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Curso: Biomedicina
2023
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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Os roedores são amplamente conhecidos como animais utilizados em pesquisas como
modelos experimentais e desse modo é de grande importância conhecê-los e evidenciar suas
possíveis variações e sua aplicabilidade dentro de determinados tipos de pesquisas. Conhecer
suas estruturas e particularidades remete também a se preocupar com a questão ética de
manipular animais em um estudo. (FERREIRA, L. M et al., 2005). Dessa forma, essa pesquisa
dirigida tem por objetivo o esclarecimento das semelhanças e diferenças entre os sistemas
reprodutor e endócrino em três diferentes espécies muito utilizadas dentro da pesquisa científica
(Gallea spixxi, Cavia porcellus e Rattus norvegicus).
Os modelos experimentais roedores utilizados em pesquisas de diferentes vertentes
seguem um parâmetro com valores constantes que pode ter uma determinada variabilidade de
acordo com o sexo, genótipo, grau de manuseio, linhagem, entre outros fatores. (SANTOS, M.
R. V. et al., 2010). Antes de determinar as suas características individuais, é importante entender
o conceito de modelo experimental. Modelos experimentais de acordo com Santos (2022 apud
The Oxford Dictionary and Thesaurus, 1996), são definidos no dicionário Oxford de língua
inglesa como uma representação tridimensional em pequena escala entre outras definições.
Dentro da pesquisa, os modelos experimentais são de extrema importância para a avaliação de
patologias e enfermidades no geral que podem ser observadas em modelo animal. Por essa razão,
um modelo deve se aproximar o máximo possível do seu objeto de estudo (FERREIRA, L. M et
al., 2005) fazendo com que não ocorra uma distinção muito grave dos níveis fisiológicos o que
impediria uma possível comparação entre os indivíduos.
O Rato Wistar é uma das espécies mais amplamente conhecidas pelo seu uso dentro das
pesquisas e possui uma grande semelhança fisiológica e até mesmo social com nós humanos
podendo conviver em colônias complexas com diversos indivíduos. (SCHWEINFURTH, 2020).
Foi a primeira espécie de mamífero domesticada para utilização em pesquisas sendo dentro da
neurofisiologia, fisiologia, patologia, genética e outras diversas áreas biomédicas de estudo e o
primeiro roedor a ser utilizado como modelo experimental em larga escala (JACOB et al., 1995).
Foram realizados estudos mapeando seus cromossomos e a grande semelhança do animal com os
seres humanos possibilitou a realização de tais pesquisas. (JACOB et al., 1995). Um
levantamento no Biotério Professor Thomas George do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica
(LTF) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para a análise das condições bioquímicas e
hematológicas de ratos Wistar e camundongos Swiss determinou que foi possível constatar certas
divergências dos dados coletados para com os que já existiam na literatura como referência. Isso
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indica que é necessário sempre ter uma noção mais detalhada e aprofundada sobre os modelos
experimentais pelo fato de haver mudanças pequenas, mas que dentro de uma pesquisa
minuciosa seriam significativas (CASTELLO BRANCO et al, 2011)
Dentro do grupo que será estudado, estão dois animais com proximidade morfológica e
características muito parecidas, o Preá (Galea spixii) e o Guinea Pig (Cavia Porcellus). Ambos
são amplamente conhecidos pela literatura científica e pelos estudos que os utilizam. O Galea
spixii (Wagler, 1831) é uma das quatro espécies provenientes do gênero Galea Meyen e que faz
parte da família Caviidae Gray possuindo uma grande distribuição geográfica no território
brasileiro e que mesmo alcançando certa representatividade dentro dos estudos acadêmicos,
ainda é alvo de grande controvérsia em relação a suas estruturas e características de espécie para
espécie (BEZERRA, 2008). São animais que em ambiente selvagem, habitam cerrados e
vegetações abertas podendo também ser encontrados em regiões de florestas. Possuem cerca de
200 a 650 g e apresentam o corpo todo coberto por pelos (BEZERRA, 2008).
G. spixii é um modelo interessante que intriga os pesquisadores por possuir um
dimorfismo sexual fora de alguns padrões onde os órgãos sexuais nas fêmeas têm características
de indivíduos masculinos (SANTOS, 2016). Tais características não pertencem somente a este
grupo em específico, também existem em outros mamíferos como por exemplo nas hienas
Crocruta crocruta. Nos mamíferos em geral, as características sexuais são definidas ao longo da
gestação por fatores genéticos (SANTOS, 2016) sendo no G. spixii a formação de um pênis por
volta de 30 DG (dias de gestação), e o clitóris diferenciado nas fêmeas em torno de 40 DG. O
Guinea Pig, também conhecido popularmente como Porquinho-da-Índia, possui grandes
semelhanças com o Preá, podendo existir até mesmo a criação em cativeiro de indivíduos
híbridos (CUBAS, 2014). Os indivíduos de C. porcellus são empregados como modelos de
pesquisa na investigação do controle da bexiga e do funcionamento do trato urinário humano.
Isso se deve à semelhança fisiológica existente no trato urinário inferior, responsável pelo
processo de micção, tanto em porquinhos-da-índia quanto em seres humanos (BROWN, 2011).
Por esses e outros exemplos, como os cistos ovarianos que podem acometer os
Porquinhos-da-Índia e outros mamíferos, incluindo os seres humanos (BEAN, 2013), que o
estudo destes animais deve ser aprofundado e bem avaliado para a boa utilização em futuras
pesquisas que os envolvam.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
Todos os modelos animais utilizados neste estudo são provenientes de uma pesquisa
anterior realizada pelo Prof. Dr. Amilton Cesar dos Santos em sua Tese de Doutorado que foi
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e
Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para
a obtenção do título de Doutor em Ciências (SANTOS, 2016).
3.1 Animais
A tese principal foi voltada ao estudo do G. Spixii, porém envolveu também as outras
duas espécies citadas anteriormente em testes antes do projeto final. Os animais passaram por
pré-anestesia utilizando cloridrato de xilazina 2% (40 mg/kg, via intramuscular) e cloridrato de
quetamina 1% (60 mg/kg, via intramuscular). Posteriormente, a eutanásia foi realizada por meio
da administração intracardíaca de tiopental sódico a 2,5% (60 mg/kg). Alguns fragmentos foram
preservados em tubos Falcon, enquanto outros foram submetidos a desidratação em álcool, com
diluições seriadas que variaram de 50% a 100%, seguida de diafanização em xilol (C8H10). Os
tecidos foram então incluídos em parafina. O material examinado consistiu em fetos e embriões
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obtidos a partir de 30 fêmeas prenhes doadas pelo Centro de Multiplicação de Animais Silvestres
(CEMAS) da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).
3.2 Laboratórios
Para a análise e processamento dos materiais previamente coletados, serão empregados os
laboratórios como a principal instalação de pesquisa. Os tecidos fixados passarão pelo processo
de fragmentação e, subsequente a isso, serão submetidos à inclusão em parafina. Aqueles que já
estão imersos em blocos de parafina serão cortados por meio de um micrótomo. Após todas as
etapas, incluindo a desparafinização utilizando xilol, os cortes serão submetidos a técnicas de
coloração, com hematoxilina e eosina (HE), tricrômio de Masson e PAS. As lâminas preparadas
serão examinadas sob um microscópio óptico, e serão capturadas imagens que viabilizarão a
identificação e futura descrição dos resultados obtidos.
4. RESULTADOS ESPERADOS
As semelhanças e diferenças entre os sistemas que compõem os roedores e os humanos
são extremamente importantes como foi mencionado acima. Mesmo existindo uma grande
quantidade de estudos que os utilizam, ainda é necessário expor e aprofundar o conhecimento
cada vez mais. Um exemplo é o G. spixii que possui um ciclo estral com cerca de 15 dias com a
membrana de oclusão vaginal se formando até a oclusão do próprio óstio externo (SANTOS et
al., 2015). É preciso entender a aplicabilidade de informações como essas e por isso, espera-se a
observação de diferenças teciduais e fisiológicas sutis entre os três animais estudados de forma a
avaliar quais são essas diferenças e como elas seriam bem avaliadas dentro de uma pesquisa que
utilize este tipo de modelo experimental. Além disso, os resultados serão comparados
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posteriormente com a literatura médica a fim de denotar as possíveis divergências ou não dos
modelos.
5. CRONOGRAMA
6. REFERÊNCIAS
BEAN, Andrew D. Ovarian Cysts in the Guinea Pig (Cavia porcellus). Veterinary
Clinics of North America: Exotic Animal Practice, v. 16, n. 3, p. 757-776, 2013. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1094919413000510?via%3Dihub.
Acesso em: 27 de agosto de 2023.
BROWN, C. Urethral catheterization in the female guinea pig (Cavia porcellus). Lab
Animal, v. 40, n. 2, p. 42–43, 2011.. Disponível em:
https://www.nature.com/articles/laban0211-42. Acesso em: 26 ago. 2023.
CUBAS, Zalmir S.; SILVA, Jean Carlos R.; CATÃO-DIAS, José L. Tratado de Animais
Selvagens-Medicina Veterinária - 2 Vol.. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2014.
E-book. ISBN 978-85-277-2649-8. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2649-8/. Acesso em: 31 ago. 2023.
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JACOB, Howard J. et al. A genetic linkage map of the laboratory rat, Rattus
norvegicus. Nature Genetics, v. 9, p. 63-69, 1995. Disponível em:
https://www.nature.com/articles/ng0195-63. Acesso em: 26 ago. 2023.