obra
" A Vida É Sonho", é tomada como exemplaridade para
a percepção de conflitos e paradoxos a respeito do
dimensionamento do Real em uma época decisiva para
construção da ideia de "indivíduo" no Ocidente e a
paralela formação do Estado Moderno absolutista na
Europa católica, que vivenciou mais de perto as
consequências estéticas da Contra-Reforma.
La vida es sueño. Relevo em bronze, detalhe do
monumento a Calderón de Madrid (J. Figueras, 1878)
Durante o século XVII Sob proteção oficial,
desenvolve-se na França intensa atividade teatral. A
dramaturgia é baseada na verossimilhança e escrita
em versos de métrica rigorosa e de acordo com o
gosto da classe alta. Essas exigências cabem à
tragédia; para a comédia elas são mais flexíveis. O
teatro de Pierre Corneille, Jean Racine e Molière
destaca-se por sua beleza literária e pelo alcance de
sua temática. As comédias de Molière, além de fazer
crítica feroz à burguesia ascendente, retratam com
extrema perspicácia as características humanas.
Durante o século XVIII, o padrão de
criação dramatúrgica seguiu a tradição dos textos
gregos e romanos da Antiguidade clássica,
privilegiando uma abordagem racional. O sentimento
religioso era forte, e as atitudes humanas eram
julgadas de acordo com a moral da época.
No teatro neoclássico, a racionalidade predomina,
revalorizam-se o texto e a linguagem poética.
Na França a tragédia não se renovou: as peças
de Voltaire eram solenes e inanimadas, a comédia se
revitalizou com Pierre Marivaux, com a peça “O jogo
do amor e do acaso”, cujo tema central era o
comportamento amoroso; Augustin Caron de
Beaumarchais fez o retrato da decadência do Antigo
Regime com as peças “O barbeiro de Sevilha” e “As
bodas de Fígaro”. A tragédia mantém o padrão solene
da Antiguidade
Na Itália as obras mais originais foram as
comédias: “O amor de três laranjas” - Carlo Gozzi; “A
viúva astuciosa e Arlequim servidor de dois amos” -
Carlo Goldoni.
Porém, ainda no século XVIII, percebe-se o
declínio da tragédia clássica, nasce o drama burguês,
que se volta para o realismo e apela ao patético. Seus
temas, contemporâneos, oscilam entre o social e o
familiar. No gênero cômico cresce a "comédia
lacrimosa" nascida no século anterior (1696), com O
Último Estratagema do Amor, de Cibber. Na Alemanha
floresce, entre 1770 e 1784, o movimento estético e
literário denominado Sturm und Drang (Tempestade e
Ímpeto), cujas ideias definem o pré-romantismo,
defendendo um estilo livre e individualista, movido
pelo impulso irracionalista, em oposição às normas
clássicas. Os autores que se destacam nesse século
são Voltaire, Pierre Marivaux, Beaumarchais, Lessing,
Goethe, Schiller e Kleist.
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Século XIX – Alguns autores, com obras bem
particulares, já mostram características do teatro
moderno. Georg Büchner faz a articulação entre o
romantismo e o realismo social. É também
precursor do expressionismo. Ibsen funda o teatro
norueguês e é o autor mais representado do século
XIX e do início do XX. Seu teatro parte da observação
da sociedade e de seus problemas. Strindberg atinge o
ponto máximo de seu talento na peça “Senhorita
Júlia”.
No prefácio de seu drama histórico Cromwell,
Victor Hugo lança um manifesto pela liberdade do
teatro, contra a rigidez da forma clássica, a favor de
uma visão histórica e do emprego do grotesco como
categoria estética. Paradoxalmente, o romantismo
teatral, que se desenvolve na Alemanha em reação
ao teatro francês, firma-se por meio deste após a
encenação de Hernani, também de Victor Hugo. Com o
drama romântico, o enredo passa ao primeiro plano.
O verso não é mais obrigatório e o gênero se
caracteriza por situações, sentimentos, grandes feitos
romanescos, adultério e dilemas morais.
O Teatro do Oprimido, de acordo com o
próprio Boal, pretendeu tirar o espectador de uma
atitude passiva frente ao teatro (e à vida),
transformando o em um sujeito atuante,
transformador da ação que lhe é apresentada em
cena. Para isso, parte-se do princípio de que o próprio
ato de transformar é transformador, portanto, quando
alguém transforma e modifica as relações sociais e
humanas apresentadas em uma cena teatral, esse
alguém se transforma em um cidadão pois torna-se
capaz de fazê-lo fora do contexto cénico também. O
método (também chamado de poética) busca, por
meio de suas várias vertentes, como Teatro Fórum,
Teatro Jornal, Teatro Invisível, Teatro Legislativo, dar
novamente aos oprimidos o seu direito à palavra e o
seu direito de ser, por meio do diálogo e da ação.
Atividade.
A dramaturgia teatral da Renascença tem
como um dos seus maiores expoentes o inglês William
Shakespeare. Na perspectiva e no conteúdo geral da
obra desse dramaturgo, encontra-se a súmula de uma
grande época, remetendo a uma universalidade.
Fonte do texto https://educacao.uol.com.br
Nesse sentido, é correto dizer que a obra de
Shakespeare abrange, principalmente,
A) problemas existenciais populares da época da
Renascença, narrados em gênero de comédia.
B) costumes e hábitos corriqueiros da corte na
Renascença, expostos em tom jocoso.
C) temas pertinentes ao gênero humano como
tragédia e amor.
D) temas como amor e romance vividos na corte
renascentista.
E) questões eminentemente políticas e
econômicas.
Resp: C