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Migração, redes sociais, políticas públicas e a


ocupação dos espaços metropolitanos periféricos:
o caso de Paulínia–SP
José Marcos Pinto da Cunha
Fábia A. Silveira Duarte

Introdução

O surgimento de municípios vizinhos aos grandes centros e seu progres-


sivo crescimento demográfico são uma característica intrínseca ao processo de
metropolização. Nesse processo, existe uma tendência de desconcentração da
população nessas áreas, uma vez que as pessoas passam a ocupar regiões mais
periféricas, sendo que, paralelamente, também pode haver o deslocamento
das atividades produtivas. Se, por um lado, este grande distanciamento da
população dos maiores centros urbanos pode torná-la mais vulnerável, tendo
em vista as possíveis dificuldades quanto ao acesso aos serviços e infra-es-
trutura e, por via de regra, quanto à mobilidade, que se torna mais longa e
fastidiosa, por outro, esta expansão, quando acompanhada das atividades
econômicas, pode ter implicações contrárias às anteriores.
Na verdade, seja em termos demográficos ou econômicos, pode-se pen-
sar que, de maneira mais ampla, é o espaço metropolitano – e não necessaria-
mente o município central – o elemento que exerce atração sobre as pessoas
e atividades econômicas, diante das suas diversas oportunidades, vantagens
locacionais, diversidade e complexidade de oferta de bens e serviços, consti-
tuindo-se, assim, em uma grande alternativa para investimentos produtivos,
particularmente para aqueles que exigem maiores níveis tecnológicos, pessoas
capacitadas, centros de pesquisa etc. (HARVEY, 1992).
Nas formações metropolitanas, podemos distinguir diversas áreas peri-
féricas a partir da função que desempenham na região. Desta perspectiva,
podemos notar que existem tanto municípios tipicamente dormitórios – cuja
função primordial seria abrigar a força de trabalho que atua na região – como
outras áreas, que se beneficiam da localização das atividades produtivas
dispersas na região, principalmente aquelas atividades mais complexas, que
envolvem uma maior agregação de valor e emprego de tecnologia. Este último
caso é o que melhor retrata a situação do município de Paulínia.
Sendo assim, Paulínia, na Região Metropolitana de Campinas, apresenta-
se como um interessante estudo de caso para se avançar na compreensão de
processos que ocorrem no interior das áreas metropolitanas, com destaque
para aqueles relacionados aos deslocamentos populacionais. Desta forma, o
presente estudo reveste-se de especial interesse, uma vez que trata de um
município com características bastante peculiares em termos do desenvolvi-
mento econômico, perfil populacional e função na RM de Campinas.
Trata-se, na verdade, de uma área que em nada lembra os tradicionais
municípios-dormitórios, uma vez que, em 2000, pouco mais de 10% de sua
população economicamente ativa trabalhava em outra cidade; muito menos
lembra aqueles municípios com precária situação urbana, apresentando-se
como um lugar com boa infra-estrutura de saneamento e serviços básicos.
A partir da segunda metade da década de 60, Paulínia sofreu os efeitos
dos processos de industrialização e urbanização, que modificaram comple-
tamente o cenário da vila, cuja característica predominante era o ambiente
rural. A instalação de várias indústrias, principalmente a Refinaria do Planalto
(Replan) transformou Paulínia em um município sui generis na região. Ao
mesmo tempo em que o município tornou-se uma das áreas mais ricas do
país, em termos de renda per capita, também abrigava um volume consi-
derável de população com baixa renda, fruto de um intenso fluxo migratório,
motivado não apenas pela busca de emprego e de uma vida melhor, mas
também, como será visto, pelos serviços oferecidos, em particular os educa-
cionais e de saúde.
É reconhecidamente importante o papel da migração na constituição,
crescimento e expansão das áreas metropolitanas brasileiras, diante de suas di-
versas influências: seja no crescimento da população total, seja no espraiamento
da mancha urbana em direção às áreas mais distantes do município central.
Desta forma, o fenômeno migratório sempre tem sido destacado como o com-
ponente demográfico decisivo para se entender o processo de metropolização
(CUNHA, 1994; 2000; MATOS, 1995; RIGOTTI, 1994; LAGO, 1998; BAENINGER,
1996; entre outros). No caso de Paulínia, a situação não é diferente.
Assim, a formação e a expansão do espaço urbano de Paulínia devem
ser examinadas à luz da influência da migração, condicionada não apenas,

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como já se salientou, por sua capacidade de absorção de mão-de-obra, mas
também pelas características populistas das políticas públicas. Como será
visto, o componente migratório é, portanto, elemento decisivo, particularmente
quando se observam os bairros populares do município. Neste sentido, além dos
condicionantes anteriores, constata-se também que, no processo migratório
envolvendo Paulínia, concorrem também, por via de regra, as redes sociais ou
de parentesco que terminam por incrementar ainda mais o fluxo para estas
áreas, podendo inclusive, reduzir a vulnerabilidade dos recém-chegados a
partir do incremento de seu capital social.
A análise de que se apresenta a continuação, além do uso dos censos
demográficos, como é a ótica deste livro, também se apropria de uma outra
pesquisa realizado em 1998, pelo Nepo, no município. Complementarmente aos
dados do IBGE, as informações obtidas do Levantamento Domiciliar Universal
de Demandas (LEDUD),1 permitirão melhor compreender as relações entre
crescimento e expansão da cidade, o efeito dos deslocamentos populacionais
e suas possíveis relações com as políticas públicas – uma “marca registrada”
do município – e as redes sociais.
Desta forma, este trabalho pretende realizar uma contribuição para o
conhecimento do processo de constituição do espaço urbano do município de
Paulínia, examinando três elementos fundamentais: a migração, suas relações
com as políticas públicas e as redes sociais. Espera-se com isso, não apenas
melhor compreender os meandros da formação de um município metropolitano
com características tão peculiares, mas também apresentar reflexões para
a continuidade da pesquisa maior da qual este estudo faz parte, particular-
mente sobre o papel e o significado da mobilidade intramunicipal e das redes
na expansão da cidade.

Processo de metropolização e o caso de Paulínia

Na década de 60, a região de Campinas foi beneficiada pelas políticas


governamentais de “desconcentração industrial” da Região Metropolitana de
São Paulo, notadamente em direção ao interior paulista. Este processo fez
com que, já na década de 70, a região interiorana de São Paulo se tornasse a
segunda área de maior concentração industrial do país (BAENINGER, 1996).
O processo de industrialização da região de Campinas trouxe um grande
fluxo migratório, direcionado não apenas para o município de Campinas, mas
para a região como um todo, sendo este responsável por mais da metade do
crescimento populacional absoluto.

1
Esta pesquisa foi realizada com dois tipos de questionário: um aplicado a toda a população, e outro
aplicado a uma amostra representativa ao nível das RPGs. Este último contempla a maior parte das
questões qualitativas referentes ao processo migratório.

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Durante esse processo de metropolização da região, ocorreu também
a periferização e a expulsão de população, tanto dentro do município-sede
como nos municípios vizinhos, já que estes passaram a apresentar altas
taxas de crescimento populacional e um aumento da participação relativa no
total da população regional. Assim, formaram-se periferias em toda a região
metropolitana, embora, muitas vezes, o morar na periferia não tenha sido
exclusividade da população de baixa renda, haja vista que tem sido também
uma opção das classes média e alta, que procuram lugares mais afastados e
tranqüilos para residente (MIGLIORANZA, 2005).
Nessa discussão sobre periferização, Gottdiener (1993), ao argumentar
sobre sua teoria da produção social do espaço, sugere que não apenas a popula-
ção, mas também as indústrias, “periferizam-se”, no sentindo de se dispersarem
por áreas mais distantes, principalmente devido às facilidades criadas pela tec-
nologia e pelas vantagens de ocupação do espaço, proporcionadas pela atuação
do Estado. Neste sentido, os municípios vizinhos a Campinas também passam
a se constituir como áreas de expansão industrial, além das áreas já conheci-
das de localização habitacional (no caso das cidades-dormitórios), propiciando
assim uma composição extremamente dinâmica da região, na qual os limites
municipais tornam-se meramente uma divisão de cunho político-administrativo
formal. Assim, além da questão da moradia, a redistribuição espacial da popu-
lação no interior da área metropolitana, por vezes, também se relaciona com
uma maior dispersão das oportunidades de emprego na região.
Dentro do contexto do espaço metropolitano de Campinas, Paulínia apre-
senta uma situação peculiar, devido a suas características, considerando que
sua estrutura produtiva está baseada em indústrias de alto valor agregado,
elevado volume de arrecadação e atendimento, praticamente universalizado
e gratuito, nas áreas de educação e saúde.
No início do século XX, Campinas era a metrópole da região. Ao seu redor
existiam tanto bairros como distritos, os quais, posteriormente, tornar-se-iam
municípios. Em 1944, Paulínia deixou de ser um bairro e transformou-se em
um distrito de Campinas, no momento em que a empresa Rhodia instalou-se na
localidade, na qual, nessa época, a principal atividade econômica era produção
agrícola, com destaque para o café e a cana-de-açúcar. A empresa utilizava-
se de mão-de-obra local, principalmente no plantio de cana-de-açúcar para a
produção de álcool, e era considerada parte do patrimônio cultural do município,
sendo chamada por muitos de mãe de Paulínia (CANESQUI, 1976). Em 1965, a
Rhodia abandonou a produção de álcool para transformar-se em uma indústria
química. Este acontecimento foi de fundamental importância, pois o aumento
da arrecadação de impostos da Companhia Rhodia Produtos Químicos e Têxteis
S/A levou o distrito de Paulínia à condição de município naquele mesmo ano.
Segundo o Plano Urbanístico de Desenvolvimento de 1968, no ano anterior,

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cerca de 97% das rendas municipais eram provenientes da arrecadação do ICM
(imposto sobre circulação de mercadorias) da companhia.
Neste mesmo período, particularmente desde 1960, pequenas indústrias
familiares e de produção tradicional instalaram-se no município. Porém estas
empresas atendiam localmente, sem muita perspectiva de crescimento, devido
ao pequeno capital investido e ao mercado restrito do município. Já no fim da
década de 60, empresas modernas dos ramos de papel e papelão, material de
transporte e mineral não metálico foram instaladas no município, chegando a
utilizar 32% da mão-de-obra ativa nas atividades industriais.
Este crescimento ocorreu principalmente em decorrência da decisão de se
implantar a Replan no município de Paulínia. Neste período, o município foi tomado
por uma onda de otimismo e esperança de que haveria um aumento no número
de empregos e uma melhoria das condições de vida da população. Segundo
Covian (1976), Paulínia começa a se destacar como município nos primeiros cinco
anos da década de 70, período do milagre econômico, passando por um rápido
processo de diversificação da economia local. Essa diversificação ocorria a partir
do desenvolvimento do pólo petroquímico, o qual estava desvinculado da reali-
dade local, devido ao tipo de indústria instalada, às características da produção,
à tecnologia e à mão-de-obra empregadas, fazendo com que se formassem dois
tipos de comunidade distintas: a local e a do parque industrial emergente.
Por conseguinte, o novo município, ainda com características de vila,
teve de se adaptar a uma nova dinâmica e organizar-se como um município
urbano-industrial, exigindo, assim, a infra-estrutura requerida para esta rápida
transformação. Neste sentido, a atuação do governo federal foi fundamental,
já que o poder municipal não conseguiria arcar com toda a implementação
de infra-estrutura em um curto espaço de tempo.
A formação do parque industrial trouxe um grande fluxo migratório para o
município. Estes migrantes vinham em busca de trabalho e melhores condições
de vida; porém este contingente populacional não foi totalmente absorvido pelo
mercado local, por não atender à exigência requerida pelas indústrias locais,
que era de uma mão-de-obra especializada, já que esses migrantes vinham,
geralmente, do ambiente rural. Segundo os dados de 1986, da Prefeitura de
Paulínia, do total de trabalhadores das indústrias, 71,36% não residiam no
município, sendo que a Rhodia e a Replan eram as principais responsáveis
por essa atração de mão-de-obra externa. Este dado revela que Paulínia não
contava, entre a população, com o perfil de trabalhador exigido por essa em-
presas. No entanto, os dados de mobilidade pendular2 obtidos no LEDUD, em

2
Define-se como mobilidade pendular o movimento diário e rotineiro de pessoas que deixam o seu
município de residência para exercerem suas atividades (de trabalho ou estudo) em outra localidade.
O LEDUD capta essa informação para todos os residentes em Paulínia maiores de 10 anos, permitindo
ainda distinguir entre trabalho e estudo.

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1998, mostram que, do total de pessoas que trabalham, 86% realizam suas
atividades no próprio município e apenas 9% o fazem em Campinas, o que
comprova o poder de retenção da população dentro da própria cidade e sua
não qualificação como cidade-dormitório.
Essa população local – que não possuía o perfil dos trabalhadores de-
sejados pelas empresas – era também, de certa forma, beneficiada pelas
políticas públicas existentes em Paulínia, que oferece serviços de qualidade,
possibilitados pela grande arrecadação gerada pelas indústrias. No entanto,
essa população acabou encontrando outras formas rentáveis de trabalho, fato
que pode ser demonstrado pelas estatísticas atuais da cidade, que comprovam
que Paulínia absorve a grande maioria da mão-de-obra de sua população.
Na verdade, as características peculiares de Paulínia tornam-se ainda mais
relevantes ao se considerarem as implicações da instalação da Replan no
município. A empresa foi criada a partir de uma iniciativa estatal e transfor-
mou-se em Área de Segurança Nacional entre 1970 e 1984.
Comparando a dinâmica demográfica de Paulínia como a Região Metro-
politana e seu município sede, Campinas, percebe-se que, desde os anos 70,
a intensidade de seu crescimento tem sido igual ou maior que aquelas áreas,
fato que mostra o seu papel como umas das principais áreas do entorno re-
gional em termos da desconcentração populacional,
A partir da década de 80, as taxas de crescimento caíram, assim como
a participação do componente migratório, podendo ser verificado apenas um
aumento de 2,5% na taxa de crescimento médio anual no censo de 2000.
Todavia, essa tendência é bem mais expressiva no município de Campinas
do que na Região Metropolitana como um todo, onde o decréscimo da mi-
gração é bem menos acentuado, o que reflete a dinâmica do processo de
metropolização.
Tabela 1
População residente e taxas de crescimento médio anual
Paulínia, Campinas e Região Metropolitana, 2000

Fonte: Censos demográficos de 1970, 1980, 1991 e 2000.

No caso de Paulínia, percebe-se que, apesar de apresentar uma pequena


queda nas taxas de crescimento médio anual durante os períodos, o município
mantém ainda um crescimento populacional superior ao da região. Também
se destaca o fato de que o crescimento estimado para o período 1999-2000

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seja maior que o de 1991-2000, o que pode indicar que o crescimento de-
mográfico do município, no final da década de 90, sofreu um incremento ainda
maior. De qualquer forma, os dados são indiscutíveis quanto à continuidade
do crescimento demográfico elevado do município.
Como será mostrado mais adiante, a dinâmica populacional de Paulínia
e seu ritmo de crescimento estão fortemente ligados aos fluxos migratórios
que se dirigem ao município, não apenas por suas condições para o mercado
de trabalho, mas também, pelos serviços públicos oferecidos. Este processo,
a despeito da grande geração de riqueza nestas áreas, implicou que a cidade
tivesse uma composição de estratos sociais muito concentradas na população
de baixa renda.
De fato, como se percebe na Tabela 2, mesmo apresentando percen-
tuais de população com baixa renda (sem rendimentos e ganhando até um
salário mínimo) muito próximos da RMC e do município-sede, percebe-se sua
condição de área de concentração da pobreza, pelo baixo percentual de chefes
de famílias com rendas mais elevadas.3
Tabela 2
Chefes de família, segundo categorias de renda per capita familiar
Paulínia, Campinas e Região Metropolitana, 2000

Fonte: FIBGE, Censo demográfico de 2000. Tabulação especial Nepo/Unicamp.

O mesmo quadro pode ser observado a partir da pesquisa LEDUD.


Neste caso, utilizando-se a classificação Abipeme de estratos socioeconômicos,4
percebe-se que o município caracterizava-se, ao menos até o final da década
de 90, por uma alta prevalência de população dos estratos “C” e “D”, ou seja,
mais de 70% das famílias em Paulínia pertenciam aos estratos com baixo nível
social e capacidade de consumo. Note-se, também, que os migrantes recentes
(com menos de dez anos de residência) estão claramente mais concentrados
nos estratos sociais mais baixos.

3
Vale lembrar que, no final dos anos 90, o município de Paulínia iniciou mudanças em seu zoneamento
de maneira a dificultar a instalação de população de baixa renda. Embora não se tenham dados
atualizados, basta circular pela cidade para observar que novos empreendimentos imobiliários para
os estratos de mais alta renda têm sido implantados.
4
Mesmo reconhecendo que essa classificação não é a mais adequada para expressar estratos
socioeconômicos, optou-se por recuperar esse indicador sintético disponível no questionário do
LEDUD simplesmente como indicação da estrutura socioeconômica da população de Paulínia.

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Tabela 3
Chefes de família migrantes e não migrantes,
por classificação econômica do critério Abipeme
Paulínia, 1998

Fonte: Levantamento Domiciliar de Demanda Prefeitura Municipal de Paulínia e Nepo/Unicamp.

Mapa 1
Distribuição dos chefes de família por renda per capita,
segundo Regiões de Planejamento e Gestão
Paulínia, 2000

Fonte: Censo demográfico de 2000.

É importante considerar também que, como mostra o Mapa 1,5 os es-


paços de pobreza e riqueza em Paulínia estão muito bem delineados, o que

5
Este mapa mostra as áreas urbanas residenciais, divididas nas regiões de Planejamento e Gestão
vigentes em 1998.

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mostra a segregação territorial existente. Observa-se, por exemplo, que a
grande maioria dos chefes de famílias com rendimentos per capita maior
que dez salários mínimos residiam nas regiões centrais da cidade RPGs I e
II, enquanto aqueles de baixa renda (0 a 2 SM) encontravam-se nas áreas
mais periféricas.

A natureza e o papel da migração na constituição de Paulínia

Não existem dúvidas acerca da importância do componente migratório


como elemento central para compreender o processo de expansão e consoli-
dação do processo de metropolização da Região Metropolitana de Campinas
(RMC) e, particularmente, a dinâmica demográfica do município de Paulínia.
Na verdade, como se verá, este componente tem papel decisivo, não apenas
para o incremento populacional regional (através da migração interestadual
e aquela originada em outras regiões do estado de São Paulo), mas também
no processo de redistribuição espacial da população no interior do complexo
metropolitano, por meio dos deslocamentos intrametropolitanos.6
De fato, como mostram os dados da Tabela 4, na década de 70, mais
da metade do crescimento populacional da região deveu-se ao componente
migração. Na década de 80, embora sua contribuição tenha-se reduzido abrup-
tamente no município-sede, seu peso relativo ainda se mostrava significativo
no total da região. Na verdade, esta situação, observada em outras tantas
metrópoles (CUNHA, 1994; MATOS, 1995; RIGOTTI, 1994; LAGO, 1998;
ANTICO, 2003), reflete, em boa medida, o processo de desconcentração e
metropolização que teve início nessa década.7 Já nos anos 90, o que se ob-
serva é uma clara redução do impacto da migração na dinâmica demográfica
regional.
Tabela 4
Participação relativa dos componentes do crescimento demográfico

Fonte: Fundação Seade.

6
Para maiores detalhes sobre esta questão, ver também o capítulo 12 deste livro.
7
Na verdade, embora seja verdadeiro que Campinas apresenta alguns comportamentos similares,
em termos migratórios, aos de outras regiões metropolitanas, neste caso é visível o menor peso da
migração intra-regional, o que se explica tanto pelas restrições de uso e ocupação no município-
sede como pelo papel das redes que contribuem para direcionar os movimentos originários externos
á região diretamente para as periferias. Para um discussão deste tipo, ver Cunha e Baeninger
(1994).

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No entanto, Paulínia não acompanhou essa tendência regional. Na ver-
dade, ao longo do período considerado, o peso da migração no crescimento
demográfico da cidade apresentou uma reduzida variação, mantendo-se
como principal elemento de incremento populacional ao longo dos anos 90.
Mas, ainda resta compreendermos a seguinte questão: qual seria a natureza
dessa migração? Seria possível que, da mesma forma que em outras áreas
periféricas metropolitanas, a migração intra-regional fosse o principal elemento
para entender o intenso crescimento demográfico de Paulínia? Estaria este
município, portanto, desempenhando simplesmente um papel de área de
expansão dos limites da cidade-sede?
Na verdade, sabe-se que, pelas características do município, a resposta,
certamente, seria “não”! De fato, como se pode perceber a partir da infor-
mação sobre o peso relativo das modalidades de migração, nos três períodos
analisados, tanto a migração interestadual quanto a interestadual e intra-re-
gional tiveram significativas participações no volume de migração observado
no município (Tabela 5). Este dado demonstra, portanto, a diversidade que o
fenômeno migratório assume nessa área.
Tabela 5
Participação relativa dos tipos de movimento migratório
Região Metropolitana de Campinas, Campinas e Paulínia
1986-2000

Fonte: FIBGE Censos de 1980, 1991 e 2000. Tabulação especial Nepo/Unicamp.


*
Migrante: indivíduo residente a menos de dez anos no município de residência atual e tem município
anterior diferente do atual.
**
Migrante: indivíduo que, cinco anos antes do levantamento, não residia no local onde foi
recenseado.

É importante salientar, contudo, que, observando-se esta informação,


pode-se perceber que o caso de Paulínia, de alguma maneira, reflete o pro-
cesso que marcou a expansão e consolidação da RM de Campinas. Ou seja,
nos anos 70, o começo do processo de metropolização, o peso da migração

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intrametropolitana era maior do que o apresentado nos anos 90, quando os
movimentos externos ganham importância relativa, fato que sugere que a
ampliação do espaço metropolitano coincide também com uma maior ampli-
tude dos espaços de migração na região.
No que se refere à imigração interestadual, vale a pena ressaltar que,
segundo a tendência regional, a procedência tem sido, em todos os períodos
considerados, Minas Gerais e Paraná. Contudo, foi do próprio estado de São
Paulo que veio a maior parte dos migrantes recebidos, o que reflete transfe-
rências significativas do interior e, principalmente, da RM de São Paulo.
Na verdade, essa maior importância de migração externa reflete uma
realidade regional que tende a diferenciar a região metropolitana de Campinas
daquelas mais consolidadas, como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro,
nas quais o papel dos movimentos intra-regionais foi mais importante, em
detrimento do interestadual. Tal situação, provavelmente, poderia ser expli-
cada pelo fato de a Região de Campinas apresentar um grau de centralização,
com relação ao município central, muito inferior àquelas regiões, ou seja, a
migração de origem externa tende a concentrar-se menos na cidade central
que, por sua vez, não se configura como a única e principal porta de entrada
dos migrantes que se dirigem para a região.8
Se, por um lado, a própria morfologia dessa área metropolitana e a
localização das atividades industriais, induzida em grande medida por uma
importante via de transporte (Via Anhangüera), poderiam ajudar a entender
a reduzida primazia da cidade central, no que se refere aos movimentos
migratórios, por outro lado, não há dúvidas de que as maiores restrições
urbanísticas lá existentes também ajudariam a explicar o fenômeno.
Contudo, não restam dúvidas de que os atributos do município, em ter-
mos da renda gerada, das possibilidades de inserção produtiva e, por que não,
dos seus atrativos de ofertas habitacionais e serviços públicos apenas poten-
cializam a tendência a uma maior diversificação das origens da migração.9
Talvez uma característica revelada pela pesquisa LEDUD ajude a revelar
o papel de Paulínia no contexto metropolitano. Como se observa na Tabela
6, quase 65% dos chefes migrantes com menos de dez anos de residência
chegaram acompanhados de suas famílias, fossem elas completas ou não.
Na verdade, tal característica sugere, mais uma vez, o caráter peculiar de

8
Essa situação foi constatada no Projeto Metropolização e Transição Migratória: Impactos dos
Novos Padrões de Mobilidade Populacional nas Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas,
cujo relatório está disponível no Nepo, embora não tenha sido publicado. Parte destas conclusões
encontram-se no estudo de Cunha e Baeninger (1994).
9
Na verdade, parte dos movimentos intra-regionais são derivados de movimentos interestaduais ou
intra-estaduais prévios. Os dados do LEDUD mostram, por exemplo, que, entre os primeiros, cerca
de 21% eram nativos dos outros estados. Esse fato não desqualifica a diferenciação dos movimentos
migratórios, já que se pode pensar que os intra-regionais seriam, em muito sentidos, diferentes
daqueles que chegam à região e rumam diretamente para Paulínia.

JOSÉ MARCOS PINTO DA CUNHA E FÁBIA A. SILVEIRA DUARTE 525


Paulínia: uma cidade que, ao mesmo tempo, absorve a maior parte de sua
força de trabalho tende a atrair muito mais famílias do que pessoas sozinhas.
Provavelmente, esta característica é um reflexo das alternativas oferecidas pelo
município, sobretudo em termos habitacionais, que criam condições favoráveis
para a permanência duradoura das pessoas no município.
Tabela 6
Chefes de família migrantes com menos de dez anos de residência no mu-
nicípio, por condição familiar de chegada
Paulínia, 1998

Fonte: Levantamento Domiciliar de Demanda – Prefeitura Municipal de Paulínia e Nepo/Unicamp.

Deve-se registrar ainda que a importância das transferências intra-re-


gionais evidencia Paulínia como sendo um daqueles espaços de desconcentra-
ção demográfica da área metropolitana, não obstante sua especificidade seja
justamente a de absorver a maior parte dessa população. Efetivamente, dados
sobre a mobilidade pendular mostram que 10,1% da PEA municipal trabalham
fora do município, cifra esta que contrasta com a de outros municípios vizinhos
a Campinas, Hortolândia (40,9%) e Sumaré (33,2%).10
De qualquer maneira, independentemente de suas particularidades,
deve-se reconhecer que é impossível separar a imigração de Paulínia de um
processo migratório mais amplo que envolve a região de Campinas, que
apresenta outras tantas características atrativas.
Mas o efeito da mobilidade populacional sobre a dinâmica demográfica e
de ocupação espacial não passa apenas pelo contingente de pessoas que che-
gam ao município. Na verdade, a existência de uma dinâmica redistributiva no
nível intramunicipal, balizada por questões ligadas ao uso e ocupação do solo;
pela disponibilidade, oferta e condições habitacionais; por elementos relativos
ao ciclo vital (como casamento, emancipação dos filhos etc.); e pela ação das
redes sociais, acabam induzindo a ocupação de certas áreas da cidade.
Portanto, seria impossível entender a estruturação de Paulínia sem con-
siderar os elementos relativos às transferências internas, suas características
e condicionantes. Neste caso, dadas as deficiências do censo para este tipo de

10
Para maiores detalhes,ver capítulo 12 deste livro.

526 MIGRAÇÃO, REDES SOCIAIS, POLÍTICAS PÚBLICAS E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS METROPOLITANOS PERIFÉRICOS
análise,11 os dados levantados no LEDUD foram muito úteis para se avançar
sobre esta questão. Este ponto será tratado a seguir.

A dinâmica intra-urbana em Paulínia: transferências populacionais


internas e o espraiamento da cidade

Como já foi destacado anteriormente, Paulínia é uma cidade formada


essencialmente por migrantes. De fato, os dados do LEDUD indicavam que,
em 1998, dos mais de 47 mil habitantes da cidade, cerca de 63% eram mi-
grantes, sendo que quase 30% dos residentes haviam chegado nos últimos
10 anos. Assim sendo, em nível intra-municipal a distribuição espacial dos
migrantes praticamente coincide com a distribuição da população total que,
como já se viu, tende a se concentrar, em maior medida, nas regiões mais
populares (RPGs12 4, 5 e 6, Mapa 1).
Os dados sobre a composição das RPGs em termos de “migrantes” e
“não-migrantes”, embora sejam capazes de revelar o papel do fenômeno na
constituição das áreas periféricas do município, não permitem observar uma
questão relevante para se entender a expansão da população urbana paulin-
ense: o papel dos deslocamentos internos. Assim, embora fosse verdade que
as regiões mais distantes do centro tendiam a concentrar um número maior
de migrantes, também se observava que muitos desses indivíduos já possuíam
alguma experiência prévia em outros bairros da cidade.
Nesse sentido, a Tabela 7 é muito reveladora. Os dados mostram que,
do total dos chefes de família residentes em Paulínia, cerca de 40% fizeram
uma mudança de casa ou de bairro dentro do período de seis anos anteriores
à pesquisa, fato que mostra a grande importância da mobilidade interna na
constituição da malha urbana do município. Esta questão torna-se ainda mais
significante quando se observa que, entre os migrantes com algum tempo em
Paulínia, como aqueles entre cinco e nove anos de residência, o percentual
de mudança era ainda maior, 62% (sendo 50% com mudança de bairro), se
comparado com os 42% registrados para os não-migrantes13 e 36% para os
migrantes recém-chegados (menos de cinco anos de residência).

11
Para maiores detalhes sobre as potencialidades e limitações do censos demográficos para estudos
migatórios, ver Cunha (2005).
12
Seis regiões de planejamento de governo (RPG) compunham, no momento do levantamento
LEDUD, a divisão regional oficial utilizada pela Prefeitura Municipal de Paulínia. A amostra do censo
realizado foi representativa a este nível.
13
Deve-se considerar que o percentual considerável apresentado pelos naturais poderia estar
refletindo mudanças de residência em decorrência da fragmentação da família, em função de ciclos
vitais como casamento de filhos, entre outros.

JOSÉ MARCOS PINTO DA CUNHA E FÁBIA A. SILVEIRA DUARTE 527


Tabela 7
Chefes de família com mobilidade intramunicipal,
por tempo de residência no município
Paulínia, 1998

Fonte: Levantamento Domiciliar de Demanda – Prefeitura Municipal de Paulínia e Nepo/Unicamp.

É importante também apontar que esses dados, quando desagregados


por RPGs, mostram que são justamente as áreas que mais cresceram e con-
centraram população aquelas onde se registram os maiores percentuais de
chefes que efetuaram mudança de domicílio. De fato, enquanto, por exem-
plo, na RPG 5 (uma das mais pobres), essa cifra atingia a casa dos 50%,
em regiões mais consolidadas e antigas, como a central (RPG 3), o valor era
inferior e próximo a 33%.
Fica claro, portanto, que a propensão a se mudar dentro da cidade é
muito maior entre os migrantes mais recentes, no entanto, com alguma vivência
na cidade. Esse resultado, um tanto esperado, apenas confirma que a solução
habitacional para a maioria dos migrantes acontece apenas após algum tempo
no destino. Na verdade, essa situação simplesmente reflete uma realidade en-
frentada pelos migrantes no momento de sua chegada em Paulínia. Segundo os
dados do LEDUD, dos migrantes recém-chegados apenas 19% foram morar em
casa própria, ficando o restante dependendo de outras soluções como aluguel
(42%), casa de parentes (18%), casa cedida (15%) etc.
Ao se confrontarem os dados da Tabela 7 com os da Tabela 8, podemos
notar que os migrantes recém-chegados são justamente aqueles que, no
momento do levantamento, não haviam ainda equacionado sua situação
habitacional, já que apresentavam os menores percentuais de casa própria
e os maiores de casa alugada, situação que os tornaria mais propensos a
mudar-se. A importância do tempo de residência para a solução habitacional
em Paulínia fica patente ao observar, na mesma tabela, que quase 75% dos
chefes de família migrantes mais antigos (mais de dez anos de residência)
declararam ser donos de seus domicílios.
A importância da questão habitacional para se explicar a mobilidade
intramunicipal fica ainda mais evidente ao se analisar o motivo declarado
como responsável pela mudança. Segundo os dados recolhidos no LEDUD,
mais de 53% dos chefes de famílias, em Paulínia, declararam ter-se mudado
em função do problema habitacional, sendo 14% devido à busca de aluguel
mais barato, 23% por haver comprado uma casa e 16% devido à construção

528 MIGRAÇÃO, REDES SOCIAIS, POLÍTICAS PÚBLICAS E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS METROPOLITANOS PERIFÉRICOS
de sua residência. Quando desagregados por condição migratória, os dados
são ainda mais contundentes: para aqueles com tempo de residência entre
cinco e dez anos, a questão habitacional respondia por mais de 58%, com
38% por compra ou construção; para os mais antigos, registrou-se uma cifra
semelhante ao total, muito embora 47% deles tenham declarado a compra
ou construção como principal motivo.
Tabela 8
Chefes de domicílio segundo condição de ocupação do domicílio
Paulínia, 1998

*
Exclui não declarados.
Fonte: Levantamento Domiciliar de Demanda – Prefeitura Municipal de Paulínia e Nepo/Unicamp.

Também é interessante notar que, entre os migrantes recém-chegados


que efetuaram mudança de residência dentro de Paulínia, 54% foram morar
em casa alugada ao chegar à cidade e cerca de 29% buscaram a casa de
parentes ou amigos.
Destaca-se também que, entre os motivos de mudança, existem dois
que figuram com um peso significativo: a constituição de família (10,9%) e a
busca de um lugar melhor para se viver (10,4%). Essa informação sugere que
os elementos ligados ao ciclo vital familiar também podem ser importantes
para se entender a estruturação espacial da cidade.

Migrações políticas públicas e redes sociais

Questionados sobre os motivos que os levaram a se mudar para Paulí-


nia, quase 43,6% dos chefes de família migrantes captados pelo LEDUD
declararam, como se poderia prever, o trabalho na cidade (37,2%), ou na
região (6,4%), sendo que respostas semelhantes foram dadas pelos migrantes
recém-chegados, o que mostra certa estabilidade na estrutura de motivações,
particularmente aquelas econômicas.14

14
O único desvio foi observado para os migrantes com tempo de residência entre cinco e dez anos,
cujo percentual de motivos ligados ao trabalho foi um pouco maior, 54%.

JOSÉ MARCOS PINTO DA CUNHA E FÁBIA A. SILVEIRA DUARTE 529


No entanto, outras motivações chamaram a atenção, particularmente,
aquelas relacionadas à busca de serviços (6%), de moradia (5%), de uma
vida mais tranqüila (5%) e a questões familiares (23%). Neste último caso,
o elevado percentual certamente reflete a resposta de chefes de famílias que,
no passado, migraram com seus pais. De fato, quando se considera apenas
o migrante recente, dos motivos apresentados, o familiar é o único que se
modifica, caindo para algo em torno de 10 por cento. Desta forma, percebe-se
que mais de 50% da imigração direcionada para Paulínia não tem, a princípio,
uma motivação estritamente de ordem econômica, ou para ser mais específico,
uma expectativa com relação ao mercado de trabalho, fato que permite as-
sociar essa situação às características peculiares da cidade, particularmente
no que se refere às condições de vida oferecidas à população.
Assim sendo, o papel das políticas públicas fica patente sob todos os
pontos de vista da ocupação de Paulínia. De um lado, pelo seu efeito atrativo
sobre parte dos migrantes e, de outro, pelo seu impacto no processo de re-
distribuição e fixação dos migrantes na cidade. Sabe-se que grande parte da
periferia paulinense foi configurada graças à ação do poder público, que coor-
denou e subsidiou as ações de oferta de conjuntos habitacionais para abrigar
a população mais carente. Cabe destacar que, em Paulínia, mais de 65% da
população vivem em casa própria e que a incidência de habitações precárias
e improvisadas – como favelas e invasões – é praticamente nula.
Em Paulínia, a contraposição entre a “cidade legal” e a “cidade real”
de Maricato (1996)15 não pode ser concebida nos mesmos termos, porém se
pode estabelecer um paralelo entre os loteamentos e construções ilegais e as
casas de fundo ou os “puxados”, como são chamados na cidade. De qualquer
forma, a poder local está longe de suprir o défice habitacional, apesar da quan-
tidade de casas populares construídas, fazendo com que a população acabe
encontrando formas de se manter na cidade, até que, como se mostrou, após
algum tempo, possa se realocar dentro do município. Neste sentido, é muito
interessante observar os dados obtidos pelo LEDUD a respeito da incidência
de casas de fundo.
Aliás, cumpre lembrar que uma das motivações da Prefeitura Municipal
de Paulínia para realizar o Levantamento Domiciliar Universal de Demanda,
foi a suspeita de que a cidade não crescia apenas em número de domicílios
construídos regularmente, mas também por meio de construções, muitas
vezes mal-acabadas – os ditos “puxados” –, ou casas de fundo. Claro que,

15
A “cidade legal” consiste na parte reconhecida e passível do olhar governamental e social, enquanto
a cidade real “não passa de uma referência longínqua e abstrata” de loteamentos e construções
ilegais, muitas vezes informalmente consentidos e até mesmo incentivados, localizados na periferia,
onde mora população que não tem condições de ter acesso à terra e à cidade. Estado e sociedade
criam estratégias para conviver com a ocultação da cidade real.

530 MIGRAÇÃO, REDES SOCIAIS, POLÍTICAS PÚBLICAS E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS METROPOLITANOS PERIFÉRICOS
do ponto de vista do planejamento local, a comprovação dessa suspeita não
apenas ajudaria a entender os motivos do crescimento demográfico superior
à expansão da área urbana, mas também seria de importância ímpar para
se conhecer a real demanda habitacional no município. De fato, a pesquisa
mostrou que pelo menos 25%16 do total de domicílios particulares permanentes
da cidade pertenciam a essa categoria de construção.
Tendo em vista a dimensão deste fenômeno, pode-se entender um
pouco melhor o motivo da intensidade dos deslocamentos intramunicipais,
já que o setor imobiliário, até onde se sabe, tem tido pouca influência sobre
o processo de ocupação de Paulínia, que tem sido muito direcionado e con-
trolado pela ação pública.17 Além disso, poder-se-ia pensar que esse tipo de
estratégia, ao resolver, provisória ou definitivamente, a questão habitacional
de muitas famílias, acaba reduzindo o impacto desse défice de moradia sobre
a expansão da cidade.
Outro aspecto que colabora na compreensão do processo de ocupação e
expansão do município de Paulínia refere-se ao papel das redes sociais, que, se
não explicam, ao menos devem ser consideradas como fatores intervenientes
que ajudam a direcionar e aumentar o volume da migração.
A partir da decisão de migrar, o migrante procura lugares em que dis-
ponha de algum conhecimento, muitas vezes originário, de relações pessoais
e familiares, que funcionam como um ponto de apoio e assistência social e
financeira (BOYD, 1989).
[...] a grande maioria dos migrantes potenciais de longa distância [...]
selecionam informações dos seus chefes de família para as decisões
migratórias [...] das relações entre as pessoas dos membros da família e
suas redes inter-pessoais, e confiam nessas redes para sua assistência tanto
na movimentação como no estabelecimento em seu destino. Essa atividade
é reproduzida e estendida para suas próprias redes, especialmente para as
áreas de migração em que eles adquirem a possibilidade, e obrigação, de
fornecer informações e ajudar os potenciais migrantes. A partir de suas redes
pessoais, os migrantes potenciais desistem de considerar vários destinos
teoricamente disponíveis e concentram seus esforços naquelas poucas
localidades que possuem laços fortes [...] (TILLY, 1990).

Na verdade, a questão das redes sociais sugere uma discussão adicional,


para se entenderem as condições de vulnerabilidade das pessoas residentes
em Paulínia, em especial dos migrantes mais recentes. Pensada do ponto de
vista do enfoque do capital social, a existência ou não destas redes pode ter

16
Este dado apresentou problemas de interpretação no momento da coleta, podendo estar
subestimado.
17
Apenas recentemente, começaram a aparecer loteamentos para serem adquiridos sem construções
prévias.

JOSÉ MARCOS PINTO DA CUNHA E FÁBIA A. SILVEIRA DUARTE 531


profundas implicações sobre a forma como se adaptam ou se “acomodam”
os que chegam à cidade.
Existe uma ampla literatura que trata deste tema, e podemos perceber
que este conceito assemelha-se perfeitamente à realidade observada na cidade
de Paulínia. Dentre esses autores, Putnam entende o capital social como os
“fatores da vida social, redes, normas e confiança – que possibilitam aos seus
participantes agirem juntos mais efetivamente para possuir objetivos comuns”
(PUTNAM, 1996, p.56, apud SCHÜLLER; BARON; FIELD, 2000, p.9). Ou seja,
é exatamente essa “reciprocidade generalizada” a principal característica do
capital social. Nessa mesma perspectiva, Coleman (1990) considera que é o
capital social o elemento que proporciona equilíbrio dentro da comunidade,
particularmente quando existe um défice de capital humano e cultural.
Assim, é nestas comunidades em que os recursos são escassos que o
capital social torna-se o elemento que proporciona uma maior interação e
cooperação, por meio de organizações que buscam novas possibilidades para
a resolução dos problemas enfrentados pelas populações mais vulneráveis aos
riscos da pobreza, do desemprego e da falta de moradias.
Claro que os objetivos da pesquisa LEDUD não tinham por motivação
o estudo específico do papel do capital social na redução da vulnerabilidade
das famílias e domicílio18 e, por este motivo, a pesquisa não levantou outras
tantas fontes deste tipo de capital como são as organizações locais, associa-
ções de bairros, igrejas etc. A possibilidade da ampliação do poder político
das comunidades carentes e da coesão local, buscando o benefício coletivo,
certamente constitui uma alternativa para o enfrentamento das dificuldades,
em especial por parte das famílias de baixa renda.
Porém, esse tipo de “capital” registra-se também na esfera privada,
mobilizando ativos que sejam apenas do interesse do indivíduo. Neste sentido
é que talvez se pudessem avaliar os dados sobre a influência de parentes e
amigos nas condições de fixação dos migrantes no município de Paulínia.
Assim, os dados levantados pelo LEDUD mostram, por exemplo, que um
grande número de migrantes que chegaram a Paulínia encontrou trabalho,
ou um lugar para morar, por intermédio de um parente ou amigo. Vale dizer:
mudam-se para a cidade utilizando sua rede de amigos e familiares, que
poderá dar-lhes suporte em um momento de necessidade.
Os dados aqui analisados, embora não conclusivos, devido à dificuldade
de levantamento de informações sobre este fenômeno através de questioná-
rios, sugerem que, em Paulínia, existe uma significativa importância de ao
menos uma das formas de capital social: as relações pessoais e familiares,

18
Este, aliás, constitui um dos objetivos centrais do Projeto Vunerabilidade, do qual o presente livro
é um dos subprodutos.

532 MIGRAÇÃO, REDES SOCIAIS, POLÍTICAS PÚBLICAS E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS METROPOLITANOS PERIFÉRICOS
através das quais a maioria da população migrante obtém o suporte necessário
para a estabilização dentro da nova cidade. Esta ajuda refere-se tanto a in-
dicação de emprego como de moradia, ou mesmo à apresentação do novo
morador à comunidade à qual irá pertencer.
Em seu estudo sobre a migração rural-urbana, Eunice Durham (1973)
argumenta que os migrantes partem de seu lugar de origem com uma
qualificação diferente da exigida no lugar de destino, dificultando, assim, sua
interação no sistema econômico industrial de uma grande cidade. Porém, a
partir do momento em que se constitui uma “tradição”, a migração funcionará
como válvula de escape para aliviar as “tensões características do próprio
funcionamento ‘normal’ da vida tradicional” (p. 125).
A primeira mostra da importância das redes sociais na constituição da
migração para Paulínia pode ser encontrada na avaliação do quesito do LEDUD
referente à informação prévia sobre a cidade. Questionados sobre como
souberam da existência de Paulínia, a grande maioria dos migrantes (76%)
respondeu ter obtido a informação de parentes ou amigos (Tabela 9), sendo
que um percentual parecido foi registrado considerando apenas a migração
mais recente (com menos de cinco anos de residência).
Tabela 9
Total de chefes de família não naturais de Paulínia, por tipo de informação,
segundo o local da primeira moradia
Paulínia, 1998

Fonte: Levantamento Domiciliar de Demanda – Prefeitura Municipal de Paulínia e Nepo/Unicamp.

Da mesma forma, a informação sobre o local da primeira residência no


município também é uma forte indicação da ação das redes. Neste caso, os
dados mostram que cerca de 18% dos migrantes iniciavam sua estadia na
cidade nas casas de parentes e amigos. Além disso, ao cruzar essa questão
com a anterior, ou seja, a origem de informação sobre Paulínia, percebe-se
que, justamente para aqueles que contaram com a informação de parentes
e amigos, o percentual de casa própria é um dos menores. Embora os dados
não disponíveis não permitam este tipo de conclusão, não seria exagero pensar

JOSÉ MARCOS PINTO DA CUNHA E FÁBIA A. SILVEIRA DUARTE 533


que, mesmo dentro da categoria ”casa alugada”, estivesse embutido algum tipo
de ajuda obtida de parentes e amigos, como seriam, por exemplo, a ocupação
de casas de fundos ou “puxados” – que, como se mostrou, têm incidência sig-
nificativa no município –, alugados em condições bem mais convenientes.
Assim, as indicações dos dados da Tabela 9 são bastante sugestivas
quanto à importância das redes sociais, não apenas no direcionamento de
fluxos migratórios para o município de Paulínia, mas também no processo de
integração e fixação dos migrantes. Claro que a compreensão dessas redes, em
toda a sua complexidade, dificilmente poderia ser captada por uma pesquisa
retrospectiva, sobretudo no caso do LEDUD, cujo objetivo era muito mais amplo
do que simplesmente a análise da migração, razão pela qual esta análise deve
ser tomada apenas como uma primeira aproximação da questão.

Considerações finais

A problemática da ocupação e expansão urbana, em particular dos mu-


nicípios localizados em áreas metropolitanas, envolve um enorme e complexo
conjunto de condicionantes, que vão desde as questões relativas ao uso e
ocupação do solo à intervenção do poder público e à localização da atividade
econômica, até chegar em seu elemento mais visível e palpável, ou seja, a
distribuição da população.
Este último processo, por sua vez, requer, para sua cabal compreensão,
um entendimento da posição do município e de sua região frente à dinâmica
socioeconômica e demográfica da própria região, do estado e até mesmo do
país. De fato, somente é possível entender a dinâmica demográfica de uma
área a partir de uma clara visualização da importância dos componentes do
crescimento demográfico e, no caso da migração, da natureza do fenômeno
e suas relações com as especificidades do município onde ela ocorre.
Neste sentido, o estudo do caso de Paulínia apresentou-se como uma
boa oportunidade para se avançar em algumas questões até agora pouco ex-
ploradas pelos estudos produzidos nas últimas décadas, em especial aqueles
de cunho demográfico. Por um lado, porque se trata de um município bastante
peculiar que não se assemelha ao tipicamente “dormitório” e, muito menos, aos
grandes centros urbano-industriais; mesmo sendo uma área, cuja população
predominante é de baixa renda, possui, por sua base produtiva, a capacidade
de fornecer a essa população emprego, serviços e atrativos, como poucas áreas
da região. Por outro lado, porque o município dispõe de um censo elaborado
pelo Nepo para o início de 1998, que, avançando em relação aos censos de-
mográficos do IBGE, traz um conjunto novo e interessante de informações
que, se não esgotam, pelo menos permitem uma abordagem inicial de várias
questões de interesse para os estudos demográficos e urbanos.

534 MIGRAÇÃO, REDES SOCIAIS, POLÍTICAS PÚBLICAS E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS METROPOLITANOS PERIFÉRICOS
Assim, além das tradicionais análises sobre o impacto da migração na
dinâmica demográfica e de sua natureza, os dados considerados também
foram úteis para ajudar a entender o processo de expansão da cidade a partir
da captação de elementos relativos à sua dinâmica redistributiva interna. Os
resultados para Paulínia mostraram, por exemplo, a importância dos desloca-
mentos internos no crescimento de certas áreas periféricas do município.
Além disso, esse estudo também apresentou bons indícios sobre o papel
das ações do poder público no processo de atração e fixação, tanto da popula-
ção migrante como da não migrante. Assim, mesmo que de maneira indireta,
pode-se mostrar a forte relação entre as ofertas habitacionais – propiciadas
por uma política dirigida para atender a população de baixa renda – e o pro-
cesso de ocupação e realocação da população na cidade.
Da mesma forma, os dados analisados permitiram uma reflexão sobre a
importância das redes sociais sobre o processo migratório que envolve Paulí-
nia. Os elementos levantados foram muito sugestivos, no sentido de mostrar
o impacto que tais redes parecem ter tido para se entender o crescimento
demográfico do município, sustentado ao longo de mais de 30 anos. Neste
particular, ainda que de maneira ainda muito preliminar, esta análise indica o
peso desta fonte de capital social sobre a fixação dos migrantes e, portanto,
da população de mais baixa renda no município.
Como subsídio para o projeto maior do qual este estudo faz parte, esta
incursão aos dados do LEDUD mostrou, por um lado, o potencial que a análise
do capital social tem para se entender não apenas o grau de vulnerabilidade
da população, mas, em particular, seu papel nos resultados do processo mi-
gratório. Por outro lado, deixou clara a importância que os processos intra-
municipais têm para o entendimento da dinâmica metropolitana observado
até agora, por conta das limitações dos dados normalmente disponíveis, em
geral, sob a ótica das dinâmicas municipais e intermunicipais.
Este tipo de olhar revelou o grande potencial analítico que, juntamente com
outros enfoques, como, por exemplo, o da vulnerabilidade social e o da segrega-
ção socioespacial, podem jogar novas luzes para o entendimento e, quem sabe,
até para o equacionamento dos problemas municipais e metropolitanos.
Como se disse, Paulínia constitui-se, em muitos sentidos, um exemplo
especial de município metropolitano, razão pela qual o conhecimento desta
realidade trouxe e continuará trazendo novos elementos para o complexo
mosaico que se delineia em uma região metropolitana que, embora com
grandes problemas, ainda apresenta dimensões manejáveis e, portanto, boas
possibilidades de melhoria das condições de vida de sua população.
Quanto ao sugerido no título deste ensaio, a tentativa de relacionar
migração com as redes sociais e políticas públicas, acredita-se que se logrou
um avanço. Considere-se este um bom começo.

JOSÉ MARCOS PINTO DA CUNHA E FÁBIA A. SILVEIRA DUARTE 535


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