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CATAD

Inicia-se neste domingo o tempo do Advento, que é o período em que a Igreja


se prepara, para a grande solenidade do Natal. Embora haja o costume de se
referir a essa data como o “aniversário” de Jesus, o Natal é, na verdade, a
celebração do mistério da Encarnação, motivo pelo qual, desde o século
IV, a Igreja reserva um tempo específico da liturgia, dedicado à preparação
dos fiéis, incentivando às práticas de piedade, a fim de que acolham o Verbo
Encarnado de Deus, o Redentor do gênero humano, em seus corações.

Espera e Vigília: Advento vem da palavra “advir” significa "vinda", "chegada".


Está relacionado à chegada do Messias ao mundo. Tempo determinado para a
preparação da celebração do nascimento de Jesus.
É o momento para fazermos um questionamento sério sobre nossa vida pessoal e
também sobre o mundo em que vivemos.
O homem não vive sem sinais e símbolos.
Seu pensar, seu conhecer, o modo de expressar o real e o espiritual é realizado
através de símbolos. Ele transforma tudo em símbolos para ser entendido pelos
outros. Assim a língua falada e escrita e as artes nas suas diversas expressões
(pintura, escultura, música, dança ...) são os símbolos mais comuns.
Sobre o natal um dos símbolos mais comuns no Natal dos países
católicos é a reprodução do cenário onde Jesus Cristo nasceu: o Presépio, uma
manjedoura, animais, pastores, os três reis magos, Maria, José e o Menino Jesus.

-O costume de montar presépios surgiu com São Francisco de Assis, que pediu a um
homem chamado Giovanni Villita que criasse o primeiro presépio para visualizar,
sensibilizar, facilitar a meditação da mensagem evangélica, do conteúdo, do mistério
de Jesus Cristo que nasce na pobreza, na simplicidade. São Francisco, então,
celebrou uma missa em frente deste presépio, inspirando devoção a todos que o
assistiam.
- Outro símbolo do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato
circular e de suas cores, silenciosamente expressa a esperança e convida à alegre
vigilância. A coroa teve sua origem no século 19, na Alemanha, nas regiões
evangélicas, situadas ao norte do país. Nós, católicos, adotamos o costume da coroa
do Advento no início do século 20.

Ela simboliza e comunica que naquela Igreja, casa, escritório ou qualquer espaço em
que ela esteja, vivem pessoas que se preparam com alegria para celebrar a vinda de
Deus ao mundo, o Natal.

A forma circular: O círculo não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus
que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao
próximo que nunca se deve terminar. Além disso, o círculo dá uma ideia de “elo”,
de união entre Deus e as pessoas, como uma grande “Aliança”.
As ramas verdes: Verde é a cor da esperança e da vida. Deus quer que esperemos a
sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa
vida. Na confecção da coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas
árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes,
mesmo no inverno. Os ramos verdes são sinais da vida que teimosamente resiste;
são sinais da esperança.
A fita vermelha: A cor vermelha na tradição litúrgica está ligada à cor do fogo e do
sangue. Simboliza a cor da vida, do amor e ao mesmo tempo do derramamento do
sangue, sacrifício. A nova aliança de Deus com a humanidade foi feita com amor,
doação, sacrifício e trouxe a vida plena e eterna.
As quatro velas: Uma vela para cada domingo que antecede ao dia 25 de dezembro.
Alguns registros históricos contam que a coroa de Advento surgiu em uma
instituição que abrigava crianças pobres. Inicialmente ela continha entre 22 a 28
velas, uma para cada dia do tempo de advento. Devido aos custos diminuiu-se o
número de velas.
As velas da coroa são acesas (a cada domingo mais uma), para iluminar a vigília do
Advento, a preparação para vinda da luz ao mundo. Simboliza que Jesus Cristo é a
luz do mundo. Comunica a alegria da vida que procede de Deus, aquela que vai
além dos limites que a vida no mundo impõe.

Início do Ano Litúrgico: Para a Igreja Católica no Advento inicia-se o novo ano. O
primeiro Domingo de Advento é o início do calendário litúrgico da Igreja que
organiza e determina as comemorações, as celebrações e os principais conteúdos da
vida comunitária dos católicos; por exemplo: Advento, Natal, Epifania, Paixão,
Páscoa, Ascensão, Pentecostes, Trindade, etc.
Nas celebrações, a cor litúrgica é roxa, lembrando o convite de João Batista, que
pede conversão, mudanças profundas na nossa vida:
“Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas.” (Lucas 3,4-6) As
leituras bíblicas deste tempo apresentam a figura de Isaías, João Batista e Maria que
são os modelos para nos preparar a vinda do Senhor.

Dentro da teologia e espiritualidade do Advento, os textos bíblicos falam da dupla


vinda de Cristo: a primeira, no Natal, e a segunda, na Parusia, o fim dos tempos. A
vinda de Cristo é esperada pela Igreja com oração e vigilância: “Maranata, ora Vem,
Senhor Jesus”, como São Paulo nos fala.

I Domingo – 03/12
1ª Vela: Vigiai; “Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força
para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do
Homem”. (Lc 21, 36)
A vigilância na espera da vinda do Senhor. Durante esta primeira semana as leituras
bíblicas são um convite com as palavras do Evangelho: “Vigiai e estejam
preparados, pois não sabem quando chegará o momento”. É importante que, como
uma família, tenhamos um propósito que nos permita avançar no caminho ao Natal;
por exemplo, revisando nossas relações familiares. Como resultado deveremos
buscar o perdão de quem ofendemos e dá-lo a quem nos tem ofendido para começar
o Advento vivendo em um ambiente de harmonia e amor familiar. Desde então, isto
deverá ser extensivo também aos demais grupos de pessoas com as quais nos
relacionamos diariamente, como o colégio, o trabalho, os vizinhos, etc. Esta semana,
em família da mesma forma que em cada comunidade paroquial, acenderemos a
primeira vela da Coroa do Advento, de cor roxa, como sinal de vigilância e desejo
de conversão.
Com. A luz nascente da primeira vela nos chama a refletir e aprofundar a
proximidade do Natal, onde Cristo, Salvador e Luz do mundo brilhará para a
humanidade. Lembra ainda o perdão concedido a Adão e Eva. A cor roxa nos
recorda nossa atitude de vigilância diante da abertura e espera do Senhor que virá.

II Domingo – 10/12
2ª Vela: Preparai; Como está escrito no Livro das palavras do profeta Isaías: “Esta é
a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas
veredas.” (Lc 3, 4)
A conversão, nota predominante da pregação de João Batista. Durante a segunda
semana, a liturgia nos convida a refletir com a exortação do profeta João Batista:
“Preparem o caminho, Jesus chega”. Qual poderia ser a melhor maneira de preparar
esse caminho que busca a reconciliação com Deus? Na semana anterior nos
reconciliamos com as pessoas que nos rodeiam; como seguinte passo, a Igreja nos
convida a acudir ao Sacramento da Reconciliação (Confissão) que nos devolve a
amizade com Deus que havíamos perdido pelo pecado. Acenderemos a segunda vela
roxa da Coroa do Advento, como sinal do processo de conversão que estamos
vivendo.
Com. A segunda vela acesa nos convida ao desejo de conversão, arrependimento
dos nossos pecados e também o compromisso de prepararmos, assim como São João
Batista, o caminho do Senhor que virá. Esta vela lembra ainda a fé dos patriarcas e
de São João Batista, que anuncia a salvação para todos os povos.

III Domingo – 17/12


3ª Vela: Alegrai-vos; “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos.”
(Fl 4, 4)
O testemunho, que Maria, a Mãe do Senhor, vive, servindo e ajudando ao próximo.
Na sexta-feira anterior a esse Domingo é a Festa da Virgem de Guadalupe, e
precisamente a liturgia do Advento nos convida a recordar a figura de Maria, que se
prepara para ser a Mãe de Jesus e que além disso está disposta a ajudar e a servir a
todos os que necessitam. O evangelho nos relata a visita da Virgem à sua prima
Isabel e nos convida a repetir como ela: “quem sou eu para que a mãe do meu
Senhor venha a visitar-me?
Sabemos que Maria está sempre acompanhando os seus filhos na Igreja, pelo que
nos dispomos a viver esta terceira semana do Advento, meditando sobre o papel que
a Virgem Maria desempenhou. Propomos que fomentar a devoção à Maria, rezando
o Terço em família. Acendemos como sinal de alegria a terceira vela, de cor rosa, da
Coroa do Advento.
Com. A terceira vela acesa nos convida à alegria e ao júbilo pela aproximação da
chegada de Jesus. A cor litúrgica de hoje, o rosa, indica justamente o Domingo da
Alegria, ou o Domingo Gaudette, onde transborda nosso coração de alegria pela
proximidade da chegada do Senhor. Esta vela lembra ainda a alegria celebrada pelo
rei Davi e sua promessa que, agora, está se cumprindo em Maria e Jose.

IV Domingo 24/12
4ª Vela: Celebrai “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o
que o Senhor lhe prometeu”. (Lc 1, 45)
O anúncio do nascimento de Jesus feito a José e a Maria. As leituras bíblicas e a
prédica, dirigem seu olhar à disposição da Virgem Maria, diante do anúncio do
nascimento do Filho dela e nos convidam a “aprender de Maria e aceitar a Cristo
que é a Luz do Mundo”. Como já está tão próximo o Natal, nos reconciliamos com
Deus e com nossos irmãos; agora nos resta somente esperar a grande festa. Como
família devemos viver a harmonia, a fraternidade e a alegria que esta próxima
celebração representa. Todos os preparativos para a festa deverão viver-se neste
ambiente, com o firme propósito de aceitar a Jesus nos corações, as famílias e as
comunidades. Acenderemos a quarta vela da Coroa do Advento, de cor roxa.
Com. A quarta vela marca os passos de preparação para acolher o Salvador, nossa
expectativa da chegada definitiva da Luz ao mundo. Simboliza ainda nossa fé em
Jesus Cristo, que ilumina todo homem que vêm a este mundo e também os
ensinamentos dos profetas, que anunciaram a chegada do Salvador.
Natal 25/12
O Natal, a celebração do mistério da Encarnação de Jesus , é uma festa
cristã que nos transmite profundas verdades de vida. Ao contemplarmos a gruta de
Belém, descobrimos o imenso amor de Deus que assume nossa condição humana,
vindo ao mundo para nos salvar. É Deus que se humaniza, para levar a sí o homem.
É chegada a comemoração da data magna da cristandade: o Natal de Nosso Senhor
Jesus Cristo. É o momento em que se inicia efetivamente o Mistério da Redenção, o
resgate do homem cativo, privado da graça, desde pecado dos primeiros pais. E tal é
a grandiosidade desse acontecimento que Deus foi preparando a humanidade desde
o dia em que os expulsou do Paraíso. A partir daquele instante, em que os portões se
fecharam, ou seja, em que rompeu-se a estreita ligação que tinha a criatura com o
Criador, iniciou-se o processo para resgatá-lo daquela privação, para desagravar
aquela ofensa cometida contra Deus.

E por séculos Ele preparou o seu povo, primeiro elegendo aquela casa que iria
resgatar a dignidade humana (Abrão, Isaque e Jacó) depois por meio dos ritos,
sacrifícios, figuras, símbolos (Moises), até que vieram os profetas, anunciando a
maravilha que estava por vir; “muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus
aos nossos pais pelos profetas” (Heb 1,1).
Mas é chegada a hora em que o próprio Deus encarnado é quem vem nos mostrar o
caminho e, pelo seu holocausto, resgatar-nos da culpa original. “Ultimamente nos
falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as
coisas” (Heb 1,2). E veio ao mundo o Cristo Jesus, que “por nós e pela nossa
salvação desceu do céu”, conforme professamos no Creio. “Luz para iluminar as
nações”, que Cristo veio para todos os povos e também para os hebreus, que
aguardavam o Messias prometido.
No momento em que a Santa Igreja comemora o Natal de Jesus, devemos todos
promover a propagação desta solenidade por todo o mundo. É o renascimento da
esperança da eternidade em nossos corações. Renovam-se os anseios de
fraternidade, os desejos de paz, os votos de prosperidade, no entanto esquecem-se
que nada disso provém do homem em si, se não buscar a inspiração naquele que
tudo pode e que conduz-nos pelo único caminho da salvação, que é Cristo.

No presépio de Belém busquemos os exemplos que nos assegurarão as virtudes


cristãs que nos asseguram a salvação. O estábulo, pobre, infestado por um fedor às
vezes repugnante; mas foi ele o “palácio” onde nasceu o Deus feito homem.
Quantas vezes nosso íntimo é mais fétido ainda pela corrupção da graça que nos
causa o pecado, pelos ressentimentos, pela ingratidão, pela omissão, pelo
desrespeito humano... Ainda assim, Jesus quer vir renascer em nosso coração.
Deixemo-lo, pois, pedindo a sua misericórdia.
Os pastores correram ao local, aos lhes terem sido anunciado pela corte angélica:
“Hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11).
E na sua humildade creram no que ouviram, constataram e saíram anunciando a
maravilha que viram: José, Maria e o Recém-nascido.

Do Oriente acorrem os Reis, magos que receberam o anúncio por uma estrela. Toda
a Terra e o Universo inteiro se manifestaram para anunciar a chegada do Príncipe da
Paz. Na figura daqueles três reis estão as raças que se prostravam diante do Pai dos
Séculos Futuros: o branco, o negro e o amarelo prestavam vassalagem ao Divino
Infante, que se manifesta a toda a humanidade. E ajoelhados diante da manjedoura,
o trono que nosso mundo dá ao Deus Menino, São José e Maria Santíssima, os
primeiros adoradores que contemplam aquela criancinha, olhos cerrados,
adormecida, igual a tantas criancinhas recém-nascidas. Porém, Aquele Menino “é
aquele que é eterno e cuja natureza divina não conhece mudança”, como canta o
Ofício Divino.
É o Deus que toma a natureza humana, pelo mistério da encarnação do Espírito
Santo no seio de Maria Santíssima, gerado da mais pura substância do sangue da
Virgem, tornando-se semelhante a nós. “Nasceu-nos hoje o Cristo, vinde
adoremos”, ainda ecoa o canto da Igreja. – Sejamos, a exemplo de José e Maria,
perseverantes adoradores e fiéis amantes de Nosso Senhor Sacramentado,
consolando aquele Sagrado Coração trespassado pelas injúrias dos homens e do
nosso tempo.
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HISTÓRIA DE SÃO NICOLAU (Papai noel) - Origens

Filho de família nobre e rica, Nicolau nasceu em Patara, cidade da Ásia Menor, por volta
do ano 250. Seus pais eram muito ricos e cristãos fervorosos. Desde criança Nicolau
demonstrou inclinação para a virtude, para a vida espiritual e para a caridade. Quando
jovem, não se importava com diversões e vaidades, mas preferia participar das
atividades da igreja. Já morando com sua família em Mira, desenvolveu o costume de
fazer doações anônimas, tanto em dinheiro quanto em roupas e alimentos para viúvas,
pobres e necessitados. São Nicolau foi sagrado bispo da cidade de Mira, ainda muito jovem,
por causa de sua grande sabedoria, caridade e espiritualidade.

Presentes jogados pela chaminé

Este fato ajudou a criar a figura de Papai Noel. Certa vez, um pai não tinha dinheiro para pagar os
dotes de suas três filhas. Por isso, não tinha condições de dar a elas um bom casamento e nem
mesmo alimento, naquele inverno terrível, desesperado, o homem decidiu encaminhar as três para
a servidão. Nicolau ficou sabendo dessa história e agiu. Encheu três saquinhos de moedas de ouro,
no valor dos dotes de cada uma das filhas. Depois, foi até à casa dessa família de madrugada,
subiu no telhado e jogou os saquinhos pela chaminé. Assim, ele salvou as jovens da servidão e
criou o mito do Papai Noel.
Natal: onde e quando?
Mal começo a conversa e um garoto me questiona sobre a data e o local do nascimento de Jesus.
Viu na internet uma matéria que dizia que Jesus não nasceu nem em 25 de dezembro, nem em
Belém. Arrisco-me a falar sobre o sentido cristão do Natal para uma plateia de adolescentes da
geração Google, esta que já nasceu sem pecado original. Para eles, todos os mistérios podem ser
decifrados com um click no teclado. Em não sei quantos microsegundos, eis a resposta na tela.

É duro ser professor de Religião em tempos de Wikipédia...

Convido-os a fazer uma roda, sento-me ao lado deles, ficamos do mesmo tamanho e começo o
que quer ser uma prosa sobre o espírito do Natal.

- Olha, meninada, em tudo podemos buscar a coisa e o espírito da coisa. Vamos, primeiro,
à “coisa”.

Quanto à data de nascimento de Jesus, a reportagem certamente tem razão. Jesus de Nazaré não
nasceu no dia 25 de dezembro. Esta data foi uma apropriação do cristianismo quando se integrou à
cultura romana, vivendo um processo de sincretismo religioso semelhante ao experimentado,
séculos depois, pelos escravos africanos, obrigados a camuflar seus deuses tribais entre os santos
católicos.

- O que é sincretismo, professor?

- É misturar e fundir elementos de diferentes culturas, no caso, de diferentes religiões. Mas eu


dizia que sobre a data real do nascimento de Jesus sabemos muito pouco. Afinal, a Bíblia não é
um livro de História, nem de Ciências. É um livro de fé. Os evangelhos, por exemplo, não são uma
biografia de Jesus. Eles trazem apenas informações e um ou outro detalhe que ajudam a
compreender a mensagem do Mestre, a sua Boa Nova. Ela é o foco da narrativa. Mesmo assim,
aqui e ali podemos pinçar alguma coisa.

No ano 274 da era cristã o Imperador Aureliano proclamou o 25 de dezembro, como o Dia do
Nascimento do Sol Invencível. É que neste período acontece, no hemisfério norte, o solstício do
inverno, que vem a ser a noite mais longa do ano. Mesmo assim, o sol nasce e vence as trevas,
fazendo brilhar sua luz sobre todos. Era a festa do Deus Sol Invictus!

Por volta do ano 312 d.C. o imperador Constantino converteu-se ao Cristianismo e o elevou à
categoria de religião oficial do Império Romano. Acelera-se o processo de sincretismo, de
inculturação cristã no universo pagão.
Ora, se durante o mês de dezembro celebravam-se as grandes festas pagãs, inclusive a Festa do
“Deus Sol Invictus”, que vence as trevas e brilha sobre todos, nada mais significativo e adequado
que dar-lhe uma roupagem e significado cristão. Afinal, é o próprio Jesus que diz: “Eu sou a Luz
do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida”. No prólogo do seu
evangelho, João diz: “Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens... Era a luz verdadeira
que ilumina todo homem que vem a este mundo...” Simples assim: “A ADEMG informa: sai a
festa do deus Sol, pagão, entra a festa do Filho de Deus, Jesus, cristão”.

E nasce o Natal.

- Mas e a outra “coisa”, o lugar onde Jesus nasceu?

Todas as profecias do Primeiro Testamento apontam para a pequena cidade de Judá, que é Belém.

Mas, na verdade, o onde e quando são detalhes acidentais. O essencial é saber o porquê Jesus
nasceu...

- Tá bom, vamos lá ao “espírito da coisa...”

- É a melhor parte. Buscar e contemplar o “espírito do natal” nos permite


perguntar quando e onde Jesus nasceu de outra forma. Aí, quem sabe, encontraríamos diferentes
respostas...

Maria sua mãe, talvez nos dissesse:

- Jesus nasceu numa tarde em que eu estava sozinha, em minha casa, em Nazaré da Galileia. Eu
rezava. Senti, então, uma luz que brilhava em mim e à minha volta. E um mensageiro de Deus
falou ao meu coração. Desde então, nunca mais me vi ou me senti só. Ele estava e está em mim.
Mas não o guardei comigo. Eu o ofereci de presente ao mundo e aos homens...

José, esposo de Maria, responderia, quem sabe, assim:

- Jesus nasceu, para mim, numa noite de sono atribulado, de pesadelos que torturavam o meu
coração. Então o vi no olhar suave de Maria, minha noiva, no seu sorriso doce, na sua fidelidade
ao Pai. Quando a abracei, Ele nasceu em mim.

Um grupo de pastores, em Belém, diria: - Jesus foi, primeiro, uma estrela no céu. Mas o desejo
da sua vinda já brilhava em nosso coração...

Os magos confirmariam: - Seguimos a estrela que anunciava a chegada de um rei. Encontramos


um menino pequeno e frágil, seu pai e sua mãe, ambos simples e pobres. Jesus nasceu, para nós,
num momento de surpresa, num lugar chamado simplicidade...

Os amigos de infância de Jesus, entre risos, afirmariam: - Jesus nascia todos os dias, nas
brincadeiras, na amizade, na alegria. Ele era, sempre, um companheiro, um amigo. Quando
estava conosco era um renascimento.

João Batista contaria seu segredo: Meu coração exultou de alegria e me senti, de novo, criança,
no ventre de minha mãe...

Pedro daria o seguinte depoimento: - Ele apareceu às margens do lago e não entendia nada de
pescaria. Mas chamou a mim e meus amigos para segui-lo e sua voz fez nascer em minha alma
uma sede que só ele podia saciar. Deixei tudo e, naquele dia, nasceu Pedro.
E assim, por quase dois mil anos de História podemos colher insistentes relatos de “nascimentos
de Jesus” em lugares, circunstâncias e tempos mais extraordinários... ou comuns. Das formas mais
diversas. Parece que todo ser humano sobre a face da Terra tem seu momento de vislumbre, sua
“visão”, seu natal. E ele, quando acontece em profundidade, é decisivo. É capaz de mudar o rumo
de uma vida. É capaz de dar sentido a gestos que só podem ser entendidos por aqueles que vivem
grandes paixões.

Por isso, ao longo do Tempo e da História, poderíamos perguntar a todos e a cada um, quando e
onde lhe nasceu Jesus.

E para você, meu irmão querido, minha irmã amada, quando e onde lhe nasceu Jesus?

Eduardo Machado - Professor de ensino religioso e escritor em Belo Horizonte-MG

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