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Fazendo uma analogia entre uma colcha de retalhos e a construção do conhecimento do

popular, eu diria que a “colcha de retalhos” traduz-se no todo desse saber “simples”,
cujas partes (os retalhos multicoloridos, multiformes, de várias estampas e texturas)
estão embebidas de histórias, existências, culturas e visões de mundo, costuradas
manualmente, com paciência, fé, carinho e, acima de tudo, com arte. Essa construção
artesanal nos permite chamar esse saber “popular” de saber EXTRAORDINÁRIO.

Essa “colcha de retalhos” é com que o saber popular pode contar, é o seu abrigo
metafórico e intuitivo. Nesse sentido, o conhecimento que resulta nessa “colcha de
retalhos” é extremamente significativo porque é cheio de vitalidade, já que brotou de
uma relação direta do ser humano com o mundo e com os seus pares.

Assim, a “colcha de retalhos”, nos reporta à cultura de um povo em todas as suas


nuances, vivências, fazeres e saberes. Os campos de experiência da arte, da música, das
histórias e da cultura popular são capazes de propiciar a alegria, o contato com o
sensível e o estado de inteireza, ou seja, abarca o mundo em suas diversas formas e
cultura, mas não o limita numa noção unitária, universalizante e impessoal, como o faz o
conhecimento sistematizado. Ao contrário, “remenda” as várias perspectivas da
realidade num todo relativizado, cuja melhor analogia é a imagem da própria “colcha de
retalhos”.

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