dos galhos retorcidos sofrendo acima com piscadas de néon imponente A cidade não percebeu, apesar de ter parado, mas parou de tanto desenvolvimento explodido Explosões sensitivas furando os vidros, varando as carnes sujas de civilização Todos ensandecidos, crivados de crueldade mentirosa, servil, que passa impune Mas meu corpo renega e se lança aos galhos, ainda que parado, estático Afinal os estrondos de silêncio que a alma se perde não são criados para nós, mas nos servem Os galhos expandiam por sobre as cabeças, os aços, os moldes, todos retorcidos e belos Não há beleza na imperfeição? Como se não houvesse singularidade na pluralidade... Cada caminho que ramifica em mil, sou eu mesmo refestelado no estofado, sem entender, mas percebendo como as luzes se fundem agradavelmente É talvez um caminho de rato, pequeno, que ninguém nota, mas se feito à revelia nunca deixa de desembocar no universo Os galhos cobriam de uma visão aérea, de um mundo grandiloqüente, mesmo que tudo corra em pedaços atomísticos de fruição É como dançar em público, ninguém impede, mas ninguém o faz, por vergonha ou medo dos olhos Assim o poeta, ninguém o impede de sentir e expressar, mas não o faz em público, querendo produzir só Esses caminhos solitários embaixo de galhos retorcidos, formam o que quase não se dá valor, porém imperioso por si O poema, recluso na rua escondida, no corpo maltrapilho, na farsa do riso forçado da moça, sucedendo ao insucesso da travessia Porém a mera tentativa de caminhar com olhares naturais torna tudo mais ambicioso e grave Provável que a tentativa seja frustrada, mas ainda assim foi majestosa enquanto tal, ou melhor, “infinita enquanto durou” Durável é a sensação da noite sobre a árvore, relegada ao canto da rua para não atrapalhar Entretanto atrapalhados estamos nós, rumando sem sentido, por caminhos mais cheios e aparentemente venturosos A sabedoria da tristeza indica que a ventura é farsa, algo burlesco como um tartufo Os bufões preenchem os dias, servem para consternar aqueles que prezam pela verdade, mas são indispensáveis para se rir O poeta ri de tudo, um riso ferino, de escárnio, agudo, que por vezes não se controla, porém a culpa é da gravidade do ambiente Tudo parece acinzentado, meio excluído, ainda que pertencente, e provável que isso se deva ao caminho de rato Sou o rato, sou o fato, sou o tato, sou o gato, que nessa noite pulou nas sensações improváveis dos galhos Os galhos? Foram-se com a chegada do dia, mas retomarão rotineiramente como aquele que por ali passa... É o tempo meio frio que faz arder as sensibilidades, coisas desvaloradas de um poeta sem razão