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Qual o seu conceito de arte?

De que tipo de arte se fala, o que pode ou deve ser


ensinado na escola? Queremos formar experienciadores ou apreciadores da arte? O que
tem a arte e a educação em artes a ver com as diferentes culturas e sociedades?

Acredito que não existe mais um conceito exato para arte, entendo que tudo
depende de uma experiência poética. Um galão de água, por exemplo, pode ser sentido
de diversas formas. Pode somente ser útil para encher um copo com água, assim como
posso entender ele como um invólucro que limita a água, que também está dentro de mim
e que, por isso, sou um pouco galão também. O galão cheio de água num ambiente árido
(contexto) pode surtar pensamentos como a seca em regiões desassistidas do Brasil e do
mundo, assim como também pode falar sobre a venda da água e sobre o valor monetário
dela em regiões de seca. Pelo tato, não se sente a água no interior do galão… pode ser
um galão vazio boiando no mar…
Para os alunos, demonstrar estas concepções para qualquer objeto, expande o
olhar crítico e poético, liberta para a criação. Isso torna possível abordar artisticamente o
Instagram, o Facebook, entre outras redes sociais e a internet em si com sua carga
pesada de informação por segundo, visto que a nossa sociedade está gravada ali e esses
meios podem instigar sentimentos infinitos. Assim, o experienciador e o apreciador (no
sentido de observador), não se dissociam. A situação sempre será uma experiência, seja
ela qual for: colocar os braços para trás enquanto caminha vagarosamente por um espaço
expositivo enquanto observa trabalhos artísticos ou colocar todos os membros em contato
de um corpo que convida para uma performance artística de contato improviso no meio de
uma avenida.
A arte tem potencial transformador desde a pré-história, quando memórias gráficas
de animais e situações cotidianas humanas eram marcadas nas paredes, há mais de 40
mil anos. Percebo que cada cultura só consegue se manter quando é passada
geracionalmente. A humanidade só sobrevive por causa da cultura, seu hábitos de caça,
de plantio, de relações, e a arte tem o potencial tanto de gravar a cultura para gerações
seguintes como de questionar as gerações passadas, independente da cultura.
Percebe-se que cada região do mundo tem uma cultura diferente que se utilizou
para existir até o momento, mas vemos que existem muitos conflitos entre elas. O papel
da cultura da visualidade, da plasticidade contemporânea é de grande valia para trazer
reflexões sobre as relações micro e macropolíticas, por meio da multiculturalidade em
salas de aula, por exemplo, quando um professor decide introduzir aos alunos a arte do
Japão. São essas quebras de paradigmas que incentivam a reflexão crítica dos alunos,
fazendo-se perceber que existem outras formas de apreender, entender, compreender e
aprender o mundo.

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