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Apêndice K

Laplaciano de 1/r

Vamos calcular o Laplaciano da função 1/r, onde r = |~x|. Notando que:


   
2 1 ~ ~ 1
∇ =∇·∇ (K.1)
r r
precisamos primeiro calcular o gradiente de 1/r. Para todos os pontos em que r 6= 0, temos:
     
~ 1 = d 1 r̂ = − r̂ = − ~r
∇ (K.2)
r dr r r2 r3

Agora vamos calcular o divergente deste resultado, usando ∇ ~ · (αV


~ ) = α∇ ~ ·V~ + ∇α
~ ·V
~:
       
2 1 ~ ~ 1 ~ ~r 1 ~ d 1 3 3
∇ =∇·∇ = −∇ · 3
=− 3∇ · ~r} − 3
r̂ · ~r = − 3 + 4 r = 0 (K.3)
r r r r | {z dr r |{z} r r
=3 | {z } =r
−3r−4

Portanto ∇2 r = 0, para todo ponto ~x 6= ~0. Todo efeito desta função, se houver, virá de seu
1

comportamento em r = 0. Para avaliar este efeito, vamos integrar o Laplaciano em um volume V


envolto por uma superfı́cie fechada orientada S, que inclui a origem. Note que para volumes que
não incluem a origem, já sabemos que o integrando é identicamente nulo, e, portanto, também o é
a sua integral. Assim, usando o Teorema de Gauss (divergente):
Z   Z   I   I
2 1 ~ ~r ~r ~ rdS cos θ
∇ dV = − ∇· 3
dV = − 3
· dS = − (K.4)
V r V r S r S r3
~ e a área dS delimita um ângulo sólido dΩ a partir da origem. Mas
onde θ é o ângulo entre ~r e dS
dS⊙ = dS cos θ é a área – delimitada no mesmo ângulo sólido – de uma esfera de raio r centrada
na origem, ou seja dS⊙ = r2 dΩ. Portanto, integrando sobre toda a superfı́cie:
Z   I I I
2 1 rdS⊙ rr2 dΩ
∇ dV = − 3
=− = − dΩ = −4π (K.5)
V r S r S r3
Desta forma, temos:
 
1 2 1
− ∇ = 0 para todo r 6= 0 (K.6)
4π r
Z  
1 1
− ∇2 dV = 1 para todo V incluindo a origem. (K.7)
V 4π r

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144 APÊNDICE K. LAPLACIANO DE 1/R

Estas credenciais portanto nos permitem identificar a função delta de Dirac tridimensional:
 
1 2 1
− ∇ = δ 3 (~x) (K.8)
4π r
ou
   
1
2 ~ ~r
∇ = −∇ · = −4πδ 3 (~x) (K.9)
r r3

Vamos imaginar uma carga pontual q na origem. Multiplicando a equação acima por q/ǫ0 , temos :
 
~ q~r qδ 3 (~x)
∇· = (K.10)
4π0 r3 ǫ0

Notamos que o termo entre parênteses é o campo elétrico da carga pontual dado pela Lei de
~ ·E
Coulomb. Comparando esta equação com a Lei de Gauss na forma diferencial, ∇ ~ = ρ/ǫ0 , segue
que a densidade de uma carga pontual em r = 0 é dada por:

ρ(~x) = qδ 3 (~x) (Densidade de carga pontual) (K.11)

De fato, ao integrar esta densidade em todo volume, obtemos a carga pontual:


Z Z
ρ(~x)dV = q δ 3 (~x)dV = q (K.12)
| {z }
=1

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