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O médico e o monstro –The strange case of Dr.Jekill and Mr.

Hyde

Resumo por capítulos:


Capítulo 1-
A história começa em um domingo, com o advogado Mr. Utterson e seu amigo
Enfield caminhando pelas ruas de Londres. Enfield, em certo ponto da
caminhada, aponta para uma porta e pergunta se Utterson conhecia o local.
Utterson diz que não e Enfield conta que certa madrugada de inverno,
presenciou uma garotinha sendo pisoteada ali perto. Após agarrarem o
pisoteador, calmo e frio diante da multidão que se formou , e exigirem
reparação, ele entrou por aquela porta e voltou com moedas de ouro e um
cheque cuja conta pertencia a umcavalheiro de prestígio da cidade. Pensaram
que o cheque era falsificado, mas aguardaram o banco abrir e descobriram que
o cheque tinha fundos e o malfeitor podia ser libertado. O fato levou-os a pensar
que o cheque tivesse sido obtido por meio de chantagem. Utterson fica sabendo
que Hyde era o nome da pessoa que tinha a chave daquela porta e Enfield já
havia visto-o entrar outras vezes lá. Os dois selaram um pacto, de não falarem
mais sobre o assunto.
Há a descrição de Utterson .

Capítulo 2-
Naquela noite, Utterson, advogado, analisou o testamento do Dr. Henry Jekill,
manuscrito, que estava guardado em seu cofre. O testamento deixava claro que
Hyde era o beneficiário dos bens do médico cientista em caso de
desaparecimento ou ausência inexplicável. Pensando na história contada por
Enfield, fica preocupado e decide fazer uma visita ao ex-colega de escola e
grande amigo, Dr. Lanyon, para tentar entender por que Hyde está incluído no
testamento. Lanyon, afastado de Jekill há quase uma década, por achar que o
médico assumiu uma postura que não o agrada, não ajuda. Utterson vigia a
porta por alguns dias, encontra Hyde e conversam. Utterson como Enfield tem
sensação ruim e teme pela vida de Jekill. Utterson vai à casa de Jekill, o
mordomo Poole diz que Jekill não está, mas confirma para Uttersonm que o Sr.
Hide tem a chave da edícula dos fundos e que todos os criados são orientados a
obedecê-lo. Utterson sai convencido de que Jekill está sendo chantageado por
Hyde, talvez por coisas que tenha feito no passado. Utterson sai preocupado
com Jekill.

Capítulo 3-
Duas semanas depois, Jekill convida alguns amigos para jantar e entre eles,
Utterson, que é o último convidado a ir embora e aproveita para perguntar a
Jekill sobre o testamento e desaprovar os termos do documento, pois soube
algumas coisas sobre Hyde. Jekill fica pálido ao ouvir o nome de Hyde e diz que
sua relação com Hyde é estranha e dolorosa. Utterson insiste, e Jekill diz que
pode se livrar de Hyde quando quiser e Utterson não deve se preocupar mais.
Assegurou-se de que os termos do testamento serão respeitados e conclui
que apenas se faça a justiça, se for necessário .

Capítulo 4-
Quase um ano se passa, numa noite de outubro, há o assassinato de Sir
Danvers Carew , respeitado cavalheiro londrino, presenciado por uma
empregada que reconheceu o Mr. Hyde como o assassino. A empregada
desmaiou ao presenciar a agressão. No bolso da vítima, a polícia encontrou uma
carta endereçada ao advogado Utterson , que, chamado, identificou a vítima.
Utterson reconheceu uma bengala quebrada, que foi usada como a arma do
crime, pertencendo ao Dr. Jekill.
Utterson leva os policiais até à casa de Hyde e a revistam. Percebem que o
mesmo saiu às pressas e atrás de uma porta encontram a outra metade da
bengala usada no crime. O inspetor quis colocar cartazes de
“PROCURADO” pela cidade, com o rosto de Hyde estampado neles, mas
descobre ser impossível, pois Hyde nunca fora fotografado e as pessoas que o
viram são incapazes de descrevê-lo.

Capítulo 5-
Mr. Utterson( o advogado) é recebido por Poole (mordomo)na casa de Dr
Jekill e é levado ao laboratório, do lado de fora da casa e encontram Jekill
doente. Utterson quer saber se Jekill esconde Hyde e este garante que nunca
mais colocou ou colocará os olhos nele. Utterson continua preocupado com
os termos do testamento e o que podem representar para a segurança de de
Jekill. Utterson parte levando o bilhete que recebeu de Jekill, escrito
supostamente por Hyde, dizendo que não mais causará problemas ao doutor.
Ao chegar em casa, Utterson mostra o bilhete ao seu contador e especialista em
grafologia, Mr Guest.Este acha que o bilhete foi escrito de modo estranho. Nesse
momento, um empregado traz um convite de Jekill para Utterson.
Analisando e comparando ambas as caligrafias, Guest conclui q1ue são
similares, com pontos em comum, mas com inclinação oposta. Após ficar
sozinho, Utterson guarda o bilhete no cofre , certo de que seu amigo Jekill
forjou o bilhete para encobrir Edward Hyde.
Descrição da casa.

Capítulo 6-
Ninguém deu a Scotland Yard informações sobre o assassinato de Carew .Hyde
nunca mais foi visto. Jekill , saudável, voltou a receber os amigos. De uma hora
para outra, Poole impede Utterson de visitar Jekill. Utterson preocupado com a
saúde de Jekill , resolve visitar o Dr Lanyon, mas este está doente, em profundo
estado de terror e diz que nunca mais quer ouvir falar de Jekill e que o
considera morto.
Em casa, escreve uma carta a Jekill querendo saber o que houve entre os dois
ex colegas. No dia seguinte, a resposta de Jekill , em forma de carta enigmática,
vem afirmando que também não quer ver nunca mais Lanyon.
Lanyon morre três semanas depois e Utterson recebe uma carta com dois
envelopes, sendo instruído a abri-la após a morte ou desaparecimento de Henry
Jekill. Fiel ao pedido, coloca o envelope no cofre.A partir desse3 dia, tenta
reencontrar Jekill, mas o mordomo Poole não permite sua entrada à casa. Jekill
está vivendo sozinho em seu laboratório e não quer ver ninguém.

Capítulo 7-
É domingo e o advogado Mr. Utterson e seu amigo Enfield estão caminhando
pelas ruas de Londres. Eles passam novamente pela porta de Hyde(aquela que
haviam combinado de nunca mais falar) e voltam a falar sobre Hyde e a repulsa
que se sente ao olhar para ele. Ambos decidem virar a esquina e tentar
conversar com Jekill. O encontro dos três é bastante DRAMÁTICO: Jekill à
janela, doentio e desanimado, diz aos dois que sente que sua morte está
próxima e que será um grande alívio para ele mesmo. Recusa-se a caminhar
com os dois e diz aos dois que os convidaria a subir, se não fosse a
desorganização. Após dar um rápido sorrriso aos amigos, muda sua fisisonomia
e sua face torna-se aterrorizadora e desesperada, o que deixa os observadores
assustados. Jekill fecha a janela violentamente e os dois vão embora pálidos e
perturbados
Capítulo 9-
Segundo Lanyon escreve, Jekill mandou a ele uma carta pedindo-lhe o favor de
ir à sua casa , entrar no laboratório e pegar todo o conteúdo de uma determinada
gaveta. Depois Lanyon deveria levar tudo para a casa dele e entregar a uma
pessoa que iria buscar.
Contrariado,Lanyon fez o favor a Jekill. Um homem pequeno, deformado,
usando roupas que ficavam muito grandes para ele foi à casa de Lanyon buscar
o conteúdo da gaveta. Pegou o frasco e perguntou se Lanyon queria ver o que
iria acontecer. Amendrontado, mas curioso aceitou ver. Ao beber a poção, a
figura deformada deu um grito, contorceu-se e seu corpo como se derreteu,
Dndo lugar a figura esguia e alta que Lanyon reconheceu ser Henry Jekill.
Presenciar a transformação e ouvir os relatos de Jekill fizeram que Lanyon
ficasse totalmente descrente da medicina, da humanidade e de seus
conhecimentos científicos. A criatura que havia entrado em sua casa era Edward
Hide, o assassino de Sir Carew , e se transformara em Jekill.

Capítulo 10-
Em um relato em primeira pessoa, Jekill fala de sua infância, de como se tornou
um médico famoso, distinto e de suas primeiras experiências tentando estudar
a natureza dual do ser humano. Jekill afirma que estudou e refletiu muito, antes
de começar seus primeiros experimentos. Ele diz ter tomado a poção pela
primeira vez e ter experimentado a sensação de ser uma pessoa totalmente má.
Ele afirma que ao olhar-se no espelho, sua aparência física ficou mudada.
Ao voltar a ser Jekill, ele passa a sentir necessidade de tomar novamente a
poção, para viver a liberdade de ser outra pessoa, de estar no corpo de Hyde,
pois este era jovem e vigoroso. Jekill sentia que mesmo que Hyde fizesse coisas
erradas, ele estaria isento de culpa, já que eram pessoas diferentes.
Aos poucos, a transformação em Hyde passou a fugir do controle do médico e
Jekill começou a temer o contato com as pessoas e a possibilidade de feri-las
sem querer, caso se transformasse em Hyde subitamente. Jekill afirma que
tentou abandonar Hyde após descobrir que havia assassinado uma pessoa, mas
não conseguiu manter sua decisão. Hyde começou a lutar para assumir a vida
de Jekill. Certo dia, mesmo sem tomar a poção, transformou-se em Hyde e teve
de pedir ao amigo Lanyon para ir ao laboratório pegar o antídoto. Naquela noite,
Lanyon presenciou a transformação de Hyde em Jekill, e isso foi demais para o
amigo, que veio a falecer.
Jekill não era mais capaz de controlar Hyde, que assumia seu corpo quando bem
quisesse. Assim, Jekill planeja eliminar Hyde da maneira mais drástica possível:
suicídio.

Observações:

O médico e o monstro é narrado em 3ª pessoa ( observar os verbos em 3ª


pessoa).
O narrador é onisciente ( não participa da história narrada, expressa os
sentimentos da personagem sobe tudo o que se passa com a personagem, mas
não é um dos personagens da história.)
O narrador deixa explícito as características físicas e psicológicas da
personagem.
O narrador é direto, isto é, há marcas de reflexão com o leitor e é repetitivo
também (palavras)
O médico e o monstro, de Roberto Louis Stevenson
O Médico e o Monstro (título original em inglês: The Strange Case of Dr. Jekyll
and Mr. Hyde) é o nome de um livro de Robert Louis Stevenson publicado em
1886.

A obra foi, em seu tempo, considerado um excelente livro de horror e suspense,


que marcaria profundamente seus leitores, pois mantém uma atmosfera
assustadora durante todo o enredo, se tornando assim um clássico do mistério.

A história de Stevenson baseou-se na vida dupla de um habitante de Edimburgo,


na Escócia, chamado William Brodie: de dia ele era um respeitado marceneiro; à
noite, roubava as casas dos moradores da cidade.

A história se passa em Londres, no final do século XIX, centro urbano com


quatro milhões de habitantes. Devido ao grande contraste econômico entre os
industriais (cada vez mais ricos) e os miseráveis (cada vez com menos
oportunidades de emprego e vida digna), Londres passou a ser palco de
inúmeros crimes horríveis. Justamente por isso, em 1829, foi criada a Scotland
Yard, que se tornaria mais tarde reconhecida por sua eficiência em resolver
crimes e por tomar parte das inúmeras páginas das histórias policiais inglesas.

Foi esta a primeira obra a inserir a Scotland Yard no universo literário.

O médico e o monstro transmite o clima de insegurança e desconfiança que


havia na Inglaterra vitoriana, e que vemos nas cenas da cidade coberta de
bruma, uma evidência visual desse clima de suspeita. Talvez por isso, a história
de Stevenson tenha como eixo central, delineado já no início da narrativa, o
primeiro momento de desconfiança que o advogado Gabriel Utterson sente a
respeito do cliente Henry Jekyll, que deixara com ele um testamento dedicando
seus bens ao sr. Edward Hyde.

Escrita para o grande público, que já conhecia este autor através do folhetim A
Ilha do Tesouro, a novela, apesar da linguagem simples e de fácil entendimento,
tem uma forma que privilegia o suspense. Os capítulos e o enredo, com traços
de novela policial - um crime, um grande mistério e alguém tentando desvendá-
los - se encaixam perfeitamente, de modo que todos os elementos da narrativa
se esclarecem somente no desenlace da história.

A maestria na condução do enredo, através da forma, se evidencia na


combinação entre os capítulos em que há um narrador e os capítulos finais,
todos em primeira pessoa. Esses, um narrado pelo próprio Jekill, outro por seu
amigo Lanyon, trazem, cada um, parte do esclarecimento do mistério. Tal qual
um quebra-cabeça, os relatos completam-se. Além disso, permitem a Stevenson
narrar o drama de Jekill através de suas próprias palavras, completamente
afetadas pelo delírio, medo e angústia da situação-limite que vivia:

...dentro de meia hora, irei novamente e definitivamente incorporar aquela


odiosa personalidade, e antevejo com irei sentar tremendo e chorando em minha
cadeira, ou continuar, com o mais desgastado e apavorado êxtase auditivo, a
andar de cima para baixo neste quarto (meu último refúgio terreno) e atentar a
qualquer som de ameaça.
Stevenson, através do drama fantástico, retrata os valores da sociedade
vitoriana, tão peculiares que a palavra vitoriano tornou-se adjetivo em nossos
dias. A neblina londrina, presente nas descricões tal qual uma personagem,
encobria todos os tipos de crimes:

...o fog ainda sobrevoava lento, asfixiando a cidade, onde lampiões brilhavam
como gemas preciosas; e trespassando as camadas opressoras deste sufocante
nevoeiro, a procissão da vida urbana estendia-se (...)

Londres era a cidade de todos os vícios, do jogo à prostituição. Essa hipocrisia


é um dos temas principais do livro. O Dr. Jekill, ilustre médico, percebe-se
dividido entre duas personalidades, ambas, para ele, completamente
verdadeiras. Uma é a do emérito doutor, filantropo respeitado, exemplo de
conduta. A outra, reprimida durante toda a sua vida, é a do hedonista, que busca
o prazer carnal, que comete crueldades e vilanias, sem responsabilidades.
Busca, então, na ciência, maneira de resolver esse impasse. A poção que
permite a transmutação entre as personalidades é, ao mesmo tempo, amostra
das incríveis possibilidades abertas pela ciência em acelerada evolução e
exemplo da angústia de não saber até onde ela poderia ir, já que a invenção
subjuga o próprio cientista, que não pode mais controlá-la. Ainda que de forma
não premeditada, Stevenson transporta para a literatura o debate político e
social vigente (Karl Marx viveu em Londres de 1850 até sua morte, em 1883). Ao
mesmo tempo que traz o progresso e a riqueza, a ciência traz a pobreza e a
destruição, como se podia observar na própria Londres da época.

A invenção do Dr. Jekill explicita ainda um tema importante relacionado à moral


e à sociedade: o bem e o mal convivem dentro de cada ser humano. Mr. Hyde
não ganha vida pela ingestão da beberagem, e sim é libertado do interior de
Jekill, onde já vivia, embora reprimido.

Não é difícil encontrar evidências de uma tese sobre o consciente e o


subconsciente nas entrelinhas dessa obra de ficção do final do século XIX. Para
isso, basta ler o último capítulo do livro em que o médico, num momento de
lucidez, narra em uma carta todo seu trabalho e pesquisa dos últimos anos.

Resumo

Sr. Utterson, o advogado, Dr. Henry Jekyll, o médico, e Edward Hyde, sem
profissão definida, são as três pessoas envolvidas diretamente na trama
novelesca, no mistério da obra.

O que teria levado Dr. Jekyll, homem recatado, elegante, de finas maneiras, a
proteger, até depois de sua morte, Edward Hyde, um criminoso de feições
grosseiras e hábitos estranhos e assustadores?

O que acontecerá com Sr. Utterson, o advogado de Jekyll, ao receber das


próprias mãos do médico um testamento, nomeando Hyde como único
herdeiro? De onde teria surgido essa criatura, de passado desconhecido e de
presente comprometedor?

Se ele é aquele que se esconde, eu serei aquele que procura.

Segundo as teorias de Dr. Jekyll, o homem, na verdade, não é apenas um, mas
dois. Todo ser humano é dotado de duas naturezas completamente opostas
equilibradas de acordo com sua saúde mental. Uma é boa, aquela que traz
admiração das pessoas, compaixão dos mais velhos, elogios dos amigos e da
esposa ou namorada; outra é má, aquela que é violenta, agressiva, mal-educada,
feia e temida por todos. Quando bem distribuídas, com pequenas alternâncias
de estado, o homem pode ser considerado normal, mas há os casos em que uma
natureza se sobrepõe a outra, tentando se libertar. O problema torna-se grave
quando quem alcança a liberdade é o lado negativo, gerando as fatalidades que
estamos acostumados a presenciar nos noticiários.

Com base nessas idéias, o médico e cientista, Dr. Jekyll dedicou anos de estudo
em busca de uma fórmula que fosse capaz de trazer à tona a natureza má do ser
humano. Enfim, ele conseguiu.

O livro tem início com a presença de Sr. Utterson, o advogado de Dr. Jekyll,
caminhando pelas ruas silênciosas de Londres ao lado de seu parente, Sr.
Richard Enfield, a quem ele narra os estranhos acontecimentos envolvendo uma
porta e uma figura misteriosa. Ele diz que presenciou o momento em que um
homem de aparência detestável, que andava a passos largos, atropelou uma
criança que vinha em sentido contrário, deixando-a aos berros na calçada. Após
perseguido e trazido ao local do acidente, o monstruoso homem, que se
chamava Hyde, disse que estaria disposto a pagar pelos prejuízos causados à
família da menina. Não acreditando na afirmação daquele sujeito horrendo, Sr.
Utterson foi com ele até uma estranha porta e ficou estarrecido quando recebeu
um cheque com fundos. A narração termina com a promessa de Sr. Utterson em
realizar uma pesquisa sobre o Sr. Hyde a todo custo.

Para deixar o advogado ainda mais confuso a respeito do último acontecimento,


ele recebe uma notificação de Dr. Jekyll, um respeitado e admirado médico,
favorecendo em seu testamento, em caso de desaparecimento, ninguém menos
que Dr. Hyde. A partir desse ponto, o médico começa a se isolar em seu quarto,
deixando de lado todos os seus conhecidos, enquanto o advogado passa a
acreditar em seqüestro, chantagem e até mesmo assassinato envolvendo o
amigo. As piores hipóteses passam a adquirir sentido quando Sir Danvers
Carew, um velho rico e tranqüilo, é assassinado de forma brutal, sob os olhares
de uma criada do alto de uma janela. Após a descrição da moça, Dr. Hyde se
torna o maior suspeito do crime, passa a ser perseguido pela polícia local e
desaparece sem deixar vestígios, no mesmo instante em que Dr. Jekyll ressurge
na sociedade. A partir desse ponto, o leitor ainda irá encontrar muitas surpresas
até a revelação final, quando o espesso nevoeiro londrino irá se dissipar.

Numa linguagem bem acessível, O Médico e o Monstro inspirou diversos autores


na construção de suas obras, gerou alguns filmes, principalmente os que
envolvem dupla personalidade, e até um personagem dos quadrinhos. Robert
Louis Stevenson conduz essa trama como se fosse mais uma aventura gótica do
detetive Sherlock Holmes, de Conan Doyle, deixando pistas e intrigando ao
mesmo tempo em que suas descrições perturbam o leitor desacostumado com o
gênero. Dr. Hyde é apresentado como uma pessoa de aparência negativa e
curiosa, dando a impressão que se trata de uma criatura deformada, mesmo não
sendo. Sua baixa estatura, sua palidez mórbida, seu sorriso desagradável e voz
medonha, tudo se definia nas assustadoras palavras de Sr. Utterson: pobre Sr.
Jekyll, se alguma vez vi a marca de Satanás num rosto, foi no de seu novo
amigo.
Robert Louis Stevenson, escritor escocês, publicou a novela gótica O Médico e o
Monstro – originalmente chamado de The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr.
Hyde – em 1886. A história se passa na Londres vitoriana, sendo uma mistura do
gótico, com terror psicológico e, ainda, ficção científica.
O enredo gira em torno do respeitado e bem apessoado médico Henry Jekyll e
sua relação conturbada com o misterioso Edward Hyde* (monstro). Talvez seja a
linguagem rebuscada e datada, talvez seja a falta de carisma aparente dos
personagens ou, quem sabe, o fato de eu já conhecer a trama, mas algo parecia
muito estranho quando eu comecei a ler o livro. Até agora, depois de terminá-lo,
não sei direito qual foi o motivo dessa estranheza.
A história é contada por relatos do advogado Sr. Utterson, que fica abismado ao
descobrir que um de seus melhores amigos, Dr. Jekyll, escreveu um testamento
deixando toda a sua herança para um desconhecido chamado Hyde. Um sujeito
suspeito, que ninguém realmente conhecia. Preocupado, o advogado começa a
investigar, mesmo com o próprio Jekyll insistindo para que deixasse o assunto
de lado.
Impossível não saber que, na verdade, Jekyll e Hyde são a mesma pessoa. Com
milhares de adaptações para TV, teatro e cinema, a história do médico que
tomava uma poção e se transformava em um homem terrível é mundialmente
conhecida. De qualquer forma, a mensagem por trás disso tudo é muito simples:
não existe um lado só. Ninguém consegue ser bom ou mal em sua totalidade.
Todos nós temos nosso lado Hyde.

Stevenson utiliza de uma história horripilante para nos mostrar a dicotomia que
nos constitui. Dr. Jekyll cria uma droga para liberar esse outro lado de sua
personalidade, para fugir de seu “eu” politicamente correto de sempre. O
problema acontece quando ele perde o controle das transformações, deixando
todos ao seu redor a mercê do obscuro Hyde.

O curioso é que em nenhum momento Stevenson descreve a fisionomia de


Hyde, apenas diz que tem uma deformidade que ninguém consegue muito bem
definir. Assim me senti com o livro: incomodado, porém sem saber a origem
desse sentimento. O objetivo do autor de cutucar nossa consciência e mostrar
que o maniqueísmo é pura ilusão, em uma história que cativa aos poucos.

Com menos de 100 páginas, o livro é amargamente curto. O curso dos


acontecimentos segue muito rápido, entregando fato atrás de fato, sem muito
tempo para respirar. Direto e inteligente, Stevenson constrói uma alegoria digna
do status de clássico na literatura.

*A pronúncia de Hyde é a mesma que hide, palavra inglesa para “esconder”.

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