Os Olhos

Se ao se imaginar a cadeira
Se imagina a sala inteira,
Não é de se espantar
Que eu te imagine junto ao mar,

Pois, se você é o meu mundo,

Não poderia ter ao fundo
Algo menos belo do que o mar
Para se refletir no seu olhar

Já deste último eu falo pouco

Pois ou de tanto falar já fiquei rouco
Ou a falta de palavras me deixa louco:

Seu olhar fala por si

E também fala por ti
Como nenhuma palavra faria
Ou nenhuma boca diria

Olhem para mim

Ou para outro alguém,
São lindos mesmo assim
E tem sorte quem os tem.

Não há para eles metáfora

Ou filósofos na ágora
Capazes de explicá-los

Deixo, então, as palavras de lado

Enquanto meu pensamento é inundado
Pelo mar verde dos seus olhos
E assim sonho acordado
Eternamente Os Olhos

Como velhos ossos quebrados doem quando faz frio,

Me lembro dela quando leio um romance
E essa dor é ainda mais forte
Por saber que está fora de alcance.

Tudo não passou de sorrisos

E conversas jogadas fora
De quando fomos grandes amigos
E conservo tudo na memória.

Lembro como se fosse ontem

Que chamava de sol esses olhos tão belos.
Lembro deles como se fosse ontem
E os guardarei na memória eternos,

Verdes, verdes, verdes...

Azuis, às vezes.
Sonhei com eles diariamente
E ainda sonho, às vezes.

Não me importa o que teria sido,

O que eu lhe teria oferecido...
Na verdade não me importa mais muita coisa.
Só poderia ter sido você
E eu não aceitaria nenhuma outra coisa.