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Introdução:
O artigo busca articular sobre os conflitos durante o Movimento Folclórico
Brasileiro, com foco nos intelectuais e tradicionalistas do Rio Grande do sul.
Resumo:
A autora inicia apontando que no final do século XIX até os anos seguintes à
Segunda Guerra, as elites do Rio Grande do Sul já estavam divididas entre o
regionalismo e um “universalismo iluminista”. Durante o processo de
redemocratização, onde novas fontes de saber estavam sendo colocadas como
válidas, também surgiu um novo mercado de produtos locais, colocando assim o Rio
Grande de Sul em foco nos estudos sobre cultura popular, dessa vez não apenas em
análises feitas sobre literatura regional, mas também no trabalho de campo.
A pesquisadora busca analisar o trabalho conjunto entre historiadores,
escritores, críticos literários e militantes do movimento tradicionalista para as
pesquisas sobre folclore. A Comissão Nacional de Folclore (CNFL) liderou em 1958 a
Campanha da Defesa do Folclore Brasileiro, tendo como objetivos organizar um
"inquérito do folclore brasileiro”, a preservação da memória regional e a inclusão de
datas comemorativas no calendário nacional. Entretanto, os pesquisadores
precisavam lidar com outros dois grupos com interesses semelhantes, a Comissão
Estadual de Folclore (CEF) e o grupo formado por jovens, o Movimento
Tradicionalista.
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O texto traz um breve resumo sobre a origem, do que ela reconhece, como a
vanguarda de um movimento de massas. João Paixão Cortes organizou um
“Departamento de Tradições Gaúchas" no Grêmio Estudantil do Colégio Julio de
Castilhos junto a outros oito alunos. O grupo ganhou reconhecimento ao organizar
cerimônias em homenagem à independência nacional e “Revolução Farroupilha”,
porém apenas a criação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas (o 35 CTG), em
Porto Alegre, é que marca o momento em que o “grande público” abraçou de vez a
ideia. O movimento se consolidou, além de com o apoio popular, com alianças à
classe política e eruditos locais, conquistando assim um espaço institucional e
ocupando a mídia tradicional, aparecendo em programas de rádios e possuindo
colunas próprias nos jornais mais importantes do estado.
O texto deixa claro sua posição perante o movimento, chamando de invenções
os “rituais de projeções folclóricas" que receberam o apoio do estado para
acontecerem em cerimônias oficiais.
Os escritores começaram a tentar expandir suas temáticas, adicionando a vida
doméstica, uma espécie de “História vista de baixo”, indo além de apenas histórias
militares. O presidente da CEF chegou a alertar sobre a glorificação da imagem do
Gaúcho rural, viril e militarista, que ele havia evoluído era necessário repaginar essa
figura, entretanto, a ideia do movimento tradicionalista era aflorar ainda mais isso
através de CTGs, rodeios, desfiles, entre outros festivais de celebração à “tradição”.
Como é percebido no texto, por volta do final dos anos 40, já havia se criado o
que seria “um gaúcho de verdade”, nesse momento não tendo relação exatamente
com o local em que a pessoa nasceu, mas as roupas e atividades que praticava, sendo
aconselhado buscar no 35’ esse homem. Essa estreia do gaúcho para o mundo
acontece justamente por meio de fotos para uma revista de Nova York.
Certo trecho chamou minha atenção e pretendo comentá-lo:
Considerações:
O artigo mostra de forma concisa o desenvolvimento do Movimento
Tradicionalista e seus impactos na identidade regional dos habitantes do Rio Grande
do Sul. Achei o texto um tanto áspero ou “ácido”, mas isso não é algo negativo, muito
pelo contrário, inclusive me diverti com algumas partes.
Me chamou atenção o trecho em que a autora comenta que os próprios
intelectuais da época tinham receio de questionar a legitimidade desse “folclore”
criado pelos tradicionalistas e podemos notar que até hoje certos setores da
sociedade ainda têm esse medo.
A forma como a pesquisadora apresenta o caso é um ótimo episódio para
entender sobre memória cultural, revisionismo, formação de identidade, tradições e
criação de cânones.
A abordagem da autora apenas confirmou algumas impressões que eu possuía
sobre o movimento, logo, considero um artigo bastante enriquecedor, que talvez
cause estranheza para quem não está familiarizado com o conceito do “mito do
gaúcho”, podendo ser como contar para uma criança que o Papai Noel não existe, por
isso ele é tão necessário.