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Insper

Master Business Administration 58

Herbert Meyerhof

Maximização da oferta de Unidades de Serviço responsáveis pelo primeiro


atendimento do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
na Cidade de São Paulo.

São Paulo

2019
2

Herbert Meyerhof

Maximização da oferta de Unidades de Serviço responsáveis pelo primeiro


atendimento do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
na Cidade de São Paulo

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao programa de MBA como
requisito parcial para a obtenção do título de
pós-graduado em MBA.

Orientadora: Prof.ª. Adriana Bruscato Bortoluzzo.

São Paulo
2019
3

Meyerhof, Herbert

Maximização da oferta de Unidades de Serviço básicas do Corpo de Bombeiros da


Polícia Militar do Estado de São Paulo na Cidade de São Paulo.

Herbert Meyerhof – São Paulo, 2019.

54 f.

TCC – Insper, 2019

Orientador: Adriana Bruscato Bortoluzzo

1. Pesquisa Operacional 2.Corpo de Bombeiros 3.Sistema de Emergência 4.


4

INSPER INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA

Herbert Meyerhof

Turrma MBA 58

Maximização da oferta de Unidades de Serviço básicas do Corpo de


Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo na Cidade de São Paulo

O aluno cumpriu todos os requisitos


necessários para a elaboração do Projeto
Aplicado, estando, portanto, APROVADO.

São Paulo, ___ de novembro de 2019.

Orientador: Profª. Adriana Bruscato Bortoluzzo.

São Paulo

2019
5

À Ellen, esposa amada, pelo amor e


companheirismo dedicados a mim nas
horas mais necessárias.
Ao Max, quem me transformou em pai
nesta vida, pela bondade e coragem que
me inspiram diariamente.

À Lara, menina do papai que une a família,


pelo conforto e felicidade que seus olhos
me dão todos os dias.

À Marilyn, mãe guerreira, pela inspiradora


capacidade de se reinventar na vida.
6

Agradecimentos

Aos amigos, colegas e companheiros de jornada nessa renomada Instituição de


Ensino, pela troca de experiências e convívio harmonioso.

À minha Orientadora Prof.ª. Adriana Bruscato Bortoluzzo, pela dedicação,


lucidez e acolhimento durante a construção do trabalho.

À Prof.ª Leni Hidalgo Nunes, construtora da ponte que me permitiu concluir essa
travessia.

A todos os professores do Insper que colaboraram com meu crescimento


pessoal e profissional: não há nada mais nobre e importante na vida do que
ensinar.

Aos colaboradores de todo o Insper, pelo acolhimento, pelas orientações e pela


construção de tão renomada Instituição: pessoas fazem uma empresa, mas
pessoas comprometidas, boas e capacitadas mudam o mundo através da
empresa.

À Polícia Militar do Estado de São Paulo e seus integrantes, por tudo que
representa direta e indiretamente em minha vida, inclusive o acesso ao Insper.

Ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo e seus


integrantes, pela dedicação incansável em fazer o bem, não importando a quem,
e pelas oportunidades que me deu ao longo da vida em me aperfeiçoar como
ser humano.
7

“Podemos facilmente perdoar uma


criança que tem medo do escuro; a real
tragédia da vida é quando os homens têm
medo da luz.”

Platão
8

Resumo

O presente trabalho se propõe a analisar e definir um modelo de decisão,


baseado em programação linear, que permita distribuir os recursos de primeiro
atendimento na Cidade de São Paulo, a fim de melhorar a eficiência do Sistema
de atendimento à emergência administrado pelo Corpo de Bombeiros da Polícia
Militar do Estado de São Paulo.

Palavras-chave: 1. Corpo de Bombeiros 2. Sistema de Emergência 3.Pesquisa


Operacional
9

Abstract

This paper aims to analyze and define a decision model, based on linear
programming, that allows the distribution of first aid resources in the city of São
Paulo, in order to improve the efficiency of the emergency service system
administered by the Fire Department of the São Paulo State Military Police.

Keywords: 1. Fire Department 2. Emergency System 3.Operational Research


Lista de Ilustrações

Figura 1 - Desempenho de cada fase de atendimento a uma emergência. ..... 14


Figura 2 - Demanda de Emergências na Cidade de São Paulo. ..................... 17
Figura 3. Distribuição das EB na Cidade de São Paulo ................................... 23
Figura 4 - Rede de cobertura entre as EB na Cidade de São Paulo................ 27
Figura 5 - Diagrama de Voronoi dos TEBs .................................................... 46
Figura 7 - Cobertura obtida pela triangulação Delaunay após correção .......... 47
Figura 6. Triangulação Dalauney sem correção. ............................................. 47
11

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Indicadores de Produtividade do Corpo de Bombeiros. .................. 15


Tabela 2 - Faixas de demanda de emergências do CBPMESP na Capital. ..... 18
Tabela 3 - Efetivo e Unidades de serviço disponíveis para o SAE na Capital. 20
Tabela 4. Máximo de Unidades de Serviço, por tipo e por GB, disponíveis. .... 22
Tabela 5 - USv necessário para a Dh por TEB, para 80% de disponibilidade. . 32
Tabela 6 - Resultado e definição de USv para a baixa demanda. ................... 35
Tabela 7 - Resultado de USv para o horário intermediário. ............................. 35
Tabela 8 - Resultado de USv para o horário de pico. ...................................... 36
Tabela 9 - Viaturas necessárias por tipo e por GB. ........................................ 36
Tabela 10 - Distribuição de USv tipo UR, com efetivo dividido por turnos. ...... 37
Tabela 11 - Distribuição de USv tipo AB, com efetivo dividido por turnos........ 38
Tabela 13 - Estimativa de emergência por faixa horaria em cada TEB. .......... 44
Tabela 14 - Tempo de empenho de um USv em cada TEB. ........................... 45
Tabela 16 - Cobertura dos TEB pelas EB após correção. ............................... 48
Sumário

1. Introdução 13

1.1. O atendimento do Corpo de Bombeiros no Estado de São Paulo. 13

2. A demanda de emergências na Cidade de São Paulo. 17

2.1. Organização do SAE pelo Corpo de Bombeiros na Cidade de São


Paulo. 19

2.1.1. Visão geral 19

2.1.2. Recursos Tangíveis: 20

2.1.2.1. Pessoas 20

2.1.2.2. Transporte 21

2.1.2.3. Instalações Físicas 22

2.1.3. Território 23

2.2. Processo do sistema de atendimento às emergências. 24

3. MODELAGEM MATEMÁTICA 26

3.1. Unidades de Serviço 26

3.2. Estações de Bombeiro e seu Território: 27

3.3. Demanda: 29

3.4. Efetivo: 33

4. DISCUSSÃO: 34

4.1. Etapas 1 e 2 - Horário de baixa demanda: 34

4.2. Etapas 3 , 4 e 5 - Horário de demanda intermediária: 35

4.3. Etapas 6, 7 e 8 – Horário de alta demanda 35

5. Conclusão 39

Referências 41

Anexo A – Dados e Informações sobre EB e TEB 43


13

1. Introdução

1.1. O atendimento do Corpo de Bombeiros no Estado de São Paulo.

O serviço de bombeiro no Brasil está sob a responsabilidade dos Corpos


de Bombeiros Militares segundo a Constituição Federal de 1988 em seu artigo
144 e o Decreto no 88.777, de 30 de setembro de 1983, em especial também
em seu Art. 144. Porém a regulação termina na subordinação e nas condições
necessárias para que os Corpos de Bombeiros Militares existam, não abordando
nenhum outro requisito relacionado à operação dos serviços. Assim sendo, cabe
à Instituição de cada Unidade Federativa parametrizar seus serviços, o que não
permite estabelecer comparações mais profundas entre cada uma das
organizações, acabando por gerar padrões únicos de distribuição e execução do
serviço em cada estado brasileiro.

O Estado de São Paulo organizou os seus serviços de bombeiro com a


Lei nº 616, de 17 de dezembro de 1974, que estabelece em linhas gerais a
finalidade do Corpo de Bombeiros da Policia Militar (CBPMESP), com a Lei
Complementar nº 1.257, de 06 de janeiro de 2015, que reforça a autoridade da
Instituição e dá as linhas gerais dos sistemas a serem gerenciados, com o
Decreto nº 63.911, de 10 de dezembro de 2018, que organiza o sistema de
segurança contra incêndios em edificações e com Decreto nº 63.058, de 12 de
dezembro de 2017, que “regulamenta o Sistema de Atendimento de
Emergências (SAE) no Estado de São Paulo”, definido alguns parâmetros para
a implementação e organização geral desse serviço, objeto desse trabalho.

O SAE tem como principal objetivo a redução de danos, quer seja de vidas
humanas ou de patrimônio privado, público ou do meio ambiente, sendo que sua
operação segue o mesmo padrão em todo o Estado de São Paulo, em qualquer
um dos 174 municípios onde existe hoje uma instalação do CBPMESP, podendo
ser resumida no artigo 6º do Decreto Nº 63.058, de 12 de dezembro de 2017:

Artigo 6º - O Sistema de Atendimento de Emergências observará as


seguintes etapas:

I - planejamento da resposta às emergências;


14

II - recebimento dos chamados emergenciais;

III - mobilização dos recursos humanos e materiais para resposta às


emergências;

IV - implantação do Sistema de Comando;

V - intervenção operacional;

VI - desmobilização dos recursos humanos e materiais empenhados;

VII - avaliação do atendimento.

As etapas por si só são mensuráveis e permitiriam uma parametrização


do serviço, sendo equiparadas ao encontrado na literatura internacional, em
especial a normatização da National Fire Protection Association (NFPA) (Figura
1), porém não há qualquer parametrização na legislação ou em normas
regulamentadoras para tais etapas no Estado de São Paulo.

Figura 1 - Desempenho de cada fase de atendimento a uma emergência.

Fonte: NFPA 1710 (2019).

Mesmo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP)


acompanha os serviços prestado pelo CBPMESP através de indicadores de
produtividade, conforme compilado anual na Tabela 1 extraído da página da
15

intranet daquele Órgão, sendo que os dados são coletados de sistemas internos
da Instituição e enviados secretaria mensalmente e têm como análise a
integralidade do Estado de São Paulo.

Tabela 1 - Indicadores de Produtividade do Corpo de Bombeiros.

Fonte: http://www.ssp.sp.gov.br/estatistica/corpobombeiro.aspx, ano de 2019 .

Para que o SAE pudesse ter o mínimo de parametrização, o Comando do


Corpo de Bombeiros (CCB), em seu planejamento estratégico referente ao
período de 2017 até 2020 definiu as seguintes ações para atingir o objetivo
estratégico de aperfeiçoamento do SAE:

a) manter percentual de efetivo em atividade operacional;


b) manter o máximo da força operacional de viaturas atuando
diariamente
c) diminuir o tempo de deslocamento para atendimento emergencial em
área urbana

Apesar dos indicadores de desempenho para cada uma das ações não
terem sido descritos, o Artigo 7º do Decreto nº 63.058, de 12 de dezembro de
2017 traz algumas premissas para a organização do Sistema de Atendimento às
Emergências, sendo elas a população residente, a população pendular, a
demanda de ocorrências e riscos específicos. Com tais premissas há uma
possibilidade de dimensionamento do serviço nas cidades paulistas pois muitos
dos dados apresentados estão à disposição do público em geral em páginas
oficiais do governo e das prefeituras na Internet.
16

Além disso, tanto a Polícia Militar do Estado de Sâo Paulo (PMESP)


quanto o CBPMESP coletam dados de seus atendimentos e os disponibilizam
para o público interno e externo (este último mediante solicitação pelo SAC nas
páginas oficiais das Instituições na Internet) que podem contribuir com uma
análise mais detalhada como o atendimento às emergências nas cidade e para
a construção de um modelo de distribuição de recursos.

No Capítulo 2 pretende-se explicar o Sistema de Atendimento às


Emergências (SAE) do Estado de São Paulo e definir seu principais
componentes dentro da Cidade de São Paulo propondo uma dependência entre
eles .

No Capítulo 3 há a construção do modelo matemático para parametrizar


a oferta de serviço do CBPMESP na Capital, com base no entendimento do SAE
e na dependência dos componentes necessários para materializar essa oferta.

Já o Capítulo 4 organiza os dados após a aplicação do modelo, propondo


uma distribuição dos recursos para o atendimento básico na Capital do Estado
de São Paulo.

Por fim , o Capítulo 5 pretende discorrer sobre os caminhos escolhidos


pelo autor , as complementações necessárias e as conclusões que podem
apoiar uma tomada de decisão dentro do SAE na Cidade de São Paulo.
2. A demanda de emergências na Cidade de São Paulo.

O objeto de estudo deste trabalho, o dimensionamento do SAE


gerenciado pelo Corpo de Bombeiros da PMESP na Cidade de São Paulo, leva
em consideração dados georreferenciados dos sistemas COPOM Online da
PMESP e SDO do CBPMESP.

Ao ser verificada a distribuição da demanda das emergências na Capital


do Estado tem-se a convicção de uma demanda constante em razão da hora em
que aconteceu, como demonstra a figura 2, que ressalta horário de alta e baixa
demandas no atendimento realizado pelo Corpo de Bombeiros.

Figura 2 - Demanda de Emergências na Cidade de São Paulo.

10000

9000

8000
TOTAL DE EMERGÊNCIAS

7000

6000

5000 2017

4000 2018
2016
3000

2000

1000

0
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Horas do Dia

Fonte: SIOPM (2019).

Já a tabela 2 organiza as faixas de atendimento das emergências,


indicando a concentração de aproximadamente 56% da demanda em uma faixa
de 9 horas do dia e 74% em uma faixa com 14 horas. Tal organização permite,
independente de saber a hora de determinado fato, dimensionar a oferta de
serviço dada a demanda total de emergências atendida ou projetada para aa
cidade.
18

Tabela 2 - Faixas de demanda de emergências do CBPMESP na Capital.

Fonte: COPOM ONLINE ( 2019).

A frequência de emergências distribuídas por hora é percebida em


qualquer ano, mês ou dia em que se analisam os dados, sendo que o
agrupamento por anos estabelece uma padrão que permite a tomada de decisão
na dimensão estratégica.
19

2.1. Organização do SAE pelo Corpo de Bombeiros na Cidade de São


Paulo.

2.1.1. Visão geral

O CBPMESP tem sua organização territorial regulamentada pelo Decreto


nº 63.784, de 08 de novembro de 2018, sendo que em seu Art. 25 estabelece 4
Grupamentos de Bombeiros (GB) como unidades sediadas na Capital. Para fins
de comparação, um Grupamento de Bombeiro é o equivalente a uma unidade
de negócio, ficando ao seu comandante a responsabilidade pela operação do
serviços destinado àquela área territorial, em especial os recursos para o SAE,
sendo que os relevantes para esse estudo são definidos abaixo:

a) Estações de Bombeiro (EB) são as instalações administradas pelo


CBPMESP de onde saem as Unidades de Serviço (USv) para o
atendimento às emergências. Na Capital existem 39 EB de onde podem
sair recursos para o atendimento emergencial da cidade.
b) Unidade de Serviço (USv) é o conjunto de recursos humanos e materiais
que é acionado para uma emergência (Ex: um caminhão com
equipamentos e equipe de bombeiros embarcada);
c) Auto Bomba (AB) é a USv que tem a capacidade de extinguir incêndios
pequenos e médios, realizar salvamentos em locais de difícil acesso e
realizar atendimentos iniciais em vítimas de qualquer natureza;
d) Unidade de Resgate (UR) é a USv com capacidade de realizar o
salvamento de vidas humanas em locais de fácil acesso, manter o suporte
básico à vida e transportar a vítima até um hospital;
e) Efetivo: é a quantidade de pessoas sob responsabilidade do Comandante
do GB que realizará as ações atribuídas por lei dentro da área territorial
definida do GB. È definido em normatização interna na PMESP, sendo
que cada Estação de Bombeiros tem um número estipulado de pessoas
para executar tais ações.
f) Viatura (VTR) é o caminhão que compõe uma USv, transportando o
efetivo e os materiais necessários para o atendimento a uma emergência.
20

2.1.2. Recursos Tangíveis:

2.1.2.1. Pessoas

Assim como toda a PMESP, os GB da Capital possuem variações


significativas de recursos humanos, principalmente pela inconstância na
contratação de efetivo, uma vez que o efetivo fixado por lei do CBPMESP
permanece o mesmo há mais de 20 anos e há uma forte correlação entre
população e ocorrências emergenciais. Tais variações influem diretamente na
disponibilização das Unidades de Serviço para o atendimento emergencial, pois
tanto os ABs quanto as URs precisam de 3 componentes para operarem por
turno de serviço.

A Tabela 3 resume a quantidade de efetivo disponível em agosto de 2019


para a composição das Unidades de Serviço após compilação e organização dos
dados dos sistemas de recursos humanos e quadros particulares de organização
da PMESP.

Tabela 3 - Efetivo e Unidades de serviço disponíveis para o SAE na Capital.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Convém esclarecer que o recurso humano destinado à atividade de


suporte ao GB foi excluído da contabilização pois é responsável pelas atividades
de planejamento, logística, comunicação social, administração de pessoal e,
eventualmente, financeira. Os afastamentos relacionados a cursos e
21

treinamentos fazem parte da estratégia de capacitação do CCB, e os


afastamentos considerado como sendo outros são os relativos ao efetivo que
está em processo de passagem para a reserva, afastamentos médicos e até
judiciais.

Importante registrar que o regime de trabalho mais utilizado pelo Corpo


de Bombeiros é o de 24 horas de trabalho por 48 horas de descanso, com a
possibilidade de remuneração extra, durante as 48 horas de descanso, ao
compor Unidades de Serviço extras, em turnos de 8 horas, porém tal aumento
de oferta não tem como regra o ajuste à curva de demanda. Há também algumas
equipes que operam no regime de 12 horas de trabalho por 36 de descanso.

Em qualquer opção de turnos de serviço, há de se considerar que para


cada Unidade de Serviço operando, o total de efetivo é aquele necessário para
a soma de todos os turnos daquela unidade de serviço.

2.1.2.2. Transporte

Para que o CBPMESP possa atender às emergências, há a necessidade


de que caminhões adaptados para o serviço estejam sempre em condições de
operação nas EBs distribuídas pela Capital. A gestão de frota é uma caso a parte
pois demanda o empenho não só de um pessoal de suporte específico quanto a
gestão de contratos de terceiros e a manutenção de um programa de
manutenção preventiva anual para todos os motoristas, levando-se em conta
que o desgaste de uma frota que se desloca exigindo sempre o máximo do
equipamento é bem superior a qualquer outro tipo de serviço rodante.

Porém há a necessidade de estabelecer um mínimo de recursos para que


a operação seja ininterrupta, com recursos extras disponíveis para o pronto
emprego quando eclodem grandes ocorrências ou quando há aumento de
demanda, como evidenciado na figura 2.

A frota do Corpo de Bombeiros é dividida por tipos de caminhões,


conforme sua função dentro do SAE. Os caminhões considerados primordiais
para o sistema são os chamados de Auto Bomba (AB e Unidade de Resgate
22

(UR) , sendo que a faixa de população da Capital estabelece em normas internar


pelo menos 01 AB e 01 UR por Estação de Bombeiro.

A Tabela 3 demonstra o total de caminhões, por tipo, que podem ser


empregados simultaneamente sem comprometimento da reserva estratégica
mantida para a manutenção da frota.

Tabela 4. Máximo de Unidades de Serviço, por tipo e por GB, disponíveis.

Fonte: COPOM ON LINE da PMESP.

2.1.2.3. Instalações Físicas

As instalações físicas denominadas Estações de Bombeiro são em


número de 39 na cidade de São Paulo e concentram s recursos e as atividades
de apoio necessárias para a operação do sistema. Dentre os processos que
ocorrem dentro dos imóveis destacam-se a conferência e manutenção de
materiais para o atendimento às emergências, a recepção das chamadas para
as Unidades de Serviço estacionadas, a alimentação do efetivo, a troca de roupa
e as atividades relacionadas a higiene pessoal e eventuais descansos quando o
turno de trabalho é de 24 horas.

A distribuição das Estações de Bombeiro está destacada na Figura 3, bem


como o nome utilizado para fins desse estudo, o bairro em que se encontra e
sua localização geográfica no sistema de coordenadas WGS 84.
23

2.1.3. Território

Cada EB possui uma área territorial de responsabilidade, sendo que


quando uma emergência é noticiada, se a Estação de Bombeiro possuir uma
USv disponível para o atendimento esta é imediatamente acionada para o
atendimento.

Porém, é comum a notificação de uma segunda ou terceira emergência


na mesma área territorial, sendo que os recursos disponíveis mais próximos, em
especial os das EB lindeiras, sejam acionados para o atendimento, com a
consequência direta de deixar o território sem recurso disponível.

Figura 3. Distribuição das EB na Cidade de São Paulo


24

2.2. Processo do sistema de atendimento às emergências.

O CBPMESP gerencia o SAE na cidade de São Paulo através de uma


central de operações de bombeiros (COBOM), responsável pelas ações
recebimento dos chamados emergenciais e a mobilização dos recursos
humanos e materiais disponíveis no momento, ficando a cargo das Unidades de
Serviço destacadas para o atendimento emergencial a implantação do sistema
de comando, a intervenção operacional propriamente dita e a desmobilização
dos recursos humanos e materiais empenhados.

O empenho da USv é iniciado na mobilização feita pelo COBOM e se


encerra na sua desmobilização realizada in loco, caso não haja vítimas na
ocorrência, ou no hospital, no caso das Unidades de Resgate que transportaram
as vítimas. O registro do atendimento é feito em dois sistemas distintos, sendo
que o COBOM utiliza o Sistema de Informações Operacionais da PM e as
Unidades de Serviço o Sistema de Dados Operacionais, sendo que para cada
ocorrência o número identificador é individualizado, porém o mesmo para amos
os sistemas, permitindo assim a complementação de dados entre eles.

Pode-se afirmar então que o acionamento de uma Unidade de Serviço


para uma emergência se dá em função do tipo e da disponibilidade desse
recurso o mais próximo possível da localidade da emergência. Por sua fez a
disponibilidade da USv dar-se-á em função da disponibilidade de efetivo dentro
dos limites estipulados para cada uma das Estações de Bombeiro e de
Caminhões adaptados e disponíveis para atuação dentro da área de
abrangência de um Grupamento de Bombeiros.

Também é correto afirmar que quanto mais emergências em um território


coberto por uma estação de bombeiros, mais USv são necessárias para suprir a
demanda.

Evidente que o tempo resposta, ou seja, o tempo necessário para que


uma Unidade de Serviço chegue ao local da emergência após seu acionamento,
é importante para a solução positiva da emergência, porém não há normatização
recepcionada pela legislação descrita neste capítulo que o estabeleça, mas é de
se esperar que quanto mais recurso houver próximo à demanda, menor r será o
25

tempo de deslocamento genérico requerido pelo planejamento estratégico do


CCB.

Sendo assim tem-se a Unidade de Serviço (USv) disponível com as


seguintes dependências:

𝐔𝐒𝐯𝐝 = 𝐄𝐅 𝐝, 𝐕𝐓𝐑𝐝 , 𝐄𝐁 𝐞, 𝐄𝐌𝐆𝐚 𝐨𝐮 𝐞 (1)

Sendo:

USvd: Total de Unidades de Serviço disponíveis

EFd: Total de Efetivo Disponível

VTRd: Total de viaturas disponíveis, sendo dos tipos AB e UR

EBd: Estações de Bombeiros Existentes

EMGa ou e: Emergências Atendidas ou Estimadas

Será adotado que os materiais necessários ao atendimento à emergência


estão disponíveis em quantidade suficiente nas viaturas respectivas.
3. MODELAGEM MATEMÁTICA

3.1. Unidades de Serviço

Como visto anteriormente, a Unidade de Serviço é um conjunto de


recursos humanos (efetivo) e materiais (caminhão e equipamentos) para realizar
um conjunto de ações durante o atendimento a uma emergência, sendo que para
cada turno de serviço há uma ou um rol de tipos de USv pré designados. As USv
principais são o Auto Bomba (AB) e a Unidade de Resgate (UR). Cada uma das
estações de Bombeiros é inicialmente dimensionada para operarem com 01 AB
e 01 UR, porém, dadas as dependência listadas na fórmula (1), podem ser
necessárias mais ou menos USv de cada tipo em cada localização apresentada
na Figura 3.
Sendo assim, tem-se que a função objetivo do problema apresentado é a
maximização da oferta de USv do tipo AB e do tipo UR na Capital do Estado de
São Paulo no horário estipulado como sendo o de maior demanda, podendo ser
assim representada:

𝐸𝐵
𝑍 = 𝑚𝑎𝑥 ∑ 𝑈𝑆𝑣𝐴𝐵,𝑈𝑅 (2)

Convém acrescentar algumas restrições para as Unidade de Serviço,


como segue:

• somente os tipos AB e UR serão maximizados ou minimizados:

USv =AB,UR (3)

• somente números inteiros, a partir do zero, são admitidos nessa


função, pois não pode ser fragmentada:

𝑈𝑆𝑣 ∈ 𝑍 + (4)
27

3.2. Estações de Bombeiro e seu Território:

Para determinar a quantidade máxima de possibilidades de recursos a


serem utilizados (oferta) em cada território, foi feito um diagrama de Voronoi e
uma triangulação de Delaunay para determinar quais Estações de Bombeiro
(EB) podem atender qual território, e um terceiro diagrama, sobrepondo e
corrigindo distorções dos diagramas, que não levam em consideração barreiras
urbanas existentes (rodovias, parques, represas, etc.). Os mapas de diagrama e
triangulação encontram-se no anexo sendo que a Figura 4 resume o resultado
da rede definida para o estudo, bem como o Território de cada Estação de
Bombeiro (TEB).

Figura 4 - Rede de cobertura entre as EB na Cidade de São Paulo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tal rede evidencia as primeiras restrições do modelo proposto, uma vez


que o Território de cada uma das Estação de Bombeiros (TEB) só terá sua
28

demanda suprida pelo conjunto ou grupo de Unidades de Serviço das Estações


de Bombeiros que atendem o TEB.

𝑇𝐸𝐵 𝑥 = 𝐴𝐵, 𝐸𝐵 𝑥 + 𝑈𝑅, 𝐸𝐵 𝑥 (5)

Outra restrição é a quantidade de viaturas disponíveis para a distribuição,


uma vez que os recursos são distribuídos por Grupamento de Bombeiros, são
limitados e conhecidos. Importante frisar que um Grupamento de Bombeiros
(GB) é responsável por um conjunto determinado de Estações de Bombeiro,
sendo assim:

𝐸𝐵 𝑥 ∈ 𝐺𝐵 𝑥 (6)
𝐺𝐵𝑥 𝑥
𝑈𝑆𝑣 𝐸𝐵 ≤ 𝑈𝑆𝑣 𝐺𝐵 (7)

Em anexo encontra-se a lista completa das restrições relativas à cobertura


de cada TEB, sendo que abaixo é exemplificada a restrição de um único TEB.

𝑇𝐸𝐵111: 𝐸𝐵111 + 𝐸𝐵111 + 𝐸𝐵112 + 𝐸𝐵113 + 𝐸𝐵121 + 𝐸𝐵211 + 𝐸𝐵312

Importante ressaltar que para cada EB haverá a possibilidade de um ponto


para viaturas tipo AB e outro ponto para viaturas tipo UR, sendo que a restrição
então será ampliada por tipo de USv como se segue:

TEB111: EB111AB,UR + EB111AB,UR + EB112 AB,UR + EB113 AB,UR + EB121 AB,UR +


EB211 AB,UR + EB312 AB,UR
29

3.3. Demanda:

As emergências (demanda) atendidas pelo Corpo de Bombeiros foram


tabuladas por área territorial de cada Estação de Bombeiro e por tipo de
atendimento (AB ou UR). Cada Estação então pôde ter um total de emergências
por ano e, através de média simples, a estimativa de ocorrências por dia. Como
a curva de demanda por hora é regular ao longo dos anos, pode-se estimar o
total de emergências de determinada faixa horária ao aplicar o percentual
correspondente àquela faixa ao total de ocorrências diárias. Ambos resultados
estão consolidados nas tabelas XX e XX no anexo.

𝒙−𝒚 𝒙−𝒚
𝑫𝒉 = 𝑫𝒅𝒊𝒂 𝑿 %𝑬𝑴𝑮𝒉 (𝟖)

Onde:

D = Total de Emergências (demanda);

h x-y = Faixa horária;

Ddia = Demanda diária;

%EMG = Percentual de Emergências.

Porém, a demanda numérica de emergências não consegue entregar, por


si só, o total de USv necessário para o atendimento das emergências, pois não
reflete a incerteza dos tempos do atendimento, como o deslocamento, o tempo
parado em um hospital, o tempo parado em um hidrante ou o tempo real de saída
de uma equipe de um dos quartéis. Necessário então atribuir um tempo de
empenho médio dos recursos utilizados para as emergências ocorridas em cada
TEB.

Tal conversão permite ainda que se aplique uma razão simples entre a
demanda em horas e os recursos existente em horas, assim como Huang et al
(2007) fez para obter o percentual de emergências atendidas em detrimento da
30

quantidade de Unidades de Serviço disponibilizada para o território estudado,


que ele chamou de “fração de empenho”, sendo que ela indica o quanto dos
recursos está sendo utilizado pela demanda local:

𝑻𝒎𝒑 𝑬𝒎𝒑 𝑴é𝒅𝑻𝑬𝑩 𝒙 𝑫𝑻𝑬𝑩


𝑭𝒓 𝑬𝒎𝒑𝑻𝑬𝑩 = (9)
𝒉𝒙−𝒚 𝒙 𝑻𝒐𝒕 𝑼𝑺𝒗𝑻𝑬𝑩

Onde:

𝐅𝐫 𝐄𝐦𝐩𝐓𝐄𝐁 = Fração de Empenho no Território da Estação de Bombeiro;

𝐓𝐦𝐩 𝐄𝐦𝐩 𝐌é𝐝𝐓𝐄𝐁 = Tempo de Empenho Médio no TEB;

𝐃𝐓𝐄𝐁 = Demanda no Território da Estação de Bombeiro;

𝐓𝐨𝐭 𝐔𝐒𝐯𝐓𝐄𝐁 = Total de Unidades de Serviço no TEB.

Como não se sabe a quantidade de USv que estarão disponíveis, tanto


Huang (2006) quanto Revelle (1995) propõem a utilização de um a intervalo de
confiança, ou seja, um percentual probabilístico que deva ser atendido com os
recursos disponíveis. Dessa forma há a possibilidade de dimensionar para o
território estudado o quanto de recurso se faz necessário para atingira tal
percentual.

% 𝐀𝐭𝐞𝐧𝐝𝐓𝐄𝐁 = 𝐅𝐫 𝐄𝐦𝐩𝐓𝐄𝐁 (10)

𝐓𝐦𝐩 𝐄𝐦𝐩 𝐌é𝐝𝐓𝐄𝐁 𝐱 𝐃𝐓𝐄𝐁


% 𝐀𝐭𝐞𝐧𝐝𝐓𝐄𝐁 =
𝐡𝐱−𝐲 𝐱 𝐓𝐨𝐭 𝐔𝐒𝐯𝐓𝐄𝐁

𝐓𝐦𝐩 𝐄𝐦𝐩 𝐌é𝐝𝐓𝐄𝐁 𝐗 𝐃𝐓𝐄𝐁


% 𝐀𝐭𝐞𝐧𝐝𝐓𝐄𝐁 𝐱 𝐓𝐨𝐭 𝐔𝐒𝐯𝐓𝐄𝐁 = 𝐱 𝐓𝐨𝐭 𝐔𝐒𝐯𝐓𝐄𝐁
𝐡𝐱−𝐲 𝐱 𝐓𝐨𝐭 𝐔𝐒𝐯𝐓𝐄𝐁

𝐓𝐄𝐁
𝐓𝐎𝐓 𝐔𝐒𝐯𝐓𝐄𝐁 𝐓𝐦𝐩 𝐄𝐦𝐩 𝐌é𝐝𝐓𝐄𝐁 𝐱 𝐃𝐓𝐄𝐁
% 𝐀𝐭𝐞𝐧𝐝 𝐱 =
% 𝐀𝐭𝐞𝐧𝐝𝐓𝐄𝐁 𝐡𝐱−𝐲 𝐱 % 𝐀𝐭𝐞𝐧𝐝𝐓𝐄𝐁
31

𝐓𝐦𝐩 𝐄𝐦𝐩 𝐌é𝐝𝐓𝐄𝐁 𝐱 𝐃𝐓𝐄𝐁


𝐓𝐨𝐭 𝐔𝐒𝐯 𝐓𝐄𝐁 = (11)
𝐡 𝐱−𝐲 𝐱 % 𝐀𝐭𝐞𝐧𝐝𝐓𝐄𝐁

Dessa forma tem-se que, dado tempo de empenho médio em cada TEB
e multiplicando-o pelo total de emergências que se quer estudar (no caso as que
são obrigatórias as presenças de AB e UR), dividindo pelo período em horas
em que as energias ocorreram (24 horas, 12 horas, 08 horas, etc) e multiplicando
pela fração correspondente ao percentual de emergências em que os recursos
estarão ocupados, é possível estimar a quantidade de USv necessárias para o
atendimento da faixa estudada. Necessário arredondar os valores encontrados
para cima, pois não há uma USv ou emergências parciais.

Sendo assim, há uma dependência probabilística, pois o todo de


emergências terá uma fração em que será atendida dentro da referencia
estabelecida dada a quantidade de recursos (USv) disponíveis e,
consequentemente, terá outra fração em que não será possível o atendimento
das ocorrências com a quantidade de recursos disponíveis, da seguinte forma:

1 = % Ocup 𝐀𝐭𝐞𝐧𝒅𝑻𝑬𝑩 + % Disp 𝑨𝒕𝒆𝒏𝒅𝑻𝑬𝑩 (12)

Onde:

% Dispo 𝑨𝒕𝒆𝒏𝒅𝑻𝑬𝑩: percentual de emergências em que haverá recursos


disponíveis para o atendimento.

% 𝑨𝒕𝒆𝒏𝒅𝑻𝑬𝑩 : percentual de emergências em que os recursos estão


ocupados para um novo atendimento.

Portanto, para estimar a quantidade de USv necessária que supra a


demanda local com um desempenho equivalente ao definido pela NFPA na
Figura 1, basta inverter a Fórmula (12) para obter a fração de ocupação
(% 𝐀𝐭𝐞𝐧𝒅𝑻𝑬𝑩 ) demonstrada na fórmula (10) que será utilizada na fórmula (11),
como se segue:

1 - % Dispo 𝑨𝒕𝒆𝒏𝒅𝑻𝑬𝑩 = % 𝐀𝐭𝐞𝐧𝒅𝑻𝑬𝑩


32

Após as operações discorridas, a Tabela 5 demonstra a quantidade de


viaturas tipo AB necessárias para cada um dos TEBs, para o horário de pico, ou
seja, para 50 % da demanda diária de ocorrências e com a probabilidade de 80%
das vezes ter uma USv disponível. Em anexo estão todo o requisito para cada
uma das faixas horárias estudadas e as estimativas de USv necessárias, por
tipo.

Tabela 5 - USv necessário para a Dh por TEB, para 80% de disponibilidade.

Fonte: Elaborado pelo autor.


33

3.4. Efetivo:

O total de recursos humanos necessários para cada USv são 3 (três) por
turno, como já foi abordado no Capítulo 1 e para que se possa maximizar a oferta
de USv na Capital há a necessidade de utilizar o modelo proposto mais uma
abordagem de composição de USv com o efetivo na seguinte conformidade:

Tabela 6 - Frequência de Turnos e Efetivo necessário para cada USv por Turno.

Fonte: Elaborado pelo autor.

No entanto, para que se possa maximizar a oferta de USv para a Capital


de São Paulo, há de se utilizar o artifício de fragmentar a programação linear
por faixas de demanda, a fim de que se possa utilizar todos os tipos de turnos,
a partir do turno de 24 horas no período de baixa demanda.
4. DISCUSSÃO:

Para que possa ser realizado o dimensionamento com base no problema


proposto, há a necessidade de realizar as seguintes etapas:

• 1º etapa: maximizar a oferta de USv no horário de baixa demanda


(aproximadamente 30% das ocorrências em uma faixa de 12
horas) , conforme modelo matemático.
• 2º etapa: determinar o efetivo necessário para manter as USv
encontradas em 3 turnos, obedecendo a escalar regular existente
na Instituição de 24 horas de serviço por 48 horas de descanso,
conforme Tabela 6.
• 3º etapa: maximizar a oferta de USv no horário intermediário de
demanda (aproximadamente 50% em uma faixa de 16 horas).
• 4º etapa: reduzir do total de USv encontradas aquelas já definidas
na etapa 2.
• 5º etapa: determinar o efetivo necessário para operar as USv
encontradas na etapa 4 em 2 turnos de 12 horas.
• 6º etapa: maximizar a oferta de USv no horário de alta demanda
(aproximadamente 50% = 8 horas);
• 7º etapa: reduzir do total de USv encontrada daquelas definidas na
etapa 4.
• 8º etapa: determinar o efetivo necessário para operar as USv
encontradas na etapa 7 em único turno.
• 9º etapa: concluir uma tabela com o modelo de distribuição de USv
por TEB, por faixa horária.

4.1. Etapas 1 e 2 - Horário de baixa demanda:

Para a equação objetivo (2), com a demanda baixa estipulada (30% das
emergências em uma faixa de 12 horas), a solução entregue pelo programa LP
Solve, acrescida da quantidade de efetivo encontrada na Tabela 6, é a seguinte:
35

Tabela 6 - Resultado e definição de USv para a baixa demanda.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2. Etapas 3 , 4 e 5 - Horário de demanda intermediária:

Para a equação objetivo (1), com a demanda intermediária estipulada


(50% das emergências em uma faixa de 16 horas do dia), a solução entregue
pelo programa LP Solve, acrescida da quantidade de efetivo encontrada na
Tabela 6, é a seguinte:

Tabela 7 - Resultado de USv para o horário intermediário.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.3. Etapas 6, 7 e 8 – Horário de alta demanda

Já a equação objetivo (1), com a demanda do horário de pico estipulada


(50% das emergências em um período de 8 horas), com o acréscimo de efetivo
da quantidade de efetivo encontrada na Tabela 6, é a seguinte:
36

Tabela 8 - Resultado de USv para o horário de pico.

Fonte: Elaborado pelo autor.

As etapas demonstram de forma abrangente (por Grupamento de


Bombeiros) que é possível maximizar o atendimento com o efetivo existente,
entretanto, para que a distribuição dos recursos fosse tangível, adotou-se como
a quantidade de viaturas por GB a necessária para suprir a demanda obtida com
a fórmula (8) para o período de 24 horas. Esse artificio se fez necessário pois a
distribuição de viaturas encontradas na Tabela 4, apesar de ser coerente no total
de USv, está muito aquém do total de URs e muito além do total de ABs, sendo
que Tabela 9 indica a quantidade mais adequada de tipos de viatura.

Tabela 9 - Viaturas necessárias por tipo e por GB.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Sendo assim, a distribuição de efetivo e USv por Estações de Bombeiro


da Cidade de São Paulo, com base na oferta necessária para suprir a demanda
encontrada, foi dividida em duas tabelas, sendo elas por tipo de USv (UR e AB),
conforme segue:
37

Tabela 10 - Distribuição de USv tipo UR, com efetivo dividido por turnos.

Fonte: Elaborado pelo autor.


38

Tabela 11 - Distribuição de USv tipo AB, com efetivo dividido por turnos.

Fonte: Elaborado pelo autor.


39

5. Conclusão

O presente estudo organiza a distribuição dos recursos necessários ao


Sistema de Atendimento de Emergência gerido pelo Corpo de Bombeiros da
Polícia Militar do Estado de São Paulo no âmbito da Capital de São Paulo. A
proposta de maximização da força operacional da Instituição sugere que
mantendo-se o número de pessoas, há de ser obrigatória a alteração dos turnos
de serviço e o aumento da Diária Especial para garantir a disponibilidade do
atendimento em 80% das vezes em que o serviço for acionado.

Além disso, a grade de distribuição de viaturas deve ser radicalmente


alterada, uma vez que a demanda relacionada às URs é bem maior do que a
demanda relacionada aos ABs, ressaltando a necessidade de substituição do
total de viaturas de um tipo (AB) pelo de outro tipo (UR), o que pode também ser
explicado com a hipótese dos incêndios serem menores devido ao aumento das
exigências e procedimentos relativos à Segurança Contra Incêndios das
Edificações, também de responsabilidade do CBPMESP.

A introdução de equações para cálculo da demanda e da disponibilidade


da oferta permite aumentar o grau de profissionalismo do gestor do sistema,
além de permitir a transferência do ativo intangível adquirido com a experiência
entre sucessores e garantir tanto respaldo à decisão do responsável quanto
controle para supervisores e gestores de contrato, permitindo a implementação
de modelos de concessão por nível de contrato de serviços caso haja uma
alteração na legislação existente.

Convém esclarecer que o SAE na cidade de São Paulo possui equipes e


viaturas dimensionadas para outros tipos de atendimentos, como emergências
relacionadas a produtos perigosos, acidentes com meios de transportes de
massa, equipes de mergulho especializadas, bem como caminhões com
volumes de água maiores para suporte a grandes incêndios e escadas
mecânicas para uso em prédios em geral.

Sendo assim, adotando-se total ou parcialmente o modelo estudado,


deve-se primeiramente definir a quantidade e os turnos de trabalho que as
equipes especializadas deverão atuar e debitar o efetivo utilizado nessas
40

equipes do total disponível antes de iniciar o processo para as equipes de


primeiro atendimento.

Por fim, é certo que o presente trabalho precisa de implementos em seu


modelo, sendo necessário ainda definir a capacidade de cada Estação de
Bombeiro para recepcionar viaturas e recursos humanos, definir as USv de apoio
e complementares ao serviço, além de definir o modelo de gestão para garantir
a execução da rotina diária existente nos quartéis bem como garantir a unidade
de comando de cada EB.

Porém adotar um modelo de distribuição baseado em evidências e dados


reais de atendimento é uma caminho que deve ser percorrido cada vez com amis
intensidade e cada vez com mais pessoas, pois uma Cidade mais eficiente, com
o uso mais racional dos meios, além de reduzir as perdas humanas e o
patrimônio da sociedade, garante a segurança pública, atrai investidores e
fortalece o país.
41

Referências

CORRÊA, Henrique L., Corrêa , Carlos A. Administração de produção e


operações. Editora Atlas, 3ªEdição, 2012.

CUNHA, Roberto Rensi. Análise crítica do dimensionamento da frota de


combate a incêndio do comando de bombeiros metropolitano para o
estabelecimento de critérios técnicos de fixação e distribuição. São Paulo,
2010. Tese de doutorado no Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia
Militar do Estado de São Paulo.

DA SILVA, Jurandir Antonio. Metodologia e matriz de decisão para a


localização de futuros postos de bombeiros para as cidades do interior
com os serviços de bombeiros já instalados, baseado no estudo de caso
de Piracicaba. São Paulo, 2005. Monografia apresentada no Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos
Superiores.

FLYNN, Jennifer D. Fire service performance measures. NFPA,


Massachusetts, 2009.

HUANG, Yong et al. Optimal allocation of multiple emergency service


resources for critical transportation infrastructure protection.
Transportation Research Record, n. 2022, 2007, pp. 1-8.

JARDIM, Renato Xavier. Localização de unidades de resgate em belo


horizonte. Anais do XXXIX SBPO, 2007, p.1773.
42

NFPA. NFPA 1710 - standard for the organization and deployment of fire
suppression operations,emergency medical operations and special
operations to the public by career fire departments. Massachusetts, 2019.

RAGSDALE, Cliff T. Modelagem e análise de decisão. Ed. CENGAGE


Learning, 2010.

REVELLE, Charles e SNYDER, Stephanie. Integrate fire and ambulance


siting: a deterministic model. Revista Socio Economic Planning, v.29, n. 4,
1995, pp. 261-271.

SENGE, Peter M. A quinta disciplina – arte e prática da organização que


aprende. Ed. Best Seller, 1998.

SILVA, Pedro M. S.; PINTO, Luiz Ricardo. Análise do serviço de atendimento


móvel de urgência (samu) de belo horizonte via simulação e otimização.
Anais do XLII SBPO, 2009.

SNYDER, Lawrence V. Facility location under uncertainty. a review. Lehigh


University, Philadephia, 2005

TAKEDA, Renata A; WILDMER, João A.;MORABITO, Reinaldo. Uma proposta


alternativa para avaliação do desempenho de sistemas de transporte
emergencial de saúde brasileiros. Transportes, v.9, n.2, 2001, p. 9-27.
43

Anexo A – Dados e Informações sobre EB e TEB


Tabela 7 - Emergências por Território de Estação de Bombeiros, Ano 2018

Fonte: SIOPM (2018).


44

Tabela 12 - Estimativa de emergência por faixa horaria em cada TEB.

Fonte: Elaborado pelo autor.


45

Tabela 13 - Tempo de empenho de um USv em cada TEB.

Fonte: SIOPM.
46

Figura 5 - Diagrama de Voronoi dos TEBs

Fonte: Elaborado pelo autor.


47

Figura 6 - Cobertura obtida pela triangulação Delaunay após correção

Fonte:
FiguraElaborado pelo autor.
7. Triangulação Dalauney sem correção.
48

Tabela 14 - Cobertura dos TEB pelas EB após correção.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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