Você está na página 1de 5

OSTENSIVO CAAML-1202 OSTENSIVO CAAML-1202

desconhecimento das precauções de segurança.


As principais causas de incêndios a bordo de navios, são as seguintes:
- cigarros e fósforos atirados em locais impróprios;
- trapos e estopas embebidos em óleo ou graxa;
- acúmulo de gordura nas telas e dutos de extração da cozinha;
- serviços com equipamento de solda elétrica ou oxiacetileno;
- não observância de todos os compartimentos adjacentes aos que estão sendo realizados
serviços de corte ou solda; Fig. 2.6 - Retirada do comburente

- equipamentos elétricos ligados, desnecessariamente, por período de tempo


Não havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo. Como
considerável;
exceções, estão os materiais que têm oxigênio em sua composição e queimam sem
- porão com acúmulo de óleo ou lixo;
necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgânicos e o fósforo branco.
- vasilhames destampados contendo combustíveis voláteis;
Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o
- uso desnecessário de materiais combustíveis;
combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar
- instalações e equipamentos elétricos deficientes;
próxima de 8%, quando não haverá mais combustão. Colocar uma tampa sobre um recipiente
- materiais inflamáveis ou combustíveis de bordo, tais como óleos, graxas, tintas,
contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela
solventes etc., armazenados indevidamente;
acesa, são duas experiências práticas que mostram que o fogo se apagará tão logo se esgote o
- presença de vazamentos em sistemas de óleo combustível e lubrificante;
oxigênio em contato com o combustível.
- presença de óleo combustível ou lubrificante em isolamento térmico de descargas de
Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores,
motores;
vapor d’água, espumas, pós, gases especiais etc. (Figs. 2.6-A, 2.6-B e 2.6-C).
- partes aquecidas de máquinas próximas a redes de óleo;
- uso de ferramentas manuais ou elétricas em tanques não devidamente desgaseificados,
ou nos compartimentos adjacentes a esses tanques;
- fritadores elétricos superaquecidos; e
- lâmpadas sem proteção.
2.4 - MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS
2.4.1 - Abafamento
O primeiro método básico de extinção de incêndios é o abafamento, que consiste em
reduzir a quantidade de oxigênio abaixo do limite de 13% (Fig. 2.6).

Fig. 2.6-A Fig. 2.6-B Fig. 2.6-C


Extinção por abafamento

OSTENSIVO - 2-5- REV.2 OSTENSIVO - 2-6- REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202 OSTENSIVO CAAML-1202

2.4.2 - Resfriamento 2.4.3 - Isolamento


É o método mais antigo de se apagar incêndios, sendo seu agente universal a água. Consiste na retirada do combustível, o que geralmente é utilizado quando não dispomos
Consiste em reduzirmos a temperatura de um combustível, ou da região onde seus gases estão de equipamentos adequados para combater o incêndio. Como exemplo, podemos citar o
concentrados, abaixo da temperatura de ignição, extinguindo o fogo. fechamento de uma válvula de gás ou retirada de material inflamável das proximidades de um
Raciocinando com o triângulo do fogo, isto consiste em afastar o lado referente à foco de incêndio (Fig. 2.9).
temperatura de ignição. Alguns manuais consideram a retirada do material como um método de extinção, porém
Com apenas dois lados (combustível e comburente), não há fogo (Fig. 2.7). consideraremos apenas como uma etapa do processo de extinção, haja vista que se baseia na
retirada do material combustível.

Fig. 2.7 - Retirada da temperatura Fig. 2.9 - Retirada do combustível

Cabe ressaltar que somente por resfriamento podem ser extintos os incêndios de 2.4.4 - Quebra da reação em cadeia
combustíveis que tenham comburente em sua estrutura íntima (pólvora, celulóide etc.). Esses Processo de extinção de incêndios em que determinadas substâncias são introduzidas na
incêndios não podem ser extintos por abafamento (Fig. 2.8). reação química da combustão, com o propósito de inibi-la. Neste caso é criada uma condição
especial (por um agente que atua em nível molecular) em que o combustível e o comburente
perdem, ou têm em muito reduzida, a capacidade de manter a reação em cadeia. A reação só
permanece interrompida enquanto houver a efetiva presença do agente extintor, que deverá
ser mantido até o resfriamento da área, natural ou por um dos meios conhecidos.
Um dos agentes extintores por quebra da reação em cadeia mais conhecido na Marinha
do Brasil é o halon, que é um agente extintor de compostos químicos formados por elementos
halogênios (flúor, cloro, bromo e iodo), porém, sua fabricação foi banida pelo Protocolo de
Montreal, por ser nocivo à camada de ozônio. De acordo com o próprio Protocolo, seu uso é
permitido para fins militares e extinção de incêndio em Navios.
2.5 - CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS
A Associação Brasileira de Normas Técnica – ABNT, por meio da NBR 12693,
classifica os incêndios de acordo com os materiais neles envolvidos. Essa classificação é feita
Fig. 2.8 - Resfriamento em tanques de gás

OSTENSIVO - 2-7- REV.2 OSTENSIVO - 2-8- REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202 OSTENSIVO CAAML-1202

para determinar os agentes extintores adequados para cada tipo de incêndio. 2.5.2 - Incêndio classe “B”
2.5.1 - Incêndio classe “A” São os que se verificam em líquidos inflamáveis (óleo, querosene, gasolina, tintas,
São os que se verificam em materiais fibrosos ou sólidos, que formam brasas e deixam álcool etc.) e também em graxas e gases inflamáveis (Fig. 2.12).
resíduos. São os incêndios em madeira, papel, tecidos, borracha e na maioria dos plásticos
(Fig. 2.10).

Fig. 2.12 - Incêndio classe B - líquido combustível

Método de extinção:
Necessita para a sua extinção do abafamento ou quebra da reação em cadeia. No caso
Fig. 2.10 - Incêndio classe A – madeira
de líquidos muito aquecidos (acima do ponto de ignição), é necessário também resfriamento
(Fig. 2.13).
Método de extinção:
Necessita de resfriamento para a sua extinção, isto é, do uso de água ou soluções que a
contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão
abaixo do seu ponto de ignição (Fig. 2.11).
O emprego de pó químico irá apenas retardar a combustão, não agindo na queima em
profundidade.

Fig. 2.13 - Extinção de incêndio classe B com uso de espuma

2.5.3 - Incêndio classe “C”


São os que se verificam em equipamentos e instalações elétricas, enquanto a energia
estiver alimentada, como, por exemplo, um motor elétrico ligado (Fig. 2.14).
Fig. 2.11 - Uso de água para extinção de incêndio classe A

OSTENSIVO - 2-9- REV.2 OSTENSIVO - 2-10- REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202 OSTENSIVO CAAML-1202

2.5.5 - Incêndio classe “K”


São os que se verificam em gordura animal, vegetal e têm sido por muito tempo a
principal causa de incêndios em cozinhas. A natureza especifica desses incêndios é diferente
da maior parte dos outros incêndios, mesmo aqueles que envolvem outros líquidos
inflamáveis como gasolina, óleo combustível e lubrificante.
Nos Estados Unidos esta nova classe de incêndio foi reconhecida pela NFPA (National
Fire Protection Association), através da norma NFPA 10.
Fig. 2.14 - Incêndio classe C
Método de extinção: Os óleos de cozinha usados para fritura têm uma faixa ampla de temperaturas de

Para a sua extinção é necessário um agente extintor que não conduza a corrente elétrica autoignição, que pode ocorrer em qualquer intervalo de 288°C a 385°C.

(Fig. 2.15) e utilize o princípio de abafamento ou quebra da reação em cadeia. Depois de ocorrida a autoignição, o óleo mudará ligeiramente sua composição ao queimar-se,
tornando a nova temperatura de autoignição mais baixa que a original. Com isso o incêndio
tornar-se-á autossustentável, a menos que a massa inteira de óleo seja resfriada a uma
temperatura abaixo desta nova.
Método de extinção:
O agente extintor ideal é o Pó Químico Umedecido, que consiste numa solução de água
com Acetato de Potássio, Carbonato de Potássio, Citrato de Potássio ou uma combinação
destes compostos.
A água da composição tem a função de resfriamento do produto, permitindo que a
temperatura permaneça abaixo do ponto de autoignição. Enquanto isso, através de uma reação
Fig. 2.15 - Extinção de incêndio classe C de saponificação dos agentes extintores (C2H3KO2; NaHCO3; C6H5K3O7) com o produto,
ocorre a formação de uma camada superficial de espuma que impede o contato do óleo com o
2.5.4 - Incêndio classe “D”
oxigênio do ar.
São os que se verificam em metais como lítio e cádmio (em baterias), magnésio (em
2.6 - MEDIDAS PREVENTIVAS
motores), selênio, antimônio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio e zircônio.
Considerando-se que, na prática, a eclosão de um incêndio a bordo não pode ser
São exemplos de metais combustíveis. É caracterizado pela queima em altas temperaturas e
definitivamente impedida, especialmente em situações de guerra, é necessário que se adotem
por reagir com extintores comuns (principalmente os que contenham água).
providências não só de prevenção de incêndios, mas também aquelas que venham a atenuá-lo,
Método de extinção:
quando ele for inevitável.
Para a sua extinção, são necessários agentes extintores especiais (pós químicos
Algumas dessas providências fazem parte das próprias normas de construção naval,
especiais) que se fundem em contato com o metal combustível, formando uma espécie de
enquanto outras se fazem intimamente ligadas à doutrina do Controle de Avarias – CAv,
capa que o isola do ar atmosférico, interrompendo a combustão pelo princípio de abafamento.
cabendo ao pessoal de bordo zelar pelo seu cumprimento. A manutenção da doutrina do CAv,
Os pós químicos especiais são compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio,
inclusive a detecção e correção de irregularidades observadas que venham a apresentar riscos
cloreto de bário, monofosfato de amônia, grafite seco (Fig. 2.8).
de incêndios a bordo é de responsabilidade de todos a bordo, cabendo ao Encarregado do
CAv, sua supervisão, com a ajuda dos Encarregados das Divisões, Fiel de CAv do Navio,
OSTENSIVO - 2-11- REV.2 OSTENSIVO - 2-12- REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202 OSTENSIVO CAAML-1202

Fiéis de CAv das Divisões e do pessoal de serviço. adjacente.


Uma adequada prevenção de incêndio deve incluir, conforme já visto, a limitação da Todos os combustíveis líquidos, particularmente aqueles que desprendem vapores
presença de materiais combustíveis a bordo, bem como o controle daqueles que podem ser altamente inflamáveis ou explosivos, devem ser guardados em recipientes próprios com
introduzidos para o atendimento de determinadas conveniências ou exigências do serviço, tampa hermética.
observadas ainda as situações de guerra e de paz. A armazenagem de líquidos inflamáveis tais como tintas, vernizes, óleos e graxas deve
As providências de prevenção e limitação de incêndios a bordo, no que diz respeito ao ser feita em compartimento apropriado, com ventilação forçada.
material inflamável, abordadas nas diversas publicações de Controle de Avarias, podem, A armazenagem de materiais nos dutos de descarga de gases de Praças de Máquinas
então, ser resumidas em cinco aspectos básicos: deve ser proibida.
2.6.1 - Eliminação do material desnecessário à operação militar do navio Deve-se ter especial atenção ao material dos invólucros de sobressalentes, geralmente
O navio deve ter conhecimento dos riscos existentes decorrentes da existência desse feitos de material combustível. Assim que possível, estes sobressalentes devem ser
material e de material estranho a bordo, sua localização e as medidas especiais, se necessário, desempacotados para serem armazenados e os invólucros jogados fora.
a serem tomadas caso ocorra alguma avaria, confeccionando, para tal, uma Tabela de 2.6.4 - Limitação da quantidade de materiais inflamáveis ao mínimo necessário à
Inflamáveis. Todo material introduzido a bordo deve ser relacionado e a sua localização operação em vista
informada ao Encarregado do Controle de Avarias – EncCAv. Essa limitação será mais fácil de ser planejada em tempo de paz, quando a duração de
A faina de preparar o navio para o combate deve prever a utilização dessa Tabela de cada comissão pode ser estimada com rigor.
Inflamáveis, para que sejam removidos de bordo, ou sejam reduzidas as suas quantidades. 2.6.5 - Manutenção do navio nas suas melhores condições de resistência ao fogo
2.6.2 - Especificação do material de bordo Pode ser alcançada por meio da realização de frequentes inspeções, de modo a manter
O projeto das unidades navais deve prever a mínima utilização de equipamentos e os riscos de incêndio reduzidos ao mínimo, e da contínua conscientização da tripulação
acessórios compostos por materiais combustíveis. quanto à necessidade de manter o navio seguro, o que é alcançado através do adestramento
2.6.3 - Armazenamento e proteção do material combustível individual, por equipes e para os quartos de serviço, e de notas em Plano de Dia.
Não armazenar, se possível, material combustível acima da linha d’água, inclusive no 2.7 - REDUÇÃO DE RISCOS DE INCÊNDIO NAS PRAÇAS DE MÁQUINAS
convés principal. São apresentadas abaixo algumas ações a executar e metas a serem atingidas de modo a
Quando não puder ser evitado o armazenamento de material combustível no convés se eliminar ou reduzir os riscos de incêndio nas Praças de Máquinas, através da eliminação ou
principal ou na superestrutura, o mesmo deverá ser acondicionado e posicionado de forma que contenção de pequenos vazamentos, manuseio de combustíveis, realização de adestramentos
possa ser lançado facilmente ao mar. Deverá, também, ficar localizado o mais a ré possível, a etc.:
fim de que a fumaça e as chamas, no caso de incêndio, não venham a interferir com a - inspecionar frequentemente os sistemas de recebimento, armazenamento e
manobra do navio. transferência de óleos combustíveis e lubrificantes quanto a vazamentos, incluindo seus
É essencial que não seja deixado nenhum combustível volátil nas proximidades das flanges, válvulas, elipses e demais itens;
aspirações dos compartimentos internos do navio. - estabelecer normas de segurança para o manuseio de óleos combustíveis (diesel ou de
Os locais adequados para armazenar material combustível são os compartimentos aviação) quando retirados do sistema em que trabalham;
localizados abaixo da linha d’água. Para aumentar a proteção devem ser usados - testar e inspecionar os sistemas que envolvem inflamáveis, após reparos;
compartimentos localizados junto ao casco e o material deverá ser armazenado afastado das - doutrinar, educar e treinar todo o pessoal para a redução dos riscos de incêndio,
anteparas, para evitar o perigo de calor irradiado no caso de incêndio no compartimento realizando adestramentos de procedimentos do pessoal após detecção de vazamentos e no
OSTENSIVO - 2-13- REV.2 OSTENSIVO - 2-14- REV.2

Você também pode gostar