Carnaval

Passou um desfile de máscaras

e agora me pergunto: “e o amor?”
Toda aquela emoção
todo aqueles lapsos?

Eram memórias partidas

agora sentidas
Como o riso fácil
das máscaras?

E o que esconderam?
Que estrelas deixaram?
O céu era possível?
A dança guardava o quê?

Havia ainda porquê?

Lamentava o tempo
Ou sorria o acaso?
Graves rostos vestidos

A dúvida ficava
depois de toda exibição
Como o rabo
após o cortejo do pavão

Até desentender
o reino das emoções
E me fazer artista
a ponto de nem sentir

Haviam dito do amor

que jamais caísse
Pois nele a doença
faz chaga até na máscara

A força bruta
ferrosa e de mármore
Gritava a todos
os passantes

Chamava um tolo
ou um rei momo
Para se desiludir
com a própria dor

E cansado, após dançar

o carnaval sensível
Descobri do amor
apenas o fim

Assim, meio sem querer

entre desfiles fluídos
Percebi que o amor
é o fim do carnaval