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Autor da obra: Robert Louis Stevenson

Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde

A história é conhecida. Durante uma noite de sono, o escritor escocês


Robert Louis Stevenson ficou muito agitado. Ele se mexia na cama e
resmungava; obviamente, estava tendo um pesadelo. Preocupada com o
marido (que tinha uma saúde muito frágil), sua esposa, Fanny, decidiu
acordá-lo. Ao abrir os olhos, Stevenson lamentou; ele realmente estava
tendo um sonho ruim, mas as imagens que se formaram em seu cérebro
durante o sono tinham sido intrigantes. Inspirado por elas, Stevenson
escreveu uma das histórias mais influentes de todos os tempos: O estranho
caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, também conhecida como O médico e o
monstro.

O curto romance (ou novela) foi publicado em 1886 e se tornou um sucesso


instantâneo. O livro narra a investigação do advogado Mr. Utterson para
descobrir qual é a ligação entre o médico Henry Jekyll, que é seu cliente e
amigo, com um homem violento chamado Edward Hyde. Utterson tem
motivos para desconfiar que Jekyll está sendo chantageado por Hyde, e
teme que o amigo esteja correndo risco de vida.

À medida que a narrativa avança, Mr. Utterson e o leitor descobrem que o


laço que une Jekyll e Hyde é surpreendentemente estreito.

Uma história conhecida até por quem nunca a leu

A história criada por Robert Louis Stevenson já foi recontada inúmeras


vezes e, por isso, o segredo de Jekyll não é novidade para a maioria dos
leitores. Mas a forma como o autor constrói sua atmosfera de mistério
ainda é fascinante. Ao ler o texto nos dias atuais, é difícil não imaginar a
cara de surpresa de quem conheceu a história no final do século XIX,
especialmente com as cartas reveladoras que fecham a narrativa.

Mesmo os leitores mais jovens que nunca ouviram falar desse livro
clássico, com certeza já entraram em contato com a história, ainda que
indiretamente.

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A trama de O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde já foi
homenageada/satirizada em inúmeros filmes e desenhos, e seus
personagens já foram reaproveitados, por exemplo, na HQ A liga
extraordinária (que deu origem ao filme estrelado por Sean Connery) e na
série Once upon a time. Eles também serviram de inspiração para um dos
heróis mais populares da Marvel (se eu falar qual é, vou dar spoiler do
livro, mas não é difícil adivinhar de quem estou falando).

Dark Universe

E, falando em adaptações, Jekyll e Hyde serão fundamentais no projeto


cinematográfico Dark Universe. Pra quem não sabe, os estúdios Universal
vão lançar nos próximos anos uma série de filmes com personagens
clássicos do terror, como Drácula, Frankenstein e Lobisomen. Interpretado
por Russell Crowe, o Dr. Jekyll será uma das figuras responsáveis por
conectar todas essas produções. Ele já aparece no primeiro filme desse
projeto, A múmia, que foi lançado em junho.

No começo do século passado, os estúdios Universal produziram inúmeros


“filmes de monstros” e, desde aquela época, personagens de obras
diferentes como O homem invisível, O fantasma da ópera e O monstro da
lagoa negra foram colocados todos no mesmo balaio. Acredito que seja por
isso que O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde seja normalmente
relacionado a livros como Drácula e Frankenstein.

Porém, Mr. Hyde não é um monstro. Bom, ele mata velhos e pisa em
criancinhas… Então, corrigindo: ele não é um monstro sobrenatural. E a
história de Stevenson é muito mais uma narrativa de mistério do que de
terror.

Mais do que “apenas” assustar o leitor, o escritor escocês teve a intenção de


descrever como cada pessoa possui diferentes facetas dentro de si, e como
essas mesmas facetas precisam ser exibidas ou escondidas pra que
determinados propósitos possam ser alcançados.

Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde é uma novela gótica, com


elementos de ficção científica e terror, escrita pelo autor escocês Robert
Louis Stevenson e publicada originalmente em 1886. Na narrativa,
um advogado londrino chamado Gabriel John Utterson investiga estranhas
ocorrências entre seu velho amigo, Dr. Henry Jekyll, e o malvado Edward
Hyde.

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A obra é conhecida por sua representação vívida do fenômeno de múltiplas
personalidades, quando em uma mesma pessoa existem tanto uma
personalidade boa quanto má, ambas muito distintas uma da outra. O
impacto do romance foi tal que se tornou parte do jargão inglês, com a
expressão "Jekyll e Hyde" usada para indicar uma pessoa que age de forma
moralmente diferente dependendo da situação.[1]
Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde foi um sucesso imediato e uma das
obras mais vendidas de Stevenson. Adaptações teatrais começaram a ser
encenadas em Londres um ano após seu lançamento, e a partir de então o
livro inspirou a realização de diversos filmes e peças. O aclamado autor de
literatura de terror Stephen King considerou a obra como um dos três
grandes clássicos do gênero, sendo os outros dois Frankenstein e Drácula.
[2]
A obra está em domínio público e está disponível gratuitamente na
Internet em língua inglesa.[3][4]

Resumo da trama

Em Londres, durante um passeio, Richard Enfield narra a seu parente, o


advogado Gabriel John Utterson, um estranho encontro com uma figura
sinistra chamada Mr. Hyde. Utterson se preocupa, pois recentemente seu
cliente, o respeitável médico Dr. Henry Jekyll, tornou Hyde o beneficiário
de seu testamento. Alguns dias depois, o advogado consegue se encontrar
com Hyde e fica impressionado com sua feiura. Após um jantar em casa de
Jekyll, Utterson discute o assunto com o médico, mas este garante que está
tudo sob controle e não precisa se preocupar.

Um ano depois Hyde espanca um homem até a morte com uma bengala que
Utterson presenteara a Jekyll. Acontecimentos estranhos se sucedem,
culminando com a reclusão de Jekyll em seu laboratório. O mordomo pede
socorro a Utterson, e os dois arrombam a porta do laboratório. Lá
encontram o corpo de Hyde usando as roupas de Jekyll e uma carta deste
explicando todo o mistério.

Na carta, Jekyll explica que, na tentativa de separar seu lado bom dos
impulsos mais sombrios, descobriu uma poção que o transforma
periodicamente numa criatura sem quaisquer escrúpulos, Mr. Hyde. No
início, Jekyll se deleitava com a liberdade moral que tal ser possuía, mas,
com o tempo, ele perdeu o controle sobre as transformações. O estoque da
poção se esgotou, ele não estava conseguindo obter o ingrediente certo para
recriá-la, e o médico sabia que da próxima vez em que se transformasse no
monstro não haveria mais volta.

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Sinopse:

Nas sombrias ruas de Londres, um criminoso sem escrúpulos espreita.


Seu nome é sr. Hyde, e sua conexão íntima e injustificada com um
respeitável médico da vizinhança, o dr. Jekyll, é motivo de suspeita.

Publicado pela primeira vez em 1886, esta instigante novela é um clássico


do autor escocês Robert Louis Stevenson que inspirou desde Vladimir
Nabokov e Jorge Luis Borges até Stan Lee

A nova edição da Antofágica conta com 60 ilustrações de Adão


Iturrusgarai, que também escreve um texto ao final da obra. A
apresentação é do escritor best-seller Raphael Montes e posfácios de
Rodrigo Lacerda e Cláudia Fusco.

A história do médico que se transforma em um monstro horrendo através


de um líquido especial é um clássico que terminou por criar um tropo de
ficção. Inúmeros autores foram inspirados por esta história e já
reinventaram e ressignificaram a temática. Mas, o original continua a ser
extremamente inovador para o período e consegue até hoje sobreviver
mesmo passado mais de um século de idade. Stevenson nos traz um
monstro social capaz das maiores atrocidades e violências. A edição da
Antofágica traz ilustrações do artista Adão Iturrusgarai e textos de apoio ao
final que nos ajudarão a entender mais sobre quem foi Robert Louis
Stevenson e qual o seu legado para a literatura.

O advogado Utterson acaba se envolvendo em uma trama passada nas


enevoadas ruas de Londres e precisa entender o que aconteceu ao seu
amigo Henry Jekyll, que convalesce em uma cama enquanto um terrível
Hyde parece estar sugando sua fortuna e seus favores. Quem é Hyde e qual
o seu envolvimento com o pobre doutor? É então que uma jovem menina
acaba sendo pisoteada por Hyde, causando comoção na sociedade londrina.
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Utterson vai ficando cada vez mais intrigado sobre esta estranha figura e
tenta de toda a forma libertar o doutor Jekyll da presença deste temível
monstro. Mas, a verdade sobre Hyde pode ser mais sombria do que o
inteligente advogado imagina.

"Se sou o maior dos pecadores, também sou o maior dos sofredores."

Sem dúvida alguma estamos diante de um romance gótico com todas as


suas especificidades e dificuldades. A escrita de Stevenson é tortuosa, mas
graças a uma excelente tradução de Felipe Castilho e Eneias Tavares a
leitura fica bastante fluida. A narrativa é feita como se fosse um relato, em
que ora temos o advogado contando suas experiências com o que vinha
acontecendo na cidade, ora temos relatos de cartas e registros feitos por
outros personagens da trama. O Médico e o Monstro é uma novella, e
aliado às várias ilustrações tudo transcorre velozmente. A narrativa
consegue manter o suspense por quase toda a trama e o leitor fica preso
tentando entender o que está acontecendo. Mesmo que a gente conheça já a
identidade dos personagens, a forma como Stevenson nos entrega é
diferente do que a gente imagina. Eu mesmo me surpreendi bastante.

Para quem espera um mr. Hyde semelhante ao dos quadrinhos e de outras


adaptações vai ficar surpreso com o original. Porque ele é bem diferente.
Stevenson não criou um monstro aberração, mas um monstro social.
Alguém capaz de escandalizar uma sociedade repleta de códigos de ética
como a inglesa. Um monstro que reflete aquilo que existe de obscuro em
nossos corações. Não é um homem hiper musculoso como o Hyde da Liga
Extraordinária ou de suas várias adaptações. O Hyde de Stevenson é
deformado, magricela e baixinho, alguém que apenas reflete o mal em seu
olhar, que representa o lado obscuro do cientista que o criou. Seu pecado é
cometer atrocidades vis, como a agressão e o assassinato. Além disso,
Hyde possui uma inteligência perversa que ele emprega para poder
sobreviver àqueles que o veem como uma ameaça a ser eliminada. O
"monstro social" existe para destruir a ordem que impera na Londres
vitoriana.

O monstro nasce da vontade deturpada de Jekyll de separar o bem e o mal


que existe no ser humano. De extirpar de dentro do organismo tudo o que
leva o homem a cometer atos vis. Mas, o que o médico vai compreender
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tarde demais é o que o ser humano é formado intrinsecamente pelos dois
lados. Não há como separar um do outro. Além do que, na visão de
Stevenson, estamos em um eterno combate contra nossos instintos
malignos. É parte da teoria da salvação do protestantismo de matriz
calvinista. O homem está na Terra para realizar boas ações. Apenas a partir
delas é que ele será salvo e garantirá um lugar ao lado de Deus. No
calvinismo o homem já é considerado maligno porque ele é herdeiro do
pecado de Adão e Eva. Por essa razão somente a partir dessas boas ações é
que se atingirá a redenção. Stevenson era um protestante calvinista muito
devoto e isto está presente na narrativa: em como ele usa a teoria da
salvação e a da predestinação de forma bem sutil na forma como ele
concebe os personagens. Aquele que não realiza boas ações está
condenado, como vemos com Jekyll. Não há esperanças para ele porque ele
decidiu abraçar o outro lado. Ele perdeu a batalha.

"Ele me olhou quando entrei, soltou uma espécie de grito e disparou escada
acima para o gabinete. Só o vi por um minuto, meu senhor, mas meus
cabelos ficaram em pé como espinhos de ouriço."

Ciência usada para o mal também é um tema verificado aqui. O século XIX
foi o período de nascimento de várias das ciências que temos hoje. Ao
mesmo tempo é um momento em que a preocupação com a ética da
profissão começa a nascer. Stevenson já revelava esses questionamentos
aqui, algo que só vai se desenvolver melhor após a Segunda Guerra
Mundial. Aliás, devemos pensar que a obra do autor ficou relegada por
muito tempo ao obscurecimento tendo sido rechaçada até por ícones como
George Orwell. Jekyll não se importava com que meios ele iria usar para
obter seus objetivos. O fato de usar a si mesmo como cobaia também é uma
demonstração do quanto ele era inconsequente. Ao mesmo tempo
precisamos analisar a curiosidade do advogado Utterson que deixa a sua
vida pacata de lado para se envolver de cabeça no mistério que ronda
Jekyll. Ele não tinha nada a ganhar se envolvendo naquela situação toda.
Jekyll era apenas seu conhecido. Nada do que Hyde fazia o afetava
diretamente salvo pela menina que era ligada a um parente seu. Algo que
ele sequer levou em consideração ao abordar Jekyll.

Os textos extras da edição da Antofágica são bem legais. Na apresentação


temos um texto de Raphael Montes falando sobre o quanto O Médico e o
Monstro influenciou em sua escrita. Como um escritor de thriller e terror, a
narrativa do médico que se transforma em um monstro impactou na
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maneira como ele interpreta a psiquê humana. Ao final temos também um
texto da Cláudia Fusco falando sobre os temas inerentes à obra e partindo
de uma abordagem mais profunda do texto em si. Ela traz uma nova luz
sobre a dinâmica entre os dois. Temos também um texto do artista
convidado, Adão Iturrusgarai, sobre como foi o processo de criação das
ilustrações para o livro. Por último o pesquisador Rodrigo Lacerda faz
paralelos entre a biografia de Stevenson e a escrita do livro. Isso tudo
demonstra o quanto a história

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Email do autor:
richard.dury@gmail.com

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