Você está na página 1de 710

Pensei que estava quebrada antes, mas meu dano nunca

teve um gosto tão amargo como este.


Os meninos Harlequins são mais do que apenas uma
memória agora. Mais do que um sonho de nossa juventude e
uma ideia para se agarrar.
Eles são a minha maior fraqueza e meu maior
arrependimento, mas comecei a perceber que voltar para Sunset
Cove sempre foi meu destino.
Meu coração bate como a virada da maré aqui. Minha pele
só se aquece sob este sol. E minha alma só estará em casa
nestas ruas e com os homens que cresceram fora das minhas
memórias.
Mas nada é o mesmo que eu me lembro e o tempo para jogos
infantis está chegando ao fim.
Posso querer fingir que os últimos dez anos nunca
aconteceram, mas o pesadelo em que me perdi me seguiu até em
casa e não posso continuar ignorando as coisas que fiz para
sobreviver.
A questão é, meus erros serão o meu fim e dos meus
rapazes? As escolhas que fiz mudarão tudo agora?
E será que a vida que eu nunca quis roubar, será minha
única chance na vida que tenho medo de desejar?
Esse livro é dedicado ao Mutt.
Ele sabe quando a merda está acontecendo e sabe como
fazer xixi em um filho da puta quando ele está deprimido.
Amamos sua raiva e sua natureza furiosa e implacável,
tudo embrulhado em um pacote minúsculo de pelos.
Amamos que você faça xixi nos vasos de plantas do Fox
todos os dias, e que nunca, jamais, o perdoará por gritar com
você porque COMO. ELE. PÔDE?
E adoramos que, sem o conhecimento de Fox, você tenha
usado o travesseiro dele para coçar a sua bunda sempre que
pode.
Portanto, saudamos você, Mutt!
Meus olhos estavam fechados e minha cabeça cheia com
o som de Otis Redding cantando Sittin 'On the Dock of the Bay,
enquanto eu imaginava a sensação do sol na minha pele e os
dedos dos pés na água ao lado do gosto da liberdade em meus
lábios.
O paraíso sempre foi tão simples para mim. Risos no ar e
corpos quentes perto do meu enquanto bebíamos cervejas
roubadas e deixávamos a maré levar nossos problemas com
ela.
Então era onde eu estava. Ao sol com meus meninos, não
presos dentro deste caixão de metal. Não havia poeira
obstruindo minha garganta e meus membros não estavam
gritando para eu me mover de estar presa aqui por tanto
tempo.
Eu não estava caída com meus joelhos meio dobrados e
meus pés gritando de dor por causa dos saltos estiletes que eu
não conseguia alcançar para desafivelar. Não houve agonia em
meu coração enquanto o medo pelos meus meninos me
despedaçava e continuei repetindo os últimos momentos em
que tinha visto Chase antes do prédio desabar na minha
cabeça.
Nada disso era real. Não podia ser real.
Porque Otis Redding estava cantando o refrão e meu
coração ficou leve enquanto eu ria.
“Eu te desafio, pequenina,” Chase encorajou e eu gemi,
jogando um braço sobre meus olhos enquanto caia de volta nas
placas de madeira quentes do pequeno cais dramaticamente.
“Vocês me escolhem porque sou a única garota,” acusei, um
olho se abrindo quando encontrei JJ sorrindo para mim
enquanto bebia sua cerveja.
“Não é verdade,” disse ele. “Te escolhemos porque você é a
mais corajosa. Chase não desafiou ninguém porque sabia que
nós não faríamos isso.”
Sorri com a ideia e me apoiei nos cotovelos enquanto
chutava meus dedos dos pés para frente e para trás na água
fria.
“Mesmo?”
“Não,” Maverick negou. “Não tenho medo de fazer isso.”
Bufei porque é claro que ele não tinha. Rick não tinha com
medo de fazer nada.
Os olhos de Fox estavam fixos em mim e ele olhou ao redor
em direção a sua casa antes de balançar a cabeça.
“Eu farei,” disse ele. “Não terei tantos problemas se for
pego.”
“Boo,” reclamei. “Então não é divertido.”
Afundei o resto da minha cerveja, apreciando a confusão
que deixou na minha cabeça enquanto pulei e olhei para a Casa
Harlequin também. Roubar as chaves podia ser a maneira mais
simples, mas quando olhei para trás na direção da lancha
chique que Luther acabara de comprar, descobri que não queria
ir com facilidade. Além disso, entrar sorrateiramente naquela
casa enquanto o assustador papai de Fox estava em casa não
era atraente.
“Posso fazer isso sem as chaves,” decidi, preferindo essa
ideia à chance de Luther me pegar em casa.
“Foi só uma piada, menina bonita.” JJ pegou minha mão
para me impedir enquanto eu fixava meu olhar no barco, mas
apenas rolei meus olhos.
“Se posso roubar um carro, posso roubar um barco, JJ.
Além disso, Luther nunca vai saber que o pegamos. Não me diga
que vocês vão amarelar agora?”
Houve um clamor de protestos com essa sugestão e sorri
enquanto desabotoava meu short e o deixava cair antes de jogar
minha camisa para baixo também.
“Não riam,” respondi enquanto todos olhavam para o meu
biquíni lilás estúpido que não servia mais. “Meus seios idiotas
continuam crescendo e eu já sei que não cabe direito. Mas tentei
roubar um novo daquele quiosque na Tide Street outro dia e a
cadela que trabalhava lá me viu, então tive que me virar com
esse.”
“Sim, eu estava pensando em como seus seios são idiotas.
Você está horrível pra caralho, linda,” Maverick bufou e Fox deu
um soco no braço dele.
“Sim, bem, iria irritá-lo se o seu pau continuasse crescendo
e crescendo o tempo todo e você não tivesse mais boxers que se
encaixassem,” rosnei para ele.
“Acho que JJ está tendo esse problema agora,” Chase
brincou e JJ o amaldiçoou, saltando sobre ele e socando
enquanto eles rolavam pelo cais.
“Fodam-se idiotas,” gritei, voltando minha atenção para a
lancha antes de mergulhar no mar e desaparecer sob as ondas.
A água beijou minha pele aquecida pelo sol enquanto eu
escorregava por baixo dela, nadando para o barco e emergindo
do outro lado antes de me lançar para cima e para dentro dele.
Abaixei-me para o caso de algum dos homens de Luther
olhar para fora e me avistar, então abri o painel ao lado do
volante e comecei a trabalhar na fiação elétrica desta coisa.
Sorri amplamente quando o motor rosnou para a vida e
todos os meninos gritaram de triunfo enquanto corriam para
subir a bordo também, jogando mais cervejas e lanches para
mim enquanto Fox desamarrava o barco e logo estávamos
correndo em direção ao horizonte com risos colorindo o ar.
Fiquei lá naquele barco com meus meninos rindo e o sol
beijando minha carne.
Eu não estava presa aqui.
Não estava achando difícil respirar.
Eu não morreria sozinha no escuro.
Eu estava bebendo ao sol com um sorriso no rosto e Otis
Redding estava cantando de novo, e é onde eu ficaria o máximo
que pudesse. Na verdade, ficaria lá para sempre, se pudesse
escolher. Porque nada de bom nunca veio de sair daquele sol e
voltar para as sombras da minha realidade. Então eu ficaria e
ficaria e haveria amor em meu coração e risos em meus lábios
e a realidade não poderia me pegar porque nossa lancha era
muito rápida e nós iríamos perseguir o horizonte para sempre.
“Rogue!” Rugi, agarrando os escombros, jogando pedaços
de pedra enorme para longe de mim enquanto eu lutava para
cavar nas profundezas da Dollhouse destruída. “Fala comigo,
linda, me mostra onde você está.”
O sol da manhã estava batendo nas minhas costas, minha
camisa foi descartada e o suor grudou em mim enquanto eu
ofegava por água. Mas eu não pararia. Trabalhei como um
louco durante a noite tentando chegar até ela, e não desistiria
até que ela estivesse de volta em meus braços. Eu mal tinha
saído da porra do lugar quando o telhado caiu, mas por algum
milagre consegui chegar à varanda e mergulhei na piscina. E
tudo bem, o fodido do Fox e JJ tinham feito isso também. Não
que eu me importasse.
Uma pequena e desesperada voz na parte de trás da
minha cabeça continuava sussurrando para mim que Chase
estava nas profundezas desses escombros, assim como minha
garota, e eu podia odiar aquele idiota, mas de alguma forma ele
morrer aqui assim não parecia certo. Ele estava destinado a
morrer em minhas mãos, caramba.
“Aqui.” Luther apareceu, empurrando uma garrafa de
água para mim.
Ele estava sem camisa também, uma confusão de poeira
revestindo seu peito tatuado enquanto trabalhava ao nosso
lado. Toda a Harlequin Crew estava aqui cavando e eu
simplesmente os ignorei, mantendo distância de Fox e JJ que
estavam trabalhando do outro lado do prédio junto com metade
da cidade que apareceu para ajudar. O corpo de bombeiros, a
polícia e o maldito salvamento marítimo também estavam aqui,
todos lutando para tirar os sobreviventes o mais rápido
possível. Cada vez que alguém era puxado dos destroços, um
grito se ouvia, meus olhos iam para seus cabelos, minhas
esperanças crescendo apenas para serem despedaçadas
novamente.
Onde diabos ela está?
Empurrei a mão de Luther do meu rosto com a garrafa e
ele agarrou meu braço, empurrando a água em minhas mãos.
Rosnei, sem olhar para ele, mas bebi a água do mesmo jeito,
bebendo até a última gota e descobrindo que era melhor não
cair morto de sede e exaustão pelo calor antes de encontrá-la.
“Isso vai precisar ser examinado.” Ele apontou para o
ferimento no meu braço, que estava entupido com poeira e
sujeira, mas eu apenas voltei a cavar, jogando a garrafa de
água de volta para ele, que ricocheteou em seu abdômen.
“Nós vamos encontrá-la, filho,” Luther prometeu e o
cachorrinho branco e marrom em seus calcanhares latiu como
se concordasse.
Luther apareceu com o vira-lata cerca de meia hora depois
que o prédio desabou e ele correu para frente e para trás entre
ele, JJ e Fox a noite toda, latindo e farejando como se estivesse
tão desesperado quanto o resto de nós para encontrar Rogue.
Ela havia mencionado que havia se adotado um vira lata, e me
perguntei se era esse. O cachorro parecia não saber o que fazer
comigo, mas às vezes se aproximava para farejar meus
calcanhares.
Luther ficou furioso depois que Fox disse a ele que Jolene
o traiu, o vendeu para o fodido Shawn. Seus olhos se tornaram
duros e assassinos, mas quando Fox disse que ela estava
morta, ele assentiu e a escuridão sumiu um pouco de seu
olhar. Eu só conhecia um bastardo selvagem o suficiente para
balançar a cabeça satisfatoriamente por ouvir que sua própria
carne e sangue haviam caído para a morte ao lado de seu
marido. E era ele mesmo. Ela pode tê-lo traído, mas foda-me,
ele tinha sangue frio. Não que isso fosse novidade para mim.
Ele nem mesmo piscou quando seus corpos foram retirados
dos escombros por volta do amanhecer. Ele apenas olhou para
o corpo quebrado de sua irmã por vários longos segundos,
então cuspiu no chão ao lado dela e voltou a cavar.
“Você não sabe,” rosnei para Luther, jogando um enorme
pedaço de pedra atrás de mim.
Havia homens trabalhando para limpar qualquer coisa
que jogássemos de lado, para que as pilhas nunca ficassem
muito grandes, mas eles estavam bem longe de mim porque era
uma zona de perigo do caralho.
“Ela é forte,” Luther disse com firmeza. “E ela é inteligente
também. Ela terá encontrado uma maneira de...”
“Não,” gritei para ele. “Pare de desperdiçar sua energia,
velho, e comece a cavar.”
Ele acenou com a cabeça, aproximando-se de mim e me
ajudando a mover os escombros. Eu não disse a ele para se
foder porque precisava de mão de obra e enquanto ele ficasse
em silêncio, poderia tolerá-lo por enquanto. Por Rogue.
Trabalhamos como cachorros, nossas mãos
ensanguentadas e empoladas, as horas passando e fazendo
com que a preocupação queimasse meu peito.
Onde ela está?
Ela não pode ir embora.
Minha garota tem que estar aqui em algum lugar.
Passei muito tempo vivendo em um mundo sem Rogue
Easton e não queria voltar para ele.
O pânico estava tentando desesperadamente se instalar,
mas se eu desmoronasse não seria bom para ela. Eu só queria
que meu corpo fosse ainda mais forte, queria poder trabalhar
mais rápido. Isso me lembrou do desamparo que senti na
prisão e a escuridão em minha alma se espalhou, infectando-
me em todos os lugares até que minha mente não era nada
além de uma gaiola das minhas piores memórias.
Eu me concentrei nela, trazendo-a para o primeiro plano
e rasgando meu caminho de volta ao passado até que estava
andando de moto pela cidade com ela nas costas, seus braços
em volta de mim e seu queixo no meu ombro.
“Espere aí, linda,” gritei para ela, virando à esquerda na
rua e apertando o acelerador.
Ela gritou enquanto eu dirigia direto pela calçada até a
praia e sorri enquanto chutava a areia em alguns pombinhos
sugando a boca um do outro. Eles gritaram conosco enquanto eu
dirigia para longe e Rogue ria descontroladamente enquanto eu
corria em direção à extremidade vazia da praia onde a sombra
do Sinners’ Playground era lançada sobre a água.
“Mais rápido!” Ela gritou.
Dei a ela o que ela queria, voando pela praia e ela de
repente me soltou.
“Rogue,” rosnei em alarme, virando minha cabeça e
encontrando-a com os braços bem abertos e a cabeça inclinada
para trás. Seu cabelo escuro caiu ao redor dela com a brisa e eu
fiquei tão cativado por ela que perdi o controle da maldita moto.
Nós batemos em um solavanco e eu xinguei, diminuindo a
velocidade o máximo possível enquanto as rodas derrapavam e
a moto se inclinava para o lado.
Eu me virei, agarrando-a e puxando-a para a areia antes
que minha motocicleta batesse no chão à nossa frente com um
barulho de raiva que dizia que algo tinha acabado de quebrar.
Não dei a mínima para isso, no entanto, rolei em direção a
Rogue com medo dela se machucar, mas a encontrei rindo
loucamente, fazendo um anjo de neve na areia.
“Puta que pariu,” ri, empurrando minha mão em meu cabelo
enquanto o alívio me percorria.
“Sua moto está bem?” Ela perguntou enquanto se apoiava
nos cotovelos, olhando para ela com preocupação.
“Vai sobreviver,” falei encolhendo os ombros, estendendo a
mão para o joelho dela que estava ficando vermelho com uma
contusão. Esfreguei meu polegar sobre ele, uma pontada
passando por mim por colocá-la em risco. “Desculpa linda.”
“Você vai ter que beijá-lo para melhorar,” ela disse
provocativamente e a surpreendi quando me inclinei e pressionei
minha boca nela, fazendo-a prender a respiração. Ela tinha
gosto de coco e óleo de motor e quando me inclinei para trás meu
pau começou a inchar, imaginei que tinha acabado de se tornar
meu novo perfume favorito.
Ela enrolou uma mecha de cabelo em torno de seu dedo,
seus olhos disparando de mim para o mar enquanto um rubor
revestia suas bochechas. Eu causei isso?
Ela puxou o cabelo sobre o lábio superior para fazer um
bigode e fez uma careta para mim. “Eu seria um homem sexy,
Rick? Você poderia me chamar de Roger.”
Bufei uma risada, empurrando seu braço. Garota estúpida.
Eu tinha certeza que ainda a desejaria se ela fosse um cara,
porém, o que dizia muito porque eu realmente gostava de peitos.
Agarrei os lados do meu peito, empurrando meus peitorais
juntos para tentar fazer algum decote e coloquei a voz mais
feminina que eu poderia fazer. “Sou uma garota sexy, Roger
baby?”
Ela riu, chutando areia para mim. “Sim, eu transaria com
você.”
Sorri sombriamente com isso, mas então um grito chamou
minha atenção para a praia e soltei meus seios falsos.
“Parem aí mesmo!” Algum policial intrometido gritou e
xinguei, colocando Rogue de pé.
“Oh merda,” ela murmurou, correndo comigo em direção à
minha moto.
Eu a peguei, esperando que a coisa não me decepcionasse
quando balancei minha perna sobre o assento e Rogue pulou
nas costas. Virei a chave na ignição e ela rosnou em protesto,
fazendo meu coração bater mais forte.
“Ei!” O policial gritou enquanto eu tentava a ignição
novamente.
O motor roncou e sorri, disparando pela praia com minha
garota nas minhas costas e sua risada no meu ouvido. Eu
sempre encontraria uma saída para problemas, especialmente
quando ela estava envolvida. Eu seria a salvação dela toda
maldita vez, e hoje íamos cavalgar, cavalgar, cavalgar.
“Aqui, aqui!” Um bombeiro gritou a cinquenta metros de
distância e as pessoas se aglomeraram para ajudá-lo a cavar.
Corri com Luther ao meu lado, meu coração batendo a cento e
sessenta quilômetros por hora enquanto todos trabalhavam
juntos para mover os tijolos.
O grito abafado de uma garota veio de algum lugar nos
escombros e estava distorcido demais para eu saber se era de
Rogue.
Fox e JJ chegaram, cavando furiosamente, trabalhando
em perfeita sincronia um com o outro enquanto lutavam para
tirar a garota de lá. Eles estavam cobertos de poeira, sujeira e
sangue, a camisa de JJ meio rasgada de seu corpo enquanto a
de Fox tinha sumido completamente.
Uma mão apareceu, alcançando os tijolos e um segundo
depois, um bombeiro tirou a garota de um espaço seguro que
parecia ter sido forjado entre dois pilares caídos. Uma mecha
de cabelo loiro e um vestido azul brilhante fizeram meu coração
cair e Rosie Morgan gemeu enquanto segurava o bombeiro.
“Eu estou viva!” Ela chorou dramaticamente. “Estou viva!”
“Ótimo,” cerrei. “Coloque-a de volta,” rosnei, em seguida,
voltei para onde eu estava trabalhando.
O cachorrinho me seguiu, trotando com determinação em
seus passos e olhei para ele com o cenho franzido.
“Você pode sentir o cheiro dela, garoto? Onde ela está?”
Ele soltou um gemido baixo, olhando para mim e então
fugindo pelos escombros, para frente e para trás, para frente e
para trás antes de finalmente se sentar em um pedaço plano
de rocha e latir alto.
Meu coração bateu mais forte e embora pudesse ter sido
apenas aleatório, meu instinto me disse para cavar onde aquele
cachorrinho estava. A área foi recentemente limpa, um local
onde o departamento de polícia estava trabalhando, mas ainda
havia um longo caminho a percorrer. Eu me movi na frente do
cachorro e comecei a cavar enquanto ele latia em
encorajamento e minha esperança foi restaurada ligeiramente.
Fox e JJ apareceram, seguidos por Luther e cerrei meus
dentes quando eles começaram a me ajudar, minha testa
franzida enquanto eu fixava meu olhar no meu trabalho e os
ignorava. Minha mente se prendeu no momento em que puxei
Fox para um lugar seguro depois que ele quase caiu para a
morte dentro da Dollhouse. Eu nem tinha certeza de como
havia tomado a decisão. Em um segundo eu estava a três
metros de distância, no próximo estava de bruços arrastando-
o para fora daquele buraco e sabendo que não o deixaria cair.
Parecia uma merda que eu não iria explorar.
“É isso, meninos,” Luther encorajou. “Continuem
trabalhando juntos.”
“Cala a boca,” rosnei. “Se você vai falar, faça em outro
lugar.”
“Rogue!” JJ gritou quando levantamos uma grande porta
entre nós e a jogamos de lado. Ok, então talvez fosse um por
cento mais fácil trabalhar com eles, mas isso não significa que
estava menos inclinado a atirar neles quando terminasse aqui.
“Você pode me ouvir baby?!” Fox gritou. “Estou indo,
apenas espere.”
“Você sabe que Chase está lá também, certo?” Murmurei.
“Embora eu ache que você não dá mais a mínima para ele,
agora que ele não é mais seu irmãozinho.”
“Chase?” JJ murmurou horrorizado quando Fox olhou
para mim como se estivesse tentando descobrir se eu estava
apenas brincando com eles.
“Eu e ele viemos aqui juntos.” Dei de ombros.
“Vocês vieram?” Luther perguntou surpreso.
“Sim, tínhamos alguns negócios em comum para cuidar,
só isso.”
“Chase!” JJ gritou em alarme enquanto colocava suas
costas no trabalho. “Rogue!”
“Porra.” Fox passou a palma da mão pelo rosto, seu terror
claro enquanto ele continuava cavando e cerrei minha
mandíbula enquanto ajudava.
O cachorro latiu furiosamente e esse foi todo o incentivo
de que eu precisava para produzir combustível para meus
músculos. Eu iria encontrar minha garota em algum lugar aqui
ou estávamos cavando nosso caminho em uma loja de
alimentos que o cachorro queria assaltar.
Achei que descobriria logo, porque não iria parar até
chegar ao fundo da devastação e encontrar minha garota
perdida em suas profundezas.
Tossi enquanto a poeira e a escuridão giravam ao meu
redor, minha boca insuportavelmente seca e fazendo minha
língua inchar enquanto cada pedaço do meu corpo doía por
causa da posição em que estava presa.
Encurralada. Sozinha. Incapaz de me mover e presa sob
toneladas e toneladas de escombros enquanto os sons dele
gemendo e se movendo acima de mim me encheram de medo
de que tudo pudesse desabar novamente.
Minha respiração ficou mais rápida, mais áspera e
comecei a tossir mais enquanto a poeira se alojava em meus
pulmões e o pânico tentava me dominar. Eu morreria aqui
sozinha. Depois de jurar para mim mesma que nunca mais me
deixaria ficar presa em qualquer situação assim novamente,
aqui estava eu, literalmente confinada em uma caixa menor do
que um caixão, sem saída.
“Nós vamos sair, docinho. Limpe-se. Eu não vou deixar
minha garota parecendo uma vagabunda recém-fodida para
todo o mundo ver.”
Shawn puxou seu pau para fora de mim com um sorriso,
dando um tapa na lateral da minha coxa enquanto apreciava a
vista em seus joelhos e puxava a camisinha.
Eu apenas o observei, a confusão em minha cabeça se
fechando enquanto eu girava suas palavras em meu cérebro e
tentava sentir algo sobre elas. Eu era uma vagabunda
recentemente fodida, não era? Sua vagabunda recém-fodida.
Era exatamente assim que ele gostava de mim, mas também
odiava. Era meio difícil vencer naquela situação.
Rolei para fora da cama e fui para o banheiro, abrindo a
torneira do chuveiro e esperando que esquentasse enquanto me
olhava no espelho. O vapor começou a nublar meu reflexo, então
estendi meu dedo e pintei um X sobre cada um dos meus olhos.
Minha mente parou por um momento enquanto eu
considerava correr. Eu considerava muito correr. Mas para onde
eu correria? Não poderia levar nada comigo se corresse ou
Shawn iria me caçar e me estripar por ter roubado dele. Então,
estaria sem um tostão e sem amigos e me lembrava de como era
dormir na rua.
Era um estado constante de medo, a necessidade
desesperada de fechar os olhos e a preocupação com o que
poderia acontecer quando eu o fizesse. Era fome e tremores e
estar ainda mais sozinha do que eu estava aqui. Porque pelo
menos aqui eu tinha Shawn. E apesar de todos os seus defeitos,
ele me manteve segura, aquecida e alimentada. Lá fora havia
uma selva construída de concreto e sonhos defeituosos onde o
desespero transformava todos em monstros e o medo era um
estilo de vida.
Isso era melhor do que aquilo. Eu tinha comida, água
corrente e um homem que me queria.
Isso era melhor do que aquilo. Eu me lembrava disso toda
vez que pensava em correr e logo esquecia a ideia.
Entrei no chuveiro e respirei fundo enquanto a água me
queimava, mas não fiz nenhum movimento para girar o botão.
Eu queria queimar. Precisava sentir tanto por fora quanto por
dentro. E eu precisava esfregar minha pele para limpar quem eu
era. Ou quem eu não era.
Peguei uma bucha e fiz exatamente isso. Esfreguei e
esfreguei enquanto minha pele queimava e o vapor subia ao
redor da sala, mas não conseguia ficar limpa. Eu nunca ficaria
limpa.
Eu me senti quase tão quente quanto naquele banho
enquanto gotas de suor escorriam pelas minhas costas e
grudavam meu cabelo colorido de arco-íris no meu pescoço.
O sol estava brilhando lá fora? Ou o céu estava tão escuro
quanto aqui? A falta de luz pressionava tanto meus olhos que
não conseguia me lembrar se estavam abertos ou fechados.
Eu ia morrer aqui.
Sozinha.
Pobre garota morta. Imaginei que o destino finalmente
tinha me alcançado.
Tentei dobrar a perna e alcançar as alças dos meus
sapatos de salto alto pela milionésima vez, mas meu joelho
bateu na porta do cofre que tinha sido empurrada quase
totalmente fechada pelos escombros que caíam e eu não
conseguia levantar meu pé mais alto.
Eu estava sozinha no escuro. Porra, por que isso era tão
assustador agora, quando eu estava vivendo assim por tanto
tempo antes deste momento? Sozinha e esquecida eram
minhas configurações padrão. Tinham sido por muito tempo.
Mas não foram uma vez.
“Eu a vi roubando do café na cidade,” a voz nasal de Rosie
me chamou e rolei na minha estúpida cama de beliche e fiz uma
careta quando Mary Beth respondeu.
“Quando foi isso?” Ela exigiu em um tom que me dizia que
eu seria punida se ela me encontrasse.
“Mais cedo hoje,” Rosie disse e eu escorreguei para fora da
cama em pés silenciosos, rastejando para a porta. Eu estava
prestes a dormir, mas de jeito nenhum estaria por aqui para ter
problemas graças à boca grande e gorda de Rosie. Gah, eu
odiava aquela idiota estúpida. “Não queria ter que te dizer,
mas...”
Não tinha tempo a perder, então coloquei um short, chutei
minhas botas de combate, agarrei meu skate surrado e coloquei
meu celular no bolso, mas a coisa estúpida tinha morrido e eu
não tive a chance de carrega-lo. Só parei por dois segundos para
jogar um copo d'água no centro da cama de Rosie sob seu
edredom. Minhas outras duas colegas de quarto desviaram os
olhos, sabendo que era melhor ficar longe de qualquer drama
por aqui e eu estava fora da porta e no corredor no momento em
que a voz estrondosa de Mary Beth me chamou para levar minha
bunda para baixo.
Isso seria um fodido não.
Empurrei a porta do quarto dos meninos e Clive praguejou
enquanto lutava para cobrir seu corpo pálido com as mãos. Ele
estava de boxer, então eu não sabia por que diabos ele se
importava, mas também não tinha tempo para isso.
“Jujubas?” Perguntei a Jake, confirmando o preço que essa
liberdade me custaria quando ele se endireitou na cama e abriu
a janela para mim.
“Sempre. E se você puder pegar uma lata de Dr Pepper para
mim, vou até convencer Rosie a dizer a Mary Beth que ela se
confundiu e não foi você quem roubou nada, afinal.”
“Porra, sim.” Concordei, não querendo os detalhes sobre
como ele faria isso porque tinha certeza que tinha algo a ver com
ele a beijando e a ideia disso era muito nojenta para palavras.
“Mas enquanto isso, vou dar o fora daqui.” Pulei para fora da
janela, ignorando Clive, o grudento, enquanto ele gritava para
eu esperar para ele se vestir para que pudesse ir junto. Eu teria
que socar sua cara estúpida de novo em breve se ele não
parasse com essa merda. Ele ficava espreitando do lado de fora
do banheiro sempre que alguma das garotas estava tomando
banho também e eu estava ficando seriamente enjoada de suas
merdas. Não éramos amigos. Nunca fomos, nunca seriamos.
Arrastei-me ao longo da estreita faixa de telhado fora da
janela, em seguida, fiz meu caminho para o chão, deixei cair meu
skate e chutei para fora do asfalto em alta velocidade.
O sol estava se pondo e eu olhei para o céu, chutando forte
para me mover mais rápido enquanto me aproximava da casa
no final da rua onde Axel morava. O gangbanger Harlequin me
dava arrepios de merda e trabalhei duro para evitá-lo sempre
que podia, mas meu coração afundou quando o vi na frente de
seu carro, alguns outros gangsters tatuados espreitando
enquanto olhavam sob o capô.
“Olá meu doce,” Axel gritou enquanto eu acelerava e dei
uma saudação vaga quando um arrepio deslizou pela minha
espinha. Aquele cara tinha 'fodido' estampado nele, mas eu
também não podia simplesmente dizer a ele para ir se ferrar
como queria, graças ao seu status de Harlequin. Então, mantive
a menor cortesia possível perto dele e principalmente tentei
evitá-lo sempre que podia.
Com meu celular morto e a noite chegando, virei
rapidamente à esquerda no final da rua e decidi que JJ era
minha melhor aposta. Sua casa era a mais próxima, e sua mãe
era muito doce quando não estava muito ocupada entretendo
clientes.
Corri pelas ruas familiares até a casa, mas assim que
cheguei, um cara caminhou até a porta da frente, arrogante
como se pensasse que era o dono, embora claramente tivesse
que pagar por uma boceta se quisesse.
Fiquei para trás enquanto observava a mãe de JJ atender
a porta e deixá-lo entrar, então corri para trás e encontrei
algumas pedras para jogar em sua janela.
Tive que jogar oito das filhas da puta antes que ele
finalmente aparecesse, com os olhos turvos em sua boxer
enquanto ele abria a janela para olhar para mim.
“O que você está fazendo aqui, menina bonita?” JJ bocejou.
“Rosie me delatou, então estou fugindo. Estou aqui para
uma festa do pijama,” disse com um sorriso.
JJ pigarreou, olhando por cima do ombro por um momento
e o som dos gemidos de sua mãe coloriu o ar, deixando-me saber
por que ele estava hesitando.
“Vamos, J. Você sabe que não dou a mínima para alguns
ruídos de sexo, e não é como se eu pudesse ir para qualquer um
dos outros lugares.”
A Casa Harlequin estava sempre fora de questão, a menos
que Luther estivesse ausente, o que era quase nunca, então eu
não poderia ir para Fox e Maverick e Chase teria um ataque
cardíaco se eu ficasse a dez milhas de seu pai idiota.
“Oh, então é por isso que me escolheu?” JJ perguntou, meio
provocando, meio carrancudo.
“Não. Te escolhi porque você é meu favorito.”
JJ sorriu para isso, então acenou com a cabeça e joguei
meu skate para ele pegar antes de agarrar o cano de esgoto e
subir até sua janela.
Ele pegou minha mão e ajudou a me puxar para dentro e
sorri enquanto olhava ao redor de seu quarto. Não era
exatamente impecável, mas JJ gostava de manter o lugar limpo,
então a bagunça era mais uma variedade de gibis e produtos de
cabelo roubados do que qualquer roupa suja jogada pelo lugar.
“Oh, baby, me use como se você me possuísse!” A mãe de
JJ xingou do quarto ao lado enquanto o homem misterioso fazia
barulhos estranhos feito um porco.
JJ estremeceu, mas eu não dei a mínima. As pessoas
faziam todo tipo de coisa para sobreviver em Sunset Cove.
“Eu estava ouvindo um pouco de música para abafar,”
disse JJ, apontando para sua cama, onde um conjunto de fones
de ouvido estava conectado a um ghetto blaster 1 da velha
escola.
Sorri para ele e tirei minhas botas antes de pular em sua
cama e dar um tapinha no colchão ao meu lado
convidativamente.
JJ vestiu um short, em seguida, agarrou uma cadeira e
prendeu-a sob a maçaneta da porta antes de se juntar a mim. A
cama de solteiro não era realmente grande o suficiente para
dois, então nossos ombros estavam pressionados um contra o
outro e eu estava meio esmagada contra a parede, mas não me
importei.
JJ me ofereceu um fone de ouvido e coloquei um enquanto
ele colocou o outro, o som de Love the Way You Lie de Eminem e
Rihanna me alcançando e se misturando aos gritos contínuos de
sua mãe: “Você é tão grande, me separe, garotão, me abra.”
“Uau, ela faz o sexo parecer doloroso,” brinquei e JJ bufou,
embora suas bochechas estivessem rosadas.
“Acho que ela está acariciando o ego dele. Ela me disse
uma vez que todos os homens adoram ouvir o quão grandes seus
pênis são, especialmente se realmente não são. Então...”
“Tão. Grande. Porra,” sua mãe gemeu e eu ri.
“Você acha que ele realmente tem um minúsculo pica-pau,
então?” Sussurrei.
“Eu geralmente tento muito não pensar sobre isso.”
Eu ri e me reorganizei para ficar deitada de lado enquanto
tentava ficar mais confortável.

1 Um rádio comprido e grande que pode ser carregado na mão.


“Ok, então por que não jogamos?” Sugeri.
“Como o quê?”
“Vamos pensar em todas as melhores maneiras de me
vingar da fodida Rosie Morgan.”
“Você poderia derramar água na cama dela e começar
aqueles rumores sobre ela fazer xixi de novo.”
“Já fiz isso.” Sorri e me contorci um pouco mais, ainda não
encontrando espaço suficiente para ficar confortável. “Eu estava
pensando que poderia adicionar o suco de uma lata de atum ao
shampoo dela.”
“Ou colocar cocô de cachorro dentro dos sapatos?” JJ
sugeriu.
“Eca, de onde estou tirando merda de cachorro?”
“Eu poderia ajudá-la a encontrar alguma. Mas cabe a você
pegar.”
Eu o empurrei enquanto ria e ele praguejou ao cair da cama.
Minha risada encheu o ar assim que sua mãe gritou: “Eu vou
gozar com tanta força em todo o seu pau monstro, garotão. Faça-
me gemer por você! Leve-me para a lua!”
JJ praguejou enquanto eu ria mais alto e ele me agarrou
quando voltou para a cama, envolvendo seu braço em volta de
mim e me puxando para perto de modo que minha cabeça caiu
contra seu peito enquanto ele colocava a mão na minha boca.
“Se ele ouvir você rir, você vai tirá-lo do jogo,” ele sibilou,
parecendo divertido e enojado com aquelas palavras. “Ou pior,
ele virá aqui todo puto, procurando alguém para culpar por sua
falha no pau.”
Tirei seus dedos dos meus lábios e ri. “Você vai me resgatar
do pau de lápis, JJ?” Perguntei, envolvendo minha perna sobre
sua cintura também quando finalmente nos acomodamos em
uma posição confortável.
“Sim, menina bonita, vou te resgatar,” ele prometeu,
colocando lentamente uma mecha do meu cabelo castanho atrás
da minha orelha enquanto os sons altos do clímax de sua mãe
terminando seu trabalho balançavam a maldita parede. Quando
finalmente ficou silêncio, suspirei, meus olhos fechando
enquanto ouvia a batida sólida do coração de JJ sob minha
orelha. “Sempre vou resgatar você, Rogue.”
Jurei que sua voz me seguiu para fora das minhas
memórias e no escuro e um soluço me escapou quando a
realidade me puxou de volta para seu abraço.
A dor e a escuridão se apoderaram de mim enquanto eu
me encontrava ainda presa naquela porra de cofre. Me
perguntando se estava destinada a morrer aqui ou se alguém
poderia realmente querer me resgatar pelo menos uma vez. O
som de JJ dizendo meu nome ainda ecoava em meus ouvidos,
mas não podia ser real. Era apenas minha imaginação, me
fazendo ouvir o que eu estava desejando.
“Rogue!”
Prendi uma respiração que me fez tossir, mas inclinei
minha cabeça para trás do mesmo jeito, porque tão fraco e
distante quanto parecia, eu poderia jurar que não era invenção
da minha imaginação.
“JJ?” Gritei. Mas não foi realmente um grito, foi mais um
grasnido e uma tosse e um soluço, tudo misturado.
Mas quando estava começando a achar que tinha
imaginado, juro que ouvi outra pessoa chamar meu nome
também e meu coração começou a disparar só de pensar nisso.
Podia ser real? Eles vieram por mim?
Um latido perfurou o ar, distante mas oh tão familiar e
solucei novamente enquanto tentava gritar mais uma vez, mas
estava tossindo antes mesmo de começar e minha voz estava
me traindo.
Meu coração trovejou com o pensamento deles se
afastando sem nem mesmo saber que eu estava aqui e comecei
a me mexer, batendo os punhos contra as laterais de metal do
cofre antes de encontrar um pedaço de alvenaria que estava
preso na porta quase fechada.
Agarrei e puxei, minhas unhas rachando e quebrando
enquanto todo o meu corpo gritava de dor, mas me recusei a
desistir.
Puxei ainda mais forte e de repente a peça se soltou, um
grito áspero escapou de mim enquanto o movimento desalojava
mais os escombros e tudo gemia e se movia ao meu redor,
batendo contra o cofre e fazendo meu crânio chacoalhar com o
barulho.
Mas continuei segurando o pedaço de pedra e, assim que
tive certeza de que não seria esmagada, comecei a batê-lo
contra a parede do cofre.
O barulho fez minha cabeça latejar e meu crânio latejar
de dor, mas não parei. Bati no metal de novo e de novo.
Eu não morreria aqui sem lutar. E se a maneira como meu
coração estava disparado era qualquer indicação, então eu
estava começando a acreditar que meu salvador estava vindo
para mim como sempre prometeu que viria.
Podia ter dito a ele que não queria ser resgatada, mas
agora, eu precisava de um cavaleiro branco ou um salvador das
trevas ou mesmo apenas um acordo com um demônio. Porque
eu não tinha acabado com esta vida, não importava o quão
ruim ela tinha sido para mim. E eu estava pronta para emergir
da escuridão finalmente.
O sol do meio-dia batia nas minhas costas, queimando-
me até que tudo que eu podia sentir era um calor ofuscante, a
dor nas minhas mãos e na minha espinha. Trabalhei
incansavelmente com Fox, Maverick e Luther, todos caindo
nesse ritmo desesperado e infinito enquanto cavávamos em
silêncio nos escombros. Mas o silêncio não estava na minha
cabeça. Em minha mente, houve um rugido de barulho, de
medos, arrependimentos e pânico.
Eu deveria ter chegado a ela mais cedo.
Deveria ter segurado ela com mais força.
Nunca deveríamos ter vindo aqui.
Um paramédico apareceu, oferecendo água e verificando
se alguém precisava de ajuda. A mão direita de Fox estava
fodida, a tira de sua camisa que ele enrolou em torno dela
ensanguentada e coberta de poeira, mas sabia que ele não
deixaria ninguém cuidar dela até que Rogue estivesse de volta
em seus braços.
Sinto muito, menina bonita. Não vou te abandonar de novo.
Estou chegando. Apenas espere, por favor, espere.
Luther colocou uma garrafa de água em cada uma de
nossas mãos quando nenhum de nós prestou atenção às
ofertas do paramédico. Mutt latiu e depois de engolir metade
da garrafa, fui até ele e segurei em sua boca.
Ele lambeu a água com sede e eu dei a ele o quanto ele
queria antes de derramar o resto em suas costas para mantê-
lo fresco.
O rosto de Fox estava fixado em uma máscara de
determinação quando me juntei ao seu lado e continuei
cavando. Eu podia ver em seus olhos a guerra pela qual ele
lutava para vencer, porque se ele cedesse à névoa de pânico
que pairava sobre nós, ele a perderia. Eu estava lutando na
mesma guerra e tudo o que pude fazer foi me concentrar em
um tijolo de cada vez enquanto avançávamos cada vez mais
fundo na devastação.
Uma equipe de Harlequins trabalhou ao nosso redor,
limpando os escombros que colocamos de lado para que nunca
se amontoassem muito e eu nunca estive tão feliz por ter a
Crew nas minhas costas.
Pensei em Chase no prédio destruído também, meu amigo,
meu irmão de merda. Ele não tinha ninguém neste mundo
além de nós e eu odiava pensar nele morrendo sozinho, feito
um pária de sua família, acreditando que nenhum de nós o
amava mais. Mas eu amava. O que ele fez foi terrível, mas eu
sabia de onde veio. Sabia que ele estava apenas tentando se
agarrar à única coisa que a vida havia lhe dado. E éramos nós.
Eu e Fox. Mas ele foi e deu um tiro no próprio pé, nos perdeu
em sua tentativa estúpida de nos manter. Agora, nada disso
importava para mim. Eu só precisava tirá-lo de lá, precisava
ver se ele estava bem.
O pânico estava crescendo e comecei a perder meu
controle enquanto ele se erguia e me cercava.
Rogue... Chase. Oh Deus.
Por favor, esteja vivo, por favor.
“Fox,” murmurei, sentindo-me escorregar enquanto
colocava a mão em seu braço.
“Não faça isso, JJ, continue cavando,” ele exigiu, sentindo
claramente onde minha cabeça estava.
“Mas Fox,” resmunguei.
“Continue cavando, porra,” ele latiu e eu o fiz.
Eu nunca ia parar de qualquer maneira, só tinha que lutar
contra as dúvidas que surgiam, me recusar a deixá-las assumir
o controle.
Tomei algumas respirações irregulares e encontrei o olhar
de Maverick de onde ele estava na minha frente. Ele me deu
um aceno duro de encorajamento e eu continuei, a dor em meu
corpo começando a diminuir para uma dormência que eu
gostaria que se infiltrasse em meu coração para que eu não
tivesse que enfrentar a agonia da dúvida.
Trabalhamos sem parar até Mutt pular para frente
enquanto passávamos por uma seção de ladrilhos quebrados,
seu narizinho se contraindo enquanto ele farejava. Então ele
latiu alto de novo e de novo, abanando o rabo e compartilhei
um olhar com os outros antes de todos agarrarmos mais dos
destroços e começarmos a rasgá-los em um ritmo furioso.
“Rogue!” Fox gritou.
“Estou indo atrás de você!” Maverick rugiu.
“Rogue, Chase!?” Gritei e meu coração quase parou
quando um som de batida repetitivo nos alcançou.
“Rogue,” Maverick engasgou. “Escavem!”
Todos caímos em um frenesi, mudando cada vez mais os
escombros em nossa determinação de passar por baixo dele.
Para vê-la, a encontrar segura. Tem que ser ela. Tem que ser ou
morrerei.
“Rogue!” Gritei e uma voz abafada me chamou de volta.
Todos congelamos no mesmo momento, ouvindo para ver
se realmente tínhamos escutado algo ou se estávamos todos
perdendo a cabeça no desespero da esperança.
“Estou aqui!” Rogue gritou de algum lugar abaixo de nós
e a sensação de esmagamento no meu peito se dissipou.
“Puta merda, cave mais rápido,” Luther comandou.
“Estou indo, beija-flor!” Fox chamou, cavando ferozmente
nos escombros.
Fomos todos forçados a ficar mais próximos enquanto
Rogue continuava a nos chamar e logo estávamos nos
concentrando em uma pequena área, nossos ombros batendo
um contra o outro enquanto jogávamos ladrilhos e tijolos e
argamassa para longe de nós. Cerrei meus dentes, minha
mente voltada para esta tarefa e a furiosa intenção em meus
músculos de puxá-la dos destroços.
Estou indo, menina bonita, estou indo.
Chegamos ao topo de um cofre de ferro e Maverick chutou
uma viga de madeira que descansava sobre ele enquanto sua
mão estendia-se para nós pela porta ligeiramente aberta na
frente dela. Agarrei seus dedos, apertando com força quando
uma onda de alívio tomou conta de mim e suas mãos
envolveram as minhas, um soluço de alívio escapando dela.
Maverick se forçou a entrar em uma lacuna que criamos
bem na frente do cofre e todos trabalhamos para mover os
destroços na frente da porta antes que ele a abrisse
completamente.
“Peguei você,” ele disse, puxando-a para fora do cofre em
seus braços e segurando-a contra ele enquanto ela soluçava de
alívio, seus dedos enrolando em volta de sua nuca enquanto
ela se agarrava a ele.
Fox e eu estendemos a mão para ela enquanto Mutt latia
feliz, abanando o rabo tão rápido que fiquei surpreso por ele
não decolar como um helicóptero.
“Passe-a para cima,” implorei, estendendo minhas mãos
para ela enquanto Luther puxava alguns canos que estavam
escorregando pelos escombros.
Maverick relutantemente a ergueu em nossa direção e eu
a segurei, arrastando-a contra mim e sentindo o calor suave de
sua carne enquanto ela tremia em meus braços e enterrava o
rosto no meu pescoço. Caí de bunda, envolvendo-a em meus
braços e beijando seu cabelo novamente e novamente
enquanto meu coração batia fortemente contra o dela.
“Estou aqui, menina bonita,” ofeguei. “Você está bem.”
“JJ,” ela resmungou. “Jure que você está aqui. Jure que
estou viva.”
“Eu juro,” falei.
“Dê-a para mim,” Fox comandou, suas mãos a agarrando,
mas eu segurei firme, não querendo soltá-la. “JJ!” Ele latiu e
relutantemente a soltei, meu coração apertando quando Fox a
puxou contra seu peito, ajoelhando-se e descansando sua testa
na dela.
“Você está machucada?” Ele perguntou, olhando para ela
enquanto ela se agarrava ao pescoço dele para se apoiar.
“Estou bem, acho,” disse ela, mas realmente não parecia.
Sua pele estava pálida e parecia que a única coisa que a
sustentava era Fox. “Mas Chase. Onde está Chase?”
“Nós vamos encontrá-lo,” prometi, me aproximando e
checando seus ferimentos, encontrando um corte considerável
em uma perna que claramente precisava de atenção.
“Por favor, tire a porra dos meus sapatos,” ela meio que
soluçou e os alcancei, desafivelando as coisas estúpidas e
jogando-as fora. Ela inclinou a cabeça para trás contra o ombro
de Fox com um suspiro pesado de alívio. “Obrigada.”
Maverick escalou para fora da lacuna, recusando a oferta
de ajuda de Luther antes que tropeçasse no caminho até nós e
tentasse arrancar Rogue dos braços de Fox. Ele não a deixou
ir embora, um grunhido baixo o deixou quando Mutt pulou
sobre ela, lambendo seus braços e ela soltou outro soluço
enquanto o acariciava.
“Ai,” ela gemeu, segurando a mão de volta contra o peito e
me aproximei dela, examinando-a suavemente.
“Acho que você quebrou alguns dedos, menina bonita,”
falei suavemente, segurando sua bochecha na palma da minha
mão, precisando apenas ver aqueles olhos azuis do oceano
brilhando com vida.
“Eu tinha que continuar batendo. Precisava que vocês me
encontrassem,” ela murmurou, olhando para mim como se eu
fosse o sol nascente, mas então ela deu o mesmo olhar para
Fox e Maverick enquanto eles continuavam a lutar por ela.
“Parem,” ela implorou enquanto Luther se apressava com
um pouco de água. Fox arrancou-o de sua mão, levando-o a
seus lábios e ela bebeu avidamente, terminando o lote inteiro.
“Ela precisa ir para o hospital,” Maverick insistiu. Os
paramédicos estavam circulando, mas pareciam estar bem
cientes de quem éramos e de como seria perigoso forçar sua
presença sem serem convidados. “Pare de se ajoelhar ali com
ela e leve-a para a porra de uma ambulância.” Ele empurrou
Fox, que se levantou, apertando-a com mais força contra ele.
Todos nos movemos atrás dele e peguei Mutt, esfregando
sua cabeça e sussurrando um agradecimento em seu ouvido
por tê-la encontrado. Ele choramingou enquanto olhava para
ela, parecendo tão desesperado quanto eu por estar mais perto.
Descemos para as ambulâncias e os paramédicos
correram juntos, colocando Rogue em uma maca enquanto Di,
Lyla e Bella vieram correndo de onde estavam cavando.
“Puta merda, vadia!” Lyla chorou, as lágrimas rolando pelo
rosto. “Estávamos tão preocupadas.”
“Apenas uma casinha na minha cabeça, sem grande
problema,” Rogue disse em meio a uma gargalhada, em
seguida, estremeceu quando um dos paramédicos começou a
limpar o ferimento em sua perna. Seu olhar encontrou o meu
e a escuridão girou em seus olhos enquanto lágrimas se
acumulavam lá. Me aproximei, colocando Mutt em cima dela e
ele se aconchegou em seu estômago, lambendo seu braço.
“Encontre Chase,” ela me ordenou. “Por favor, JJ. Você
tem que encontrá-lo.”
Di, Bella e Lyla se amontoaram na ambulância e eu
esperava que Fox fosse também, mas ele apenas apertou seu
tornozelo e deu um passo para trás.
“Vamos encontrá-lo, beija-flor” Fox prometeu, franzindo
as sobrancelhas enquanto as portas eram fechadas e a
ambulância se afastava. Ficamos ali por vários segundos e
fiquei surpreso quando Maverick voltou para os destroços e
começou a cavar novamente.
Compartilhei um olhar com Fox e nós caminhamos atrás
dele enquanto Luther se dirigia para falar com alguns membros
da Crew. Nós três voltamos ao ritmo enquanto procurávamos
nosso irmão e meu coração começou a quebrar novamente
enquanto eu temia o pior.
“Se você não o tivesse expulsado da Crew, ele estaria
conosco. Ele teria saído disso,” rosnei para Fox, medo dividindo
meu peito.
“Não,” Fox advertiu, sua mandíbula tiquetaqueando
enquanto ele jogava um enorme pedaço de mármore por cima
do ombro.
“Ele está sozinho lá embaixo, e se ele morreu pensando
que o odiamos?” Exigi, minha garganta doendo de inalar a
poeira e tornando minha voz rouca.
“Pare com isso, JJ,” Fox rosnou de volta, cavando mais
furiosamente, seus músculos se contraindo e flexionando
enquanto ele se recusava a olhar para mim.
“Ele estava arrependido,” resmunguei. “As coisas
poderiam ter sido diferentes. Poderíamos ter acertado em algo.”
“Eu disse para parar!” Ele retrucou, olhando para mim
com um grunhido nos lábios. “Basta cavar.”
“Você não tinha que fazer o que fez,” pressionei, meu
coração como um animal selvagem em meu peito enquanto a
emoção me separava. “Não precisava bani-lo.”
“Eu deveria ter matado ele,” ele sibilou, olhando para mim
com seu lábio superior enrolado para trás. “Você não entende?
Ele já deveria estar morto, Johnny James, mas eu o deixei ir.
Ele pagou levianamente pelo que fez. Ele nos traiu. Traiu
Rogue.”
“Ele não quis fazer isso,” murmurei.
“Você só é mole com ele porque é Chase,” ele cuspiu. “Se
fosse qualquer outra pessoa, você teria me encorajado a colocá-
lo no chão.”
“Esse é o ponto, não é?” Exigi, me aproximando dele
enquanto a fúria batia por mim. “Você conhece Chase. Você
sabe quem ele é, e ele não é nenhum traidor.”
“Isso é exatamente o que ele é,” ele rosnou, olhando para
mim, um aviso em seus olhos.
Toda a Crew estava aqui, se eu desafiasse Fox, ele iria me
colocar no meu lugar, mas agora talvez eu apreciasse da
violência.
Maverick estava nos observando com curiosidade, mas
manteve suas opiniões para si mesmo, se é que tinha alguma.
“Você não deu a ele uma chance,” rosnei, levantando-me
em seu rosto.
“Chega JJ,” ele disse entre os dentes.
“Você não consegue ser o rei quando se trata de nós
cinco,” rebati. “Eu deveria uma palavra sobre o que aconteceu
com ele. Rogue também. Não era assunto da Crew.”
“Tudo é assunto da Crew.” Ele me empurrou um passo
para trás, mas vim para ele novamente, a apenas alguns
centímetros de seu rosto enquanto meus músculos se
contraíam com a necessidade de uma luta. “Não temos mais o
luxo de ser uma democracia, JJ. Não somos crianças. Isto é
vida real. E ele nos fodeu. Tive que mandá-lo embora.”
“Não, não tinha!” Joguei meu ombro em seu peito,
jogando-o para trás, seu pé escorregando nos escombros e nos
jogando no chão.
Recebi dois socos antes de Fox nos virar, me empurrando
contra as pedras e travando suas mãos em volta da minha
garganta.
“O suficiente!” Ele explodiu, mas não parei, quebrando
seu estrangulamento e jogando meu punho em seu lado.
Nos forcei mais uma vez e nós lutamos nos tijolos
quebrados, meu corpo exausto de alguma forma reunindo
forças para lutar. Eu não me importava de ser mandado por
Fox quando se tratava da Crew, na verdade, preferia, mas
quando se tratava da minha família, ele não tinha o direito de
não me ouvir. Ele não tinha o direito de tirar um dos meus
irmãos ou reivindicar uma garota que fazia parte de nossas
vidas muito antes de fazermos um voto para os Harlequins.
A gargalhada estrondosa de Maverick encheu o ar quando
Fox me deu um soco forte o suficiente para me enrolar, então
me esmagou contra os tijolos com todo o seu corpo, não me
deixando mover.
“Pare,” ele rosnou na minha cara, mas a luta já estava
saindo de mim. Tudo doía e eu sabia que isso não estava
ajudando a trazer Chase de volta. Eu precisava continuar
cavando por ele, continuar lutando por ele.
“Ele pode ter feito uma merda ruim, mas estava
arrependido. E ele não merecia isso,” assobiei para Fox.
“Eu não destruí a casa, JJ,” ele disse, seus olhos eram
duas poças de jade furiosas.
“Destruiu,” falei. “Só que não foi esta aqui.” Eu o empurrei
para trás e ele saiu de cima de mim, afastando-se dos
escombros para começar a cavar em outro local.
Maverick apareceu, parado na minha frente e bloqueando
o sol. Ele tinha uma garrafa de água na mão e causalmente a
entornou derramando na minha cabeça e eu amaldiçoei.
“Por que você ainda está aqui?” Exigi com irritação.
“Quero um assento na primeira fila para assistir você
retirar pedaços de Chase dos escombros.” Ele sorriu
cruelmente quando me levantei. “É bom saber que Foxy sempre
te deu cobertura. Ou apenas faz de você um exemplo na frente
de sua Crew como um bom menino enquanto seu pai está
assistindo?”
“Você está cheio de merda, Maverick,” rebati, endireitando
minha espinha enquanto olhava para ele.
“Ah é, como assim?” Ele perguntou friamente.
“Porque se quisesse tanto nós todos mortos, você poderia
puxar uma arma a qualquer segundo. Acho que poderia atirar
em pelo menos eu e Fox antes que alguém conseguisse
responder. Talvez Luther também.”
Maverick estalou a língua, seus olhos escurecendo
quando ele se aproximou de mim. “O que você não consegue
entender, Johnny James, é que eu não quero apenas suas
mortes. Quero ficar no inferno com vocês e assistir vocês
queimarem primeiro.” Ele gesticulou para os destroços ao
nosso redor. “Então, vou estar bem aqui para o show quando
a cabeça de Chase Cohen for arrastada para fora dos
escombros para ver seu coração implodindo.”
Abri meus braços, olhando para ele, meu corpo
ensanguentado e coberto de poeira. “Bem, espero que você
esteja gostando do show, Maverick. Espero que a morte do
nosso irmão te deixe muito feliz.”
Sua mandíbula apertou e virei minhas costas para ele,
marchando para trabalhar sozinho e procurar Chase em paz.
Se ele estivesse sob esta pilha infinita de pedras, eu o
encontraria. Todos podiam ter desistido dele nesta vida, mas
eu não. Ele era meu melhor amigo e eu sabia que ele estaria
bem aqui procurando por mim se a situação fosse ao contrário.
Não importava se ele era um Harlequin ou não, ele
compartilhava uma alma comigo e eu tinha certeza que saberia
se ele estivesse morto.
Aguente firme, Ace, não vou desistir de você.
Ouvi sussurros nos cantos da minha mente. Vozes que
passaram por meus olhos fechados e minha alma dolorida e
acariciaram uma parte há muito adormecida de mim. Elas
contornaram meu coração e passaram pelas paredes que eu
estava trabalhando tanto para manter no lugar enquanto me
chamavam de volta para casa.
E foi uma tortura tão doce ouvi-las. Tão bela agonia viver
nos sonhos que elas prometiam.
Mas a vida nunca foi tão fácil para mim. Eu não era
adequada para felizes para sempre. Embora estivesse tentada
a pegar um feliz por enquanto e agarrar-me a ele o mais forte
que pudesse.
“As drogas estão mantendo-a dormindo?” Uma voz
familiar perguntou.
“Não,” respondeu uma mulher. “Ela está apenas
dormindo. Seu corpo passou por um trauma e ela precisa de
muito descanso para recuperar suas forças, mas no geral ela
está em boa forma para alguém que teve um desabamento de
prédio em cima dela. Ela vai acordar quando estiver pronta.”
“Não é bom o suficiente,” Fox rosnou. “Preciso ter certeza
de que ela está bem. E não posso fazer isso até que eu possa
olhar em seus olhos e ouvi-la dizer as palavras.”
“Bem, você provavelmente terá que esperar até amanhã
para isso. Ela precisa descansar mais do que precisa acalmar
suas preocupações,” a mulher se agitou e uma porta se fechou
um momento depois.
“Aquela vadia sabe quem diabos eu sou?” Fox rosnou.
“Todo mundo sabe exatamente quem você é,” JJ retrucou,
seu tom mais severo do que eu estava acostumado. “Um filho
da puta implacável que vai destruir o mundo, contanto que
consiga a porra que quiser.”
“JJ,” Fox rangeu. “Você sabe que na minha posição, eu
tenho que...”
“Shhhh,” murmurei, levantando a mão enfaixada e
acenando na direção de suas vozes para silenciar o barulho.
O som de uma cadeira raspando no linóleo foi
imediatamente seguido pela sensação de um par de mãos
apertando a minha boa e outra pessoa passando os dedos pelo
lado do meu rosto.
“Rogue?” Fox perguntou, sua voz falhando no meu nome.
“Somos nós, menina bonita,” JJ disse suavemente.
Gemi um pouco, em seguida, forcei meus olhos a se
abrirem, encontrando Fox bem no meu espaço para respirar,
seus olhos procurando os meus enquanto seus dedos
empurravam em meu cabelo.
“Você está bem, baby? Sabe onde você está?” Fox
perguntou.
“Sendo sufocada por um texugo,” murmurei, meus dedos
flexionando em torno dos de JJ quando senti seus lábios
pressionarem as costas da minha mão e um ruído sufocado
escapou dele.
“Porra, nunca pensei que ficaria feliz em ouvir você me
chamar assim,” Fox deu uma risada, mas a dor em seus olhos
verdes não vacilou e franzi a testa enquanto isso me atraía.
“O que está errado?” Perguntei a ele, tentando ver além
dele para JJ, mas ele estava devorando o espaço ao meu redor
e me prendendo naqueles olhos esmeralda.
Fox me beijou e eu me acalmei, minha garganta fechando
enquanto meus dedos apertavam os de JJ e eu nem sabia se
deveria beijá-lo de volta ou empurrá-lo ou apenas fechar meus
olhos e cair de volta no escuro. Minha pele ficou viva para ele,
meu coração traiçoeiro acelerado enquanto ele marcava seu
nome em meus lábios e tentava conduzi-lo até minha alma.
“Saia de cima dela e deixe-a respirar,” JJ rosnou e Fox
realmente fez o que ele pediu, se afastando e suspirando, sua
cabeça caindo quando ele passou a mão pelo rosto e permitiu
que JJ avançasse.
“Ei, menina bonita,” Johnny James murmurou enquanto
olhava para mim, um sorriso brincando em seus lábios que
parecia cheio de alívio, embora tenha sumido de novo tão
rápido que não pude ter certeza. “Você está se sentindo bem?”
“Preciso de água,” respondi, lambendo meus lábios e
sentindo o gosto de sangue de uma rachadura neles.
Um copo apareceu com um canudo enfiado no topo e JJ o
guiou entre meus lábios, segurando-o no lugar enquanto eu
bebia e suspira.
“Você pode se sentar se quiser,” disse JJ, entregando-me
um pequeno objeto de controle para a cama e brinquei com ele
até ficar quase totalmente de pé.
Olhei para a minha mão enfaixada, sentindo uma dor
surda na minha perna esquerda também enquanto tentava
juntar as peças do que tinha acontecido, mas as horas que
passei presa naquele cofre se fundiram em um longo pesadelo
e eu não estava totalmente certa de quanto minhas memórias
refletiam a realidade e quanto era invenção de minha
imaginação.
“Você tem um corte danado na perna,” explicou JJ
suavemente, levantando as cobertas para me mostrar o
curativo colado na minha panturrilha esquerda. “No entanto,
ele foi limpo e colado, então estará tudo bem dentro de algumas
semanas. E disseram que seus dedos estão muito machucados
e inchados, mas sem ossos quebrados.”
Ele me deu um sorriso tranquilizador enquanto colocava
as cobertas sobre mim e suspirei enquanto me recostei nos
travesseiros, puxando minha camisola de hospital com minha
mão boa.
“Quem diria que ter um desabamento de prédio em você
poderia ser tão anticlimático,” murmurei enquanto percebia.
Eu estava claramente desidratada e um pouco machucada,
mas tinha que pensar que era algo perto do milagre que esses
poucos ferimentos fossem tudo o que acabei tendo depois de
sobreviver àquela carnificina.
Observei o luxuoso quarto de hospital em que fui
instalada. Paredes lilases me cercavam e um grande vaso de
flores no parapeito de uma janela ampla.
“Merda,” murmurei, olhando para a agulha enfiada nas
costas da minha mão e a bolsa de fluidos ligada a ela.
“Devíamos dar o fora daqui antes que eles venham perguntar
como vou pagar por este lugar.”
“Está resolvido,” disse Fox com firmeza. “Os Harlequins
cuidam dos seus.”
“Você está dizendo que minha participação em uma
gangue vem com um plano de saúde?” Provoquei, mas quando
nenhum deles riu, minha diversão caiu em uma carranca. “O
que vocês não estão me dizendo?”
“Você deveria descansar mais,” JJ disse suavemente,
puxando meus cobertores para me acomodar melhor.
“Apenas cuspa,” exigi enquanto ele evitava meu olhar e
Fox suspirou, caindo em uma cadeira ao lado da minha cama
e me dando um olhar atento.
“Eles cancelaram a busca, beija-flor. Pararam de procurar
sobreviventes nos escombros,” explicou ele lentamente.
“Então?” Exigi. Eu posso ter ficado muito fora, mas tive
momentos de lucidez o suficiente para entender que deve ter
se passado dias desde que me tiraram daquele prédio.
“Então... Chase não conseguiu sair,” Fox murmurou, seu
rosto escrito com dor quando aquelas palavras passaram por
seus lábios.
Eu ouvi. Entendi. Mas elas não conseguiram ir além
daquela parte do meu cérebro. Interpretei as palavras e sabia
o que significavam, mas as rejeitei tão rápido quanto as
calculei.
“Não,” falei simplesmente.
Eu estive longe dos meus meninos antes. Estive longe e
sofrendo por eles e por tudo o que eles fizeram, mas bem no
fundo de mim ainda os sentia lá. Às vezes parecia uma lasca
de vidro cravando-se em meu coração e outras vezes como um
beijo sussurrado em meus lábios enquanto eu dormia, mas de
qualquer maneira, os sentia. Eu os sentia então e agora e
sempre e ainda o sentia.
“Não,” repeti com mais firmeza.
“Menina bonita,” JJ resmungou, sua mão encontrando a
minha novamente e seus olhos castanhos mel se enchendo de
lágrimas enquanto ele olhava para mim com mais dor em seu
coração do que eu jamais pensei ser possível. “Nós ficamos lá
por dias. Não dormimos, quase não comemos... tudo o que
fizemos foi cavar e cavar, mas já faz muito tempo. Os
escombros são muito densos. As autoridades cancelaram a
busca por sobreviventes e...”
“Não!” Gritei com ele, arrancando minha mão da dele e o
batendo quando ele lutou para pegá-la novamente.
JJ recuou com a sensação da palma da minha mão
batendo em sua bochecha, a dor em seus olhos me cortando
como lâminas de barbear, mas não me importei. Porque não
deveria estar lá. Não havia necessidade disso.
“Eu o sinto,” rosnei, cutucando meu peito acima do meu
coração com tanta força que doeu. “Ele ainda está aqui, o que
significa que ainda está lá fora. Então pare de olhar para mim
assim e vamos procurá-lo.”
Agarrei o cordão que prendia a agulha na minha mão e
puxei para fora, amaldiçoando a dor, mas jogando os
cobertores de cima de mim sem nem mesmo olhar para ver o
quanto eu estava sangrando.
Só precisava sair daqui. Eu poderia encontrá-lo. Essa dor
em meu coração estava ligada a ele e me atrairia para ele. Tudo
que eu tinha que fazer era voltar lá e sabia que descobriria. Ele
estava esperando que nós o salvássemos. Eu podia sentir. E
não iria decepcioná-lo, não importava que outra merda tivesse
acontecido entre nós.
Fox e JJ me agarraram, tentando me empurrar de volta
para a cama, mas bati em suas mãos e os afastei, ignorando
as coisas que eles estavam dizendo para mim enquanto me
concentrava na única coisa que importava.
Chase estava lá fora em algum lugar, e ele precisava de
mim.
Isso era tudo que me importava.
Eu me empurrei para fora da cama, mas um grito me
escapou quando tentei ficar de pé e minhas pernas cederam,
deixando-me cair no chão.
Dor irradiou pelos meus pés e pernas, claramente o
resultado das horas que passei presa no inferno naqueles
sapatos de merda, incapaz de fazer qualquer outra coisa a não
ser ficar neles e cair contra as paredes em agonia.
Braços fortes envolveram-se em volta de mim e fui içada
do chão no momento em que a porta se abriu e várias
enfermeiras e um médico entraram correndo.
“Deixe-me ir,” exigi, lutando contra Fox quando ele me
empurrou para baixo na cama, ignorando a forma como
minhas unhas estavam cortando a pele de seus braços
enquanto eu me debatia e tentava forçá-lo a me soltar.
Eu estava vagamente ciente de JJ informando a
enfermeira sobre o que estava acontecendo e as pessoas
correndo ao meu redor enquanto Fox me empurrava contra o
colchão e usava seu peso em meus ombros para me manter ali.
“Vamos dar um sedativo a ela,” disse o médico entre meus
gritos e comecei a praguejar.
“Me deixem ir!” Gritei. “Estou avisando, Fox, nunca vou te
perdoar por isso se você não me levar lá! Ele precisa de nós!
Chase precisa de nós!”
Fox me silenciou, seus olhos transbordando de emoção
quando o arranhão afiado de uma agulha atingiu meu braço.
“Você precisa descansar, beija-flor,” disse ele, seu aperto
em mim apenas afrouxando quando as drogas começaram a
roubar a força dos meus membros e tudo que pude fazer foi
olhar para ele enquanto afundava contra a cama.
“Sinto muito, menina bonita,” JJ engasgou, envolvendo os
dedos entre os meus enquanto uma longa piscada passou pela
minha visão.
Virei meu olhar para ele quando uma lágrima finalmente
escapou do meu controle e rastreou um caminho pela minha
bochecha.
“Ele me salvou,” murmurei, minha voz tão baixa que nem
mesmo eu consegui ouvir e a sobrancelha de JJ franziu quando
ele se inclinou, tentando entender as palavras.
Pisquei mais uma vez e, desta vez, não consegui mais abrir
os olhos depois. Meus dedos afrouxaram no aperto de JJ e a
única coisa que me restou no escuro foi a dor.
Memórias do menino que perdi brotaram em meu coração
e escapei da consciência com elas me destruindo, dois olhos
azuis brilhantes olhando para minha alma daquele canto do
meu coração que sempre pertenceria a Chase Cohen.
Ele me salvou.
E agora ele se foi.
Semanas se passaram e senti como se meu peito estivesse
em um torno, o metal fechando sobre meu coração cada vez
mais apertado a cada dia. JJ ainda estava com raiva de mim e
Rogue parecia tão quebrada que eu não sabia o que fazer. Eu
estava tentando conciliar a gestão da Crew e os ataques da
gangue de Shawn na cidade enquanto começava a reconstruir
algo normal em minha casa. Era incrivelmente difícil e me
deixou exausto, a cada momento de cada dia mais uma prova
que eu tinha que enfrentar.
JJ passou muito tempo fora de casa e quando estava aqui,
ele ia para o quarto de Chase com Rogue, onde conversariam
sobre os velhos tempos e eu me pegaria ouvindo na porta,
desejando pertencer àquele quarto com eles. Mas não
pertencia. Eu era um estranho a esta dor, indesejável por
causa das ações que tomei contra Chase. Sabia que, no fundo,
JJ só precisava de alguém para punir, para culpar, mas
semanas de sua raiva e rejeição estavam cobrando seu preço
em mim. Então, hoje eu queria tentar consertar.
Subi as escadas com um prato de nachos, caminhando
para o quarto de Chase com meu coração rasgando no meio. A
raiva de JJ só tinha queimado um buraco mais profundo de
culpa em meu peito sobre Chase do que eu já tinha sido
submetido. Mas eu não podia me arrepender do que fiz. Não
poderia imaginar que as coisas acabariam assim, e não era
minha culpa que ele estava na Dollhouse na noite em que
Shawn a trouxe para baixo.
O fato dele ter salvado Rogue deixou minha cabeça
girando e colocou uma dor em mim que tentei não examinar.
Eu não poderia sofrer de uma maneira normal, não quando
coloquei Chase de joelhos fora desta casa e pressionei uma
arma em sua cabeça. Estive tão perto de puxar o gatilho e me
perguntei depois se deveria. Porque os traidores não tinham
uma segunda chance na Crew e ele não apenas traiu a mim e
JJ, ele traiu Rogue. Machucou Rogue. E isso era imperdoável,
não importava como eu olhasse.
Bati na porta e as vozes de Rogue e JJ ficaram quietas.
“Posso entrar?” Perguntei quando nenhum deles disse
nada.
“Não,” disse JJ, assim como Rogue disse: “Sim.”
Abri a porta e os encontrei deitados perto um do outro na
cama de Chase, um fato que definiu uma linha de ciúme
marcando em meu coração. Mas não falei nada. JJ não
colocaria as mãos sobre ela, ele sabia melhor. E sabia que eles
precisavam um do outro para superar essa dor, só queria poder
fazer parte.
Rogue estava usando uma das camisetas pretas da banda
de Chase com meias até o joelho. Seus olhos estavam inchados
quando ela se sentou e JJ olhou incisivamente para o teto, me
ignorando. Mutt estava deitado na ponta da cama em um dos
cobertores de Chase, de cabeça para baixo e farejando o ar
enquanto eu trazia os nachos para mais perto. Ele nunca
passou mais tempo comigo, mesmo minhas guloseimas de
frango não o suficiente para comprar seu amor. Ele começou a
vomitar seu frango pela manhã às vezes também e juro que ele
me olhou nos olhos enquanto fazia como se estivesse me
punindo. Ele nunca superou eu gritar com ele quando quase
atirei em Chase e juro que ele iria segurá-lo contra mim até o
final dos tempos.
“Trouxe algo para vocês comerem,” falei, oferecendo a
comida a eles.
Rogue pegou com um sorriso triste de agradecimento e
meu olhar mudou para JJ.
“Posso falar com você, irmão?” Perguntei.
“É um negócio da Crew?” Ele perguntou.
“Não.”
“Então, não,” ele disse simplesmente, colocando a mão
atrás da cabeça enquanto seus olhos deslizaram para mim,
cheios de gelo. Nunca realmente experimentei estar no fim da
ira de JJ, e não gostei muito.
“Apenas fale comigo,” ordenei.
“Eu disse não,” ele rangeu fora.
“JJ,” Rogue tentou gentilmente, mas ele apenas balançou
a cabeça.
Mutt saltou, movendo-se para tentar agarrar um nacho
enquanto Rogue os colocava na mesa de cabeceira. Meu olhar
se fixou em uma foto de nós três, eu, Chase e JJ em uma noite
fora alguns anos atrás. Estávamos todos rindo, nossos braços
em volta um do outro e naquela foto você mal podia ver o vazio
em minha alma onde Rogue deveria estar. Parecíamos felizes,
como uma família inquebrável. Minha mandíbula se apertou e
meu coração se reduziu a pó. Virei minha cabeça, precisando
olhar para qualquer outro lugar e meu olhar pousou em JJ
mais uma vez. Se ele não falasse comigo em particular, então
eu simplesmente teria que dizer minha parte aqui mesmo.
“Eu sei que você está com raiva de mim,” comecei.
“Uau, você deveria ter sido um investigador particular,
irmão,” ele disse secamente.
“Você pode pelo menos olhar para mim, porra?” Rosnei,
incapaz de conter minha frustração.
“Sim, chefe,” disse ele, seus olhos se movendo para mim
enquanto ele zombava. Ótimo, isso era pior pra caralho.
“Você tem que saber que tudo que eu faço é para nos
proteger, nunca quis nada disso,” falei seriamente. “Tenho um
dever para com nossa família, não foi fácil bani-lo.”
“Entendo por que você fez isso, Fox,” disse JJ em uma
espécie de voz vazia. “Mas talvez eu esteja ficando cansado de
você fazer as coisas do nosso interesse sem nos consultar
primeiro.”
Mordi minha resposta cortante imediata e tentei ouvi-lo,
olhando para Rogue enquanto ela acenava em concordância.
Dê-me a porra da paciência.
“Vá em frente,” rosnei, cruzando os braços enquanto
olhava para os dois. “Dê-me o inferno, diga-me que idiota sou.”
Eles trocaram um olhar, parecendo intrigados com a ideia
e Rogue começou.
“Você é um idiota autoritário e mandão,” disse ela e eu
assenti, achando que era justo.
“Você é controlador e dominador, e não ouve nada do que
dizemos,” JJ rosnou em seguida.
“Você acha que só porque você é o príncipe Harlequin,
pode nos tratar como todo o resto de seus homens,” Rogue
disse com os lábios franzidos.
“E você nos chama de família, mas no final das contas,
não vai ouvir nossas opiniões porque acha que o grande Fox
Harlequin sabe o que é melhor. Sempre. Mesmo quando você
não sabe, porra,” JJ estalou, veneno em seus olhos.
“Só estou tentando proteger vocês,” falei pesadamente,
sentindo a dor em suas palavras.
“Sua maneira de nos proteger às vezes é sufocante,” disse
Rogue, embora seu tom se suavizasse um pouco enquanto ela
olhava para mim.
“Não poupe os sentimentos dele, menina bonita, é sempre
sufocante,” disse JJ com um olhar feroz.
“Tudo bem,” rosnei. “Vou tentar ser menos... controlador.
É isso que querem ouvir?”
JJ ficou de pé, vindo em minha direção e por um momento
pensei que ele fosse começar outra luta comigo. “Não, Fox.
Porque é tarde demais. Chase se foi. Maverick se foi. E esta
casa está começando a parecer realmente vazia.”
“E isso é minha culpa?” Rosnei.
“Talvez seja. E talvez um dia você vá acordar sozinho nesta
grande casa velha e se perguntar o porquê, porque
simplesmente não consegue ver, né?” Ele sibilou, então o
ombro passou por mim e saiu pela porta, seus passos batendo
no andar de baixo enquanto meu coração batia forte.
Olhei para Rogue, calor subindo pela minha nuca. Virei-
me para sair, mas ela me chamou: “Espere. Fique.”
Essas duas palavras significaram mais para mim naquele
momento do que ela jamais saberia. Entre reuniões de gangues
e lidar com os ataques à nossa cidade natal, além de lutar com
a dor enjoativa e a culpa que me atormentavam por causa de
Chase, mal dormi e passei muito tempo sozinho.
Eu estava tentando tanto me manter firme para que
pudesse manter o último membro da minha família seguro, que
mal tinha passado algum tempo com Rogue, sem saber se ela
me queria por perto.
Ela deu um tapinha na cama ao lado dela e me mudei para
o local que JJ havia desocupado. Ela deslizou para mais perto,
envolvendo o braço em volta de mim e descansando a cabeça
no meu peito. O aperto frio de tristeza em meu coração
diminuiu um pouco quando o cheiro de coco deslizou sob meu
nariz e apenas fechei meus olhos e a abracei, desejando poder
tirar sua dor, prendê-la em uma jarra, pesar com pedras e jogar
no oceano.
“Sinto muito,” murmurei, querendo dizer isso em muitos
níveis. “Não me odeie.”
“Eu não te odeio, Fox,” ela suspirou. “Não é sua culpa. JJ
só precisa de alguém para ficar com raiva agora.”
“Eu sei,” admiti. “E serei seu saco de pancadas se isso o
ajudar.”
Silêncio caiu entre nós e ouvi a respiração suave de Rogue
enquanto a segurava perto, tão fodidamente cansado que
desejei poder dormir. Mas eu tinha uma centena de coisas para
fazer hoje, responsabilidades das quais não podia escapar, mas
que queria muito. Por enquanto, roubaria um pouco de paz
com minha garota enquanto nossa dor se derramava entre nós
e nos unia de uma nova maneira que eu nunca quis.
“Não acho que posso suportar isso, Fox,” ela sussurrou.
“Não parece real. Ainda posso senti-lo bem aqui.” Ela levou a
mão ao coração e segurei seus dedos, movendo-os para o meu
próprio coração.
“Eu também o sinto,” falei gentilmente.
Os últimos restos humanos foram retirados das ruínas da
Dollhouse na semana passada, mas não havia nada
identificável entre eles. Os corpos foram tão danificados no
colapso que a polícia iria usar registros dentários e DNA para
tentar identificar os últimos desaparecidos. Mas no final das
contas, todos foram declarados mortos e ponto final. De
qualquer maneira, não tínhamos corpo para enterrar,
nenhuma sepultura para nos fechar. Ele simplesmente... se foi.
E talvez fosse por isso que estávamos todos tão perdidos nesta
casa, esperando por uma ligação que não viria. Segurando a vã
esperança de que ele pudesse simplesmente voltar pela porta
da frente um dia, porque não parecia possível que ele não
fizesse mais parte deste mundo.
Lágrimas quentes correram pelo meu peito e segurei
Rogue com mais força quando ela se desfez.
“Ele me salvou,” ela engasgou. “Essa foi a última coisa que
ele fez, e sei que ele me machucou antes e que ele era um idiota
furioso às vezes, mas...” ela não tinha palavras para terminar
a frase e eu apenas mergulhei no peso daquela coisa final, ele
tinha salvado ela, desejando poder agradecê-lo por isso.
Um estrondo soou e Rogue ergueu a cabeça enquanto
virávamos, descobrindo que Mutt tinha derrubado os nachos
no chão e mergulhou atrás deles com um latido de celebração
antes de comer sua refeição.
Uma risada baixa escapou de mim, quebrando a tensão
no meu corpo e Rogue riu também, seus olhos lacrimejantes
iluminando um pouco.
Ela olhou para mim e traçou o polegar sobre o canto dos
meus lábios, onde o menor dos sorrisos estava.
“Vá falar com JJ,” ela pediu. “Vou tomar um banho.”
“Ok,” concordei. “Embora não sei vai adiantar muito.”
“Vai,” ela disse com firmeza. “Só não seja um idiota.”
“Impossível,” falei com uma espécie de sorriso malicioso e
ela devolveu.
“Tenho fé em você, Texugo.” Ela saiu da cama, indo para
a suíte de Chase e deixando Mutt com sua refeição.
Saí da sala e fechei a porta, descendo as escadas para
encontrar meu irmão. Eu realmente não sabia o que poderia
dizer para consertar as coisas entre nós, mas tinha que tentar
mesmo que ele não quisesse ouvir.
Eu o encontrei sentado com os pés na piscina do pátio,
fumando os cigarros de Chase e olhando para a água como se
ela fosse a chave para curar sua miséria. O céu estava escuro
hoje, o ar pesado com a promessa de chuva e a umidade fez
minha pele formigar. Percebi que ele estava usando um dos
relógios de Chase e imaginei que ele e Rogue estavam apenas
tentando se cercar dele o máximo que podiam antes de ter que
soltar. Não era como se eu quisesse seguir em frente, mas
talvez fosse hora de tentarmos nos despedir. Embora o mero
pensamento disso enviou uma dor aguda como uma adaga
através do meu peito.
Mudei-me para sentar ao lado dele, pegando um cigarro
da caixa e acendendo-o com o isqueiro verde dentro dele, que
estava coberto de palmeiras. Decidi que falar provavelmente
não era minha melhor forma de ação, já que só parecia irritá-
lo quando tentava, então apenas fiquei sentado lá, esperando
que ele construísse uma ponte sobre o silêncio entre nós e o
abismo de raiva que sentia por mim.
“Ele teria odiado isso,” disse JJ finalmente. “Todos
sentados lamentando. Ele sempre disse que queria que
fizéssemos uma festa se ele morresse.”
Soltei um suspiro suave de diversão. “Sim, e ele disse que
precisávamos deixar um copo de rum para ele noite após noite
para que seu fantasma pudesse ficar bêbado.”
JJ riu, mas o som morreu rapidamente em sua garganta
e ele baixou a cabeça, seu cabelo caindo para frente em seus
olhos. Ele parecia tão quebrado e senti uma fenda se abrindo
em minha própria alma por Chase, por JJ, Rogue.
“Você não é realmente o culpado,” JJ resmungou.
“Lamento ter sido um idiota.”
“Tudo bem,” falei, batendo meu ombro contra o dele. “É
uma mudança boa eu não ser o único.”
Ele soltou uma risada estridente e descansei a mão em
suas costas, dando uma longa tragada no meu cigarro. Tinha
gosto de ácido e perda, mas engoli, reconhecendo o que tinha
feito. Eu não poderia me arrepender. Minhas decisões tinham
que ser tomadas com total confiança, porque se renunciasse a
elas, enfraqueceria minha autoridade na Crew. Havia regras
por um motivo e, embora eu nunca quisesse ser meu pai, sabia
porque ele tomou algumas das decisões que tomou quando
éramos crianças. Algumas coisas valiam a pena ser odiadas. E
não havia realidade onde eu pudesse perdoar Chase por seus
crimes. Um traidor era um traidor, irmão ou não. Poupei sua
vida e o destino a levou de qualquer maneira. Eu não tive
escolha a não ser viver com isso.
“Fico pensando que ele vai ligar ou aparecer em algum
lugar da cidade,” disse JJ, balançando a cabeça para si mesmo
enquanto jogava a ponta do cigarro e acendia outro. “É
estupido.”
“Não é estúpido,” falei gentilmente. “Também me sinto
assim.”
“Exceto se ele visse você, correria para as colinas,” JJ
apontou e eu bufei.
“Ele provavelmente vai começar a assombrar minha
bunda agora,” falei e JJ riu.
“Sim, você está ferrado, cara, não pode banir um
fantasma.”
Sorri com a ideia de Chase ainda estar perto, mas a
pressão no meu peito não diminuiu. Ele pode ter sido um
traidor, mas eu ainda amava aquele maldito garoto, mesmo
depois de tudo. E perdê-lo era insuportável.
Um barulho na cozinha me fez virar e encontrei Rogue lá
lavando o prato de nacho. Ela olhou por cima do ombro, dando-
nos um olhar de desculpas enquanto tentava escapar da sala
novamente, mas sacudi minha cabeça para chamá-la.
“Saia aqui,” chamei assim que os primeiros respingos de
chuva caíram contra minhas bochechas.
“Vamos, menina bonita,” encorajou JJ. “E traga o rum.”
Ela saiu descalça em uma das camisas brancas de Chase,
o cabelo molhado caindo sobre os ombros. Eu e JJ nos
afastamos para que ela pudesse sentar-se entre nós e
descansei minha mão em seu joelho enquanto ela me oferecia
a garrafa de rum. Tomei um longo gole, deixando-o queimar a
dor no meu peito um pouco antes de observar enquanto ela e
JJ afundavam duas grandes medidas.
Rogue chutou seus pés para frente e para trás na piscina,
descansando a cabeça no ombro de JJ enquanto seus dedos se
entrelaçavam nos meus.
Eu me banhei no conforto da companhia deles, não
querendo estar em nenhum outro lugar do mundo naquele
momento e mentalmente decidindo adiar todas as
responsabilidades da Crew por hoje. Só precisava estar perto
da minha família e me agarrar à presença deles, enfrentando a
enorme cavidade no meu peito onde Chase pertencia. Nós cinco
nunca mais sentaríamos juntos novamente e, embora isso
fosse bastante óbvio no que dizia respeito a Maverick, agora
isso tornava essa realidade permanente. E simplesmente doeu
pra caralho. Pensei em Maverick me salvando na Dollhouse,
refletindo sobre o significado disso mais uma vez.
Provavelmente nunca entenderia suas motivações, mas sabia
com certeza que não era porque ele se importava comigo.
Maverick havia parado de sentir qualquer coisa por mim anos
atrás, a cicatriz de bala no meu pescoço era a prova disso.
“Não quero me despedir,” disse Rogue, a voz trêmula
enquanto tirava um cigarro da caixa.
“Talvez não seja necessário,” disse JJ. “Talvez seja melhor
continuar pensando que ele vai aparecer de novo, talvez eu não
queira parar de sentir que ele está virando a esquina ou na sala
ao lado ou no Raiders Gym.”
“Sim,” Rogue concordou e adivinhei que essa não era a
pior ideia do mundo, embora eu não quisesse que isso
significasse que sua dor durasse mais do que o necessário.
Então, novamente, se eu fosse realmente honesto, sabia
que dizer adeus não apagaria nossa dor de qualquer maneira.
Chase não seria apenas esquecido ou mudado, ele era muito
importante para nós. Quando Maverick nos cortou, eu pelo
menos soube que ele estava lá fora, nos odiando talvez, mas
não tinha morrido. Houve um pequeno tipo de conforto nisso,
embora doesse como uma cadela.
Onde quer que Chase estivesse agora, eu sabia que ele
ainda estava tão ligado a nós como sempre foi, assim como meu
irmão adotivo também. Nós cinco não poderíamos escapar uns
dos outros, mesmo na morte. Era algo intangível que eu
realmente não poderia explicar, mas que vivia em nós como se
nossas almas estivessem amarradas por correntes
inquebráveis. E onde quer que ele tenha morrido, sabia que
um dia seguiríamos Chase lá, porque nossas almas iriam caçar
suas peças até o fim do universo. E tinha quase certeza de que
não encontrariam a paz verdadeira até que estivessem juntas
mais uma vez.

####

Acordei com meus braços em volta de Rogue e o toque


áspero dos dedos de um homem no meu braço. Meus olhos se
abriram e inalei o cheiro de Chase, Rogue e JJ. Estávamos no
quarto dele de novo, nós três dormindo aqui juntos, bem,
quatro, se você contar Mutt. Ele estava atualmente preso entre
a minha cabeça e a de Rogue, enrolado em uma pequena bola
com sua pequena pata sobre o nariz. Sua bunda estava
apontada para mim, é claro, mas eu tinha esperança de que
ele estar disposto a dormir tão perto de mim significasse que
poderia começar a vir para mim novamente um dia desses.
Nenhum de nós comentou sobre o estranho arranjo de
dormir a que havíamos chegado, simplesmente parecíamos
acabar aqui noite após noite, assistindo à coleção de filmes de
terror de Chase em sua TV e adormecendo bem depois da meia-
noite, enquanto relembrávamos os bons tempos em nossa
infância. Era nostálgico, pacífico, mas sabia que estava me
escondendo da realidade. Todos os dias eu evitava muitas das
minhas tarefas, adiando minhas obrigações para que pudesse
ficar em casa com Rogue e JJ. Luther estava me perseguindo
por uma reunião, mas eu queria um pouco mais de tempo. Só
mais alguns dias.
Fechei meus olhos, segurando Rogue com mais força e
deixando o peso do sono cair sobre mim para que não tivesse
que enfrentar a verdade novamente. Porque todos os dias
quando eu acordava, me lembrava que Chase estava morto. E
essa verdade nunca pareceu ficar mais fácil de enfrentar.
Uma porta bateu no andar de baixo e pulei na vertical,
fazendo Rogue rolar para o meu lugar e JJ rolar com ela, então
plantou o rosto em seus seios.
Gah. Eu o empurrei para longe dela e ele caiu de costas
com um gemido. Mutt rosnou enquanto eu o perturbava
também e escorreguei para fora da cama quando passos
soaram escada acima. Peguei minha arma na mesa de
cabeceira, mas eu reconheceria o som dessas pegadas furiosas
em qualquer lugar. Apenas no caso dele querer nos assassinar,
mantive a arma em minhas mãos enquanto me levantei e a
porta se abriu.
Luther deu uma olhada ampla pelo quarto enquanto JJ se
sentava, com os olhos turvos e uma pistola na mão. Ele estava
sem camisa, na cama com minha garota e eu só de cueca boxer
também, então tudo parecia muito estranho, mas eu não
precisava me explicar para meu pai.
Os olhos de Luther se arregalaram e ele pareceu sem
palavras por um momento antes de recuperar a compostura.
“São quase onze da manhã,” ele latiu, seu brilho piscando
para mim. “Você perdeu a reunião da Crew na sede do clube,
por que diabos seu telefone estava desligado?”
Procurei por ele, localizando-o no chão onde havia
morrido. “Err...” esfreguei a mão no rosto, o gosto de rum ainda
persistente no fundo da minha garganta da noite passada.
“Desculpe, chefe,” JJ tentou, saindo da cama e vestindo
uma calça de moletom enquanto Rogue continuava dormindo
como morta. Mutt saltou pelo colchão, pulando em Luther com
fé cega e ele o pegou no ar surpreso.
“Levante. Todos vocês,” Luther comandou, coçando as
orelhas de Mutt enquanto o cachorrinho o lambia e me lançava
um olhar furioso. “Precisamos conversar.”
Ele saiu do quarto e compartilhei um olhar com JJ, onde
silenciosamente questionamos nossa sanidade sobre
dormirmos nesta cama juntos. Era o que precisávamos agora,
porém, e imaginei que era como estávamos lidando com a
perda de Chase, mas se realmente analisasse, poderia chegar
à conclusão de que essa era na verdade uma maneira de
segurá-lo e nunca deixá-lo ir.
“Vamos, menina bonita. Hora de acordar.” JJ sacudiu
Rogue, mas não funcionou, então me movi para o outro lado
dela e dei um tapinha em sua bochecha.
“Beija-flor,” tentei, batendo um pouco mais forte em sua
bochecha. “Baby?”
Ela estendeu a mão em seu sono, sua mão pousando bem
no meu pau e apertando.
“Jesus,” grunhi, afastando sua mão enquanto meu pau
ficava superexcitado. “Acorda.” Eu a peguei em meus braços e
seus olhos finalmente se abriram.
“Onde estamos indo?” Ela murmurou. “Eu estou com
fome. Foi um Subway de 30 centímetros que acabei de sentir?
Me dê isso. Coloque na minha boca.”
“Tentador, baby, mas Luther está aqui,” falei e ela acordou
um pouco mais bruscamente.
Ela se contorceu para fora dos meus braços, pegando um
par de calças de moletom de Chase de sua gaveta e puxando-
o, amarrando a corda para que ficasse apertada em torno de
sua cintura. Fiz uma careta para ela, vendo a teimosia em seus
olhos para manter uma parte dele com ela como se parasse de
se cercar dele, ele desapareceria para sempre. Sabia que ela
estava em conflito por causa dele, todos estávamos, mas
nenhum de nós queria vê-lo morto e eu também não queria
deixá-lo ir.
Descemos para o escritório ao longo do corredor e me
lembrei de ter sido disciplinado aqui por meu pai quando
criança. Era meu domínio agora, mas quando entrei na sala e
o encontrei atrás da mesa, não senti muita propriedade sobre
ele. Nós três ficamos ombro a ombro e ele nos olhou com um
olhar de pena no rosto, mas rapidamente o transformou em
uma máscara dura.
“Feche a porta,” ele ordenou, embora não houvesse mais
ninguém na casa e JJ se moveu para obedecer. “Sei que vocês
estão todos de luto,” ele disse com uma carranca enquanto seu
olhar viajava através de nós. “Mas é hora de seguir em frente.
Nossa Crew está em guerra, e tenho informações que dizem
que Shawn vai fazer outro movimento contra nós esta noite.”
“Onde?” Exigi enquanto a coluna de Rogue se endireitou.
Minha mandíbula apertou com aquele único movimento,
porque sabia que meu pai a possuía agora e eu não tinha o
poder de impedi-la de tentar atacar Shawn se isso fosse o que
ele queria. JJ a ensinou a atirar, enquanto eu teimosamente
me recusei a reconhecer o fato de que ela precisaria usar uma
arma contra Shawn. Mesmo assim, eu não o tinha impedido,
ela precisava ser capaz de se proteger, então fechei os olhos
para isso e tentei não pensar nela indo a qualquer lugar perto
da linha de frente em uma luta contra os Dead Dogs.
“Ele vai atacar no Oasis. Um dos meus homens pegou um
Dead Dogs esta manhã e expulsou os planos de Shawn dele.
Acho que um dos pequenos espiões de Shawn ouviu sobre
nossa festa anual de verão lá esta noite,” Luther disse,
apoiando as mãos na mesa enquanto seus olhos escureciam.
Eu tinha esquecido tudo sobre isso, os dias tendo se fundido.
“E todos vocês estarão lá quando ele fizer.”
“Rogue fica fora disso,” exigi.
“Não,” ela disse simplesmente. “Tenho que matar Shawn,
é por isso que tenho uma tatuagem feia na parte de trás da
minha coxa.”
“Qual delas?” Gritei e ela me lançou um olhar mortal.
“Ela não é seu soldado, é minha,” meu pai rosnou,
puxando a porra da classificação para mim. “E Shawn estará
lá hoje à noite, então a gata selvagem terá uma chance contra
ele. Esse era o nosso negócio.”
“E qual foi a outra parte desse negócio, pai?” Exigi, ainda
não tendo mais informações sobre isso de Rogue.
“Isso é entre eu e ela,” disse ele. “Agora morda a língua e
me escute.”
Fiz o que ele disse, mas ainda havia milhares de
pensamentos passando pela minha cabeça sobre como eu
poderia evitar que Rogue participasse dessa luta hoje sem
ordená-la diretamente.
“O que se diz é que Shawn vai com força esta noite. Ele
está trazendo muitos homens e muitas munições. Ele quer que
essa guerra seja vencida, o que significa que vai se preparar
para tirar a mim e a você, garoto.
“Então qual é o plano?” JJ perguntou, parecendo pronto
para entrar na batalha.
“Tenho batedores tentando rastrear sua localização para
que possamos pegá-lo, mas seus homens parecem nunca
tomar as mesmas estradas para dentro e fora da cidade. Como
você sabe, Shawn raramente mostra o rosto quando seus
homens atacam, mas garanto que ele aparecerá esta noite se
achar que terá uma chance de nos matar.”
“Bem, há apenas duas estradas que levam ao clube,” falei
pensativamente, tentando dividir minhas preocupações sobre
Rogue enquanto me concentrava em fazer um plano. “Podemos
tentar emboscá-lo antes que ele chegue ao Oasis.”
“Exatamente o que eu estou pensando,” Luther disse com
um sorriso malicioso. “Mas ele será cauteloso, enviará
batedores à frente para se certificar de que estamos todos
definitivamente na sede do clube antes que arrisque seu
próprio pescoço.”
“Então, vamos deixá-los passar?” Adivinhei e Luther
acenou com a cabeça, coçando a tinta em seu pescoço.
“O que significa que você e eu precisaremos mostrar
nossos rostos por tempo suficiente para que a palavra chegue
a Shawn. Rogue também.”
“Não quero Rogue envolvida nisso,” falei em um rosnado,
minhas mãos fechando em punhos.
“Isso realmente não depende de você, não é Texugo?” Ela
disse e a raiva cresceu em meu peito.
“Ela está certa, e Shawn deixou claro que está atrás da
garota, então a quero na frente e no centro, balançando lá
como uma bela maçã suculenta,” meu pai disse e raiva passou
por mim.
“Não,” rebati.
“Sim,” Luther sibilou de volta. “Isso está acontecendo,
filho, então se acostume.”
“Vou me certificar de que sou a maçã mais suculenta de
todos os tempos, então vou envenenar sua bunda quando ele
der uma mordida,” Rogue disse apaixonadamente.
Meu coração batia freneticamente e olhei dela para meu
pai e para JJ cujas sobrancelhas estavam unidas. Eu podia ver
que não tinha escolha, o que significava que precisava assumir
o controle de outra maneira.
“Ela não sai da minha vista e se matar Shawn, será porque
ele foi entregue a ela de joelhos com os pulsos amarrados,”
retruquei.
“Você é tão ridículo,” Rogue suspirou.
Eu me virei, olhando para ela. “Você acha que é ridículo
te proteger? Impedi-la de sair meio armada e sem treinamento
para matar o inimigo mais perigoso que já enfrentamos?”
Rebati e ela revirou os olhos como se eu estivesse sendo
dramático.
“Você vai ficar com Fox,” Luther concordou e um pouco do
meu pânico diminuiu, mas não o suficiente.
“Ótimo, e a propósito, não sou destreinada, JJ tem me
ensinado a atirar,” disse ela, erguendo o queixo.
“Você acha que atirar em algumas garrafas de vidro na
floresta pode prepará-la para enfrentar um homem com o
dobro do seu tamanho com anos de prática caçando suas
vítimas? Você não sabe o que é lutar por sua vida nessa
situação, Rogue.”
“Bem, eu bati em um estuprador até a morte com um
atiçador de ferro quando tinha dezesseis anos, apesar dele ser
três vezes maior que eu, então acho que posso descobrir,
Texugo, mas obrigada por sua preocupação.”
Abri minha boca para replicar, mas Luther levantou a mão
para me parar. “É o bastante. Vocês estão me dando dor de
cabeça. Já entreguei meus pedidos, agora não me questione
sobre eles ou vou considerar fazer você ficar em casa, Fox.”
Pelo amor de Deus.
Selei meus lábios com força, apenas sabendo que ele faria
isso.
“Bom,” Luther disse com um sorriso satisfeito. “Agora
pegue algumas cadeiras e sente-se. Vamos fazer um plano para
pegar Shawn Mackenzie e esfolá-lo vivo.”
O Oásis sempre foi esse lugar tabu desde a minha
infância. Praticamente o único lugar em toda a Sunset Cove
onde nós cinco não brincamos ou fizemos acrobacias,
arrombamos ou usamos para nossa vantagem. Era o coração
da Harlequin Crew, portanto nenhum de nós queria ter nada a
ver com isso. Então, entrar pela porta da frente de braço dado
com seu príncipe, com o rei bem ao nosso lado foi uma merda,
para dizer o mínimo.
Todos os membros da gangue presentes aplaudiram
quando nos viram e lutei contra o rubor com a atenção, até
porque eu era a única mulher em todo o lugar, então estava
recebendo mais do que o meu quinhão de olhares curiosos.
Desde que Luther me jurou, eu não tinha exatamente
passado muito tempo com o resto da gangue e para ser
totalmente honesta, a quantidade de homens presentes aqui
fazia minha cabeça girar. Porra, havia muitos deles. E eu não
tinha a mínima ideia do que eles deveriam estar pensando de
mim. Mas então me lembrei que não me importava e a coisa
toda parecia muito menos intimidante.
Estava quente hoje, o verão em pleno andamento e
estávamos oficialmente na segunda semana de uma onda de
calor, então escolhi usar um macacão em vez de um vestido.
Era azul claro com pequenas flores rosa bordadas nele e minha
bunda não estava totalmente contida dentro do short, mas eu
estava bem com isso. A metade superior era de tiras e o
material era fino e, apesar dos protestos de Fox, eu não estava
usando um Kevlar. Não havia nenhuma fodida maneira que eu
pudesse ter me safado de usá-lo sem ser notada e se Shawn
estava enviando batedores na frente dele, então me ver vestida
com um colete à prova de balas seria uma indicação bastante
óbvia para deixá-los saber que estávamos atrás deles.
E para sorte minha, Luther concordou, então eu estava
atualmente nos braços de um Texugo raivoso como padrão,
mas eu parecia muito fofa em minha roupa, então não me
importei. Eu tinha emparelhado o macacão com alguns tênis
brancos, renunciando aos saltos. Tinha quase certeza de que
nunca mais usaria salto alto depois de ficar presa neles por
horas dentro daquela porra de cofre, e definitivamente não iria
arriscar usá-los quando havia uma chance de Shawn começar
a me perseguir novamente. Não, desta vez eu estaria pronta
para correr ou dar um chute no pau ou fazer o que diabos eu
precisasse, tanto quanto o calçado.
Os caras estavam vestidos com seus melhores jeans e
combinações de camisa que era tão chique quanto os caras por
aqui jamais ficaram e eu não estava secretamente fodendo
meus dois velhos amigos. A tinta de Fox parecia dourada em
seus braços musculosos esta noite, a camisa marrom escura
que ele estava vestindo fazendo seu bronzeado todos os tipos
de favores. E JJ optou pelo branco, o que juntamente com seu
cabelo preto e o olhar diabólico me fez querer lambê-lo. Quer
dizer, sempre meio que quis lambê-lo, mas agora estava pronta
para fazer isso lenta e repetidamente e das melhores maneiras.
Os Harlequins se aglomeraram em torno de Luther e Fox,
querendo um confronto direto com os chefes e eu rapidamente
me afastei deles, pegando o braço de JJ enquanto ele me levava
para o bar no fundo da sala aberta.
Havia ar-condicionado funcionando aqui, mas entre a
multidão de corpos ainda estava quente, então eu estava mais
do que feliz em escapar para tomar uma bebida.
O Oasis não era tão assustador quanto minha imaginação
havia projetado. O lugar era enorme e construído com madeira
branca, o andar de baixo dedicado a essa área de bar comum,
com mesas espalhadas e algumas mesas de sinuca à direita do
bar. Uma sacada corria por cima do bar com um guarda
bloqueando as escadas de qualquer pessoa que quisesse subir
além dos chefes dessa organização criminosa. Luther tinha um
escritório no andar de cima em algum lugar, bem como uma
suíte onde se hospedava quando estava na cidade, e eu sabia
que Fox tinha seu próprio escritório aqui também. Imaginei
que dirigir uma gangue incluía um monte de papelada, embora
não pudesse imaginar o quê.
“O que você está bebendo, menina bonita?” JJ me
perguntou enquanto nos movíamos para ficar perto do bar e
dei de ombros.
“Uma dose de algo que bate forte,” falei e ele sorriu para
mim antes de fazer um pedido para o Harlequin atuando como
barman.
Tomei a dose repugnantemente forte de licor e estalei
meus lábios através do estremecimento que trouxe ao meu
rosto enquanto queimava todo o caminho. Isso era o que eu
precisava para relaxar e suspirei enquanto inclinei meus
cotovelos contra o bar e olhei para a multidão.
“Como é estar aqui?” JJ me perguntou.
“Como se eu fosse um peixe em uma linha e anzol,” falei.
“Sei todos os movimentos certos, mas nunca vou realmente
parecer que estou no lugar certo.”
JJ me ofereceu um meio sorriso, que foi o máximo que eu
pude arrancar dele desde que perdemos Chase e tentei não
deixar os pensamentos dele rastejarem. Não esta noite. Eu
precisava ficar afiada e me concentrar em matar o idiota
responsável por toda a minha dor.
Se eu achasse que odiava Shawn Mackenzie antes de
derrubar a Dollhouse e matar uma das poucas pessoas que
amei de verdade em minha vida, não sabia nada do ódio
venenoso que era capaz de sentir por ele agora.
Antes eu ansiava por sua morte, mas agora ansiava por
sua morte com cada batida do meu coração. Sonhei em
derramar seu sangue e ouvir seus gritos e fazê-lo implorar aos
meus pés por uma misericórdia que nunca viria.
Meu celular novo e brilhante zumbiu no bolso de trás e
endireitei minha coluna. Luther comprou para mim,
prometendo que não havia chance de Fox estar monitorando
de alguma forma e até jurando que ele também não estava. Não
tinha certeza se acreditava nele na segunda parte da promessa,
mas como ele estava a bordo comigo e Maverick em contato,
não importava muito.
“Vou usar o banheiro,” disse a JJ, tirando o telefone do
bolso e desligando. Rick sabia que deveria esperar que eu
ligasse de volta quando eu fizesse isso. Às vezes eu ligava para
ele imediatamente, outras vezes demorava horas ou mesmo no
dia seguinte, mas na maior parte do tempo tínhamos
conseguido manter contato. Não era a mesma coisa que vê-lo
de verdade, porém, e eu ansiava por sua companhia com uma
dor em minha alma que sabia que não seria curada até que eu
estivesse em seus braços novamente.
JJ olhou para o meu telefone e eu sabia que ele sabia. Mas
não tinha me confrontado sobre isso ainda. Na verdade, ele não
tinha dito uma palavra para mim sobre Rick desde a noite em
que o idiota nos encontrou naquele vagão de trem na floresta e
todos entramos no que foi indiscutivelmente o sexo mais
quente da minha vida. Provavelmente precisávamos conversar
sobre isso. Mas nós realmente não tínhamos falado muito
sobre nada além dos velhos tempos e a falta de Chase desde
que o tínhamos perdido.
“Vamos. Luther disse que você pode usar o banheiro da
suíte dele enquanto estivermos aqui, em vez de usar o banheiro
masculino.” JJ apontou com o queixo em direção à escada que
levava à varanda e caí ao seu lado enquanto passávamos pelo
guarda e subíamos as escadas.
Passamos por algumas portas fechadas antes que JJ me
conduzisse por um corredor curto e para uma suíte modesta
com uma cama grande no centro e uma pequena sala de estar
com vista para a varanda que circundava a frente do edifício
com uma vista distante de o mar além.
“Você pode ir ao banheiro se quiser,” disse JJ, apontando
para uma porta nos fundos da sala. “Ou você pode chamá-lo
de volta comigo aqui. Presumindo que você confie em mim.”
Revirei os olhos para ele e me sentei em uma das poltronas
antes de ligar para Rick.
Ele atendeu antes mesmo de o primeiro toque terminar e
engoli um nó na garganta ao som de sua voz áspera.
“O que você está vestindo, linda?”
“Espere e eu vou te mostrar.” Afastei o telefone de mim
mesma e tirei uma selfie enquanto fingia chupar um pau antes
de encaminhá-la para ele. JJ ergueu uma sobrancelha
enquanto se sentava na cadeira à minha frente e observava
com interesse.
“Às vezes acho que você me provoca porque quer que eu
te puna, garotinha,” Maverick rosnou. “É isso que você está
esperando? Que eu entre em um barco e vá espancar sua
bunda em carne viva?”
“Talvez,” evitei, me perguntando se JJ poderia entender as
palavras de Maverick ou não porque seu rosto não revelava
nada. “Mas não hoje. Estou em algo.”
“Oh?”
“Sim. Vou enfiar uma bala na porra do crânio de Shawn
Mackenzie.”
“Merda, baby, você realmente sabe como me deixar duro.
Pode fazer de perto para que eu possa te foder enquanto você
ainda está salpicada com o sangue dele?”
Bufei uma risada e mordi meu lábio, sem saber se ele
estava brincando ou se isso me excitou. Ou se eu estivesse
apenas perdendo o enredo e não tivesse mais a porra de ideia
do que pensar de mais nada.
“Eu te ligo se eu fizer,” prometi.
“Foda-se, eu vou assistir ao show em primeira mão. Não
consigo imaginar nada mais quente do que assistir você
explodir aquele idiota, linda.”
“Você não sabe onde estou. E mesmo que soubesse, não
seria bem-vindo aqui,” apontei.
“Ah, ah, ah. Não faça suposições tolas. Eu poderia estar
te observando agora e você nem mesmo saberia.”
“Besteira.”
“Vejo você em breve, baby.” Rick desligou a ligação e
apenas encarei o telefone por um minuto antes de balançar a
cabeça e colocá-lo no bolso.
“Suponho que ele não tem objeções a você matar Shawn,
então?” JJ perguntou, inclinando-se para mim e apoiando os
cotovelos nos joelhos.
“Aparentemente, me assistir matar o filho da puta seria
excitante,” falei. “Ele gosta da ideia de mim pintada com o
sangue dos meus inimigos ou algo assim.”
Eu esperava que JJ zombasse ou fizesse alguma piada
sobre Maverick ser um psicopata, mas ele apenas passou o
olhar sobre mim lentamente, lambendo os lábios como se
estivesse pensando na imagem mental também.
“O cara tem bom gosto, admito,” disse ele finalmente e eu
mordi meu lábio.
Johnny James, sendo o idiota que era, sabia exatamente
onde minha mente tinha acabado de ir e ele se inclinou para
trás novamente, apontando o queixo para mim em um
comando silencioso.
Eu deveria ter dito a ele para se ferrar. Mas, em vez disso,
me levantei e lentamente diminuí a distância entre nós.
Culparia minha vagina por esse movimento, eu poderia ser um
tipo de garota forte, que não se importa, mas ela era uma vadia
submissa que adorava seguir as ordens de homens com paus
enormes. Era uma luta constante de nossas vontades, mas ela
definitivamente vencia quando se tratava de Johnny James.
JJ colocou os braços nas costas da grande cadeira em que
se sentou e esperou que eu fizesse meu movimento.
Estivemos juntos algumas vezes desde que Chase... se foi,
mas sempre foi uma fusão de nossa dor. Um dar e receber lento
e catártico de nossa dor misturado com amor e o conforto que
encontramos nos braços um do outro. Mas o olhar que ele
estava me dando agora era todo acalorado. O gangster que
normalmente se escondia sob a superfície de sua pele olhando
para mim com promessas sombrias em seus olhos castanhos
mel.
Mudei-me para colocar meus joelhos nas almofadas de
cada lado de suas coxas musculosas, alcançando seu peito
antes que ele pegasse meus pulsos em suas mãos e os
colocasse nos apoios de braço de cada lado de nós.
“Segure seu peso,” ele ordenou agarrando minha bunda e
levantando-a de seus joelhos para que eu estivesse ajoelhada
sobre ele em vez de me equilibrar em cima dele. “Agora me diga
como você está excitada hoje. Diga-me o quanto você esteve
pensando em matar aquele pedaço de merda que colocou a
porra das mãos em você.”
“Eu preciso fazer isso, JJ,” rosnei, minha pele formigando
com a intensidade do ódio que sentia por Shawn. “E quero
olhar na porra dos olhos dele. Quero que ele olhe para mim da
mesma maneira que olhei quando suas mãos estavam em volta
da minha garganta.”
JJ moveu sua mão entre minhas coxas e chupei meu lábio
inferior em minha boca enquanto ele puxava o tecido do meu
macacão de lado antes de parar.
“Sem calcinha?”
“Daria pra ver através do macacão,” raciocinei enquanto
ele alisava um único dedo pela minha umidade e meu peito
arfava.
“Porra,” ele rosnou, usando a outra mão para ajustar seu
pau inchado, mas quando estendi a mão para tentar tocá-lo,
ele pegou meu pulso e colocou minha mão de volta no braço da
cadeira com um aceno de cabeça.
“Continue falando sobre o que você quer fazer com aquele
filho da puta, menina bonita. Vou te ajudar a perder um pouco
da tensão que você está segurando por isso. Prometo que você
mirará mais reto assim que eu te fizer gozar.”
Eu ia dizer a ele para parar. Que eu não era uma criatura
sanguinária que queria ter a ideia de matar alguém, mas não
foi isso que saiu da minha boca, então eu estava claramente
mentindo para mim mesma.
“Quero que ele olhe para mim e saiba que eu sou sua
morte.” Murmurei, gemendo quando JJ afundou dois dedos em
mim e balançou meus quadris enquanto começava a bombear
sua mão.
“Ele vai ficar com medo de você, porra,” ele rosnou, me
olhando com o mesmo desejo pela morte de Shawn em seus
olhos enquanto eu sentia queimar minha alma.
“Eu quero que ele implore,” engasguei quando JJ moveu
seus dedos mais rápido, dirigindo mais fundo antes de deixar
cair o polegar contra meu clitóris e me fazer gemer tão alto que
meu olhar foi para a porta com medo de ser pega.
“Continue falando,” JJ exigiu e assenti enquanto lutava
pelas palavras que precisava.
“Quero que ele rasteje, peça desculpas, implore, diga tudo
o que puder pensar para tentar me fazer mudar de ideia e saber
que não adianta nada,” ofeguei, minhas unhas cravando nos
braços da cadeira enquanto minhas pernas começavam a
tremer com a tempestade que se aproximava que estava
crescendo em minha carne.
“Como você vai acabar com ele?” JJ perguntou, seu pau
lutando contra sua calça com tanta força que doía. Eu queria
tanto tocá-lo, mas sabia que não era sobre isso, e tinha que
admitir que era fã desse lado mais escuro e dominante do meu
sorridente deus do sexo.
“Uma arma,” murmurei, porque por mais que eu
desejasse, poder sufocar a vida de Shawn do jeito que ele
tentou me matar por justiça poética, o chamado de uma arma
poderosa beijando sua testa com um único golpe de meu dedo
surpreendê-lo me fez sonhar acordada com isso o tempo todo.
JJ tirou uma pistola do cinto e me mostrou. “Como esta?”
“Sim,” ofeguei, observando enquanto ele o colocava na
parte interna da minha coxa e começava a deslizar pela parte
interna da minha perna.
Um gemido me escapou. Muito alto de novo, mas porra,
eu estava tão excitada. Esta era a parte mais escura de mim
trazida à vida, a parte vingativa, faminta e dolorida que era o
caos brutal, destemido e ansioso.
JJ tirou os dedos da minha boceta encharcada, enquanto
mantinha o polegar firmemente circulando meu clitóris.
“Isso te deixa tão quente, não é?” Ele rosnou. “O
pensamento de pegar esta arma e estourar seus miolos de
merda.” O metal frio pressionou contra o meu núcleo e
engasguei quando JJ empurrou a ponta dela dentro de mim,
apenas um pouco, apenas o suficiente para ter certeza de que
eu podia sentir o beijo gelado do cano, então meus músculos
apertaram com força ao redor dele.
“Sim,” gemi, afundando e tirando a decisão dele enquanto
o cano frio da arma deslizava dentro de mim.
“Você vai arrancá-lo deste mundo,” JJ jurou para mim
quando começou a me foder com a arma letal e gemi quando
meus quadris resistiram contra ela e meu coração disparou.
Essa coisa tinha que estar carregada. Ele não teria consigo se
não estivesse e por mais louco que fosse, só me excitou mais.
“Vou assistir a cada segundo,” ofeguei. “E vou me banhar
no sangue dele.”
JJ gemeu enquanto me observava, flexionando meus
quadris enquanto me fodia com sua arma e eu amei cada
maldito e emocionante segundo disso. Era tão frio, tão mortal,
tão distorcido e tão bom pra caralho de uma vez.
“Pense no seu dedo nesse gatilho,” JJ ordenou, seu
polegar mais forte contra o meu clitóris enquanto ele enfiava a
arma em mim com mais força, mais rápido. Mordi meu lábio
para conter os ruídos que escaparam de mim enquanto fazia o
que ele disse, minha boceta apertando com força quando meu
clímax rolou sobre mim e visualizei o que ele estava me dizendo
para fazer. “Agora puxe, menina bonita. Puxe, porra, e
reivindique o que você precisa.”
Minha mente se encheu com a imagem de mim fazendo
isso, do sangue de Shawn espirrando em minha pele e os
últimos laços que ele segurou em mim se quebrando como se
nunca tivessem estado lá em primeiro lugar. Meus dedos
apertaram os apoios de braço e gritei quando o prazer explodiu
pelo meu corpo, minha boceta apertando com força em torno
do cano da arma e um gemido cheio de luxúria escapou de mim
quando gozei com tanta força que minha cabeça girou.
JJ puxou a arma de mim lentamente, guardando-a
novamente no coldre enquanto eu desabava em seu peito e
tentava descer daquela altura. JJ encontrou meu mamilo
dolorido através do meu macacão e puxou com força, fazendo
minha boceta apertar novamente quando um choque de prazer
estremeceu por mim.
“Seu prazer é tão bonito, menina bonita,” ele respirou. “E
sua vingança é quente pra caralho.” Ele ficou em um
movimento fluido, me levantando em seus braços antes de me
empurrar contra a parede ao lado da porta e me beijar com
força.
Senti meus escudos se desintegrando naquele beijo,
sentindo o quanto ele ansiava por mim nele, o quanto gostava
de me adorar, o quanto ele queria, precisava. Agora, mais do
que nunca, nosso tempo juntos parecia precioso, roubado e
também como se tivéssemos de volta algo que nos era devido.
“Rogue?” Fox chamou, seus passos se aproximando de
fora e JJ me colocou de pé de repente com uma maldição.
“Tem batom na sua boca,” sibilei para ele e ele praguejou,
correndo para longe de mim e batendo a porta do banheiro
atrás dele um segundo antes de Fox entrar no quarto.
Consegui sacar meu telefone e abrir um aplicativo de jogo
idiota meio piscar antes que o Texugo estivesse pairando sobre
mim.
“Os batedores foram vistos,” Fox rosnou. “O que vocês dois
estão fazendo aqui, afinal?”
“Eu precisava fazer xixi. Então JJ decidiu que queria dar
uma cagada no banheiro de Luther.” Falei com um encolher de
ombros, mantendo meus olhos no meu telefone enquanto
tentava colocar meu batimento cardíaco acelerado de volta sob
controle.
JJ me ouviu claramente e imediatamente deu a descarga
antes de abrir a porta do banheiro e sair.
“Cara, você ao menos lavou as mãos?” Fox perguntou com
nojo.
“Oh merda, devo ter esquecido.” JJ começou a recuar
novamente, mas quando Fox desviou o olhar dele, ele
empurrou os dois dedos que tinha dentro de mim em sua boca
e os chupou de uma forma que era tão sexual que minha
boceta gananciosa pulsou em resposta.
Rapidamente desviei meu olhar e empurrei meu telefone
para longe enquanto JJ fazia uma música e dançava sobre
lavar as mãos, então Fox nos levou para fora da suíte e pelo
corredor até que estávamos todos pisando na varanda em
frente ao clube.
Luther já estava lá fora, conversando e rindo com alguns
de seus homens como se não se importasse com a porra do
mundo.
“E agora?” Murmurei, deixando Fox pegar minha mão
enquanto me guiava em direção ao parapeito e ele pegou
algumas cervejas de um cara que imaginei ser um novo
recruta.
O olhar que ele me deu dizia que sabia que eu tinha
acabado de ser juramentada também e sorri para ele por cima
da minha cerveja, não dando a mínima para receber
tratamento preferencial. Eles estavam me devendo isso depois
que Luther roubou dez anos da minha vida. Na verdade,
deviam muito mais.
“Agora vamos esperar,” disse Fox, inclinando-se para
perto de mim e empurrando meu cabelo para trás por cima do
ombro. Minha pele esquentou com seu toque, meus mamilos
duros dirigindo contra o tecido do meu macacão enquanto meu
olhar caía para sua boca. Deus, ele parecia bem esta noite e
não pude deixar de fantasiar um pouco enquanto olhava para
ele, imaginando-o me prendendo e me mostrando como era ser
dominada pelo príncipe dos Harlequins. “E você fica ao meu
lado até que tudo acabe.”
Assenti em concordância enquanto desviei meu olhar de
foder a vida fora dele e olhei para a estrada, me perguntando
se estávamos sendo observados agora. Se Shawn já estava se
aproximando. E quando meu olhar caiu para a pistola
pendurada no cinto de JJ, não pude deixar de concordar que
sua tática tinha funcionado. Me sentia calma e controlada,
focada e pronta.
Eu ia colocar uma bala no crânio de Shawn Mackenzie
hoje.
E talvez depois disso, eu pudesse começar a descobrir que
tipo de vida ainda tinha para viver.
Coloquei um casaco com capuz preto e uma máscara de
esqui enquanto escapava da parte de trás do clube e me movia
para as árvores. Rogue ainda estava girando em minha mente
e meu coração batia em uma melodia maníaca que não se
acalmava depois de ter roubado aquele momento perfeito e sujo
com ela. Mas eu estava ficando cansado de roubar momentos.
Eu a queria em meus braços em plena luz do dia, queria parar
de me esconder, mas acima de tudo, queria que Fox aceitasse
que estávamos juntos. E essa era a necessidade mais
desesperadora de todas.
Fiquei sob a cobertura da escuridão com uma arma em
minhas mãos enquanto me movia em direção à estrada leste
para encontrar minha equipe. Passaram cerca de quatrocentos
metros por entre as árvores antes de chegar à margem onde
alguns dos Harlequins estavam reunidos. Eu mal conseguia
vê-los no escuro, cinco deles espalhados deste lado da estrada
e outros cinco do outro. Fui para uma extremidade do grupo,
me colocando contra uma pedra e olhando para a estrada além
dela enquanto me fundia nas sombras.
Diminuí minha respiração enquanto as folhas farfalharam
com o vento e esperei que algo acontecesse. E esperei.
Nada.
Tudo estava dolorosamente silencioso e levei um momento
para enviar uma mensagem à equipe que estava cobrindo a
estrada oeste, mas eles também não tinham visto nada. Então
imaginei que agora era apenas um jogo de espera.
Alguém se aproximou de mim e olhei para cima para
encontrar um dos Harlequins vestido de preto com uma
máscara de esqui cobrindo o rosto.
“Ei, volte para a posição,” sibilei, apontando mais para
baixo ao longo da linha das árvores.
“Esta é a minha posição,” disse ele e meu pescoço arrepiou
ao som da voz profunda de Maverick.
“Que porra você está fazendo?” Exigi em um sussurro
frenético, olhando para os outros, mas eles estavam muito
longe para nos ouvir.
“Rogue me convidou.”
“Não, ela não convidou,” assobiei.
Ele moveu-se contra a pedra, erguendo um revólver e
olhando para a estrada. “Claro que ela convidou. Então,
quando chega o convidado especial?”
“Você não pode estar aqui,” pressionei.
“Eu posso, na verdade, porque aqui estou. Mas se você
não me quer aqui, Johnny James, isso é uma situação
totalmente diferente e eu realmente não dou a mínima.”
Eu me inclinei contra a pedra, nossos braços
pressionados fortemente contra o outro enquanto eu olhava
para ele. “Como você sabia onde nos encontrar?” Perguntei
consternado.
“É fofo que você não pense que tenho olhos entre seu povo,
JJ,” ele bufou em diversão e meu pulso bateu irregularmente.
Jesus. Fox ia pirar quando ouvisse essa merda.
Tirei meu telefone do bolso, imaginando que seria melhor
avisá-lo, mas Maverick o arrancou da minha mão, colocando-
o suavemente em seu próprio bolso.
“Vou devolver quando a diversão acabar,” disse ele
calmamente. “Você é um delator nos dias de hoje. Mas aposto
que não contou ao Foxy boy sobre o que fizemos com Rogue no
vagão do trem.”
“Foda-se,” murmurei.
“Quando vamos fazer de novo, a propósito? Estive
esperando naquele vagão todas as noites como Julieta
esperando seu Romeu aparecer, mas você nunca mais
apareceu. Você realmente sabe como manter azuis as bolas de
um homem, JJ.”
“Cale a boca,” rosnei. “Não vamos fazer isso de novo.”
Ele riu baixo em sua garganta. “Bobagem de merda.”
“Não tenho medo de você,” sibilei.
“Talvez não, mas você tem medo da raposa2 grande e má,”
ele zombou. “Acha que ele iria mostrar a você a mesma cortesia
que fez com Chase? Ou transar com a garota dele é um crime
pior do que tentar se livrar dela?” Ele resmungou baixinho e
meu peito deu um nó. “Ele pode realmente puxar o gatilho
desta vez.”
“Porra. Vá se foder,” rosnei.
“Isso é uma oferta? Não tenho nenhum dinheiro comigo
agora, mas vou te dever um boquete depois que você me fizer
gozar, combinado?”
Levei cada grama de contenção que eu tinha para não
rote-lo enquanto forcei meu olhar para a estrada e tentei me
concentrar.
“Sem interesse, quanto você cobra por hora?” Ele
perguntou e tentei rotege-lo. “Só preciso saber para
economizar meus centavos para a próxima vez. Ou você cobra
por ato sexual? Você faz promoções especiais? Compre dois
trabalhos manuais e ganhe um de graça? Pode dar de graça
para um amigo?”
“Cale a boca, Maverick,” rosnei, falhando em ignorá-lo
enquanto ele falava continuamente em meu ouvido.
“Rogue está realmente marcando pontos, hein? Ela deve
uma fortuna a você,” disse ele, e eu sabia que ele estava me
provocando, mas não podia aceitar isso agora. Shawn poderia
aparecer a qualquer segundo e eu não poderia estar ocupado
batendo na cabeça de Maverick quando ele aparecesse.
“Suponho que sua boceta é um pagamento suficiente. É tão

2 Fox, em inglês;
apertada, não é? Você acha que poderíamos caber dentro dela
ao mesmo tempo?”
“Maverick,” bati em uma voz tão baixa quanto pude. “Se
você não calar a boca, vou calá-la permanentemente.”
“Sem arma, só com as mãos? Isso levaria algum tempo.
Shawn pode aparecer até lá, e você não vai querer se distrair.”
Ele riu e minha mão apertou minha arma.
“Se eu estiver distraído e Shawn consegue passar por nós
por causa disso, é por sua conta. E Rogue está no clube, então
se você se preocupa com ela então pare de falar,” exigi e ele
ficou quieto. Por pelo menos por dois segundos, então começou
a falar novamente.
“Eu só preciso de uma data e hora para a próxima festa
de foda, eu tenho uma agenda lotada, então você pode querer
me avisar,” ele sussurrou.
Eu não disse nada, então ele pegou meu telefone e
começou a adicionar suas informações de contato sob o nome
Tiranossauro Rex. Então ele ligou a câmera, passou um braço
em volta dos meus ombros e puxou sua máscara de esqui
enquanto tirava uma foto nossa usando a visão noturna. Eu
me lancei para o telefone, mas ele o segurou enquanto enviava
a foto para Fox com a legenda ‘Eu e Rick estamos brincando na
floresta. Quer entrar? OS Traga o unicórnio.’
Ele passou meu telefone de volta para mim e suspirei
quando começou a explodir com mensagens ansiosas de Fox.
Enviei um de volta para dizer que tinha a situação sob controle,
em seguida, coloquei no bolso, imaginando que não havia mais
nada que eu pudesse fazer para acalmá-lo agora. Fox não tinha
falado sobre Maverick desde que todos trabalhamos para cavar
nos destroços da Dollhouse dia após dia, à caça de Chase.
Eventualmente, a polícia nos forçou a sair e Maverick parecia
tão quebrado quanto eu antes de subir em sua motocicleta e ir
embora. Fox e eu colocamos a moto de Chase em sua
caminhonete e a levamos, era como carregar um caixão de volta
para casa e eu não suportava vê-la cada vez que descia para a
garagem, mas não a cobri. A dor era um lembrete dele, e eu
não queria esquecê-lo, então apenas deixei doer.
O silêncio caiu por fim e nós esperamos lá no escuro
enquanto uma coruja piou em algum lugar das árvores e
escutei atentamente os sons de um carro se aproximando.
“Você prefere ser um cachorro sem pernas ou um pássaro
sem asas?” Maverick sussurrou e me pegou tão desprevenido
que quase abri um sorriso. Mas não exatamente.
Forcei meus lábios a permanecerem planos e não
respondi, então ele me deu uma cotovelada e por um momento
me lembrei de jogar este jogo com ele quando éramos crianças.
Era o favorito de todos nós e tentávamos fazer as perguntas
mais ridículas do tipo ‘você prefere’ para fazer um ao outro rir.
Eu costumava jogar com Chase sempre que estávamos em um
trabalho juntos e essas memórias fizeram meu coração bater
forte o suficiente para sangrar.
“Um pássaro sem asas,” murmurei. “Um cão sem pernas
não pode ir a lugar nenhum.”
“Pode se você jogar com força suficiente,” ele sussurrou e
minha cabeça girou com essas palavras quando uma risada
surpresa me escapou.
Ele não olhou para mim, mas pude ver o sorriso em seus
olhos. Era uma espécie de bordão para nós quando jogávamos
este jogo, e sempre que um de nós tinha a chance de dizer isso,
sempre caíamos na gargalhada como se fosse a coisa mais
engraçada do mundo.
“Sua vez,” ele murmurou e me perguntei por que ele estava
tentando jogar esse jogo comigo agora. A familiaridade era
muito atraente para ignorar e não era como se eu não pudesse
olhar para a estrada ao mesmo tempo.
“Você prefere ser invisível ou ser capaz de voar?”
“Invisível,” ele disse instantaneamente. “Então eu poderia
entrar na casa dos Harlequins e matar todos vocês durante o
sono. Bang, bang, bang,” ele fingiu disparar sua arma e meu
coração afundou enquanto eu olhava para a estrada com uma
carranca, totalmente lembrado de que éramos inimigos e este
pequeno cessar-fogo que tínhamos agora estava inteiramente
relacionado com Rogue. Sem ela, ele estaria apontando a arma
para mim e garantindo que meu cérebro decorasse as árvores.
“Não faça beicinho sobre isso, J,” Maverick rosnou. “É o
que tudo isso vai significar no final.”
“Não tenho certeza do que eu fiz para você querer me
matar, Maverick.”
Ele permaneceu quieto por alguns segundos antes de
responder. “Você não lutou por Rogue enquanto eu estava fora.
Você pode ter continuado a escrever para mim na prisão e
tenho certeza de que chorou para Luther sobre tentar me tirar,
mas isso empalidece quando penso em você abandonando ela.”
“Você não sabe de nada,” mordi para ele. “Tentei todas as
chances que tive de rotege -la, todos tentamos. Mas Luther
estava...” parei, sem saber ao certo qual era o objetivo de tentar
explicar isso a ele. Ele não se importou, ele não iria ouvir. Tinha
se decidido sobre mim e meus meninos há muito tempo.
“O quê?” Ele grunhiu.
“Não importa,” murmurei. “Não vai mudar nada.”
“Como você sabe, a menos que diga, Johnny James?” Ele
empurrou e rolei meus olhos.
“Depois que iniciamos, Luther ficou de olho em nós
constantemente,” falei. “Ele esperava que fôssemos rotege-la,
então tinha seus homens ao nosso redor. Ele fez com que
Chase e eu nos mudássemos para a Casa Harlequin com Fox
e não poderíamos nem dar uma cagada sem que Luther
soubesse. Quando nos deixou respirar um pouco, Rogue já
tinha ido embora. Ela fugiu da casa da tia de Fox e sumiu para
que nunca a encontrássemos. Passamos os últimos dez anos
procurando por ela, Fox até colocou fotos online com maldita
publicidade paga para tentar rotege -la. Mas ela não queria
ser encontrada, Maverick, ela nos odiava. Acho que uma parte
dela sempre nos odiará.”
Maverick pensou nessas palavras por um longo momento.
“Eu a teria encontrado,” disse ele com segurança.
“Continue dizendo isso a si mesmo,” cerrei. “Você não sabe
nada. Acha que não tentamos de tudo? Acha que realmente
poderia ter feito algo a mais do que já fizemos?”
“Sim, eu acho,” ele disse teimosamente e eu apenas
balancei minha cabeça para ele.
“Olha, sinto muito pelo que aconteceu com você na prisão,
sinto muito se você sente que o abandonamos, mas não sinto
muito por não ter tentado mais duro encontrar Rogue. Porque
não havia nada mais que poderíamos ter feito e,
eventualmente, tivemos que aceitar que ela não queria ser
encontrada, senão teria voltado para casa. E enquanto você
estava sofrendo na prisão, estávamos sofrendo aqui em nossa
própria versão de merda.”
“Você era um homem livre,” ele disse friamente.
“Desde quando?” Zombei. “Eu sou um Harlequin, Rick,
não sou livre. Mas é a vida. Você escolhe suas correntes e, no
final, essas são as que eu escolhi. Porque posso ter que fazer
coisas que mancham minha alma às vezes, mas também tenho
uma casa, tenho Fox e Ch...” me interrompi, tristeza rasgando
meu centro enquanto sentia falta de meu irmão com tanta
força que me cortava em pedaços.
Afastei-me de Maverick, não querendo que ele visse a dor
em meus olhos. Deslizei meu dedo no gatilho da minha arma,
desejando que Shawn mostrasse seu rosto para que eu
pudesse começar a quebrar ossos. Aquele filho da puta era o
responsável pela morte de Chase, então levaria tudo que eu
tinha para não rot-lo à primeira vista. Rogue merecia aquela
morte e eu queria assistir enquanto ela plantava uma bala
entre seus olhos, mas não havia nenhuma regra que dizia que
eu não poderia arrancar alguns de seus membros primeiro.
Maverick permaneceu quieto, mas seu braço pressionou o
meu e por um momento parecia que estávamos
compartilhando a agonia de nosso irmão perdido, mas eu não
tinha certeza se era verdade. Maverick podia se importar com
Rogue, mas vi seu ódio pelo resto de nós tão claro quanto o dia.
Ainda assim, ele ficou para cavar nas ruínas depois que Rogue
foi encontrada, então talvez algum pedaço dele quisesse
encontrar Chase vivo. Eu esperava que sim. Porque a ideia de
que Maverick estava perdido para sempre me assombrava. Ele
ainda sentia esse vínculo conosco em algum nível, mas eu não
sabia mais o quão profundo era ou se faria alguma diferença
no final. Talvez um dia eu realmente acabasse ensanguentado
aos pés dele. Mas ele salvou a vida de Fox enquanto o prédio
estava desabando também, não que qualquer um deles
parecesse estar inclinado a reconhecer isso de alguma forma.
Eu tinha visto com meus próprios olhos e significava algo.
Um grito espiralou no ar de algum lugar a oeste e minha
respiração ficou presa na garganta. Peguei meu telefone do
bolso, liguei para o outro time e um segundo depois Santiago
atendeu, respirando pesadamente. “Sob... ataque,” disse ele,
parecendo com dor.
“Espere aí,” engasguei. “Estão vindo.” Assobiei para minha
equipe e eles correram em nossa direção.
“Não, não, por favor!” Santiago gemeu, mas o som se
transformou em gargalhadas e ele ficou quieto enquanto mais
gritos soavam ao fundo.
Meu estômago deu um nó quando uma voz profunda falou
na linha. “Bem, olá, raio de sol,” Shawn ronronou. “Seus
homens estão em uma situação complicada aqui, você está
vindo para o resgate?”
“Vá se foder,” rosnei. “Você está morto esta noite.”
“Acho difícil,” ele riu. “Estou vivo e chutando, seu rei e o
sangue de seu filho vão chover do céu quando eu terminar.
Diga-me, Johnny James, você acha que pode chegar ao clube
antes de mim, para ter a chance de se despedir?”
Cortei a ligação, já correndo enquanto discava o número
de Fox, meu pulso trovejando na minha cabeça.
“JJ?” Fox respondeu. “O que está acontecendo? Maverick
ainda está com...”
“Shawn atacou o time do oeste,” soltei. “Ele está indo para
o clube, mantenha Rogue segura e prepare os homens.”
“Porra,” ele amaldiçoou. “Volte aqui. Agora.”
“Indo.” Desliguei, avançando enquanto Maverick me
alcançava, movendo seus braços para frente e para trás como
se ele estivesse tentando me ultrapassar, mas não havia
chance.
Minha família estava em apuros e eu estaria lá quando
nossos inimigos chegassem, pronto para lutar até a morte para
rotege-los. Não iria perder mais nenhum deles para Shawn
Mackenzie.
Esta noite, acabamos com isso e nos vingamos por nosso
menino.
A sede do clube estava escura, todas as luzes apagadas
para garantir que os Dead Dogs não pudessem ver nenhum de
nós lá dentro, já que todos os Harlequins do lugar se protegiam
das janelas e seguravam armas prontas para disparar.
Eu estava com Fox, meu pulso acelerado enquanto nos
protegíamos atrás de uma viga grossa que corria à direita da
maior janela do local. Sua mão esquerda pressionada na
parede ao lado da minha cabeça enquanto ele me encaixava
contra ela, minha coluna nivelada com os tijolos e seu peito
roçando no meu.
Ele segurava uma Glock na outra mão e outra arma
pendurada no cinto.
“Eu não gosto disso,” algum cara murmurou de sua
posição agachado sob a moldura da janela enquanto todos
esperávamos.
Luther estava à nossa esquerda, seu olhar fixo na vista
além das portas abertas enquanto segurava sua arma pronta.
“Aqui, gata selvagem,” ele murmurou, tirando minha
atenção da janela e mordi meu lábio inferior enquanto aceitava
a pistola que ele estava segurando para mim.
O peso era familiar agora e depois de praticar com JJ
todos os dias durante o último mês, eu estava confiante no meu
objetivo. Shawn não iria fugir de mim desta vez.
Fox rosnou como a porra de um cachorro enquanto
mudava seu peso, me prendendo contra a parede ainda mais
apertado.
“Ela não vai precisar disso até o fim da noite, quando ele
estiver amarrado aos pés dela esperando que ela acabe com
ele,” ele sibilou.
“Então você a deixaria desarmada e desprotegida até
então?” Luther perguntou, arqueando uma sobrancelha para
seu filho.
“Estou bem aqui. Ela tem mais proteção do que qualquer
outra pessoa neste lugar. E não vou deixar nada acontecer com
ela. Mas com uma arma própria ela é imprevisível. Ela
provavelmente vai tentar fugir e fazer alguma manobra maluca
como da última vez.”
Sufoquei o desejo de atacá-lo, lembrá-lo de que eu era
uma mulher totalmente capaz e que minhas acrobacias loucas
foram minha sobrevivência até esta data. Em seguida, estendi
a mão para tocar seu braço, sentindo a tensão em sua postura
enquanto meus dedos corriam sobre o músculo sólido de seu
bíceps flexionado.
“Eu não vou a lugar nenhum, Fox,” prometi a ele.
“Contanto que você não tente me tirar disso, prometo que
ficarei ao seu lado. Não vou sair por um único segundo. Ok?”
Fox baixou seu olhar para encontrar o meu, soltando um
suspiro lento enquanto assentia e recuava um pouco para me
dar algum espaço para respirar.
“Não posso te perder também, beija-flor,” ele murmurou,
a dor que todos sentimos por Chase rastejando no espaço entre
nós e assenti, apertando seu braço um pouco onde o segurei.
O som de um tiro rompeu o silêncio e de repente o lugar
inteiro virou uma carnificina.
Vidro se estilhaçou, homens gritaram e as balas rasgaram
o céu em todas as direções.
Tentei espiar pela janela, mas Fox me achatou contra a
parede, um rosnado em seu rosto quando ele se inclinou e
respondeu ao fogo.
Luther começou a berrar ordens para que seus homens se
concentrassem em Shawn e houve uma agitação quando
alguém gritou de volta, dizendo que acabara de vê-lo se
aproximando pela estrada oeste e que todos os que haviam se
posicionado lá estavam mortos.
“JJ,” engasguei, tentando passar por Fox enquanto a
arma na minha mão pesava sobre o que eu precisava fazer com
ela.
“Ele estava para o leste,” Fox rosnou. “Ele está bem.”
Eu sabia que isso fazia sentido em algum nível, mas ele
ainda estava lá fora e Shawn estava tão perto. Dentro do
alcance. E aquela parte sombria, zangada e furiosa de mim
ansiava pelo sangue que ele me devia mais furiosamente do
que eu poderia ter imaginado. “Vamos.”
Consegui correr em direção à porta, mas recuei com um
grito quando uma bala rasgou a madeira.
Um Harlequin rugiu de dor ao ser atingido no ombro e dois
dos outros membros da gangue o agarraram e começaram a
puxá-lo para longe da porta.
Luther saiu da cobertura com um sorriso maníaco
iluminando seu rosto enquanto ele se mantinha firme e atirava
com duas pistolas ao mesmo tempo, esvaziando-as antes de
pular para longe da porta no momento em que o fogo de retorno
rasgou a madeira.
Fox agarrou meu braço e me puxou de volta para ele, me
encaixando contra a parede novamente enquanto continuava
a atirar para fora da janela quebrada na escuridão além.
Sua arma tocou vazia e peguei um cartucho cheio de seu
cinto, recarregando para ele enquanto ele ejetava a vazia no
chão.
Fox chamou minha atenção com um meio sorriso que
rapidamente se transformou em uma carranca enquanto ele
voltava sua atenção para atirar para fora novamente. Seus
músculos estavam salientes com a tensão e o calor derramado
de seu corpo no meu enquanto ele me protegia. Teria sido
insanamente quente se não fosse pela nossa situação atual, ou
talvez fosse isso que estava deixando tudo ainda mais quente.
“Segure seu fogo!” A voz de Shawn berrou acima do clamor
de tiros e respirei fundo quando apertei minha pistola com
mais força. “Ou seu menino bonito aqui fica muito menos
bonito.”
Parecia que todos os Harlequins do clube estavam
prendendo a respiração e o medo torceu meu coração,
despedaçando-o em pedaços no meu peito antes mesmo de
conseguir me inclinar o suficiente para ver quem ele mantinha
como refém.
Sangue escorria pelo lado do rosto de JJ, encharcando sua
camisa branca e fazendo com que a mais horripilante sensação
de inevitabilidade passasse pela minha pele. Shawn estava de
pé atrás dele, uma arma pressionada firmemente contra sua
têmpora e um sorriso no rosto que dizia que ele sabia o quão
valioso era a arma que estava segurando.
“O que você quer?!” Fox rugiu, seu corpo inteiro parecendo
irradiar fúria quando ele pressionou seu peito contra o meu e
me achatou contra a parede como se pensasse que eu poderia
simplesmente correr para lá a qualquer momento. E talvez eu
gostasse.
“Que pergunta. Existem tantas respostas para ela
também,” disse Shawn, empurrando a arma contra a têmpora
de JJ com ainda mais força. “Quer dizer, quão longe estamos
indo aqui? Porque eu poderia querer mais alguns abraços
calorosos do meu pai. E se estou sendo totalmente honesto
com você, estou com fome agora, então um hambúrguer seria
bom. Também gostaria de uma pequena cidade bonita à beira-
mar com alguns armazéns adoráveis para armazenar todos os
tipos de mercadorias para mim e meus parceiros de negócios.
Eu adoraria um barco. Nada pratico, uma daquelas coisas
chiques que as pessoas ricas têm para merdas e risos. Um
chapéu bonito também não seria uma coisa ruim. Mas, acima
de tudo... diria que gostaria de sentir a lavagem dos cérebros
desse idiota respingando em meu rosto enquanto puxo o
gatilho e acabo com seu pequeno coração Harlequin de novo.”
“Pare!” Gritei, cambaleando em direção à janela quando
Shawn deu um passo para trás e bateu com o cano de sua
pistola na nuca de JJ. “Shawn, não, ele...”
Fox rugiu algo ininteligível quando saltou sobre mim, me
tirando e mandando nós dois rolando pelo chão coberto de
vidro no momento em que tiros soaram em meus ouvidos e
balas rasgaram o espaço onde eu estava parada.
“Segure a porra do fogo!” Shawn berrou do lado de fora e
o tiroteio terminou abruptamente quando me vi presa sob Fox
com lascas de vidro cravando em minha pele e com tanto medo
em meu coração que tive certeza de que seria despedaçada por
isso. “Acabei de pensar em algo que quero mais do que tudo
isso. Quero minha garota de volta. Quero essa bunda apertada
e seios empinados e essa boca carnuda que foi feita para tomar
meu pau. Eu a quero de joelhos e implorando por meu perdão.
E em troca, eu irei me levantar e ir embora. Arrumar minhas
coisas e sair da cidade. Podemos ter paz, seu menino aqui pode
ter a vida, e eu posso ter minha pequena mulher de volta
aquecendo minha cama, onde ela pertence. Que tal isso?”
O medo mordeu minha alma com suas palavras, com o
pensamento de fazer o que ele estava sugerindo, de voltar para
a garota que eu tinha sido quando estava com ele. Certamente
ele estava cheio de merda. Certamente não me queria agora por
qualquer motivo que não fosse para me punir e me destruir,
acabar comigo do jeito que pretendia da primeira vez. Não
acreditei por um segundo que ele desistiria desta guerra para
me trazer de volta. Mas talvez ele desistisse de JJ.
“Nem pense nisso, porra,” Fox rosnou, me mantendo no
lugar embaixo dele enquanto meu coração batia forte de terror
sobre o que eu estava considerando.
“É JJ,” murmurei, porque ele tinha que entender. Não era
sobre mim. Era sobre meu menino. O homem que eu odiava e
então cobiçava e nunca deixei de amar durante tudo isso.
“E você é você,” Fox rosnou, suas feições se contraindo de
aflição.
“Nem pense nisso, menina bonita!” JJ gritou de fora e o
som de uma arma disparando me fez gritar de medo absoluto.
Fox e eu corremos de volta para a janela e um soluço de
alívio escapou de mim quando espiei e encontrei Shawn com
sua arma apontada para o céu enquanto JJ ainda estava vivo
e ensanguentado diante dele.
“Que tal eu te dar uma contagem regressiva, docinho? E
se o seu doce traseiro não estiver aqui quando eu chegar a zero,
vou estourar os miolos desse aqui e todos podemos voltar a
tentar matar uns aos outros como planejado.”
“Shawn, não!” Gritei, minha voz falhando de pânico, mas
ele apenas sorriu cruelmente quando começou sua contagem
regressiva.
“Dez... nove...”
Me separei de JJ no momento em que alcançamos a
floresta na borda da sede do clube, quando um bando de Dead
Dogs nos emboscou. JJ tinha lutado como um maldito herói
para tentar voltar para dentro para alcançar Rogue e Fox, mas
o problema com os heróis era que eles sempre faziam merdas
idiotas. Por isso eu preferia o estilo de vida de vilão. Então
fiquei para trás, destripando tantos homens quanto pude e
agora olha? JJ foi pego e eu estava livre como um pássaro.
Rastejei por entre as árvores enquanto Shawn fazia uma
pausa em sua contagem regressiva para continuar se gabando
de sua vitória e revirei os olhos para o filho da puta. Seus
monólogos seriam sua ruína, mas eu, pelo menos, estava feliz
por ser o único a calá-lo.
“... e foi a primeira vez que destripei um homem com uma
faca de carne,” disse Shawn teatralmente. “O sangue dele tinha
uma cor vermelha tão rica, juro que nunca brilhou tanto em
nenhum outro cadáver que vi desde então, mas talvez o sangue
desse garoto seja tão bonito quanto seu rosto, hein? Agora
onde eu estava? Oh sim, seis... cinco... quatro... oh Fox, eu já
te contei sobre a vez em que inclinei Rogue sobre uma mesa e
comi sua doce boceta na frente de um espelho? Ela se tocou o
tempo todo, apenas olhando para mim metendo aquele buraco
apertado dela.”
“Cale a boca, porra!” Fox gritou do clube enquanto minha
pele coçava com as palavras de Shawn.
Continue falando, homem morto.
Um dos homens de Shawn estava bem à minha frente na
floresta e me movi silenciosamente atrás dele, minha faca em
minhas mãos. Me lancei para frente, batendo minha mão em
sua boca e dirigindo minha lâmina com força entre suas
costelas, sufocando seu grito enquanto ele morria. Eu estava
fazendo uma contagem mental de minhas vítimas que eu com
certeza colocaria em meu corpo mais tarde esta noite. Se
sobrevivesse tanto tempo.
Eu o abaixei nas sombras e passei por seu corpo, me
movendo mais perto do meu alvo enquanto limpava minha faca
no meu jeans, colocando-o de volta em seu coldre antes de
pegar minha arma.
“Falando em buracos, é melhor eu continuar colocando
um no seu irmão Johnny James, a menos que você queira vir
aqui, docinho?” Shawn ligou.
“Deixe-o ir, você pode me ter em vez disso,” Fox ofereceu
e Luther imediatamente gritou em recusa a isso.
“Não!” Rogue gritou, terror revestindo sua voz.
“Eu não quero você, Fox, quero sua garota,” Shawn riu. “E
você está com apenas três segundos agora para mandar minha
pequena prostituta aqui. Três, dois...”
Levantei minha arma, alinhando Shawn em minha mira e
mirando em suas costas. Fiquei tentado pelo tiro mortal, mas
prometi isso ao meu pequeno unicórnio. Eu teria certeza que
ele estava bem mutilado.
“Um e três quartos, um e meio...”
“JJ!” Rogue gritou. “Estou indo, estou...” sua voz foi
cortada e eu tive a sensação de que Fox era o responsável.
“Um e um quarto,” Shawn continuou.
Cale sua maldita boca.
Shawn apontou sua arma para JJ, pronto para tirar outro
dos meus irmãos do mundo, e sim, eu estava chateado com
Chase. Porque essa morte deveria ter sido minha. Foda-se se
significava mais para mim que isso. E foda-se se ainda me
machuca todos os malditos dias.
Meu lábio superior se puxou para trás quando o ódio e a
raiva diminuíram sob minha pele e eu puxei o gatilho.
O estrondo cortou o ar e Shawn foi jogado no chão com a
explosão, derrubando JJ com ele. Uma cacofonia de ruído
ecoou quando Fox e seus homens começaram a atirar e a
gangue de Shawn respondeu, a guerra descendo em um
instante.
JJ rastejou para longe, lutando para ficar de pé e corri em
direção a ele, atirando em um idiota Dead Dog vindo por trás
dele e jogando-o no chão como uma mosca. Puxei JJ para trás
em direção às árvores para me proteger, empurrando-o para a
floresta antes de me virar para pegar Shawn.
O filho da puta já estava de pé e através de sua camisa
rasgada, vi a porra de um colete Kevlar cobrindo seu corpo.
“Não,” cuspi enquanto ele corria para longe na multidão
de seus homens e convocava uma retirada enquanto os
Harlequins saíam da sede do clube.
Os Dead Dogs avançaram para a floresta e perdi Shawn
de vista, um rosnado saindo da minha garganta quando dei um
passo à frente para ir atrás dele. JJ pegou meu braço, me
arrastando de volta para as árvores e xinguei enquanto tentava
empurrá-lo para longe.
“Saia de cima de mim,” rebati, mas ele não me soltou,
cravando os calcanhares.
“Ele se foi,” ele insistiu. “E se você entrar nessa guerra, vai
acabar morto. Os Harlequins atirarão em você se os Dead Dogs
não atirarem.”
Eu tirei minha máscara de esqui e joguei em algum lugar
e me amaldiçoei por isso enquanto a sede de sangue bombeava
em meu peito. Naquele instante, eu não me importava se me
colocasse em risco, eu só queria Shawn ensanguentado e de
joelhos por Rogue. Eu não dava a mínima para o que isso me
custaria. Ele a machucou, ele matou Chase, ele...
“Maverick,” JJ latiu, me empurrando contra uma árvore
com tanta força que meu crânio se chocou com a casca. “Você
precisa sair daqui.”
Os tiros encheram a noite e os Harlequins invadiram toda
a área. Afastei suas mãos de cima de mim, determinado a
terminar o que vim fazer aqui, mas JJ ficou no meu caminho,
seu peito batendo contra o meu.
“Se você morrer, quebrará o coração dela. Ela não
aguenta, não depois de perder Chase,” JJ sibilou, agarrando
meu rosto com a mão para me fazer olhar para ele e vi a tristeza
em seus olhos, odiando como isso refletia algum pedaço
irregular da minha alma.
Eu o empurrei de volta com um grunhido, mas fui forçado
a reconhecer o desespero em seu olhar e franzi a testa
enquanto me perguntava se JJ realmente se importava comigo.
Ele realmente se importava se eu morresse hoje?
“JJ!” Rogue correu para as árvores, colidindo com ele e
jogando-o para trás um passo de mim enquanto ela o segurava.
Ele a abraçou com força, beijando sua cabeça enquanto
ela o agarrava como se o céu fosse cair se ele deixasse este
mundo, então ela se virou para mim, fechando a mão em
minha camisa e me puxando para mais perto. Seus lábios
encontraram os meus e enrosquei meus dedos em seus
cabelos, esmagando minha boca com mais força na dela
enquanto ela continuava a se agarrar a nós dois e nos manter
perto. Apesar de falhar com ela esta noite, ela tinha gosto de
vitória, como se eu estivesse pisando em minha terra natal pela
primeira vez depois de anos em batalha.
“Obrigada,” ela disse sem fôlego. “Você o salvou.”
“Não foi uma missão de resgate, linda,” falei com desdém.
“Eu só estava tentando acertar Shawn.”
Ignorei o olhar investigativo de JJ e roubei outro beijo de
Rogue, puxando-a totalmente para longe dele e agarrando sua
bunda enquanto pressionava minha língua em sua boca. Deus,
fazia muito tempo desde que eu a provei.
“JJ?!” Fox chamou ansiosamente, vindo em minha direção
e Rogue tentou se livrar dos meus braços, mas não a soltei,
beijando-a com mais força, possessividade, mostrando a quem
ela pertencia. E certamente não era o idiota correndo em nossa
direção.
“O que diabos, dê o fora dela!” Fox latiu e finalmente deixei
Rogue quebrar o beijo, mas a mantive apertada contra meu
corpo.
Eu me peguei olhando para o cano da arma do Foxy Boy
e arqueei uma sobrancelha para ele com tédio.
“Fox, acalme-se,” Rogue engasgou, levantando a mão para
tentar derrubar a arma, mas ele não a moveu.
“Sim, acalme-se, Foxy,” provoquei enquanto seu lábio
superior se puxava para trás e seu olho direito praticamente se
contraiu de fúria. “Ela está bem onde quer estar, não é,
menina?”
“Pare de ser um idiota,” ela exigiu. Mas essa resposta com
certeza não era uma negação.
JJ olhou entre nós com preocupação alinhando sua testa
e Fox se aproximou, seu dedo apertando em torno do gatilho
de sua arma enquanto a pressionava na minha testa.
“Deixei. Ela. Ir,” ele comandou em sua voz mais mandona
e eu bocejei provocativamente.
“Rick,” Rogue sibilou, ainda tentando se livrar dos meus
braços. “Não acho que ele está brincando.”
“Eu não estou,” Fox advertiu. “Você tem cinco segundos
para tirar as mãos dela.”
“Você realmente vai me matar, Foxy?” Perguntei
curiosamente. “Tem certeza de que pode me ver morrer?”
“Posso assistir com meus olhos bem abertos,” disse ele
com uma voz mortalmente calma. “Você caiu para três
segundos.”
“São longos cinco segundos,” apontei. “Cinco quatro três
dois um. Vê? Eu deveria estar morto agora. Você é tão ruim
quanto o fodido Shawn.”
“Deixe ela ir!” Ele rosnou e JJ segurou o braço de Fox,
tentando puxar a arma para baixo.
“Fox,” JJ rosnou, tentando fazê-lo olhar para ele. “Pare.”
“Aww, até seu melhor amigo pensa que você é um idiota.
Deve ser uma vida triste a que você leva atualmente, Foxy,”
provoquei.
“Fox, abaixe a arma,” Rogue ordenou, ainda tentando
escapar da gaiola de meus braços, mas eu sabia que assim que
a soltasse ela seria tirada de mim novamente e eu não sabia
quando veria de novo. Claro, a outra opção era ter meu cérebro
estourado, mas eu era um idiota teimoso, então poderia
escolher essa opção ao invés de ser intimidado por Fox
Harlequin.
“Abaixe a arma, filho,” a voz estrondosa de Luther me
alcançou e dei a meu ex pai adotivo um olhar seco quando ele
apareceu.
“Bem, esta não é uma reunião de família divertida?” Falei
impassível.
“Fox, isso foi uma ordem,” Luther disse bruscamente e Fox
rosnou de frustração antes de abaixar a arma.
Os ombros de JJ relaxaram e ele pegou a mão de Rogue.
“Vamos, menina bonita.”
Eu a puxei com mais força contra mim, arrastando-a para
trás por entre as árvores e me perguntando se eu poderia
chegar à minha moto com ela por cima do meu ombro e esses
três idiotas me perseguindo.
“Rick, pare com isso,” disse ela, empurrando meus braços.
“Nah, estou bem, linda. Acho que estou com vontade de
sequestrar você e levá-la de volta ao meu covil.” Deixei cair
minha boca em seu ouvido, puxando-o entre os dentes e Fox
parecia que estava prestes a explodir um vaso sanguíneo
quando o encarei bem nos olhos. O que era mais uma razão
para continuar fazendo isso.
“Rick, isso é o suficiente. Deixe ela ir. Ela precisa ir para
casa, não é seguro aqui,” Luther disse com firmeza.
“Acho que sei como mantê-la segura, obrigado pai,”
zombei.
“Que tal você deixá-la tomar sua própria decisão?” JJ
empurrou.
“Não,” falei.
“Rick,” ela retrucou. “Pare de ser um idiota e me deixe ir.”
Suspirei de frustração quando ela empurrou meus braços
novamente e finalmente a soltei. Ela deu um passo para trás e
senti a distância entre nós crescendo como um mar
intransponível.
“Venha para casa, Rogue, precisamos fazer planos contra
Shawn,” Luther pediu e olhei para o filho da puta, alcançando
a arma em meu quadril. Talvez eu apenas matasse todos eles
agora e me livrasse de todos os meus problemas de uma vez.
Ela deu mais um passo em direção a eles e me lancei sobre
Rogue, planejando pegá-la afinal, mas ela já estava se
afastando para se juntar a eles e no segundo que ela se
aproximou o suficiente, Fox fechou um braço em volta de seus
ombros, zombando de mim em um claro aviso.
“Eu preciso ir, Rick,” ela disse para mim com uma
carranca. “Vejo você em breve.”
“Não se eu tiver algo a ver com isso,” disse Fox entre os
dentes.
“Bem, ela não é sua propriedade, Foxy, ela pode fazer o
que quiser,” disse eu, uma ameaça em meu tom.
“Pare de ser alfa.” Rogue tentou escapar do aperto de Fox,
mas estava claramente tão apertado quanto o meu e JJ se
moveu para flanquear seu outro lado, virando-se e levando-a
embora enquanto Luther permanecia lá nas sombras. Ela
olhou para mim em adeus e o que restou do meu coração foi
com ela, a frustração passando por mim.
“Há uma cama para você naquela casa também,” meu
louco pai adotivo ofereceu.
“Obrigado, mas acho que prefiro desfrutar de alguma
atividade igualmente divertida esta noite, como me esfolar
vivo.” Virei minhas costas para ele, espreitando para as árvores
enquanto me dirigia para minha moto com meu humor caindo
em um buraco negro.
Quando cheguei ao cais, fiquei tentado a me amarrar a
minha moto e sair correndo. Em vez disso, embarquei no barco
que usei para chegar aqui e comecei a atravessar a água em
direção à Dead Man’s Island, minha alma um pouco mais
enegrecida e sozinha do que o normal.
Mia estava no complexo hoje e ela perguntaria sobre como
meu tratamento estava indo. Porque sim, eu agora tinha que
fingir que tinha meu pau apodrecendo para não ter que enfiar
nela, uma ideia que tive de Rogue depois que ela me disse que
JJ estava usando a desculpa para evitar seus acompanhantes.
Meu tempero especial para essa ideia não foi contar a Mia
especificamente o que eu tinha, porque eu estava 'com
vergonha' de falar sobre isso. O que quer que fosse,
aparentemente, durava semanas e era altamente contagioso,
então estava funcionando. Mas sua paciência estava se
esgotando e ela estava começando a questionar minhas
mentiras idiotas um pouco mais do que eu estava confortável.
Eu tinha que mantê-la doce por mais algum tempo, porque a
próxima noite de pôquer de Kaiser Rosewood estava se
aproximando e eu tinha certeza que ele iria estender o convite
para mim desta vez. Contanto que Mia não me largasse antes,
eu poderia finalmente ter a chance de ir para a propriedade de
Rosewood e verificar a cripta onde todo o nosso futuro estava.
E depois daquela exibição de boceta alfa esta noite de Fox,
eu estava mais faminto do que nunca para continuar com meu
plano para destruí-lo. Quando estivesse pronto, eu cavalgaria
para o pôr do sol com Rogue e aproveitaria nosso período de
lua de mel até que ela usasse todo o bem que restava em mim
e eu me afogasse no mar do mal, esperando para me reclamar.
Então meu revólver me ofereceria finalmente paz e minha curta
e torturante vida na terra finalmente terminaria.
Sentei do outro lado da mesa com Fox enquanto ele comia
cereal agressivamente para mim e bocejei em volta da minha
fatia de torrada.
“Fale logo, Texugo, ou você vai ficar com prisão de ventre.”
Os olhos de Fox se estreitaram e ele jogou a tigela sobre a
mesa, deixando cair a colher dentro dela com um barulho que
imaginei ter sido feito para me fazer estremecer.
“Já tive babacas mais malvados do que você tentando me
intimidar, Fox. Então, se você se diverte assustando as
pessoas, terá que trabalhar mais comigo,” comentei, dando
uma mordida na minha torrada.
Era cedo. Muito cedo. Mas fui acordada pela sensação de
um animal irritado rondando meu espaço e encontrei Fox
sentado em uma cadeira aos pés da minha cama, me
observando dormir como um psicopata. E eu sabia que não era
a primeira vez. Então gritei com ele e chamei-o de louco e ele
saiu da sala de novo, batendo a porta com tanta força que as
paredes tremeram.
Tomei um banho, me vesti com uma das camisas de Chase
e um par de shorts e agora eu estava sentada aqui plena hora
da madrugada tendo um confronto com um líder de gangue.
Eu estava ficando velha demais para essa merda.
“Bem, me desculpe se não consigo descobrir que porra é
essa que você gosta,” Fox retrucou. “Porque se estou julgando
pelo seu ex-namorado psicopata que tentou nos matar na noite
passada e o filho da puta que colocou a língua na sua boca
quando eu encontrei você e JJ na floresta, eu só posso assumir
que o comportamento idiota te excita.”
Um milhão de respostas sarcásticas surgiram em meus
lábios e eu estava prestes a começar a lançá-las em seu rosto,
mas algo sobre o olhar em seus olhos me fez parar.
“Eu gosto de você, Fox,” suspirei. “Mas você simplesmente
não gosta de mim.”
“Besteira. Gosto de tudo em você,” ele respondeu
imediatamente.
“Então você gosta de pensar sobre o que eu e Rick fizemos
na Dead Man’s Island?” Eu atirei de volta.
“Isso não é o mesmo que não gostar de você,” ele rosnou.
“Tudo bem. Esqueça a minha vida sexual então. Você
gosta de pensar em mim e no Shawn passando tanto tempo
juntos? Gosta de imaginar como eu estava com ele? Como ele
me encontrou quebrada e sangrando por dentro, que foi o que
o atraiu para mim? Você já pensou sobre por que eu estive com
ele por tanto tempo? Ou sobre como minha vida deve ter sido
uma merda para eu ter preferido ser seu brinquedo em vez de
ter uma vida nas ruas? Ou você apenas fica com tanta raiva
quando pensa e mim transando com ele que nem mesmo
ocorre a você se perguntar sobre o resto da minha vida fora de
quem eu dei acesso à minha boceta?”
“Como é que eu vou pensar sobre quando você não vai me
contar?” Fox perguntou.
“Tudo bem. Pergunte.”
Os olhos de Fox brilharam com alguma emoção que não
consegui identificar e ele se inclinou para frente, apoiando os
antebraços na mesa que nos dividia.
“Ele bateu em você?” Ele perguntou-me.
“Não. Não antes da noite em que ele tentou me matar,”
respondi. “Eu disse antes que eu tinha regras. Eu não toleraria
traição ou apanhar. Se um cara me quisesse exclusivamente,
ele me faria o mesmo favor e me recusei a ser o saco de
pancadas de qualquer pessoa.”
“Então é isso, no que diz respeito aos seus padrões? Quem
se importa se eles eram idiotas, desde que não batessem em
você ou deixassem seu pau em outra?”
“É isso, Fox. Se você quer que eu me oponha a namorar
idiotas, então eu não acho que nós dois temos muita chance
de ficarmos juntos.”
O canto dos lábios de Fox se ergueu no fantasma de um
sorriso e suspirei, terminando a última mordida na minha
torrada e subindo na mesa. Mudei de posição e empurrei sua
tigela vazia de lado para que pudesse sentar na frente dele e
descansar meus pés em seu colo.
Fox imediatamente enrolou seus dedos em volta dos meus
tornozelos e o calor de sua pele contra a minha era como um
bálsamo para a dor que vivia em mim.
“Diga-me,” ele murmurou enquanto eu estendia a mão
para empurrar meus dedos em seu cabelo loiro bagunçado e
ele fechou os olhos por um momento como se estivesse
saboreando aquele toque.
Eu não gostava de falar sobre. Inferno, nem gostava de
pensar nisso, mas estava começando a ver que teria que dizer
a ele se íamos descobrir uma maneira de superar isso, então
respirei fundo e me preparei para fazer apenas de uma vez.
“Eu não percebi a princípio,” murmurei, minha pele
formigando enquanto as memórias da garota que fui por
Shawn fizeram cócegas no meu subconsciente. “Mas depois de
alguns meses nos agarrando e saindo, vendo-o em festas e ele
aparecendo no apartamento que eu dividia com alguns outros
caras quando estava com tesão, ele me disse que não me queria
onde não conseguia mais me encontrar o tempo todo. Disse
que se eu fosse sua garota, ele cuidaria de mim, e eu não teria
que me preocupar com idiotas me rondando, tentando tirar
algo que era dele.”
Fox rosnou com essa palavra, seu aperto em meus
tornozelos aumentando como a ideia de Shawn ter qualquer
tipo de reclamação sobre mim queimou por dentro.
“E daí? Ele levou você com ele?”
Assenti. “Ele tinha algumas propriedades aqui e ali, nada
extravagante, mas disse que eram casas seguras para se
alguma coisa desse errado e ele precisasse de um lugar para
onde correr.” Fox acenou com a cabeça e eu tinha certeza de
que era algo que ele e sua equipe tinham por toda a cidade
também. “Então ele me hospedou em um pequeno
apartamento não muito longe de sua casa e, por um tempo,
tudo parecia ótimo. Eu nunca tive nenhum espaço para mim
mesma, e paguei a ele algumas centenas de dólares por um
mês de aluguel, que ele sempre ria, mas mesmo assim pegava
meu dinheiro, dizendo que eu poderia ser uma mulher
independente se quisesse.”
“Onde você estava conseguindo esse dinheiro?”
Dei de ombros. “O de sempre. Executando trabalhos,
roubando carros. Havia um desmanche não muito longe do
meu apartamento e eu poderia roubar o que precisasse.”
“Certo, então você foi um pouco independente,” Fox disse
a palavra como se odiasse e eu bufei.
“Claro que não. Mas não vi isso, acho. Para ser honesta,
não acho que queria. A vida era fácil. Fácil pra caralho. Eu não
tinha que dormir com um olho aberto ou me preocupar com a
próxima pessoa esperando para me foder. E depois de oito anos
dessa merda, eu estava muito cansada. Shawn me ofereceu um
adiamento e aceitei porque estava cansada de lutar contra a
maré a cada dia maldito só para sobreviver.”
“Nunca vou ser capaz de dizer que sinto o suficiente ao
longo desses anos,” disse Fox, movendo as mãos na parte de
trás das minhas panturrilhas enquanto ele se inclinava para
mim. “Nunca quis nada tanto quanto desejo fazer tudo de novo
com você. Voltar àquela noite quando você matou Axel e fazer
tudo diferente. Talvez pudéssemos ter ligado para o meu pai.
Ou talvez devêssemos apenas ter corrido ali mesmo e nunca
mais olhado para trás.”
Engoli um nó na garganta e balancei a cabeça. “O passado
já está escrito,” murmurei. “E o futuro está fora de nossas
mãos. Tudo o que temos é o agora.”
“Bem, agora, tudo que eu quero é segurar você em meus
braços e nunca mais soltar,” Fox rosnou, tentando me puxar
para baixo em seu colo, mas eu recuei.
“Esse é o problema, porém, Fox,” falei, movendo minha
mão direita de seu cabelo para baixo para deslizar a linha de
sua forte mandíbula enquanto ele olhava para mim com
aqueles profundos olhos verdes dele. “Não posso ser cativa de
alguém de novo. A garota que eu era quando estava com
Shawn...”
Parei e desviei o olhar dele, mas ele pegou meu queixo e
me fez encontrar seu olhar novamente.
“Diga-me,” ele ordenou, segurando-me lá.
“Eu nem tenho certeza de quando começou,” falei
lentamente, tentando explicar. “Aconteceu tão devagar, aos
poucos, como esta parede sendo construída em torno de mim,
um tijolo de cada vez. Nunca notei nenhum dos tijolos quando
eles foram colocados, mas um dia me vi presa dentro de uma
parede que não conseguia lembrar de como escalar mais.”
A confusão nos olhos de Fox, juntamente com a dor que
eu podia ver por não entender, me empurrou para continuar,
e soltei um suspiro enquanto continuava.
“Às vezes ele ligava e dizia para me vestir bem para ele e
ir, então eu faria. Mas então ele me dava um olhar quando eu
chegava como... não sei explicar, mas eu saberia que ele fodeu
tudo. Ele dizia algo como: 'meus homens pensaram que minha
garota estava vindo me ver ou eles presumiram agora que eu
contratei uma prostituta.' Então, da próxima vez que ele me
dissesse para ir, eu usaria algo que me cobrisse mais, e agora
que olho para trás, não consigo nem entender porque fiz isso.
Porque estava tão decidida a agradá-lo ou atendendo a esse
padrão impossível que ele estabeleceu, mas... eu fiz. Então, de
qualquer maneira, ele olharia para mim e diria algo como, 'Puta
merda, você está uma delícia, docinho. Que porra eu fiz para
merecer essa merda show de roupa?' Isso me fez sentir... como
se eu estivesse sempre sentindo falta da aprovação que ele
estabeleceu e meio que odiei isso, mas também estava meio
entorpecida. Ainda era o melhor que eu tinha desde que saí
daqui. E então ele ria e batia na minha bunda e me dizia para
não parecer tão fodidamente triste, a menos que eu estivesse
esperando chupar seu pau. Ele ligaria o feitiço novamente ou
começaria uma de suas histórias de merda e eu esqueceria
disso. Continuamente.”
“Rogue,” Fox rosnou, mas coloquei meus dedos em seus
lábios porque eu precisava tirar isso para não ter que ficar
cutucando essa crosta.
“Ele pressionou com mais força quanto mais tempo
ficamos juntos, mas por alguma razão eu simplesmente
continuei voltando para mais. Não senti a dor dessas palavras
como sabia que deveria. Eu não tinha nada dentro de mim para
me preocupar. Eu era apenas este corpo vazio para ele usar,
tentando me importar com algo o suficiente para que fizesse
sentido. Sexo era uma fuga para mim, mesmo que eu tivesse
que me fazer gozar. Eu podia sentir. Então às vezes ele me dizia
que eu parecia uma vagabunda e eu simplesmente caía de
joelhos e começava a chupar seu pau, porque então não era
mais um insulto e sim uma verdade. Então ele estava gemendo
e agarrando meu cabelo e me chamando de uma boa
vagabunda, sua prostituta, mas não como se gostasse, mais
como se ele estivesse meio enojado comigo, e acho que, em
retrospecto, eu não estava bem, mas na hora parecia que
estava. E era melhor do que a alternativa de qualquer maneira.
Porque se eu o deixasse, não teria nada e ninguém novamente
e eu estava tão cansada de ficar sozinha. Eu estava melhor
aquecendo sua cama e sendo sua putinha boazinha do que
estaria lá fora.”
“Eu vou destruí-lo antes de matá-lo, porra,” Fox rosnou e
eu pude ver o quanto minhas palavras o estavam machucando,
mas ele precisava entendê-las se quisesse me entender.
“Não foi tudo assim. Ele me comprava flores e me chamava
de bonita às vezes. Ele me trazia para ver sua mãe e me
mostrava o tempo todo, dizendo a ela como estávamos
apaixonados e como ele estaria dando seus netos em breve. Eu
não queria e ele também não, mas era uma bela mentira
sempre que íamos até a casa dela. Mas a cada dia que eu
passava com ele, mais tijolos eram adicionados àquela parede.
Eu era dele e estava sozinha ao lado dele. E agora você quer
me trancar nesta casa e eu... simplesmente não posso voltar a
ser como...”
Fox se levantou de repente e me puxou para seus braços,
apertando-me com tanta força que senti como se meus ossos
fossem quebrar, embora eu nunca quisesse que ele parasse
também. Eu só queria ficar aqui, segura em seus braços como
desejei poder tantas vezes no fundo do meu coração.
“Eu nunca faria de você uma prisioneira assim,” ele jurou,
seus músculos tremendo com uma raiva mal contida enquanto
ele lutava para ficar lá comigo em vez de sair correndo daqui
em busca do fodido Shawn. “Só quero que você fique segura.
Quero que você esteja aqui. Quero cuidar de você e provar para
você...”
“Você me jogou fora,” sufoquei, empurrando contra ele até
que ele foi forçado a me soltar e fiquei lá olhando para ele com
lágrimas nos olhos. “Você me jogou na lama e me disse para
nunca mais voltar, Fox. E eu entendi. Entendo que nenhum de
vocês realmente queria isso e sei que Luther forçou sua mão.
Talvez possa até perdoá-lo por isso. Mas não muda o que
aconteceu. Não muda o que isso desencadeou. O único lugar
onde eu estava realmente segura era aqui e então eu não estava
mais aqui, e eu era apenas uma porra de criança. Então fiz o
que tive que fazer e não gosto da pessoa que isso me
transformou ou das coisas que me forçou a fazer, mas de
alguma forma encontrei meu caminho de volta aqui e estou
realmente tentando recuperar os pedaços de mim que já
estiveram aqui. Não quero mais ser essa garota cansada e
destruída, Fox. Mas, mais do que isso, não quero ser o
brinquedo de um homem nunca mais. Não posso ser sua
prisioneira, mesmo que as paredes que você construiu ao meu
redor sejam feitas de amor. Eu preciso respirar. Preciso fazer
minhas próprias escolhas e decidir do meu jeito e não posso
aceitar nada diferente disso. Não dá.”
“Você não pode esperar que eu simplesmente pare de
querer protegê-la,” disse ele desesperadamente, dando um
passo à frente enquanto eu recuava. “Não quero cortar suas
asas, beija-flor. Eu só quero você a salvo.”
Acenei com a cabeça porque eu entendi. Mas não poderia
continuar assim. “Sua versão de segurança vai nos quebrar,”
sussurrei, odiando a maneira como minhas palavras o
atingiram, mas precisando dizê-las de qualquer maneira.
“Esperei dez anos para reivindicar uma vida para mim e agora
você é a única coisa que está entre mim e isso. Quero que
minha liberdade inclua você, Fox. Mas não posso ser mais uma
prisioneira.”
Fox abriu a boca, em seguida, passou a mão pelo rosto
antes de se virar e se afastar de mim. Observei confusa
enquanto ele se dirigia para a cozinha e abria uma gaveta. Ele
vasculhou e voltou com um molho de chaves para mim,
pegando minha mão e colocando-as na palma da mão ao lado
de uma faca pesada.
“Quero que você mantenha esta faca com você o tempo
todo. Por favor, não use essas coisas para fazer qualquer coisa
insana. Só quero mantê-la aqui porque preciso que fique
segura. Mas eu ouvi você e me fere pensar em você vivendo
assim com aquela porra de monstro. Você precisa saber o seu
valor, beija-flor, e eu juro, você não tem preço. Aquele idiota
também viu e quis prendê-la para mantê-la para si mesmo,
mas não serei isso com você de novo. Não quero que você esteja
aqui porque estou mantendo a porta trancada. Quero que você
esteja aqui porque é onde você pertence. E confio em você para
tomar essa decisão quando você estiver pronta para me dar o
seu coração, não importa o quão quebrado possa estar.”
Fox se abaixou e deu um beijo na minha testa, então se
virou e se dirigiu para a saída, pronto para sair em sua corrida
matinal. Ele tentou fazer cócegas nas orelhas de Mutt ao
passar por ele, mas meu cachorrinho virou a bunda em sua
direção e marchou na direção oposta, onde se enrolou no chão
ao lado da cama chique que Fox comprou para ele. Não nela.
Eu tinha certeza que aquele cachorro guardaria rancor de Fox
por gritar com ele até o fim dos tempos.
Fox me deixou lá e eu torci o molho de chaves entre meus
dedos antes de suspirar e deixá-las cair na bancada.
Inspecionei a faca um pouco mais de perto, franzindo a testa
ao ler o nome de Maverick nela e me lembrando de quando
éramos crianças. Luther deu a cada um deles uma lâmina, mas
acidentalmente entregou o nome errado para cada um. Eles
decidiram manter aquelas com os nomes um do outro e as
carregaram para todos os lugares desde então. Eu abaixei a
lâmina, me perguntando se eu realmente estava tendo minha
liberdade quando comecei a limpar depois do café da manhã.
JJ emergiu quando terminei de lavar a louça e franzi a
testa enquanto ele desabava em uma cadeira na mesa do café
da manhã, parecendo abatido.
“E aí?” Perguntei curiosamente, jogando um pouco de
torrada para ele e servindo-lhe um café.
“Minha parte deve ser paga em dois dias e acabei de falar
com Estelle no clube e não tenho o suficiente para dar a
Luther.”
“Isso é normal?” Perguntei curiosamente, percebendo que
também não tinha dinheiro para dar a Luther. Mas,
novamente, nunca fiz nenhuma promessa de dar a ele uma
merda além de sua família reunida e a cabeça de Shawn em
um saco, então eu não estava preocupada.
“Eu costumava ter mais do que o suficiente todos os
meses. Mas, recentemente, tem sido um pouco mais difícil
reunir o dinheiro.”
“Por quê?” Perguntei.
JJ pigarreou e desviou o olhar de mim. “Não se preocupe
com isso, menina bonita, eu vou descobrir um jeito.”
Fiz uma careta com essa declaração, me perguntando por
que ele não queria me dizer antes de descobrir por mim mesma.
“É porque você parou de fazer programa quando
começamos a nos agarrar,” falei, sabendo que essa era a
resposta sem precisar formá-la como uma pergunta.
JJ estremeceu um pouco, então acenou com a cabeça. “É
minha própria culpa, na verdade. Depois que entrei no jogo de
encontros, eu meio que vi como dinheiro fácil. Quero dizer,
claro, tive que apagar minhas emoções e jogar com todos os
tipos de besteiras, mas eu estava ganhando dinheiro. Acho que
Luther se acostumou com o fato de eu conseguir puxar esse
tipo de dinheiro regularmente e agora ele espera isso. Sei que
Fox me protegeria se eu dissesse que queria sair desse lado do
jogo, mas ele também vai querer saber o porquê...”
Franzi os lábios e inclinei-me sobre a ilha da cozinha.
“Talvez seja hora de contarmos a verdade a ele, então,” sugeri.
“Qual o pior que pode acontecer?”
“Você está brincando comigo? Você viu o pior que poderia
acontecer quando ele descobriu que Chase o traiu. E ele nem
mesmo foi contra uma ordem direta. Na verdade, foda-se, você
não viu o pior que poderia acontecer porque ele baniu Chase
em vez de atirar nele ali mesmo na praia.”
“Fox não teria...”
“Há muita coisa que você não sabe sobre Fox atualmente,
Rogue,” JJ rosnou. “Ele não é apenas o número dois de Luther
porque é seu filho. Ele é um maldito animal quando tem que
ser. Brutal, implacável e tão cruel quanto eles vêm. Eu vi o que
ele faz com os homens que o traem e tanto quanto eu posso
gostar de pensar que ele ser meu irmão significa algo que pode
me salvar daquela ira, tive evidências mais do que suficientes
para provar que não. Odeio mentir para ele e juro que não faria
se fosse qualquer outra coisa, mas...”
O olhar que ele me deu derreteu meu coração em uma
poça no meu peito e me encontrei caminhando ao redor da ilha
da cozinha para ele antes que minha mente pudesse entender
o que meu corpo precisava.
JJ girou em seu banquinho e me coloquei entre suas
coxas, passando minhas mãos em seu peito até que estavam
presas na parte de trás de seu pescoço e eu estava olhando
diretamente em seus olhos castanhos mel.
“Eu não estou desistindo disso por nada, J,” prometi a ele,
empurrando meus dedos em seus cabelos e respirando-o.
“Você é meu raio de sol quando sou pega no escuro. Você me
faz sentir viva mesmo quando estou lutando para me controlar.
Você faz sentir que valho alguma coisa, mesmo quando é difícil
ver isso. Você é minha rocha, Johnny James. Acho que preciso
de você mais do que do Power Ranger Verde.”
Uma risada escapou dele e roubei o sorriso em seus lábios
pressionando os meus contra ele e absorvendo-o. Suas mãos
envolveram minha cintura e ele me puxou para mais perto,
gemendo enquanto eu empurrava minha língua em sua boca e
envolvia meus braços direito em volta dele.
“Nunca me deixe ir, menina bonita,” JJ murmurou, seus
olhos brilhando com a vulnerabilidade que me feriu
profundamente.
“Nunca,” rosnei, surpresa com o quanto eu quis dizer isso.
Não me permiti entrar em fantasias do futuro porque aprendi
minha lição anos atrás, mas sabia no meu coração que não
importava o que acontecesse, queria este homem aqui comigo.
JJ me levantou de repente e gritei quando minha bunda
bateu na ilha da cozinha, mas por mais tentada que eu
estivesse de aproveitar a vantagem de Fox estar fora pela
próxima hora, havia algo mais importante com o qual
precisávamos lidar, então o pressionei de volta.
“Nada de sexo até resolvermos nosso probleminha,” falei
com firmeza e JJ gemeu.
“O único problema que tenho agora é que todo o sangue
do meu corpo correu para o meu...”
“Precisamos administrar um trabalho para conseguir o
dinheiro que você precisa para pagar Luther,” falei com
firmeza. “De jeito nenhum vou permitir que você pare e
enfrente a ira daquele idiota, muito menos o fato de que isso
traria algumas perguntas para Fox para as quais não temos
uma resposta fácil agora. Então, você e eu vamos correr com
um trabalho e quando você tiver o dinheiro de que precisa, vou
considerar deixá-lo entre minhas coxas, mas até então suas
bolas estão oficialmente congeladas.”
“Rogue,” JJ bufou em protesto, tentando empurrar para
frente, mas me inclinei nos cotovelos e coloquei meu pé
descalço contra seu peito para segurá-lo enquanto levantei um
dedo para dizer a ele para ficar em silencio.
Peguei meu celular do bolso, em seguida, rapidamente
disquei para a minha nova amiga de calças extravagantes.
“Ei, Rogue, onde diabos você esteve?” Tatum perguntou
enquanto atendia a ligação e sorri enquanto a informava sobre
a semana passada, enquanto JJ permanecia exatamente onde
estava, seu olhar vagando por mim enquanto ele fazia beicinho
por ter seu pau bloqueado. Eu tinha conversado um pouco com
Tatum nas últimas semanas, meu status de bloqueio na casa
de Fox significava que eu só podia manter contato com minhas
amigas por telefone ou mensagem recentemente.
“Eu estava realmente esperando que você pudesse ter
algum babaca rico que queira ver se ferrar para ser um ganho
para mim. Precisamos ser capazes de pegar merdas que
possamos vender facilmente, nada muito difícil.”
“Que tal dinheiro?” Tatum perguntou tentadoramente e eu
sorri.
“Isso seria um inferno de sim.”
“Um vizinho nosso é totalmente desprezível e também
adora exibir seu dinheiro como se estivesse saindo de moda.
Na verdade, ele está irritando Saint recentemente porque
estaciona de forma errada ou alguma merda e...”
“Ele estacionou o carro em um ângulo desagradável
puramente para me enfurecer,” a voz de seu namorado veio do
fundo da ligação. “Eu o informei de seus padrões pouco
civilizados e no dia seguinte ele novamente estacionou em uma
linha branca. Estou trabalhando em um plano para...”
“Então, sim,” Tatum interrompeu novamente. “Saint iria
adorar se você derrubasse ele com um pino ou dois e o idiota
sempre se gaba de que ele carrega cerca de dez mil em dinheiro
aonde quer que vá, então será um dia de pagamento fácil para
você.”
“Parece bom. Então, devemos simplesmente bater nele na
casa dele, ou...”
“Ele tem uma partida de tênis matinal hoje, da qual
voltará entre dez e treze a dez e vinte e sete,” Saint
interrompeu. “Peço desculpas por não ser capaz de ser mais
preciso do que isso, mas seus horários não são cumpridos tão
estritamente como eu preferiria. Ele estará dirigindo um Audi
vermelho horrível e pegará Cool Springs Street de volta para
casa. Ele está na estrada agora e se você quiser pegar o veículo
dele e destruí-lo, lhe darei pessoalmente mais cinco mil.”
“Errr, porra, sim,” falei, olhando para a hora.
Precisávamos pegar a estrada agora se íamos pegar o cara do
clube pós-tênis, mas parecia um pagamento que valia a pena
para mim. “Vou tirar uma foto do carro para você assim que
terminarmos de fodê-lo.”
“Divirta-se,” Tatum riu e eu desliguei.
“Vamos, Johnny James. Temos um trabalho a fazer.”

####

O sol batia nas minhas costas enquanto eu ficava de pé


inclinada sobre o capô aberto do meu Jeep com meu short
curto e minha bunda pendurada na parte inferior dele. Eu
tinha largado minha camisa e agora estava usando um top de
biquíni azul e estava usando uma peruca de ébano com um
corte curto e um par de grandes óculos de sol pretos que
cobriam metade do meu rosto.
JJ estava sorrindo para mim de sua posição agachado fora
de vista na estrada, apreciando a vista enquanto eu fingia
mexer no motor do meu carro que estava bloqueando a estrada
exatamente onde esperávamos que nossa presa aparecesse a
qualquer momento.
E bem na hora, o rugido de um motor caro se aproximando
trouxe um sorriso ao meu rosto. Levantei meu quadril
enquanto continuava a brincar de mecânico para nossa presa
desavisada.
O ruído do motor caiu para um ronco baixo quando ouvi
o carro estacionar ao meu lado, mas não olhei em volta até
ouvi-lo me chamar.
“Ei, err, senhorita, você está bloqueando a estrada.”
“Você poderia me ajudar?” Chamei, ficando toda donzela
indefesa sobre ele enquanto acenava com a mão para o motor
e mordia meu lábio. “A tampa d'água caiu lá e não consigo
alcançá-la, não importa o quão longe eu me curve.” Inclinei-me
para dar um exemplo e um show e sorri para JJ quando o som
da porta do carro do cara se abrindo se seguiu.
JJ sumiu de vista em volta do meu carro enquanto o cara
deixou o motor ligado e caminhou até mim. Ele tinha o cabelo
loiro penteado para trás e uma combinação de camisa e calça
que gritava idiota rico para todo o mundo ver.
“Eu tenho um homem para quem posso ligar para vir te
dar um reboque?” Ele ofereceu e pude sentir seus olhos
rastejando por toda a minha carne enquanto ele fazia isso.
“Minha casa fica um pouco mais adiante na estrada, então você
pode vir e esperar lá se quiser?”
Olhei para cima e olhei por cima do ombro, lançando-lhe
um sorriso quando vi JJ deslizar para trás do volante do carro
chique do cara. “Oh, eu não acho que isso será necessário,”
falei docemente. “Se você puder pegá-lo para mim, vou ficar
bem. Embora não diga não para uma bebida entre novos
amigos.”
O cara sorriu para mim, em seguida, deu um passo à
frente enquanto eu recuava, facilmente agarrando a tampa e
colocando-a de volta onde pertencia.
No momento em que ele baixou o capô do meu carro de
volta para baixo e estava sorrindo em triunfo, já pulei atrás do
volante e peguei a pistola da porta. Mutt se animou no banco
do passageiro, inclinando a cabeça enquanto assistia ao show
como se ele também estivesse no golpe.
Liguei o carro e gritei animadamente quando o cara se
moveu para a minha janela.
“Muito obrigada,” falei emocionada quando ele cruzou os
braços no topo da minha janela aberta e se inclinou para olhar
para mim.
“O prazer é meu.”
“Você poderia fazer mais uma coisa, bem pequena, para
mim?” Perguntei docemente e ele acenou com a cabeça.
“Claro. Qualquer coisa.”
“Entregue sua carteira e aquele lindo relógio que você está
usando, garotão.” Levantei a arma e apontei para seu rosto e o
pobre filho da puta realmente gritou em alarme, seus olhos
girando em volta, apavorado. “Depressa, cara. Eu não tenho o
dia todo e meu dedo está ficando nervoso.”
O cara entrou em ação e rapidamente arrancou o relógio
do pulso, jogando-o para mim antes de seguir com sua carteira,
que estava cheia de dinheiro verde, verde.
Sorri para ele, coloquei meu carro em movimento e saí em
disparada com JJ na minha bunda em seu Audi vermelho
roubado.
A risada saiu dos meus lábios quando o filho da puta rico
gritou de horror, percebendo que estava perdendo seu carro
também, mas estávamos muito longe antes que ele pudesse
sequer pensar em fazer qualquer coisa para tentar nos impedir.
JJ pisou no acelerador, seu carro esporte chique dando ao
meu sexy pequeno Jeep uma corrida pelo dinheiro dela
enquanto rasgávamos as estradas vazias em direção ao outro
lado da cidade, onde ficavam as docas.
Tirei a peruca e a joguei na área dos pés, sorrindo
enquanto meu cabelo arco-íris caía sobre meus ombros e Mutt
latia em triunfo.
Meu telefone começou a tocar no momento em que JJ me
alcançou como um idiota e ri enquanto o deixava na mão, em
seguida, atendi pelo alto-falante.
“Ei, linda,” Rick rosnou, fazendo meus dedos se curvarem
com nada além daquelas duas palavras.
“Pensei que você ainda estava chateado comigo,” falei
porque o bastardo tinha recusado minhas ligações desde que
decidi voltar com os Harlequins na noite do ataque na sede do
clube.
“Sim, bem, pensei que você poderia vir me compensar.”
“Que tentador,” provoquei.
“Não vá fingir que vai me recusar. Sei que você está
doendo para provar o meu pau desde a última vez.”
“Não vá fingir que não é uma via de mão dupla. E
enquanto você está se contentando com a vagina de molusco,
tive um pouco de P premium para me manter bem satisfeita.”
“A vagina de molusco não me interessa. Mas se você está
tão interessada no pau de Johnny James, traga-o também. Sou
totalmente a favor de seus limites, linda e tenho me
masturbado pensando em você chupando seu pau enquanto
toma o meu também, desde a última vez.”
“Você é tão imundo,” bufei.
“Diz a garota que amou cada segundo disso.”
Zombei, mas maldito seja, eu estava mais do que um
pouco tentada. “Onde você está então?”
“Onde você acha, menina? Estou na Ilha.”
“JJ não vai simplesmente entrar em um barco e ir para
sua pequena ilha-fortaleza.”
“Nem mesmo se eu prometer ser um bom menino?”
“Que tal você dizer a todos os seus homens para se
foderem por hoje e podemos chamar de um tratado de paz?”
Sugeri.
“Que tal você parar de me foder e encontrar uma maneira
de colocar sua bunda no meu colo na próxima hora ou terei
que puni-la por me desafiar,” Rick rosnou.
Abri minha boca para dizer a ele para parar de mandar em
mim, mas ele desligou na minha cara.
JJ parou na loja de iscas e estacionou no centro do
estacionamento. Dirigi até um ponto na sombra e, quando eu
e Mutt saltamos do Jeep, ele já estava em cima do capô do
carro roubado.
“Quem aqui quer ajudar os Harlequins a mandar uma
mensagem para o dono deste carro?” Ele chamou. “O idiota que
o possui não sabe estacionar por porra nenhuma, então digo
para mostrarmos a ele como um carro como este pode
facilmente derrapar quando você estaciona no lugar errado!”
A multidão de pessoas na loja de iscas uivou em
concordância e veio correndo quando JJ saltou. Eles
começaram a chutar, socar e bater no carro com qualquer
coisa que puderam encontrar e o ar logo ficou cheio com os
sons do alarme disparando enquanto o vidro se quebrava e os
recrutas se divertiam muito.
Fiz um vídeo rápido e o encaminhei para Tatum com um
sorriso. Esses foram os cinco mil mais fáceis que eu já ganhei,
com certeza.
Eu ri, agarrando a mão de JJ e arrastando-o de volta para
o meu carro antes de colocar o relógio roubado e o dinheiro em
sua mão com um largo sorriso.
“Parece que fizemos o suficiente para cobrir o pagamento
para Luther,” falei sedutoramente, meu sangue ainda
zumbindo com adrenalina quando JJ mordeu seu lábio
inferior.
“Merda, menina bonita. Isso é muito dinheiro, porra.”
“É o suficiente para me ganhar algumas horas do seu
tempo?” Provoquei.
“Nem brinque com isso,” ele disse suavemente, colocando
um braço nas barras do teto do meu carro enquanto se
inclinava sobre mim. “Você sempre pode ter tanto tempo
quanto desejar, e ainda não será o suficiente para mim.”
Meu sorriso suavizou e suspirei por não ser capaz de beijá-
lo com tantas testemunhas ao redor. Isso era besteira.
Precisávamos dar o fora daqui, mas Fox já estaria de volta em
casa e meu trailer estava quente demais durante o dia. Mas eu
tinha acabado de receber um convite que estava passando pela
minha cabeça...
“Você confia em mim, JJ?” Perguntei.
“Você sabe que eu sim. Por quê?”
“Será que algum dos lindos barcos ancorados aqui
pertence aos Harlequins? Ou devemos roubar um?”
“Existem mais do que alguns que estão sob o domínio dos
Harlequins,” ele concordou.
“Vamos então. Lidere o caminho.”
JJ parecia que estava seriamente tentado a me perguntar
para onde estávamos indo, mas cedeu ao jogo e rapidamente
me levou até o cais onde um bando de bandidos Harlequins
estavam pendurados e guardando seus navios. Escolhemos
uma pequena lancha e Mutt saltou com um latido animado
quando um dos bandidos ofereceu uma chave.
JJ tentou assumir o comando, mas eu o controlei,
empurrando-o para o lado e assumindo o controle.
“Sente-se, JJ, e aproveite o passeio.”
Ele revirou os olhos e fez o que eu disse, recostando-se
nos assentos e espalhando os braços nas costas deles
enquanto fechava os olhos e se bronzeava.
Sorri enquanto nos dirigia para a água, me perguntando
se tinha perdido minha maldita mente. Mas algo me disse que
não. Maverick ainda podia estar insistindo em querer matar os
Harlequins e toda aquela merda, mas ele teve mais do que
algumas chances de fazer isso recentemente e sabia que ele
não estava apenas me provocando por causa de JJ. Ele estava
interessado. E eu definitivamente estava nisso. Então, era tudo
que eu realmente precisava saber para tomar essa decisão.
Se Rick quisesse pagar meu blefe e ver se eu realmente
apareceria com outro homem atrás dele, então ele iria
descobrir que eu ainda era a mesma garota com quem ele
cresceu e eu nunca desisti de um desafio.
Então venha, Grande Lobo Mau, porque este pequeno
capuz de arco-íris não sabe quando recuar.
Eu e JJ conversamos merda enquanto ele ficou em sua
posição se bronzeando durante a maior parte da jornada
através da água e só abriu os olhos quando o latido raivoso de
um homem chamou sua atenção.
“Esta é uma propriedade privada!”
“Eu tenho um convite,” gritei de volta e Mutt latiu.
“Puta merda, menina bonita,” JJ engasgou, cambaleando
e agarrando meu braço quando percebeu onde eu o trouxe. Sua
outra mão foi para a pistola em sua cintura, mas peguei seu
pulso e dei-lhe um olhar sério.
“Vai ficar tudo bem, Johnny James. Confie em mim.”
“Não é em você que eu tenho problemas em confiar,” ele
rangeu os dentes, seus olhos na Dead Man’s Island enquanto
eu dirigia o barco em direção ao cais em frente ao enorme hotel
que Maverick reivindicou para si. “Tenho um mau
pressentimento sério sobre isso.”
Os homens na praia estavam correndo, apontando armas
e chamando mais pessoas para eles, mas eu apenas mantive
meu queixo levantado e guiei o barco para frente.
“Oh, ei, Rupert!” Chamei, reconhecendo o cara e ele
estreitou os olhos para mim.
“Meu nome é Dave.”
“É basicamente o mesmo,” raciocinei e Mutt latiu em
concordância.
“Volte, Rogue,” JJ sibilou.
“Tarde demais agora,” apontei. Havia pelo menos seis
armas apontadas em nossa direção e o comitê de boas-vindas
parecia todo tipo de irritados.
À medida que nos aproximávamos do cais, Maverick
apareceu. Ele estava sem camisa, sua tinta brilhando à luz do
sol e um boné de beisebol preto foi colocado para trás em sua
cabeça. Jesus. O que havia sobre um homem com um boné
para trás e shorts que era tão quente? Ele poderia muito bem
ter tirado seu pau e estar preparando-o com lubrificante para
uma festa de foda. Não que ele precisasse muito de qualquer
lubrificante comigo, porque, aparentemente, eu era uma
maldita cachoeira para esses meninos. Encharcando a
calcinha com a queda de um boné de beisebol virado para trás.
Embora eu estivesse fazendo uma coisa 'casualmente
desinteressada' o tempo todo, então pelo menos eles não
tinham a maldita ideia sobre isso.
“Feche sua boca, boneca, você está babando.” Rick
chamou enquanto caminhava em nossa direção e estreitei
meus olhos em uma carranca para ele. Pelo amor de Deus.
“Você não pode mandar em mim enquanto não estiver
usando sapatos, Rick. É impossível ser intimidante descalço,”
respondi mordaz.
JJ estava rígido ao meu lado, seus olhos passando por
todas as armas apontadas em nossa direção e o homem no
comando.
“Fofo,” comentou Rick. “Mas você vai comer essas palavras
em breve.” Ele olhou ao redor para seus homens e vociferou
uma ordem para eles. “Desarme o lixo Harlequin e traga-o para
dentro para eu brincar.”
Dois dos caras avançaram e pularam para dentro do
barco, agarrando JJ e tirando a pistola dele.
Um deles deu um soco no estômago de JJ quando ele
começou a empurrá-lo para o cais.
“Ei!” Rebati, cambaleando para frente e tentando agarrar
o idiota enquanto ele dava outro golpe em JJ, mas ele jogou o
cotovelo para trás para me afastar e pegou no meu queixo.
Fui derrubada pelo golpe, caindo de bunda no meio do
barco com uma maldição.
Um tiro atravessou o ar e sangue respingou em minha pele
nua quando o Damned Men começou a gritar para o céu.
“Ninguém encosta a porra da mão nela!” Rick rugiu, seu
revólver em sua mão e mais fúria em seus olhos do que eu já
tinha visto antes. “A próxima bala irá entre seus olhos de
merda. Não vou oferecer este aviso duas vezes.”
Mutt choramingou, movendo-se perto para lamber minha
bochecha e me endireitei enquanto o cara que tinha me
acotovelado soluçava e segurava o buraco sangrento em sua
perna.
“Merda, você deveria conseguir um Band-Aid para isso,”
falei a ele, estendendo minha mão para Rick, que ainda parecia
pronto para matar alguém.
O fogo em seu olhar diminuiu um pouco quando ele voltou
os olhos para mim e estendeu a mão para pegar a minha,
puxando-me para cima e para fora do barco tão rápido que
tropecei e esbarrei em seu peito.
Pisquei para ele com surpresa e ele se inclinou como se
fosse me beijar, um sorriso selvagem iluminando seu rosto
enquanto ele falava contra meus lábios.
“Olha quem gosta de seguir ordens, afinal.”
“Vá se foder,” joguei para ele, dando um passo para trás e
sacudindo meu cabelo arco-íris, mas claro que ele não apenas
me deixou ir e seu aperto em minha mão ficou mais forte.
“Traga o Harlequin para o freezer,” Rick rosnou para seus
homens antes de começar a caminhar pelo cais e me puxar
com ele.
Mutt caminhou aos nossos pés enquanto deixei Rick me
guiar. Meu cachorrinho parecia inseguro sobre Maverick, mas
não exatamente hostil.
“Boo. Achei que você fosse se divertir hoje. Mas você só vai
fazer o papel do irmão malvado, não é? Jogue-o no freezer, faça
sua brincadeira assustadora, ameace dominar o mundo...”
“Eu tenho o mundo bem aqui ao meu lado,” disse Rick,
puxando-me para uma parada enquanto pisávamos na areia e
olhando para mim como se realmente quisesse dizer essas
palavras. “O que mais eu preciso?”
“Família,” respondi instantaneamente e não perdi o
estremecimento que ele tentou esconder com essa palavra.
“A única pessoa que já dei a mínima está olhando
diretamente para mim, linda. Não preciso de mais ninguém.”
“Achei que o grande Maverick não tinha medo de nada,”
provoquei.
“Eu não tenho.”
“Então mande os capangas embora e passe o dia comigo e
Johnny James. Já sei que você não vai matá-lo, e o freezer é
nojento e frio. Está um dia lindo e eu quero me perder neste
calor.”
Rick me considerou por um longo momento, voltando seu
olhar para JJ, que estava sendo mantido entre dois de seus
homens, enquanto outro casal ajudava o idiota que havia sido
baleado a sair do barco.
“OBS. Você precisa ter meu barco limpo,” sussurrei/gritei
e Maverick latiu uma risada.
“Tudo bem. Foda-se. Se você está tão desesperada para
provar algo com esta pequena façanha, então vamos lá. Vamos
ver se você prova.” Maverick começou a andar novamente,
liderando o caminho pela areia em direção ao hotel antes de
pisar nos ladrilhos que cercavam a enorme piscina.
Seus homens o seguiram até que ele parou abruptamente
perto de uma mesa e cadeiras e apontou os caras que
seguravam JJ naquela direção. Eles o empurraram e eu me
movi para o lado de JJ, escovando meus dedos ao longo de sua
mandíbula brevemente enquanto ele me dava um olhar que
dizia que eu estava seriamente empurrando sua confiança em
mim agora.
“Todos vocês vão para o continente pelo resto do dia,”
Maverick latiu. “Tenho alguns negócios inacabados para tratar
aqui e não quero ver um único de vocês, filhos da puta,
rondando enquanto faço isso.”
Seus homens hesitaram por alguns instantes, então todos
decolaram ao mesmo tempo, alguns correndo para dentro e
chamando os outros, enquanto alguns apenas voltaram direto
para o cais.
Rick e JJ entraram em algum tipo de encarar com cara
assustadora, então escapei em direção ao bar além da piscina,
procurando algo refrescante.
Mutt correu ao meu lado, mijando nas coisas que queria
reivindicar e cheirando tudo antes de trotar para o hotel para
investigar mais.
Encontrei uma garrafa de uísque e agarrei. Não era
realmente minha primeira escolha, mas bebida era bebida,
então abri e tomei um longo gole.
Os Damned Men ainda estavam saindo, então localizei o
sistema de música e conectei meu telefone a ele, tocando Kiss
Me More de Doja Cat e SZA quando comecei a dançar.
JJ e Rick estavam trocando insultos ou tendo um
concurso de medição de pau ou alguma merda, então eu estava
feliz em ficar comigo mesma enquanto eles superavam isso.
Inclinei minha cabeça para trás, bebi meu uísque e
apenas dancei com a sensação do sol em minha pele. Uma vez
eu tinha ouvido a frase 'dance como se ninguém estivesse
olhando' quando era criança e fiz disso minha religião. A vida
era curta e a felicidade fugaz, então agarrei tudo pelas bolas e
simplesmente corri com elas. Podia ser uma bagunça, mas
significava que eu tinha um sorriso no rosto com mais
frequência que não.
“Diga-me por que você veio aqui, menina,” Maverick disse
quando eu estava com cerca de oito músicas e sentindo o
zumbido do uísque. “Porque eu tinha certeza de que não era
para dançar.”
Abri meus olhos e dei-lhe um sorriso tímido, encolhendo
os ombros enquanto olhava entre ele e JJ, que agora estavam
sentados à mesa juntos, aparentemente apenas me olhando.
Não havia nenhum sinal de qualquer Damned Men em
qualquer lugar, então eu estava supondo que eles levaram o
comando de Rick a sério e nós estávamos sozinhos agora.
“Você prefere ficar preso em uma ilha deserta com seus
melhores amigos para sempre, ou ter uma enorme mansão só
para você pelo resto do tempo?” Perguntei, movendo-me em
direção a eles lentamente enquanto seus olhos permaneceram
fixos em mim.
“Você conta como meu amigo?” Rick perguntou. “Porque
sinto que cruzamos a barreira dos amigos quando eu te ensinei
como tomar meu pau como uma boa menina.”
“Oh, por favor.” Revirei meus olhos. “Não me venha com
essa merda.”
JJ bufou e estendeu a mão para pegar o uísque de mim,
então me aproximei dele, segurando a garrafa em seus lábios e
dando-lhe um gosto. Seus dedos roçaram a parte de trás do
meu joelho, subindo enquanto ele engolia e eu puxava a
garrafa de volta.
“Todos os melhores amigos fodem, Maverick. Você ainda
não descobriu isso?” JJ zombou e sorri para ele enquanto a
sensação de seus dedos na minha carne enviava arrepios de
prazer pelo meu corpo.
“Faz sentido,” respondeu Maverick. “Porque eu te odeio e
não tenho vontade de enfiar meu pau em você. Portanto, não
devemos ser amigos. Nesse caso, como a única amiga que
tenho é você, linda, vou pegar aquela ilha deserta e passar o
meu para sempre procurando um tesouro enterrado entre suas
coxas.”
“Então, estamos apenas saindo como nos velhos tempos,
não é?” JJ perguntou, arqueando uma sobrancelha para mim
enquanto eu dava de ombros inocentemente.
Os homens de Rick o desarmaram e Maverick ainda
casualmente apontava seu revólver para ele do outro lado da
mesa, mas, fora isso, parecia que estávamos apenas relaxando
como antes.
“Estou apenas decidindo de que maneira eu mais gostaria
de estripar você, menino bonito,” disse Maverick com um
sorriso de escárnio. “Não pense que estou ficando mole.”
“Sim, não estou mais acreditando na sua besteira, Rick,”
JJ disse casualmente, seus olhos fixos em mim enquanto eu
acariciava o lado de sua bochecha com meus dedos. “Porque
eu vi você agora. Eu te vi salvar Fox na Dollhouse e eu estava
lá bem ao seu lado enquanto nós caçávamos os escombros
para Chase e...”
“Eu estava caçando Rogue,” Rick rosnou, ignorando o
comentário sobre Fox, mas procurei em seu rosto por uma
reação a isso. JJ havia me falado sobre, e isso me fez pensar
que Luther poderia não estar tão delirando quanto parecia
quando se tratava de reunir seus filhos. Doido pra caralho, com
certeza, mas talvez não um lunático completo.
“Bem, você ficou muito depois de tirá-la dos escombros. E
se quiser continuar falando besteira sobre a esperança de ver
seu cadáver mutilado, você pode. Mas eu te conheço. Conheço
muito você, embora você desejasse que não, e o homem que vi
enquanto estávamos lá cavando os restos da Dollhouse era o
mesmo com quem eu cresci. O mesmo que eu amei como um...”
Rick se levantou de um salto, jogou o revólver de lado e
jogou a mesa no chão com um berro de raiva antes de
mergulhar em JJ e bater com o punho em sua mandíbula.
Mal consegui me afastar deles quando eles caíram no chão
e os dois começaram a xingar e rosnar insultos um para o outro
enquanto lutavam como dois cães ferozes.
Resmunguei para eles, tomando mais um gole da minha
bebida enquanto me virava e colocava na beira da piscina.
Desabotoei meu short e o deixei cair no chão, olhando por
cima do meu ombro assim que JJ conseguiu rolar os dois e
prender Rick embaixo dele com um joelho enquanto jogava o
punho em seu rosto.
Maverick recuou para frente e mordeu seu braço e JJ
amaldiçoou enquanto cambaleava, dando a Maverick a
oportunidade de jogá-lo de costas novamente.
Peguei o cordão da parte de cima do meu biquíni e puxei,
tirando tudo e jogando de lado antes de rolar a parte de baixo
também.
“Quando vocês idiotas acabarem com isso, podem vir
brincar de Marco Polo comigo,” chamei, olhando por cima do
ombro para eles e os dois pararam em suas merdas de alfas
tempo suficiente para olhar para mim.
Sorri quando eles pararam, seus olhos percorrendo minha
bunda nua antes de me virar novamente e mergulhar na
piscina.
Meninos eram tão burros às vezes.
A água me engolfou e soltei um suspiro quando a sensação
dela envolvendo minha pele me fez sentir em casa novamente.
Este era o meu lugar. Eu realmente deveria ter nascido
uma sereia. Além disso, a falta de vagina provavelmente
reduziria pela metade meus problemas. Juro que minha vagina
me meteu em pelo menos cinquenta por cento das bagunças
em que me encontrei. Ela era uma lei em si mesma e o fato de
que eu estava nadando pelada agora na tentativa de atrair
alguns homens maus atrás de mim, só provava meu ponto.
Nadei todo o caminho até o outro lado da piscina e sorri
maliciosamente quando voltei à superfície e encontrei os dois
parados na beira da água me observando como um par de cães
famintos.
“Vocês vão jogar comigo,” chamei enquanto meus dedos
raspavam a parte inferior e eu caía na água, mantendo meus
mamilos abaixo da superfície.
“Traga sua bunda de volta aqui antes que eu tenha que ir
buscá-la,” Maverick exigiu.
“Esse não é o jogo,” chamei. “Não me diga que você não
consegue se lembrar das regras.”
“O que o vencedor ganha?” JJ perguntou, largando o short
e ficando lá meio ereto com os músculos flexionados e sem
nenhuma vergonha de mostrar seu corpo. Com o qual eu
estava mais do que a bordo.
“Direitos de se gabar,” ofereci.
“Foda-se,” Maverick respondeu, lambendo o lábio inferior.
“O vencedor assume o controle do que vem a seguir.”
“E o que é isso?” Perguntei inocentemente.
“Você não pode fazer o ato de menina doce, linda. Então
pare de fingir que está molhada apenas por causa da piscina e
apenas diga o que quer de nós,” Maverick exigiu.
O canto dos lábios de JJ se curvou em um sorriso
enquanto eu batia meus cílios para eles. Eu sabia a resposta
para essa pergunta e só de pensar nisso, meu estômago deu
um nó, mas me recusei a recuar, então forcei as palavras a
saírem de meus lábios. “Honestamente? Quero vocês dois. E se
isso acontecesse ao mesmo tempo, eu iria querer ainda mais.”
“Seu desejo é uma ordem, menina bonita.” JJ caiu na
água e obedientemente fechou os olhos enquanto Maverick
apenas ficou lá nos observando.
Levantei minha sobrancelha para o gângster
temperamental, mas ele apenas cruzou os braços tatuados,
então dei de ombros e rapidamente nadei para o outro lado da
piscina.
“Marco,” JJ chamou.
“Polo,” respondi, mordendo o lábio enquanto ele mantinha
os olhos fechados e começava a nadar na água para me
encontrar.
Mordi uma risada e comecei a nadar para longe dele,
agarrando-me à beira da piscina enquanto ele emergia e
chamava Marco novamente.
JJ continuou me perseguindo ao redor da piscina e meu
pulso batia em um ritmo inebriante enquanto eu tanto
trabalhava para escapar dele quanto fantasiava sobre ele me
pegando.
Rastejei ao redor da borda e quando voltei à superfície,
uma voz profunda falou em meu ouvido, me fazendo pular.
“Marco,” Maverick rosnou e tentei me afastar dele, mas ele
pegou meu pulso e me puxou contra seu peito, meus mamilos
duros escovando sua pele lisa.
“Polo,” murmurei, olhando para ele enquanto ele me dava
um olhar sombrio que me prometia todos os tipos certos de
punição.
Maverick me girou em seus braços, pressionando minhas
costas contra seu peito e me segurando lá enquanto JJ nadava
em nossa direção sob a água.
Ele emergiu bem na minha frente, seus olhos escuros
brilhando com os reflexos da água quando estendeu a mão
para pegar a minha na sua, levando meus dedos à boca e
mordendo.
“Vamos então, Rick,” disse JJ, parecendo completamente
imperturbável ao me ver nos braços de seu inimigo. “Você
venceu, mesmo que claramente tenha trapaceado. Portanto,
assuma o controle como se estivesse desesperado para isso.
Conte-me tudo sobre as fantasias que tem tido sobre mim e
nossa garota.”
“Nossa?” Maverick zombou. “Você concordaria com essa
avaliação de propriedade, linda? Você pertence a nós dois ou é
minha como me disse?”
“Não posso ser os dois?” Perguntei, sabendo que deveria
ter soado mais louca do que parecia, mas de uma forma que
sempre foi verdade. Sempre os amei do mesmo jeito. Eu nunca
tive um favorito. Então, por que o sexo fez alguma diferença?
“Sempre costumávamos fazer tudo juntos de qualquer
maneira. Parece-me que crescer tornou os jogos mais
interessantes.”
Maverick riu e mordeu meu pescoço, fazendo-me ofegar e
arquear minha coluna contra seu aperto. “Vamos testar isso
então? Vou assistir meu velho amigo foder minha garota. E
veremos se consigo resistir ao impulso de colocar uma bala em
seu crânio por isso ou não.”
JJ zombou como se não tivesse nem um pouco de medo
de Maverick, em seguida, avançou e me beijou, prendendo-me
entre os dois e fazendo todo o meu corpo ganhar vida com este
contato proibido.
Envolvi minhas pernas em volta da cintura de JJ, o
comprimento sólido de seu pênis se arrastando pela minha
abertura e me fazendo gemer de necessidade enquanto nosso
beijo se aprofundava.
Maverick mudou a mão para o meu mamilo, puxando-o
rudemente enquanto corria sua boca pelo meu pescoço.
“Que porra você está esperando?” Rick rosnou enquanto
JJ continuava me beijando, seu pau dolorosamente ausente do
meu corpo.
“Eu preciso de uma camisinha, idiota,” JJ retrucou antes
de se afastar de mim e se mover para ir buscar uma do bolso
de seu short que ele havia descartado ao lado da piscina.
Maverick bufou em diversão antes de afundar dois dedos
em mim e me fazer engasgar seu nome.
“Eu não gostaria de uma barreira entre meu pau e essa
doce boceta, não é, menina?”
“Isso é porque você é um idiota,” gemi, tentando me
afastar dele, mas ele apenas colocou a outra mão em volta da
minha garganta e apertou para me manter no lugar.
Minha boceta apertou em torno dele enquanto ele me
segurava assim, completamente à sua mercê enquanto
lentamente dirigia seus dedos para dentro e para fora de mim.
“Vou assistir você gozar em todo o seu pau, linda,” ele
rosnou em meu ouvido. “Vou vê-lo te agradar e te fazer gritar
para que eu tenha motivos suficientes para não matá-lo. Sabe
que é por isso que ainda não acabei com ele, não sabe? Porque
você o quer e eu quero você. E eu não quero te fazer chorar.”
“Você é um fodido psicopata.” Ofeguei enquanto ele
continuava a me foder com a mão e seu aperto na minha
garganta ficou mais forte.
Maverick ergueu meu queixo, me fazendo olhar para JJ
enquanto ele se sentava na beira da piscina e rolava
lentamente um preservativo sobre seu pau latejante. A visão
foi o suficiente para me dar água na boca e quando JJ cerrou
os punhos em seu comprimento e começou a se esforçar para
nos ver, Maverick apertou com mais força e eu gozei forte.
Minha boceta travou em torno dos dedos com tinta de Rick
e ele riu em meu ouvido enquanto esfregava seu pau duro
contra minha bunda através do tecido de sua cueca, ainda me
sufocando enquanto eu flutuava as ondas de prazer que se
desdobravam em minha pele.
Respirei fundo quando ele me soltou, ofegante em seus
braços enquanto retirava os dedos, em seguida, me deu um
pequeno empurrão em direção a JJ.
“Vá para o lado raso e foda-a como se você a possuísse,
Johnny James. Quero ver o quanto isso dói.”
Eu me virei para olhar para Rick, arqueando uma
sobrancelha para ele em questão, me perguntando por que ele
queria isso.
“Maverick, se você não quiser...”
“Mantenha seus lábios selados e faça o que eu disse, linda.
Se você não conseguir, vou te dar algo para engasgar para fazer
você ficar quieta.”
Lancei a ele um olhar perigoso enquanto considerava
minhas opções sobre isso, então decidi jogar seu jogo. Eu não
poderia dizer que odiava que ele assumisse o controle de mim
e eu estava feliz em jogar como submissa para ele quando ele
queria que eu o fizesse.
Mergulhei sob a água e nadei para a parte rasa,
encontrando JJ esperando por mim quando eu voltei à
superfície. Coloquei um pouco de balanço em meus quadris
quando saí da água e comecei a subir a encosta que levava
para fora da piscina, a água escorrendo pelas minhas curvas e
revelando meu corpo centímetro a centímetro conforme eu
avançava. Eu parecia uma maldita bond girl, toda molhada e
sexy e merda, ou pelo menos eu parecia até que pisei em um
pedaço afiado de ladrilho, saltei sobre um pé e xinguei como
um marinheiro enquanto caía de bunda no pé da água.
JJ riu enquanto se movia para me ajudar, mas em vez de
me puxar para cima, ele caiu sobre meu corpo, beijando-me
com força e me empurrando para baixo dele.
Minhas pernas se separaram quando seu peso caiu sobre
mim e eu gemi em sua boca quando ele se ajoelhou entre
minhas coxas.
JJ agarrou meus quadris, puxando minha bunda para
cima em seu colo enquanto minhas costas caíam contra os
azulejos e a água rasa batia em volta de mim. Ele gemeu
enquanto olhava para mim, enganchando um dos meus
tornozelos sobre seu ombro e meu outro joelho sobre seu
cotovelo enquanto seu pau dirigia contra minha entrada.
“Olhos nele, menina bonita,” JJ rosnou, bebendo a visão
de mim disposta para ele. “Vamos dar ao idiota o show que ele
está procurando.”
Meus mamilos endureceram e gemi quando todos os meus
músculos se contraíram deliciosamente com o pensamento do
que estávamos prestes a fazer. Eu não tinha vergonha de sexo,
mas não podia dizer que já tinha tido uma audiência antes e o
pensamento dos olhos de Maverick bebendo ao me ver disposta
para outro homem assim, fez minha pele esquentar.
Virei minha cabeça como ordenado e no momento em que
meus olhos encontraram os de Rick, JJ enfiou o comprimento
grosso de seu pênis em mim e me fez xingar tão alto que tive
certeza de que os golfinhos no mar estavam corando.
JJ começou a me foder com força, seus impulsos brutais
me fazendo gemer alto com cada golpe de seu pau dentro de
mim.
O olhar de Maverick escureceu enquanto ele nos
observava e eu gemia ainda mais alto enquanto tateava meus
seios, puxando meus mamilos e implorando por mais.
A água bateu em torno de nós, lavando e cobrindo meu
corpo no tempo com as estocadas de JJ e me perdi com a
sensação dele me destruindo.
“Eu a quero por cima,” Maverick retrucou de repente e JJ,
deus do sexo profissional que era, nos virou antes mesmo que
eu tivesse processado essas palavras.
Meus joelhos morderam a textura áspera dos azulejos
quando comecei a montá-lo, seu pau afundando mais
profundamente com este novo ângulo e me fazendo gemer mais
alto enquanto cravei minhas unhas em seu peito para manter
o equilíbrio.
JJ colocou os pés no chão atrás de mim, dobrando os
joelhos antes de me empurrar para trás para me inclinar
contra suas coxas e agarrar meus quadris para assumir o
controle de nossos movimentos. Ele bateu seu pau em mim
com o tipo de talento que ganhou sua reputação e esqueci de
Rick nos observando enquanto eu ofegava o nome de JJ,
montando nele enquanto lutávamos pelo controle do
movimento e perseguíamos tanto prazer quanto podíamos tirar
um do outro.
“Incline-se para frente novamente, menina,” Maverick
rosnou em meu ouvido e engasguei quando virei minha cabeça
para encontrá-lo bem atrás de mim, seu olhar uma mistura de
ciúme furioso e luxúria perigosa.
JJ me puxou para baixo em um beijo, colocando suas
pernas esticadas atrás de mim novamente enquanto Rick se
ajoelhava na minha coluna.
“Olhe para ela, Johnny James,” Maverick disse
asperamente enquanto deslizava uma mão em volta da minha
garganta e movia a outra para brincar com meu clitóris. “Você
já viu uma mulher tão cativante?”
“Não há nenhuma outra mulher que se compare a ela,” JJ
ofegou, seus dedos cavando em minha bunda enquanto a
combinação de seu pau e os dedos de Rick no meu clitóris
tornava impossível para mim dizer uma única coisa.
“Ela é a única, não é?” Rick disse, sua mão mudando para
baixo e engasguei quando ele escovou seus dedos na minha
abertura ao lado do pau de JJ. “Fodidamente. A. Única.”
“Sempre só existiu ela,” JJ concordou e meu coração se
retorceu com suas palavras porque elas eram honestas pra
caralho. Eu podia ver em seus olhos e sentia o mesmo por eles.
“Sempre existiu só vocês para mim também,” engasguei.
“Você quer dizer isso no sentido plural,” Rick rosnou e eu
assenti porque sim, eu fiz. Éramos eu e meus meninos. Mesmo
quando eu os odiava, mesmo quando estava tudo fodido e
mesmo quando eu estava fazendo sexo aparentemente
também. “Uma garota tão imunda, imunda,” Rick rosnou e um
gemido diferente de tudo que eu já tinha ouvido me escapou
enquanto ele enfiava seus dedos em mim ao lado do pau de JJ.
Porra. Eu estava esticada com tanta força que meu corpo
travou, mas quando JJ se apoiou em seus cotovelos e me
beijou, eu o deixei me guiar de volta em um ritmo novamente
e minha cabeça girou com o quão bom isso era.
Rick mordeu meu pescoço enquanto bombeava seus
dedos para dentro e para fora lentamente, propositalmente
caindo fora do ritmo com as estocadas de JJ para que eu nunca
tivesse um momento para respirar entre um deles me
possuindo.
Eles continuaram assim, trabalhando comigo até que eu
caísse, batesse, girasse e gritasse, meu corpo inteiro
explodindo em êxtase que continuava indefinidamente.
Rick tirou os dedos de mim, mas é claro que JJ não tinha
acabado e ele colocou a mão em meu cabelo enquanto me
puxava para baixo sobre ele e me beijava com força.
Um grito me escapou quando Rick empurrou os dedos que
tinha acabado de ter dentro da minha boceta escorregadia na
minha bunda e quebrei o beijo com JJ enquanto olhava para
ele, meus olhos se arregalando.
“Por favor, me diga que esse olhar de corça significa que
ninguém nunca fodeu essa sua bunda doce, linda.” Rick
rosnou e balancei minha cabeça para ele enquanto meus
músculos se contraíram com aquela sugestão, prendendo seus
dedos dentro de mim quando ele começou a gira-los.
“Eu realmente nunca pensei que iria gostar,” murmurei
enquanto JJ diminuía o ritmo e eu podia sentir seus olhos em
mim também.
“Oh, eu sei que você vai gostar,” Rick respondeu
arrogantemente, empurrando seu short para baixo para revelar
seu pênis grosso e coberto de tinta. “Além disso, você me deve
uma primeira vez, garotinha.”
Mordi meu lábio, olhando para JJ, que estava sorrindo
para mim como se estivesse gostando de me ver vacilar
também.
“Pare de me olhar assim,” retruquei e ele riu.
“Pare de agir como uma virgem corada, então,” JJ brincou.
“Tire seu pau do caminho, Johnny James, preciso de um
pouco de lubrificante para isso, ela está apertada pra caralho
aqui,” Rick rosnou e sim, eu definitivamente estava corando
agora, mas quando Rick me levantou do pau de JJ e me
posicionou em minhas mãos e joelhos acima dele, descobri que
o desejo em meu corpo era o suficiente para me ajudar a
superá-lo.
Rick foi brutal como sempre quando ele bateu seu pau na
minha boceta encharcada e ele gemeu alto, murmurando algo
sobre ser a melhor sensação da porra do mundo enquanto
levou alguns minutos para me foder assim. JJ agarrou seu pau
enquanto estava deitado debaixo de nós assistindo ao show, a
visão de seu punho bombeando para cima e para baixo,
fazendo minha boca encher de água com o desejo de chupá-lo
como um pirulito.
Eu estava prestes a sugerir essa solução para o nosso
problema de dois pênis em vez da coisa da bunda, mas
Maverick puxou seu pau para fora de mim e mudou-o ainda
mais para trás, minha própria umidade dando a ele toda a
lubrificação que ele queria enquanto brincava com minha
bunda.
“Diga-me que você quer me sentir possuindo sua bunda,
menina,” ele rosnou, pressionando para frente o suficiente
para fazer meus músculos apertarem enquanto eu engasgava
e ofegava, sem saber se eu queria dizer não a isso ou se estava
desesperada pra caralho.
“Relaxe, menina bonita,” disse JJ, sua mão movendo-se
para o meu clitóris e me fazendo gemer de novo enquanto ele
começava a massagear em círculos lentos. “Não lute contra.”
Lambi meus lábios, tomando a decisão antes que pudesse
recuar e fechei os olhos enquanto tentava forçar meu corpo a
obedecer aos comandos de JJ.
“Eu quero sentir, Rick,” ofeguei. “Lembre-me de quem é
meu dono.”
Maverick riu como um idiota, em seguida, deu um tapa na
minha bunda com tanta força que eu sabia que ele deve ter
deixado uma marca de mão. Gritei, mas antes mesmo de
superar a picada, ele pressionou seu pau na minha bunda e
todas as minhas palavras secaram na minha garganta.
Minhas unhas se cravaram no peito de JJ e um gemido
escapou de mim quando Rick me esticou, a quase dor me
fazendo querer dizer a ele para parar até que de repente ele
terminou de empurrar e um grunhido de satisfação escapou de
seus lábios, o que me fez tremer.
Era estranho e minha boceta doía com o vazio de ser
deixada de fora, mas enquanto Maverick lentamente começou
a se mover dentro de mim, não pude evitar de gemer por ele.
Eu ainda não sabia se eu...
“Porra,” engasguei, meus músculos apertando quando o
desconforto foi embora e comecei a me acostumar com a
sensação estranha. Não. Eu não estava me acostumando com
ela, eu estava começando a realmente enlouquecer. “Porra,
porra, porra... mais.”
“Fodidamente imunda,” Rick riu, batendo na minha
bunda de novo e eu não me importava se estava sendo imunda.
Eu queria que ele me possuísse e também amava isso.
JJ me puxou para baixo e Rick se moveu comigo e meu
pulso disparou, mas parei de hesitar agora. Eu queria isso.
Queria os dois ao mesmo tempo. E eu estava mais do que
pronta para pegá-los.
Minha respiração foi roubada de novo quando o pau de JJ
encheu minha boceta e todos os meus devaneios mais sujos
sobre os dois se tornaram realidade de uma vez.
Eles começaram a se mover, lentamente no início, em
seguida, ganhando velocidade conforme meus gemidos os
encorajavam, meu corpo possuindo o deles e o deles possuindo
o meu.
Estávamos barulhentos e suando, e a água continuava
nos lavando enquanto nos movíamos juntos. Cada pensamento
em minha mente desapareceu enquanto eu estava perdida
para eles, esses dois homens selvagens, trabalhando como um
só para me levar à ruína para eles. Esses meus pesadelos que
me possuíram através de todo o meu ódio e dor no coração
estavam me mostrando onde eu pertencia e com quem eu
pertencia e naquele momento, sabia que era verdade. Eu
estava cansada de lutar contra. Lutar com eles. Eu estava em
casa e estava aqui para ficar, mesmo que nunca fosse inteira
sem Chase entre nós, e quando nós três gozamos nos braços
uns dos outros com gemidos e maldições e tanto prazer do
caralho que eu dificilmente poderia suportar, eu sabia o que
tinha que fazer.
Tinha que encontrar uma maneira de fazer o que Luther
havia pedido de mim. Eu precisava tentar consertar o que
restava de nossa família. Porque eu sabia em minha alma que
nunca teria outro lar além deste lugar e desses homens. E
mesmo que as partes quebradas do que restou de nós nunca
se encaixassem agora que Chase se foi, sabia que eles estariam
melhor juntos do que separados. Então eu simplesmente teria
que descobrir isso, porra.
O barco a remo balançou embaixo de mim enquanto eu
olhava para o céu noturno, a lateral batendo contra o cais
enquanto eu balançava nas ondas. Havia tantas estrelas. Devia
haver mundos infinitos lá fora. Me perguntava se existia um
menino como eu em algum outro planeta, mas rico e forte e
com um pai que o amava. Me perguntava se ele tinha uma
garota como Rogue.
Nah, ninguém é como Rogue.
Quatro sombras caíram sobre mim no cais, bloqueando a
luz da lua cheia. Eu não tinha ligado para eles, mas mesmo
assim eles me encontraram.
“Você não pode dormir aí, mano,” disse Fox, saltando para
dentro do barco comigo e eu me empurrei para cima com um
encolher de ombros.
“Como você me encontrou?” Perguntei com uma carranca,
feliz com a escuridão para esconder meus hematomas recentes.
“Um dos Harlequins viu você se esgueirando aqui,” disse
Fox. “Papai me disse que se eu não fosse e movesse você, um
de seus homens o faria.”
“Luther é um desmancha-prazeres,” murmurei com uma
carranca enquanto Rogue pulava no barco também e colocava
seus braços em volta de mim. Ela praticamente me acariciou e
bufei com seu afeto, colocando um braço em volta de sua cintura
e mantendo-a apertada contra mim.
“Todos nós podemos dormir na casa de veraneio de
Rosewood,” Maverick sugeriu. “Eu tenho uma garrafa de rum.”
“Onde você conseguiu isso?” Perguntei, ficando de pé e
Rogue continuou a se agarrar a mim com força. Gostei daquilo.
E gostei especialmente da maneira como seus dedos procuraram
os hematomas ao longo do meu peito, como se ela fosse atraída
pela minha dor, querendo acalmá-la. Sua presença sozinha fez
isso. Eu tinha certeza de que poderia me curar de um tiro na
cabeça, contanto que ela estivesse lá para me cuidar melhor.
“Roubei do armário de bebidas do papai,” disse Maverick
com um sorriso malicioso.
“Juro que ele torna muito fácil entrar lá,” Fox disse
enquanto eles compartilhavam um sorriso.
“Nah, eu sou apenas o melhor arrombador de fechaduras
na Cove,” Maverick disse com uma expressão presunçosa.
“Besteira, Luther definitivamente está deixando você entrar
lá ultimamente,” Rogue disse. “Ele provavelmente quer atrair
você para uma sensação de falsa segurança, então um dia vai
te pegar com a mão no pote de biscoitos e fazer você pagar a ele
por toda a bebida grátis, tendo que cortar a cabeça de seus
inimigos ou alguma merda.”
Lati uma risada quando JJ ficou um pouco pálido.
“Merda, se é uma garrafa por outra garrafa, linda, estarei
sangrando quando terminar de pagar nossa dívida,” Maverick
riu.
“Nós vamos estar sangrentos, você quer dizer,” disse Fox
com uma centelha de escuridão em seus olhos que me lembrou
de seu pai por um segundo.
“Sim, todos nós, você não é o único que afundou sua bebida
e somos um time de qualquer maneira, lembra?” Rogue disse.
“Venha então, vamos acumular nossa dívida com um jogo
de bebida,” Maverick encorajou.
“Tenho um novo baralho de cartas,” anunciou JJ,
oferecendo-me uma mão para me ajudar a sair do barco.
Subimos no cais e Rogue apoiou seu ombro contra o meu
enquanto eu a segurava perto e caminhávamos ao longo do cais.
“Novo ou roubado?” Perguntei.
“Não podem ser os dois?” JJ disse com um sorriso.
“Poderíamos jogar strip poker,” sugeriu Maverick.
“Isso soa como um festival de idiotas para o qual eu não
quero ingresso,” Rogue disse e eu ri, sabendo exatamente quem
Maverick queria ver nu. Se jogássemos, nós, meninos,
provavelmente acabaríamos com as bolas para fora e Rogue
totalmente vestida enquanto ela arrumava as fichas de pôquer
de mentira, o que provavelmente seria um monte de merda que
por acaso estaria flutuando em nossos bolsos. Essa garota tinha
a melhor cara de pôquer que eu já vi.
“Vamos lhe dar uma vantagem, linda,” Maverick brincou.
“Vamos todos começar sem uma peça de roupa. E isso é uma
vantagem extra, porque as meninas têm todos os tipos de
acolchoamentos e roupas íntimas extras.”
“Roupa íntima?” Rogue começou a rir e eu e JJ rimos
também.
“Largue isso, cara,” Fox mordeu-o, mas seus ombros
esfregaram enquanto eles andavam e logo estavam sorrindo de
novo quando chegamos à caminhonete de Fox estacionada na
estrada.
“Estou apenas brincando. Ela é como um cara para mim,”
Maverick disse, embora o olhar faminto que ele deu a Rogue
dissesse que ele realmente não achava isso e fez a
possessividade se contorcer em meu peito enquanto eu a
segurava com mais força.
“Eu nunca iria querer ser um cara fedorento. Quero dizer,
vocês estão bem, mas a maioria dos caras são tão peludos e
suados e ewwww.”
“Rezo para que sua opinião sobre isso nunca mude,” Fox
murmurou quando Rogue entrou em sua caminhonete, então ela
não ouviu.
Tive que concordar com isso. Havia muitos caras
interessados em Rogue em nossa classe, mas foda-se se algum
de nós os deixou chegar perto dela. Fox seguiu Peter Dirkin para
casa na semana passada, depois que ele postou uma foto dele
e Rogue trabalhando juntos em matemática com a legenda 'Amo
debater matemática com essa garota'. O trocadilho com
masturbação não passou despercebido, e ele apareceu na
escola com o rosto machucado e sem mais interesse por nossa
garota no dia seguinte.
Entramos no carro e Rogue sentou no meu colo, seus dedos
ainda me arrastando de uma forma que fez meu pulso pular e
dançar. Em todos os lugares as mãos dela roçavam doíam e eu
estava viciado nesse tipo de dor. Eu odiava que ela me visse
fraco, então nunca vacilei, mas estava perdido em suas carícias
e na forma como sua sobrancelha se franzia como se ela
pudesse sentir cada dor em mim.
JJ explodiu Billionaire de Travie McCoy e Bruno Mars e logo
estávamos todos cantando junto com nossas vozes, meu coração
tão cheio que esqueci tudo sobre meu pai e o medo de voltar para
aquela casa onde ele arrancaria meu pedaço de felicidade com
maldade. Mas eu sempre recebia de volta quando estava com
meus amigos. Eles eram a única cura que eu precisava para
qualquer ferida. Eu faria qualquer coisa por eles e tinha certeza
de que fariam qualquer coisa por mim. E percebi que não trocaria
isso por todas as riquezas do universo.
Minha cabeça estava pesada, latejando e havia um
barulho de chocalho na parte de trás do meu crânio que não
parava desde a última surra de Shawn alguns dias atrás.
Sentei-me no chão de costas para a parede de pedra fria, meus
pés descalços pressionados no chão igualmente frio enquanto
tentava convocar o calor do sol do meu passado, certo de que
já estava esquecendo como me sentia.
O lado direito do meu rosto estava tão dolorido que eu não
conseguia tocá-lo sem o fogo queimar minha carne. Mas às
vezes o fazia, tentando descobrir o quão danificado realmente
estava, agora que tinha um X cruel cortado em meu olho
direito. Cada vez que tentava curar, Shawn se certificou de que
não, agora eu estava cego de um lado e toda a área do meu
rosto estava inchada e insuportável pra caralho. Eu não me
importei, porra. Eu era um homem morto de qualquer maneira,
apenas esperando que Shawn se cansasse de tentar arrancar
de mim verdades das quais eu nunca desistiria.
Eu não tinha certeza de quanto tempo estava aqui
embaixo, mas devia ter se passado semanas e isso significava
que meu tempo estava se esgotando. Eu sabia o que fazer,
estive do outro lado do jogo algumas vezes na minha vida. Você
deu a um homem um tempo para quebrar, mas no final teria
que cortar suas perdas e puxar o gatilho. Principalmente, eu
ficava aqui sozinho no frio e no escuro por dias, com nada além
de um balde para mijar e um sanduíche de queijo empurrado
pela porta duas vezes por dia. Era uma porta de aço e às vezes
eu ouvia uma voz feminina do outro lado dela que parecia me
chamar, mas eu não respondi.
Permaneci em transe o máximo que pude, desaparecendo
na felicidade do meu passado e tentando absorver tudo antes
que isso acabasse. Havia uma coisa a ser dita sobre ser
mantido prisioneiro e torturado, como certeza me humilhou.
Passei muito da minha vida sendo um idiota arrogante, e isso
era principalmente porque, no fundo, eu não pensava nada de
mim mesmo, então trabalhei duro para tentar provar que sim.
Mas não funcionou de qualquer maneira, então agora eu
nunca teria a chance de ser outra coisa nas memórias da
minha família. Apenas um idiota que teve o que merecia.
Eu sabia que eles estavam vivos. A boca grande de Shawn
significava que consegui uma jogada por jogada de tudo que
ele fez envolvendo meu antigo time, incluindo o ataque que ele
desferiu contra o Oasis Club House.
Meu coração estremeceu de medo enquanto ele contava a
história, especialmente quando chegou à parte sobre como
conseguir se apossar de JJ. Ele passou muito tempo
balançando sua morte sobre a minha cabeça antes de
finalmente revelar que estava vivo. O filho da puta gostava de
fazer isso. Ele descobriu que meu apego às pessoas que eu
amava era uma das melhores maneiras de me irritar, então me
provocou sobre meus meninos, sobre Rogue. E eu tive que
suportar, sabendo que a única coisa que eu poderia fazer era
protegê-los, guardando o conhecimento que eu tinha em minha
cabeça e garantindo que Shawn nunca colocasse as mãos nele.
Cocei a barba áspera cobrindo meu queixo e gemi quando
o movimento enviou uma onda de dor pelo meu braço
esquerdo. Shawn havia queimado a tatuagem do Harlequin no
meu ombro outro dia, roubando a última coisa que me ligava
aos meus irmãos. Agora eu era apenas um coco à deriva no
mar, balançando na maré.
Passei algum tempo pensando em comer um coco e me
encostei na parede, mas isso só fez com que mais dor passasse
por mim por causa das marcas de chicote que marcavam
minhas costas.
Esse era um dos jogos favoritos de Shawn, ele até
apareceu com um chapéu de cowboy uma vez, seu chicote na
mão enquanto marcava a pele com tinta das minhas costas e
cortava o mapa de Sunset Cove, atingindo os lugares que ele
alegou que iria possuir. Eu o amaldiçoei com cada palavra que
conhecia até que me cansei e encontrei um lugar entorpecido
para me retirar. Ele sempre ficava entediado depois disso.
Um estrondo metálico soou em algum lugar acima de mim
e respirei trêmulo quando o som de passos veio da escada do
porão. Aqui vamos nós novamente.
A porta de aço foi destrancada e aberta um segundo
depois e Shawn entrou com dois homens a reboque.
“Bom Dia, raio de sol.” Ele sorriu como se fôssemos velhos
amigos antes de estalar os dedos em seus homens e eles se
moveram para me colocar de pé. “No gancho,” ele comandou e
eles amarraram minhas mãos na minha frente antes de me
arrastar para um lado da sala e me levantar, pendurando-me
em um gancho projetado para um saco de pancadas.
Enquanto eu estava pendurado na corda que prendia
meus pulsos, eles amarraram meus pés também e olhei
impassível para Shawn enquanto ele dispensava seus homens
e caminhava até mim com arrogância em seu andar. Ele
causalmente flexionou os dedos, chamando minha atenção
para os anéis de ouro grossos revestindo-os enquanto seus
lábios se erguiam em um sorriso malicioso. Meu olhar mudou
para as pulseiras de couro em seu pulso, que ele tirou de mim,
usando-as para me insultar. Havia quatro delas, um para cada
um dos meus amigos, embora eu nunca tivesse dito isso a eles.
Eu os comprei quando tinha treze anos no carnaval, o homem
que os vendeu a algum místico que disse que deveriam atrair
sua alma gêmea para você e ligá-los a você para sempre.
Naquela época, eu tinha visto Fox, JJ, Maverick e Rogue como
minhas almas gêmeas, então comprei quatro, para grande
surpresa do cara. Embora Fox tivesse apontado mais tarde
naquele dia, o aparente místico era apenas o vagabundo que
dormia naquela parte da cidade que todos chamavam de
Carnival Bill. Ele se enrolou em uma rede de pescar e
provavelmente roubou as pulseiras de algum carnavalesco
desavisado. De qualquer forma, acabei ficando tão apegado a
usá-las que, mesmo como um velho e amargo idiota, ainda
usava até hoje. Bem, eu tinha até que Shawn os levou.
“Estou me sentindo bem hoje, garoto, quer saber por
quê?” Shawn perguntou e eu não disse nada.
Ele se moveu na minha frente, me empurrando no peito,
então eu balancei para frente e para trás em sua direção. “A
coisa educada a fazer seria dizer sim, chefe,” disse ele, seu
sorriso se achatando. “Então, vamos tentar de novo. Quer
saber por quê, Chase Cohen?”
Cuspi em seu rosto e seus lábios se abriram em um sorriso
de escárnio antes que seu primeiro punho viesse em minha
direção, atingindo minhas costelas, depois o seguinte e o
seguinte. Os anéis que ele usava tornavam cada golpe dez vezes
mais violento e cerrei meus dentes através da dor enquanto ele
martelava meu corpo, rachando a pele mais de uma vez. De
qualquer forma, não importava, eu estava coberto de cicatrizes
e cortes agora, ele me fodeu bem e eu estava acostumado com
esse ritual. Fui treinado para isso por meu pai, Shawn estava
apenas levando esse treinamento para outro nível.
“Você deve aprender a respeitar seus superiores, olhos
bonitos,” ele rosnou. “Ou devo chamá-lo de olho bonito?” Ele
soltou uma gargalhada de sua própria piada, dando um passo
para trás enquanto admirava a bagunça que fez de mim.
“Hmm, você precisa de um nome de pirata agora. O capitão
Chase Cohen tem algo a ver com isso. Se você desistir da
mercadoria do Fox Harlequin, com certeza comprarei um barco
para você e o mandarei embora.” Ele esperou que eu
respondesse, mas não o fiz. “Não? Pena. Você está tornando
isso muito difícil para você, garoto. Mais difícil do que precisa
ser. Por que você os está protegendo? Eles não estão pensando
em você, Chase. Eles já se esqueceram.”
Meu peito apertou e lutei contra acreditar nessas
palavras, mas elas cortaram profundamente.
“Sim,” disse ele, sorrindo enquanto observava minha
expressão. “Eles nem mesmo deram a você um túmulo para
lamentar, olhos bonitos. Achei que eles poderiam chegar a isso
eventualmente, mas acho que eles esqueceram.”
Minha garganta engrossou enquanto eu olhava para ele,
vendo a verdade em seus olhos. Ele foi rápido em me dizer que
os Harlequins pensaram que eu tinha morrido na Dollhouse,
achando isso aparentemente hilário. Eu sabia que tinha sido
rejeitado e Fox, JJ e Rogue não tinham nenhum motivo para
se preocupar mais comigo, mas ainda doía mais do que eu
gostaria de saber que eles já tinham esquecido de mim.
“Você é um fantasma agora, acho,” Shawn ronronou. “Sou
a única pessoa no mundo que sabe que você ainda existe.
Então, talvez você deva se esforçar mais comigo. Posso ser
muito divertido quando quero.”
Ele se dirigiu para agarrar a cadeira de madeira em um
lado da sala, puxando-a para que gritasse no chão, em seguida,
colocando-a na minha frente antes de se sentar. Ele tirou do
bolso um maço de cigarros que estava entre as coisas que ele
tirou de mim quando fui sequestrado. Ele acendeu um com
meu isqueiro Zippo, soprando na ponta dele para que a fumaça
se enrolasse em volta de mim e me fizesse sentir o gosto dela.
“Eu poderia ter sido um terapeuta,” ele meditou. “Sempre
tive jeito com as pessoas.” Ele inclinou a cabeça para trás,
soprando anéis de fumaça em direção ao teto.
“Você tem um jeito de irritar as pessoas, com certeza,”
rosnei, meus ombros queimando com a restrição.
Ele soltou uma risada. “Não estou no negócio de ser
amado, olhos bonitos. Estou no negócio de foder o mundo
inteiro e tirar o que posso disso. Ele é uma vadia mal-
humorada que gosta de chupar meu pau agora que o fiz minha
cadela.” Ele sorriu com sua pequena analogia e continuou.
“Você sabe quem mais é uma vagabunda mal-humorada?”
Meus músculos se contraíram e tentei não reagir, mas
mostrei minhas cartas sobre meus sentimentos sobre isso
muitas vezes. Ele sabia como apertar meus botões.
“Rogue,” ele anunciou como se fosse uma surpresa. Ele
agarrou seu lixo através da calça jeans, apertando com força.
“Eu quase a tive, olhos bonitos. Ela estava a um Fox de
distância de se sacrificar por Johnny James. Puta estúpida.”
“Cale a porra da sua boca,” rosnei.
Ele se levantou da cadeira, em seu elemento agora
enquanto caminhava para frente, dando uma tragada no
cigarro. “Eu vou pegá-la, Chase. Tudo que preciso é a alavanca
certa e descobri todas as suas fraquezas. Você, Fox, JJ e ela.
Há algo ali, algo bonito, e vou torcer para minha vantagem.”
“Se você tocar nela, eu vou te destruir,” cuspi.
“Palavras grandes para um homem pendurado como um
pedaço de carne,” ele riu. “Acho que vou fazer você assistir
quando eu conseguir ela. Vou trazê-la aqui, amarrá-la e fodê-
la até que ela chore.”
“Eu vou te matar, porra,” rebati, o sangue latejando na
minha cabeça. Eu sabia que ele estava apenas tentando me
cutucar, mas também sabia que ele faria isso também. E eu
não aguentaria, porra.
Ele se aproximou de mim e apagou o cigarro no meu peito,
me fazendo chiar de dor.
Inútil, inútil, não serve para nada.
A voz do meu pai ecoou na parte de trás da minha cabeça
e fechei os olhos, tentando sair desse abismo inescapável que
me engoliu. Mas eu estava afundando profundamente,
perdendo meu controle sobre a polegada que ainda me restava.
Eu era apenas uma criança novamente à mercê de um monstro
e me sentia terrivelmente fraco. Mas desta vez não era eu que
eu queria salvar, era Rogue, meus irmãos. Fui capturado por
este filho da puta e para quê?
“Apenas me diga as rotinas de Fox e a dor vai acabar,
olhos bonitos,” Shawn prometeu, sua respiração soprando
sobre meu peito onde ele havia deixado a marca de
queimadura.
Tentei encontrar uma boa memória do meu passado para
me agarrar, mas todas elas pareceram se espalhar até que
apenas as escuras permaneceram. Vi meu pai caminhando em
minha direção enquanto eu estava encolhido no canto do meu
quarto, meus joelhos abraçados ao meu peito enquanto ele
flexionava um cinto entre as mãos. Ouvi os gritos da minha
mãe no quarto ao lado do meu, ouvi a cama deles batendo na
parede sem parar e o jeito como ela ficou tão quieta. Como se
ela tivesse... ido embora. E onde quer que ela tenha ido, eu
queria ir agora também. Precisava encontrar o sol, meus
amigos, mas eles não estavam mais lá, havia apenas escuridão
e medo e a sensação de ser tão pequeno que poderia ser
esmagado sob as botas desse homem.
A voz do meu pai encheu minha cabeça mais uma vez, “Eu
não queria você, sua mãe não queria você. Você é uma praga
nesta casa, garoto.”
Os punhos de Shawn estavam estalando contra minha
carne novamente, mas foram as mãos de meu pai que senti. E
eu queria que eles apenas enrolassem em volta da minha
garganta e acabassem com isso, me colocassem no escuro onde
eu pudesse desaparecer para sempre. Não ser nada seria muito
mais fácil se eu estivesse morto.
Eventualmente, a batida parou e minha carne zumbiu
com o que parecia ser mil hematomas recentes. Quase não
havia um lugar no meu corpo que não doesse, mas o pior lugar
de todos agora era minha mente. Eu era uma criança em uma
casa fria, enfrentando a ira de um homem que cheirava a
cerveja e fumaça e parecia tão grande que consumia tudo que
eu podia ver. Seus dentes amarelos estavam à mostra para
mim e seus olhos flamejantes com malícia, ódio. Tentei me
lembrar de como era o amor. Objetivamente, eu sabia que eram
meus meninos e Rogue em uma praia arenosa com mil sonhos
descuidados, mas estava achando mais difícil entendê-los
agora. Eles tinham se esquecido de mim e eu estava perdendo
o controle sobre mim também.
Eu sou odiado.
Eu não sou nada.
Eu não sou ninguém.
“Termine,” forcei em um desafio, minha mente clareando
apenas o suficiente para enganchar neste desejo desesperado.
“Eu nunca vou te dizer nada, então me mate logo,” ordenei em
um tom feroz que não parecia em nada com aquele garotinho.
“Termine isso!”
Sua mão quente descansou em minha carne, movendo-se
de uma ferida para outra até achatar meu coração batendo
furiosamente.
“Oh não, olhos bonitos,” ele disse em um tom baixo. “Eu
não vou fazer isso. Ainda não. Sabe por quê?”
Eu grunhi e ele interpretou isso como uma deixa para
continuar falando.
“Porque posso retalhar o seu corpo por fora, mas aqui está
o meu objetivo.” Ele passou os dedos pelo meu pescoço e pela
minha têmpora. “E aqui. Vou rastejar para dentro dessas
rachaduras que vejo em você e você nunca me tirará de lá.
Conheço o gosto da dor, Chase Cohen, e não são as feridas em
sua carne que cortam mais profundamente. São aquelas que
rastejam entre suas veias e se enterram em seu crânio para
marcar a si mesmos lá para sempre. Sou sua infestação, os
ratos que se mudaram para as paredes de sua casa,
arranhando, mastigando e roendo as vigas que a sustentam. E
estou aqui para ficar.” Seu toque me deixou e eu abri meu olho
bom enquanto ele se afastava, indo para a porta e me deixando
lá naquele gancho enquanto meus ombros doíam e imploravam
por alívio.
Ele chutou a porta com um estrondo e saiu do porão, seus
passos batendo de volta no andar de cima.
Tentei colocar meu pé na cadeira bem na minha frente,
meus dedos roçando nela, mas não consegui sustentá-la.
“Vamos, seu pedaço de merda,” assobiei.
Tentei me balançar em direção a ele, mas doeu tanto que
tive que parar e baixei minha cabeça, meu cabelo caindo em
meus olhos e minha respiração saindo irregularmente.
A porta soou e minha cabeça se ergueu em confusão
enquanto ela se abria lentamente. Shawn sempre a trancava
ao sair, mas imaginei que desta vez ele percebeu que eu não
iria a lugar nenhum, então não pensou em fazer isso. Mas
quando uma figura esguia e sombria deslizou para o espaço,
meu coração estremeceu e me perguntei se havia perdido
minha cabeça completamente. Parecia que havia um quarto
adjacente a este por aquela porta e tive um vislumbre de uma
velha cadeira de balanço e uma cama além dela. Eu não era o
único prisioneiro aqui?
Ela se moveu para a luz da única lâmpada exposta
pendurada no teto e minhas sobrancelhas franziram para a
velha enrugada parada lá em uma blusa branca e saia azul
marinho. Seu cabelo era um choque de branco e sua pele era
quase tão pálida, mas eu a conhecia. Seus olhos eram os de
uma amiga perdida há muito tempo, por quem sofri, junto ao
túmulo.
“Senhorita Mabel?” Resmunguei em estado de choque,
piscando meu olho ativo enquanto tentava limpar a visão. Ela
morou em Mansão Rosewood há muito tempo, quando eu era
criança. Eu e os outros tínhamos feito trabalhos para ela na
propriedade, enquanto ela fazia vista grossa para nós quando
entrávamos furtivamente em sua propriedade e usávamos sua
casa de veraneio. Foi ela quem nos deu as chaves da cripta de
Rosewood. Ela foi a única adulta em nossa juventude que nos
mostrou verdadeira bondade.
“Chase Cohen,” ela disse em uma voz velha e rouca, suas
mãos tremendo enquanto ela se aproximava e estendia a mão
para tocar meu braço.
“Pensei que você estava morta,” falei asperamente, me
perguntando se meu corpo tinha desistido e eu estava no meio
de uma travessia ou algo assim, porque isso foi um sério foda-
se.
“Meu sobrinho enganou todo mundo,” disse ela
amargamente, em seguida, mudou-se para a cadeira e
arrastou-a para mais perto para que eu pudesse ficar em cima
dela. Assim que o fiz, levantei minhas mãos do gancho e
suspirei de alívio enquanto abaixava meus braços,
estremecendo quando a dor irradiou por todo o meu torso.
Mabel começou a resmungar, olhando para mim com o
cenho franzido enquanto desamarrava minhas mãos e eu
desamarrava meus tornozelos. “Aquele garoto Shawn é um
sujeito mau.”
Desci da cadeira e encarei esta pequena mulher que foi
tão importante para mim uma vez. “Como você está aqui? E
quantos anos você tem?” Perguntei consternado.
“Tenho cento e seis anos,” anunciou ela. “A morte é uma
boa amiga minha, fizemos um trato eu e ela.” Ela piscou,
segurando meu braço e gesticulando para que eu me sentasse.
Meio que senti que deveria oferecer a ela um assento, mas ela
parecia forte em suas pernas e ficar de pé estava me causando
todos os tipos de merda de agonia desde que Shawn tinha
queimado as solas dos meus pés com um isqueiro outro dia.
“Podemos sair?” Olhei para a porta aberta com um eco de
esperança no peito, mas ela já estava balançando a cabeça.
“A porta no topo das escadas do porão está sempre
trancada com muitos parafusos e chaves,” ela suspirou e
aquela pequena chama de esperança em mim extinguiu-se tão
rápido quanto tinha acendido.
Abaixei na cadeira, respirando através da dor quando ela
se aproximou para tirar meu cabelo do rosto e examinar meu
olho direito fodido.
“Oh aquele pequeno idiota,” ela disse em um tom trêmulo,
sacudindo o punho. “Eu daria a o que ele merece eu mesma se
pudesse.”
“Quão fodido é isso?” Perguntei, sem saber se eu queria
saber ou se isso importava.
“É... excepcionalmente fodido, meu querido,” ela disse e
soltei um suspiro de diversão com esta velha frágil xingando
assim.
“Como você está aqui, Mabel? Não entendo.”
Ela pegou minha mão, apertando-a com força e o conforto
daquele gesto foi tão forte que me agarrei a ela e não quis
soltar. Ela era um bom pedaço do meu passado, algo tangível
bem aqui na minha frente, e isso ajudou a trazer a escuridão
de volta à minha mente e deixar alguma luz entrar.
“Kaiser fingiu minha morte para que pudesse colocar suas
mãos gananciosas em sua herança. Ele pagou algum oficial
desonesto para falsificar um atestado de óbito e enterrar um
caixão vazio,” ela cortou. “Aquele merda me trancou aqui nos
quartos subterrâneos a este espaço de armazenamento.”
“Estou na Mansão Rosewood?” Engasguei, minha cabeça
girando com tudo o que isso significava. Kaiser Rosewood e
Shawn Mackenzie deviam ser aliados.
“Mas ele não conseguiu pegar tudo, viu?” Ela disse com
um brilho selvagem em seus olhos. “Ele não pode ficar com
meus diamantes.”
“Seus... diamantes?” Perguntei, minha cabeça lutando
para entender o que estava acontecendo. Eu ainda estava meio
convencido de que estava delirando.
“Eles estão escondidos,” ela disse com um sorriso. “E
nunca vou dizer a eles onde estão porque essa herança não é
para ele. Na verdade, nada disso é.” Ela me deu um tipo de
sorriso torto que me lembrou da velha mal-humorada que
conheci tantos anos atrás. Seu sorriso sumiu e ela acariciou o
lado bom do meu rosto com sua mão murcha, a sensação
daquele toque gentil significando muito para mim naquele
momento. “Mas ele é covarde demais para me matar, então
acho que um dia vou morrer com o segredo, porque nunca vou
desistir para gente como ele.”
“Sinto muito,” murmurei, triste por seu destino ter sido
tão cruel no final. Talvez Sunset Cove tenha sido amaldiçoada
por pessoas que queriam viver uma vida melhor. Talvez um dia
acabássemos todos sangrando no escuro.
“Não há necessidade disso,” ela disse com firmeza, seus
olhos lacrimejando enquanto ela olhava para mim. “Pobre
menino, há tanta dor em sua alma e algo me diz que não é por
causa de suas feridas.”
Pensei em Rogue, meus momentos finais com ela e as
palavras que saíram de seus lábios. “Sempre amei você, porra,
e esse é o problema, não é?”
Essas palavras frequentemente circulavam em minha
mente e me provocavam. Eles eram um enigma que eu não
conseguia resolver, porque ela não conseguia me amar, isso
não era possível, então por que ela disse isso?
“Você ainda vê aqueles seus amigos?” Ela perguntou
esperançosa. “Fox, Johnny James, a doce menina Rogue e
Maverick?”
“Sim,” falei pesadamente. “Tipo isso.”
Ela franziu o cenho. “O que aconteceu?”
“Tanto, Srta. Mabel,” eu suspirei. “Eles não são mais meus
amigos.”
Suas finas sobrancelhas brancas se juntaram. “Isso não
pode ser verdade. Vocês eram inseparáveis.”
“Eu estraguei tudo,” murmurei. “E este é o preço disso.”
Fiz um gesto para minhas feridas. “Mereço tudo isso.”
“Meu Deus,” ela amaldiçoou. “Não fale assim. Ninguém
merece isso.”
“Eu mereço,” falei sério, sentindo essas palavras até o
fundo do meu coração.
“Bem, posso estar velha, mas ainda tenho bons ouvidos e
há muito tempo que falta a companhia de uma boa história.
Você vai me dizer a sua, Chase? Dê a uma senhora algo em que
pensar aqui embaixo na escuridão.”
Deslizei para fora da cadeira com um gemido, deitando de
lado no concreto frio e deixando-o acalmar um pouco do fogo
na minha pele.
“Só se você se sentar,” implorei e ela se moveu trêmula
para o assento.
“Um menino tão bom,” disse ela e a emoção arranhou o
interior do meu peito.
“Não sou um bom menino,” falei a ela, preparando-me
para dizer a ela exatamente o porquê. Tudo, desde o momento
em que Rogue foi forçada a sair da cidade até o segundo em
que a empurrei para aquele cofre e roubei o beijo mais agridoce
da minha vida. “Sou o Diabo nesta história. Você não vai gostar
de mim no final.”
Eu estava deitada na minha cama no meu trailer com a
janela aberta, a brisa do mar soprando e me fazendo sentir em
paz. Mutt estava mastigando uma coisa ao pé da cama e eu
estava tentando não me afogar em minha dor.
Me atingia mais quando eu estava sozinha assim, se ter
dez homens armados do lado de fora pudesse ser contado como
sozinha, mas no silêncio, minha dor me encontrou.
Não que eu não sentisse o tempo todo. Aperfeiçoei a arte
de colocar uma cara de corajosa nos últimos dez anos, então
eu sabia como fingir até que quase parecesse real.
Mas quando me sentava em silêncio assim, me cortava
mais profundamente, cavava em meu coração ainda mais forte
e me fazia sentir todos os piores tipos de dor.
“Corra,” Chase pediu, agarrando minha mão e quase me
arrancando do chão enquanto corríamos pelo corredor para
longe da sala de aula do nosso professor de inglês.
Joguei um olhar para trás por cima do ombro, assim que o
pavio queimou até o fim e a sequência de fogos de artifício
começou a bater ruidosamente enquanto explodiam um após o
outro, o som parecendo ser de tiros no corredor vazio.
Chase me puxou ao virar da esquina, assim que o Sr.
Parker gritou e uma risada saiu dos meus lábios.
Continuamos correndo todo o caminho através da escola
até que estávamos correndo pelo asfalto na frente e avançando
pela rua.
Entrei em um beco que descia até a parte de trás de uma
loja de conveniência e puxei Chase atrás de mim com tanta força
que ele caiu e bateu em mim.
Caí para trás contra as enormes lixeiras alinhadas lá e ele
em cima de mim, xingando e se desculpando enquanto eu era
esmagada por seu corpo.
“Desculpe, pequenina,” ele meio que riu enquanto me
puxava para cima novamente e de repente estávamos parados
muito perto um do outro, meu peito roçando o dele e meu cabelo
caindo em meus olhos enquanto nossa risada ia embora.
Chase estendeu a mão para empurrar meu cabelo de lado
e eu parei, piscando para ele enquanto meu olhar caiu em sua
boca por um momento e o desejo insano de fechar a distância
entre nossos lábios consumiu meus pensamentos.
“Rogue,” ele murmurou, sua mão demorando na minha
bochecha enquanto quaisquer palavras que ele tinha para mim
ficaram presas em sua garganta.
“Sim, Ace?” Murmurei, querendo ouvir o que ele tinha a me
dizer tão desesperadamente por algum motivo. Meu coração
estava disparado e minha pele formigava onde ele me tocou,
mas nenhum de nós parecia saber para onde deveríamos ir a
partir daqui.
“Eu...”
“Aí estão vocês idiotas,” Fox chamou e Chase se afastou de
mim como se tivesse sido queimado. “Terminamos de pichar o
carro dele, acenderam os fogos de artifício?”
“Sim, cara,” Chase concordou, recuando e esfregando a
mão em seus cachos escuros enquanto se movia em direção Fox
e evitava meu olhar. “Você deveria ter ouvido ele gritar.”
Minha mente continuou correndo naquele dia, a resposta
para o que eu queria era tão clara para mim agora, quando
parecia tão obscura naquela época. Eu era uma criança
crescendo e me tornando uma mulher, me apaixonando por
meus melhores amigos e sem saber como me ajustar a essa
mudança em nossa dinâmica. Eu era uma bagunça de
hormônios e em negação porque não queria que nada mudasse
e agora, gostaria de ter dado aquele beijo de merda. Gostaria
de tê-lo visto sorrir com mais frequência. Gostaria de ter podido
salvá-lo do inferno de sua vida doméstica. Desejei tantas coisas
que nunca poderiam acontecer agora...
“Beija flor?” A voz de Fox me fez estremecer e me sentei
bruscamente, ignorando as lágrimas que cobriram minhas
bochechas porque já era tarde demais para escondê-las dele. E
eu não queria de qualquer maneira. Minha dor era sua dor,
mesmo que ele ainda se sentisse em conflito com a traição de
Chase por mim naquela balsa. Mas eu não. Porque quanto
mais eu pensava nisso, mais eu entendia. Chase teve tão
poucas coisas boas em sua vida. Fox e JJ tinham sido
literalmente a única coisa constante que ele poderia reivindicar
para si e ele só estava com medo de que eu arruinasse. E ele
tinha ficado assustado com muita frequência e por muito
tempo de sua vida.
“Também sinto falta dele,” disse Fox suavemente,
percebendo o estado em que eu estava.
Assenti, dando tapinhas na cama ao meu lado e me
deslocando para abrir espaço para ele. A porta do trailer estava
aberta para Mutt, então não foi nenhuma surpresa que ele
simplesmente entrou.
“Você precisava de algo, ou...” minha pergunta foi
sumindo enquanto meus pensamentos giravam em torno do
garoto que nós dois perdemos novamente.
“Sim, na verdade. Sinto muito, mas o cartel convocou uma
reunião e Luther está insistindo que você compareça comigo.
Porra sabe o porquê, mas ele foi inflexível, então aqui estou.”
“Agora?” Perguntei e ele acenou com a cabeça.
“Você quer que eu diga a ele para se foder ou...”
“Não. Está tudo bem. Eu vou, não dói menos dependendo
do eu esteja fazendo, então posso muito bem estar
participando de besteiras de gangue.” Eu me levantei e fui para
o meu armário, escolhendo trocar as roupas que estava usando
na praia esta manhã por uma combinação de top e shorts,
mergulhando no chuveiro para enxaguar antes de vesti-la.
Fox estava esperando por mim quando saí e peguei sua
mão, meu intestino se contorcendo culpado quando ele olhou
para nossos dedos entrelaçados com surpresa.
“Você ainda é meu garoto, Fox,” falei a ele. “Mesmo que eu
não seja sua garota.”
“Você é uma confusão que anda, e fala, sabe disso?” Ele
brincou.
“Você não me quer de outra maneira.”
Entramos em sua caminhonete, que ele mais uma vez
forçou a descer a pequena rua que separava meu trailer dos
que a cercavam, e nos levou diretamente para o Oasis, onde o
misterioso contato do cartel estaria vindo para esta reunião.
Porra sabia por que Luther me queria aqui, mas eu tinha
aparecido, admitindo que provavelmente estava malvestida,
mas ele deveria ter me dado um código de vestimenta se
quisesse que eu parecesse chique e Fox não estava vestido de
forma diferente de costume em seu short e camiseta preta.
“Não fale abertamente com essas pessoas,” Fox disse para
mim em voz baixa e séria. “Não estou brincando aqui, Rogue.
É melhor você dizer o mínimo possível e, acredite, farei o
mesmo. Fazemos alguns negócios com eles, damos uma
entrada no país por causa de suas drogas e os mantemos
felizes. Não queremos ir mais fundo que isso. E definitivamente
não queremos irritá-los.”
“Eu não sou uma idiota do caralho, Fox.” Respondi
enquanto começávamos a subir as escadas que levavam ao
Oasis Club House. Meu olhar se fixou nas janelas recém-
consertadas e nos remendos que foram feitos nos vários
buracos de bala na madeira. Assim que conseguisse uma nova
camada de tinta, a noite inteira seria praticamente esquecida.
“Eu sei, baby, mas eu não posso deixar de me preocupar.
Se eu pudesse escolher, eu não iria querer você perto dessas
pessoas. E prefiro não lidar com elas eu também. Mas o cartel
quer vir através de nossa cidade e não somos burros o
suficiente para pensar que poderíamos nos opor a eles em
recusa, mesmo se quiséssemos. E com o dinheiro que eles
pagam, Luther não quis.”
Assenti, meu ombro batendo contra seu bíceps enquanto
caminhávamos perto um do outro e minha mente vagou de
volta para aquela noite, anos atrás, que esteve tão perto de
destruir todos nós.
“Oh merda,” Chase engasgou e todos olhamos ao redor de
nossas risadas e comemorações com o tom sério de sua voz.
“Acabei de descobrir de quem é este barco.” Seu rosto estava
pálido e sua mão tremia um pouco onde ele segurava a garrafa
de champanhe.
“O que, Ace?” Perguntei a ele, aproximando-me com uma
carranca. Não tínhamos medo de nada nem de ninguém, então
não consegui entender por que a identidade de alguns idiotas
ricos o estava deixando assim.
Fox se moveu atrás de mim enquanto olhávamos para o que
ele havia encontrado e uma sensação fria de naufrágio encheu
meu peito enquanto o medo rastejava em minhas veias como
veneno.
“Coloque de volta,” murmurei, sentindo os dedos da morte
se agarrando mais perto de mim a cada segundo que passava.
“Nós vamos morrer,” JJ engasgou ao ver também e Chase
rapidamente deixou cair, mas quando olhei em volta para a
porra da bagunça que tínhamos feito neste lugar, sabia que não
seria bom o suficiente.
“Puta merda,” disse Rick, agarrando minha mão e me
arrastando para trás como se pensasse que poderia me proteger
disso, quando ele sabia tão bem quanto eu que era nossa morte
bem ali. Não havia nenhuma maneira de fugir deles.
“Vamos apenas dizer a meu pai que não sabíamos,” Fox
raciocinou. “Ele será capaz de suavizar. Nós não sabíamos.
Como poderíamos saber?”
Pisquei para afastar as memórias, sabendo que me perder
nelas agora só seria mais provável de me fazer vacilar aqui.
Mas eu não era estúpida. Sabia o quão perigoso era o cartel e
não tinha absolutamente nenhum desejo de me misturar com
eles de qualquer forma. Na verdade, eu esperava que eles nem
me notassem aqui, porque eu queria ficar o mais longe possível
do radar deles.
O clube estava bastante quieto, mas Luther estava de pé
na varanda acima do bar esperando por nós, parecendo um
semideus tatuado com toda aquela tinta e músculos brilhando
na luz do sol que entrava pela janela. Ele sacudiu o queixo em
um comando e Fox pegou minha mão enquanto me conduzia
escada acima em sua direção.
Mutt disparou à nossa frente e saltou nos braços de
Luther, lambendo o rosto e abanando o rabo como um louco.
“Não posso acreditar que aquele cachorro prefere meu pai
a mim,” Fox resmungou.
“Bem, Luther não grita com ele,” falei.
“Foi uma porra de um momento, semanas atrás e durante
uma situação muito intensa,” Fox rosnou. “Também gastei
uma pequena fortuna em comida de cachorro gourmet e aquela
porra de cama chique para ele e me ofereço para levá-lo para
sair em minhas corridas todas as manhãs, mas ele apenas mija
nos meus pés e torce o nariz agora.”
“Mutt não gosta que tentem tanto,” provoquei. “E ele
também não será comprado. Eu e ele nos ligamos quando eu o
salvei de uma certa desgraça jogando-lhe um par de batatas
fritas para sua barriga faminta, embora meu próprio estômago
também estivesse vazio. Não há vínculo como uma vida ou laço
da morte. Você é apenas o cara que tenta subjugá-lo e depois
grita com ele quando está de mau humor.”
“Uma porra de vez,” Fox rosnou novamente e eu ri.
“Você terá que fazer algo épico para compensá-lo.”
Fox bufou irritado quando chegamos ao topo da escada e
Luther colocou Mutt no chão. Meu cachorrinho imediatamente
se virou e correu para a suíte onde Luther estava hospedado
enquanto estava na cidade, abriu a porta e saltou na cama de
Luther para uma soneca, o que aparentemente era totalmente
ok para o líder da Harlequin Crew, que apenas sorriu
afetuosamente.
“Não há necessidade de parecer tão pálida, gata
selvagem,” Luther brincou quando chegamos e forcei um
sorriso para ele. Claro que ele não achava que eu tinha nada
com que me preocupar aqui, mas ele também não tinha ideia
do que tínhamos feito onze anos atrás. Dito isso, nem o cartel,
ou estaríamos todos mortos há muito tempo.
“Comi um marisco horrível,” disse.
“Pensei que você fosse vegetariana?” Luther questionou e
fiquei surpresa que ele estivesse prestando tanta atenção em
mim, mas eu não deveria realmente. Esse cara assistia a tudo,
sabia de tudo, era por isso que ele era rei.
“Bem, olhei para ele e cheirava nojento, então a mesma
diferença.” Expliquei e ele acenou com a cabeça como se
concordasse.
“Preciso falar com Rogue a sós. Nossos convidados estarão
aqui em um momento, Fox. Espere pelo cartel lá embaixo e
traga-os para o meu escritório assim que chegarem,” Luther
ordenou.
Eu poderia dizer que Fox não gostou, mas eu apenas dei
de ombros, ficando na ponta dos pés para dar um beijo em sua
bochecha. Ele meio que se virou para mim em surpresa, então
peguei o canto de sua boca e respirei fundo, meus lábios
formigando com o contato.
“Vá,” implorei. “Seu pai não vai me matar em seu
escritório. Ninguém quer ter essa bagunça em seu espaço de
trabalho.”
Luther sorriu e Fox gemeu, lançando um olhar de
advertência a seu pai antes de correr de volta escada abaixo
para esperar o cartel.
Segui Luther por um curto corredor até uma porta com
dois membros da Crew montando guarda do lado de fora,
totalmente armados e parecendo ameaçadores e merda. O que
eu não faria por uma canetinha para desenhar bigodes falsos
no rosto deles e dar um monóculo a um também. Parecia que ele
se adaptaria ao monóculo.
A porta se fechou atrás de mim e olhei em volta para o
escritório chique. Era tudo claro e arejado, a enorme
escrivaninha de madeira flutuante dominando o espaço com
estantes de madeira clara revestindo cada parede e uma longa
janela com vista para as falésias deixando entrar bastante luz.
Luther tristemente bloqueou essa visão, deixando cair
uma cortina sobre ela antes de acender uma luz no teto e se
sentar atrás da mesa.
“O cartel não gosta que falemos perto de janelas abertas
para o caso de o FBI ou alguém igualmente irritante estar
observando,” ele explicou e assenti.
Policiais sérios sempre pareceram tão distantes do meu
estilo de vida criminoso de alguma forma. Eu sabia
tecnicamente que as coisas que fiz para sobreviver não eram
legais, mas na minha realidade os policiais não se importavam
com merdas como essa. Imaginei que quando você dirigia uma
rede multimilionária de drogas como o cartel, então você tinha
peixes maiores para lidar.
“Eu estava apenas esperando por uma atualização sobre
a situação do Maverick,” Luther explicou enquanto eu me
dirigia para as estantes e comecei a olhar para as coisas
aleatórias que ele tinha lá além dos livros. Havia bugigangas e
acessórios náuticos, uma velha bússola chamou minha
atenção por um momento antes de seguir em frente.
“Bem, ele é receptivo a passar um tempo comigo,” evitei.
“Embora tenha sido um pouco difícil com Fox sendo tão
protetor que se recusa a me deixar fora de sua vista, mas agora
que ele recuou um pouco, consegui ir ver Rick novamente.”
“E? Ele está pensando em passar algum tempo com a
família?”
“Talvez.” Peguei uma coisa de pedra de aparência estranha
que tinha cristais laranja dentro e virei em minhas mãos. “Ele
ainda é bastante resistente.”
Luther bufou irritado. “Se você não é capaz de consertar
essa bagunça, então talvez eu precise repensar nosso acordo.”
Coloquei a pedra no chão com a tensão formigando ao
longo da minha espinha, então me virei para encará-lo,
levantando meu queixo enquanto prendia seu olhar. “Eu não
disse que não fiz nenhum progresso. Ele deixou JJ ir visitá-lo
na Dead Man’s Island outro dia.”
“Mesmo?” Luther perguntou, se animando. “E o que ele e
Johnny James fizeram?”
“Ainda estava muito tenso,” admiti. “Mas consegui
convencê-los a encontrar um terreno comum comigo, então eu
chamaria de progresso.”
“Então eles estão vindo juntos por causa de você?” Luther
perguntou, parecendo todo presunçoso e merda como se seu
pequeno plano estivesse funcionando tão brilhantemente.
“Sim. Eles definitivamente vieram juntos,” concordei. Eu
não preciso mencionar o fato de que eu quis dizer isso
literalmente ou que eles ainda têm sido muito hostis um com
o outro, além de toda a merda, porque não parecia muito
relevante.
“Perfeito. Vou esperar outra atualização sua em breve.
Certifique-se de continuar fazendo o que está fazendo com eles
e, com sorte, você pode conseguir que Fox se junte em breve
também.”
“Isso seria o sonho,” respondi, mordendo meu lábio e
desviando o olhar novamente porque, porra, sim, seria quente
como o inferno. Mas também, tempos tristes, eu simplesmente
não conseguia imaginar Fox pronto para isso.
Houve uma batida baixa na porta e Luther me chamou até
ele, então caminhei ao redor da mesa para ficar à sua
esquerda, em seguida, tentei descobrir se eu deveria parecer
relaxada ou intimidante.
A porta se abriu antes que eu pudesse descobrir e Fox
entrou com uma mulher bem atrás dele que exigia toda a
atenção na sala.
Ela era alta e tão bem-estruturada que me fez sentir como
um inseto que rolou por um saco de lixo no meu caminho para
cá. Seu vestido creme era sofisticado e uma merda, abraçando
suas curvas e parando no pescoço e no joelho para que ela
ficasse ao mesmo tempo coberta e sexy. Meu tipo de sexy
inclinava-se para a carne em exibição, bunda pendurada para
fora do meu estilo shorts de bunda, mas essa mulher parecia
fodidamente intocável. Seu cabelo escuro era liso e torcido em
algum tipo de nó chique na base do pescoço e sua maquiagem
tinha aquela coisa perfeita de rosto nu a seu favor. Meu rosto
estava realmente nu hoje, mas o dela parecia nu. O mais
simples. E ainda assim, perfeito pra caralho. Muita maquiagem
tinha ido para ela parecendo tão nua. Fiquei muito
impressionada. Tão impressionada que estava encarando e
nem notei que ela me analisava também.
“Então é verdade?” Ela perguntou, suas palavras
cadenciadas com um sotaque mexicano sexy. Jesus, ela era a
mulher mais fodível e intocável que eu já vi. Ela era como uma
aranha viúva negra. Se alguém se atrevesse a chegar perto o
suficiente para afundar seu pênis nela, eu tinha certeza que
ela os usaria bem, então se banquetearia com seus cérebros
quando terminasse. E eles amariam cada maldito segundo
disso.
“É um prazer vê-la como sempre, Carmen,” Luther a
cumprimentou, permanecendo esparramado em sua cadeira
enquanto ela se acomodava em frente a ele. Havia dois
capangas fortemente armados atrás dela, mas não prestei
atenção quando tomaram posição atrás dela, eles não eram o
perigo nesta sala. Era tudo ela. “E sim, eu finalmente segui seu
conselho e iniciei uma mulher em minha Crew.”
“Ela fala?” Carmen perguntou, olhos escuros em mim.
“Fala. E faz truques,” respondi. “Posso andar sobre
minhas mãos mesmo depois de afundar meia garrafa de rum.”
Fox me lançou um olhar implorando para calar a boca,
mas eu tinha certeza que Carmen estaria interessada no meu
truque de festa. Eu tinha quase certeza de que poderia
realmente conseguir se ela quisesse que eu provasse também.
“É mesmo?” Carmen perguntou, arqueando uma
sobrancelha para mim, mas tive a sensação de que ela não
estava atrás de uma demonstração, infelizmente.
“Rogue é parte integrante de nossa caça a Shawn
Mackenzie,” Luther interrompeu. “Ela tem conhecimento
interno de seus hábitos e rotinas e foi prometido o prazer de
cortar sua cabeça de seu corpo assim que o alcançarmos.”
“Você gosta de cortar cabeças?” Ela me perguntou em tom
de conversa.
“Acho que vou praticar com Shawn,” concordei. “Estou
pensando em usar uma serra para metal.”
“Eu sugeriria um machado para menos trabalho. Mas é
claro que a serra levaria mais tempo se você quiser aumentar
o sofrimento dele. No entanto, uma vez que ele esteja morto,
você sempre pode voltar para o machado para finalizar.”
“É bom saber,” falei alegremente, embora aquela imagem
mental fosse seriamente nojenta.
“E de onde você tirou esse tipo de conhecimento íntimo
sobre Shawn Mackenzie?” Carmen me perguntou, cortando ao
ponto e me fazendo engolir o nó na garganta. Mas Luther
acenou com a cabeça em encorajamento e tinha certeza que
poderia pular pela janela e correr para as colinas se fosse
necessário, então eu simplesmente fui com ele.
“Eu costumava ser a garota dele. Ele era um filho da puta
cruel e manipulador que ferrou minha cabeça e tentou me
matar. Acordei em uma cova rasa embrulhada em um saco de
batatas graças a ele. Mas suas táticas de assassinato
desleixadas realmente apenas serviram para me dar uma saída
e agora vou retribuí-lo na mesma moeda.”
Carmen me avaliou por um longo momento, então acenou
com a cabeça, seus lábios se curvando no canto. “Há uma certa
justiça poética em ver um homem destruído por uma mulher
que ele tentou arruinar,” disse ela. “Estou ansiosa para ouvir
sobre o seu sucesso muito em breve.”
Isso logo continha todos os tipos de implicações de 'senão
voltarei aqui e te matarei', mas apenas assenti, mantendo
minha boca fechada como prometi Fox, enquanto Carmen e
Luther passavam a discutir novas remessas de drogas e
dinheiro e todo tipo de merda chata.
Deixei minha mente vagar enquanto pensava em Chase.
Eu sempre estive pensando em Chase esses dias. E sempre
estava sofrendo por ele também. Eu disse a ele que gostaria de
nunca tê-lo conhecido, mas não era verdade. Apesar de toda a
dor que ele me causou e da dor que senti por ele, havia muito
amor ali também. Muito amor. Ele ainda era meu menino,
embora não estivesse mais aqui e eu não pudesse consertar o
que havia de tão horrivelmente errado entre nós.
Carmen se levantou e começou a se dirigir para a porta e
saí de meus pensamentos deprimentes, tirando uma lágrima
perdida da minha bochecha e murmurando um adeus
enquanto ela assegurava a Luther que ela e seus homens
poderiam achar a saída.
A porta se fechou atrás deles e parecia que a sala
finalmente se enchia de oxigênio novamente.
E eu costumava pensar que Luther Harlequin era
assustador. Aquela vadia o fazia parecer um gatinho maluco.
Eu estava meio que apaixonada por ela, então o que isso dizia
sobre mim?
“Isso foi bem,” Luther disse com firmeza. “Mas terei muita
organização para administrar se quiser que essa nova remessa
chegue sem problemas, especialmente enquanto Shawn ainda
estiver vagando pela cidade. Quanto mais cedo matarmos
aquele filho da puta, melhor.”
“Concordo,” Fox rosnou.
Luther olhou para mim com a testa franzida. “Carmen
gostou de você. O que significa que agora você está arquivada
em seu cérebro como uma ameaça potencial. Ela é a mulher
mais perigosa da costa leste e torcerá uma faca em suas costas
e cortará sua espinha para uma boa medida se você cruzar com
ela.”
“Meu tipo de garota,” falei com um aceno de cabeça.
“Não,” Luther disse em um tom áspero. “Ela é uma víbora.
Bonita de se ver e mortalmente venenosa.”
“Você só está me fazendo apaixonar mais por ela, cara,”
falei com um encolher de ombros e ele balançou a cabeça em
frustração.
“Essa mulher é um excelente exemplo de porque sei que
as mulheres são o sexo muito mais letal do que os homens.
Cada membro de seu cartel cortaria qualquer garganta que ela
apontasse, incluindo a sua própria.”
“Você está tentando me fazer questionar minha orientação
sexual, Luther? Parece uma coisa estranha para meu pai
mafioso fazer.”
“Apenas pare com isso,” disse Fox com irritação, como se
até mesmo me imaginar com uma mulher fosse demais para
seu pequeno cérebro possessivo de malandro aguentar.
“Ele é o único que lista as razões pelas quais Carmen é
maravilhosa, talvez Luther seja aquele com a paixão,” joguei
para ele e Luther apenas mostrou os dentes como se a ideia
disso fosse impensável. Isso me deixou meio curiosa sobre sua
vida sexual, não que eu quisesse imaginar algo assim porque
ele era o pai de Fox, o que o tornava tão sexy como uma rocha
para mim, mas tipo, ele era celibatário? Ou apenas odiava foder
mulheres então depois as jogava para um grande tubarão
branco quando terminava?
“De qualquer forma.” Luther me lançou um olhar severo
que me disse para fechar meus lábios antes de olhar para Fox.
“Fui convidado para uma noite de pôquer no Mansão Rosewood
esta noite.” Ele tirou o telefone do bolso e começou a digitar
uma mensagem. “Mas preciso me concentrar nisso, então
estou dizendo a Kaiser que você irá no meu lugar. Leve Rogue.
Vocês dois poderiam se divertir um pouco e quero que colete
informações sobre Kaiser enquanto estiver lá. Ele está se
tornando um grande jogador em nosso território e quero ter
certeza de que ele não vai ultrapassar o limite com a nossa
indulgência. Ele também tem uma dívida comigo, então
pressione-o para cumpri-la porque estou ficando impaciente.”
“Entendi,” Fox acrescentou e sorri com a ideia de gritar
com um bando de idiotas ricos no pôquer. Meu jogo era de
matar. Eu apenas sorria e ria do meu jeito, não importava a
forma como as cartas caíssem, e ninguém poderia descobrir
como diabos estava minha mão.
“Vocês têm que se fantasiar para isso. Podem tirar o resto
do dia para ir comprar algo para vestir e fazer o que quer que
gostem de fazer juntos,” Luther ofereceu como um pai
amoroso. O cara me deu uma chicotada com suas múltiplas
personalidades.
“Subway,” exigi instantaneamente e Fox gemeu.
“Você não pode estar com fome já.”
“Err, eu posso, Fox. Estou com fome o tempo todo, na
verdade. E agora quero Subway. Então sugiro que você me
alimente.”
Fox revirou os olhos e estendeu a mão para mim e sorri
quando aceitei e o deixei me levar para fora.
“Vamos, Mutt!” Gritei enquanto caminhávamos e meu
cachorrinho correu atrás de nós com um latido entusiasmado.
“Nosso pote de ouro é o Fox, garoto.”
“Mamãe vai ficar tão feliz em conhecê-lo,” Mia murmurou,
esfregando meu braço enquanto um dos meus homens nos
levava para Mansão Rosewood. Estávamos sentados na parte
de trás do carro, meus bíceps lutando contra uma camisa
branca imaculada, as mangas dobradas para revelar a tinta em
meus braços. Eu poderia precisar fazer um esforço esta noite,
mas você nunca me veria enfeitado para um baile. Kaiser teve
sorte de eu não ter aparecido sangrento.
“Mal posso esperar,” falei, meu tom leve e ensaiado. Ela
sempre acreditou, esse meu lado que não existia. Aquele que a
queria, estava apaixonado por ela. Era realmente cômico. E
talvez eu tivesse dado a mínima para foder com seu coração se
ela não fosse tão irritante. Nah, provavelmente não.
“Peguei isso para você.” Ela deslizou uma pedra azul
áspera na palma da minha mão e a rolei com o polegar, olhando
a coisa inútil. “É uma pedra do desejo.” Ela se inclinou mais
perto, a divisão alta na saia de seu vestido verde escuro se
espalhando enquanto ela falava ofegante no meu ouvido. “Quer
saber o que eu queria, Rick?”
Realmente espero que seja uma viagem de um mês para
qualquer lugar bem longe de mim.
“Diga-me,” implorei, colocando minha mão em seu joelho
nu e apertando em encorajamento.
Eu costumava me sentir completamente entorpecido
fazendo isso, agora me fazia querer vomitar. Eu não tinha ideia
do porquê, a menos que eu contasse o fato de que Rogue voltou
para minha vida e sua boceta fez meu pau jurar fidelidade ao
seu reino. E não pensei apenas em sua boceta, pensei nela. A
maneira como ela se sentia pressionada contra mim, a maneira
como sua língua afiada me fazia rir mais do que eu ria em anos,
a maneira como eu era capaz de me lembrar do garoto que fui
muito antes da prisão o transformar em algo perverso e de
coração negro. Ela me fazia me preocupar com a porra do meu
cabelo. E essa era uma memória perdida há muito tempo que
eu não tinha planejado voltar.
Como uma garota detém o poder de fazer meu coração
parecer tão frágil quanto um floco de neve? Não era bom, toda
aquela distração. Eu já tinha feito muitas concessões para os
Harlequins por causa dela, e precisava parar de deixá-la
prender minhas bolas em um torno e ir atrás de seu sangue
como sempre planejei. Eu não conseguia nem me permitir
pensar sobre a festa de merda que tive ao compartilhá-la com
JJ. Porque então pensava sobre o que isso significava, e porque
eu meio que gostava de ter JJ por perto às vezes, e então
começava a pensar no passado e em nosso pequeno grupo. E
especialmente não gostava de pensar nisso ultimamente,
porque então pensava no menino que não estava mais por
perto.
Nossa antiga família foi reduzida graças a Shawn. E, no
entanto, não me senti feliz com isso. Não, senti algo muito pior
fermentando em mim por causa de Chase. Em uma porra de
lugar profundo, profundo em algum lugar da minha alma
infeccionada, eu queria vingança por sua morte. Passei as
últimas semanas oco e perdido e fodidamente furioso e não
conseguia mudar a dor em mim sobre ele. Era estúpido,
juvenil, ligado a algum apego antigo e esquecido que uma vez
tive por ele. Mas ele não merecia um pedaço de luto da minha
parte, então não o reconheci. Deixei esses sentimentos
indesejados apodrecerem em um lugar onde nunca os
examinei. Eles não eram meus. Pertenciam a uma criança que
não existia mais. Assim, poderiam morrer com ele e,
eventualmente, a dor pararia.
A mão de Mia deslizou para o meu pau, acariciando para
tentar persuadir um pouco de vida nele, mas ele estava no
exército de Rogue agora, disposto a lutar batalhas por ela e
morrer em sua colina. Não na de Mia.
Sutilmente afastei a mão dela, em seguida, inclinei-me e
beijei sua bochecha. “Desculpe, bebê, estou passando por um
curso final de tratamento. Isso torna tudo entorpecido lá
embaixo.”
“Oh, querido,” disse ela com uma carranca. “Você não
consegue sentir nada?”
“Nada,” falei com um olhar triste. Mas parece que a boceta
de Rogue está bem. Isso é estranho.
“Quanto tempo mais?” Ela perguntou e eu me afastei.
“Não quero falar sobre isso, Mia,” murmurei como se
estivesse com vergonha e ela acariciou meu braço.
“Vou adicionar mais cristais de cura ao seu quarto,” disse
ela. “Os lençóis já foram esterilizados para que eu possa
começar a dormir com você de novo?”
“Não e tem havido muito... derramamento,” falei, fazendo
merda na hora e ela engasgou.
“Derramamento?” Ela respirou horrorizada. “Como uma
pele de cobra?”
Uma risada engatou na minha garganta e engoli, forçando
uma carranca severa em meu rosto. “Eu disse que não quero
falar sobre isso.”
“Desculpe, baby,” ela disse suavemente, dando um
tapinha no meu braço. “Meu primo é quiroprata, talvez eu
pudesse ligar para ele para um conselho?”
“Não são minhas costas que são o problema, Mia,” mordi.
“É meu pau. E minhas bolas também. Minhas bolas estão
muito inchadas, parecem dois nabos roxos. E não me fale sobre
o cheiro ou a fralda esquisita que tenho que usar para...” me
cortei, levando o punho à boca e fechando os olhos como se
estivesse horrorizado com o que disse.
O cara que dirigia o carro olhou para mim no espelho
retrovisor com os olhos arregalados e levei tudo o que eu tinha
para não cair na gargalhada. Rogue teria adorado este jogo.
“Oh não,” ela engasgou.
“Sim,” cerrei. “Então, podemos parar de falar sobre isso?”
“Aquela garota Rogue tem muito a responder,” ela rosnou
e assenti. Desculpe, linda, teve que ser você quem me deu.
Chegamos ao enorme portão de Mansão Rosewood e
minha diversão sumiu quando me endireitei. Eu queria entrar
aqui por muito tempo, porra. Trabalhei muito, eu merecia. E
agora finalmente iria valer a pena.
Dois guardas armados abriram os portões para nós e
enquanto caminhávamos para dentro, observei o terreno
imaculado que um dia foi coberto de mato e abandonado. Eu
preferia assim, com a grama alta e flores silvestres por toda
parte. Kaiser havia carimbado o caráter dele, os gramados
perfeitamente cuidados, o antigo caminho de rachaduras
reparado e a casa senhorial agora brilhando, a varanda recém-
pintada de branco e um grupo de móveis de vime que parecem
caros no novo deck.
Meu motorista nos estacionou ao lado de outro veículo e
fiz uma careta para a caminhonete de Fox antes de sair do
carro. Ajustei a arma no meu quadril enquanto Mia se movia
para o meu lado e caminhávamos em direção à varanda, onde
alguns guardas estavam parados com metralhadoras em seus
corpos. Kaiser não estava brincando quando se tratava de
segurança e tive que me perguntar o que ele estava protegendo
tão ferozmente aqui, ou se ele era apenas um louco.
Eles nos revistaram e nos deixaram entrar assim que
pegaram minha arma e passamos por um grande hall de
entrada com piso de carvalho e uma enorme escada com tapete
vermelho que serpenteava em direção ao próximo andar. Um
dos guardas nos conduziu pela casa, passando por cômodos
opulentos que cheiravam a tinta fresca e dinheiro novo. O gosto
de Kaiser era nojento. Tudo era brilhante, incompatível e de
aparência desconfortável. Havia um tapete laranja violento
sobre um chão de ladrilhos preto e branco e as fotos nas
paredes pareciam algo que eu poderia ter feito com um pincel
preso entre minhas nádegas.
“É tão lindo aqui, não é?” Mia suspirou e franzi o nariz.
Claro que ela gosta disso.
Chegamos a uma sala enorme com uma grande mesa de
pôquer redonda no centro, as paredes decoradas com cartas de
baralho do tamanho de um homem, armas gigantes e um
mural de uma versão cartoon de Kaiser com um chapéu de
gangster e duas metralhadoras nas mãos que dispararam
balas de ouro.
Que porra é essa merda feia?
Fox estava sentado à mesa com Rogue ao lado dele em um
vestido vermelho sangue que a fazia parecer comestível pra
caralho. Meu olhar se arrastou sobre ela com intenção e meu
pau acordou como a Branca de Neve depois de ser beijada pelo
príncipe. Ela molhou os lábios enquanto olhava para mim e
Fox se eriçou ao lado dela, seus olhos cheios de uma
advertência ameaçadora que eu não me importava em
obedecer.
“Mi-Mi!” Kaiser levantou-se de seu assento com um largo
sorriso, erguendo um copo de uísque para brindar nossa
chegada. Havia um monte de outras pessoas sentadas ao redor
da mesa e reconheci a prefeita Hardanger com seus longos
cabelos ruivos e alguns policiais locais entre eles.
Mia puxou meu braço na direção de seu padrasto, que a
puxou para um abraço. Meu olhar mudou para uma mulher
quando ela se levantou ao lado de Kaiser, seus seios
empurrados para a lua em seu vestido de veludo preto apertado
e seu lábio superior tão cheio de enchimento que parecia que
um peixe molhado tinha sido grampeado em seu rosto. Seu
cabelo era escuro como o de Mia, caindo sobre os ombros em
ondas sedosas. Seus braços estavam cobertos de tatuagens e
uma olhada neles me disse quem era a encarregada da
decoração deste lugar. Uma das mangas era apenas uma
mistura de cores brilhantes e cruzadas que cercavam uma foto
dela e Kaiser enrolados nus.
“Venha aqui para a mamãe, Maverick, é tão bom conhecê-
lo finalmente. Eu sou Jasmine,” ela disse com uma voz
sensual, agarrando-me para um abraço que não consenti e
tentando puxar minha cabeça para baixo para acariciar seus
seios. Isso seria uma porra de não.
Vagamente a apertei de volta, em seguida, me afastei, mas
não antes dela plantar um beijo de batom na minha bochecha
com aqueles lábios de peixe dela. Parecia o cu de um
rinoceronte batendo na minha bochecha e eles praticamente
estouraram com a sucção enquanto saíam da minha pele.
“É ótimo finalmente conhecê-la,” falei, forçando um
sorriso e Kaiser me agarrou para um abraço em seguida, como
se fôssemos uma maldita família.
Eu me senti como se estivesse sendo molestado na frente
de toda a sala, e o fato de que Fox estava assistindo a essa
exibição me deixou de pé novamente. Mas eu tinha que jogar
junto, porque isso era o que eu estava procurando por um
maldito tempo, só era uma merda que ele tivesse que estar aqui
para testemunhar o quão baixo eu me rebaixaria por isso.
Kaiser bateu nas minhas costas várias vezes e quase
engasguei com sua loção pós-barba antes dele me soltar.
“Pessoal, este é Maverick Stone, o namorado da minha Mi-
Mi,” Kaiser anunciou, em seguida, olhou para Fox.
“Obviamente há um pouco de tensão entre você e outro de
meus convidados, então peço que mantenhamos civilizado.
Guillermo ficará de olho em todos vocês para garantir que as
coisas continuem assim.” Ele gesticulou para seu homem que
era construído como um celeiro e tinha uma metralhadora
sobre o peito e um cinto de munição enrolado em seu corpo.
“Agora, por favor, sente-se e começaremos o primeiro jogo da
noite.”
Mia me rebocou até nossos assentos, que por acaso
estavam bem ao lado de Rogue e Fox, um fato que presumi que
fosse intencional, mas não sabia qual era o ângulo de Kaiser.
Talvez ele só quisesse descobrir o quão profundo nosso ódio
realmente era. Mia tentou sentar ao lado de Rogue, mas eu
suavemente me sentei antes que ela pudesse me impedir.
“Não teremos problemas, não é, Foxy?” Inclinei-me para
olhar para ele além da minha garota e ele me lançou um olhar
mortal.
“Não, a menos que você cause algum,” ele disse friamente.
“Eu nunca causo problemas, não é?” Cutuquei Mia e ela
agarrou minha mão na mesa, enrolando seus dedos entre os
meus.
Me virei para olhar para Rogue, examinando cada
centímetro de sua roupa e seu olhar se estreitou na minha mão
em torno da de Mia. Eu podia sentir o cheiro de coco em sua
pele, mas não era o suficiente para saciar minha fome por ela.
Eu queria dar uma mordida viciosa e deixar minha marca nela.
Também queria foder com seu cabelo alisado e maquiagem
perfeita, mostrar ao mundo o quão boa ela parecia áspera e
recém-fodida por mim.
“Olá, linda,” falei em um tom baixo.
“Ei, Rick,” ela disse com um sorriso leve e brincalhão.
Hmm, ela definitivamente quer meu pau.
Um garçom apareceu para anotar nossos pedidos de
bebidas e outro cara trocou algumas fichas para mim e Mia
jogarmos, então logo estávamos recebendo nossas cartas e eu
finalmente tive uma desculpa para largar a mão de Mia.
Espiei minhas cartas, olhando para Rogue com
conhecimento de causa. Seu jogo de pôquer era supremo. Ela
poderia bater em nossas bundas quando crianças dez vezes. E
eu, pelo menos, estava animado para ver o quão forte ela
poderia bater nesses idiotas ricos esta noite.
Uma conversa fiada estourou ao redor da mesa enquanto
jogávamos e comecei a planejar como me desculpar dessa
merda para que eu pudesse ir e verificar a cripta. Rogue me
disse que tinha entrado na propriedade para ver não muito
tempo depois de voltar para a cidade, mas com o trabalho de
reforma que Mia sempre me dizia que estava acontecendo
nesta mansão ultimamente, eu estava preocupado que Kaiser
pudesse ter feito algo a isso desde então. Então, eu precisava
ver a cripta sozinho esta noite e fazer um plano para invadir lá
o mais rápido possível.
“Então, Foxy, como vão os negócios Harlequin?” Perguntei
casualmente enquanto Mia começava a conversar com a
prefeita do outro lado.
“Seria ótimo se não fosse pelos dois idiotas tentando
destruir minha cidade. Não tenho certeza quem é mais uma
ameaça agora, o pedaço de merda que machucou Rogue e
agora está tentando tomá-la e minhas terras, ou o traidor da
família que também está tentando levar minha garota e pensa
que pode fazer o que quiser sem enfrentar as consequências de
suas ações,” disse Fox suavemente.
“Eu não sou sua garota,” Rogue murmurou, mas apenas
baixo o suficiente para que pudéssemos ouvir e imaginei que
ela estava desempenhando seu papel como dele esta noite para
os espectadores.
“Uau, você tem muito a fazer, irmão. Seria quase mais fácil
desistir de tentar manter minha garota longe do que ela
realmente quer,” provoquei, tentando irritá-lo.
“Eu também não sou sua garota,” ela cantou, colocando
algumas fichas no jogo quando a jogada veio em nossa direção.
Eu desisti, jogando minhas cartas para baixo e dando a
Rogue e Foxy toda a minha atenção.
Deixei cair minha mão em sua coxa sob a mesa,
envolvendo meus dedos em torno dela e apertando, fazendo um
pequeno suspiro escapar dela.
“Imploro para discordar, linda,” sussurrei, mas Fox pegou
e sua mandíbula apertou quando ele olhou para mim.
“Você nunca vai tê-la,” disse Fox em um rosnado e algo
em seus olhos me disse que ele estava tramando para garantir
que essas palavras se tornassem realidade.
“Já tenho. Já estive lá, fiz isso, gozei, vou repetir.” falei
com um sorriso educado enquanto Guillermo se aproximava
mais e a mão de Fox se fechava em punho sobre a mesa.
“Vocês podem parar de barganhar por mim como se eu
fosse uma vaca premiada?” Rogue perguntou levemente. “Eu
não sou de nenhum dos dois, nunca fui, nunca serei.”
Desafio aceito.
Fox pintou um sorriso tenso quando minha mão deslizou
mais alto na coxa de Rogue e suas pernas seguraram meus
dedos para me impedir de ir mais longe. Belisquei a parte
interna de sua perna e ela saltou um pouco em sua cadeira,
fazendo suas coxas se alargarem o suficiente para eu alcançar
sua saia e beliscar seu clitóris também. Ela engasgou quando
puxei minha mão e me levantei, um sorriso dançando em meus
lábios enquanto a ignorei olhando para mim em estado de
choque.
“O que aconteceu?” Fox murmurou para ela e ri quando
ela balançou a cabeça em recusa em responder.
“Qual é o caminho para o banheiro?” Perguntei a
Guillermo e ele apontou com a arma para uma porta do outro
lado da sala. Assenti, dando um passo em direção Fox e
olhando por cima do ombro enquanto meus dedos roçavam o
braço de Rogue e pintei a palavra minha em sua carne.
“Um dez e um ás? Você tem isso na bolsa, amigo,” falei em
voz alta, em seguida, bati no ombro de Fox enquanto ele
praguejava baixinho e me afastei para a porta, saindo dela e
correndo pelo corredor.
Havia uma corda de veludo vermelho bloqueando o final
do corredor, mas sem guardas por perto, o que era um bom
sinal. Entrei no banheiro e peguei meu telefone, mandando
uma mensagem para Rogue.

Rick: Peça desculpas e me encontre para uma foda rápida.


Rogue: Que tal não, babaca?

Rick: Tudo bem, me encontre para uma surpresa.

Rogue: A surpresa é o seu pau?

Rick: Talvez.

Rogue: Não, obrigada! Minha vagina não está aceitando


pedidos.

Rick: Que tal partirmos em nossa aventura, então?


Operação cripta.

Rogue: Continue falando…

Rick: Levante sua bela bunda e caminhe pelo corredor até


mim e venha brincar, bosque escuro onde ninguém vai me ver
fodendo você sem sentido contra a parede da cripta.

Rogue: Moo.
Rick: ??

Rogue: *Emoji de vaca*

Rick: ???

Rogue: Pare de me comprar como uma vaca.

Rick: Ok. Saia de fininho. Esgueirar para a cripta. Sem


foder.

Rogue: Fechado.

Rick: Ainda bem que você não descartou dedilhar, comer


você, chupar meu pau ou uma punheta atrevida.

Rogue: *Emoji de régua* *emoji de sinal de saída*

Rick: Você acabou de descartá-los, não é...

Rogue: Yep.
Ela entrou pela porta balançando os quadris. “Kaiser
acabou de marcar um intervalo. Temos trinta minutos até o
jogo começar novamente. Fox foi agarrado por Kaiser, mas ele
estará em pé de guerra quando perceber que eu parti.”
“Felizmente não dou a mínima para o que Fox pensa,”
falei, agarrando sua mão. “Mas prefiro que ele não nos
encontre farejando pela cripta que vamos usar para destruí-
lo.”
Uma pequena ruga se formou entre seus olhos que me fez
franzir a testa, mas depois sumiu e ela me rebocou para fora
da porta. Corremos como crianças em direção à corda de
veludo vermelho, saltando por cima dela e rasgando o corredor
enquanto sufocamos o riso.
Algumas voltas nos levaram a uma porta lateral e a
empurramos, encontrando-nos em um pátio de pedra que
levava aos jardins. Corremos através dele, nos movendo cada
vez mais rápido enquanto deslizávamos por um caminho e nos
dirigíamos para a cripta no final do terreno.
Não demorou muito para que chegássemos ao cemitério,
encontrando-o cuidadosamente tratado, ao contrário do
deserto que havia sido dez anos atrás. A cripta erguia-se bem
no centro e meu pulso se acalmou quando coloquei meus olhos
sobre ela finalmente.
Corremos até a porta e verifiquei se estava tudo intacto,
em seguida, corri meu dedo sobre o anel circular de cinco
fechaduras de bronze com pequenos animais ao lado de cada
um que os ligava às nossas chaves. Rogue pousou a palma da
mão na pedra e moveu sobre os buracos da fechadura, olhei
enquanto ela fechava os olhos.
“Você está bem, linda?” Perguntei e quando ela abriu os
olhos, os encontrei brilhando úmidos.
Ela balançou a cabeça e de repente ela se jogou em mim,
enterrando o rosto no meu peito e passei meus braços em volta
dela em surpresa.
“O que está errado?” Rosnei, pronto para destruir quem
quer que fosse a causa dessa dor. Se Fox tivesse feito algo, eu
o mataria esta noite. Eu o amarraria na frente de toda a
maldita festa se fosse necessário e arriscaria com o fodido
Guillermo e sua metralhadora.
“Eu sinto falta dele,” ela engasgou e ela não teve que dizer
quem quando meu peito apertou. Eu sabia instintivamente
porque assim que ela disse essas palavras, elas abriram uma
ferida em mim que eu estava trabalhando tanto para ignorar.
Segurei seu queixo, puxando sua cabeça para olhar para
mim enquanto as lágrimas rolavam por seu rosto, me fazendo
quebrar, porra.
“Você vai ficar bem,” falei, mas ela balançou a cabeça.
“Eu não vou,” ela disse, uma rachadura em sua voz. “Não
vou, Rick, tento seguir em frente, mas não consigo. Todo dia é
como nadar no alcatrão e um dia vou me cansar e não vou mais
conseguir. Vou apenas afundar nessa dor em mim e isso vai
me comer.”
“Não fale assim,” falei com firmeza. “Isto vai passar.”
“Não. Vai,” ela disse ferozmente, seus olhos brilhando de
dor. “Acabou. Qualquer chance que eu tinha de estar completa
se foi. Sei que não faz sentido, sei que devo odiar todos eles,
mas também os amo. E agora Chase está... está morto,” ela
murmurou e meu peito foi esmagado como se estivesse sob o
peso de uma tonelada de ferro. “Estou quebrada para sempre.
Não consigo me recuperar disso. Ele é um pedaço de mim que
preciso neste mundo, mesmo que me machuque, mesmo que
eu o odeie mais do que o amo.” Ela entrelaçou os dedos na
minha camisa e a empurrei contra a cripta, nosso fim nos
esperando dentro dela.
Em todos os meus planos para destruir os Harlequins,
nunca tive que incluí-la na equação. Mas eu pude ver que ela
estava dividida, estava escrito em seu rosto. Esse plano que
tínhamos para desvendar os segredos desta cripta era um em
que eu vinha trabalhando há muito tempo, mas se ela não
conseguia lidar com isso, se abri-la também a destruísse, como
eu poderia continuar?
“Garotinha,” rosnei, espalhando uma lágrima em sua
bochecha enquanto ela olhava para mim em busca de uma
resposta que eu não tinha. “Você é mais forte do que qualquer
um que eu conheço. Você pode se recuperar disso.”
“Você pode?” Ela murmurou, procurando meus olhos.
“Realmente não se importa se ele está morto?”
Fiquei quieto, a resposta a essa pergunta estava na minha
língua. A verdade que eu não queria dar. Seus dedos
arrastaram ao longo da minha bochecha e me inclinei em seu
toque enquanto meu coração batia fortemente por essa garota.
“Eu o vejo o tempo todo,” ela sussurrou. “Em cada sonho,
em cada momento de vigília, ele está lá, sentindo-se tão perto
que é como se ele nem tivesse partido. Mas ele partiu. E no
momento que eu aceitar isso, vou quebrar e não vou me
recuperar desta vez, Rick. Não quero me recuperar.”
“Não diga isso,” rosnei, segurando sua garganta com um
leve aperto e pressionando suas costas contra a porta de pedra.
“Vou te segurar, vou te embrulhar tão forte que você nem vai
sentir as rachaduras em suas paredes.”
“Você não pode,” ela resmungou. “É tarde demais para
isso Rick. Dez anos tarde demais. E agora ele se foi e eu...” ela
fechou os olhos e mais lágrimas correram pelo seu rosto.
Eu me senti frenético, odiando que não soubesse o que
fazer ou como curar essa dor nela. Eu não poderia trazer Chase
de volta dos mortos, e parecia que era a única coisa que poderia
curar essa dor.
“Sinto muito, linda,” falei pesadamente. “Eu não deveria
tê-lo deixado ir sozinho na noite em que a Dollhouse desabou.”
“Por que você estava lá com ele?” Ela perguntou, olhando
para mim mais uma vez e percebi que nunca tínhamos tido
essa conversa.
Engoli em seco, não querendo ir lá, deixar essa ferida se
dividir. Não queria sangrar. Mas Rogue precisava de mim. Eu
podia ver o quão sozinha ela estava e eu precisava descer nesse
poço de desespero com ela e apenas deixá-la saber que eu
também estava quebrando. Mas se ela visse isso, ela
questionaria tudo, eu questionaria tudo, porra.
“Pegamos um Dead Dog,” grunhi. “Ele nos contou os
planos de Shawn para a Dollhouse, então fomos lá juntos. Não
acho que ele se importou se morresse naquela noite, ele teria
dado qualquer coisa para tirar você e os outros.”
“Ele me beijou,” ela admitiu. “Antes de morrer. Eu fui vê-
lo e nós discutimos e... porra, se eu tivesse ido com ele ou
lutado mais para fazer Fox trazê-lo para casa, talvez ele não
estivesse morto.”
O peso dessa notícia tomou conta de mim e marquei meu
polegar ao longo de seu queixo quando percebi algo que ela
estava tentando me dizer o tempo todo. “Você nunca iria
escolher, não é?”
Ela balançou a cabeça. “Somos nós cinco ou nada. Sempre
foi assim. E acho que as coisas não mudaram. Porque não
podemos mais ser nós cinco, Rick, então é nada.” Ela falou de
uma forma que me disse que sentia aquele nada em seu âmago
e encostei minha testa na dela, desprezando isso, querendo
preencher aquele vazio, mas sabendo que não era o suficiente.
Ela estava certa. Senti a ausência de meus irmãos como
pedaços de sangue que foram arrancados do meu coração, mas
estava disposto a suportar essa dor em busca de vingança
contra eles também. Eu estava quebrado há muito tempo, um
menino martelado e espancado em uma ilusão despedaçada de
homem. Mas isso nunca importou antes, porque eu sabia que
destruí-los me destruiria por sua vez. Eu estava disposto a
afundar com o navio, mas agora Rogue estava envolvida e ela
também estava neste navio e a água já estava entrando.
“Diga-me o que posso fazer,” implorei. “Diga-me que há
uma maneira de curar essa dor em você e eu farei isso. Seja o
que for, menina.”
Liberei sua garganta, arrastando meu polegar ao longo de
sua clavícula e enganchando seu colar em minhas mãos antes
de correr até a chave. “É isso? Você quer o resto dessas chaves,
quer vingança?”
“Eu não sei mais,” ela murmurou, suas lágrimas secando
e uma dormência horrível enchendo seu olhar enquanto ela se
encostava na porta. Ela parecia que não se importava mais, e
essa foi a pior coisa que já enfrentei. Porque Rogue Easton
estava cheia de vida até a borda, ela se importava com tudo e
nada e trazia a luz do sol com ela aonde quer que fosse. Mas a
luz dessa garota estava se apagando e não havia fogo suficiente
em mim para reacender sua chama.
Fui me afastar, odiando que eu estivesse falhando e ela
agarrou meu colarinho, puxando-me em sua direção. Seus
lábios encontraram os meus e ela falou entre beijos enquanto
meu coração batia forte de necessidade por essa garota. “Se o
sol nascer amanhã, nós assistiremos juntos,” ela disse sem
fôlego. “E se isso não acontecer, vamos cair no escuro de mãos
dadas, Maverick. Portanto, não se atreva a fugir de mim.”
Empurrei minha língua em sua boca, prendendo-a na
cripta e colocando meu antebraço acima de sua cabeça
enquanto a beijava lenta e fortemente, tentando dizer a ela
todas as palavras que me abandonaram.
Eu estaria lá enquanto ela precisasse de mim, e eu
romperia com ela se esse fosse seu destino. Mas de repente eu
temi o caminho que estávamos percorrendo, porque uma vez
que abríssemos esta cripta e deixássemos nossos segredos
revelados à luz, suas palavras se tornariam realidade.
Mas se Fox e Johnny James caíssem em desgraça, eu e
Rogue cairíamos com eles. E nada que eu fizesse poderia salvá-
la.
Eu não gostava muito de Kaiser Rosewood, mas gostava
de sua casa de veraneio, seu porão e de seu uísque, e da
facilidade com que ele engolia minhas mentiras. Ele achava
que éramos melhores amigos, achava que seu dedo estava
firmemente na minha torta para que, quando eu assumisse
Sunset Cove, fosse muito legal com ele, o deixasse continuar
construindo o pequeno império que estava prestes a governar.
Mas, na verdade, eu não era amigo de ninguém.
Simplesmente gostei dessa casa, gostei muito dela na verdade.
Tanto que decidi fazer dela minha própria quando chegasse a
hora certa. Por enquanto, eu o deixaria pensar que estava em
seu bolso enquanto pegava seu dinheiro, transava com as
prostitutas que ele trazia aqui nos fins de semana e dormia em
sua casa de verão sempre que eu desejava. Ele disse que eu
poderia ficar na mansão, mas não gostei do fedor de sua loção
pós-barba que pairava no local ou das histórias chatas de sua
esposa sobre trabalhar como uma garota de cabaré em Las
Vegas. Talvez eu a curvasse sobre alguma coisa antes de
estourar a cabeça de seu marido para que pudesse desfrutar
do horror em seus olhos quando eu fodesse sua esposa, mas
achei que o único prazer que eu teria disso seria do tipo sádico.
De qualquer forma, eu tinha me levado para um passeio
pelos jardins de Kaiser depois que ele me disse especificamente
que eu não deveria mostrar meu rosto esta noite na mansão.
Aquilo havia soado alguns alarmes por minha causa e o
pequeno eu, curioso, não pude deixar de dar uma olhada.
Então imagine minha surpresa quando encontrei Fox
Harlequin entrando pela porta da frente com minha garota em
seu braço e um tempo depois seu ex-irmão Maverick Stone
apareceu também. Interessante, interessante pra caralho.
Acontece que eu não era a única torta na cidade que
Kaiser estava mexendo. Imaginei que não estava surpreso que
ele estivesse dividindo suas apostas entre nós para garantir
que sairia por cima de qualquer maneira quando a guerra
acabasse. O problema era que Kaiser não deixava meus
homens entrarem em suas terras e, por mais hospitaleiro que
fosse comigo na maior parte do tempo, eu sabia que ele não
hesitaria em virar seus capangas contra mim se meu dedo se
contraísse no gatilho da minha espingarda e eu acidentalmente
tirei a cabeça de Fox de seus ombros durante sua festa chique
esta noite. Então, decidi ficar quieto e reunir um pouco de
inteligência em vez disso.
Segui Rogue e Maverick até o cemitério na borda da
propriedade e agora eu estava me escondendo nas sombras
atrás de uma estátua alta de um anjo, meu olhar fixo neles.
Aprendi três coisas enquanto estava lá:
1. Havia algo muito importante naquela cripta que
agora eu estava extremamente interessado.
2. Maverick era um homem fodido e sujo e era delicioso
ver o quão quebrado ele estava em primeira mão.
3. Rogue era uma vagabunda como esperado e Fox não
ficaria feliz em saber que sua garota estava transando com o
inimigo.
Refleti sobre esses fatos e devorei cada um lentamente.
Nunca agi precipitadamente ou emocionalmente diante das
situações, emoções eram para as espécies mais fracas. Não,
esperei meu tempo e que as coisas se encaixassem para o
máximo de dano e drama. Então, eu pensaria no que aprendi
por agora.
Rogue tirou um colar de sua garganta, puxando-o pela
cabeça e minhas sobrancelhas arquearam enquanto ela
segurava a chave. Ela me disse que era a chave do armário de
bebidas de sua avó, mas a menos que esse armário estivesse
localizado dentro daquela grande besta de cripta, eu tinha que
suspeitar que ela mentiu, porque enquanto eu observava, ela
deslizou uma dessas chaves para dentro da fechadura e se
encaixou como um sonho. Eles conversaram por um momento,
então Maverick enfiou a língua na boca de Rogue enquanto ela
chorava e eu meio que esperava que ele começasse a transar
com ela para que eu pudesse fazer um vídeo que quebraria o
coração do pobre Fox. Infelizmente, eles se separaram, em
seguida, começaram a caminhar de volta para a casa e encarei
minha pequena prostituta com meu pau latejando e um sorriso
nos lábios.
Eu poderia dirigir até a cidade com alguns dos meus
homens mais tarde esta noite, reunir algumas vadias e levá-las
para a floresta para serem fodidas até o amanhecer. Sim, eu
precisava de uma válvula de escape e tinha uma garrafa de
uísque da Kaiser que gostaria de ser lambida de alguns peitos
empinados.
Quando tive certeza de que eles tinham sumido, fui até a
cripta, observando a porta e passando os dedos pelos cinco
buracos da chave. Rogue tinha uma chave, então onde estavam
as outras quatro?
Comecei a rir quando percebi quem poderia ter a resposta
para isso. Meu garotinho de olhos lindos no porão do Kaiser.
Quando a festa acabasse, eu faria uma visita a ele e veria se
conseguia quebrá-lo de uma vez por todas. Eu não perguntaria
sobre as chaves até que ele começasse a cantar sobre sua
raposa favorita, no entanto. Tinha que jogar certo, porque
Chase fecharia mais apertado do que o cu de um molusco se
eu desse muito. Claro, ele já estava sendo um molusco total,
então eu realmente precisava abri-lo com uma faca logo.
Eu era um homem paciente, mas não poderíamos jogar
esse jogo para sempre. Precisaria de alguma informação ou
teria que me livrar dele. Achei que ainda estava hesitando em
fazer isso porque realmente gostava de ser o centro de seu
mundo miserável, adorei a sensação de poder que tive quando
enfiei minha faca em sua carne e, cara, adorei um desafio.
Olhos bonitos acabou por não ter nenhuma consideração por
si mesmo, o que o tornava um idiota triste ou mais corajoso do
que qualquer homem que destruí antes. Torci as pulseiras de
couro em meu pulso que roubei de Chase – meus Chaseletes
se você quiser – enquanto pensava nele.
Lentamente fui aumentando os níveis de tortura a que o
sujeitei, aumentando o belo final que eu havia planejado.
Quando eu terminasse de quebrá-lo e deixar minhas cicatrizes
por dentro e por fora de sua carne, faria um dos meus homens
me gravar colocando uma bomba em sua boca, em seguida,
levá-lo para a floresta.
Assim que estivéssemos lá, eu o amarraria a uma árvore
e enviaria o vídeo aos Harlequins, dando-lhes as coordenadas
e quinze minutos para encontrá-lo. Eles descobririam que seu
doce amigo estava vivo apenas para perdê-lo novamente.
Porque não importava se eles chegassem a tempo, aquela
bomba estava explodindo. Eu teria certeza disso. Eu realmente
esperava que eles estivessem lá para ver sua cabeça explodir.
Voltei para dentro da casa e dirigimos para a sala de jogos
juntos, Maverick perseguindo meus passos como um cachorro,
sua respiração roçando minha nuca e o peso de seus olhos em
mim fazendo meu passo vacilar mais de uma vez.
Ele passou um braço em volta da minha cintura,
segurando a maçaneta da porta quando a alcançamos, seu
peito pressionando minhas costas enquanto ele me prendia lá
por um momento e sua barba raspando a pele bem abaixo da
minha orelha quando ele se inclinou para falar comigo.
“Estou ficando cansado de esperar por você, Rogue,” ele
murmurou. “E não estou acostumado a esperar pelo que
quero. Você está começando a testar seriamente minha
sanidade aqui. Precisamos descobrir isso rápido, ou eu posso
apenas ir em uma matança Harlequin para reclamar minha
rainha.”
Ele abriu a porta na minha frente para que eu não tivesse
a chance de responder e soltei um suspiro para expelir o gosto
dele da minha pele enquanto entrei na sala como se nada
tivesse acontecido.
Mas a sensação de zumbido que ele deixou correndo por
todo o meu corpo apenas se intensificou quando levantei meu
olhar e encontrei Fox olhando para mim do outro lado da sala.
Engoli um nó na garganta e levantei o queixo enquanto
caminhava direto para ele, me recusando a me deixar ficar
nervosa por esses meninos. Embora enquanto meu olhar
viajasse sobre a forma como os músculos de Fox se projetavam
contra sua camisa, sabia que estava brincando rápido e solto
com os ditos meninos atualmente. Ainda. Eu me lembrava de
quando Fox tinha oito anos e caiu das barras de macaco e
esfolou os joelhos. Concedido, ele apenas amaldiçoou todos
que tinham visto isso acontecer, então instantaneamente
escalou novamente e pendurou-se de cabeça para baixo para
provar um ponto para qualquer um que pensasse que vê-lo
sangrar era igual a vê-lo ser fraco. Mas eu ainda me lembrava
de seu nariz polvilhado de sardas e seus olhos brilhando com
perguntas antes que cada coisa inocente sobre ele tivesse sido
arrancada. Ele não iria me intimidar.
Atravessei a sala até Fox enquanto ele apenas estava lá,
esperando por mim, mas em vez do ciúme ou da raiva que
esperava encontrar em seus olhos verdes quando cheguei,
encontrei um calor que me queimava de dentro para fora.
“Ei,” falei, minha voz saindo toda ofegante por alguma
porra de razão e ele arqueou uma única sobrancelha para mim.
“Tem se divertido?” Ele perguntou.
“Só estou verificando se nossos velhos segredos ainda
permanecem ocultos,” expliquei.
“E?”
“Parece que sim.”
Fox acenou com a cabeça, então se afastou de mim e
começou a conversar com a prefeita. Pisquei com a mudança
em sua atitude, mas deslizei para mais perto dele de qualquer
maneira, pegando seu braço no meu e apertando seu bíceps
afetuosamente.
Fox se inclinou para mais perto de mim e olhei para seu
perfil forte, sem saber o que esperava que ele dissesse, embora
certamente não fosse o que escapou de seus lábios.
“Pegue outra bebida para mim, certo?” Ele me deu uma
cutucada em direção à área do bar chique criado para um lado
da sala e pisquei para ele surpresa. “Irei te encontrar em um
minuto.”
A prefeita me deu um sorriso ameno e fiquei com a escolha
entre obedecer e causar uma cena. Um olhar para os homens
armados na sala me lembrou que eu realmente não deveria
estar procurando fazer um inimigo para os Harlequins aqui,
então lancei uma carranca ao Fox por ser forçada a obedecê-
lo.
Atravessei a sala com meus sapatos de salto agulha,
tentando ignorar a maneira como eles me lembravam de estar
presa naquele cofre por horas a fio. Mas decidi que não poderia
passar minha vida inteira sem usar salto nunca mais, quer
dizer, claro, eu poderia, mas se não fosse deixar todas as
outras merdas da minha vida me destruir, então certamente
não iria estar se curvando para os flashbacks daquele maldito
lugar. Dito isso, não era provável que eu escolhesse sapatos
que prendessem meus tornozelos da mesma forma que os que
eu estava usando naquele inferno e eu poderia facilmente
chutar esses bebês se eu precisasse correr ou mesmo se eu
apenas quisesse me livrar deles para fins de conforto.
Sentei-me no bar e pedi uma dose de tequila para mim,
depois pedi uma coisa rosa feminina com guarda-chuva, Fox
que se fodesse por seu jeito mandão.
“Bebendo sozinha, linda?” Uma voz bajuladora questionou
e uma lavagem de loção pós-barba cara quase me sufocou
quando me virei para encontrar Kaiser Rosewood encostado em
meu espaço pessoal.
Cachos de cabelo escuro no peito eriçavam-se por baixo
de uma camisa cor de berinjela que parecia cara. Mas caro
claramente não era igual a bom. Abri um sorriso, acenando
para o barman pedir mais tequila.
“Nunca estou sozinha,” assegurei-lhe. “Tenho cem amigos
na minha cabeça que estão sempre dispostos a jogar comigo.”
Nem mesmo uma mentira, fiz uma tonelada de amigos
imaginários em meus sonhos e fantasias nos últimos dez anos,
quando descobri que as pessoas reais com quem eu estava
interagindo eram seriamente deficientes. O único problema era
que todos inadvertidamente acabaram com o rosto de um dos
meus meninos depois de passarem algumas horas em sua
companhia imaginária, e tive que bani-los para os cantos da
minha mente ao lado de qualquer outra coisa que tivesse me
lembrado deste lugar.
Kaiser riu como se fosse extremamente hilário, sua mão
úmida pousando na minha coxa logo acima do meu joelho, mas
abaixo da bainha do meu vestido. Err não, porra.
Cruzei as pernas sutilmente para longe dele, forçando sua
mão a se soltar enquanto mostrava a ele um sorriso de tubarão
que seria seu único aviso comigo.
“Ótima festa,” comentei enquanto surpresa cintilava em
seu olhar. Eu estava supondo que seu nome e dinheiro
significavam que ele não era ignorado com tanta frequência,
mas ele poderia chupar um pau doente se pensasse que eu o
toleraria me apalpando ou pior, apenas porque estava
pingando dinheiro como estava saindo de moda. E por falar em
coisas saindo de moda, aquelas eram correntes de ouro
penduradas em seus sapatos elegantes? Estremecimento.
“Gosto de uma pequena festa,” respondeu ele, estalando
os dedos para o barman como uma atitude totalmente idiota e
apontando para o copo vazio. “E você certamente tem limpado
bem a mesa.”
Dei a ele um sorriso. Porque foda-se, sim. Ganhei tanto
dinheiro desse babaca rico esta noite que perdi a conta. Ok,
isso era uma mentira, sabia exatamente quanto era devido a
dez centavos para que pudesse ter certeza de que eles pagaram
antes de eu sair, mas sim, eu estava detonando como padrão.
Pôquer era meu jogo.
“Gosto de cartas,” falei com um encolher de ombros. “Pelo
menos se vão te foder, elas te falam na cara e te avisam
bastante sobre isso.”
Kaiser deu uma risada e, embora eu fosse muito
engraçada, era definitivamente um exagero. Arqueei uma
sobrancelha quando ele se aproximou e deslizou um braço
bajulador em volta das minhas costas, sua mão fechando seu
caminho sobre o material do meu vestido na base da minha
espinha.
“Cara, estou me divertindo na sua festa e toda essa merda,
mas não sou uma prostituta e não estou querendo comprar o
que você está vendendo,” falei em uma voz dura.
Kaiser piscou para mim, mas antes que pudesse processar
isso totalmente, a risada alta de Fox quebrou a tensão e o
barman chegou para oferecer a Kaiser um copo de algo de uma
garrafa chique que cheirava forte o suficiente para pegar no
fundo da minha garganta, mesmo sem eu beber uma gota.
O braço de Fox deslizou em torno de minhas costelas e ele
me puxou para mais perto dele, forçando Kaiser a soltar seu
braço enquanto eu mantinha um olhar vazio em meu rosto.
“O que você disse, querida? Está um pouco barulhento
aqui,” disse Kaiser, passando a mão pelo cabelo penteado para
trás e mostrando-me uma dentadura descolorida. O cheiro de
um verme morto agarrou-se a sua pele sob o fedor insuportável
de toda aquela loção pós-barba. Não poderia dizer que já
cheirei um verme morto antes, mas eu simplesmente sabia que
era o que ele cheirava.
“Só estou dizendo que essa festa é ótima,” respondi, doce
como uma torta.
Kaiser lambeu os lábios e olhou entre mim e Fox, seus
olhinhos brilhando com fome de algo muito mais perigoso que
sexo.
Deslizei a bebida rosa de Fox para ele e ele nem piscou
enquanto jogava o guarda-chuva de lado e o afundava com um
só golpe. Idiota.
“Eu tinha alguns negócios que gostaria de discutir com
Luther esta noite,” disse Kaiser a ele. “Talvez possamos
conversar em particular? Presumindo que você realmente
possa falar em nome dos Harlequins e não estou apenas
perdendo meu tempo por não falar com o homem responsável?”
“Bem, meu pai queria vir, mas ele não tem o hábito de
passar o tempo com homens que estão atrasados em pagar
suas dívidas,” disse Fox em um tom neutro. “Isso o torna um
pouco assassino.”
Kaiser riu alto, mas seus olhos dispararam para a
esquerda e para a direita nervosamente como se não quisesse
que ninguém ouvisse isso. “Sim, sim, esse assunto está sob
controle. Mas na verdade eu precisava de um bate-papo sobre
algumas outras coisas...”
“Podemos conversar,” Fox concordou, embora não
parecesse muito interessado em fazê-lo. “Em que você está
interessado?”
“Não aqui,” disse Kaiser, batendo na bebida e gesticulando
em direção à porta. “Podemos ter uma discussão privada em
meu escritório.”
Fox acenou com a cabeça, encorajando-me junto com ele
enquanto começava a seguir o exemplo de Kaiser, mas o idiota
bajulador pigarreou, uma carranca beliscando sua testa.
“Eu realmente prefiro manter nossas discussões sobre
isso entre nós,” disse ele. “Já estou permitindo muita margem
de manobra ao falar com você em vez de Luther e...”
“Por mim, tudo bem,” interrompi ao sentir cada um dos
músculos de Fox se contraindo de raiva, sabendo que ele
estava prestes a insistir em que eu estivesse presente, mas
duvidava que houvesse necessidade de participar de uma
conversa abafada com aquele canalha e soava como uma
merda para mim de qualquer maneira. “Preciso usar o
banheiro.”
Fox ainda parecia inclinado a protestar quando saímos
para o corredor decorado de forma espalhafatosa, mas apenas
me levantei na ponta dos pés para beijar sua bochecha.
Fox não estava aceitando isso e em vez de permitir que eu
me afastasse novamente, ele me empurrou contra a parede,
agarrou meu cabelo em sua mão para forçar minha cabeça
para trás e tomou minha boca como refém com a dele.
Ele me beijou com uma necessidade brutal e exigente, sua
língua assumindo o controle da minha enquanto seu corpo
poderoso me esmagava contra a parede e um leve gemido de
rendição queimava minha garganta.
Sua mão livre agarrou a parte de trás da minha coxa, os
dedos empurrando entre a fenda no material onde Kaiser não
podia ver o que ele estava fazendo e um suspiro escapou de
mim quando seus dedos se torceram no tecido molhado da
minha calcinha.
“Estou ficando cansado deste jogo, Rogue,” ele rosnou
baixo, suas palavras apenas para mim enquanto sua boca se
movia para o meu ouvido e eu ofegava desesperadamente
contra a pressão de seus dedos contra minha boceta dolorida
através da minha calcinha. “Estou começando a pensar que
você quer que eu force sua mão nisso.”
Ele flexionou os dedos contra mim, fazendo-me
choramingar quando minhas pernas ameaçaram ceder sob
mim, mas então ele se foi, afastando-se com Kaiser Rosewood,
que estava fazendo piadas grosseiras enquanto eu apenas
afundava contra a maldita parede.
Foda-se ele.
Merda, essa foi uma má escolha de sugestão a fazer,
porque agora tudo que eu conseguia pensar era como seria se
eu transasse com ele e todas as maneiras que ele poderia me
jogar pelo quarto enquanto tentava me controlar do jeito que
estava tão desesperado para fazer.
Olhei de volta para a sala onde a maioria dos
frequentadores da festa ainda falava besteira e bebia, meu
olhar caindo em Rick, que agora tinha um braço enrolado em
torno de Mia, a vagina de molusco, enquanto falava com algum
idiota de terno.
O olhar descontroladamente violento em seus olhos me
disse que ele tinha acabado de ver Fox me prender na parede
e eu estava disposta a apostar que ele não teria coisas boas a
dizer sobre o assunto se me pegasse a sós de novo. Mas, como
estava totalmente enrolado com a molusco, não teria que lidar
com ele bancando o hipócrita comigo, então simplesmente me
virei e decidi explorar um pouco.
Vaguei ao longo dos corredores que uma vez foram tão
familiares para mim quando a Srta. Mabel estava viva,
sentindo falta da decoração simples e tradicional que ela
gostava e sabendo que ela teria odiado cada escolha berrante
que tinha sido feita nestes chamados renovações.
Tentei portas enquanto ia, casuais pra caralho, achando
a maioria delas trancadas ou entediantes, mas em uma sala de
estar que ainda não tinha sido tocada pela fada da reforma,
encontrei algumas fotos antigas em uma gaveta.
Sorri enquanto folheava as fotos da Srta. Mabel que
datavam há anos, algumas desbotadas e marrons, mas
mostrando uma época em que ela era feliz, rindo com um
homem bonito. Fiz uma pausa quando encontrei uma
fotografia dela embalando um bebê em seus braços, o olhar de
serenidade e paz em seu rosto fazendo meu coração torcer.
Onde estava aquele bebê quando a conheci? Ela tinha estado
tão sozinha, então onde estava aquela criança?
Um barulho vindo de trás no corredor me fez pular e
rapidamente coloquei as fotos de volta na gaveta, girando ao
redor com uma linha de merda nos lábios para desculpar
minhas andanças intrometidas. Mas encontrei Fox parado lá
me olhando em vez de algum idiota aleatório e minha postura
relaxou.
“Encontrou algo interessante?” Ele perguntou
curiosamente.
“Não,” respondi com um encolher de ombros. “Apenas
algumas memórias antigas.”
Cruzei a sala para me juntar a ele e voltamos para o
corredor enquanto eu caminhava ao lado dele.
“O que Kaiser queria?” Perguntei quando ele não
conseguiu preencher o silêncio. O espaço que nos dividia
parecia crepitar com energia expectante, mas pela primeira vez
ele não estava fazendo nenhuma tentativa de cruzar a divisão.
“Apenas um monte de besteira que chega a um preço. Ele
quer comprar proteção e lealdade da Crew. Claro, está muito
claro para mim que ele quer fazer o mesmo acordo com os
Damned Men, então não sinto-me inclinado a oferecer-lhe
muita lealdade. Mas aceitaremos seu dinheiro da mesma
forma.”
Viramos por um corredor estreito que me lembrava da
minha juventude e olhei em volta para o espaço escuro
enquanto nos movíamos em direção à porta que dava para o
porão. JJ tinha me perseguido lá uma vez e me assustado pra
caralho quando pulou de trás de uma mala velha.
Mas quando chegamos à porta do porão, encontramos
tudo trancado com vários ferrolhos e um grande cadeado. Três
cadeados separados o prendiam com parafusos pesados, como
se Kaiser estivesse mantendo um monstro lá.
“Dez dólares dizem que ele tem sua coleção de plugues
anais trancados lá embaixo,” brinquei, sacudindo o cadeado
com os dedos para que batesse contra a madeira pesada da
porta.
“Ou talvez seja onde ele mantém os cadáveres,” brincou
Fox, colocando a mão contra a madeira acima da minha cabeça
e olhando para mim.
“Nah,” discordei, virando-me para ele e pressionando
minhas costas contra a madeira enquanto olhava para ele.
“Esse cara não é do tipo que suja as mãos bem cuidadas desse
jeito.”
Fox esboçou um sorriso para mim, seu olhar se movendo
pelo meu corpo por um momento antes de se fixar novamente
nos meus olhos.
“E você prefere um homem que suja as mãos, não é?”
“Vamos ver.” Peguei sua mão livre na minha, levantando-
a e inspecionando-a de perto. Havia cicatrizes em todos os nós
dos dedos, o que indicava a violência que afetava sua vida com
frequência, e calosidades na palma da mão, que provavam que
ele não tinha medo do trabalho duro. Arrastei meu dedo ao
redor da curva da tatuagem do infinito em seu polegar e olhei
para ele interrogativamente.
“Eu tenho isso para você. Porque nunca desisti de te
encontrar e sabia que nunca faria. Agora que te encontrei de
novo, não é sobre a busca. É sobre a vida que devemos. E a
eternidade que sei que vamos viver.”
Lambi meus lábios enquanto olhava para ele, querendo
mais de sua boca na minha e sabendo que não era justo
enquanto sabia que nunca poderia ser o que ele queria que eu
fosse.
“Diga,” ele rosnou, olhando-me como se eu segurasse
todas as respostas a todas as perguntas que ele sempre quis
fazer na ponta da minha língua.
“Não,” respondi porque não podia. Eu só queria poder
fazê-lo entender o porquê.
Fox rosnou de frustração e se moveu para frente,
agarrando a parte de trás das minhas coxas e me levantando
para que eu ficasse presa contra a porta do porão com seus
quadris entre minhas pernas. Ele se inclinou e meus lábios se
separaram em antecipação a um beijo que ele não ofereceu.
Ele parou ali, me segurando em suspense e me olhando
nos olhos enquanto sorria, sua boca fora do alcance dos meus
lábios e seu hálito com gosto de cada pecado que eu queria
cometer com ele.
Um baque abafado soou de algum lugar próximo, mas com
Fox roubando cada centímetro da minha atenção, não pude
perder um momento para pensar sobre isso.
“Eu avisei, beija-flor. Se você não pedir logo, vou acabar
pegando. Mas às vezes acho que é isso que você quer, não é?”
Fox perguntou sombriamente.
Balancei minha cabeça enquanto agarrava seus bíceps,
fisicamente me forçando a não fechar a distância entre nós e
deixá-lo vencer, apesar da dor que senti ao fazê-lo.
Ele se inclinou ainda mais perto e meus lábios traidores
se separaram quando um gemido suave escapou de mim, a
sensação de seu pau sólido contra minha calcinha fazendo
meu cérebro derreter e vazar pelas minhas orelhas como cada
razão que eu tinha para tentar lutar contra isso escapou do
meu alcance.
“Mentirosa,” Fox murmurou antes de recuar de repente e
me colocar de pé novamente.
Fiquei boquiaberta para ele e ele sorriu para mim. “Idiota,”
eu sibilei, tentando fazer uma careta, mas afundei para trás
contra a porta e meu peito arfou enquanto tentava lutar contra
o efeito que ele tinha no meu corpo.
“Você só precisa dizer uma palavra. Ou podemos
continuar jogando este jogo até que um de nós exploda.” Fox
sorriu para mim como o bastardo arrogante que era e eu
endireitei minha espinha com o desafio.
Meu olhar percorreu seu físico musculoso até a
protuberância mais do que tentadora em suas calças e gemi
novamente, batendo minha cabeça para trás contra a porta do
porão e rindo.
“Eu nunca perco, Texugo,” falei, tentando mostrar mais
confiança do que eu sentia, mas ele apenas riu também.
“Veremos.”
“Fox!” Gritei contra a mordaça em minha boca enquanto
chutava as bordas da caixa de madeira que Shawn tinha me
trancado horas atrás. “Rogue!”
Eu podia ouvi-los, eles estavam tão perto. A princípio
pensei que estava apenas imaginando, com certeza minha
mente estava me pregando peças cruéis, mas eles estavam lá.
Bem lá em cima, nessa porra de casa.
“Srta. Mabel!” Chorei, minha voz nada além de um som
abafado e nenhuma resposta veio dela. Ela me disse que Kaiser
colocava um sedativo nela sempre que recebia convidados e
esta noite era claramente uma daquelas noites do caralho.
Chutei, gritei e me debati quando a risada suave de Rogue
me chamou e meu coração se fragmentou com aquele barulho.
Ver seu rosto novamente seria tudo. Imaginei sua boca
puxando para cima em um sorriso e seus olhos cheios de luz,
as profundezas infinitas deles me possuindo.
Talvez eu realmente esteja enlouquecendo.
Mas então eles estavam falando de novo e tinha certeza,
muita certeza de que eles estavam lá. Eu não conseguia
entender o que estavam dizendo, simplesmente sabia que eram
eles. Podia senti-los lá em cima como se estivessem puxando
uma corda amarrada ao centro do meu ser.
“Fox!” Gritei contra a porra da mordaça, chutando com
mais força, mas não conseguia me mover corretamente no
espaço apertado. Meus músculos estavam com cãibras e
minhas costas doíam em agonia, onde foram pressionadas
para o lado e minhas pernas foram forçadas a se enrolar no
meu peito. Minhas mãos estavam amarradas atrás de mim e
lutei com todas as minhas forças para quebrar a corda que as
prendia, mas simplesmente não iria ceder.
O som de suas vozes começou a se afastar e bati minha
cabeça contra a caixa com tanta força que vi estrelas.
“Porra, não, por favor,” implorei a qualquer deus que
pudesse estar ouvindo. “Rogue!” Rugi tão alto que queimou
minha garganta, mas entre a mordaça, a caixa e a porta de aço
que trancava esta sala, não havia chance dela me ouvir.
Suas vozes sumiram e meus músculos estremeceram
enquanto eu continuava a chutar e a corda mordia meus
pulsos. Soltei o ar, o gosto velho de estar nesta caixa por tanto
tempo e meu coração se abriu. Eu não sabia o que eles estavam
fazendo aqui, mas a ideia de estarem tão perto foi a gota d'água
para mim. Perdi as esperanças no momento em que fui trazido
aqui, mas ter um pedaço dele entregue a mim por alguns doces
segundos apenas para ser levado embora novamente foi
demais. Eu nem sabia se eles me queriam de volta, ou se minha
morte foi um alívio para eles depois de tudo que fiz. Fox se
importaria se soubesse que eu estava aqui? Ou Shawn estava
apenas fazendo comigo o que ele não foi capaz de fazer no final?
Fiquei quieto, minha única companhia era o latejar do
meu pulso em meus ouvidos e a pressão da caixa de madeira
em todos os lados. O último fragmento de minha determinação
desmoronou como areia diante de mim e desci em um lugar
assustadoramente escuro que estava cheio de memórias ruins.
Eu morreria como um menino acuado que nunca valeu a
pena ser amado e ponto final. Minha existência não tinha valor
e eu estava tão cansado de estar aqui. Eu só queria que isso
acabasse. Queria o silêncio e o abraço eterno de uma sepultura
profunda. E queria que Shawn fizesse doer, porque a dor tinha
sido minha companheira de toda a vida e eu queria ir para a
terra com pelo menos um amigo para me ver partir.
Nos levei para casa na minha caminhonete e Rogue
balançou a cabeça para Wildest Dreams de Taylor Swift
enquanto meu humor começou a cair por Maverick. Eu não
tinha certeza de como lidar com ele, mas o que eu sabia era
que tudo que eu tinha feito até agora não funcionou. E eu
estava começando a achar que não ia. Rogue pareceu se
aproximar de mim, apenas para recuar novamente até que eu
fiquei com a sensação de que não sabia do que ela precisava.
Sempre estive convencido de que era a melhor coisa para ela,
que poderia sustentá-la de todas as maneiras que ela
precisasse e garantir que ela nunca tivesse que se preocupar
com nada. Mas Rogue não queria ser cuidada, pelo menos não
por mim. E não era como se eu quisesse sufocá-la, só não tinha
ideia de como ser o que ela precisava. Talvez eu tivesse sido um
idiota em pensar que era a coisa certa para ela, mas ainda não
conseguia afastar a sensação de que fomos feitos um para o
outro. E eu não desistiria ainda, só precisava descobrir como
ser o homem para ela e como me livrar daquele que estava
tentando roubá-la de mim.
“O que está acontecendo nessa sua cabeça, Texugo?” Ela
perguntou. “Parece que você tem uma tempestade se formando
aí. É Chase?” Ela abaixou a voz em seu nome e meu peito
puxou dolorosamente.
É sempre Chase.
“Não,” falei e o silêncio se acumulou entre nós. “O que você
quer, Rogue? Você quer Maverick? Está esperando que eu
deixe você ir até ele?” Porque eu nunca vou.
“Você não tem o direito de me deixa fazer nada, Texugo,”
ela disse em um tom de advertência, mas não respondeu
minhas outras perguntas.
Meu aperto aumentou no volante e lutei para manter meu
temperamento sob controle. Em todas as visões que imaginei
dela voltando para casa depois de dez anos, esta não era uma.
Sempre pensei que, assim que ela voltasse, descobriria uma
maneira de torná-la minha. Mas quanto mais eu tentava
reivindicá-la, mais ela parecia recuar, apesar do fato de que
seu corpo revelava exatamente o quanto ela desejava o meu.
Agora ela estava fodendo Maverick bem debaixo do meu
nariz e eu só tinha que engolir até que pudesse descobrir como
me livrar dele. Mas e se ela se apaixonasse por ele antes disso?
E se já estivesse? Ele se importava com ela assim? Eu não
conseguia ver isso. Não depois de tudo que eu testemunhei
Maverick fazer em Sunset Cove, os homens que ele matou, a
trilha de sangue que deixou em seu rastro. Ele mudou, e eu
não queria que ela caísse em alguma ilusão que ele estava
pintando para ela.
JJ tinha me dito que Maverick tinha olhos entre meus
homens também, e isso era seriamente enervante. Como ele
poderia ter se tornado um Harlequin? Talvez fosse apenas um
blefe e ele estava tentando foder com a minha cabeça, mas eu
teria que questionar todos os meus homens e tentar descobrir
se isso era verdade ou não de qualquer maneira.
“Maverick não é mais um homem bom,” falei, tentando
manter meu nível de voz. “Você não sabe o que ele fez.”
“Estou bem ciente do que ele fez, mas não vejo como é pior
do que o que você faz na Crew,” ela disse levemente.
“Não faço mortes sangrentas a menos que seja
necessário,” falei. “Juro que Maverick faz isso porque gosta.”
“Bem, talvez eu goste que ele não tenha medo de mostrar
seu monstro,” ela atirou e meus músculos do ombro se
contraíram. “Quem sabe? Talvez goste de você um pouco mais
se você mostrar o seu com mais frequência.” O comentário foi
improvisado, mas fez um rosnado crescer na minha garganta.
Não mostrei muito a ela esse meu lado porque essa era a última
coisa que queria que ela me visse. Fiz coisas nos últimos dez
anos que poderiam envergonhar até mesmo o trabalho sujo de
Maverick, e não queria que ela testemunhasse isso. Queria que
ela visse o que havia de bom em mim, mas talvez o que restou
não fosse mais tão atraente.
Embora, sempre que eu empurrava seus limites e
mostrava exatamente quanto poder eu poderia exercer sobre
seu corpo, ela sempre parecia gostar. Estava começando a
pensar que ela realmente queria que eu tomasse a decisão dela
e a submetesse à minha vontade, e essa ideia me deixou muito
quente. Mas eu não faria merda nenhuma a menos que tivesse
certeza de que era o que ela queria. Ou talvez eu estivesse
apenas me iludindo e ela planejasse ficar com Maverick assim
que tivesse a chance. Sobre o meu cadáver.
Chegamos de volta à Casa Harlequin e nos conduzi até a
garagem, desligando o motor de forma tão silenciosa que se
instalou entre nós.
“Não vou parar de lutar por você, Rogue,” falei, olhando
pela janela em vez de para ela. “Não posso, está no meu
sangue. Mas estou começando a me perguntar se a batalha já
está perdida.” Empurrei a porta aberta, saindo da minha
caminhonete e subindo as escadas para a casa. Desabotoei
minha camisa enquanto marchava até meu quarto e entrava,
jogando-a no cesto de roupa suja e desabotoando minhas
calças.
Esta casa parecia sufocante ultimamente. Podia sentir a
pressão do quarto de Chase como se estivesse empurrando as
paredes em minha direção centímetro a centímetro. Tínhamos
parado de dormir lá, deixando-o como uma espécie de
santuário para ele, mas um dia eu sabia que teríamos que
entrar e limpar suas coisas. Eu simplesmente não queria. Nem
pensei em fazer isso depois que o bani da Crew, muito menos
agora que ele estava morto.
Minha dor cresceu novamente e entrei no banheiro,
apoiando as mãos na pia e me olhando nos olhos, enfrentando
as consequências de todas as decisões que tomei em relação a
ele. Eu tinha que possuir tudo, cada grama de arrependimento,
cada quilo de dor. As escolhas que fiz foram as certas, eu tinha
que acreditar. Era a única coisa que me permitia liderar dentro
da Crew, porque se eu parasse para questionar minhas ações,
ficaria fora de controle.
Você fez a coisa certa.
Não é sua culpa que ele esteja morto.
Meus olhos pareciam mais escuros do que quando eu era
criança, o verde neles parecendo se aprofundar um tom a cada
ano que eu manchava minha alma com mais más ações. Este
era o meu fardo para carregar por minha posição e aceitei que
não havia mais nenhuma outra vida para mim. Mas a única
coisa que sempre me manteve resiliente foi minha família.
Saber que JJ e Chase estavam ao meu lado era uma garantia
constante de que estava fazendo as escolhas certas. Porque
desde que perdi Rogue e Maverick também, fiz da minha
missão de vida manter os últimos membros da minha família
por perto e garantir que nenhum dano jamais acontecesse a
eles. Mas falhei. Eu não tinha ouvido Chase quando ele
precisava de mim. Suas lutas estavam bem na minha frente
desde que Rogue tinha voltado para casa, mas eu não tinha
ouvido, cego demais por meu amor pela minha garota para
ouvir uma única palavra falada contra ela. Ele não estava certo
no que tinha feito, mas se eu apenas tivesse lidado com as
coisas de forma diferente...
Abaixei minha cabeça e salpiquei meu rosto com água fria,
sabendo que outra noite agitada me esperava na minha cama.
Sempre que fechava os olhos, tudo o que via era Chase de
joelhos com minha arma apontada para sua testa, a forma
como meu dedo tinha apertado em torno do gatilho, o quão
perto estive de realmente fazer aquilo. Me deixava com
náuseas.
“Fox?” A voz suave de Rogue chamou do meu quarto.
Eu me virei e empurrei a porta, franzindo a testa quando
a encontrei lá com Mutt abraçado em seu peito.
“Você está bem?” Perguntei.
“Sim, mas hum, posso ficar aqui esta noite?” Ela
perguntou esperançosa. “Ainda tenho pesadelos com Chase
quando durmo sozinha.”
Fiz uma careta, sofrendo por minha garota e conhecendo
essa dor tão bem quanto ela. “Claro baby.”
Ela se virou, puxando o cabelo sobre o ombro. “Você
poderia me ajudar a tirar? Não consigo alcançar.”
Ela colocou Mutt na cama e eu me movi em sua direção,
segurando o zíper e puxando-o por toda a extensão de sua
coluna, um arrepio dançando em seu corpo ao meu toque.
Meu olhar foi para o espelho na parede à nossa frente e
ela o pegou lá antes de tirar o vestido e deixá-lo cair até os
tornozelos, deixando-a com sua calcinha azul clara e sutiã
rendado combinando. Seus mamilos estavam pressionando
contra o material e meu pau endureceu com a visão perfeita
dela, minha respiração prendendo na minha garganta. Era um
desafio, uma porra de desafio que me convenceu um pouco
mais de que ela queria que eu a reivindicasse.
Seus olhos se moveram para seu próprio reflexo e uma
carranca franziu a testa enquanto ela chutava o vestido.
“O que você está pensando, baby?” Perguntei, inclinando-
me para falar em seu ouvido. Não estávamos nos tocando, mas
estávamos tão perto que eu podia sentir a atração dela como o
ímã mais poderoso do mundo.
“Estou pensando em como usei este corpo para sobreviver
todos esses anos,” disse ela, levando a mão ao peito. “Mas o
que eu estava protegendo, Fox? É apenas carne e osso, a casa
de uma garota inútil que não pertence a lugar nenhum.”
“Você pertence aqui,” falei ferozmente, em seguida,
segurei seu queixo para fazê-la se olhar no espelho. “Seu valor
não tem nada a ver com esta concha em que você está, você
nasceu digna e vai morrer digna, Rogue Easton. Você poderia
governar o mundo inteiro se visse o quão poderosa você é.” Ela
tentou desviar o olhar, mas não deixei.
“Besteira. Sou descartável, nunca conheci ninguém que
não tenha me jogado fora. Você pode querer este corpo, Fox,
mas realmente não me quer.”
Ela tentou se soltar de novo, mas passei um braço em
volta dela e a puxei de volta contra mim com força.
“Não quero você porque você é linda, baby, quero você
porque nossas almas são forjadas da mesma coisa e estão
lutando para voltarem a ficar juntas por dez anos. Você não
pode me dizer que não sente.” Corri meus dedos sobre sua
carne, ao longo de seu estômago, em seguida, entre os seios
antes de arrastar meu polegar até o comprimento de seu
pescoço. Arrepios subiram por todo o seu corpo e ela derreteu
de volta contra mim quando uma respiração instável a deixou.
“É assim que sei que você é minha, beija-flor.” Mordi a
concha de sua orelha e sua bunda esfregou contra meu pau
duro, fazendo nós dois gemermos. Deslizei minha mão sobre
seu seio direito, apertando e circulando meu polegar sobre seu
mamilo pontudo através da renda de seu sutiã. “Eu sinto você
mesmo quando você não está aqui. Mas quando você está,
parece que é assim o tempo todo.” Corri minha mão livre por
seu estômago, fazendo-a inalar profundamente enquanto eu
arrastava meus dedos pelo lado de fora de sua calcinha e seus
quadris resistiam um pouco com a necessidade.
“Eu sou o crime que você está tentada a cometer,” rosnei
enquanto ela choramingava por mais do meu toque. “E você
sabe que, uma vez que ceder, vai cometer de novo e de novo
por causa de como é bom pecar comigo.”
“Fox,” ela meio gemeu, meio implorou e fiquei tão duro ao
som dela dizendo meu nome daquele jeito que praticamente
doeu.
Deslizei meus dedos para baixo em seu clitóris através de
sua calcinha e um gemido inebriante a deixou quando circulei
uma vez, dando a ela apenas o suficiente para saber o quão
bom poderia ser.
“Fox, espere,” ela ofegou enquanto estendia a mão para
trás para agarrar meu pescoço, seus quadris balançando para
tentar me forçar a contradizer suas queixas. “Não podemos. Eu
não posso estar exclusivamente com você.”
Puxei seu mamilo e ela lançou um barulho desesperado
em sua garganta, suas unhas cravando em meu pescoço.
“Pare,” ela ofegou.
“Pare de gostar,” rebati.
“Eu não sou sua,” ela disse sem fôlego. “Isso não me torna
sua.”
“Estou apenas tocando seu sutiã e calcinha, baby, parece
que isso não conta para mim,” falei, inclinando-me para
morder seu pescoço com força suficiente para marcá-la.
“Você quer mesmo dizer isso?” Ela exigiu, arqueando as
costas, todo o seu corpo ganhando vida para mim. Era bom pra
caralho e minha cabeça estava tão perdida. Eu precisava tanto
dela. E precisava que ela soubesse como era esse fogo entre
nós quando colocamos um pouco de gasolina nele.
“Eu falo sério,” falei com firmeza, tirando minha mão de
seu seio e puxando seu cabelo para fazê-la olhar para mim no
espelho e ver a verdade em meus olhos. Ela chupou o lábio
inferior e corri meu dedo médio para cima e para baixo sobre
seu clitóris, seus quadris perseguindo o movimento enquanto
ela tentava roubar um beijo dos meus lábios. Não deixei,
aumentando meu aperto em seu cabelo. Isso era para ela. E
ela iria testemunhar cada segundo.
Inclinei seu queixo para que ela olhasse para minha mão
em sua boceta antes de soltar a outra e apertar seu seio em
um aperto firme e possessivo. Ela estremeceu, recostando-se
contra mim e juro que pude sentir o calor em suas veias, a
eletricidade carregando cada partícula em sua carne.
Eu precisava que ela se sentisse bem por mim, precisava
que ela visse por que éramos perfeitos um para o outro, mesmo
que ainda não pudesse tê-la de verdade. Marquei meu polegar
sobre seu mamilo, fazendo-a gemer mais uma vez e ela se
arqueou contra mim, ofegando, desmoronando. Trabalhei
meus dedos mais rápido em seu clitóris e ela gemeu meu nome
novamente, fazendo um rosnado animal me deixar enquanto
eu a mantinha de pé.
Ela estremeceu e inclinou a cabeça para trás contra meu
ombro e movi minha mão de seu seio para sua boca, sufocando
seu grito quando ela gozou para mim e sentindo o calor de sua
respiração contra minha palma, fazendo meu pau latejar em
desespero. Deus, era tão fodidamente quente tê-la assim. Juro
que morreria feliz se pudesse torná-la minha por pelo menos
uma maldita hora.
Quando seus ombros relaxaram, deslizei meus dedos
entre suas coxas, esfregando minha mão sobre o remendo
molhado em sua calcinha com um sorriso, minha cabeça
zumbindo com o fato de que eu tinha feito isso com ela.
Suas bochechas estavam vermelhas quando a soltei e ela
se virou para mim, erguendo o queixo. “Você jura que isso não
contou para a sua ilusão de que sou sua?” Ela exigiu e dei a
ela um sorriso de lado, pintando uma cruz sobre o meu
coração.
“Prometo, baby.”
“Bom.” Ela caminhou até o meu armário, pegou uma das
minhas camisas e desapareceu no banheiro, fechando a porta
atrás dela com um chute.
O chuveiro começou a correr um segundo depois e olhei
para Mutt, que estava olhando para mim e revirei os olhos para
ele antes de tirar os sapatos, meias e calças, em seguida, ir
para a cama.
Inclinei-me para abrir a gaveta da minha mesa de
cabeceira e tirei o novo brinquedo que comprei para o pequeno
bastardo. Era uma gaivota com um guincho dentro e como ele
adorava perseguir gaivotas e tinha acabado de destruir a
versão de pato desse mesmo brinquedo, tinha certeza de que
estava prestes a comprar meu caminho de volta para suas boas
graças.
“O que é isso?” Eu disse a ele, sacudindo o brinquedo e
apertando-o algumas vezes para fazer suas orelhas
levantarem. Ele olhou entre mim e o brinquedo e sorri em
triunfo enquanto o sacudia mais algumas vezes, em seguida,
joguei para ele.
A gaivota de pelúcia bateu na lateral do rosto dele
enquanto ele não tentava pegá-la e caiu da cama com um
baque suave.
Mutt olhou para mim e bufei para ele em troca.
“Sério?” Exigi. “É como uma cópia exata do seu favorito!
Além disso, é uma fodida gaivota, o que mais você quer de mim,
cachorro?”
Mutt inclinou a cabeça para mim, em seguida, pulou da
cama. Sorri vitoriosamente quando ele pegou o novo
brinquedo, observando-o enquanto ele trotava até a porta com
ele antes de largá-lo e fazer xixi nele. Então ele virou as costas
e chutou como se estivesse tentando descarta-lo e prontamente
se moveu para se enrolar no vestido caído de Rogue sem me
oferecer outro olhar.
Idiota.
Resmunguei para ele, chamando-o de idiota enquanto ele
continuava a me ignorar, e tive que sair da cama para limpar
a porra da poça no meu chão e jogar o brinquedo novo na
máquina de lavar.
No momento em que voltei para o meu quarto, o pequeno
bastardo estava roncando baixinho como se estivesse
totalmente em paz com o mundo.
“Eu deveria simplesmente deixá-lo no canil porque você
não está merecendo ficar em casa,” gritei para ele e juro que
ele peidou para mim em um desafio.
Antes que eu pudesse ficar mais irritado com o
cachorrinho, o som de Rogue cantando no chuveiro chamou
minha atenção para longe dele e gemi enquanto pensava em
todos os tipos de fantasias sobre entrar lá e foder ela contra a
parede de meu banheiro enquanto ela estava toda molhada.
Amaldiçoei a porra da minha vida enquanto punha meu
pau em minha boxer, meio tentado a apenas me masturbar
para aliviar um pouco a tensão, mas descobrindo que não
queria. Nada além do calor quente de seu corpo seria capaz de
satisfazer essa necessidade em mim esta noite e foder minha
mão sozinho não era atraente.
Eu precisava de uma merda de distração, então peguei o
livro Dark Fae da minha mesa de cabeceira e continuei lendo.
Eu estava bem no final do livro e uma merda estava
acontecendo. Para ser sincero, fiquei confuso. A garota parecia
estar cobiçando os quatro caras e se recusando a escolher
entre eles, embora Gabriel fosse obviamente o único. Imaginei
que ela o escolheria eventualmente, apenas achei que já era
para ter acontecido antes do final.
Quando Rogue reapareceu, fiquei de alguma forma ainda
mais duro ao vê-la em minha camisa, seu cabelo torcido em
um nó colorido no topo de sua cabeça.
Mutt começou a abanar o rabo quando ela se aproximou,
como se não fosse um demônio em forma de cachorro e ela fez
cócegas em suas orelhas antes de subir na cama comigo e o
cheiro do meu sabonete em sua pele me fez sentir tão
fodidamente bem. Meus instintos estavam queimando, me
dizendo que ela era minha e me incentivando a tentar
reivindicá-la por completo, mas fiz uma promessa que esta
noite não contava. E não ia ser um idiota sobre isso. Eu estava
feliz por ter finalmente conseguido meu primeiro orgasmo dela.
Ela rolou em minha direção, com a cabeça apoiada no
travesseiro ao lado da minha e estudei seu rosto enquanto ela
fechava os olhos.
“Pare de olhar, Texugo,” ela disse e um sorriso apareceu
em meus lábios.
“Eu tenho uma pergunta.”
“Qual?” Ela perguntou sonolenta.
“O que você quer?” Eu me aproximei dela. “Acho que
esqueci de perguntar antes.”
Ela abriu um olho, franzindo a testa para mim antes de
fechá-lo novamente. “Essa é uma grande questão com uma
resposta impossível.”
“Responda assim mesmo,” insisti.
Ela ficou quieta por um tempo como se não tivesse certeza
se queria me contar, mas ela finalmente disse. “Eu quero o que
eu tinha quando tinha quinze anos, surfar ondas com meus
meninos e saber que não importa o que acontecesse,
estaríamos bem. Porque nós tínhamos uns aos outros.”
Suspirei, rolando de costas quando um peso esmagador
caiu sobre meu peito. “Então você quer a única coisa que eu
não posso te dar.”
Ela se aproximou, envolvendo o braço em volta de mim e
colocando a cabeça sobre o meu coração. Isso aliviou o
desespero enjoativo em meu peito, então apenas a segurei,
fechando os olhos e fingindo que estávamos no Sinners’
Playground, dormindo entre as máquinas Pac Man e Space
Invaders. Mas então pensei em Chase lá também e a segurei
com ainda mais força, minha mandíbula cerrada enquanto
tentava não me inclinar para aquela dor e apenas roubar um
pouco de paz com Rogue pela primeira vez.
“Eu sei o que você também precisa,” ela sussurrou quando
eu estava adormecendo. “Lamento, mas também não posso te
dar.”

####

“Merda, precisamos colocar tudo de volta onde


encontramos e dar o fora daqui,” disse JJ em pânico.
Encarei o símbolo no medalhão em minha mão com medo
antes de olhar para os rostos pálidos dos meus amigos.
“Hm, gente, fica pior. Muito pior,” Chase chamou e olhei
para onde ele estava olhando em uma porta com um cigarro
entre os lábios. Nos movemos atrás dele e cheirei a morte antes
de vê-la. Ele empurrou a porta e observei os corpos caídos por
toda parte, ensanguentados e mutilados, seus rostos
contorcidos pela morte.
“Oh merda,” Rogue engasgou e peguei sua mão, enfiando o
medalhão no meu bolso enquanto tentava me lembrar
exatamente onde o encontramos.
“Puta merda, olhe para isso.” Eu me virei ao ouvir a voz de
Maverick, encontrando-o com uma garrafa de vodka na mão com
o que parecia ser um polegar flutuando nela.
“Largue isso,” Rogue sibilou como se temesse que suas
impressões digitais estivessem naquela coisa e ela puxou para
fora do meu aperto, tirando-o da mão dele. Uma grande onda
balançou o barco naquele momento e ele escorregou de seus
dedos, caindo no convés e vodca espirrou junto com o polegar
decepado.
JJ esbarrou em Chase e me movi para segurá-los, mas meu
pé escorregou na vodca e eu caí no chão, levando Chase comigo.
Seu cigarro estourou em seus lábios, atingindo o convés em uma
chuva de faíscas e a vodca pegou fogo.
JJ nos puxou para cima quando outra onda fez o barco
balançar descontroladamente e Rogue e Maverick se agarraram
um ao outro para que não caíssem.
“Eu disse que ia cair uma porra de uma tempestade esta
noite,” disse JJ em alarme. “Não devíamos ter vindo aqui.”
“Fique firme porra,” Maverick latiu, mas o fogo brilhou em
seus olhos e todos lutamos para sair de seu caminho, correndo
em direção às escadas que levavam de volta ao convés superior.
O fogo ficou mais quente e Chase me empurrou enquanto
todos começamos a subir as escadas, o calor das chamas
lavando minhas costas.
Mantive meu olhar em Rogue à nossa frente enquanto
Maverick se agarrava à sua mão e todos ofegamos quando o
barco balançou descontroladamente mais uma vez. Pulei um
degrau, amortecendo Rogue enquanto ela derrapava de lado em
direção à parede. Minha cabeça impactou com ela, mas ela
bateu inofensivamente contra meu peito e a empurrei para o
próximo degrau, encorajando-a a continuar enquanto Maverick
a puxava junto dele. Olhei para trás para me certificar de que
Chase e JJ estavam bem atrás de mim, meu coração batendo
forte com a visão das chamas se espalhando em seus
calcanhares.
“Vai!” JJ chamou e me forcei mais, correndo junto com todos
enquanto chegamos ao convés superior e pulamos sobre o
parapeito. Mergulhei no oceano e no momento em que ressurgi,
todos começamos a nadar para a lancha do meu pai, que
amarramos ao lado do iate.
Maverick se levantou primeiro, puxando Rogue atrás dele
antes que ambos trabalhassem para ajudar o resto de nós a sair
da água. Chase correu para ligar o motor e partimos em direção
à costa, olhando para o iate enquanto o fogo apareceu no convés
superior. Passei meu braço em volta dos ombros de Rogue e JJ
pegou sua mão do outro lado dela enquanto Chase e Maverick
se fechavam em torno de nós.
“Estamos fodidos,” sussurrou JJ.
“Não estamos,” rosnei ferozmente. “Só nós sabemos que
estivemos lá. Portanto, tudo o que temos a fazer é nunca contar
a outra alma. Prometam.”
“Eu prometo,” todos disseram imediatamente, e senti o
poder daquele juramento nos prendendo de alguma forma mais
profundamente do que já éramos.
Deixei Rogue dormir na minha cama enquanto saía para
correr pela manhã, me livrando dos fantasmas do passado
enquanto me banhava no sol da manhã e me lembrava que
nosso segredo ainda estava firmemente trancado na cripta de
Rosewood. Quando cheguei em casa, a voz de JJ veio do pátio
para mim.
“Sim assim. Você pode me sentir dentro de você tão
profundamente?”
Meu coração deu um salto e algum pensamento louco e
selvagem entrou na minha cabeça que não tinha como porra
ser real. Há apenas uma garota nesta casa agora.
Corri para a cozinha, saindo para o pátio e meus olhos
caíram em JJ deitado em uma espreguiçadeira em um short
rosa choque com um fone de ouvido enfiado contra a orelha.
“Me chame pelo meu nome, garotão,” ele ronronou, em
seguida, sorriu ao me notar e apertou o viva-voz.
“Hung,” disse uma voz de homem sem fôlego.
“Meu nome completo,” JJ rosnou em um tom dominador,
em seguida, casualmente tomou um gole de café de sua caneca
Pikachu amarelo brilhante. Ele perdeu a cabeça quando Rogue
quase esmagou sua caneca do Charmander algumas semanas
atrás. Nunca o tinha visto se mover tão rápido para pegar algo.
Juro que ele levaria um tiro por uma delas.
“Hung Likahorse,” o cara gemeu.
“Pegue meus vinte e cinco centímetros, seu garanhão
sujo,” JJ rosnou e o som do cara gozando fez meu nariz
enrugar quando me virei e peguei um pouco de café na cozinha.
Quando voltei para o pátio, ele desligou e tinha uma carranca
se formando em sua testa.
“Você está bem, cara?” Perguntei enquanto pegava a
espreguiçadeira ao lado dele, pensando em tomar um café e
começar a dar uma volta na piscina.
“Sim, eu só...” seu olhar se moveu para mim e vi escuridão
lá. Não fiquei exatamente surpreso, todos tínhamos essa aura
sobre nós desde Chase. Como se cada sorriso fosse mais difícil
de invocar e sempre que havia uma pausa na conversa ou
ficávamos sozinhos com nossos pensamentos, eles sempre se
voltavam para ele. Mas algo na expressão de JJ me disse que
havia mais coisas acontecendo do que isso.
“Você pode me dizer qualquer coisa, sabe? Eu tenho suas
costas,” falei, não gostando da ideia de que ele estava
escondendo algo de mim.
“É a vida de acompanhante,” disse ele em uma respiração
pesada. “Parei de fazer isso há muito tempo.”
“O quê?” Fiz uma careta de surpresa. “Mas você confia
nesse dinheiro, por que diabos você pararia?”
“Só não quero mais.” Ele colocou sua caneca na mesa e
passou a mão pelo cabelo. “Parece errado.”
“Por que você não me contou?” Perguntei em confusão.
“Não sei, eu só pensei que você ficaria bravo por eu não
poder fazer minha parte e não queria que você pagasse pra
mim. Eu... trabalhei para Jolene fazendo algumas merdas de
fetiche por um tempo.” Sua expressão apertou em pesar e
meus lábios se separaram enquanto eu olhava para ele.
“JJ, que porra é essa?” Exigi, não porque me importasse
com Jolene, mas porque queria saber por que ele se rebaixou
tanto em vez de apenas falar comigo.
“Me desculpe, só pensei se eu pudesse cuidar disso
sozinho então...”
“Você nunca precisa lidar com as coisas sozinho.”
Balancei minhas pernas para o lado da espreguiçadeira e olhei
para ele atentamente. “Você sabe que nós protegemos você,
quero dizer, eu.” Quis dizer Chase e eu odiava que eu quis dizer
Chase. O olhar de JJ dizia que ele também sabia disso.
“Chase me ajudou um pouco,” ele admitiu em um
murmúrio.
Fiquei boquiaberto por um momento, dor cortando meu
peito. “Mas você não achou que poderia me dizer?”
“Não queria te sobrecarregar,” ele disse, mas não acreditei.
“Não é só isso,” falei. “Eu sei que não. O que você não está
dizendo?” Pressionei, tentando manter a mordida no meu tom,
porque eu sabia que JJ não faria nada intencionalmente para
me irritar. Esse não era seu estilo. Ele estava sempre cuidando
de todos em nossa família. Mas não gostei de ter ficado de fora
desse conhecimento por tanto tempo. Chase tinha ido embora
por semanas e semanas agora, então todo esse tempo JJ estava
apenas lutando para passar bem debaixo do meu nariz.
JJ engoliu em seco. “Não fique bravo, certo?” Ele
perguntou e eu tomei um longo gole de café antes de assentir.
“Desde que Rogue voltou, você tem estado seriamente nervoso.
Entendo que você quer protegê-la, mantê-la na cidade, toda
essa merda. Mas a maneira como você lidou com isso...”
“Fale,” empurrei, sentindo que realmente não ia gostar do
que ele estava prestes a dizer.
“Você está agindo como seu pai,” disse ele em voz baixa,
as sobrancelhas franzidas com força. “Está tentando controlar
o mundo inteiro e todos nele. Mas todos precisamos ser
capazes de respirar, fazer nossas próprias escolhas, ir atrás de
nossos próprios desejos, e não devemos ter que temer o que
você pensa sobre tudo. E por nós, quero dizer nós. Sua família.
Eu e Rogue. Nós três somos tudo o que resta, Fox. Eu não
queria te contar minhas merdas porque, francamente, sabia
que você não me deixaria lidar com isso. Você faria planos e
executaria trabalhos extras e não me deixaria ter uma palavra
a dizer em nada. Então fiz o que fiz e talvez tenha sido estúpido
pra caralho agora que penso nisso, mas acho que estava
cansado de ouvir o que fazer. Você pode ser meu chefe, mas
primeiro é meu amigo e meu irmão. E acho que você se
esqueceu disso.”
Não explodi imediatamente, embora essa fosse minha
reação automática, então tive que lutar muito para me manter
sob controle. Tentei ouvir o que ele estava dizendo, porque ele
era meu irmão e eu sabia que ele não tocaria no assunto se
realmente não se sentisse assim. Discuti com ele nos destroços
da Dollhouse e vi a raiva em seus olhos para mim então. Eu
odiava ele me olhando assim. E estava começando a temer que
ele estivesse certo sobre mim. Só não sabia como fazer melhor.
Eu estava tão envolvido em tentar proteger os últimos
membros da minha família que tudo que parecia fazer era
perder mais deles. E não podia perder outro, por nada.
“Me desculpe,” suspirei, esfregando meus olhos. “Você
sempre foi meu amigo primeiro, J. Você é meu irmão. Não
quero ser o idiota que você evita porque nunca posso desligar
o modo chefe.”
“Está tudo bem,” disse ele com um leve sorriso. “E sinto
muito... sinto muito, porra.” Ele balançou a cabeça, olhando
para longe e de volta para mim.
“Você não tem nada pelo que se desculpar. Sei que sou
um idiota às vezes. De agora em diante, nesta casa não sou
seu chefe. Temos levado negócios para a sede do clube
ultimamente, então vamos continuar com isso. E a menos que
estejamos trabalhando, você não precisa fazer as merdas que
eu digo,” prometi.
“Ooh, isso se aplica a mim também, Texugo?” Rogue
apareceu na minha camiseta e minha garganta fechou com o
quão comestível ela parecia com seu cabelo de cama e olhos
sonolentos. Eu a fodi com os olhos enquanto ela caminhava
para se juntar a nós com um café fumegante na caneca do
Squirtle de JJ. “Oh, espere, não dou a mínima se você me
mandar fazer exatamente o que você quer que eu faça. Eu
ainda não vou.”
“Hilário,” falei, mas não pude evitar um sorriso sombrio
enquanto pensava sobre ela ofegando por mim na noite
passada.
“Cuidado com essa caneca, menina bonita,” JJ avisou
enquanto se sentava ao meu lado e tomava um gole de café.
“Sempre tomo cuidado,” disse ela.
“Você é uma assassina de caneca.” Ele sorriu e ela sorriu
de volta.
“A propósito, isso se aplica a você, mesmo que você não
me escute de qualquer maneira,” respondi a sua pergunta
anterior, cutucando-a com o cotovelo.
“Primeiro uma chave da casa, agora estou livre para falar
o que penso? Uau, é como passar pelo movimento de libertação
das mulheres em velocidade recorde,” disse ela, arqueando
uma sobrancelha para mim.
Meu estômago deu um puxão sobre tudo que o fodido
Shawn a fez passar, mantendo-a para si mesmo e
malditamente abusando emocionalmente dela. Isso fez a
violência lamber o interior da minha pele. Eu queria fazer uma
barganha com o diabo para me dar sua morte.
Não queria ser como Shawn. Nunca quis prendê-la,
apenas lutei para confiar que ela não iria desaparecer no
segundo em que a perdesse de vista. Sempre foi a mesma coisa.
No momento em que ela estava fora de vista, havia um pânico
guerreando no fundo da minha mente de que eu precisava
caçá-la, trazê-la para casa. Vivi nesse estado de pânico por dez
anos inteiros, nunca fui capaz de recuperá-la. Mas agora que
ela estava aqui, o hábito era difícil de morrer, porque como eu
poderia realmente confiar que ela iria ficar? Achei que JJ
estava certo, no entanto. Eu não conseguiria controlá-la, e
quanto mais forte eu segurava, menos ela parecia querer estar
perto de mim. Tinha que trabalhar mais duro para afrouxar
meu aperto e deixá-la em paz, mas com o novo medo de que
Shawn pudesse pegá-la na rua, era impossível simplesmente
deixá-la ir sozinha quando ela quisesse. Se ele a pegasse, eu
nunca me perdoaria.
JJ saiu para pegar mais café e me virei para Rogue,
segurando sua bochecha para fazê-la olhar para mim. “Você
está livre, baby. Juro que nunca vou prendê-la novamente.
Você sabe disso, certo?”
Um pequeno V se formou entre seus olhos enquanto ela
procurava em meu olhar por uma mentira. “Eu acho que Cove
é minha corrente, Fox. Acho que estamos todos amarrados
aqui para viver e morrer neste solo e isso nunca me assustou
enquanto crescia, porque não havia nenhum outro lugar no
mundo que eu queria estar, mesmo quando inventávamos
aventuras em nossas mentes e pensávamos em velejar além do
horizonte. Acho que sempre tive que voltar. Nenhum de nós
pode escapar por muito tempo.”
“Talvez não sejam correntes, beija-flor. Talvez seja
simplesmente nossa casa,” falei, arrastando meus dedos até
onde seu pulso batia em seu pescoço como asas macias.
Sua respiração engatou e senti um caminho ardente de
fogo rastreando minha espinha enquanto ela se inclinava um
pouco mais perto como se não pudesse resistir ao chamado da
minha carne mais do que eu podia ao dela. O mundo ao nosso
redor ficou turvo até que éramos apenas nós e eu não poderia
lutar contra esse desejo mais que poderia lutar contra o sol
nascente amanhã.
Fechei a distância entre nós, beijando-a com força e
sentindo o gosto de coco e desejo em seus lábios enquanto se
separavam para mim. Deslizei minha mão em volta de seu
pescoço, segurando com força enquanto empurrava minha
língua entre seus lábios e ela respondeu a mim como se não
pudesse resistir a este fogo também. Ele se enfureceu entre nós
como um inferno, alimentado por nossa fome um pelo outro
enquanto crescia e crescia até que eu tinha certeza de que iria
consumir tudo dentro de mim. Ela poderia ter todas as minhas
partes corruptas, e eu lutaria para ser digno dela com cada
respiração em meus pulmões e cada batida do meu coração.
Ela era a única razão pela qual eu vivia nesta terra. Servi-la,
adorá-la até que ela percebesse que sempre foi uma deusa feita
para me governar.
Nos separamos uma polegada e seus olhos se
encontraram com os meus, arregalados e sem piscar, me
dizendo que ela sentiu tão fortemente quanto eu. Eu não
conseguia ar em meus pulmões enquanto a segurava e lutava
contra o desejo furioso de afirmar posse dela. Meu pau estava
duro como ferro e doendo por apenas uma garota e era ela. A
única criatura que eu realmente desejei.
“Vou dar a vocês um pouco de espaço,” a voz de JJ cortou
o ar e soltei Rogue, virando-me para ele onde ele estava parado
na porta do pátio olhando para nós. Sua mandíbula estava
apertada e Rogue se livrou do meu aperto enquanto eu
ajustava meu pau inchado no short e dei a JJ um olhar de
desculpas.
“Fique, cara,” encorajei. “Não vamos ficar em cima um do
outro enquanto você estiver aqui.”
“Nah, tenho que passar no clube de qualquer maneira. É
dia de pagamento,” ele disse, um sorriso enorme aparecendo
em seu rosto, mas não parecia tocar seus olhos. Eu o irritei?
“Em breve teremos um novo trabalho,” falei. “Se você
quiser?” Adicionei rapidamente e ele acenou com a cabeça, mas
parecia distraído enquanto se virava e se afastava.
“Espere, JJ,” Rogue chamou, colocando-se de pé.
“Você está bem, baby?” Perguntei com uma carranca, o
som da porta da garagem nos alcançando quando JJ saiu.
“Sim... eu só precisava de uma palavra com ele,” ela
murmurou distraidamente.
O barulho do motor do carro dele rapidamente se seguiu
e me levantei, mergulhando na piscina e começando a nadar.
Rogue entrou e Mutt apareceu com um bocejo, correndo ao
redor de seus tornozelos enquanto procurava por uma cócega,
mas ela não pareceu notá-lo ali.
Ela desapareceu de vista e meu peito deu um nó enquanto
eu me perguntava se ela estava com raiva por eu tê-la beijado.
Não foi exatamente uma escolha, porém, mais uma
necessidade fodida escrita em meus ossos. Eu não poderia ter
lutado contra mesmo se tivesse a força de um titã. Então talvez
eu estivesse pensando demais porque pela primeira vez eu e
Rogue parecemos estar no caminho certo, finalmente. E se
tivesse sorte, tudo iria dar certo para nós como sempre esperei.
Eu só tinha que provar que era a melhor opção do que
Maverick, além de lidar com aquela distração filha da puta
para ela de qualquer maneira, então, uma vez que ela
percebesse que eu poderia ser tudo que ela precisava, não
havia mais nada que pudesse dar errado. E depois de dez anos
de sofrimento, eu estava pronto para começar nosso felizes
para sempre.
Peguei meu telefone e corri para o meu quarto com Mutt
correndo em volta dos meus calcanhares, um gemido suave
escapou dele quando ele olhou para mim.
“Eu sei, garoto. Estou cuidando disso,” prometi a ele,
entrando no meu quarto e discando o número de JJ.
Encostei-me na porta, ouvindo-o tocar, tocar e tocar antes
que o correio de voz finalmente interrompesse. Disquei
novamente. E de novo. Na quarta tentativa, a chamada foi
cortada na metade do segundo toque e, quando tentei
novamente, foi direto para o correio de voz. Pelo amor de Deus.
Joguei meu telefone ao pé da minha cama, em seguida,
rapidamente tirei a roupa e coloquei um short e um top curto
antes de amarrar meu cabelo em um rabo de cavalo alto e
colocar os óculos de sol rosa de JJ no meu rosto.
Calcei um par de tênis branco, em seguida, peguei meu
telefone, as chaves e a faca que agora carregava para todos os
lugares antes de voltar correndo para baixo.
Fox ainda estava nadando na piscina e mordi meu lábio
enquanto o observava por alguns momentos. Em teoria, eu
tinha mais liberdade agora. Podia ir e vir quando quisesse, mas
ele também enviou um pelotão de capangas Harlequin para me
seguir aonde quer que eu fosse, ‘um apoio’ caso Shawn
aparecesse. Embora eu tenha adivinhado que não havia nada
de estranho sobre eu ir para a Afterlife, então decidi não fazer
qualquer tentativa de me livrar das escoltas para a minha
viagem. Eu não tinha nenhum desejo de dar a Shawn qualquer
tipo de chance de me atacar, se eu pudesse evitá-lo.
Peguei um bloco de notas e rapidamente anotei uma
mensagem para Fox, dizendo a ele onde eu estava indo, então
peguei uma lata de Coca-Cola da geladeira e me dirigi para a
garagem.
Estava tão quente quanto a nádega esquerda de um
caranguejo hoje, então, apesar dos olhos de cachorrinho que
Mutt atirou em minha direção, eu disse a ele para ficar onde
estava no ar-condicionado, em vez de trazê-lo para assar
comigo. Então corri para a garagem, pulei no meu Jeep
vermelho e me dirigi para a garagem.
Tive de dar à minha comitiva alguns minutos para entrar
em seus próprios carros. Infelizmente, o olhar mortal que
lancei para o cara que tentou subir comigo não foi o suficiente
para fazê-lo me deixar dirigindo sozinha e Eddie apenas me
lançou um olhar plano enquanto se reclinava no assento ao
meu lado.
“Você conhece as regras,” disse ele com um encolher de
ombros. “Não adianta discutir comigo se você não gosta delas.
Fale com o chefe.”
“Sim, sim,” suspirei, fazendo uma nota mental para dizer
Fox que não gostei de ter um passageiro comigo quando eu
saísse. Certamente a comitiva que me seguiu era o suficiente.
Embora com toda a justiça, Eddie parecia bom. Então imaginei
que poderia ter um guarda-costas pior.
Assim que os portões se abriram, decolei pelas ruas
sinuosas que abraçavam os penhascos antes de cortar um
caminho mais curto para a Afterlife.
O Mustang laranja de JJ estava estacionado na frente,
meio bloqueando a entrada do lugar e soltei um suspiro de
frustração enquanto virei meu próprio carro para trás e tomei
uma vaga no estacionamento lotado.
Tinha um show hoje e parecia que ia ser um grande, mas
essa conversa não podia esperar e se JJ não atendia a porra
do telefone, ele teria que falar pessoalmente.
Pulei para fora do meu carro, caminhando em direção à
entrada com a gangue de capangas Harlequin me seguindo
como sombras. Isso me deixou nervosa, principalmente porque
eu sabia que eles tinham um bom motivo para estar lá.
Meu olhar saltou entre a multidão de pessoas que estavam
sentadas no terraço com vista para o mar distante e não pude
deixar de caçar Shawn entre elas. Ele teria que ser louco para
aparecer em uma fortaleza Harlequin como esta, mas eu estava
bem ciente de que ele estava mais do que alguns parafusos a
menos de um conjunto completo, então eu não iria subestimar
os níveis que ele iria na esperança de ganhar esta guerra.
Um grito animado anunciou minhas amigas antes que eu
fosse embrulhada por elas, Di e Lyla me beijando em uma
enorme maratona enquanto pulavam para cima e para baixo,
me fazendo rir.
“Estou tão pronta para os dramas de sua vida darem uma
pausa a você,” Di gemeu. “Porque você perdeu uma festa
matadora na praia ontem à noite. Carter tentou surfar no
escuro e quase se afogou. Jake teve que puxar sua bunda para
fora da água e dar uma ressuscitação cardiopulmonar. Foi
extremamente hilário.”
Sorri com aquele visual enquanto Lyla começou a me
contar algumas das fofocas do estacionamento de trailers.
Ainda não conhecia muitas das pessoas a quem ela se referia,
mas bufei uma risada quando ela me contou sobre uma briga
que estourou entre dois dos caras por causa de uma garota que
ambos pensavam ser sua namorada. Acontecia que ela estava
jogando com os dois e roubando-os às cegas também e fugiu
enquanto a luta ainda estava em pleno andamento e não tinha
sido vista desde então.
Bella estava trabalhando atrás do bar e ela me lançou um
sorriso, seus olhos brilhantes pela primeira vez, faltando o
entorpecimento adicional que ela normalmente causava por se
automedicar.
A música mudou e Lyla gemeu. “Essa é a nossa deixa,”
disse ela, apontando para o palco ao sol, que parecia
suspeitamente vazio. “Estaremos trabalhando um longo turno
até mais tarde esta noite, mas você deve ficar e ficar bêbada.
Podemos dar uma festa no seu trailer depois e você pode nos
contar sobre o que você andou aprontando.”
Zombei levemente, olhando por cima do ombro em direção
aos meus guarda-costas, mas todos eles se espalharam ao
redor do bar e nenhum deles estava escondido muito perto.
“Eu tenho algumas histórias muito boas para vocês,”
concordei. “Mas agora, eu preciso encontrar JJ.”
“Ele está em seu escritório,” disse Di, apontando para o
outro lado da sala para uma porta marcada apenas para
entrada de funcionários. “Apareceu um tempo atrás parecendo
chateado como o diabo. Voltou para o camarim e avisou a todos
para fazermos um show muito bom hoje porque ele estava com
vontade de despedir pessoas, então saiu furioso parecendo ter
um porco-espinho enfiado na bunda dele.”
“Esse porco-espinho seria eu,” suspirei. “Me desejem
sorte.”
As meninas acenaram, mas pareciam mais do que um
pouco nervosas por minha causa enquanto se apressavam
para tomar seus lugares no palco. Empurrei a multidão,
tirando dinheiro de alguns bolsos enquanto ia, antes de me
lembrar que prometi a JJ que não faria isso aqui e voltei para
devolver o dinheiro para os referidos bolsos com uma pontada
de arrependimento. Provavelmente era melhor que eu não o
irritasse mais do que o necessário, então acenei adeus ao meu
dinheiro fácil e passei direto pelo capanga que bloqueava a
porta para a área dos funcionários do clube. Ele me deu uma
boa dose de olho lateral, mas claramente me reconheceu, então
não fez nenhum movimento para me impedir.
Estava um pouco mais quieto aqui longe da música,
embora eu ainda pudesse ouvir batendo nas paredes.
Continuei caminhando até o escritório de JJ, abrindo a
porta sem me preocupar em bater quando cheguei lá.
Johnny James estava sentado atrás de sua mesa, um
monte de papelada espalhada diante dele enquanto ele as
ignorava e preferia beber tequila direto da garrafa e franzir o
cenho para nada.
Ele fez uma pausa enquanto olhava para cima e me
encontrou à espreita em sua soleira, seus olhos brilharam e
depois escureceram enquanto ele colocava a tequila na mesa
com um baque pesado e se recostava na cadeira, cruzando os
braços sobre o peito.
“O que você quer, Rogue? Tenho trabalho a fazer.”
“Parece que sim,” concordei, entrando na sala e chutando
a porta fechada atrás de mim antes de pegar a tequila e dar
um gole na garrafa. Queimou como uma filha da puta no
caminho para baixo e franzi meu rosto enquanto batia a
garrafa de volta na mesa.
O silêncio caiu entre nós enquanto JJ apenas continuou
a me olhar carrancudo e eu soltei um suspiro de frustração.
“Apenas cuspa, JJ. O que quer que seja, está claramente
devorando você, então me diga francamente.”
“Eu não deveria estar te pedindo para fazer isso?” Ele
perguntou amargamente. “Ou você estava planejando me
amarrar um pouco mais antes de me dizer que decidiu por Fox
no final das contas?”
“Do que diabos você está falando?” Olhei para ele
carrancuda. “Deixei mais do que claro que eu quero você. Mas
você sabe como é complicado comigo e com os outros também.
Os cinco... quatro de nós estamos tão enredados um no outro
que eu não acho que os nós um dia vão se soltar. Então, por
que beijar Fox de repente é o fim da porra do mundo?”
JJ estremeceu com o meu deslize sobre Chase, mas ele
claramente não iria deixar sua dor atrapalhar sua raiva.
“Porque eu sei o que Fox quer de você. Sei o que ele vai
exigir de você. E estou mais do que acostumado a vê-lo fazer o
que quer a cada vez. Não me entenda mal, eu amo até ossos
daquele homem, mas por mais que ele possa ser meu irmão,
ele também é a porra do meu chefe e deixou isso claro para
mim uma e outra vez desde o dia em que fomos iniciados nesta
porra de gangue.”
“Fox pode controlar você, mas ele não me controla,”
rosnei.
“Claro. Agora não. Talvez. Mas sei como isso é. Lembro-
me de como ele estava com você quando éramos todos
crianças. Ele costumava assustar todo e qualquer cara que
sequer pensasse em tentar se aproximar de você. E ele pode ter
ficado bem com nós três saindo com você ao lado dele, mas
sempre deixou mais do que claro que o futuro que ele viu era
um com você e ele juntos. Você é o jogo final dele, Rogue e
sempre foi. Então, onde isso me deixa?”
“Você acha que eu não sei o que Fox quer de mim?” Exigi.
“Eu entendo. Ele me disse. E eu disse que não estou pronta
para isso. Que não estou procurando por monogamia ou
qualquer dessas merdas ainda e...”
“Veja, aí está,” JJ retrucou, pondo-se de pé. “Ainda. Você
não está pronta para isso ainda. O que significa que
eventualmente estará. Você estará pronta para escolher e se
estabelecer e ter uma porra de uma tonelada de filhos e essa
pequena palavra me diz que você já sabe que isso vai acontecer
com ele, quer você tenha admitido isso para si mesma ou não.”
“Não, não está,” respondi com raiva. “Eu não quis dizer
isso. Não quero isso. Já não provei para você o suficiente vezes
o quanto me importo com você?”
“Abrindo suas pernas e me mostrando o quanto você gosta
do meu pau? Sim, querida, você é muito boa em me mostrar
isso. E estou plenamente ciente de que sou uma transa muito
boa. Mas me foder e me amar são duas coisas diferentes, não
são?”
Meus lábios se abriram com o tapa dessas palavras e eu
apenas o encarei por vários segundos. “JJ, você sabe que eu te
amo,” falei em voz baixa, mas ele bufou zombeteiramente.
“Sim, você me ama,” ele concordou sarcasticamente. “Você
ama o garoto que costumava encontrar conchas para você na
praia. O idiota que fez essa porra de pulseira que você mantém
no pulso. O garoto que te roubou donuts e riu com você e
surfou com você todas as manhãs ao amanhecer sempre que
podia. Mas você não está apaixonada por mim, está?”
“JJ,” murmurei, meu coração batendo forte no meu peito
enquanto eu olhava para o olhar frio e duro em seu rosto e
tentei caçar o garoto sob o Harlequin que estava diante de mim
com os músculos contraídos e uma frieza nos olhos que
mordeu bem fundo no meu coração. “Você sabe por que eu não
posso te dizer isso. Você sabe que eu...”
“Eu te amo, Rogue,” ele retrucou. “Eu te amo muito, quero
você e preciso de você, porra. Mas amar você é como amar
areia. Estou segurando com força em meus punhos enquanto
a maré corre para reivindicá-la. E por mais que eu queira ser
capaz de segurá-la, cada vez que uma onda bate, um pouco
mais de areia é roubada de mim. Quanto tempo até que tire
cada pedaço de você? Eu não aguento mais. Não posso
sobreviver a isso.”
“Você está falando tudo isso para mim por causa de um
beijo?” Perguntei a ele incrédula. “Quando você literalmente me
assistiu foder Maverick? Você me compartilhou com ele, me
tocou ao mesmo tempo que ele e nunca demonstrou o menor
sinal de ciúme. Mas agora...”
“Você está brincando comigo? Claro que fico com ciúmes
pra caralho quando vejo você com Rick. Especialmente depois
de descobrir que você transou com ele quando tínhamos
dezesseis anos, mas não é o mesmo que...”
“Eu nunca transei com ele naquela época,” rosnei
furiosamente. “Chase entendeu essa merda errada. E se ele ou
você quisessem saber a verdade sobre, então deveriam ter me
perguntado, porra. E se você está tão desesperado para saber
sobre eu perder minha virgindade, então ficará satisfeito em
ouvi dizer que não foi com ninguém que você conhece. Foi
apenas um idiota com quem namorei quando era sem-teto e
sozinha e desesperada para que alguém me amasse. O que ele
não fez, ele só gostava de garotas da minha idade. E quando
ele enfiou seu pau em mim doeu pra caralho, e eu
principalmente só esperei que acabasse, o que felizmente foi
rápido o suficiente. Isso faz você se sentir melhor?”
“Claro que não, porra,” JJ rosnou, colocando as mãos
espalmadas sobre a mesa e olhando para mim por cima. “Nada
do que aconteceu com você enquanto estava fora me deixa feliz,
Rogue. Isso me assombra à noite e me consome durante o dia.
Quando você me conta histórias como essa, elas me cortam e
me fazem sangrar por você. Porque eu te amo, Rogue. Estou
apaixonado por você desde antes de ter idade suficiente para
entender o que era o amor. Você é tudo para mim. Eu sempre
soube disso. Mas se continuarmos fazendo isso e eu ter que
assistir Fox tirar você de mim, isso vai me destruir, e eu não
posso sobreviver a isso.”
“Eu não vou...”
“Eu conheço Fox. Ele sempre consegue o que quer. E é
você. Toda você. Não os pedaços que você está disposta a
compartilhar. E vi a maneira como você estava olhando para
ele quando ele te beijou. Você quer isso também, você o quer e
talvez queira a mim e ao Maverick também, mas não é assim
que essas coisas funcionam, é? Um dia você vai querer toda a
cerca bonita de uma casa tranquila e dois ou quatro filhos, e o
stripper que faz você ri e te fode como um profissional não será
a escolha que você fará.”
“Diga uma única coisa sobre mim que te faça acreditar
que eu quero uma maldita casa tranquila com cercas?” Exigi.
“Nada disso é culpa minha. São apenas suas inseguranças.
Deixei bem claro o quanto eu gosto de você, o quanto eu quero
você.”
“O quanto você quer meu pau, você quer dizer,” ele
zombou. “Não pense que eu não vejo em seus olhos. Quando
você me fode, eu estou dentro, a única coisa em seu mundinho
bonito, mas no momento em que terminamos, aquele olhar vai
embora. Eu te perco cada vez que você recua para trás de suas
paredes e me empurra firmemente de volta para fora. Mas não
é assim que você olha para ele. Você olha para ele como se ele
estivesse no meio do caminho, cavando uma porta para você
passar. Então eu acho que é melhor esmagarmos isso agora.”
“Você está dizendo que não quer mais ficar comigo?”
Perguntei, algo fissurando dentro do meu peito e impedindo o
ar de fazer o seu caminho para os meus pulmões enquanto a
dor me pressionava de todos os lados.
“Ficar com você?” JJ zombou. “Você nunca foi minha, não
é? Então talvez seja melhor se eu apenas voltar ao meu
trabalho e você possa voltar ao seu destino de se tornar a
princesa Harlequin que Fox sempre soube que você seria.”
“Seu trabalho?”
“Sim. Eu não fodo de graça, Rogue, e você sabia disso bem
o suficiente quando deixou cair sua calcinha para mim.” JJ
pegou um pedaço de papel de sua mesa e começou a escrever
agressivamente. “Então há o tempo no capô da caminhonete
de Fox. O carrossel, minha cama, meu chuveiro, o vagão do
trem, sua cama, a viagem para a Dead Man’s Island...” JJ
continuou anotando cada lugar onde nós tínhamos feito sexo
enquanto eu apenas o encarava confusa, meu coração batendo
dolorosamente enquanto eu tentava entender o que diabos ele
estava fazendo até que ele marcou o número na parte inferior
e rabiscou um número antes de contornar sua mesa e bater na
peça de papel contra meu peito.
“Aqui está sua conta, querida,” disse ele em um tom frio e
duro, seus olhos escuros de fúria enquanto meus dedos
automaticamente se enrolavam em torno do pedaço de papel e
eu apenas o encarei em estado de choque. “E para ser honesto,
eu cobro por hora, então você está conseguindo um desconto,
porque dei a você todas as festas do pijama e carinhos e todas
essas besteiras de graça.”
Ele se afastou de mim, abrindo a porta de seu escritório e
batendo-a atrás de si enquanto saía furioso.
Dor rasgou meu coração enquanto eu olhava para a conta
que ele me deu, cada momento que compartilhamos nos braços
um do outro registrado e contabilizado como se ele tivesse
anotado o tempo todo. Como se eu não fosse nada além de
outro dia de trabalho para ele e agora ele queria seu maldito
pagamento.
Encarei a figura rabiscada no final da página, meus olhos
ardendo com lágrimas que eu pisquei agressivamente. Porque
não. Porra, não, ele não estava recebendo minhas malditas
lágrimas. Se aquele idiota quisesse me cobrar por seu tempo
filho da puta como se eu não significasse nada mais para ele
do que qualquer um de seus clientes pagantes, então ele
poderia ter seu dinheiro bem ganho.
Eu nem sabia por que estava surpresa. Claro que ele não
queria me manter. Ninguém nunca quis me manter. E
enquanto a dor daquele fato tão miserável da minha vida
tentava penetrar na minha alma, senti as cortinas se fechando
em volta do meu coração. As mesmas que costumava manter
perto quando Shawn me chamava de prostituta e me dizia que
eu só servia para tomar seu pau. As mesmas que confiei para
manter meus pés em frente dia após dia enquanto eu estava
sozinha e não tinha nada pelo que viver além do triste fato de
que eu não queria morrer.
Então me concentrei na única coisa clara que eu tinha que
trabalhar e bloqueei a agonia tentando me consumir enquanto
aquela garotinha perdida começou a implorar por atenção
dentro de mim. Eu não a deixaria sair. Não podia. Eu a
enterraria exatamente como aprendi há muito tempo e
aceitaria a conta de JJ como o alerta de que precisava. Claro
que ele não tinha simplesmente parado de se prostituir por
mim. Claro que isso era tudo que eu era para ele. E talvez ele
tenha se enganado pensando que eu era outra coisa por um
tempo, mas agora ele descobriu. Eu não valia a pena amar. Não
valia mais do que qualquer uma das mulheres que pagaram
para ir para sua cama e agora ele estava corrigindo o erro que
cometeu ao me dar isso. Para que ele pudesse ficar com a porra
do dinheiro. Eu não deveria nada a nenhum homem nunca
mais. Muito menos JJ Brooks.
Eu só tinha que descobrir de onde diabos eu deveria
conseguir doze mil trezentos e sessenta e quatro dólares. O
idiota tinha até adicionado uma sobretaxa por chupar seu pau.
Droga, nós fizemos muito sexo.
Cerrei meus dentes, dobrei o pedaço de papel e o enfiei no
bolso de trás antes de pegar meu telefone e ligar para Luther.
A dor dentro de mim estava ameaçando me afogar, mas
apenas forcei de volta, recuando e me entorpecendo até que
não pudesse sentir mais. Até que não pudesse sentir nada e
nada importava além do meu objetivo. Eu pagaria seu dinheiro,
então poderia perder minhas merdas depois disso, se fosse
necessário.
“Gata selvagem,” Luther respondeu, uma cadência
curiosa em sua voz. “Você tem boas notícias para mim?”
“Ainda não,” respondi. “Só preciso de algum dinheiro.
Você ainda administra um desmanche de carros na Sailor's
Street?”
“Sim. Podemos recuperar praticamente qualquer coisa lá.
Mas se você quiser algum dinheiro de verdade, tenho um
pedido para um Maserati Gran Tourismo. Fox me disse que
impulsionar carros é o seu talento. Vou lhe dar uma parte de
dez mil se você puder garantir um em ótimas condições.”
“Doze mil trezentos e sessenta e quatro dólares,” exigi, o
valor da conta de JJ queimado dentro do meu crânio.
“Tudo bem,” Luther concordou com uma risada divertida.
“Mas só se você conseguir hoje.”
“Considere isso feito.” Desliguei o líder da Harlequin Crew
como uma cadela com um desejo de morte, em seguida, liguei
para minha nova amiga ultra rica.
“Ei, Rogue, o que foi?” Tatum perguntou enquanto atendia
minha ligação e um pouco da dor que vagava sob minha pele
diminuiu com seu tom amigável.
“Eu estava me perguntando se você está disposta a sair
com uma criminosa esta noite? Preciso dar um empurrãozinho
em um carro do seu lado da cidade, estou ligando para
descobrir se você poderia querer vir brincar comigo?”
Tatum riu quando uma voz masculina profunda disse algo
do outro lado da linha que eu não consegui entender.
“Na verdade, acabei de terminar um jantar no Andre’s.
Você sabe aonde é?” Ela perguntou. “Posso te encontrar...”
“Isso é perto de onde estou. Eu irei até você,” falei
decisivamente porque puxar esse trabalho seria muito mais
fácil sem uma comitiva do Harlequin atrás de minha bunda,
então abandonar meu carro aqui era a melhor jogada que eu
poderia fazer.
“Tudo bem. Vamos nos encontrar com você no
estacionamento,” Tatum concordou.
“Vou demorar no máximo vinte minutos,” prometi,
cortando a ligação e abrindo a porta do escritório.
JJ tinha fodido tudo e engoli o caroço que subiu na minha
garganta com ele apenas me deixando assim. Mas ele fez sua
escolha e a nota em meu bolso de trás era prova suficiente
disso. Então, se ele queria sair por aí fazendo grandes
declarações sobre nosso relacionamento ou a falta de um,
então eu iria acreditar em sua porra de palavra.
Desci as escadas, mas em vez de entrar no clube, corri
pelo corredor em direção ao camarim onde todos os dançarinos
se preparavam para seus shows, abrindo a porta quando
cheguei e entrei.
Alguns caras estavam rindo alto no canto traseiro da sala
e eu me abaixei, pegando uma peruca loira e um par de patins
da prateleira de fantasias de um lado do espaço.
Saí pela porta dos fundos e sentei minha bunda na
calçada enquanto troquei meu tênis pelos patins, em seguida,
enfiei meu cabelo arco-íris na minha peruca e me empurrei de
pé com meus tênis agarrados em meu punho.
Eu não tinha muito tempo antes que meus
acompanhantes Harlequins viessem me procurar, então tinha
que me apressar. Depois de algumas tentativas ligeiramente
vacilantes de decolar com os patins, entrei no ritmo e comecei
a ganhar velocidade enquanto me afastava da Afterlife na
direção da lanchonete que Tatum havia mencionado.
Meu coração ficou um pouco mais leve enquanto eu me
movia mais rápido, deixando a curva da colina me levar
enquanto eu me entregava ao momento e forcei um sorriso em
meus lábios. Não ficou lá tão facilmente como teria antes de JJ
ter me largado como um brinquedo de mastigar que ele estava
entediado, mas o mantive no lugar até que quase pude
acreditar que era real. Eu era praticamente uma profissional
nisso hoje em dia, de qualquer maneira.
Virei a esquina em tempo recorde, encontrando a
lanchonete facilmente e gemendo com o cheiro de batata frita
no ar. Patinei para trás para procurar por Tatum, minhas
sobrancelhas subindo quando a vi recostada no capô de um
Cadillac branco clássico com a cabeça de um cara enterrada
sob sua saia longa.
Sorri para mim mesma com a oportunidade que me deu,
troquei os patins pelos meus tênis e corri de volta para a
lanchonete lotada.
“Pedido para Karen!” Um cara gritou quando cheguei ao
fim da fila de servir e me lancei como uma gaivota faminta para
agarrar o saco de papel e a bebida que ele segurava. O cara me
deu um olhar que dizia que questionava minha identidade,
mas eu já estava saindo pela porta.
Corri de volta para o estacionamento e verifiquei minha
bagagem, jogando o cheeseburger para um gato de rua que
parecia meio escandalizado e meio satisfeito antes de pegar a
grande porção de batatas fritas, largar o saco e voltar para o
Cadillac.
Tomei um longo gole do meu milkshake de baunilha
enquanto caminhava, segurando-o desajeitadamente ao lado
das batatas fritas na minha mão direita para poder começar a
comer com a esquerda.
Tatum e o namorado que eu apelidei de Tats por causa da
tinta que ele tinha cobrindo sua pele estavam terminando com
muitos gemidos e palavras sujas quando cheguei e sorri para
eles quando ele saiu de debaixo da saia dela.
“Jesus,” Tatum engasgou quando me viu, uma risada
escapando dela enquanto ela ficava em algum lugar entre
envergonhada e divertida com a minha chegada.
“Tudo pronto?” Perguntei com a boca cheia de batatas
fritas.
“Não,” Tats grunhiu, mas apenas sorri mais com sua
frustração, desviando meus olhos de suas calças para ter
certeza de não fazer contato visual com nenhuma
protuberância insatisfeita. Isso seria muito embaraçoso e,
embora este fosse um dos homens de Tatum mais rude e mais
adequado aos meus gostos habituais, eu tinha um código de
menina para seguir, então ele não era nada mais do que uma
batata sem gosto e sem sal, no que me dizia respeito. E não
importa o quão quente aquela batata possa ou não estar
objetivamente, eu não iria notar merda nenhuma sobre isso.
“Bem, é uma noite de garotas, então não é realmente sobre
você, cara,” apontei, sorvendo meu milkshake. “Você está
pronta para vir causar estragos comigo, Tate?”
“Sim,” ela concordou com um sorriso. “Você está bem em
me encontrar em casa, baby?” Ela voltou os olhos de corça para
Tats e ele suspirou.
“Você só espera que eu deixe você sair com essa garota
com tendências criminosas que mal conhecemos e quebre um
monte de leis com ela?” Ele perguntou.
“Sim. Não espere acordado.” Tatum levantou-se na ponta
dos pés para beijar sua bochecha e sorriu para mim enquanto
ela entrava no Cadillac. Ela não precisou dizer duas vezes,
então pulei no banco do passageiro e relaxei na minha cadeira
enquanto continuava com minha refeição.
“Para onde vamos?” Tatum perguntou.
“Eu preciso encontrar um Maserati Gran Tourismo. Achei
que os mais prováveis na cidade de ter um estarão no seu
caminho.”
“Espere, vou ligar para Saint. Ele vai saber quem tem um.”
“Ele é um fã de carros ou algo assim?” Perguntei.
“Err, não, ele é mais como um mapa falante e ambulante
de tudo. Ele literalmente se lembra de todos os detalhes sobre
todos os tipos de merdas aleatórias. Ele será capaz de dizer a
você quem é o dono de um desses carros, dar-lhe o registro e
dar um monte de razões pelas quais ele odeia quem quer que
seja.” Tatum ligou o carro enquanto ela falava e o som do toque
encheu os alto-falantes do carro antes que uma voz cortante e
elegante de um garoto atendesse a chamada.
Tatum o informou sobre o que eu procurava e, em poucos
instantes, tínhamos todos os detalhes de um cara que era dono
do carro que eu procurava e que ofendeu Saint ao usar o boné
de lado. Aparentemente, para trás era quase aceitável, mas
para os lados era um crime imperdoável. Eu não tinha certeza
de onde estava a lógica nisso, mas estava disposta a ir com ela.
“Então, por que parece que alguém cagou nos seus
sapatos favoritos hoje?” Tatum me perguntou enquanto nos
conduzia em direção ao meu alvo e suspirei audivelmente antes
de terminar a borra final do meu milk-shake.
“Problemas de homem,” murmurei.
“Eu tive mais do que minha cota,” respondeu ela.
“Quem não tem?” Concordei. “Meu... bem, não sei o que
ele era, porque não estávamos colocando rótulos nisso
exatamente, mas ele costumava ser um trabalhador do sexo.
Ou não, acho que ele é um trabalhador do sexo novamente,
mas ele saiu de licença enquanto nós dois estávamos ficando.
Só que agora ele enfiou na cabeça que estou me preparando
para deixá-lo por outra pessoa, então, apesar de tudo que eu
tinha a dizer sobre o assunto, ele basicamente deu um fora na
minha bunda e me deu um tapa com uma conta do valor total
por seus serviços.”
“O que você quer dizer com uma conta?”
Peguei a lista detalhada do bolso e comecei a ler para ela
enquanto suas sobrancelhas se erguiam até a linha do cabelo
loiro.
“Uau,” ela disse quando eu terminei. “Então, o que você
vai fazer em resposta a isso?”
“Pagar a porra da conta, é claro. O idiota acha que está
sendo dramático e tentando me fazer sentir como se eu tivesse
feito algo errado, quando são suas próprias inseguranças que
estão causando o problema aqui. Tudo bem. Se eu não sou
nada além de outra cliente para ele, então eu tenho certeza que
vou pagar minha conta. Vou até dar uma gorjeta3 a ele. Tipo,
Observação: você é um idiota e deveria trabalhar nisso.”
“Tem certeza de que essa é a melhor maneira de...”
“Totalmente segura. Se ele quiser jogar este jogo comigo,
vai conseguir exatamente o que está pedindo.”
“Então você não quer esse outro cara? Porque se você
quiser ter um relacionamento com...”
“Acredite em mim, não estou tendo nenhum tipo de
relacionamento com ninguém,” rosnei. “Meu dano é muito

3 Em inglês, a palavra tip pode ser tanto gorjeta quanto dica.


profundo para essa merda. Ninguém iria me querer uma vez
que chegasse perto o suficiente para ver, e JJ apenas provou
isso. Então, agora vou pagar minha conta e enfrentar a merda,
bem nessa ordem, o resto é problema de amanhã de qualquer
maneira.”
Tatum me lançou um olhar simpático, mas antes que
pudéssemos nos aprofundar, paramos do lado de fora de uma
casa enorme onde o carro de que eu precisava estava
estacionado sob uma garagem de aparência chique.
“Você quer voltar para a minha casa e conversar mais um
pouco sobre os garotos quando terminar aqui?” Tatum
ofereceu com um sorriso quando agarrei a maçaneta da porta,
me preparando para o meu próximo movimento enquanto
olhava meu novo carro chique.
“Acho que seria uma péssima companhia esta noite.” Eu
admiti porque não importava o quanto eu estivesse tentando
manter o sorriso no meu rosto, ele continuava escorregando e
eu tinha quase certeza de que perderia a cabeça em breve.
“Eu posso ser sua motorista de fuga,” disse ela com um
sorriso e eu ri.
“Que tal marcarmos amanhã, quando eu tiver minhas
coisas resolvidas?” Ofereci.
“Na verdade, vou para uma luta na gaiola amanhã, mas
posso conseguir um ingresso para você?” Ela sugeriu, seus
olhos brilhando de excitação com isso.
“Isso seria uma foda de sim. Vejo você amanhã, então,”
prometi, saltando e olhando ao redor em busca de quaisquer
sinais de sistemas de segurança adicionais em torno da
propriedade que eu estava planejando atingir, mas para minha
sorte, não pude ver qualquer câmera ou algo parecido.
Tatum foi embora e soltei um suspiro enquanto me
recompunha. Eu precisava me concentrar no trabalho em
questão, não deixar a dor no meu peito por causa de JJ me
distrair. Além disso, foda-se ele. Foda-se ele por não ouvir uma
maldita palavra que eu disse e foda-se duas vezes por me dar
a porra da conta. Quem diabos ele pensa que é? Eu só esperava
que ele gostasse da porra do pagamento porque eu estava
seriamente farta de suas merdas. Eu tinha Jack, o Lambedor
e Vlad o Empalador, sentados em casa na minha cômoda com
baterias novas apenas esperando que eu as usasse, então não
tinha necessidade de seu mega pênis. Especialmente se viesse
com a porra de uma etiqueta de preço.
Joguei minha cabeça de volta para o céu e gritei em uma
tentativa de banir um pouco da raiva do meu corpo, então
forcei todos os meus sentimentos em uma minúscula caixa
dentro de mim e cruzei a estrada para ir buscar meu carro.
Felizmente o dono da casa e do veículo não tinha ouvido
minha pequena explosão e quando me aproximei da casa, logo
percebi que eles não estavam lá.
Não houve um menor movimento através de nenhuma das
janelas e nenhum som foi ouvido em qualquer lugar.
Dei uma olhada rápida ao redor, espiando pelas janelas e
verificando se as portas estavam trancadas antes de parar e
olhar para uma janela ligeiramente aberta no primeiro andar.
Olhei em volta para verificar se não havia ninguém prestes
a me ver, então agarrei o cano de esgoto e comecei a escalar
em direção a ele.
Mantive meus olhos em meu objetivo, ignorando a queda
abaixo de mim enquanto me concentrava na janela aberta. Por
que diabos tantas pessoas eram burras o suficiente para deixar
as janelas abertas quando não estavam em casa?
Honestamente, eu nunca descobri, mas estava feliz que
fizessem porque era basicamente assim que eu ganhava a vida
nos últimos dez anos e isso me mantinha alimentada a maior
parte do tempo. E eu não era uma garota que gostava de ficar
sem comer.
Alcancei a janela e a abri, meu coração pulando quando
meu pé escorregou, mas então agarrei o parapeito da janela e
me joguei em um quarto onde cai no chão com a graça perfeita
de uma bailarina. Ou talvez fosse mais como um daqueles
potros recém-nascidos que caem muito de bunda, mas eu
ainda estava levando a vitória. O Ranger Verde ficaria
orgulhoso. Quer dizer, não tanto sobre todos os roubos e
merdas, mas eu gostava de pensar que ele entenderia minhas
razões para meu comportamento criminoso e iria querer ser
meu melhor amigo, apesar de minhas falhas.
Olhei ao redor da sala, localizei um colar de aparência
chique na mesa de cabeceira e rapidamente o coloquei antes
de sair para o patamar e continuar descendo as escadas.
Uma olhada ao redor me mostrou o gancho cheio de
chaves do carro e sorri enquanto agarrei a que estava
procurando, abri a porta da frente e corri para pegar meu
prêmio.
O motor ronronou debaixo de mim quando liguei e
suspirei enquanto me inclinei para trás no couro e pisei no
acelerador, rugindo para fora da garagem e rasgando pela
cidade até o desmanche em grande estilo com minha peruca
loira soprada pelo vento da janela aberta.
Luther estava esperando que eu chegasse, sentado nos
fundos com alguns de seus homens enquanto fumavam e
falavam merda juntos. Ele se levantou quando estacionei e não
pude deixar de olhar presunçosa pra caralho quando ele soltou
um assobio baixo de apreciação pelo carro.
Desci com um passo arrogante, movendo-me em direção
a ele e entregando as chaves enquanto ele puxava um envelope
grosso cheio de dinheiro do bolso e o entregava.
“Bom trabalho, gata selvagem,” Luther comentou.
“Não fique tão surpreso, vovô, você me jogou na rua sem
nada por dez anos. Tive que descobrir como sobreviver de
alguma forma.”
“Cuidado com a boca,” Luther repreendeu em um rosnado
baixo, mas realmente não quis dizer isso. Ou talvez quisesse e
eu estava apenas brincando de faz de conta com a ideia de que
ele achou minha atitude fofa e eu acabaria morta por isso um
dia desses. Talvez eu realmente não me importasse de qualquer
maneira.
Saltei para o capô do carro e cruzei as pernas enquanto
dois outros Harlequins vinham inspecionar meu novo roubo e
comecei a contar meu dinheiro.
“Você não confia em mim?” Luther perguntou.
“Só confio em duas coisas nesta vida,” respondi. “Morte e
dinheiro. E se eu estiver olhando nos olhos da primeira, então
vou me certificar de que vou conhecê-la bem antes de fazer
qualquer acordo com ela.”
Continuei contando o dinheiro, tentando não pensar
demais na quantidade absurda, para que a tentação de ficar
com ele não me consumisse. Eu não achava que já ganhei tanto
em um trabalho, muito menos segurei na minha mão e era
seriamente tentador passar por cima e tentar contrabandear.
“O que se passa contigo?” Luther perguntou,
aproximando-se de mim enquanto eu continuava a contar.
“Você não parece tão animada como de costume.”
Soltei um suspiro, tentando forçar todas as merdas ruins
de volta para baixo, para dentro daquela caixa minúscula. Mas
JJ a abriu e podia sentir meu controle sobre minhas emoções
se dilacerando. Eu ia quebrar hoje à noite e quando fazia, era
sempre uma bagunça pra caralho. Mas não aqui. Agora não.
“As pessoas nem sempre são como parecem do lado de
fora, Luther,” falei, olhando para ele. “Talvez eu sorria muito e
faça piadas e tente fazer o melhor das coisas, mas isso não
significa que eu não esteja totalmente fodida por dentro. Os
danos nem sempre são tão fáceis de ver e o meu corre mais
denso do que o sangue nas minhas veias. Só está aparecendo
um pouco mais do que o normal porque tive um dia horrível.”
Luther olhou entre mim e o dinheiro que eu estava
segurando, passando a mão pelo rosto de uma forma que
lembrava seu filho enquanto eu voltava a contar até o último
dólar.
“Eu sinto por você nisso,” ele murmurou. “Mas tenho que
saber se essa necessidade repentina de todo esse dinheiro tem
alguma coisa a ver com você e Fox. Porque apesar dos laços
que coloquei em você ao trazê-la para Crew sendo razão
suficiente, você sabe que não posso deixar você correr se é isso
que você está pensando. Para o bem dele. Mandar você embora
quebrou algo entre mim e ele há muito tempo. Inferno, eu acho
que isso o quebrou. E Maverick... vamos apenas dizer que eles
precisam de você. E acho que você também precisa deles. Pode
ser difícil e você pode querer me odiar pelo resto de seus dias,
mas é verdade. E eu não posso deixar você ir embora de novo,
gata selvagem. Você entende, não é?”
Havia um aviso em sua voz, embora eu quase imaginei que
havia um toque de preocupação ali também.
Franzi meus lábios com a sensação de mais laços sendo
colocados em mim, mas encolhi os ombros. Eu não ia ficar aqui
porque Luther Harlequin exigiu. Eu estava ficando porque,
para o bem ou para o mal, esta era a minha casa. Eu não tinha
ideia do que isso significava a longo prazo, mas poderia
tranquilizá-lo sobre isso.
“Não vou a lugar nenhum,” prometi, fechando o envelope
ao terminar, confirmando que todo o meu dinheiro estava
contabilizado. “Você não precisa se preocupar com isso.”
Luther acenou com a cabeça, aceitando minha palavra e
deslizei para fora do capô do carro, indo em direção à saída.
“Não é seguro lá fora para você com Shawn ainda
espreitando nas sombras,” Luther gritou, caminhando ao meu
lado e apontando para sua caminhonete que estava
estacionada do lado de fora. “Deixe-me te dar uma carona para
casa. Fox está perdendo a cabeça por você ter enganado seus
rapazes mais cedo, de qualquer maneira.”
“Você sabe disso?” Perguntei.
“Sim. E não se preocupe, eu disse a ele que você estava
fazendo um trabalho para mim, então ele não está destruindo
Cove. Mas devo levar você para casa em segurança.”
Assenti, subindo em sua caminhonete. Por um momento,
pensei em pedir-lhe que me levasse ao Rejects Park em vez da
Casa Harlequin, mas segurei minha língua. Eu tinha mais uma
coisa a alcançar hoje e a raiva queimando dentro de mim não
teria nenhuma chance de diminuir até que eu fizesse isso.
Luther me deixou na porta da frente da casa e usei minha
chave para entrar, a escuridão em mim crescendo e crescendo
a cada passo que eu dava enquanto me retraía para dentro de
mim.
Fox e JJ estavam sentados na ilha da cozinha quando eu
entrei e eles olharam para mim com uma mistura de alívio de
Fox e raiva mal disfarçada de JJ que imaginei ter sido chamado
a casa após meu desaparecimento.
Não dei a mínima se ele estava com raiva de mim por fugir,
no entanto. Na verdade, eu não me importava mais com ele. Se
eu não fosse nada mais do que uma cliente com uma conta não
paga para ele, então ele não seria nada mais que a memória de
um menino há muito perdido para mim.
Fox me envolveu em seus braços e um pequeno pedaço do
meu coração puxou quando o cheiro familiar dele enrolou em
torno de mim e meu coração doeu para obter conforto dele. Mas
esse foi o erro que cometi com JJ. Eu o deixei entrar e agora
ele acabou comigo de novo. Eu não poderia continuar sendo
uma peça para esses meninos e suas emoções rebeldes. Eu não
poderia continuar deixando-os entrar quando tudo o que eles
faziam era me machucar.
Basta ser uma boa putinha e não teremos problemas, certo,
docinho? A voz de Shawn ecoou em meus ouvidos e eu sabia
que ele tinha visto algo em mim quando falou assim comigo.
Ele viu o meu valor e era o que havia entre as minhas coxas e
quanto controle ele poderia ter sobre. O que parecia ser o
mesmo que esses homens viam em mim atualmente.
Me afastei do abraço de Fox, meu olhar caindo para os
meus pés enquanto tentava não ouvir as memórias que
estavam se infiltrando. Todos os piores pensamentos e
sentimentos que já tive sobre mim e todas as maneiras que
Shawn fez para que eu soubesse que era o que ele pensava de
mim também.
Isso machucava. Doía pra caralho porque eu podia ver
isso neles agora também. JJ não achava que eu valia mais do
que o valor do dinheiro que enfiei no bolso de trás e ainda
estava lutando para descobrir o que Fox queria de mim.
“Você está bem, beija-flor?” Fox perguntou, parecendo
entender meu humor sem eu nem mesmo dizer nada. “Você
quer que eu prepare um banho ou algo assim?”
“Sim,” concordei, reprimindo minha raiva de JJ porque é
claro que eu não podia simplesmente dizer Fox por que estava
tão chateada com ele, graças a todos os segredos de merda que
estávamos mantendo. “Isso seria legal.”
“Eu estou trabalhando nisso.” Fox deu um beijo no topo
da minha cabeça e eu estava tão feliz que ele refreou sua reação
de surto por eu ter desaparecido que peguei sua mão na minha
por um segundo, apertando seus dedos brevemente antes de
me forçar a deixá-lo ir.
Fox hesitou, olhando para JJ como se em algum nível
pudesse sentir a tensão queimando entre nós, mas então
apenas se virou e subiu as escadas.
Mutt lambeu meu tornozelo rapidamente, em seguida, se
virou para encarar JJ com o lábio superior puxado para trás
em um rosnado como se ele soubesse também.
“Você não deveria ter fugido do clube assim,” JJ sibilou
assim que teve certeza de que Fox estava fora do alcance da
voz.
“Bem, você não me deu muita escolha,” respondi
friamente, caminhando em sua direção enquanto puxava o
envelope do bolso de trás. “Eu precisava ter certeza de que você
receberia por todo o seu trabalho duro, afinal.” Bati o envelope
contra seu peito e ele o pegou automaticamente, olhando para
o dinheiro enquanto várias notas de centenas de dólares caíam
no chão com o impacto. “Agora estamos bem, certo?”
“Rogue...” ele começou, agarrando meu pulso enquanto eu
tentava me afastar dele, mas o interrompi quando me virei de
volta para encará-lo.
“O que há de errado? Você estava esperando por mais?”
Perguntei em um tom de zombaria. “Porque devo dizer, Johnny
James, acho que você está supervalorizado. Não se preocupe,
não voltarei para repetir o serviço no futuro. Mas tenho certeza
de que você está satisfeito agora que conseguiu o que queria
de mim.”
Seus lábios se separaram e algo em seu olhar rasgou meu
coração, mas não me importei e não queria ouvir. Ele fez essa
escolha quando reduziu todo o nosso relacionamento a uma
fatura detalhada.
“Vá se foder, Johnny James,” sibilei. “Tudo o que você fez
hoje foi me provar que eu estava certa quando disse que nunca
mais queria voltar aqui. Espero que o dinheiro ajude a
compensar o que você perdeu quando começou a recusar
clientes em meu favor, mas não se preocupe, você pode voltar
ao seu trabalho diário agora.”
Me virei para longe dele, puxando meu pulso para fora de
seu aperto e corri atrás de Fox, ignorando JJ quando ele me
chamou de volta e silenciosamente agradecendo a Mutt quando
ele mergulhou entre nós para impedi-lo de me agarrar
novamente.
Lágrimas queimavam meus olhos e eu sabia que não seria
capaz de manter os pesadelos fora esta noite. Porque tudo pelo
que trabalhei estava fodido. Chase se foi, JJ acabou comigo e
eu nunca poderia ser o que Fox desejava. E Rick... Jesus, Rick
podia até estar mais fodido do que eu e eu sabia que nunca
seria o suficiente para consertá-lo.
Fox estava prestes a sair do meu quarto quando irrompi
pela porta e quando ele me pegou em seus braços, meu
autocontrole se desfez. Meus lábios encontraram os dele e um
soluço escapou de mim quando as lágrimas rolaram pelo meu
rosto e encontraram sua pele também.
Fox gemeu quando cedeu ao que eu estava tirando dele,
seus braços fortes me envolvendo e me puxando para mais
perto enquanto ele me beijava de volta.
Passei meus braços em volta do seu pescoço e aprofundei
o beijo entre nós enquanto pulei e enrolei minhas pernas em
volta de sua cintura. Ele me acompanhou até a parede e me
prendeu contra ela, seus quadris movendo-se entre minhas
coxas e me fazendo gemer.
Eu precisava parar. Isso era egoísta e estúpido e só iria
piorar as coisas porque eu ainda não podia ser o que ele
precisava que eu fosse. Mas quando sua língua passou pela
minha, me vi desejando poder ser. Isso foi tudo que eu sempre
quis. Ser tudo para ele e os outros do jeito que eles eram para
mim. Mas essa não era uma realidade que eu jamais seria
capaz de assumir, e não poderia fazer Fox a promessa que ele
precisava que eu fizesse a ele.
“Eu não posso,” solucei, me forçando a interromper nosso
beijo, mesmo quando minhas unhas cravaram em sua nuca e
comecei a agarrar sua camisa em minha mão. “Se eu não parar
agora, não vou parar de jeito nenhum. Por favor, não me deixe
machucar você assim, Fox.” Sussurrei quando ele começou a
beijar meu pescoço e a sensação de sua boca na minha pele
me deixou corpo inteiro aceso.
Ele se acalmou com minhas palavras, suspirando
enquanto as absorvia e lentamente se afastou o suficiente para
me olhar nos olhos.
“Estou mais preocupado em machucar você enquanto
você está se sentindo assim,” ele murmurou. “Mas prometo não
deixar isso ir mais longe se me deixar ficar contigo esta noite.
Não sei o que aconteceu, mas essa dor em seus olhos me
machuca também, beija-flor. Deixe-me cuidar de você.”
Eu queria dizer sim, mas essa ideia me apavorou ainda
mais do que a ideia de ficar sozinha. Porque se eu o deixasse
me abraçar enquanto me sentia assim e o deixasse ver a pessoa
que eu era por trás de todas as besteiras e bravatas e a
máscara que deixei o mundo ver, então ele não olharia mais
para mim da mesma forma. Ele saberia exatamente por que
não deveria me querer, e entenderia exatamente o que eu quis
dizer quando continuei tentando avisá-lo sobre o quão
danificada eu estava.
“Eu preciso ficar sozinha,” murmurei, caindo no chão e
fechando minhas mãos em punhos enquanto lutava para me
segurar por mais alguns minutos, apesar das lágrimas que não
paravam de rolar pelo meu rosto.
Fox hesitou, mas o empurrei em direção à porta com
determinação e ele cedeu, apesar do fato de que claramente
não queria.
Eu não conseguia olhá-lo nos olhos enquanto fechava a
porta entre nós e meu coração doeu ainda mais sabendo que
eu o estava machucando por deixá-lo de fora. Mas não podia
deixá-lo entrar. Se o fizesse, sabia que estaria perdida para ele
e simplesmente não podia deixar isso acontecer. Não podia
deixar nenhum desses homens tomar meu coração novamente
ou sabia que estaria perdida para eles para sempre.
Fechei a porta e corri para o banheiro, caindo de joelhos
ao lado da banheira e mergulhando minha cabeça na água
quente que Fox havia corrido para mim enquanto eu me
permitia gritar onde ninguém pudesse me ouvir.
Mas eu ainda podia ouvi-los. Todas as memórias de todas
as piores coisas que vivi. As pessoas que me machucaram e me
usaram e as palavras sussurradas que Shawn cravou em
minha alma como pregos cravados em madeira podre.
Eu era a garota que ninguém queria.
Eu era a prostituta que todos descartaram.
E pior do que tudo isso, eu era a garota morta que não
sabia como morrer.
Hoje eu estava jogando o jogo do arrependimento
novamente. Minha estupidez estava na vanguarda deste. Dez
anos. Por dez anos, acreditei que Rogue tinha escolhido
Maverick, se entregou a ele pelas nossas costas e tomou a
decisão que nos acabaria para sempre. Eu nutria tanta raiva
por isso, deixei sangrar em tudo o que eu era até ser
contaminado. E tudo por algo que nunca tinha sido verdade
em primeiro lugar.
Meu pai estava certo, eu era um garoto idiota naquela
época e parecia que nada havia mudado. Se houvesse um Deus
lá no céu, acho que ele estava confuso pra caralho sobre como
uma pessoa podia tomar tantas decisões estúpidas em sua
vida. Quando mapeei tudo, não fiquei nem mesmo surpreso
por ter acabado aqui. Algo teve que dar errado eventualmente.
Então, agora eu estava no purgatório, esperando ser enviado
para o inferno, mas não antes que cada arrependimento da
minha vida me encarasse do escuro e me chamasse de idiota.
A única coisa que percebi sobre a minha juventude, foi
que sempre fui feliz antes de pensar que Rogue tinha escolhido
Maverick. Eu estava contente com ela não escolher, porque
sabia que nunca seria a escolha que ela faria de qualquer
maneira. Contanto que ela não escolhesse, eu ainda tinha ela
e meus meninos. Eu tinha que segurar todos eles e isso era a
única coisa que eu sempre quis. Nós e Sunset Cove. Pelo menos
ela tem isso agora, mesmo que eu não faça parte.
O som da porta se abrindo no andar de cima me tirou do
transe escuro em que estava e o som de botas pesadas veio
para cá.
“Bom dia, Mabel,” Shawn chamou. “Essa camisa não é
muito bonita em você. Agora feche essas suas orelhas
murchas. Não serei responsável por traumatizar uma senhora
idosa. A menos, é claro, que você goste de ouvi-lo gritar, seu
pássaro sujo.”
“Fique longe de mim, seu menino idiota,” Mabel gritou e
minha pele arrepiou com a ideia dele machucá-la.
Mas Shawn apenas riu quando acendeu a luz na minha
prisão, em seguida, destrancou a porta e entrou no quarto. Não
me incomodei em abrir meu olho bom enquanto descansei
minha cabeça contra a parede e senti a escuridão rastejando
sob minha pele tão intensamente quanto o frio.
“Ora, ora, olhos bonitos, estou ficando cansado dessa
besteira sem reação. Eu me vesti muito bem para você hoje. Dê
uma olhada.”
Olhei para cima apenas para fazê-lo calar a boca. Não que
ele o fizesse por muito tempo.
Ele estava vestindo jeans e uma camisa xadrez aberta, seu
abdômen em exibição e uma marreta pendurada no ombro. Dei
a ele uma expressão seca enquanto ele girava para mim,
balançando a marreta no ar. Talvez eu devesse ter medo
daquela coisa, mas tudo o que senti era entorpecimento. Eu
estava cansado dos jogos, cansado do escuro. Ele começou a
me deixar aqui sem a luz acesa e dias passariam onde eu
estava enjaulado em minha própria mente, enfrentando todas
as minhas pobres escolhas de vida, incapaz de fazer qualquer
coisa a não ser separá-las pedaço por pedaço e aceitar a tortura
de minhas incontáveis falhas. Isso era muito pior do que
qualquer coisa que esse idiota pudesse fazer comigo.
“Vamos, docinho, me dê um grito. Tente correr. Faça
alguma coisa. Você não está mais fazendo isso divertido para
mim. E se eu ficar entediado, sabe o que significa.” Ele enrolou
uma corda fingida em volta da garganta e fez um laço com ela,
colocando a língua para fora e revirando os olhos para dentro
da cabeça.
“Você sabe o que fazer então,” falei categoricamente. “Faça
devagar ou rápido, ou o que quer que você queira, eu realmente
não dou a mínima, Shawn.”
Ele ficou quieto por um momento, o que dizia algo vindo
dele, então se inclinou, segurando um cigarro e empurrando-o
entre meus lábios. “Fume comigo, olhos bonitos.” Ele acendeu
a ponta e santa mãe da porra, eu não era forte o suficiente para
resistir ao gosto do tabaco em meus lábios. Inalei
profundamente, arrastando a doce toxicidade e deixando-a
descer em meus pulmões, um zumbido rapidamente
perseguindo-a. Isso me acordou, puxando-me das profundezas
negras que desci em minha própria mente e me lembrando de
todas as raras delícias do mundo que nunca tive o suficiente.
“A morte tem um gosto bom, não é?” disse ele, puxando a
cadeira de madeira e sentando-se na minha frente, sua cabeça
aureolada pela lâmpada pendurada no teto e jogando suas
feições na escuridão.
Ele tragou seu próprio cigarro enquanto colocava a
marreta sobre os joelhos, seus olhos azuis ficando vermelhos
sob o brilho da cereja. Ele parecia o demônio que era por um
momento, todo sombra e fogo.
Meu olhar mudou para a arma em seu quadril e seus
olhos seguiram enquanto ele ria baixo em sua garganta. “Agora
está mais certo, olhos bonitos, acordei uma pequena briga em
você. Tente pegar minha arma, vá em frente, eu te desafio.”
Meus dedos coçaram enquanto nenhum medo despertou
em mim. Eu era um animal nas mãos de um açougueiro, já
morto há muito tempo. Esta pele não parecia. Então foda-se.
Me lancei para sua arma e sua outra mão veio rápido, uma
faca nela que cortou meu peito nu em um golpe furioso que me
fez amaldiçoar e perder minha chance quando ele puxou a
arma e pressionou-a na minha testa.
“Sente-se e fume seu cigarro, garoto,” alertou ele, com o
dedo apertado em torno do gatilho enquanto o sangue escorria
para o meu estômago e ensopava a calça de moletom cinza suja
que eu usava. O ferimento não era muito profundo, mas doeu
como um filho da puta.
Eu não tinha medo de morrer, mas com certeza preferia
matá-lo antes de ir. Então, não vi motivo para incitá-lo a puxar
o gatilho hoje.
“Então, como você está, amigo?” Ele perguntou
casualmente enquanto eu me recostava e dava outra tragada
no meu cigarro, saboreando cada toxina que rolou pela minha
língua e correu para as profundezas do meu corpo maltratado.
“Eu não sou seu amigo,” rosnei enquanto liberava a
fumaça entre meus dentes.
“Não seja assim,” ele disse com um sorriso zombeteiro que
fez o ódio crescer em meu sangue. “Você e eu temos um vínculo
agora, vê? Toda essa tortura tem que valer alguma coisa.”
Dei outra tragada, fechando os olhos e me lembrando de
todas as vezes em que sentei em Sunset Beach fumando com
meus amigos, a luz do sol parecendo se espalhar por trás das
minhas pálpebras por um segundo. A nicotina em meu sangue
desbloqueou mil lembranças boas, mas mil lembranças ruins
também. Fumei para esquecer, fumei para comemorar, fumei
por fumar. Acho que estive me punindo por toda a vida,
sabendo que cada inspiração me trazia um pouco mais perto
da morte. Mas, caramba, tinha um gosto doce. E esse era
provavelmente o ponto. Sempre espremi um pouco mais de
açúcar das boas e um pouco mais de veneno das ruins.
“Serei o último rosto que você verá se não desistir dos
segredos em sua cabeça, Chase Cohen. Claro, tenho um rosto
lindo, mas você realmente quer que seja o último? E você e Fox,
hein? Você não quer estar sob o peso de todo aquele músculo
bronzeado de ouro puro quando for para fora deste mundo?”
“Ele não é meu namorado,” falei secamente, embora
francamente neste ponto eu realmente não desse a mínima
para o que ele pensava.
“Bem, não mais,” ele riu ofensivamente, inalando outra
lufada de fumaça. “Ele expulsou você, não foi? Livrou-se de
você por ser um menino mau. Ainda estou esperando para
ouvir o que você fez para merecer isso.” Ele colocou a mão em
volta da orelha, mas permaneci em silêncio. Eu esperava que
ele começasse a tortura então, mas não começou, apenas
continuou a fumar e a olhar para mim como se eu fosse um
quebra-cabeça que ele precisava resolver antes de cortar todas
as peças para que nunca se encaixassem direito novamente.
“Tenho a sensação de que tem a ver com a putinha que ele
roubou de mim, hein?” Ele me olhou atentamente para uma
reação e minha mandíbula apertou involuntariamente. “Sim.”
Ele sorriu, apontando para mim com o cigarro. “É isso, não é?
Eu sempre tive que mantê-la sob controle. Fox pegou você com
as calças em volta dos tornozelos enquanto Rogue engasgava
com seu pau? Ela tem um talento danado para isso, afinal.”
“Vá se foder,” rosnei, meu temperamento subindo e uma
parte de mim saboreou o calor que a raiva trouxe às minhas
veias. Sempre fui tão frio, sempre tão entorpecido, mas eu a
defenderia até minhas últimas respirações. E uma parte de
mim estava feliz que o fogo que queimava em mim por ela não
tivesse se apagado. Se eu tivesse sorte, poderia levá-lo comigo
quando morresse.
“Essa vadia vagabunda sempre me deu problemas,” ele
meditou. “Tinha que ficar de olho para que ela não abrisse as
pernas para os meus homens, esse é o tipo de garota que ela
é.”
“Ela não é uma prostituta,” cuspi. “Cale sua boca imunda,
você não a conhece.”
Ele sorriu, continuando como se eu não tivesse falado,
“Oh, eu a conheço bem. Eu sei como ela se sente por dentro,
sei como ela geme e implora e...”
“Cale a boca!” Rugi e ele moveu a arma em direção ao meu
rosto novamente em um aviso.
“Você é como ela em alguns aspectos. Vocês dois têm essa
aura sobre vocês, é como...” ele pensou por um momento,
umedecendo os lábios. “Como se você estivesse perdendo peças
vitais. E algo sobre isso simplesmente me atrai. Quero entrar
nesses vazios e gravar meu nome contra suas paredes.”
Olhei para ele, meus olhos movendo-se para a arma em
suas mãos enquanto me perguntava se valia a pena tentar
pegá-la novamente. Eu adoraria atirar nele, ver seu sangue
espirrar na sala, assistir o sorriso em seu rosto se estilhaçar
em mil pedaços de dentes quebrados.
“Deixe-me te contar um segredo...” ele se inclinou,
apagando o cigarro na minha coxa e cerrei os dentes por causa
da dor enquanto ele jogava a bituca para longe e colocava outro
entre os lábios, acendendo-o com meu Zippo. “Gosto de ser o
centro do seu mundo, Chase Cohen. Assim como eu gostava
de ser o centro do dela. Isso me dá um prazer como nenhum
outro, saber que você está aqui embaixo trancado apenas
esperando que eu volte e rasgue sua carne em pedaços. Você
não sabe se vou te matar, mas sabe que posso quando quiser.
Era assim com ela. Ela lutou no começo, assim como você, mas
sei como quebrar a mais forte das espinhas dorsais. E eu gosto
de cada aperto em cada vértebra sob meu calcanhar.” Seus
olhos brilharam com algo verdadeiramente mau e meu lábio
superior se curvou para trás com ódio. Soube então porque
Rogue foi destruída por dentro, por que sua confiança em nós
nunca poderia ser restaurada. Tínhamos tirado alguns
pedaços de seu coração quando ela deixou Sunset Cove, mas
este monstro foi quem fez questão de quebrar os últimos sem
possibilidade de reparo. E encontrei um propósito nisso, algo
pelo qual continuar vivendo aqui nesta gaiola. Porque eu
simplesmente tinha que viver para matar esse filho da puta
mais morto do que morto. Era a única coisa que importava. A
única boa ação que poderia fazer todas as minhas ações de
merda em minha curta vida valerem alguma coisa.
“Ela me fez prometer ser leal a ela,” disse ele com um
sorriso malicioso. “O que tornava muito mais divertido foder
outras mulheres em segredo enquanto ela esperava em casa
por mim, tocando aquela boceta apertada que era reservada
exclusivamente para o meu pau. Ela estava obcecada por mim.
Eu era seu único. Era lindo pra caralho, e quando eu a pegar
de volta, vou amarrá-la na minha cama por dias e...”
Me lancei contra ele com um rugido de fúria saindo da
minha garganta, meu punho estalando contra seu rosto
enquanto eu pegava sua arma, minha mão apertando o cano.
A pistola disparou e meus ouvidos estalaram com a
explosão do tiro. Por um segundo, pensei que o jogo tivesse
acabado, mas então Shawn arrancou a arma da minha mão e
me chutou para longe, nivelando-a mais uma vez.
“Não me interrompa enquanto estou falando, garoto,” ele
rosnou em um tom digno do meu maldito pai, cuidadosamente
puxando seu cabelo de volta no lugar com a mão livre.
Meu peito arfou enquanto eu olhava para a porra deste
monstro e meus membros tremiam com o esforço. Eu não
consegui comida suficiente aqui e foi por isso. Ele me manteve
fraco para que eu não pudesse vencê-lo, mas tudo o que ele
tinha que fazer era cometer um erro e eu o destruiria. Podia
não ter minha força, mas tinha algo mais feroz do que isso.
Uma promessa para Rogue escrita na essência da minha carne.
Vou matá-lo por você, pequenina. Vou falar seu nome antes
que a luz se apague em seus olhos.
“De qualquer forma, você e ela não são os únicos
brinquedos quebrados que reivindiquei, olhos bonitos. Vou
gostar de ver o pequeno Fox de Luther rachar e desmoronar
também. E eu absolutamente amo como Fox o despreza. Eles
acham que não sei disso. Agindo como se estivessem unidos
sempre que estão na linha de frente, mas vejo a maneira como
Fox olha para seu pai e ouço rumores no vento que confirmam
isso. Esse ódio me deixa muito feliz, Chase Cohen, sabe por
quê?”
“Porque você é um idiota?” Eu adivinhei secamente.
“Bem, obviamente,” ele rugiu uma risada. “Mas é mais do
que isso. Papai Harlequin tem uma dívida comigo, entende?
Uma dívida de sangue.” Seus olhos se aprofundaram em um
tom quando um toque de dor entrou em seu olhar que nunca
pensei que ele fosse capaz. Ele correu o polegar ao longo de seu
lábio inferior enquanto pensava em suas próximas palavras,
um silêncio denso se formando entre nós. Shawn falava
abertamente comigo, mas tive a sensação de que isso estava
cruzando os limites, revelando um pedaço de si mesmo que ele
possivelmente não havia revelado para ninguém antes.
Provavelmente significava que eu era um homem morto,
porque ele não contaria seus segredos para mim, a menos que
estivesse planejando se certificar de que eu nunca poderia
contá-los. Mas eu estava curioso do mesmo jeito.
“Oh sim?” Murmurei para incitá-lo e isso era
aparentemente tudo que Shawn precisava para continuar.
“Luther Harlequin tirou de mim alguém de quem eu
gostava muito, e não há muitas pessoas neste mundo sobre
quem eu possa dizer isso, olhos bonitos,” disse ele. “A maioria
das pessoas é apenas útil ou inútil. Por exemplo, meu pai não
era um homem bom, mas ele me ensinou os métodos de
violência quando eu era apenas uma criança. Ele não servia
para muito mais, a única coisa que trouxe para minha casa
foram gritos. Meu, do meu irmão e da minha mãe. Então,
quando eu tinha dez anos, peguei sua pistola e pressionei-a na
lateral de sua cabeça enquanto ele dormia na varanda, estourei
seus miolos e joguei a arma ao lado dele. Quando mamãe veio
correndo e me encontrou coberto de sangue, ela pensou que
ele se matou bem na minha frente e o mesmo aconteceu com
todos os outros. Esse foi o primeiro assassinato de que me
safei.” Ele inalou profundamente pelo nariz. “Ainda posso
sentir o cheiro do sangue se me concentrar nele com força
suficiente, posso sentir as mãos da minha mãe deslizando
sobre meus olhos também, do jeito que ela tentou me proteger
do massacre. Mas gostei, olhos bonitos.” Ele lambeu os lábios
lentamente. “Senti o gosto naquele dia. Senti essa pressa como
se o poder do meu pai estivesse me preenchendo, aquela fome
dele por derramamento de sangue oferecido a mim em vez
disso. Não sou um homem espiritual, Chase, mas acredito em
uma coisa. As pessoas que mato me dão um pedaço delas
quando partem, uma fatia de seu poder.” Ele estendeu a mão,
arrastando o cano de sua arma pela minha bochecha em uma
carícia gelada. “Eu me pergunto o que vou conseguir de você.”
Olhei para ele, odiando que eu compartilhasse algo em
comum com ele, tendo morado em uma casa com um homem
assim, sonhando em colocar uma arma em sua cabeça e puxar
o gatilho. Shawn tinha feito o que eu hesitei, e era isso que ele
fazia. Eu seria como ele se tivesse agido de acordo com um
desses impulsos violentos?
“Então, isso tudo é uma conspiração de vingança contra
Luther?” Perguntei, dando a ele um olhar frio enquanto dirigia
a conversa de volta para os Harlequins.
“Nah, não tudo isso. Eu amo o caos pelo bem do caos.” Ele
encolheu os ombros. “Mas Luther teve isso por muito tempo, e
gosto de ver seu mundo desmoronar. O fato é que ele tirou meu
irmão de mim, então peguei um de seus filhos e planejo levar
o outro assim que puder.”
Fiz uma careta, minhas orelhas levantando com isso. “O
que você quer dizer com você levou um de seus filhos?”
Shawn sorriu abertamente, claramente tendo me
atormentado exatamente para essa pergunta. Ele deu outra
tragada lenta no cigarro para criar suspense, sempre a porra
do contador de histórias e esperei impacientemente enquanto
ele soltava alguns anéis de fumaça antes de continuar.
“Meu irmão mais novo era minha pessoa favorita. Ele era
tudo que um irmão mais novo deveria ser. Cruel, de coração
frio, sanguinário, engraçado e totalmente leal ao seu irmão
mais velho.” Ele sorriu com alguma lembrança e enrolou a
manga para me mostrar uma tatuagem de um coração
sangrento que tinha o nome Nolan entrelaçado na rachadura
no meio dele. “Ele poderia esfolar um bastardo com mais
habilidade do que eu já vi. Ele não tinha a minha maneira de
falar, gostava do silêncio, só falava comigo principalmente, mas
quando começou a matar... droga, era como se ele tivesse saído
de sua concha e pintado o mundo de vermelho só para mim.
Era um espetáculo para ser visto, eu te digo. Você teria sorte
de morrer pelas mãos dele. De qualquer forma, ele pegou
Luther e alguns de seus meninos uma vez, ele estava em menor
número e o Rei Harlequin me fez assistir enquanto ele cortava
sua garganta.”
“Não me olhe assim porra.” Sua mão bateu na minha
bochecha, o filho da puta me deu um tapa, então continuou
com sua história como se nada tivesse acontecido. “Depois
disso, jurei que foderia muito bem com Luther. Matá-lo não era
bom o suficiente, ele levou meu irmão, então decidi levar seus
filhos. Mas a morte é muito fácil às vezes, você só pode quebrar
um homem enquanto ele ainda está respirando.” Seus olhos
brilharam com algum segredo sombrio e encontrei meus
pulmões apertando enquanto ele girava a arma em suas mãos.
“Eu estava na penitenciária estadual quando Maverick
Harlequin foi transferido do reformatório para lá.”
Minha mente girou com a notícia e me peguei caindo
muito quieto enquanto ouvia sua história.
“Fui acusado de um roubo mesquinho, bem, tudo bem,
não foi tão mesquinho, mas de qualquer maneira, paguei
minha entrada em um bloco de celas decente e fiz amizade com
alguns guardas sujos, forrando seus bolsos. Eles gostaram de
mim, sempre tive o dom de falar do meu jeito de qualquer coisa,
e eles caíram por toda a minha conversa mansa tão facilmente
quanto todo mundo faz quando ligo o charme. Esses meninos
acabaram sendo muito úteis, porque faziam tudo o que eu
dizia. Nunca vi Maverick por estarmos em blocos diferentes,
mas com certeza gostei das histórias que os guardas me
trouxeram sobre ele. Eles concordaram em tirá-lo de sua cela
noite após noite e dar uma surra nele. Mas isso não foi
divertido o suficiente, então fiz eles dizerem a ele que eram
Harlequins enviados por seu doce e velho papai, que o colocou
na prisão em primeiro lugar. Os guardas me disseram que ele
estava ignorando toda correspondência com o mundo exterior
de qualquer maneira, então ele estava preparado para ser
fodido. Foi muito fácil, olhos bonitos, eles até me trouxeram
algumas fotos para iluminar minhas tardes, especialmente
depois que o colocaram na cela com um estuprador.” Ele soltou
uma risada alta quando o peso dessas palavras se chocou
contra meu coração. “Você pode imaginar, pobre pequeno
Maverick Harlequin sozinho naquele lugar, enfrentando noite
após noite com todos os piores tipos de animais fodidos,
acreditando que seu próprio pai os tinha enviado atrás dele?
Foi poético pra caralho, eu te digo.” Ele soltou uma risada alta
quando o peso dessas palavras se chocou contra meu coração.
“Seu monstro de merda,” cuspi quando ele se levantou,
guardando sua arma e pesando a marreta em suas mãos.
“Sim, eu sou um monstro,” disse ele, deixando o cigarro
cair de seus lábios para atingir o chão entre nós em uma chuva
de faíscas. “Eu sou Freddy Kruger, seu pesadelo vivo. Sempre
que você fechar os olhos, estarei lá até ser tudo que você pode
ver. E quando você for para fora deste mundo, irá com meu
nome marcado no interior de sua carne. Saberá quem quebrou
você, olhos bonitos. Serei a pessoa mais importante da sua
vida.” Ele se abaixou, balançando a marreta para descansar
em seus ombros. “Ou você pode começar a falar sobre aqueles
amigos seus que te jogaram fora como o lixo que você é, hm?
Talvez haja um lugar na minha gangue para um homem que
não tem medo de sangrar.”
“Prefiro arrancar meu olho bom,” sibilei para ele e um
suspiro saiu de seus lábios.
Antes que eu pudesse agir, ele balançou a marreta e ela
rachou com tanta força contra minha canela que um rugido de
agonia absoluta me deixou quando o osso se partiu com o
impacto. Me enrolei em mim mesmo, segurando o ferimento
enquanto cerrava meus dentes com a dor, manchas brancas
explodindo na frente dos meus olhos e bile subindo pela minha
garganta.
“Filho da puta,” rosnei quando ele começou a assobiar
casualmente.
A bota de Shawn bateu no meu rosto, me jogando de
costas e ele colocou o martelo no meu peito, apoiando seu peso
no topo para me manter preso lá.
“Como eu estava dizendo,” ele disse calmamente enquanto
eu mordia minha língua sobre a agonia correndo pela porra da
minha perna. “Fiz aqueles guardas fazerem tatuagens de
Harlequin para garantir que a mentira fosse engolida de forma
agradável e suave por Maverick. E sabe de uma coisa?” Ele
olhou para mim, sorrindo enquanto seus olhos azuis claros
brilhavam. “Nunca contei isso a ninguém. Achei que o segredo
iria ser revelado depois de um tempo, mas não pude acreditar
na minha sorte quando não aconteceu. Fui embora da prisão
muito antes dele, mas mal podia esperar pelo dia em que ele
voltasse a Sunset Cove, e quando soube que Maverick havia se
mudado para uma ilha e começou uma gangue inteira para
destruir Luther, Fox e seus meninos, bem, deixe-me dizer que
eu ri pra caramba.” Ele tirou a arma de seus quadris, girando-
a em seu dedo antes de apontá-la para minha cabeça. “Mas
agora minhas palavras têm que morrer com você, meus olhos
bonitos. Cansei de seus lábios apertados e todos esses
segredos trancados em sua cabeça. Eu me pergunto se eles vão
espirrar nesta sala quando eu explodir seus miolos.”
Respirei por entre os dentes contra a dor na minha perna
e fechei meu olho bom, enchendo minha cabeça de Rogue em
vez desse idiota, certificando-me de que ela era a última coisa
que eu via, não ele. Ele não era nada. E não iria roubá-la de
mim em meus momentos finais.
“Faça isso,” cerrei. “Faça isso seu idiota de merda. Mas
saiba que minha família vai te matar. Eles vão te matar pra
caralho e eu estarei lá para te cumprimentar no inferno.”
Meu coração batia forte enquanto esperava o estrondo e
tudo escurecer, o mundo finalmente me dar um pouco de paz.
Não pense nele. Não deixe que ele a tire de você.
Eu me concentrei muito, trazendo-a para o primeiro plano
da minha mente e encontrando paz dentro do caos.
“Tem certeza de que é profundo o suficiente?” Rogue
perguntou, de pé ao meu lado na grade do outro lado do Sinners’
Playground.
“Eu juro,” prometi, oferecendo a ela minha mão e ela
enrolou seus dedos entre os meus, fazendo meu coração bater
forte. Ela estava sorrindo largamente e havia uma selvageria em
seus olhos que me cativou. A queda não me assustava, mas ela
sim. Ela fazia meu coração bater forte e se encher de medo
absoluto de que um dia eu iria perdê-la. Segurei sua mão com
mais força, desejando que eu pudesse engarrafar este momento
e mantê-lo para sempre, então quando chegasse o dia em que
ela não estivesse lá, eu ainda poderia encontrá-la.
“Pronta, pequenina?” Perguntei e ela acenou com a cabeça
intensamente.
Saltamos para frente ao mesmo tempo, lançando-nos pelo
ar antes de colidir com a água e afundar profundamente no azul.
Todo o barulho do mundo foi roubado e éramos apenas eu e
Rogue sob as ondas, flutuando no mar sem fim.
“Shawn?” Um homem ligou de algum lugar lá em cima.
“As prostitutas estão aqui.”
“Ooh prostitutas.” A arma se afastou do meu rosto e abri
meu único olho que funcionava e encontrei Shawn de pé com
um sorriso infantil no rosto. “Você pode ter algum tempo para
desfrutar dessa perna quebrada, olhos bonitos. Vou te matar
na próxima vez que estiver aqui.” Ele fez questão de chutar
minha perna machucada antes de caminhar até a porta e
mordi um grito de dor enquanto quase desmaiava de agonia.
Ele subiu as escadas e eu tinha quase certeza de que
desmaiei porque a próxima coisa que percebi foi que mãos
suaves estavam empurrando alguns fios de cabelo da minha
testa e encontrei Mabel lá.
Olhei para ela com surpresa quando ela pegou minha
mão, sem saber por que ela não parecia pensar pior de mim
mesmo depois que eu disse a ela o que tinha feito com Rogue
e meus amigos.
“Vamos encontrar uma maneira de sair disso, Chase,” ela
disse com firmeza, mas quando ela olhou para minha perna
fodida, sua testa franziu com um olhar que me disse
exatamente o quão condenado eu estava. Eu sabia. Ela sabia.
O fodido Shawn sabia. E logo chegaria a hora de enfrentar a
música.
Percebi que deixá-la aqui era uma das piores coisas sobre
Shawn vir me matar na próxima vez que ele estivesse aqui. Ela
não merecia isso. Ela tinha um bom coração e havia perdido
os últimos anos de sua vida nesta prisão.
“Sinto muito, não posso tirar você daqui,” sussurrei para
ela e ela apertou meus dedos.
“Oh doce menino,” ela suspirou. “A vida é muito curta
para lamentar coisas que não são sua culpa.”
Fiquei na frente do espelho no meu quarto na Casa
Harlequin, mexendo nos cachos que eu tinha penteado do meu
cabelo arco-íris enquanto me preparava para a noite com
Tatum.
Hoje era um dia melhor.
Eu estava usando um macacão jeans claro, as cordas da
parte do short caindo pelas minhas coxas e fazendo cócegas
nas minhas tatuagens. Optei por usar sem sutiã, apesar da
maneira como meu cérebro continuava se enchendo de
pensamentos sobre o que o fodido Shawn diria para o seio
lateral que eu estava piscando no momento.
Eu odiava que ele ainda vivesse na minha cabeça assim
às vezes. Não conseguia nem descobrir se estava mostrando
mais pele para provar a mim mesma um ponto sobre não ter
que me curvar mais às suas besteiras, ou se estava apenas
escolhendo algo que queria vestir para mim.
Mutt choramingou de sua posição na cama enquanto eu
caía na armadilha do meu reflexo, e engoli em seco antes de
pegar a faca que Fox tinha me dado e colocá-la no bolso.
Tatum ia passar e me pegar em meia hora em seu caminho
para o local de luta da jaula subterrânea e eu estava presa
entre a excitação de ir e a necessidade paralisante de rastejar
de volta para debaixo das cobertas e chorar um pouco mais.
Mas eu tinha feito o suficiente na noite passada. Caí na
escuridão dentro de mim e me permiti sentir todo aquele vazio.
Me afoguei em minha dor por Chase, e desmoronei até que
tivesse certeza de que nunca seria capaz de me recompor
novamente. Mas então eu tive que fazer. De alguma forma,
juntei minhas peças quebradas quando o sol nasceu e me
forcei a funcionar mais uma vez.
Eu tinha ido à praia para surfar com Di, Lyla e Bella e
embora elas tenham notado o quão quieta eu estava, não me
empurraram nisso. E o mar tinha sido o bálsamo de que minha
alma precisava para se manter no lugar, apesar do minipelotão
de Harlequins que havia sido enviado comigo para ficar de olho
em Shawn da praia.
Corri meus dedos sobre a chave da cripta de Rosewood
que ainda estava pendurada em meu pescoço, minha mente
indo para as de Chase e Rick, que eu tinha escondido debaixo
de uma tábua do chão no canto da sala. Eu precisava falar com
Fox sobre elas. Esse peso que pendia do meu pescoço nunca
iria embora enquanto nossos segredos permanecessem
enterrados naquela cripta e eu tinha certeza de que era hora
de nos limparmos deles de uma vez por todas.
Já fazia muito tempo que enterramos aquelas memórias
lá e juramos nunca mais falar sobre elas, mas agora aquele
lugar era um fardo. Precisávamos exorcizar nossos demônios e
destruir as coisas que havíamos escondido lá para que não
houvesse chance de verem a luz do dia novamente.
Quando tínhamos quinze anos, isso parecia impossível,
mas agora eu sabia que seríamos capazes. E uma vez que esses
segredos fossem embora, talvez houvesse alguma esperança de
encontrarmos a paz novamente.
Soltei um suspiro, pintando um pouco de batom de
algodão doce em meus lábios, em seguida, me virei e me dirigi
para a porta.
Fox e JJ estavam conversando na beira da piscina e meu
coração deu um tombo quando hesitei ao pé da escada.
Não tinha visto Johnny James desde que paguei minha
dívida com ele e também não tinha vontade de vê-lo agora. Mas
isso não iria acontecer. Ele morava aqui e eu também, pelo
menos meio período. E Fox não poderia saber sobre nós dois,
então eu não seria capaz de simplesmente congelá-lo. Não tão
completamente quanto gostaria, de qualquer maneira.
Mutt lambeu a parte de trás dos meus tornozelos quando
passou por mim e correu para a piscina, olhando para trás
como se dissesse 'vamos lá, vadia, você não pode deixar aquele
idiota vencer'. E ele estava certo.
Tirei meu telefone do bolso enquanto ia, batendo nos alto-
falantes da piscina e ligando o Montero de Lil Nas X, deixando
a música penetrar na minha pele até que meu sorriso
engessado parecesse um pouco mais real.
Fox e JJ olharam em volta de suas espreguiçadeiras
enquanto eu saía com uma espécie de balanço extra em meus
quadris, porque, foda-se deixar Johnny James me ver
machucada por ele. Na verdade, planejava ignorá-lo o máximo
possível a partir de agora. Eu não tinha que ser boa o suficiente
para ele, apenas tinha que ser boa o suficiente para mim
mesma e por acaso eu achava que era incrível na maior parte
do tempo. Pelo menos do lado de fora. A bagunça quebrada de
garota que eu mantive trancada em uma caixa por dentro não
contava. Aparências eram tudo e eu estava feliz em fingir até
torná-la real. Ou real o suficiente, de qualquer maneira.
“Ei, beija-flor,” disse Fox gentilmente, empurrando-se
para se sentar quando me aproximei.
Ele estava olhando para mim como se eu pudesse quebrar
a qualquer momento e me amaldiçoei por não ter voltado
apenas para a porra do trailer na noite passada. Tentei
esconder dele tanto quanto possível do meu colapso, mas
estava disposta a apostar que até mesmo os sons dos meus
soluços abafados no meu travesseiro tinham viajado.
“Ei, Texugo,” falei alegremente, dando a ele um largo
sorriso que só o fez franzir a testa ainda mais.
“Olha, sei que vocês estão todos animados de novo agora,”
Fox começou lentamente, olhando para JJ, que eu segui
automaticamente.
No momento em que meu olhar encontrou os olhos
castanhos de mel de JJ, meu coração implodiu como se eu
tivesse acabado de bater em uma parede em alta velocidade,
então peguei a cerveja de Fox e rapidamente bebi a metade que
ele tinha deixado na garrafa.
“Mas acho que todos deveríamos conversar sobre a noite
passada,” Fox continuou, me olhando com preocupação.
“Eu vou sair hoje à noite,” falei, ignorando-o e inclinando
minha cabeça para trás quando comecei a dançar com a
música.
“Nós ouvimos você chorar. Sentamos do lado de fora do
seu quarto para que você não ficasse sozinha,” Fox tentou
continuar, sua mão agarrando minha coxa e seus dedos se
enrolando firmemente na parte de trás dela enquanto tentava
me forçar a encará-lo.
“Bem, eu avisei,” respondi um pouco duramente. “Eu
disse que estava fodida por dentro, mas você não queria ouvir.
Então agora você sabe. Viu por si mesmo. E agora eu quero
sair. Então, o que vai ser, Texugo? Você vai vir assistir uma
briga de gaiola comigo e me ajudar a drenar minha dor ou vai
continuar com essa merda e me fazer correr de novo?”
“Rogue,” JJ rosnou atrás de mim e eu me virei para ele.
“O quê?” Rebati quando me virei para olhar para ele. “O
que você quer adicionar a esta conversa tão desesperadamente,
Johnny James? Há algo que você gostaria de dizer sobre mim
também? Você vai me transmitir um grande conhecimento
sobre meu estado mental e me dar alguns conselhos sobre
como eu poderia sê melhor?”
“Pare com isso,” JJ rosnou, levantando-se cambaleando e
olhando para mim.
A tensão estalou entre nós, meu coração torceu e doeu
enquanto o espaço que nos dividia parecia um abismo sem fim
de dor esperando para me engolir inteira, então eu apenas ri.
Inclinei minha cabeça para trás e ri, espalhando meus braços
e desejando uma chuva que não viria.
JJ tentou pegar meu pulso com a mão, mas empurrei meu
braço para longe, virando-me e caminhando para a cozinha
novamente quando Mutt disparou para interceptá-lo,
rosnando e mostrando os dentes quando tentou segui-lo.
“O que há com vocês dois?” Fox perguntou, levantando-se
também.
“Quebrei sua caneca de Pikachu e ele está completamente
magoado,” falei por cima do ombro.
“O quê?” JJ perguntou confuso, mas eu tinha chegado à
cozinha, então apenas peguei a caneca em questão, dei um
pedido de desculpas silencioso e joguei no chão. “Rogue!” JJ
chamou quando ela quebrou, mas o ignorei, pegando uma
garrafa de rum e desatarraxando a tampa. Ignorei o olhar triste
de cachorrinho chutado que ele estava ostentando sobre sua
caneca e virei minha cabeça bruscamente.
“Alguém me diga do que se trata,” Fox exigiu, mas eu
deixei aquela merda mental para JJ enquanto tomava um
longo gole da minha bebida.
“Ela só está chateada porque eu não queria sair com ela
no clube ontem. Agora ela está sendo uma pirralha,” JJ disse
friamente, mas havia algo em seus olhos que dizia que ele
estava sofrendo tanto quanto eu. Mas era culpa dele, não
minha. Não fui eu quem decidiu que ele não valia mais o
esforço.
“Rogue, precisamos conversar sobre a noite passada,”
disse Fox com firmeza, entrando na cozinha e parecendo um
grande chefe malvado. Ele parecia muito quente quando fazia
isso, mas também não iria voar comigo hoje.
“Você disse que não iria bancar o príncipe Harlequin
quando estivéssemos nesta casa,” falei a ele antes que ele
pudesse continuar com aquela linha de pensamento. “Então
aqui está minha contraoferta. Sou uma garota crescida. Estive
sozinha e lidando com minhas merdas por um longo tempo.
Desmoronei noite passada e gritei em uma banheira cheia de
água por horas antes de chorar a noite toda? Muito tempo?
Quem pode dizer com certeza? Estou de pé aqui agora, dizendo
que o que eu preciso é sair e me divertir um pouco se eu quiser
alguma esperança de não cair naquela escuridão de novo esta
noite? Sim, eu preciso sair. Então você pode vir e atuar comigo
ou pode continuar me empurrando sobre isso e irei encontrar
alguém que esteja disposto a me dar o que eu quero.”
Era um golpe baixo. Eu era uma idiota de grau A e sabia
disso. Mas eu não poderia fazer isso com ele agora. Eu não
poderia nem mesmo enfrentar toda a dor em mim sem trazer
JJ no momento e definitivamente não poderia fazer isso. Eu
podia odiar o idiota agora, mas eu não iria jogá-lo debaixo do
ônibus. Eu tinha visto o que Fox fez com seus irmãos quando
pensou que eles o traíram e por mais zangada que eu pudesse
estar com Johnny James, me recusei a machucá-lo assim.
Fox hesitou e eu pude ver a angustia enquanto ele lutava
contra o desejo de forçar o que queria de meus lábios, mas
pude ver que sua decisão estava rachando e ele olhou para JJ
antes de passar a mão pelo rosto.
Fiquei onde estava quando Fox se aproximou de mim,
suas mãos pousando na superfície de cada lado meu enquanto
me inclinei contra ele, sua testa pressionando a minha
enquanto ele exalava lentamente.
“Sim, vou atuar com você, beija-flor,” ele murmurou. “Te
prometi que sempre iria.”
Engoli quando o peso de sua presença se estabeleceu em
torno de mim e meu coração acelerado desacelerou um pouco.
Ele tinha visto. Eu sabia. Deu uma boa olhada por trás da
minha besteira e viu o buraco dentro de mim, mas ainda estava
aqui.
Meus dedos tremiam onde eu segurava a garrafa de rum
e ele a tirou da minha mão antes de colocá-la ao nosso lado.
“Estou aqui, baby,” ele prometeu em um sussurro baixo
apenas para mim. “Não vou a lugar nenhum e serei o que você
precisa que eu seja. Você quer sair e atuar? Estou dentro. Mas
se quiser gritar e chorar e se enfurecer com o mundo, então
estou aqui para isso também. Você não tem que esconder nada
de mim. Eu juro. Estou aqui. Não importa o que aconteça.”
Assenti lentamente, tentando aceitar isso quando meus
dedos pousaram em seu antebraço e os escovei sobre a
tatuagem de um beija-flor que ele tinha feito ali.
“Eu preciso fingir, Fox,” murmurei. “Preciso rir e sorrir e
dançar e apenas continuar fingindo até que comece a parecer
real novamente.”
“Então vamos sair,” ele concordou pesadamente,
levantando a cabeça e beijando o topo do meu cabelo. “Dê-me
cinco minutos para me trocar e eu a levo aonde você quiser.”
Assenti silenciosamente, esperando que ele fosse embora,
mas ele passou os braços em volta de mim e me puxou para
perto, me apertando contra seu peito e me mostrando o quão
forte ele poderia ser por nós dois se eu apenas o deixasse. E eu
queria. Queria tanto. Apenas desmoronar em seus braços e
deixá-lo encontrar uma maneira de me recompor novamente.
Só não conseguia. Porque por mais que eu quisesse, ainda
não conseguia confiar meu coração a esses meninos. E não
podia aceitar o dele também porque ele estava me pedindo para
escolhê-lo sozinho. Mesmo com a escolha que JJ fez, eu não
poderia dar isso a ele. Meu coração sempre pertenceu a todos
eles, e eu precisava de Maverick e Johnny James tanto quanto
precisava dele.
Fox me soltou quando consegui parar de tremer e ele
subiu as escadas para pegar uma muda de roupa, me deixando
sozinha. Ou pelo menos, pensei que estava sozinha até JJ falar
do lado da sala, me fazendo perceber que ele não tinha
realmente saído.
“Viu, menina bonita? Você sempre acabaria nos braços
dele.”
Suas palavras me atingiram com a amargura e rejeição e
toda a dor que ele estava sentindo, mas eu não tinha mais nada
em mim para ser capaz de suportar. O vazio dentro do meu
peito estava se abrindo e ameaçando me engolir novamente e
eu simplesmente me senti entorpecida. Entorpecida por ele,
por suas palavras e pela dor em seus olhos. Entorpecida pelas
memórias que me assombravam e pelos danos que me
marcavam. Eu era dele e ele não me queria. História da minha
vida.
Apenas o encarei impassível, deixando aquele
entorpecimento viajar por todo o meu corpo até que não me
importei mais, então abaixei seu olhar, tirei meu telefone do
bolso do macacão e enviei uma mensagem de texto para Tatum
dizendo a ela que eu não precisava da carona e que eu a
encontraria lá.
JJ se afastou enquanto eu ainda estava digitando e cada
um de seus passos ecoou em meu cérebro como passos de
mortos, mas ainda não olhei para cima.
Era exatamente o que acontecia comigo. Eu era um lixo
com brilho. Algo sobre mim atraía as pessoas, mas no final,
elas percebiam que eu não valia nada e me jogaram de lado
novamente.
Quando Fox reapareceu, pintei um novo sorriso para ele e
ele hesitou por um momento ao se aproximar. Ele estava
vestindo uma calça de moletom preta e uma camisa cinza com
buracos para os braços longos que mostravam o suficiente de
seu abdômen cortado e tórax para distrair.
“Você não tem que fazer isso,” ele disse para mim
enquanto se movia para pegar minha mão.
“Fazer o quê?”
“Sorrisos falsos para mim.”
“Como você pode saber que é falso?” Perguntei
brilhantemente, aceitando sua mão e enrolando meus dedos
entre os dele enquanto comecei a recuar em direção à porta da
garagem.
“Não posso. Esse é o problema. Se eu não soubesse como
você estava ontem à noite, não teria a menor ideia de que havia
algo errado.”
“Bom,” respondi, puxando-o atrás de mim. “Passei dez
anos aperfeiçoando esta máscara, Texugo. Eu ficaria chateada
se houvesse rachaduras nela.”
Algo se estilhaçou no olhar de Fox com as minhas
palavras, então dei uma pancada no nariz dele, me virei e corri
para a porta. Peguei a chave de sua caminhonete do gancho e
corri até ela sem me preocupar em acender as luzes, me
abaixando ao lado de seu veículo e esperando que ele
aparecesse.
Fox acendeu as luzes enquanto me seguia, seus passos se
aproximando através do concreto e rastejei ao redor da
caminhonete enquanto ele contornava o capô, ficando fora de
vista.
“Venha, Rogue,” ele chamou e sorri para mim mesma
enquanto continuava, mantendo-me abaixada enquanto
circulava sua caminhonete.
Ele começou a se dirigir para a parte de trás dela no
momento em que dei a volta no capô novamente e pulei nele
com uma risada, caindo de costas e prendendo a mão em sua
garganta.
“Oh merda,” engasguei. “Acabei de surpreender o grande
Fox Harlequin?”
Ele soltou uma risada quando agarrou minha coxa, me
arrastando ao redor de seu corpo e me empurrando contra a
porta de sua caminhonete no momento em que ficamos cara a
cara.
“Você sempre foi meu ponto fraco,” admitiu ele, estudando
meu rosto por um longo momento. “Apenas me diga que seus
sorrisos nem sempre são falsos.”
Minha diversão vacilou por um momento antes de afastar
a sensação de que o estava decepcionando. Depois de todo esse
tempo procurando por mim, ele acabou de perceber que eu não
era mais quem ele estava procurando.
“Nem todos eles,” concordei suavemente e ele acenou com
a cabeça antes de me colocar de pé e abrir a porta para eu
entrar.
Fiz o que ele queria e ele subiu atrás de mim, pegando a
chave da minha mão antes de me puxar para perto de modo
que minha coxa ficasse pressionada contra a dele quando ele
ligou o motor.
“Bem, acho que vou ter que continuar trabalhando nisso
até que você não tenha mais que fingi-los,” disse ele.
Eu não disse nada sobre, mas coloquei minha cabeça em
seu ombro enquanto ele se afastava, apreciando a sensação de
sua pele contra a minha e roubando um pouco de sua força
enquanto ele não estava prestando atenção.
Dirigimos até o coração da Cove. Não o lado chamativo e
puritano da cidade onde idiotas ricos gostavam de andar de
cisne em seus carros luxuosos com seus dentes branqueados
e ainda mais idiotas branqueados agindo como se cagassem
em notas de cem dólares para se divertir o tempo todo. Não,
nos dirigimos para o verdadeiro coração da cidade. Onde as
ruas eram pintadas com todas as cores de graffiti que você
pudesse imaginar, os becos serviam de lar para gente que
estava sem sorte e você podia comprar quase todo tipo de
pecado, se ao menos descobrisse onde encontrar o dinheiro.
Fox parecia saber exatamente para onde estava indo,
embora eu não pudesse dizer que pessoalmente já estive neste
clube. Na verdade, eu tinha quase certeza de que esse lugar
não existia aqui da última vez que estive na cidade.
Paramos em uma rua lateral, a caminhonete reluzente de
Fox parecendo um pouco deslocada entre os montes de merda
meio enferrujados que nos cercavam, mas notei alguns outros
carros com um pouco mais de valor estacionados aqui e ali.
Saímos e Fox colocou um braço em volta dos meus ombros
enquanto começávamos a caminhar em direção do som que
sacudia as janelas do clube à frente.
Não havia muito para se ver de fora. Apenas uma porta
preta solitária com uma fila de pessoas conduzindo até ela
enquanto esperavam para entrar.
“Chase foi quem armou este lugar,” disse Fox, a tristeza
tocando suas palavras por um momento enquanto ele me
guiava passando pela fila de pessoas.
O segurança baixou a cabeça em respeito quando nos viu,
dando um passo para o lado para nos deixar passar.
“Claro que este é o bebê de Chase,” murmurei enquanto
uma garota em um top de biquíni e bermuda olhou para cima
de trás de uma mesa com um largo sorriso, segurando um
carimbo de borracha e um bloco de tinta enquanto apontava o
queixo em direção a uma placa afirmando custava vinte dólares
para entrar.
“Oh, desculpe, Sr. Harlequin,” ela murmurou, dando um
passo para trás novamente quando percebeu quem tinha
acabado de entrar. “Não o reconheci por um segundo. Você
pode simplesmente entrar.”
“Eu quero o carimbo,” falei, estendendo minha mão e
cavando meus calcanhares um pouco enquanto Fox fazia um
movimento para me puxar.
Ele me agradou enquanto a garota rapidamente obedecia,
colocando a palavra Slammers na minha mão com um sorriso
nervoso.
Sorri para o nome do clube, me perguntando por que eu
não tinha percebido imediatamente que este era o lugar de Ace
no segundo que Tatum me disse o nome.
Peguei a mão de Fox na minha, pressionando rapidamente
as costas da minha mão contra a dele para que a tinta fosse
transferida para ele também, como fazíamos todos os anos,
quando chegava o carnaval. Você não poderia ir em nenhuma
das atrações sem um carimbo para provar que pagou a taxa de
entrada, então costumávamos juntar nosso dinheiro para um
ticket e, em seguida, pressionar rapidamente a tinta em cada
uma de nossas mãos antes que secasse. Fox e Rick poderiam
simplesmente ter comprado o seu, é claro, mas eles sempre
ficavam conosco quando estávamos puxando um golpe, não
importava o quão mesquinho fosse.
Fox suspirou, levantando minha mão e colocando um
beijo em meus dedos antes de me conduzir por um corredor
mal iluminado até o coração do clube.
O volume da música aumentou para um rugido no
momento em que estávamos dentro e meus olhos se
arregalaram enquanto eu bebia o espaço escuro com meu
coração batendo forte de excitação.
Havia uma única área bem iluminada em toda a sala, a
grande jaula de luta no centro do espaço dominando a atenção
de todos enquanto um cara loiro com uma tatuagem de um
tigre rugindo em seu peito nu derrotou seu oponente contra o
fio.
A multidão estava gritando e torcendo por ele e a vibração
do clube fez minhas veias zumbirem de excitação, fazendo meu
sorriso se alargar ainda mais.
O clube tinha quase todo espaço para ficar em pé, então
tive que ficar na ponta dos pés para tentar ver ao redor de um
filho da puta alto quando ele se moveu para o espaço à minha
frente.
Fox percebeu e me puxou em sua direção, segurando
minha cintura e virando minhas costas para seu peito antes de
se abaixar e me encorajar a subir em seus ombros.
Ri quando ele me levantou, seus dedos enrolando em
torno das minhas coxas enquanto ele me segurava no lugar e
eu fui presenteada com o melhor assento da casa enquanto o
cara loiro socava seu oponente com tanta força que ele caiu no
chão da jaula e não se levantou.
A multidão explodiu em aplausos quando um quadro
apareceu, nomeando o vencedor como Simone Dipsicle e
assisti enquanto as pessoas que haviam apostado nele
comemoravam enquanto aqueles que haviam apostado contra
amaldiçoavam e rasgavam seus recibos de apostas.
Meu olhar pegou um flash de cabelo loiro e vi Tatum do
outro lado da jaula, pulando para cima e para baixo e batendo
o punho em comemoração quando o vencedor da partida foi
liberado da jaula. Ela correu para frente e saltou sobre ele,
beijando-o apaixonadamente, apesar do sangue salpicar sua
pele.
“Avante cavalinho,” gritei para Fox, apontando para a
minha amiga através da multidão e chutando minhas pernas
como se ele fosse meu corcel fiel. “Yah!”
Fox fez algum comentário sobre estar feliz por eu montá-
lo se isso fosse o que eu queria e gentilmente começou a andar
no meio da multidão enquanto eu ficava bem acima dos corpos
suados em seus ombros.
Continuei dirigindo-o até que chegamos a minha amiga e
Tatum gritou uma saudação para mim por cima da música
enquanto Fox me descia.
“Você conseguiu!” Ela chamou com entusiasmo, jogando
os braços em volta de mim e me puxando para um abraço.
Fox fez alguns acenos de cabeça super legais de homem
sério, reconhecendo os três caras que estavam com ela
enquanto todos eles claramente se avaliavam. Tatum trouxe
mais dois namorados dela, além do que tinha acabado de
ganhar na gaiola e eu sorri para Tats quando ele me deu um
sorriso indulgente.
“Ei, encrenqueira,” ele me disse. “Espero que você não
esteja aqui para tentar corromper minha garota novamente.”
“Corromper? Eu? Nunca,” assegurei-lhe.
“Você está escalado para hoje à noite?” Fox perguntou a
ele, seu braço indo em volta dos meus ombros novamente
enquanto me puxava para perto de seu lado, toda aquela veia
possessiva de idiota saindo para brincar.
“Sou a atração principal, querido,” Tats provocou. “Eles
gostam de guardar o melhor para o fim.”
Tatum zombou. “Sem chance disso porque estou indo
antes de você. Você é mais como o enchimento para o final da
noite.”
“De jeito nenhum,” engasguei de excitação, olhando para
ela com os olhos arregalados. “Você vai chutar um traseiro lá
naquela jaula de verdade?”
“Claro que vou,” ela concordou.
“Contra quem você está lutando?” Fox perguntou a Tats,
e eu juro por Deus que os dois estavam se medindo.
“Alguém que se autodenomina Pyro,” zombou Tats.
“Você quer um oponente de verdade em vez disso?” Fox
ofereceu e eu congelei. Não, jogue fora, eu derreti. Porque a
ideia de Fox subir naquele ringue e ficar todo cachorro
selvagem sem camisa e corpo brilhando de suor era todo tipo
de intrigante.
“Então os rumores são verdadeiros? O príncipe Harlequin
gosta de molhar os punhos?” Tats perguntou, um sorriso nos
lábios enquanto avaliava meu homem, parecendo animado
com a perspectiva dessa luta.
“Jesus, estou prestes a engasgar com toda a testosterona
que está inundando este lugar,” murmurei, fingindo desmaiar
contra o peito de Fox e ele me pegou com uma gargalhada.
“Você não quer que eu lute?” Ele perguntou, parecendo
desapontado.
“Err, de onde você tirou essa ideia?” Perguntei a ele. “Você
realmente acha que eu teria qualquer objeção em vê-lo aí sem
camisa e suado, lutando como um filho da puta com seu corpo
todo oleoso enquanto você rola por aí com outro cara que...”
“Não há lubrificação,” disse Fox, revirando os olhos para
mim e eu bufei.
“Que jeito de arruinar minha fantasia, Texugo. Talvez você
possa perguntar por aí e ver se há um pouco de óleo sobrando,
de qualquer maneira?”
“Oooh, então podemos filmar e fazer um vídeo viral,”
Tatum sugeriu com uma risadinha.
“Sim! Como vocês se sentem em fazer isso nus?”
Fox me empurrou de brincadeira enquanto eu ria com
Tatum, mas tinha quase certeza de que ele estava quase
convencido, então não desisti.
Todos nos afastamos da gaiola quando outra briga
começou, encontrando um lugar ao lado da sala onde
podíamos nos ouvir um pouco mais facilmente enquanto as
bebidas começaram a fluir. Quer dizer, a maioria deles fluía em
minha direção porque os outros estavam mantendo a cabeça
limpa para suas brigas, mas fiz um trabalho muito bom em
beber suas partes ao lado dos outros namorados de Tatum.
Quando chegou a hora da luta de Tatum, eu estava
oficialmente meio bêbada, mas a bebida que eu tinha era da
melhor variedade e eu estava na frente e no centro para
observá-la enquanto ela subia na gaiola em um sutiã esportivo
e shorts combinando que meio que me fez ter uma queda por
ela. Droga, ela tinha pernas longas e lindas. Eu não podia
esperar para vê-la atacar uma cadela com essas coisas.
A luta foi brutal e Tatum lutou como uma filha da puta
durona, jogando sua oponente ao redor do ringue e levando
seus próprios golpes como uma profissional.
Eu estava gritando o nome dela o tempo todo e quando ela
deu um chute na cadela que estava lutando para o chão, juro
que rasguei minha própria garganta com meus gritos
triunfantes em seu nome.
Tatum se dirigiu para a porta da gaiola quando ela estava
destrancada, limpando o sangue de seu rosto enquanto seus
rapazes se apressavam para parabenizá-la, mas antes que eu
pudesse segui-la, Fox agarrou minha cintura e me girou para
encará-lo.
“Deseje-me sorte,” disse ele em voz baixa, fazendo meus
olhos pularem por cima do ombro para o quadro de neon que
estava anunciando a próxima luta. Grande e Malvado Texugo
contra Lord Squiddington.
Sorri para o nome que ele escolheu com a minha sugestão
e Fox segurou meu queixo enquanto me empurrava de volta
contra o arame da gaiola.
Ele se inclinou e meus lábios se separaram
automaticamente com a promessa de seu beijo. “Quando eu
ganhar, quero um prêmio desta boca,” ele rosnou, sua voz de
alguma forma me alcançando acima do rugido da música.
“Você vai dar para mim, baby?”
Lambi meus lábios lentamente enquanto segurava seus
olhos verdes, minha pele formigando com o contato com os dele
e um aceno de cabeça fazendo minha cabeça balançar para
cima e para baixo sem minha permissão. Eu tinha certeza de
que ele estava pedindo um beijo, mas não pude deixar de
imaginar o que mais eu poderia fazer com minha boca por ele.
E eu tinha que dizer, não era muito contra as ideias que
estavam se formando em minha mente.
Fox sorriu como um idiota arrogante antes de me liberar,
me deixando dolorida por ele quando um gemido escapou de
mim. Por que esses meninos continuam fazendo essa merda
comigo? Eu estava viciada neles e começando a achar que a
única resposta para aquele problema estava em cima deles. Ou
sentada neles. Ou presa contra algo por eles. Ou na frente
deles. Atrás deles. De joelhos por...
“Eddie e Tom vão ficar com você enquanto eu estou
lutando. Prometa que não vai escapar deles,” disse Fox, me
fazendo piscar para afastar as fantasias da minha boca em
volta de seu pau e um leve rubor revestiu minhas bochechas.
“Não se preocupe, Texugo. Eu não vou a lugar nenhum.
Serei a única ofegante sobre você contra o arame enquanto
você fica totalmente selvagem naquela jaula.”
Suas pupilas escureceram com a minha piada e eu estava
meio certa de que não era nem uma piada.
Fox se afastou de mim, apontando com o queixo para os
dois fantoches que apareceram para espreitar sobre mim e
suspirei quando fui imediatamente flanqueada.
Tatum pegou meu olhar do outro lado da gaiola,
apontando para seu nariz sangrando e erguendo um dedo para
me dizer que ela voltaria assim que resolvesse essa merda.
Levantei minha garrafa de cerveja para ela em uma saudação
enquanto ela se afastava com seus rapazes para se limpar, mas
eu ficaria parada para assistir a cada momento dessa luta.
Tats pulou para dentro da gaiola com Fox um momento
depois e sorri para o meu homem enquanto ele estava lá em
nada além de um par de shorts que claramente pegou
emprestado, segurando seus braços enquanto a multidão rugia
ao ver o príncipe Harlequin tomando o centro do palco.
Mas uma olhada em Tats me disse que definitivamente
não seria uma luta facilmente vencida e meu coração batia
forte quando o locutor começou a convocar uma contagem
regressiva para a luta pelo microfone.
Fox e Tats começaram a circular um ao outro, sorrisos
sombrios em seus rostos como se estivessem ansiosos pela dor
e violência da luta que se aproximava e meu coração acelerou
enquanto meus dentes afundavam no meu lábio inferior.
A campainha soou para começar a luta e em vez de se
contorcerem, Fox e Tats mergulharam um no outro com uma
selvageria que fez meus olhos se arregalarem e a adrenalina
subir.
Eles trocaram golpes, cada um bloqueando e golpeando
com a mesma frequência que o outro antes de Fox ser
repentinamente arrancado por uma varredura de perna que
parecia vir do nada. Tats mergulhou em cima dele enquanto
ele ainda estava caído, enviando golpes brutais em seu rosto e
peito e um grito escapou dos meus lábios. Não de medo como
uma vadia burra, mas um rugido de encorajamento enquanto
eu exigia que Fox espancasse esse idiota e mostrasse a ele do
que as pessoas que cresceram nessas ruas eram capazes.
Eu não tinha certeza se ele me ouviu ou se foi apenas um
momento perfeito, mas Fox encontrou sua abertura e ergueu a
testa para colidir com o nariz de seu oponente. Tats recuou
alguns centímetros e Fox aproveitou a vantagem, dando um
forte soco direto em sua garganta e nocauteando-o para que
pudesse ficar de pé.
A luta só se intensificou a partir daí e pulei para cima e
para baixo, gritando meu encorajamento enquanto seus golpes
aumentavam o ritmo.
Um movimento ao meu lado desviou minha atenção da
luta por um instante, quando Tom repentinamente caiu no
chão ao meu lado.
Engasguei quando olhei para ele, girando para olhar para
Eddie do meu outro lado em busca de ajuda e encontrando-o
olhando para mim com olhos arregalados em pânico e uma
faca saindo de seu pescoço.
“Ei, docinho,” Shawn ronronou em meu ouvido, fazendo
meu sangue gelar quando sua mão deslizou em volta da minha
garganta e ele me puxou de volta contra seu peito. “É hora de
você voltar para casa como uma boa menina.”
Meus lábios se separaram em um grito que foi engolido
pelo rugido da multidão quando Fox e Tats começaram a bater
forte um no outro contra o arame da gaiola bem na minha
frente. Eles estavam tão perto, mas ainda longe o suficiente
para me ouvir sobre o barulho da música e as pessoas
assistindo sua briga.
Lágrimas picaram em meus olhos quando Eddie caiu de
joelhos, segurando a faca que ainda estava presa em seu
pescoço enquanto o sangue escorria pelo peito da ferida e a dor
guerreou por mim.
Meus pés lutaram contra o chão duro quando Shawn
começou a me arrastar para trás no meio da multidão e
rapidamente perdi de vista Fox lutando no ringue enquanto as
pessoas avançavam para assistir. Nenhum deles nos deu uma
olhada, todos fascinados com o show sem ninguém parecendo
notar o que estava acontecendo aqui.
Comecei a lutar quando o choque passou e Shawn rosnou
uma maldição antes de pressionar a ponta de outra lâmina em
meu estômago.
“Não me teste, querida,” alertou. “Tive um dia infernal e
não tenho tempo para nenhuma das suas merdas.”
A luta caiu dos meus membros e ele riu no meu ouvido,
inclinando-se para dar um beijo áspero no lado do meu
pescoço, o que fez minha pele arrepiar com as memórias que
eu gostaria de poder lavar.
“Essa é uma boa putinha. Agora vamos indo. Temos que
fazer algumas pazes.”
Shawn me empurrou por uma porta contra uma parede
lateral e meu olhar encontrou o de um dos seguranças que
estava na porta quando cheguei aqui com Fox.
“Você está morto, porra,” rosnei para o idiota sem nome.
“Os Harlequins vão arrancar a pele de seus ossos por traí-los.”
O segurança não disse nada, apenas batendo a porta entre
nós e ele enquanto Shawn me arrastava para a noite.
“Todo mundo tem um preço, Rogue,” Shawn murmurou
no meu ouvido enquanto me empurrava em direção a uma
grande caminhonete cinza que estava estacionada nas
sombras em um beco lateral. “Uma boa prostituta como você
deve saber disso muito bem.”
“Vá se foder,” assobiei. “Nunca estive à venda um dia na
minha vida.”
“Não? Então você não abriu as pernas para foder no
clubinho Harlequin? Diga-me, qual deles fode melhor, Fox ou
o pai?”
Ele fez uma pausa, puxando a faca de mim enquanto
tirava a chave do bolso e dei minha chance à liberdade,
batendo com o cotovelo em seu estômago e tentando me soltar
dele. Mas suas unhas cravaram na minha garganta enquanto
ele lutava para manter seu domínio sobre mim e fui virada
antes de ser jogada para trás contra a caminhonete com tanta
força que a parte de trás da minha cabeça zumbiu com o
impacto.
Gritei por socorro, chutando e rosnando enquanto me
jogava em direção a ele, nem mesmo me importando com a faca
que ele segurava e apenas precisando me afastar.
Shawn me empurrou de volta contra a caminhonete antes
de me dar um tapa com tanta força que minha cabeça girou
para o lado e a parte interna da minha bochecha foi cortada
pelos meus próprios dentes.
Ele riu animadamente, seus olhos brilhando enquanto ele
me olhava de cima a baixo, bebendo a visão de mim trazida à
sua misericórdia enquanto meu peito arfava e minha mente
girava com pensamentos de como diabos eu iria escapar dele.
Porque eu não voltaria para ele. Não podia. Se eu me tornasse
aquela garota novamente, mesmo por um breve momento, eu
sabia que destruiria o pouco que restava de mim.
“Você pode ser um brinquedo quebrado, docinho, mas
ainda é meu brinquedo. E vou te ter de joelhos implorando por
meu perdão antes que você perceba.”
“Eu preferiria engasgar com meu próprio vômito do que
deixar você se aproximar do meu corpo de novo,” rosnei para
ele. “Por que diabos você ainda me quer de qualquer maneira?
Você tentou me matar. Me jogou fora.”
“Aww merda, docinho, magoei seus sentimentos? Você
quer que eu compre algumas flores bonitas antes de eu
recuperar esse seu corpo rígido ou algo assim? Eu ter
derramado o sangue daqueles homens não foi suficiente para
mostrar a você meu compromisso?” Shawn perguntou,
olhando para mim como se estivéssemos brigando por nada.
A faca em meu bolso estava ronronando meu nome com
promessas da liberdade que eu precisava desesperadamente,
mas quando meu olhar caiu sobre a lâmina em sua mão, sabia
que tinha que esperar. Eu precisava que ele se distraísse por
um momento antes de ser capaz de fazer meu movimento.
Meu olhar disparou de volta na direção do clube e Shawn
riu. “Esperando pela cavalaria? Porque eles não estão vindo. E
mesmo se alguém aparecesse aqui para tentar salvar sua
bunda, eu simplesmente mataria eles também. Porque esta é
uma guerra, raio de sol.”
“Você disse que se eu fosse com você, você pararia,” eu o
lembrei.
“Isso exigia sua cooperação voluntária, não eu tendo que
te sequestrar. Agora coloque sua doce bunda na caminhonete
e pare de ganhar tempo.” Shawn apertou o botão da chave e a
caminhonete destrancou com um flash de luzes e um baque
surdo.
Ele sacudiu o queixo em um comando claro, mas eu
permaneci enraizada no local.
“Vai ser pior para você se continuar lutando comigo,” ele
avisou em um rosnado baixo, mas apenas fiquei onde estava.
De jeito nenhum eu entraria lá de boa vontade. “Você está
esperando que eu a machuque de novo, gatinha brava? Porque
posso ser mais duro com você desta vez se é disso que você
precisa.”
“Foda-se.”
“Tenho certeza de que você está ansiosa por isso,” ele
zombou. “Olhe para você toda arrumada para mim. Não sei se
devo ficar chateado por você mostrar tanta carne ou satisfeito
em dar uma olhada nesses seus peitos empinados de novo.”
Shawn moveu sua lâmina, arrastando a ponta da faca para
baixo do lado aberto do meu macacão e sorrindo
maliciosamente enquanto acariciava o lado do meu seio. “Você
está tão molhada para mim como sempre, docinho? Está
doendo por mim tanto quanto eu estou doendo por você?”
Cuspi em seus pés e ele se lançou sobre mim, agarrando
meu cabelo em seu punho enquanto me empurrava para a
parte de trás da caminhonete. Mas quando ele me girou, peguei
a faca do bolso e o golpeei com um grito furioso.
Shawn cambaleou para trás quando a lâmina atingiu sua
bochecha e um derrame quente de seu sangue respingou em
meu rosto. Mas eu não era uma vadia burra, e sabia que não
seria o suficiente para salvar minha bunda, então canalizei as
vibrações duronas do Power Ranger Verde e me lancei contra
ele novamente, afundando a pequena lâmina mortal em seu
lado e torcendo-a bruscamente antes de puxá-la para fora
novamente.
Shawn grunhiu de dor quando deu um soco em mim com
sua própria faca e gritei quando me afastei, sentindo uma
pontada aguda de dor em meu braço direito porque não
consegui evitar totalmente o golpe.
Mas quando ele se lançou em minha direção novamente,
ele tropeçou, sua mão livre indo para a ferida em seu lado
enquanto seu sangue escorria para o asfalto e uma maldição
escapou dele. Bati em algo importante ali e por um breve
momento, a mesa se inverteu entre nós quando ele se viu
caindo de joelhos abaixo de mim.
Uma porta se abriu em algum lugar e as pessoas
começaram a gritar meu nome assim que Shawn pegou a arma
que enfiara na parte de trás das calças.
Meu coração despencou na minha bunda e pulei para
longe quando ele o ergueu em minha direção.
Um tiro soou enquanto eu disparava pelo beco e o grito de
raiva de Shawn me perseguiu enquanto eu corria o mais longe
que podia dele.
“Você vai voltar, putinha! Vou apenas continuar matando
todas as pessoas ao seu redor até então! E quando você estiver
cansada de ver pessoas morrerem por mim, você pode voltar e
ficar de joelhos para me fazer parar.”
Outro tiro foi disparado e gritei de medo antes de me
lançar em uma esquina e bater direto em um corpo rígido.
“Rogue,” Fox engasgou, me arrastando contra ele e me
apertando em seu abraço.
“Foi Shawn,” ofeguei, apontando para trás por cima do
meu ombro com a minha faca sangrenta ainda em minhas
mãos. “Ele matou Tom e Eddie e tentou me jogar em uma porra
de caminhonete. Eu o esfaqueei, mas ele tinha uma arma,
então eu apenas corri...”
Fox rosnou como uma besta, me empurrando para Tatum
e seus namorados e avisando-os para me protegerem com suas
vidas antes de sair correndo pelo beco de onde acabei de
aparecer. Ele ainda estava vestindo apenas o short da luta na
gaiola e sua carne estava manchada com mais do que um
pouco de sangue, mas ele segurava uma arma e parecia pronto
para encerrar a luta agora, se pudesse.
Tentei persegui-lo, mas Tats agarrou meu pulso e segurou
firme. “Não é seguro, unicórnio,” ele me avisou.
Tatum rasgou uma tira de tecido da camisa de um dos
outros namorados e rapidamente amarrou em volta do meu
braço sangrando. Mas eu não conseguia nem sentir a picada
do corte enquanto meu corpo inteiro ficava tenso de medo por
Fox.
Mas antes que eu pudesse surtar e começar a tentar lutar
para sair de lá para ir atrás do meu homem, ele reapareceu.
“Havia uma grande poça de sangue, mas sem
caminhonete e sem o fodido Shawn,” Fox rosnou, empurrando-
se entre os outros e segurando meu rosto entre as mãos
enquanto olhava para mim. “Eu teria despedaçado o mundo
para ter você de volta,” ele jurou para mim enquanto eu era
feita refém pelo desespero e medo em seus olhos verdes. Mas
havia fúria lá também, uma raiva que não tinha saída agora
que Shawn havia corrido de volta para sua toca como um rato
em uma tempestade e eu sabia que ele precisava desabafar um
pouco da violência queimando seu corpo.
“Ele teve ajuda,” murmurei, sinceramente esperando que
Shawn estivesse sangrando em uma vala em algum lugar,
embora eu duvidasse que o destino fosse tão bom para mim.
“Um dos seguranças do clube me entregou. Ele deve ter
deixado Shawn entrar por uma porta lateral e também nos
deixou sair. Foi um dos caras que estava na porta quando
entramos.”
O inferno rugindo nos olhos de Fox se transformou em um
poço fervente de fúria e ele me beijou com força, sua boca
machucando e castigando contra a minha enquanto suas mãos
agarraram meu rosto com firmeza o suficiente para doer.
Ele se separou de mim tão de repente que fiquei
cambaleando, meus lábios queimando com o calor de seu beijo
quando ele pegou minha mão e me levou de volta para o clube.
Ele fez uma ligação enquanto caminhávamos, dizendo à
pessoa do outro lado da linha que eles deveriam prender os
dois porteiros imediatamente ou enfrentar a ira dos
Harlequins.
Tatum e seus homens seguiram atrás de nós, mas quando
alcançamos a entrada do clube onde as pessoas estavam
saindo pela porta em um maremoto, Fox se virou para olhar
para eles.
“Esta é a parte em que vocês saem para não testemunhar
mais nada,” disse ele com firmeza.
“Você tem certeza de que tem controle sobre isso a partir
daqui?” Tats perguntou, seus olhos inchando com a luta,
embora não houvesse animosidade pairando entre os dois.
“Sim. Teremos que terminar essa luta outra hora. Eu
estava gostando de bater na sua bunda,” Fox disse a ele e Tats
riu alto.
“Em seus sonhos, garotão.”
Tatum me deu um abraço rápido, me fazendo prometer
que meu braço seria examinado por alguém com credenciais
médicas e prometi a ela que faria antes que os quatro se
virassem e nos deixassem sozinhos.
O clube estava acabando de esvaziar e Fox pegou minha
mão enquanto me levava para dentro.
Caminhamos direto para a enorme sala onde as lutas
haviam ocorrido, as luzes agora brilhantes e o espaço
parecendo decididamente menos fresco com garrafas de
cerveja e copos vazios espalhados pelo local.
Dois homens estavam ajoelhados no chão pegajoso ao lado
do ringue, uma dúzia de Harlequins em pé ao redor deles
ameaçadoramente.
Fox olhou para mim em uma pergunta e não hesitei por
um segundo antes de apontar para o filho da puta que tinha
me vendido para Shawn.
O cara choramingou e começou a implorar, dando
desculpas e agindo como um completo maricas.
Fox estalou os dedos e um dos Harlequins deu um
empurrão no outro segurança para fazê-lo se mexer e mandá-
lo embora dali.
“Amarre-o,” Fox comandou em voz baixa e os apelos do
cara se transformaram em gritos e súplicas enquanto a Crew
rapidamente o despia até ficar de cueca e amarrava suas mãos
a uma corda, uma delas pendurada em uma das vigas do
telhado.
Eles o puxaram até que ele estava pendurado pelos pulsos
com os pés apenas tocando o chão e Fox gentilmente pegou
meu queixo em suas mãos, desviando meu olhar do show até
que encontrei seus olhos.
“Vou te fazer sofrer por colocar minha garota em risco
desse jeito,” Fox disse ao cara enquanto ele continuava a
implorar e soluçar. “Vou te fazer sangrar e quebrar e implorar
pela morte. Mas não há razão para você implorar por isso de
mim. Ela será aquela que decidirá quando for o suficiente.” Ele
empurrou a pistola que estava segurando em minhas mãos, o
verde em seus olhos parecendo brilhar quando aceitei sem
hesitação.
“Você quer que eu seja a única a acabar com ele?”
Perguntei em confirmação, pesando a arma em minha mão e
me perguntando se eu era realmente capaz disso. Eu tinha feito
antes. Matei Axel, mas foi diferente, ele estava me
machucando, tentando me agredir e eu estava lutando pela
minha vida no momento. Isso seria a sangue frio. E por mais
que eu tivesse certeza de que queria que Shawn morresse por
minhas mãos por tudo que ele fez comigo, não era a mesma
coisa.
“Faça você mesmo ou me devolva quando quiser que eu
pare,” Fox respondeu, seus dedos empurrando em meu cabelo.
“De qualquer maneira, ele está morto. Ninguém se safa
machucando você, beija-flor.”
“Ela é apenas um pedaço de bunda,” o segurança
choramingou. “Apenas uma prostituta que ele queria de volta.
Ele me pagou dez mil por ela. Como eu poderia saber que você
se importaria com isso? Existem mil mais como ela. Eu não
sabia que ela importava. Eu não sabia.”
Meu aperto na arma aumentou e um distanciamento frio
me encheu quando aceitei. Até então, eu me permitia pensar
que esse idiota poderia não ser um saco de merda total.
Felizmente para mim, ele apenas provou que eu estava errada.
Fox me lançou um olhar sombrio que realmente não
deveria ter me excitado, mas tive que admitir, aquela pequena
pagã fodida em mim não se importou nem um pouco quando
ele disse a seus homens para irem esperar lá fora e voltou sua
atenção para o trabalho em mãos.
Assisti enquanto ele socava, chutava e batia no filho da
puta por muito mais tempo do que eu precisava deixar
continuar. O tempo passava e meu sangue bombeava com uma
espécie de fome sombria enquanto eu observava Fox
impiedosamente dar uma surra nele.
Esta era a besta que estava espreitando sob sua pele. A
parte de si mesmo da qual ele estava tentando me proteger.
Mas enquanto eu o observava soltar seu monstro e
quebrar o homem que me colocou em perigo, não havia um
único pedaço de mim que pensasse menos dele por isso. Na
verdade, meu coração estava disparado enquanto eu o
observava. A maneira como seus músculos se contraíram e
flexionaram e o suor brilhou em sua pele nua com o esforço fez
minha própria carne formigar com uma dor que eu tinha
lutado desde o primeiro momento em que coloquei os olhos
nele novamente.
Fox Harlequin era brutal, selvagem e totalmente
inebriante. E quanto mais ele fazia meu inimigo gritar por ele,
mais forte eu caía no escuro com ele. Porque era aqui que eu
pertencia. Aqui embaixo na cova com os monstros. Bem no
fundo deste caos. A Harlequin Crew foi meu pior pesadelo por
tanto tempo que levei muito para perceber, eles claramente
foram meu destino o tempo todo também.
E quando finalmente tive o suficiente de ouvir o homem
gritar e chorar enquanto seus ossos rachavam e seu corpo se
partia, levantei a pistola com a mão firme, olhei para Fox e
puxei o gatilho sem hesitar.
“Está assistindo, baby?” Mia chamou de sua cama
enquanto rolava nos lençóis com uma garota nua.
Eu estava no meu telefone, pesquisando ‘pessoas podem
morrer de tédio?’
A resposta não foi nem mesmo um sonoro não.
Aparentemente, tédio de longo prazo aumentava suas chances
de morte prematura, mas isso não era bom o suficiente. Eu
precisava do tédio para fazer meu cérebro disparar pelas
minhas orelhas neste segundo porque concordei em assistir
Mia foder uma garota depois que ela estava me implorando por
uma semana. Eu estava oficialmente encerrado com esse
relacionamento, especialmente quando Mia acenou com sua
bunda nua na minha direção e tocou a senhorita Que-Eu-Não-
Conhecia-O-Nome com tanta força que eu tinha certeza de que
ela não estava gostando.
“Olha, baby!” Mia gritou, fazendo uma espécie de
sacudidela de bunda antes de cair na garota que estava miando
como uma gata no cio.
“Uhuh,” resmunguei, abrindo minha antiga conta do
Facebook e percorrendo as fotos da minha juventude.
Fiz uma pausa em uma de mim e Fox com Rogue em
nossos ombros na praia. Suas mãos estavam levantadas no ar
como uma líder de torcida enquanto cada uma de nós segurava
um de seus tornozelos e meus lábios tremiam com a memória.
Ela assistiu Bring It On e ficou tão convencida de que poderia
fazer um dos movimentos que trabalhamos o dia todo em
Sunset Beach para aperfeiçoá-lo. Ela tinha um grande sorriso
no rosto, olhos cheios de orgulho por ter conseguido e eu passei
para o vídeo ao lado dele.
“Vá em frente, Rogue!” JJ ligou a câmera e Chase assobiou
seu encorajamento, o som tão alto que me deu um aperto.
Rogue correu pela praia em minha direção e de Fox, deu uma
pirueta e nós a pegamos quando ela capotou, jogando-a para o
ar e apoiando suas pernas quando ela pousou em nossos
ombros e gritou. Repassei o vídeo algumas vezes, tentando me
afogar naquela memória, mas Mia continuava gemendo tão alto
que estava me puxando para fora.
“Você nem está assistindo!” Ela gritou e olhei para cima.
Ela estava com a bunda no rosto da garota enquanto se
agachava sobre ela como a porra do Gollum4, apalpando seus
próprios seios. Eu podia ver o título pornô agora: Gollum tem
seu único anel destruído por Orc peituda.

4 Do filme Senhor dos Anéis


Verifiquei a hora no meu telefone, descobrindo que
tínhamos apenas dez minutos antes de precisarmos sair.
Kaiser nos convidou para jantar e eu estava pronto para
terminar com Mia e toda a maldita família dela, finalmente.
Hoje à noite, eu entraria naquela casa com uma granada
escondida no bolso e iria explodir meu caminho para a cripta
de Rosewood, colocar o estoque dentro e dar o fora de lá. Eu
fecharia minha ilha com tanta força que Kaiser teria que
declarar guerra aos Damned Men se quisesse acabar comigo e,
francamente, não me importava muito com o que acontecia
depois disso.
“Ela está fazendo um trabalho de merda. Vou comer sua
bunda bem esta noite quando chegarmos em casa,” falei
enquanto empurrava para fora da minha cadeira e os olhos de
Mia se iluminaram como uma árvore de Natal.
“Você vai?” Ela engasgou, perdendo o equilíbrio e
plantando o traseiro na garota para que ela ficasse enterrada
entre suas bochechas e começasse a gritar, o som abafado pela
quantidade de bunda em que ela estava perdida.
“Sim.” Não.
Saí da sala, pegando minha jaqueta de couro no caminho.
“Estamos saindo em dez minutos,” lati e Mia gritou de
empolgação.
Não demorou muito para que estivéssemos indo para o
continente e eu saísse do barco com Mia na parte de trás da
minha motocicleta. Dirigi pelo meu lado da cidade e dei a volta
em Mansão Rosewood enquanto Mia gritava como uma
colegial. Eu tinha certeza que ela estava tomando algo esta
noite, ela gostava de tomar pílulas de vez em quando e isso a
deixava pegajosa pra caralho. A garota que ela trouxe para a
cama provavelmente estava drogada também, então talvez ela
não se lembrasse da merda que ela viveu esta noite. Meio
engraçado pra caralho se ela se lembrasse, no entanto.
Chegamos aos portões e levantei meu visor para que o
guarda pudesse me ver e ele acenou com a cabeça, deixando-
nos passar para a propriedade. Acelerei a estrada com o rugido
do motor, estacionando do lado de fora e esperando Mia descer
da moto antes de mim. Deixamos nossos capacetes na moto e
passei meu braço em volta da cintura dela, mantendo-a perto
enquanto caminhávamos até a porta.
Meu coração lutou com entusiasmo quando passamos por
outro conjunto de guardas e senti que o tempo estava
passando para quando eu estaria finalmente livre dessa farsa.
Sem mais Mia na minha cama, sem mais sorrisos falsos ou
polidez falsa com seu pai. Sem mais fingir que dava a mínima
para eles ou sua maldita lealdade. Eu estava fazendo deles um
inimigo esta noite e estava ansioso para a reação.
Fomos levados para a sala de jantar e nos sentamos em
frente a Kaiser e sua esposa enquanto falavam sobre dinheiro
e mais reformas no terreno e no solar. Eles me contaram sobre
a construção de um tabuleiro de xadrez gigante no jardim que
quase me fez vomitar de como a ideia era cafona, e depois
disseram que planejavam demolir a casa de veraneio, o que me
deixou doente por um motivo totalmente diferente.
Mil memórias da minha infância viveram naquela casa de
veraneio. Era um lugar que eu só sabia que coisas boas
aconteciam, onde bebíamos limonada fresca feita para nós pela
Srta. Mabel e passávamos horas relaxando jogando cartas ou
apenas falando merda. Foi onde eu vi os seios de Rogue pela
primeira vez também.
Quando terminei oficialmente com suas besteiras, pedi
licença e fui ao banheiro e a adrenalina correu pelo meu
sangue.
E então a diversão começa...
Tentei sair pela porta lateral que passei com Rogue da
última vez que estive aqui, mas encontrei meu caminho
bloqueado por algum idiota da segurança, então voltei antes
que ele me visse e escorreguei por outro corredor.
Esta casa era estupidamente grande e eu definitivamente
já estava ultrapassando os limites da minha folga no banheiro.
Ou eles pensaram que eu estava fazendo a maior merda
conhecida pelo homem ou iam começar a suspeitar. Então eu
precisava me apressar.
“Onde é a porra da saída?” Rosnei de frustração enquanto
caminhava por outro corredor.
“Olá?” Uma distante voz masculina chamou e olhei para
uma porta à minha frente, que estava trancada com vários
ferrolhos e cadeados.
Achei que não era da minha conta e estava em um limite
de tempo, então comecei a andar novamente, mas a voz gritou
mais uma vez e meu sangue congelou em minhas veias.
“Tem alguém aí?” Ele gritou e meu cérebro estremeceu.
Apenas fiquei lá como se minhas pernas tivessem se
transformado em pedra, olhando para trás para a porta
enquanto uma carranca puxava minha testa.
Não é possível. Estou ouvindo coisas.
Mas me encontrei voltando para aquela porta com meu
pulso martelando em meus ouvidos e a esperança abrindo um
buraco em meu peito.
“Olá?” Eu disse de volta.
“Maverick?!” A voz de Chase veio, soando desesperada e
duvidosa ao mesmo tempo.
Não é possível.
Fiquei ali por dois segundos intermináveis, em seguida,
agarrei um dos cadeados da porta, o metal frio beijando minha
pele.
“Rick é você?!” Ele chamou, dor em seu tom e eu sabia que
era ele. Não sabia como, mas era. Ele estava lá. Ou o fodido
Chase Cohen tinha ressuscitado dos malditos mortos, seu
fantasma preso no porão desta casa, ou ele estava vivo, porra.
“Você ainda está aí!?” Ele chamou, pânico em seu tom
como se realmente acreditasse que eu o tinha deixado. “É o
Chase!”
Tentei alguns dos ferrolhos da porta antes de puxar o
grande cadeado, mas a porta estava trancada como se um ogro
vivesse lá. Minha mente repassou tudo o que estava
acontecendo e cheguei a uma conclusão aterrorizante de que
era a única que fazia sentido. Chase estava aqui. Vivo. E um
prisioneiro de Kaiser Rosewood. Eu não tinha a porra da ideia
de como esses fatos se tornaram verdade, mas eles tinham.
Puta merda. Ele está vivo.
Descansei minha testa na porta, xingando baixinho
enquanto a emoção rasgava meu ser e balancei minha cabeça
enquanto tomava a decisão mais estúpida da minha vida. Tirei
a granada do bolso, prendi-a sob a maçaneta, puxei o pino e
fugi.
O estrondo que soou pela casa foi seguido pelo alarme de
incêndio disparando e água caindo na minha cabeça. O caos
desceu em segundos, e agora eu estava totalmente investido
nessa escolha.
Corri pelo buraco enorme feito nos restos da porta e na
parede ao redor, sabendo que tinha tão pouco tempo para agir
que provavelmente já era um homem morto.
Cheguei ao fim da escada de pedra, encontrando uma
velha sentada em uma cadeira de balanço de madeira,
profundamente adormecida e derrapando até parar quando
minhas sobrancelhas se ergueram em reconhecimento.
“Senhorita Mabel?” Murmurei em choque, minha cabeça
girando, mas então o bater de punhos em uma porta de aço à
minha esquerda me trouxe de volta aos meus sentidos. Todo
mundo do meu passado está ressuscitando dos mortos esta
noite??
Havia uma fechadura deste lado e eu a destranquei,
abrindo-o com força e Chase caiu através dele aos meus pés.
O mapa com tinta de Sunset Cove em suas costas estava
cortado por ferimentos antigos e recentes, a tatuagem do
Harlequin em seu ombro havia sido queimada e uma miríade
de cortes e hematomas cobriam o resto de seus braços. Meu
intestino apertou quando peguei tudo isso em um único
segundo torturante.
Caí de joelhos, puxando-o para cima quando o medo me
abriu e ele olhou para mim através de seus longos cabelos,
parecendo pálido pra caralho. Meu olhar pousou em seu olho
direito mutilado, um X horrível esculpido através dele, então
agora estava selado por um corte selvagem que atravessou sua
pálpebra. Meu peito apertou e achei difícil respirar, mas
quando o fiz, falei seu nome.
“Chase?” Engasguei, sem saber se eu poderia acreditar
que era ele. Não que eu me importasse, mas foda-se, sim.
“Não me deixe aqui,” ele disse em uma voz firme como se
ele pensasse que eu realmente estava prestes a virar o rabo e
correr. Mas eu não tinha arriscado tudo apenas para
abandoná-lo, então o coloquei de pé.
Ele gemeu de agonia, incapaz de colocar o peso em sua
perna esquerda e eu poderia dizer que ela estava quebrada.
Porra. Porra. Foda-se.
Coloquei seu braço em volta dos meus ombros, apoiando-
o enquanto me movia. Nós estávamos mortos. Absolutamente
mortos, porra. Mas eu estava pronto para o passeio agora,
então podemos muito bem dar uma corrida e ver o quão longe
nós chegamos.
“Maverick,” a senhorita Mabel resmungou, acordando
enquanto piscava grogue e me movi em direção a ela, sem saber
como iria carregar os dois, apenas certo de que tinha que fazer
isso. “Não.” Ela ergueu a mão para me impedir de tentar ajudá-
la. “Você tem que correr. Não posso ir com você,” ela disse com
firmeza.
Eu não sabia como diabos ela estava viva, mas eu
precisava colocá-la de pé.
“Vamos lá, não seja teimosa.” Estendi a mão para ela, mas
ela bateu na minha mão fracamente.
“Não. Vocês precisam ir agora. Não dá tempo e Kaiser me
deu um maldito sedativo. Se puder entrar no terreno, vá para
a fonte no jardim murado,” ela disse, seus olhos tremulando
fechados por um momento antes de reabrir. “Há um túnel
embaixo dele. Está lá desde os dias da proibição. Pressione a
pedra com o brasão de Rosewood para abri-la e ela o levará
para a floresta além do terreno. Agora vá.” Ela apontou e eu
rosnei baixinho, vendo que ela era uma causa perdida e
jurando que a tiraria daqui de alguma forma, mas eu não podia
perder mais tempo e ela claramente não viria.
“Eu estarei de volta por você,” jurei enquanto ela parecia
adormecer novamente, as drogas que ela estava tomando o
controle de seu corpo e eu me virei, praticamente carregando
Chase escada acima.
Sua cabeça pendeu e eu tinha certeza que ele desmaiou
em algum momento. Ele era um filho da puta pesado, mas eu
me tornei o homem mais forte da sala há muito tempo e não o
deixaria cair em nada.
Cheguei ao topo da escada e por algum milagre não havia
ninguém lá ainda. Então virei à esquerda no corredor e arrastei
Chase enquanto ele murmurava algo incoerente e meio que me
ajudou por um momento antes de cair contra mim mais uma
vez.
Cheguei em uma janela e forcei a abri-la, colocando minha
cabeça para fora e encontrando grama abaixo dela. Empurrei
Chase e ele bateu no chão com um gemido de dor que foi
abafado quando seu rosto plantou a terra.
“Idiota,” ele grunhiu.
“Estou salvando sua bunda, mas não disse que seria
gentil com isso, Ace,” murmurei enquanto subia atrás dele,
fechando a janela e o colocando de pé.
Seus dedos se cravaram no meu ombro enquanto ele
segurava e conseguimos nos mover a uma velocidade razoável
enquanto nos dirigíamos para um grupo de árvores a algumas
centenas de metros de distância. Gritos começaram a subir
antes de chegarmos lá e xinguei, movendo-me mais rápido e
fazendo Chase silvar de dor.
“Pare!” Algum idiota gritou, mas foda-se se eu ia ouvir.
Chase caiu contra mim mais uma vez, quase me levando
para o chão, mas consegui nos segurar de pé, prendendo-o
firmemente ao meu lado e me movendo o mais rápido que pude
enquanto entrávamos nas árvores.
Lanternas balançaram em nossa direção, mas de alguma
forma nenhuma pousou em nós enquanto eu me movia, meus
músculos se contraindo e flexionando e o suor escorrendo pelo
meu pescoço enquanto eu trabalhava incansavelmente para
continuar.
Chegamos ao jardim murado e mais gritos surgiram
enquanto eu conduzia Chase em direção a uma arcada. Um
estrondo soou quando uma arma disparou e um pedaço foi
atirado para fora da parede de pedra enquanto passávamos,
tornando meu coração uma britadeira.
“Foda-se por estar vivo,” assobiei para Chase.
Eu não precisava tirá-lo de lá, não precisava perder minha
única chance de abrir a cripta. Mas aqui estava aparentemente
louco o suficiente para levar um tiro por esse idiota.
“Desculpe pelo transtorno,” ele respondeu, mas a força
estava falhando em sua voz novamente e tentei ignorar o puxão
em meu estômago por isso.
Chegamos à fonte e o som de passos batendo fez minha
adrenalina aumentar enquanto eu meio que considerava sacar
minha arma e ver quantos eu poderia tirar do caminho. Mas
essa opção acabava em nossas mortes com certeza. Então
agora eu estava seguindo a palavra de uma mulher idosa que
aparentemente fazia parte do Clube Não Realmente Mortos que
ela formou com Chase e comecei a procurar pela fonte.
Cambaleamos por outra arcada e tiros chocalharam na
minha cabeça, de alguma forma desafiando todas as leis do
universo e errando em nós por milímetros.
Cerrei meus dentes quando avistei a fonte de pedra
redonda à nossa frente, precisando entrar no túnel secreto
antes que um único idiota nos visse fazer isso.
Contornei a fonte, caçando sua borda em desespero e,
quando avistei a crista em um tijolo perto dos meus pés, chutei
com força. A laje à minha direita baixou no chão, revelando
uma escada escondida e empurrei Chase para baixo enquanto
o barulho de botas corria para cá. Ele não fez nenhum som
quando caiu no escuro, então eu tinha certeza que ele
desmaiou novamente quando mergulhei atrás dele, descendo
alguns degraus antes de colocar a laje de volta no lugar acima
de mim. Esperei na escuridão absoluta, ouvindo os homens em
algum lugar acima de nós enquanto meu pulso batia contra
meus tímpanos.
“Para onde eles foram?” Um cara latiu.
“Separem-se!” Outro gritou. “Eles não podem estar longe.”
Não respirei até que o som de seus movimentos foi embora
e eu esfreguei a mão no rosto enquanto aceitava o que tinha
acabado de fazer. O que arrisquei. O que perdi. Pelo fodido
Chase.
Puxei meu telefone do bolso, ligando a lanterna e
encontrando Chase deitado na escada inconsciente. Algum
pedaço de mim se quebrou ao vê-lo assim e caí ao lado dele,
querendo odiá-lo, mas encontrando algo muito mais perigoso
do que isso me fazendo sangrar. Eu sabia, em alguma parte,
que era o responsável por isso. Eu coloquei em movimento o
caminho que o trouxe até aqui. Eu queria que ele fosse punido
pelo que ele fez com Rogue, mas não isso. Nunca fodidamente
isso.
Eu não podia examinar nenhum desses sentimentos
indesejados muito de perto quando o levantei para ficar de pé
e ele conseguiu acordar o suficiente para se apoiar em mim.
“Rick,” ele murmurou. “Diga a eles que sinto muito.”
“Você mesmo vai dizer a eles,” rosnei, carregando-o pelo
túnel úmido que parecia não ter fim.
Finalmente chegamos a uma escotilha que nos levou para
a floresta além de Mansão Rosewood e, quando saímos, Chase
estava inconsciente novamente. Ofeguei ao ficar de pé sobre
ele, apoiando as mãos nos joelhos enquanto fechava a
escotilha, em seguida, agarrei uma grande pedra que tinha a
forma vagamente de uma estrela e coloquei em cima dela.
Então me inclinei, levantei meu ex-amigo e o joguei por cima
do ombro, travando meu braço em torno de suas coxas.
“Venha então, idiota,” cerrei, começando a andar. Havia
apenas um lugar onde eu poderia ir e chegar lá sem levar um
tiro seria um desafio absoluto, mas sempre tive sucesso em ser
levado ao meu limite.
Passou-se quase meia hora antes de eu sair da floresta e
começar a tomar o antigo caminho que eu e os outros fazíamos
para chegar aqui quando éramos crianças. As ruelas estavam
quase todas silenciosas e só passei por alguns bêbados que
não pareciam lúcidos o suficiente para me reconhecer, um
deles até fazendo piadas sobre eu levar meu namorado para
casa para uma surra.
Eu estava logo profundamente no território dos
Harlequins, e provavelmente era o mais fodido que já estive na
minha vida enquanto cuidadosamente escolhia meu caminho
pelas ruas, esperando que as pessoas saíssem antes de descer
correndo por elas e abraçar as sombras.
Eu estava sem fôlego, com falta de água e meu ombro
estava prestes a cair no momento em que eu estava a uma rua
de distância da Casa Harlequin. Deitei Chase na porta de
alguém enquanto me sentei ao lado dele e mantive minha
cabeça baixa enquanto fazia uma pausa. Nós provavelmente
parecíamos dois vagabundos à primeira vista, mas qualquer
um que olhasse mais de perto provavelmente atiraria primeiro
e faria perguntas depois. Então, como eu deveria levá-lo até a
porta da frente dos Harlequins?
Esperei por uma oportunidade de me apresentar e ela veio
na forma de um entregador de pizza em uma motocicleta. Ele
parou na rua, pulando e batendo na porta de um prédio de
apartamentos. Peguei Chase com um grunhido de esforço,
correndo pela estrada e arrebatando o capacete no guidão,
assim que a porta se abriu para o cara e alguém saiu para
pegar a comida dele. Empurrei Chase na parte de trás da moto,
batendo nele para acordá-lo antes de forçar o capacete em sua
cabeça e sentar na frente dele. Ele cedeu contra mim e eu
envolvi um de seus braços em volta da minha cintura antes de
chutar o suporte e girar a chave para ligar a moto.
“Ei!” O motorista gritou em pânico quando me viu e virei
a motocicleta rapidamente, correndo pela rua e agarrando-me
ao braço de Chase quando ele começou a tombar violentamente
para a direita.
“Espere aí, seu filho da puta,” exigi, meu estômago
apertando quando virei na rua em direção a Casa Harlequin e
soltei o acelerador, indo tão rápido quanto esse pedaço de
merda podia ir. Que era cerca de trinta milhas por hora. Porra.
Aproximei-me dos portões Harlequin e olhei para os
guardas armados na frente deles. Um deles me olhou nos olhos
e eu xinguei, sabendo que deveria ter levado o maldito
capacete, mas era isso ou arriscaria a cabeça de Chase se
quebrando na calçada quando eu o deixasse cair. E visto que
eu tinha acabado de arrastar sua bunda por quilômetros pela
cidade com um bando de atiradores nos caçando, imaginei que
matá-lo agora seria meio inútil.
Eu o empurrei para fora da moto e ele caiu na estrada na
frente dos bandidos Harlequin com um grito de dor. Uma arma
foi disparada e abaixei minha cabeça, virando na próxima rua
e xingando Chase enquanto eu fazia minha fuga em uma
maldita motocicleta através do território Harlequin.
De nada, idiota.
Tiros disparados e gritos rasgaram o ar lá fora e pulei da
minha cama quando Mutt latiu em alarme. Eu estava apenas
cochilando com sonhos de meninos pecadores e más ações
enchendo minha mente e o zumbido repentino de uma briga
estourando fez meu pulso disparar.
Eu me arrastei para a minha mesa de cabeceira na regata
cinza que roubei do antigo quarto de Chase, pegando a arma
que Fox tinha me dado e puxando a trava de segurança antes
de chutar meus tênis enquanto corria para a porta.
Ele se abriu antes que eu pudesse chegar lá, os olhos de
Fox selvagens por um momento antes de pousarem em mim.
Ele estava vestindo apenas um short e segurava uma pistola
na mão. JJ estava bem atrás dele, seu olhar encontrando o
meu por um momento antes dele olhar para o corredor.
“O que está acontecendo?” Exigi.
“Algo está acontecendo no portão principal,” Fox rosnou.
“Eu quero que você se tranque no...”
“Porra, não,” respondi, checando-o com o ombro enquanto
fazia isso até a porta e abri caminho para o corredor entre ele
e JJ. “Não estou me escondendo como uma vadiazinha. Além
disso, o lugar mais seguro que posso estar é com vocês idiotas.”
Nenhum deles parecia ter um argumento para isso rápido
o suficiente para me dissuadir da minha decisão, então saí pelo
corredor, forçando-os a seguir.
Mutt apontou quando Fox segurou meu ombro e me
empurrou para trás.
“Fique perto,” ele ordenou.
“Sim, senhor,” retruquei e JJ praguejou.
Corremos escada abaixo, onde o som de tiros havia
cessado e alguém começou a bater freneticamente na porta
antes que pudéssemos alcançá-la.
“Patrão!” Um dos Harlequins gritou do lado de fora.
“Chefe, você precisa vir ver isso!”
Fox se moveu para o lado da porta, checando pelo olho
mágico para ter certeza de que não era algum truque antes de
abrir a porta e olhar para o homem que estava lá.
“O que é?” Ele latiu.
“Maverick Stone simplesmente o jogou da parte de trás de
uma motocicleta do lado de fora dos portões,” o cara ofegou e
olhei ao redor de Fox para dar uma olhada do lado de fora.
Meu coração batia forte quando avistei o grupo de
Harlequins que estavam todos agachados em torno de algo na
estrada do lado de fora do portão, uma sensação inata de
necessidade me impulsionando para mais perto dele.
“Do que diabos você está falando?” Fox exigiu, mas eu o
empurrei de lado, a arma caindo frouxa em minha mão quando
avistei um corpo entre a multidão de Harlequins, uma
confusão de cachos escuros cobrindo sua cabeça.
Um grito estrangulado escapou de mim enquanto eu
empurrava meu caminho para fora, meu coração se
esquecendo de bater quando comecei a correr com Mutt ao
meu lado.
“Ele está vivo,” alguém engasgou enquanto eu corria em
direção à figura deitada no chão. “Puta merda, chame uma
ambulância.”
Derrapei até parar quando passei pelos portões, a arma
caindo da minha mão enquanto caia de joelhos com um soluço
escapando dos meus lábios. Não podia ser real. Como podia ser
real? E ainda assim eu estava olhando diretamente para ele e
aquele pedaço quebrado e perdido do meu coração parecia ter
ganhado vida dentro de mim mais uma vez.
“Chase?” Murmurei, agarrando sua mão na minha e
apertando com tanta força que deve ter doído. Mas não pude
evitar. Eu precisava ter certeza de que ele era real. Que isso
não era uma torção cruel da minha imaginação e que o garoto
que possuía um pedaço da minha alma realmente estava bem
aqui antes de mim.
Mutt começou a latir para ele, cutucando seu rosto com o
nariz molhado e lambendo sua bochecha como se estivesse
tentando fazê-lo acordar também.
Um gemido passou pelos lábios de Chase quando ele rolou
sua cabeça em minha direção e um grito de tristeza escapou
de mim quando avistei seu rosto. Ele estava machucado e
espancado, uma barba desalinhada cobrindo sua mandíbula e
cabelos grudados em sua pele suada. Mas a destruição
mutilada de seu olho direito fez todo o meu corpo congelar de
horror.
“Puta merda,” JJ engasgou quando caiu ao meu lado e
Chase gemeu novamente quando foi meio levantado do chão e
para os braços de JJ, forçando Mutt a fugir para o lado.
Fox jogou seus braços ao redor deles também, um ruído
pesaroso escapando de sua garganta enquanto eu apenas
segurei a mão de Chase e a dele me agarrou como um torno.
“Como isso é possível?” Fox respirou fundo.
Chase fez um som de dor e Fox e JJ o soltaram com
desculpas, os dois falando a mil por hora enquanto faziam
pergunta após pergunta. Mas eu não conseguia ouvir nada e
Chase também não parecia ser capaz de dar a eles as respostas
de que precisavam. Ele apenas encontrou meu olhar com seu
único olho azul, nós dois olhando um para o outro enquanto
tanta dor e perda e dor e amor passavam entre nós que nem
precisava de palavras.
“Devíamos reunir a Crew e ir direto para a Dead Man’s
Island e matar aquele filho da puta Maverick por isso,” rosnou
um dos Harlequins.
“Não,” Chase grunhiu, a primeira palavra que ele
conseguiu dizer. “Rick me salvou. Isso foi tudo Shawn.”
Um soluço ficou preso na minha garganta porque
deveríamos saber. Devíamos tê-lo caçado todo esse tempo, em
vez de lamentar por uma morte que nunca havia ocorrido. Eu
tinha estado no fundo da Dollhouse com ele e Shawn antes
dela desabar. Nós sabíamos que Shawn tinha escapado, então
por que diabos nunca consideramos isso?
“Eu sinto muito,” sussurrei enquanto um turbilhão de
movimento acontecia ao meu redor e eu não tinha certeza se
ele poderia me ouvir de qualquer maneira.
Luzes vermelhas e azuis piscaram quando a ambulância
apareceu e de repente havia mais pessoas se movendo ao nosso
redor, mais perguntas, mais barulho.
Chase estava sendo içado e colocado em uma maca, mas
ainda segurei sua mão com um aperto de ferro que ele devolveu
mesmo quando parecia desmaiar, seus dedos apertados ao
redor dos meus como se ele nunca quisesse soltar.
Subi na parte de trás da ambulância com ele, mal ouvindo
o paramédico que me direcionou para um assento ao seu lado,
Fox e JJ nos dizendo que estariam nos seguindo bem atrás.
Eu não ouvi nada. Não vi nada. Porque tudo o que eu
queria estava aqui neste momento comigo era o garoto que
segurou minha mão na primeira vez que eu pulei do Sinners’
Playground. O garoto com quem roubei meu primeiro carro. O
garoto que eu ansiava por resgatar todos os dias que o
conhecia. E o homem que me quebrou quando pensei que ele
estava perdido.

####
Andei do lado de fora da sala de cirurgia, sem saber há
quanto tempo estava fazendo isso, além do fato de que o sol
estava subindo além da janela e minhas pernas estavam
queimando com o movimento constante.
Fox e JJ estavam sentados contra a parede oposta à porta,
seus rostos pintados de preocupação pelo homem dentro
daquela sala.
Eu não tinha considerado totalmente a lista de ferimentos
que havia sido relatada para nós por uma das enfermeiras, mas
a ouvi falar sobre uma perna quebrada e seu olho precisando
de uma grande cirurgia junto de algumas costelas quebradas,
muitos ferimentos que precisavam de pontos e uma
queimadura grave.
A polícia havia mostrado seus rostos algumas horas atrás,
mas uma ameaça dura de Fox os fez ir embora. Não
precisávamos da ajuda deles com essa merda de qualquer
maneira, embora eu tivesse certeza que eles estavam
espreitando para fazer suas perguntas novamente assim que
Chase saísse da cirurgia. Mas não seriam os policiais que
obteriam justiça por isso. Estaríamos fazendo nós mesmos
assim que tivéssemos certeza de que Chase estava bem.
As portas duplas se abriram e vários cirurgiões e
enfermeiras saíram, um deles vindo até nós para nos dar uma
atualização sobre o que Chase tinha feito.
Tudo que ouvi foi o fato de que ele ainda estava
respirando, deixando Fox e JJ para ouvir os detalhes do tipo
de recuperação e cuidados posteriores que ele precisaria
enquanto uma cama era retirada do quarto ao lado e meu olhar
pousou em Chase.
Seu olho estava todo enfaixado agora, sua perna esquerda
elevada e engessada. Mais bandagens e curativos cobriam o
resto de seu peito nu do que eu poderia facilmente contar.
Corri para o lado dele, tirando sua mão mole dos
cobertores e segurando-a enquanto os enfermeiros o levavam
pelo corredor. Entramos em um elevador e apenas mantive
meus olhos em seu rosto, bebendo a visão dele e a sensação de
sua mão tão quente na minha. Ele esteva aqui. Era real. Estava
vivo. E não importava o que mais tivesse acontecido com ele,
eu simplesmente iria me apegar a essas três coisas mais
importantes. Porque até ele ser trazido de volta para mim, eu
estava olhando para uma eternidade sem ele nela e por mais
que eu estivesse tentando lidar com a realidade disso, não era
uma vida que eu queria para existir.
Chegamos em um quarto privado e apenas fiquei ao lado
dele, segurando sua mão enquanto ele era conectado a todos
os tipos de máquinas e um gotejamento era colocado em sua
outra mão. Fox e JJ chegaram pouco depois, mas as
enfermeiras nos avisaram que só poderíamos ficar mais alguns
minutos.
Olhei para cima quando os dois vieram para o outro lado
da cama e a porta finalmente se fechou atrás de todos os
funcionários do hospital, nos deixando em silêncio a sós com
o garoto que todos pensávamos ter perdido.
“Shawn o teve por semanas,” murmurei, minha voz
falhando e a culpa guerreando através de mim enquanto eu
olhava para o corpo quebrado do homem que amei desde que
eu conseguia me lembrar. “Semanas e semanas de tortura
enquanto todos estávamos sofrendo por ele como se ele já
estivesse morto e se fosse e...”
“Não faça isso,” Fox rosnou, alcançando o outro lado da
cama e pegando minha mão livre na dele. “Isso não é culpa sua
ou de qualquer um de nós. Shawn é quem vai pagar por isso.”
“A merda do olho,” JJ murmurou, sua voz falhando
quando estendeu a mão para agarrar o ombro de Chase. Eu
tinha ouvido os médicos dizendo que ele tinha ficado cego, mas
agora eu só podia ser grata por ele estar vivo. O horror de seus
ferimentos parecia um sussurro distante de um problema que
eu não poderia enfrentar agora.
“Quando colocarmos nossas mãos em Shawn Mackenzie,
ele estará implorando pela morte,” disse Fox ferozmente. “E nós
o faremos sentir a dor dez vezes antes que seu desejo seja
realizado.”
“Isso é o suficiente,” uma enfermeira latiu com firmeza
enquanto empurrava a porta, olhando para nós. “O Sr. Cohen
vai ficar fora por horas e precisa descansar se quiser começar
o caminho de recuperação. A polícia está esperando lá embaixo
para tomar seus depoimentos também.”
Ela nos deu um olhar crítico pra caralho, mas eu não
tinha coragem de me ofender. Sem dúvida ela estava nos
julgando e o que éramos, nos culpando pelo que tinha
acontecido aqui, mas agora eu só poderia concordar com ela.
Fox praguejou, mas acenou com a cabeça em aceitação,
liderando o caminho em direção à porta enquanto passava a
mão pelo rosto como se quisesse limpar a sensação deste dia
de sua carne.
Uma lágrima escorreu pela minha bochecha quando fiz
menção de ir embora também, apesar da dor em meu coração
que exigia que eu ficasse exatamente onde estava. Mas antes
que eu pudesse dar um passo para longe dele, os dedos de
Chase travaram com força em torno dos meus e parei de
repente, olhando para ele com surpresa.
Seu único olho bom permaneceu fechado, seu rosto
inexpressivo enquanto as drogas o seguravam, mas seus dedos
estavam apertando em uma clara demanda para que eu
ficasse.
Eu olhei para a enfermeira, fixando minha mandíbula em
determinação quando o monitor de frequência cardíaca
começou a apitar mais rápido, como se ele pudesse sentir que
eu estava me afastando e isso estava causando a ele um pouco
de angústia. Esse foi todo o incentivo que eu precisava e
coloquei meus pés enquanto tomava a decisão de não me
mover um único centímetro deste local pelo tempo que ele
precisasse que eu ficasse.
“Eu vou ficar,” falei com firmeza, apertando os dedos de
Chase para lhe tranquilizar, apenas no caso dele poder me
ouvir.
Ela não parecia feliz com isso, mas bastou o olhar nos
meus olhos, a arma presa na cintura de JJ ou apenas a
sensação de ameaça pairando no ar entre nós três e a fez
concordar.
“Tudo bem. Só você. E não seja um incômodo.”
Fox olhou entre mim e Chase, assentindo uma vez e
murmurando sobre ele e JJ ficarem lá embaixo se eu
precisasse de alguma coisa.
A porta se fechou novamente quando eles saíram e outra
lágrima escorregou pela minha bochecha.
Hesitei por um momento antes de subir na cama ao lado
dele, tomando cuidado para não esbarrar ou empurrá-lo muito
e curvei meu corpo contra o dele, colocando minha cabeça em
seu peito e ouvindo as batidas sólidas de seu coração sob
minha orelha.
Enrolei meu braço em seu estômago, segurando-o perto e
respirando-o enquanto o pedaço de minha alma que pertencia
a ele voltava ao lugar.
Isso estava fodido em muitos níveis e eu sabia que nada
sobre isso estava certo. Mas eu o tinha de volta. Ele estava aqui
em meus braços.
E por enquanto, essa era a única coisa no mundo que
importava.
Tive alguns dias difíceis de merda. Tudo começou comigo
sendo esfaqueado pela minha ex-cadela, seguido por eu
deitado em uma mesa da cozinha sendo costurado por um dos
meus homens mais valiosos, então gastando meu tempo
superando a dor do meu ferimento com nada além de maconha
e bebida forte. Eu estava em movimento de novo, pelo menos,
meu lado amarrado com bandagens brancas e minha raiva em
alta. A facada na lateral nem foi o que me tornou mais
vingativo, foi o corte na minha cara que me irritou para o céu.
Ninguém cortava a porra da minha cara e saiu impune.
Então, Rogue Easton estava oficialmente nos meus livros
ruins, e eu iria gostar de quebrar meu docinho ainda mais por
causa disso. Não me entenda mal, eu estava gostando de ver a
luta dela. Quanto mais coragem ela exibia, mais eu tinha fome
de estilhaçá-la sob minhas botas, mas ela tinha ido longe
demais. Eu estava dividido entre querer retribuir o favor da
mesma maneira e querer foder com toda a sua vida. Talvez
decidisse por ambos quando tivesse a chance.
Felizmente para mim, eu tinha alguém para descontar
minha raiva esperando por mim no porão de Rosewood. Meu
menino de olhos bonitos ia morrer muito bem hoje e eu torceria
a lâmina no peito de Rogue bem e devagar, certificando-me que
ela visse seus restos mortais. Sim, seria um banho de sangue,
certo. Mudei de ideia sobre colocar uma granada em sua boca
e deixá-lo na floresta para ser encontrado pelos Harlequins.
Porque hoje, eu queria ficar vermelho e sentir cada estalo de
ossos e respingos de sangue enquanto ele morria por mim. Eu
o amarraria a uma árvore e depois o esfolaria vivo enquanto
transmitia o vídeo ao vivo para meus inimigos.
Passei pelos portões de Rosewood em um Ford preto. Eu
tinha que mudar meu veículo com frequência para que
nenhum daqueles garotos Harlequin pudesse me rastrear pela
cidade, mas eu sentia falta da potência do meu SUV e do
ronronar do motor embaixo de mim.
Estacionei e fui para o porta-malas, assobiando enquanto
pegava uma sacola com um pouco de corda, minha espingarda
e algumas facas dentro. Eu ia cortar alguns dedos antes de
mover Chase para a floresta. Eu precisava de seus gritos para
saciar o monstro furioso em mim esta manhã, então teria
certeza de puxá-los de seus lábios o mais rápido possível.
Entrei e atravessei o enorme saguão de entrada,
aumentando meu ritmo enquanto a excitação torcia por mim.
“Oh, er, Shawn!” Kaiser Rosewood gritou atrás de mim e
me virei de frustração, sabendo que tinha que agradá-lo por
enquanto. Ele estava em um roupão roxo que estava aberto
revelando uma boxer de seda dourada. Eu não odiava
totalmente tudo o que ele usava, mas achei que poderia fazer
tudo muito melhor do que ele.
“Bom dia, Kaiser,” falei, inclinando um chapéu imaginário
para ele. “Tenho muito trabalho a fazer hoje. Meu segredinho
no porão não será mais um fardo para você.”
Ele pigarreou, brincando com uma corrente de ouro em
volta da garganta. “Sim, er, sobre isso. Infelizmente, houve um
incidente na noite passada e um...”
“Um incidente?” Ecoei friamente, avaliando-o enquanto
tentava ler o que ele estava dizendo em seus olhos. “Você está
me dizendo que ele já está morto?”
Ele engoliu em seco, erguendo o queixo enquanto tentava
não se intimidar com o olhar que eu estava lhe dando. “Foi
tudo muito chocante. Fui traído pela porra do namorado da
minha enteada.”
“Continue falando,” cerrei, sentindo que não iria gostar de
onde isso estava indo.
“Bem... parece que Maverick Stone não é um homem de
confiança. Ele libertou o seu prisioneiro e eles...”
“Não deixe a palavra 'escapou' passar pelos seus lábios a
menos que você esteja pronto para enfrentar as consequências
dessa realidade,” avisei, o frio me lavando.
Ele pigarreou. “Sinto muito, Shawn, vou recompensá-lo, é
claro.”
Inclinei minha cabeça, pensando em tudo o que ele disse
e decidindo o que eu faria sobre. Então coloquei um largo
sorriso no rosto e abri meu braço livre.
“Bem, isso não é ótimo, Kaiser?” Bati minha mão em seu
ombro com força e continuei a sorrir muito.
“Você... não está com raiva?” Ele confirmou.
“Acidentes acontecem,” falei, em seguida, respirei fundo
pelo nariz. “Oh meu, esse cheiro é de café da manhã? Você não
se importa se eu me juntar a você e sua família para a refeição
mais importante do dia, não é?”
“Claro que não.” Ele devolveu meu sorriso, parecendo
pensar que tudo estava simplesmente excelente quando ele se
virou e me levou de volta na direção da cozinha.
Meu sorriso se achatou enquanto eu o seguia e olhei para
a nuca de Kaiser, imaginando um buraco sangrento nela.
“Deve ser bom ser o homem de uma casa como esta,”
meditei, meu tom leve, minha expressão sombria. “Suas bolas
devem estar realmente grandes entre as coxas, hein?”
Kaiser deu uma risadinha. “Eles são quando estão
batendo contra a bunda redonda de uma garota de 20 anos.”
Ele riu mais alto e eu ecoei. “Mas não conte para a esposa, as
prostitutas são nosso segredinho.” Ele jogou uma piscadela
para mim por cima do ombro e fingi fechar meus lábios e
jogando a chave fora.
Entramos na enorme cozinha com uma violenta parede
laranja e uma grande ilha oval no meio com uma bancada
preta. A esposa de Kaiser, Jasmine, estava sentada ali
comendo meia toranja em um manto preto transparente que
exibia muitos peitos. Ao lado dela estava uma garota que eu
imaginei ser a enteada de Kaiser, Mia, mas eu não tinha tido o
prazer de transar com ela ainda, quero dizer, conhecê-la.
Ela tinha um cabelo curto e preto e lábios carnudos que
pareciam ter visto muito pau. Eles não estavam cheios de
enchimento como os de sua mãe, o que a tornava ainda mais
atraente para mim. Eu gostava de minhas garotas naturais.
“Oh Shawn, não estávamos esperando companhia,”
Jasmine saltou, me olhando com apreciação. Larguei minha
bolsa na mesa com um sorriso malicioso, abrindo o zíper
enquanto Kaiser se movia para me servir um pouco de café.
“Eu preciso de um convite para desfrutar do prazer de sua
companhia, Jasmine?” Ronronei e ela corou, acenando com a
mão para mim com uma risada enquanto meus olhos
deslizaram para Mia. “Acho que não nos conhecemos nesta
vida, anjo, mas acho que devemos nos conhecer em outra,
porque estou apenas tremendo de reconhecimento.”
Mia franziu a testa, não engolindo minhas falas tão
facilmente quanto sua mãe e ela se endireitou um pouco na
cadeira, dando-me uma visão de seus seios no pijama cinza
que ela usava. Mm, venha para o papai.
“Vou voltar para a cama,” ela murmurou, empurrando
para fora de sua cadeira, um pouco de beicinho sobre os lábios.
Meus olhos a percorreram enquanto ela se movia em minha
direção e casualmente deslizei minha espingarda para fora da
minha bolsa e a girei para o lado para bloquear seu caminho,
o cano batendo contra seu peito.
“Não, não, querida, eu quero café da manhã com toda a
família,” ronronei enquanto Jasmine gritava e Kaiser deu um
passo em minha direção alarmado.
“Largue isso, Shawn, que porra de jogo você está
jogando?” Kaiser exigiu enquanto eu empurrava Mia para trás
pelos seios e ela se apressou para se sentar com sua mãe
novamente, olhando para mim com medo.
Voltei minha atenção para Kaiser, virando minha arma
para apontar para sua cabeça gorda, observando todo o sangue
drenar de seu rosto gota a gota. É isso, raio de sol, você está
percebendo quem é o verdadeiro poder desta casa agora, não é?
Não deveria ter me convidado para entrar. Sou um vampiro com
fome de sangue e não há nenhuma maneira de eu sair sem a
minha cota dele.
Peguei um pedaço de torrada francesa de seu prato, dando
uma mordida viciosa enquanto eu olhava para ele. “Agora isso
é delicioso. Quem fez isso?”
“M-mia,” gaguejou Kaiser.
Terminei a torrada, lambendo a canela dos meus dedos
enquanto olhava para os seios de Mia. Havia um pouco de raiva
em seus olhos quando olhei para cima e sorri, ansioso para
esmagar isso dela.
“Vou chamar meus homens,” advertiu Kaiser. “Um grito
meu e eles virão correndo.”
Assenti, considerando isso enquanto deslizava meu dedo
no gatilho. “Mas se você gritar, sua cabeça vai explodir.” Dei de
ombros. “Então acho que você vai ficar quieto, não é?”
Ele engoliu em seco e acenou com a cabeça rapidamente.
“O que você quer?”
“Quero meu nome nas escrituras de sua casa, meu velho.
Com que rapidez você acha que pode resolver isso?” Arqueei
uma sobrancelha, esperando que ele começasse a implorar e
fazer toda a merda chata onde tentava me fazer mudar de ideia.
Mas ele não fez isso, Kaiser assentiu várias vezes, olhando para
a arma em minha mão, que aparentemente era suficiente para
fazê-lo vender todo o seu império para mim. Merdinha covarde.
“Mostre o caminho então,” falei. “Um movimento errado e
eu atiro em seu braço. Dois e será a sua cabeça.”
Ele correu em direção à porta da cozinha e empurrei meu
queixo para sua esposa e enteada para fazê-las andar na
minha frente também, meu olhar caindo para a bela bunda de
Mia enquanto eu seguia. Deslizei minha arma por baixo de seu
pijama enquanto caminhávamos, puxando-a para expor sua
carne nua para mim e seus ombros enrijeceram.
“Você era a garota do Maverick Harlequin?” Perguntei e ela
olhou para mim com medo em seus olhos, assentindo uma vez
quando retirei minha arma.
“Stone,” ela corrigiu.
“Querida, ele é um Harlequin até o âmago. Então me diga,
ele parecia gostar quando fodia essa bunda? Acho que mudou
para ele, estar por cima. Ou ele fez você usar uma cinta e fazer
um fio terra nele?”
“Deixe-a em paz,” Jasmine sibilou, puxando sua filha para
mais perto e corri minha língua sobre meus dentes.
“Você não me dá ordens por aqui, Sra. Rosewood. Ah, a
propósito, como se sente sabendo que seu marido transa com
garotas mais novas do que sua filha?” Perguntei levemente.
“Ele parece um javali suado e grunhindo quando faz, então
talvez você esteja feliz por ele enfiar o pau em qualquer uma,
menos em você. Você é fiel enquanto está fora e ele está aqui
fodendo uma boceta novinha?” Perguntei, usando minha arma
para tirar uma mecha de cabelo de seu ombro.
“Você está mentindo,” ela rosnou.
“Sou um mentiroso, Kaiser?” Chamei e seus ombros
ficaram tensos, sem olhar para trás enquanto ele murmurava
algo baixinho. “Não consegui entender, meu velho, e acho que
a torrada francesa está deixando meu dedo um pouco
escorregadio no gatilho.”
“Ele não está mentindo. Sinto muito, meu amor,” Kaiser
engasgou e Jasmine levou a mão à boca em estado de choque
enquanto apertava Mia mais perto.
“Agora, não seja assim. Você devia saber em algum nível.”
Abri caminho entre Jasmine e Mia, colocando meus braços
sobre seus ombros enquanto Kaiser destrancava seu escritório
e nos levava para dentro.
Ele começou a vasculhar as gavetas em busca da escritura
deste lugar e olhei para sua esposa debaixo do meu braço
direito enquanto as lágrimas corriam pelo seu rosto. “Você
sabia, vamos. Kaiser é um pervertido sujo, qualquer um pode
ver. Diga-me que você, pelo menos, arranjou um pau decente
enquanto estava em suas viagens de barco?”
Ela balançou a cabeça, soluçando silenciosamente e dei a
ela um olhar de pena. “Bem, querida, você com certeza se
tornou disponível para mim, não é? Eu só teria que desafivelar
meu cinto e você teria deixado cair sua calcinha por mim, não
é? Cheguei muito tarde para aceitar a oferta? Foda de vingança
é o melhor tipo.”
Ela soltou um gemido reprimido e balançou a cabeça. “Por
favor, deixe Mia ir,” ela implorou.
“Aw, você não é uma boa mãe? Minha mãe também é boa,
Deus abençoe seu coração. Acho que ela vai gostar deste lugar,
mas não da decoração, é horrível pra caralho,” falei,
empurrando-a para longe de mim para que ela cambaleasse
até a mesa. Ela correu em torno, olhando para nós enquanto
abaixei minha mão para a bunda de Mia e apertei com força.
“Saia de cima de mim,” Mia assobiou.
“Apenas me dê um beijo, querida. Um beijo e talvez eu não
estourarei os miolos da sua mamãe e nem pisarei no papai.”
Olhei para ela, puxando-a com força contra o meu lado
enquanto sua mão espalmada sobre meu peito para tentar me
segurar. Estremeci quando ela pressionou contra a ferida do
meu lado e soltei um silvo entre meus dentes.
“Cuidado comigo, raio de sol, tenho alguns ferimentos de
batalha de uma rodada com um pequeno tubarão arco-íris
mal-humorado. Onde está aquele beijo?”
Ela olhou para sua família e depois para mim com
lágrimas nos olhos, então se inclinou para beijar meus lábios.
Ri quando ela se afastou, colocando minha mão em seu
cabelo e dirigindo minha língua entre seus lábios, dando um
beijo imundo na frente de seus pais enquanto meu pau se
contorcia de interesse. Ela estava muito fácil agora, no entanto.
Eu não dobrava as garotas e fodia com elas até que eu fosse o
centro de seu universo.
Mas como eu estava esperando meu verdadeiro desafio
voltar para casa, este parecia uma distração bastante
interessante para segurar até então. Calculei que em algumas
semanas ela cairia de joelhos por mim e imploraria pelo meu
pau. Era assim que eu gostava delas, destruídas de dentro para
fora, então amarradas a mim de maneiras que elas nem
podiam imaginar. Mergulhei na mente das mulheres e as
fisguei como uma droga. Eu as fiz me amar, ficarem obcecadas
por mim e então as fodi como as boas putinhas que eram
sempre que eu queria. Essa era a minha maneira favorita de
foder uma garota, quando elas estavam quebradas e confusas,
seus pensamentos nem eram mais seus, e a única coisa
verdadeira que elas sabiam era que eu era o sol nascente. Elas
queriam me adorar porque eu era o deus delas, aquele que lhes
deu um propósito. Quem as abateu quando eram más e as
ergueu quando eram boas. Não havia pressa assim, e nada
melhor do que garotas que diziam me odiar se transformavam
em putas dóceis que abriam as pernas sob comando.
Rogue foi a única que eu nunca senti que possuía
totalmente. Ela nunca me deu aquele olhar de amor, embora
fosse boa o suficiente em tomar meu pau. Mas eu nunca tinha
alcançado a euforia de saber que ela estava total e
inegavelmente sob meu feitiço, e foi por isso que a mantive por
tanto tempo. Claro, todas as coisas boas aconteciam para
aqueles que esperavam e agora que ela ressuscitou dos mortos
por mim, eu estava mais determinado do que nunca a terminar
o que comecei com ela.
Quando tirei minha boca da de Mia, empurrei-a no chão,
girando minha arma para apontar para Kaiser. “Por que está
demorando tanto?” Lati e ele saltou, suas mãos tremendo
enquanto ele puxava um documento de um cofre de ferro no
chão.
“A-aqui,” ele gaguejou, pegando uma caneta e trabalhando
para transferir a propriedade para mim.
Me movi ao redor da mesa e inclinei-me sobre seu ombro,
certificando-me de que ele fez isso direito. Quando ele terminou
de assinar tudo em meu nome, meu olhar se fixou em um
diário enquanto ele tentava enfiá-lo rapidamente sob uma
pilha de papéis. Afastei suas mãos, puxando-as enquanto
minhas sobrancelhas arqueavam.
“Agora o que temos aqui?” Abri o diário marrom
encadernado em couro que tinha o nome de Kaiser rabiscado
na frente, encontrando página após página de locais riscados
e mapas desenhados à mão de lugares ao redor de Sunset Cove
com enormes Xs neles.
“O que você está procurando, hein Kaiser?” Dei uma
cotovelada nele, batendo a espingarda contra sua têmpora
enquanto agitava uma das páginas na frente de seu rosto.
“Começa a falar.”
Ele bufou e eu vi um demônio nele, não um garotinho
assustado que estava perto de mijar na calcinha. Fosse o que
fosse que ele estava escondendo, não queria que eu soubesse.
“Tique taque,” encorajei, apontando minha arma para sua
esposa. “Ou todos nós descobriremos se o rosto de Jasmine dá
uma bela decoração na parede.”
Ela gritou, abaixando-se atrás da mesa como se isso fosse
salvá-la da minha ira.
Kaiser manteve os lábios selados e minhas sobrancelhas
continuaram subindo. Muito interessante.
“O que ele está procurando, Jasmine?” Dei a volta na mesa
para apontar a arma para ela e ela tremia enquanto Mia
gritava, implorando para eu não atirar.
“Por favor!” Mia chorou.
Era como uma pequena prévia de como ela soaria quando
ela estava implorando para eu fodê-la crua. Pisquei para ela
enquanto sua mãe balançava a cabeça várias vezes.
“Não sei, juro que não sei. Nunca tinha visto esse diário.”
Eu ri, olhando para Kaiser novamente. “Você é um homem
mau, não é Kaiser? Um homem mau seguindo seu próprio
coração. Mas por que, oh, por que você esconderia este diário
de sua primeira e única?”
Os olhos de Kaiser dispararam de mim para Jasmine e
vice-versa, como se estivessem jogando fliperama. “Vou falar
com você sozinho. Você e eu, Shawn. De homem para homem.”
“Você não vai falar na frente de sua própria esposa? A
mulher que você jurou amar e abraçar e toda essa merda?”
Resmunguei e ele me deu um olhar suplicante.
“Tudo bem, tudo bem, eu e você,” concordei, mas então
ele se lançou sobre mim, agarrando o diário e eu disparei
minha arma. A explosão disparou com um estrondo que fez
todo o meu corpo formigar e a cabeça de Jasmine se espalhou
pela sala enquanto os gritos de Mia se enredavam no ar.
Música pura.
“Seu desgraçado!” Kaiser rugiu, cambaleando em minha
direção em um ataque claro, mas eu apenas apontei a arma
para ele e ele recuou até a parede enquanto os gritos selvagens
de Mia se transformavam em soluços.
Maldição, agora ele tinha tornado mais difícil para sua
enteada ficar obcecada por mim. Não impossível, mas
definitivamente mais um desafio.
“Sim, eu sou um bastardo, meu velho,” concordei. “Meu
pai nunca fez de minha mãe uma mulher honesta, mas nunca
me fez mal. Agora cale sua enteada ou ela vai começar a
próxima rodada.”
“Mi-Mi,” Kaiser soluçou. “Pare, querida, você precisa
parar.”
Mia conseguiu abafar o barulho e eu pude pensar com um
pouco mais de clareza novamente. Enrolei meu dedo no ar
enquanto dava a Kaiser um olhar severo.
“Estou ficando entediado, então me fale sobre o significado
desse diário ou vamos ter muito mais bagunça para seus
meninos limparem aqui. Por falar nisso...” ouvi gritos subindo
pela casa e as botas vindo para cá em resposta ao tiro.
“Vou precisar que você diga a seus homens para segurar
o fogo.” Dirigi Kaiser até a porta e ele tropeçou, chamando-os
ao chegar lá.
Roubei um momento para abrir mais a porta do cofre e
encontrei um monte de dinheiro de sua última noite de pôquer.
Juntei o máximo que pude em meus braços, em seguida, um
animal me atacou por trás. Era uma garota selvagem com
dentes afiados que cravaram em meu ombro. Mia me deu um
soco bem na ferida do meu lado e gritei de dor quando ela
rasgou minha carne. Eu me virei e a acertei com força
suficiente para tirar o fôlego de seus pulmões, fazendo-a
desabar no chão.
Respirei por entre os dentes enquanto agarrava meu lado
e rosnava de dor.
“Jesus Cristo, todas as mulheres desta cidade foram
criadas por lobos?” Soltei uma risada inebriante enquanto
pegava o dinheiro mais uma vez, em seguida, segui Kaiser até
a porta onde ele estava dizendo aos seus homens para recuar.
Pressionei a espingarda ao lado de sua cabeça enquanto
mantinha meu outro braço em volta do dinheiro e sorria para
os homens ali.
“Olá, rapazes, esta casa está sob nova gestão. Quanto
Kaiser está pagando a vocês?”
Um dos mais ousados avançou com o cenho franzido. “Ele
deveria nos pagar todas as sextas-feiras, mas nos deve duas
semanas.”
“Eu disse que só precisava de um pouco mais de tempo,”
disse Kaiser em pânico.
Balancei minha cabeça. “Oh, querido, Kaiser. Você tem
enrolado seus meninos, sentado em todo esse dinheiro
enquanto o vento assobia em seus bolsos. E se há uma coisa
que aprendi há muito tempo, é que se você está comprando
lealdade, é melhor ser um chefe generoso que paga em dia e dá
bônus de Natal agradáveis e suculentos ou você pode
simplesmente acabar com uma faca nas suas costas enquanto
dorme.”
Joguei o dinheiro aos pés de seus homens, fazendo uma
contagem completa de todos os oito. “Vocês podem chamar isso
de um adiantamento dos seus salários ou uma passagem para
se foder daqui e nunca mais voltar. Ou você é um Dead Dogs
ou está morto para mim, então o que me dizem?”
Eles se olharam e, como bebês subornados com doces,
todos se abaixaram para pegar o dinheiro.
“Espere, por favor,” Kaiser engasgou enquanto eu latia
uma risada.
“Ok meninos, vão se foder.” Empurrei minha arma e eles
se afastaram, toda a lealdade para com Kaiser desapareceu
daquele jeito. Senti Kaiser tremendo e me inclinei para
sussurrar em seu ouvido. “O que você está procurando? Última
chance de me dizer, meu velho.” Pressionei o diário em seu
peito e sua mão deslizou sobre ele. “Então podemos ir procurar
juntos. Você e eu. Eu gosto de você, Kaiser. Você e eu
poderíamos ser bons amigos, o que você diz?”
“Você matou minha esposa,” ele engasgou, embora eu não
tenha visto nenhuma lágrima.
“Eu sei, eu sei,” falei, dando tapinhas em suas costas.
“Mas escute, eu fiz um favor a você, viu? Cortei você da velha
bola e corrente. Agora você está livre para arranjar uma nova
esposa, uma mais jovem com seios mais empinados ou uma
daquelas mulheres de vinte anos de que você tanto gosta.
Poderíamos ser reis nesta casa, festas todas as noites,
cheirando cocaína na bunda de prostitutas premium que vão
deixar você foder do jeito que quiser. É isso que você realmente
quer, não é?”
Ele olhou para mim com uma expressão esperançosa,
mostrando o quão sujo ele era quando viu um vislumbre de
uma vida nova e livre em meus olhos, onde ele realmente
poderia ser um rei.
Ele engoliu em seco, em seguida, puxou-me para o
corredor, longe da soluçante Mia e lambeu o suor acumulado
em seus lábios.
“Há uma fortuna de família perdida,” disse ele em uma
rajada de palavras, seus olhos disparando por todo o lugar.
“Que tipo de fortuna?” Perguntei, inclinando-me mais
perto enquanto ele despertava minha curiosidade.
“Diamantes,” ele sibilou, seus olhos brilhando como se
aqueles diamantes vivessem dentro de seus olhos.
“Continue falando,” implorei, minha frequência cardíaca
acelerando um pouco, porque foda-me, gostei do som disso.
“Cinco deles, valendo milhões cada,” disse ele,
arregalando os olhos famintos.
“Você não diz...” um sorriso apareceu em meus lábios.
“Mas você não sabe onde eles estão?”
Ele balançou sua cabeça. “Tudo que eu sei é que eles estão
escondidos em algum lugar em Sunset Cove. Este diário
documenta os lugares que pesquisei. Cacei muito na minha
juventude, mas Luther Harlequin me chutou para fora da
cidade depois que eu, bem...” ele limpou a garganta.
“Você o quê?”
“Pedi sua ajuda para matar um bando de homens a quem
devia dinheiro,” disse ele com firmeza, suado como uma velha
folha de alface.
“Você estava em dívida? Agora, por que isso não me
surpreende?”
Ele encolheu os ombros. “De qualquer forma, eu também
não poderia pagar a ele, não é? E ele ia me matar muito bem,
então contei a ele sobre meus diamantes. Disse que poderia
ficar com eles se me deixasse ir, mas eu só precisava de um
tempo para encontrá-los. Ele concordou, e eu planejava fugir
da cidade assim que os desenterrasse, mas não consegui
encontrá-los, porra. Então Luther me levou para fora da
cidade.”
“Então, como você voltou?” Eu fiz uma careta curiosa,
guardando todas essas informações para depois.
“Ganhei um pouco de dinheiro em um jogo de pôquer e
ofereci ao Luther se ele me deixasse voltar para cá para
continuar procurando por eles. Falei que queria ficar em casa
para cuidar da minha velha tia.”
“Quem você mantém no porão?” Eu ri.
“Ela é um pé no saco,” ele murmurou. “Ela estava
destinada a subir e morrer, mas continua vivendo, não é? Não
tive coragem de matá-la, mas precisava da minha herança,
então a coloquei lá e fingi sua morte. Achei que ela ainda tinha
alguns anos restantes, mas às vezes acho que ela vai viver para
sempre.”
“Mmhmm.” Bati palmas em seu rosto enquanto pensava
nisso. “Tudo bem então. Parece que tenho muito trabalho a
fazer, não é?”
“Posso mostrar os lugares que verifiquei e fiz uma lista no
final do diário de onde vou procurar a seguir. Os Rosewood
costumavam ser donos de algumas terras nos arredores da
cidade onde agora fica um bloco de apartamentos, estou
tentando encontrar uma maneira de ter acesso ao porão,
mas...”
Puxei o gatilho da minha arma e abri um buraco enorme
em seu peito, derramando sangue quando ele caiu no chão
antes de me abaixar e arrancar o diário de seus dedos
trêmulos.
“Muito obrigado, Kaiser. Asseguro-me de assumir a partir
daqui. Mas temo que só haja lugar para um rei no trono de
Sunset Cove.”
Mia estava gritando de novo e chutei a porta do escritório
para abafar seus gemidos, girando a chave na fechadura e
colocando-a no bolso. Eu mandaria um dos homens colocá-la
em algum lugar onde não pudesse ouvi-la chorar, porque
Deus, tenha misericórdia, aquele barulho estava me dando dor
de cabeça.
Eu me vi em um espelho do outro lado do corredor,
coberto de sangue com uma ferida em minha bochecha ainda
brilhando enquanto curava do corte da faca de Rogue.
Corri meu dedo ao longo dele com um sorriso de escárnio,
imaginando exatamente o que eu faria com ela como penitência
por isso quando ela viesse para mim. E enquanto esperava,
moveria meu exército para meu novo castelo e começaria a
procurar meus diamantes.
Imaginei que as coisas estavam melhorando.
A caixa envolveu-me e um peso pareceu pressionar meu
peito, mantendo-me no lugar. O toque suave de dedos
percorreu minha têmpora e pensei em minha mãe, me
perguntando se ela estava aqui em algum lugar, me atraindo
para ela.
Minha mente estava uma névoa grogue e quanto mais
perto eu chegava de voltar à superfície do sono denso e
inabalável, mais frio eu sentia. Comecei a tremer e de repente
uma voz me alcançou junto com o cheiro de coco e mil
arrependimentos. Ela está aqui.
“Enfermeira!” Rogue gritou e o peso da minha pálpebra
esquerda diminuiu o suficiente para eu abri-la, mas eu não
conseguia lembrar por que a outra não funcionou naquele
momento. “Ele está tremendo. O que está acontecendo?”
“Está tudo bem, querida, é bastante normal.”
A luz ficou muito forte por um momento quando a
enfermeira apareceu e eu pisquei, tentando caçar a garota que
acabara de ouvir, temendo apenas tê-la imaginado.
“Você pode me ver bem, Sr. Cohen?” A enfermeira
perguntou e assenti vagamente, tentando esticar meu pescoço
para ver além dela, mas ela não se mexeu.
Meus dentes batiam e a mulher começou a colocar
cobertores sobre mim antes de fazer algumas verificações. Dor
nadou por minha perna esquerda e uma maldição escapou de
meus lábios. A enfermeira mexeu em um dispositivo
intravenoso ao meu lado e a morfina entrou em minhas veias,
começando a tirar a dor, mas também deixou minha mente
mais confusa.
“Onde ela está?” Exigi. “Eu a ouvi.”
Eu perdi minha cabeça. Ela não está aqui. Por que ela
estaria aqui? Ela me despreza.
Minha mente enganchou em Maverick, os fragmentos das
minhas memórias se juntando para pintar uma imagem dele
me salvando. Isso não parecia certo, mas de alguma forma eu
sabia que estava. E foi a única coisa que consegui entender
naquele momento que era definitivamente real.
A enfermeira finalmente deu um passo para trás e meu
olhar caiu sobre Rogue, parada lá em uma das minhas regatas
cinza, seus olhos inchados, seu cabelo preso em um rabo de
cavalo bagunçado. Meu coração batia forte com a necessidade
de me aproximar, mas eu ainda tinha quase certeza de que
minha mente estava pregando peças em mim. Esta era uma
bela ilusão, uma das milhares que tive no porão da Mansão
Rosewood.
“Vou deixar vocês dois terem um pouco de privacidade.” A
mulher deu um tapinha no braço de Rogue enquanto se
afastava e observei cada detalhe do rosto dessa deusa para o
caso dela desaparecer.
“Chase,” ela quebrou o silêncio, sua voz meio soluço, meio
riso. Ela subiu na cama do hospital, envolvendo os braços em
volta de mim e um tipo de ruído maníaco deixou minha
garganta.
Muito engraçado. Isso não é real.
Minha cabeça era uma névoa rodopiante, tentando me
puxar de volta para a escuridão, longe dela. Mas eu iria me
apegar a esse sonho perfeito pelo tempo que pudesse.
Empurrei minha mão em seu cabelo e senti suas lágrimas
em meu ombro como cera quente, escorrendo pela minha carne
em uma trilha ardente.
“Não chore, pequenina,” murmurei, puxando-a para mais
perto enquanto roubava um momento nesta fantasia.
Levantei seu queixo, encontrando sua boca e roubando
um beijo que tinha gosto de realidade. Seus dedos se
enroscaram em meu cabelo e eu a beijei com mais força,
mordendo seu lábio e apreciando a doce ilusão que minha
mente tinha conjurado. A escuridão estava me puxando para
baixo novamente, então eu iria forjar uma memória que não
poderia esquecer mesmo quando estivesse perdida no nada.
“Você disse que me ama, pequenina,” falei contra seus
lábios carnudos, sal marinho e açúcar rolando sobre minha
língua. “Você pode imaginar que confusão estaríamos se isso
fosse verdade?” Eu ri, delírio rastejando em minha mente.
“Ace,” ela murmurou contra minha boca. “Sinto muito por
não ter te procurado. Nós pensamos que você estava morto.”
“Mas eu estou morto,” falei, um sorriso sombrio torcendo
meus lábios antes de sumir novamente. “Shawn disse que não
ganhei um túmulo, é verdade? Sempre achei que lápides eram
inúteis de qualquer maneira. Incontáveis memórias, amores e
ódios, então você está reduzido a apenas algumas palavras em
uma pedra. Quais seriam minhas palavras, pequenina? Aqui
jaz um fracassado?”
Ela soltou um soluço rachado, seus dedos arrastando ao
longo da minha bochecha. Tudo muito real, muito perfeito.
Espero que ela fique para sempre.
“Você tem um monte de drogas em seu sistema,” ela
engasgou. “Não está pensando com clareza. Os médicos
tiveram que operar. Mas você está bem, Ace. Você está bem
aqui em Sunset Cove comigo. Você está em casa.”
Casa…
Casa era onde três meninos e uma menina se sentaram
na areia comigo. Aquilo não era uma casa, era um lugar onde
eu não podia ficar.
Encarei seus olhos azuis, que sempre foram muito mais
brilhantes do que os meus. O céu não se comparava a esses
olhos.
“E para onde vamos a seguir? Em um barco para
mergulhar no naufrágio da marina?” Meditei, memórias
deslizando pela minha mente de fazer exatamente isso. Passei
muito da minha vida adulta sendo um fodido chato. Sentia
saudades de aventuras com minha família, sentia falta de
nadar o mais fundo que podia no oceano antes de ser forçado
a subir para respirar.
“É para lá que você quer ir?” Ela perguntou, enrolando-se
contra mim.
“Contanto que você esteja comigo,” murmurei, esculpindo
meus dedos em cada rebite de sua espinha.
Minha mente começou a entender um pouco mais de tudo
e um arrepio profundo se instalou em meus ossos quando me
lembrei de Shawn. Tentei bloqueá-lo, mas ele foi mais fundo,
os fantasmas de cada pedaço de mim que ele matou agora
vivendo sob a minha carne para me assombrar.
“Shawn Mackenzie é um demônio,” sussurrei e Rogue me
agarrou com mais força. “Nunca acreditei em monstros até que
o enfrentei no escuro. E agora ele está aqui...” levei meus dedos
até meu peito, batendo com força contra o osso. “Aqui para
ficar.”
“Não diga isso,” ela engasgou, olhando para mim de onde
estava deitada no meu peito.
Acariciei meu polegar ao longo de sua bochecha e até sua
têmpora. “Mas você sabe de qualquer maneira, não é? Porque
agora ele deixou sua marca em mim, posso vê-la em você
também.”
Ela engoliu em seco, então assentiu em admissão, virando
a cabeça na minha palma para colocar um beijo lá. Onde seus
lábios se tocaram, o frio foi queimado e por um momento eu
não senti o aperto de Shawn em mim. Mas no segundo que sua
boca se separou da minha carne, o frio cavou mais fundo e eu
podia ouvir sua risada ecoando no fundo da minha mente.
“É isso que ele faz,” falei. “Ele é um mestre em cavar sob
a pele e os ossos, encontrar feridas não cicatrizadas e removê-
las ainda mais para abrir espaço para ele. Mas você sobreviveu
a ele, pequenina.”
“Você também,” ela disse ferozmente, seus olhos
lacrimejando novamente e inclinei minha cabeça enquanto
olhava para ela, não querendo mais falar sobre Shawn.
“Você é meu maior arrependimento,” falei em voz baixa,
escuridão envolvendo os cantos da minha mente. “Você é uma
deusa abandonada por um tolo. E ele sangrou, e sangrou, e
sangrou por você em penitência, mas ainda era apenas o
sangue de um tolo.”
“Chase, não. Você precisa descansar, precisa melhorar.
Você não está pensando direito,” ela insistiu.
“Para que eu ficaria melhor?” Murmurei enquanto o sono
tentava mais me reivindicar, mas eu não queria voltar para a
escuridão. Era lá que residiam todos os meus medos. Eu queria
ficar aqui no meu devaneio e agarrar-me a uma realidade
forjada, onde Rogue descansava a cabeça no meu peito e as
coisas não pareciam tão sombrias.
“Para mim,” ela disse. “Vou quebrar se você sair de novo.
Por favor, não vá.”
“Eu não gostaria disso,” falei sonolento, meus olhos
fechando enquanto o sono lutava para me sequestrar. “Mas
sou bom em quebrar coisas. Nem sempre é essa a intenção,
mas elas tendem a acabar quebradas de qualquer maneira.”
“Apenas descanse,” ela pediu.
“Só se você prometer que estará aqui quando eu acordar.”
Eu não tinha muita esperança nisso, mas mesmo um pedaço
era o suficiente para me ajudar a deixar de lado a fantasia que
eu estava tentando tão desesperadamente manter viva.
“Estarei aqui.” Ela enganchou seu dedo mínimo no meu e
o manteve lá enquanto a droga penetrava mais fundo em
minhas veias, e logo havia apenas preto.
Caminhei pelo corredor que levava à porta da frente, Mutt
olhando de mim para a porta com um gemido baixo na
garganta. Ele estava sentindo falta de Rogue e porra, eu
também, mesmo que ela me odiasse. E eu estava ansioso como
o inferno desde que Chase apareceu e foi internado no hospital.
Não dormi, apenas andei, esperando e esperando que eles
voltassem para casa. E hoje, depois de cinco dias no hospital
com Rogue nunca deixando seu lado, ele finalmente voltaria.
Como isso pode ter acontecido?
Nós paramos de procurá-lo. Devíamos ter procurado todo
esse tempo. Todo esse tempo.
Fox concordou que ele poderia ficar aqui na Casa
Harlequin durante o período de recuperação, mas foi isso. Eu
não conseguia nem pensar sobre ele indo embora de novo, eu
só precisava dele aqui nesta casa. Precisava vê-lo e me
convencer de que ele ainda estava neste mundo. Porque,
francamente, eu estava tendo muita dificuldade em acreditar
nisso.
O fodido Shawn o pegou e nós não sabíamos. Rogue
manteve Fox informado sobre qualquer coisa que Chase disse,
e Fox sempre me informou. E todos ficamos atordoados em
silêncio quando descobrimos que a Srta. Mabel ainda estava
viva, trancada em um porão por seu sobrinho idiota. Era
repugnante e definitivamente faríamos algo a respeito assim
que pudéssemos descobrir como.
Minha mente se voltou para meu irmão novamente. Senti
como se tivesse falhado com Chase. Nunca senti a finalidade
de sua morte, mesmo depois de todas essas semanas. Talvez
eu devesse ter percebido que ele estava lá fora. Talvez...
“Eles estão quase aqui,” a voz profunda de Fox veio atrás
de mim e me virei, encontrando-o parado nas sombras com o
ombro apoiado na parede e os olhos no telefone.
Eu não tinha ideia de quanto tempo ele estava lá, mas
achei que era o suficiente para ver como eu estava destruído.
Rogue estava trazendo Chase de volta em um táxi com acesso
para cadeira de rodas que Fox reservou para eles e meu
coração estava batendo em todas as direções enquanto
esperava que eles chegassem.
“Ele não está de volta à Crew, JJ,” disse Fox em voz baixa
enquanto guardava o telefone.
“Eu sei,” falei rapidamente.
“Só não se apegue a ele estar aqui. Sei como você é.”
“O cara estava preso pelo fodido Shawn, Fox,” dei um
passo em direção a ele enquanto me irritava com essas
palavras. “Pensei que ele estava morto. Como você espera que
eu seja?” Mal dormi desde que o deixamos no hospital,
trabalhando horas extras apenas para tentar me manter
ocupado e não pensar em toda a merda que deve ter acontecido
com ele nas mãos de Shawn.
Rogue respondeu minhas mensagens sobre ele com
respostas de uma palavra, claramente ainda chateada comigo
e eu não poderia nem culpá-la. Fui um babaca do caralho e me
senti um idiota desde então, mas nem sabia o que fazer para
consertar neste momento. Ela tinha se mudado para mais
perto de Fox todos os dias desde que terminamos, como eu
sabia que ela faria, e a pior parte disso é que eu a levei até lá.
Talvez fosse melhor assim, arrancar o Band-Aid de mim
mesmo, em vez de deixá-la fazer por mim no futuro. Eu só
queria que não me sentisse como se estivesse morrendo.
Eu me sentia um merda toda vez que pensava em dar a
ela aquela conta idiota para pagar pelos meus serviços. Tinha
sido tão imaturo e cada vez que me lembrava dela me pagando
o dinheiro, eu queria destruir algo. Ela ficou tão brava comigo
e quem poderia culpá-la?
Enfiei o dinheiro na gaveta da mesinha de cabeceira, sem
tocar em um único dólar desde então, mas toda vez que dormia
no meu quarto eu podia sentir lá. E tinha cheiro de
arrependimento e vergonha.
Fox engoliu em seco e pude ver o quão duro ele estava
tentando mascarar sua própria dor por Chase. No dia em que
voltamos do hospital para casa depois de encontrá-lo, apenas
ficamos sentados a noite toda conversando sobre Chase e
Shawn e todas as coisas que isso poderia significar. Tínhamos
bebido nosso peso no rum favorito de Chase e acabamos caindo
no sono nas espreguiçadeiras, compartilhando nosso alívio,
nossa dor. Mas, desde então, ele desligou novamente,
deslizando sua armadura Harlequin de volta no lugar.
“Temos de ter cuidado. Não sabemos o que ele disse a
Shawn,” Fox disse, uma ruga se formando em sua
sobrancelha.
“Ele não nos trairia,” eu zombei em descrença.
“Eu não sei mais o que ele faria,” ele murmurou. “Ele já
nos traiu uma vez.”
“Fox...” comecei, mas o som de um carro parando do lado
de fora da porta me alcançou e corri para frente, abrindo-a
quando Mutt começou a latir.
Rogue já estava fora da cabine, pegando a cadeira de rodas
do porta-malas e Chase abriu a porta e saltou. Ele caiu na
cadeira enquanto Rogue a puxava para ele. Ela apoiou a perna
esquerda dele, que estava engessada, e notei a gaze que ele
havia colocado sobre o olho direito também.
Ele usava uma camisa branca simples e shorts pretos,
mas onde quer que eu pudesse ver a carne exposta, havia
cortes, feridas antigas e marcas de queimaduras. Meu coração
se partiu de novo e me vi parado ali, congelado no lugar
enquanto Rogue cumprimentava Mutt, em seguida, movia-se
para levar Chase em direção à casa, me ignorando
completamente. O cachorro imediatamente pulou no colo de
Chase, fazendo-o praguejar enquanto fazia sua perna
machucada sacudir e o cachorro sentou de frente para mim
enquanto ele usava Chase como um trono em movimento.
“Ei,” falei roucamente enquanto Rogue o empurrava direto
para mim e eu sabia que estava bloqueando o caminho para
dentro, mas ainda não conseguia me mover.
“Ei,” Chase disse com o fantasma de um sorriso nos
lábios, mas foi rapidamente engolido pela escuridão em seu
olhar e um olhar de horror absoluto que pairava sobre ele. Eu
precisava fazer isso ir embora, sabia em minha alma. Era meu
dever curar aquela dor de alguma forma, mas eu não sabia por
onde começar.
“Eu estava apenas dizendo a Chase o quão fodão ele vai
parecer com um tapa-olho,” Rogue disse, seu olhar brilhando,
mas não perdi a onda de dor que percorreu sua expressão.
“Você não concorda, J?”
Ela estava fingindo que não dava a mínima de novo,
falando comigo como se nada tivesse acontecido entre nós e
isso era pior do que receber sua raiva. Pelo menos quando ela
estava gritando comigo, eu sabia que ela se importava. Mas
quando ela ficava assim, era como se nós dois nunca
tivéssemos acontecido.
Agora, eu precisava colocar uma cara de corajoso para
Chase, então dei um tapa em um sorriso que se esticou um
pouco demais na minha pele e assenti em concordância. “Sim,
vai ser legal, cara. Você será como Nick Fury dos Vingadores.”
“Você não tem que fazer isso,” Chase disse, olhando para
longe de mim. “Não sou uma criança. Sei como isso vai ser e
não é nada de bom.”
Rogue bateu em sua orelha. “Não seja um deprimente.
Cicatrizes deixam um cara sexy.”
“Mm,” ele grunhiu e eu sorri.
“Ela está certa, cara, você vai transar tanto,” falei, com o
objetivo de animá-lo, mas ele parecia vazio e isso me matou. A
porra de felicidade e alívio que senti por tê-lo de volta agora
estavam sendo totalmente engolidos por aquele vazio em seu
olhar. O que Shawn fez com ele? Ele ficaria bem de novo?
Finalmente saí do seu caminho e Rogue o empurrou até a
porta da frente e levantei as rodas para ajudá-lo a entrar na
casa.
Fox ficou olhando para Chase por um momento sem fim,
onde o mundo estava totalmente silencioso e senti a tensão
rolando no ar como vapores tóxicos.
“Você pode ficar aqui até que possa andar novamente,” ele
disse eventualmente, sua voz dura quando se virou e Rogue
começou a empurrar Chase atrás dele. “Você vai ficar em seu
antigo quarto. O resto desta casa está fora dos limites.”
“Texugo,” Rogue começou com um grunhido.
“Esses são os meus termos,” Fox latiu e dei a Rogue um
olhar que disse a ela para não pressioná-lo sobre isso. Eu
estava dentro em fazer em breve, mas neste segundo só queria
Chase em casa e descobriria como mantê-lo aqui mais tarde.
Ela revirou os olhos para mim, mas não disse mais nada
quando chegamos às escadas e Fox olhou para qualquer lugar,
exceto para Chase quando ele apontou para cima.
“Obrigado,” Chase disse calmamente.
O olhar de Fox deslizou para ele e sua mandíbula pulsou
por vários segundos enquanto ele observava seu irmão
quebrado. “Você disse a Shawn algo que irá prejudicar alguém
nesta casa ou em minha Crew?” Ele demandou.
“Claro que ele não disse,” rosnei.
“Não perguntei a você,” Fox atirou em mim, ainda olhando
para Chase.
“Nada,” Chase disse e meu coração deu um puxão. “Juro
que não contei nada a ele.”
Fox acenou com a cabeça rigidamente, em seguida,
avançou e ofereceu a Chase sua mão. “JJ, me ajude a trazê-lo
para cima.”
“Eu posso me segurar,” Chase começou, mas Rogue
puxou sua orelha novamente.
“O que você vai fazer? Rastejar até lá como um zumbi?”
Ela perguntou e ele bufou, seu pequeno vai e vem tão familiar
que fez um sorriso se contorcer em meus lábios. O que eu daria
para voltar a ser nós quatro nesta casa, mesmo quando Chase
agia como se a odiasse.
Mutt pulou do colo de Chase, rosnando para Fox antes de
correr escada acima.
Chase murmurou algo incoerente, mas deixou Fox ajudá-
lo a se levantar da cadeira e colocou o braço em volta do
pescoço enquanto ele se equilibrava em sua perna boa.
Coloquei seu outro braço sobre meus ombros e prendi meu
braço em volta de sua cintura para apoiá-lo, e foda-se, dei um
abraço apertado também porque eu realmente senti sua falta.
Ele não cheirava bem, cheirava a produtos químicos de
hospital e eucalipto. Não era dele esse cheiro. E isso me
sufocou por dentro. Este não era o homem que eu conhecia
antes de Shawn tomá-lo, ele mudou de maneiras que
provavelmente nunca poderia entender. E isso estava me
destruindo.
Rogue pairou atrás de nós quando chegamos ao patamar
e praticamente o carregamos para seu quarto. Lá dentro, o
deitamos em sua cama e ele suspirou de uma forma que foi de
completo alívio, seu olho bom se fechando e um momento de
paz passando por sua expressão.
“Vou trazer um pouco de comida e água,” Fox murmurou,
caminhando rapidamente para a porta, mas não perdi a agonia
em sua expressão antes de sair.
Mutt reapareceu, pulando na cama e se deitando ao lado
de Chase, apoiando o queixo em seu estômago e Chase escovou
os dedos sobre o pelo em um movimento fluido.
“Precisa de alguma coisa?” Perguntei enquanto Rogue se
movia para apoiar a perna quebrada de Chase em alguns
travesseiros.
“Não, isso é simplesmente... perfeito,” Chase murmurou e
eu tinha certeza que ele adormeceu.
“São os analgésicos,” Rogue explicou, movendo-se para a
cama e escovando alguns cachos escuros da testa de Chase.
“Acho que só fiz com que ele os levasse porque estava muito
fraco para lutar contra mim. Mas eles o deixam com sono.” Sua
voz falhou na última palavra e de repente ela estava chorando
e eu corri para a cama também, envolvendo-a em meus braços
enquanto sentia meu próprio coração quebrar no mesmo ritmo
que o dela.
Eu sabia que ela me odiava, mas só precisava que ela
ficasse bem e, francamente, ter Chase de volta colocou muitas
das minhas merdas mesquinhas em perspectiva. Ela resistiu
ao meu aperto por dois segundos antes de apenas se agarrar a
mim e tentar esconder o rosto contra o meu peito para que eu
não a visse chorar.
“Ele vai melhorar,” prometi.
“Eu não aguento, Johnny James, todo esse tempo ele
estava vivo, sofrendo, pensando que ninguém estava vindo
atrás dele. Que ninguém se importava.”
Eu a segurei com mais força, minha respiração mais difícil
de agarrar com esse pensamento. “Ele está aqui agora,” falei
asperamente. “Nós apenas temos que nos concentrar em trazê-
lo de volta a si mesmo.”
Ela assentiu com a cabeça, farejando quando Mutt se
moveu para lamber seu braço e gemer suavemente como se
estivesse tentando confortá-la também. Ela se afastou de mim,
finalmente, enxugando as lágrimas enquanto se enrolava ao
lado de Chase e não olhou para mim novamente. Ela deslizou
para o meu abraço e agora que estava ausente mais uma vez,
e senti sua falta em mim como um órgão vital.
Chase estava fora de questão, mas de jeito nenhum eu
queria estar em qualquer lugar longe dele, então me deitei do
outro lado, Mutt enrolado entre ele e Rogue.
Rogue gentilmente empurrou os dedos pelo cabelo de
Chase, olhando para seu rosto como se ela tivesse medo de que
ele pudesse desaparecer se ela piscasse. Minha mente girou e
um véu pareceu se levantar dela, escondendo a verdade de
mim o tempo todo. Porque de repente entendi tudo com tanta
clareza naquele momento, tudo o que ela estava tentando me
dizer, entendi como fazia sentido absoluto quando se tratava
de todos nós, mesmo que não fizesse nenhum sentido para o
resto do mundo.
“Você e ele...” comecei, sem saber como dizer, mas seus
olhos lacrimejantes se fixaram nos meus e a verdade estava
bem ali no fundo deles. Ela nem mesmo tentou esconder,
apenas assentiu, mas então as dúvidas cintilaram sobre suas
feições e ela olhou para Chase.
“Nós nos beijamos,” ela admitiu e fiquei surpreso com o
pouco que isso me incomodou depois da raiva que senti ao vê-
la beijar Fox. Embora tivesse mais a ver com o quanto eu temia
perdê-la para ele. Ele a amou abertamente durante toda a sua
vida, decidiu que eles estavam destinados a ficar juntos, mas
não levei em consideração esse plano e sabia que ele faria
qualquer coisa para ter certeza de que isso acontecesse. E por
que ela não iria querer Fox? Ele poderia fornecer a ela tudo que
ela precisava. Ele seria o rei de toda esta cidade um dia e por
que ela escolheria ficar com um prostituto em vez dele?
“Quando Fox o baniu, fui vê-lo no Raiders Gym. Nós dois
estávamos com tanta raiva um do outro, tão odiosos,” ela
sussurrou, sua voz cheia de emoção. “Mas esse é o problema,
JJ, acho que parte do motivo pelo qual o odeio tanto é porque
não o odeio de forma alguma.”
“Ele também não te odeia,” falei em voz baixa. “Desde que
você voltou, ele tem agido como uma criança que não consegue
controlar suas emoções. Mas é isso que ele é, Rogue. Nunca
aprendeu a lidar com a merda porque nunca teve ninguém
para ensiná-lo a lidar. E depois que você saiu, ele se fechou.
Ele não falou comigo e com Fox sobre sua dor por você. Ele
apenas começou a beber, entorpecendo-se e recusando-se a
lidar com tudo o que estava abrigando. Mas às vezes ele ficava
tão bêbado que me dizia o quão quebrado estava por dentro,
como ele não achava que estaria inteiro novamente a menos
que você voltasse para casa, e como ele tinha medo de que se
você voltasse, ele te perderia de qualquer maneira, porque
nunca foi bom o suficiente para te ter.”
Ela suspirou, descansando a cabeça no ombro de Chase
enquanto o olhava. “Por que tudo está uma bagunça?”
“Eu não sei, menina bonita,” falei tristemente, embora ela
não tivesse realmente falado comigo.
Seu olhar deslizou para mim e fui pego olhando para ela,
uma dor de arrependimento em mim pelo que tinha feito.
Chase aparecendo novamente me fez perceber o quão
fodidamente juvenil eu tinha sido, como as coisas podiam ser
tão fodidamente ruins com a virada do vento.
Palavras queimavam em meu peito que eu estava
desesperado para dizer, mas de alguma forma não consegui
forçá-las a sair. Porque eu não poderia voltar atrás no que
tinha feito. Fodi minha única chance com ela e destruí sua
confiança novamente. Sinto muito ter sido um idiota, só estou
com medo de perder você.
Não consegui fazer minha língua curvar em torno dessas
palavras, porque elas não eram o suficiente. Então, apenas me
aproximei mais do meu irmão, fechando os olhos e me
banhando na sensação de tê-lo em casa. Havia uma cunha
cortada do meu coração na forma dele e agora que estava de
volta, eu lutaria para mantê-lo aqui para sempre. Eu não tinha
certeza de como convenceria Fox disso, mas eu muito bem
descobriria. Nós quatro precisávamos um do outro, ele tinha
que ver isso. E certamente Chase pagou bastante por seus
crimes contra nós agora. O problema era que Fox era um idiota
teimoso e tive a sensação de que convencê-lo seria tão fácil
quanto mover uma parede imóvel. Mas eu tentaria. Eu só tinha
que tentar.

####
Acordei com um estrondo e me endireitei, empurrando o
braço de Chase de lado, onde estava esticado sobre mim. A
lâmpada foi derrubada e se espatifou em pedaços.
“Liga a luz!” Ele latiu.
“Woah, woah,” tentei acalmar Chase enquanto ele me
empurrava e lutava contra mim, suas unhas cavando em
minha pele.
Ele tentou passar por cima de mim para sair da cama e o
forcei a recuar, mas ele não parou de lutar comigo, parecendo
estar em um transe frenético.
“Sou eu, cara,” falei a ele, tentando vê-lo na escuridão e
suas mãos relaxaram em mim, começando a tremer em vez
disso.
“A luz,” ele implorou. “Acenda a luz, JJ.”
Levantei-me da cama, cruzando o quarto e ligando-a,
assim que a porta se abriu e Fox estava lá em sua boxer com
uma arma erguida.
“Está tudo bem,” falei, batendo a arma de lado e ele a
abaixou, olhando de mim para a cama onde Rogue ainda tinha
um braço em volta do peito arfante de Chase, um sono
profundo.
“O que está acontecendo?” Fox rosnou, entrando na sala
e olhando para mim em busca de uma explicação, evitando a
expressão comprimida de Chase.
Não tive exatamente uma resposta, então meus lábios
apenas ficaram frouxos e Chase respondeu por mim.
“Ele me deixou muito no escuro,” ele murmurou. “Por um
segundo pensei que ainda estava...” ele parou, sua mandíbula
tiquetaqueando e um rubor de vergonha deslizando em suas
bochechas. Raiva deu um nó no meu peito com isso e voltei
para ele, ajoelhando-me na cama e entrando em sua linha de
visão.
“Você está em casa, Ace,” falei com firmeza. “Você não vai
a lugar nenhum.”
Senti Fox se irritar com essas palavras, mas ele não disse
nada para contradizê-las e eu estava grato por isso. O olhar
frenético de Chase relaxou e ele se recostou no encosto de
cabeça com um suspiro de alívio, colocando a mão nas costas
de Rogue. Ela tirou a camiseta em algum momento, então
estava apenas de sutiã e calcinha esportivos. Ela se aninhou
mais perto dele em seu sono, seus dedos apertando sua carne
enquanto ela murmurava seu nome.
Olhei para Fox, encontrando-o lutando uma guerra em
seus olhos antes de se virar e marchar na direção de seu
quarto, deixando a porta aberta.
O olho bom de Chase estava cerrado enquanto ele
segurava Rogue contra ele de uma forma que dizia que seria
difícil deixá-la ir.
Mudei-me para a janela mais distante, abrindo as cortinas
e olhando para a área do pátio, o céu apenas começando a ficar
pálido. Meu coração pesava mil toneladas enquanto eu estava
lá, sofrendo por Chase e sabendo que ele nunca mais seria o
mesmo depois do que tinha acontecido.
Logo me encontrei deslizando de volta para a cama,
respirando o cheiro dele e tentando encontrar paz no fato de
que nós quatro estávamos juntos nesta casa novamente. Mas,
de alguma forma, tudo que consegui encontrar foi confusão.
Porque Rogue estava com raiva de mim, Chase estava
quebrado, Fox nunca o deixaria ficar aqui por um longo prazo
e Maverick foi separado desta família como um membro que
nunca poderia ser recolocado. Senti o peso de tudo aquilo me
seguindo de volta ao sono, onde apenas pesadelos me
esperavam.

####

Os dias foram passando e caímos em uma rotina em que


Fox evitava Chase tanto quanto humanamente possível,
trazendo comida e bebida para seu quarto enquanto recusava
seus pedidos de cigarros e bebida no lugar dos analgésicos.
Chase só tomava os remédios se Rogue estivesse lá, deixando-
a empurrá-los entre seus lábios e engoli-los com um copo de
leite frio. Cada vez que ela fazia, beijava sua bochecha e algo
me dizia que era por isso que ele fazia.
Sempre que eu o via com ela, ficava claro para mim, sem
sombra de dúvida, que ele estava apaixonado por ela. Imaginei
que sempre soube disso, mas nunca foi tão óbvio para mim
como agora. Algo havia mudado nele desde seu tempo com
Shawn, e ele não lutava mais contra seus desejos de observá-
la. Agora seu olhar a seguia como se ele fosse a terra e ela o
sol, o centro de seu universo, a razão pela qual seu mundo
continuava girando. E a única coisa que me descobri sentindo
sobre isso era tristeza. Porque Fox iria mandá-lo embora
novamente, e ele sabia disso. Provavelmente por isso que ele
estava se permitindo olhar tanto para ela, porque seu período
de recuperação era tudo que ele tinha com ela. E se eu tivesse
sido trancado e torturado em um porão por semanas a fio, com
certeza nunca veria Rogue novamente apenas para encontrá-
la na minha frente mais uma vez, sabia que iria querer beber
cada momento com ela também.
Desde que eu estava trabalhando muito, eu não tinha
visto Rogue com tanta frequência. Eu sentia muita falta dela e
odiava essa tensão entre nós. Mas provavelmente fodi qualquer
chance de nós sermos amigos de novo. Ainda mais qualquer
outra coisa.
Porra.
Eu me desprezei por causa da jogada de merda que fiz com
a conta. O que diabos eu estava pensando? Eu a empurrei, e
para quê? Ela foi a melhor coisa que eu já tive e a cortei porque
estava com muito medo de acreditar que ela pudesse realmente
me querer. O dinheiro com que ela me pagou ainda estava no
envelope que ela me deu, sentado na minha gaveta de cima e
me deixando enjoado cada vez que eu olhava para ele. A ideia
de o que tínhamos sido reduzido a uma transação rasgou as
partes mais quebradas da minha alma, mas fui eu quem fez
isso. Não ela. E eu não sabia como voltar atrás.
Depois que ajudei Chase a tomar um banho e o coloquei
em um short para o dia, o apoiei contra os travesseiros em sua
cama e troquei o curativo em seu olho direito, percebendo o
selvagem X cortando-o enquanto eu fazia. Os médicos o
consertaram da melhor maneira que puderam e estava
sarando bem, mas ele nunca mais veria através dele, o melhor
que podia esperar eram lampejos de luz. Doeu-me todas
aquelas feridas, cada uma como uma faca no meu peito, mas
de alguma forma esta era a pior de todas.
Eu nunca deveria ter parado de procurá-lo.
“Você deveria falar com ela,” ele disse depois de um tempo,
me fazendo franzir a testa. Ele não disse muito desde que
voltou e a primeira coisa que pensei foi o quão bom era ouvir
sua voz, mas então suas palavras se estabeleceram e eu soube
que ele percebeu a raiva entre mim e Rogue. Quer dizer,
imaginei que não era tão difícil de detectar com a maneira como
continuávamos criticando um ao outro e sutileza realmente
nunca foi sua praia.
Sentei-me na beira da cama enquanto terminava de
reparar seu ferimento.
“Quê?” Murmurei, bancando o idiota e ele inclinou a
cabeça para o lado, dando-me um olhar seco que era tão Chase
que me fez rir.
Fox estava fora para sua corrida matinal, então não era
como se eu precisasse cuidar da minha boca, e Chase sabia
sobre nós de qualquer maneira, só não queria falar com ele
sobre essa merda porque sabia como ele se sentia sobre Rogue.
E eu não ia ser um idiota e pedir seu conselho sobre a melhor
forma de fazê-la voltar a ficar comigo, não quando ele estava
deitado na cama aqui assim.
“Estamos bem. Acabamos tendo um desentendimento.”
Encolhi os ombros, mas ele pegou meu braço quando fui me
levantar, me fazendo olhar para ele.
“Não a deixe ir, JJ,” ele rosnou ferozmente, uma
necessidade sombria e urgente em sua expressão. “Ela merece
alguém como você. Você é o melhor cara que conheço, aquele
de nós que manteve um pedaço das crianças que todos éramos.
Você é a escolha certa para ela.” Ele não precisava dizer isso,
mas aquelas palavras falavam de algo que ele não estava
dizendo de qualquer maneira. Que ele não era a escolha certa.
Que nunca foi. E pude ver claramente que ele desistiu de
reivindicá-la para si mesmo.
“Não diga isso,” sibilei, ciente de que Rogue estava apenas
lá embaixo fazendo café e ela poderia voltar a qualquer
segundo. Tentei soltar meu braço de seu aperto, mas seus
dedos se apertaram a ponto de doer enquanto ele me olhava
em desespero.
“Eu tenho que dizer isso. E preciso que você ouça,” ele
disse, a escuridão se desenrolando dentro de seu olho azul
brilhante que estava preso em mim. “Você pode dar a ela o que
ela sempre quis. Ela precisa de um lar. É isso.”
“E quanto ao Fox?” Sussurrei. “Onde ele leva em
consideração? Porquê da última vez que verifiquei, ele estava
disposto a matar para manter as mãos de outra pessoa longe
dela. Talvez você estivesse certo antes, Ace, talvez o que fiz vá
nos destruir. Ou talvez vamos esquecer que já estivemos juntos
e ela vai acabar nos braços de Fox e ele nunca vai a deixar ir.”
“Besteira. Ela olha para você como se você estivesse
partindo o coração dela. Então pare de quebrá-lo e apenas
resolva. Encontre uma maneira, JJ,” ele rosnou. “E faça Fox
entender.”
“Ele vai atirar em mim,” zombei.
“Ele não atirou em mim,” ele falou de volta.
“Isso é diferente,” murmurei, minha têmpora pulsando
com a memória de ver meu irmão de joelhos.
“Bem, diga-me isso, J, você vai apenas deixá-la ir? Desistir
dela e esquecer que a amou?” Ele perguntou com uma lâmina
afiada em seu tom.
Eu já estava balançando minha cabeça. “Você sabe que eu
não posso esquecê-la.”
“Então aceite isso de alguém que sabe o que é
arrependimento, se você a ama, encontre uma maneira de
mantê-la. E se você ama o Fox, encontre uma maneira de
mantê-lo também. É claro que não tenho conselhos sobre como
conseguir nada disso. Mas sugiro que você comece fazendo
exatamente o oposto de qualquer coisa que eu faria.”
“Ace...” suspirei, mas então a porta se abriu e Rogue
apareceu com uma bandeja de cafés e Mutt saltando atrás
dela.
Chase me deu um olhar que me disse para falar com ela
enquanto ela colocava os cafés na mesa de cabeceira.
“Eu tenho um presente para você,” ela disse, mordendo o
lábio enquanto olhava para Chase e enfiava a mão no bolso do
short jeans. Ela pegou um tapa-olho preto, balançando-o em
seu dedo sedutoramente.
“Não,” Chase disse com desdém enquanto olhava para ele
e bufei uma risada.
“Oh, vamos, vai ficar bem em você, Ace, e você pode
manter esse curativo em outro dia de qualquer maneira,” ela
insistiu. “Ooh, a menos que você queira ficar com o rosto de
cicatriz do mundo?” Seus olhos brilharam com a ideia,
mordendo o lábio inferior como se ela gostasse. Ele pensou em
suas palavras antes de arrancar o tapa-olho dela e olhar para
ele em sua palma com uma carranca escura.
Meu peito deu um puxão em sua expressão e odiei como
ele parecia tão enojado com isso. Então ele o enfiou embaixo
do travesseiro e desviou o olhar dela. Ela pegou um copo de
leite de sua bandeja junto com dois comprimidos, movendo-se
para a cama ao lado dele e empurrando-os entre seus lábios.
Ele não a olhou enquanto ela derramava o leite em sua boca e
sua garganta balançava enquanto ele engolia. Mas então ela se
inclinou, pressionando a boca em sua bochecha e seu olho bom
deslizou sobre ela, olhando fixamente, cativado e destruído ao
mesmo tempo. Então ele olhou para mim com uma expressão
que me disse para consertar minhas merdas com ela e eu não
poderia negar nada a ele naquele momento.
Peguei a mão dela quando ela se inclinou para trás e Mutt
deu um pulo, acomodando-se ao lado de Chase e fechando os
olhos, sem tocá-lo exatamente enquanto colocava suas
patinhas dianteiras uma em cima da outra.
“Precisamos conversar,” falei a Rogue, puxando-a para
ficar de pé e ela parecia prestes a protestar, mas apenas a puxei
para fora da sala e não a dei escolha.
“Desculpe, estou sem dinheiro, JJ, não posso me dar ao
luxo de uma foda esta manhã,” disse ela amargamente
enquanto eu a levava direto para seu quarto e fechava a porta
com um chute atrás de nós.
Eu a soltei e fui para o meu quarto, voltando um minuto
depois com o dinheiro que ela me deu para pagar a conta que
entreguei a ela. Porra, eu me sentia um idiota por isso. Eu
tinha que tentar consertar.
“Aqui.” Caminhei até ela e ela cruzou os braços e olhou
para mim.
“Não, obrigada,” ela disse levemente enquanto eu o
estendia para ela.
“É seu. Não estou mantendo. Fui um maldito pedaço de
merda para você e gostaria de nunca ter lhe dado aquela conta.
Foi uma coisa horrível de se fazer.”
“Sim, foi,” falei e acenei o dinheiro para ela novamente.
Ela se afastou e eu peguei sua mão, tentando pressioná-lo em
sua palma. “Não, JJ. Eu não quero.” Ela o arrancou das
minhas mãos e as notas caíram em cascata por toda parte,
chovendo na minha cama.
Ela passou por mim, tentando chegar até a porta, mas eu
entrei em seu caminho, impedindo sua saída.
“Por favor, espere. Sinto muito,” falei em uma respiração
pesada, provando-a no ar e instantaneamente desejando mais.
“Eu fui um idiota. O maior idiota da história dos idiotas e eu
sinto muito.”
“Correção, você é um idiota,” disse ela, erguendo o queixo.
“Sim, mas você tem que me perdoar, porque todos os dias
você fica me olhando assim, está me destruindo e sei que você
está sofrendo também. Eu sei que mereço essa dor e sei que
não tenho o direito de fazer você ficar aqui e me ouvir, mas eu
preciso de você, menina bonita. Por favor.”
Andei em sua direção para que meu peito pressionasse
contra o dela e ela ficou na ponta dos pés, inclinando-se para
trás enquanto tentava não tropeçar com a pressão do meu
corpo contra o dela.
“Vá se foder,” ela sibilou, uma parede em seus olhos e a
frustração correu por mim.
“Você sabe o que Rogue?” Avancei, fazendo-a tropeçar,
mas ela pressionou contra mim como se pudesse me mover.
Eu era uma força dirigindo-a para a cama e, a menos que ela
pudesse me impedir, era para lá que estávamos indo.
“O quê, Johnny James?” Ela perguntou venenosamente.
“Você e eu nunca fazíamos sentido quando éramos
crianças,” rosnei. “Eu era o legal do grupo, e você sempre
precisava de alguém mais ousado que isso. Mas eu não sou
mais legal, menina bonita. Faz muito tempo que não. Posso
brincar e rir com você, mas por dentro minha alma está
pintada de preto. Minhas asas foram cortadas na primeira vez
que vendi meu corpo e desde então tenho caminhado para o
inferno. Mas agora sou ruim, não ruim o suficiente.”
“O que isso deveria significar?” Ela zombou.
“Significa que você precisa de mais do que isso,” rosnei.
“Como me atrair para a Dead Man’s Island para compartilhar
você com meu inimigo.”
“Você parecia muito feliz em jogar junto na época. Não te
arrastei para a água. Você tem falas estranhas, J. Meio confuso
para uma garota, não concorda?”
Pressionei com mais força contra ela, fazendo-a tropeçar
novamente e ela bateu as mãos nos meus ombros, tentando
me impedir, mas ela não estava realmente tentando tanto.
“Compartilhar você com um cara, que me odeia pra
caralho, é muito mais do que confuso. É fodido.”
“Então você não o odeia de volta?” Ela perguntou
levemente e mostrei meus dentes.
“Claro que sim,” rosnei, mas não havia um tom áspero na
minha voz como costumava haver quando eu dizia isso. Ódio
era uma palavra forte para alguém que já foi como um irmão
para mim. “Mas estamos saindo do assunto.”
“Parece muito no tópico para mim. Você sabe que isso é
uma bagunça para mim também, certo? Não sou exatamente a
senhorita estrela pornô aqui filmando Cinquenta Tons de Pau,
não sei o que estou fazendo.”
“Esse é o problema,” rosnei, forçando-a a recuar mais um
passo e prendendo-a entre mim e a cama, a parte de trás de
suas pernas curvando-se levemente enquanto ela lutava para
ficar de pé. “Estamos todos perdidos de novo, como
costumávamos estar. Fox tenta controlar o mundo inteiro para
que possa viver sob a ilusão de que está no comando, Maverick
finge que não há regras, exceto as que ele inventa, Ace luta
contra todos os instintos em seu corpo para tentar segurar as
únicas pessoas ele tinha certeza que ficaria por aqui, e eu estou
aqui tentando provar para você que sou um homem quando,
por dentro, tudo o que sinto é um garoto estúpido que não
sabia o que fazer com você quando criança e ainda não sabe o
que fazer com você como homem. E você,” rosnei, agarrando
sua camisa em minha mão e puxando-a para cima de forma
que ela ficasse na ponta dos pés. “Você está apenas tentando
encontrar o caminho de volta para uma casa que não se parece
com o que era quando você morava nela. Mas ainda é a mesma
casa, ainda são os mesmos meninos. O problema é que todos
vestimos diferentes tipos de armaduras que nos impedem de
nos reconhecer. Mas eu vejo você, Rogue. Vejo suas paredes e
seus estragos e sinto o peso da bagagem que dez anos te
deram. Portanto, sou tolerante porque talvez você precise do
Maverick assim como eu, e talvez precise do Fox e do Ace
também. Mas todos nós sabemos que não existe futuro onde
isso funcione, então o que vamos fazer sobre isso?”
Seus olhos procuraram os meus, sua respiração caindo
pesadamente contra minha boca enquanto eu a segurava
quase no chão. Ela parecia tão gostosa assim, presa na minha
armadilha, ofegando por mim. Eu tinha ficado duro por ela no
momento em que entrei neste quarto, mas estávamos
oscilando no limite agora, ou prestes a cair neste
relacionamento confuso que não se parecia com qualquer outro
que já conhecido. Ou íamos nos separar e continuar nos
movendo em direções opostas, arrancando o coração um do
outro novamente. E realmente, era sua escolha. Porque eu
podia ter ficado com raiva, mas ainda era dela para fazer o que
quisesse.
“Eu quero dizer ao Fox,” ela admitiu. “Mas não posso
perdê-lo.”
“Se ficarmos juntos, nós o perderemos; se não ficarmos,
perderemos um ao outro,” falei, a raiva torcendo por dentro.
Não era justo, porra. Esperei por ela por dez anos e agora
mantê-la significava perder meu irmão. E nenhuma das duas
realidades era suportável.
“Qual é a resposta?” Exigi dela em um rosnado, furioso
com ela, com Fox em toda a porra do universo.
“Eu não tenho uma,” ela disse, seus olhos brilhando de
emoção. “Tudo o que sei é que quero você, te quero tanto,
Johnny James, mas às vezes também os quero. E não pode
ficar para mim a obrigação de escolher, eu não vou. Porque se
eu tiver que fazer, a escolha recairá sobre ser todos ou nenhum
de vocês. Como sempre foi.”
“Maldição, menina bonita,” rosnei, puxando sua camisa e
forçando seus lábios contra os meus. “Você sabe como isso
termina.” Nossos lábios roçaram, com gosto de coco e tentação
e enquanto meu pau dirigia contra ela, eu sabia para onde isso
estava indo porque não podia resistir a ela. Quando estávamos
tão perto, era como a lua conduzindo a maré. Nada poderia
impedi-la de se chocar contra a costa, puxado por forças além
de nosso controle.
“Eu não posso ficar longe,” ela resmungou, seus dedos
subindo para dar um nó no meu cabelo e ela me beijou,
tentando separar minha boca, deixá-la entrar e eu apenas
permaneci lá enquanto a apreciava querendo mais de mim.
Deslizei minha mão por sua espinha e apertei um
punhado de sua bunda com tanta força que ela engasgou, seus
lábios se separaram e dirigi minha língua entre eles, beijando-
a com toda a fúria cegante crescendo em meu peito.
“Talvez Chase estivesse certo, talvez você seja nossa
ruína,” atirei para ela e ela agarrou meus braços com um
rosnado.
“Vá se foder,” ela retrucou. “São preciso dois para dançar
porra do tango.”
“Não quando o tango é comigo, menina bonita.” Eu a girei
pelos quadris em um movimento de dança que a fez respirar
fundo, puxando-a de volta contra mim. Mudei minha boca para
sua orelha, balançando seus quadris no tempo que a forcei a
dançar comigo, moendo meu pau contra ela e não lhe dando
escolha no assunto. “Não estou culpando você, na verdade,
estou oficialmente tirando a culpa de seus ombros. Porque não
estou mais te oferecendo uma escolha neste relacionamento.”
“JJ,” ela ofegou e a girei de volta para me encarar,
balançando-a na cama e puxando-a para encontrar minha
boca.
Ela estava frouxa em meus braços, me deixando mover
seu corpo como eu queria e eu amava isso. Mantive uma mão
firme em sua bunda, guiando seus quadris enquanto
pressionava meu joelho entre suas coxas e a fazia se mover em
um ritmo que se encaixava na música em minha cabeça. Mas
eu precisava que a música transbordasse da minha carne e
enchesse esta sala até a borda. Então deslizei meu telefone do
bolso, conectando-o ao Bluetooth Beats Pill5 no quarto dela e
tocando a música rolando em minha mente. I See Red de
Everybody Loves an Outlaw.
Coloquei minha mão em seu cabelo, puxando para trás e
correndo a ponta do meu nariz em sua garganta. Então,
quando ela estava inclinada para trás ao seu limite, a soltei
para que ela caísse na cama embaixo de mim sobre todo o
dinheiro e ele se acumulou em volta dela como um mar verde.
Me apertei sobre ela, rolando meus quadris no tempo da
música sensual e ela esculpiu a palma da mão na minha
espinha enquanto eu me alimentava do calor da dança, perdido
na batida enquanto apreciava minhas duas coisas favoritas no
mundo.
Enganchei suas pernas em volta da minha cintura,
balançando meus quadris enquanto suas costas arqueavam e
seus seios estavam pressionados no meu rosto. Forcei seu
sutiã esportivo sobre eles, sugando seu mamilo esquerdo em
minha boca antes de arrastar a coisa sobre sua cabeça e jogá-
lo fora. Suas coxas travaram em torno de mim e me levantei
enquanto a segurava, pressionando-a contra mim com uma
mão em sua coluna e girando-a enquanto ela se agarrava a
mim. O baixo da música bateu em meu crânio tão alto que era
tudo que eu podia ouvir e quando ela se pôs de pé, peguei sua
mão e a girei em uma pirueta, agarrando seu short jeans no
5 Caixa de som.
mesmo movimento e rasgando-o limpo de seu corpo, fazendo
sua respiração engatar. Ela não tinha nenhuma calcinha por
baixo e rosnei minha aprovação quando a girei de volta no meu
peito e sua mão caiu no meu ombro enquanto ela me olhava.
Nós dois paramos de nos mover e ela pegou meu short,
tirando o cordão enquanto nossos olhos permaneceram
travados e meu coração martelou só por ela. Eu não conseguia
desviar o olhar, caindo tão profundamente no azul de suas
írises que pensei que nunca iria sair. E de repente eu estava
me movendo, empurrando-a de volta na cama e subindo em
cima dela enquanto clamava sua boca com um beijo sujo e
desesperado. Eu estava perdido, minha mente uma névoa dela
e nada mais enquanto empurrei meu short para baixo e bati
nela em um impulso furioso de meus quadris.
Um suspiro escapou de mim quando coloquei minha mão
no travesseiro acima de sua cabeça junto com várias notas de
cinquenta dólares, percebendo tarde demais que eu tinha
esquecido uma camisinha pela primeira vez na minha vida. Ela
estava tão molhada, tão apertada, tão quente.
“Oh merda,” gemi.
“Não pare,” ela exigiu, sua boca encontrando a minha e eu
automaticamente obedeci, meus quadris balançando enquanto
eu gemia com a sensação de sua boceta ao meu redor, carne
com carne.
Dane-se os preservativos. Dane-se cada fodida camisinha
do mundo. Nunca, nunca mais usaria uma com essa garota.
“Foda-se, Rogue, foda-se a porra da minha vida,”
amaldiçoei enquanto me movia mais rápido, agarrando a parte
de trás de suas coxas e dirigindo tão profundamente dentro
dela que ela começou a gritar. Ela era tão lisa e sedosa e me
apertava tão docemente. Eu não ia durar, já era um caso
perdido.
O suor gotejava na minha testa enquanto eu agarrava a
parte de trás de suas pernas e a fodia brutalmente enquanto
ela enfrentava cada impulso com gritos de incentivo, a
cabeceira da cama batendo contra a parede e certificando-se
de que Chase sabia exatamente o que estávamos fazendo,
mesmo que seus gritos tivessem já nos entregado.
Suas unhas rasgaram minhas costas e minha testa caiu
na dela quando nos tornamos uma criatura perfeita feita de
nada além de prazer. O dinheiro grudou em nossa carne,
chegando a todos os lugares e esta era uma fantasia que nunca
percebi que tinha enquanto Rogue estava deitada em uma
pequena montanha de dinheiro enquanto fodíamos como
animais.
Eu precisava parar. Tinha que parar, porra. Mas não
conseguia, ela estava muito molhada, muito boa e eu ia
enlouquecer se não terminasse dentro dela. Eu tinha que saber
como era fazer isso, simplesmente não conseguia me conter.
Pensei que sexo era incrível, mas estive delirando porra toda a
minha vida. Porque sem aquela capa de látex entre mim e ela,
sexo não era incrível, era tudo. Era uma razão infernal para eu
existir, porra.
“Oh merda, você é tão bom,” ela gemeu, sua cabeça caindo
para trás e o cabelo do arco-íris espalhando-se por toda parte.
“Eu vou gozar,” rosnei, meus dedos arranhando os
travesseiros enquanto tentava desacelerar, tentei me forçar a
puxar. Mas então ela cravou os calcanhares na minha bunda,
me fazendo afundar ainda mais fundo e meu pau quase
explodiu com o quão perfeito isso parecia.
“Rogue,” avisei, mas seus lábios encontraram os meus e
eu aumentei meu ritmo, perdendo minha cabeça e não dando
importância se eu me comprometesse depois disso. Ela era a
minha razão, toda a minha loucura e eu fodidamente implorei
por cada segundo disso.
Sua boceta apertou meu pau com tanta força, sabia que
ela estava gozando antes mesmo que ela começasse a gemer e
agarrar seu próprio cabelo. Agarrei a cabeceira da cama,
elevando-me acima dela e terminando com um impulso firme
que explodiu minha mente e meu esperma derramou fundo em
sua boceta sem nada para pará-lo.
“Porra, porra, porra,” ofeguei, meus olhos franzindo
quando o melhor orgasmo da minha vida rasgou meu pau.
Segurei meu peso fora dela enquanto sentia a bagunça
quente e pegajosa entre nós e meu rosto se dividir em um
sorriso malicioso enquanto eu olhava para ela. “Deveríamos ter
feito isso antes.”
Ela assentiu em silêncio, afastando as mechas de cabelo
dos olhos. “Foda-me, Johnny James. Acho que seu pau foi
prisioneiro das camisinhas por muitos anos e agora é um
homem livre que está recuperando o tempo perdido. E você irá
mergulha no mel todas as manhãs porque, porra, é bom pra
caralho.”
Puxei para fora dela, rolando de costas ao seu lado
enquanto comecei a rir, arrancando uma nota de cem dólares
do meu peito e jogando-a longe para que caísse em sua coxa.
“Chega de preservativos. Vou queimar todos eles. “
Ela riu, batendo no meu peito. “E se eu engravidar?”
“Você gosta de crianças, certo?” Eu disse e ela me deu um
tapa novamente com uma risada bufante.
“De jeito nenhum, não vai acontecer.”
“Eu não posso voltar, menina bonita. Senti a grama mais
verde, o calor mais delicioso, o melhor vinho fodido,” falei com
um sorriso malicioso. “Sua boceta é meu novo vício.”
Ela virou a cabeça para sorrir para mim, mas nossos
sorrisos derreteram quando apenas nos encaramos e minha
mão encontrou a dela na cama, nossos dedos enrolados juntos.
Eu me senti como aquela criança de novo, e pela primeira vez
não me importei muito com isso. Talvez fosse bom ser ele às
vezes, o garoto que amava uma garota a mil milhas fora de sua
liga. Porque aquele garoto tinha sido feliz e talvez fosse hora de
reivindicar essa felicidade para mim novamente, por quanto
tempo ela durasse.

####

Relutantemente fui para a Afterlife à noite, a pilha de


dinheiro recém-fodido escondido de volta na minha mesa de
cabeceira novamente. Rogue se recusou a pega-lo por pura
teimosia e eu não iria mantê-lo por puro orgulho, então por
enquanto ele apenas ficaria na minha gaveta até que eu
pudesse descobrir como fazer algo com ele para Rogue.
Quando Fox voltou para casa pela manhã, falei a ele que
eu e Rogue íamos surfar e, tecnicamente, íamos, só que
paramos na clínica no caminho para colocar Rogue
oficialmente na pílula. A garota era tão esquecida, então
configurei lembretes diários em seu telefone para lembra-la
também. Porque eu com certeza não iria voltar atrás neste
negócio sem camisinha agora que coloquei meu pau em seu
corpo nu. Johnny P havia ascendido a um plano superior de
existência que valia mais do que todo o ouro do mundo, e ele
com certeza não seria convencido a voltar.
Eu me senti tão bem esta noite, o melhor que senti em
muito tempo, na verdade. Chase estava em casa, Rogue não
estava mais com raiva de mim e as coisas pareciam estar
finalmente voltando aos trilhos. Eu ainda tinha que lidar com
o enorme problema que era Fox, mas por enquanto só iria
apreciar tudo o que estava dando certo e descobrir a melhor
forma de lidar com ele mais tarde. Porque eu estava louco de
amor e realmente não havia mais como voltar atrás para mim
neste momento. Havia complicações, claro, mas que
relacionamento não tinha problemas? Não que eu realmente
soubesse algo sobre um normal porque nunca tive, mas isso
nunca seria normal. Nada sobre o nosso grupo era. Razão pela
qual eu sabia que precisávamos de um tipo diferente de
relacionamento que pudesse resolver todos os nossos
problemas. Quer dizer... seria difícil para Fox concordar com
isso, e a situação de Chase ainda estava para ser vista, mas se
alguém conseguiria descobrir isso, era eu. Afinal, eu era o
acompanhante. Eu tinha a mente aberta por natureza. O
principal problema era que eu estava lidando com alguns dos
caras mais possessivos que já conheci. Mas tínhamos
conseguido compartilhar no passado, e Maverick claramente
ainda tinha forças para fazer isso, talvez os outros também.
Claro, Rick também provavelmente atiraria em mim se
ficasse entediado com nossa situação, mas eu tinha a sensação
de que ele não estava inclinado a fazer isso, considerando que
perderia Rogue também. Então, sim, as coisas não eram
perfeitas, mas talvez pudessem ser, ou talvez eu fosse apenas
um idiota apaixonado cuja cabeça estava nublada pelo
otimismo delirante que vinha com esse amor. De qualquer
forma, eu tinha um plano mal elaborado e muita motivação,
então o quão errado ele poderia realmente ir?
Usei a porta dos fundos para entrar no camarim do
Afterlife e minhas sobrancelhas arquearam quando encontrei
Jessie correndo para frente e para trás entre os caras,
balançando um chapéu-coco para eles.
“Mergulho de sorte, aquele que tirar com meu nome
consegue um boquete!” Ela disse animadamente, estourando
um chiclete e sorrindo para Texas enquanto ele tirava um
preservativo do boné. “Sem trapacear!”
Ele o manteve na mão fechada e Jessie correu até Adam,
onde ele estava se enchendo de óleo para o show ao lado da
penteadeira, sacudindo o chapéu sob o nariz. Suas bochechas
ficaram rosadas e ele balançou a cabeça, mas ela apenas
revirou os olhos e agarrou sua mão, empurrando-a para dentro
do chapéu.
“Vamos, querido, prometo que você vai gostar se ganhar,”
ela encorajou, empurrando um preservativo em sua mão, em
seguida, fugindo novamente.
Di riu, balançando a cabeça para ela. “Bem, isso não é
justo, quem está distribuindo lambidas de boceta grátis para
as meninas? Tive um longo dia.”
“Você não precisa ganhar um jogo para isso, vou te comer
o dia todo e a noite toda, querida,” Texas disse, ajustando a
toalha em volta da cintura e Di jogou o cabelo dela.
“É melhor você pegar um chapéu e alguns preservativos
então, bebê Texas,” ela ronronou de volta e ele se levantou de
um salto, indo para sua penteadeira para fazer exatamente
isso.
“Ok, todo mundo tem um?” Jessie perguntou, saltando na
ponta dos pés, em seguida, percebendo-me e correndo para
frente com um grito. “Resta um, chefe, pode ser o seu dia de
sorte!” Ela bateu os cílios para mim e levantei um sorriso torto.
“Não, obrigado, querida. Dê a Adam duas chances.”
A garganta de Adam balançou quando Jessie se afastou
para colocar o último em sua mão.
Bella estava sentada no colo de Ollie, os dois se beijando
tão imundos que eu tinha certeza de que isso iria se
transformar em uma festa de sexo aqui a qualquer segundo. E
essa não seria a primeira vez. Eu só tinha aceitado boquetes
de Jessie no passado, meus dançarinos precisavam me
respeitar como seu chefe e como eu era basicamente o cafetão
de todos também, precisávamos de alguns limites que
garantissem que pudéssemos continuar trabalhando juntos
sem as coisas ficarem bagunçadas. Agora eu era um homem
conquistado e isso era bom pra caralho, eu gostaria de poder
contar a todos aqui. Mas em vez disso, eu só tinha que manter
aquele segredo enterrado dentro de mim que às vezes era
simplesmente triste. Eu queria que a porra do mundo inteiro
soubesse que Rogue era minha garota, mesmo que isso
significasse que o mundo soubesse que ela era de Maverick
também.
“Alguém me dá um rufar de tambores!” Jessie chamou e
Texas balançou os quadris de um lado para o outro, de modo
que um barulho de tapa soou dentro de sua toalha quando seu
pau bateu entre suas coxas.
“Cara,” ri quando Ruben caiu na gargalhada atrás dele.
“Olhe para seus preservativos” Jessie exigiu, seus olhos
dançando de excitação enquanto ela mordia o lábio e olhava
entre os caras que tinham um na palma da mão. Notei que
Kevin, o zelador, estava parado perto da parede com um
esfregão na mão e seu rosto caiu quando ele descobriu que seu
preservativo não tinha o nome de Jessie.
“Vamos? Quem tem?” Jessie pressionou enquanto Texas
e Ruben mostravam seus preservativos em branco com
expressões de desapontamento.
Meu olhar se voltou para Adam, que estava suspeitamente
quieto, e Jessie correu para ele com um salto, separando seus
dedos para pegar os dois preservativos ali.
“Adam tem!” Ela anunciou, agitando o preservativo de
morango no ar antes de agarrar sua mão e rebocá-lo em direção
ao armário de fantasias.
Ele olhou para mim em alarme, mas a protuberância
enorme em sua boxer dizia que ele não estava lutando tanto
para fugir.
“Adam, Adam, Adam,” comecei a cantar e todos os outros
começaram também, fazendo um sorriso tímido se abrir em
seus lábios enquanto Jessie o levava para dentro do armário.
“Certo, minha vez.” Texas balançou um boné de beisebol
e Lyla e Di tiraram um preservativo cada uma, rindo juntas
assim que Estelle entrou na sala. “Pegue uma camisinha,
Momma Stelle.”
“Não faça isso,” eu a avisei.
“Oh, estamos jogando?” Estelle perguntou sutilmente,
pressionando um vinco de sua camisa vermelha abotoada.
“Stelle, não faça isso” Lyla riu.
“Faça isso, Stelle,” Texas pediu, um olhar travesso em seu
olhar.
“Você é doente, cara,” falei com um bufo. “Eu proíbo você
de oferecer esse chapéu para Stelle.”
“Não seja chato, Johnny,” disse Estelle, acenando com a
mão para mim e tirando uma camisinha da cartola.
“Não olhe ainda,” Texas ordenou antes de levar o chapéu
na direção de Bella no colo de Olly, mas Olly o golpeou e
deslizou a mão entre as coxas de Bella, fazendo-a gemer e
beijá-lo mais uma vez.
Ruben mergulhou nele, tirando uma camisinha do boné
antes que Texas pudesse impedi-lo e soltou uma gargalhada.
“É melhor você chupar meu pau bem se eu ganhar, Texas.”
“Cale a boca, idiota. Isso é para as meninas,” Texas disse
com desdém, mas seu olhar permaneceu em Ruben por um
segundo como se não se opusesse totalmente à sua oferta.
Tirei minha camisa enquanto me dirigia para a minha
penteadeira, pegando meu óleo de amêndoa e começando a
aplicá-lo na minha pele.
Texas balançou os quadris novamente para iniciar seu
pequeno rufar de tambores antes de dizer a todos para olharem
seus preservativos.
“Eu ganhei!” Di chorou.
“Eu também.” Lyla franziu a testa.
“Ooh, o que eu ganho?” Estelle perguntou, agitando seu
preservativo vencedor.
“Espera aí, eu ganhei também,” disse Ruben, arqueando
uma sobrancelha para o Texas.
“Você escreveu seu nome em todos eles, idiota?” Di exigiu,
jogando sua camisinha no Texas de forma que ricocheteou em
seu peito esculpido.
“Sim. Quem é a primeira?” Ele lambeu os lábios e Di e Lyla
gritaram enquanto ele corria para elas, correndo para a porta
enquanto ele as perseguia. Ruben correu atrás deles e Estelle
franziu a testa em confusão enquanto eles corriam para longe.
“Acabei de ganhar algo sujo?” Estelle perguntou.
“Texas está oferecendo oral,” falei a ela e seus olhos se
arregalaram.
“Bem, caramba, se ele não fosse vinte anos mais novo do
que eu, eu aceitaria essa oferta,” ela riu enquanto se virava,
voltando para o bar e eu ri.
Quando o silêncio caiu, o som de Adam gemendo veio do
armário e conectei meu telefone ao Bluetooth, tocando Peaches
de Justin Bieber, Daniel Caesar e Giveon enquanto me
preparava para o show.
Meu olhar caiu em Sparkle em seu tanque de água perto
da janela e me dirigi para ver como ele estava. Não havia mais
restos de bigode no tanque agora porque, caramba, essa
pequena estrela do mar estava se tornando um carnívoro
faminto e eu iria começar a treiná-lo para devorar mais do que
apenas bigodes em breve. Ele pegaria alguns dedos em
seguida, então um dedo do pé, nós trabalharíamos para uma
mão e talvez eu trouxesse mais alguns amigos para que
pudessem trabalhar como uma equipe para destruir partes do
corpo humano. Um dia eu teria um exército de estrelas do mar
comedoras de carne e meus inimigos temeriam suas pequenas
bocas abertas.
“Bom menino, Sparkle.” Salpiquei um pouco de comida de
peixe no tanque como recompensa, mas ele apenas se sentou
na pedra e não olhou para mim. Ele tinha um grande senso de
humor.

####

O show correu sem problemas e eu tinha mulheres


pressionando seus números em minhas mãos em guardanapos
no final dele, joguei tudo no lixo nos bastidores sem olhar duas
vezes. Tom Collins esteve hoje à noite, torcendo por mim do bar
com aquele olhar brilhante que ele sempre me deu. Pedi a
Estelle que lhe oferecesse bebidas de graça porque ele deu uma
gorjeta de cinquenta dólares a todos os garçons e deixou cem
para mim atrás do bar também. Maldito amor que ele era. Eu
esperava que ele fosse para casa, lubrificasse seu pau muito
bem e se divertisse pensando em mim esta noite. Eu realmente
esperava. Abençoado era seu coração.
Lavei o óleo no chuveiro, me sentindo bem para o treino
enquanto colocava uma regata rosa brilhante e uma calça de
moletom preta, pronto para ir para casa. Rogue provavelmente
dormiria com Chase novamente esta noite e eu estava
morrendo de vontade de estar com eles também. Talvez
pudéssemos assistir a um filme e nos abraçar como idiotas,
porque isso era basicamente tudo que eu queria fazer com Ace
ultimamente. Podia ser estranho, mas eu só precisava tocá-lo
para me lembrar que ele ainda estava aqui. Depois de pensar
que ele estava morto todo esse tempo, eu precisava ter certeza
de que ele estava em casa, vivo e seguro. Então não me
preocuparia com isso, porque ele parecia gostar que eu fosse
um esquisitão pegajoso no momento.
Ter minha linda garota em uma cama conosco era a
melhor sensação do mundo. Eu gostaria que Fox se juntasse a
nós. Sabia que ele às vezes entrava sorrateiramente no quarto
à noite e nos observava dormir. Sempre que acordava e o senti
ali, um sorriso aparecia em meus lábios porque me dava
esperança de que ele estava aceitando a ideia de Chase ficar.
Tentei falar com ele sobre isso algumas vezes até agora,
mas ele apenas me dispensou, disse que não havia uma
discussão a ser feita e que Chase tinha que ir. Mas certamente
ele não quis dizer isso. Eu podia ver a maneira como olhava
para ele, a maneira como ansiava por perdoá-lo e deixá-lo ficar.
Então, por que ele não podia simplesmente se permitir fazer
isso e deixar que todos finalmente fôssemos felizes? Chase já
havia passado pelo suficiente, no que me dizia respeito. E ele
salvou Rogue na Dollhouse. Certamente Fox poderia perdoá-lo
agora que ele sabia disso?
Acenei um adeus a todos enquanto empurrava meu
telefone no bolso e saía pela porta dos fundos para o
estacionamento, o ar da noite quente contra minhas bochechas
enquanto me dirigia para o meu GT. Um assobio pegou meu
ouvido e me virei bruscamente, lamentando não ter uma arma
comigo no momento antes de meus olhos pousarem em Fox
encostado na lateral de sua caminhonete. Desde que Shawn
ficou quieto após o esfaqueamento de Rogue, fiquei um pouco
complacente ultimamente, mas eu definitivamente precisava
parar com isso, porque não acreditei por um segundo que
aquele idiota estava morto. Seus homens foram avistados na
periferia da cidade, espreitando como cães vadios e sabíamos
que eles teriam se mudado agora se seu chefe vira-lata tivesse
subido e morrido.
“Quer ganhar algum dinheiro comigo, irmão?” Ele
perguntou e meu coração se ergueu.
“Sim, claro, qual é o plano?” Em vez disso, fui até ele
enquanto ele saía da caminhonete e a destrancava. Ele usava
uma camisa branca com jeans e tinha uma arma enfiada nas
costas deles.
“Você sabe que a garota Tatum com quem Rogue anda
saindo?” Ele perguntou e assenti. “Bem, um de seus
namorados tem um trabalho para nós.”
“Um deles?” Perguntei em confusão. Rogue não
mencionou essa parte. Essa garota tinha vários namorados?
Não era assim, meu novo sonho?
“Sim,” Fox bufou. “Você pode imaginar compartilhar uma
garota? Eu acabaria matando todos os outros namorados.”
Soltei uma risada nervosa enquanto contornava sua
caminhonete e entrei no lado do passageiro enquanto ele se
sentava no banco do motorista.
“Quer dizer, não é a pior ideia,” falei e Fox zombou.
“Não faz sentido para mim de forma alguma. É como
aquele livro que você me emprestou, certo? A porra do drama
da garota não escolher é ótimo para uma história, mas ela vai
acabar ficando com Gabriel no final e pronto. Eles estão
destinados.”
“E se eles estiverem todos destinados a ela?” Perguntei
com uma carranca.
“Não funciona assim. Você só pode ter um companheiro
vinculado a uma estrela no mundo de Solaria, e Gabriel pode
ver o futuro. Ele já sabe que será ele.”
“Bem, talvez as estrelas não devam escolher,” mordi mais
forte do que eu pretendia. “Talvez a garota deva.”
“Ela vai escolher. E vai escolher Gabe,” Fox disse com um
encolher de ombros.
“Não o chame de Gabe,” rosnei e a cabeça de Fox girou
para olhar para mim.
“Qual é o seu problema? Ele não é o seu favorito? Dante é
uma boa segunda escolha, mas ele parece muito disposto a
compartilhá-la com...”
“Talvez seja esse o ponto, Fox. Talvez eles devessem
compartilhá-la. Talvez o destino não deva decidir,” falei com
raiva e uma ruga se formou entre seus olhos.
“Isso é ridículo.” Ele acenou a mão em descaso, ligando a
caminhonete e indo para a estrada. “Nunca funcionaria.”
“Você mesmo disse que a garota Tatum tem alguns
namorados. É claro que pode funcionar na vida real, ou eles
não estariam juntos.”
“Olha, não me entenda mal, eles parecem felizes e tudo.
Mas...”
“Mas o quê?” Perguntei friamente.
“Bem, como esses caras podem ficar genuinamente
satisfeitos com essa situação? Alguns deles devem ser deixados
de fora, ela provavelmente tem um favorito e os outros estão lá
apenas para realizar algumas fantasias de sexo grupal que ela
tem.”
“Por que é tão impossível para você acreditar que ela os
ama do mesmo jeito?” Exigi.
“Cara, não achei que você conhecesse a garota.”
“Eu não,” rebati. “Mas talvez funcione.”
“Sim, acho.” Fox encolheu os ombros. “É difícil entender.
Prefiro morrer do que compartilhar minha garota.”
“Rogue não é sua garota,” murmurei.
“O quê?” Ele rosnou e meu coração bateu furiosamente.
“Ela não quer ser possuída.”
“Eu sei disso. Não estou tentando comprá-la,” disse ele
com desdém. “Estou tentando amá-la.”
“Bem, talvez você devesse perguntar a ela o que ela precisa
para ser amada,” falei, suavizando meu tom.
Eu não queria brigar com Fox. E realmente não queria
brigar com ele por Rogue. Isso era o que eu mais estava
tentando evitar, se ao menos conseguisse descobrir como fazê-
lo ver que o fato dela me amar não significava que não o amava
também. Porque eu estava começando a entender que o fato
dela querer Fox não diminuía o quanto ela me queria.
“Eu sei do que ela precisa,” ele disse arrogantemente e eu
respirei, não querendo que isso se transformasse em uma
briga.
Dirigimos até uma rua escura que levava a Sunset Beach
e Fox saiu da caminhonete, acenando para que eu o seguisse.
Descemos para a areia e meu olhar se fixou em uma fogueira
mais acima na praia, para a qual começamos a caminhar.
A batida das ondas contra a costa se misturava com
gemidos no vento e semicerrei os olhos para ver algumas
pedras formando um semicírculo na água, criando uma área
um pouco tranquila e isolada no mar. Algumas formas escuras
se moviam lá e outro gemido feminino chegou até nós enquanto
eu olhava para os corpos pressionados juntos na água.
Um deles se afastou e um cara grande e tatuado emergiu
da água, subindo a areia enquanto a luz do fogo se derramava
sobre ele e ele acenou para nós em reconhecimento. Ele estava
com um calção de banho branco e, puta merda, estava
agarrado ao seu pau monstro, que estava saudando a lua. Eu
tive que sufocar uma risada quando Fox cruzou os braços ao
meu lado.
“Ei idiotas,” ele disse, mas de uma forma que era mais
amigável do que insultuosa.
“Você poderia ter ligado para nos dar as informações do
trabalho em vez de nos convidar para sua orgia na praia,” Fox
apontou.
“Saint está sempre grampeando minhas ligações, e isso
tem que ser mantido em segredo dele,” o cara disse sério.
“Ele não está aqui?” Fox olhou para a água enquanto
outro gemido alto vinha de lá. Jesus.
“Estará mais tarde, mas teve uma reunião de negócios.”
“Eu tenho um relacionamento para manter com ele,” disse
Fox. “Esse trabalho vai comprometer isso?”
“Não,” disse ele com desdém. “Ele não vai saber que vocês
estiveram envolvidos. É apenas parte de uma pequena piada
de família. Nada prejudicial. E vou te dar três mil por isso.” Ele
sorriu sedutoramente.
Olhei para Fox com esperança, o som daquele dinheiro
verde me deixando com fome. “Estamos dentro?” Perguntei Fox
e ele se virou para mim com um aceno de cabeça.
“Tudo bem, se Saint ficar chateado é com você,” Fox disse
e o cara acenou com a cabeça.
“Aguentarei a bronca se for necessário. Juro por meu
coração,” ele disse com um sorriso. “Aqui está o que eu quero.”
Ele pegou uma mochila ao lado do fogo, tirou um telefone e nos
mostrou uma imagem na tela de uma estátua de lula branca
em um parquinho no centro de um parque gramado. “Eles
acabaram de instalar no parque Blue Springs, no Upper
Quarter.”
“Para que diabos você quer isso?” Bufei e o cara riu.
“Acho que vai ser uma ótima adição à sala de música de
Saint,” ele disse com um encolher de ombros. “Deixei o portão
lateral aberto em casa. Ninguém vai estar lá por algumas
horas, então, quando conseguirem, basta enfiá-lo pela lateral
da casa e deixá-lo sob a lona que deixei para trás do Porsche
da Tatum. Deixei o dinheiro lá em um envelope também.”
Os gemidos de Tatum começaram a crescer e o cara olhou
para a água com calor em seus olhos. “Estamos todos bem?
Porque eu tenho que fazê-la gemer mais alto do que isso para
provar de quem é o pau que ela prefere.”
“Sim, estamos bem.” Fox disse, apertando sua mão e nos
viramos enquanto ele voltava para a água, nadando sob as
ondas enquanto se dirigia para sua garota e quem estava lá
fora, fazendo-a gemer.
Uma pequena pontada de ciúme passou por mim ao ver
como era obviamente fácil para eles apenas estarem juntos.
Fox não poderia embarcar nisso? Parecia muito divertido. E eu
já estava evocando minha própria pequena fantasia de trazer
Rogue aqui na água com Fox. Ele não poderia ser apenas um
idiota possessivo enquanto eu estava lá lambendo o clitóris de
Rogue? Era uma situação tão horrível para se estar?
O conjunto de sobrancelhas de Fox disse que ele estava
atualmente confuso pra caralho com o que tinha acabado de
testemunhar e achei que compartilhar minha pequena fantasia
com ele terminaria em uma bala entre meus olhos.
“Do que você acha que é a lula?” Murmurei para Fox
enquanto voltávamos para sua caminhonete e entrávamos.
“Nenhuma porra de pista,” ele disse, começando.
“Aposto que é uma coisa sexual,” falei pensativamente.
“Todos aqueles tentáculos, sabe?”
“Não sei, J.” Fox olhou para mim com uma risada.
“Talvez Tatum goste de pornografia alienígena com
tentáculos.”
“Quem diabos gosta de coisas assim?” Fox zombou e as
memórias formigaram nas bordas da minha mente por
trabalhar na Dollhouse.
“Bem, você ficaria surpreso com o tipo de coisa que
algumas pessoas gostam.”
“Você acha que Rogue gosta de merdas estranhas como
essa?” Ele se perguntou em voz alta.
“Nah, ela gosta de violência e acho que ela foderia
qualquer um usando merda de Power Ranger Verde, mas...”
“O quê?” Ele me cortou em um rosnado e percebi que tinha
acabado de deixar escapar isso como um idiota de merda.
“Como você saberia do que ela gosta?”
“Porque ela me conta merdas,” falei rapidamente,
encolhendo os ombros e ele bufou.
“Ela nunca fala comigo sobre nada.”
“Isso é porque você está muito ocupado mandando nela
para ouvi-la falar na maior parte do tempo.”
Ele suspirou, seus dedos flexionando contra o volante e
meu olhar se fixou na necessidade queimando em seus olhos,
fazendo meu peito apertar. Eu sabia que ele a amava tão
profundamente quanto eu, e desejei que houvesse algo que eu
pudesse fazer para fazê-lo aceitar a ideia de que ela era nossa.
Não apenas dele. Mas seria um milagre convencê-lo disso, e eu
estava cansado. Talvez tivesse sorte e encontrasse um gênio
em uma garrafa na praia um dia desses, então começaria a
desejar que nossa família se reunisse tão fortemente que nada
pudesse nos quebrar. Nem isso.
Eu era uma covarde. Uma grande covarde. Ou... talvez eu
fosse apenas uma idiota. Sim, isso se encaixou com bastante
precisão também.
Olhei por cima do ombro enquanto o vento frio da manhã
emaranhava meu cabelo atrás de mim e o barco zunia sobre as
ondas em alta velocidade. Mutt estava em um dos assentos
acolchoados à direita da lancha, com o nariz voltado para o
mar salgado e as orelhas balançando ao vento.
A qualquer momento, Fox e JJ estariam em casa da
corrida. Eles voltariam para a casa, encontrariam meu bilhete
na ilha da cozinha e...
Meu celular começou a tocar no meu bolso e meu
estômago torceu em antecipação da explosão que se
aproximava.
“Ei,” respondi alegremente, olhando para o horizonte onde
o sol nascente estava fazendo o mar brilhar como diamantes.
“Que porra de nota é essa?” Fox exigiu.
“Achei que era bastante autoexplicativa,” respondi.
“'Foi tomar chá com o Rick?' O mesmo Maverick que quer
nosso sangue, que odeia todos nós e...”
“Salvou a vida de Chase? Sim, é esse. Trouxe para ele uma
cesta de frutas de todos vocês para dizer obrigado. E devo
acrescentar que os três deveriam estar entregando este
agradecimento vocês mesmos. Quer dizer, vou deixar Chase de
fora devido ao seu estado incapacitado e tudo isso, mas você e
JJ devem Maverick agora e você sabe disso.”
A linha ficou em silêncio por vários segundos, embora eu
tivesse quase certeza de que podia ouvir o som de Fox rangendo
os dentes.
“Eu quero você de volta ao anoitecer.”
“E eu quero que a lua viva no meu bolso. Sonhos são
coisas bonitas, Texugo, mas ainda não descobri por quanto
tempo estarei visitando Rick, então apenas acalme suas
cebolas, confie em mim como você diz que confia e desfrute de
algumas horas de paz. Ou dias. Tanto faz. Vou mantê-lo
informado.”
“E o que exatamente eu devo fazer enquanto estou pirando
com o que você pode estar fazendo aí?”
“Bem, Chase precisa de um banho de esponja,” sugeri.
“Você poderia cuidar disso e talvez fazer um vídeo em câmera
lenta para mim enquanto está nisso. Ensaboe-o bem, Texugo.
Sei que você é o homem perfeito para o trabalho.”
Fox concordou veementemente, ou começou a me xingar.
Difícil dizer com o rugido do motor da lancha e o barulho das
ondas. Então simplesmente cortei a ligação e mordi meu lábio
enquanto dava a essa fantasia algum tempo no ar em minha
mente.
Mutt latiu animadamente e olhei em sua direção, um
sorriso dividindo minhas bochechas quando vi o que ele viu.
Um golfinho saltou da água ao lado do barco, outro logo atrás
dele e meu coração inchou quando avistei mais e mais deles
correndo atrás de mim.
Comecei a tirar fotos e enviá-las para o bate-papo em
grupo que fiz com os meninos. Foi projetado para dar a Chase
uma pequena espiada de sua janela no mundo enquanto ele
estava se recuperando, e comprei para ele um novo telefone
especialmente para o trabalho. Ok, ok, o roubei. De uma
criança. Mas, falando sério, aquele garoto precisava passar
menos tempo em seu telefone e mais tempo curtindo o mundo,
então fiz a ele um bom favor. Além disso, Chase precisava mais
e eu queria que ele lembrasse que havia muitos motivos para
sorrir, mesmo quando a escuridão se apoderou dele, porque
essa era a única maneira que ele iria sobreviver à escuridão
com a qual Shawn tentou manchar sua alma. Porém, apenas
eu e JJ realmente enviamos alguma coisa para o chat. Fox
ainda estava bancando o idiota rabugento e Chase claramente
não estava interessado, exceto que pude ver que os dois viram
as mensagens.
Tirei algumas selfies com os golfinhos no fundo e apertei
meu rosto ao lado do de Mutt e até fiz um vídeo rápido comigo
conversando com os golfinhos em sua língua nativa.
JJ me enviou uma nota de voz dele rindo do meu lugar
por personificação e apreciei a companhia dos golfinhos por
mais da metade da viagem através da água antes que eles se
afastassem de mim quando me aproximei da Dead Man’s Isle.
Os bandidos armados ergueram as armas e gritaram
merda comigo enquanto eu acenava com entusiasmo e levava
o barco até o final do cais. Joguei a corda de amarração no
rosto de um cara que estava apontando uma pistola para mim,
e ele rosnou com raiva ao pegá-la.
“Ei, Dave!” Falei com um sorriso enquanto levantei Mutt
do assento e o ajudei a subir no píer. Tive que escalar minha
prancha de surfe e a prancha nova e irada que comprei para
Rick, e a cesta de frutas era uma cadela pesada, então eu a
passei para um Dave relutante antes de subir eu mesma.
“Meu nome é Rupert.”
“Cara, é o meu sotaque. Você não pode me culpar por um
leve sotaque na pronúncia.” Falei, acenando enquanto me
virava para o barco e me inclinava para começar a puxar as
pranchas de surfe para fora.
“Bem, olhe o que a maré trouxe,” a voz de Rick me chamou
enquanto eu estava com o traseiro para cima em meu vestido
de sol branco e meio no barco. Eu me virei tão rápido que caí
de bunda nas tábuas de madeira.
Maverick estava lá, braços cruzados e carrancudo,
vestindo um par de shorts pretos e uma regata preta com um
par de óculos escuros no rosto. Honestamente, aquele cara era
um clichê ambulante, mas ele fazia parecer quente pra caralho,
então quem era eu para reclamar?
Abandonei as pranchas de surfe e pulei de pé com um
pequeno grito, saindo em uma corrida enquanto ia para ele e
um bando de seus malditos homens idiotas ergueram suas
armas.
“Se algum de vocês apontar sua arma para ela novamente,
eu vou...” Rick interrompeu enquanto pulei nele, braços e
pernas totalmente em volta dele e meu peso o acertando em
velocidade de modo que ele cambaleou um passo para trás
antes de conseguir equilibrar-nos. “O que você está...”
Eu o calei com meus lábios nos dele, beijando-o quente e
forte, meus dedos agarrando seu cabelo enquanto ele agarrava
minha bunda e me beijava de volta com igual ferocidade.
Porra, senti falta dele. Eu odiava essa água que nos dividia
o tempo todo. Odiava saber que ele estava tão perto e tão longe
ao mesmo tempo. Sunset Cove pode ter começado a me parecer
casa de novo, mas nunca seria enquanto ele permanecesse
longe dela. De mim. De nós.
Rick se separou dos meus lábios e deixei cair minha boca
em seu pescoço, minha pele aquecendo e queimando sob seu
toque enquanto eu beijava e mordia sua carne, a raspagem de
sua barba contra meus lábios me fazendo gemer.
“Vão se foder,” ele latiu alto para seus homens. “Cada um
de vocês.”
Houve uma onda de movimento ao nosso redor, mas eu
estava cega para isso enquanto Maverick usava seu aperto na
minha bunda para balançar meus quadris sobre a
protuberância espessa de sua ereção entre minhas coxas.
Ele nos virou em direção a uma pequena cabana de vigia
no final do cais onde se encontrava com a areia da praia e
bateu minhas costas contra ela com força suficiente para
forçar meus pulmões a respirar.
“Senti sua falta, baby,” ele rosnou contra meus lábios, sua
mão passando por baixo da bainha da minha saia enquanto
ele encontrava o cordão prendendo a barra do meu biquíni no
meu quadril. “Senti falta desses seus olhos azuis oceano. Esses
lábios imundos.” Ele mordeu meu lábio inferior para acentuar
esse ponto e gemi enquanto ele puxava a linha do biquíni.
“Senti falta dessa bunda redonda.” Ele deu um tapa forte o
suficiente para me fazer ofegar, enquanto seus quadris me
mantinham presa contra a cabana e sua outra mão puxava o
outro lado da parte de baixo do meu biquíni. “Senti falta da
porra dos seus seios perfeitos,” acrescentou ele, puxando meu
vestido para baixo com força suficiente para fazê-los derramar
por cima dele antes que sua boca se fechasse sobre o meu
mamilo e seus dentes se arrastassem pela ponta dura de
diamante dele. “E senti falta dessa boceta molhada e quente.”
“Jesus, Rick,” engasguei, minha cabeça caindo para trás
enquanto o sol batia em nós e o mar batia ao nosso lado.
“Porra, você se sente como o céu,” ele gemeu, puxando
quase todo o caminho de volta para fora de mim antes de dirigir
novamente com força. “Isso é com certeza o mais perto que vou
chegar de lá de qualquer maneira.”
“Eu não quero o céu, Rick,” gemi. “Gosto muito do escuro
para isso.”
Maverick riu sombriamente, suas mãos se reposicionando
para agarrar minha bunda enquanto ele se afastava novamente
e me olhava nos olhos. “Diga.”
Mordi meu lábio enquanto olhava para ele, movendo
minhas mãos para brincar com meus seios e puxando meus
mamilos enquanto ele observava como um lobo faminto. “Você
é meu dono, Papai,” provoquei. “Então prove.”
Os olhos de Maverick brilharam com fogo e ele bateu em
mim novamente com tanta força que eu sabia que meus gritos
estavam sendo ouvidos por cada um de sua gangue, não
importava o quão longe eles correram ao seu comando. Mas eu
não me importava porque ele era meu dono e se ele queria que
o mundo inteiro soubesse disso, eu iria deixá-lo mostrar a eles.
Maverick me fodeu cada vez mais forte, minhas unhas
mordendo seus ombros enquanto eu dirigia meus calcanhares
em sua bunda para encorajar mais, minha boceta agarrando
seu comprimento duro com força enquanto cada impulso me
empurrava mais e mais perto do esquecimento.
Ele me beijou como se estivesse tentando me devorar, sua
língua adorando a minha enquanto ele bebia o som dos meus
gemidos.
Ele levou a mão à minha garganta e o barulho que me
escapou enquanto ele fechava os dedos com tinta ao redor era
puro sexo.
Seus olhos encontraram os meus enquanto ele dirigia em
mim cada vez mais forte, seu aperto aumentando e meus
quadris batendo até que eu não conseguia respirar, e todos os
meus danos foram forçados à superfície da minha pele. Mas
quando ele olhou para mim naquele lugar cru e quebrado, a
fome em seus olhos apenas se aguçou, seu pau dirigindo em
mim ainda mais ansiosamente até que eu estava quebrando
para ele, explodindo e gozando tão forte que minha visão
escureceu.
Maverick me beijou com força enquanto liberava seu
aperto na minha garganta, seu pau mergulhando dentro e fora
de mim enquanto minha boceta tinha espasmos em torno dele
e cavalguei onda após onda de prazer.
Mas antes mesmo de eu descer do meu barato, ele estava
me puxando e me colocando de joelhos diante dele.
“Abra bem, linda,” ele comandou, um punho em meu
cabelo enquanto pisquei para ele através da névoa do meu
orgasmo.
Fiz o que ele mandou, gemendo em torno de seu pau
enquanto ele o colocava entre meus lábios e começava a foder
minha boca exatamente como queria. Ele não foi gentil comigo,
mas isso só fez ficar mais quente, sabendo que ele estava
tirando o que precisava do meu corpo exatamente do jeito que
gostava.
Seu eixo inchou e inchou na minha boca e com um gemido
gutural, ele gozou forte, derramando seu sêmen na minha
garganta enquanto eu meio que engasgava com seu pau.
Ele se afastou com um suspiro como se estivesse
precisando disso mais do que palavras pudessem expressar e
sorri para ele enquanto mordia meu lábio inchado.
“Diga-me quem é sua dona, baby.” Provoquei e ele sorriu
para mim.
“Você, linda. Só você. Sempre você.”
Rick me colocou de pé e puxei meu vestido de volta para
cobrir meus seios enquanto ele endireitava seu short. A única
peça de roupa que realmente saiu de qualquer um de nós foi a
parte de baixo do meu biquíni em nossa pressa de nos
reunirmos e levou apenas um momento para prendê-lo
novamente.
Avistei Mutt sentado na outra extremidade do cais,
olhando para o mar com as orelhas para trás. Ele olhou por
cima do ombro para mim, e juro que se os cachorros
levantassem as sobrancelhas julgadoras, então era isso que ele
estava fazendo. Mas o vi transando com uma gaivota morta
outro dia na praia, então quem era ele para julgar?
“Então, você vai me dizer o que eu fiz para ganhar aquele
presentinho?” Maverick perguntou curiosamente, seu olhar
caindo para a cesta de frutas que tinha sido abandonada no
cais ao lado do meu barco.
“Você sabe o que fez,” zombei. “Você salvou Ace. Você o
trouxe de volta para nós.”
“Não sei se diria assim,” disse Rick com desdém. “Eu só
não queria que outro idiota levasse embora minha presa. Se
alguém vai retalhar os Harlequins, então serei eu.”
Corri a mão pelo meu cabelo e olhei para ele, balançando
a cabeça em descrença. “O que quer que você queira dizer a si
mesmo, Rick. Mas nós dois sabemos que você não pode
enganar uma mentirosa. Então, corte a merda e aproveite a
cesta de frutas que os meninos enviaram para dizer obrigado.”
“Se um Harlequin teve algo a ver com a criação daquela
cesta, então não quero ter nada a ver com ela.”
“Oh, sim, Fox brotou uma árvore de abacaxi direto de sua
bunda, especialmente para a ocasião,” zombei.
“Abacaxis não crescem em árvores,” grunhiu Maverick.
“Err, sim, eles crescem. Como cocos,” eu discordei.
“Não, não crescem. Eles crescem no chão em coisas de
arbustos gramíneos.”
“Isso parece super improvável, cara. Os corvos iriam pegá-
los se eles simplesmente crescessem no chão.”
“Os corvos podem voar, então se eles quisessem comer
abacaxis, poderiam obtê-los de uma árvore tão facilmente
quanto do solo,” argumentou Rick.
“Então você admite que eles crescem em árvores?” Exigi.
“Não. Basta pesquisar no Google.”
“Eu não confio em nenhum alienígena na internet, Rick.
Acredito no que vejo com minha própria imaginação. E
abacaxis definitivamente crescem em árvores.” Peguei a cesta
pesada de frutas e coloquei em seus braços antes de pegar meu
telefone e tirar uma foto dele segurando-o. “Sorria, cara, você
não parece legal quando faz essa carranca assim nas fotos,
parece apenas mal-humorado.”
“Foda-se. Por que você está tirando fotos minhas, afinal?”
“Estou apenas enviando sua gratidão aos meninos. Ah,
olhe, aqui está uma resposta, Fox diz que espera que você não
se engasgue com nada disso. Aww, que fofo.”
Maverick latiu uma risada, seu olhar chicoteando de mim
para o barco onde ele avistou as duas pranchas de surfe e ele
ficou imóvel.
“Sobre o que é isso?” Ele perguntou, colocando a cesta de
frutas novamente.
“Bem, eu estava pensando naquela vez em que você me
manteve prisioneira aqui na sua ilha do tédio e em como você
não fez absolutamente nada divertido durante todo o tempo
que estivemos aqui. E então percebi que nunca tinha sequer
cheirado alguma cera de prancha em você, e percebi que você
não deve ter se esforçado para comprar uma prancha ainda.
Então, por ter salvado Ace, e eu estar sentido todo tipo de
gratidão, comprei uma para você.”
“Achei que o sexo era a sua maneira de dizer obrigada,”
ele grunhiu, sua máscara era uma espécie de vazio que me deu
a sensação repentina de que ele estava prestes a se recusar a
surfar comigo.
“Não, cara. O sexo era porque você é quente e tem um pau
muito grande. Mas o surfe é o meu presente para você. Então
você vai vir pegar ondas comigo ou também é cagão?” Puxei
meu vestido pela cabeça e o deixei cair no cais de madeira para
que eu ficasse parada lá em meu biquíni azul marinho.
Maverick ainda parecia inclinado a dizer não, então
suspirei dramaticamente e comecei a puxar minha própria
prancha para fora do barco.
“Acho que vou ter que dizer aos meninos que você não
pode surfar merda nenhuma hoje em dia.”
“Eu não surfo desde a última vez que você e eu estivemos
na água juntos, linda,” Maverick disse em um tom baixo e eu
parei, meu coração torcendo com suas palavras.
Ele costumava amar o surf quase tanto quanto eu. Eu ia
para a praia todas as malditas manhãs com minha prancha
antes da escola e todos os outros se juntavam a mim com
frequência variada, mas Rick estava lá mais. Éramos livres
quando estávamos na água. Eu sabia que estava sentindo falta
disso como uma louca enquanto estava longe deste lugar e tive
a sensação de que ele poderia aproveitar um pouco de
liberdade ainda mais do que eu.
“Tudo bem,” ele concordou finalmente, me cutucando de
lado enquanto pegava as duas pranchas e as tirava do barco.
“Irei surfar com você, desde que você passe a noite. Estou farto
de dormir em uma cama em que você não está e quero acesso
irrestrito a esse seu corpo a noite toda.”
“Fique quieta, vagina pulsante,” engasguei, me abanando
como se eu fosse uma senhora chique repreendendo sua
garota. “Eu acredito que temos um acordo, Sr. Stone.”
Rick sorriu para mim e acompanhei o ritmo dele enquanto
íamos para a praia e as ondas.
Seu braço roçou o meu e fechei meus olhos enquanto o sol
batia sobre nós e o mar batia contra a costa, certa por um
momento de que eu realmente estava em casa e sabendo pela
primeira vez que o sorriso em meu rosto era cem por cento real.

####

Acordei de repente no meio da noite, desorientada no


início enquanto pisquei na suíte de Maverick e deixei as
memórias de ontem à noite se estabelecerem em meu cérebro
enquanto percebia onde estava. Havia uma dor surda entre
minhas coxas, que tinha muito a ver com todo o sexo violento
que tivemos, e meu corpo estava machucado e dolorido da
melhor maneira possível. Mas não foi isso que me acordou.
Maverick gemeu em seu sono ao meu lado, se virando e
virando violentamente enquanto algum pesadelo o
pressionava. Um brilho de suor agarrou-se a sua pele e sua
testa estava franzida quando uma única palavra escapou de
seus lábios.
“Pare.”
“Rick,” murmurei, me virando em direção a ele com meu
coração batendo forte enquanto tentava despertá-lo de todos
os horrores que haviam se apossado dele enquanto ele dormia.
Ele se debateu na cama com mais violência e estendi a
mão para ele, a pousando em seu ombro quando fiz um
movimento para sacudi-lo. Mas no momento em que minha
pele se encontrou com a dele, um rugido furioso escapou dele
e gritei de surpresa quando ele se virou para mim.
Seus olhos se abriram, mas eles estavam em branco e sem
qualquer sinal do garoto com quem cresci e quando sua mão
travou em volta da minha garganta, um grito de medo me
escapou.
Maverick jogou seu peso em mim, minhas costas batendo
contra o colchão enquanto seu aperto em minha garganta
aumentava dolorosamente. Ele cortou meu oxigênio enquanto
empinava sobre mim, prendendo-me com seu corpo.
O pânico me levou cativa enquanto eu lutava embaixo
dele, minhas unhas cravando em sua mão onde ele me
segurava e de repente a escuridão em seu olhar se dissipou um
pouco como se ele tivesse acabado de perceber onde estava.
Ele cambaleou para trás de repente, me liberando
enquanto se arrastava para o outro lado da cama, parecendo
que estava prestes a pular em cima de mim.
“Porra... Rogue,” ele gemeu, sua mão abrindo e fechando
em um punho enquanto ele olhava para ela como se ela tivesse
acabado de traí-lo. “Sinto muito. Porra!” Ele berrou a última
palavra e meu pulso se dispersou, mas não me afastei mais
dele porque, por mais assustador que tenha sido, sabia que
não tinha nada sobre o que diabos estava acontecendo dentro
de sua cabeça agora. Seus olhos estavam selvagens e ele
parecia assombrado por algum fantasma que o visitara em
seus pesadelos.
“Sou eu,” falei suavemente. “Estou aqui. Está tudo bem.”
Estendi a mão para ele, mas ele recuou como se a ideia de eu
tocá-lo fosse repulsiva.
“Não me toque,” ele rosnou, fazendo um movimento para
sair da cama e eu rapidamente retirei minha mão.
“Está tudo bem. Não vou tocar em você,” prometi
rapidamente. “Você quer que eu acenda as luzes...”
“Não,” ele retrucou, passando as mãos pelos cabelos e
olhando ao redor da sala escura como se esperasse ver outra
coisa espreitando nas sombras. Ou outra pessoa.
“Você pode me dizer, Rick.” Prometi, mas ele apenas
balançou a cabeça, a mão agarrando seu cabelo enquanto
parecia a cerca de três segundos de distância de correr.
“Quando eu tinha dezenove anos, dormi nas ruas por
alguns meses,” falei em voz baixa, persuadindo-o de volta para
mim, oferecendo-lhe um gostinho de minha própria dor,
querendo mostrar a ele que eu entendia. Que sabia o que era
se sentir tão vazia e perdida como ele parecia agora. “Foi
horrível de todas as maneiras que você poderia imaginar. Eu
estava com muita fome e não havia banheiro. As noites eram
longas e frias... mas isso não era o pior. O pior era como me
sentia cansada o tempo todo. Mas como eu achava impossível
dormir também. Fechar os olhos todas as noites era como
passar por um desafio. Como virar as costas para os monstros
que eu sabia que estavam espreitando nas sombras e apenas
esperando que eles não me encontrassem no escuro.”
Rick me observou em silêncio por vários longos segundos,
seus olhos vagando por mim como se ele estivesse me
avaliando, me julgando e eu não tinha certeza se queria ser
considerada boa o suficiente como fui naquele momento.
Ele mudou para mim e engasguei com o movimento
repentino enquanto ele vagava em meu espaço pessoal, o calor
de sua respiração roçando em meus lábios.
“Não me toque,” ele avisou novamente em um rosnado
baixo que enviou um arrepio pela minha espinha e assenti
enquanto ele avançava para mim, me forçando a recuar
enquanto a largura de seu corpo me envolvia em sua sombra.
Caí para trás contra os travesseiros com meu coração
batendo forte enquanto ele se erguia sobre mim, sua mão se
acomodando ao lado da minha cabeça enquanto ele dominava
meu espaço e fechei meus dedos em punhos para me impedir
de quebrar minha promessa a ele.
“Te falei sobre os homens que Luther enviou para me
punir noite após noite,” ele respirou, seu rosto envolto em
sombras para que sua expressão ficasse escondida de mim.
Assenti lentamente, sem saber se ele realmente seria
capaz de ver o movimento, mas ele continuou, então eu tive
que assumir que sim.
“Isso não foi o pior de tudo. As surras, os castigos, tudo
isso não foi nada realmente. Não comparado ao lugar que fui
quando eles terminaram comigo.”
Ele estendeu a mão livre e tocou meus lábios com a ponta
do dedo, traçando a costura deles enquanto sua postura
permanecia rígida acima de mim e eu mal ousava respirar. Era
com ele. Fiz uma promessa e não iria quebrá-la, mas o pequeno
ponto de contato que ele iniciou entre nós parecia um fogo
furioso queimando sob minha pele.
“Eles me transferiram para uma cela com um monstro
muito pior do que eles. O tipo que vê cada ponto de luz no
escuro e o devora completamente.”
O dedo de Maverick desenhou uma linha abaixo do lado
do meu pescoço antes de traçar sobre o tecido da minha camisa
e entre o vale dos meus seios, minha respiração engatando a
cada centímetro lento que ele passava enquanto eu esperava
que ele continuasse.
“O nome dele era Peter Krasinski.”
Engoli em seco, piscando contra o escuro quando
Maverick retirou sua mão novamente, se afastando de mim e
me deixando ali na cama embaixo dele. Eu podia senti-lo se
afastando antes mesmo que ele fizesse um movimento físico
para fazê-lo e o alcancei, pegando sua mão na minha e
sentindo a maneira como ele ficou tenso com o meu toque.
“Mostre-me,” insisti. “Se você não consegue dizer as
palavras, então me mostre o que ele fez com você.”
Maverick se acalmou por um momento infinito, as
sombras parecendo se enroscar em torno dele enquanto as
memórias de tudo o que ele tinha sobrevivido naquele lugar
ganhavam vida na escuridão que nos rodeava. Eu podia sentir
a dor dele, o medo, a vergonha. Algo ruim havia acontecido com
ele lá. Algo com que ele não estava lidando e não tinha ninguém
para compartilhar. Mas ele poderia me dizer. Poderia confiar
em mim seus segredos e eu ficaria feliz em assumir o que quer
que o assombrasse também, se isso fosse o que ele precisava.
O olhar de Maverick varreu sobre mim como carvão
quente queimando minha pele antes que ele engolisse em seco,
a escuridão em seu olhar se aprofundando com alguma
decisão. Ele me agarrou com força e me virou, sua mão
pousando no centro da minha coluna e seu peso me empurrou
para baixo no colchão enquanto ele exercia pressão.
Meu coração batia forte com a incerteza quando ele se
ergueu sobre mim, o peso de seu corpo me levando para o
colchão de forma desconfortável enquanto ele se inclinava para
falar comigo.
“Ele costumava sussurrar em meu ouvido antes de fazer
isso,” Maverick murmurou, sua barba por fazer roçando minha
carne enquanto ele se inclinava para fazer a mesma coisa
comigo. “Ele me chamava de menino bonito. Seu menino
bonito. Então me dizia o quanto esteve ansioso para me ver o
dia todo. Ele tinha seu pau imundo na mão enquanto falava,
bombeando seu punho para cima e para baixo para que eu
pudesse ouvir o movimento e saber que ele estava se
preparando para mim.”
Estremeci embaixo dele enquanto ele se mexia atrás de
mim, mantendo-me imobilizada embaixo dele enquanto seus
dedos se arrastavam para frente e para trás no colchão ao meu
lado, imitando aquele som, dando-me um gosto da dor e do
medo que ele sofreu.
“Diga-me para parar,” Maverick rosnou, mas balancei
minha cabeça.
“Eu aguento,” insisti em voz baixa, meus membros
tremendo com a realização quando finalmente entendi o que
tinha acontecido com o garoto que eu amava. Aquele que
tentou vir atrás de mim. Aquele que levou a culpa por mim.
Isso era minha culpa. Tudo isso. Ele só acabou naquele lugar
por minha causa e se reviver seus pesadelos com meu corpo
pudesse ajudá-lo a lidar com eles, então isso era o mínimo que
eu poderia oferecer a ele como penitência. “Eu preciso saber. E
você precisa falar.”
Rick grunhiu algo e seu peso foi retirado da minha coluna
quando ele retirou a mão, me fazendo pensar por um momento
que ele estava desistindo, mas quando fiz um movimento para
ficar de joelhos, ele empurrou a camisa que eu estava vestindo
para cima e puxou minha calcinha para baixo para que ela
ficasse amontoada em volta dos meus joelhos.
“Ele nunca tirou minhas calças corretamente,” disse ele
asperamente, torcendo o tecido da minha calcinha em seu
punho para que meus joelhos estivessem travados por ela. “Eu
odiava isso. Até hoje ainda me assombra quase tanto quanto
as memórias dele fazendo o resto. Era tão fácil. Apenas puxar
minhas calças para baixo e pegar o que quer que ele queria.”
“Rick,” murmurei, mas a dor em minha voz claramente
não era o que ele queria ouvir, e ele agarrou a parte de trás do
meu cabelo em seu punho, empurrando meu rosto contra o
colchão.
“Ele não gostava de me ouvir falar,” ele rosnou, mudando
seu peso em cima de mim para que a pressão pesada de seu
corpo fosse contra minha bunda e meu coração começasse a
disparar com o pensamento do que viria a seguir, mas não
tentei impedi-lo. Apenas esperei, meus dedos agarrando os
lençóis enquanto ele hesitava por um longo momento. “Ele não
queria que eu implorasse ou dissesse para ele parar. Ele
gostava de pensar que eu queria. Convenceu-se de que
adorava. Não sei se isso o fez se sentir melhor sobre ou se era
porque ele odiava o quão enojado eu realmente estava por ele.”
Eu esperava que ele continuasse, puxando as calças para
baixo e avançando a qualquer segundo, a pontada de dor que
eu sentiria com sua entrada áspera enquanto eu o deixava
jogar seus demônios na minha carne e trabalhar para banir
alguns deles, mas nunca veio.
Em vez disso, ele soltou meu cabelo, deixando-me virar
minha cabeça para olhar para ele no escuro até que meu olhar
encontrasse o dele e pudesse sentir toda a sua dor e danos tão
intensamente quanto os meus.
“Todas as noites durante meses,” disse ele em voz baixa.
“Todas as noites, porra, depois que aqueles guardas se
divertiram me espancando pra caralho, aquele monstro forçava
seu corpo contra o meu. Ele me pegava e me deixava mais
quebrado a cada vez. Mas eu tinha uma coisa que ele não podia
tirar de mim, linda... era você.”
Os dedos de Maverick se moveram para a parte de trás da
minha coxa esquerda, onde a tatuagem dos Damned Men
marcava minha pele e ele soltou um longo suspiro antes de me
virar de costas para que eu estivesse olhando para ele
corretamente.
“Diga-me que você acabou com ele,” rosnei, lágrimas
queimando em meus olhos, que lutei contra tão ferozmente
quanto pude. Não porque não queria que ele me visse magoada
por ele, mas porque sabia que ele precisava que eu fosse forte
naquele momento. Ele precisava que eu assumisse esse fardo
e provasse a ele que isso não mudava nada sobre o que eu
sentia por ele.
“Eu percebi que tinha que me tornar o homem mais forte
da sala,” disse ele lentamente, tirando minha calcinha o resto
do caminho enquanto tirava sua boxer também.
Peguei a bainha da camisa que estava usando e joguei de
lado para salvá-lo do trabalho, minhas coxas se separando
para ele enquanto ele se movia entre elas.
“Eu o encurralei uma manhã quando estávamos
trabalhando na lavanderia juntos,” disse ele em um tom
medido, seus olhos iluminando-se com a memória enquanto
ele fixava seu olhar no meu. “Os guardas sempre nos deixavam
sozinhos lá e bastava alguns pequenos subornos para tirar o
resto dos presos.”
“Diga-me,” exigi. “Tudo.”
“Isso muda as coisas?” Ele perguntou, vergonha colorindo
sua expressão e me fazendo doer por ele.
“Nada,” jurei, segurando sua bochecha para que ele não
pudesse se afastar da verdade em meus olhos e um peso
pareceu deixá-lo quando ele acenou com a cabeça, inclinando-
se ao meu toque. “Diga-me o que você fez com ele.”
Rick sorriu esse sorriso torto e quebrado que fez meu
coração disparar enquanto ele se inclinava sobre mim para
sussurrar em meu ouvido como se fôssemos dois pombinhos
compartilhando segredos em vez de um par de criaturas
fodidas compartilhando histórias de morte e sobrevivência.
“Eu bati nele como monstro possuído. Bati até que ele
estava chorando e implorando aos meus pés, eu o ouvi
implorar por misericórdia enquanto ele rastejava pelo chão e
soluçava por ajuda.” Estremeci embaixo dele, aquela parte
sombria e depravada da minha alma saboreando essa história
e bebendo nos detalhes dele se vingando do monstro que o
machucou. “Eu o chutei até sentir seus ossos se
despedaçarem.” Os olhos de Maverick brilharam com a
memória e mordi meu lábio inferior enquanto ouvia cada
detalhe com atenção extasiada. “Esmaguei seu rosto contra
uma das secadoras até que não houvesse mais dentes em sua
boca.” Rick enganchou seu cotovelo sob meu joelho e se
inclinou sobre mim, seus lábios quase tocando os meus
enquanto ele continuava. “Enfiei meus polegares em seus olhos
até que ele ficou cego.” Ofeguei enquanto ele alinhava seu
corpo com o meu e empurrei meus dedos em seu cabelo escuro,
puxando-o para mais perto. “E quando ele estava sufocando
com seu próprio sangue e orando pela morte, prendi sua
cabeça entre minhas mãos e quebrei a porra de seu pescoço.”
Gemi quando ele empurrou para frente com esse anúncio,
o comprimento grosso de seu pau dirigindo profundamente
dentro de mim enquanto ele se inclinava para me beijar tão
lentamente que senti como se estivesse me afogando nele.
Ele não aumentou o ritmo como eu esperava que fizesse,
sua boca devorando a minha enquanto seu corpo me tomava
como refém em um ritmo lento e tortuoso que me deixou sem
fôlego.
“Como você se safou?” Perguntei entre gemidos.
“Sorte e falta de gente para se importar. Os presos não
iriam me delatar e aquele pedaço de merda não tinha ninguém
de fora que se importasse com uma investigação completa,
então fizeram um trabalho de merda em investigar e não foi
resolvido.”
“Obrigada pela porra da justiça.”
“Eu teria pago qualquer preço por essa vingança. A morte
dele foi tão lindamente catártica. Você me deu essa força,
linda,” ele gemeu em meu ouvido. “Todos os dias que passei
naquele inferno, você estava lá comigo, segurando minha mão
no escuro, mantendo as últimas partes boas de mim trancadas
sob sua guarda. Eu estava perdido para o mundo e tudo nele,
mas nunca te perdi. Você era minha lá tanto quanto você é
minha agora. E agora que tive um gostinho, nunca vou desistir
de você. Não até que a morte que estou esperando venha e me
rasgue de seus braços.”
Ele me beijou novamente antes que eu pudesse responder,
nós dois nos movendo juntos como se fôssemos um só corpo,
uma alma, esta única entidade reunida depois de muito tempo
de fome um do outro. E soube então que ele estava certo. Que
independentemente das fissuras que me dilaceraram por
dentro, independentemente das cicatrizes que carreguei ou da
dor que sofri, sempre estive agarrada a ele também. No fundo
do meu coração, quando as noites eram mais escuras, minha
mente sempre se retirava para o único lugar que sempre fui
capaz de chamar de lar e os quatro meninos que eu amei com
todo o meu ser.
“Eu te amo, Maverick,” engasguei enquanto sua boca se
movia pelo meu pescoço e nossos corpos se enredavam como
um só.
Ele ficou quieto com as minhas palavras, levantando a
cabeça e encontrando meus olhos com tanta emoção que eu
mal conseguia olhar para eles.
“Eu sou seu, linda,” ele respondeu sombriamente. “Leve-
me, me possua, me use, me destrua. Qualquer coisa que você
quiser, tudo que você quiser. Só não me deixe nunca mais.”
####

A lancha bateu no píer com força suficiente para arranhar


sua lateral ou talvez até abrir um buraco, pelo que me
importava.
Lá fora, na Dead Man’s Island, eu só estava interessada
em Rick e em me certificar de que ele visse a verdade sobre o
que eu sentia por ele. Eu precisava que ele visse que nenhuma
das coisas fodidas a que sobrevivemos tirou qualquer coisa do
que nós éramos um para o outro. Ele tinha que saber o que
significava para mim.
Mas agora? Agora eu estava chateada. Eu estava com mais
raiva do que jamais tinha estado em toda a minha vida. Senti
mais raiva e injustiça pelas coisas que Maverick sobreviveu do
que por qualquer coisa que eu mesma já suportei. E também
me sentia mais culpada por isso do que por qualquer coisa pela
qual fui responsável em minha vida. E eu era responsável por
mais do que meu quinhão de merda confusa.
Os Harlequins posicionados ao redor da casa não fizeram
nenhum movimento para me impedir quando passei por eles
em direção a ela, o vento aumentando hoje, fazendo com que
meu cabelo arco-íris ondulasse ao meu redor e meu vestido
chicoteasse minhas coxas.
Mutt marchou ao meu lado como se fosse um cachorro a
caminho da guerra também e eu amei que ele estivesse me
apoiando nisso. Porque até ele sabia em sua cabecinha de
cachorro que algo precisava ser feito.
Bati meu punho contra a porta dos fundos quando
cheguei lá, a fúria me cegando para qualquer coisa além do
meu objetivo. Eu ia pegar um carro, entrar nele e dirigir direto
para o Oasis e mostrar a Luther, o maldito Harlequin,
exatamente o que eu pensava de seus métodos de paternidade.
Melhor ainda, eu também pegaria uma arma.
JJ abriu a porta, franzindo a testa para mim em confusão
enquanto provava o ódio venenoso no ar, mas apenas empurrei
meu caminho passando por ele. Tinha algo para fazer, porra.
Mutt latiu em advertência enquanto eu caminhava pela
casa e o som de vozes me deu um aviso de cinco segundos para
o convidado que eles estavam recebendo antes de eu dobrar a
esquina para a cozinha.
Luther olhou para mim de seu banquinho na bancada de
café da manhã quando entrei, meio sorriso inclinando o canto
de seus lábios pouco antes de um grito de fúria escapar de mim
e eu me lançar contra ele.
Meu punho atingiu seu rosto antes mesmo que ele
percebesse o que estava acontecendo e meu peso colidiu com
ele meio segundo depois.
Luther saiu voando de sua cadeira e fui com ele, nós dois
caindo no chão enquanto eu perdia minha merda
completamente e comecei a dar socos selvagens nele da minha
posição em cima dele.
Luther praguejou, agarrando meu braço enquanto tentava
me segurar enquanto Fox e JJ gritavam em alarme atrás de
nós. Mas Mutt entrou na briga antes que alguém pudesse
controlá-lo, seus dentes afiados afundando na outra mão de
Luther e me dando a oportunidade de socá-lo novamente.
O sangue manchava minhas juntas, e meu coração estava
disparado com uma raiva cega que me dominou e tudo que eu
conseguia pensar era em destruir o homem abaixo de mim.
Enfiar a mão em seu peito e rasgar a desculpa lamentável de
coração que ele manteve lá fora para que ele não vivesse um
único dia a mais para infligir medo e tortura a alguém.
“Tire ela de cima de mim antes que eu tenha que forçá-la,”
Luther exigiu, claramente se segurando em me bater porque
eu era uma garota ou alguma besteira. Mas foda-se. Ele nunca
se importou com isso quando me expulsou da cidade e me
jogou para os lobos.
Os braços de Fox envolveram minha cintura enquanto ele
tentava me afastar de seu pai, mas lutei com tudo que tinha,
chutando e batendo, mordendo seu antebraço e pisando na
perna de Luther enquanto ele se empurrava para trás embaixo.
JJ estava gritando meu nome e Mutt passou da mão de
Luther para atacar Fox enquanto ele me levantava de corpo
inteiro no ar.
Fox praguejou quando dentes afiados afundaram em seu
tornozelo e consegui escapar de seu controle, me jogando
contra Luther novamente com um grito furioso, mas JJ me
pegou antes que eu pudesse alcançá-lo uma segunda vez.
Fox me agarrou também e os dois me puxaram para trás
novamente, enquanto eu continuava a lutar contra eles com
tudo que tinha.
Luther ficou de pé, sacando uma arma e avançando para
pressioná-la na minha testa com um sorriso de escárnio
enquanto usava o outro braço para limpar o sangue de seu
nariz sangrando.
“Dê-me um bom motivo pelo qual eu não deveria colocar
uma bala em seu crânio agora!” Ele berrou, seus olhos um
abismo escuro e furioso que ansiava pelo meu fim.
Cuspi nele, ainda lutando contra o aperto de Fox e JJ em
mim e não dando a mínima para a arma que estava presa
contra meu crânio.
“Você deve!” Eu rugi. “Deveria puxar o gatilho e acabar
comigo agora, porque se você não fizer isso, irei atrás de você
de novo e de novo até que você não seja nada além de sujeira
no chão, seu filho da puta implacável. Eu vou te matar pelo
que você fez para ele! Eu vou te matar, porra!”
Luther puxou o martelo para trás, seus olhos brilhando
com a minha morte, mas Fox estava lá primeiro, sacando sua
própria arma e apontando-a de volta para seu pai.
“Eu não sei o que diabos é isso,” Fox rosnou. “Mas você
conhece o acordo. Você a toca, você morre. Não vá pensar por
um único segundo que isso não vai acontecer.”
“Que diabos é isso?” JJ exigiu, seus braços apertando em
volta de mim enquanto ele tentava me empurrar um passo para
trás e eu continuei a lutar pela minha liberdade.
“Pergunte a ele,” cuspi. “Pergunte ao grande Luther
Harlequin o que ele fez seus homens fazerem com Maverick
enquanto ele estava na prisão. Pergunte a ele sobre os quatro
guardas que ele ordenou que o tirassem de sua cela todas as
noites para espancá-lo até sangrar. Pergunte sobre o
estuprador psicótico companheiro de cela que ele providenciou
para que ele ficasse trancado depois de escurecer!”
Os olhos de Luther se arregalaram com minhas
acusações, sua arma recuando alguns centímetros enquanto
ele olhava entre mim e Fox.
“Eu não sei do que diabos você está falando,” disse ele,
uma carranca gravada em sua testa e um flash de medo em
seus olhos como se isso fosse uma notícia maldita para ele.
“Mentiroso!” Gritei. “Você fez isso com ele. Você o odiava
por me amar. Você o puniu por tentar vir atrás de mim. Você o
colocou naquele inferno e quando não foi o suficiente para
forçá-lo a rastejar de volta, aumentou as estacas. Ouvi a
verdade de seus próprios lábios, vi em seus olhos e senti em
minha alma. Ele estava destinado a ser seu filho. Como você
pôde fazer isso com ele?” Minha voz estava crua e irregular
quando a dor dessa verdade rasgou meu peito e minhas
bochechas ficaram molhadas de lágrimas, mas elas não
fizeram nada para diminuir esse desejo em mim de arrancar a
porra da cabeça de Luther Harlequin.
“Isso é verdade?” JJ exigiu em horror, seu aperto em mim
afrouxando um pouco.
“O que diabos você fez?” Fox perguntou a seu pai, seu
rosto marcado de dor enquanto ele erguia a arma um pouco
mais alto, uma decisão se formando em seus profundos olhos
verdes quando seu dedo beijou o gatilho.
Luther balançou a cabeça, tropeçando nas palavras
quando percebeu que seu filho realmente faria isso. E eu
estava pronta para vê-lo morrer por seus crimes.
“Parem!” A voz de Chase cresceu na escada.
Não pude deixar de olhar quando o som dele meio caindo
nela chegou até nós e ele apareceu de costas na parte inferior
deles, xingando sua perna quebrada.
“Não é verdade,” ele engasgou. “Não foi Luther, foi Shawn.
Fodido Shawn e seus jogos mentais. Ele me contou sobre isso
enquanto me trancava naquela porra de porão. Ele disse que
Maverick chegou à prisão enquanto ele estava cumprindo pena
lá e ele pegou a oportunidade de foder com os Harlequins. Ele
pagou os guardas, os fez fazer tatuagens do Harlequins para
que fosse mais convincente.”
Eu balancei minha cabeça enquanto tentava calcular isso.
Não fazia sentido. Por que Shawn teria feito todo esse esforço
para atacar Maverick naquela época? Rick era apenas uma
criança, quase não era um membro da Harlequin Crew e
nenhuma ameaça real para ele.
“Por que ele faria isso?” JJ latiu, claramente pensando da
mesma forma que eu.
“Porque Luther matou seu irmão,” Chase explicou,
agarrando o batente da porta e se levantando em sua perna
boa enquanto nos olhava com dor. “Não foi?”
Ele se virou para Luther, que assentiu em silêncio,
parecendo em choque com as notícias que caíam sobre ele,
abaixando sua arma enquanto olhava entre todos nós. A arma
de Fox ainda estava apontada para sua cabeça e ele não
parecia inclinado a abaixá-la até que tivesse mais provas.
Chase continuou: “Isso tem se repetido continuamente na
minha cabeça desde que Shawn me contou, mas eu não sabia
no que acreditar. Ele colocou tantas ideias distorcidas na
minha cabeça que todas começaram a se unir. Eu... desculpe,
eu deveria ter te contado.”
“Então por que você não fez isso?” Fox rosnou.
“Porque aquele filho da puta estava tentando entrar em
minha mente o tempo todo em que estive lá. Ele disse todos os
tipos de merdas malucas. Coisas para foder comigo. Coisas
projetadas para se infiltrar em meu cérebro e botar ovos lá. Não
sei mais o que pensar, mas parece que isso tem que ser
verdade.”
“Eu só queria que Maverick caísse em si e percebesse que
família era a coisa mais importante,” Luther disse em um tom
vazio. “Eu tinha homens lá dentro com a tarefa de ficar de olho
nele, manter os outros presos longe se ele parecesse estar se
metendo em problemas e, embora ele se recusasse a ter
qualquer coisa a ver com meus homens lá, eles me reportaram
dizendo que não tinha problemas com nenhum dos outros
prisioneiros...”
“Isso é porque seus pesadelos eram os guardas. O único
prisioneiro que o machucou o fez atrás de portas trancadas
onde ninguém mais podia ver,” assobiei, a raiva em mim ainda
correndo desenfreada pela minha carne. Talvez Luther não
fosse totalmente culpado pelo que aconteceu com Maverick lá,
mas ainda era a razão pela qual ele foi enviado para a prisão
em primeiro lugar. E eu era a razão pela qual ele sentiu a
necessidade de fazer isso.
A luta sumiu dos meus membros e JJ me soltou hesitante.
Fiz um movimento para me afastar e Luther agarrou meu
braço, me fazendo olhar para ele enquanto o sangue escorria
lentamente pelo seu queixo das feridas que eu tinha feito a ele.
“Eu não sabia,” disse ele, sua voz falhando apenas o
suficiente para me mostrar o quanto essa verdade estava
custando a ele, mas era um pouco tarde para isso.
“Isso não resolve, não é?” Murmurei, encolhendo os
ombros e cruzando a sala em direção a Chase.
Passei um braço em volta de sua cintura, percebendo a
maneira como ele se encolheu com o meu toque. Sem dúvida,
sua queda na escada fez suas costelas queimarem de dor
novamente. Ele se apoiou em mim enquanto eu meio que o
empurrava de volta para seu quarto, o silêncio se estendendo
entre nós enquanto íamos e a conversa entre os outros lá
embaixo estourou novamente quando chegaram a um acordo
com o que eu acabei de dizer a eles e o que isso significava.
Mutt correu nos meus calcanhares e ajudei Chase a voltar
para a cama enquanto voltávamos para seu quarto.
“Rick está certo em nos odiar, não é?” Ele murmurou
enquanto eu me dirigia para sua mesa de cabeceira para pegar
seus analgésicos da gaveta, sabendo que ele não os teria
tomado sem mim aqui.
“Talvez,” falei em um tom baixo, uma carranca beliscando
minha sobrancelha enquanto estendia os comprimidos para
Chase e seus lábios se separaram obedientemente. “Ou talvez
eu seja aquela que vocês deveriam odiar. Tudo volta para mim
no final, não é? Rick foi preso por matar Axel, vocês foram
todos forçados a entrar na Crew por me ajudar a encobrir. Seja
qual for a maneira como você olhe para as coisas, sem mim, as
coisas poderiam ter sido muito melhores para todos vocês.”
Chase franziu a testa enquanto eu segurava o copo d'água
em seus lábios, engolindo os comprimidos para mim antes de
colocar o copo de volta em sua mesa de cabeceira.
“Sem você, não acho que qualquer um de nós jamais teria
o gostinho da felicidade, pequenina,” Chase disse, segurando
meu pulso para me manter ali ao lado dele.
Suspirei, inclinando-me para dar um beijo em sua
bochecha e demorando com os lábios contra sua pele por um
momento enquanto meus olhos se fechavam e eu o inspirava.
“Até o veneno pode ter um gosto doce no começo,” falei em
voz baixa. “Mas ainda vai te matar no final.”
Eu me endireitei novamente e me afastei dele, tentando
não sentir a fatia de dor em meu coração enquanto ele me
olhava como se quisesse que eu ficasse. Porque ele estava
melhor sem mim. Todos estavam.
O problema era que eu era muito egoísta para deixá-los ir.
Eu andava na caminhonete ao lado do meu pai, sentindo-
me como um jovem de dezesseis anos que acabara de ser
castigado. Luther estava quieto, eu estava quieto. E eu podia
sentir nossa dor compartilhada rolando entre nós no silêncio.
Eu não queria reconhecer e claramente ele também não, mas
algo precisava ser dito. Tinha que ser. Porque agora que sabia
o que tinha acontecido com meu irmão na prisão, senti que ia
vomitar ou destruir algo.
“Ele pensou que eu fiz isso com ele.” Luther perfurou o
silêncio finalmente e meu peito torceu fortemente. Por todas os
motivos que achei que Maverick odiava nosso pai, não pensei
nisso. Nunca tinha considerado que ele estava abrigando algo
assim. Claro, percebi que a prisão tinha sido ruim para ele, o
tinha mudado. Mas isso? Nunca…
Corri a palma da mão sobre meu rosto e tentei conter a
fera furiosa subindo até as bordas de minha carne.
“Não admira que ele te odeie,” murmurei.
As mãos de Luther apertaram o volante, o tridente que ele
havia desenhado ao longo de seu polegar ficando quase branco
com a força com que ele o segurava. “Eu nunca deveria tê-lo
enviado por Axel. Era para ser apenas alguns anos no
reformatório para endireitá-lo, mostrar a ele as consequências
de ir contra minha palavra quando tentou encontrar Rogue,
mas ele não respondeu quando tentei fazer com que ele
registrasse um apelo judicial, deixou-se ser despachado para a
prisão estadual por pura teimosia.”
“Talvez se você não nos tratasse como membros de sua
Crew e enviasse seu maldito filho para a prisão, isso não teria
acontecido,” rebati, a raiva em mim fervendo.
“Mas vocês eram minha Crew depois daquela noite. Vocês
iniciaram, molharam as mãos com sangue pelos Harlequins,”
ele rosnou de volta. “Se eu tivesse mostrado clemência com ele,
meus homens teriam perdido a fé em mim, você deve saber
disso mais do que qualquer um, agora que você mesmo está
em uma posição de poder, garoto.”
“Não me chame de garoto,” rosnei. “E talvez eu tenha feito
as coisas do seu jeito por muito tempo quando se trata da
minha família, mas talvez eu esteja começando a ver que o seu
jeito apenas os empurra cada vez mais para longe de mim. Você
sabe o que JJ me disse outro dia? Que eu sou como você. E
essa é a última coisa que eu sempre quis ser.”
“Tudo que sempre tentei fazer foi proteger vocês,” ele
retrucou.
“Se você acha que mandar Maverick para a prisão o estava
protegendo, então você tem uma ideia distorcida de como é ser
pai.”
“E o que você sabe sobre isso, hein?” Ele rosnou. “Não é
fácil governar os Harlequins e criar dois meninos com almas
igualmente rebeldes. Eu sabia que você iria embora. Vocês
dois. No segundo que tivessem a chance de decolar com Rogue,
sabia que estariam fora de Sunset Cove para uma vida pobre e
suja onde não teriam nada e ninguém para protegê-los.”
“Eu a teria tido,” retruquei. “E teria meus irmãos,
incluindo Maverick. Ele me despreza por sua causa.”
Os ombros de Luther ficaram tensos com essas palavras e
eu sabia que o tinha machucado e eu fodidamente saboreei
isso. “Tudo bem, eu estraguei tudo. Eu sei que estraguei tudo.
Mas estou tentando consertar agora. Deixei sua garota na
Crew, mostrei clemência, eu...”
“É dez anos tarde demais!” Gritei. “Você sabe o que Shawn
fez com ela? Você tem alguma ideia do que ela passou porque
não tinha para onde ir e teve que contar com aquele filho da
puta apenas para ter um teto sobre sua cabeça?”
“Me desculpe, certo?” Ele latiu, seus olhos fixos na
estrada.
“Não é bom o suficiente,” falei amargamente. “Nunca vou
te perdoar por isso. Por tudo. É sua culpa estarmos nessa
bagunça.”
“Vamos, filho,” ele tentou, seu tom suavizando um pouco.
“Deve haver algo que eu possa fazer para consertar isso.”
“Não há,” falei friamente. “A menos que você possa voltar
no tempo e nos levar de volta ao dia em que expulsou Rogue
da cidade e perdoá-la de seus chamados crimes contra a Crew,
não há nada que você possa fazer.”
Ele estendeu a mão para colocar no meu ombro e eu a
empurrei, desviando o olhar dele pela janela. Ele era um idiota,
e fiz uma promessa para mim mesmo e minha família que iria
desenterrar os pedaços dele que havia incorporado em mim e
destruí-los.
“Às vezes, decisões difíceis precisam ser tomadas. Você
baniu Chase, então deve saber...” ele começou e o cortei
bruscamente.
“Aquilo foi diferente. Ele nos traiu. Traiu Rogue. E se você
ainda não está recebendo a mensagem, é aí que minhas linhas
são traçadas. Quando se trata de cruzá-la, não terei
misericórdia. E isso inclui você.”
“Então essa é a minha punição, hein?” Ele murmurou.
“Você vai me congelar pelo resto da minha vida?”
“É o que você merece,” rosnei e ele assentiu, pressionando
a língua em sua bochecha e virando nas estradas do penhasco.
O silêncio desceu novamente enquanto viajávamos pela
trilha sinuosa, finalmente chegando ao pico onde Shawn havia
declarado guerra contra Cove. Maverick já estava lá, deitado
no capô de um velho Chevy verde com um boné de beisebol
puxado para baixo sobre o rosto. Seu peito estava nu enquanto
ele se bronzeava, mas por mais casual que parecesse, um
revólver estava em sua mão e eu tinha certeza de que ele sabia
que estávamos aqui. Eu tinha Rogue ligando para ele para nos
encontrar, sabendo que ele nunca concordaria se eu
perguntasse. Mas por ela, aparentemente ele faria qualquer
coisa.
“Qual é a ocasião?” Ele chamou enquanto caminhávamos
em sua direção. “Não é dia de Ação de Graças já, é? Ou o
aniversário de alguém? É uma pena não ter trazido nenhum
bolo, acho que vocês só vão ter que festejar com as minhas
balas.” A arma estremeceu em seu aperto e bati a mão no peito
do meu pai para impedi-lo de se aproximar do meu irmão
psicótico. Luther balançou a cabeça para mim, batendo minha
mão e continuou andando, fazendo minha mandíbula cerrar
enquanto eu o seguia.
Se meu pai pensava que Maverick estava além de atirar
nele, ele deveria ter dado uma olhada mais de perto a cicatriz
no meu pescoço que meu irmão adotivo tinha colocado lá. Ele
nos queria mortos, e depois do que acabei de descobrir sobre
seu tempo na prisão, fiquei surpreso por ele não ter disparado
algumas daquelas balas em Luther ainda.
“Só estou aqui porque Rogue vai chupar meu pau em
pagamento mais tarde,” Maverick zombou, sentando-se
finalmente e girando seu boné de beisebol para que ficasse
para trás em sua cabeça.
Engoli o rosnado na minha garganta com essas palavras,
focando no porque estávamos aqui quando ele saltou do capô
do carro, inclinando a cabeça e olhando entre nós com um
sorriso de escárnio nos lábios. “Por que vocês estão me olhando
assim, idiotas?”
Uma bola se apertou em minha garganta enquanto eu
olhava para ele e meu pai me lançou um olhar que me levou a
responder. Imaginei que ele pensou que seria melhor vindo de
mim, mas eu dificilmente pensei assim.
“Rogue nos contou o que aconteceu com você na prisão,”
deixei a bomba cair, imaginando que era melhor ir direto ao
ponto.
A expressão de pedra de Maverick não piscou, mas seus
olhos sim. “Ela fez isso?” Ele murmurou, trabalhando sobre
esse conhecimento. “Então você veio aqui para quê? Se divertir
com a expressão no meu rosto quando me dissesse que sabia
a porra do meu segredo mais sombrio? Como se não soubesse
todo esse tempo, afinal?” Ele cuspiu.
“Não,” Luther rosnou apaixonadamente. Ele deu um passo
em sua direção, mas Maverick ergueu a arma para alertá-lo de
volta e ele não foi mais longe.
“Ela também nos disse que você pensava que aqueles
guardas eram Harlequins,” continuei, minha pele formigando
pelo que eu sabia que tinha acontecido com ele e apesar dos
anos de ódio entre nós, eu me importava com isso. Porque
mudou as coisas, eu simplesmente não sabia como.
“Achava que eram?” Ele ecoou com um escárnio. “Eu sei
que eles eram.” Seus olhos se voltaram para Luther com nojo
fervente em seus olhos. “Você planejou me fazer ajoelhar de
maneira brutal, não é, pai?”
“Aqueles homens não tinham nada a ver comigo,” Luther
disse ferozmente, seus ombros pressionando para trás. “Eles
não eram Harlequins.”
“Besteira,” Maverick retrucou previsivelmente.
“Chase descobriu a verdade de Shawn,” falei rapidamente.
“Shawn se gabou de ter orquestrado isso. Ele estava na prisão
ao mesmo tempo que você. Ele pagou aqueles homens para
usar o símbolo Harlequin na pele e foder com sua cabeça. “
Maverick ficou totalmente imóvel, seus olhos se movendo
de mim para Luther, em seguida, de volta para mim. “O que é
isso?” Ele demandou. “O que vocês querem?”
“Queremos que você saiba a verdade, filho,” Luther disse,
sua voz cheia de dor. “E queremos que você volte para casa.”
Dei a ele um olhar que dizia que eu estava de acordo com
a segunda parte, mas meu pai apenas apertou sua mandíbula
e fixou seu olhar em Maverick.
“Nah, você está tramando algo,” Maverick rosnou, olhando
para Luther. “Você está sempre bagunçando alguma coisa.
Você é o Rei Harlequin. Senhor dos ratos, porra, e agora você
acabou de ter uma pequena ideia para tentar me manipular
para fazer o que me mandam.”
“Por que Chase mentiria?” Pressionei. “Ele não tem razão
para isso.”
Maverick molhou os lábios, olhando para mim. “Estranho.
Achei que Chase estava morto. Você tem jogado com um
tabuleiro Ouija, Foxy?”
“Oh, não me venha com essa,” eu ri secamente. “Ele nos
contou o que você fez por ele e eu sou... grato.” Forcei a palavra
a sair, precisando que fosse dita, embora estivesse aguda na
minha garganta.
Maverick encolheu os ombros. “Eu não fiz nada.”
“Você é realmente tão teimoso a ponto de nem mesmo
ouvir a verdade?” Luther interrompeu, conduzindo a conversa
de volta ao ponto principal. “Eu não mandei aqueles homens.
Eu nunca faria isso, porra. Era para ser apenas alguns anos
no reformatório. Eu ia te tirar, mas você nem mesmo falava
comigo, porra.”
O lábio superior de Maverick se curvou para trás. “Foda-
se, Luther. Vejo o que você está fazendo e não vai funcionar.”
“Rick,” rebati, seu antigo apelido escapando de meus
lábios antes que eu pudesse impedir e ele arqueou uma
sobrancelha para mim em surpresa. Dei um passo à frente,
desesperado por... alguma coisa. Eu só precisava que ele
soubesse a verdade, porque por mais merda que houvesse
entre nós e por mais que eu soubesse que nunca seríamos
nada além de inimigos agora, eu ainda não conseguia suportar
a ideia dele pensar que os Harlequins eram os responsáveis
pelo que lhe acontecera na prisão. Que ele talvez me culpasse
em alguma parte por isso também. Mesmo Luther não merecia
isso. “Shawn Mackenzie é o responsável. Foi uma trama de
vingança, e esta guerra é outra parte dela.”
“Eu matei o irmão dele,” Luther suspirou, como se
desejasse ter parado sua mão para que nada disso tivesse
acontecido.
Maverick olhou entre nós novamente, suas feições se
torcendo, revelando algo da dor dentro dele que eu sabia que
estava lá. E a parte velha de mim que uma vez o amou doeu.
Porque ele podia ser um monstro diante de mim agora, mas a
pessoa a quem aquelas coisas terríveis aconteceram era um
menino. Um menino com quem eu cresci, por quem eu teria
feito qualquer coisa.
“Não. Eu não estou acreditando.” A expressão de Maverick
tornou-se dura enquanto ele girava o revólver no dedo.
“Desculpe, meu velho, não sou mais um garoto estúpido. Você
não pode me manipular. E mesmo que fosse verdade, isso não
muda nada.”
“Isso é ridículo,” Luther rosnou.
“Nah, o que é ridículo é que você veio até aqui esperando
uma conversa sincera que terminasse em um círculo de
abraços.” Maverick sorriu insensivelmente, em seguida,
apontou o queixo para mim. “Você criou seu filho à sua
imagem, Luther, mas me criou à imagem do diabo.” Ele abriu
bem os braços, o sol brilhando em seu peito coberto de tinta.
“Eu sou sua criação. E você simplesmente não gosta que estou
fora da minha coleira agora, porque estou com raiva, papai,
com raiva de verdade.”
“Você nem mesmo está nos ouvindo,” Luther rosnou.
“Ouvi cada palavra,” Maverick disse friamente. “Mas eu
tenho um limite de besteira embutido em minha cabeça hoje
em dia e está funcionando bem agora.”
“Você só vai ignorar a verdade porque não quer ouvi-la?”
Falei em frustração. “Você não entende? Isso muda as coisas.”
“Que coisas, Foxy boy?” Ele perguntou, seu olhar cheio de
ódio. “Acha que mesmo se o que você disse fosse verdade,
mudaria alguma coisa?” Ele apontou para Luther. “Esse
homem mandou Rogue para fora da cidade em dez anos de
miséria, roubou minha chance de ir atrás dela e me colocou
em um lugar onde enfrentei o inferno na terra. Realmente não
me importo se ele não foi o responsável pela última parte.
Ainda foi suas ações que colocaram tudo em movimento.”
“Você dificilmente é inocente nesta guerra. Você matou
Harlequins. Você matou meu tio-avô Tom,” rosnei e Maverick
deu de ombros, sem dizer nada.
“Ele mata as sementes ruins,” Luther disse
sombriamente. “Não é, filho? Sei sobre todos eles. Até enviei
homens à sua porta para que você pudesse lidar com eles para
mim e você fez isso, porque sabe o que eles são.”
“Eu não fiz nada por você, Luther,” Maverick rosnou e fiz
uma careta entre os dois.
“Do que você está falando?” Exigi, odiando ser deixado no
escuro.
“Os Harlequins precisam de limpeza de vez em quando. É
uma parte deste mundo, você sempre tem homens que
ultrapassam limites, homens que frustram o código. Todos
andamos na linha do bem e do mal, Maverick lida com o mal.
Foi para isso que o criei. Foi uma de suas vocações em sua
vida. Ele é feito para o trabalho sujo, prospera nisso.”
“Não tem nada a ver com você!” Maverick estalou.
“Você pode não querer, Rick, mas você tem matado os
monstros da minha gangue e a mantém limpa há anos. Deixei
essa informação chegar até você, permiti que você fizesse o que
você faz de melhor.”
“E quanto ao tio-avô Tom?” Empurrei e meu pai franziu a
testa.
“Ele era doente da cabeça,” Luther murmurou. “Um dos
meus hackers descobriu um monte de pornografia infantil em
seu laptop.”
“O quê?” Assobiei.
“Ele fez mais do que apenas olhar,” Maverick zombou,
seus olhos escurecendo para lançar. “Ele agiu de acordo com
esses impulsos.”
“E como você descobriu sobre isso, hein?” Luther
empurrou.
“Um de seus homens cantou como um canário quando eu
o balancei em um penhasco,” disse Maverick com um encolher
de ombros.
“E quem você acha que enviou aquele homem para você?”
Luther disse, erguendo o queixo e Maverick se eriçou.
“Então, você tem me usado?” Maverick cuspiu.
“Eu tenho te alimentado com o que você estava caçando
de qualquer maneira,” meu pai disse com firmeza enquanto eu
tentava entender. “Não fui só eu. Você farejou o mal entre meu
povo como se fosse um maldito sexto sentido. Você nasceu para
isso, garoto.”
“Não se atreva, meu velho,” ele avisou. “Não estamos
prestes a nos abraçar e ter um momento Hollywood
comovente.”
“Olha, eu cometi erros, mas eles foram todos com as
intenções certas,” Luther insistiu, seus músculos ondulando
com a tensão. “Sei que estraguei tudo, garoto, mas eu nunca
quis isso.”
“Você colhe o que planta,” disse Maverick com um leve
encolher de ombros. “Não é todo o mantra dos Harlequins?
Parece que você sabia exatamente o que estava fazendo,
mesmo que não tivesse certeza de como seria. Você queria fazer
marionetes de mim e Foxy, e olhe para ele agora.” Maverick
franziu a testa para mim como se importasse, suas
sobrancelhas se juntando enquanto ele me dava um olhar de
pena. “Posso ver suas cordas, irmão. Você está cego para elas
ou não se importa se está preso nelas?”
Olhei para Luther, que me deu um olhar suplicante, mas
a dúvida passou por minhas entranhas. Eu era apenas seu
pequeno herdeiro, forjado no fogo para parecer igual a ele?
Maverick explodiu em uma risada, em seguida, deu a volta
para abrir a porta do motorista de seu Chevy. “Parece que você
não deveria estar tão preocupado em reivindicar minha
lealdade, Luther, deveria estar mais preocupado com aquelas
perguntas que vejo brilhando nos olhos do seu filho. Carma é
uma vadia, não é? Tenho que amar o jeito que ela trabalha, no
entanto.” Ele entrou no carro, ligando-o e acelerando o motor,
fazendo as rodas girarem e enviando uma nuvem de poeira
sobre nós antes de soltar o freio de mão e disparar pela estrada.
“Idiota,” tossi, puxando minha camisa sobre minha boca
e nariz.
Luther caminhou de volta para a caminhonete e o segui,
sentindo um ar assassino sobre ele que me lembrou que ele era
um assassino de sangue frio. Não que fosse particularmente
difícil de esquecer, só que ele estava agindo de uma maneira
boa pra caralho comigo ultimamente e talvez o que Maverick
disse tivesse um toque de verdade nisso.
“Entre,” ele rosnou quando alcançamos sua caminhonete
e deslizei para o banco do passageiro, puxando minha camisa
para baixo novamente enquanto ele decolava na direção oposta
que Maverick havia tomado. “Foi um show de merda.”
Eu não disse nada, rangendo os dentes enquanto brincava
com minha faca e batíamos nas estradas do penhasco.
“Você não é meu fantoche, garoto,” Luther disse. “Você
sabe disso, certo?”
“Eu não sou um garoto,” falei em um tom de advertência
e ele suspirou.
“Tudo bem, mas responda minha pergunta,” ele exigiu,
suas mãos apertando o volante.
“Sei que fiz coisas que não teria feito se não fosse você me
ensinando a fazê-las,” falei sombriamente. “E também sei que
fiz coisas que escolhi fazer porque posso ser tão insensível
quanto você, talvez até mais. Então não, não acho que sou sua
marionete. Mas se eu descobrir que estou errado, cortarei as
cordas, Luther. Porque não sou brinquedo de ninguém.”
Ele assentiu lentamente e enquanto dirigíamos de volta
para o Lower Quarter, ele fez uma curva em direção à praia.
“Onde você está indo?” Exigi, querendo chegar em casa
para verificar os outros.
Meu coração batia furiosamente enquanto ele dirigia sua
caminhonete por uma pequena estrada não pavimentada que
estava escurecida pela sombra de palmeiras e velhos edifícios
de pedra.
“Luther,” sibilei, sentando-me ereto no meu assento
enquanto o medo escapava sob minha pele.
Ele parou no final do beco e empurrou a porta, apontando
o queixo para que eu saísse também.
Mantive a faca na minha mão enquanto o seguia, meu
olhar nunca mudando dele enquanto ele se movia para ficar na
frente do caminhão, onde a pista virou areia.
“Abaixe a faca,” ele comandou.
“Não,” falei instantaneamente e suas sobrancelhas
arquearam.
“Não seja um idiota, abaixe isso,” disse ele enquanto
puxava a camisa para revelar a miríade de tinta e cicatrizes
revestindo seu corpo.
Meus dedos se contorceram ao redor da faca enquanto ele
tirava os sapatos também e se movia descalço pela areia
enquanto esperava que eu obedecesse a sua ordem.
Ele jogou sua arma em sua camisa e imaginando que ele
estava desarmado, joguei a faca no chão também, observando-
o de perto enquanto meu pulso dançava sob minha carne.
“Vamos, tire a camisa e os sapatos. Lembra quando eu
ensinei vocês a lutar?” Ele perguntou e fiz uma careta.
“Você quer que eu lute com você?”
“Sim,” disse ele com um sorriso. “Porque estou cansado
dessa expressão em seus olhos. Você está com raiva de mim,
então lide com isso como um homem.”
“Você está falando sério?” Hesitei.
“O quê? Você acha que não pode enfrentar o seu velho?”
Ele veio para cima de mim, empurrando meu peito e erguendo
os punhos enquanto esperava que eu lutasse.
“Você está louco,” murmurei.
Ele deu um soco no meu ombro, me fazendo cambalear
um passo para trás com a força por trás do golpe.
“Não estou lutando com você.” Cruzei meus braços e dei a
ele um olhar plano.
“Porque eu vou colocar você na sua bunda uma e outra
vez, como fazia quando você era um menino?” Ele perguntou,
dando outro soco e eu me afastei para evitá-lo.
“Eu bateria na sua bunda hoje em dia,” falei casualmente.
“Então prove.” Ele envolveu sua perna em volta da minha,
tentando me jogar no chão, mas me desvencilhei do aperto e
bati os nós dos dedos em seu rim.
Ele soltou uma risada como se tivesse gostado e soprei um
foda-se e rasguei minha camisa fora, chutando meus sapatos
também. Se ele estava me dando a oportunidade de colocá-lo
no chão, tudo bem. Eu aproveitaria cada segundo disso.
“Vamos, garoto, me mostre porque você vai assumir o
controle dos Harlequins um dia,” ele encorajou, me provocando
com aquela maldita palavra de novo.
Eu me lancei contra ele, dando um soco forte e acertando
seu estômago enquanto liberava minha fúria. Tentei entrar em
outro, mas ele bloqueou, seu punho acertando meu peito.
Tropecei para trás e ele veio para mim rápido, mas eu
estava pronto, prendendo minha perna em torno da dele e
jogando meu peso para frente para desequilibrá-lo. Ele caiu,
mas enganchou seu braço em volta do meu pescoço enquanto
íamos, arrastando-me com ele e imediatamente nos rolando,
suas mãos enrolando em volta da minha garganta. Quebrei o
aperto antes que ele pudesse obter uma boa pegada, socando-
o com força o suficiente para deixá-lo sem fôlego no momento
seguinte e ele cambaleou para trás, dando-me espaço para tirá-
lo de cima de mim.
Ele atingiu a areia e nós dois nos levantamos de um salto,
caindo em um ritmo furioso de socos e chutes que jogaram
cada um de nós no chão mais de uma vez. Logo estávamos
suados, imundos e mais determinados do que nunca a vencer.
Ele estava certo, foi bom para caralho descontar minha raiva
nele e quando finalmente o coloquei de costas e prendi seu
corpo sob o meu, meu antebraço esmagando sua garganta para
mantê-lo no chão, ele desistiu e eu caí ao lado dele, ofegante.
Uma risada saiu da minha garganta, que ele ecoou e um
pouco da raiva que vivia em mim diminuiu como maré
recuando.
“Vá se foder,” disse ele sem fôlego através de um sorriso.
“Vá se foder de volta,” falei, um sorriso aparecendo no
canto dos meus lábios.
Ele estendeu a mão para esfregar areia no meu cabelo
como costumava fazer sempre que lutávamos assim em Sunset
Beach. Eu não odiei isso. E talvez eu realmente não o odiasse
neste momento. Pelo menos não tanto quanto eu queria.
JJ tinha me dado muletas para que eu pudesse me mover
pelo quarto e eu andava de um lado para o outro para manter
a força do meu corpo, odiando apenas ficar deitado por horas
a fio, especialmente quando estava acostumado com os treinos
diários na academia. Embora com cada dia que avançava um
pouco mais em minha recuperação, sabia que estava me
aproximando do inevitável. No momento em que o gesso saísse,
eu estaria fora daqui. E eu não sabia que tipo de vida me
esperava além desta casa.
Não era o que eu queria, mas quando ouvi as ondas
quebrando contra a costa e as gaivotas gritando no céu, eu
sabia que havia coisas neste mundo que ainda queria
experimentar novamente. Mesmo que não incluíssem mais
minha família. E havia um propósito retumbante em mim
agora para caçar Shawn e trazê-lo para Rogue. Ela teria sua
morte, eu me certificaria disso. Mas eu com certeza estaria
dando a ele alguma tortura antes que ele saísse deste mundo
muito facilmente.
Dei algumas voltas na sala, o suor escorrendo pela minha
espinha, apesar do ar condicionado e do fato de que estava
vestindo apenas um short. Por que andar era tão fodidamente
difícil, mesmo com as malditas muletas? Eu achava que sabia
a resposta para isso. Não era minha perna o verdadeiro
problema, era a prolongada falta de nutrição e definhamento
naquela porra de porão. Eu tinha que reconstruir minhas
forças e estava me esforçando muito todos os dias, então não
me sentia tão fraco.
Havia um lençol sobre o espelho na parede à minha direita
que pedi a JJ para pendurar lá. Eu não queria ver meu rosto.
Sabia que estava sendo um idiota vaidoso, mas parte da razão
pela qual mantive a aparência de barba e cabelo desgrenhado
foi porque esperava que isso significasse que todos veriam
menos meu olho mutilado. Eu não precisava mais dos
curativos, mas mantive um de qualquer maneira, porque a
menos que quisesse parecer a porra de um pirata e usar o tapa-
olho que Rogue tinha comprado para mim, esta era a minha
solução.
“Eu disse não,” Rogue latiu do andar de baixo e inclinei
meu ombro contra a parede enquanto fazia uma pausa perto
da porta, me perguntando o que estava acontecendo.
Apoiei uma das minhas muletas contra a parede e segurei
a outra para tentar a maçaneta da porta, verificando se estava
destrancada como eu fazia dez vezes por dia. Ser prisioneiro
por tantas semanas tinha deixado marcas de ansiedade em
meu cérebro sobre coisas assim. Luzes acesas, portas
destrancadas.
“Você não pode mantê-lo longe de mim!” A voz de Rosie
subiu as escadas. “Não acredito que ninguém me disse que ele
estava vivo até agora, ele é meu namorado, pelo amor de Deus!”
“Desculpe, menina bonita. Luther disse que ela poderia
passar por aqui,” JJ disse para Rogue e amaldiçoei baixinho.
Minha respiração ficou superficial e tentei me mover,
querendo fingir que estava dormindo, mas deixei cair minha
muleta e quando me inclinei para tentar pegá-la, a porta se
abriu e me desequilibrou. Bati no chão de bunda, sibilando
entre os dentes quando balancei minha perna e Rosie entrou
na sala em um vestido de verão rosa brilhante, os olhos
inchados de tanto chorar.
“Chasey!” Ela gritou de angústia, mergulhando em mim e
eu rosnei, empurrando-a para trás enquanto procurava minha
muleta. “Oh, não, deixe-me ver o que aquele homem horrível
fez com você.” Ela praticamente sentou em mim e meu peito
ficou muito apertado quando me senti preso. Eu não conseguia
me levantar e odiava isso, estava fazendo meu coração
disparar.
“Rosie, saia,” exigi, empurrando-a de lado e me arrastando
para trás para agarrar minha muleta.
Seu lábio inferior tremeu e de repente ela estendeu a mão
para o curativo sobre meu olho e puxou-o para olhar. Parei,
olhando para ela em choque com o que ela tinha feito,
observando sua expressão mudar de atordoada para
horrorizada.
“Ele arruinou você!” Ela gritou, chorando como um bebê e
eu apenas a encarei, congelado enquanto aquelas palavras
ecoavam em minha cabeça, rasgando minhas inseguranças.
“Por que tudo de ruim acontece comigo?”
Rogue apareceu na porta com JJ logo atrás dela, dando
uma olhada no que Rosie tinha feito, em seguida, um sorriso
de escárnio puxou seus lábios. Ela agarrou um punhado do
cabelo de Rosie quando Mutt mergulhou sobre ela, mordendo
seu braço com um rosnado selvagem. Rosie gritou como se
estivesse sendo atacada por um tigre e Rogue a arrastou para
o corredor chutando e gritando.
“Saia desta casa!” Rogue rugiu. “Ele não é a porra do seu
namorado.”
“Sua vadia!” Rosie chorou, soluçando agora. “Você o
escondeu de mim, me deixou pensar que ele estava morto e
todo esse tempo que ele esteve aqui depois de ser cortado por
Shawn Mackenzie. Você não tinha o direito de não me contar.
E você nem mesmo me avisou lá embaixo sobre como ele parece
tão...” ela colocou a mão em volta da boca, baixando a voz para
um sussurro. “Horrível.”
Apesar do quanto eu não me importava com essa garota,
suas palavras ainda me cortaram.
JJ entrou na sala, oferecendo-me a mão para me ajudar a
levantar. Ignorei, querendo fazer isso sozinho, mas me
descobrindo apenas assistindo enquanto Rogue socava Rosie
com força suficiente para calá-la.
Rosie caiu no chão, soluçando enquanto seus ombros
estremeciam. Rogue agarrou a perna dela, começando a puxá-
la como um saco de merda e Rosie olhou para mim com os
olhos inchados. “Está tudo bem, bebê, você pode fazer enxertos
de pele. Cirurgia plástica, vamos descobrir. Faremos você ser
bonito de novo.” Mutt correu e fez xixi em seu rosto com tanta
precisão que acertou na boca quando ela começou a gritar. Mas
eu não conseguia nem rir quando comecei a afundar em um
buraco escuro dentro de mim, incapaz de sair.
Shawn estava chegando. Eu podia ouvir seus passos
sacudindo o chão acima de mim, levantando a poeira do teto.
Eu podia ouvi-lo assobiar, o toque da fechadura e a Srta. Mabel
implorando para que ele me deixasse em paz. Quando eu estive
lá, tudo que eu queria fazer era morrer, mas de alguma forma
aqui, livre, tudo apenas me sufocava. Senti as garras do
arrependimento cavando em meu cérebro por tudo que eu fiz
novamente. Eu merecia suas punições, cada golpe, cada
punhalada, cada queimadura.
“Ace,” JJ chamou ansiosamente, segurando a parte de
trás da minha cabeça enquanto me fazia olhar para ele.
Eu estava tremendo e queria rastejar para dentro de mim
e desaparecer para que ele não me visse assim.
Levantei a mão para cobrir o lado destruído do meu rosto
e de repente mãos mais suaves estavam em mim e ela estava
lá, puxando minha mão para baixo e dando um beijo
diretamente na carne cicatrizada do meu olho direito. Senti a
picada e o calor daquele beijo de uma vez e me perguntei se
seu estômago revirou por me tocar ali.
“Shhh,” ela silenciou, rastejando no meu colo e me
segurando. “Foda-se ela,” ela rosnou. “Ela se foi.”
Passei meus braços em volta dela, absorvendo o calor de
sua carne e deixando sua presença banir a escuridão. A mão
de JJ pressionou meu ombro e estendi a mão para ele também,
enrolando meus dedos em sua camisa e puxando-o para mais
perto até que sua testa pressionasse a minha.
“Estamos aqui,” disse JJ asperamente. “Não vamos a
lugar nenhum, Ace.”
“Eu amo todas as suas cicatrizes,” Rogue sussurrou
contra meu pescoço enquanto se aconchegava mais perto de
mim. Senti a ausência dos meus outros irmãos abrindo uma
ferida milenar em mim, mas eu tinha que pegar o que poderia
conseguir nesses dias e os dois deles tão perto de mim era tudo
que eu poderia esperar.
“Continue mentindo para mim,” rosnei para Rogue. “Gosto
das suas mentiras.”
“Não são mentiras,” ela mentiu novamente e beijei seu
cabelo assim como JJ fez também. Senti uma energia aquecida
entre nós que me queimava como o fogo do inferno e me
acalmava como o paraíso.
“Eu preciso ver,” exalei, sabendo que era hora de me
encarar finalmente. “Puxe o lençol do espelho, J,” Perguntei e
ele se afastou, franzindo a testa para mim antes de concordar
com a cabeça.
Os dedos de Rogue se enrolaram nos meus enquanto eu
agarrava minha muleta e me colocava de pé. Ela não me
ajudou, sabia que eu não queria isso, mas me segurou o tempo
todo como se estivesse pronta para se eu tropeçasse. Ela era
uma coisinha minúscula e provavelmente eu a esmagaria se
caísse sobre ela, mas não me incomodei em dizer isso porque
sabia que ela nunca iria ouvir de qualquer maneira.
Segurei a muleta com uma mão e Rogue com a outra
enquanto me dirigia ao espelho enquanto JJ segurava o lençol.
“Faça isso,” rosnei e ele o arrancou.
Os dedos de Rogue apertaram os meus quando dei um
passo à frente e um caroço subiu na minha garganta. Meu
peito e braços eram uma confusão de cicatrizes e a queimadura
em meu ombro agora estava reduzida a uma pele manchada
de vermelho. Mas nada disso se comparou ao X vicioso através
do meu olho direito e puxei minha mão livre da de Rogue
enquanto levantei meus dedos para roçá-los ao longo da
marca. Não doía mais tanto, mas a pele ainda estava sensível
e ligeiramente vermelha, minha pálpebra não se abrindo
totalmente com o inchaço persistente.
Eu me virei, olhando por cima do ombro para ver o dano
nas minhas costas. Cortes foram rasgados em minha tatuagem
de Sunset Cove, cicatrizes cruzando-a, arruinando a arte.
Rogue estendeu a mão para correr as pontas dos dedos ao
longo das cicatrizes e me encolhi com seu toque, sem olhar
para ela. De alguma forma, ver por mim mesmo me deixou
ainda mais constrangido sobre tudo. Eu estava horrível. Meu
corpo não era mais meu, foi contaminado por Shawn e não
havia nada que pudesse consertá-lo.
Agarrei minha muleta e me afastei deles, indo para o
banheiro e fechando a porta atrás de mim enquanto minha
respiração vinha irregular. Afundei contra a porta, abaixando-
me para sentar nos ladrilhos frios quando algo em meu peito
estalou.
“Ace,” Rogue chamou pela porta. “Não nos exclua. Você
sabe que não nos importamos com as cicatrizes.”
“Besteira,” assobiei. “Eu quero estar sozinho.”
“Ace,” JJ disse suavemente. “Basta nos deixar entrar.”
“Saiam daqui!” Rugi, batendo meu punho contra a porta,
desprezando a pena em suas vozes.
O silêncio caiu e um tempo depois o som de seus passos
se retirou da sala. Eu estava sozinho. E com certeza era melhor
me acostumar com isso porque um dia em breve eu os deixaria
para sempre, e a única vida que me esperava além desta cidade
era solitária.
Tentei não me permitir pensar muito nisso, mas agora
mesmo aquele destino estava olhando para mim e eu não podia
ignorar.
A voz do meu pai passou pela minha cabeça, mas agora
tinha uma nova cadência, como se Shawn também estivesse
lá. E não havia nada que eu pudesse fazer para escapar deles.

####

Recusei-me a ouvir as mentiras que Rogue e JJ tentaram


me alimentar sobre como eu 'não parecia tão mal' e como
minhas cicatrizes me faziam parecer um 'vilão durão e quente'.
Eu não vivia em um mundo de fantasia, sabia a realidade que
estava enfrentando. Além dessas paredes, eu ia assustar as
crianças na rua, e as pessoas me achariam nojento,
aterrorizante. Eles contornariam a calçada para que não
tivessem que chegar perto de mim. Eu não era exatamente
vaidoso, mas sempre cuidei da minha aparência, e agora que
parte de mim se foi oficialmente, parecia que tinha perdido algo
que nunca tinha apreciado ter até agora.
Quer dizer, não importou exatamente quando o analisei.
Quando eu estava com Shawn, pagaria qualquer preço para
passar algum tempo com minha família novamente e achei que
tivesse realizado meu desejo. Então, o que quer que a vida me
esperasse além dessas semanas curtas, teria que ser bom o
suficiente, porque cada momento que eu tinha com eles valeu
a pena a tempestade que estava por vir.
Era noite, o céu lá fora colorido com listras de rosa e
laranja pastel. Às vezes era difícil acreditar que tanta dor vivia
nesta bela cidade, se vazasse das pessoas que vivem aqui, o
céu seria totalmente negro e sempre estaria chovendo.
O cheiro de jantar veio do andar de baixo e tentei ouvir o
que todos diziam entre as risadas, mas só consegui ouvir uma
palavra estranha. Às vezes eu pensava ter ouvido meu nome,
mas não tinha certeza se tinha imaginado ou não.
Eu mancava para frente e para trás pela sala com uma
muleta, a dor em minha perna quebrada não era nada parecida
com a de antes. E por melhor que fosse essa sensação, era
contaminada pela desgraça iminente que veio junto. Logo
minha perna ficaria curada, o médico cortaria o gesso e pronto.
Fox me mandaria embora e eu nunca colocaria um pé dentro
desta casa novamente.
Escovei meus dedos ao longo da parede enquanto tentava
usar menos a muleta, em parte para o caso de eu cair e em
parte apenas para sentir os rebites frios da parede sob meus
dedos. Tecnicamente, eu não deveria colocar peso na minha
perna machucada, mas também tecnicamente eu não me
importaria se prolongasse um pouco meu período de
recuperação.
Estar ciente de ter que deixar este lugar logo com certeza
não tornava as coisas mais fáceis, porra. Saber que teria que
dizer adeus a todos eles novamente me fez começar a afogar
em tanta ansiedade que eu tinha certeza que iria espiralar se
me inclinasse nisso. Então, principalmente, tentei não pensar.
Apenas vivi momento a momento, sugando o que havia de bom
em cada um e desejando que pudesse durar.
Como meu cabelo estava tão comprido agora, comecei a
pentear para um lado, tentando cobrir meu olho ruim. Rogue
sempre colocava o tapa-olho na minha mesa de cabeceira todas
as manhãs e eu o pegava e enfiava de volta na gaveta todas as
vezes. Eu não ia usar tapa-olho como a porra de um pirata. Eu
pareceria um idiota.
Passos soaram no andar de cima e uma batida depois, a
porta se abriu e fiquei surpreso ao encontrar Fox entrando na
sala com uma tigela de macarrão na mão e um pouco de suco
verde na outra. Ele estava me alimentando como uma
divindade maldita, tudo orgânico e fresco e delicioso pra
caralho. Uma vez, quando Rogue e JJ estavam fora, acordei de
um cochilo e abri a porta para encontrar Fox dormindo
profundamente lá com uma expressão de cansaço absoluto
sobre ele. Não gostava de pensar o que o estava mantendo
acordado à noite, provavelmente o deixava louco saber que um
traidor estava de volta sob seu teto.
Ele colocou a comida na minha mesa de cabeceira e me
olhou de cima a baixo enquanto eu me encostava no braço de
uma cadeira perto da janela enquanto lutava contra uma
pontada de dor na minha canela.
“Como está a perna?” Ele perguntou em um murmúrio
baixo.
“Chegando lá,” falei com uma contração estranha de meus
lábios.
“Seu pai ligou,” ele revelou.
Soltei um suspiro pelo nariz. “Uau, ele só levou duas
semanas para fingir que se importava que eu estivesse vivo. Ou
ele nem se preocupou em fazer uma farsa?”
Fox não sorriu, dando um passo em minha direção antes
de parecer pensar melhor e cruzar os braços. “Ele estava
pedindo um pagamento de você, na verdade, disse que
comprou um terreno para uma lápide ao lado da sua mãe e não
poderia ter o dinheiro devolvido, então você devia a ele o custo.”
Amargura revestiu minhas entranhas com suas palavras.
Não deveria ter doído. Mas doeu. “Estou surpreso que ele me
comprou um.”
“Ele não comprou,” disse Fox sombriamente. “Verifiquei
suas afirmações, mas era tudo besteira. Ele até falsificou um
recibo e o enviou para mim, mas conhecendo seu pai, cavei um
pouco mais fundo só para ver se ele realmente tinha alguma
decência nele. Mas ele não tem.”
“Bem, isso não é novidade,” murmurei. “Estou surpreso
que ele até tentou a sorte. Ele deve estar até o pescoço em
dívidas se está trabalhando tanto para me enganar e tirar
algumas centenas de dólares. Então você disse a ele para se
foder?”
“Não,” ele disse com malícia em seus olhos. “Falei que você
deixaria o dinheiro em sua caixa de correio à meia-noite.”
Fiz uma careta, abrindo minha boca para perguntar se ele
realmente esperava que eu pagasse quando ele continuou.
“Paguei a algumas crianças para visitá-lo naquele exato
momento depois de encher seus bolsos com fogos de artifício e
fazer com que prometessem que seriam criativos.”
Uma risada caiu dos meus pulmões, uma das primeiras
em muito tempo e Fox abriu um sorriso. Minha risada logo
morreu e abaixei meu olhar, olhando para minha perna com
uma carranca trabalhando em minha testa. “Parece que estou
me transformando nele, não estou? Perna desequilibrada,
cabelo comprido e todo mundo pensa que sou um idiota. Só
preciso da bengala de madeira, do buraco vazio de uma casa e
dos dentes amarelos para finalizar o visual.”
“Ace,” Fox suspirou, balançando a cabeça para mim, seus
olhos queimando com palavras não ditas e se eu não estivesse
totalmente iludido... arrependimento. Sua garganta trabalhou,
então ele baixou o olhar e caminhou até a porta, mas antes que
ele pudesse sair, forcei um agradecimento pela comida e ele
olhou para mim com uma tensão em sua expressão. Algo se
passou entre nós no silêncio, parecia um pedido de desculpas,
mas eu não tinha certeza se era meu ou dele. Então ele se foi
e a porta se fechou. Eu automaticamente me movi atrás dele,
mancando junto com minha muleta enquanto ia e xingando
quando minha perna começou a doer. Não estava feliz com o
tempo que passei em pé hoje. Cheguei até a porta, meu pulso
selvagem quando verifiquei se estava destrancada e um
suspiro pesado de alívio me deixou.
Comi minha comida e sentei na cama em silêncio,
aguçando meus ouvidos para ouvir os outros lá embaixo, mas
suas vozes não estavam me afetando agora. Eu odiava quando
não conseguia ouvi-los. Dedos gelados começaram a rastejar
sob minha pele, encontrando meu coração e apertando-o com
força. Concentrei-me no cômodo ao meu redor, me lembrando
de que estava em casa, em um espaço que conhecia tão bem
quanto as costas da minha mão. Mas de alguma forma isso não
estava ajudando hoje. Preso na prisão de Shawn, senti uma
estranha espécie de calma, um desprezo por minha vida. Mas
fora disso, percebi que ele tinha me danificado profundamente,
de uma forma que eu não poderia curar. O tipo de dano que
meu pai deixou em mim, onde ninguém poderia ver.
O barulho na minha cabeça cresceu para um rugido e eu
agarrei meu cabelo, cerrei minha mandíbula e tentei lutar
contra a escuridão com nada além de pura vontade. Era uma
parte de mim agora, porém, corria no meu sangue. E sempre
que me reclamasse de agora em diante, eu seria dilacerado por
ele. Por meu pai, Shawn, por mim. Todos éramos os senhores
da minha ruína e eu era o produto dessa destruição.
Uma voz suave me chamou lançando um raio de sol na
escuridão. Suas mãos caíram no meu rosto, seus polegares
marcando ao longo de minhas bochechas.
“Chase, olhe para mim,” ela exigiu enquanto meu coração
batia furiosamente e eu consegui fazer o que ela pediu.
Eu me vi olhando para a criatura mais hipnotizante que
já vi e a escuridão dentro de mim começou a diminuir, as vozes
se acalmando até que eu só pudesse ouvir minha respiração
frenética e sentir uma fome ardente e desesperada por essa
garota. Uma garota que uma vez culpei por todas as coisas
ruins em minha vida. Mas eu fui o culpado o tempo todo.
“Desculpe,” falei, mas saiu em uma respiração pesada que
estava presa em meus pulmões e sua expressão dizia que ela
não pegou.
“Você está bem, cara?” JJ perguntou de algum lugar
próximo e assenti quando as mãos de Rogue escorregaram do
meu rosto.
“Estou bem,” murmurei, a vergonha tomando conta de
mim por me encontrarem no meio de uma porra de um colapso.
Puxei meu cabelo, colocando-o sobre o lado devastado do
meu rosto e Rogue franziu a testa, estendendo a mão para
tentar afastá-lo novamente, mas peguei seu pulso em um
aperto, um rosnado em meus lábios.
“Não,” avisei.
Seus lábios se separaram e a tensão percorreu o ar nos
dividindo, falando sobre a raiva que havia vivido entre nós
antes de Shawn me levar. Eu estava muito além de culpá-la
por meus problemas agora, mas duvidava que ela tivesse me
perdoado por deixá-la naquela balsa. O que fez de nós dois.
Mas ter uma discussão franca sobre isso agora parecia
bastante inútil, já que eu estaria deixando este lugar para
sempre em breve. O que poderia ser dito de qualquer maneira?
Ela tinha visto minhas verdadeiras cores e não gostou da
paleta. Também não gostei, mas se começássemos a ver todos
os meus arrependimentos e as coisas que prefiro mudar em
mim, ficaríamos presos aqui escrevendo a lista por um século.
JJ se moveu para se ajoelhar na cama, tirando meus
dedos do pulso de Rogue e eles trocaram um olhar como se
estivessem se comunicando telepaticamente entre si. Ela
assentiu levemente e eu fiz uma careta.
“Rogue quer cortar seu cabelo e fazer sua barba, irmão,”
JJ me disse, mas havia um brilho de algum pensamento
perverso em seus olhos que eu não entendi.
“Estou bem,” murmurei. “Ajuda a esconder as cicatrizes.”
“Esse é o ponto,” Rogue entrou na conversa. “Gosto muito
mais das suas cicatrizes do que da aparência de vagabundo.
Você está dando a Carnival Bill uma corrida pelo seu dinheiro
neste momento.” Lembrei-me do mendigo que morava em
Carnival Hill com seu cabelo comprido rebelde e olhar louco.
Gah.
Estalei minha língua em rejeição. Eu era como o Corcunda
de Notre Dame agora, e iria morar na minha torre do sino assim
que fosse forçado a deixar a Casa Harlequin. Parecia que eu
estaria vivendo com uma dieta constante de prostitutas se eu
quisesse transar de novo também. Mas mesmo enquanto
pensava em estar com alguma garota qualquer, estremeci,
minha pele formigando por toda parte. Eu não queria as mãos
de nenhuma garota em mim, exceto aquela bem na minha
frente, então imaginei que eu e minha mão direita iríamos
namorar em um futuro próximo. Excelente.
Fazia meses que eu não gozava, mas não era como se
houvesse muito para me excitar durante as sessões de tortura
na Mansão Rosewood, e agora que estava de volta para casa,
estava vigiado vinte e quatro por sete, então eu tinha que
possuir minha merda como um homem sempre que Rogue
dormia ao meu lado e ignorar a sobrancelha levantada que
recebia de JJ sempre que ele notava.
“Não minta para mim,” mordi Rogue. “Posso lidar com a
verdade, sabe? Não preciso ser mimado. Não sou uma criança.”
“Então pare de fazer beicinho como um,” Rogue rebateu
de volta, sacudindo-me entre os olhos. Deus, aquela mulher.
“Ela está certa, cara.” JJ empurrou a mão no meu cabelo
e enrijeci enquanto ele o afastava do meu rosto. “Você acha que
isso vai brochar as meninas? Cicatrizes são uma torção para
muitas garotas gostosas.”
Olhei para Rogue, incapaz de deixar de me perguntar se
ela era o tipo de garota que gostava disso. Mas isso não era
apenas algumas cicatrizes de batalha no meu peito, era algo
que ela tinha que olhar o tempo todo. Embora não fosse como
se eu pudesse reclamar Rogue de qualquer maneira, então por
que eu me importava?
“Deixe-me cortar,” ela ronronou, enfiando os dedos na
minha barba enquanto o aperto de JJ ficava mais forte no meu
cabelo. Porra, por que foi tão bom? Eu estive morrendo de fome
por muito tempo naquele porão. Especialmente desse tipo de
sentimento gentil.
“Tudo bem,” cerrei, principalmente porque eu só queria
que ela mantivesse as mãos em mim, e eu não odiava
exatamente a presença de JJ também. Eu precisava deles perto
agora e eu não pensaria além disso, porque tudo era apenas
uma doce distração temporária antes do tempo que eu tivesse
que deixá-los ir novamente.
Os dois se afastaram e fiquei olhando para eles enquanto
JJ levava Rogue para fora da sala, sua mão deslizando para
baixo em sua bunda quando eles saíram. O sangue estava
correndo forte e rápido para o meu pau e apertei a base dele
através do meu short para tentar aliviar um pouco da pressão
crescente, engolindo um gemido. Isso é patético.
Eles voltaram alguns minutos depois e percebi que Rogue
havia tirado o short, então ela só usava minha regata branca
com uma caveira preta. Ela tinha uma caixa de cigarros em
suas mãos e um sorriso malicioso nos lábios, e minha garganta
se apertou enquanto meu olhar desceu para suas pernas
longas e bronzeadas sob minha camisa. Porra, ela parecia bem.
Seus mamilos mostraram através do material branco também,
enrugando quando JJ tirou uma mecha de cabelo azul pastel
de seu ombro e deu um beijo em seu pescoço. Ele tinha uma
máquina e uma tesoura em suas mãos, que jogou na cama
antes de tirar sua própria camisa e jogá-la no chão em um
maldito movimento de stripper.
“Onde está Fox?” Murmurei enquanto Rogue avançava,
pegando minha mão para me guiar para fora da cama,
tornando-se minha muleta enquanto eu me inclinava sobre ela
para me apoiar.
“Fora,” ela disse simplesmente antes de me direcionar
para uma cadeira de madeira enquanto JJ a movia para o
centro da sala.
Soltei Rogue e tentei ir direto para ela, mas minha perna
disse não e xinguei enquanto tropecei, mas JJ me pegou, me
ajudando a sentar. Murmurei um agradecimento, irritado
comigo mesmo, mas todo o meu constrangimento foi esquecido
quando Rogue colocou sua perna sobre a minha e se sentou no
meu colo.
JJ passou a tesoura para ela e ela sorriu inocentemente
para mim enquanto começava a cortar minha barba, deixando
o cabelo cair entre nós e se espalhar no chão.
JJ usou seu telefone para se conectar ao meu alto-falante
Bluetooth e tocou a versão lenta de Goodbye, de Feder and
Lyse, enquanto Rogue trabalhava para encurtar a bagunça de
cabelo do meu rosto. Eu não conseguia parar de olhar para ela
enquanto ela se sentava a apenas alguns centímetros de
distância da protuberância em minhas calças e olhei para JJ
quando ele se aproximou novamente, me perguntando se ele
iria impedi-la de sentar em mim assim. Ele puxou o cabelo de
Rogue sobre os ombros, em seguida, inclinou-se e ajeitou a
camisa que ela estava usando para revelar sua calcinha de
seda rosa sob onde beijava sua pele bronzeada.
Dei a JJ um olhar confuso, meu coração batendo forte
enquanto Rogue agia como se não tivesse notado, suas pernas
se espalhando um pouco mais enquanto ela pressionava as
pontas dos pés no chão.
“Não a deixe cair, Ace,” JJ avisou com uma voz cheia de
pecado enquanto pegava minha mão e a colocava na parte
inferior das costas de Rogue, antes de agarrar seus quadris e
empurrá-la para frente. Xinguei quando ela pousou bem no
meu pau e meus dedos automaticamente fecharam em sua
camisa. Suas pupilas dilataram e um barulho de respiração
escapou dela, fazendo-me ficar ainda mais duro entre suas
coxas.
Limpei a garganta, olhando para JJ e tentando comunicar
silenciosamente que eu estava tendo uma pautástrofe agora,
mas pelo sorriso em seu rosto, parecia que ele sabia
exatamente com o que eu estava lidando.
Confuso pra caralho, voltei a assistir Rogue enquanto ela
continuava cortando minha barba até que ficasse curta o
suficiente para começar a usar a máquina. JJ a conectou e
entregou a ela, inclinando-se para beijar seu pescoço e deslizar
a mão por sua blusa para brincar com seus seios. Ela
engasgou, seus quadris balançando sobre meu pau duro como
pedra e amaldiçoei sob minha respiração, agarrando o braço
de JJ.
“O que você está fazendo cara?” Exigi.
Ele se afastou de Rogue, brincando com seu mamilo por
baixo da camisa e usando a outra mão para segurar seu queixo
e se certificar de que ela estava olhando para mim. Ela mordeu
o lábio, olhando diretamente para mim enquanto um gemido
rolava de sua garganta e juro que senti aquele barulho direto
na base do meu pau.
“Te mostrando o quão quente você deixa a minha garota,”
ele disse com um encolher de ombros, como se este fosse
apenas mais um dia na terra de JJ.
“O quê?” Assobiei, imaginando que ele tinha perdido a
porra da cabeça. Eu não estava deixando Rogue quente, ele
estava. E eu era apenas um... um maldito assento.
“Toque-me,” ela ofegou, olhando diretamente para mim e
minha garganta travou.
“Não,” rosnei em recusa.
JJ se retirou e tirei minha mão das costas de Rogue,
sentindo o quão errado isso era, não importava o quanto eu a
quisesse. Ela circulou seus quadris em um movimento lento e
tortuoso enquanto ligava a máquina e começava a trabalhar
para transformar minha barba em um restolho áspero.
“Pequenina,” avisei com um grunhido, meus dedos
mordendo sua coxa enquanto ela se balançava sobre cada
centímetro sólido de mim e tive que suprimir um gemido. “Por
que você está fodendo comigo?”
“Por que tudo é um ataque para você, Ace?” Ela perguntou
com uma voz rouca que fez a cabeça do meu pau estremecer.
“Estou apenas mostrando como suas cicatrizes me fazem
sentir.”
“Certo. Então você pensou em me tocar por pena?” Cortei
furiosamente, deixando cair minha mão livre em sua outra
coxa e cavando meus dedos enquanto a empurrava para fora
do meu pau. Ela segurou a mesma mão, pressionando na
ponta dos pés para se levantar um pouco de cima de mim.
Minha respiração engatou quando ela o puxou entre suas
coxas, esfregando meus dedos sobre o tecido encharcado em
sua calcinha. Eu a encarei com uma necessidade urgente,
quase violenta, de empurrar aquela calcinha de lado e enfiar
meus dedos em sua boceta molhada. Mas então me lembrei
que era um jogo cruel de porquinho e lobo mau e que eu era o
porquinho estúpido que não ia colocar as mãos na casa certa.
“Que porra é essa?” Rosnei, puxando minha mão de volta
quando a raiva que vivia em mim cresceu e tentou assumir o
controle. Mas então Rogue se acomodou no meu colo e
continuou trabalhando na minha barba, aparando-a e
balançando os quadris com a batida da música como se ela
fosse totalmente inocente.
“Rogue,” murmurei, olhando para JJ, mas ele apenas se
encostou na parede e estava assistindo ao show com calor em
seus olhos e seu pau totalmente duro dentro de seu short.
Quando ela terminou com a minha barba, finalmente se
levantou e deu um passo para trás para admirar seu trabalho,
escovando o cabelo da camisa que ela estava vestindo antes de
franzir a testa para os restantes presos lá e puxar a coisa toda.
Um caroço irregular subiu na minha garganta quando ela ficou
na minha frente com seus seios perfeitos em exibição total e
seu cabelo de arco-íris caindo ao seu redor. Meu pau latejava
de necessidade e o desejo de agarrá-la cresceu em mim como
um bilhão de galões de água contra uma represa. Eu precisava
dela com uma intensidade primitiva que me deixou furioso e
com sede ao mesmo tempo. Ela estava balançando-se na
minha frente como a fruta mais suculenta da terra e meu lábio
superior se projetou para trás de raiva enquanto eu tentava me
empurrar para fora da minha cadeira. A mão de JJ pousou no
meu ombro, me mantendo abaixado e ele deslizou um cigarro
entre meus lábios, acendendo-o no segundo seguinte.
“Não diga a Fox,” JJ disse em meu ouvido com uma risada
baixa antes de olhar para Rogue. “Dance para nós, menina
bonita.” A música mudou para Lost Cause de Billie Eilish e
Rogue sorriu quando fez o que ele pediu, seus quadris
balançando e seus olhos fechando enquanto ela se perdia na
batida sedutora.
JJ de repente borrifou água no meu cabelo e passou um
pente casual pra caralho quando começou a cortá-lo. Respirei
fundo a fumaça e a injeção de nicotina fez minha cabeça girar
enquanto eu olhava para Rogue e me recusava a piscar. Isso
era algo saído diretamente das minhas fantasias mais sujas.
Ela no meu quarto, sem camisa, movendo-se assim. Foi o
suficiente para me deixar louco.
“Parece bom, só um pouco mais, não tire muito,” Rogue
disse a JJ e dei outra tragada profunda no meu cigarro,
incapaz até mesmo de absorver essas palavras enquanto meu
olhar viajava por seu corpo apertado e beijado por ouro, que eu
tinha sede de causar estragos.
Ela acordou uma fera em mim que nunca havia sido
domada, mas eu tinha certeza que ela tinha o encanto para
fazer isso, ela poderia acabar com algumas marcas de garras
ao longo do caminho. Porque se eu tivesse que possuir seu
corpo, eu a foderia sem fôlego e a faria trabalhar por cada
segundo de prazer que eu oferecesse a ela. Havia dez anos de
tensão entre nós e eu podia sentir isso tornando o ar mais
espesso agora. Me deixou com raiva, odioso, talvez até um
pouco vingativo. E eu não tinha dúvidas de que ela também se
sentia. Fomos perfeitamente projetados para destruir um ao
outro e eu ansiava por saber como seria queimar em seu fogo.
JJ trabalhou para consertar meu cabelo enquanto eu
fumava e Rogue espalmou seus seios e puxou seus mamilos,
me deixando mais duro que eu já estive em minha vida. Não
havia nada de sexual em cortar cabelo e, ainda assim, as mãos
de JJ estando em mim enquanto eu me sentia assim, parecia
que estávamos cruzando os limites. Eu não estava totalmente
contra isso também. Cara, era bom simplesmente ser tocado.
Como se eu ainda significasse algo para as pessoas nesta sala.
Alguma coisa importante.
Os olhos de Rogue se abriram, mas eles estavam
encobertos enquanto ela caminhava em minha direção, seus
quadris balançando quando ela se inclinou, sua mão na minha
coxa enquanto ela arrancava o cigarro de meus lábios e
fumava, me deixando em uma nuvem de fumaça. Seus dedos
subiram pela minha perna e eu a alcancei, minha mão
enrolando na parte de trás de sua coxa e apertando com força
suficiente para machucar.
“Você não sabe o que está fazendo comigo,” rosnei.
Eu não tinha controle total sobre a escuridão em mim e
ela estava assumindo uma nova forma agora que era cruel e
depravada, o tipo que queria dobrá-la à minha vontade e fazê-
la sofrer de todas as maneiras certas.
“Eu sei exatamente o que estou fazendo, Chase Cohen,”
ela disse, seus olhos fixos nos meus enquanto ela terminava o
cigarro. Ela o abaixou em sua mão e vacilei por instinto quando
me lembrei de Shawn apagando a bituca em mim. Os dedos de
JJ trancaram no meu cabelo e os olhos de Rogue se
arregalaram quando ela percebeu por que eu reagi assim.
Ela foi se afastar, mas apertei minha mão em torno de sua
perna e peguei o cigarro de seus dedos, esmagando-o na palma
da minha mão para que o fogo queimasse a carne, provando
que eu ficaria feliz por ela.
“Não há dor que eu não suportaria por ter você tão perto,”
falei a ela, jogando a bituca longe para que as cinzas e fuligem
caíssem da minha palma.
JJ se inclinou por cima do meu ombro, deslizando a mão
pela nuca de Rogue e afundando a língua entre seus lábios. Eu
estava esmagado entre sua ereção e seus seios enquanto eles
se juntavam em um choque de desespero um pelo outro e
rosnei de frustração, tentando me levantar, apenas para que
cada um pressionasse a mão em meus ombros para me manter
no lugar.
“Vão para o seu próprio quarto,” rosnei, afastando-os
enquanto o calor batia no meu peito. “Foda-se seus jogos.”
“Não é um jogo, Ace,” JJ rosnou.
Consegui ficar de pé com a força bruta e lhe dei uma
cotovelada de volta, me recusando a acreditar nele. Porque
ninguém me queria assim, e se os dois tinham chegado a
algum pequeno acordo distorcido para tentar fingir o interesse
de Rogue por mim, então foda-se eles.
As palavras eu te amo passaram pela minha mente
quando me lembrei de Rogue dizendo-as para mim, mas
pisquei aquela visão para longe, sabendo que ela não quis dizer
isso. Ela não poderia querer. Antes de ficar assim, eu era um
monstro por dentro. E ela sabia. Ela tinha visto o pior.
Manquei através da sala e cerrei os dentes contra a agonia
em minha perna quando cheguei à cômoda e me inclinei contra
ela, apontando para a porta. “Saiam. Vão foder como vocês
querem.”
“Ela também quer você, cara, você não...” JJ começou,
mas eu o interrompi.
“Besteira,” rosnei. Eu era apenas um pequeno brinquedo
quebrado que eles tentavam fingir que estava inteiro, e eu não
estava acreditando em nada disso. “Vão!” Eu bati e Rogue
pegou a mão de JJ, puxando-o para fora da sala, jogando-me
um olhar por cima do ombro que dizia que eu era um idiota.
O suor escorria do meu peito e meu pau ainda estava
doendo, me deixando confuso e com raiva e tão excitado que
eu queria quebrar alguma coisa. Eu queria rasgar esta sala em
pedaços se eu tivesse a porra da força para fazer isso.
Depois de alguns minutos, um gemido alto soou além da
minha janela e mordi o interior da minha bochecha,
permanecendo enraizado no local antes que soasse novamente.
Eu resisti um pouco mais antes de pegar minha muleta e me
mover para a janela, apoiando meu ombro contra a lateral dela
enquanto me enfiava contra a cortina.
Rogue estava espalhada em uma espreguiçadeira abaixo
de mim no pátio, totalmente nua com os dedos enlaçados no
cabelo de JJ enquanto ele se deitava sobre ela. Minha
respiração ficou cada vez mais pesada enquanto eu observava,
incapaz de desviar o olhar e apertei meu pau quase dolorido
em minhas calças.
Porra, ela era a tentação perfeita, a forma como suas
costas se arqueavam e ela mordia o lábio inferior, era a coisa
mais quente que já vi na minha vida miserável.
Será que eles perceberam que isso era do lado de fora da
minha janela ou estavam tão presos um ao outro que
esqueceram que eu podia ver todo o pátio daqui?
Rogue puxou e provocou seus próprios mamilos enquanto
sua cabeça inclinava para trás em prazer absoluto e memorizei
cada centímetro dessa expressão. Eu sempre fantasiei sobre
como ela ficaria bem quando gozasse, e dois segundos depois
ela atendeu ao meu desejo quando se arqueou, segurando a
cabeça de JJ entre as coxas enquanto ela gritava e seus olhos
se abriam no último segundo, direto para o meu. Não fui rápido
o suficiente para me mover, então simplesmente assumi e
fiquei lá observando enquanto ela lambia os lábios e olhava
para mim como se eu fosse a fonte de seu prazer.
JJ se levantou, pegando-a em seus braços como se ela não
pesasse nada e tomando seu lugar na espreguiçadeira,
deitando-se e acomodando-a em seu colo enquanto ela olhava
para longe dele e para mim. Ela segurou seu pau grosso e o
guiou para sua boceta, seus olhos ainda presos aos meus
enquanto ele agarrou seus quadris e a puxou para baixo,
afundando até a base. Ela deslizou os dedos em seu clitóris
quando eles começaram a foder com força, fazendo seus seios
saltarem enquanto JJ apoiava seus quadris e a fazia montá-lo
no ritmo que ele queria.
Ela parecia tão comestível que minha boca encheu de
água e a maneira como seu olhar continuou grudado em mim
tornou impossível para mim não me aliviar mais. Empurrei
minhas calças para baixo, liberando meu pau duro e
agarrando-o com força quando comecei a acariciá-lo com
firmeza no tempo das estocadas de JJ, imaginando meu pau
no lugar do dele enquanto o dirigia profundamente em sua
boceta. Pensei em como ela estava molhada para mim aqui e
imaginei como seria ter sua boceta encharcada enrolada em
cada centímetro do meu eixo. Bombeei meu pau mais forte,
rosnando no fundo da minha garganta enquanto ela
trabalhava em seu clitóris, mordendo o lábio enquanto
observava os movimentos do meu braço para que ela soubesse
exatamente o que eu estava fazendo.
Enquanto eu a observava desfrutar das investidas
profundas do pênis de JJ, imaginei o que faria se tivesse esse
privilégio. Eu tinha tanta energia reprimida quando se tratava
dela, sabia que não seria capaz de ser nada além de áspero.
Ela me transformou em um selvagem e eu liberaria toda a força
de dez anos de raiva em sua carne. Eu a foderia como o animal
que me sentia cada vez que ela estivesse perto de mim, e
mostraria a ela porque era melhor manter os monstros em
gaiolas.
Aumentei meu aperto em meu pau, esfregando meu
polegar sobre a cabeça e deslizando o pré sêmen na ponta
enquanto o prazer rolava pelo meu eixo. Encarei sua boca, seus
seios, então aqueles olhos azuis marinhos que me possuíam
enquanto eu ansiava por possuí-la em troca.
Ela estremeceu quando gozou e desmoronei com ela,
prazer disparando ao longo do comprimento do meu pau
enquanto meu esperma espirrou contra a parede e eu
continuei bombeando até que ela reivindicou cada gota minha.
Minha respiração embaçou contra o vidro e Rogue mordeu
o lábio enquanto me observava, caindo contra JJ quando ele
terminou com um impulso final forte, forçando sua cabeça ao
redor para reivindicar um beijo de seus lábios.
Peguei uma toalha pendurada na cadeira do meu banho
matinal, enxugando a bagunça que fiz antes de colocar meu
pau longe e jogar a toalha na roupa suja. Então fechei as
cortinas e usei minha muleta para voltar para minha cama.
Minha perna estava seriamente começando a doer com o
quanto a forcei hoje, mas eu não me importava. Eu ainda
estava voando alto. Minha cabeça girou com a liberação e uma
onda de paz caiu sobre meu peito enquanto caí no colchão. Eu
não sabia que porra tínhamos acabado de fazer, mas parecia
errado como o inferno e seriamente certo pra caralho.
Deslizei o tapa-olho debaixo do meu travesseiro e girei no
meu dedo antes de mentalmente encolher os ombros e colocá-
lo. Inclinei-me na cama para verificar no espelho, arrumando
meu cabelo recém-cortado em torno dele, que ficava ondulado
conforme secava. Observei o novo eu naquele vidro e descobri
que não odiava inteiramente o que vi e quando a porta se abriu
e Rogue entrou no meu quarto com outra das minhas camisas,
seu rosto se iluminou ao me ver.
JJ a seguiu com um pacote de salgadinhos nos braços e
os dois se amontoaram na minha cama, agindo como se não
tivéssemos participado de algum festival de foda estranho.
Mutt entrou também, ganindo enquanto pulava na cama e
arrancava um osso dos dedos de Rogue.
Rogue jogou um saco de Cheetos para mim, se enrolando
ao meu lado e olhando para o meu tapa-olho com um sorriso
malicioso. “Você parece bem, Capitão Ace.”
“Sim, sim,” murmurei, rasgando o saco de salgadinho
enquanto JJ se acomodava do outro lado dela, seus dedos
enroscando-se entre os dela.
Roubei um olhar para os dois, sem saber como eles
poderiam estar tão confortáveis com esta situação, mas
estranhamente descobri que isso não me incomodava muito
também. Talvez fosse porque sabia que estava em um limite de
tempo e pegaria tudo o que pudesse de Rogue enquanto ainda
estivesse aqui. Uma coisa que eu tinha certeza, porém, era que
tínhamos acabado de adicionar à lista de coisas que Fox nunca
poderia descobrir, porra.
Corri para o quarto de Chase com um grito animado,
jogando a porta aberta com tanta força que bateu contra a
parede e talvez fez um buraco nela. Opa.
Chase xingou de seu banheiro, onde o som do chuveiro
correndo encheu o ar e eu bati palmas ruidosamente.
“Depressa, raio de sol, vamos nos atrasar.”
“Atrasar para quê?” Ele perdeu a cabeça. “E por que
diabos você está no meu quarto? Estou nu.”
“Eu não estou interessada em ver seu pau, Chase, Deus.
Nem tudo é sobre você.” Corri até seu armário e agarrei para
ele um par de shorts e uma camisa branca antes de jogar a
camisa para trás e escolher uma verde. Perfeito. “Teria
organizado melhor, mas acabei de ver o anúncio online e temos
de nos mexer se quisermos chegar a tempo.”
“Do que diabos você está falando?” Chase rosnou, o som
da água fechando após suas palavras.
“Ele está na cidade,” falei animadamente. “Bem, não na
cidade. Ele está tipo seis cidades depois daqui. Mas é perto o
suficiente e eu não estou perdendo isso,” expliquei.
“Você não está fazendo sentido.”
Bufei irritada, ajustando meu boné de beisebol e cruzando
os braços enquanto esperava que ele mancasse para sair. Ele
ainda não conseguia colocar nenhum peso em sua perna
estourada, então demorou a pular para fora, uma mão
segurando a toalha que enrolou em sua cintura e seu gesso
coberto por um saco que o manteve seco.
Meu olhar deslizou sobre seu peito nu enquanto algumas
gotas de água escorriam por sua pele. Os cortes estavam quase
completamente curados agora, apenas linhas vermelhas em
sua carne permanecendo e me deixando livre para apreciar seu
corpo musculoso. JJ ficou com pena dele e trouxe um banco e
um monte de pesos aqui para que ele pudesse pelo menos fazer
exercícios de peito e braço enquanto estava trancado e seus
músculos estavam bombeados do treino que ele fez antes do
banho.
Arrastei meu olhar de seu peito nu para seu rosto,
observando o tapa-olho preto que ele agora usava para cobrir
o que Shawn tinha feito a ele.
Chase percebeu onde minha atenção havia caído e baixou
sua cabeça, deixando seus cachos molhados caírem para
frente para obscurecer seus olhos e eu bufei.
“Já te contei sobre minhas fantasias sexuais de pirata?”
Perguntei a ele, fazendo-o olhar para mim novamente com uma
carranca.
“Do que diabos você está falando?”
“Só estou dizendo, talvez eu tenha que comprar um
papagaio para você. Você tem o tapa-olho e a perna de pau à
sua disposição. Se você ensinar um papagaio a dizer 'linda
Polly' para mim, provavelmente vou cair direto de joelhos e
chupar seu pau como uma boa putinha da terra. É a lei da
fantasia.”
Chase zombou, segurando as costas de uma cadeira
enquanto pulava em minha direção. “Sim, tenho certeza que
será o caso. Que garota não quer um cara com uma cara de
merda que nem consegue andar direito? Sou um verdadeiro
maldito partido hoje em dia.”
Revirei meus olhos para ele dramaticamente e ele fez uma
careta para mim.
“Você vai ir se foder para que eu possa me vestir, então?”
Ele perguntou. Cara, ele estava mal-humorado esta manhã.
Mas quando ele estava mal-humorado, geralmente significava
que ele estava com dor, então eu não poderia estar muito
zangada com ele.
“Não,” respondi simplesmente. “Eu já disse que estamos
atrasados. Eu tenho um lugar para ir e você precisa de uma
enfermeira 24 horas. JJ tem coisas para fazer no clube hoje e
Fox está fora para ser todo Harlequin, o que torna você meu
problema.”
“Não posso sair de casa, lembra?” Chase murmurou, indo
para a cama e quase caindo sobre ela enquanto agarrava sua
toalha com força em seu punho como se estivesse com medo
de uma brisa forte soprar e roubá-la. O que era extremamente
improvável, visto que todas as janelas estavam fechadas, as
cortinas permanentemente fechadas aqui. Supostamente, isso
era para garantir que ninguém o visse, mas eu tinha certeza de
que era pelo menos metade porque Chase não queria que
ninguém o visse, ponto final. E eu estava farta dessa merda.
Principalmente hoje.
“Sim, bem, eu nunca fui de regras. E tenho um encontro
hoje que você vai acompanhar, goste ou não.”
“Que porra você está falando? Você e JJ não precisam que
eu...”
“Err, quem disse alguma coisa sobre JJ? Este é um
negócio muito maior do que qualquer coisa na maldita Cove.
Este é um evento de autógrafos ao vivo e eu não estou perdendo
porque você precisa de alguém aqui para trocar suas fraldas o
dia todo.” Cruzei os braços para que ele soubesse que eu falava
sério, mas ele parecia mais confuso do que nunca.
“Um o quê?”
“Power Ranger Verde, duh.” Eu o acertei na testa e ele se
afastou de mim.
A compreensão amanheceu e ele balançou a cabeça com
um grunhido de irritação. “Eu não vou sair com você para uma
sessão de autógrafos idiota com um cara de um show infantil.”
“Isso seria onde você está errado.” Eu me lancei contra ele
com a camisa verde na mão e consegui forçá-la sobre sua
cabeça antes que ele pudesse lutar contra mim. Ele não teve
escolha a não ser enfiar os braços nos buracos e rosnou para
mim enquanto me puxava para trás, agarrando meus pulsos e
me prendendo na cama embaixo dele com as mãos acima da
cabeça.
“Eu não vou sair,” Chase rosnou na minha cara e suspirei,
a luta saindo dos meus membros enquanto eu fazia beicinho.
“Tudo bem,” concordei com uma fungada triste. “Apenas
pensei que seria bom fazer algo divertido uma vez. Estou tão
cansada de estar infeliz e com medo o tempo todo. Eu só queria
tentar e me divertir um pouco.”
Chase franziu a testa para mim quando desisti como se
ele estivesse esperando mais de uma luta e ele recuou, me
liberando.
Eu me empurrei para fora da cama e me dirigi para a
porta, fungando alto e limpando minha bochecha enquanto ia.
“Espere,” Chase chamou antes que eu pudesse
desaparecer e parei de costas para ele, um sorriso nos lábios
enquanto esperava. “É realmente tão importante para você?”
“Eu daria meu olho direito para ir,” concordei, ainda sem
olhar para ele.
Chase tossiu uma risada surpresa “Uau, você realmente é
uma idiota, não é?”
“Sim. Mas não acho que você me quer de outra maneira.”
Olhei por cima do ombro, encontrando seu olhar em mim.
“Fox não vai gostar,” alertou.
“Ele vai odiar,” concordei. “Mas você se excita em contra
ele de qualquer maneira.”
“Você também,” ele apontou.
“Bem, por que não nos excitamos juntos, então?”
Provoquei. “Ou você prefere assistir?”
“Vá se foder,” ele respondeu, seu olhar deslizando pelo
meu corpo e fazendo calor subir sob minha pele enquanto eu
pensava sobre o que nós três tínhamos feito na outra noite. Ou
o que quase fizemos. Eu ainda não tinha descoberto se Chase
nos mandou sair porque não estava afim ou se era sua
insegurança aparecendo. Então, por enquanto, eu estava
brincando de observar, mas seriamente não poderia ter dito
que me importaria se ele tivesse optado por se envolver muito
mais conosco do que apenas se masturbar enquanto nos
observava juntos. Não que eu fosse dizer isso a ele.
“Improvável,” atirei de volta. “A menos que você pegue
aquele papagaio.”
Chase lançou um travesseiro para mim de sua cama e eu
ri enquanto corria dele, escapando antes que pudesse me
atingir e correndo escada abaixo.
Peguei a cadeira de rodas com a qual Chase tinha vindo
do hospital e meio a empurrei, meio a joguei escada abaixo
para a garagem antes de alguma forma colocar a coisa pesada
como uma merda na parte de trás do meu Jeep. Então reclinei
o banco do passageiro o máximo que pude e coloquei alguns
travesseiros na área dos pés.
Rapidamente liguei o motor, então tirei o carro da garagem
e estacionei do lado de fora da porta da frente, ignorando os
Harlequins que Fox tinha deixado nos portões da propriedade
enquanto me lançavam olhares curiosos.
No momento em que voltei a subir as escadas, encontrei
Chase vestido com o short que coloquei para ele e sorri
enquanto deixava minha imaginação correr sobre como ele
conseguiu puxá-lo sobre sua perna com seu gesso grande,
impedindo-o de dobrar o joelho.
“Por que você está sorrindo para mim desse jeito?” Ele
perguntou.
“Você não gosta quando eu sorrio?”
“Não desse jeito. Você está claramente tramando algo.”
“Dã. Estamos saindo apesar das advertências mais
estritas do Texugo. Agora venha e desça de bunda nas
escadas ou vamos nos atrasar.”
“Não estou batendo o traseiro em lugar nenhum.”
Sorri com o desafio que me apresentou, então corri para o
seu quarto, peguei suas muletas e corri para a janela com elas.
“Rogue, o que diabos você...”
Chase não precisava terminar essa pergunta porque eu já
tinha aberto sua janela e jogado as muletas para fora. Elas
caíram na piscina com um barulho alto e coloquei a mão na
minha boca com um suspiro exagerado.
“Oh meu Deus, Chase, suas muletas acabaram de
cometer suicídio em vez de ouvir outra palavra mal-humorada
saindo de sua boca!”
Chase ficou boquiaberto comigo por vários longos
segundos, então finalmente quebrou uma risada. “Às vezes eu
não sei se te odeio ou te amo,” ele rosnou para mim.
“Amar é muito mais divertido,” prometi, saltando de volta
através da sala em direção a ele enquanto o peso de seu olhar
em mim aumentava e eu tinha certeza de que ambos
estávamos pensando sobre aquelas três pequenas palavras que
eu disse a ele quando a Dollhouse estava desabando. Mas hoje
era sobre algo muito mais importante do que nossa bagagem
emocional, então apenas dei-lhe um empurrãozinho em
direção à porta, sem mencionar. “Vou dar uma surra com você.
Vai ser divertido. Além disso, não consigo suportar o seu peso
nas escadas e você sabe disso. Se você cair, não há como eu
conseguir segurar seu grande traseiro musculoso para cima,
então de bunda é a aposta mais segura.”
Chase resmungou enquanto eu o guiava para sentar no
degrau superior, mas apenas bati meu ombro contra o dele e
me inclinei para sussurrar para ele.
“O último a chegar ao final é um pato frígido.” Empurrei o
degrau, minha bunda batendo no próximo e Chase amaldiçoou
enquanto ele se animava pelo jogo, agarrando meu braço para
parar meu avanço enquanto passava por mim.
“Ei!” Reclamei, batendo em sua mão enquanto ele bufava
divertido e assumia a liderança.
Chase continuou descendo as escadas aos solavancos e
sorri para ele quando me levantei e corri atrás dele, saltando
sobre sua perna quebrada e caindo ao pé da escada enquanto
ele ainda tinha três para chegar.
“Eu ganhei,” anunciei, lançando-lhe um sorriso enquanto
estendia a mão para ele.
“Você trapaceou, porra,” Chase disse, pegando minha mão
e me deixando puxá-lo de volta para sua perna boa.
Ele tropeçou enquanto tentava recuperar o equilíbrio e
acabei esmagada sob seu corpo contra a parede ao pé da
escada. Seu corpo duro era todo musculoso e tentador e eu me
empolguei demais com minha fantasia de pirata enquanto ele
me prendia lá como uma donzela que foi encontrada no mar
em um pedaço de madeira flutuante, em seguida, puxada para
o navio do Capitão Ace, onde ele enfiava a prancha no meu
peito e...
“Porra. Desculpe,” disse ele, empurrando contra a parede
para se endireitar e rapidamente passando a mão pelo cabelo
para que caísse sobre o tapa-olho em uma tentativa idiota de
cobri-lo novamente.
“Vamos lá, amarelinha, não temos o dia todo.” Passei meu
braço em volta de sua cintura e o deixei se apoiar em mim
enquanto caminhávamos pela cozinha e o guiei em direção à
porta da frente.
“Como exatamente você planeja nos tirar daqui, passando
pelos Harlequins?” Chase exigiu.
“Aqueles idiotas lá fora? Fácil. Basta seguir minha
liderança e eles serão massa em minhas mãos.”
Chase murmurou algo sobre isso ser altamente
improvável e eu balancei minha cabeça para ele enquanto
assobiava para Mutt e abria a porta da frente.
Guiei Chase em direção ao meu Jeep, abrindo a porta para
ele e ele agarrou as barras do teto, se levantando e entrando
no carro com um grunhido que poderia ser de dor ou irritação
enquanto eu corria para sentar atrás do volante.
Ajudei a apoiar sua perna quebrada nos travesseiros que
empilhei em sua área dos pés, em seguida, inclinei-me sobre
ele para prender o cinto de segurança.
“O que você está fazendo?” Ele perguntou.
“Mantendo você seguro. Não vou te perder de novo, Ace.
Especialmente não por causa de algum acidente idiota.”
Ele me deu um olhar estranho e inclinei minha cabeça
para um lado enquanto olhava para ele antes de estender a
mão para empurrar os cachos escuros de seu rosto.
“Não,” ele retrucou, bagunçando rapidamente o cabelo e
fazendo-o cair de volta na testa novamente e bufei de irritação.
“Por que você está tão determinado a se esconder?”
Respondi de volta.
“Porque não preciso que o mundo inteiro me olhe por ser
uma aberração caolho e cheia de cicatrizes.”
Suspirei pesadamente, mordendo meu lábio inferior antes
de escalar o console central e me acomodar em seu colo,
minhas coxas montadas nas dele enquanto segurei sua
mandíbula e forcei seu olhar sobre o meu.
“Foda-se Shawn,” falei com firmeza. “Ele não pode fazer
isso. Diga-me que você não vai deixar. Porque se deixar, então
ele ganha. E ele não vai ganhar, vai?”
“Ele ganhar ou perder não faz diferença para o quão fodido
eu pareço,” Chase murmurou, seus olhos azuis procurando os
meus enquanto suas mãos descansavam timidamente na
minha cintura.
“Então você está incomodado com a coisa de um olho?”
“Eu ainda tenho dois olhos,” ele grunhiu.
“Mmmhmm. Por que você não tira o tapa-olho, então?”
“Minha pálpebra ainda não está totalmente curada,” disse
ele com firmeza, embora eu tivesse certeza de que era besteira,
porque JJ tinha me dito que ele nem precisava mais dos
curativos.
“Você confia em mim?” Perguntei de repente, sabendo que
essa era uma grande questão entre nós dois depois da proeza
que ele fez me abandonando na balsa.
“Sim,” Chase murmurou eventualmente e dei a ele um
grande sorriso.
“Tudo bem. Feche os olhos então, ou olho. Você sabe o que
quero dizer.”
Ele me deu uma porra de um olhar mal-humorado, mas
fez o que pedi enquanto eu apenas olhava para ele, esperando.
Seu aperto na minha cintura ficou mais forte enquanto
esperava para ver o que eu faria e eu rapidamente me virei e
abri o porta-luvas, remexendo um pouco antes de encontrar
um marcador de prata lá.
Chase ainda esperava para ver o que eu faria, então me
inclinei e suavemente escovei meus dedos pelo lado de seu
rosto que tinha as novas cicatrizes.
“Isso é apenas carne e osso, Ace,” murmurei, passando
meus dedos pelas bordas das cicatrizes que apareciam por
baixo da tapa-olho preto que ele usava. “E as cicatrizes em seu
corpo não o tornam menos. Elas o tornam mais. Mostram sua
força.”
Seu aperto em mim ficou mais firme até que ele estava me
agarrando como se eu fosse um peixe preso em uma linha e eu
o deixei porque eu queria que ele me pegasse, não importava o
quanto fodido tudo tenha se tornado entre nós. Ele ainda era
meu garoto. Ele se inclinou ao meu toque e continuei a
acariciar sua pele enquanto desenhava suavemente o que eu
precisava com o marcador.
“Mas se você está realmente preocupado em ter dois olhos,
tudo bem. Agora ninguém vai saber a diferença e você pode
parar de se preocupar com isso,” acrescentei triunfante.
“O quê?” Ele murmurou, seu olho bom se abrindo e me
fixando com um olhar por meio momento antes de seu olhar
pousar no marcador que eu ainda segurava.
“Você tem cílios muito bonitos,” murmurei e ele me
xingou, jogando minha bunda para trás no banco do motorista
e puxando o espelho retrovisor em sua direção para que
pudesse apreciar minha arte enquanto eu ria.
Ele agora tinha um olho bonito desenhado no material de
seu tapa-olho para combinar com o que ainda funcionava. Era
totalmente sutil. Eu duvidava que alguém notasse que ele não
tinha apenas seus dois olhos normais e entediantes.
“Rogue, sua idiota,” ele rosnou para mim enquanto Mutt
latia para ele do banco de trás em advertência e eu ligava o
motor. “Eu não vou sair desse jeito.”
“Uau, muito ingrato?” Provoquei, dirigindo para longe de
casa em direção aos portões para que ele não pudesse ter
nenhuma ideia idiota sobre como tentar sair. Tranquei as
portas para uma boa medida.
“Eu pareço ridículo pra caralho,” Chase disse com raiva.
“Então tire o tapa olho se você vai ficar chateado com
isso.” Sugeri, rindo enquanto ele se lançava sobre mim e
arrancava o boné do Power Ranger Verde da minha cabeça.
“Foda-se,” ele murmurou, colocando-o e puxando a aba
para baixo para sombrear seu rosto.
“Aww não seja um bebê sobre isso, Ace. Você pode
desenhar um pau no meu rosto se isso te fizer sentir melhor?”
Ofereci o marcador, mas ele apenas agarrou e jogou de volta
no porta-luvas.
“Que tal eu me vingar em outra hora,” ele disse e eu sorri.
“Pode vir, menino mau. Vou começar a dormir com um
olho aberto, a menos que você já tenha coberto isso?”
“Sério? Você vai fazer disso uma piada?” Ele apontou para
o rosto com raiva, mas não me importei.
Dei de ombros porque sim, eu estaria brincando e ele
pararia de ser uma vadia sobre isso. Assim como na vez em
que caí da bicicleta de Rick quando tentei andar com ela e
Chase me disse para não ser uma vadia sobre minha queda na
estrada. E doeu como um filho da puta.
Fui forçada a parar nos portões enquanto os Harlequins
franziam a testa para nós em confusão, mas felizmente Chase
não parecia inclinado a fazer uma pausa para isso.
“Ei,” disse Basset, movendo-se para ficar perto da minha
janela e olhando entre mim e Chase com curiosidade. “Não
sabia que você estava saindo hoje.”
“Enema6 de emergência,” expliquei, apontando o polegar
para Chase, que parecia um pouco menos do que satisfeito com
a minha história de capa.

6 Enema para lavagem intestinal, purgação ou administração de medicamentos através de uma sonda retal.

É indicado para o diagnóstico de pólipos retais e doenças inflamatórias intestinais


“Oh, diga a porra do mundo inteiro então,” ele rosnou,
jogando junto, apesar do fato de que ele claramente não estava
feliz com isso. Mas estabelecemos os parâmetros sobre
contrariar quando tínhamos onze anos e as regras eram claras:
uma vez que alguém começava uma história, você tinha que
segui-la aconteça o que acontecer. Sem contradições, sem
mudanças.
“Sim, bem, não sou eu que tenho a porta dos fundos
entupida,” respondi com um encolher de ombros, inclinando-
me para Basset e baixando a voz. “Eu disse que ele estava
comendo fibra demais. Ou fibra insuficiente... não sei. Mas
houve um erro de cálculo definitivo de fibra porque ele esteve
agachado no banheiro ontem e toda a porra da manhã
também, então os médicos disseram a ele que eu tinha que
correr com ele antes que houvesse uma bagunça. Não gostaria
que explodisse, sabe?”
Basset assentiu sério, gesticulando para que os outros
abrissem os portões para nós e sorri para ele antes de passar.
“Uma explosão?” Chase perguntou, meio rindo enquanto
tentava manter sua atitude taciturna e temperamental.
“Sim. Explosão. Você pode imaginar?”
“Prefiro não.”
“Bom ponto. Vamos pegar um pouco de comida?”
“Que parte dessa história deixou você com fome?” Chase
exigiu e apenas encolhi os ombros enquanto me dirigia para o
drive thru mais próximo para nos carregar com lanches de
carro para a viagem.
“Cara, eu nasci com fome.”
“Todo mundo nasceu com fome. Essa é literalmente a
única coisa com que os bebês se preocupam,” Chase apontou.
“Tenho certeza que os bebês se preocupam com todos os
tipos de coisas. Como dominar o mundo e vídeos fofos de gatos
e geralmente tentar foder com as pessoas sempre que possível.
De qualquer forma, você tem sua carteira para pagar por toda
essa comida?” Perguntei.
“Não, não tenho a porra da minha carteira. Este é o seu
dia off, não meu.”
“Oh, não se preocupe. Eu a agarrei no caminho para fora
do seu quarto.” Tirei sua carteira do bolso e dei uma sacudidela
para mostrar a ele enquanto entrávamos no drive thru e
comecei a olhar o cardápio com entusiasmo.
“Você é uma maldita ameaça,” Chase resmungou quando
comecei a escolher lanches para nós, mas pude ver o canto de
sua boca se erguendo um pouco, então sabia que ele gostava.
“E você é um assassino de humor. Mas de alguma forma
funciona, não é?”
Fui até a janela e pedi uma tonelada de merda de comida
para Chase e ele apenas me observou como se eu fosse uma
esquisita o tempo todo até que eu estava despejando o saco de
papel cheio de bondade em seu colo e pagando por ele em seu
cartão.
“Você vai ter que me alimentar enquanto dirijo,” ordenei
enquanto me afastava novamente, rumo à rodovia e ao meu dia
de sonhos PRV7.

7 Power Ranger Verde


Abri minha boca para algumas batatas fritas e Chase me
amaldiçoou antes de enfiar um punhado inteiro em minha
boca.
Engasguei com a minha risada quando comecei a mastigá-
los e por um momento eu poderia jurar que Chase realmente
sorriu para mim com o canto do meu olho.
“Ok, você prefere ser uma abelha alérgica a mel ou uma
coruja que odeia rock?” Perguntei.
“Você realmente quer jogar esse jogo?” Chase perguntou
sem entusiasmo.
“Por quê? Você está morrendo de medo de responder na
primeira rodada?” Eu o desafiei em resposta e ele gemeu
dramaticamente antes de responder.
“A abelha.”
“Sério? Isso é foda, cara. Que tipo de vida de abelha
solitária você levaria nesse cenário?”
Chase jogou mais batatas fritas em mim e ri enquanto
acelerávamos pela estrada, deixando nossos problemas para
trás enquanto corríamos para encontrar meu herói de toda a
vida.

####

Já estava escuro quando chegamos em casa e eu estava


exausta pra caralho. Meu Jeep estava cheio de mercadorias do
Power Ranger Verde que tinham sido surpreendentemente
acessíveis com meu desconto de cinco dedos8, e quando Fox
saiu de casa para começar a nos atacar por fugirmos, os usei
bem jogando uma pilha de suéteres, camisas e uma espada de
edição limitada em seus braços.
Sorri para ele quando comecei a lhe contar sobre o nosso
dia e ele nem se incomodou em me repreender enquanto
obedientemente carregava todas as minhas coisas novas para
dentro.
JJ saiu para ajudar Chase em sua cadeira de rodas e
afundei no sofá dramaticamente, cercada por todas as minhas
coisas novas.
“Então, como foi?” JJ perguntou enquanto puxava Chase
para dentro e o estacionava ao meu lado.
“Fodidamente épico,” falei, sorrindo tanto que minhas
bochechas doeram.
“Você não estava dizendo isso quando chegamos lá,”
Chase apontou e meu sorriso sumiu do meu rosto.
“Isso é porque foi uma porra de uma piada,” rebati,
lembrando-me da minha fúria quando finalmente chegamos à
praça onde o evento estava acontecendo.
“O que houve?” Fox perguntou, movendo-se para sentar
ao meu lado, entregando uma xícara de café. Gemi enquanto
bebia um pouco, deixando Chase explicar o drama.
“O cara estava usando sua merda de roupa do Ranger
Branco fazendo uma palestra no palco,” explicou Chase.

8 Gíria para roubar,


“Ranger Branco é uma merda,” rosnei, cruzando os
braços.
“Sim, eu sei. Porque você gritou isso várias vezes na frente
de todas aquelas crianças que estavam tentando ouvir o que
ele estava dizendo,” acrescentou Chase.
JJ latiu uma risada e revirei os olhos.
“O anúncio dizia Ranger Verde, não Branco. Eu não teria
ido se fosse a porra do Ranger Branco.”
“Eles são o mesmo cara, não são?” Fox perguntou com
uma carranca. “Ele não ia voltar para o show vestindo uma cor
diferente e...”
“Não era a porra do mesmo!” Eu lati. “Não fale comigo
sobre PRV x PRB, Fox, eu juro que vou perder a cabeça.”
Todos eles riram de mim e apenas dei de ombros, tirando
meu capacete PRV de edição limitada da minha pilha de
brindes e colocando-o. Na verdade, era uma edição tão limitada
que não estava à venda, e eu definitivamente apenas o roubei
enquanto o cara estava tirando algumas fotos com algumas
crianças.
“Bem, felizmente ele não ficou usando o traje para a parte
de autógrafos,” acrescentou Chase.
“Não, ele apenas usava jeans estúpidos e uma camisa de
pessoa normal,” concordei. Não que eu estivesse amarga sobre
isso. Quer dizer, aparentemente ele não está no personagem
todos os dias de sua vida e isso era bom. Chato, mas é isso.
“Então ele assinou alguma merda para você?” JJ
perguntou, parecendo genuinamente interessado no meu dia.
“Sim. E cortamos a fila porque Chase estava em sua
cadeira de rodas,” acrescentei com um sorriso.
“Eu me senti muito usado,” Chase concordou. “Ela
literalmente me empurrou no meio da multidão como se eu
fosse um aríete 9 humano gritando 'precisamos de espaço
guerreiros!' até que fomos levados para a frente. Eu me senti
meio que uma pessoa péssima por isso, mas também a fila era
como uma espera de nove horas, então deixei. Mas então Rogue
disse ao cara que eu estava quase com morte cerebral depois
de ser atingido por um caminhão e eu tive que jogar junto.”
“Oh, não seja uma vadia, ele assinou o seu gesso!” Apontei
a assinatura e Chase me deu um olhar seco.
“Por que está escrito 'para Shelly Tithole'?” JJ perguntou
enquanto se inclinava para ler.
“Esse era o nome dele, duh,” falei.
“Graças a você,” Chase respondeu.
Fox e JJ riram e joguei o capacete de lado antes de tirar
uma caneca PRV da pilha e oferecê-la a JJ.
“Trouxe para você, para pedir desculpas pelo Pikachu,”
expliquei enquanto ele pegava.
“Não é a mesma coisa,” respondeu ele com uma carranca
triste.
“Não. É um upgrade,” concordei, embora parecesse que
ele não concordava.

9 Aríete é uma antiga máquina de guerra que foi largamente utilizado nas Idades Antiga e Média, para

romper muralhas ou portões de castelos, fortalezas e povoações fortificadas.


“Então, o que ele assinou para você?” Fox me perguntou
antes de ouvirmos outra carga de pesar por causa da idiota
caneca do JJ.
“Apenas uma foto e meu chapéu e algumas coisas de
merchandising,” falei, olhando minha pilha para a foto
enquanto Chase soltou para acrescentar.
“Ele se recusou a assinar os peitos dela,” disse Chase, me
dando um olhar plano e fiz uma careta para ele quando Fox se
eriçou.
“Bom.” Fox olhou de mim para Chase, parecendo perceber
de repente que ele estava pendurado aqui como o resto de nós
e sua postura endureceu. “Você precisa voltar para o seu
quarto agora mesmo. A diversão acabou. E se você a colocar
em perigo escapando de casa com ela novamente, então talvez
eu tenha que reconsiderar o quão tolerante tenho sido com
você.”
A energia divertida na sala estourou como um balão e fiz
uma careta para Fox enquanto ele se afastava de nós.
JJ suspirou, estendendo a mão para ajudar a puxar Chase
para cima e eu também me levantei, mas em vez de sair com
os dois, cruzei os braços e esperei que eles fossem.
“A sério?” Exigi com raiva quando Fox caiu em uma
poltrona e passou a mão pelo rosto.
“Não comece, Rogue, você tem sorte de não estar punindo
você por ir contra minhas ordens hoje também.”
“Oh, então é isso? Pensei que esta casa era uma
democracia. Ou só se aplica quando é conveniente para você?”
“Você sabe muito bem quem e o que eu sou,” Fox rosnou,
deixando cair sua mão e olhando para mim. “Posso ser o
menino com quem você cresceu, mas agora também sou um
líder dos Harlequins. E o destino de Chase é um problema da
Crew. Não nosso.”
“Bem, isso não é conveniente. Acho que você tem passe
livre para esse comportamento idiota. O pobre Fox só tem que
seguir as regras. Ele não poderia perdoar o homem com quem
cresceu depois de descobrir que suportou semanas de tortura
sem nunca ter traído você.”
“Isso é o suficiente,” Fox retrucou, se levantando e
olhando para mim, usando todos os seus grandes pontos
bastardos para tentar me forçar à submissão, mas isso não iria
acontecer, porra.
“Não tente me intimidar, Texugo,” rosnei, subindo no sofá
para que eu fosse tão alta quanto ele enquanto olhava em seus
olhos. “A única razão pela qual você baniu Chase em primeiro
lugar foi por minha causa. Eu sou aquela que ele deixou
naquela balsa e adivinha? Eu superei. Foi uma atitude de
merda? Sim. Eu estava chateada como o inferno com ele por
isso? Sim. Mas eu acho que depois de perder a porra do olho,
ser espancado até o inferno e ter sua perna quebrada enquanto
se recusava a vender um de nós foi punição suficiente? Sim.
Então, se eu posso perdoá-lo por me deixar para trás naquela
balsa, então por que diabos você não pode?”
“Porque ele quase perdeu você de novo!” Fox rugiu para
mim, avançando tão repentinamente que dei um passo para
trás, perdendo o equilíbrio e caindo de bunda no sofá embaixo
dele. “Por dez longos e miseráveis anos eu tive que suportar
uma vida sem você. Não saber onde você estava ou o que tinha
acontecido, me preocupar com você constantemente e saber
que eu iria decepcioná-la da pior maneira possível. Você sabe
o quanto as últimas palavras que falei para você me
assombraram todo esse tempo? Fiz você pensar que não era
nada para nós. Nada para mim. Quando isso não poderia estar
mais longe da verdade. Eu chafurdei no escuro e me tornei um
monstro sem você aqui para me manter longe das piores partes
de mim mesmo e ele simplesmente iria te jogar fora!”
O peito de Fox subia e descia pesadamente e ele se afastou
de mim, caminhando em direção às portas do pátio enquanto
passava a mão pelo cabelo loiro.
Limpei uma lágrima perdida da minha bochecha enquanto
meu coração disparava com suas palavras, mas quando me
coloquei de pé, me recusei a recuar do meu ponto.
“E agora você está disposto a jogá-lo fora da mesma
forma,” falei, minha voz falhando. “Então, quando isso vai
simplesmente parar?”
Fox se acalmou, seu corpo inteiro ficou rígido com a
tensão e por um momento pensei que ele iria se virar para mim,
quebrar para mim, concordar com o que eu disse e mudar de
ideia sobre a porra de toda essa bagunça e tentar consertar a
família que foi destruída há muito tempo.
Mas, em vez disso, ele apenas agarrou uma garrafa de rum
que estava sobre a mesa perto das portas do pátio e saiu
furioso para a escuridão perto da piscina sem dizer uma
palavra.
Respirei fundo, enxugando as lágrimas do meu rosto
enquanto decidia ir atrás de Chase em vez de perseguir Fox.
Ele precisava de seus remédios de qualquer maneira e eu
estava cansada de tentar convencer Fox a parar de ser um
idiota com Chase o tempo todo. Fui eu quem ele deixou
naquela porra de balsa e não era como se eu estivesse fazendo
beicinho por causa disso. Ele precisava largar isso para que
todos pudéssemos seguir em frente ou ele iria nos arruinar
muito mais completamente do que Chase jamais conseguiu.
“Eu vou falar com ele,” disse JJ quando nós três entramos
no quarto de Chase e eu fechei a porta atrás de nós.
“Está tudo bem, cara. Fox deixou seus sentimentos
perfeitamente claros e eu nem discordo dele. Eu estraguei
tudo. E continuo fodendo as coisas. Eu não conseguia nem sair
daquele maldito porão onde Shawn estava me mantendo. Eu
teria morrido se não fosse por Maverick aparecer quando ele
apareceu. E a Srta. Mabel...”
Tínhamos falado mais de uma vez sobre o fato de que a
velha que já foi a única adulta em quem eu pude contar estava
trancada no porão de Mansão Rosewood, mantida por seu
sobrinho idiota para que ele pudesse roubar sua herança antes
mesmo dela morrer.
“Você sabe o quê?” Eu disse de repente. “Devíamos ir tirá-
la de lá hoje.”
“A sério?” JJ perguntou, franzindo a testa.
“Sim. Por que diabos não?” Levantei meu queixo enquanto
tomava essa decisão, sabendo que não iria desistir. “Ela
sempre esteve lá para nós quando precisávamos dela. Tudo o
que teríamos que fazer seria nos esgueirarmos por aquele túnel
que você e Rick usaram para escapar e podemos resgatá-la.
Kaiser Rosewood é apenas um aspirante a gangster fofo. Não
tenho medo dele.”
“Um problema,” disse Chase, apontando para sua perna
fodida. “Não posso mostrar exatamente onde fica esse túnel.
Na verdade, eu estava tão fora de mim quando escapei que nem
acho que sei onde fica.”
“Desculpe, campeão. Você vai ficar de fora,” falei a ele,
tirando meu telefone do bolso e mandando uma mensagem
para Rick, dizendo o que eu precisava que ele fizesse. “Mas eu
tenho outra pessoa que sabe tudo sobre a entrada secreta na
discagem rápida.”
“Você realmente acha que podemos confiar em Maverick
para ajudar com isso, menina bonita?” JJ perguntou, o olhar
em seus olhos me dizendo que ele estava lá sem eu nem
precisar perguntar.
“Sim. Ele já concordou em nos encontrar lá.” Segurei meu
telefone para mostrar a eles a mensagem que ele enviou assim
que tocou novamente.
“Ele também quer lembrá-la de quem é o dono da sua
boceta molhada quando ele te ver,” Chase disse em um tom
irritado e ri quando olhei para a mensagem que Rick tinha
enviado detalhando exatamente isso.
“Bem, vamos ter que ver se ele faz um bom trabalho esta
noite antes de eu começar a considerar um sistema de
recompensa,” falei com um encolher de ombros inocente
enquanto JJ me dava um olhar faminto que dizia que ele estava
mais do que feliz em participar desse jogo.
A porta se abriu atrás de nós e todos congelamos como
um bando de alunos travessos da escola quando Fox olhou
para nós com os braços cruzados.
“Você ia me contar sobre esse plano meia-boca ou apenas
me deixar no escuro?” Ele demandou.
“Provavelmente a coisa do escuro,” admiti enquanto me
virava para olhar para ele, ainda me sentindo crua e com raiva
por causa da nossa briga. “Por você ficar todo babaca por nossa
causa e tentar dizer não.”
“Você acha que eu iria desligar você nisso?” Fox
perguntou, a emoção piscando em seus olhos por um momento
antes de piscar. “Você sabe que eu também me importo com a
Srta. Mabel.”
Mordi meu lábio, me aproximando dele lentamente e
pegando sua mão na minha enquanto prendia seu olhar. “Não
estou pedindo permissão para ir, porque isso está
acontecendo,” avisei-o. “Mas estou pedindo que venha nos
ajudar,” acrescentei em um tom mais suave. “E eu realmente
gostaria que você dissesse sim.”
Fox olhou entre mim e os outros, passando a mão pelo
rosto antes de assentir. “Sim. Tudo bem, estou dentro.”
Gritei um pouco, saltando e envolvendo meus braços em
volta do pescoço enquanto sussurrava em seu ouvido. “Vamos
encontrar Rick à meia-noite.”
Esperei na trilha que conduzia à floresta ao redor da
Mansão Rosewood, encostado em uma árvore no escuro. Eu
poderia ter navegado nesta floresta com os olhos fechados,
visto que brincávamos aqui com tanta frequência quando
éramos crianças. Tudo parecia maior naquela época, uma
floresta encantada sem fim cheia de monstros e aventura.
Agora eram apenas árvores e as sombras eram apenas
sombras. Crescer era uma merda. Parecia que o mundo ficaria
muito melhor se mantivéssemos as mentes das crianças.
Ansiedade agitou sob minha pele esta noite enquanto eu
esperava para ver Rogue novamente. Depois que eu disse a ela
o que Krasinski tinha feito comigo, tudo que eu conseguia
pensar quando ela deixou a Ilha foi que talvez uma vez que ela
estivesse longe de mim, a realidade do que tinha acontecido
cairia totalmente sobre ela. Ela perceberia que eu estava sujo
e, quando pensasse em mim, se encolheria. Quase joguei roleta
russa naquela noite pela primeira vez em um tempo. Segurei a
arma na minha cabeça e pensei em suas mãos em mim, pensei
sobre a maneira como Rogue poderia olhar para mim na
próxima vez que nos víssemos. Mas então me lembrei dela me
dizendo que me amava e me perguntei se isso poderia ser
verdade. Em vez de deixar minha mente criar histórias, abaixei
a arma e decidi que veria por mim mesmo esta noite, iria olha-
la nos olhos e descobrir se meus demônios eram sombrios
demais para ela, ou se ela conseguiria lidar bem com eles.
Não me incomodou menos em vê-la, só conseguia pensar
no rosto dela se contorcendo ao me ver, um olhar de
repugnância no lugar do desejo que ela sentia por mim antes.
Imaginei que fantasias ainda existissem na idade adulta, mas
eram do tipo que o convencia de que seus piores medos
poderiam facilmente ser trazidos à vida. Os jogos de
imaginação não eram divertidos quando estavam cheios de
seus piores pesadelos.
O som de vozes me alcançou por entre as árvores e
permaneci imóvel no escuro enquanto ouvia Rogue falando
com JJ, curioso para saber como eles eram quando não havia
ninguém por perto.
“Você prefere mesmo um repolho como cabeça do que uma
batata?” Rogue zombou.
“Batatas não têm personalidade,” argumentou JJ. “Pelo
menos um repolho tem um pouco de cor.”
Rogue riu. “Isso é estupido. Os repolhos têm aquelas
coisas de folhas onduladas, pelo menos com uma batata por
cabeça que você poderia se misturar um pouco. Coloque um
chapéu e alguns óculos de sol e ninguém saberia.”
“Depende se a batata é do tamanho da cabeça ou do
tamanho da batata,” a voz de Fox se juntou à conversa e raiva
rasgou minha espinha. Que porra ele estava fazendo aqui?
“Obviamente é do tamanho de uma cabeça,” Rogue disse
exasperada como se ele estivesse sendo lento e um sorriso
apareceu em meus lábios.
“Como isso é óbvio? Você disse: 'Você prefere uma batata
no lugar da cabeça ou um repolho?'” Fox atirou de volta.
“Estava implícito, duh,” respondeu ela.
“Rogue está certa.” Saí do meio das árvores para o
caminho deles e a mão de Fox foi direto para a arma em seu
quadril, mas ele não a sacou. “Obviamente o vegetal teria o
tamanho de uma cabeça. E eu certamente escolheria uma
batata, um repolho não resistiria a um único soco bom.”
JJ sorriu quando todos pararam na minha frente e meu
olhar deslizou rapidamente para os olhos de Rogue,
procurando por qualquer fonte de dúvida sobre mim. Mas ela
apenas caminhou direto para mim, na ponta dos pés e me
beijou como se a única fonte de oxigênio do mundo agora
estivesse na minha boca.
Eu a apertei contra mim pela parte inferior das costas,
querendo fazer um show para Fox, mas descobrindo que não
me importava com ele, pois recebi um beijo da minha garota e
provei seu desejo por mim em sua língua. Isso acalmou a
criatura se debatendo em meu peito que estava com medo de
seu julgamento e quando nossos lábios se separaram e olhei
em seus olhos, não encontrei nada lá, exceto a mesma fome
por mim que ela tinha da última vez que a vi. Obrigado porra
por isso.
“Droga, linda,” suspirei. “Acho que você engoliu meu
coração.”
Ela riu, recuando e esfregando o estômago. “Isso é o que
era? Tinha gosto de pêssego.”
Olhei para Foxy, surpreso por ele não ter tentado me
matar por esse movimento, mas descobri que JJ estava
segurando seu braço com força e os dentes de Fox estavam à
mostra como se ele estivesse com dor.
“Você deveria tentar fazer ioga, Foxy,” falei com um sorriso
zombeteiro. “Pode ajudar com a constipação com a qual você
está claramente lutando.”
Ele puxou o braço para fora do aperto de JJ, seus olhos
escurecendo em vários tons enquanto ele caminhava em minha
direção. Rogue automaticamente se colocou entre nós e percebi
que ela tinha sua própria arma escondida na parte de trás de
seu short jeans. Era quente pra caralho e decidi que queria dar
a ela uma arma eu mesmo, uma que ela pudesse enfiar entre
as nádegas a qualquer momento que ela quisesse e lembrar
quem a colocou lá.
“Esta é uma coisa de apenas uma noite,” disse Fox. “Então
não quero nenhuma besteira de você. Vamos buscar a Srta.
Mabel e, quando sairmos, podemos seguir nossos caminhos
separados novamente.”
Pensei nisso, balançando minha cabeça de um lado para
o outro. “Nah, na verdade essa é a nossa operação. Não me
lembro de você receber um convite. Então digo que eu, Rogue
e Johnny James vamos buscá-la e você pode sentar aqui em
uma rocha como um sapo velho e zangado esperando por uma
tempestade.”
Fox deu um passo em minha direção com um grunhido.
“Seu filho da...”
“Puta?” Terminei por ele enquanto Rogue plantava a mão
em seu peito para impedi-lo de vir para mim. “Pode ser. Ou
talvez ela fosse uma doce sereia. Ninguém sabe. Eu poderia me
ver com um sutiã de concha e cauda, não é?”
“Isso não está ajudando Mabel,” JJ interveio. “Vamos
começar.”
“Vou me mexer quando ele parar de olhar para mim como
se fosse colocar uma bala na minha cabeça no segundo que eu
virar as costas para ele,” falei com um sorriso de escárnio,
apontando meu queixo para Fox.
“Ao contrário de você, Maverick, eu nunca acordo
planejando matar meu próprio irmão,” disse Fox com um eco
do amor há muito perdido entre nós.
“Não até que fodi com Rogue de qualquer maneira,”
zombei e Rogue amaldiçoou, batendo no meu peito com força.
“Vocês dois simplesmente podem parar?” Ela exigiu
enquanto Fox se eriçava, seus ombros arfando como um touro
prestes a atacar, e gostei bastante de ser a bandeira vermelha
que o irritou. “A senhorita Mabel está sozinha naquela casa
com seu sobrinho monstruoso e nós somos os únicos que
sabem que ela está viva. Então, podemos ir resgatar o único
adulto decente que conheci quando criança?” Sua expressão
cintilou com emoção e meus ombros cederam quando olhei
para aqueles olhos destrutivamente azuis.
“Tudo bem, mas ainda não entendo por que você o trouxe
para passear.” Eu me virei, me arriscando com a raiva de Fox
enquanto liderava o caminho até a pista.
“Tecnicamente, ele nos pegou planejando fugir e se
convidou,” murmurou Rogue.
“E, tecnicamente, eu não teria que fazer se você confiasse
em mim com coisas como aparentemente faz com o resto de
nossa família,” Fox disse em frustração.
“Família,” falei, balançando a cabeça. “Vejo que você
herdou os delírios do papai.”
Fox mudou-se para caminhar ao meu lado e aumentei
meu ritmo, sentindo que ele estava tentando assumir a
liderança, embora eu fosse o único que sabia onde encontrar a
maldita entrada do túnel. JJ e Rogue correram atrás de nós
para nos acompanhar enquanto caminhávamos à beira de uma
corrida.
“Pelo menos ainda sei o significado da palavra,” Fox
mordeu para mim.
“E qual é, Foxy? Ser mandado por você o dia todo?” Eu
joguei para trás.
“Não. Lealdade,” ele rosnou.
“Sim, lealdade a você. Se sua pequena família é leal um ao
outro e não você, então o jogo acabou, certo?”
“Vai para os dois lados,” ele sibilou.
“Uhuh,” falei levemente. “É fofo que você pense que o seu
suposto irmão remanescente não iria apunhalá-lo pelas costas
como o outro fez.”
“Cale a boca, Rick,” JJ estalou atrás de nós, mas eu estava
em um rolo agora, gostando de ver o quão forte eu poderia
conseguir aquela veia na têmpora de Fox pulsando.
“Nada poderia destruir o meu vínculo e de JJ,” disse Fox
com segurança e não pude evitar uma risada sombria,
ganhando um soco nas costas de Rogue que eu ignorei.
“Você é um rei sentado em um castelo caindo, irmão, mas
você está cego para o telhado que está caindo ao seu redor.”
“Meu castelo está ótimo,” ele rangeu. “Mas o seu com
certeza está muito vazio. Já pensou em ser legal e voltar para
casa?”
Minhas sobrancelhas arquearam e roubei um olhar em
seu rosto, encontrando uma parede ilegível em seus olhos. Por
que diabos ele iria dizer isso?
“Eu não sou legal,” murmurei. “E não há mais um lar para
mim em Sunset Cove.”
“Acho que você está com medo,” disse ele em voz baixa.
“Eu não tenho medo de nada,” rosnei.
“Sim, tem,” ele empurrou. “Você não pode deixar de sentir
sua raiva de Luther ou de mim porque é tudo que tem, não é?
Só você, sua Ilha e sua raiva. Mas não tem que ser assim.”
“Eu gosto bastante da minha raiva, nós vamos voltar. Mas
você está realmente querendo um abraço de reconciliação,
Foxy, ou quer apenas que eu chegue mais perto para que seja
mais fácil enfiar uma faca nas minhas costas?”
Ele balançou a cabeça em irritação, sem dizer nada e eu
fiz uma careta, sem saber o que diabos ele estava pensando até
que ele finalmente falou novamente.
“Acho que nós dois sabemos que é tarde demais para
isso,” disse ele, levantando a mão para correr os dedos sobre o
local em seu pescoço onde eu havia atirado. Minha garganta se
contraiu como se uma píton estivesse enrolada em torno dela
e me concentrei na trilha à nossa frente enquanto todos
caíamos em silêncio e marchamos para a escuridão.
“Você parece um pouco amargo por eu odiar você, Foxy”
falei depois de um tempo e ele deu de ombros.
“Você parece um pouco indiferente em suas tentativas de
me odiar, Rick,” respondeu ele.
“Como assim?” Zombei.
“Aparentemente, você tem olhos entre os meus homens
me observando. Eu não os encontrei ainda, mas tenho que me
perguntar como você não me pegou desprevenido antes,
observando meus movimentos.”
“Nah, não são os homens,” falei com desdém, ignorando
sua acusação. “Pode ser um inseto ou dois, no entanto.”
“Hum.” Ele olhou minha expressão, claramente tentando
descobrir se eu estava mentindo ou não. Acho que ele nunca
saberia.
Eventualmente, nos desviei do caminho principal para a
floresta, em busca da rocha em forma de estrela que coloquei
na escotilha que nos levaria ao túnel secreto.
Quando encontrei, abri, direcionando a lanterna do meu
telefone para os degraus escuros. JJ ajustou a mochila nos
ombros e avançou para assumir a liderança. Fox pegou seu
braço, puxando-o para trás enquanto olhava para mim.
“É o túnel de Maverick, deixe-o ir primeiro,” disse ele com
firmeza, como se pensasse que eu poderia ter colocado uma
armadilha lá.
“Seria um plano muito complicado atrair todos vocês aqui
e matá-los no subsolo,” apontei. “Eu poderia ter atirado em
você dez vezes agora com a frequência com que baixou a
guarda.”
“Então como é que quando você teve a chance de atirar
em mim na Casa Harlequin, você errou?” Fox zombou e
palavras derramaram pela minha cabeça que não tinha nada
que mostrar seus rostinhos com letras. Porque eu realmente
não queria que você morresse.
“Eu não era treinado,” falei friamente. “Mas isso não é
mais um problema para mim.” Sorri psicoticamente apenas
para lembrá-lo de que eu sempre era o perigo na sala, mas ele
apenas revirou os olhos para mim. Idiota.
Rogue passou por nós, descendo os degraus direto para o
escuro. “Estou farta de vocês, babacas,” ela gritou de volta. “Eu
mesma vou salvar a Srta. Mabel. Vamos, J.”
Johnny James correu atrás dela e xinguei quando dei um
passo à frente para segui-la, meu ombro batendo contra o de
Fox quando ele fez o mesmo. Empurramos e abrimos nosso
caminho no escuro, lutando para seguir em frente, mas toda
vez que eu dava um passo à frente, o filho da puta ganhava de
volta até que nós dois estávamos marchando ao longo do túnel
lado a lado tão irritados quanto dois leões famintos.
“Espera aí, Rogue,” sibilei enquanto chegamos ao final da
passagem e alcançamos as escadas que levavam até a fonte.
Esbarrei em JJ no escuro e abri caminho passando por
ele para pegar a mão de Rogue, puxando-a com força para o
meu lado.
“Temos que ser espertos sobre isso,” murmurei.
“Bem, eu não estava planejando ser burra,” Rogue atirou
de volta e um suspiro de diversão me deixou.
“Precisamos pegar o caminho mais escuro para a casa,”
disse Fox.
“Nah, eu opto pelo mais rápido,” argumentei.
“Se formos vistos, perderemos nossa chance de chegar até
ela,” disse Fox entre os dentes.
“E se formos lentos, haverá mais tempo para sermos
vistos,” empurrei.
“Eu digo que devemos votar,” Rogue disse.
“Isso não é uma democracia,” Fox rosnou.
“Bem, talvez devesse ser,” JJ saltou e todos nos viramos
para ele enquanto ele nos olhava através da luz do meu
telefone. “Esta é uma missão da família, não Harlequin.” Ele
deu Fox um olhar penetrante e Fox suspirou, olhando para o
teto como se algum deus pudesse lhe oferecer ajuda. Mas se
houvesse alguém lá em cima, duvido que prestasse atenção a
alguns psicopatas em um buraco.
“Não faço parte desta família, então vou fazer o que eu
quiser,” falei teimosamente.
“Isso não é sobre você,” Rogue cortou, cutucando-me com
força no mamilo. Ai, vadia. “É sobre a senhorita Mabel. E eu
digo que vamos votar ou vou lá fora e pegá-la eu mesma.”
“Vou segui-la se ela fizer isso,” disse JJ simplesmente.
Fodidamente chicoteado, ele era.
“Tudo bem, vamos votar,” Fox decidiu e apertei minha
mandíbula quando o desejo de ir contra qualquer coisa que ele
disse cresceu em mim.
Mas então Rogue apertou minha mão e suspirei enquanto
olhava para ela. “Tudo bem,” desisti. “Voto que devemos tomar
o caminho mais rápido.”
“Mais escuro,” disse Fox suavemente.
“Escuro é mais seguro,” JJ concordou como é claro que
ele faria e todos olhamos para Rogue para fazer sua escolha.
Se fosse uma votação empatada, eu iria pegá-la do meu jeito e
eles poderiam seguir o deles, eu não estava perdendo mais
tempo aqui embaixo.
“Escuro,” ela escolheu e xinguei baixinho, não perdendo o
sorriso no rosto de Fox quando ele conseguiu o que queria.
“Então mostre o caminho, oh poderoso rei.” Fiz uma
reverência com um floreio e gesticulei para Fox ir em frente.
JJ bufou baixinho quando Fox passou e subiu os degraus
de pedra.
Nós o seguimos, todos sacando nossas armas enquanto
ele chegava à escotilha no topo e empurrava a pedra. Ele
balançou para dentro e espiou para verificar se o caminho
estava livre antes de se apressar. Todos ficamos perto
enquanto o seguíamos e fechei a escotilha por meio segundo
antes que um holofote de censor de movimento novo em folha
se acendesse e todos fôssemos iluminados por um brilho
furiosamente redondo.
“Porra,” engasguei, voltando-me e abrindo a escotilha,
mas um tiro disparou e uma torrente de homens apareceu,
todos apontando armas para nós.
“Larguem suas armas!” Um deles latiu e meu intestino deu
um nó com toda a força.
Eu, JJ e Fox nos aglomeramos em torno de Rogue
instintivamente, prendendo-a entre nós enquanto todos
largávamos nossas armas e erguíamos as mãos.
Ah, merda. O que agora?
Um idiota usando colônia barata e um colete de barbante
apontou uma arma nas minhas costas e me forçou a começar
a andar.
Maverick rosnou insultos para todos enquanto se
aproximava do meu lado esquerdo, seu braço roçando no meu
enquanto Fox se movia do meu outro lado, os dois efetivamente
me boxeando entre eles com JJ ao lado de Fox enquanto
éramos conduzidos ao redor da casa.
Meu coração batia forte enquanto eu olhava entre os
homens que estavam nos encurralando em direção à frente da
mansão, em busca de um ponto fraco entre eles enquanto
tentava pensar em uma maneira de sair disso.
“Eu vou te matar primeiro,” disse Maverick em tom de
conversa, olhando para o cara que ainda estava me cutucando
com sua arma. “Vou pegar essa arma com a qual você gosta
tanto de cutucar minha garota e enfiá-la em sua bunda antes
de puxar o gatilho e ver suas entranhas explodirem.”
“É mais para vocês três assistirem enquanto todos nos
revezamos com sua garota aqui antes de cada um comer uma
bala,” o homem apontando uma arma para Fox e riu.
Juro que pude sentir a tensão que percorreu meus
meninos com aquela sugestão. A coluna de JJ se endireitou
enquanto Fox e Maverick trocavam um olhar que prometia
violência com tanta certeza que eu podia sentir o gosto na
minha língua.
“Novo plano,” JJ rosnou. “Vou cortar fatias de você e te
fazer assistir enquanto eu as alimento para minha estrela do
mar de estimação, ele tem um verdadeiro gosto por carne
humana agora, mas ainda vai demorar algumas semanas para
ele passar por sua bunda dura.”
Todos os homens riram e eu praticamente podia ouvir o
número de mortos soando na brisa. Só precisávamos de um
momento para descobrir nosso próximo movimento e eu tinha
certeza de que o sangue deles derramaria antes mesmo de
Kaiser sair da cama.
Fizemos a volta até a frente da casa, onde um conjunto de
amplos degraus de madeira levava a uma varanda que corria
ao longo de toda a frente da enorme propriedade.
Os homens que nos mantinham em cativeiro nos
separaram, forçando-nos a ficar de joelhos com as armas
pressionadas contra a nuca quando a porta da casa se abriu.
Meu coração deu um salto na garganta quando Shawn
saiu usando uma cueca boxer preta com uma jaqueta de
smoking roxa de seda bordada aberta sobre o peito nu, que era
tão cafona que devia pertencer a Kaiser. Ele tinha um cigarro
aceso em uma das mãos e a espingarda apoiada no ombro com
a outra.
“Bem, olhe aqui o que a sorte me trouxe,” ele gritou,
jogando a cabeça para trás e rindo como um idiota triunfante
enquanto bebia a visão de todos nós forçados a se ajoelhar
diante dele. “Peguei um príncipe Harlequin, o rei dos Damned
Men e uma pequena peça lateral Harlequin suculenta para
brincar,” disse ele, olhando entre os três homens que se
ajoelharam ao meu lado, seu olhar passando por eles como se
fossem presentes de Natais chegando todos de uma vez. Mas
quando seu olhar se concentrou em mim, aquele sorriso em
seus lábios ficou impossivelmente maior e ele começou a
descer lentamente as escadas. “Sem mencionar a minha
própria prostituta bonita, de volta em sua posição favorita de
joelhos para mim.”
Fox rosnou ferozmente quando Shawn estendeu a mão
para tocar minha bochecha, cambaleando para frente com um
grito de advertência que Shawn respondeu girando sua
espingarda para apontar diretamente para seu rosto.
“Calma garoto,” Shawn comandou, hesitando com os
dedos a poucos centímetros da minha pele enquanto eu
prendia a respiração e tentava lutar contra o terror que senti
por ser forçada a ficar embaixo dele depois de saber tudo o que
ele tinha feito para Chase. “Se algum deles fizer um movimento
em minha direção enquanto estou falando com o meu doce,
você vai atirar neles,” acrescentou para seus homens e eu
engoli em seco quando eles se fecharam ainda mais em torno
dos meus meninos.
Shawn estendeu a mão para mim de novo, o cigarro ainda
fumegando entre os dedos enquanto ele passava de raspão ao
longo da minha bochecha exatamente no mesmo lugar do corte
vermelho que eu fiz em seu rosto.
“Acho que te devo uma pequena vingança, não é,
docinho?” Ele perguntou, sorrindo para mim como o gato que
ganhou o creme.
“Qual é o problema, Shawn? Não gosta de se olhar no
espelho e lembrar como eu bati em você?” Olhei para o seu
peito nu, onde o roupão que ele usava estava aberto, sorrindo
para o ferimento de faca ainda enfaixado que eu tinha dado a
ele. “Embora eu tenha que admitir, esperava que você tivesse
sangrado em uma sarjeta em algum lugar depois do nosso
pequeno encontro.”
Shawn sorriu para mim, mas não atingiu seus olhos e ele
se inclinou mais perto para falar apenas para mim. Notei um
dos homens à sua direita mudando seu peso, reconhecendo
seu segundo ou terceiro ou quem sabe o que estava no
comando, Travis, enquanto ele franzia a testa ligeiramente
antes de achatar suas feições novamente.
“Vou gostar de quebrar você de novo, docinho. Terei muito
prazer em vê-la quebrar para mim, implorar por mim e vir
rastejando de joelhos na esperança de me satisfazer. Torcendo
por isso quando eu te der o que você quer e te transformar em
minha putinha de novo, você estará cantando meus louvores e
me agradecendo pela atenção.”
“Na porra dos seus sonhos,” rosnei.
“Todas as noites,” ele concordou, piscando para mim e se
endireitando novamente. Ele tirou a mão do meu rosto
enquanto dava uma tragada no cigarro, a cereja brilhando nas
profundezas sem alma de seus olhos enquanto ele bebia ao me
ver. “A questão é: de que maneira devo começar este jogo entre
nós novamente?”
“Onde está Kaiser?” Maverick latiu quando o olhar de
Shawn ficou grudado em mim, fazendo minha pele formigar
com a sensação de estar suja. “Queremos falar com o dono da
casa, não com a porra do seu cão de guarda.”
“Oh, você não ouviu?” Shawn perguntou, segurando o
peito e fingindo choque. “Querido e velho Kaiser fodeu tudo.
Veja, ele estava cuidando de um pequeno tesouro para mim.
Um lindo, lindo tesouro com um lindo olho azul, mas ele foi e
o deixou ir. Agora, sou um homem justo. Tudo que peço é que
as pessoas não me decepcionem quando me fazem promessas.
Mas Kaiser quebrou sua promessa, então, em reparação por
seu erro, ele assinou esta grande casa velha para mim.”
“Você está brincando,” Fox cuspiu. “Por que diabos ele
faria isso?”
“Você ficaria surpreso com o que um homem faria quando
recebe um ultimato no final da minha espingarda,” disse
Shawn, apontando a arma para Fox. “Por exemplo, se eu fosse
pedir a você que escolhesse entre sua vida ou a vida de uma
das pessoas ajoelhadas aqui ao seu lado, tenho a sensação de
que você seria rápido o suficiente para vender uma delas rio
abaixo. Se não todas.”
“Eu morreria primeiro,” disse Fox sem um vislumbre de
dúvida em suas palavras e as sobrancelhas de Shawn se
ergueram.
“Bem, merda, acho que você realmente quer dizer isso,
não é? Até mesmo o traidor?” Ele balançou a arma em direção
a Maverick e meu coração deu um salto com cada movimento
daquela merda.
“Eu te dei minha resposta,” Fox respondeu com firmeza.
“Eu nunca salvaria minha própria pele sobre a deles.”
“Mesmo que ele esteja enfiando seu pau imundo de
Damned Men na sua garota? Oh, espero não ter despedaçado
seu coraçãozinho com essa verdade, mas os vi com meus
próprios olhos lindos. Eles estavam transando um com o outro
abertamente, estavam,” Shawn empurrou, sorrindo
avidamente enquanto esperava pela reação de Fox.
“Eu te disse,” Fox respondeu com firmeza, não deixando
uma centelha de emoção transparecer em seu rosto por causa
da provocação. “Eu morreria antes de escolher um deles para
ocupar o meu lugar.”
Shawn pareceu um pouco surpreso com o fato de que Fox
claramente já sabia sobre mim e Rick, mas cobriu rápido o
suficiente enquanto continuava com sua conversa
interminável.
“Huh. E havia eu pensando que homens como você e eu
éramos todos iguais. Mas sei muito bem que eu venderia todo
filho da puta e seu cachorro para salvar minha própria bunda
se fosse necessário, então acho que não. Afinal de contas, não
somos tão parecidos. Tirando o nosso gosto por mulheres.”
O olhar de Shawn caiu para mim novamente e ele inalou
profundamente sua fumaça antes de jogá-la no peito de JJ.
“Você não disse realmente onde Kaiser estava,” disse
Maverick em voz alta, chamando sua atenção novamente e eu
sabia que ele estava fazendo isso por minha causa, tentando
nos ganhar algum tempo e manter o foco de Shawn longe de
mim tanto quanto possível.
“Oh, onde estão minhas maneiras?” Shawn disse
dramaticamente. “Se você apenas olhar para cima, verá os ex-
residentes da propriedade de Rosewood, pelo menos aqueles
que se opuseram à minha nova posição como senhor da
mansão. Mais um casal que me irritou desde o início.”
Inclinei minha cabeça para trás automaticamente em sua
direção, sabendo que não queria ver o que quer que estivesse
lá em cima, mas incapaz de me impedir de olhar do mesmo
jeito.
Pisquei para os quatro pedaços de carne que haviam sido
empalados nas grades da varanda acima de nós, algum
pequeno pedaço de mim reconhecendo o que eles eram,
embora tivessem claramente sido deixados para apodrecer no
sol escaldante por dias desde que haviam sido colocados lá.
“Cristo,” JJ amaldiçoou quando meu estômago
embrulhou e a vontade de vomitar me oprimiu.
“É um pouco difícil dizer, mas aquele ponto central é a
cabeça bajuladora de Kaiser,” Shawn explicou casualmente. “O
pedaço de cabelo à sua esquerda era de sua querida esposa,
não havia muita cabeça para mostrar, infelizmente.”
Meus lábios se separaram enquanto eu apenas olhava
entre as cabeças que ele empalou lá, suas características
totalmente irreconhecíveis, a pele descascando de seus crânios
e podridão e os animais claramente já tendo se envolvido em
sua decomposição. Mas quando meu olhar mudou para a
cabeça no final da linha, respirei horrorizada, as lágrimas
pinicando a parte de trás dos meus olhos quando vi o cabelo
branco, meu estômago embrulhando de tristeza quando
percebi quem mais deveria estar lá com Kaiser.
Shawn matou até o último membro da família Rosewood.
E já era tarde demais para resgatar a Srta. Mabel.
“Então, de volta ao assunto em questão,” disse Shawn,
atraindo meu olhar para ele enquanto tentava me concentrar
no presente, em vez de cair na dor dessa descoberta. Porque se
tudo continuar do jeito que estava indo, poderia haver mais
quatro cabeças lá em breve. “Já estabelecemos o quão longe o
príncipe Harlequin irá por seus homens alegres. Mas não sou
muito interessado em loiras musculosas, eu tenho que admitir.
E não posso dizer que estou com disposição para o querido
velho papai vindo atacar aqui com todos os seus homens,
destruindo minha casa em alguma tentativa cruel de resgatar
seu filho do meu porão. Então, acho que a única opção que me
resta é a morte. Estou apenas tentando descobrir por onde
começar.”
Meu coração saltou quando ele balançou sua espingarda
para frente e para trás ao longo de nossa linha, seus olhos
brilhando com o jogo enquanto ele balançava o cano entre cada
um dos meninos, um de cada vez.
“Pare,” exigi, um soluço travando na minha garganta. “Não
os machuque. Apenas me diga o que você quer. Podemos
descobrir isso.”
Shawn soltou um assobio baixo, seu olhar se estreitando
em mim enquanto uma alegria perversa iluminou seus olhos
azuis.
“O que eu quero?” Ele perguntou curiosamente,
esfregando sua mandíbula enquanto considerava isso. “Bem,
agora que você mencionou, tudo tem sido um pouco fácil. Eu
só estava entrando no jogo quando vocês, bando de idiotas,
vieram e pousaram no meu colo. E sim, é tentador pra caralho.
Explodir todas as suas cabeças e ganhar para mim uma guerra
de uma só vez, mas é tão fácil que eu não posso dizer que é tão
atraente.”
“Cuspa,” rosnei, minhas mãos em punhos ao meu lado
enquanto ousei olhar para a minha direita, onde Fox e JJ
estavam ajoelhados, seus olhares fixos em mim. Shawn
pareceu notar que prendi a atenção deles também e sorriu
lentamente enquanto passava o olhar por todos nós.
“Que tal continuarmos com a minha oferta anterior,
docinho? Você traz essa sua bela bunda aqui e jogue sua sorte
comigo e eu vou deixá-los ir. Simples assim. Puf. Pronto para
lutar outro dia.”
“Você seriamente os deixaria partir?” Exigi enquanto todos
meus três meninos protestavam com raiva, os homens ao redor
deles se aproximando e balançando as armas para impedi-los
de se moverem de suas posições no chão. “Tudo que você quer
sou eu? Por que se importa comigo, afinal? Você não pode
precisar transar tão desesperadamente.”
“Não se trata de foder você, raio de sol,” Shawn ronronou,
avançando na minha frente novamente e segurando meu
queixo. “Eu poderia apontar uma arma para qualquer um
desses idiotas e mandar você chupar meu pau em pagamento
por sua liberdade e sei que você faria isso. Você separaria esses
seus lindos lábios e me engoliria como uma boa prostituta. Mas
eu não quero forçar nada de você assim. Quero você de joelhos
por mim porque é onde você quer estar. Onde você precisa
estar. Se você concordar em voltar para mim, eu não vou
amarrar você e te foder quando eu quiser. Isso seria muito fácil.
O que eu quero é muito melhor do que isso, docinho.” Ele
puxou meu queixo e me colocou de pé, mantendo seu olhar fixo
no meu enquanto bebia do meu medo e engolia tudo. Ele se
inclinou mais perto, sussurrando em meu ouvido para que só
eu pudesse ouvi-lo. “Eu quero sufocar esse fogo em seus olhos.
Quero domar esse espírito. Quero ser seu mundo inteiro,
docinho, e somente quando eu for, quando você estiver
implorando de joelhos por um gosto de mim novamente e eu
saber que você morrerá se eu não te der, só então vou tomar o
seu corpo e possuí-lo também. E acredite em mim, querida,
quando eu fizer isso, você amará cada momento.”
Ele recuou e sorriu para mim, sua boca tão perto da
minha que eu podia sentir seu hálito lavando meus lábios
enquanto suprimi o arrepio de medo que percorreu meu corpo
com suas palavras. Não era nem mesmo a ameaça dele que me
aterrorizava. Era a verdade brutal sobre isso. Eu o conhecia.
Sabia o que era ser dele e o quão perto ele esteve de me possuir
dessa forma antes. Ele não conseguiu porque eu não tinha o
suficiente em mim para ele corromper. Mas agora? Com meus
meninos de volta à minha vida e meu coração batendo pelo
gosto da liberdade que todos os quatro estavam me oferecendo.
Eu sabia que não seria a mesma. E sabia que ele não seria o
mesmo. Se eu concordasse com isso, ele realmente me
possuiria. E eu não tinha como saber quanto tempo levaria
para ele me destruir do jeito que estava prometendo.
“Então, o que vai ser, docinho? Sua alma ou seus meninos
pecadores? Porque vou levar pelo menos um de vocês esta
noite.”
Meu pulso trovejou enquanto eu mordia minha língua na
resposta que eu sabia que daria. A única que eu poderia dar.
Porque quando se tratava de mim ou deles, eu sabia quem
tinha mais valor. E não era a garota que ninguém queria
manter. Não era aquela que já havia escapado da morte uma
vez antes e roubado um gostinho de felicidade que nunca teve.
Na questão de mim ou deles, sempre seria eles. Afinal, eram as
únicas coisas neste mundo que tinham algum valor para mim
de qualquer maneira. E eu nunca os trocaria por nada.
Pânico queimava ao longo do interior dos meus ossos
enquanto eu olhava para Rogue, vendo a luta desaparecer dela,
vendo-a aceitar a oferta que Shawn estava fazendo. Mas foda-
se. Eu morreria antes de deixá-la entrar naquela casa com ele.
E se isso era realmente o que iria acontecer, então que porra
fosse.
Os homens pressionando ao meu redor, Fox e Maverick
estavam sufocando, corpos quentes e armas por toda parte.
Mas eu tinha visto a granada presa ao cinto do cara suado cujo
rosto parecia uma barra de granola no momento em que ele
apareceu e agora ele tinha sua metralhadora pressionada ao
meu lado, eu estava pronto para apostar tudo na minha morte.
“Rogue!” Fox a chamou. “Não concorde com nada.”
“Vou ficar aqui contanto que você os deixe ir,” Rogue disse
e o pânico me invadiu.
“Não!” Eu lati.
“Você tem um acordo, docinho. Leve-a para dentro,
meninos,” Shawn chamou, empurrando o queixo para um de
seus homens e eles agarraram o braço de Rogue, arrastando-a
em direção à porta.
“Deixe-os ir, esse era o negócio!” Ela gritou para Shawn.
“Sim, sim, deixe-me apenas dizer adeus primeiro,
docinho,” disse ele, pavoneando-se em nossa direção com um
sorriso malicioso. “Ei, rapazes, é assim que se parece um
vencedor.” Ele deu um giro e seus homens riram como se ele
fosse hilário.
Os olhos do cara suado deslizaram para ele e agi naquele
único segundo de oportunidade, arrancando a granada de seu
quadril e puxando o pino no mesmo momento.
Joguei em Shawn o mais forte que pude e o filho da puta
estalou a mão, pegando-o no ar antes de lançá-lo para longe
de si com uma maldição.
“Mova-se Killian!” O cara suado gritou quando a granada
voou em direção a um homem parado ao lado do SUV branco
de Shawn e Killian tropeçou em seus próprios pés enquanto ele
tentava escapar. A granada atingiu a janela do carro e explodiu
com um estrondo, destruindo o carro e engolfando Killian em
uma enorme labareda de fogo que subiu em espiral em direção
ao céu, a explosão derrubando todos nós no chão e fazendo
meus ouvidos zumbirem.
“Meu bebê!” Shawn lamentou sobre seu carro.
Eu estava pronto para a explosão, me recuperando mais
rápido do que a maioria e pegando a arma do cara suado,
virando-a contra todos os homens que nos cercavam enquanto
liberava uma rajada de balas com um rugido de fúria.
Um idiota apontou sua arma para a cabeça de Maverick e
Fox chutou seu pulso enquanto ele estava deitado de costas,
enviando a arma voando pouco antes de eu atirar no idiota e
ele atingir a sujeira em uma poça de sangue. Fox arrastou
Maverick pela nuca e nós três nos viramos com armas
roubadas nas mãos, caçando Shawn e nossa garota. Eu não
conseguia ver nosso inimigo, mas Rogue estava sendo
arrastada para trás de um caminhão enquanto o resto dos
homens de Shawn fugiam das chamas e tentavam puxar os
feridos para fora do caminho do fogo crescente.
Corri na direção que Rogue tinha sido levada,
contornando o caminhão no momento em que o cara tropeçou
para trás sobre um corpo no chão e Rogue se desvencilhou de
seu aperto em um flash de movimento. Ela agarrou a arma de
sua mão, virando-a de volta para o idiota e disparando três
tiros em seu crânio com um grito de fúria absoluta.
Agora definitivamente não era a hora de ficar com tesão,
mas porra, Johnny P tinha vontade própria.
Agarrei a mão de Rogue, abrindo a porta da caminhonete
e empurrando-a para dentro, encontrando as chaves enfiadas
no para-sol.
“Fox - Rick!” Chamei, vendo-os se escondendo atrás de
uma estátua de pedra de um antigo Rosewood com medalhas
em seu peito.
Pedaços de pedra foram arrancados dele enquanto vários
Dead Dogs se aproximavam. Meus meninos responderam ao
fogo, mas parecia que Fox estava sem balas e xinguei enquanto
empurrava a caminhonete para a marcha e pisei no acelerador.
“Fique abaixada,” ordenei Rogue e ela abaixou a cabeça
quando uma torrente de balas quebrou a janela da frente. Meu
coração batia forte enquanto eu me mantinha o mais baixo
possível, de alguma forma evitando as balas explodidas dessa
forma enquanto o caminhão batia nos cadáveres.
Cheguei aos nossos meninos e empurrei a porta ao meu
lado com urgência.
“Depressa!” Lati e Fox escalou para dentro, mas enquanto
eu assobiava para Rick, ele apenas acenou para que nos
afastássemos.
“Porra,” assobiei quando Maverick saltou sobre o capô da
caminhonete e levou o cara com o colete ao chão, rolando-o e
apertando sua própria arma contra sua bunda antes de puxar
o gatilho.
“Rick! Entre no caminhão!” Rogue gritou, pegando a
metralhadora do meu colo e mirando na janela.
Ela começou a atirar em qualquer um perto de Maverick,
o rat-tat-tat das balas estourando da arma enquanto ela
atirava em qualquer um que ousasse colocar a cabeça para fora
de onde eles estavam se protegendo.
“JJ, temos que ir,” disse Fox freneticamente, apontando
para a casa onde mais homens estavam saindo com armas em
suas mãos.
Avistei Shawn enfiando a cabeça para fora da porta,
disparando sua espingarda e atirando na lateral de nossa
caminhonete roubada com um sorriso nos lábios como se
estivesse se divertindo muito.
“Vocês com certeza me mantêm alerta, meninos!” Ele
chamou, claramente gostando do caos.
Pisei no acelerador quando uma linha de homens
começou a atirar em Maverick, batendo em dois deles e
derrubando-os sob as rodas do enorme veículo.
Maverick aproveitou a oportunidade para correr para o
portão, apertando o polegar em um botão ao lado dele para que
começasse a abrir e decolou novamente. Mas ele não correu em
nossa direção, correu para uma Harley Davidson preta
reluzente estacionada ao lado da estrada. Ele passou a perna
por cima e virei a caminhonete em direção ao portão enquanto
todos nos mantínhamos abaixados em nossos assentos e
Rogue atirava em qualquer filho da puta estúpido o suficiente
para ainda estar a céu aberto ou que ousasse apontar uma
arma na direção de Maverick.
“Você virá rastejando de volta logo, docinho!” Shawn
gritou quando chegamos aos portões abertos. “Vou ter certeza
disso!”
Maverick acelerou para fora da propriedade em sua
motocicleta e corri atrás dele, virando bruscamente na estrada
enquanto tiros rasgavam a parte de trás do caminhão. De
alguma forma, por algum milagre, parecia que nenhum de nós
havia levado um tiro e eu tinha que pensar que tínhamos uma
sorte pra caralho.
Corremos pela cidade, seguindo Maverick enquanto nós
três nos sentamos mais retos, o único som entre nós era nossa
respiração furiosa saindo de nossos pulmões.
Fox puxou Rogue para perto, seu braço travando em torno
de seus ombros e ela agarrou sua camisa enquanto se agarrava
a ele, tristeza revestindo suas feições.
“Senhorita Mabel,” ela sussurrou, as lágrimas brilhando
em seus olhos. “Ela está trancada naquela porra de lugar há
anos e agora está morta e quem sabe o que Shawn fez com ela
antes de morrer.”
Meu próprio coração apertou dolorosamente e Fox
acariciou seu cabelo, parecendo cheio de raiva e ódio pela
perda da velha que um dia foi tão boa para nós.
“Sinto muito, baby,” ele murmurou.
“Eu vou matá-lo,” ela rosnou, seu lábio voltado para trás
em um rosnado de lobo. “E vou cortá-lo em pedaços antes
disso.”
“Estaremos todos lá para isso, menina bonita,” jurei e Fox
assentiu, compartilhando um olhar sombrio comigo enquanto
o rugido da moto de Maverick enchia o ar. “Sangue por sangue.
Quando ele morrer, a única coisa que vai se lembrar desta vida
é o significado da palavra dor.”
Adrenalina ainda estava espalhando em minhas veias
quando chegamos de volta a Casa Harlequin e durante a
corrida da fuga que havíamos feito, eu mal tinha levado um
momento para entender completamente o que isso significava.
Nós estávamos em casa. Seguros. Mas Shawn agora tinha
uma fortaleza em Cove. Pior, ele estava em uma posição
privilegiada para entrar naquele cemitério e encontrar todos os
nossos segredos mais valiosos enterrados naquela cripta.
Mas, além do perigo e da ameaça que se enraizaram
naquele lugar graças a Shawn matando Kaiser e roubando sua
propriedade dele, estava a dor esmagadora do que aconteceu
com a única mulher que se importou comigo quando eu era
uma criança. Liguei para Chase para informá-lo enquanto
estávamos correndo pelas ruas de Cove para que ele parasse
de se preocupar, mas eu estava desesperada para vê-lo em
carne e osso, confirmar que todos os meus meninos estavam
vivos e bem.
Fox e JJ estavam em um turbilhão de raiva e telefonemas,
marcando um encontro no Oasis com Luther para discutir o
que isso significava, agora que sabiam exatamente onde Shawn
estava se escondendo. Eles falavam sobre lançar uma ofensiva
contra ele ou até chamar reforços do cartel, mas eu não me
importava com nada disso.
Tudo o que se repetia em minha mente eram as palavras
que Shawn havia falado comigo. A ameaça ainda pairando
sobre mim e os homens que mantive perto. Eu sabia que ele
não iria parar agora. Shawn Mackenzie era como um lobo
sentindo o cheiro de um cervo ferido quando fixava sua mente
em algo.
Ele vivia para jogos e poder e agora que decidiu vir para
mim, eu sabia que ele não iria simplesmente deixar a ideia cair.
Pior que isso, sabia que ele continuaria indo aos Harlequins
cada vez mais forte a cada dia que eu passava me recusando a
jogar seus jogos distorcidos. E se ele estava atacando os
Harlequins, então estava sempre a apenas um passo de
arrancar meu coração do meu peito de qualquer maneira.
Recusei a oferta de ir ao Oásis com Fox quando ele pediu,
não querendo fazer parte dos planos que os Harlequins
traçarem contra Shawn.
Eu precisava de tempo para pensar sobre tudo isso.
Precisava de tempo para processar o que tínhamos acabado de
aprender e precisava de tempo para decidir meu próximo
movimento. Porque se eu pudesse acabar com essa guerra me
entregando ao homem que continuou nos atacando, não teria
que levar isso em consideração? Não tinha que deixar de lado
meu próprio medo e pensar sobre o que era melhor para Fox e
JJ? Maverick também. Se eu pudesse parar essa luta, eles
estariam livres dela. Esta ameaça contra eles se dissiparia e
pelo menos eu saberia que eles estavam seguros.
JJ e Fox saíram e subi as escadas para informar Chase
sobre o que tinha acontecido, Mutt correndo pelos meus
calcanhares.
Bati em sua porta, mas não obtive resposta, então entrei,
encontrando-o dormindo no centro da cama com as luzes
acesas, com a testa franzida e sem o tapa-olho.
Meu olhar percorreu as cicatrizes que marcavam sua
pálpebra direita, o X selvagem que cortava sua sobrancelha e
corria para sua bochecha. As linhas ainda estavam vermelhas,
mas muito da tensão tinha saído da ferida agora e eu podia ver
como a cicatriz ficaria quando terminasse de cicatrizar.
Ele sempre carregaria aquela marca agora e nunca
recuperaria a visão naquele olho, mas de alguma forma havia
beleza nisso. Na forma como sua cicatriz aparecia por fora em
vez de ficar escondida por dentro, onde ninguém podia ver
como a minha.
Considerei deixá-lo em paz, mas Mutt correu até sua
cama, pulando e se enrolando em uma pequena bola aos pés
de Chase, então segui seu exemplo e me movi mais para dentro
do quarto.
Entrei em seu banheiro, agarrando uma de suas
camisetas de banda enquanto ia e tomava um banho rápido
para lavar a sensação do toque de Shawn em minha pele antes
de ir até ele.
Deixei minhas roupas em seu cesto, puxando a camiseta
e caminhando de volta através de seu quarto descalça antes de
rastejar em sua cama com ele.
Deitei minha cabeça no travesseiro ao lado dele, bebendo
a visão de seu rosto e os breves momentos de paz que mantinha
durante o sono. Mas não durou muito, pois a tensão alinhou
seu rosto mais uma vez e um grunhido de angústia escapou
dele, fazendo-me chegar mais perto e pegar sua mão na minha.
Ele me agarrou com força, puxando-me ainda mais perto,
sua testa pressionando a minha enquanto ele respirava fundo.
“Fique,” ele murmurou e assenti, minha boca roçando a
barba por fazer em sua mandíbula e meus lábios doendo por
um gosto de algo que eu sabia que não deveria ter desejado.
“Eu vou ficar,” jurei em um sussurro baixo, mas ele se
acalmou, aquele ruído suave o suficiente para acordá-lo
totalmente e seus olhos se abriram quando ele me encontrou
lá em seus braços.
Encontrei seu olhar, meu coração disparado quando
percebi o dano em seu olho direito, que tinha ficado de um azul
muito mais pálido graças ao corte da faca, a pupila opaca e
imóvel.
Chase pareceu perceber o que eu estava olhando,
xingando enquanto fechava os olhos novamente e tentava rolar
para longe de mim, murmurando sobre seu tapa-olho cortando
seu rosto se ele dormisse com ele.
Peguei seu ombro e puxei com firmeza, parando-o
enquanto ele tentava rolar para longe de mim.
“Não se esconda de mim, Ace,” murmurei, me movendo
em direção a ele e agarrando seu braço com força. “Você me
conhece. Você estava lá quando tive minha primeira
menstruação. Estava lá quando roubei meu primeiro carro.
Estava lá quando chorei porque senti falta de pais que eu nem
conhecia, e chorei porque você odiava aqueles quem você teve.
Você me conhece. Então olhe para mim. E me diga que estou
mentindo sobre isso.” Empurrei meus dedos em seu cabelo,
expondo totalmente seu olho danificado à luz da sala e
certificando-me de não esconder uma única parte do que eu
estava sentindo, enquanto deixava o amor que mantinha em
meu coração por ele e o alívio que tive por encontrá-lo vivo se
misturar ao orgulho que sentia por quão forte ele era enquanto
trabalhava para se recuperar de tudo o que Shawn tinha feito.
Inclinei-me e dei um beijo na pele danificada e seu braço
se moveu para a minha cintura enquanto ele me puxava para
mais perto com um suspiro suave.
“Isso não é algo de que você deveria se envergonhar,” disse
a ele. “Você deveria estar orgulhoso. Não por algum motivo de
cicatrizes de batalha de merda ou algo assim. Mas porque você
é Chase Fodido Cohen. E nunca deu a mínima para o que
alguém pensa de você, então por que diabos vai começar
agora? Você é o filho da puta mais assustador da sala. Não por
causa de suas cicatrizes, mas porque você pode bater em
qualquer homem sem derramar uma gota de suor e todo
mundo sabe que é melhor não foder com você.”
Chase gemeu carinhosamente, seu aperto em mim
aumentando até que ele estava me impulsionando para cima e
para ele de modo que eu montasse em sua cintura e suas mãos
travassem em torno de meus quadris.
“Você sempre pode me destruir com essa sua boca
inteligente, pequenina,” ele rosnou, suas mãos viajando pelos
meus lados até que empurrou seus dedos no meu cabelo
enquanto minha testa permanecia pressionada na dele e nos
escondemos dentro das mechas de arco-íris que nos cercavam.
“Esse é o nosso problema, não é?” Murmurei. “Achamos
muito fácil destruir um ao outro.”
Seu pau estava duro entre minhas coxas e de repente essa
tensão entre nós não parecia mais um jogo. Com JJ aqui e
algumas bebidas no meu sistema, tudo parecia tão simples.
Ele queria isso, eu queria, estávamos apenas seguindo a
chamada do que nossos corpos precisavam, mas isso, eu e
Chase por conta própria era algo diferente. Algo que queimou
mais quente, mais raivoso, dourado em mentiras e traição e
tanta dor que me queimou quando olhei para ele diretamente
assim.
Ele era o garoto que eu sempre quis resgatar, mas agora
a escuridão da qual ele estava fugindo encontrou seu caminho
dentro dele e eu não sabia como lutar contra ela. Nem sabia se
deveria estar tentando ou se apenas me deixar cair e ser
consumida por ela. Ou talvez devesse combiná-la com alguns
demônios próprios e deixar o mundo inteiro queimar por nós.
“Você o ama?” Chase me perguntou, sua garganta
balançando enquanto sua mão deslizava do meu cabelo para
minha bochecha, seu polegar provocando meu lábio inferior
como se estivesse guardando a forma dele na memória. “JJ.”
“Chase...”
“Está tudo bem,” disse ele, seus dedos à deriva no meu
pescoço enquanto ele inspirava profundamente. “Você o faz
sorrir de uma forma que eu não via desde o dia em que você foi
tirada de nós. Pensei que ser um Harlequin quebrou isso nele.
Pensei que o que fizemos com Clive naquela noite na floresta
foi o fim daquele sorriso. Mas nunca foi nada disso. Foi você.
Sempre foi você para todos nós. E quero que ele seja feliz para
sempre quando eu partir. Quero que ele tenha você.”
Recuei quando suas palavras me atingiram e ele deixou
suas mãos caírem para a minha cintura enquanto eu me
sentava ereta, repassando-as em minha mente e me
perguntando como eu deveria explicar o que eu sentia por JJ
para ele. O que eu sentia por Rick e Fox e por ele também. Eles
eram meus garotos e eu a garota deles, mas eu também era a
causa de tantas coisas ruins para todos. Eu era a divisão em
seu grupo, era a razão de pelo menos tanta dor neles quanto
sofri enquanto estávamos separados. E agora eu era um alvo
nas costas deles, arrastando o diabo que colecionei ao longo de
minha jornada até a porta da frente e esperando que eles
pudessem resistir enquanto eu segurava a chave para retirá-lo
em minhas mãos.
“Shawn disse que vai parar a guerra contra os
Harlequins,” disse, sem responder às suas perguntas porque
nada disso importava. Ou era tudo o que importava. Nem tinha
certeza, mas o que tinha certeza é que poderia fazer algo para
acabar com essa violência. “Ele nos colocou de joelhos esta
noite, Chase. Ele poderia ter matado nós quatro tão facilmente
quanto respirar e a única razão pela qual se segurou foi porque
não combinava com sua ideia distorcida de diversão. Mas e sei
que não vai ser tão fácil da próxima vez. E também sei como
impedi-lo.”
“Como?” Chase exigiu, seus olhos brilhando com violência
enquanto seus dedos agarraram minha cintura com força.
“Eu só tenho que dar a ele o que ele quer.” Dei de ombros,
tentando não provar a bile que revestiu minha língua com
essas palavras ou sentir o arrepio que dançou seu caminho
pela minha espinha enquanto Chase balançava a cabeça
embaixo de mim, sabendo o que eu ia dizer antes mesmo de
pronunciar a palavra. “Eu.”
“Nunca,” Chase rosnou, seus dedos mordendo minha pele
como se pensasse que me agarrar com força o suficiente seria
o necessário para me manter lá. “Eu morreria mil vezes,
sofreria todos os dias da minha vida em sua tortura, faria o
que fosse necessário para garantir que isso nunca acontecesse,
pequenina.”
Meu coração saltou com a dedicação furiosa em seu olhar,
mas afastei suas mãos de mim, movendo-me para sair da cama
enquanto me recusei a deixá-lo me desviar do que eu estava
pensando.
Chase pegou meu pulso antes que eu pudesse ficar de pé,
puxando-me para baixo no colchão ao lado dele e jogando seu
peso sobre mim enquanto me prendia embaixo dele com um
grunhido de dor quando ele claramente balançou sua perna.
“Jure para mim que você vai parar de pensar o que está
pensando,” ele rosnou. “Jure que você não está realmente
pensando em deixar aquele monstro ter você pelo bem de
nossas almas manchadas?”
“Eu poderia acabar com isso!” Gritei, perdendo minha
calma e empurrando minhas palmas contra seu peito
enquanto tentava forçá-lo a recuar, mas Chase poderia muito
bem ser uma laje de rocha por todo o bem que fez.
“Você acha que nos deixar de novo acabaria com isso?
Você nos destruiria, Rogue. Fox desmoronaria completamente
e Johnny James ficaria sem alma. Quem diabos sabe o que
Maverick faria, mas ele provavelmente rasgaria o mundo
inteiro em vingança. Não vou deixar você nem pensar nisso. É
uma loucura e você sabe. Olhe para mim, veja do que aquele
animal é capaz!”
Lágrimas queimaram meus olhos quando estendi a mão e
segurei o lado direito de seu rosto em minha mão, meu polegar
traçando sobre as cicatrizes ao redor de seu olho enquanto seu
pânico tomava conta de mim e me encontrei assentindo,
concordando, prometendo a ele que eu não faria isto. A
insanidade dessa ideia caiu da minha carne e Chase cedeu de
alívio quando sentiu, caindo sobre mim e enterrando o rosto
no meu pescoço enquanto me arrastava contra si e eu envolvia
meus braços em torno dele também.
Ele estava tremendo, seu coração batendo tão rápido que
eu podia sentir onde estávamos pressionados juntos e o
silenciei, sussurrando mais promessas para ele enquanto
acariciava meus dedos por seu cabelo.
Alívio caiu em cascata pelo meu corpo quando ele caiu na
cama ao meu lado, ainda me segurando com força como se
tivesse medo que eu mudasse de ideia, mas eu o ouvi. Senti
seu medo e não podia arriscar machucá-lo mais que isso, então
jurei ficar aqui e o fiz jurar também, embora pudesse dizer que
ele não acreditava em suas próprias palavras. Porque eu não
estava deixando Fox se livrar dele. Simplesmente não havia
jeito, porra. E eu estava cansada dele se apegar a essa decisão
como se fosse o único que pudesse escolher o que era certo
para nossa família quando nenhum de nós havia concordado.
Adormeci nos braços de Chase com essa decisão gravada
em minha alma. Fox Harlequin e eu tínhamos uma discussão
atrasada, e eu iria me certificar de que ele entendesse bem
antes de terminarmos.
Trabalhei em um banquete para o café da manhã depois
da minha corrida, fazendo panquecas e colocando tigelas de
frutas, bolos frescos, iogurte e cereais na mesa do pátio,
juntamente com smoothies de morango e kiwi frescos para
todos. Meu coração doeu o tempo todo que fiz isso e não queria
pensar sobre o motivo enquanto trabalhava para fazer este o
melhor café da manhã que já servi.
Mutt estava sentado à beira da piscina em um pequeno
travesseiro que coloquei sob um guarda-chuva para ele, sua
cabeça virada para longe do frango fresco que coloquei ao lado
numa tigela. Ele nunca tinha esquecido eu ter gritado com ele
quando coloquei Chase ajoelhado na praia pronto para morrer.
Eu não tinha me perdoado ainda por aquele dia também, então
meio que entendi sua atitude mal-humorada em relação a
mim. Estava começando a ter a sensação de que nunca
recuperaria seu afeto.
Fechei meus olhos e afastei as memórias daquele dia
horrível, minha pele formigando enquanto construí minha
armadura de volta no lugar e continuei me movendo.
Quando terminei, subi as escadas e bati na porta de JJ,
esperando até que ele abrisse, estalando os olhos para mim, o
cabelo arrepiado em todas as direções.
“O café da manhã está pronto. Desça em dois minutos,
ok?” Perguntei e ele gemeu, mas acenou com a cabeça
enquanto voltava para a escuridão de seu quarto como um
fantasma.
Fui para o quarto de Chase em seguida, abrindo a porta
silenciosamente e entrando. Muitas vezes eu vinha aqui à
noite, não que Chase ou Rogue soubessem. Eu me sentava e
os observava até meus olhos doerem e o silêncio ser o suficiente
para me deixar louco. Às vezes JJ dormia aqui também e eu
apenas olhava para minha família, desejando poder rastejar
para aquela cama e me juntar a eles. Mas alguém tinha que
ser o idiota por aqui, e esse alguém sempre fui eu.
Rogue estava enrolada ao lado de Chase, como de
costume, seu braço em volta dele enquanto eu apenas ficava lá
e olhava para os dois. Eu não conseguia nem achar mais ciúme
em mim, sabendo o quão temporário era e o quanto eles
precisavam um do outro. Não ia durar, então eu aguentaria. E
não era como se ela estivesse transando com ele como
Maverick. Aquele era o tipo de enfurecimento que queimou
profundamente em minha carne. E eu estava cansado de
esperar que ela percebesse que ele não era o único para ela e
eu sim. A avisei que chegaria o momento em que teria que
forçá-la sobre a nossa questão e esse tempo estava chegando
rápido. Rogue Easton era minha e eu estava pronto para fazê-
la admitir.
O quarto brilhava com a luz do sol que entrava pelas
cortinas abertas, mas a lâmpada ao lado da cama estava acesa
de qualquer maneira, então Chase poderia dormir sem temer o
escuro. Odiava que ele tivesse sido alterado por Shawn, odiava
não poder falar com ele sobre isso, odiava que nunca mais
ficaríamos bem depois de toda a merda entre nós. Mas hoje eu
tentaria suavizar um pouco da dor, porque não poderia
suportar a dor por mais tempo.
Mudei-me para o lado da cama, sacudindo o braço de
Chase e ele acordou de repente, pânico enchendo sua
expressão por um momento antes de seu olhar cair sobre mim
e ele soltar um suspiro de alívio.
“Ei,” ele disse em uma voz rouca de sono, procurando
minha expressão como se esperasse que eu começasse a gritar.
Quando me tornei o pai idiota desta família?
“Eu quero que você se junte a nós no café da manhã,” falei,
caindo para sentar na beira da cama. Seus dedos se apertaram
em Rogue, segurando-a contra seu peito enquanto ele olhava
para mim, tentando descobrir meu ângulo.
“Ok,” ele concordou lentamente e coloquei a mão em seu
ombro, olhando para ele com mil palavras não ditas em meus
lábios antes de me levantar e deixá-lo acordar Rogue.
Voltei para o andar de baixo, sentei no pátio e bebi meu
smoothie enquanto esperava os outros chegarem, uma
tempestade de emoção rodando em meu peito. JJ desceu
primeiro em sua boxer e se jogou no assento ao lado do meu,
gemendo de fome enquanto notava toda a comida.
“Qual é a ocasião?” Ele perguntou, pegando um croissant
e rasgando-o com os dentes.
“É carnaval hoje,” falei, sorrindo para ele enquanto
afastava a nuvem escura que pairava sobre mim.
Esta tinha sido minha época favorita do ano quando
criança. O fim do verão estava amanhecendo e com ele vinha o
carnaval. Costumávamos ir em todos os passeios até um de
nós vomitar, comer tanto doce que doía e acampar na caçamba
da minha caminhonete depois, todos empilhados lá com nada
além de um monte de cobertores e estrelas como companhia.
“Porra, sim, mal posso esperar para chegar lá.” Ele checou
o telefone para saber a hora. “Abre em uma hora, certo?”
Ri de sua expressão juvenil enquanto assentia. “Você está
chegando lá para a abertura?” Perguntei, sabendo que sim.
“Não?” Ele respondeu com uma carranca.
“Eu não posso, tenho que ir encontrar Luther, mas você
poderia levar Rogue e eu te encontro lá?” Sugeri e ele acenou
com a cabeça rapidamente.
“Sim, estou nisso. E quanto ao Chase?” Ele perguntou
esperançoso e minha sobrancelha baixou.
“Você sabe que ele não pode vir. Ele é ex-Harlequin, JJ.”
“Sim, sim,” ele suspirou desapontado, começando a
empilhar seu prato com panquecas.
Rogue apareceu com Chase e ele caminhou com uma
muleta, seu braço livre em volta dos ombros dela. Tive a
sensação de que ele realmente não precisava do apoio dela
também, mas não ia apontar isso.
JJ olhou para mim enquanto mastigava um bocado de
panqueca, em seguida, de volta para Chase quando ele se
sentou para se juntar a nós na mesa ao lado de Rogue. Notei
que seu último tapa-olho tinha um olho brilhante desenhado
em caneta metálica com escamas azuis ao redor como se
pertencesse a um dragão. Cada vez que ele ganhava um novo,
ele acabava sendo desenhado por Rogue enquanto ele dormia.
“Ele está comendo com a gente?” JJ me perguntou como
se ele fosse uma criança e eu seu pai.
Eu ri, encolhendo os ombros. “Sim, está.”
JJ bateu com o punho na mesa e Rogue sorriu
amplamente enquanto lutava com Chase pelo único pain au
chocolat antes que ele o entregasse a ela. Ela o rasgou ao meio,
jogando um pedaço em seu prato e ele olhou para ela com uma
expressão ardente que fez meu coração disparar.
Comi algumas frutas, desfrutando da sensação de todos
os três aqui comigo e apenas ouvindo sua conversa ociosa.
Chase ficava olhando como se quisesse começar uma conversa
comigo, mas nunca parecia encontrar as palavras e eu também
não tinha as certas.
A discussão logo mudou para o carnaval e Mutt correu
para pegar alguns restos de panqueca de Rogue, meu frango
fresco aparentemente não bom o suficiente para encher sua
barriga esta manhã.
“Eu vou no whirl-a-round primeiro, então waltzers, então
a space drop,” Rogue decidiu. “Não, espere, os waltzers
primeiro, depois a space drop, depois o whirl-a-round.”
“E a montanha-russa?” JJ perguntou com um sorriso
malicioso, espetando uma uva em seu garfo.
“Oh, esqueci da montanha-russa!” Rogue gritou. “Ok, isso
primeiro. Mas espere, há apenas três assentos naquele, um de
nós terá que se sentar no assento de trás. Ou poderíamos ir de
dois em dois, mas quem fica com a frente? A frente é a melhor.”
“Chase não vai,” interrompi e Rogue virou seu olhar para
mim com um beicinho.
“O quê? Isso não é justo,” ela reclamou.
“Está tudo bem, pequenina,” ele murmurou. “Eu sei que
não posso ir.”
“Mas eu quero que você vá,” ela disse desafiadora, olhando
para mim. “Ele não está em sua Crew, então não tem que fazer
o que você diz.”
“É exatamente por isso que ele não pode ir,” falei, meu
olhar na minha comida enquanto tentava não entrar em uma
discussão aqui. “O carnaval estará cheio de Harlequins, e já
estou recebendo merda suficiente dos anciãos sobre deixar
Chase ficar aqui depois que o bani, ele não pode ser visto em
nosso território.”
“Mas...” Rogue começou, mas Chase deixou cair a mão
sobre a dela e apertou com força.
“Está tudo bem, pequenina. Estou bem aqui,” ele disse
atentamente. “Basta enviar muitos vídeos no chat em grupo.”
Ela suspirou, claramente chateada comigo, mas JJ
ajudou a tirá-la de sua concha temperamental quando
começou a nomear todas as coisas que eles poderiam fazer no
carnaval.
Depois de um tempo, eles saíram para se vestir, deixando-
me com Chase e o silêncio caiu sobre nós como um peso de
chumbo.
Limpei a garganta enquanto Chase pegava seu prato de
comida pela metade e olhava para mim com uma carranca.
“Belas escamas.” Fiz um gesto para seu tapa-olho e
confusão tomou conta de seu rosto.
“O quê?”
“O olho do dragão,” falei e ele puxou o tapa-olho com uma
maldição, olhando para ele e eu observei as cicatrizes daquele
lado de seu rosto com meu puxão no estômago.
“Ela continua fazendo isso,” ele murmurou, então parecia
dividido entre colocá-lo de volta e deixá-lo. Ele claramente se
sentiu desconfortável de qualquer maneira enquanto tentava
posicionar o cabelo daquele lado do rosto.
“Você não tem que esconder isso de mim,” falei sério e ele
suspirou enquanto tirava o tapa-olho, mas havia uma rigidez
em seus ombros que fez meu peito apertar.
Ouvi os outros descendo as escadas e dei a Chase um
olhar atento. “Abrace-os com força quando eles se
despedirem,” murmurei.
Sua garganta trabalhou e compreensão derreteu em sua
expressão enquanto ele olhava para mim. Ele acenou com a
cabeça enquanto rapidamente trabalhava para esconder sua
dor. Senti aquela dor no fundo da minha alma e eu sabia que
não seria capaz de comer mais um único pedaço de comida.
“Você quer que eu traga algodão doce azul ou rosa, Ace?”
Rogue perguntou enquanto saltava para o pátio em uma saia
maxi branca coberta de flores amarelas e um top branco curto
com seu cabelo preso em duas tranças. JJ usava short preto e
uma regata limão que parecia fazer seu bronzeado brilhar e ele
tinha um olhar brincalhão enquanto se preparava para o
carnaval. Ele segurava um boné de beisebol nas mãos e sorriu
para Rogue enquanto mostrava a ela o Power Ranger Verde
antes de colocá-lo na cabeça para trás e fazê-la bater palmas
de empolgação.
“Surpreenda-me,” Chase disse, ficando de pé quando ela
se aproximou, arrastando-a em seus braços. Ele a apertou
contra ele e uma farpa atingiu meu peito enquanto ele tentava
segurá-la o máximo que podia antes que ela se soltasse de seus
braços com um sorriso.
“Analgésicos.” Ela os levou à boca e ele a deixou deslizar
entre seus lábios, esperando que ela segurasse seu smoothie
para ele beber e engoli-los. Quando engoliu, ela se inclinou
para beijar sua bochecha, mas ele virou a cabeça para que seus
lábios se esmagassem. Fiquei de pé com um grunhido, mas
eles já estavam se separando e eu fiz uma careta quando as
bochechas de Rogue ficaram rosa.
“Oops,” Chase disse sombriamente, a olhando como se
quisesse que o chão se abrisse e engolisse os dois juntos.
Rogue pigarreou, recuando quando ela tocou os lábios e
acho que ela nem percebeu que estava fazendo isso.
“Vou te encontrar no carnaval em algumas horas,” eu
cerrei e Rogue assentiu.
Chase estendeu a mão para JJ, segurando seu braço por
um momento antes de puxá-lo para um abraço.
“Divirta-se,” disse ele, forçando um sorriso e imaginei que
eles compraram porque acenaram enquanto voltavam para
dentro em direção à garagem com o olhar de Chase colado a
eles até que estivessem fora de vista.
“Que porra foi esse beijo?” Rosnei e Chase olhou para mim
com um encolher de ombros.
“Você não a beijaria se soubesse que nunca mais a veria?”
Ele murmurou e meu peito se apertou com o peso dessas
palavras.
“Vamos lá,” falei em voz baixa, movendo-me para liderar o
caminho para dentro e decidindo esquecer aquela pequena
façanha. “Vista-se, você tem uma consulta no hospital em meia
hora.”
Esperei por ele enquanto ele voltava para cima e uma vez
que ele reapareceu em shorts e uma camiseta preta com um
novo tapa-olho no lugar, ele me seguiu silenciosamente até a
garagem em suas muletas, a tensão dominando o ar.
Entramos na minha caminhonete e nos dirigi para fora de
casa até os portões e além, pegando as estradas na direção do
hospital no Upper Quarter.
“Achei que poderíamos pegar um sorvete depois que você
tirar o gesso,” falei e senti seus olhos em mim.
“Oh sim?” Ele questionou, claramente suspeito pra
caralho e encolhi os ombros.
“Se você quiser?” Perguntei.
“Sim... ok,” ele concordou.
Foi uma viagem longa e silenciosa até o hospital, mas
finalmente chegamos e nos estacionei o mais perto da entrada
que pude antes de ajudar Chase a sair da caminhonete.
“Estou bem, estou com minhas muletas,” disse ele e
assenti, sabendo disso, mas minha mão ainda permaneceu em
suas costas por um segundo antes de me afastar.
Mantive seu ritmo enquanto entrávamos e logo fomos
conduzidos a uma sala onde uma enfermeira trabalhava para
cortar seu gesso. Fiquei parado na porta, ouvindo quando o
médico veio para assiná-lo e dizer que ele mancaria, mas que
poderia parar com o tempo, ou não. Chase acenou com a
cabeça durante o exame, parecendo se retirar para dentro de
si mesmo quando a realidade desceu sobre ele de que seu
período de recuperação havia chegado ao fim. E enquanto a
maioria das pessoas ficaria muito feliz, ele parecia estar
afundando na escuridão e quanto mais eu olhava para ele,
mais quebrado eu me sentia por isso.
Quando o levei de volta para a minha caminhonete,
entramos e ficamos sentados em silêncio por um longo tempo.
Então liguei o motor e nos levei até a melhor sorveteria da
cidade, comprei os maiores cones que eles vendiam, para
Chase passas ao rum e meu chocolate, depois nos levei até a
vista do penhasco que dava para a parte inferior.
Dei uma mordida no meu sorvete enquanto estacionava,
o frio cortante fazendo minha cabeça doer enquanto tentava
sentir o gosto de qualquer coisa, exceto a tristeza envidraçando
minhas entranhas.
“Este é o primeiro rum que eu bebo desde que você me
pediu para parar,” Chase disse, tomando seu tempo com seu
sorvete.
“Vai continuar assim?” Perguntei.
“Acho que se eu bebesse agora, nunca pararia. Então acho
que você me fez um favor,” ele disse e senti seus olhos em mim
novamente, mas eu simplesmente não conseguia olhar. Porque
se olhasse, estilhaçaria como vidro atingido por um martelo.
“Por que me sinto como um cachorro velho que está tendo
o melhor dia de todos apenas para ser levado para a floresta
para ser baleado?” Chase perguntou.
“Você sabe por quê,” falei baixinho.
Terminamos nossos sorvetes e o vento balançou um pouco
a caminhonete enquanto chicoteava no topo do penhasco,
meus olhos seguindo uma gaivota enquanto ela lutava contra
o vento. Minha vida parecia assim muitas vezes. Como se o
vento estivesse sempre tentando me empurrar para um lado,
mas o dever significava que eu tinha que lutar contra ele, e não
importava o quão longe eu chegasse em uma direção, sempre
acabava doendo para simplesmente virar as costas para a brisa
e deixá-la me levar tanto quanto poderia ir.
“Me desculpe por ter sido um amigo de merda,” falei
depois de um tempo.
Chase soltou um suspiro de desprezo. “Não foi você quem
nos traiu. Você não fez nada de errado.”
“Não, eu fiz,” falei densamente. “Fiz tantas merdas de
coisas erradas, Ace.”
“Você é filho de Luther, não apenas meu irmão,” disse ele.
“E me deixou voltar para casa mesmo quando eu não merecia.”
Balancei minha cabeça, meu olhar na vasta extensão do
oceano à nossa frente. “Eu costumava desejar às vezes ser você
ou JJ, qualquer um que não fosse um de nós que carregava o
fardo de governar os Harlequins.”
“Eu costumava pensar que daria qualquer coisa para
tomar seu lugar,” Chase admitiu. “Eu queria governar, mas
não era isso realmente. Eu só queria ser alguém. Você é Fox
Harlequin.” Ele estendeu as mãos na frente dele. “Príncipe do
submundo, destinado à grandeza.”
“Não é assim,” murmurei.
“Sei disso agora,” ele disse sério. “Você sempre tirou o lado
mais curto da vara, eu simplesmente pensei que eu tinha.”
“Acho que todos nós tiramos,” falei sombriamente. “Não
vejo nenhum de nós ganhando nesta vida, não é?”
“Não,” ele concordou. “Você acha que é isso? Desenha um
pedaço de pau e o destino que está pintado nele é aquele ao
qual você está destinado? Ou acha que algum dia terá a chance
de desenhar um novo?”
Considerei isso, não tendo realmente uma resposta, não
uma que fosse reconfortante de qualquer maneira. “Acho que
quanto mais você envelhece, mais difícil é redesenhar. Talvez
pudéssemos ter feito uma vez, mas agora...” dei de ombros.
“Sim.” Ele assentiu. “Está tudo muito fodido agora, hein?”
“Mm,” soei meu acordo, em seguida, estendi a mão e
pressionei a mão em seu ombro.
Ele bateu as mãos dele nas minhas e ficamos sentados
assim por vários longos segundos antes de nos separarmos e
eu ligar a caminhonete.
Virei e peguei a estrada de volta ao Upper Quarter antes
de seguir para a rodovia fora da cidade. Logo estávamos a
quilômetros e quilômetros de Sunset Cove e estacionei em um
motel ao acaso, entrando no estacionamento e parando na
frente de um longo trecho de portas de quartos.
Saí do carro, meu peito comprimindo mais e mais a cada
segundo enquanto pegava uma bolsa da caçamba da minha
caminhonete cheia de algumas roupas para Chase, uma arma
e algum dinheiro para mantê-lo por um tempo. Quando
cheguei ao lado dele do carro, ele já tinha saído e segurei a
sacola para ele. Ele pegou sem palavras, sua mandíbula
flexionada enquanto olhava para mim como se estivesse
tentando memorizar meu rosto e senti um pedaço da minha
alma sendo arrancada, caindo do meu corpo com a dor de uma
artéria aberta cortada.
“Eu preciso do seu telefone,” falei asperamente e ele enfiou
a mão no bolso, tirando-o e entregando-o para mim, mas havia
um envelope dobrado contra ele também.
“Você vai dar isso para Rogue por mim?” Ele perguntou,
suas sobrancelhas franzidas como se ele estivesse preocupado
que eu recusasse, mas assenti. “E você vai... prometer que não
vai ler?”
Suspirei, mudando meu peso de um pé para o outro antes
de concordar com a cabeça também.
“E mais uma coisa.” Ele deu um passo em minha direção,
ansiedade lutando em seu olhar azul brilhante e tudo que eu
queria fazer era arrastá-lo para meus braços e levá-lo para
casa. Mas não consegui, porque isso era quem eu era e era isso
que acontecia com traidores. Eu disse a todos desde o primeiro
dia, no segundo em que o gesso saiu, era assim que seria, mas
porra, doeu. Cada segundo que eu estava ali estava matando
mais pedaços de mim.
“Não se lembre de mim assim,” ele implorou. “Lembre-se
de nós como crianças. Lembre-se dos dias em que íamos nadar
na Cove e explorar as cavernas dos contrabandistas. Ok?”
“Ok,” cerrei e ele se virou para sair, mas não pude deixá-
lo. Ainda não.
Avancei, envolvendo-o em meus braços, minha mão
esmagada em sua nuca e sua testa pressionada na minha.
“Sinto muito,” sussurrei.
“Não, me desculpe, Fox,” ele disse, sua voz falhando. “Eu
sinto muito, porra.”
Assenti, sabendo que ele sentia, mas também sabendo
que era tarde demais para mudar alguma coisa.
“Ame ela direito,” disse ele em um rosnado firme,
ordenando-me que obedecesse. “Você a ama e dá a ela o melhor
deste mundo, não importa o que custe a você, está me
ouvindo?”
“Eu vou,” resmunguei.
“Você pode ter tudo agora, tudo de você. Apenas...
certifique-se de ficarem juntos, não importa o que aconteça.
Você, JJ e ela. E foda-se, Maverick também, se você puder.”
“Nós vamos ficar juntos,” prometi, embora eu não
estivesse realmente incluindo Maverick nisso. Meu irmão
nunca mais voltaria para casa.
“Prometa. Não importa o que aconteça, Fox,” ele
empurrou.
“Não importa o que aconteça,” concordei e ele deu um
passo para trás, me deixando ir, deixando todos nós irmos. Eu
podia ver que ele pensava que isso era a coisa certa tão
profundamente quanto eu, mas por que doía tanto?
Meu coração me implorou para levá-lo comigo, mas meu
cérebro clamou para que eu seguisse minhas decisões como
sempre fiz. Isso estava acima até de mim. Essa era a lei
Harlequin, e eu já havia quebrado as regras, poupado sua vida
e depois o deixado voltar para casa quando não deveria. E
agora era hora de cumprir minhas promessas, mas eu não
tinha certeza se alguma vez havia sido mais doloroso que esta.
Pressionei meus lábios em sua testa e o soltei, me virando
e entrando na caminhonete, sem olhar para trás quando liguei
e dirigi para longe. Minha alma negra ficou um pouco mais
negra e o Diabo cravou suas garras em mim um pouco mais
fundo. Eu era a noite nesta cidade, a escuridão garantida que
sempre tomava conta do dia. E não importava o quanto você
desejasse que o sol continuasse brilhando, a noite sempre
tinha que cair. Mas esta foi a mais escuro que eu já conheci.
O carnaval era uma profusão de cores vivas, crianças
rindo e todas as melhores memórias do meu tempo aqui
pequena.
Sorri para JJ em volta do meu pedaço de algodão doce
rosa brilhante, observando-o enquanto ele atirava em
pequenos alvos vermelhos, tentando ganhar para mim um
grande ursinho de golfinho arco-íris que estava pendurado
atrás da barraca.
O vendedor não parecia muito satisfeito em ter alguém
com a habilidade de JJ jogando seu joguinho e, mesmo com a
arma sem dúvida adulterada, com a mira duvidosa, Johnny
James estava dando um show.
Havia dez capangas Harlequin espreitando ao nosso redor
não tão sutilmente ao comando de Fox e fui reduzida a foder
com os olhos JJ em sua combinação de camiseta larga e
shorts. Ele ainda usava meu boné do Power Ranger Verde para
trás na cabeça, sabendo muito bem o que estava fazendo
comigo por ter uma boa aparência e combinar meu amor PRV
com isso.
Deslizei para mais perto dele quando os alvos começaram
a girar mais rápido, levantando na ponta dos pés para
murmurar em seu ouvido enquanto o assobio e o estrondo do
rifle de ar escondiam minhas palavras de nossa comitiva.
“Se você ganhar esse golfinho para mim, vou chupar seu
pau tão bem que você verá seu próprio arco-íris.”
O sorriso de JJ se alargou, a arma mudando de alvo cada
vez mais rápido enquanto ele os derrubava um após o outro e
o vendedor resmungava maldições para ele baixinho.
Quando o alvo final foi rebatido nas dobradiças e todos
caíram, JJ gritou de entusiasmo, jogando o rifle na baia e me
tirando do chão enquanto me girava em triunfo.
Eu ri enquanto quase perdi meu algodão doce e ele me
colocou de pé, inclinando-se por um momento como se
estivesse planejando me beijar antes de se segurar e se virar
para reivindicar o prêmio.
Mordi meu lábio de frustração, me perguntando quando
seríamos capazes de apenas ser abertos sobre o que éramos
um para o outro. Mas com tanta coisa acontecendo o tempo
todo entre a guerra de Shawn, Luther e a recuperação de
Chase, Fox estava tão estressado que nunca havia um bom
momento para pegá-lo e explicar as coisas.
Eu tinha um plano vago onde esperava facilitar a ele a
ideia, expondo-o a mim e a Maverick com mais frequência. Rick
não dava a mínima para a ira de Fox e estava mais do que feliz
em apostar em mim o tempo todo. O problema era que Fox
tinha deixado claro que ele odiava isso, além de acreditar que
era uma coisa puramente sexual, então não era como se ele
estivesse dando a volta por cima. Mas imaginei que Rick ainda
estava respirando, então era um começo.
Claro, JJ tinha muito mais a perder se Fox se voltasse
contra ele do que Maverick, sem mencionar o fato de que ele
não queria machucá-lo mais do que eu.
Basicamente, tudo ainda estava fodido, mas eu também
estava além do ponto de tentar desfazer isso. Eu estava levando
minhas merdas com cada um dos meus meninos como um
problema e, no final das contas, eu e Johnny James éramos
bons. Mais que bons. Ele me fez rir e sorrir e gozar com tanta
força que eu não conseguia respirar. O que mais uma garota
poderia pedir que isso?
JJ me presenteou com o golfinho de pelúcia, sorrindo
amplamente enquanto se inclinava para falar comigo. “Vou
aceitar essa oferta antes do final do dia, menina bonita.” Ele
prometeu em voz baixa e lambi meus lábios sedutoramente
enquanto sorria lindamente para ele.
“O que eu perdi?” Fox chamou em voz alta, fazendo meu
coração disparar quando JJ recuou repentinamente e o
encontramos caminhando em nossa direção.
“JJ acabou de ganhar isso para mim,” balancei meu
golfinho para ele com um sorriso. “O que oficialmente o torna
meu favorito novamente.”
“Bem, não podemos ter isso.” Fox colocou o braço em volta
dos meus ombros e me virou na direção da roda-gigante no
centro da feira, me afastando de JJ quando começamos a
andar.
“Você fez tudo o que precisava, então?” Perguntei a ele,
olhando para cima quando um olhar de dor passou por seu
rosto, mas ele rapidamente o escondeu, baixando seus óculos
de aviador para proteger seus olhos verdes.
“Sim... tudo está resolvido agora,” disse Fox facilmente.
“Luther te obrigou a fazer algo pelo qual você está infeliz?”
Perguntei a ele, pegando no tom sombrio de suas palavras,
apesar dele tentar esconder.
“Não foi Luther.” Fox suspirou, olhando para longe de mim
antes de olhar para trás novamente e bater sua testa contra a
minha. “Vamos nos divertir hoje, certo? Todos os nossos
problemas podem nos alcançar esta noite, mas eu realmente
quero aproveitar este momento.”
“Preciso falar com você sobre Chase,” falei em um tom
firme e ele acenou com a cabeça, olhando para fora novamente.
“Sim. Nós vamos. Mais tarde.”
Revirei os olhos para ele, mas concordei, dando a última
mordida no meu algodão doce e jogando o palito em uma lata
de lixo quando passamos por ela. O sol estava brilhando e
estávamos lidando com um monte de merda recentemente,
então eu poderia dar isso a ele. Hoje seria dedicado à diversão.
Sem coisas pesadas.
Chegamos à fila da roda-gigante, mas Fox simplesmente
passou por ela, jogando um par de notas de 20 nas mãos do
cara que a dirigia para que ele nos deixasse entrar.
“Segure enquanto estamos fora, sim J?” Fox pediu,
pegando o golfinho e jogando-o para JJ. “E talvez faça uma
varredura rápida na área para ter certeza de que não há sinal
de nenhum Dead Dogs por aqui também. Este é exatamente o
tipo de lugar que o fodido Shawn tentaria nos atacar.”
“Você vai fazer JJ andar pelo perímetro enquanto vamos
dar uma volta sem ele?” Perguntei surpresa, lançando um
olhar para o meu stripper seriamente gostoso enquanto ele
enfiava a língua em sua bochecha e esperava pela resposta de
Fox sobre isso também.
“Bem, você não gostaria de ser uma vela, gostaria JJ?” Fox
atirou-se nele, guiando-me para a atração enquanto agarrava
meus ombros com mais força e não tive escolha a não ser subir
enquanto JJ lhe deu uma saudação sarcástica e saiu furioso
para fazer o que ele mandou.
“Isso foi rude,” resmunguei enquanto Fox se sentava no
assento ao meu lado, fazendo a carruagem pular quando o
atendente trancou a porta e o carro começou a girar.
“JJ não dá a mínima,” disse Fox asperamente, jogando o
braço em volta da parte de trás do meu assento e se inclinando
para olhar para mim em vez da vista para a Cove enquanto a
atração nos erguia alto no ar. “Além disso, tenho pensado
muito recentemente sobre o futuro e como ele se parece para
mim. Tenho pensado muito sobre as discussões que tivemos
sobre isso também.”
“Eu disse que não estou pronta para sossegar, Fox,”
avisei, lendo as implicações entre suas palavras enquanto ele
me olhava por baixo das cortinas espelhadas.
“Sim, bem, estive pensando nisso também. E avisei que
minha paciência se esgotaria um dia desses. Falei que chegaria
um ponto em que terminaria de esperar por você e forçaria sua
mão no assunto.”
“O que isso deveria...”
Fox agarrou minha cintura e me empurrou para cima em
seu colo, fazendo a carruagem pular descontroladamente
enquanto eu agarrava seus ombros com força e dava uma
olhada na queda aterrorizante abaixo de nós. Eu estava
vestindo uma saia maxi, mas a posição em que ele me colocou
significava que a fenda no tecido estava deixando minhas coxas
expostas ao lado da minha calcinha branca.
A roda parou com a gente bem no topo, enquanto as
pessoas entravam e saíam lá embaixo e meu coração trovejava
quando Fox me olhou, sua língua umedecendo seus lábios e
sua mandíbula cerrada com esta decisão.
“Fox,” avisei, mas ele não estava brincando sobre ter
parado de esperar e me agarrou pela nuca, me puxando para
baixo em um beijo forte ao qual fui incapaz de resistir.
Sua mão se moveu entre nós enquanto sua língua
empurrava em minha boca e gemi quando ele encontrou meu
clitóris através da minha calcinha, massageando-o rudemente
e fazendo meus quadris resistirem.
Tentei empurrar para trás contra seus ombros, mas ele
aumentou a pressão de seu domínio na parte de trás do meu
pescoço, beijando-me com mais força, exigindo que eu me
curvasse para ele e enquanto minha boceta latejava de
necessidade, me senti cedendo.
Eu queria isso. O queria. Simplesmente não poderia tê-lo
a menos que ele entendesse o que eu tinha com os outros
também. Eu sabia o que era isso para ele. Seu movimento. No
momento em que ele parou de esperar e pegou o que queria,
era tão tentador simplesmente deixá-lo. Exceto que Fox não era
como os outros. Ele não sabia como compartilhar seus
brinquedos e eu sabia muito bem que não tinha mudado,
apesar dele ter testemunhado o que tive com Maverick mais de
uma vez.
“Espere,” ofeguei, tentando me afastar, mas ele apenas
rosnou para mim, seus dedos empurrando minha calcinha de
lado antes que ele afundasse dois profundamente em meu
calor úmido.
“Você é minha,” Fox disse ferozmente, seu polegar ainda
trabalhando em meu clitóris enquanto minha boceta agarrava
seus dedos como um vício e eu só pude ofegar seu nome
quando meu corpo deu a ele o que ele queria sem questionar.
“E quando chegarmos em casa esta noite, será meu pau dentro
de você provando isso.”
Eu gemia alto, incapaz de evitar enquanto balançava
meus quadris contra ele, fodendo sua mão e, finalmente,
provando o que eu estava desejando dele. Seus dedos enfiaram
para dentro e para fora de mim e esqueci todos os meus
argumentos quando ele me beijou novamente, minha boceta
pulsando em torno dele enquanto eu subia até a beira do
penhasco, pronta para mergulhar direto para ele.
A roda gingante começou a se mover novamente e Fox
puxou sua mão de baixo da minha saia, seus dentes tomando
meu lábio inferior como refém antes que ele quebrasse nosso
beijo também e me jogasse de volta no assento ao lado dele.
“Você não vai gozar por mim até que implore por isso,
beija-flor,” ele murmurou, inclinando-se para falar no meu
ouvido enquanto eu pisquei para ele em estado de choque,
muito confusa tentando descobrir que porra ele era brincando.
“Vou levá-la ao limite assim repetidamente até que você se
arrependa por mim. Até que implore por mim. E até que me
diga que é minha. Só minha.”
Calor subiu ao meu rosto quando percebi o jogo que ele
estava jogando e dei um tapa forte o suficiente para deixar uma
impressão em sua bochecha, amaldiçoando-o enquanto me
movia para colocar a mão entre minhas próprias coxas e
terminar o que ele tinha começado. Eu estava doendo para
gozar, então não era como se fosse demorar muito de qualquer
maneira.
Fox rosnou em recusa, agarrando minha mão na dele e
sorrindo maliciosamente para mim. “Sem traição também,
baby. É hora de você aceitar que eu sou seu jogo final.”
“Você é um fodido psicopata,” sibilei para ele, meio furiosa
e meio tentada a arrastá-lo para trás da árvore mais próxima
quando saíssemos dessa porra de atração para que ele pudesse
terminar o que tinha começado. Deus, ele parecia bem hoje,
seus braços cheios de tinta protuberantes e seu peito largo
pressionando contra os limites de sua camisa. Não era justo,
porra.
“Parei de jogar bem,” respondeu ele com um encolher de
ombros. “Vivemos no limbo desde que você voltou para casa e
é hora disso acabar. Você sabe tão bem quanto eu que estamos
destinados, beija-flor. E agora é hora de você parar de lutar
contra isso.”
A roda parou e Fox saiu, puxando-me por baixo de seu
braço enquanto nos juntávamos a JJ novamente e meu cérebro
cheio de luxuria bebeu ao vê-lo também. Jesus, eu realmente
tinha caído fundo no pau dos meninos Harlequin, mas era
tarde demais para eu pensar em escapar agora. Não. Eu
morreria aqui, onde serviam orgasmos no café da manhã e
meus sorrisos sempre vinham com gemidos que enrolavam os
dedos do pé.
“Nada?” Fox perguntou e JJ balançou a cabeça, olhando
para a marca de mão no rosto de Fox com curiosidade, mas ele
não perguntou sobre isso.
“Nenhum sinal de Shawn ou de qualquer um de seus
homens,” JJ confirmou, meu golfinho pendurado frouxamente
em suas mãos.
Eu queria dizer algo para ele, mas minha carne ainda
estava formigando e eu estava tendo um pouco de dificuldade
para impedir que meus joelhos dobrassem agora, então apenas
mordi meu lábio e o fodi com os olhos em vez disso.
“Ótimo. Vamos dar uma olhada no corredor dos espelhos.”
Fox me puxou junto com ele e apesar da minha raiva dele por
causa daquele joguinho, eu fui.
JJ estava atrás de nós entre os fantoches Harlequin e eu
fiz uma careta, perguntando a Fox por que ele não estava
saindo com a gente também. Fox não me deu uma resposta,
mas o olhar que lançou a JJ me fez pensar que foi ele quem
nos arranjou dessa forma. Como se eu estivesse aqui com ele
sozinha e J fosse apenas uma parte do backup em caso de
problemas. Que porra era essa?
“Sabe, você está sendo um idiota e está matando minha
vibração de carnaval,” avisei quando passamos por uma
barraca de donuts e inalei o cheiro de bondade pastosa com
um gemido.
“Isso é porque você ainda está tentando lutar contra nós,”
disse Fox, parando para me comprar uma rosa de um vendedor
quando passamos por ele, e meio que fiquei boquiaberta
quando ele a colocou atrás da minha orelha.
“Então, você é um cavalheiro me levando em um doce
encontro para a feira ou um idiota que me aborda em público
e me deixa toda quente e cega por pau enquanto tento
aproveitar um dia fora?” Perguntei a ele friamente, ganhando
um sorriso malicioso.
“Ambos, baby. E não se esqueça, se você quiser gozar,
posso cuidar disso para a minha garota. Você só tem que
concordar que é minha.” Fox passou a mão pelo lado da minha
bochecha e minha pele traidora se iluminou por ele.
Bufei um suspiro que não era qualquer tipo de resposta e
Fox apenas deu de ombros, me puxando para o corredor de
espelhos com ele e deixando JJ de fora novamente.
“Este lugar é assustador,” comentei enquanto começamos
a nos mover pelos corredores estreitos, estendendo a mão para
escovar meus dedos ao longo do vidro frio enquanto meu
reflexo ecoava eternamente ao meu redor.
“É uma questão de perspectiva,” comentou Fox, movendo-
se para ficar contra minhas costas enquanto eu
acidentalmente caminhava por um beco sem saída e me
encontrava presa entre três espelhos. “Por exemplo, se eu fosse
te foder bem aqui contra este vidro, acho que seria muito
quente ver seu corpo se dobrar ao meu mil vezes ao nosso
redor.”
Mordi meu lábio quando senti a pressão de seu pau contra
minha bunda e me virei para encará-lo, deslizando minha mão
sobre a frente de seu short, com a intenção de virar seu
pequeno jogo de volta para ele, mas ele pegou meu pulso antes
que eu poderia fazer contato com seu pênis.
“Não é assim que isso vai funcionar, beija-flor,” ele rosnou,
pressionando minha mão contra o espelho nas minhas costas
enquanto me encaixava. “Não vou te deixar dar as ordens mais.
Hoje tudo precisa mudar. É tempo passado. E isso significa que
você vai aprender como é bom se curvar para mim, porque eu
prometo que assim que fizer isso, tudo vai se encaixar da
maneira que sempre foi destinado a ser.”
Ele passou a mão livre sobre o meu mamilo duro como
pedra, tirando um silvo dos meus lábios enquanto meus olhos
se fechavam e todos os músculos do meu corpo se contraíam.
Eu era uma mulher forte e independente que conhecia o que
pensava. Mas, caramba, não podia negar o quão bom era ser
dominada por ele.
Meus pensamentos se dispersaram quando ele puxou
minha blusa para baixo e um gemido gutural me escapou
enquanto ele chupava meu mamilo, mas assim que eu estava
começando a pensar que ele iria terminar o que tinha
começado na roda-gigante, ele me soltou e recuou.
“Fox,” rosnei. “Pare de foder comigo.”
“Então me diga que você é minha.”
“Não é tão simples,” rebati.
“Sim é.”
Ele se virou e foi embora para o corredor de espelhos,
deixando-me puxando minha blusa de volta para esconder
meu mamilo antes que algum garoto desavisado chegasse e
tivesse uma visão cheia.
No momento em que corri atrás dele, ele tinha ido embora
e amaldiçoei enquanto me movia para frente e para trás através
do labirinto de espelhos, chegando a becos sem saída uma e
outra vez enquanto a sensação assustadora do lugar afundava
em minha pele.
Por um momento, poderia jurar que ouvi alguém chamar
meu nome, mas quando me virei não havia ninguém ali além
dos incontáveis reflexos de mim mesmo.
Porra, eu estava tão excitada que não conseguia nem
encontrar o meu caminho para sair de uma atração de carnaval
idiota projetada para crianças.
Dei mais algumas voltas, um arrepio subindo pela minha
espinha e quando finalmente derramei no sol, uma figura
musculosa estava esperando para me agarrar.
Gritei em alarme quando Fox me empurrou contra o lado
da atração e me beijou como se fosse meu dono. E apesar de
todos os meus argumentos em contrário, eu deixei, meus
lábios se abrindo para sua língua, as mãos em punho em sua
camisa e as coxas abrindo para sua perna enquanto ele a
colocava entre eles.
Meus quadris balançaram contra ele enquanto eu gemia
em sua boca e perseguia a porra de algum atrito para lidar com
essa necessidade na minha carne.
O telefone de Fox começou a tocar em seu bolso e ele me
deixou cair como um saco de merda, recuando enquanto eu
afundava contra a porra da parede e olhava para ele.
“Sim?” Ele respondeu, seu olhar aquecido travado em
mim. “Ok. Eu vou agora.”
“Você é um idiota,” eu ofeguei. Fodidamente ofeguei.
Droga.
“Diga,” ele empurrou, mas balancei minha cabeça. Porque
não. Não. Sem chance. Mas, Jesus, fiquei tentada a apenas
acenar com a cabeça e deixá-lo continuar a me convencer.
Eu não tinha ideia do que deu nele hoje. Havia uma
escuridão pairando sobre ele, um tipo de determinação
implacável que provavelmente faria minha calcinha pegar fogo
antes que eu descobrisse o que diabos tinha causado isso.
Ele estava certo, claro. Nós estávamos dançando em torno
disso por muito tempo e eu não poderia continuar a amarrá-lo
do jeito que estava. Mas isso significava que ele precisava saber
a verdade. Toda. E eu precisava descobrir o que diabos
significava e o que iria sair disso.
Meu olhar saltou para trás em um sinal de movimento e
meu coração começou a bater quando encontrei JJ lá, seus
braços cruzados enquanto nos observava, embora ele
definitivamente não parecesse tão chateado como da última vez
que pegou Fox me beijando.
“Eu preciso encontrar meu pai,” disse Fox, acenando para
JJ quando ele o avistou também. “Ele insistiu. Só tenho que ir
encontrá-lo na casa mal-assombrada para que eu possa ouvir
o que ele tem a dizer. JJ pode levá-la em outra coisa enquanto
eu estiver fora.”
“Oh, então não sou apenas mais um lacaio, afinal?” JJ
perguntou, lançando uma carranca Fox que lhe rendeu uma
revirada de olhos.
“Você sabe que não é, cara. Eu só precisava de um pouco
de tempo sozinho com a minha garota. Não é verdade, Rogue?”
“Só pensei que você estava sendo um idiota como padrão.”
Falei, mas Fox apenas me deu um sorriso de lobo.
“Bem, parece que isso te excita. Então, farei uma
observação para fazer isso com mais frequência.”
Eu o desviei, mas ele se afastou de nós, parecendo não dar
a mínima para o quão irritante ele era.
“Você quer explicar do que se trata?” JJ me perguntou
quando comecei a andar com ele e ele liderou o caminho para
a confusão de brinquedos e atrações.
Olhei por cima do ombro para verificar se os outros
Harlequins não estavam perto o suficiente para ouvir, então
bufei um suspiro. Mas antes que eu pudesse contar a ele o que
estava acontecendo desde a chegada de Fox, uma voz
estridente chamou minha atenção.
“Rogue?” Rosie chamou, me fazendo estremecer quando a
vi empurrando no meio da multidão. “Chasey está com você?”
“Rápido, vamos correr,” sibilei, agarrando o braço de JJ e
puxando-o para longe.
“Ela está olhando bem para nós,” ele riu, correndo comigo
de qualquer maneira, enquanto ela gritava por nós novamente.
“Eu não me importo. Não posso lidar com suas besteiras.
E toda vez que a vejo, tenho que pensar em Chase transando
com ela e isso me faz querer esfaquear a cadela.”
JJ riu mais alto quando comecei a correr e puxei-o para o
lado das xícaras de chá, esquivando-me por uma passagem
entre os vendedores de comida, em seguida, virando-me para
um monte de atrações menores, uma vez que eu tinha quase
certeza de que a tínhamos perdido.
“Vamos, me diga o que Fox fez para fazer você dar um tapa
nele,” disse JJ, olhando em volta para se certificar de que Rosie
realmente tinha ido embora. Segui seu olhar e não fiquei muito
chateada para perceber que despistamos nossas caudas
Harlequin também.
“Aparentemente, Fox acabou de esperar que eu fosse sua
garota,” expliquei, olhando para JJ para tentar avaliar sua
reação sobre isso.
“Oh?” Ele perguntou, sem revelar nada, então continuei.
“Ele... me disse que está pronto para forçar minha mão e
então provou isso batendo com o dedo em mim na roda gigante
até que eu estivesse cerca de três segundos de gozar, e então
ele parou.” Fiz uma careta e JJ latiu uma risada, me
confundindo pra caralho.
“Então ele está tentando forçar você a tomar uma decisão,
recusando orgasmos?”
“Você não está bravo com isso?” Perguntei, arqueando
uma sobrancelha para ele e JJ lambeu os lábios, olhando por
cima da minha cabeça antes de apontar o queixo em direção a
uma tenda com uma placa de leitura da sorte fora dela. Ele
levantou as abas e liderou o caminho para dentro, assim que
vi um flash do cabelo loiro de Rosie novamente.
Uma mulher vestida com xales drapeados olhou para nós
com um sorriso quando entramos, acenando com as mãos
acima de uma bola de cristal que estava no meio de uma toalha
de mesa roxa escura que cobria a mesa à sua frente. “Bem-
vindo à caverna de Madame Mystery de...”
“Duzentos dólares para você deixar que eu e minha garota
passemos algum tempo a sós aqui um pouco,” JJ a
interrompeu, puxando o dinheiro do bolso como oferta.
“Duzentos e cinquenta,” respondeu ela, deixando cair a
cadência assustadora em seu tom e sorrindo para nós.
“Feito.” JJ jogou o dinheiro para ela e ela o pegou antes de
pegar um maço de cigarros e se dirigir para a saída dos fundos.
“Só não deixe manchas de porra na minha toalha de mesa,” ela
avisou e ficamos sozinhos.
Desmoronei de tanto rir e JJ sorriu maliciosamente
enquanto pegava meus quadris e me puxava para a mesa em
questão.
“Então você estava me contando sobre como Fox não te
deixou gozar,” ele solicitou, seus olhos brilhando com diversão
quando minha risada sumiu.
“Bem, ele certamente gostou de me deixar perto,”
resmunguei, meu olhar passando pelas feições de JJ enquanto
meu humor ficava mais sério. “Acho que precisamos contar a
Fox sobre nós.”
JJ se acalmou, franzindo a testa para mim quando minha
bunda bateu contra a mesa e a bola de cristal caiu de sua
posição, rolando para longe de nós antes de cair no chão.
“Tenho pensado muito sobre isso, na verdade.
Especialmente desde que você, eu e Chase quase ficamos,”
disse ele.
“Chase?” Perguntei, minha mente girando ainda mais com
a adição de seu nome à conversa, especialmente quando JJ
levantou minha bunda e me colocou na mesa embaixo dele.
“Sim. E Rick. Quero dizer, realmente faz sentido, não é?
Você nunca quis escolher entre nós e tenho certeza de que
gostou quando eu e Rick fodíamos você juntos.” A mão de JJ
deslizou entre minhas coxas e ele gemeu ao sentir o quão
molhada eu estava. Minha calcinha estava fodidamente
encharcada entre as sessões de tortura de Fox e agora ele
estando tão fodidamente perto de mim e suspirei com o alívio
do toque de JJ na minha carne.
“Aquilo foi seriamente quente,” concordei, mordendo meu
lábio enquanto JJ arrastava o tecido da minha calcinha para o
lado e começava preguiçosamente a acariciar minha entrada,
me fazendo estremecer por ele.
“Foi,” ele concordou. “Mas não foi só isso, era? Quero
dizer, sim, o sexo é alucinante pra caralho e assistir você pegar
o pau de Maverick com o meu foi como viver cada fantasia que
eu nunca soube que tinha. Mas não é sobre apenas transar, é?
É sobre tudo. Todos nós.”
“Sim,” ofeguei enquanto ele continuava a me torturar,
seus dedos subindo para o meu clitóris e provocando-o
cruelmente antes que ele voltasse a circular minha abertura
novamente.
“E quanto mais eu penso sobre isso. Você e eu e eles
também, mais certo parece. Mais eu quero isso também. Eu
estava vendo você beijar Fox lá fora e isso me excitou pra
caralho, menina bonita. Eu podia ver a maneira como ele fazia
você se sentir e queria continuar observando enquanto ele
fazia. Gosto de ver você com eles. Quando Chase se recusou a
se juntar a nós na outra noite, não posso te dizer o quão
desapontado eu estava. Eu nem mesmo entendo realmente,
mas você, eu e eles, simplesmente faz sentido.”
“Então você não vai pirar comigo se Fox e eu...”
JJ balançou a cabeça, empurrando o short para baixo tão
lentamente que só poderia ter sido projetado para me torturar.
“Contanto que eu saiba que você me quer tanto quanto,”
ele rosnou, agarrando o comprimento rígido de seu pênis
enquanto ele o libertava e eu gemia ao vê-lo.
“Você sabe que eu te amo,” ofeguei, agarrando a borda da
mesa e esperando que ele terminasse a tortura.
“Então hoje à noite vamos contar a ele e fazê-lo entender,”
disse JJ em uma voz profunda, cheia de luxúria. “Mas ele não
vai gostar.”
“Eu sei,” concordei. “Mas não podemos continuar
mentindo e...”
“E você não pode continuar lutando contra o que tem com
ele,” JJ terminou por mim, pressionando seu pau no meu
núcleo dolorido e me fazendo xingar.
“Seja rude comigo, Johnny,” rosnei, agarrando minha mão
em sua camisa e puxando-o para mais perto para que pudesse
alcançar sua boca.
“O que você quiser, menina bonita,” ele concordou com
um sorriso malicioso, batendo todo o comprimento de seu pau
em mim com um impulso selvagem que me fez xingar quando
a tensão em meu corpo foi finalmente recompensada.
Ele agarrou meus quadris com força e gemi quando minha
boceta dolorida obteve o que eu estava morrendo por ter
enquanto ele se dirigia dentro de mim com punhaladas brutais
e punitivas e eu encontrava cada uma delas com uma demanda
por mais.
“Precisamos nos apressar.” Engasguei, minhas unhas
mordendo a nuca de JJ enquanto eu segurava para salvar
minha vida enquanto ele fazia exatamente o que pedi e batia
seu pau em mim da melhor maneira do caralho.
“Eu tenho você, menina bonita,” JJ prometeu e quando
sua boca capturou a minha novamente, esqueci sobre me
apressar ou ficar quieta ou qualquer uma das coisas que eu
deveria ter dado a mínima. Porque a sensação do corpo de
Johnny James tomando posse do meu era a melhor sensação
em todo o maldito mundo e eu estava amando cada segundo
imundo disso.
Fui encontrar meu pai nos fundos da casa mal-
assombrada e o achei encostado na parede preta com uma
expressão sombria no rosto. Ele sempre vinha aqui com alguns
amigos e eles bebiam a tarde toda em uma das barracas de
cerveja. Ele não parecia particularmente bêbado, mas muitas
vezes eu não sabia dizer com ele.
“Desculpe estragar seu dia, filho, mas acabei de saber que
Shawn tem um carregamento de armas vindo do mar.” Luther
disse enquanto uma gargalhada macabra vinha de dentro da
casa mal-assombrada, seguida por um grito. “Um dos meus
homens colocou um rastreador no barco antes que ele deixasse
uma doca mais acima na costa.” Ele me entregou um pedaço
de papel e me lançou um olhar atento. “Quero que os homens
daquele barco sejam tratados e a remessa trazida para casa.”
Assenti, esfregando a mão sobre a barba por fazer no meu
queixo em frustração. “Agora mesmo?”
“Agora mesmo,” ele confirmou e eu suspirei. Este era para
ser o meu dia com Rogue, o início de nós oficialmente
entrarmos nos trilhos. Eu queria empurrá-la para enfrentar o
que éramos um para o outro antes que ela tivesse que enfrentar
a realidade do exílio de Chase.
Pelo amor de Deus, não poderíamos ter um dia de paz
nesta cidade? Eu queria ter algumas boas memórias hoje,
antes que a inevitável bomba explodisse na minha cara esta
noite. Porque assim que Rogue e JJ descobrissem que eu
mandei Chase embora novamente, eles iriam perder a porra da
merda comigo. Eu já estava tentando descobrir como faria o
controle de danos no que estava por vir. Não era como se eu
não tivesse sido franco com eles. Desde o momento em que ele
voltou para casa, falei a todos exatamente como seria, mas isso
faria a menor diferença? Inferno, porra, não.
Virei-me para sair, mas Luther agarrou meu ombro e me
virou de volta, suas feições marcadas pela tensão. “Pegue uma
unidade forte, Fox. Há vários homens naquele barco e prefiro
que você exagere do que seja pego desprevenido.
Especialmente com a quantidade de armas que ouvi dizer que
está nessa remessa.”
“Tudo bem,” prometi, me sentindo um pouco melhor que
pelo menos este seria um ataque decente contra Shawn. Eu ia
empacotar suas armas e levá-las para casa, para meu próprio
exército, prontas para ser empunhadas contra ele em vez disso.
Luther levou um momento para carregar um aplicativo de
GPS no meu telefone e o vinculou ao rastreador que mostrava
a localização do barco ainda um bom caminho para o mar.
“Vou passar pelo clube quando terminar,” falei.
Ele acenou com a cabeça, me soltando e voltei para o
carnaval lotado para procurar JJ e Rogue. Sabia que ela iria
querer ficar quando eu e JJ partíssemos e provavelmente
ficaria puta da vida se eu tentasse fazê-la ir para casa. O lugar
estava fervilhando de Harlequins, então eu não estava muito
preocupado em deixá-la aqui, eu apenas me certificaria de que
houvesse olhos nela o tempo todo.
Voltei para o lugar onde os tinha visto pela última vez,
pegando meu telefone e tentando ligar para JJ, mas não houve
resposta. Eles provavelmente estavam andando, então comecei
a procurar as pistas de saída ao meu redor, esperando ver ela
e JJ aparecendo em uma a qualquer momento. Em vez disso,
meus olhos se fixaram em Rosie enquanto ela corria para fora
de uma saída dos valsadores com Jake e alguns de seus amigos
chatos a reboque.
“Ei,” lati para ela e sua cabeça girou, suas sobrancelhas
grandes saltando para cima. Não entendi a tendência das
sobrancelhas com as meninas ultimamente, era como se elas
estivessem competindo para ver quem conseguia equilibrar as
maiores lagartas peludas em seu rosto. Ela sorriu, correndo
para mim como um cachorrinho obediente e cruzei os braços,
não gostando de tê-la tão perto, especialmente depois de como
ouvi que ela reagiu às cicatrizes de Chase.
“Estou procurando JJ e Rogue, você os viu?” Perguntei.
“Talvez,” disse ela, agitando os cílios e estendendo a mão
para tocar meu braço. Olhei para onde sua mão estava na
minha pele com um sorriso de escárnio.
“Bem, você viu ou não?” Mordi.
Percebi que ela estava bêbada quando se aproximou um
pouco mais e senti o cheiro da cidra em seu hálito.
“Você parece tenso,” disse ela com voz rouca, passando os
dedos mais alto no meu braço. “Quer ir e conversar em algum
lugar mais privado?”
“Prefiro comer pregos enferrujados, querida,” falei
secamente, tirando sua mão de mim e deixando-a cair para que
seu braço caísse ao seu lado.
Ela fez beicinho, seus lábios com gloss colados. “Bem, não
vou te dizer então.”
Ela tentou me virar de costas e a audácia dessa garota me
fez rosnar. Peguei um punhado do horrível vestido com
babados que ela estava usando e a empurrei contra a lata de
lixo mais próxima, que tinha a forma de um sapo. A boca era
larga e escancarada, grande o suficiente para engoli-la inteira
enquanto seu cabelo caía em cascata e talvez fosse se ela não
contasse sua localização nos próximos cinco segundos.
Ela gritou como se eu tivesse dado um soco e o barulho
raspou em meus tímpanos.
“Nunca me dê as costas,” avisei e ela assentiu
freneticamente.
“D-desculpe,” ela gaguejou, medo enchendo seus olhos
quando ela finalmente ficou sóbria o suficiente para perceber
que cometeu um grave erro em foder comigo.
“E?” Exigi.
“U-hum, e sinto muito, Sr. Harlequin, senhor,” ela
balbuciou.
Eu quis dizer que queria a informação, mas tudo bem. Na
verdade, foi divertido me vingar um pouco dessa vadia, então
decidi ir um pouco mais longe com o que ela começou. “É
Príncipe Harlequin para você. E acho que você se esqueceu de
se curvar a mim.”
Eu a soltei, dando um passo para trás e sacudindo minha
cabeça para fazer isso.
Tínhamos reunido um público bastante considerável e
alguns idiotas estavam gravando, o que significava apenas que
sua humilhação se espalharia por Sunset Cove dentro de uma
hora. Perfeito.
Ela se levantou da lata de lixo e notei um pirulito meio
chupado preso em seu cabelo ao lado de vários pedaços de
pipoca e um lenço de papel que parecia sujo.
“Estou esperando,” rosnei e ela dobrou os joelhos um
pouco, abaixando a cabeça enquanto tremia. “De joelhos.”
Seus joelhos continuaram a dobrar.
“Abaixe,” insisti e ela desceu, ajoelhando no chão com a
cabeça baixa. “Continue.”
Ela colocou as mãos no chão, achatando-se e um bufo
divertido escapou de mim. Mas eu não poderia ficar aqui o dia
todo.
“Onde estão JJ e Rogue?” Eu rosnei.
“Eles foram para a tenda da cartomante, Príncipe
Harlequin,” disse ela com um soluço.
“Boa. Ah, e, você tem merda no cabelo, eu tiraria antes
que alguém visse.” Afastei-me dela, a multidão se separando
rapidamente para mim enquanto eu me dirigia na direção da
tenda e risadas soaram atrás de mim. Eu realmente não tive
tempo para isso, mas Rosie estava pedindo por isso e eu estava
cansado de suas besteiras.
“Tiro grátis, Sr. Harlequin?” Um vendedor me ofereceu o
jogo do homem forte e agarrei o martelo de suas mãos, incapaz
de resistir enquanto batia no alvo e o disco disparou como uma
bala, batendo no topo da torre e o sino tocou.
“Ah, perfeito!” O cara gritou. “Qual animal você quer?” Ele
apontou para a fileira de ursinhos pendurados atrás dele em
uma prateleira e sorri quando vi um texugo. “Aquele.”
Ele passou e eu continuei andando, sabendo que Rogue
iria adorar essa coisa. Passei por um cara com cabelo comprido
emaranhado e algumas redes de pesca enroladas nele
enquanto acenava um pote de conchas para algumas
mulheres. “Um dólar por uma concha mágica!” Ele as chamou
e fiz uma careta enquanto olhava para ele mais de perto. Esse
é Carnival Bill? “Isso vai atender aos seus desejos,” ele disse
sedutoramente e elas se aproximaram. “Mmm, posso dizer que
você está desejando um grande e suculento hotdog, não é
amor?”
“Estou com um pouco de fome,” a garota concordou
enquanto pegava uma concha do pote.
De repente, ele abriu os braços para que as redes de pesca
se abrissem, revelando seu pênis nu aparecendo sob sua
camiseta marrom esfarrapada. Tinha um pedaço de pau
grudado nele e estava coberto de ketchup.
“Aqui está o seu hotdog!” Ele latiu e as meninas gritaram,
correndo para salvar suas vidas enquanto ele as perseguia,
jogando conchas em toda parte de seu jarro.
“Jesus,” murmurei, desejando que eu pudesse limpar
aquela imagem da minha mente para sempre, mas parecia que
estava aqui para ficar.
Fui até a tenda da cartomante com o brinquedo de texugo
em minhas mãos, desejando não ter que encerrar o dia já. Mas
eu compensaria Rogue assim que pudesse.
Um leve gemido chegou aos meus ouvidos e eu fiz uma
careta, um arrepio subindo pelo meu pescoço quando uma
sensação horrível de mau presságio tomou conta de mim.
Puxei a cortina de lado e entrei no espaço mal iluminado,
meu cérebro demorando dois longos e torturantes segundos
para recuperar o que eu estava vendo diante de mim.
Parei, olhando para JJ enquanto ele fodia minha garota
onde ela estava sentada em uma mesa, seu short em torno de
seus tornozelos e seu rosto enterrado em seu pescoço. Ela
estava gemendo por ele, ofegando seu nome e encorajando-o a
ir mais forte e ele gozou com um impulso forte enquanto as
unhas dela rasgavam suas costas e ela o seguia em êxtase com
um grito alto.
O texugo escorregou dos meus dedos para o chão quando
os olhos de Rogue se abriram e seu olhar colidiu com o meu.
Meu coração entrou em combustão, totalmente obliterado
assim. Em um segundo eu estava bem, no próximo eu estava
no reino mais profundo do inferno que existia.
“Fox,” ela engasgou.
Não.
“Você está brincando comigo, menina bonita? É JJ,” meu
irmão rosnou enquanto puxava seu pau para fora da mulher
que eu amava e puxava seu short para cima. Ela me olhou sem
piscar enquanto abaixava a saia para cobrir as pernas. “Ou
Johnny James, a melhor foda que você já teve, o cara que
sempre te puxa para a próxima semana, rei do P, você pode
escolher qualquer um dess...” Rogue deu um soco no peito para
calá-lo e empurrou seu rosto ao redor para olhar para mim.
Meu coração estava batendo da maneira mais dolorosa
quando o senti rasgar bem no meio e minha cabeça se encheu
de um zumbido ensurdecedor e assassinato que engoliu tudo.
De repente, eu estava me movendo, meus lábios se
curvaram em um grunhido enquanto agarrei a garganta de JJ
e o joguei na mesa em que ele tinha acabado de foder minha
garota. Meus punhos se enterraram em seu estômago
repetidamente enquanto eu o batia antes de jogá-lo no chão e
chutá-lo com toda a força do meu corpo. Ele nem mesmo lutou,
porque ele sabia, sabia o que tinha feito.
Rogue gritou, puxando meus braços, tentando me parar,
mas eu apenas a ignorei enquanto batia em meu aparente
melhor amigo que tinha tirado de mim a única coisa que eu
sempre quis para mim.
“Saia de perto de mim!” Rugi para Rogue, jogando-a para
trás, mas ela veio para cima de mim de novo, agarrando-se ao
meu braço, suas unhas rasgando minha carne assim como
estavam fazendo nas costas de JJ dois malditos minutos atrás,
mas por uma razão totalmente diferente.
Inclinei-me, agarrando a camisa de JJ em meu punho
enquanto batia os nós dos dedos em seu rosto.
“Por quê?!” Gritei com ele, a agonia cortando minhas
entranhas em tiras. “Por que ela?!”
“Ela nunca foi sua para reivindicar,” ele tossiu e o soquei
novamente, fazendo sua cabeça bater no chão com força.
“Fox!” Rogue gritou quando meus nós dos dedos bateram
contra seu peito e de repente ela estava lutando para abrir
caminho na minha frente, deitada sobre ele com as mãos
levantadas e tremendo e consegui impedir meu punho de bater
nela no último segundo.
“Eu o amo!” Ela gritou enquanto as lágrimas escorriam
pelo seu rosto, medo torcendo em sua expressão e queimando
em seus olhos. “Estou apaixonada por ele há muito tempo.
Você também pode me matar se for matá-lo, porque não há
vida para mim sem ele nela.”
Minha garganta fechou e nenhum ar conseguiu entrar em
meus pulmões. Fiquei de pé, meus ombros tremendo enquanto
olhava para a garota por quem estive apaixonado durante toda
a minha vida, suas palavras como um machado cravando-se
em minha cabeça. Ela amava JJ?
“Mova-se, menina bonita.” JJ tentou empurrá-la, mas ela
não se mexeu, protegendo-o da minha ira.
“Acabou,” falei em descrença enquanto dizia a mim
mesmo mais do que a eles. Cada esperança e sonho que eu tive
para reivindicar Rogue se transformou em cinzas diante dos
meus olhos. Não havia nós. Parecia que nunca existiu nós.
“Quanto tempo?” Murmurei. “Há quanto tempo vocês
estão juntos? E juro por Deus, se você mentir para mim,
Rogue, eu vou matá-lo. Não vou parar. Eu não poderei, porra.”
“Não muito tempo depois de eu voltar para a cidade,” ela
disse, sua voz trêmula enquanto mais lágrimas corriam por seu
rosto.
Assenti, a raiva enrolando em mim como uma víbora
sedenta para atacar sua presa. Todo esse tempo? Todo esse
maldito tempo? Em minha casa. Com meu irmão, uma pessoa
em quem confiei mais do que qualquer outra pessoa. O único
dos meus irmãos que não me traiu. E agora ele tinha. E tinha
por um longo tempo.
“Vamos voltar para casa e conversar sobre isso. Nós íamos
te contar esta noite de qualquer maneira, eu juro.” Rogue se
aproximou de mim, segurando minha mão. “Podemos
encontrar uma maneira de fazer isso funcionar. Você, eu, JJ,
Chase...”
“Chase se foi,” cuspi friamente. “Eu o tirei da cidade esta
manhã, querida. Você tem transado com ele também?”
“Você fez o quê?” Ela engasgou, seus olhos se arregalando
de horror e por um momento saboreei aquela dor em sua
expressão. Que ela estava sofrendo por alguma coisa, porque
ela claramente não deu a mínima para me machucar todo esse
tempo. Ela jogou comigo como um idiota. Me beijou com a
mesma boca mentirosa com que beijou JJ esse tempo todo.
“Você me ouviu,” rebati, meu olhar movendo-se para o
rosto ensanguentado de JJ enquanto ele olhava para mim
embaixo dela.
“Fox, vamos apenas conversar sobre isso,” ele tentou.
“Não há nada para falar,” rosnei, olhando entre os dois na
minha sombra. “Porque seus rostos dizem tudo que eu preciso
saber. Eu sou o vilão da sua história de amor, certo? Todo esse
tempo vocês estiveram se esgueirando pela minha casa e se
fodendo debaixo do meu nariz, temendo o que eu faria se
descobrisse. Ou estavam planejando me matar um dia desses
para que eu não fosse mais um problema?”
“Não seja ridículo!” Rogue gritou. “Como poderíamos ter
contado a você? Você acha que sou sua, mas nunca fui, Fox. E
você não tinha a porra do direito de dizer a JJ que ele não
poderia me ter.”
Tentei engolir o nó inflexível na minha garganta, mas ele
não se mexia. “Bem, você nunca disse nunca para mim, Rogue.
E acho que se esqueceu de mencionar que não me quer
enquanto sua língua estava na minha boca ou quando você
gemia meu nome, hein?” Agarrei. “Mas não se preocupe, eu
tenho o memorando alto e claro agora, querida. Eu era o idiota
que me enganava pensando que sempre acabaríamos sendo
nós. Então acho que vou dar o fora do seu caminho para que
você possa desfrutar do seu felizes para sempre.”
Eu me virei, saindo da tenda enquanto Rogue me chamava
novamente, mas não parei de andar. Abri caminho através da
multidão enquanto fazia meu caminho para o estacionamento,
uma espécie de raiva mortal derramando pelo meu sangue
enquanto eu me movia.
Quando cheguei a minha caminhonete, acelerei na
estrada que sai de Carnival Hill, invadindo a cidade e indo em
direção à casa do Harlequin.
Quando cheguei, peguei uma sacola de armas e continuei
meu caminho para o cais nos fundos. Pulei na lancha, ligando-
a e verificando a localização do rastreador no meu telefone para
saber onde estava o barco que Shawn havia entrado e
disparado para a água.
A raiva arranhou, mordeu e mastigou cada órgão dentro
de mim, devorando tudo de bom que existia em mim e
manchando-o de preto.
Viajei alguns quilômetros até que a costa era uma massa
distante de terra e o oceano se estendia por toda parte ao meu
redor.
Tudo que eu podia ver em minha mente era Rogue fodendo
meu melhor amigo, a maneira como ela parecia quando ele
terminou dentro dela, a maneira como eles se agarraram um
ao outro como se fossem o centro do mundo um do outro. Essa
dor era semelhante a perder Rogue dez anos atrás, a alma
destruída, a agonia do coração partido me rasgando, então
todas as minhas velhas feridas sangraram e sangraram.
Avistei o catamarã vindo para cá e apontei minha lancha
direto para ele, girando a direção enquanto me preparava para
me tornar o pior tipo de selvagem que poderia ser.
Abri o zíper da sacola de armas, prendendo um colete
Kevlar sobre o peito junto com todas as armas e facas que pude
colocar em meu corpo, seguido por um cinto cheio de granadas.
A sede de sangue estava crescendo em mim como nunca
antes e eu sabia que poderia simplesmente morrer nesta
missão sem qualquer apoio, mas não me importava mais com
o que acontecia. Tudo que eu sabia era que precisava da morte
para apaziguar esse monstro em mim. Eu precisava de sangue
e gritos e a dor de meus inimigos para saciar um pouco de sua
fúria. E se não fossem esses idiotas agora, seria Johnny James.
Um grito veio do catamarã enquanto eu acelerava em
direção a ele e disparei meu rifle, derrubando o homem que
alertou os outros. Só tive um momento para puxar minha
lancha ao lado do catamarã e rapidamente a amarrei em uma
escada na lateral com uma corda antes de subir e pular no
convés. Um tiro acertou o Kevlar em meu peito e me joguei para
trás com um grunhido de dor enquanto disparava minha
própria arma, derrubando o idiota em uma chuva de sangue.
Segui em frente, passando por cima dele enquanto
empurrava a porta para a cabine do piloto e atirava no capitão
antes que ele pudesse tentar se defender. Empurrei a porta do
outro lado, caminhando de volta ao longo do convés e um
estrondo ensurdecedor soou quando outra bala atingiu minhas
costas e o colete à prova de balas. Tropecei com o impacto, mas
saboreei a dor do hematoma enquanto me virei e atirei mais
uma vez, acertando o filho da puta com tanta força que ele caiu
do parapeito na água.
Corri para a cabine mais próxima, chutando-a aberta e
encontrando três homens lutando para carregar suas armas.
Saquei uma faca, cortando a garganta do cara mais próximo
antes de disparar vários tiros que deixaram a sala
ensanguentada e silenciaram seus gritos para sempre. Então
me virei e marchei até o próximo compartimento com um
sorriso de escárnio nos lábios, meu coração batendo em um
ritmo escuro e proibitivo. Senti o gosto de sangue na língua e
o peso do coração partido pressionando minha alma enquanto
empurrava a porta da cabine principal, encontrando uma
escada cheia de homens correndo em minha direção. Duas
balas acertaram meu peito e eu xinguei, fazendo a única coisa
que pude e arrancando uma granada do meu quadril, puxando
o pino com os dentes e jogando-a na escada. A explosão atingiu
o catamarã, seguida por outra, e então uma bem maior aonde
fui jogado em direção a agua por sua força, uma chama
gigantesca indo em direto ao céu foi tudo o que consegui ver
antes de atingir o oceano.
O peso de todas as minhas armas e do colete me arrastou
profundamente sob as ondas e tive que largar o rifle enquanto
voltava para a superfície com meus ouvidos zumbindo. No
momento em que cheguei ao ar fresco novamente, o cheiro de
fumaça e o calor ofuscante do fogo tomaram conta de mim.
Meu coração batia forte enquanto eu olhava para o que
tinha feito, minha granada claramente tendo detonado
quaisquer outros explosivos que estavam escondidos naquele
barco. O que restou do catamarã já estava afundando, parte
do fogo apagando-se com um assobio enquanto o casco se
enchia de água.
Comecei a nadar o mais rápido que pude em torno dos
destroços, procurando a lancha do meu pai, mas no fundo
sabendo que ela já estava perdida. Avistei os restos dela pouco
antes de afundar no abismo do mar azul profundo.
Minha respiração ficou mais pesada enquanto eu lutava
para me manter à tona com todas as minhas armas pesando
sobre mim e rosnei quando comecei a puxá-las de mim e deixá-
las cair no oceano.
Lutei para tirar o colete Kevlar também e assim que ele
caiu na minha cabeça, consegui boiar na água um pouco mais
fácil.
Virei meu olhar de volta para a costa distante, sabendo
que era um inferno de natação do caralho. E quando o calor se
espalhou pelo meu ombro, levantei a mão e senti um pedaço
de estilhaço saindo da minha carne enquanto a dor começou a
me atingir na esteira de toda a adrenalina. O que significava
que agora eu não estava apenas em perigo de sangrar, mas
poderia ganhar o dia de um tubarão se ele me encontrasse
antes de eu chegar à costa. E enquanto eu olhava para a massa
distante de Sunset Cove, sabia com uma certeza que deveria
ter me assustado que era muito longe para chegar.
O resto do fogo no barco chiou atrás de mim enquanto ele
afundava e fui deixado sozinho no mar escuro com mil
predadores famintos vivendo abaixo de mim. E percebi que não
me importava muito com o que acontecesse comigo agora,
porque não havia vida esperando por mim na costa de qualquer
maneira. Maverick se foi, Chase se foi, e Rogue e JJ tinham
tudo o que queriam um no outro. Então talvez fosse assim que
Fox Harlequin morreria. E talvez eu realmente não me
importasse.
JJ estava vasculhando tudo o que pôde encontrar no
escritório de Fox na Casa Harlequin enquanto eu andava de
um lado para o outro com Mutt nos meus calcanhares
choramingando simpaticamente.
“Não há nada aqui,” JJ amaldiçoou, passando a mão pelo
cabelo escuro enquanto olhava para mim em desespero.
“Tem que haver alguma coisa,” implorei, as lágrimas secas
em minhas bochechas agora e uma fúria fria e dura dando um
nó em meu estômago.
Eu estava com mais raiva de Fox do que jamais estive em
toda a minha vida. E ainda assim eu estava cheia de culpa e
dor sobre o quanto o machuquei hoje também. E cada vez que
eu olhava para a miríade de hematomas cobrindo o rosto de JJ
da surra que Fox havia infligido a ele, a culpa em mim só
crescia.
Era tudo culpa minha. Tudo.
Chase nunca teria me deixado na balsa se eu não tivesse
voltado aqui e começado a bagunçar suas vidas em primeiro
lugar. JJ nunca teria tocado em uma garota em quem Fox pôs
os olhos se essa garota não fosse eu. Maverick não teria nem
mesmo ido para a prisão se não houvesse um crime para ser
acusado. E Fox não teria seu coração partido por uma versão
fantasiosa de mim que eu nunca seria boa o suficiente para
viver à altura.
“Eu deveria ter deixado Axel me matar anos atrás,”
murmurei, nem mesmo querendo expressar meus
pensamentos, mas JJ congelou com essas palavras, deixando
cair a pilha de papelada que estava vasculhando.
“O que você acabou de dizer?” Ele exigiu, mas apenas
mordi meu lábio e desviei o olhar dele pela janela em direção
ao mar. Cove. A única casa que eu sempre quis e o único lugar
para onde nunca deveria ter voltado.
A mão de JJ pousou no meu ombro e ele me forçou,
agarrando meu queixo com a mão e me fazendo olhar para ele.
“Nunca diga nada assim, nunca mais,” ele rosnou para
mim. “Você limpe esses pensamentos tóxicos de sua mente
agora, porra.”
Os olhos de JJ saltaram entre os meus enquanto meu
lábio inferior tremeu e as lágrimas turvaram minha visão dele.
“É verdade, não é? Há uma razão pela qual eu sou a garota
que todos sempre colocam de lado. Eu sou tóxica. Sou uma
maldição. Tudo que eu trago é azar e Chase foi o único de vocês
que já viu essa verdade em mim. E olhe o que ele ganhou com
isso. Shawn o torturou por minha causa, ele nunca vai ver com
aquele olho de novo, provavelmente vai andar mancando pelo
resto de sua vida e agora o a única família que ele teve o jogou
fora! Ele está sozinho por minha causa. Está em algum lugar
pensando que nenhum de nós o quer, seu mundo inteiro se
reduzindo a um lugar desamparado, sem esperança e solitário
onde sua mera existência será a única razão dele até acorda de
manhã. Eu sei, vivi isso. E gostaria de não ter vivido. Gostaria
de não ter sobrevivido naquela noite porque eu simplesmente
passei a ser uma maldição para todos vocês e eu...”
JJ me beijou com tanta força que roubou o fôlego dos
meus pulmões. Minhas lágrimas cobriram nossos lábios e seus
dedos cravaram em meu rosto em uma demanda selvagem que
me fez curvar a ele. Havia tantas palavras não ditas naquele
beijo. Tantos anos de solidão, saudade e dor, mas também
tanto calor. Foram dias de sol e risos nos lábios, o gosto da
água salgada do mar e muitos momentos perdidos como este.
Meu coração acelerado desacelerou e meus dedos se ataram
em sua camisa enquanto eu o arrastava para mim, não
querendo um único centímetro para nos separar enquanto eu
devorava o gosto dele.
“Você quis dizer o que disse a ele?” JJ rosnou contra meus
lábios e não precisei perguntar a que ele estava se referindo,
meu peito inflando com esse sentimento quando assenti,
olhando em seus olhos castanhos mel que continham tanta
dor. Tanta saudade.
“Eu te amo, Johnny James,” murmurei. “Eu te amo tanto
que me apavora. Faz minha pele queimar e meu coração
disparar. Mas faz meu estômago embrulhar e minhas palmas
das mãos úmidas também porque amar você significa arriscar
meu coração por você novamente. Mas desta vez sei que não é
o mesmo. Desta vez, estou completamente dentro, o que
significa que se você me jogar fora de novo, não vai sobrar nada
de mim para continuar.”
“Eu nunca vou deixar você ir, menina bonita,” JJ jurou
ferozmente, seu aperto em meu rosto com tanta força que eu
me senti como um bote salva-vidas o mantendo à tona em um
mar tempestuoso. “Nunca. Isso, você e eu. É isso. Algumas
pessoas dizem que o amor é fácil, basta abrir seu coração e
deixar alguém entrar. Mas nosso amor nunca foi fácil. Foi
ganho por meio de batalhas que lutamos sem armadura e
conquistamos através de feridas que deixaram cicatrizes que
nos mudaram para sempre. É confuso e brutal e dói pra
caralho. Eu não quero uma versão fácil do amor, Rogue. Eu
quero queimar no fogo da nossa família. Quero você e eu para
sempre. E preciso dos outros nisto conosco também.”
“É tão fodido, JJ,” falei, minha voz engatando enquanto o
peso de suas palavras envolviam meu coração e se firmavam
como uma parede totalmente nova que eu estava construindo
para mim mesma. Mas esta não era projetada para mantê-lo
fora, estava lá para prendê-lo. “Chase pode estar em qualquer
lugar. Como vamos encontrá-lo agora?”
“Nós vamos encontrá-lo,” JJ rosnou ferozmente, mas não
pude evitar a dúvida penetrante dentro de mim.
“Vocês nunca me encontraram,” murmurei.
Algo se quebrou no olhar de JJ quando ele reconheceu a
verdade em minhas palavras, mas ele apenas balançou a
cabeça com veemência. “Não vai ser assim. Há uma pista aqui
em algum lugar. Tem que haver. Além disso, quando Fox
chegar em casa, podemos forçá-lo a responder se for preciso.
Não me importa se tenho que afogá-lo. Já fiz isso antes e sei
como. Ele vai se acalmar, vai perceber que fez a coisa errada,
vai nos ajudar a recuperá-lo.”
Assenti porque sabia que JJ precisava que eu concordasse
com essa avaliação. Mas eu tinha visto o monstro nos olhos de
Fox e a determinação também. Ele não voltaria atrás nesta
decisão. Principalmente depois de descobrir eu e JJ juntos.
Havia algo quebrado nele agora e eu poderia simplesmente
atribuir tudo isso a mais uma coisa pela qual eu era a culpada.
“Vamos. Podemos verificar todos os nossos antigos
esconderijos. Se Chase está por aí, talvez tentasse usar um
deles por um tempo. Então podemos começar a vasculhar as
cidades além dos limites do controle dos Harlequins. Eu o
encontrarei. Prometo a você que o encontraremos.”
“Ok,” concordei porque não havia mais nada que
pudéssemos fazer de qualquer maneira.
JJ pegou minha mão e me levou até a garagem, nós dois
subindo em seu GT laranja com Mutt pulando no meu colo
antes de sairmos dali.
Eu já tinha ligado para o hospital procurando por ele e
eles confirmaram que ele tinha ido para tirar o gesso esta
manhã, bem como me disseram que não tinham consultas de
acompanhamento confirmadas com ele, pois haviam sido
informados de que ele estava se mudando. Fodido Fox. Eu
queria matá-lo e me jogar a seus pés implorando por seu
perdão de uma vez.
Isso era tão fodido. Erámos tão fodidos.
Segurei meu telefone em minha mão e soltei um suspiro
enquanto meu dedo percorria minha pequena lista de contatos
e encarei o nome de Maverick por um longo momento.
Ele ainda dizia odiar o resto dos meus meninos, mas eu
sabia que havia muito mais no relacionamento deles do que
isso. Ele procurou por entre os escombros na Dollhouse por
dias em sua caça por ele. Me compartilhou com Johnny James
e até salvou a vida de Fox. Ele podia muito bem odiar todos
eles, mas no fundo eu tinha certeza de que também os amava.
Porque eu sempre amei, não importava quanto ódio senti por
todos eles ao longo dos anos.
Essa era a questão do ódio. Era a companhia íntima do
amor. Você tinha que realmente sentir algo para alguém
segurar raiva e magoar daquele jeito, caso contrário as
emoções iriam desaparecer. Porque se você não dá a mínima
para alguém, então a energia necessária para odiá-lo torna-se
demais e você acaba indiferente a ele na melhor das hipóteses.
Eu deveria saber. Eu tinha ex-namorados o suficiente para
olhar para trás com ódio se pudesse ser incomodada, mas
deixei tudo ir quando os deixei na minha poeira. Eles não
valiam o espaço que ocuparam na minha bagagem de qualquer
maneira, então por que desperdiçar um único momento de
minha energia odiando-os? Mas os meninos Harlequin e eu,
era algo muito mais poderoso. Eu nem mesmo conseguia falar
seus nomes. Não tinha sido capaz de pensar neles sem que isso
me queimasse de dentro para fora. Odiei-os tanto e durante
tanto tempo que soube que a única razão para isso era o meu
amor por eles.
Então apertei o botão de discagem no meu telefone e o
pressionei no meu ouvido quando ele começou a tocar.
“Como você sabia que eu precisava ouvir sua voz esta
noite, linda?” Rick perguntou, sua voz um pouco áspera nas
bordas e meu coração despedaçado quando percebi que seus
demônios estiveram perto e eu não estava lá para ele.
“Odeio você ficando longe de mim o tempo todo,” falei,
tentando não deixá-lo me ouvir chorar quando JJ me lançou
um olhar curioso. Mostrei a ele o identificador de chamadas e
ele suspirou, concentrando-se na estrada novamente enquanto
Rick respondia.
“Então venha ficar comigo o tempo todo.”
“Mas então eu estaria longe dos outros,” murmurei e um
longo período de silêncio se seguiu.
“O que aconteceu?” Maverick perguntou sombriamente e
por um momento eu nem sabia por onde começar.
“Chase se foi. Fox o expulsou e não sabemos para onde ele
foi. Eu tenho que encontrá-lo, Rick. Eu preciso dele...”
Maverick não disse nada por tanto tempo que tive que
verificar se a ligação ainda estava conectada antes que um
suspiro escapasse e ele falasse novamente.
“Irei para as cidades ao norte de Cove. Não é como se ele
pudesse correr tão rápido, não é?” Ele murmurou.
Uma risada sufocada e desesperada escapou de mim
enquanto o alívio se acumulava em meu peito. Eu sabia que
não era como se ter mais uma pessoa caçando garantisse
qualquer coisa, mas saber que Rick estaria procurando
também, que ele se importava o suficiente para ajudar, colocou
algo de volta no lugar em meu coração.
“Eu te amo,” falei antes que ele pudesse desligar e Rick
hesitou por um momento.
“Vou encontrá-lo para você, baby,” Maverick jurou.
A linha ficou muda e deixei cair meu telefone no meu colo.
Não adiantava ligar para Fox. Ele não estava respondendo e eu
duvidava seriamente que ele fosse de alguma ajuda para nós
agora de qualquer maneira, embora tivesse deixado mais do
que algumas mensagens de voz implorando para quando ele
decidisse voltar.
Tudo o que podíamos fazer agora era procurar em todos
os lugares em que podíamos pensar e torcer pelo melhor. Eu
não estava desistindo de Chase, no entanto. Nunca desistiria
dele novamente.
Saí a noite toda procurando por Chase e tinha acabado de
voltar para a Ilha. Queria ir para a Rogue quando liguei para
dizer que não tinha encontrado nenhum sinal dele e ela
começou a chorar, mas ela estava na Casa Harlequin e não era
como se eu pudesse simplesmente percorrer os portões e ir
para minha antiga casa, então a deixei para ser cuidada por
JJ, sentindo-me inútil para ela, para mim mesmo, para Chase.
Não que eu me importasse com Chase, mas minha garota o
queria de volta, então eu faria o que pudesse para que isso
acontecesse. Fodido Fox e sua porra de arrogância. Tentei não
pensar no fato de que fui eu quem contou Fox sobre Chase
traindo Rogue. Claro, pensei que o cara merecia tudo o que
recebeu naquela época. Agora... bem, porra, eu não teria
colocado sua bunda com Shawn, isso era certo. Eu deveria
apenas ter entrado em contato com ele quando ouvi o que ele
tinha feito. Eu poderia ter lidado com isso, dado a ele o castigo
que ele merecia. A perda do olho foi exagerada.
Droga, eu odiava o fodido Shawn.
Sentei-me perto do Sailor’s Tomb, o velho navio
naufragado meio afundado nas águas rasas da Dead Man’s
Island. Estava quieto aqui, mas imaginei que este lugar sempre
esteve quieto pra caralho. Especialmente desde que Rogue
voltou a invadir minha vida. Agora tudo parecia mais vazio
quando ela não estava por perto e eu meio que me perguntei
como vivi nesta ilha por tantos anos sem perder a porra da
minha cabeça.
Embora, quando pensei nisso um pouco mais, ficou claro
que minha mente estava perdida anos atrás. E os grupos de
busca também desapareceram.
Eu me levantei, ficando entediado de ficar sentado aqui
com meu olhar fixo na vista distante do carnaval em Sunset
Cove. À noite, conseguia ver as luzes daqui, a forma como
coloriam a colina como um arco-íris e me faziam perder toda a
diversão que sempre sentia quando ele chegava à cidade
quando era uma criança.
Enquanto eu caminhava pela praia, meu olhar pousou em
uma forma mais ao longo da costa e minhas sobrancelhas
arquearam com interesse enquanto eu aumentava meu ritmo
para inspecioná-la. Quando me aproximei, percebi que era um
maldito corpo e minha intriga aumentou ainda mais. O filho da
puta estava de bruços, coberto de areia e algumas algas
marinhas também, além de ter um pedaço de metal saindo de
seu ombro. Eu o chutei com meu pé e ele caiu de costas,
fazendo meu coração apertar em uma bola enquanto meu olhar
pousou no rosto do cara.
Porra.
Era o filho da puta do Fox Harlequin.
Caí de joelhos, meus dedos indo para seu pescoço
enquanto procurava por um pulso, meu estômago balançando
violentamente.
Uma oscilação fraca sob meus dedos me fez soltar uma
respiração forte e segurei seu braço, puxando-o para cima com
um grunhido de esforço e jogando-o por cima do ombro.
Andei o mais rápido que pude até o hotel e tentei descobrir
como ele acabou aqui e por que diabos eu estava correndo para
dentro com ele como se me importasse com o que aconteceu.
Mas talvez eu me importasse, porque Fox Harlequin não
morreria na praia, isso era muito fácil para ele, especialmente
depois que ele aborreceu meu pequeno unicórnio.
Gritei ordens aos meus homens para me trazerem tudo
que o idiota precisaria para sobreviver a qualquer merda que
tivesse acontecido com ele, então o carreguei para o spa onde
mantive Rogue prisioneira. Meus músculos queimaram com o
esforço quando finalmente cheguei lá e caminhei direto para a
sauna, deitando-o em um dos bancos e começando a tirar os
sapatos, jeans e camisa para que ele ficasse apenas de cueca.
Tirei o telefone do bolso dele, colocando-o no meu para...
mantê-lo em segurança.
“Você não pode morrer lavando-se na minha praia como a
porra de um golfinho meio comido, idiota,” cerrei entre os
dentes. “Você precisa acordar para que eu possa te matar.”
Alguns de meus homens apareceram, incluindo Nick, que
tinha sido médico no exército e foi útil para mim em mais de
uma ocasião. Fiquei estrategicamente na frente do rosto de Fox
para escondê-lo de vista, mas enquanto Nick se apressava com
uma maleta médica na mão, dei um passo para trás para
deixá-lo examinar o enorme pedaço de metal no ombro de Fox
e rapidamente mandei o resto dos meus homens embora.
“Puta merda, é Fox Harlequin,” Nick engasgou.
“Não brinca, Sherlock. Agora salve a bunda dele ou eu
mato você.” Saquei meu revólver, apontando-o para a cabeça
de Nick e seus olhos se arregalaram de surpresa antes de
começar a trabalhar para remover o pedaço de metal da carne
do meu irmão.
“Jesus, alguns centímetros para a direita e poderia ter
cortado sua carótida,” Nick murmurou.
“Tão ruim assim?”
“Sim, morte certa e feia,” disse ele. “Sorte que ele não tirou
isso sozinho.”
“Ele não é estúpido,” murmurei e Nick me olhou de soslaio
como se estivesse se perguntando por que eu estava tão
desesperado para consertar o Foxy boy. “Apenas se apresse,
porra.”
Nick limpou o ferimento, em seguida, costurou-o antes de
enfaixá-lo com uma bandagem que passava sob o braço de Fox.
“Ele vai precisar que a bandagem seja trocada diariamente
e terei que ficar de olho nele para infecções, mas ele vai viver,”
disse Nick.
Assenti rigidamente, meus ombros caíram e coloquei
minha arma no coldre. “Por que ele não está acordando?”
“Não tenho certeza... o que aconteceu com ele?” Ele
perguntou.
“Porra sabe. Ele apareceu na praia,” falei.
“Certo, então acho que ele está exausto, deve ter ficado na
água por um tempo.” Nick verificou seu pulso e me inclinei
mais perto para olhar para o rosto de Fox. Ele tinha mais cor
em suas bochechas agora e isso fez algo para aliviar o nó no
meu peito. Não que eu me importasse.
“Este não é o melhor lugar para ele. Ele precisa de roupas
secas, uma cama quente e, de preferência, alguns líquidos. Não
tenho nada aqui para administrar, mas se ele aquecer, pode
acordar e beber alguma coisa.”
Assenti, pegando Fox novamente com um grunhido de
esforço e Nick me seguiu enquanto eu o carregava para o meu
quarto e o colocava na cama. Senti os olhos de Nick em mim
enquanto puxava as roupas do meu arqui-inimigo, cobrindo-o
com dois suéteres, algumas calças de moletom, um gorro e três
pares de meias antes de colocá-lo sob meu edredom também.
Então parei no final da cama, cruzei os braços e esperei.
“Pode levar um pouco de tempo para ele...” Nick começou.
“Entendo. Estarei aqui quando ele acordar. Pegue um
pouco de água se quiser ser útil.”
Ele acenou com a cabeça, correndo para longe e eu
permaneci parado lá enquanto olhava para Fox, sua expressão
completamente pacífica como se ele não tivesse a porra da ideia
do que estava acontecendo. Ele não iria gostar quando
acordasse e isso me deu um pouco mais de razão para querer
ver seus olhos abertos. A única razão, alguns podem dizer.
Porque torturar Fox era o que eu mais gostava. Então, por que
ele não acorda, droga?
Nick voltou com alguns copos de água, colocando-os na
mesa de cabeceira e movendo-se para pegar uma cadeira como
se fosse ficar aqui também.
“Fora,” gritei, apontando para a porta.
“Oh, certo, claro.” Ele recuou, saindo da minha suíte e nos
deixando em silêncio.
Minha mandíbula apertou enquanto eu estava lá, meu
olhar fixo no rosto de Fox.
Passaram-se mais vinte minutos antes que ele finalmente
se mexesse, seus olhos piscando abertos quando um gemido
passou por seus lábios e confusão cruzou suas feições
enquanto ele lentamente recuperava a consciência.
“Olá, Foxy,” ronronei, movendo-me em direção a ele e
entregando-lhe um copo de água.
“Maverick?” Ele franziu a testa, em seguida, amaldiçoou
ao se sentar e sacudir o ombro, estremecendo de dor. “Porra, o
que está acontecendo?”
“Beba,” ordenei, colocando a água em suas mãos e ele
bebeu, claramente desesperado pelo líquido, então passei a
minha para ele também. Porque eu não queria beber de
qualquer maneira, a água da torneira na Ilha tinha gosto de
xixi de guaxinim velho.
Fox engoliu também, em seguida, colocou o copo na mesa
de cabeceira e esfregou a mão na cabeça como se estivesse
doendo.
“Sempre disse que você não conseguiria nadar da costa
até a Dead Man’s Island,” falei com um sorriso zombeteiro.
“Você estava vindo aqui para alguma besteira de ataque
secreto? Porque tenho que dizer, Foxy, você ganha um D menos
pelo esforço.”
“Foda-se,” ele rosnou, empurrando o edredom e ficando de
pé, embora balançasse um pouco ao fazê-lo. “Eu preciso de um
barco.”
Soltei uma gargalhada, dando um passo à frente para ficar
bem em seu caminho enquanto eu ficava cara a cara com ele.
“Você não é o rei desta ilha, Foxy boy. Na verdade, você
simplesmente entrou direto no meu domínio. Então acho que
você vai me dizer o que o traz aqui ou vou começar a cortar
dedos. Foi a vergonha de mandar Chase embora e quebrar o
coração de Rogue que fez você tentar se afogar?”
Ele olhou para mim com um vazio em seus olhos que me
fez franzir a testa, como se ele não se importasse se eu o
retalhasse e o assasse em uma torta, e isso não era divertido.
“Saí em um trabalho solo, explodi um barco e acidentalmente
levei meu próprio barco com ele.” Ele encolheu os ombros,
tentando passar por mim novamente, mas bati a mão em seu
peito quando cheguei perto de seu rosto, olhando diretamente
em seus olhos.
“Você parece triste, Foxy, o que está acontecendo?” Rosnei
curiosamente, minha mente pulando para a minha garota.
Ele molhou os lábios. “Eu peguei JJ fodendo Rogue,” ele
despejou. “Feliz?”
Minhas sobrancelhas arquearam enquanto eu absorvia
esta notícia que Rogue tinha se esquecido de me dizer, então
outra risada caiu dos meus pulmões enquanto eu batia em seu
ombro. “Oh, que pena, irmão.” Sorri de orelha a orelha. “Que
merda de coração partido por você. Eu disse a eles que tudo
terminaria em lágrimas, mas eles ouviriam?”
“Você sabia?” Ele rangeu e eu sorri como um idiota.
“Claro que eu sabia. Conheço todos os segredinhos sujos
dos Harlequins. Eu sou uma fonte de conhecimento.”
“Seu pedaço de merda.” Ele empurrou as palmas das
mãos contra o meu peito e eu ri mais forte quando ele VEIO
selvagem sobre mim, quase me derrubando no chão, mas ele
estava claramente cansado pra caralho.
Assobiei para meus homens e um bando deles apareceu
enquanto empurrava Fox para trás e os instruía a amarrar
seus braços atrás dele. Ele lutou muito bem, considerando que
estava lutando contra a exaustão e um ombro fodido, mas não
estava em posição de ganhar, então logo o amarraram para
mim.
“Leve-o para um dos quartos vazios do hotel,” falei com
um sorriso triunfante. “Você é oficialmente meu prisioneiro,
Foxy boy, e como nenhum Harlequin está derrubando minha
porta para salvar seu rei, tenho que acreditar que ninguém
sabe que você está aqui. Então, me pergunto o que papai vai
pensar quando você não voltar para casa.”
Eu me sentia entorpecida.
Sabia que era apenas eu voltando aos meus velhos
mecanismos de enfrentamento, mas era o que era. Nada me
tocava. A dor do que perdi não poderia me machucar. Eu
apenas estava aqui.
Não tínhamos encontrado Chase. Procuramos em todos os
lugares que podíamos pensar, saímos da cidade, ligamos para
hospitais, hotéis, malditos postos de gasolina perguntando se
alguém tinha visto um cara com tapa-olho, mas não. Nada.
Chase era um fantasma perdido no vento e eu estava
simplesmente... vazia.
Fox também não tinha voltado. Fazia dez dias e ele estava
tão ausente quanto Chase, apenas enviando mensagens de
texto algumas vezes para dizer que estava bem e que precisava
de algum tempo sozinho.
Sozinho.
Foda-se ele.
Ficar sozinha era a única coisa neste mundo que eu sabia
que não queria porque conhecia o sabor muito bem. Chase
também temia isso. Ele cresceu em uma casa onde era um
exército de um homem só tentando lutar contra a força total
do monstro que o gerou. Ele tinha estado sozinho a vida toda
crescendo naquele inferno.
Eu e ele éramos os únicos que realmente entendiam isso.
O que estava fora da segurança e do amor de nossa pequena
família. Como tivemos sorte de ter um ao outro.
E agora Fox tirou isso dele em meu nome, como se me
usar como desculpa tornava tudo de alguma forma bem,
apesar de meus sentimentos sobre o assunto. O que ele pensou
que iria acontecer? Que eu e JJ simplesmente aceitaríamos
sua decisão? Que ele poderia escolher quem deveria estar em
nossa família e o que podiam fazer dentro dela.
Então ele simplesmente fugiu na primeira evidência de
seu controle escorregando. Eu deixei claro para ele que não
seria exclusivamente sua garota. Minha vida inteira falei a
todos que nunca escolheria entre eles. Mas a maneira como ele
olhou para mim quando me encontrou nos braços de JJ foi
preenchido com um tipo devastador de traição como se eu
tivesse quebrado mil promessas a ele quando tudo que fiz foi
amar um dos meus meninos em uma maneira que ele não
queria que eu fizesse.
Mas ele não escolhia isso para mim. E não escolhia o
destino de Chase também.
Só que ele tinha. E não conseguimos encontrá-lo para
dizer que o queríamos de volta. Eu estava com raiva de Chase
também. Olhando para trás naquela manhã, ficou claro para
mim agora que ele sabia o que estava por vir. Ele me abraçou
um pouco forte demais, nos observou um pouco mais de perto
e o roçar de seus lábios nos meus agora deixou um gosto de
adeus na minha pele que nunca iria lavar. Então, eu estava
chateada porque ele deveria ter dito algo. Teríamos impedido
que isso acontecesse. Ou, se não pudéssemos, teríamos ido
com ele.
Mas não. Ele escolheu por nós assim como Fox escolheu
e agora eu não tinha escolha a não ser desistir.
“Onde ele está?!” Luther berrou e eu vacilei quando olhei
em volta do meu lugar na bancada de café da manhã com meu
jantar não comido colocado diante de mim.
Luther entrou direto na sala, claramente tendo entrado
em casa e JJ se levantou ao meu lado, posicionando-se entre
mim e o líder dessa gangue de idiotas.
“Eu disse a você, não sabemos,” disse JJ, levantando as
mãos apaziguadoramente, mas eu poderia dizer que Luther
tinha finalmente perdido a paciência e havia parado de esperar
que Fox voltasse para casa.
“Vocês devem saber de alguma coisa!” Luther berrou.
“Meu filho não iria simplesmente abandonar suas
responsabilidades aqui, mesmo se estragasse aquele trabalho.
Ele não vai atender minhas malditas ligações e ele acabou de
me enviar isso.”
Luther brandiu seu telefone para nós e minhas
sobrancelhas arquearam enquanto eu lia a mensagem de Fox.
Fox: Talvez você devesse ir encontrar uma garota legal
para enterrar seu pau e aliviar um pouco da tensão que está
segurando, meu velho. Eu disse que preciso de alguns dias de
folga e me parece que, se você transasse com mais frequência,
não seria uma vagabunda insuportável o tempo todo.

“Jesus,” JJ murmurou enquanto eu lutava contra a


vontade de rir. Ou chorar. Quem sabe?
“Isso é por sua conta,” Luther retrucou, evitando JJ para
ter uma visão mais clara para mim enquanto ele apontava no
meu rosto e meu coração disparou em minha garganta. Mas, à
medida que ele prosseguia, ficou claro que ele ainda não sabia
o motivo do desaparecimento de Fox e eu relaxei um pouco.
“Eu te dei um trabalho para fazer, mas agora um dos meus
filhos saiu de férias e ainda não vejo nenhum sinal do outro.”
“Rick está mudando de ideia,” falei apaziguadoramente,
embora não tivesse certeza de quanta verdade havia naquela
declaração. “E tenho certeza que Fox estará de volta em breve.”
“Não vejo nenhuma evidência de que isso seja verdade,”
Luther rosnou e JJ tentou me puxar para trás novamente.
“É,” falei vigorosamente. “Na verdade, estamos indo ver
Maverick esta noite. Ele quer passar um tempo comigo e JJ e
da última vez que estivemos lá, ele não parecia contra a ideia
de se reconectar com Fox também. Acho que agora que ele
entende que as coisas que aconteceram na prisão não foram
armadas por vocês, ele está começando a ver as coisas de forma
diferente.”
Luther soltou um suspiro áspero, parte da tensão
relaxando de seus ombros quando ele deixou cair sua mão e
recuou um pouco.
“Bom. Isso é bom. Você lida com isso esta noite então e eu
vou trabalhar para encontrar meu outro filho de merda. Se ele
não voltar aqui logo, terei que fazer dele um exemplo. A um
tempo que eu possa mentir para cobrir sua ausência.” Luther
caminhou até a geladeira, murmurando algo sobre meninos
ingratos ser o fim dele e eu percebi que ele pretendia ficar aqui
por um tempo.
Troquei um olhar com JJ e ele acenou com a cabeça para
a minha sugestão silenciosa.
“Nós vamos indo então. Vai escurecer em breve e Rick
estará se perguntando onde estamos,” falei e Luther grunhiu
em concordância.
Cutuquei JJ para colocá-lo em movimento e corremos
escada acima, onde rapidamente arrumei uma sacola com
algumas roupas e minha escova de dente enquanto JJ fazia o
mesmo.
“Então esse é o trabalho que Luther lhe deu?” Ele
perguntou em um sussurro baixo. “Reunir Fox e Rick?”
“Simples, hein?” Falei, dando a ele um olhar astuto e ele
gemeu.
“Mais como impossível. Por que diabos você concordaria
com isso?”
“Bem, havia uma arma apontada para mim, o que foi
muito motivador,” falei. “Além disso, percebi que se eles
preferissem deixar Luther me matar do que se reunir, eu
poderia simplesmente fugir.”
JJ murmurou maldições sobre eu ser a mulher mais louca
que ele já conheceu enquanto descíamos as escadas e dizíamos
um adeus rápido a Luther.
“Diga a Rick que eu o amo,” ele gritou atrás de nós. “E
quero ele em casa logo.”
“Vou dizer,” concordei, segurando a porta para Mutt
enquanto ele corria para a praia e prontamente começava a
perseguir seu rabo com entusiasmo.
JJ me lançou um olhar que dizia que Luther era um idiota
e concordei de todo o coração, mas não iria denunciar o
psicopata, então aqui estávamos.
JJ abriu o caminho pelo cais privado do lado de fora da
casa, escolhendo um dos barcos um pouco maiores, visto que
Fox havia levado a lancha mais rápida com ele quando nos
abandonou há dez dias.
Peguei a mão de JJ quando ele a ofereceu e subi atrás
dele, olhando para Mutt enquanto ele dava um pulo correndo
do cais e pousava no barco com um latido triunfante.
Enviei a Maverick uma mensagem para dizer que íamos
vê-lo, então me sentei em um dos assentos acolchoados
enquanto JJ ligava o motor e inclinei minha cabeça para trás
para olhar para o céu escuro enquanto corríamos pelas ondas
em direção Dead Man’s Island.
A noite tinha caído quando paramos no cais e, pela
primeira vez, os homens de Rick não começaram a gritar e
balançar as armas, em vez disso nos ajudaram a atracar o
barco e até me ofereceram uma mão para me ajudar a sair.
“Ele está esperando por você no bar,” Dave grunhiu, me
olhando com raiva. Fodido Dave. Eu faria um esforço especial
para encontrar sua merenda e comê-la enquanto estivesse aqui
apenas para aquele visual.
O som de uma música batendo me alcançou quando
começamos a andar em direção ao enorme complexo do hotel
e JJ jogou um braço em volta da minha cintura, sua mão
deslizando no meu bolso de trás enquanto ele beijava minha
têmpora.
“Porra, é bom deixar o mundo saber que você é minha,”
ele murmurou enquanto me inclinei em seu toque, roubando
um pouco de sua força e segurando-o enquanto envolvia meu
braço em volta dele em troca.
Eu ainda estava todo confusa por causa de Chase e Fox,
mas JJ tinha razão. Ser capaz de mostrar meus sentimentos
por ele para qualquer pessoa que quisesse parecia seriamente
bom depois de tantos meses nos esgueirando como se
estivéssemos fazendo algo errado. Quer dizer, a furtividade
tinha sido quente por si só, mas eu estava mais do que pronta
para deixar o mundo inteiro saber que Johnny James era meu.
Liderei o caminho para o hotel, guiando JJ pelo corredor
brilhante em direção ao bar. Depois de passar um tempo com
Maverick aqui depois que Chase me abandonou na balsa, eu
conhecia bem todo o complexo.
A música ficou mais alta conforme nos aproximamos e
Shout Out to My Ex da Little Mix agitou os alto-falantes.
Nós empurramos as portas e Mutt disparou à frente,
correndo até Rick e lambendo seus tornozelos onde ele estava
encostado no bar. Ele estava vestindo uma calça jeans preta
com uma camisa de manga curta branca desabotoada sobre o
peito tatuado e o olhar que ele me deu enquanto seu olhar fixo
no meu era todo animal.
“O que é isso?” Perguntei, olhando em volta para a
iluminação de clube e a garrafa de tequila esperando no bar.
“Uma festa para três?”
“Bem, eu só queria convidar pessoas de quem gosto e a
lista é surpreendentemente limitada,” respondeu Maverick,
bebendo sua tequila como se essa merda não fosse fogo líquido.
Que psicopata.
“Oh, querido, eu não sabia que você gostava de mim,” JJ
zombou, apertando o coração dramaticamente.
“Bem, gosto de assistir você foder minha garota,” Maverick
corrigiu. “E não acho sua personalidade totalmente abrasiva,
então é isso.”
“Vamos, Rick, você pode admitir que o ama. Sei que você
quer,” empurrei, fechando a distância entre mim e ele
enquanto JJ me soltava para pegar uma bebida.
Maverick sorriu para mim, lambendo a ponta do polegar
antes de passar sua saliva ao longo da ranhura de sua
clavícula e sacudir um pouco de sal na pele. Ele inclinou a
cabeça para o lado, sacudindo o queixo em um comando e eu
obedientemente na ponta dos pés, lambendo lentamente o sal
de sua pele e pressionando minhas mãos em seu abdômen
enquanto ele se contraía ao meu toque.
Ele levou uma dose de tequila aos meus lábios e bebi antes
que ele segurasse uma rodela de limão na minha boca para eu
chupar por último.
“Ei, linda,” disse ele em sua voz profunda, seu olhar me
devorando enquanto eu lambia o último gosto de limão dos
meus lábios e olhava para sua boca.
Mas em vez de me dar o beijo que eu queria, ele acenou
para JJ mais perto e colocou outra linha de sal em seu pescoço.
“Eu não sabia que você gostava de mim assim,” brincou
JJ, enquanto Maverick apenas encolhia os ombros.
“Estou testando as águas. Mas estou pensando que prefiro
sentir a boca dela no meu corpo ao seu.”
Mordi meu lábio quando JJ se inclinou, fazendo um show
ao lamber o sal da pele de Maverick antes de aceitar sua dose
e limão. Respirei fundo enquanto olhava entre os dois e JJ me
deu um olhar sombrio enquanto se inclinava para me beijar
lentamente.
“Dance para nós, menina bonita,” ele respirou contra
meus lábios.
“Estou muito triste para dançar,” murmurei.
“Porque Foxy boy fodeu com sua vida e mandou Chase
embora?” Maverick perguntou e fiz uma careta para sua
pergunta sincera antes de concordar. “Aposto que você
realmente o odeia por fazer isso, não é?”
“Você sabe como estou chateada com Fox. Mas como ele
fugiu e nem mesmo atende minhas ligações, estou presa
esperando que ele decida que se importa com qualquer um de
nós de novo e volte,” Retruquei, me perguntando porque ele
sentiu a necessidade de trazer o clima para baixo com isso.
“Sim, Fox é um idiota. Ele se voltou contra todos nós
agora, não é? Isso mostra o que ele realmente pensa de sua
assim chamada família,” disse Maverick, tomando outra dose
sem se preocupar com o limão ou o sal.
“Sim, foda-se ele,” JJ murmurou, a dor em sua voz clara
sob a raiva. “Ele só se importa com o que quer. Ele claramente
nunca pensou no que o resto de nós precisa para ser feliz.”
“Tudo que eu quero é que ele tenha bom senso e traga
Chase para casa,” falei, batendo de volta outra dose também.
“É isso. Mas neste momento não vai acontecer, então eu digo
para todos fodermos e tentarmos esquecer a bagunça que ele
nos deixou por uma noite. Estou tão cansada de sofrer o tempo
todo.”
Maverick e JJ trocaram um olhar perverso antes de Rick
levantar o copo para um brinde. “A esquecer tudo sobre o
fodido Fox Harlequin, então. E ser muito mais feliz sem ele
tentando controlar nossa porra de vida.”
JJ grunhiu, tomando sua própria bebida ao lado de Rick,
mas eu apenas encarei a minha. “Foda-se isso,” murmurei.
“Mas vou beber para esquecer todas as coisas que me
machucam e tentar perseguir a felicidade esta noite.”
“Para o esquecimento sem emoção, então,” Rick
concordou e bufei meia risada antes de engolir minha dose.
Minha cabeça girou um pouco com o ataque do álcool e
quando a música mudou para So What by P! Nk, peguei a mão
de JJ e puxei-o para longe do bar para dançar comigo.
Maverick nos observou com um sorriso nos lábios
enquanto eu pressionava minhas costas contra o peito de JJ e
deixava a música me levar. Eu estava com muita raiva e
precisava de uma válvula de escape, então iria dançar com
meus meninos e dizer ao mundo para se foder esta noite. Ainda
estaria esperando para me destruir pela manhã de qualquer
maneira e eu não tinha que deixar isso estragar tudo também.
A música mudou para algo raivoso, aqueles tipos de
músicas que quebram e juro que elas estavam apenas jogando
meus sentimentos de raiva sobre toda essa situação de Fox em
voz alta.
Maverick não manteve distância por muito tempo,
empurrando o bar e me puxando contra ele enquanto nós três
começamos a dançar em uma pressão quente e suada de
corpos que fez minha carne formigar e queimar por eles. Suas
mãos percorreram meu corpo e coloquei uma mão no cabelo de
JJ atrás de mim enquanto enrolava meu outro braço em volta
do pescoço de Rick e o puxava para mais perto de mim
enquanto apenas dançávamos e dançávamos.
Uma música correu para a outra e suas mãos errantes
puxaram as pontas das minhas roupas enquanto suas bocas
roçavam meu pescoço e mandíbula, nunca cruzando essa linha
enquanto me provocavam até que todo o meu ser fosse
reduzido a um tipo de desejo necessitado e desesperado.
Quando senti que a tensão entre nós três ia explodir e eu
estava prestes a gozar da fricção de dançarmos daquele jeito,
Rick de repente recuou, puxando-me em direção ao bar.
JJ começou a beijar meu pescoço enquanto me seguia e
um gemido ofegante me escapou antes que Maverick me
puxasse para longe dele e pressionasse minhas costas contra
o bar.
Ele se inclinou como se fosse me beijar e meus lábios se
separaram avidamente, mas ele baixou a boca em vez disso,
passando a língua ao longo da linha da minha clavícula antes
de repetir o movimento do outro lado.
Ele mudou de posição e JJ já tinha o sal esperando,
borrifando um pouco sobre a minha pele enquanto inclinei
meus cotovelos contra o bar e esperei.
“Implore por nós, linda. Quero ouvir o quanto você ama
nos levar juntos,” Maverick rosnou, seu olhar passando
rapidamente sobre a minha cabeça enquanto um sorriso
escuro encheu seus lábios.
Olhei por cima do ombro para ver o que ele estava olhando
e localizei seu telefone preso entre duas garrafas de uísque em
uma prateleira, apontando para nós.
“Você está nos gravando?” Perguntei, fazendo um
movimento para me endireitar, mas sua mão travou em volta
da minha garganta enquanto ele me empurrava para trás para
me manter onde estava.
“Qual é o problema, linda? Você não quer assistir o vídeo
quando terminarmos? Eu só queria algum material para me
masturbar quando você me deixar sozinho aqui de novo e você
sabe que isso vai valer a pena gravar.”
“Você é um idiota.” Resmunguei, mas também
definitivamente assistiria aquele vídeo várias vezes porque
porra, sim, parecia quente como a merda.
“Você é,” JJ concordou, empurrando Maverick sem
entusiasmo. “E é melhor você não mostrar essa coisa a
ninguém.”
“Quem diabos você pensa que eu sou?” Rick perguntou,
dando um aperto na minha garganta que senti bem no meu
núcleo. Jesus. “Juro que ninguém fora de nossa pequena
família vai ver isso.”
“Ok,” concordei, molhando meus lábios enquanto olhava
entre os dois. Eu estava tão excitada e tão cheia de toda essa
energia viciosa que precisava mais do escape do que de alguma
fita de sexo. Na verdade, a ideia de estarmos sendo gravados
tornou tudo ainda mais quente e soltei um gemido ofegante
enquanto apertava minhas coxas juntas em busca de um
pouco de fricção.
O ruído interrompeu qualquer discussão dos dois e meu
coração saltou quando seus olhos se encheram de fome, os
escuros de Rick e infinitamente profundos e JJ o tom de
marrom mais delicioso conhecido pelo homem.
Suas bocas caíram no meu pescoço simultaneamente,
ambos devorando o sal da minha pele e me fazendo gemer
ainda mais alto quando a barba por fazer de Rick e a mordida
dos dentes de JJ fizeram meu corpo inteiro zumbir.
Maverick puxou minha camisa, meio rasgando-a de mim
e gemendo ao ver meus seios nus antes de entregar a JJ uma
dose de tequila.
Quase protestei antes deles derramarem os copos no meu
peito, mas acabei ofegando e gemendo enquanto eles se
moviam para lamber minha pele, os dois sugando e provocando
meus mamilos enquanto eu apenas me agarrava ao bar abaixo
deles.
JJ desabotoou meu short e Rick ajudou a puxá-lo para
baixo sobre a curva da minha bunda, trazendo minha calcinha
encharcada com ele enquanto os dois caíam de joelhos.
Eles arrancaram meus tênis enquanto jogavam o resto das
minhas roupas de lado e claramente ninguém deu a mínima
para o limão quando separaram minhas coxas e se moveram
no meu núcleo latejante.
Gritei quando suas bocas caíram sobre mim ao mesmo
tempo, os dois forçando minhas coxas abertas para abrir
espaço para eles e meus gemidos ficando mais e mais
desesperados quando um deles chupou meu clitóris em sua
boca. Eu não conseguia nem dizer qual deles era, e minha
cabeça girou com a emoção disso quando Rick jogou minha
perna por cima do ombro e eu fui deixada para me segurar no
bar.
“Foda-se,” engasguei, meus quadris balançando nos
movimentos de suas bocas antes que dedos estivessem
empurrando dentro de mim também, bombeando e
empurrando e exigindo que eu me desfizesse por eles. E em
questão de segundos eu fiz, meus gritos de prazer elevando-se
acima da música enquanto eu cedia ao que precisava,
finalmente encontrando algum alívio de toda a dor e sofrimento
que estava sentindo recentemente.
Eles ficaram de pé diante de mim enquanto eu afundava
contra o bar e JJ puxava sua camisa pela cabeça enquanto
Rick apenas me olhava faminto.
“Faça-a gritar, Johnny James. Certifique-se de que todos
possam dizer exatamente o quanto ela ama o seu pau.”
“Sim, sim, Capitão Controlador Esquisito,” JJ zombou
antes de dar um passo à frente e me colocar na beirada do bar.
Ele se inclinou para reivindicar um beijo carente de meus
lábios, em seguida, me empurrou para trás tão de repente que
gritei de surpresa quando minhas costas bateram no bar.
Ele envolveu minhas coxas em volta de sua cintura e
afundou seu pau em meu calor imerso na próxima respiração,
tomando seu tempo e certificando-se de que eu sentia cada
centímetro dele.
Maverick contornou o bar quando JJ começou a empurrar
para dentro e para fora de mim lentamente, dirigindo-se com
golpes profundos e lânguidos enquanto gemia sobre o quão
apertada e perfeita minha boceta parecia envolta em seu pau.
Pisquei para Rick quando ele parou perto da minha
cabeça, lambendo meus lábios enquanto eu pegava seu cinto,
querendo provar seu pau, mas ele pegou minhas mãos e as
empurrou.
“Não, menina. Não quero gozar na sua linda boca hoje. Eu
vou sufocar você enquanto goza no pau do Johnny James,
então vou tomar essa doce boceta para mim enquanto ele fode
sua bunda apertada e você grita por nós tão lindamente. Você
gostaria disso?”
Porra, aquele homem tinha uma boca suja e eu estava
aqui para isso.
“Sim,” engasguei quando JJ bateu em mim com mais força
e minha respiração foi roubada de meus pulmões.
“Implore por isso, então,” Rick insistiu e cedi novamente
porque eu precisava daquilo e estava louca para ele me dar,
então quem se importava se eu tivesse que implorar,
especialmente quando ele me amava fazendo isso.
“Eu quero suas mãos no meu pescoço enquanto ele me
fode.” Ofeguei obedientemente entre os gemidos enquanto JJ
me fodia com mais força. “Então quero vocês dois me fodendo
juntos e me fazendo sentir tanto que mal posso aguentar.”
“Boa menina. É melhor começarmos com isso então.”
Maverick sorriu como um idiota enquanto envolvia as mãos em
volta da minha garganta e JJ aumentou seu ritmo, me
atingindo profundamente e com força como eu precisava.
Eu gemia alto enquanto apalpava meus seios antes de
encontrar meu clitóris e esfregá-lo no tempo com suas
estocadas, querendo mais e mais e mais.
“Menina suja, garota perfeita,” Maverick rosnou, seus
olhos queimando enquanto assistia ao show, seu aperto em
mim aumentando do jeito que eu amava enquanto ele assumia
o controle da minha respiração.
“Foda-se, sim, ela é.” JJ concordou e gemi ainda mais alto
quando ele entrou em mim com mais força e me preparei para
sua destruição na minha carne, porque este aqui era o meu
lugar feliz, e eu gastaria tanto tempo nele quanto poderia.
Puxei as cordas amarradas ao redor do meu corpo que me
prendeu a uma poltrona em um dos quartos do hotel enquanto
eu era forçado a assistir a essa porra de programa de terror em
uma TV de cinquenta polegadas na parede na minha frente.
No começo tentei desviar o olhar, mas o som de Maverick
e JJ fodendo Rogue encheu a sala inteira através dos alto-
falantes e acabei cedendo ao inevitável enquanto os observava
todos arrancarem meu coração do meu peito.
Rogue estava espalhada em um bar e eu cuspi ar entre
meus dentes enquanto JJ a fodia com força e brutal, suas
expressões se transformando e ela implorando enquanto ele a
transformava em um frenesi.
Maverick ocasionalmente dava um sorriso malicioso para
a câmera enquanto segurava seus seios e esfregava a
protuberância enorme em sua calça jeans, fazendo minha pele
formigar e queimar por toda parte.
“Eu vou matar você!” Gritei para ninguém, porque onde
quer que estivessem, era muito longe desta sala para que
pudessem ouvir e claramente ninguém estava vindo para me
salvar dessa tortura. Mas tive que deixar as palavras saírem
dos meus pulmões de qualquer maneira, porque senti pena de
Maverick antes, até mesmo tive pensamentos de tentar trazê-
lo para casa depois de tudo que descobri sobre ele, mas isso?
Este era o monstro que ele se tornou, e ele estava
propositalmente apunhalando uma lâmina no meu peito
repetidamente com esse movimento. Eu não era mais nada
para ele, isso estava mais claro do que nunca. Mesmo levando
um tiro dele não parecia uma traição tão profunda como esta.
JJ roubou um beijo faminto da boca de Rogue e ela o
segurou como se o mundo começasse e terminasse ali mesmo
contra seus lábios. Eu me encolhi, virando minha cabeça, mas
meu olhar foi apenas atraído de volta, como se este festival de
foda fosse um ímã para meus olhos relutantes.
Meus ombros pesaram enquanto meus pulmões
trabalhavam mais, arrastando mais e mais oxigênio para o
meu corpo como se eu estivesse ansioso para uma luta. E era
isso que eu queria, uma batalha sangrenta e assassina entre
mim e Maverick, e se Johnny James também estivesse lá, então
melhor pra caralho.
Rogue gemeu de uma forma que me fez doer e queimar ao
mesmo tempo enquanto Maverick a arrastava sobre o bar,
forçando o pau de JJ a se separar dela enquanto os dois
gritavam de raiva.
“Jesus, Rick,” JJ rosnou, agarrando a garrafa de tequila e
seguindo Maverick até uma poltrona onde forçou Rogue a se
sentar em seu colo.
“Idiota,” disse ela sem fôlego.
Maverick apenas riu enquanto agarrava seus quadris,
desafivelando o cinto e libertando seu pau de sua calça jeans
antes de se alinhar com sua boceta e ela afundou em seu pênis,
a cabeça inclinando-se para trás em um gemido. JJ aproveitou
a oportunidade para derramar um pouco de tequila entre seus
lábios e ela engoliu em um gole, o subir e descer de sua
garganta sexy como o inferno. Minha raiva se fundiu com algo
mais escuro em mim enquanto meu olhar se fixava nela e em
seus movimentos apenas. Ela era uma deusa trabalhando para
roubar seu prazer de meros mortais e meus dedos coçaram
com o desejo que sempre tive em mim de agradá-la. Mas
quando meu pau traiçoeiro ficou duro e latejante por ela, mordi
o interior da minha bochecha e desviei o olhar, uma onda de
raiva absoluta me engolfando. Foda-se isso.
Meus músculos incharam e a corda cravou
profundamente em minha carne enquanto eu lutava contra
seu domínio, sabendo no momento em que me libertasse que
a morte cairia sobre este lugar e a Dead Man’s Island faria jus
ao seu nome. Porque seu autoproclamado rei morreria por
minhas mãos por isso. Não havia nada sobre o que eu já tivesse
tido mais certeza que isso.
Meu olhar voltou para a tela como sempre fazia e observei
enquanto a palma da mão de Maverick subia e passava pelos
seios de Rogue para travar em torno de sua garganta. Um
sorriso de escárnio torceu meus lábios para ele tocando-a
daquele jeito, do jeito que Shawn a tocou quando ele tentou
colocá-la no chão. Mas seus quadris balançaram rápido e sem
fôlego, gemidos frenéticos deixaram seus lábios como se ela
quisesse mais do que ele estava oferecendo, mais de seus
demônios, mais dele.
Estava mais claro do que nunca que eu nunca fui quem
ela queria. Ela era a luxúria encarnada entre os dois, seus
olhos arregalados e piscando entre os dois como se fossem o
centro de seu universo.
Ela estendeu a mão para JJ, seus dedos agarrando seu
pênis ao lado dela enquanto ela o bombeava em sua mão e ele
enlaçava os dedos em seu cabelo com força suficiente para
deixar os nós dos dedos brancos. Ela cavalgou seu caminho
para outro orgasmo de merda e cuspi ar entre os dentes em
frustração enquanto implorava a qualquer deus que estivesse
me ouvindo para me dar a força para quebrar essas amarras.
“Foda-se, Maverick!” Gritei, o ódio infiltrando-se nas
profundezas do meu ser. Eu era a violência trazida à vida e
tudo que eu precisava era liberdade e minhas próprias mãos
para fazer chover a morte sobre ele como uma praga.
Rogue engasgou pouco antes de Maverick cortar seus
gemidos, os dedos travando com mais força em torno de sua
garganta. Desejo brilhou em seus olhos quando ela caiu
livremente nas ondas finais de prazer, então Maverick deslizou
a mão pela parte de trás de sua cabeça e empurrou para baixo
para trazer seus lábios ao pênis de JJ. Ela o pegou entre eles
sem hesitação, ainda bombeando a base enquanto trabalhava
para levá-lo à ruína. Seus olhos estavam encapuzados com
desejo primitivo enquanto observava sua boca correndo por
todo seu pau sólido e meu lábio superior puxado para trás
quando meu próprio pau começou a doer.
Maverick assumiu o controle total dos movimentos de
Rogue, dirigindo sua cabeça para baixo uma e outra vez
enquanto ele continuava a fodê-la com impulsos preguiçosos
de seus quadris. Seu olhar mudou-se para a câmera
novamente e ele piscou para mim, porra, com aquela expressão
de bastardo presunçoso em seu rosto novamente. JJ estava
muito distraído para notar o show que ele estava apresentando
e gozou com um grunhido de prazer, os lábios dela fechando
firmemente em torno da cabeça de seu pau enquanto ela
engolia seu esperma sem um piscar de hesitação.
Quando ela levantou a cabeça, seus lábios estavam
inchados e avermelhados, seus cílios baixos e seu olhar cheio
de algum desejo eterno. Ela parecia bêbada, mas não de álcool,
mas de alguma forma ainda parecia sedenta por mais.
Meus pulmões pararam de funcionar enquanto eu apenas
olhava para aquele olhar em seu rosto, sentindo como se não
soubesse nada sobre seus desejos e necessidades. Como se
tudo que sempre pensei que poderia fornecer para ela fosse
apenas um sonho tolo que ela nunca havia considerado viver
comigo.
Todo esse tempo me iludi pensando que ela poderia
realmente me amar. Que eu era a melhor coisa para ela. Mas
eu nem estava em seu radar. Ela tinha fodido JJ e Maverick
por Deus sabe quanto tempo e, aparentemente, eles estavam
muito bem com esse arranjo bagunçado também.
Uma criatura despertou em mim muito mais escura do
que qualquer um dos monstros que eu havia saudado em meu
corpo antes. Este era o próprio Diabo, e ele foi feito do mais
puro pecado.
Minha pele estava queimando com uma dor carnal pela
garota nos braços de dois de meus irmãos e minhas mãos
estavam se contraindo com a necessidade de mutilá-los,
machucá-los e matá-los. Eu era luxúria e ira ao mesmo tempo
e minha cabeça latejava com pensamentos conflitantes, alguns
de me juntar a eles naquela sala e preenchendo as
necessidades não satisfeitas que eu ainda podia ver queimando
nos olhos de Rogue, outros de entrar lá com uma faca mão que
logo ficaria vermelha com o sangue daqueles dois homens.
Maverick roubou toda a sua atenção novamente quando
agarrou seu queixo para fazê-la olhar para ele e começou a
dirigir furiosamente para ela, então ela teve que se apoiar em
seus ombros. Ele olhou para Rogue, parecendo esquecer tudo
sobre mim observando enquanto se fixava nela como se ela
fosse a única coisa que importava para ele no mundo inteiro
antes de grunhir e se acalmar dentro dela, terminando no
fundo de sua boceta sem qualquer proteção entre eles.
Um grunhido de fúria saiu da minha garganta enquanto
eu a observava ceder contra ele, seus lábios se unindo em um
beijo doce pelo qual ele parecia absolutamente cativado. JJ
puxou o short de volta e colocou a camisa sobre a cabeça de
Rogue enquanto a colocava de pé. Ela se moveu para os braços
dele, levantando-se na ponta dos pés e passando os dedos
pelos cabelos dele enquanto se beijavam também, um pouco
de tristeza compartilhada parecendo passar entre eles naquele
momento.
“Eu não terminei. Eu quero que nós dois destruamos você
juntos, menina,” Maverick disse enquanto olhava para eles
avidamente.
“Bem, não sou eu que preciso de um período de
recuperação,” brincou ela, beijando JJ novamente e fazendo
meu peito se fechar em uma bola enquanto puxava seu short
e calcinha para trás.
Maverick se levantou, puxando sua calça jeans de volta no
lugar e bocejando ofensivamente em minha direção.
Rogue tinha a garrafa de tequila em suas mãos
novamente, apoiando-se em JJ enquanto ela bebia e ele apenas
a segurou quando a luz em seus olhos começou a se apagar
mais uma vez.
“Você acha que devemos começar a ligar para motéis de
novo esta noite? Talvez um deles tenha visto Chase,” Rogue
disse e Maverick riu sombriamente.
“Você já está pensando em outro cara, linda? Você é
insaciável. Você pegaria seu pau tão bem quanto o nosso?”
“Cale a boca, Rick,” ela disse com um olhar, mas meu
olhar estalou para seu rosto enquanto eu procurava a resposta
para essa pergunta. Ela queria Chase também? Todos eles
além de mim? O pensamento foi de alguma forma mais
doloroso do que até mesmo os dois tendo ela. Porque se fossem
todos eles além de mim, então isso me tornaria a exceção. O
que ela não queria.
“Apenas curiosidade, baby,” Maverick disse enquanto se
aproximava dela, passando a mão por sua espinha. “Ou é do
pau de Fox que você está sentindo falta nesta festa?”
“Jesus, pare com isso,” ela retrucou. “Por que você está
sendo um idiota?”
“É sua configuração padrão,” disse JJ, mas quando ele
travou os olhos com Maverick, eles apenas sorriram como se
fossem melhores amigos de merda. Ótimo, há quanto tempo
ele era amigo secreto de Maverick? Tempo suficiente para me
fazer de idiota, pelo menos.
“Foxy boy não poderia lidar com isso de qualquer maneira.
Ele é muito rígido. E muito baunilha,” Maverick disse com um
encolher de ombros. “Tenho certeza de que Luther enfiou um
pedaço de pau em sua bunda ao nascer, então o estragou
muito, então ele pensa que pode ter tudo o que quiser com um
estalar de dedos, e se as pessoas objetarem, ele simplesmente
as esmaga embaixo de si.”
Cerrei meus dentes, olhando para Rogue e JJ por sua
resposta a isso e eles pareciam muito calados sobre o assunto,
então supus que fosse um acordo em si mesmo.
“De qualquer forma, é melhor que ele tenha ido,” Maverick
continuou quando eles não disseram nada. “Talvez ele fique
fora da cidade e nunca mais volte, provavelmente seria melhor
de qualquer maneira, estou certo?”
“Pare de falar, Rick.” Rogue passou por ele, movendo-se
para o sofá e se jogando nele, tomando outro longo gole de
tequila enquanto olhava pela janela.
JJ se moveu para se juntar a ela, colocando o braço em
volta dos ombros dela e correndo os dedos para frente e para
trás ao longo de seu braço até que ela derreteu contra ele.
“Oh, vamos lá,” disse Maverick em frustração. “Ele merece
isso. Ele tentou possuir você no segundo em que você voltou
para Sunset Cove, baby, ele manda em você sem parar. Então
exilou Chase enquanto você estava no carnaval e tirou a
decisão das mãos de todos, exceto das dele. Novamente.”
Minha garganta fechou enquanto eu olhava essas
verdades nos olhos, tentando não deixar seu tom cortar sob
minha pele, mas fez. Eu sabia que às vezes era obstinado em
minhas decisões, mas estava sempre tentando fazer o que era
melhor para todos nós. Claramente, meu melhor era o pior de
todo mundo.
Eu estava farto deste jogo, ter que assistir Rogue parecer
que estava se despedaçando. Eu estourei sua pequena bolha e
agora eu era o cara mau, sendo punido por amá-la muito e não
ver a verdade cegamente óbvia bem na minha frente. Que eu
não era seu jogo final.
Ela mesma me disse que não queria ser minha. E o tempo
todo apenas pensei que ela quis dizer 'ainda não' quando o que
ela realmente estava dizendo era 'porque eu sou de outra
pessoa', duas outras pessoas, como se viu.
Maverick se aproximou, roubando a tequila de Rogue e
tomando um grande gole antes de devolvê-la com a testa
franzida. Parecia que seu jogo não era mais tão divertido para
ele e parei de lutar contra minhas restrições enquanto sentia a
dor do meu coração partido e ansiava por uma liberação no
sangue que não iria consertar nada.
“Tudo bem, tudo bem, jogo acabado então,” disse
Maverick. “Se vocês dois vão ficar mal-humorados sobre isso,
então venham comigo. Tenho algo que vai animar vocês.” Ele
sacudiu a cabeça e eles calçaram os sapatos enquanto ele os
conduzia para fora da sala e eles saíram da câmera e sumiram
de vista.
Abaixei minha cabeça enquanto a escuridão gotejava pelo
meu crânio e obscureceu toda a luz. Era uma névoa
interminável de dor, mágoa e traição, varrendo meu corpo e me
deixando perdida.
Meu pulso bateu irregularmente quando de repente ouvi
passos vindo para cá e um minuto depois a porta destrancou
e Maverick entrou na sala.
“Ei, Foxy, você gostou do show?” Ele riu enquanto um
rosnado escapou de meus lábios.
“O quê?” Rogue engasgou, passando por ele e parando
quando ela me viu amarrado à cadeira.
Seu olhar se voltou para a tela que eu estava apontando e
ela viu o bar em que eles tinham acabado de estar,
compreensão horrorizada surgindo em sua expressão. Senti
sua dor naquele momento e, apesar de suas mentiras, ainda
me machuquei por isso. Ela obviamente pensou que ainda
havia algo bom a ser encontrado em Maverick, mas agora ela
podia ver exatamente o tipo de pessoa que ele era. O tipo de
usá-la, devorar tudo o que ela tinha a oferecer e cuspir de volta
como se fosse inútil.
“Que porra é essa, Maverick?!” JJ latiu, passando por ele
e caminhando até mim em alarme.
Maverick começou a rir alto. “Ele precisava disso. É
terapia de exposição. Isso era o que eu estava dando a ele.”
JJ tentou me desamarrar enquanto eu continuava a olhar
para Rogue, meu sangue frio em minhas veias e assassinato
cantando o fodido nome de Maverick em meus ouvidos.
Rogue balançou a cabeça em descrença nesta situação,
seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas que ela se
recusou a deixar cair. Ela se virou para Maverick, dando um
tapa forte e ele apenas riu mais alto.
“Oh vamos lá, linda,” ele tentou, mas sua risada sumiu
com a expressão vulcânica dela.
“À quanto tempo você esteve aqui?” JJ me perguntou
freneticamente, mas não respondi, nem sequer olhei para ele,
meu olhar estava preso em Maverick enquanto esperava para
ser libertado. Porque eu ia matar esse filho da puta de uma vez
por todas. Não havia nada além de um temperamento
sanguinário deixado de mim e ele precisava de uma saída.
“Foxy apareceu na minha ilha precisando de resgate.
Posso ou não ter usado o telefone dele para evitar que todos se
preocupassem,” admitiu Maverick. “E para transmitir algumas
verdades caseiras ao querido e velho papai.”
“Você é louco,” JJ estalou para Maverick, que apenas deu
de ombros.
Rogue empurrou seu peito com um grunhido nos lábios.
“Você me usou! Seu idiota de merda. Como você pode?”
O olhar de Maverick se moveu de volta para ela e um
lampejo de preocupação deslizou em seu olhar quando ele viu
sua expressão magoada. “Não foi assim.”
“Como foi então?” JJ atirou nele, desistindo de tentar me
libertar e caminhando de volta para Maverick com os ombros
retos. “Porque está muito claro o que você estava fazendo, filho
da puta.” Ele deu um soco em Maverick que levou o golpe no
rosto, cambaleando um passo para trás e enxugando o lábio
quando ele se abriu.
Seus olhos se tornaram dois túmulos escuros e ele se
lançou contra JJ com um rugido, jogando todo o seu peso
contra ele, de modo que eles caíram no chão.
“Foda-se, seu pedaço de merda,” Maverick rosnou
enquanto eles rolavam, socando e lutando com a selvageria de
cães selvagens.
Rogue pegou a faca que eu dei a ela, avançando quando o
nome Maverick brilhou nela e de alguma forma odiei o que
aquela lâmina provavelmente significava para ela agora. Isso
significou algo para mim também uma vez, mas foda-se se eu
me importava mais.
“À quanto tempo você esteve aqui?” Ela trabalhou para
cortar a corda que me segurava enquanto a dor florescia em
seus olhos sobre mim. E por um segundo, a raiva esmagadora
em meu peito deu lugar a uma dor em mim que espelhava a
dela.
Ela estava rachando por dentro, essa situação
esmagando-a assim como eu. Mas quando seu olhar encontrou
o meu, eu desviei, virando minha cabeça enquanto meu queixo
latejava. O que quer que fosse de bom vivido entre nós foi
quebrado, e não havia um futuro onde pudéssemos coincidir
mais.
“O que importa?” Murmurei e um ruído sufocado escapou
dela, mas ela não respondeu.
Essa foi a pior parte, perdê-la tudo de novo, e desta vez
sabendo que era para sempre. Não havia como voltar do que
todos eles fizeram, das escolhas que fizeram. Ela escolheu os
meninos que queria e eles não eram eu. Então tive que tentar
pegar o que restava do meu orgulho e desistir, mas eu tinha
uma conta a acertar primeiro. Maverick me enganou, brincou
comigo nesta sala e havia um preço a ser pago por isso.
A corda finalmente se partiu e eu me coloquei de pé. A
mão de Rogue agarrou meu pulso e a faca caiu no chão
enquanto eu olhava para ela com uma parede dura em meus
olhos.
“Eu nunca quis que isso acontecesse. Nós podemos
consertar,” ela implorou e uma semente de desejo cresceu
dentro de mim, me implorando para ouvir, de alguma forma
encontrar uma maneira de perdoá-la. Mas havia uma semente
mais escura dentro de mim que estava crescendo e se tornando
uma fera vingativa, e encharcou a outra com veneno,
destruindo suas raízes e tudo.
“Não existe mais nós.” Puxei meu pulso para fora de seu
aperto e virei minhas costas para ela, caminhando até onde
Maverick estava sufocando JJ no chão e travando meu
antebraço em torno de sua garganta.
Eu o arrastei para longe de JJ, puxando-o com força para
trás contra o meu corpo enquanto usava meu outro braço para
prendê-lo no estrangulamento e apertar o mais forte que pude.
Maverick lutou furiosamente contra meu aperto e Rogue
começou a gritar, jogando seu peso em mim e de repente JJ
estava em mim também, me derrubando no chão, então perdi
meu controle sobre Maverick.
“Pare com isso!” JJ latiu. “Vamos apenas conversar.”
Ele jogou seu peso sobre mim, deixando Maverick se
levantar e andar diante de mim como um lobo faminto pela
morte.
“Saia de cima de mim,” rosnei para JJ, empurrando-o
para trás, mas ele lutou mais para me manter no chão. Perdi
Rogue de vista quando Maverick olhou para mim e veneno
deslizou para o meu sangue.
“O que você vai fazer, Foxy? Me matar?” Maverick
provocou. “Isso não a fará querer você, irmão. Isso só vai fazer
com que ela te odeie ainda mais.”
“Eu a perdi de qualquer maneira!” Eu lati. “Então qual
diferença faz?”
“Você vai quebrar o coração dela,” JJ sibilou, olhando para
mim enquanto achatava a palma da mão no meu peito.
“Novamente. E não acha que fizemos o suficiente para aquela
garota? Você não acha que ela merece mais que isso?”
Respirei pesadamente por entre os dentes enquanto suas
palavras entravam em minha cabeça e eu parei de lutar tanto
para me levantar. Ele estava certo, eu não queria machucá-la,
mas queria matar Maverick e mutilar Johnny James. Encarei
os olhos castanhos escuros do meu irmão enquanto a traição
e a dor estilhaçavam sob minha pele.
“Por que você fez isso?” Perguntei em voz baixa,
precisando de uma resposta, embora não achasse que
houvesse ninguém neste mundo que pudesse tornar as coisas
ainda melhores.
“Porque ele a ama,” Maverick caiu ao meu lado, sua mão
apertando minha bochecha e me forçando a encará-lo
enquanto sua outra mão pressionava ao lado de JJ para me
manter no chão. “E você simplesmente não encaixa na
equação, Foxy.”
“Rick,” JJ retrucou, empurrando o ombro contra o dele.
“O que diabos há de errado com você?”
“Estou apenas dizendo o que todos estão pensando e
garantindo que Foxy receba suas recompensas justas,” disse
Maverick friamente, em seguida, olhou para mim. “Você
mandou Chase embora seu pedaço de merda, quem te deu esse
direito?”
Olhei para ele, mas fiquei surpreso com a dor torcendo
suas feições por um momento antes que ele a escondesse.
“Ele a deixou naquela porra de balsa. Ele quase a tirou de
mim de novo. Mas acontece que eu deveria estar mais
preocupado com meus outros irmãos fazendo isso,” cuspi.
“Sim, deveria. Pena que você é um idiota do caralho.”
Maverick zombou.
“Quer calar a boca?!” JJ rosnou para ele. “Você está
apenas no modo de autodestruição o tempo todo?”
“Algo assim,” Maverick sibilou de volta.
Empurrei contra seu aperto em mim, mas os dois
empurraram seu peso para baixo com mais força e um rosnado
mordeu minha garganta. “O que você vai fazer? Me amarre de
novo, continue fodendo Rogue na minha frente. Porque parece
que ela não está mais interessada em você exibindo-a como
uma prostituta paga, seu filho da puta.”
O punho de Maverick estalou contra o lado da minha
cabeça com essas palavras e meu crânio bateu no chão.
Ele forçou JJ a sair de mim e de repente minhas mãos
estavam livres e eu estava enfrentando a fúria do meu irmão
diabólico quando ele veio para mim.
Saboreei a adrenalina subindo em minhas veias enquanto
me lançava para encontrar sua raiva, pronto para rasgá-lo em
pedaços e deixar seu cadáver ensanguentado bem aqui nesta
sala. Era eu contra ele, uma luta que já deveria ter acontecido.
E eu finalmente estava pronto para vencer e vê-lo morrer.
O olhar de dor e traição nos olhos de Fox estava tão
marcado em mim que eu tinha certeza de que nunca mais
conseguiria tirar esse sentimento de mim. Senti como se toda
a escuridão e dor dentro de mim estivessem adormecidas lá,
apodrecendo e crescendo em um peso insuportável e a maneira
como ele olhou para mim foi a chave para libertá-lo. Para me
afogar nisso tudo de novo e me forçar a enfrentar a realidade
do meu dano e toda a dor que causei com a minha presença.
Eu fiz isso com ele. O menino que eu amava com todo o
meu coração e que me ofereceu o dele e eu o arranquei de seu
peito e coloquei os pedaços em chamas.
Maverick riu sombriamente enquanto Fox se debruçou
sobre ele, apreciando a dor de Fox e Fox rugiu insultos e
acusações para ele por roubar a única coisa que ele sempre
quis para si mesmo, enquanto JJ gritou de volta que eu nunca
fui sua para reivindicar em primeiro lugar.
Eles estavam lutando por mim como um bando de vira-
latas famintos por um osso, todo o amor que uma vez sentiram
um pelo outro se transformou em veneno com essa divisão. Por
mim.
Eu tinha ouvido o que JJ tinha me dito quando apontei
isso antes e ouvi Chase também. Mas agora aqui estava, me
encarando, os resultados de minha influência destrutiva sobre
os quatro homens que um dia foram mais próximos do que
irmãos.
Fechei meus olhos enquanto tentava bloquear o som das
coisas odiosas que eles estavam dizendo e me permiti voltar ao
nosso passado, aqueles dias preciosos que eu não tinha
apreciado o suficiente na época.
“Há um apoio para as mãos aqui,” Fox grunhiu enquanto
se levantava ainda mais alto na face do penhasco em ruínas e
meu coração disparou de medo pelos quatro meninos estúpidos
que eu amava tanto enquanto deitava de bruços e olhava para
eles.
Eu nem sabia qual deles tinha decidido que escalar o
penhasco era uma boa ideia com todas aquelas pedras
irregulares abaixo, mas aqui estava eu, observando-os
enquanto jogava de árbitro para seu jogo idiota pra caralho.
Quando eles desceram até o sopé do penhasco para
começar a escalada, eu ri deles, deitando na falésia gramada
aqui enquanto tomava sol, esperando que mudassem de ideia
assim que descessem.
Mas quando ouvi os quatro rindo e gritando na base do
penhasco, rolei e rastejei até a borda para dar uma olhada e
encontrei todos eles começando a escalada como se fosse
apenas mais uma aventura divertida.
“Tenham cuidado,” gemi pela centésima vez. Isso era
estúpido. Estúpido pra caralho, mas eles chegaram tão longe
agora que era mais seguro para eles irem ao topo do que seria
tentarem descer.
“De quem foi essa ideia idiota de novo?” Chase grunhiu,
seus cachos escuros grudando em sua testa enquanto ele subia
e o sol poente o assava.
“Rick,” JJ ofegou e estiquei meu pescoço para vê-lo
enquanto ele se erguia um pouco mais alto, derrubando um
pouco de cascalho solto nas rochas abaixo.
“Bem, pensei que vocês ficassem com medinho antes de eu
chegar na metade do caminho e eu pudesse apenas rir de vocês
idiotas por causa da minha vitória,” Maverick resmungou.
“Quem diria que vocês eram tão teimosos.”
“Talvez você não devesse ter aumentado as apostas
então,” Fox provocou, seu olhar deslocando-se para encontrar o
meu por um momento e fazendo minha respiração engatar na
garganta. Ele estava tão perto que eu estava morrendo de
vontade de me abaixar e lhe oferecer uma mão para cima, mas
eu estava com medo de perder sua concentração ao mesmo
tempo.
“Então, quem ganha se todos nós chegarmos ao topo?” Rick
perguntou e todos os quatro olharam para mim como se eu
tivesse a resposta para isso.
“Qual é o prêmio?” Murmurei, a adrenalina fazendo meus
dedos tremerem de medo por eles.
“Bem, nós dissemos que aquele que subiu mais alto poderia
pedir a você um be...” As palavras de Maverick foram
interrompidas quando seu aperto vacilou e um grito de alarme
escapou dele quando seu punho desmoronou e ele escorregou
vários metros, as pedras soltas quebrando enquanto ele lutava
para recuperar o controle.
Gritei de medo, cambaleando para frente e estendendo a
mão para ele, embora ele estivesse muito longe de mim para
fazer alguma diferença. Mas isso não importa de qualquer
maneira.
Fox pegou sua mão e JJ agarrou a parte de trás de sua
camisa enquanto Chase segurava seu braço para lhe dar mais
apoio.
“Puta merda,” sussurrei enquanto todos eles congelaram
por um momento, esperando para ter certeza de que o penhasco
estava pronto para tentar matá-los. Então Rick deu uma
gargalhada selvagem, cantando como um galo e jogando a
cabeça para trás enquanto todos os outros seguiram o exemplo.
Garotos fodidos, loucos, estúpidos e idiotas.
Eles continuaram a escalar para o topo juntos e eu me
afastei de seu caminho enquanto todos eles o alcançavam como
um só, as mãos subindo pela beirada e arranhando a terra
enquanto se jogavam para cima e para o topo do penhasco.
“Água,” JJ engasgou dramaticamente e eu o xinguei
enquanto me virava e corria para longe deles em direção às
nossas bolsas e bicicletas dos meninos que tínhamos deixado à
sombra de uma rocha alta.
Rasguei os sacos, pegando as garrafas de água deles e me
virei para correr de volta.
Mas quando o fiz, parei, encontrando os quatro sentados
ombro a ombro de frente para o mar, suas risadas flutuando na
brisa enquanto o sol poente os destacava ali juntos.
Deixei cair a água e pesquei meu telefone do bolso, tirando
uma foto daquele momento para que eu pudesse mantê-lo para
sempre.
Eles haviam esquecido sua competição e estavam apenas
brincando e provocando um ao outro, cotovelos cutucando e
maldições saindo de seus lábios.
Eles eram felizes. Tão malditamente felizes apenas ali na
companhia um do outro. E dei a eles alguns momentos assim
sem mim, não querendo interromper seu triunfo enquanto bebia
o sentimento de seu amor um pelo outro.
“Traga sua bunda aqui, Rogue,” Fox chamou, virando a
cabeça para me caçar e todos os outros começaram a gritar
comigo para voltar correndo também.
Sorri, pegando as garrafas de água e começando a correr
novamente quando me aproximei delas. A resposta para todos
os males do meu mundo. O único bem que já tive e que
precisaria.
Segurei essa memória quando comecei a recuar, tentando
bloquear os sons daqueles mesmos meninos gritando e
machucando uns aos outros, seus punhos golpeando um ao
outro e a raiva e ódio que estavam tão densos dentro da sala.
Eu fiz isso com eles.
Comecei atraindo o olhar de Axel, apesar de minhas
melhores tentativas de não fazê-lo. Eu sabia que essa parte não
era realmente minha culpa. Aquele filho da puta doente tinha
sido um predador que mais do que merecia a morte que dei a
ele.
Mas se eu apenas tivesse chamado a polícia quando isso
aconteceu, em vez de ligar para eles. Se eu apenas corresse e
ficasse quieta. Ou mesmo se eu não tivesse lutado tanto e
minha curta e pateticamente bela vida tivesse terminado então,
teria sido melhor que isso.
Pelo menos então eu teria morrido com amor em meu
coração e uma vida cheia de memórias minhas e de meus
meninos no sol para me guiar em tudo o que viesse a seguir.
Eu poderia ter sido apenas essa história trágica que escureceu
suas memórias, mas da qual eles poderiam ter mudado.
Qualquer coisa, menos isso.
Eu me tornei o espinho em seus lados. A coceira que eles
não podiam coçar. A cunha que os dividiu e o catalisador para
sua destruição. O amor que eles tinham um pelo outro se
tornou tóxico e só continuaria a apodrecer quanto mais eu
estivesse aqui.
Chase se foi e eu sabia em meu coração que ele não
voltaria. Aquele beijo muito breve que ele roubou de mim na
manhã do carnaval tinha gosto de adeus. Eu só não tinha
reconhecido na época. E agora eu estava aqui observando
enquanto o resto dos meus meninos lutavam e cuspiam
palavras venenosas uns para os outros. Assistindo enquanto
eles se alegravam em causar dor um ao outro e sentindo cada
reviravolta de traição e dor de cabeça que havia sido infligida a
cada um deles como se fosse uma faca em meu próprio
estômago.
E pior que isso, eu trouxe os demônios da minha vida sem
eles até a porta da frente. Shawn nunca iria parar esta guerra.
Só poderia terminar com sangue e morte, e eu sabia em meu
coração que todo o sofrimento de Chase tinha sido apenas uma
amostra do que Shawn era capaz.
Era tudo culpa minha. E se eu ficasse aqui, não iria parar.
Eles não parariam de lutar por mim, me usando para marcar
pontos um contra o outro e tentando me conquistar para si.
Este não era um conto de fadas onde eu poderia simplesmente
conseguir o que queria porque tinha fome o suficiente. Foi
muito bom para mim insistir uma e outra vez que eu não
escolheria entre eles, mas tudo o que fez foi deixá-los nessa dor
e tormento, esse ciclo ardente de ciúme e inveja e sofrimento
toda vez que eu saía de um para outro. Não era certo e nem
justo.
Mas havia uma coisa que eu poderia fazer para acabar
com isso.
Recuei, movendo-me em direção à porta e nenhum deles
me notou enquanto eu andava, muito presos em seu ódio e
raiva para sequer lembrar daquela que causou tudo.
Empurrei a porta com meus dedos tremendo um pouco,
mas eu não iria recuar. Eu sabia agora. Eu entendia. A culpa
era minha, então cabia a mim consertar. E eu consertaria,
mesmo que fosse a última coisa que eu fizesse.
Dei uma última olhada desesperada em todos eles e, no
momento em que saí pela porta, me virei e corri.
Os homens de Maverick estavam todos se mantendo fora
de vista como ele ordenou, então ninguém me parou enquanto
eu corria escada abaixo, através do hotel e corria para o cais.
Havia quatro barcos amarrados lá, balançando nas ondas
agitadas enquanto o ar frio chicoteava ao meu redor e eu não
pude deixar de olhar para o céu escuro e as nuvens espessas
que estavam se fechando sobre as estrelas.
Havia uma tempestade soprando hoje à noite. Mas isso só
significava que eu precisava me mover mais rápido.
Pulei no primeiro barco, fazendo um trabalho rápido de
ligá-lo e afrouxar o acelerador apenas o suficiente para puxar
contra a corda de atracação que ainda estava amarrada ao
cais.
Pulei de volta, olhando para o hotel para ter certeza de que
eles não tinham notado minha ausência ainda, mas eles
estavam claramente presos em sua raiva para notar.
Desamarrei o barco e ele se afastou da costa, movendo-se
em um ritmo lento, mas constante, sobre o oceano e fora de
alcance.
Assisti por vários segundos e depois repeti meu trabalho
nos outros barcos, mandando-os para longe da costa até que
só restasse um para eu usar.
Caminhei em direção a ele, minha mandíbula cerrada com
determinação enquanto tentava não pensar sobre o que estava
deixando para trás e me concentrar no que poderia ser capaz
de consertar fazendo isso.
Este sempre foi um sonho passageiro de qualquer
maneira. O futuro que eu uma vez confiei nesta cidade nunca
foi realmente destinado para mim. Eu conhecia meu lugar
neste mundo e não era com os Harlequins. Fazia muito tempo
que não era.
Caminhei em direção ao último barco, mas fiquei imóvel
quando um latido agudo perfurou a noite e olhei em volta para
encontrar Mutt descendo o píer em minha direção.
Meu coração se partiu em dois ao ver meu amiguinho, e
as lágrimas que eu estava lutando para conter explodiram de
minha contenção quando caí de joelhos e ele saltou em meus
braços.
Ele balançou o rabo febrilmente, lambendo as lágrimas do
meu rosto e pulando em cima de mim como se dissesse que
estava vindo também. Mas ele não poderia. Eu não arriscaria
sua segurança onde eu estava indo, e eu sabia muito bem que
estaria em perigo se eu o fizesse. Não importava o quanto eu
desejasse manter este companheiro leal ao meu lado para o
que estava por vir, fazer isso teria sido infinitamente egoísta e
me recusei a machucar a única criatura neste mundo cujo
amor sempre foi puro para mim.
“Sinto muito, garoto,” sussurrei, apertando-o com força e
tentando não quebrar enquanto roubava um último momento
em sua companhia. “Eu gostaria de não ter que ir.”
Mutt choramingou, aninhando-se contra mim
desafiadoramente como se estivesse insistindo em vir também,
mas eu apenas balancei minha cabeça.
“Eles são idiotas, mas você estará seguro aqui com eles,”
murmurei. “Não posso dizer o mesmo para onde estou indo.”
Mutt rosnou baixinho, parecendo entender o tom do que
eu estava dizendo a ele e saltou no meu colo, derrubando meu
celular do bolso para que ele caísse nas tábuas ao meu lado.
Fiquei olhando para ele através do borrão de lágrimas em
meus olhos e engoli o caroço na minha garganta enquanto
finalizava esta decisão. Eu tinha que fazer isto. E eles tinham
que entender que não havia como voltar. Eu estava cansada de
ser a única coisa que os separava. Então, iria quebrá-los uma
última vez e provar que eles estavam melhor sem mim. Porque
talvez então eles pudessem encontrar uma maneira de deixar
de pensar em mim, finalmente. Talvez então se lembrassem
porque eu era a garota que sempre era posta de lado. Talvez
então encontrassem o caminho de volta um para o outro e
pudessem reivindicar o amor que deviam. Mas isso só poderia
acontecer sem que eu estivesse lá para destruir seus felizes
para sempre e isso significava que eu tinha que ter certeza de
que eles entendiam que estavam muito melhor sem mim e
sempre estiveram.
O trovão retumbou ao longe, o relâmpago bifurcando-se
entre as nuvens e indo para o mar como se até o céu soubesse
que era isso. Nossos caminhos sempre conduziram aqui e
agora era hora do destino seguir seu curso.
Olhei para trás em direção ao hotel, sem saber se estava
esperando por um último vislumbre dos meus meninos ou se
estava feliz por eles ainda não terem percebido que eu estava
faltando antes de levantar meu telefone e abrir o aplicativo da
câmera.
Eu segurei a câmera para olhar para mim mesma,
parando por um momento para enxugar as lágrimas do meu
rosto e respirar fundo. Então peguei cada emoção em mim,
todos os meus sentimentos sobre fazer isso e o que isso
significaria para mim e para eles e simplesmente empacotei
tudo. Esmaguei dentro de mim e lutei com um punho de ferro
até que, finalmente, meu rosto ficou em branco e fiquei
entorpecida com tudo isso.
Para ser totalmente honesta, foi um alívio. Tudo o que
tinha acontecido desde o dia do carnaval estava me corroendo
pedaço por pedaço até aquele momento. Eu tinha sido lançada
à deriva, sofrendo por Chase, sofrendo por Fox, sem saber o
que poderia ter feito de diferente enquanto tinha certeza de que
fiz tudo errado.
Mas agora isso se foi. E enquanto eu configurava a
gravação da câmera, não havia mais uma centelha daquela
garota em mim. Eu era a garota de antes de acordar naquela
cova rasa. O recipiente vazio que nunca poderia ser
preenchido. A garota quebrada que ninguém queria manter no
final. E talvez fosse o melhor.
“Bem,” comecei, minha voz e olhar firmes. “Se vocês estão
assistindo isso agora, então já sabem que eu parti. E não se
preocupem, eu não voltarei. Eu consegui o que queria de cada
um de vocês e tanto quanto tenho certeza de vocês não vão
querer acreditar, era isso. Sua destruição. Sua dor.” Forcei a
sugestão de um sorriso em meus lábios antes de continuar.
“Dez longos anos atrás, vocês quatro me quebraram. Vocês
tiraram o único bem que eu já tive na minha vida e me jogaram
para os lobos lá fora nas ruas. Então agora eu quebrei vocês
de volta.”
Eu continuei, forçando as palavras a passarem pela
minha língua e ignorando a maneira como queimavam como
ácido enquanto saíam dos meus lábios. Zombei deles com o
meu olhar e usei a máscara que aperfeiçoei há muito tempo
para vender a eles cada linha. Porque eles tinham que acreditar
nisso se quisessem seguir em frente. Eles tinham que me odiar
se quisessem ter a chance de se amarem novamente. E eu
precisava ter certeza de que eles não tentariam vir atrás de
mim. Eu fiz minha escolha e era isso. Sem volta, sem cavaleiros
brilhantes ou mesmo ladrões astutos tentando me resgatar. Foi
assim que nossa história terminou e era assim que tinha que
ser.
Quando terminei a gravação, coloquei meu telefone ao
meu lado com a mensagem pronta para tocar quando eles
descobrissem.
Apertei Mutt com força, meus olhos queimando e me
desculpei com ele mais uma vez e ele choramingou enquanto
se aninhava em mim como se entendesse exatamente o que
estava acontecendo.
Mas eu não conseguia mudar de ideia. Nem mesmo por
ele. Então, coloquei-o no cais e pulei no último barco, jogando
o cabo no convés enquanto me movia para ligar o motor.
Mutt latiu em um apelo claro, seus olhinhos implorando
para que eu voltasse e o conhecimento de que eu nunca
voltaria queimou meu coração como uma faca em chamas,
deixando uma cicatriz que eu sabia que nunca sararia direito.
Mas isso não era sobre mim.
Eu não importava.
Virei meus olhos para o horizonte enquanto o trovão
estrondeava os céus novamente, desta vez mais perto com o
relâmpago se bifurcando bem atrás dele para o sul.
Soltei o acelerador e um uivo triste coloriu o ar enquanto
Mutt corria até o fim do cais, sua dor derramando enquanto
ele me observava ir e minha própria dor se intensificando a
ponto de me quebrar quando me recusei a voltar.
“Sinto muito,” sussurrei, minha voz roubada pelo vento
enquanto o deixava para trás ao lado do meu coração e as
únicas esperanças que já tive de reivindicar algum tipo de
felicidade verdadeira para mim. “Eu amo vocês,” acrescentei,
minhas palavras para os quatro homens que roubaram meu
coração antes mesmo de eu entender o que isso significava, os
quatro guardiões da minha alma e as únicas coisas que já
iluminaram minha existência sombria para que eu pudesse ver
fora da sarjeta. Eles me deram o gosto de algo que alguém como
eu nunca deveria ter tentado reivindicar. E agora eu estava
dando a eles a chance de encontrar a felicidade sem
contaminar tudo ao seu redor.
A água espalhou-se sombriamente diante de mim e fixei
meu olhar nas luzes de Sunset Cove à distância. Eu estava
quase lá. Isso estava quase acabando.
Eu era uma garota morta caminhando e era hora de voltar
para o túmulo.
“Parem, seus idiotas de merda!” Mergulhei nas costas de
Fox, tentando puxá-lo de Maverick enquanto o bastardo
tentava travar suas mãos em volta de sua garganta.
Eu nos rolei com força para que Fox pousasse em cima de
mim e prendi meus braços e pernas em torno dele quando ele
começou a se debater para se levantar. Maverick ficou de pé,
cuspindo um punhado de sangue de sua boca enquanto
ofegava, avançando em direção Fox mais uma vez.
“Deixe-o ir, Johnny James,” ele rosnou. “Esta luta está
muito atrasada.”
“Estou cansado dessa merda!” Eu lati. “Rogue também
está farta, não é, menina bonita?”
Todos viramos nossas cabeças, procurando por ela, mas a
sala estava vazia e Mutt estava na porta, latindo para nós como
se estivesse nos xingando de todos os palavrões em linguagem
canina que ele conseguia pensar.
“Rogue?” Maverick chamou, caminhando para a porta e
Mutt mordeu seu tornozelo. “Cuidado, sua besta.”
Mutt latiu de novo, olhando de Maverick para mim e Fox
e meus braços e pernas relaxaram ao redor do meu irmão.
Fox ficou de pé e eu o segui, hematomas latejando contra
minha pele enquanto Fox perseguia Maverick até a porta com
tensão em sua postura. Mutt latiu com mais fúria, recuando
pelo corredor e rosnando quando não fomos atrás dele.
“Ele quer que o sigamos,” falei em compreensão,
caminhando direto para o cachorrinho. “E aí, garoto?” Meu
pulso saltou irregularmente com seu comportamento estranho.
Para onde Rogue foi?
“É Rogue? Ela está bem?” Fox perguntou rispidamente,
aparecendo ao meu lado por meio segundo antes de Maverick
aparecer do outro.
Mutt entrou na escada e começou a correr e também
comecei, meu coração batendo de forma irregular, sentindo
que algo estava errado. Maverick e Fox avançaram ao meu
lado, nós três correndo a toda velocidade escada abaixo e por
um corredor em direção à saída.
Mutt latiu com mais fúria enquanto corria para fora e
corremos atrás dele através do complexo e em direção ao cais
quando um trovão soou no céu.
Minha respiração ficou mais pesada quando avistei os
barcos longe na água, se afastando em direção ao horizonte e
Maverick cuspiu palavrões enquanto corríamos pelo cais para
onde Mutt estava agora andando para frente e para trás. Ele
olhou para nós, latindo com raiva e nós três paramos
repentinamente na frente dele, olhando para o telefone na
frente do cachorro. O telefone de Rogue.
Todos nos abaixamos para pegá-lo, mas minha mão
fechou em torno dele primeiro, meu olhar travando no vídeo
esperando para ser reproduzido na tela, a expressão vazia de
Rogue me encarando através do vidro.
Enjoo torceu minhas entranhas enquanto um
formigamento sinistro percorria minha espinha. Eu me
levantei e os ombros de Fox e Maverick apertaram os meus
enquanto eles se inclinavam para olhar para a tela e com uma
sensação horrível de que meu mundo inteiro estava prestes a
acabar, pressionei o play.
“Bem,” Rogue começou, sua expressão fria e dura. “Se
vocês estão assistindo isso agora, então já sabem que eu parti.
E não se preocupem, não voltarei. Consegui o que queria de
cada um de vocês e por mais que tenha certeza de que não vão
querer acreditar, foi isso. Sua destruição. Sua dor.” Um sorriso
dançou em seus lábios e gelo deslizou fundo em minhas veias,
cobrindo minhas entranhas com medo. Do que ela está
falando? “Dez longos anos atrás, vocês quatro me quebraram.
Tiraram o único bem que já tive na minha vida e me jogaram
para os lobos lá fora, nas ruas. Então agora quebrei vocês de
volta.”
“Não,” recusei o que estava ouvindo, o pânico dividindo
meu peito. “Ela está mentindo.”
“Cale a boca,” Maverick rosnou enquanto Rogue
continuou.
“Vocês pensam que me conhecem, mas não. A garota que
tem dormido em sua casa, pintando beijos em seus lábios e te
fodendo até que você esteja professando suas patéticas
histórias de amor para mim, tem sido uma encenação. Ela foi
criada pelo verdadeiro eu e pelo verdadeiro amor da minha
vida.”
Meus pulmões se contraíram quando suas próximas
palavras caíram sobre mim como um machado no meu
pescoço. “Shawn Mackenzie é tudo que eu sempre quis e todas
as coisas que vocês nunca poderiam ser. Ele é o tipo de
monstro que responde a todos os meus desejos mais
sombrios.” Seu olhar se encobriu quando ela pensou nele e
minha garganta se encheu de bile com o olhar lascivo em seus
olhos. Não era verdade. Não era verdade, porra.
“Não me entendam mal, ele joga duro.” Ela correu os
dedos pela garganta, onde ele havia deixado hematomas antes
de voltar para casa. “Mas tínhamos que tornar crível, certo? Eu
queria aparecer nesta cidade como a garotinha quebrada que
todos vocês imaginaram que eu fosse nos últimos dez anos.
Mas sabia que apenas cair em suas camas não seria o
suficiente para destruí-los. Então joguei o jogo, seduzi cada um
de vocês por vez. Uma vida inteira de amizades com certeza é
fácil de quebrar,” ela disse em um tom ártico que fez meu
estômago revirar. “Fiquei um pouco surpresa quando descobri
que Maverick tinha desligado todos vocês, mas tornou tudo
ainda mais divertido para ser honesta. Você se tornou minha
arma, Rick. Você torturou Fox por mim sem que eu tivesse que
fazer nada, além de pegar o seu pau e o de JJ como uma boa
menina e deixar que você pensasse que era meu dono.” Ela
sorriu e senti Fox tremendo de raiva ao meu lado, mas
Maverick estava estranhamente parado. “Johnny James, você
foi o mais fácil. Achei que você seria o melhor lugar para
começar, já que foder é algo tão natural para você hoje em dia,
mas fiquei surpresa ao descobrir que você é o mesmo garoto
patético e apaixonado que era quando éramos crianças.”
A picada de suas palavras enterrou-se profundamente
enquanto ela balançava a cabeça para mim como se eu fosse o
maior idiota que ela já havia feito e era exatamente assim que
me sentia. “Achei que você contaria ao Fox, realmente pensei
que iria desmoronar muito mais rápido do que aconteceu, mas
funcionou ainda melhor quando você não o fez. Porque você
mostrou suas verdadeiras cores. Escolhendo uma boceta em
vez de seus meninos? Tsc, tsc.” Ela lambeu os lábios como se
estivesse saboreando cada palavra que saía de sua boca. “E
Fox, querido, você realmente precisa transar com mais
frequência. Dez anos ansiando por uma garota? Isso é meio
patético, não acha? Nunca fui sua mesmo naquela época,
então pensar que era sua agora foi realmente idiota. Mas
definitivamente ficou ainda mais gratificante quando você me
pegou e seu melhor amigo juntos. Você sabe quantas vezes eu
dei para ele em sua casa esperando que você voltasse? Quase
todas as manhãs, quando você saía para correr, JJ estava
enterrado dentro de mim, ofegando meu nome e transando com
a garota que você ama. Brutal.” Ela olhou diretamente para a
câmera, seu olhar claro e cortou meu peito em tiras. Eu não
conseguia nem virar minha cabeça para verificar como Fox
tinha aceitado isso, muito atordoado, muito fodidamente
horrorizado para fazer qualquer coisa a não ser apenas assistir.
“Então havia Chase. Foi ele quem tornou tudo mais
desafiador. Vocês realmente deveriam ter ouvido seus avisos,
rapazes. Ele viu suas ruínas vindo de uma milha de distância.
Shawn saiu um pouco fora do plano quando derrubou a
Dollhouse e o sequestrou, mas é assim que ele é. Selvagem,”
ela disse a palavra lenta e sedutoramente como se amasse isso
nele. Como se Shawn realmente fosse o homem que a possuía,
que ela desejava com todo o seu ser. Mas meus ouvidos
estavam zumbindo muito alto e uma parte de mim ainda queria
recusar cada palavra que saía de seus lábios.
O problema era que, toda vez que objeções surgiam em
mim, eu olhava nos olhos dela e via a verdade nua e crua neles.
Não consegui ver nem um indício de mentira, e isso era a coisa
mais assustadora de todas.
“Chase entendeu o que estava acontecendo com ele, visto
que ele quase estragou todo o meu plano quando me
abandonou naquela balsa. Você realmente deveria ter me
deixado apodrecendo na prisão, Rick.” Ela deu à câmera um
olhar falso de pena. “Mas, em vez disso, você me levou para
casa para me foder como uma rainha e, baby, posso estar
apaixonada por outro homem, mas tenho que admitir que
gostei dessa parte um pouco demais. Você e JJ realmente
sabem como foder uma garota certo. Mas, infelizmente, é aí que
a fantasia termina. Porque quem poderia querer mais de
qualquer um de vocês quando estão tão confusos por dentro?”
Seu lábio se curvou para trás em desgosto e cada insegurança
que eu já tinha descascando como fruta madura. “Sabem o que
eu gostei ainda mais do que toda a foda e todas as brigas por
mim como animais famintos enquanto destruí sua pequena
família?” Ela se inclinou para mais perto da câmera enquanto
o pavor percorria meu ser e gelava todo o meu corpo. “Ver como
vocês estão quebrados, ouvir cada detalhe de seus contos
tristes ao longo de todos os anos que estivemos separados.
Desejei fazer vocês sofrerem há muito, muito tempo e saber que
todos estiveram aqui no inferno esse tempo todo é o presente
mais doce que poderiam me dar em pagamento. Shawn pode
ter fodido Chase por fora, mas fodi todos vocês por dentro. Eu
era o demônio dormindo em suas camas, fazendo vocês
amarem uma garota que morreu há dez anos. Carma é um
chute nas bolas, não é? E a vingança tem um gosto tão doce.”
Ela sorriu, balançando a cabeça para todos nós, fazendo-me
sentir tão fodidamente pequeno que queria desaparecer
completamente. “Com licença, o vilão de Bond, acho que
Shawn passou para mim e dez anos é um tempo infernalmente
longo para planejar sua destruição. Acho que devo um
momento para aproveitar o sol.” Ela suspirou satisfeita quando
um relâmpago brilhou no céu atrás dela. “De qualquer forma,
mantenha o vira-lata como uma lembrança de mim, não é?
Estou indo para casa para o meu homem agora. Onde eu
pertenço.” Ela balançou os dedos para a câmera em um adeus,
em seguida, virou a mão e deu o dedo do meio antes de cortar
o vídeo.
Silêncio caiu como a morte indo sobre o mundo inteiro e
meu braço abaixou ao meu lado com o telefone agarrado
dolorosamente na minha mão.
Nós três olhamos para o mar agitado enquanto a
tempestade soprava e ganhava força, o céu escurecendo para
o mais profundo, o cinza da lápide.
“Ela está mentindo,” Fox murmurou, quebrando o silêncio
por fim, mas não havia convicção real nessas palavras. Todos
ouvimos o que ela disse, todos vimos a maneira como seu rosto
se contorceu com vingança, como seus olhos brilharam com
vitória. Isso tudo era uma trama de vingança doentia, e nós
éramos os idiotas estúpidos que caíram nessa.
Maverick de repente caiu de joelhos e começou a socar as
tábuas do píer, repetidamente, até que seus nós dos dedos
começaram a sangrar. Caí sobre ele, incapaz de apenas ficar lá
e vê-lo desmoronar enquanto eu lutava contra ele contra meu
peito e ele rosnava furiosamente por entre os dentes. Eu podia
sentir sua dor tão intensamente quanto a minha, dividindo
algum pedaço vital do meu corpo enquanto tentava raciocinar
com tudo que acabara de ouvir e encontrar uma maneira de
recusar. Mas eu não conseguia ver nenhuma razão para ela
mentir. E havia muita verdade em suas palavras que tornavam
tudo muito real.
Meu estômago deu um puxão quando me lembrei que ela
estava tentando pegar nossas chaves. Eu mesma vi isso. Eu
até devolvi a ela as que encontrei em seu trailer, confiando que
ela não abriria aquela cripta.
Oh porra, porra, porra.
“Dê-me seu telefone,” Fox exigiu de repente, caindo ao
nosso lado e batendo nos meus bolsos enquanto tentava
encontrá-lo. Puxei-o para fora, empurrando-o em sua palma
enquanto Maverick me afastava com uma cotovelada e
enterrava o rosto nas mãos ensanguentadas.
“Luther,” Fox latiu enquanto fazia uma ligação. “Você
precisa interceptar Rogue, ela está a caminho da Mansão
Rosewood sozinha, não importa o motivo, porra, apenas pare-
a!” Ele estrondou, desligou e olhou para mim com as mãos
trêmulas e os olhos selvagens.
“Diga que ela não quis dizer isso.” Ele agarrou minha
camisa em seu punho, puxando-me para mais perto enquanto
comecei a escorregar para um abismo escuro de caos e agonia
dentro de mim. “Diga que tudo isso é uma porra de uma piada,
alguma outra maneira de me torturar que vocês dois estão
envolvidos, qualquer coisa, menos isso sendo verdade.”
Abri e fechei minha boca, minha garganta queimando e
meu coração tão partido que eu sabia que nunca iria me
recuperar.
“Eu não posso,” engasguei e a mágoa percorreu a
expressão de Fox enquanto ele procurava nos meus olhos por
uma mentira, mas não encontrou nenhuma lá.
Ele virou a cabeça para o céu e rugiu de fúria quando as
nuvens se separaram e a chuva começou a cair sobre nós, o
frio escorrendo pelo meu corpo e me envolvendo por inteiro.
Mutt uivou para o céu com ele, um ruído triste deixando sua
garganta como se entendesse que tinha sido deixado para trás
também.
Isso não está acontecendo.
Este não é o fim da nossa história.
Mas eu sabia em minha alma que era.
Rogue tinha me jogado como um tolo, se vingando de
todos nós como um lobo brincando com cordeiros. Agora ela
nos fez em pedaços, deixando-nos ensanguentados em seu
rastro. E tudo em que eu conseguia pensar era que deveria
saber. Porque Rogue Easton nunca poderia realmente amar os
meninos que a destruíram. Nós a quebramos e nunca
deveríamos esperar perdão por isso. E agora estávamos
finalmente pagando o preço dessa traição e foi o pior tipo de
tortura que eu já conheci.
Larguei o barco perto do cais da Casa Harlequin e saltei
no momento em que a tempestade me atingiu e a chuva
despencou das nuvens.
Senti uma dor no peito que continuava crescendo, se
intensificando, tentando me forçar a sair desse caminho e fazer
outra escolha. Qualquer outra escolha. Mas esse era o
problema. Não havia nenhuma. Não uma que pudesse salvá-
los de si mesmos ou da maldição de me querer. Essa era a
única solução que funcionava, e eu estava decidida a toma-la.
O beijo das gotas de chuva fria contra minha pele ajudou
a aguçar meu foco enquanto forcei aquele nó de tensão
profundamente em meu intestino e o prendi com todos os
outros pensamentos ruins e sentimentos contidos em minha
alma dolorida.
Isso não era sobre mim. Nunca foi. Nunca deveria ter sido.
Caminhei até a casa quando um raio irrompeu no céu
acima, entrando pela porta dos fundos e olhando ao redor para
o prédio escuro com alívio quando percebi que Luther
claramente tinha saído.
Demorei um momento na cozinha, respirando as
memórias do tempo que passei aqui com os meninos Harlequin
e me perguntando se algum dia tive a chance de fazer isso de
maneira diferente. Mas quando olhei para o espelho no
corredor, vendo meus lábios machucados e o vazio em meus
olhos, sabia que não poderia. Shawn estava certo sobre mim a
esse respeito. Eu era apenas um brinquedo quebrado, lutando
contra meu lugar neste mundo quando todos ao meu redor
podiam ver onde eu estava destinada a terminar. Então era
apenas eu aceitando esse destino.
Entrei na cozinha e abri um dos armários, empurrando as
caixas de cereal para o lado antes de pegar a arma que estava
escondida lá e enfiá-la na parte de trás do meu short. Então
me afastei da casa cheia de memórias, indo para a garagem e
arrebatando as chaves do meu Jeep do gancho antes de descer
correndo as escadas.
O telhado estava abaixado, mas eu não me importava com
isso. Eu queria sentir a chuva na minha carne. Queria sentir
algo diferente da queimadura dentro de mim que estava
lutando contra todas as minhas tentativas de contê-la.
Liguei o motor e saí da garagem sem olhar para trás.
Os Harlequins que guardavam os portões deram um passo
à frente como se tivessem uma ideia para bloquear minha fuga,
então eu simplesmente apliquei meu pé no acelerador e bati
direto nos portões de metal. O impacto enviou um pico de
choque através de meus membros, mas então saltei sobre a
ferragem caída e parti para a noite com os gritos dos
Harlequins me perseguindo.
Escolhi a rota mais direta pela cidade enquanto a chuva
aumentava sua intensidade, batendo em mim e grudando meu
cabelo nos ombros e minhas roupas na minha carne.
Eu me concentrei na sensação disso. Afogando tudo com
a sensação de frio e umidade enquanto eu acelerava pelas ruas
que uma vez amei tanto e me dirigi para o meu fim.
A explosão de uma buzina me forçou a sair da minha
turbulência sem fim e olhei para cima para ver no meu espelho
enquanto uma caminhonete azul acelerava atrás de mim,
piscando suas luzes e tocando sua buzina em uma clara
demanda para que eu encostasse.
Meu coração batia forte enquanto eu dirigia mais rápido,
ignorando a caminhonete enquanto seu motor rugia sobre o
som da chuva e mantive meu olhar focado no meu destino.
“Rogue!” A voz de Luther berrou acima do ronco dos
motores e queda da chuva e olhei no meu espelho novamente,
vendo-o atrás do volante, suas feições definidas em um
grunhido determinado. “Pare a porra do carro antes que eu
tenha que fazer você parar!”
Eu não respondi. Não havia palavras que eu pudesse
oferecer a ele de qualquer maneira e minha mente estava
tomada, meu destino se aproximando. Eu poderia acabar com
isso. Eu tinha que acabar com isso.
Acelerei com mais força, fazendo a próxima curva tão
rápido que minhas rodas traseiras escorregaram na pista
molhada. Endireitei a roda com meu coração na garganta
enquanto o som da buzina de Luther soava repetidamente.
Mas eu estava tão perto agora. Eu não conseguia parar.
Só tinha que chegar lá e a agonia dessa decisão seria tirada de
meus ombros. Seria tarde demais para voltar atrás e eu
finalmente seria capaz de fazer algo de bom na minha vida
miserável.
Luther gritou comigo de novo, mas só aumentei minha
velocidade, correndo entre as árvores enquanto disparava pela
estrada. Mas quando fiz a próxima curva, Luther puxou para
me ultrapassar, o motor de sua caminhonete muito mais
potente que o meu e por um breve momento, olhei para ele
enquanto dirigíamos pescoço a pescoço e a chuva caía sobre
mim.
O clarão dos faróis chamou minha atenção para a estrada
novamente quando o toque de uma buzina me alertou para o
caminhão vindo na direção oposta.
Gritei em alarme, sacudindo o volante enquanto Luther
era forçado a se aproximar de mim para evitar a colisão. Mas
minhas rodas não tinham tração na estrada saturada e quando
a caminhonete de Luther bateu em minha traseira, o mundo
saiu do meu controle.
O Jeep atingiu a beira e meu estômago saltou na minha
garganta quando as rodas saíram da estrada. Meus dedos
ficaram brancos onde agarrei o volante e meu pé pisou fundo
no freio, apesar de alguma parte de mim saber que já era tarde
demais.
O mundo girou, o guincho dos freios e o barulho de vidro
e metal tudo que eu tinha enquanto o carro capotava e eu era
atirada para as árvores dentro dele, medo capturando meu
coração em um torno e apertando com força. Os airbags
explodiram na minha cara e fiquei presa contra a cadeira por
vários segundos antes de esvaziar novamente e me vi
pendurado de cabeça para baixo pelo cinto de segurança.
Tossi uma maldição enquanto me soltava e caía do meu
assento, jogando minha porta aberta enquanto saía dos
destroços e me empurrava para cima, meu corpo
surpreendentemente intacto depois de sobreviver àquela
merda.
A explosão da buzina do caminhão correndo soou
enquanto o idiota continuava descendo a estrada, deixando-
nos aqui para apodrecer e eu silenciosamente desejei uma
morte sangrenta para ele em um futuro próximo.
Minha cabeça zumbiu enquanto eu procurava a
caminhonete de Luther e engoli um nó na garganta quando a
vi enrolada em uma árvore um pouco longe de mim.
Tropecei até ele, sacando minha arma hesitantemente
enquanto o medo rastejava ao longo da minha espinha e eu o
encontrei caído contra o volante com um rastro de sangue
escorrendo de sua têmpora.
Inclinei-me, pressionando dois dedos em seu pescoço e
cedendo de alívio quando localizei um pulso que foi seguido de
perto por um gemido de dor escapando de seus lábios.
Seu celular estava preso em um suporte no painel e passei
por ele para pegá-lo, segurando-o na frente de seu rosto e
conseguindo desbloqueá-lo com o reconhecimento facial.
Rapidamente enviei uma mensagem para seus homens,
deixando um alfinete de mapa onde estávamos e dizendo a eles
onde ir ajudá-lo antes de enviar uma foto do acidente para que
soubessem que deveriam se apressar.
Mas quando me movi para colocar o telefone de volta em
seu colo, Luther se mexeu e pegou meu pulso, me fazendo
ofegar enquanto tentava recuar.
“Não faça isso com eles,” Luther murmurou. “O que diabos
você pensa que está fazendo. Só não faça.”
Olhei em seus olhos, vendo toda a dor de seu passado ali
e sabendo que ele temia que eu o presenteasse a seus meninos
também. Mas ele não entendia. Minha partida não era o que
iria quebrá-los. Era eu ficar que faria isso.
“Estou tentando salvá-los,” murmurei, mas tinha certeza
de que ele nem me ouviu quando seus olhos rolaram para trás
e seu aperto caiu novamente.
Verifiquei duas vezes seu pulso para ter certeza de que ele
só desmaiou, então me virei e disparei por entre as árvores.
Eu me arrastei de volta para a estrada quando a chuva
caiu sobre mim e um trovão estourou no céu.
Assim que meus pés atingiram o asfalto, comecei a correr,
meu destino agora estava tão perto. O fim quase sobre mim.
Mas enquanto eu corria em direção aos portões iminentes,
a voz de Luther retumbou atrás de mim, seguida por um tiro
que arrancou um pedaço da estrada alguns metros à minha
esquerda.
“Pare!” Ele berrou e derrapei até parar, virando-me para
olhar para ele através da chuva forte enquanto ele estava lá na
estrada, uma mão segurando seu lado enquanto a outra
segurava a arma apontada para mim. “Essa é uma ordem do
seu chefe de merda.”
Arqueei uma sobrancelha com suas palavras, a tatuagem
Harlequin na parte de trás da minha coxa parecendo apertar
como uma guia em volta da minha alma. Mas eu não era sua
marionete e ele não puxaria minhas cordas. Eu tirei minha
própria arma da parte de trás do meu short e apontei para ele
em troca.
“Você estava certo sobre mim,” gritei para ele durante a
tempestade. “Estava certo em se livrar de mim naquela época.
Eu sou uma maldição, assim como você disse. Mas agora vou
consertá-la.”
“Não posso deixar você fazer isso, gata selvagem,” Luther
avisou, tropeçando em um joelho enquanto eu agarrava a arma
com mais força.
“Não me faça puxar o gatilho,” falei ferozmente, minha
postura apertando. “Apenas me deixe ir.”
Os portões atrás de mim se abriram e embora eu não
tivesse virado minha cabeça, sabia exatamente quem estava se
chegando em mim por trás. Eu podia sentir sua presença como
um manto de escuridão caindo sobre meus ombros.
“Bem, o que temos aqui?” Shawn chamou, sua voz
misturada com entusiasmo quando viu a cena e meus dedos
tremeram levemente ao redor da arma.
O objetivo de Luther mudou para ele e medo torceu
através de mim enquanto seu lábio superior puxava para trás
em um aviso.
“Cai fora, Shawn, ou colocarei uma bala entre seus olhos,”
Luther avisou.
“Bem, foram vocês que apareceram na minha porta no
meio da noite, acordando as crianças e causando confusão.
Então, acho que estou dentro do meu direito de saber o que
estão fazendo aqui, não é, docinho?” Seus dedos roçaram
minha espinha quando ele se aproximou de mim e um arrepio
de medo passou por mim.
Isso era uma loucura. Eu sabia. Mas fiz minha escolha e
iria cumpri-la.
“Estou em casa,” falei asperamente, forçando minha
língua a dobrar em torno das palavras que eram só para ele.
“Assim como você queria. Para que você pare de machucar
todos ao meu redor.”
“Afaste-se dela,” Luther rosnou, seu braço tremendo
enquanto tentava manter sua arma firme contra a dor de seus
ferimentos.
“Nah. Não acho que vou.” A explosão de um tiro soou bem
ao lado da minha orelha e gritei em alarme enquanto meu
cérebro lutava para recuperar o que tinha acontecido.
Luther caiu para trás com um baque nauseante, o clarão
dos faróis iluminando-o por trás enquanto ele desabava na
estrada com um grunhido de agonia enquanto colocava a mão
sobre o ferimento em seu estômago e Shawn riu sombriamente.
“Bem, esta é uma boa surpresa,” ele ronronou,
estendendo a mão para agarrar meu queixo e me fazer olhar
para ele finalmente.
Seus olhos azuis encontraram os meus, a fome clara
quando um sorriso selvagem encheu seu rosto e ele bebeu ao
me ver, tirando cada centímetro da minha dor de dentro de
mim para que pudesse vê-la por completo.
“Olhe para você,” ele respirou, seus dedos mordendo
minha carne. “Toda fodida por dentro e pronta para vir
implorar pelo meu perdão. Diga-me, meu doce, doeu muito
quando você fez a escolha de voltar para mim?”
Segurei meu silêncio enquanto o medo me levava cativa,
mas algo muito mais inebriante do que isso empurrou seu
caminho para dentro de mim também e eu cedi à loucura disso
enquanto girei minha arma e a apertei contra seu estômago,
me perguntando se eu poderia acabar isso de forma ainda mais
simples do que eu havia planejado.
Mas o beijo frio de sua arma contra minha têmpora me
congelou enquanto seu sorriso crescia.
“Impasse,” Shawn zombou, pressionando-se para frente
para que minha arma cravasse em seu abdômen ainda mais
forte. “Mas eu gosto mais das minhas chances se nós dois
puxarmos o gatilho.”
“E agora?” Perguntei, meu pulso martelando enquanto me
forcei a manter o olhar do homem que tentou me matar não
muito tempo atrás.
“Agora você vai largar essa coisa ou vou me arriscar com
nós dois atirando.”
Quase aceitei isso. Meu dedo apertando o gatilho com o
desejo desesperado de apenas fazer, deixá-lo me tirar deste
lugar e trazê-lo comigo para acabar com essa merda de uma
vez por todas. Mas eu conhecia o diabo diante de mim e sabia
que um tiro no estômago não seria o fim dele. O que significava
que minha morte não serviria para nada. E o triste era que
mesmo agora, sabendo a vida que estava me entregando, ainda
não conseguia me decidir a escolher a morte em vez dela.
Soltei minha arma com um suspiro trêmulo no momento
em que uma bala rasgou o ar e o carro que se aproximava rugiu
em nossa direção.
Shawn colidiu comigo, me levando para fora antes que eu
pudesse entender o que estava acontecendo e tiros ecoaram
pelo céu quando os Harlequins no carro e os Dead Dogs nos
portões abriram fogo uns contra os outros ao mesmo tempo.
Shawn gargalhou enquanto me jogava no chão quando o
carro dos Harlequins derrapou ao lado de Luther, que estava
se apoiando nas mãos e nos joelhos e eles abriram uma porta
para puxá-lo para dentro.
Mais tiros foram disparados em nossa direção e Shawn
saltou, protegendo-se atrás de uma árvore e disparando tiros
por trás dela enquanto Luther rosnava meu nome, seus dentes
cerrados contra a dor de seus ferimentos.
“Rogue! Coloque sua bunda neste carro agora mesmo!”
Luther exigiu.
Fiquei de joelhos quando olhei de volta para ele, vendo a
determinação brilhando em seu olhar enquanto ele se movia
para sair do carro e me agarrar, apesar da ferida sangrando em
seu estômago.
Mas eu não podia permitir. Eu não iria. Porque assim que
eu voltasse para aquela casa com aqueles meninos, o ciclo
simplesmente recomeçaria. Eu nunca seria capaz de quebrá-lo
e só iria acabar quebrando-os, o que era mais do que meu
coração podia permitir.
Então, com um grito de recusa, levantei minha arma para
ele e dei um tiro largo para alertá-lo de volta. Mas Shawn teve
a mesma ideia, saindo da cobertura e disparando sua própria
arma, que acertou Luther bem no peito, jogando-o de volta no
carro com um grito de dor e fechando a porta final da minha
antiga vida. Medo cortou minha alma. Eu nunca poderia voltar
lá agora. Eu tinha acabado de cometer o pecado capital e cada
Harlequin que se preze estaria fora do meu sangue em
retaliação pelo que eu fiz ao atacar seu líder.
Com uma dispersão final de tiros, os Harlequins giraram
o carro enquanto se curvavam ao redor do corpo de Luther no
banco de trás com gritos cheios de dor, correndo pela rua e
deixando o silêncio em seu rastro. O horror subiu pela minha
espinha quando a realidade se apoderou de mim. Luther
Harlequin provavelmente estava morto. E eu o trouxe aqui, o
que me tornou responsável. Por que ele não poderia
simplesmente me deixar ir? Por que não poderia ter ouvido,
porra?
Uma mão se fechou sobre a minha e a arma foi arrancada
de minhas mãos enquanto eu apenas olhava para as luzes
traseiras, observando meu último tiro na vida que sempre
desejei arrancar de mim e cimentar esta decisão
irrevogavelmente.
“Bem, bem, bem, parece que você realmente está pronta
para começar a se arrepender de seus pecados comigo, não é,
docinho?” Shawn ronronou em meu ouvido enquanto estendia
a mão para mim, esperando que eu a pegasse e o deixasse me
levar para dentro.
Eu me dei um único segundo para sentir. Meu amor pelos
quatro meninos que eram meus desde que eu conseguia me
lembrar. A alegria que senti em seus braços, a segurança que
encontrei em seus abraços e o prazer que eles presentearam
meu corpo. Tudo me fez doer e queimar de necessidade até que
eu tivesse certeza de que iria entrar em combustão com o calor.
Eu os amei tanto que doeu. Estava doendo por dez longos
e solitários anos e agora eu sabia o porquê. Porque era muito
e o custo era muito alto. Roubei o gostinho de algo que nunca
poderia manter e agora era hora de pagar. O Diabo não se
importava com meu dinheiro, não importava o quanto eu
pudesse roubar. Ele só queria minha alma em pagamento pela
deles e, embora fosse uma coisa danificada e quebrada, eu
estava disposta a sacrificá-la por eles. E tudo que eu podia
esperar era que fosse o suficiente.
Respirando fundo, deixei de lado meu amor por eles e
deixei que a chuva o lavasse de minha carne. Já estava além
da hora de aceitar minha sorte na vida e era isso. Eu era a
garota que não podia reivindicar o amor ou viver um sonho
bonito, eu era aquela que ninguém queria, mas muitos
ansiavam. Eu era a mancha neste lugar de sol e sonhos
perdidos. E agora eu era o sacrifício necessário para sua
chance de paz.
Passei pelos portões e coloquei minha mão na de Shawn,
prendendo a respiração enquanto ele me arrastava contra seu
peito com um largo sorriso reivindicando seus traços
esculpidos.
“Oh, docinho, senti tanto sua falta,” ele murmurou, seu
olhar caindo para tomar a pressão dos meus mamilos contra a
camisa de JJ que a chuva estava fazendo grudar na minha
pele.
“Prometa que vai parar a guerra como disse que faria,”
rosnei, sabendo que tinha muitas poucas fichas para jogar,
mas aposto que essa peça valeria o suficiente.
“Através do meu coração e morte,” Shawn jurou, pintando
uma cruz sobre o vazio em seu peito que deveria conter um
coração. “Contanto que você seja legal comigo. Então, o que
você me diz? Você está pronta para ser uma boa garota para
mim?”
Um arrepio correu pela minha espinha enquanto forcei
todas as minhas emoções e dor de cabeça para longe e me
devolvi ao vazio em que existia por tanto tempo antes de voltar
aqui. Eu poderia ser aquela garota de novo. Eu faria isso por
eles. Então, quando aquele entorpecimento se apoderou de
mim e aceitei minha sorte no mundo de uma vez por todas,
concordei.
“Sim,” murmurei, ignorando os medos que se apegaram à
minha pele com a passagem daquela palavra pelos meus
lábios. “Sou sua.”
Sim, que dia para se alegrar. Minha torta de açúcar estava
em casa e pronta para quebrar. Ela era toda língua afiada e
espinha dorsal esses dias e eu estava ficando duro só de pensar
em esmagar seu espírito. Mia tinha sido um brinquedo
divertido por um tempo, mas Rogue Easton era o Buzz
Lightyear10 dos brinquedos e eu planejava colocar meu nome
em seu pé, então ela sabia exatamente a quem ela pertencia.
Por enquanto, eu esperaria meu tempo, jogaria o jogo
longo enquanto começava a cavar em suas paredes,
encontraria caminhos sob sua carne novamente. Era uma bela
arte, que eu aperfeiçoei e trabalhei ao longo dos anos. Sempre
sentia os quebrados e sua fraqueza pelo amor. Eles tinham um
desejo desesperado de serem necessários, de ter um lugar
constante para descansar a cabeça e fazer parte de algo. E
providenciei isso enquanto os conduzia a um estado de

10 O brinquedo astronauta do filme Toy Story.


insegurança, certificando-me de que os únicos elogios em que
eles acreditaram fossem os que saíssem dos meus lábios e
sabendo que eu poderia tirar sua confiança com nada além de
uma única palavra cortante.
Mm, sim, eu gostaria de ter Rogue de joelhos novamente.
Eu a quebraria totalmente desta vez, daria a ela toda a minha
atenção. Quando a tive antes, eu estava ocupado construindo
os Dead Dogs e fodendo qualquer coisa que se movia quando
ela não estava por perto. Mas agora? Meu pau estava doendo
para ser enterrado na boceta subserviente do meu maior
desafio. Ela não ia me deixar entrar facilmente de novo, mas
eu sabia como jogar. Eu seria doce e terno, misturado com
nojento e frio. Eu me certificaria de ser a mão que alimentava
e a que levava. E quando ela percebesse que eu era o mestre
de seu universo, ela daria um salto.
Porque eu não era só destruição, eu gostava de dar
palavras doces a garotas muito quebradas também. Gostava
de ver seus olhos brilharem quando lhes dava minha atenção
e gostava especialmente quando elas imploraram para me
agradar. Eu a faria feliz assim que ela percebesse que eu era
seu deus, e quanto mais rápido ela começasse a me servir,
mais rápido começaria a desfrutar disso.
Ajustei meu pau duro na minha calça jeans enquanto
caminhava pelos jardins de Rosewood com uma vara da boa e
velha dinamite da moda em minha mão e um charuto
comemorativo enfiado entre meus lábios.
Eu estava usando dois colares de corrente de ouro da
Kaiser e uma camisa de seda vermelha que fez maravilhas com
o meu tom de pele, obrigado. Seu guarda-roupa era eclético
para dizer o mínimo, e descobri que gostava de usar minha
exuberância por fora e por dentro.
Fui até o cemitério na extremidade da propriedade e joguei
a ponta do meu charuto nas lápides enquanto comecei a
assobiar. Era uma bela noite para desordem, a tempestade
ainda pesada no ar, embora a chuva tivesse diminuído para
uma garoa leve agora que se agarrava ao meu cabelo. O trovão
resmungou ao longe enquanto eu chegava à enorme cripta de
pedra e sorria para suas paredes cinzentas.
Agora que Rogue estava em casa, era hora de colocar mais
algumas bolas de destruição em movimento. Eu estava
evitando entrar neste lugar porque queria estar de bom humor,
e agora meu espírito estava no auge e eu estava me sentindo
pronto para ver quais segredos estavam dentro de suas
paredes.
Coloquei a dinamite no chão perto da porta, tiro o isqueiro
Zippo de Chase Cohen e acendo o pavio da dinamite antes de
dar meia-volta.
Eu me abriguei atrás de uma grande lápide, abaixando
minha cabeça enquanto a chama chiava até o graveto e... bum!
“Woo-wee!” Assobiei enquanto a porta de pedra se
transformava em merda e cascalho caia no ar.
Fiquei de pé, sem pressa enquanto cambaleava para o
espaço escuro além da porta destruída e usei o isqueiro para
ver o que estava escondido aqui.
Havia sacos de coisas escondidas ao redor da tumba, mas
meu olhar se fixou em uma fita vermelha saindo de uma caixa
de madeira no topo do sarcófago de pedra. Eu me movi em
direção a ela, apertando-a entre meu indicador e polegar e
olhando para dentro da caixa. A fita foi presa a um antigo
medalhão com o símbolo do Cartel Castillo. Meu queixo caiu
enquanto as memórias agitavam em minha mente sobre esse
nome e olhei para os outros objetos na caixa com descrença e
a porra de alegria absoluta correndo por mim.
Bem, meu Deus, porra. Este é um jackpot e tanto.
“Seus meninos travessos, travessos,” ronronei, sorrindo
triunfantemente para o meu prêmio. “Peguei vocês pelas bolas
agora.”
Olhei de volta para a porta, certificando-me de que
nenhum dos meus homens estava me espreitando lá fora,
querendo manter este pequeno segredo meu até que eu
descobrisse o que fazer com ele. Este dia estava ficando melhor
e melhor pra caralho.
Eu era agora o guardião de uma verdade muito suja. E
cabia a mim fazer o que quisesse. Então ajudem os filhos da
puta dos Harlequins, quase senti pena deles, porque eu era o
seu maldito apocalipse.
Mas oh, que jeito doce eles iriam cair.
Bem, bem, bem, o que temos aqui? Parece que um leitor
amaldiçoando nossos nomes e se perguntando por que leu
nossos livros novamente enquanto se prepara para a próxima
montanha-russa de uma só vez.
Oh, desculpe, fui um pouco Shawn em você lá.
Umm.
Então o que eu quis dizer foi, ei, você está bem? Espero
que sim. Porque não temos satisfação em juntar suas lágrimas
em nossos potes de sustento, embora eu admita que elas
ajudem a alimentar o próximo livro, então talvez haja um lado
bom em toda a traição, mágoa e carnificina geral que
presenteamos você neste livro.
Desculpe pelo olho de Chase.
História engraçada sobre isso, Caroline tinha um grande
plano secreto para o que ela queria que acontecesse com ele no
final do último livro e ela se recusou a me dizer o que ia ser,
querendo que eu lhe desse a reação crua para que nós
decidíssemos se estava indo longe demais ou não. Então eu
estava dirigindo um dia, cantando músicas da Disney com as
crianças como padrão (Venha me desafiar a cantar You're
Welcome uma vez e então você verá onde estão meus
verdadeiros talentos) e me ocorreu que Shawn iria
provavelmente ir duro com alguém que ele estava torturando,
então sugeri a Caroline que ele desse uma olhada. QUE SE
TORNOU SEU PLANO SECRETO JÁ!!!! Kapow. A fusão mental
irmã ataca novamente. Então é claro que naquele momento seu
destino estava escrito, seu olho estava condenado e o fodido
Shawn venceu mais uma vez.
Então, novamente, todos vocês disseram que queriam que
ele sofresse muito após o fim do Sinners' Playground, então
alguns podem dizer que vocês colhem o que plantam. De
qualquer forma, ele claramente ainda não sofreu o suficiente e
acho que está em algum lugar agora, vivendo uma nova vida
como produtor de leite, ordenhando vacas e cabras até seus
dedos doerem. Vamos torcer para que ele não chore no leite e
torne tudo salgado.
Falando em salgado, eu me pergunto como o resto dos
garotos Harlequin estão se sentindo agora? Hummmmm….
Acho que você terá que vir nos perseguir para o próximo
livro para descobrir.
E o mais importante de tudo, nós amamos você,
agradecemos por ler apesar de nossas tendências um tanto
malignas e mal podemos esperar para lhe dar mais de nossas
palavras em breve.
Amor Susanne & Caroline x

Você também pode gostar