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GABINETE DO CONSELHEIRO

SIDNEY ESTANISLAU BERALDO


(11) 3292-3531 (11) 3292-3368 - gcseb@tce.sp.gov.br

01-12-20 SEB
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135 TC-004665.989.18-2
Prefeitura Municipal: Paulínia.
Exercício: 2018.
Prefeitos: Dixon Ronan Carvalho e Ednilson Cazellato.
Períodos: (01-01-18 a 08-11-18) e (08-11-18 a 31-12-18).
Advogados: César Henrique Bruhn Pierre (OAB/SP nº 317.733), Rafael
Barroso de Andrade (OAB/SP nº 391.425), Diego Pimenta Barbosa (OAB/SP nº
398.348), Guilherme Mello Graça (OAB/SP nº 399.667), Gabriel Curci Tavares
Risso (OAB/SP nº 400.324), Dieggo Ronney de Oliveira (OAB/SP nº 403.301),
Elisama Franco Paulino Vantin (OAB/SP nº 333.934), Marcelo Palavéri
(OAB/SP nº 114.164), Ruth dos Reis Costa (OAB/SP nº 188.312), Marcelo
Pelegrini Barbosa (OAB/SP nº 199.877), Renata Maria Palavéri Zamaro
(OAB/SP nº 376.248), Olga Amélia Gonzaga Vieira (OAB/SP nº 402.771) e
outros.
Procurador de Contas: João Paulo Giordano Fontes.
============================================================

EMENTA: CONTAS MUNICIPAIS. DESPESAS DE PESSOAL


ACIMA DO LIMITE LEGAL. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA
TRANPARÊNCIA E DA EVIDENCIAÇÃO CONTÁBIL. DÉFICIT
FINANCEIRO. AUSÊNCIA DE LIQUIDEZ PARA HONRAR
COMPROMISSOS DE CURTO PRAZO. SUBSÍDIOS DOS
AGENTES POLÍTICOS. INEFICIÊNCIA NA APLICAÇÃO DOS
RECURSOS NA EDUCAÇÃO. DESPESAS COM LOCAÇÃO DE
IMÓVEIS. CONTROLE INTERNO. PARECER PRÉVIO
DESFAVORÁVEL.

Título Situação Ref.


Aplicação no Ensino – CF. art. 212 34,89% (25%)
FUNDEB – Lei nº 11.494/07, art. 21, caput e § 2º 100% (95% - 100%)
Pessoal do Magistério – ADCT da CF, art. 60, XII 100% (60%)
Despesa com Pessoal – LRF, art. 20, III, „b” 56,77% (54%)
Saúde – ADCT da CF, art. 77, III 24,10% (15%)
Transferência ao Legislativo – CF, art. 29-A, § 2º, I 2,23% 6%
Execução Orçamentária – R$18.811.166,17 1,54% - Superávit
Resultado Financeiro – (R$ 104.656.904,38) Déficit
Precatórios Regular
Remuneração dos Agentes Políticos Irregular
Encargos Sociais (INSS, PASEP, FGTS e RPPS) Regulares
Investimentos + Inversões Financeiras: RCL 0,83%

ATJ: Desfavorável MPC: Desfavorável SDG: -

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1. RELATÓRIO

1.1 Versam os autos sobre as contas da PREFEITURA MUNICIPAL


DE PAULÍNIA, exercício de 2018.

1.2 O Município de Paulínia recebeu fiscalização concomitante, nos


termos dispostos no TC-A-023486/026/10, Ordem de
Serviço nº 01/2012 (item 1.3.2) e artigo 1º, § 1º, da Resolução nº 01/2012.

A análise relativa aos períodos de janeiro a abril e de maio a


agosto de 2018 consta dos eventos 37.12 e 69.11, respectivamente, tendo sido
apontadas falhas nos seguintes itens: “Controle Interno”;
“IEGM – I-Planejamento”; “Resultado da Execução Orçamentária”; “Despesas
de Pessoal”; “IEGM – I-Fiscal”; “Ensino”; “IEGM – I-Educ; “IEGM – I-Saúde”;
“IEGM – I-Amb”; “IEGM – I-Cidade”; “Fidedignidade dos Dados Informados ao
Sistema AUDESP”; “IEGM – I-Gov-TI”; “Outros Aspectos relevantes (terceirização
de profissionais de educação física e fisioterapia)”; “Denúncias/ Representações/
Expedientes” e “Atendimento à Lei Orgânica, Instruções e Recomendações do
Tribunal”.

O Chefe do Executivo foi devidamente notificado (eventos 44.1 e


76.1) acerca dos respectivos relatórios de acompanhamentos, disponíveis no
processo eletrônico para ciência e providências, com vista à regularização das
falhas apontadas.

1.3 O relatório da fiscalização in loco realizada pela Unidade Regional


de Campinas – UR-03 (evento 117.74) apontou as seguintes ocorrências:

A.1.1 Controle Interno

- não existe regulamento em lei para assegurar o pleno exercício


das funções do Controle Interno.

A.2 IEGM – Planejamento – Índice C

- inadequações às metas propostas para os ODS (Objetivos de


Desenvolvimento Sustentável):

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* não existe órgão ou servidor responsável pelo controle interno


no município com atribuições formalmente definidas e com a apresentação de
relatórios periódicos (CF art. 74);

* a Prefeitura não dispõe de equipe estruturada para a elaboração


das peças de planejamento do município (PPA, LDO e LOA); *não há, nos
quadros funcionais da Prefeitura, cargos criados especificamente para o
desenvolvimento de atividades de planejamento;

* o Executivo não fornece treinamento para os servidores


incumbidos do planejamento orçamentário do município;

* não foram oferecidos eventos de capacitação em planejamento


a servidores lotados em setores não dedicados especificamente a atividades
dessa natureza;

* os servidores a quem compete desempenhar funções afetas ao


planejamento da gestão municipal não se dedicam exclusivamente a atividades
dessa natureza;

* com exceção das audiências públicas, o Executivo não promove


diligências formais voltadas à identificação dos problemas enfrentados pelos
munícipes, a fim de reunir subsídios para o processo de planejamento das
ações governamentais;

* a Prefeitura não disponibiliza canais pela internet para o


recebimento de sugestões e reivindicações de sua população, com o objetivo
de incorporá-las aos esforços de construção das peças de planejamento do
município;

* na coleta pela Internet não há glossário explicando os objetivos,


como contribuir, em linguagem clara e simples;

* o processo de planejamento do Executivo municipal não prevê


mecanismos para a criação de programas, ações ou projetos sociais a partir
dos influxos originários da participação popular;

* as atas das sessões públicas realizadas pela municipalidade


não são divulgadas na internet;

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* não há acompanhamento da execução do planejamento;

* não há relatórios mensais levados ao conhecimento do Prefeito


sobre a execução orçamentária;

* o município não confere publicidade aos resultados alcançados


por suas ações e programas de governo através da contraposição entre os
indicadores de desempenho efetivamente registrados e as metas traçadas nas
respectivas peças de planejamento;

* não foi observado o cumprimento da legislação relativa à pessoa


com deficiência e das normas de acessibilidade vigentes (LF nº 13.146/15);

* o Sistema de Controle Interno não foi regulamentado;

* o Responsável pelo Controle Interno não ocupa cargo efetivo na


Administração Municipal;

- falta de controle da execução dos contratos, causando prejuízos


ao erário municipal1;

- pagamento de notas fiscais referentes a serviços executados


sem cobertura contratual2.

B.1.1 Resultado da Execução Orçamentária

- cancelamentos no montante de R$ 51.755.212,34 de empenhos,


ao final do exercício de 2018 (por meio da edição do Decreto Executivo nº 7.363,

1
Atrasos no pagamento de contratos de aluguel; desocupação do imóvel após longo período do vencimento do
prazo contratual e necessidade do pagamento de reparos nesses imóveis:
- Nota de empenho 5818/2018 – Guilherme Gino Pigatto – despesas indenizatórias de R$ 94.808,54: os aluguéis
não estavam sendo pagos desde abril de 2017, e a desocupação do imóvel com a entrega das chaves somente
ocorreu em 29 de maio de 2018;
- Nota de empenho 4311/2018 – José Fernando Palma – despesas indenizatórias de R$ 147.466,56: o pagamento
dos aluguéis não estava sendo efetuado desde fevereiro de 2017 até a desocupação do imóvel, acumulando 12 (doze)
meses de inadimplência;
- Nota de empenho 7232/2018 – Luxor – Administração de Bens e Imóveis Ltda. – despesas indenizatórias de
R$ 98.799,84: os pagamentos dos aluguéis estavam atrasados de abril a agosto de 2018.
Além das despesas de aluguel, foi constatado o pagamento indenizatório de despesas executadas em exercícios
anteriores:
- Nota de empenho 1592/2018 – Tormel Engenharia Ltda. – despesas indenizatórias de R$ 145.456,00.
2
Nota Fiscal 814 – Smile Transportes e Turismo Ltda. – prestação de serviços de transporte escolar –
R$ 434.261,10: Contrato nº 79/2014, de 16/05/2014, no valor de R$ 5.095.800,00, pelo período de 12 (doze) meses. O
contrato foi prorrogado nos exercícios de 2015, 2016 e 2017 e estava vigente no exercício de 2018. Contudo, o saldo
orçamentário anual do contrato já havia sido atingido. A fim de evitar o prejuízo da empresa, que de boa fé prestou os
serviços de transporte, a Administração Municipal decidiu pagar a nota através de outra dotação orçamentária, no
elemento econômico de indenizações e restituições.

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de 10-10-18), que distorceram a dinâmica orçamentária, levando à obtenção de


um irreal superávit na execução da despesa;

- abertura de créditos adicionais e realização de transferências,


remanejamentos e transposições que corresponderam a 25,44% da Despesa
Fixada, muito superior à inflação do período.

B.1.2 Resultados Financeiro, Econômico e Saldo Patrimonial

- diferença de R$ 51.439.785,58 no resultado financeiro apurado


no Balanço Patrimonial e pela análise dos demais demonstrativos
contábeis (Balanço Orçamentário e Financeiro), demonstrando que existe
inconsistência entre as peças contábeis.

B.1.6 Encargos Sociais

- pagamentos feitos com atraso, gerando multas e juros;

- o Município não dispõe de Certificado de Regularidade


Previdenciária.

B.1.8.1. Despesa de Pessoal

- as despesas de pessoal do 3º quadrimestre de 2018 foram


de 56,77%;

- pagamento de horas-extras e contratação de pessoal, apesar


das vedações da LRF por superação do limite prudencial;

- a Prefeitura possui diversos contratos de terceirização de mão


de obra que, se somados às despesas de pessoal, elevariam ainda mais o
percentual de gastos;

- estão em vigência as Leis Complementares nº 65 e nº 66,


de 2017, que trazem mecanismos de valorização do padrão salarial dos
servidores a partir de 2019, piorando ainda mais o já combalido cenário da
entidade.

B.1.9 Demais Aspectos dos Recursos Humanos

- majoração de vencimentos sem lei autorizadora, contrariando o


artigo 37, X, da CF/88;

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- migração de servidores entre cargos que não são da mesma


natureza, contrariando a regra constitucional do concurso público;

- aumento do padrão salarial de algumas categorias sem a devida


justificativa;

- complementação de aposentadorias com base em lei já extinta e


sem contribuição para o custeio.

B.1.10 Subsídios dos Agentes Políticos

- pagamentos a maior ao Prefeito e ao Vice-Prefeito.

B.2 IEGM-Fiscal – Índice C

- inadequações no tocante ao cumprimento de metas propostas


para os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável):

* os repasses ao regime próprio de previdência do município


foram efetuados com atraso pela Prefeitura;

* as parcelas relativas aos parcelamentos de encargos sociais


não estão sendo pagas no vencimento;

* a lei orçamentária ou o código tributário municipal não


estabelecem a revisão periódica obrigatória da planta genérica de
valores (PGV);

* os recursos da CIP não foram movimentados em contas


específicas (LRF, art. 8º, parágrafo único);

* o Município não assumiu os ativos da iluminação


pública (Resolução ANEEL nº 414/10);

- despesas com aluguéis de imóveis3 em valores que não


comprovadamente são os praticados no mercado e sem as devidas
justificativas que demonstrem que o aluguel é a opção mais econômica em
detrimento da construção de prédios próprios. As avaliações realizadas pelas
imobiliárias são bastante simplórias e não demonstram cabalmente que o preço
contratado condiz com o praticado no mercado.
3
De acordo com os dados armazenados no Sistema Audesp, os gastos com aluguel de imóveis atingiram a cifra de
R$ 3.569.754,68.

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B.3.2 Falhas de instrução de licitações

- falhas formais contrariando o estatuto licitatório;

- chamamento público para programa de benefícios fiscais sem


comprovação de que geraram efeitos positivos na economia local.

B.3.3 Ordem cronológica de pagamentos

- descumprimento da ordem cronológica de pagamentos.

B.3.4 Concessões de serviços públicos

- as concessões dos serviços de transporte coletivo de


passageiros e de distribuição de água e tratamento de esgotos estão com
prazo de validade expirado.

B.3.5 Pagamento de desapropriações

- indenização de empresa por desapropriação de imóvel com


cláusula de indisponibilidade decretada pela Justiça Estadual, em razão de
dívida da proprietária.

B.3.6 Estúdios Paulínia

- manutenção de contrato julgado irregular por esta Corte de


Contas4 e extrapolando o prazo de validade.

C.2 IEGM-I-EDUC – Índice C

- várias escolas visitadas in loco apresentam problemas


estruturais em suas instalações prediais, enquanto que a Secretaria de
Educação mantém contrato de aluguel de lousas digitais a custo mensal
elevado (R$ 250.438,20), mostrando que existe uma deficiência na gestão dos
recursos da educação;

- inadequações no tocante às metas propostas para


os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável):

* ausências frequentes ao trabalho dos professores que atuam


nos anos iniciais do Ensino Fundamental;
4
A licitação (Concorrência nº 04/2008) e o Contrato s/nº foram julgados irregulares por este Tribunal de Contas no
TC-000867/003/09, decisão essa mantida em sede de Embargos de Declaração na sessão do Tribunal Pleno
de 01-06-16, de minha relatoria.

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* o Município não possui, no planejamento, ações governamentais


para enfrentamento ao bullying;

* não forneceu aos alunos matriculados em sua rede de ensino


materiais didáticos de apoio ao desenvolvimento dos conteúdos curriculares;

* não forneceu, antes do início das aulas, uniformes escolares aos


alunos matriculados em sua rede de ensino;

* não existe um programa de inibição ao absenteísmo de


professores em sala de aula (incluindo os afastamentos legais);

* a Prefeitura não forneceu kits escolares aos alunos matriculados


em sua rede de ensino.

D.2. IEGM-I-Saúde – Índice B

- inadequações no tocante às metas propostas para


os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável):

* o município não possui informação sistematizada sobre os


gargalos/demanda reprimida de atendimento ambulatorial/hospitalar de média
e alta complexidade de referência para a Atenção Básica;

* da escala dos profissionais de saúde, divulgada em local


acessível ao público nas unidades aonde exercem suas atribuições
profissionais, não consta o horário de encerramento de suas jornadas de
trabalho;

* o município não possui gestão de estoque dos


materiais/insumos e medicamentos;

* o município não estruturou seu componente do Sistema


Nacional de Auditoria do SUS;

* o Conselho Municipal da Saúde não aprovou as contas da


Secretaria Municipal da Saúde referentes ao exercício de 2017;

* os médicos da UBS não possuem sistema de controle de ponto


eletrônico ou mecânico;

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* não promove o acompanhamento das condições


epidemiológicas do município a fim de reunir subsídios para o planejamento e a
elaboração de políticas públicas na área da Atenção Básica;

* a equipe de atenção básica não desenvolve ações regulares de


planejamento familiar com oferta métodos contraceptivos;

* o município não possui Plano Municipal da Saúde atualizado,


contendo metas físico-financeiras quantificáveis;

* não participa de esforços conjuntos com outras secretarias


municipais para a prevenção e o combate ao consumo de drogas ilícitas e,
tampouco, mantém estatísticas acerca do número de dependentes desse tipo
de substância;

* não implantou/estruturou a Central de Regulação da Saúde no


Município;

- em visita realizada a UBSs (Unidades Básicas de Saúde), foi


constatado que os imóveis em que estão instaladas necessitam urgentemente
de reparos:

* Unidade Básica de Saúde do Centro: fissuras em parede,


geladeira de medicamentos quebrada há mais de um ano; diversas infiltrações,
longarina deteriorada; toldos inexistentes;

* Unidade Básica de Saúde Parque da Represa: toldos rasgados,


paredes com infiltração, portas danificadas, infiltrações no telhado, materiais e
documentos armazenados em local inapropriado;

* UBS Betel: péssimo estado da pintura realizada, sendo que o


prédio necessita de reformas e reparos (pintura, substituições de piso, azulejos,
conserto de janelas, portas, rachaduras, infiltrações e fiação elétrica).

E.1 IEGM-I-AMB – Índice B

- inadequações no tocante às metas propostas para


os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável):

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* não estimula entre seus órgãos e entidades de sua


responsabilidade projetos e/ou ações que promovam o uso racional de
recursos naturais;

* não participa de alguma instância de planejamento e gestão


regional (tais como: comitê de bacia, conselho regional/metropolitano, conselho gestor de
APA – Área de Proteção Ambiental), que promova a melhoria continua da gestão
ambiental municipal e da região em que está inserida;

* não participa do Programa Município Verde-Azul;

* não está habilitado perante o CONSEMA a assumir o


licenciamento de empreendimentos e atividades cujos impactos ambientais se
restrinjam aos limites de seu território;

* a estrutura de Meio Ambiente não se encontra em nível de


primeiro escalão no organograma da prefeitura.

F.1 IEGM-I-Cidade – Índice B+

- inadequações no tocante às metas propostas para


os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável):

- não foi elaborado seu Plano de Mobilidade Urbana;

- não dispõe de um estudo atualizado sobre as condições de


segurança de suas escolas e unidades de saúde;

- embora tenha registrado acidentes de trânsito em sua malha


viária, o município não realizou a coleta de dados estatísticos e, tampouco,
elaborou estudos sobre as causas de tais ocorrências, conforme determina o
art. 24, IV, do Código de Trânsito Brasileiro.

G.1.1 Lei de Acesso à Informação e a Lei de Transparência Fiscal

- no tocante ao terceiro setor, não constam os valores repassados


mês a mês às entidades, apenas o total.

G.3 IEGM-I-GOV TI – Índice C+

- inadequações quanto às metas propostas para os ODS (Objetivos


de Desenvolvimento Sustentável):

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* não possui um Plano Diretor de Tecnologia da Informação ( PDTI)


que estabeleça diretrizes e defina metas para os próximos exercícios;

* o Executivo não estabeleceu formalmente uma política de


segurança que estabeleça procedimentos e condições para o uso responsável,
pelos servidores do município, dos recursos que integram sua rede de TI;

* a Prefeitura não disponibilizou oportunidades de


aperfeiçoamento profissional aos servidores dedicados à área de TI;

* não há publicação dos valores dos subsídios e da remuneração


dos cargos e empregos públicos (CF, art. 39, § 6º);

* o município não possui legislação municipal que trata de acesso


à informação;

* o sistema de controle interno não faz uso dos alertas do Sistema


AUDESP;

* a Prefeitura não criou o Serviço de Informação ao Cidadão.

H.2 Atendimento à Lei Orgânica, Instruções e Recomendações do


Tribunal de Contas

- entrega extemporânea de documentos ao sistema AUDESP e


descumprimento a recomendações do Tribunal de Contas.

1.4 Subsidiaram as contas os seguintes expedientes:

a) TC-013907.989.18: trata de ofício encaminhado pelo Ministério


Público do Estado de São Paulo, solicitando cópia de eventual procedimento
instaurado para apurar desvios de recursos em favor do Residencial Bom
Retiro SPE Ltda., no Município.

A Fiscalização informou que tramita nesta Casa o Expediente


eTC-6168.989.18-4, distribuído ao Conselheiro Dimas Eduardo Ramalho, que
abriga representação subscrita por Luciano Almeida Carrer, Secretário de
Negócios Jurídicos de Paulínia, que trouxe ao conhecimento desta Casa a
operação de transferência financeira de R$ 2.200.000,00 à empresa
Residencial Bom Retiro SPE Ltda., no exercício de 2016.

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Aduziu que a fiscalização incumbida da instrução da matéria


concluiu pela irregularidade da subvenção financeira à empresa, por
infringência aos preceitos da Lei nº 4.320/64 e da Lei de Responsabilidade
Fiscal, em razão do não atendimento às exigências da lei para subvenção
financeira à empresa privada; da inexistência de lei autorizativa específica; da
ausência de previsão da subvenção na LDO e da carência de pacto formal
entre as partes.

Relatou que, baseada nesses apontamentos, a Prefeitura


Municipal de Paulínia ajuizou ação de improbidade administrativa, que foi
distribuída à 2ª Vara do Foro de Paulínia sob o nº 1003395-33.2018-8.26.0428,
com pedido de decretação de indisponibilidade de bens dos seguintes
requeridos: José Pavan Neto, ex-Prefeito do Município; Luciano Aparecido de
Lima, ex-Secretário Municipal de Finanças e Administração; Marcelo Alexandre
Soares da Silva, ex-Secretário Municipal de Planejamento, Desenvolvimento e
Coordenação; Residencial Bom Retiro SPE Ltda., Sugói Engenharia Ltda. e
Sugói Incorporadora e Construtora Ltda.

Por fim, observou que não foram feitos repasses à referida


empresa nos exercícios de 2017 e 2018.

b) TC-013208.989.18: versa sobre ofício do Ministério Público de


Contas do Estado de São Paulo, por meio do qual encaminha cópia da petição
inicial da ADI 20954951.3.2018.8.26.0000, na qual foi questionada a
constitucionalidade da Lei Complementar nº 64/17 do Município de Paulínia5.

Informou a Fiscalização que a Lei Complementar nº 64/17


reconhece a Guarda Municipal do Município como instituição policial e concede
aos seus servidores o direito de aplicação de regras especiais para a
concessão de aposentadoria.

5
Fundamentada nos seguintes argumentos:
1- a concessão de aposentaria especial, com lastro no art. 40, § 4º, CF/88, depende da edição de lei complementar
federal estabelecendo norma geral de caráter nacional (art. 24, XII, CF/88);
2 - a ausência de lei complementar federal (nacional) regulando a aposentadoria especial do servidor público (art.
40, § 4º, CF/88) não autoriza o exercício da competência legislativa plena pelos entes subnacionais nessa matéria,
balizando o assunto as regras do RGPS para os fins da aposentadoria especial (Súmula Vinculante nº 33, STF);
3 - inadmissibilidade de extensão aos guardas civis municipais da aposentadoria especial de policiais, regulada
pela LC 51/85;
4 - município que, por legislação própria, disciplina a aposentadoria especial de servidores públicos usurpa a
competência normativa federal, violando o art. 144 da CF/88, que alberga o princípio federativo e a repartição
constitucional de competências, e viola o art. 126, § 4º, CE/89.
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Ressaltou que, entretanto, a lei não foi precedida de impacto


orçamentário-financeiro nas contas da entidade de previdência, indo de
encontro às regras estabelecidas pelos artigos 15, 16 e 17 da LRF. Ademais, a
concessão de aposentadoria especial, com base no artigo 40, § 4º, da CF/88,
depende de edição de Lei Complementar Federal estabelecendo norma geral
de caráter nacional, nos termos do artigo 24, XII, da Carta Magna, salientando
que a ausência da Lei Federal não autoriza a edição de norma municipal, pois
afronta entendimento do STF (Súmula Vinculante 33).

Por fim, informou que o assunto foi objeto de comentários


no TC-002346.989.17, que trata das contas de 2017 da entidade de
previdência municipal, e que, de acordo com a certidão de objeto e pé, a ação
foi julgada procedente em 03-10-18, com trânsito em julgado em 07-02-19.

c) TC-009772.989.18: diz respeito a ofício do Ministério Público


do Estado, por meio do qual solicita menção específica, no relatório das contas,
de irregularidades relativas à promulgação das Leis nº 65 e nº 66 de 2017, que
se referem à valorização das carreiras dos servidores públicos de Paulínia.

Destacou a Fiscalização que a Lei Complementar nº 65, de 27 de


dezembro de 2017, dispõe sobre a implantação do plano de cargos, carreiras e
vencimentos do Magistério Público da Prefeitura Municipal de Paulínia.

Salientou que os artigos 64 a 75 fixam os critérios para a evolução


salarial dos servidores, através de processos de progressão e promoção,
desde que atendidos certos requisitos, e que, de acordo com o parágrafo único
do artigo 64, os processos de habilitação à progressão vertical somente podem
ocorrer a partir do exercício de 2019.

Observou que o Capítulo II desse diploma legal fixou os critérios


para o enquadramento dos servidores em cargos com nova nomenclatura,
estabelecendo o art. 77 o seguinte:

Art. 77 – Ficam os cargos alterados e renomeados na conformidade


do Anexo XII desta Lei Complementar, observada as seguintes
regras:
I – Os atuais ocupantes dos cargos e classes de Professor, Professor
de Educação Infantil/Creche, Professor I – 20 horas, Professor I – 25
horas e Professor de Educação Básica – Pré-Escola e Ensino
Fundamental são renomeados como Professor de Educação Básica I
– PEB I;
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II – Professor III, IV e V são renomeados como Professor de


Educação Básica II – PEB II.
Parágrafo único – Os servidores do quadro geral denominados
educadores serão reaproveitados, nos termos da Lei 3.168/2010.

Assinalou que, por sua vez, dispõe o art. 2º, § 1º, da Lei
Municipal nº 3.168/10:

Artigo 2º - Os cargos e empregos de Educadora Infantil, titularizados


por servidores e empregados lotados nas Creches do Município de
Paulínia, que constam do Quadro da Família Ocupacional
Operacional, serão transformados, nos termos desta lei, em cargos e
empregos de Professor de Educação Infantil – Creche à medida que
seus titulares comprovarem possuir a habilitação exigida e o
preenchimento das exigências específicas para a transformação
desses cargos, passando a pertencer ao Quadro da Família
Ocupacional Ensino.
§ 1º - Aos atuais titulares dos cargos e empregos mencionados no
“caput” que não preencherem os requisitos necessários e não
estiverem no efetivo exercício da função, ficará assegurada, no prazo
de 6 (seis) anos, a partir da data da publicação desta Lei, a
transformação de que trata este artigo na medida em que
preencherem os requisitos exigidos.
(...).

Diante desses termos, entendeu a Fiscalização que a aplicação


da Lei nº 3.168/2010 constitui burla à regra do concurso público, em
infringência ao artigo 37, inciso II, da CF/88.

Quanto à Lei Complementar nº 66/17, que dispõe sobre a


implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos do Quadro Geral
dos Servidores da Prefeitura Municipal de Paulínia, anotou que as Seções I e II
fixam os critérios da evolução funcional, por meio de progressão horizontal e
vertical, com início a partir de 2019, de acordo com o parágrafo único
do artigo 13.

De acordo com certidão fornecida pela Secretaria Municipal de


Recursos Humanos, por orientação do setor jurídico, as Leis
Complementares nº 65 e nº 66 tiveram eficácia a partir de 1º de janeiro de
2018, no tocante ao enquadramento dos servidores aos novos padrões
salariais e que somente as evoluções horizontais e verticais ainda não foram
aplicadas, pois seus efeitos estão postergados, nos termos das citadas leis.

De todo modo, frisou que os efeitos da aplicação das Leis


Complementares nº 65 e nº 66 são perceptíveis na evolução das despesas de

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pessoal (item B.1.2.1 do relatório), que passaram de R$ 611.715.485,73,


no 2º quadrimestre de 2017, para R$ 653.291.582,34, ao final
do 1º quadrimestre de 2018.

No que respeita à Lei Complementar nº 64/2017, que reconhece a


Guarda Municipal de Paulínia como instituição policial e concede direito à
aposentadoria especial (objeto da ADI promovida pelo Ministério Público do Estado de
São Paulo e mencionada no TC-013208.989.18), informações do Paulínia-Prev,
entidade de previdência própria de Paulínia, dão conta de que, no exercício
de 2017 não foram concedidas aposentadorias com base nesse diploma legal.

Concluiu o órgão fiscalizador que as Leis Municipais nº 64, nº 65 e


nº 66 de 2017 não foram precedidas de estudo de impacto
orçamentário-financeiro, situação que vai de encontro às regras da Lei de
Responsabilidade Fiscal, artigos 15, 16 e 17, ressaltando que o assunto foi
abordado no tópico de despesas de pessoal e quadro de pessoal do relatório.

d) TC-021014.989.18: diz respeito a ofício do Ministério Público


do Estado de São Paulo, por meio do qual encaminha cópia integral do
Inquérito Civil nº 14.0368.0000711/2018-6, que tem por objeto a apuração da
irregularidade do Pregão nº 21/2018 e de eventual violação aos princípios da
moralidade e da economicidade administrativas.

Analisando os autos, verificou a Fiscalização, em resumo, entre


outras considerações, que a Promotoria de Justiça questiona que: ... “há
ferramentas gratuitas na internet, conforme informação trazida pelo próprio
Departamento de Informática da Prefeitura” e que “apesar de os gestores da
educação terem afirmado que as ferramentas são inadequadas, não foi
especificado em que consiste a inadequação”.

Por fim, constatou in loco que, após a instauração do Inquérito


pela Promotoria de Justiça de Paulínia, a Prefeitura revogou o
Pregão nº 21/2018.

e) TC-013278.989.19: trata de ofício do Ministério Público do


Estado de São Paulo, por meio do qual solicita dados acerca do limite de

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gastos com pessoal informado pelo Município de Paulínia, relativo ao último


quadrimestre, em observância à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Relatou a Fiscalização que o assunto foi tratado no


item B.1.8 - Análise dos Limites e Condições da Lei de Responsabilidade Fiscal
deste relatório, no qual pode ser observado que o Município superou o
percentual legal permitido.

1.5 Regularmente notificado (evento 84.1), o ex-Prefeito do Município


de Paulínia, Dixon Ronan Carvalho, apresentou justificativas (evento 144.1),
sustentando, em síntese, o seguinte:

B.1.1 Resultado da Execução Orçamentária

Os cancelamentos de empenhos ao final do exercício


de 2017/2018 foram realizados por não ter ocorrido a entrega do bem ou
serviço ao município, fato que foi verificado junto a todas as Secretarias antes
da adoção da medida e que não gerou qualquer prejuízo ao erário municipal.

Ressaltou que não houve qualquer tentativa de mascarar ou


distorcer a dinâmica orçamentária, mas apenas o cancelamento dos empenhos
que, em razão da intempestividade do pedido de compra, fornecimento do bem
ou de serviços, não foram executados.

Aduziu que não cancelar o empenho, diante de serviço não


prestado ou compra realizada, é que ocasionaria danos ao erário e não o
contrário, visto que manter o empenho em “aberto” geraria saldo a pagar sem
liquidar ou, mais grave ainda, a entrega do serviço, do bem ou fornecimento se
daria no exercício seguinte sem a utilização da respectiva dotação.

B.1.6 Encargos Sociais

A administração estava empenhada em tirar a Municipalidade do


cenário deficitário de 2016. Contudo, apesar dos avanços, o exercício de 2017
não foi suficiente para reverter as dívidas e a gestão financeira caótica das
administrações anteriores.

O Município de Paulínia estava há cerca de 5 anos sem CND


federal e não havia o recebimento de verba federal para o setor da educação,

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devido ao atraso de mais de 4 anos do SIOPE, que foi colocado em dia, assim
como o SIOPS.

Conseguiu-se obter a CND estadual e, realizado o parcelamento


do débito junto ao INSS, foi possível também a emissão de CND do INSS.

Os parcelamentos foram honrados dentro do exercício de 2018


até a data em que deixou a Prefeitura em novembro de 2018.

Contudo, não obstante a implementação de medidas, a herança


de dívidas deixadas pela gestão anterior impediu um crescimento maior, por
ser impossível reverter uma situação que se arrasta há anos em pouco tempo
hábil de exercício financeiro.

B.1.8.1. Despesa de Pessoal

As mudanças no cálculo de apuração de gastos com pessoal


realizada pelo TCESP afetaram o índice, visto que o projeto de lei já estava
elaborado e não era possível ter noção do impacto que a mudança relativa ao
FUNDEB tinha causado até então.

Desde que assumiu a gestão da Municipalidade, os maiores


problemas enfrentados foram na educação, saúde, defesa civil e segurança, e,
devido à demanda acumulada, não havia outra saída a não ser pagar as horas
extras aos servidores que estavam fazendo dobra, para que o serviço não
parasse.

B.1.9 Demais Aspectos dos Recursos Humanos

Realçou que no início do exercício de 2017 a Administração


estava impedida de contratar, podendo somente nomear Secretários. Enfatizou
que o cenário político de Paulínia é disputadíssimo e cheio de rivalidades e que
o quadro por ele encontrado foi catastrófico: mais de 1800 protocolados
desaparecidos, depredação do patrimônio público, furto de equipamentos.

Ante este cenário, os novos secretários não tinham confiança nos


servidores da gestão anterior para assessorá-los, razão pela qual o cargo de
assistente de gabinete era essencial para tanto. De toda a forma, este cargo já

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foi extinto, além de ser objeto de investigação por parte do Ministério Público
do Estado.

B.1.10 Subsídios dos Agentes Políticos

Ante a irregularidade verificada, foi oficiada a Câmara Municipal


para providências e efetuado pela Secretaria o levantamento dos valores pagos
nos exercícios, para apuração do dano ao erário e eventual ressarcimento.

Verifica-se, dessa forma, de acordo com o protocolado anexado,


que o Decreto Executivo que aumentou o subsídio dos agentes políticos foi
editado em 2016, e que a gestão em 2017 tomou as medidas cabíveis para
sanar a irregularidade apontada.

B.2 IEGM-Fiscal – Índice C

Justificou as despesas com aluguéis de imóveis, diante da sua


necessidade para a instalação de órgãos e serviços municipais, afiançando que
os valores locatícios foram negociados e estavam de acordo, e até abaixo, dos
praticados pelo mercado.

B.3.4 Concessões de serviços públicos

Esclareceu que a matéria é objeto da Ação Civil Pública


de nº 1003266-91.2019.8.26.0428 ajuizada pelo Ministério Público do Estado.

Informou que, desde março de 2017, estavam sendo envidados


esforços no sentido da contratação de nova empresa concessionária dos
serviços de transporte. Para tanto, foram instauradas as Tomadas de
Preços nº 01/2017 (cancelada) e nº 03/2017 com o objetivo de selecionar
empresa para elaborar o termo de referência da nova concessão. Contudo, o
resultado do certame foi questionado judicialmente, o que causou atraso nos
resultados.

B.3.6 Estúdios Paulínia

Conforme consta no relatório evento 117, o contrato apontado foi


celebrado em 09 de novembro de 2018, data em que já estava afastado do
cargo de Prefeito Municipal.

C.2 IEGM-I-EDUC-Índice C e D.2. IEGM-I-Saúde – Índice B


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Relatou que foram realizadas as adequações necessárias, para


que posteriormente sejam promovidas novas vistorias e expedidos os AVCB‟s
de todas as escolas municipais de Paulínia/SP.

Destacou o empenho em regularizar o setor da saúde, realizando,


para isso, um levantamento de todas as pendências existentes e dos estoques
de insumos. Narrou que o déficit de funcionários da saúde foi sanado por meio
de consórcio; foi implantado o hospital da visão, para eliminar uma fila de mais
de 700 pessoas que aguardavam cirurgia da catarata; o Hospital Municipal foi
concluído em 2018; e foi iniciada a reforma das UBSs do Monte Alegre e do
Planalto, concluídas em 2018.

1.5 O Prefeito Interino do Município de Paulínia, Ednilson Cazelatto


(de 08-11 a 31-12-2018), também apresentou justificativas (evento 152.1).

De início, pugnou pela segregação das responsabilidades de cada


qual dos gestores públicos que atuaram à frente do Executivo Municipal de
Paulínia no ano de 2018 (princípio da individualização da pena - art. 5º, XLVI, CF/88),
bem como pela emissão de parecer prévio pela aprovação das contas referente
ao seu período de gestão (53 dias de 08-11 a 31-12-18).

Sustentou que, ao longo dos 53 dias de governo, promoveu


inúmeras medidas imediatas visando a atenuar “problemas crônicos” de anos –
por exemplo, a extrapolação dos limites da lei de responsabilidade no tocante às despesas
com pessoal, falta de medicamentos nos estoques da rede pública municipal, paralisação do
atendimento/procedimentos cirúrgicos junto ao Hospital Municipal, decorrentes da ausência de
funcionamento do sistema de ventilação, dentre outros –, somadas à adoção, paulatina,
de providências corretivas necessárias ao atendimento das decisões exaradas
por esta C. Corte de Contas.

Alegou que houve a quitação integral no exercício de 2018 do


saldo de precatórios, tendo a Fiscalização se equivocado na irregularidade
mencionada.

Informou, no que tange aos subsídios dos Secretários


Municipais, que, por meio da Lei Municipal nº 3671, de 20 de dezembro
de 2018, regularizou a espécie remuneratória, cujo imbróglio perdurou pelos

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exercícios de 2017 e ao longo de 2018, destacando que foi dele a iniciativa da


correção, na esteira de inúmeras medidas adotadas com esse propósito.

Quanto às despesas com aluguéis, ressaltou que os


apontamentos constantes no Relatório envolvendo as locações prorrogadas
pela gestão de “Ednilson Cazellato” atestaram que os novos valores foram
inferiores aos instrumentos originários e, em alguns casos, abaixo da “média de
mercado”.

Destacou que se trata de praxe administrativa a realização de


cotações, através da Secretaria Gestora, junto a 03 (três) imobiliárias distintas,
as quais adotam métodos comparativos de mercado e, ainda, que todos
processos de locações foram previamente analisados pelo corpo de
procuradores jurídicos, os quais concluíram pela legalidade das respectivas
contratações e/ou novas locações.

No que respeita às despesas de pessoal, alegou que, assim que


assumiu interinamente como Prefeito Municipal adotou medidas visando a
adequar o orçamento aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal: (i) em 12
de novembro, exonerou 14 secretários dos 21 que compunham o governo na
administração anterior e definiu o corte de 10 Chefes de Gabinete; (ii) em 13 de
novembro, 17 Assessores Especiais de Políticas Públicas também foram
exonerados, totalizando 41 cargos; (iii) em 14 de novembro, as exonerações
atingiram mais de 250 servidores comissionados com cargos de diretoria de
departamento e outras funções, conforme publicação no Semanário Oficial do
Município; (iv) determinou a redução dos dispêndios com o pagamento de
horas extras, o que provocou uma imensa redução nos pagamentos,
iniciando-se em dezembro/2018.

Referente ao Serviço de Transporte Coletivo de Passageiros,


ressaltou que adotou inúmeras cautelas, dentre elas, a redução do valor
contratado (R$ 8.594.929,80), o qual foi inferior ao contrato identicamente
celebrado pela gestão anterior (R$ 13.467.684,00), restando induvidosa
vantajosidade à Administração.

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1.6. Instada, a Unidade de Cálculos da Assessoria


Técnico-Jurídica manifestou-se quanto ao item B.1.8. Despesas de
Pessoal (evento 170.1).

Entendeu que não foram apresentados argumentos técnicos que


pudessem motivar a revisão dos cálculos dos gastos com pessoal,
endossando, assim, o índice apurado de 56,77%.

Diante do apontamento da unidade fiscalizadora de que a Origem


possui diversos contratos de prestação de serviços cuja essência é a locação
de mão de obra, que poderiam ser classificados como terceirização de serviços
em substituição de servidores ou empregados, recomendou alerta à Origem
para que atenda rigorosamente ao preceituado no § 1º do artigo 18 da Lei de
Responsabilidade Fiscal, classificando na despesa de pessoal (Outras Despesas
de Pessoal) os contratos de terceirização de mão de obra que se referem à
substituição de servidores e empregados públicos.

Quanto à recondução, ressaltou que a taxa da despesa com


pessoal acima do limite máximo disciplinado na Lei de Responsabilidade Fiscal
restou apurada no 1º quadrimestre de 2018, atingindo 55,33%. Neste sentido, o
prazo para eliminação de 1/3 do excesso seria agosto/2018 (2º quadrimestre/2018)
e o prazo total de recondução ao limite seria
dezembro/2018 (3º quadrimestre/2018), o que não ocorreu.

Com relação à metodologia de cálculo da RCL referente ao


desconto do FUNDEB utilizada por este Tribunal a partir de 2018, apresentou
os cálculos considerando a metodologia anterior (na qual no resultado do FUNDEB
descontava-se o valor recebido), concluindo que o percentual seria de 50,05%.

No que concerne à Deliberação TC-A-007019/026/196, teceu as


seguintes considerações:

- no Poder Executivo de Paulínia, a extrapolação dos gastos com


pessoal acima do teto de 54% vem sendo apurada no exercício desde
o 1º quadrimestre de 2018, tendo este Tribunal alertado por 03 vezes o
excesso de gastos bem como a atenção ao disposto no artigo 22 da LRF;

6
Que introduziu regras para a recondução dos gastos laborais, quando verificada que a extrapolação do limite legal
se deu única e exclusivamente em razão da nova contabilização do FUNDEB na apuração da RCL.
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- houve expressivo aumento nominal das despesas, que


passaram de R$ 625.999.924,82, em dezembro de 2017, para
R$ 691.601.008,41 em dezembro de 2018, ou seja, uma majoração de
R$ 65.601.083,59 equivalente a 10,48%, enquanto a inflação no período,
medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA), atingiu
apenas 3,75%;

- ocorreu a contratação de horas extras, perfazendo um total


anual de R$ 11.439.016,71, portanto, em desatendimento ao artigo 22,
parágrafo único, V, da LRF (registros contidos na pág. 29 do evento 117.74), cenário
indicando a inobservância aos alertas desta Corte de Contas;

- foram nomeados 220 servidores por meio de concurso público


e 130 por prazo determinado (pág. 29 do evento 117.74), em período vedado pela
Lei de Responsabilidade Fiscal (artigo 22, parágrafo único, IV, da LRF);

- a Prefeitura instituiu mudanças nos planos de cargos e salários


dos servidores municipais por meio das Leis Complementares nº 65/2017
e nº 66/2017, cujo impacto financeiro foi implementado no exercício de 2018,
sem que fossem precedidas dos estudos de impacto orçamentário e financeiro.

Dessa forma, concluiu que a extrapolação de gastos com pessoal


não decorreu, exclusivamente, da nova metodologia de cálculo da RCL, mas
também do expressivo aumento nominal dos gastos laborais acima da inflação
no período, conjugado com a execução de atos vedados no período pela Lei
Fiscal (contratação de servidores em comissão, contratação de horas extras), além da
alteração de planos de cargos e salários sem os estudos de impacto
orçamentário e financeiro.

A Unidade de Economia (evento 170.2) opinou pela emissão de


parecer desfavorável às contas, ressaltando que, embora o Município tenha
apresentado um superávit de 1,54% no exercício, este não foi suficiente para
reverter o déficit financeiro do exercício anterior. Ademais, houve o
cancelamento de diversos empenhos, que totalizam R$ 51.755.212,34,
distorcendo a realidade da execução orçamentária do órgão.

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A Unidade Jurídica (evento 170.3) e a Chefia do


órgão (evento 170.4), endossando tais manifestações, também se posicionaram
pela emissão de parecer desfavorável às contas.

1.7 Da mesma forma, o Ministério Público de Contas (evento 175.1)


concluiu pela emissão de parecer desfavorável, em especial, pelos seguintes
motivos: A.1.1 – ausência de regulamentação e ineficiente atuação do controle
interno (reincidência); A.2 – deficiências no Planejamento municipal que
contribuíram para o desajuste contábil; B.1.1 e B.1.2 – resultados contábeis
distorcidos, em ofensa aos princípios da transparência e da evidenciação
contábil; B.1.1 e B.3.3 – cancelamento de empenhos liquidados ao final de
2018 e reemissão dos mesmos em 2019, em desobediência à cronologia dos
pagamentos e como forma de gerar superávit artificial; B.1.2 – déficit financeiro;
B.1.3 – ausência de recursos disponíveis para o pagamento das dívidas
registradas no passivo financeiro; B.1.5 – descumprimento de prazo de
pagamento de requisitórios de baixa monta; B.1.6 – dispêndio a título de juros e
multas por atraso no recolhimento de encargos sociais, em ofensa aos
princípios da eficiência e da economicidade; B.1.8.1 – excesso de gasto com
pessoal (56,77% da RCL no último quadrimestre do ano), em ofensa ao limite da Lei de
Responsabilidade Fiscal; B.1.8.1 – desatendimento à regra de recondução para
excesso de gasto com pessoal; B.1.8.1 – infringência às vedações previstas no
art. 22 da Lei Fiscal; B.1.8.1 – pagamento expressivo a título de horas extras,
em ofensa aos princípios da eficiência, economicidade e razoabilidade;
B.1.10 – majoração de vencimentos dos servidores e de subsídios do Prefeito e
Vice-Prefeito sem lei autorizadora, contrariando os arts. 37, X, e 29, V,
da CF/1988; B.3.1 – elevados gastos com aluguel de imóveis, sem a devida
comprovação de ser a opção mais vantajosa e de estar em consonância com
os preços praticados no mercado, em afronta aos princípios da eficiência e
economicidade; C.2 e D.2 – ineficiente gestão dos recursos na educação e na
saúde, com destaque para o déficit de vagas em creches e a precária
infraestrutura das unidades de ensino e saúde; H.2 – descumprimento dos
prazos estabelecidos nas Resoluções e Instruções dessa Corte.

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Por fim, sugeriu o tratamento em autos apartados dos seguintes


itens: B.1.9.3 Complementação de aposentadorias com base em lei já extinta e
sem contribuição para o custeio; B.1.10 Possíveis pagamentos a maior ao
Prefeito e Vice-Prefeito e B.3.6 Averiguação da permissão de uso dos estúdios
cinematográficos pela empresa Formata Produções e Conteúdo Ltda.

1.8. Pareceres anteriores:

Publicação
Exercício Parecer Processo Relator
no DOE

7 Contas: Conselheiro Substituto


Desfavorável
Josué Romero.
09-12-17
Reexame Não
Embargos de Declaração, Pedido de 26-04-18
Provido.
2015 TC-002586/026/15 Reexame e Embargos de 19-01-19
Declaração: minha Relatoria 30-04-19
Embargos
Rejeitados

8
Desfavorável

Embargos 02-02-19
Conselheiro Dimas Ramalho
2016 Rejeitados TC-004430.989.16 18-10-19
21-01-20
Reexame Não
Provido
9
Desfavorável
2017 TC-006908.989.16 Conselheiro Antonio Roque Citadini 12-12-19
Reexame pendente
de apreciação
1.9 Dados Complementares:

7
A existência de déficit financeiro de R$ 69.086.857,77 e acréscimo nas dívidas de curto e longo prazo, em
descumprimento ao disposto no artigo 1º, § 1º, da LRF; as transferências de recursos de contas correntes vinculadas
para a conta movimento, em afronta ao disposto no artigo 25, § 2º, da LRF; a ausência de recolhimento das
contribuições previdenciárias ao Regime Próprio de Previdência; e a desobediência à ordem cronológica de
pagamentos.
8
Finanças: déficits orçamentário e financeiro superiores a um mês de arrecadação da Receita Corrente Líquida;
iliquidez da dívida de curto prazo; incremento da Dívida Ativa sem adoção de providências de cobrança; não instituição
da Contribuição de Iluminação Pública; elevado patamar de alterações orçamentárias.
Despesas de Pessoal: superação do limite legal previsto no art. 59, §1º, inciso II da Lei de Responsabilidade Fiscal;
Encargos sociais: recolhimento parcial das contribuições previdenciárias; não comprovação da regularidade e
inadimplência dos acordos de parcelamento;
Subsídios dos Agentes Políticos: pagamento de subsídios acima do valor fixado;
Contratos: irregularidades na execução de contratos relacionados à coleta, transporte e destinação de resíduos
sólidos, manutenção de parques e praças e reformulação e interligação do Hospital Municipal de Paulínia;
Ensino: falhas na gestão educacional.
9
Resultados insatisfatórios verificados in loco nas áreas de educação e saúde, as irregularidades constatadas no
quadro de pessoal e o descumprimento das vedações previstas no artigo 22, parágrafo único, da Lei de
Responsabilidade Fiscal.

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a) Receita per capita do Município em relação ao Estado e à


média dos demais Municípios Paulistas:

Resultado relativo de
Paulínia Receita Per Capita
Paulínia

Exercício Em relação
Média dos Em relação
Receita Paulínia Estado aos
Habitantes Municípios/SP ao Estado
Arrecadada (A) (B) Municípios
(C) (A/B)
(A/C)
2015 95.033 998.965.205,81 10.511,77 2.797,86 3.320,70 376% 317%
2016 96.955 1.060.280.617,75 10.935,80 2.950,97 3.570,57 371% 306%
2017 98.915 1.135.288.048,18 11.477,41 3.031,41 3.615,62 379% 317%
2018 100.915 1.219.056.511,93 12.080,03 3.305,55 4.020,63 365% 300%

Fonte: AUDESP

b) Resultado da Execução Orçamentária nos últimos exercícios:

EXERCÍCIOS 2015 2016 2017 2018

(Déficit)/Superávit 2,88% (6,37%) 3,91% 1,54%

c) Indicadores de Desenvolvimento:

IDEB - Índice Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica


Nota Obtida Metas
Paulínia 2009 2011 2013 2015 2017 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
Anos Iniciais 5,8 5,6 5,9 6,4 6,6 5,1 5,4 5,7 5,9 6,1 6,4 6,6
Anos Finais 4,8 4,4 4,1 4,5 4,9 3,7 3,9 4,2 4,6 4,8 5,1 5,3
NM = Não municipalizado
Fonte: INEP

d) Investimento anual por aluno com Educação:

Exercício Número de matriculados Investimento anual por aluno


2017 14.069 R$26.307,16
2018 14.215 R$29.958,91

e) Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEGM):

INDICADOR
2015 2016 2017 2018
TEMÁTICO

IEG-M: B↓ B↑ C+ ↓ C+

i-PLANEJAMENTO: C+ ↓ B+ ↑ C↓ C

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INDICADOR
2015 2016 2017 2018
TEMÁTICO

i-FISCAL: B+ ↑ B↓ B↑ B

i-EDUC: C↓ B↑ B↓ C↓

i-SAÚDE: C+ ↓ B↑ C+ ↓ B↑

i-AMB: A↑ B+ ↓ A↑ B+ ↓

i-CIDADE: B+ ↑ B+ B+ ↓ B+

i-GOV TI: B↑ B↓ B↓ C+ ↓

Nota Faixa
A Altamente Efetiva
B+ Muito Efetiva
B Efetiva
C+ Em fase de adequação

C Baixo nível de adequação

É o relatório.

2. VOTO

2.1 Ressalto, de início, quanto à solicitação do ex-Prefeito Interino,


Ednilson Cazelatto, de ver segregadas as responsabilidades de cada qual dos
gestores públicos que estiveram à frente do Executivo Municipal de Paulínia no
exercício de 2018, que não há como limitar, no âmbito das contas e para fins
de controle externo, a atuação de cada um dos administradores, visando a
dimensionar o grau de influência no resultado final do exercício, uma vez que o
Tribunal não emite parecer sobre ações isoladas, mas, sim, sobre a gestão
administrativa como um todo.

Isso porque a execução orçamentária, nos termos do art. 2º da


Lei nº 4.320/64, deve observar os princípios da anualidade, universalidade e
unidade, o que importa dizer que as contas devem ser prestadas anualmente,
em sua totalidade e não podem ser cindidas.

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Sobre o tema, transcrevo, por elucidativa, a ementa da decisão


proferida em sede de embargos declaratórios pelo Plenário desta Corte, nos
autos do TC-000415/026/0510:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DOS


PRESSUPOSTOS CONTIDOS NOS INCISOS I E II, DO ARTIGO 66
DA LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL – Indivisibilidade das contas
públicas – Prevalência dos princípios da unidade, universalidade e
anualidade, contidos no artigo 2º da Lei nº 4320/64 – Gestão uma e
indivisível, não havendo como limitar as ações atribuídas a
determinado gestor – Rediscussão do mérito da matéria escapa da
órbita dos embargos declaratórios, nos termos do artigo 71 da Lei
Complementar nº 709/93 – Embargos conhecidos e rejeitados.

Por força, portanto, da indivisibilidade das contas pública, o pleito


formulado não reúne condições de ser atendido.

2.2 Passando, pois, à análise das contas do exercício de 2018 da


Prefeitura Municipal de Paulínia, verifico que, de acordo com a instrução dos
autos, foram observadas as normas constitucionais e legais no que se refere à
aplicação no ensino, remuneração dos profissionais do magistério, FUNDEB,
saúde, transferências de duodécimos ao Legislativo e encargos sociais (INSS,
PASEP, FGTS e RPPS).

2.3 Em relação ao Índice de Efetividade da Gestão


Municipal – IEGM – instrumento que delineia um amplo panorama das condições dos
serviços públicos e dos recursos mobilizados pelas Prefeituras para prestá-los em áreas
sensíveis da atuação governamental –, Paulínia obteve, no exercício, o conceito geral
C+, que, segundo os critérios de classificação adotados pelo índice, designa
gestões caracterizadas como “em fase de adequação”, mesma posição
alcançada em 2017 e que evidencia o distanciamento do município em relação
aos padrões que qualificam parte substantiva dos aspectos abordados pelo
instrumento.

Na área da Saúde (i-Saúde), o desempenho registrado pelo


Executivo Municipal apresentou melhora em relação ao observado no exercício
anterior, passando da nota C+ para B. Contudo, a Fiscalização anotou diversas
impropriedades, dentre as quais se destacam: a falta de informação
sistematizada sobre os gargalos/demanda reprimida de atendimento

10
Em sessão de 17-04-13, Relator Conselheiro Renato Martins Costa.
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ambulatorial/hospitalar de média e alta complexidade de referência para a


Atenção Básica; inexistência de gestão de estoque dos materiais/insumos e
medicamentos; ausência de sistema de controle de ponto eletrônico ou
mecânico dos médicos das Unidades Básicas de Saúde; o município não
possui Plano Municipal da Saúde atualizado, contendo metas físico-financeiras
quantificáveis; UBSs necessitando urgentemente de reparos (fissuras em parede,
geladeira de medicamentos quebrada há mais de um ano; diversas infiltrações, toldos
rasgados, portas danificadas, materiais e documentos armazenados em local inapropriado, piso
e azulejos quebrados, janelas quebradas etc).

Quanto ao planejamento (i-Planej), de cuja efetividade depende,


em alguma medida, a consecução dos objetivos perseguidos pelas políticas
públicas das demais esferas de atuação estatal, Paulínia se manteve no
mesmo patamar verificado no exercício anterior, C, resultado que põe em
evidência a comprometida capacidade da Administração de coletar e coordenar
as informações necessárias à elaboração de suas peças de planejamento,
assim como de acompanhar os resultados produzidos pelos programas e
ações de governo.

Os índices i-Fiscal (B) e i-Cidade (B+) mantiveram-se estáveis e


os índices i-Amb (2017: A /2018: B+) e I-Gov-TI (2017: B /2018: C+) caíram um
patamar em relação a 2017.

O i-Educ, por sua vez, apresentou uma significativa queda no


desempenho, passando da classificação “B” (efetiva), em 2017, para “C”, a
última faixa de desempenho adotada pelo índice.

Apontou a Fiscalização ausências frequentes ao trabalho dos


professores que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental, sem que
exista um programa de inibição ao absenteísmo; falta de ações
governamentais para enfrentamento ao bullying; não foram fornecidos aos
alunos matriculados em sua rede de ensino materiais didáticos de apoio ao
desenvolvimento dos conteúdos curriculares, tampouco uniformes e kits
escolares.

Além disso, ressaltou a UR-3 a grave e reincidente ineficiência


na aplicação dos recursos na Educação, em face dos vários problemas
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estruturais constatados nas escolas visitadas, evidenciadas em inúmeras


imagens (captadas em 27-05-19), algumas das quais reproduzo a seguir:

- Creche Rachel Batista Amate – o prédio se mostra totalmente


inadequado para abrigar uma creche que visa a ministrar apoio pedagógico e
cuidado às crianças:

O imóvel precisa de reforma e reparos (pintura, substituições de piso,


azulejos, conserto de janelas, portas, rachaduras, infiltrações, fiação elétrica etc. );

necessidade de substituição de móveis, utensílios e equipamentos (alguns


quebrados e outros em desuso); o piso do pátio de recreação necessita de
manutenção, apresentando buracos que podem causar acidentes; as
instalações físicas da área dos alimentos não são mantidas conservadas; os
banheiros são utilizados também como depósitos de materiais.

- Creche Felipe Macedo de Barros – acha-se instalada em imóvel


totalmente inadequado para a função:

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Apresenta inúmeros problemas tais como: caixa d‟água


inutilizada, com a ligação de água direto da adutora, o que gera avarias na rede
interna devido à alta pressão; diversas placas do forro com necessidade de
troca; irregularidades no piso; cozinha não adaptada adequadamente; piso
irregular; cozinha sem porta; imóvel vizinho servindo de depósito de entulhos
da Prefeitura, podendo atrair animais peçonhentos ao local; extintores
instalados no piso, ao alcance das crianças; banheiro das crianças com forro
irregular.

- EMEF Maestro Marcelino Pietrobom: caixa d‟água enferrujada; os


filtros de água estavam todos vencidos, apesar da má qualidade da água
armazenada na caixa d‟água; armários vandalizados e livros empilhados em
local inadequado:

- EMEF “Prof.ª Maria Aparecida Caputti Beraldo” - escola visitada


várias vezes ao longo de 2018, inclusive em fiscalização ordenada da
merenda (evento 49.2). Apesar de ter recebido reparos como pintura e
regularização do telhado, o serviço foi executado de forma precária, haja vista
que já estava apresentando necessidade de novos reparos:

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Alguns deles, como a regularização do piso na entrada, não foram


feitos; o filtro de água estava vencido desde 2017.
Com relação à Fiscalização Ordenada relacionada à Merenda
Escolar, apurou a Fiscalização que o Conselho de Alimentação Escolar não
fiscaliza as condições da merenda na escola, não havendo registro sobre a sua
última fiscalização; ausência de AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de
Bombeiros no prazo de validade; a última limpeza e higienização das caixas
d´água foi feita há 665 dias; o refeitório não atende convenientemente às
condições de higiene e limpeza (existem infiltrações no teto, armazenamento de
materiais inservíveis, paredes com pintura descascando, porta de ferro com corrosão e piso
irregular); alimentos não estocados adequadamente, dentre outros
apontamentos.

Além disso, o quadro trazido pela Fiscalização aponta para uma


deficiência de 181 vagas na educação infantil:

E, a esse respeito, não há como minimizar a gravidade da


situação, tendo em vista que o acesso incondicionado à educação infantil,
mediante a admissão de crianças de zero a cinco anos em creches
e pré-escolas, constitui um dever fundamental atribuído ao Poder Público por
força do art. 208, IV, da Constituição Federal.

Ressalto que os valores em Paulínia são sempre superlativos, em


razão da sua significativa arrecadação e, exatamente por isso, o planejamento
e a execução das políticas públicas deveriam ter sido muito mais criteriosos.

O volume de recursos empregados na educação básica foi


de R$ 465.434.154,79, cifra que, mesmo excluído o valor retido
do FUNDEB (R$ 221.454.335,33), mostra-se bastante expressiva, fazendo com
que o gasto por aluno em 2018 tenha atingido a relevante importância

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de R$ 29.958,91 e, exatamente por isso, deveria ter refletido positivamente nos


resultados obtidos pelas ações voltadas à área de educação.

Entretanto, desde o exercício de 2013, este Tribunal vem


apontando deficiência na aplicação dos recursos no ensino, tendo sido
este, inclusive, um dos motivos para a desaprovação das contas também nos
exercícios de 2016 e 2017.

Como salientou o Parquet de Contas, “segundo última pesquisa


do Produto Interno Bruto dos Municípios (2017), Paulínia possuía o maior PIB
per capita de São Paulo e do País11, o que evidencia que as falhas no setor
educacional não decorrem da falta de recursos, e sim da falta de planejamento
e gestão”.

2.4 No que concerne às Despesas de Pessoal, apontou a


Fiscalização que o Executivo ultrapassou o limite máximo de despesa com
pessoal imposto pelo artigo 20, III, “b”, da Lei de Responsabilidade Fiscal ( 54%)
em todos os quadrimestres de 2018:

Dez Abr Ago Dez


Período
2017 2018 2018 2018
% Permitido Legal 54,00% 54,00% 54,00% 54,00%
Gasto Informado R$ 625.999.924,82 R$ 653.291.582,34 R$ 671.812.331,79 R$ 691.601.008,41
Inclusões da
- - - -
Fiscalização
Exclusões da
- - - -
Fiscalização
Gastos Ajustados R$ 625.999.924,82 R$ 653.291.582,34 R$ 671.812.331,79 R$ 691.601.008,41
Receita Corrente R$ R$ R$ R$
Líquida 1.281.791.856,36 1.180.746.175,58 1.202.376.065,71 1.218.215.150,81
Inclusões da
- - - -
Fiscalização
Exclusões da
- - - -
Fiscalização
RCL Ajustada R$ R$ R$ R$
1.281.791.856,36 1.180.746.175,58 1.202.376.065,71 1.218.215.150,81
% Gasto Informado 48,84 55,33 55,87 56,77
% Gasto Ajustado 48,84 55,33 55,87 56,77

Consignou, além disso, que a Prefeitura possui diversos contratos


de prestação de serviços, que têm por essência a locação de mão de obra, e

11
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/paulinia/pesquisa/38/46996?tipo=ranking&indicador=47001

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que, portanto, poderiam ser classificados como terceirização de serviços em


substituição de servidores ou empregados, fato que certamente aumentaria
esses percentuais.
Tais dados foram ratificados pela Unidade Especializada da ATJ,
restando, assim apurado que a Despesa com Pessoal atingiu 55,33% da RCL
já no 1º quadrimestre de 2018, permanecendo acima do teto fiscal durante todo
o exercício em exame, mesmo tendo sido a municipalidade alertada por este
Tribunal por 03 vezes sobre o excesso incorrido. Ademais, a superação do
limite de despesa de pessoal persistiu, ainda, no 1º (54,68%) e no 2º (55,68%)
quadrimestres de 2019, conforme dados extraídos do sistema AUDESP.
No que se refere à alteração na metodologia de cálculo da
Receita Corrente Líquida – RCL por parte desta Corte de Contas, informou a
Unidade de Cálculos que, se a Despesa de Pessoal do Município de Paulínia
fosse apurada com base na fórmula anterior, o percentual seria de 50,05%.
Contudo, ressaltou que não incidem, no caso, as disposições da
Deliberação TC-A-07019/026/1912, porquanto a superação dos limites de
gastos com pessoal, não decorreu, exclusivamente, da nova metodologia de
cálculo da Receita Corrente Líquida, mas, também, da execução de despesas
em período vedado pela Lei Fiscal.
De fato. As despesas citadas pela Especializada, certamente,
repercutiram diretamente na extrapolação do limite imposto pela LRF.
A instituição de mudanças nos planos de cargos e salários dos
servidores municipais, por meio das Leis Complementares nº 65/17 e nº 66/17
com impacto financeiro no exercício de 2018, contribuiu substancialmente para
expressivos aumentos nominais das despesas, que passaram
de R$ 625.999.924,82, em dezembro de 2017, para R$ 691.601.008,41 em
dezembro de 2018, ou seja, um aumento de R$ 65.601.083,59 (equivalente
a 10,48%), enquanto a inflação no período, medida pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu apenas 3,75%. Isto tudo,
importante ressaltar, sem estudos de impacto orçamentário e financeiro.

12
“Os entes públicos que tenham extrapolado os limites de gastos com pessoal por conta única e exclusiva da
contabilização do FUNDEB retido, para fins de cálculo da Receita Corrente Líquida, deverão reduzir os excessos
decorrentes aos limites previstos na lei, no prazo de 02 (dois) exercícios, a contar de 2020, na proporção de 50% por
exercício” (publicada no DOE de 12-09-19.

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Além disso, constatou a instrução o pagamento no exercício em


exame de R$ 11.439.016,71 referente a horas extras e a nomeação
de 220 (duzentos e vinte) servidores através de concurso público e 130 (cento e
trinta) por prazo determinado em desatendimento ao artigo 22, parágrafo
único, V, da LRF, demonstrando a inobservância aos alertas Tribunal.
Resta claro, portanto, que, ao contrário do alegado pela defesa, a
superação do limite de despesa de pessoal não decorreu, apenas, da nova
metodologia de cálculo da Receita Corrente Líquida adotada por esta Corte,
mas, também, dos diversos atos e medidas promovidas pelo Executivo, que
resultaram, inclusive, em aumento nominal dos gastos laborais quando
comparados com os do exercício anterior.

2.5 Em relação aos resultados econômico-financeiros, o Município


apresentou superávit orçamentário de R$ 18.811.166,17, equivalente a 1,54%
da receita efetivamente arrecadada de R$ 1.219.056.511,93, mas insuficiente
para amparar o resultado financeiro negativo do exercício
anterior (- R$ 76.220.679,21).

Entretanto, apontou a Fiscalização que este resultado


superavitário não representa a realidade da execução orçamentária, uma vez
que constatou a ocorrência, por meio da edição do Decreto Executivo nº 7.363,
de 10 de outubro de 2018, de cancelamentos de diversos empenhos.

Informou que, diante da impossibilidade técnica da Prefeitura em


emitir um relatório contendo todos os reempenhos de 2019, realizou uma
triagem nos demonstrativos contábeis e coletou os valores reempenhados mais
significativos, que somam R$ 59.551.388,74.

Noticiou, ainda, que algumas das notas fiscais foram emitidas no


exercício de 2018 e que, portanto, as despesas haviam sido processadas. No
entanto, os empenhos foram cancelados no exercício em exame e reemitidos
em 2019.

Além disso, assinalou que no início de 2018 também foram


constatados reempenhos de despesas já processadas no exercício
anterior (como exemplo citou a nota Fiscal nº 84.270, de 07-12-17, da Vivo Sabor

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Alimentação Ltda. Referente a fornecimento parcelado de refeições nos postos da guarda


municipal atinente ao mês de novembro de 2017 – R$ 276.594,96).

Essa falta de fidedignidade dos dados contábeis evidencia


verdadeira ocultação de passivo, em afronta aos art. 50, II, da LRF e 60
da Lei nº 4.320/64, além de burla ao regime de competência determinado
pelo art. 35 deste diploma legal, demonstrando descontrole do administrador
sobre o setor financeiro e a precariedade da gestão, que não atende aos
princípios da transparência (artigo 1º, § 1º, da LRF) e da evidenciação
contábil (artigo 83 da Lei nº 4.320/64), com efetivo prejuízo à ação de controle dos
recursos públicos.
O resultado financeiro foi deficitário em R$ 104.656.904,38,
equivalente a 31 (trinta e um) dias de arrecadação (RCL)13, 37,31% maior que o
verificado no exercício anterior (R$ 76.220.679,21). Vale ressaltar que, se o
Município não tivesse promovido o cancelamento indevido de empenhos no
montante de R$ 51.755.212,34, referido déficit financeiro estaria em torno
de 46 (quarenta e seis) dias da RCL.

A dívida de curto prazo aumentou 4,84% em relação ao


exercício de 2017, passando de R$ 167.127.522,90 para R$ 175.225.947,21.

Também ocorreu um incremento da dívida longo prazo em


expressivo percentual – 31,09% –, passando de R$ 268.501.089,78, em 2017,
para R$ 351.982.021,53.

Importante destacar que essa debilitada situação da Prefeitura de


Paulínia ocorre mesmo diante do aumento na arrecadação, acima da inflação
nos 2 últimos exercícios, a evidenciar a ausência de rigoroso acompanhamento
da gestão orçamentária, na contramão do que prescreve o artigo 1º, § 1º, da
LRF:

2015 2016 2017 2018


Receita
Arrecadada R$ 998.865.205,81 R$ 1.060.280.617,75 R$ 1.135.288.048,18 R$ 1.219.056.511,93
variação 0 R$ 61.415.411,94 R$ 75.007.430,43 R$ 83.768.463,75
Variação - % - 6,15% 7,07% 7,38%
inflação 6,29% 2,95% 3,75%

13
RCL de 2018 = R$ 1.218.215.150,81 ÷12 meses ÷ 30 dias = R$ 3.383.930,97 referente a 01 dia de arrecadação.
Resultado Financeiro de 2018 = R$ 104.656.904,38÷ R$ 3.383.930,97 = 30,83 dias de arrecadação.

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O município foi alertado por 08 (oito) vezes sobre os desajustes


em sua execução financeira, nos termos do artigo 59, § 1º, I, da Lei de
Responsabilidade Fiscal, mas não adotou medidas aptas a reverter esse
quadro.

As alterações realizadas no Orçamento alcançaram o total


de R$ 399.679.392,87, equivalente a 25,42%, percentual que, muito embora
apenas ligeiramente superior ao autorizado pelas Leis Municipais nº 3.558,
de 19-07-17, e 3.614, de 27-12-17 (25%), excede significativamente o índice de
inflação registrado no período, referência que, de acordo com o entendimento
pacificado desta Corte, deve limitar a expressão financeira das despesas não
previstas orginalmente na peça orçamentária aprovada pelo Legislativo
municipal.

Tal circunstância, pelo menos, evidencia deficiências severas nos


métodos de planejamento adotados pela Administração, que resultam em
prognósticos excessivamente alheios às condições que efetivamente
subordinam a execução das ações e programas de governo. Não por acaso, o
índice i-planejamento apontou o baixo nível de adequação do setor (C).

2.6 Contribui para a desaprovação das contas em exame a


reincidente14 irregularidade relativa à majoração de vencimentos dos subsídios

14
Nos autos do TC-004430.989.16 que trata das Contas Anuais da Prefeitura de Paulínia relativas ao exercício
de 2016, as alterações efetuadas nos subsídios dos agentes políticos em 2016 foram consideradas irregulares, pois se
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do Prefeito e Vice-Prefeito, por meio de decreto15 (no caso, o Decreto nº 7.292,


de 17-05-18), vale dizer, sem lei autorizadora, contrariando os arts. 37, X,
e 29, V, da CF/1988.
Segundo a Fiscalização, os pagamentos irregulares no exercício
de 2018 somaram R$ 54.233,07, conforme discriminado a seguir:

Cargo Valor Fixado Valor Pago Diferença paga a maior


Prefeito R$ 186.000,00 R$ 236.688,06 R$ 50.688,06
Vice-Prefeito R$ 77.220,00 R$ 80.765,01 R$ 3.545,01
TOTAL R$ 263.220,00 R$ 317.453,07 R$ 54.233,07

Dessa forma, cabe advertência à Municipalidade para que futuras


alterações dos subsídios de seus Agentes Políticos sejam feitas por lei
específica, observando estritamente o inciso X do artigo 37 da Constituição
Federal, cumprindo-lhe, ainda, adotar providências imediatas para que
referidos valores sejam ressarcidos aos cofres públicos com as devidas
correções.
2.7 Os gastos expressivos com locação de imóveis, que, segundo
os dados do AUDESP, importaram, no exercício de 2018, em R$ 3.701.754,68,
somam-se às impropriedades detectadas nos demonstrativos de Paulínia, uma
vez que desacompanhados de justificativas capazes de evidenciar as razões
da escolha, a compatibilidade entre o valor contratado e os preços praticados
no mercado e a vantajosidade da opção.

2.8 A Prefeitura Municipal de Paulínia, com um orçamento


significativo, acima de R$ 1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos milhões de reais),
conforme apontado pela Fiscalização, ainda não possui sistema de Controle
Interno regulamentado, que emita relatórios periódicos e eficazes.

No exercício em exame, conforme registrado pela Equipe


Técnica, o Executivo Municipal editou os Decretos nº 7.332, de 22 de agosto

basearam em análise jurídica, sem nenhuma fundamentação legal, havendo recomendação de que as próximas
alterações atendessem estritamente ao artigo 37, X, da CF/88.
15
“Art. 1º - Os valores correspondentes aos subsídios ficam reajustados em 3,08% a título de reajuste a partir de 1º
de maio de 2018.
Art. 2º - Não se aplica aos servidores do município de Paulínia o reajuste concedido no presente decreto.”

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de 2018, e nº 7.356, de 23 de setembro de 2018, que instituíram grupos de


trabalho de servidores para exercer a função de controle interno.
O Grupo de Trabalho nomeado por este último ato elaborou
apenas um relatório referente ao exercício de 2018, no qual é demonstrada a
situação econômica e financeira do município, abordando aspectos como a
extrapolação do limite das despesas de pessoal, o pagamento de precatórios,
despesas aplicadas na Educação e Saúde, repasses à Câmara dos
Vereadores e a entrega extemporânea de documentos ao Sistema Audesp.
O Executivo de Paulínia demonstrou, assim, descaso com esta
importante ferramenta de controle que, se atuante e eficaz, é capaz de
oferecer ao dirigente municipal “informações qualificadas para a tomada de
decisões, além de obter mais segurança sobre a legalidade, legitimidade,
eficiência e publicidade dos atos financeiros chancelados” como bem descreve
o “Manual Básico do Controle Interno do Município” desta Casa, editado em
setembro/201316 e atualizado em 2019.

Este Tribunal, com bem observou o Ministério Público de Contas,


registra essa irregularidade, initerruptamente, desde o exercício
de 2011 (TC‟s: 001364/026/11, 001953/026/12, 002021/026/13, 000494/026/14,

002586/026/15, 004430.989.16).

2.9 Diante desse contexto, acompanho as manifestações


convergentes da Assessoria Técnico-Jurídica e do Ministério Público de
Contas e voto pela emissão de parecer prévio desfavorável à aprovação das
contas da Prefeitura de PAULÍNIA, relativas ao exercício de 2018.

2.10 Determino, à margem do Parecer, a expedição de ofício ao Chefe


do Executivo com as seguintes advertências:

a) Regulamente o Sistema de Controle Interno de modo que este


passe a desempenhar de forma efetiva as suas funções primordiais, atentando
para a necessidade de apresentação de relatórios periódicos, nos termos dos
artigos 31 e 74 da Constituição Federal e das orientações traçadas por
este E. Tribunal.

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Disponível em https://www.tce.sp.gov.br/publicacoes.
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b) Adote as medidas necessárias à melhoria dos índices


atribuídos à formação do IEGM, com revisão dos pontos de atenção
destacados pela Fiscalização.

c) Corrija as inconsistências existentes nas peças contábeis e


zele pela fidedignidade dos dados nelas contidos.

d) Acompanhe rigorosamente a gestão orçamentária, nos termos


do artigo 1º, § 1º, da LRF, e promova esforços fiscais com vista a obter
equilíbrio entre receitas e despesas.

e) Observe o disposto no artigo 165, § 8º, da Constituição Federal


na elaboração do projeto de lei orçamentária, uma vez que a limitação da
autorização para a abertura de créditos adicionais é medida de prudência fiscal
destinada a impedir que o orçamento se torne peça de ficção, além de
concorrer para o equilíbrio das contas.

f) Harmonize as fases de planejamento e execução do orçamento,


de modo a evitar a ocorrência de elevados percentuais de alterações
orçamentárias.
g) Atente para os prazos de vencimento dos encargos sociais, de
modo a não onerar desnecessariamente os cofres públicos com despesas de
multas e juros.
h) Empreenda as medidas pertinentes com vista a solucionar os
apontamentos efetuados por ocasião da Fiscalização Ordenada referente à
Merenda Escolar.

i) Respeite o limite de despesas com pessoal, em consonância


com o artigo 20, III, “b”, da Lei de Responsabilidade Fiscal bem como as
vedações impostas pelo artigo 22, parágrafo único, desse diploma legal.

j) Observe, com rigor, a legislação de regência e as decisões


deste Tribunal, no tocante às aquisições, prestações de serviços e concessões
de serviços públicos, formalizando adequadamente os respectivos contratos,
acompanhando devidamente a sua execução e respeitando, nos pagamentos,
a ordem cronológica de suas exigibilidades.

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k) Diligencie para que seja suprida a ausência de Auto de Vistoria


do Corpo de Bombeiros – AVCB nas unidades de ensino e de saúde.

l) Envide esforços para eliminar o déficit de vagas nas creches


municipais e promova medidas com vista a corrigir a deficiente aplicação dos
recursos do ensino.

m) Atenda integralmente às Instruções e recomendações deste


Tribunal.

Determino, ainda:

a) a expedição de ofício ao DD. Ministério Público


do Estado (TC-013907.989.18; TC-013208.989.18; TC-009772.989.18; TC-021014.989.18 e
TC-013278.989.19), com cópia digitalizada do relatório da fiscalização, da íntegra
deste parecer e das correspondentes notas taquigráficas.

b) o arquivamento do expediente TC-013907.989.18.

A Fiscalização deverá verificar, na próxima inspeção, a


implantação das providências regularizadoras noticiadas.

2.11 Esta deliberação não alcança os atos pendentes de apreciação


por este Tribunal.

Sala das Sessões, 01 de dezembro de 2020.

SIDNEY ESTANISLAU BERALDO

CONSELHEIRO

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