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Festas, rituais, tradições, estatutos e preceitos judaicos a luz da Bíblia

(parte 1)

As três festas da peregrinação

Pessach

Efetivamente, a Torá ordena “... para que todos os dias de sua vida te recordes do dia da tua saída da
terra do Egito “ (deuteronômio 16:3), instrui, também, que se acaso seus filhos lhes perguntarem
porque seguimos esses mandamentos, eles devem responder”... pelo que o Eterno me fez quando
saímos Egito” (êxodo 13:8). A lei judaica e seus mandamentos estão vinculados ao êxodo. Veja bem,
o primeiro dos dez mandamentos é uma afirmação Divina de que Ele é o Senhor, que os tiraram da
escravidão, da terra do Egito (Êxodo 20:2) ao invés de se declarar como criador de todo universo,
D’us apresenta-se como o responsável por ter libertado o povo judeu da escravidão egípcia.
É evidente que o êxodo foi de grande importância histórica para o povo de Israel. Tanto que há dois
sinais, o primeiro é o shabat, que também está associado ao êxodo “Guardarás o dia de Shabat para
santifica-lo, como te ordenou o Eterno, Teu D’us”...
O talmud declara outro sinal entre D’us e o homem, o tefilin. A Torá menciona quatro vezes o
mandamento do uso do tefilin, duas dos quais relacionando-o ao êxodo: “E será para ti como sinal
sobre tua mão e como lembrança entre teus olhos, para que esteja a lei do Eterno em tua boca; pois
com mão forte te tirou o Eterno do Egito”(êxodo 13:9 ), E mais adiante: “E será como um sinal sobre
tua mão e por meio de filactérios entre teus olhos, porque com mão forte o Eterno os tirou do
Egito”(êxodo 13:16)
Bem , fica notório que, o Pessach merece rigorosa atenção e observância. Por ser particularmente
significativa para as crianças, como veremos que os pais judeus não as deixam comparecer no
colégio no feriado, a fim de que o recordem e apreciem como uma real mudança de vida da sua vida
cotidiana. Os mandamentos referentes ao Pessach estão no décimo segundo capítulo de Êxodo, onde
se descreve quando ele deve ser lembrado, no décimo quarto dia de nissan, e como a celebração
deve efetuar-se através de uma festa, da ingestão das matzot e da retirada de todo o fermento, ou
chametz, de dentro de casa.
Outro costume que antecede o Pessach é a coleta de dinheiro para a compra de matzot, vinho e
outros alimentos para os pobres, todos os judeus praticantes ficam ansiosos por cumprir tal ação de
caridade antes do dia santo.
Pessach começa ao por do sol em Israel, comemora-se apenas um dia, no começo do feriado; na
diáspora, porém, dois dias e dois seders são guardados: nas noites 14 e 15 de nissan, sendo assim há
três coisas essências que distinguem Pessach. A primeira é a proibição de comer, beber ou ter a sua
posse de qualquer alimento feito de cereal levedado ou fermentado durante todos os 8 dias do
ferido. A segunda é a obrigação de comer matza durante pelo menos a primeira noite de yom tov ;
enquanto a terceira é a celebração do seder em casa, em cuja ocasião a história de Pessach é
recitada em benefício da família. Mas também são convidados amigos para demonstrar que são
donos de suas casas.
Referente as proibições acima citadas, seus derivados também são proibidos como; temperos,
perfumes, ketchup, pão, bolos, cerveja, vinagre, entre outros.
Uma semana antes a dona do lar, faz uma limpeza total em todos os cômodos da casa a procura de
algum chametz que esta em casa, assim como a cacherização de tudo que será e que não será usado
no seder, não seria exagero se eu falasse que tudo ficaria de perna para cima. Depois de recolhido é
vendido a um não judeu, por intermédio de um rabino.
Bedikat chametz (a procura do fermento); na noite que antecede a primeira noite de Pessach é feita
a busca de chametz, sendo obrigatório fazer no início da noite. Há varias interpretações quanto esse
busca.
Na tradição mais popular é colocado 10 pedaços de pão escondido na casa para que as crianças
procurem com uma vela ao anoitecer, podendo ser recolhido até com uma pena, os fragmentos
encontrados, dependendo da região da comunidade. Na manhã seguinte até as 10 horas é
queimado fazendo em seguida a declaração de que todo chametz da casa, visto ou não visto, é
anulado e considerado como pó da terra.
Esta mitzvá se encontra em Êx 12,15. A importância desse mandamento é torna-los conscientes, em
profundidade, da diferença da festa, e o resto do ano. Após tudo limpo por menores, comprado o
necessário para o ritual, vamos entrar no seder propriamente dito.
Iniciaremos falando da disposição da mesa, veja a seguir;
Na bandeja chamada keará coloca-se:
1-Zerôa; que significa braço em hebraico, simboliza o braço poderoso, que Hashem os tirou do Egito.
Representa o corban Pessach, isto é, o cordeiro que era oferecido em sacrifício no templo, hoje é
colocado pescoço de frango, vitela.
2- betsá; ovo cozido, colocado no canto superior da bandeja, á esquerda, lembra o segundo
sacrifício, tradicionalmente simboliza luto como sinal de tristeza pela destruição do templo.
3- maror, erva amarga, colocada no centro da bandeja, simboliza a amargura e o sofrimento
impostos aos judeus enquanto escravos. Costuma-se usar alface romana.
4- charosset; mistura de nozes, amêndoas, tâmaras, maçãs, canela e vinho. Cada um segundo o seu
costume, a esquerda da bandeja, representa a argamassa para fazer os tijolos.
5- carpás; salsão, cebola ou batata, colocado no quadrante inferior esquerdo, molha-se a verdura na
agua salgada, como lembrança das lágrimas derramadas e do suor incessante e calor causticante
durante o trabalho escravo.
6-chazeret; costuma-se ser alface colocada na bandeja a baixo do maror, usada para o aficoman.
7- três matzot; representando os cohanim, leviim e os israelim.
8- um recipiente com agua e sal.

Embora seja costume recitar a Hagadá em hebraico, é admissível lê-la em qualquer língua, isto
porque a pessoa presente deve entender o que se esta lendo, e observando todos os por menores da
Hagadá. Quando se da início ao seder;
1- Kadesh; é o kidush, benção sobre o copo de vinho, cada um dos presentes tem obrigação de beber
no decorrer do seder, 4 copos de vinho com pelo menos 86 ml, esses 4 copos lembram as 4
expressões de salvação mencionadas na Torá:
“... e vos tirarei do Egito... e vos salvarei da escravidão... e vos redimirei com braço estendido... e vos
tomarei para mim como povo...” sempre se inclinando para o lado esquerdo em demonstração
liberdade, porque só os livres comiam a vontade.
2-urchats (lavagem das mãos)
3- carpás; a batata que é mergulhada na agua de sal simbolizando as lágrimas derramadas pelo povo
no Egito.
4- iáchats: quebra do matza ao meio, a do meio entre as três, metade se esconde para comer como
sobremesa no final do seder, para as crianças ficarem acordadas para procura-las, a outra metade
volta para a keará, simbolizando o pão da pobreza comido pelo povo na escravidão.
5- maguid (a narração): é feita pelo pai da família (ou mãe), de como o povo viveu no Egito desde
José até sua saída do Egito, lembrando sempre da libertação e serviço a D’us.
6- rochtsá; lavagem das mãos o qual é proferida a benção Al netilat iadaim.
7 e 8- motsi e matza; duas bênçãos uma pelo mandamento de comer a matza e outra pela própria
matza (alimento). Come-se pelo menos 29 gramas.
9- maror (erva amarga); come-se para lembrar do sofrimento e amargura.
10-corech (sanduiche); pega-se matza e erva amarga e matza, para lembrar do sacrifício de Pessach
quando se comia a carne matsá e maror.
11-shulcham orech (mesa posta) a refeição propriamente dita.
12- tsafun (esconder); é comido o aficoman, para ficar do sabor da matsá antes de dormir.
13-berach; benção após a refeição.
14-halel; salmos de louvores referente a essa salvação no Egito
15-nirtsá (aceitação) referente ao serviço a D’us feito com alegria
Após se diz; LESHANÁ HABAÁ B’YERUSHALAIM, o ano que vem em Jerusalém. Neste ano foi dia 07 de
abril.

Shavuot ou matan torá

Ela comemora dois acontecimentos diferentes: o transporte ao templo dos primeiros frutos da
colheita de cereais e o recebimento da Torá no monte Sinai que ocorreu cinquenta dias após o Êxodo
do Egito. Na torá o mandamento de celebrar a festa dos primeiros frutos aparece no Êx 23,16, mas
não e claramente definida quanto ao tempo até mais adiante em Dt16,10: “E celebrareis a festa das
semanas ao Senhor teu D’us”.
Um aspecto central do acontecimento no monte Sinai, que é celebrado em shavuot (festa das
semanas, das primícias), pode ser resumido no seguinte versículo da Torá: “... e dissestes: Eis que nos
mostrou o Eterno, nosso D’us, Sua glória e Sua grandeza; e a sua voz ouvimos, em meio ao fogo.
“Neste dia vimos que D’us fala com o homem e este continua a viver” (deuteronômio, 5:21).
Em pentecostes é costume enfeitar a sinagoga com ramos verdes e flores sendo também costume
comer laticínios e comidas adoçadas com mel.
Surgiu o costume de comer laticínios em Shavuot, uma das fontes é a passagem “mel e leite estarão
sob tua língua”. Sendo que o mais culto dos homens é uma criancinha, no que diz a respeito de sua
compreensão.
A razão para consumir mel é obvia: a Torá foi dada neste dia e a doçura dela não tem comparação.
A Torá conta que a revelação de D’us diante do povo judeu foi um evento dramático e estarrecedor,
anunciado por relâmpagos e trovões. Toque de shofar ressoava enquanto uma nuvem pesada de
fumaça cobria o monte. Esta no livro de Êxodo: “O monte Sinai estava todo em fumaça por causa da
presença que tinha descido sobre ele (19:18)”.
Revela o midrash que “quando o Santo, Bendito Seja, ofereceu a Torá no Sinai, ave alguma piou nem
voo levantou; boi algum mugiu; anjo algum ascendeu aos céus e não se ouviu serafins proclamar
louvores a D’us. Absoluto silêncio reinava no universo. Foi então que a Voz adiantou-se,
proclamando: “Eu sou o Senhor, teu D’us...”
Finalmente, após as leis terem sido anunciadas, todo Israel responde e uníssono e com um único
pulsar de coração: “Faremos e ouviremos”, naassê venishmá (Êxodo 24:7), com estas palavras, o
povo de Israel expressa sua prontidão para servir a D’us, por livre escolha e com devoção absoluta.
Em muitas sinagogas se lê o livro de Ruth, no serviço de shacharit (oração da manhã), pois a razão
dada para isso é que o Rei Davi nasceu e morreu em shavuot, e como ele descendia de Ruth, a leitura
desta Meguila (sefer, livro, em pergaminho) é adequada. Também porque cada judeu era como um
convertido no Sinai.
É interessante dizer que uma tradição bem difundida nos dias de hoje, é o estudo da Torá durante a
noite inteira, para de manhã recebe-la, assim como em Matan Torá (recebimento da Torá).
Em Israel a festa dura apenas um dia e fora dele, dois dias, isto porque o fuzo horário não nos da
exatamente o dia em outros países. Neste ano foi dia 24 de maio de 2012.
Sucot ou zeman sinchatenu ( tabernáculo ou época da nossa alegria )

Na festa de Sucot é deixado o conforto de suas residências e passam a morar em cabanas, frágeis e
temporárias. Há várias explicações para tal, estas moradias frágeis servem para lembrar as tendas em
que residiram os seus ancestrais no deserto, após a saída do Egito. Entre os sábios judeus, há quem
afirme que a sucá (cabana ) é uma lembrança das nuvens celestiais com os quais Hashem envolveu
seu povo durante toda a permanência no deserto, além de proteger Israel do sol, as nuvens
facilitavam suas andanças por uma terra árida cheio de cobras e escorpiões.
Deve-se ressaltar um detalhe importante, porque justamente a festa de Sucot é chamada “época da
nossa alegria”? Pessach e Shavuot não seriam também?
Primeiro, Pessach ocorre na primavera, quando as arvores começam a florescer, os frutos ainda não
cresceram e os seleiros estão vazios.
Segundo, Shavuot é o começo da colheita de trigo em Israel, os primeiros frutos daquela safra.
Portanto só em sucot o objetivo é plenamente alcançado. Neste período do ano, a colheita já foi feita
e os celeiros estão abarrotados, o povo esta feliz e imensamente grato a D’us por sua bondade e
generosidade.
A Torá nos diz assim: “Porém, aos 15 dias do sétimo mês...Celebrareis a festa do Eterno, por 7 dias ...
Nas cabanas habitareis por 7 dias ... Para que vossas gerações saibam que, nas cabanas, fiz habitar os
filhos de Israel, quando os tirei da terra do Egito”. ( levítico 23, versículos 39-43 ).
A observância desse dia santo exige que cada família construa uma sucá e faça nela pelo menos uma
refeição por dia, durante os oito dias que o feriado dura fora de Israel. A sucá é um abrigo
temporário construído normalmente ao lado da casa, as paredes da sucá podem ser feitas de
madeira, madeira compensada e até de pano, dependurado das hastes ou vigas para sustentar o
telhado. Este último, por sua vez, deve ser coberto com ramos, ou outro material vegetal como palha
verde ou folhas, finos o bastante para ver as estrelas.
O telhado deve ser feito de modo que as estrelas possam ser vistas por entre suas brechas, seu
material deve ser solto. Ela deve ser grande o bastante para que pessoas possam sentar-se e comer
no seu interior, o judeu praticante dorme na sucá quando o tempo permite, e há quem fique na sucá
mesmo com chuva. Também é costume decorar as sucot com flores, desenhos, frutas ou vegetais
dependendo do costume sefaradim ou asquenazim.
É interessante ressaltar que a sucá é construída após o yom kipur, tendo 5 dias de intervalo entre as
duas festas, mas quando não a espaço para sua confecção para cumprir a mitzvá, tem sempre um
sucá especial construída nas dependências da sinagoga ou mesmo num judeu próximo. Outra
importante mitzvá é a de empunhar o lulav e o etrog, isto é feito em obediência a Torá ( Lv 23,40 )
onde é dito: “e o primeiro dia tomareis para vós o fruto da árvore formosa, ramos de palmas, ramos
de árvores espessas e salgueiros das ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor vosso D’us por sete
dias”.
Todos os judeu deve fazer as bênçãos todos os dias, com exceção do shabat as bênçãos sobre as 4
espécies.
Vejam a seguir, algumas peculiaridades sobre o tema:
O etrog (fruto cítrica) é uma fruta especial, pois a árvore na qual brota, tem o mesmo sabor de seu
fruto. Por ser uma fruta que se reproduz o ano inteiro, simboliza também a fertilidade; (tem cheiro e
fértil, representa o judeu completo, que conhece a Torá e cumpre suas mitzvot).
O lulav (folhas de palmeiras ), ao longo da história do povo judeu, foi associado a situações de vitória,
aparecendo em moedas cunhadas durante o período dos macabeus; ( sem cheiro porém com fruto,
representa o judeu que conhece a Torá, mas não cumpre suas mitzvot ).
O hadassim (ramos de mirta ) é um dos símbolos da imortalidade e sucesso, pois mesmo quando
suas árvores estão queimadas, a planta ressurgi em meio as cinzas; ( possui aroma mas não frutos,
representa o judeu que cumpre as mitzvot, mas não conhece a Torá ).
O arava ( ramos de salgueiro ) reflete a dependência do homem da agua, pois só se reproduz em
abundantes recursos hídricos; ( aquele que não conhece a Torá e não cumpre seus mandamentos ).
No talmud diz que nenhum dos 4 se perdera se estiverem juntos, pois a benção de um se estendera a
os outros. Neste ano começa dia 01 de outubro de 2012.
Sucot também espalha uma mensagem única, forte e universal, o que é demonstrado através do
sacrifício de setenta bois pelo bem estar das 70 nações do mundo civilizado, este ato demonstra a
solidariedade de Israel para com a humanidade. O profeta Zacarias convidou todas as nações do
mundo a “subir (a Jerusalém ) de ano em ano para adorar o Rei, o Eterno dos exércitos, e manter a
Festa de Sucot” (Zacarias 14:16 ). No sétimo dia de sucot chama-se hoshána rabá (a grande
salvação ). Seria uma última oportunidade de perdão depois do Yom Kipur, e também se reza para
que chova, mais um ano de bonança nas colheitas.

Brit milá (circuncisão)


De acordo com a aliança sagrada selada entre D’us e Abrão, há 3700 anos, se o bebê for do sexo
masculino, deve ser feito a Brit milá, um evento que movimenta toda a família. Mas o que significa
Brit milá? Em hebraico, Brit significa pacto e milá, circuncisão.
D’us ordenou a Abraão o seguinte mandamento: “e vós sereis circuncidados na carne de vosso
prepúcio. E será símbolo de uma aliança entre mim e vós...” (gênesis, 17:11). “e vós mandareis
Minha aliança, vós e todos os vossos descendentes, por todas as gerações” ( gênesis, 17:9-12 ).
Desde então, os meninos de todas as gerações são circuncidados no oitavo dia após o seu
nascimento e nunca antes. A circuncisão simboliza o elo do novo filho do povo judeu com o seu
passado, bem como sua lealdade com seu legado futuro.
Durante o ritual, são feitas preces que expressam a gratidão dos pais e pedem a benção divina ao
recém- nascido, nesse momento, a criança recebe seu nome hebraico. é a mitzvá mais respeitada da
história judaica, muitas vezes ariscando suas próprias vidas para mantê-la, como por exemplo no
reinado de Antíoco IV em Israel, que punia com a morte aqueles que circuncidassem seus filhos, após
a destruição do segundo templo, o imperador Adriano, da mesma forma.
Uma breve explicação na circuncisão do bebê:
O bebê é trazido sobre uma almofada por uma das avós ou madrinha, sendo colocada por alguns
momentos na cadeira destinada ao profeta Eliahu ( Elias ), que segunda a tradição presente em toda
a cerimônia. Chamado de anjo do pacto e o protetor das crianças, Eliahu lutou no século X antes da
era comum contra os soberanos do Reino de Israel, o rei Ahab e a rainha Jezebel, que haviam
introduzido o culto a Ba’al, abandonando a aliança com o Eterno, ou seja, a circuncisão. De acordo
com a tradição, Hashem recompensou o zelo de Eliahu determinando que nenhum brit milá ocorreria
sem sua presença. Sentado, Eliahu observaria o cumprimento da aliança.
A criança é colocada sobre os joelhos do nandek ( padrinho ) que a segura durante a circuncisão feita
pelo Mohel ( pessoa, rabino ou não, versátil no circuncisão, sendo médico ou não ), e é costume não
divulgar o nome da criança até o dia do ritual. Após a circuncisão propriamente dita, o mohel passa a
descobrir completamente a cabeça do pênis do menino, certificando-se de que não ocorra nenhuma
aderência à glande do que sobrou do prepúcio, o pênis é recoberto com uma bandagem, de maneira
que a glande fique totalmente exposta. O mohel então segura o copo de vinho e pronuncia a
benção, dando o nome a criança, e sequencialmente ele coloca um pouco na boca da criança. Daí
então começa a festa.

Kipá
A Kipá é um lembrete constante da presença de D’us, relembra o homem de que existe alguém
acima dele, de que há Alguém Maior que o está acompanhando de todos os lugares e está sempre o
protegendo. Os sábios dizem que cobrir a cabeça também está associado a humildade, pois nos
lembra que existe algo acima da cabeça.
O talmud, no tratado de shabat, traz a seguinte passagem “prepara-te diante de seu D’us Israel”.
Tanto que é expressamente proibido entrar na sinagoga, mencionar o nome divino, recitar uma
prece ou benção, estudar a Torá ou realizar qualquer ato religioso com a cabeça descoberta.
Nos tempos das perseguições, houve a necessidade de distinguir entre judeus e católicos, através de
chapéus para identifica-los. Já para os judeus foi, em outros tempos, a forma de se distinguir dos
gentios. Com o passar dos séculos, deixou de ser um costume, para ser uma mitzvá.
O costume pode ter iniciado na época do templo, pois o Cohanim usava um turbante enquanto
oficiavam o serviço religioso. Mas sabe-se que na época talmúdica (que começava na Babilônia),
havia aqueles que não davam alguns passos sem cobrir a cabeça. O tipo de chapéu varia de acordo
com a época e a sociedade onde o judeu se encontra no presente momento.

Talit e tsitsit

Veja que o exercito de cada soberano traja-se com um uniforme distinto, é o símbolo da lealdade
que o soldado deve a seu rei. O povo de Israel também possui suas insígnias especiais que o
identificam como servo de D’us.
Vamos mencionar os dois tipos de talit: o catan (pequeno) também chamado de tsitsit, usado
durante o dia debaixo da camisa, os mais religiosos chegam a dormir com ele, para que quando se
levantar pela manhã, já esteja cumprindo a mitzvá. O talit gadol (grande), usado somente na prece
matinal, as suas franjas, funcionam como lembrete das mitzvot da Torá. Ao coloca-los deve-se ter
em mente que D’us ordenou que se envolvessem nele a fim de lembrar-se de cumprir seus
mandamentos.
Esta escrita 2 vezes no pentateuco: “...que façam para eles tsitsit (franjas ) sobre as bordas das suas
vestes, pelas suas gerações e porão sobre os tsitsit da borda um cordão azul celeste. E será para vós
por tsitsit e vereis e lembrareis todos os mandamentos de D’us e os cumprireis e não errareis indo
atrás (do pensamento ) do vosso coração e atrás ( avista ) dos vossos olhos, atrás dos quais vós
andais errando, para que vos lembreis e cumprais todos os Meus mandamentos e sejais santos para
com vosso D’us ( números 15, 38:41 )
“franjas farás para ti e as porás nos quatro cantos de tua vestimenta com que te cobrireis
(deuteronômio 22:12 ).
O termo tsitsit lembra o tsits, a placa de ouro usada pelo Cohen gadol, o sumo sacerdote, na qual
estavam gravada “santidade ao Senhor” (Êxodo 28:36). Assim como tsits é derivado do hebraico fitar,
porque era usado na testa, um lugar visível a todos.
Também nos lembra dos 613 mandamentos existentes na Torá, pois 600 o equivalente numérico da
palavra tsitsit, mais 8 fios e 5 nós e terá 613.
Mas qual seu objetivo?
Lembrar-se dos mandamentos e observar, evitar as inclinações do coração e dos olhos e obter um
nível de santidade.
A mulher esta isenta deste preceito, pois a Torá reconhece sua conexão muito mais direta com D’us
através de sua natureza e sensibilidade natas e a considera ciente de seus deveres.
Algumas leis dizem que: os tsitsit devem ser colocados na vestimenta que cubra a roupa, tenha 4
pontas (duas na frente e duas atrás), devem ser soltos antes das orações, não arrastar no chão e
comprar de uma pessoa fidedigna.
Deve-se ter respeito com o talit, pois até no dia de sua morte pode ser usado como mortalha.

Tefilin

“... e atarás como sinal na tua mão e serão por filactérios entre teus olhos” (deuteronômio 6-8).
A palavra tefilin, vem da palavra tefila, ou seja, prece. Consiste em duas pequenas caixas quadradas
de couro de um animal casher, permitidos para o consumo. Suas tiras devem ser pintadas de preto,
dentro das caixas encontramos 4 parágrafos da Torá. Ela apenas nos diz que devemos amarra-las
sobre a mão e devem ser como lembrança entre os olhos, os detalhes de como devem ser escritos,
preparados, encaixados foram dados através da tradição oral, a partir de Moshé (Moises), que
recebeu todos os detalhes diretamente de D’us.
As caixinhas são chamadas da cabeça “ shel rosh” e da mão “shel yad”, a caixa da mão deve ser
colocada no braço esquerdo, de frente para o coração, onde são encontrados nossas emoções, o
resto da tira são enroladas no braço, assim como no dedo média da mão.
O da cabeça é colocado acima da testa (quando se inicia os cabelos).
A partir dos 13 anos deve ser colocado o tefilin, no seu bar mitzvá, onde se torna um adulto, sentido
religioso.
Quais são os 4 parágrafos contidos nela?
 Shema Israel revela a unicidade de D’us.
 Vehaya im shamoa, expressa as promessas de D’us, com aqueles que se comprometerem
com seus mandamentos.
 Cadesh li, o dever de relembrar a saída e redenção do Egito.
 Vehaya ki yeviachá, relembra o pai judeu de ensinar os seus filhos.

Os sábios dizem que atando os tefilin, se amarra o instinto maligno da pessoa. Daí sua colocação
no lado esquerdo, lado mais fraco. Assim o braço não esta mais livre para mover-se contra Sua
vontade. Atando as tiras envolvendo o braço, são para conseguir que o judeu alcance um nível de
concentração “Amarás a D’us de todo o coração, com toda tua alma e com toda a tua força,
conforme o Shema escrito no tefilin”.
É usado na oração da manhã, chamada de shacharit, a partir do horário que possa ser
reconhecida uma pessoa amiga, no shabat não é usado. Deve ser guardado com respeito, assim
como o talit.
Muitas são as leis e regras referentes ao tefilin, escritas no Shulchan Aruch. A mulher está isente
desta mitzvá.
A compra do tefilin deve ser feita, de forma que seja de um sofêr, temente a D’us, qualificado,
porque de outra forma não terá validade.

Mezuzá

Nos dias de hoje, se você observar com atenção os umbrais das portas de seus vizinhos onde
vive, é fácil identificar uma casa judaica, pois no batente de sua casa, fixada há uma mezuzá, e
em sua porta a sua maior proteção, D’us.
Mas não se engane, o que esta dentro (pergaminho) do estojo fixado no batente da porta, é a
mezuzá, pois há muitos tipos de estojos, mas não importa. O que esta dentro, sim, é o que
importa, sendo que, deve ser casher assim como o talit, tefilin, etc..., tudo feito por um sofêr.
Já no verso do pergaminho, estão escritas as letras: shin, dalet, yud, que significam, “SHOMER
DALTOT ISRAEL, ou seja, guardião das casas de Israel.
Seu conteúdo deve-se a dois versículos, localizados em deuteronômio 6, 4-9 e 11,12-21. Este
mandamento demonstra que não é só a sinagoga que é sagrada, mas todos os lugares onde a
mesma é fixada.
Ela deve ser colocada em cada entrada da casa, menos no banheiro, casa de banho. Fixada na
terça parte no batente direito, e pronunciada a devida benção. Desde tempos antigos a mezuzá,
vem marcando o lar judaico e identificando-o como uma residência judia. O judeu deve lembrar
ao entrar e ao sair, da Presença Divina e sua unicidade, bem como do seu dever de acatar todas
as suas leis, bem com todos seus preceitos.
Entrando e saindo a beija, colocando os dedos nos lábios e após na mezuzá, e se recita: D’us é
minha companhia a minha direita. D’us guardará minha saída e minha entrada agora e para
sempre.

Glossário:
Shabat- dia de descanso judaico, sábado.
Pessach- pascoa.
Talmud- estudo, aprendizado.
Matza- pão sem fermento.
Yom tov- dia festivo.
Casher- legítimo aceitável.
Mitzvá- mandamento.
Kidush- benção sobre o vinho.
Hagadá-narração.
Urchats- ablução.
Iáchats- parte da matza do meio do seder pessach.
Hashem- quando quer se referir a D’us, significa o nome.
Sucá- cabana.
Mirta- galho de árvore.

Para maiores informações e explicações: fabriciovld@hotmail.com


Telefone: (047)30344229 ou 91174727

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