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Lista 4 de CF368 - Eletromagnetismo I

Fabio Iareke <fi07@fisica.ufpr.br>


13 de outubro de 2013

Exercı́cios propostos pelo prof. Ricardo Luiz Viana <viana@fisica.ufpr.br>, retirados de [1].

Capı́tulo 6
6-2 São dadas uma casca dielétrica esférica (raio interno a, raio externo b, constante dielétrica
K) e uma carga puntual q, separadas por uma distância infinita. A carga puntual é, agora,
colocada no centro da casca dielétrica. Determine a variação da energia do sistema.

Solução: seja a energia inicial no infinito Ui = 0. Assim


0
∆U = Uf − U
i =U

tal que, Z
1 ~ dV
~ ·E
U= D (1)
2 V

Lei de Gaus Z Z
~ =ρ
∇·D ⇒ ~ dV =
∇·D ρ dV = q
V V
e, pelo teorema do divergente, temos
I
~ · n̂ dS = q
D
S

Onde S é a superfı́cie gaussiana esférica a < r < b, assim n̂ = r̂ dS = r2 sin θ dθ dφ. Como
~ = Dr̂r̂r̂:
D
=1 =2π
I z}|{ Z 2π Z π
D r̂ · r̂ r2 sin θ dθ dφ = q ⇒ Dr 2
dφ sin θ dθ = q
S
| 0 {z } | 0 {z }
=2
2 q
Dr 4π = q ⇒ D=
4πr2
Então,
~ = q
D r̂ (2)
4πr2
Pela relação constitutiva
~
~ = E
D ~ ⇒ ~ =D
E

assim,
~ = q
E r̂ (3)
4πr2

1
(2) e (3) em (1), tal que, dV = r2 sin θ dr dθ dφ:
Z 2π Z π Z b
1 q q
U = 2
r̂ · r̂ r2 sin θ dr dθ dφ
2 0 0 a 4πr 4π r 2
Z 2π Z π Z b Z b
q2 q2
Z
dr dr
= dφ sin θ dθ = dΩ
32π 2  0 0 a r 2 32π 2 r2
| {z } a
=4π
2
 b
q2
  
q 1 1 1
= − = − +
8π r a 8π b a

sendo que,  = K0



q2
 
1 1
∆U = −
8πK0 a b

6-3 Um dipolo ql é posicionado perpendicularmente a um plano condutor, de forma a que a carga


−q esteja a uma distância d e a carga +q a uma distância d + l. Calcule a energia eletrostática
do sistema de cargas. (Sugestão: Considere que a energia do sistema se compõe das cargas
verdadeiras mais as cargas-imagem no vácuo, onde as cargas-imagem são escolhidas para dar
o campo E ~ correto em frente ao plano.)

Soluçãorlv :
4 
1 X X qj qk 1 1 q1 q2 q1 q3 q1 q4 q2 q1 q2 q3 q2 q4
U= = + + + + + +
2 j=1 4π0 rjk 2 4π0 r12 r13 r14 r21 r23 r24
k6=j

q3 q1 q3 q2 q3 q4 q4 q1 q4 q2 q4 q3
+ + + + + +
r31 r32 r34 r41 r42 r43
como r12 = r21 , r13 = r31 , r14 = r41 , r23 = r32 , r24 = r42 :
4  
1 X X qj qk 1 1 q1 q2 q1 q3 q1 q4 q2 q3 q2 q4
U= = 2 +2 +2 +2 +2
2 j=1 4π0 rjk 2 4π0 r12 r13 r14 r23 r24
k6=j


q2
 
1 1 1 1
U= − + − −
π0 l l + 2d 2d 2(d + l)

6-5 Dada uma distribuição de carga esférica, de raio R, com densidade de carga uniforme ρo ,
determine a auto-energia da distribuição de duas maneiras: (a) por integração direta da
Equação Z Z
1 1
U= ρ(~~r )ϕ(~~r ) dV + σ(~~r )ϕ(~~r ) dS (4)
2 V 2 S
Z
1 ~ ·E ~ dV .
e (b) por integração sobre o campo D
2 V

Solução: Pela lei de Gauss

~ 1 (r) = ρ0 r r̂

E
 (0 ≤ r ≤ R)
30
3 (5)
E
 ~ 2 (r) = ρ0 R r̂ (r ≥ R)
30 r2

2
(a) Considerando que ρ(~~r ) = ρ0 para 0 ≤ r ≤ R e ρ(~~r ) = 0 para r ≥ R, temos que (4):

1
Z
1
Z
1
Z
 :0 1 Z
U= ρ(~~r )ϕ(~~r ) dV = ρ(~~r )ϕ1 (~~r ) dV + ~
ρ(~
r
 2)ϕ
 ~
(~
r ) dV = ρ0 ϕ1 (~~r ) dV
2 V 2 V 2 V
 2 V
Z
ρ0
U= ϕ1 (~~r ) dV (6)
2 V

Sabemos que
~ = ~0
∇×E ⇒ ~ = −∇ϕ(~~r )
E

e da definição do gradiente
~ = dϕ
∇ϕ(~~r ) · dr
temos que
Z B Z B Z B
E ~ =−
~ · dr ~ =−
∇ϕ(~~r ) · dr dϕ = −(ϕB − ϕA ) = ϕA − ϕB
A A A

Logo, para r > R:


1
r r
ρ0 R3 z}|{ ρ0 R3 r dr ρ0 R 3 1
Z Z Z  
~ = ϕ0 − ϕ2 =
~ 2 · dr 1
E r̂ · r̂ dr = = −
r0 r0 30 r2 30 r0 r2 30 r0 r

sendo que, ϕ0 = 0 quando r0 → ∞, então

ρ0 R 3
ϕ2 (r) = (7)
30 r
Para 0 ≤ r ≤ R:
1
r r Z r
ρ0 r 2 r2
Z Z  
~ =
~ 1 · dr ρ0 r z}|{ ρ0
E r̂ · r̂ dr = ϕ0 − ϕ1 = r dr = − 0
r0 r0 30 30 r0 30 2 2

neste caso, não temos a situação ϕ0 = 0 quando r0 → ∞, assim


ρ0 2
ϕ1 (r) = ϕ0 − (r − r02 ) (8)
60
Como devemos ter a continuidade do potencial,

ϕ1 (r = R) = ϕ2 (r = R)

então, igualando (8) a (7):

ρ0 ρ0 R32

ϕ0 − (R2 − r02 ) =
60 30 R
ρ0 R 2 ρ0 2ρ0 R2 + ρ0 R2 − ρ0 r02
ϕ0 = + (R2 − r02 ) =
30 60 60
ρ0 R 2 ρ0 r02
= −
20 60
tal que,
ρ0 R 2 ρ0 r02 ρ 2
0 r0 ρ
0R
2
ϕ0 = 0 = − ⇒  = ⇒ r02 = 3R2
20 60 60 2
0

3

ou seja, ϕ0 = 0 quando r0 = R 3. Substituindo em (8):
ρ0 2 √ ρ0 2
ϕ1 (r) = 0 − (r − (R 3)2 ) = − (r − 3R2 )
60 60
logo,
ρ0
3R2 − r2

ϕ1 (r) = (9)
60
Utilizando (9) em (6):

zZ }| { Z
Z R
ρ0 ρ0 ρ 0 ρ 0
3R2 − r2 dV = 3R2 − r2 r2 dr
 
U = dΩ
2 V 60 2 60 0
Z R Z R !
πρ20 2
R3 R5 πρ20 R5 5 − 1
   
πρ0
= 3R2 r2 dr − r4 dr = 3R2 − =
30 0 0 30 3 5 30 5


4π ρ20 R5
U=
15 0
(b) Da relação constitutiva
~ = 0 E
D ~
tal que,
~ = Er̂r̂
E , dV = r2 sin θ dr dθ dφ = dΩ r2 dr
e
Z 2π Z π Z
dΩ = dΩ = 4π
0 0

então,
Z Z Z 1 Z
1 ~ dV = 1
~ ·E 0 z}|{ 0
U = D Er̂r̂ · (0 Er̂r̂r̂) dV = E · E · dV =
r̂ r̂ E 2 dV
2 V 2 V 2 V 2 V
Considerando (5), temos
Z Z  Z Z 
0 2 2 0 2 2 2 2
U = E1 dV1 + E2 dV2 = E1 dΩ r dr + E2 dΩ r dr
2 V1 V2 2 V1 V2
 4π 4π 
z }| { Z zZ }| { Z
Z R ∞
0 
E12 r2 dr + dΩ E22 r2 dr

=  dΩ
2 
0 R

"Z 2 2 #
R ∞
ρ0 R 3
 Z 
ρ0 r 2 2
= 2π0 r dr + r dr
0 30 R 30 r2
!
Z R 2 6 Z ∞
ρ20 ρ R dr
= 2π0 r4 dr + 0 2
920 0 90 R r2
!
ρ20 R5 ρ20 R65 πρ20 R5
 
 1 1+5
= 2π0 + = 2
920 5 920 R 0 45


4π ρ20 R5
U=
15 0

4
6-6 Suponha que um elétron seja uma partı́cula esférica, uniformemente carregada, de raio R.
Suponha, além disso, que a energia de repouso, mc2 (onde m é a massa do elétron e c é
a velocidade da luz), seja de origem eletrostática e dada pelo resultado do Problema 6-5.
Substituindo a carga e a massa do elétron pelos valores numéricos apropriados, determine seu
”raio clássico”R.

Solução: Do problema 6-5 temos que,

4π ρ20 R5
U=
15 0
assim,
4π ρ20 R5
mc2 =
15 0
tal que,
q e 3e
ρ0 = = 4 =
V 3 πR
3 4πR3
então,
2
R5 π 9e2  5
3 e2 3 |e|2

2 4π 3e 4 R
mc = = = ⇒ R=
15 4πR3 0 15 42 π 2 R6 0 20 π0 R 20 π0 mc2

3 (1, 6022 × 10−19 )2


R= −12
20 π × 8, 8542 × 10 × 9, 1094 × 10−31 × (2, 9979 × 108 )2

R = 1, 6904 × 10−15 m

6-10 Um sistema de condutores se constitui de dois condutores apenas. Encontre os coeficientes de


capacidade e indução, explicitamente, em termos de coeficientes de potencial pij .

Solução:
         
ϕ1 p11 p12 Q1 Q1 c11 c12 ϕ1
= ⇔ =
ϕ2 p21 p22 Q2 Q2 c21 c22 ϕ2

logo,
   −1  
c11 c12 p11 p12 1 p22 −p12
= =
c21 c22 p21 p22 p11 p22 − p12 p21 −p21 p11

onde c11 , c22 são os coeficientes de capacidade e c12 , c21 são os coeficientes de indutância.
6-14 Um longo cilindro condutor de raio a está orientado paralelamente a e a uma distância h
de um plano condutor infinito. Demonstre que a capacitância do sistema, por unidade de
comprimento do cilindro, é dada por
2π0
C=
cosh−1 (h/a)

(Ver a Seção 3-11.)

5
Soluçãorlv : Do cap. 3:
x2 + y 2
   
λ r1 λ
ϕ= ln = ln
2π0 r2 4π0 (x + 2d)2 + y 2
equipotenciais:
x2 + y 2
M 2 = e4π0 ϕ/λ → = M2
(x + 2d)2 + y 2
a superfı́cie do cilı́ndro é equipotencial.

(x − x0 )2 + (y − y0 )2 = a2

equação circunferência de centro (x0 , y0 ) e raio R = a.

2M 2 d


x0 =

2M 2 d
2
4M 2 d2

 1 − M2
2
x− +y = ⇒ y0 = 0
1 − M2 (1 − M 2 )2
a = 2M d



1 − M2
2M 2 d
h = x0 + d = +d
1 − M2
r
h 1 + M2 2h h h2
= ⇒ M2 − M +1=0⇒M = + −1
a 2M a a a2
r !
ϕ 1 h h2
= ln + −1
λ 2π0 a a2
| {z }
h

cosh−1 a


C q λ 2π0
= =
ϕ cosh−1 ha

z zϕ

6-17 Duas cascas condutoras esféricas, concêntricas, de raios r1 e r2 são mantidas a potenciais
ϕ1 e ϕ2 , respectivamente. A região entre as cascas está preenchida por um meio dielétrico.
Demonstre, por cálculo direto, que a energia armazenada no dielétrico é igual a C(ϕ1 − ϕ2 )2 /2
e, a partir disso, determine C, a capacitância do sistema.

Soluçãorlv : Z Z
1 ~ dv = 
~ ·D
U= E E 2 dv
2 2
~ = −∇ϕ ;
E onde ∇2 ϕ = 0
do problema 3-1:
 
1 1 ϕ1 − ϕ2
ϕ(r) = ϕ2 + r1 − (r1 < r < r2 )
r r2 1 − r1 /r2

~ = −r̂ ∂ϕ = r̂ r1 ϕ1 − ϕ2
E
∂r r2 1 − r1 /r2

r2
r 2 ϕ1 − ϕ2 ϕ1 − ϕ2
Z Z Z
 dr 1
U= dΩ r dr 14
2
= 2πr12 = C(ϕ1 − ϕ2 )2
2 r1 r 1 − r1 /r2 1 − r1 /r2 r 2
| {z } | {z }
4π −1/r2 +1/r1

6

4π
C=
1 1

r1 r2

6-19 Um capacitor de placas paralelas tem a região entre suas placas preenchida por uma chapa
dielétrica de constante dielétrica K. As dimensões das placas são: largura w, comprimento l e
separação entre as placas d. Carrega-se o capacitor enquanto está conectado a uma diferença
de potencial (∆ϕ)0 , após o que é desconectado. A chapa dielétrica é agora parcialmente
retirada na dimensão l até que apenas o comprimento x permaneça entre as placas. (a) Qual
a diferença de potencial no capacitor? (b) Qual a força que tende a recolocar a chapa dielétrica
de volta à sua posição original?

Solução:

(a) I) placas ligadas à bateria com ddp inicial (∆ϕ)0 , adquirindo cargas ±Q.

Pela lei de Gauss Z Z


~ dV =
∇·D ρ dV = Q
V V
tal que,
Q
σ= ⇒ Q = σA
A
e, pelo teorema do divergente
I
D~ · n̂ dS = Q ⇒ DA = σA ∴ D=σ
S

sendo que, A = lw, assim


Q
D= ⇒ Q = lwD
lw
e, pela relação constitutiva
~ = E
D ~ ⇒ D = E

logo,
Q = lwE
Considerando as placas infinitas: l, w  d

(∆ϕ)0
E=
d
então,
lw
Q=
(∆ϕ)0 (10)
d
II) Após a remoção parcial da chapa, a carga Q adquirida será composta de duas cargas
distintas:
Q = Q1 + Q2 (11)

7
onde Q1 é a carga na região com o restante da chapa, A = xw e Q2 é a carga na
região sem a chapa, A = (l − x)w,  = 0 . Assim, por (10):
xw
Q1 = ∆ϕ (12)
d
0 (l − x)w
Q2 = ∆ϕ (13)
d
logo, com (10), (12) e (13) em (11), tal que,  = K0 :

l
w x
w 0 (l − x)
w
(∆ϕ)0 = ∆ϕ + ∆ϕ
d
 d
 d

K0 l(∆ϕ)0 = K 0 l∆ϕ − 
0 x∆ϕ +  0 x∆ϕ
Kl(∆ϕ)0 = (Kx + l − x)∆ϕ


Kl
∆ϕ = (∆ϕ)0 (14)
l + (K − 1)x

(b) Como o sistema está isolado  


∂U
Fx = −
∂x Q

tal que,
1
U= Q∆ϕ
2
com (14):
1 Kl
U= Q (∆ϕ)0
2 l + (K − 1)x
sendo que, por (10)
d d
(∆ϕ)0 = Q= Q
lw lwK0
assim,
1 Kl d
U= Q Q
2 l + (K − 1)x lwK0
então,
d Q2
U (x) =
20 w l + (K − 1)x

d(K − 1)Q2
Fx = +
20 w[l + (K − 1)x]2
Fx > 0 pois K > 1.
6-23 Resolva o exemplo da Figura 1 com a energia eletrostática na forma U = 12 C(∆ϕ)2 , onde
C = C(x) é a capacitância do capacitor com o bloco dielétrico introduzido por uma distância
x.

8
x
+



-
l

Figura 1: Chapa dielétrica entre placas

Soluçãorlv :
C = C1 + C2
Q1 xw

C1 =
 =
∆ϕ d
C2 = Q2 = 0 (l − x)w

∆ϕ d
0 w
C= [l + (k − 1)x]
d
1 1 0 xw
U = C(∆ϕ)2 = [l + (k − 1)x](∆ϕ)2
2 2 d
 
∂U
Fx = +
∂x ∆ϕ
| {z }
∆ϕ=cte→sistema não é isolado⇒Fx =cte


1 (∆ϕ)2
Fx = + 0 (k − 1)w >0
2 d

Obs.: Resoluções (Soluçãorlv ) foram ’baseadas’ na resolução do professor.

Referências
[1] John R. Reitz, Frederick J. Milford, Robert W. Christy Fundamentos da Teoria Eletro-
magnética 3a edição, Editora Campus Ltda. Rio de Janeiro

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