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OS TRÊS PORQUINHOS

Clássico infantil adaptado por Geraldo Lafayette


CENA 01
ROTEIRO: Os três porquinhos devem estar dormindo até o cantar do galo. Só Fino desperta e começa o seu dia com exercícios.
Os outros dois continuam dormindo.

FINO: Bom dia! Que Sol! Que dia! Estou tão disposto hoje. Vou fazer minha ginástica pra ficar ainda mais disposto e
forte. 1, 2 feijão com arroz, 3, 4 feijão no prato, 5, 6 essa é minha vez, 7,8 comer biscoito...
FINO: Agora vou escovar bem os meus dentinhos, lavar o meu rosto bem lavadinho... gosto de ser um porquinho muito
certinho. Se eu não escovar os dentes, eles vão ficar sujos e dar bichinhos... e com o tempo eles vão ficar podres, doer
muito e cair.
FINO: Eu não quero ser um porquinho sem dentes.... Agora eles estão branquinho. Agora eu vou ouvir um pouco de
rádio.
ROTEIRO: Fino liga o rádio e já vem logo o noticiário.

NOTÍCIA DO RÁDIO: Atenção ouvintes, muita atenção nesta notícia: um lobo fugiu do zoológico. Ele está solto na floresta. Todo
cuidado é pouco. Ele é mentiroso, muito feio e está com muita fome. Cuidado com o lobo.

FINO: Nossa! Um lobo na floresta! Que perigo! Tenho que avisar Bemol e Guloso! Não podemos sair para muito longe...
e mais, temos que tomar todo o cuidado com o lobo.

NOTÍCIA DO RÁDIO: Agora vamos falar do preço da carne! Atenção minhas senhoras, atenção meus senhores, o preço da carne
de porco subiu novamente esta semana. Se você é fazendeiro e tem porcos para vender, chegou a hora de ganhar um dinheirinho
bem bom com pernil e toucinho. Com o preço da carne do jeito que está, dá até pra ficar rico vendendo porquinhos pra cozinhar.

FINO: Nossa mãe! Não sei o que é pior! Se o lobo solto na floresta ou o risco de ver meu pernilzinho dependurado no
açougue da cidade? Acho melhor acordar Bemol e Guloso e partirmos logo daqui. Do jeito que nosso dono é, é bem
capaz de ele nos matar pra vender torresmo na feira. Ainda mais que estamos bem gordinhos.

ROTEIRO: Fino começa a acordar Bemol e Guloso.

FINO: Bemol, Guloso, acordem. Precisamos fugir.


GULOSO: Me deixa dormir Fino. Vai fazer sua ginástica sozinho.
BEMOL: Vai pra lá ouvir seu rádio longe de mim... quero dormir mais um pouquinho.
FINO: Precisamos fugir, senão vão nos matar. Acorda Guloso! Acorda Bemol.
BEMOL: Agora não! Estou sonhando com uma orquestra...
FINO: Tem um lobo solto na floresta... acordem!
GULOSO: E o que eu tenho haver com isto. Deixa o lobo pra lá.
FINO: Mas a carne de porco aumentou o preço de novo.
GULOSO: Eu não como carne de porco.
FINO: Mas você é um porco Guloso. O nosso dono vai querer nos vender pra ficar rico.
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BEMOL: Todo dia é assim. Fica inventando histórias só pra gente levantar correndo.
FINO: Não são histórias. É verdade. Nosso dono vai querer vender nosso toucinho.
BEMOL: Pode parar de nos fazer medo Fino. Eu até já perdi o sono. Já vou me levantar.
FINO: Mas é verdade! Eu escutei no rádio.
GULOSO: Escutou o que?
FINO: Que tem um lobo muito mau e mentiroso solto na floresta.
BEMOL: E o que nós temos haver com isto?
FINO: Vamos ter que fugir! O Lobo é mau e está com fome...
GULOSO: Mas na floresta tem muita coisa pra esse lobo comer... porque nós temos que nos preocupar?
FINO: E eu ouvi também que a carne de porco subiu de preço de novo. E quem tem porco pode ficar rico vendendo
pernil, toucinho, rabinho, orelhinha...
GULOSO: Eu heim! Nós nem temos porcos pra vender? Não vamos ficar ricos nunca.
FINO: Mas nós somos porcos! Esqueceu?
BEMOL E GULOSO: Nós somos porcos! Isso! Nós somos três porquinhos...
BEMOL: E estamos bem gordinhos! Eles vão nos matar pra vender nosso toucinho....
GULOSO: Ai AiAi... e eu estou mais gordinho ainda! Vejam só meu pernilzinho...
FINO: Se não fugirmos, ou o lobo nos pega ou vão vender a gente em pedacinho....
BEMOL E GULOSO: Então vamos fugir logo. Depressa. Já estamos com medo.
GULOSO: E pra onde fugiremos?
FINO: Vamos correr para a floresta.
BEMOL: Mas na floresta não está o lobo mau?
GULOSO: Ai Aiai... se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Estamos fritos!
FINO: Ainda não. Temos uma bússola, temos um mapa e podemos ir para outro lugar bem distante.
BEMOL: E então seremos livres... lá vou poder cantar, dançar e brincar....
GULOSO: E eu vou poder comer frutas, legumes, sorvetes, chocolate, pirulitos... hum que delicia.
FINO: Um lugar onde construiremos primeiro nossa casinha. Não, casão... Uma casa grande, forte, onde ninguém poderá
nos atacar.
GULOSO: Nem o lobo?
FINO: Nem o lobo.
BEMOL: Nem o preço da carne?
FINO: Nem o preço da carne. Estaremos longe dos açougues.
BEMOL E GULOSO: Então vamos. Vamos agora mesmo.
FINO: Eu levo o mapa.
BEMOL: Eu tenho que levar meu violão.
GULOSO: Eu então levo a bússola. Assim não nos perderemos no caminho.
FINO: Vamos atravessar as montanhas, descer os vales, sempre na direção oeste.
GULOSO: Deixa comigo. Eu adoro ir na direção oeste.
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BEMOL: Oeste não é muito longe?
FINO: Precisamos ir para longe, senão, não estaremos seguros.
BEMOL: Mas iremos a pé? Vou me cansar demais. Acho que não vou.
GULOSO: Então vai ficar aí sozinho? Adeu.... vai virar toucinho sozinho.
FINO: Você não quer ir mesmo? É longe mas a gente descansa de vez em quando!
BEMOL: Ficarei bem. Vou tocar um pouco de violão, cantar para espantar os males. Eles não terão coragem de matar um
porquinho artista.
GULOSO: Então adeus meu amigo. Adeus. Mandaremos notícias.

ROTEIRO: Os dois saem andando, carregando suas malinhas. O rádio volta a falar:

NOTÍCIA DO RÁDIO: Atenção atenção! Por falta de carne no mercado o preço do porco subiu novamente. Tragam seus porquinhos
e nós compraremos pelo dobro do preço.
ROTEIRO: Quando escuta a notícia Bemol se levanta e começa a gritar e correr:

BEMOL: Esperem por mim! Esperem por mim! Eu pensei melhor! Acho que você precisam de um porquinho artista para
alegrar a viagem de vocês.

CENA 02
ROTEIRO: Assim que os porquinhos saem, aparece o Lobo.

LOBO : Acho que não será preciso me apresentar. Pela minha aparência exuberante, estupenda e magnífica, vocês já
sabem quem eu sou. Pois bem! Estou muito cansado, com fome e com sono. Fugi ontem do zoológico e não foi muito
fácil. Já estou até meio arrependido. Lá tinha comida de graça sem fazer esforço nenhum.... Vivia na sombra e água
fresca... nem sei pra que fugi. Mas agora é tarde! Estou aqui e até agora, desde ontem, eu não consegui nada pra comer.
Mas eu não vou desistir! Afinal eu sou o famoso lobo mau. Vou em direção a fazenda... lá pelo menos um porquinho eu
vou arrumar pra comer. Humm minha boca até encheu d´agua só de pensar num pedacinho de pernil...

CENA 03:
ROTEIRO: Os três porquinhos aparecem cansados. Bemol arrastando o violão. Fino carregando três malas e o Guloso olhando a
bússola, mas meio perdido.

FINO: Como é Guloso? Estamos no caminho certo?


BEMOL:Estamos na direção Oeste? Oeste está chegando?
GULOSO: Pois é! Acho que estamos! Não sei... acho que sim, apesar de que....
BEMOL: Apesar de que Guloso? Não me diga que estamos perdidos?!
FINO: Devíamos estar indo para Oeste! Não foi isto que combinamos?
GULOSO: Foi. Mas é que não sei a posição certa da bússola. Se ela ficar assim oeste é pra lá. Mas e a bússola ficar assim,
oeste é pra lá.
BEMOL: Foi o que eu imaginei. Estamos perdidos.

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FINO: Eu não acredito nisso Guloso! Então não sabe pra que lado fica o Oeste?
GULOSO: Não! Nem nunca tinha visto uma bússola antes.
BEMOL: Eu não consigo dar nem mais um passo.
GULOSO: Eu também prefiro parar agora e comer.
FINO: Tudo bem! Vamos parar aqui, descansar e pensar no que fazer.
BEMOL: Mas vamos ficar aqui? E dormiremos onde?
FINO: Aqui.
GULOSO: Eu preciso comer alguma coisa. Estou morrendo de fome.
FINO: Dormiremos aqui. Acho que hoje não vai chover...
BEMOL: Mas... e se aparecer um monstro?
FINO: Não vai aparecer um monstro.
GULOSO: Ai aiai... só de pensar no monstro eu perdi até a fome. Não seria melhor andarmos mais um pouco até
acharmos um outro lugar mais seguro?
FINO: Não temos para onde ir agora. Ficaremos aqui... comeremos e dormiremos aqui.
GULOSO: Fino! Fino! Por favor não durma agora...

ROTEIRO: Fino tão logo se deita, dorme e ronca. Bemol e Guloso ficam morrendo de medo

GULOSO: Não é possível! Ele já está roncando.


BEMOL: Pior é que ele é o mais corajoso de nós três. E agora? Eu estou morrendo de medo.
GULOSO: Eu também não estou gostando nada de ficar aqui ao relento.... é melhor nos escondermos.
BEMOL: Se aparecer um monstro eu não quero nem ver. Vou me esconder naquela moita.
GULOSO: Espera! Não me deixe sozinho aqui. Vou pra moita com você.
BEMOL: Vamos ficar de olhos bem fechados.
GULOSO: Eu estou tremendo de medo.

ROTEIRO: A noite passa e Fino Acorda. Não encontrando Bemol e Guloso começa a procurar.

FINO: Bom dia! Bom dia! Vou fazer minha ginástica, depois escovar meus dentinhos e lavar bem o meu rostinho...
Bemol... Guloso.... onde vocês estão? Ué, para onde foram estes dois?
FINO: Bemol! Guloso! Onde vocês estão?
FINO: Estão querendo brincar já tão cedo? Vocês já escovaram os dentes?

ROTEIRO: Fino percebe que os dois estão atrás da moita, ao ver os pezinhos dos dois aparecendo.

FINO: Então vocês estão aí! Seus medrosos!


BEMOL E GULOSO: ( De olhos fechados) Não! Não estamos aqui não.
BEMOL: Você se enganou seu monstro, nós somos apenas uma moita.

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GULOSO: Vai procurar os porquinhos em outro lugar.
FINO: Tudo bem! Então vocês são uma moita! Vou indo então fazer o meu lanchinho sozinho.
GULOSO: Lanchinho? Eu também quero.
BEMOL: É você Fino? Estava com tanto medo que nem reconheci a sua voz.
FINO: Claro que sou eu! Quem poderia ser?
GULOSO E BEMOL: Pensamos que pudesse ser o Monstro.
FINO: Já que vocês tem tanto medo, acho melhor construirmos uma casa grande e forte, para nós três morarmos juntos.
Uma casa de tijolo, telhado, quem nem o sol, nem a chuva, irá nos incomodar.
GULOSO: Uma casa com uma cozinha enorme, com geladeira, fogão e uma porção de coisas gostosas.
BEMOL: Uma casa com um quarto confortável, uma cama macia... e um sofá grande pra eu tocar o meu violão.
FINO: Poderá ter tudo isto. Mas o mais importante é que esta casa no proteja de todos os perigos, inclusive do lobo
mau.
BEMOL: E depois dela pronta eu vou fazer um show de inauguração. Cantarei na janela, na escada... e no banheiro.
GULOSO: E eu vou ficar na cozinha preparando e comendo coisas deliciosas. Pipoca, bolinho de chuva... hum... deu até
água na boca.
FINO: Mas antes de tudo isto, precisamos começar a construir a casa.
BEMOL: Esta é a parte pior.
FINO: Mas não há outro jeito. Você vai ficar responsável pela madeira do telhado. Procurar, serrar, lixar, pregar e pintar.
BEMOL: Fiquei cansado só de te ouvir falar. Nunca vou dar conta de tanto trabalho.
FINO: E você Guloso que está aí se escondendo, vai ficar por conta de buscar areia, peneirar, fazer massa e me ajudar a
levantar as paredes.
GULOSO: Com esse sol na minha testa? Eu não vou aguentar... sou fraco e gordo.
FINO:Você não é fraco. Você é preguiçoso.
BEMOL: Não sei pra que tanta coisa!? Poderíamos fazer uma casa que desse menos trabalho.
GULOSO: Boa ideia Bemol! Vamos fazer uma casa que fique pronta mais rápido. Aí sobra tempo para descansar e comer.
FINO: Uma casa que dê menos trabalho e fique pronta rápido, não será tão segura. Eu quero uma casa forte.
BEMOL: Então me desculpe Fino, mas eu estou fora. Não vou ajudar a construir a sua casa.
GULOSO: Nem eu. Estou fora também. Vou fazer a minha casa do meu jeito.
BEMOL: Boa ideia Guloso. Cada um faz a sua do jeito que quiser. Assim minha casa ficará pronta rapidinho e terei tempo
para descansar.
GULOSO: E eu terminando a minha casa rapidinho terei tempo para cozinhar e comer.
FINO: Tudo bem! Vocês é quem sabem! Eu farei a minha casa de tijolos e bem forte. Depois não reclamem.

ROTEIRO: Todos começam a trabalhar. Fino o primeiro a cantar:

FINO:Eu vou construir uma casa forte


Com minhas mãos e sorte
Eu faço com telhado
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Nunca fiz nada de errado
Com muito carinho e muito cuidado
Ninguém virá comer torresmo e toucinho
Ninguém virá comer assado de porquinho
A minha casa o lobo mau
Não vai conseguir derrubar pra nos devorar

FINO: Vocês não vão mesmo me ajudar?


BEMOL:De jeito nenhum! Sua casa dá muito trabalho. Eu vou fazer a minha de madeira.

ROTEIRO: Bemol pega algumas peças de madeira e começa a cantar:

BEMOL:Eu então sei muito bem


Tenho pouco a fazer
Pegar a minha guitarra e cantar
Ate o meio dia é o que eu tenho a dizer
Falta tanto pra vir a noite
Do ré mi fá sol lá si
Eu gosto de cantar assim
Vamos todos juntos cantar bem alto
Cantar esta melodia

BEMOL: Somos mesmo muito espertos não é Guloso? Minha casa de madeira vai ficar linda e muito mais fácil de fazer.
Eu quero mesmo é ter tempo para cantar.
GULOSO: E eu quero ter tempo para descansar e comer. Vou fazer a minha casa de palha. Palha fresquinha com cheiro
de milho.... ai que delícia... num instante vai ficar pronta.

ROTEIRO: Guloso com o balaio de palha começa a cantar;

GULOSO: Mas eu sei de um fato tão certo como dia


Pizza, bombons e confeito
Eu já tenho muito, vamos, fique á vontade
Até termos trabalhado
Eu gosto de comer salgadinho e muito mais
Chocolate, caramelo e sorvete
Um bom sorvete de casquinha, um bom sorvete de casquinha.

FINO: Deixa eles! Eu vou continuar a minha casa enquanto eles descansam. Mas eu tenho certeza: A casa deles não vai
durar muito. Eu quero que a minha casa seja uma casa forte.

CENA 04
ROTEIRO: Todos eles preparam suas casa e logo em seguida aparece o lobo

LOBO : Um porquinho bem assado é a minha paixão


Bem untado com toucinho faz bem pra digestão
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Então é um desfile de porquinhos educados
Um toucinho bem salgado é a vontade do lobão
Agora venham que eu conheço
Com um torresmo eu enlouqueço
Tenha cuidado nada de pressa
Bem tostado é o que interessa
Ponho tudo no panelão
Então vamos ter para vocês
Um toucinho bem salgado é a vontade do lobão.

LOBO : Tenho que fazer meus planos bem direitinho. Para comer pelo menos um destes três porquinhos. Nada pode dar
errado... deixa eu me disfarçar que lá vem um...

ROTEIRO: Lobo coloca um chapéu e um óculos e aproxima Bemol Cantando.

LOBO : Bom dia Porquinho! Você canta muito bem! Devia gravar um CD.
BEMOL: O senhor gostou da minha voz?
LOBO : Sua voz é linda. Olha que gordinho!
BEMOL: O que disse?
LOBO : Disse que você é um artista. Tinha que cantar num grande show.
BEMOL: O senhor acha? De verdade?
LOBO : Claro. Você é fenomenal. Eu entendo de música.
BEMOL: É? Verdade? E quem é o senhor?
LOBO : Eu sou... eu sou o maestro lobolaudo. Da orquestra da cidade.
BEMOL: Nossa! Que coincidência. Eu adoro sonhar com a Orquestra.
LOBO: Se você quiser posso leva-lo para tocar na orquestra da cidade?
BEMOL: O senhor me leva? Jura?
LOBO :Claro. Você vai ser um sucesso.
BEMOL: Eu quero! É claro que eu quero! Eu quero ir pra cidade tocar na orquestra. Eu quero.
LOBO : Esse está no papo! Caiu na minha armadi... ( bemol escapa das mãos do lobo)
BEMOL: Mas antes, vou contar para os meus amigos... Eu já volto seu maestro lobolaudo.
LOBO : Porco idiota! Fugiu! Mas eu não vou desistir! Eu vou comer um destes porquinhos hoje. Ou não me chamo mais
lobo mau.
LOBO : Um porquinho bem assado é a minha paixão
Bem untado com toucinho faz bem pra digestão
Então é um desfile de porquinhos educados
Um toucinho bem salgado é a vontade do lobão
Agora venham que eu conheço
Com um torresmo eu enlouqueço
Tenha cuidado nada de pressa
Bem tostado é o que interessa
Ponho tudo no panelão
Então vamos ter para vocês
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Um toucinho bem salgado é a vontade do lobão.

ROTEIRO: Bemol sai correndo e nem percebe que era o lobo. Mas logo em seguida aparece o Guloso.

LOBO : Epa! Lá vem outro! E este está mais gordinho ainda! Hoje estou com sorte. Este não me escapa.

ROTEIRO: Guloso aparece comendo alguma coisa. Lobo coloca um chapéu de mestre cuca.

LOBO : Como vai? Vejo que gosta muito de comer!


GULOSO: E quem não gosta? Eu adoro comer brigadeiro, pastelzinho, salada de fruta...
LOBO : Então, considere-se um homem de sorte.
GULOSO: Eu? Mas eu sou um porquinho!
LOBO : Desculpa. Considere –se um porquinho de sorte.
GULOSO: Ai que bom! Mas por que?
LOBO : Coincidentemente encontrou comigo aqui. Eu sou o metre, cheff de cozinha Loborrê de francê.
GULOSO: O que é isso? É de comer?
LOBO : Não! Claro que não! É o meu nome. Eu sou um cozinheiro mais famoso da França. Sei fazer as coisas mais
gostosas da comida francesa.
GULOSO: O senhor sabe fazer mandioquinha frita? Eu adoro mandioquinha frita.
LOBO : Mandioquinha pra mim é café pequeno. Sei fazer de tudo.
GULOSO: De tudo mesmo? Duvido que o senhor saiba fazer torta de maçã com leite condensado!?
LOBO : Pois não duvide! Na minha cozinha tem de tudo. Sorvetes, doces, balas... de tudo mesmo.
GULOSO: Ai que pena!
LOBO : Pena por quê?
GULOSO: Pena que sua cozinha está tão longe lá na França...
LOBO : Aí que você se engana. Minha cozinha está aqui pertinho.
GULOSO: Uai! Eu não sabia que a França era assim tão perto?!
LOBO : (já perdendo a paciência)
Vamos deixar de conversa mole e vamos logo ao assunto. Você quer ou não quer ir comer na minha cozinha?
GULOSO: Será?
LOBO : Eu vou deixar você comer tudo que tem lá. (para a plateia) É bom que ele coma bastante, aí ficará ainda mais
gordinho e suculento. Esse não me escapa.
GULOSO: Nossa! Seu Loborrê de Francê, sua proposta é tendadora. Mas eu não posso. Não tenho dinheiro pra pagar
tudo isso!
LOBO : E quem falou em dinheiro? Na minha cozinha é tudo de graça.
GULOSO: De graça? De graça mesmo? E a gente pode comer tudo sem pagar nada?
LOBO : Gratis! Tudo grátis. Pode comer até estourar.
GULOSO: Isso é surpreendente. Nunca vi nada igual.

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LOBO : Então vamos agora! (pegando o Guloso pela mão)
GULOSO: Espera seu Loborrê! Eu estou aqui pensando: Acho melhor deixar para amanhã.
LOBO : Amanhã? Mas por que? Vamos agora. ( pegando novamente o porco pelo braço)
GULOSO: Não! Não Não! Deixa para amanhã. Hoje estou com a barriga muito cheia. Acabei de lanchar. Pensa que eu
sou bobo?
LOBO : Vamos agora seu Porquinho! Você come só um pouquinho.
GULOSO: De jeito nenhum. Amanhã eu levanto cedo, fico sem tomar café, sem almoçar e sem lanchar... aí, estarei
morrendo de fome... vai ser muito melhor.
LOBO : Mas eu quero que você vá hoje. (pegando o porquinho pelo braço)
GULOSO: Hoje eu não vou. Amanhã no mesmo horário eu estarei aqui, preparado para comer tudo que tem na sua
cozinha. Até amanhã seu Loborrê. (soltando-se das mãos do Lobo)
LOBO : Aonde foi que eu errei?
GULOSO: Seu Loborrê...
LOBO : O que foi? Resolveu ir hoje?
GULOSO: Não. De jeito nenhum. Só voltei pra dizer que o senhor é muito bonzinho.
LOBO: Eu? Eu não! Eu sou o Lobo mau.
GULOSO: Ai credo. Quase que eu fui comer na casa do lobo mau. Socooooorrrroooo.
LOBO: Mais um eu perdi.
ROTEIRO: Porquinho corre para um lado e o Lobo sai triste pelo outro lado.

CENA 05
ROTEIRO: Aparece Fino, ainda trabalhando nos retoques finais da sua casa de tijolos. Do outro lado Bemol e Guloso já
descansam em suas casinhas. Bemol toca o violão e Guloso come na janela.

BEMOL: Como é Fino? Quando é que você vai acabar a construção da sua casa?
FINO: Falta pouco! Faltam apenas algumas coisinhas pra ficar tudo certinho.
GULOSO: A nossa já está prontinha... Ninguém mandou você inventar de fazer essa casa de gente rica. Luxo pra que?
Nós somos porcos!
FINO: Minha casa não é de gente rica. Ela só é forte e segura. Vai durar uma vida toda.
BEMOL: Até parece! Nossa casa também é bonita e forte. A madeira aguenta muita coisa.
GULOSO: E a minha de palha não é tão quente! Tem cheirinho de milho! E dá muito menos trabalho. Eu já posso até
descansar e comer. Enquanto você está aí, ainda trabalhando.
FINO: Pois bem! Terminei. Esse é o último detalhe. O restante vou fazendo aos poucos.
BEMOL: Ainda tem serviço?
FINO: Tem! Tenho algumas coisas para ajeitar lá dentro. Mas aqui já tem porta, janela, fechadura...
GULOSO: Deus me livre serviço... uma casa assim eu nem quero. Tem serviço todo dia.
FINO: Uma casa Guloso, tem serviço todo dia. Tem que estar sempre limpa echeirosa .
BEMOL: Não sei pra que? Vai gostar de trabalhar assim lá longe.

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GULOSO: Por que você não descansa um pouco Fino? Quer um pedaço de melancia?
ROTEIRO: Quando Guloso está falando e trazendo o pedaço de melancia, escuta a voz do lobo e volta correndo pra dentro de
casa.

LOBO : Um porquinho bem assado é a minha paixão


Bem untado com toucinho faz bem pra digestão
Então é um desfile de porquinho educados
Um toucinho bem salgado é a vontade do lobão.

ROTEIRO: Os porquinhos começam a correr todos pra dentro das suas casinhas.

BEMOL:Nossa ! Nossa! É o lobo! Até mais Guloso. Vou entrar e trancar a minha casa.
FINO: Não querem vir pra minha casa? Podemos ficar os três aqui juntos...
GULOSO: Obrigado Fino! Mas eu tenho a minha casinha. É só eu trancar bem direitinho.
ROTEIRO: Todos entram e ficam olhando pela greta da janela. O lobo chega bravo.

LOBO: De hoje não passa! Estou com fome e quero comer um porquinho assado.
ROTEIRO: Batendo na porta da casa do Guloso.

LOBO: Meu querido porquinho, pedacinho de presunto polpudo, suculento, me deixa entrar em sua casinha de palha?
GULOSO: Aqui! Nem vê! Sai daqui seu lobo feioso. Vai embora. Você é mal e na minha casa gente má não entra.
LOBO: Ah! Então é assim trata um lobo muito mau? Você vai ver do que sou capaz.
ROTEIRO: O lobo começa a assoprar... uma, duas e na terceira vez a casa cai.

GULOSO:Socooooorrrooooo! Abre a porta Bemol! O lobo mau derrubou a minha casinha.


BEMOL: Correu meu irmão! Corre. Venha! Aqui dentro estaremos bem protegidos.
ROTEIRO: Guloso entra pra dentro da casa de Bemol e o Lobo já meio cansado bate educadamente.

LOBO: Meus porquinhos apetitosos, minhas pequenas linguiças, meus deliciosos filés... por favor, abram esta portinha.
Me deixem entrar na casa de vocês?
BEMOL: Claro que não abro! Acha que eu sou bobo. Eu não abro a porta para estranhos.
LOBO: Ai abre a porta pra mim. Sou só um lobinho mau.
BEMOL: De jeito nenhum! Você já derrubou a casa do Guloso.
GULOSO: Vai embora seu lobo mentiroso.
LOBO: Mentiroso? Eu? Então é assim que se fala com um lobo mau? Vou mostrar pra vocês com quantos paus se faz
uma casinha.
ROTEIRO: O lobo assopra, assopra, uma vez, duas vezes e na terceira vez a casa cai.

BEMOL E GULOSO: Socoooorrroooo! Socooooorroooo! O lobo mau quer nos pegar.


GULOSO: Fino! Fino! Socorro! O Lobo quer nos papar!
BEMOL: Fino! Fino! Socorro! O lobo derrubou a minha casinha. Abra a porta para nós.
BEMOL E GULOSO: Socoooorrrooooo!

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LOBO : Agora vocês não me escapam.
FINO: Corram! Corram meus irmãos! Entrem! Aqui o lobo não vai conseguir entrar.
ROTEIRO: Lobo muito cansado e com raiva.

LOBO : Tinham que construir três casas? Por que não construíram uma casa só e ficaram os três juntos de uma vez.
Agora vou ter que derrubar mais uma.
ROTEIRO: Lobo batendo na porta.

LOBO : Meus pequenos porquinhos, sejam bonzinhos! Abram a portinha pra mim. Vou dar-lhes uma última chance de
serem bonzinhos e deixarem eu entrar sem violência.
FINO: Não abro de jeito nenhum. O Senhor não é amigo de ninguém.
LOBO : Que isso? Eu posso ser amigo de vocês! Vocês não acreditam?
FIN0, GULOSO E BEMOL: É claro que não.
FINO: O senhor não é amigo dos porquinhos... e gosta de comer carne.
LOBO : Por favor, me deixem entrar? Vamos tomar um café?
GULOSO: Quem dera que o senhor só quisesse um café. O senhor quer é torresminho.
LOBO : Eu prometo que só quero um cafezinho.
BEMOL: Vai tomar café na casa da raposa. Aqui o senhor não entra.
FINO: O Senhor não nos engana mais. Vai embora seu lobo mau. Somos três contra um.
LOBO : Três contra um? Há háháhá.... como os três numa bocada só. Vocês verão o que vou fazer com essa casinha de
meia tigela que não vale nada.
FINO: Minha casa é forte! Muito forte! Seu lobo não vai conseguir derrubar.
LOBO : Isso é o que nós vamos ver agora.
ROTEIRO: Lobo assopra, assopra.... assopra... Cada vez mais cansado. Assopra e resmunga. Assopra e reclama. Faz alguns
exercícios físicos e assopra novamente. Até cair desmaiado. Os porquinhos correm e começam a cantar.

GULOSO E BEMOL: Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau. ( bis)
FINO: Vamos dar um pouco de água ao Lobo. Ele está passando mau.
GULOSO: O que? Você vai ajudar o lobo que quer nos comer?
FINO: Sim! Nós não somos iguais a ele. Não somos porquinhos maus. E ele está precisando de ajuda.
BEMOL: O Fino tem razão Guloso. Pega alguma coisa pra abanar e fazer ventinho no lobo. Ele está sem ar.
GULOSO: Pensando bem! A mamãe sempre ensinou a fazer o bem sem olhar a quem.
ROTEIRO: Os porquinho ajudam o lobo. Até que ele vai se recuperando.

LOBO : O que aconteceu? Eu apaguei? Eu morri?


FINO: Não seu lobo. O senhor desmaiou.
GULOSO: Acho que foi de fome.
BEMOL: Ai meu Deus! O lobo está com fome. Vamos correr.
FINO: O senhor queria derrubar a minha casa, mas a minha casa é forte.

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GULOSO: Ai o senhor assoprou... assoprou e pummmm caiu aí de tanto assoprar.
LOBO : Realmente. Agora eu me lembro. Eu estava com muita fome.
BEMOL: Nós também nos lembramos bem. O senhor queria nos comer.
FINO: Derrubou a casa de palha do Guloso, derrubou a casa de madeira de Bemol e...
LOBO : Mas a casa de tijolos... essa eu não consegui. É forte mesmo. Mas agora....
BEMOL: Agora estamos perdidos... vamos correr....
ROTEIRO: Os porquinhos correm.

LOBO : Agora eu vi que vocês são meus amigos. Cuidaram de mim. Não me deixaram morrer.
FINO: Nós não somos porquinhos maus seu lobo. Não queremos que você morra.
GULOSO: Só não queremos virar toucinho salgadinho pro senhor.
BEMOL: Nem torresminho.
LOBO : Confesso que estou com muita fome... mas eu não terei coragem de comer vocês. Vocês me salvaram.
FINO: Ainda bem né seu lobo. Tem tanta coisa pra se comer aqui na floresta. Pra que comer porquinhos?
BEMOL: Carne de porco faz mal seu lobo.
GULOSO: Nós comemos muitas outras coisas sem ser carne... e não passamos fome.
FINO: Pelo contrário.... somos até gordinhos. Eu não, porque faço exercícios todos os dias.
LOBO : Mas... um lobo que não come carne? Isso eu nunca vi.
BEMOL: Mas nunca é tarde para começar... o senhor pode ser o primeiro lobo vegetariano do mundo. O que acha?
LOBO : Eu? O primeiro lobo do mundo que não come carne? Hummm! Será? Mas o que eu comeria?
FINO: Que tal uma salada de legumes e verduras?
BEMOL: Quem sabe uma cesta de frutas docinhas e suculentas?
GULOSO: Quem sabe uma torta deliciosa de morangos com creme de chantilly?
LOBO : Não sei!...será?.... Acho que posso experimentar.
ROTEIRO: Os porquinhos entram na casa e buscam tudo para o Lobo comer. Eles dão ao lobo que fica feliz, abraça os
porquinhos e vai embora.

LOBO : Nossa! Essa comida é uma delícia. Tá bom... vocês me convenceram... agora serei o primeiro lobo que não come
carne do mundo. Adorei essa torta. Me dá a receita?
GULOSO: Claro seu lobo. Ensino a fazer essa e muitas outras guloseimas.
LOBO : Quer saber? Eu vou construir uma casa pra mim aqui pertinho de vocês. Assim seremos amigos... e quando
precisar de alguém forte, estarei aqui para proteger vocês.
BEMOL: Que legal! O lobo mau agora é nosso amigo.
LOBO : Agora não serei mais o lobo mau. Serei o lobo bom. Vou buscar material pra construir a minha casa. E será de
tijolos.
FINO: Muito bem seu lobo. Eu te ajudarei. Meus irmãos também.
GULOSO E BEMOL: Nós?

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FINO: Sim. Agora vocês estão sem casa. Moraremos juntos na minha casa. Porém, como não quiseram ajudar a fazer a
minha casa, vamos juntos ajudar o lobo.
GULOSO: Mas....
LOBO : Se não quiserem ajudar, eu entendo. Sei que derrubei a Casa de vocês.
FINO: Mas é preciso fazer algum esforço. Preguiça não faz bem. Vamos ajudar sim.
LOBO : Eu estou até envergonhado.
BEMOL: Eu concordo. Fomos preguiçosos e veja no que deu. Já estamos sem casa.
FINO: A minha casa será a nossa casa.
GULOSO: Verdade? Podemos falar que a sua casa é a nossa casa?
FINO: Podem! Mas se é nossa, cada um vai ter uma tarefa. Não vou fazer tudo sozinho.
BEMOL: Isso vai ser muito divertido. Eu vou adorar.
GULOSO: Eu prefiro cozinhar.
FINO: Mas antes, vejam, o lobo está vindo pra fazer a sua casinha. Vamos todos ajudar.
GULOSO: Trabalhar não é muito o que eu mais gosto de fazer... mas... vamos lá.
LOBO : Sabem?! Eu nunca pensei que seria tão bom ter amigos. Estou feliz com isso.
FINO, GULOSO E BEMOL: Amigos?
LOBO : Amigos!

ROTEIRO: Terminam a cena dançando como se estivessem se ajudando e vivendo felizes.

FIM

PERSONAGENS:
REPORTER – _______________________________
FINO – _____________________________________
GULOSO – _________________________________
BEMOL – ___________________________________
LOBO MAL - ________________________________

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