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FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

UNIVERSIDADE
DEPARTAMENTO DE ENSINOTÉCNICA DE ANGOLA
E INVESTIÇÃO DE RELAÇÕES
INTERNACIONAIS E PSICOLOGIA

A INSTABILIDADE POLÍTICO-MILITAR COMO OBSTÁCULO NO


PROCESSO DE INTEGRAÇÃO ECONÓMICA EM ÁFRICA
ESTUDO DE CASO: CEDEAO (2017-2022)

Autora: Suzana Masuamina Mazungidi


N˚ 34000
Orientador: Osvaldo Mboco

Luanda/2023
A INSTABILIDADE POLITICO-MILITAR COMO OBSTACULO NO
PROCESSO DE INTEGRACAO ECONOMICA EM AFRICA: CEDEAO (2017-
2022)

SUZANA MASUAMINA MAZUNGIDI

Trabalho de Fim de Curso, apresentado ao


Departamento de ensino e investigação de Relações
Internacionais e Ciências Jurídicas da Universidade
Técnica de Angola, como requisito parcial para o
obtenção do grau de licenciatura em Relações
Internacionais, orientado pelo professor: Osvaldo
Mbo

LUANDA, 2023
DECLARACAO DE AUTORIA

Declaro que este trabalho de fim de curso e o resultado da minha investigação pessoal e
independente, o seu conteúdo e original, de todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto e nas referências bibliográficas.
Declaro ainda que este trabalho de fim de curso não foi submetido em nenhum momento, no seu
todo ou em parte, em nenhuma universidade, ou em outra instituição de ensino superior para
qualquer grau acadêmico nem está a ser apresentado para obtenção de outro grau além daqueles
a que diz respeito.

A Candidata

Suzana Masuamina Mazungidi

Declaro que, tanto quanto me foi possível verificar, este trabalho de fim de curso e o resultado
da investigação pessoal e independente do candidato.

O Professor Orientador

Osvaldo Mboco
FOLHA DE APROVACAO
MAZUNGIDI, Suzana Masuamina

TITULO: A INSTABILIDADE POLITICO-MILITAR COMO OBSTACULO NO


PROCESSO DE INTEGRACAO ECONOMICA EM AFRICA: ESTUDO DE CASO;
CEDEAO (2017/2022)
Este trabalho de fim de curso foi julgado adequadamente e aprovado na sua versão final pela
Direção do Curso Superior de Relações Internacionais no dia
DEDICATORIA

Dedico a minha eterna mãe grande Bernadeth Kadima Tshisekedi que em vida contribui muito
para o meu crescimento tanto a nível académico como a nível pessoal, serei sempre grata pelos
ensinamentos, conselhos e pela educação. Foste e sempre continuaras a ser uma grande
referência para mim.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, todo poderoso por ter-me dado o dom da vida e guardado os meus
passos, acalmando o meu coração e me dando força durante a elaboração deste exercício
académico.
A minha família, em especial aos meus pais Fernando Mazungidi e Mayamba Catarina cujo os
sacrifícios levaram a concretização dos meus sonhos. Grata pela vossa educação, pois isso se
reflete na grande mulher que me tornei hoje. Estendo os meus mais sinceros agradecimentos as
minhas irmãs Sofia Mazungidi, Patrícia Mazungidi, Tanya Pebo, Deomie Tshisekedi e Arleth de
Oliveira pelo apoio que me foi prestado.
É também extensivo ao meu companheiro de vida, meu amor Florentino Ludieco João obrigada
pelo apoio incondicional.
Ao professor e orientador Osvaldo Mboco por ter sido além de um orientador, um pai, um dos
mais excelente e exigentes professores que tive durante o meu exercício acadêmico, pela
paciência, dedicação e principalmente, por ter acreditado e persistido na minha capacidade
durante o trabalho.
Aos professores Wilton Micolo pelos ensinamentos e conselhos ao longo de todo tempo
académico, ao professor Francisco Sachitota, Manuel Kivuna, André Mangala, Smith de Sousa,
Maria Gouveia, Lucia Kaka, Dominguel Sukami, José Morais e, a todos os professores que
compõem o núcleo de professores do Departamento de Investigação e Relações Internacionais
da Universidade Técnica de Angola gratidão por terem feito parte deste processo.
Aos meus companheiros de longa data, irmãos de pais diferentes que a vida e a Utanga me deu,
Nádia Dicanga, Abimaela dos Santos, Cláudia Agostinho, Eliane de Jesus, Jally João, Marília
Pedro, Eva Alfredo, Elizeth Gomes, Abigail Garcia, Bruno Luís, pelo suporte que recebi directa
ou indirectamente de vossa parte, estamos juntos companheiros.
EPIGRAFE

África é a esperança do mundo, na busca de novos mercados e conquistas dos espaços, devido a
riqueza que repousam no solo e subsolo africano. África e a última fronteira do capitalismo.

(Achile Mbembe, 2018)


RESUMO

O presente estudo, versa sobre a Instabilidade Político-militar como Obstáculo no Processo de


Integração Econômica em África. Levantamos o seguinte problema: Qual e o impacto da
instabilidade político-militar no processo de integração econômica da CEDEAO? O tema tem
como como objetivo geral: Analisar o impacto da instabilidade político-militar no processo de
integração econômica da CEDEAO. E como especifico: Apresentar as bases teóricas
conceptuais onde reunir-se ao estudos e conceitos de autores para nortear o tema em estudo;
Estudar os principais conflitos da região CEDEAO; Explicar os factores que estão na base da
instabilidade político militar da região. Para a concretização do estudo, fez-se o recurso a
pesquisa qualitativa, recorrendo ao método dedutivo e histórico, e do ponto de vista dos
procedimentos técnicos utilizou-se a pesquisa bibliográfica e documental, quanto ao objetivo de
pesquisa utilizou-se a pesquisa exploratória. O trabalho encontra-se estruturado em três
capítulos, os elementos pré e pós-textuais.

Palavra-chave: Instabilidade Política; Integração Econômica; CEDEAO; África.


RÉSUMÉ

Cette étude traite de l’instabilité politique-militaire comme obstacle au processus d’intégration


économique en Afrique. Nous posons le problème suivant: Quel est l’impact de l’instabilité
politique-militaire sur le processus d’intégration économique de la CEDEAO? L’objectif
général du thème est: Analyser l’impact de l’instabilité politique-militaire sur le processus
d’intégration économique de la CEDEAO. Et plus précisément: Présenter les bases théoriques
conceptuelles où les études et les concepts des auteurs peuvent être combinés pour orienter le
sujet étudié; Etudier les principaux conflits dans l’espace CEDEAO; Expliquez les faits qui
sous-tendent l’instabilité militaro-politique dans la région. Pour réaliser l’étude, on a utilisé une
recherche qualitative, en utilisant la méthode déductive et historique, et du point de vue des
procédures techniques, une recherche bibliographique et documentaire a été utilisée. Concernant
l’objectif de la recherche, une recherche exploratoire a été utilisée. L’ouvrage est structuré en
trois chapitres, les éléments pré- et post-textuels.

Mot clé: Instabilité politique; L’intégration économique; CEDEAO; Afrique


LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRONIMOS
CEDEAO- Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental
CECA- Comunidade Europeia do Carvão e Aço
CEE- Comunidade Econômica Europeia
ONU- Organizações das Nações Unidas
ECOMOG- Grupo de Monitoramento da Comunidade Econômica dos Estados da África
Ocidental
CFA- Colônias Francesas da África
OCWAR-C – Organised Crime West African Response to Cybersecurity
INTRODUCÃO

O presente trabalho discorre acerca da A Instabilidade Político-Militar como Obstáculo no


Processo de Integração Econômica em África, traz como estudo de caso a CEDEAO. A África
ocidental e uma região do oeste da África, inclui os países na costa oriental do oceano Atlântico
e alguns que partilham a porção ocidental do deserto do Saara.
África é tido economicamente o continente mais atrasado do mundo, entre tanto é o continente
com mais tentativas de integração econômica regional, embora a África ocidental represente
uma grande parte da população do continente o seu lugar na economia global continua a ser
muito fraca. Actualmente a região é uma das mais conturbadas do continente africano.
O tema em estudo tenciona apresentar um continente que em termos de processo de integração
conhece várias dificuldades e constrangimentos, demos um olhar especial para a África
Ocidental, precisamente na Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO). Criada em maio de 1975 pelo tratado de Lagos, e composta por quinze Estado a
saber; Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Cotê dʼIvoire, Gana, Gambia, Guine Bissau, Guine
Conacri, Gambia, Mali, Nigéria, Níger, Togo, Senegal, Serra Leoa e Libéria.
O conceito de integração regional, pressupõe um contexto geográfico que inclui a proximidade
entre países, compreendendo projectos de cooperação econômica e política levando a que cada
Estado beneficie de um espaço mais alargado e organizado institucionalmente.
O final da década de 50 e o início da década de 60 ficou marcado como o ano das
independências em África. Os países da CEDEAO conheceram as suas independias a partir de
57 até 1975, com as suas independias a África ocidental foi descolonizada e daí começaram a
surgir as ideias de integração.

Apesar de atingir as suas independências maioritariamente de metrópoles franceses, a África


ocidental continua enfrentando vários obstáculos. Considerando que a África ocidental
desempenha um papel fundamental para a segurança e estabilidade de todo continente
africano, a situação de segurança nesta região se deteriorou acentuadamente nos últimos
anos, representado uma ameaça para a estabilidade regional e internacional, as
violências tem aumentado nesta região desde a queda do regime de Kadhafi na Líbia, e
consequentemente, é uma das regiões mais afetadas pela proliferação de armas ilícitas
de pequeno calibre.
A região debate-se com uma insurreição de grupos terroristas como Boko Haram, que teve a sua
origem no norte da Nigéria, onde as suas acções tem afectado outros países vizinho. As trocas
comercias entre os Estados, ou o comercio no bloco, são quase inexistentes, devido ao aspecto
ligado a segurança regional. Pois será impossível tratar de questões de integração econômica e
deixar a defesa e a segurança regional.
O tema justifica-se por se tratar de um assunto actual no continente africano, tendo em conta a
situação inconstante de segurança na região.
O interesse pelo o estudo surgi de um intuito pessoal de querer saber e aprofundar sobre a
integração enquanto um elemento que permiti com que os Estados conheça um crescimento no
ponto de vista econômica e consiga resolver problemas que isoladamente os Estados não
conseguem resolver e a instabilidade dado as suas características a África ocidental tem se
mostrado ser uma região propenso a vários conflitos políticos, com este trajecto surge a ideia de
analisar o impacto da instabilidade política-militar para o processo de integração em África
trazendo como pano de fundo a CEDEAO.
Do ponto de vista social, a África ocidental possui uma grande parte da população do continente
Africano, com a propagação da instabilidade na região a sociedade da região acaba sendo
afectada causando incertezas do futuro principalmente aos jovens.
Do ponto de vista acadêmico, o tema reveste-se de uma extrema importância para os estudos
das Relações Internacionais, dado ao aspecto das segmentações existentes no seu seio e confere
um sistema de conhecimento actualizado e coeso. Nesta senda o estudo contribuirá para as bases
de conhecimentos aos estudantes.
No entanto, levantou- se a seguinte pergunta de partida: Qual e o impacto da instabilidade
político-militar no processo de integração econômica na CEDEAO?
Para dar persecução a pesquisa, traçou-se o Objectivo Geral, que segundo Bervian (2007), dá
uma visão mais ampla sobre o que se deseja pesquisar e aponta a onde o autor deseja chegar
com os estudos. Assim sendo o nosso objectivo geral será analisar o impacto da instabilidade
político-militar no processo de integração econômica da CEDEAO.
Diferente do objectivo geral, os Objectivos Especificos apresentam caracter mais concreto, pois
tem a função intermediaria instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objectivo geral e, de
outro, aplicar este a situações particulares. Portanto, para atingir o objectivo geral do presente
estudo foram traçados três objectivos específicos, que são; apresentar as bases teóricas
conceptuais do tema em estudo; estudar os principais conflitos da região, e; explicar os factores
que estão na base da instabilidade político-militar da região.
Relativamente a metodologia, esta que e definida como sendo o conjunto de todos instrumentos
técnicos utilizados para se fazer a investigação (MARCONI; LAKATOS, 2007), quanto a
abordagem utilizou-se a metodologia qualitativa que segundo Quissua (2019), e a pesquisa que
procura aprofundar as investigações relacionadas ao fenômeno em estudo sem se preocupar com
a representatividade numérica e generalizações estatísticas.
Para a realização da pesquisa utilizou-se o método dedutivo e histórico, pois ela tem o objectivo
de explicar conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem
descendente, de análise do geral para o particular (PRODANOV; FREITAS, 2013). Ainda
segundo Predanov método histórico e o método de procedimento que estuda os dados das fontes
de pesquisas sobre uma perspectiva histórica.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos utilizou-se a pesquisa bibliográfica; são aquelas
realizadas apartir de materiais já publicadas como livros, artigos, revistas e internet (GIL, 2008).
Destarte, o trabalho foi estruturado em introdução, três capítulos, considerações finais,
sugestões e referências bibliográficas. O primeiro capitulo deste trabalho dedica-se a
fundamentação teórica e definições de termos e conceitos sobre a integração regional e
instabilidade político-militar, apresentar-se as teorias funcionalista, neofuncionalismo,
regionalista e da segurança coletiva.
No segundo capitulo contextualização da CEDEAO, versa sobre o processo de descolonização
da África ocidental, gênesis da CEDEAO, objectivos, situação política e de segurança na região,
golpes de Estado e mudanças inconstitucionais, e por último sobre o fundamentalismo islâmico.
Finalmente, o terceiro capítulo aborda sobre analise das instabilidade político-militar como
obstáculo no processo de integração econômica em África, na qual faz se referência aos
obstáculos do processo de integração econômica da CEDEAO, abordamos sobre os desafios
securitários, econômicos, políticos e sociais, as novas ameaças e riscos a segurança regional,
terrorismo, crimes cibernéticos , implicações do fracasso das operações servil e barkani na
região de Sahel, e por último as implicações dos golpes de estado para a segurança regional
(Mali, Burkina Faso e Guine Conacri).
CAPÍTULO I- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E DEFINIÇÕES DE
TERMOS E CONCEITOS

A teoria é uma construção social que visa fazer a interpretação, analise e


explicação de um fenómeno social, sendo a integração regional um fenómeno que
ocorreu ou ocorre no sistema internacional, com maior ou menor vigor, tendo em conta
os períodos, dinâmicas e contexto, acabaram proporcionando o surgimento de várias
formas de analisar e explicar o fenómeno. Por isso este capítulo apresenta as teorias que
vão servir de base do ao tema em estudo.

Com base nisso falar-se-á da teoria Funcionalista, Neofuncionalista, Regionalista


e como remate final a teoria da Segurança colectiva, sem esquecer dos conceitos
operacionais.

1.1- Teoria Funcionalista

O funcionalismo surge na década de 40 do século XX, tentando explicar a


possibilidade de os laços transnacionais levarem a integração internacional, a redução
do nacionalismo e ao estabelecimento de um sistema de paz, Com o fim da segunda
Guerra Mundial, o funcionalismo surgiu como alternativa para a construção de relações
pacíficas na Europa. O funcionalismo afirmou que a cooperação interestatal em áreas
técnicas e funcionais conduziria a um sistema mais próprio e especifico (MITRANY,
1943).

O funcionalismo foi pois concedido inicialmente como uma abordagem que


teorizava as condições para a paz. Mitrany sustentava que a divisão do mundo em
unidades políticas competitivas era responsável pelos conflitos internacionais. Para
resolver o problema o teórico procurava encontrar uma fórmula que permitisse unir
interesses coletivos em interferir excessivamente com especificidade de cada um. Para o
autor era imperativo erradicar o nacionalismo, isto é, a organização territorial do poder,
e substitui-la por uma rede de organizações técnicas internacionais (Agências
Funcionais), com autoridade das áreas específicas (CAMISAO, 2014).

De acordo CAMISÃO (2014, p.210), as perspectivas funcionalista tem sido


fundamentais para o estudo dos processos de integração, muito embora o funcionalismo
não seja uma teoria da integração regional, tem como maior representante e defensor da
corrente David Mitrany. O autor nos ensina que o objetivo principal da escola
Funcionalista era estudar o funcionamento das organizações internacionais e analisar
como a criação de agências especializadas no tratamento de questões específicas das
relações entre Estados poderia, conduzir gradualmente ao aprofundamento da
cooperação. A realização eficiente das tarefas pelas instituições internacionais ou
transnacionais resultaria numa transferência gradual das lealdades dos Estados para as
novas organizações funcionais. Estás transferências é explicada por um cálculo
utilitário, na medida em que as pessoas compreenderiam que os seus interesses eram
mais bem assegurados pelo novo quadro de cooperação transnacional.

A teoria Funcionalista concebe a existência de uma sociedade internacional onde


o Estado desaparece, o exercício do poder é, assim, dissociada da sua base territorial,
que é alvo da jurisdição de várias autoridades dispondo de poderes transversais.
(DOUGHERTY, 2003).

De acordo com Sousa(1991), a teoria funcionalista considera que a forma mais


segura de alcançar a integração e a paz e a cooperação ao nível de certas tarefas
funcionais, tanto de natureza técnica como económica, ao invés da criação de novas
estruturas institucionais no plano político. Nesse sentido, as organizações internacionais
funcionais estariam mais habilitadas do que os Estados para levar a cabo determinadas
tarefas, com o que conquistariam as lealdades nacionais e excluiriam quaisquer
suspeitas de pretenderem exercer um controlo supranacional. De acordo com Sousa, a
teoria funcionalista possui os seguintes pressupostos básicos.

O desenvolvimento económico e tecnológico faz da integração política uma


situação possível e necessária. O problema da guerra pode ser resolvido através de
acordos internacionais em áreas funcionais especificas (saúde, serviços postais,
comunicação). O mundo integrado económica e tecnologicamente deu lugar a muitos
problemas tecnicamente complexo que os Estados individualmente não podem tratar
eficazmente, mas que as organizações internacionais resolveriam. Os Estados-nação, no
seu próprio interesse, deveriam estabelecer tais organizações internacionais para
implementar as actividades requeridas e oportunamente sentiriam as vantagens da
cooperação pacifica, diminuindo a importância das fronteiras políticas. Os indivíduos
buscam sempre maximizar os benefícios matérias em prol da felicidade. O progresso da
técnica produz um resultado desejável: a cooperação e a paz (ZECA, 2013, P.89)
A semelhança do que tem acontecido com todas as abordagens teóricas, o
funcionalismo foi alvo de críticas. Entre outros aspectos, os críticos consideram que a
perspectiva Funcionalista carecia se rigor científico, tinha pouca capacidade produtiva e
era ingénua na medida em que pressupunha, por um lado, que os indivíduos e os
governos agiriam sempre nacionalmente e, por outro lado, que uma visão clara de
assuntos técnicos/funcionais e políticos/constitucionais era sustentável. A eventual
validade de algumas destas críticas não obstou a que foram o funcionalismo tenha
servido de inspiração a novas abordagens teóricas que foram aparecendo. O
funcionalismo assenta, portanto, numa abordagem simultaneamente tecnocrática e
racional da governação que seria a base de um sistema de paz funcional
(DOUGHERTY, 2003).

Esta teoria representa a tentativa liberal de fundamentar os seus modelos teóricos


num método baseado na observação cientifica da realidade, seguindo o lema a paz por
partes, que em referência a esta convicção, seria atingida por meio de formação de redes
ou organismos internacionais que, cada vez mais, assumiriam funções que os governos
nacionais não conseguiriam desempenhar sozinhos. O funcionalismo pode ser usada
como campo teóricos em assuntos de integração, com enfoque num campo e
repercussões no outro. (HAAS, 1964).

1.2 – Teoria Neo-funcionalista

O neofuncionalismo surge como uma perspectiva teórica que busca explicar os


avanços da integração europeia, anteriormente sectorial com a CECA e que gerou os
spillover necessários a criação da CEE. O neofuncionalismo deriva da lógica
Funcionalista, no entanto, além dos aspectos técnicos questões políticas económicas
também podem desencadear processo de integração. Ernesto Haas teórico do
neofuncionalismo, destaca a importância dos grupos de interesse e dos partidos políticos
que, ao promoverem seus interesses, induzem o processo de integração (CRAM, 2004)

A necessidade de uma melhor articulação entre o nível nacional e o


supranacional justifica a transformação do funcionalismo em neofuncionalismo. O
neofuncionalismo considera o processo do regionalismo uma resposta funcional dos
Estados aos problemas criados pela interdependência regional e realçou o papel crítico
das instituições em encorajar e desenvolver a coesão regional. As instituições
supranacionais são consideradas os meios mais adequados para a resolução de
problemas comum, conduzindo a uma redefinição de identidade de grupo em torno da
unidade regional (LOBO-FERNANDO, 2005)

Segundo Lobo- Fernandes(2005), as instituições supranacionais tem, pois uma


importância estratégica na teoria neo-funcionalista, assumindo um papel central de
agentes potenciadores da integração. Criadas com propósito de guiarem o processo de
integração são-lhe atribuídas tarefas inerentes expansivas, cuja ação produz efeitos
independente nas políticas dos Estados-membros. É previsível que estás instituições
supranacionais desenvolvam uma agenda política própria que, o tempo se sobreporá aos
interesses formulados pelos Estados-membros. Segundo Haas, está propensão das
organizações para maximizar os seus poderes constituiria um elemento importante do
processo de formação de uma comunidade política.

O resultado final seria um desvio das lealdades de acordo com Haas, a


integração é o processo através do qual os actores em distintos cenários nacionais são
persuadidos a deslocar as suas lealdades, expectativas e actividades políticas para um
novo centro cujas instituições possuem ou exigem jurisdição sobre os Estados nacionais
pré existente. O neofuncionalismo acaba explicando mais adequadamente o papel das
instituições do que os factores que originaram o aparecimento dos regionalismo. Isto
significa que o integração por sector não pode ser concedida isoladamente, pois a
integração de um sector reflete-se nos sectores correlacionados provocando um efeito
spillover que confere ao processo de integração uma expansão automática.

De referir que está espécie de efeito dominó 1 identificado pelo neofuncionalismo


não era limitado a dimensão política ou ao spillover sectorial. O teste funcional do
incrementalismo neo-funcionalistas ocorre quando o efeito spillover atinge áreas que
são centrais para a existência dos Estados e para a identidade nacional (LOBO-
FERNANDES, 2005).

Em suma, para os neo-funcionalistas a integração é entendida como um processo


utilitário, caracterizado por uma lógica de alastramento, e através do qual se verifica
uma deslocação de lócus de decisão dos Estado-Nação para instituições supranacionais
centrais, resultando numa decomposição gradual das soberanias e na emergência de um
s estado regional. Na primeira fase de integração europeia, o neofuncionalismo
apresentou-se como uma explicação credível do como porque os Estados decidem
1
Efeito domino, efeito em cascata ou em cadeia, sugere a ideia de um efeito ser a causa de outros gerando
uma série de acontecimentos semelhantes de médio, longo ou infinita duração (SPOSITO, 2012).
voluntariamente ligar-se a outros. Segundo Haas, embora implicando perda efetiva de
sua soberania, o processo de integração resultava também na aquisição de uma nova
modalidade para resolver os conflitos entre Estados (CAMISÃO, 2005, p.33).

1.3 – Teoria Regionalista

A teoria regionalista ganhou relevância como objecto de pesquisa a medida que


os países buscavam formas de superar os conflitos e criar novas alternativas de
cooperação. Os processos de regionalismo são bastante antigo e vem, ao longo dos anos
sendo objecto de estudos; a questão do poder, quanto a do Estado, historicamente, a
exemplo do processo de regionalismo muito antigo como ligas e confederações que
surgiram a tendência de fazer convergir grupos de conflitos como Liga de Delos; Liga
do Peloponeso, Liga Hanseáticas conferencia Helvética. Mais a parti do século XX,
após as duas grandes guerras mundiais, no início dos anos 50, deu-se um novo folego a
reflexão teórico em torno dos processos de regionalismo (CHAI e CAPORASO, 2002).

Em conformidade com Santander (2012), O regionalismo é um processo (social,


cultural, económico e político), que ocorre dentro, para ou através de uma região, é um
espaço em que os players “jogadores”, (públicos ou privados, estatais ou não estatais),
atuam e produzem normas. Após a consolidação do estado-nação 2, principalmente após
o final da segunda guerra mundial, três fases do regionalismo apresentaram distintos
eventos sócio económico e político e explicações teóricas que moldaram a compreensão
dos papeies tanto do regionalismo quanto da fronteira.

Segundo Joseph Nye Jr, ao analisar a teoria regionalista afirma que para melhor
integração os Estados mais próximo geograficamente integrar-se-iam melhor, devido a
comunicação, facilitaria a informação, ligação de estradas e caminhos de ferro para a
locomoção e escoamento de produtos, empresas para a geração de empregos. Para isso,
o autor reforça sobre as simetrias económicas dos Estados para que não haja uma
disparidade elevada, para que depois não recai para os Estados com as economias
menos elevadas, e importante que os Estados vivam na diversidade e respeitando-se uns
aos outros. A estabilidade interna das unidades é de extrema importância para que haja
segurança nos territórios nacionais e regionais. Porque a instabilidade interna de um
Estado vizinho requer uma segurança redobrada por causa dos crimes e ataques

2
Estado-nação é uma área histórica que pode ser identificada como possuidora de uma política legitima,
que pelos próprios meios constitui um governo soberano. Enquanto um Estado pode ser definido como
uma entidade política e geopolítica, já nação é uma unidade etnica e cultural (PEREIRA 2008).
transfronteiriço, por isso os Estados que fazem parte de uma determinada região devem
cooperar para assim garantir e velar pela estabilidade da sua região (NYE, 1968).

Por tanto é importante ressaltar que a teoria regionalista ou a facto dos Estados,
poderá facilitar uma circulação maior e mais eficiente de produtos e bens, permitirá a
ampliação do mercado, por meio da eliminação de obstáculos ao fluxo de mercadorias,
maior competitividade e preços mais baixos para consumidores. Pode ser o caminho
para o desenvolvimento dos Estados que fazem parte de uma região geograficamente
próximo e permitir o aumento do fluxo de negócios entre os Estados, diminuir a
dependência de produtos de terceiros Estados e possibilitar maior desenvolvimento e
crescimento económico (MBOCO, P.70, 2021).

1.4 – Teoria da Segurança Colectiva

Como qualquer conceito ligado as Relações Internacionais, o de Segurança


Colectiva não é de fácil prescrição, haja em vista o seu caracter plurivoco e
relativamente límpido. É possível, não obstante, apresenta-la como um arranjo político
ou jurídico ao abrigo do qual a paz e a segurança estadual e humana, num determinado
espaço geográfico, são garantido por todos ou alguns Estados que dele fazem parte
através de adoção de medidas de prevenção, controle, auxilio e exprobração de condutas
que as turbem (DELGADO, 2014).

A preocupação da Segurança Coletiva é desde logo concretizado no preâmbulo


da Carta das Nações Unidas, que indica claramente que o primeiro objetivo da ONU é a
manutenção da paz e da segurança internacional, através de adoração de medidas
coletivas eficazes para prevenir ou dissuadir as ameaças à paz e reprimir os actos de
agressão ou outra qualquer ameaça à paz, procurar resolver os eventuais conflitos entre
os seus membros por via pacífica (DANCHIN, 2010).

A segurança coletiva é um dos princípios complementares da Carta da ONU


(art.39; cap.VII). A organização estabelece um mecanismo público para garantir
respostas no caso de haver qualquer ação que perturbe a paz ou a segurança
internacional. A segurança coletiva deixou de ser fundamentalmente militar para uma
dimensão económica, social, ambiental, que fazem com que fiquem os debates travados
faz 20 ou 30 anos sobre a extensão desses conceitos a campos outros que são originais,
estreitamente associado as componentes militares da ideia de segurança. As Nações
Unidas abandonaram as ideias desarmamentista ingénuas de sua processadora, passam a
incluir no seu documento fundacional a temática económica e social e inovam, de
maneira muito significativa, ao propor que seja o princípio de segurança coletiva aquele
em torno do qual se organizara a vida internacional (DELGADO, 2014, pag.479).

Tradicionalmente, a natureza de uma ameaça define se a força deve ser usada ou


não. Por esta razão, contemporaneamente, levando em conta a natureza de possíveis
ameaças à sobrevivência de indivíduos e colectividades, costuma-se fazer uma diferença
entre ameaças e riscos: as ameaças devem ser enfrentadas com medidas emergenciais
que apelam para o uso da força; os riscos, por sua vez, como um desastre natural ou
mesmo vazamento nuclear, devem ser gerenciados sem usar violência para tratar e dar
solução a eles (BRAGA, 2018).

Também por sua natureza social e inter-relacional, as ameaças existenciais para a


segurança colectiva podem ser objectivas ou subjectivas. O exército de um país
estacionado com fins ofensivos na fronteira do país vizinho é um fato tangível. Porém,
uma ameaça ou risco existencial são socialmente construídos com uma percepção
subjetiva da realidade. Independentemente de sua existência objetiva ou não. O conceito
é entendido como uma construção social que indica um estado existencial em que a
ausência de ameaças define a segurança dos atores internacionais. Mas nem sempre, do
ponto de vista histórico, essa natureza binária na construção da segurança esteve em
igual patamar. Prevaleceu recentemente uma ontologia objetiva, em que as ameaças de
natureza político-militar eram hierarquizadas sobre qualquer outra, prevalecendo a
compreensão de que a segurança político-militar era suficiente para explicar o que
acontecia naquele campo de estudo (BRAGA,2018).

É importante relevarmos o desenvolvimento empírico e conceitual da segurança


internacional ou coletiva antes e após a guerra fria, dado que nesse período existiam
dois atores com interesse globais e isso fazia que estivéssemos perto de uma segurança
internacional planetária e, em termos analíticos, existia uma predominância do nível
sistemático. Com ausência de um mundo bipolar ou multipolar de grandes poderes de
presença global, os atores e processo de segurança passam a ter lugar num nível de
análise que privilegia a região ou, para usar a famosa expressão da Escola de
Copenhague, os lócus geográfico ou cognitivo de análise privilegiado passariam a ser os
complexos regionais de segurança. Esse fato não foi fortuito; primeiro, porque as
principais dinâmicas de segurança começaram a concentrar-se na região, formando
complexos regionais de segurança; segundo, porque as chamadas novas ameaças ou
ameaças multinacionais também se desenvolvem com maior intensidade na região; e
terceiro, porque a guerra global é bem menos provável e a guerra interestatal
convencional em geral diminui, sendo substituída pelo aumento quantitativo e em
intensidade das guerras interestatais, que ocorrem no interior dos Estados e regiões
(BUZAN, WARNER, 2003)

E indispensável mencionar que no contexto das Relações Internacionais a


temática sobre matérias de segurança obteve notabilidade logo após ao fim da política
dos blocos, onde novos conflitos foram surgindo. Na verdade, alguns são segmento
destas rivalidades que emergiram nas distintas regiões estratégicas do mundo, induzindo
assim, um desequilíbrio na balança do poder onde as potencias com emergente
procuram garantir um equilíbrio estratégico na agenda político-militar do Sistema
Internacional. Este equilíbrio tem influenciado no fomento dos novos actores não estatal
que procuram defender os seus interesses estratégicos através do uso de violência
sistemática e das guerras dentre das fronteiras nacionais (KIVUNA, 2019, P.59).

A dimensão regional de segurança vem ganhado progressivo destaque nas


agendas internacionais de pesquisa, isso devido a aproximação geográfica que acaba
facilitando a geração de interesses comuns entre diferentes Estados. Pois não é possível
compreendermos as dinâmicas de segurança a nível internacional, sem que se considere
o fenómeno da regionalização, por isso e pertinente para o processo de análise
securitário para a região da África Ocidental enquanto centro de análise do nosso
estudo, uma vez que a segurança nos nossos dias abarca uma dimensão analítica
coletiva que tem levado a um processo de cooperação permanente entre os actores na
cena internacional (KIVUNA, 2019).

A CEDEAO é uma organização de integração regional da África Ocidental


composta por quinze Estados membros- Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa de
Marfim, Gambia, Gana, Guine Conacri, Guine Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria,
Senegal, Serra Leoa, e Togo. O desejo de combinar esforço políticos e econômicos
sempre foi reconhecido como um passo para a prosperidade da região. O tratado de
lagos que deu origem a CEDEAO, o tratado de lados inicialmente era limitado a
questões econômicas, mas os acontecimentos políticos emergentes levaram a sua
revisão com isso a expansão em 1993 (ZECA, 2017).
Ainda na visão do Zeca (2017), nos apresenta vários princípios orientam esta
organização regional de integração, no artigo 4 do Tratado da CEDEAO, pode-se
destacar o princípio da “não-agressão” entre os Estados membros; a manutenção da paz,
estabilidade e segurança regional, através da promoção e fortalecimento de relações de
boa vizinhança; a solução pacifica de controvérsias entre Estados membros, através de
uma activa cooperação e promoção de um ambiente de paz como um pré-requisito para
o desenvolvimento econômico. Todos esses princípios fazem parte de um conjunto de
instrumentos para promoção da paz, segurança e estabilidade regional, bem como para
prevenção e resolução de conflitos entre os Estados membros.

Todavia, desde período das independência, a região ocidental de África foi


marcada por períodos longos de conflitos e violências organizada, uma vez que sempre
que terminou uma guerra civil num Estado, o outro início outra vez, ouve um golpe de
Estado ou violência pois eleitoral. Por exemplo, quando terminou a guerra, na Libéria
ouve o golpe de Estado na Guine Bissau; e quando terminou a guerra na Serra Leoa,
início a violência política na Costa de Marfim; quando terminou a violência política
neste Estado, surgiram os ataques terroristas do Boko Haran, entre outras situações
((BERNADINHO, 2007).

Tendo em conta o quadro de conflitualidade e instabilidade permanente acima


apresentado, a CEDEAO decidiu criar uma estrutura militar cuja missão e a de ser uma
forca de paz. E neste contexto que surge a ECOMOG, a falta de um aparato funcional
de segurança combinado com uma determinação dentro do pequeno grupo de Estados
da CEDEAO para intervir, militarmente, em apoio os membros, deu impute para criação
de uma nova estrutura chamada ECOMOG. Por tanto, pode se notar que a gênesis deste
braço militar da organização está relaciona directamente com os imperativos de paz e
segurança (TAVARES, 2OO7).

De acordo com n˚ 2 do artigo 18 do protocolo sobre defesa e assistência mutua,


assinado pelos Estados membros da CEDEOA em 29 de maio 1989, os Estados
membros não são forçados a intervir militarmente se o conflito armado interno não
apresenta perigo de se alastrar para fora das suas fronteiras, e se não for apoiado a parti
do exterior. Desta feita, como pontua Khobe (2000) O papel da ECOMOG centra-se
claramente em interversões armadas e como aconteceu na Libéria e Serra Leoa uma vez
que trata-se de uma estrutura militar. Graças a ECOMOG as situações políticas
desesperadoras como os casos de guerra civil na Libéria e Serra Leoa puderam-se
caminhar para uma situação de equilíbrio, pacificação territorial e estabilização política
e estatal. Como corolário conseguir se levar as partes em conflito a mesa de negociações
(BERNADINHO, 2010).

Apesar da CEDEAO, por via da ECOMOG e seus mecanismos de prevenção,


gestão e resolução de conflitos, ter conseguido pacificar conflitos na região da África
Ocidental, muitas fraquezas tem sido demonstradas ao longo dos tempos e tem se
assistido o forte retrocesso em matérias segurança na região (CHIPALANGA. 2020).

1.5 – Definições de Termos e Conceitos

Nesta secção, far-se-á uma apresentação dos conceitos elaborados por diversos
autores. Com objectivo de facilitar o entendimento do tema em estudo, inicialmente foi
subdividido em; instabilidade político-militar e a integração regional económica no qual
muitos destes possuem visões diferentes, no que concerne estes fenómenos que são a
base do nosso estudo.

1.5.1- Instabilidade político-militar

Segundo WEBER (1919), a instabilidade político-militar pode ser definida pelo


menos três maneiras diferentes; uma primeira abordagem seria definida como propensão
a uma mudança de regime ou governo; uma segunda abordagem seria sobre a incidência
de violência ou revolta política em uma sociedade, como as manifestações, assassinatos
e; guerras, o terceiro ponto de vista se concertaria na instabilidade das políticas, além
das instabilidade nos regimes. Segundo o autor a instabilidade política depende do uso
legitimo que os governos fazem da forca pública.

A instabilidade política pode gerar a oportunidade de violentas que deixaria o


pais vulnerável facilitando o início da guerra (ZIMERMAN, 2018)

A instabilidade político-militar é considerada para os economistas como um mal


estar prejudicial para o desempenho da economia, gerando um ambiente de instabilidade
sociopolítica, aumentado as taxas de riscos e a redução de investimento. A instabilidade
política e o crescimento económico estão interligados em diversos níveis e a incerteza
associada a instabilidade política tem impacto directo no crescimento da economia
devido ao abatimento do investimento de capital físico, perda de capital humano, a
votabilidade das políticas fiscais monetárias que levam a alta inflação (FMI, 2016).
O conceito de instabilidade política abrange também um leque de definições
como a incapacidade de governar, falta de rumo, tumultos, tensões, mudanças
sucessivas de governo ou confronto político permanente (PACHECO, 2012).

1.5.2- Integração regional econômica

De acordo Dougherty (2003), a integração é um processo através do qual os


actores políticos, aparti de diversos enquadramentos nacionais, são persuadidos a
transferir as suas lealdades, expectativas e actividades políticas para um centro novo,
cuja as instituições detém, ou reclamam, jurisdição sobre os Estados nacionais
consolidados. Refere-se de um processo que pode conduzir a situação em que um grupo
de pessoas alcançar, num determinado território.

A integração regional é um processo pelo qual os Estados decidem transferir


uma parte das sua soberania para uma entidade política soberana supra-estatal e que
exige, para além correspondente manifestação da vontade, atitudes politicas
conducentes a essa associação (BALASSA, 1982).

O autor acima citado, defini também a integração regional económica como um


processo e como uma situação; Como processo, a integração entende-se como conjunto
das medidas que tencionam a supressão de medidas que visam a descriminação entre as
entidades económicas que resultaria da existência de diferentes Estados nacionais, como
estagio significa a ausência de diferentes formas de descriminação entre entidades
económicas. O autor estabelece cinco etapas do processo de integração económica
regional; Zona de Comercio Livre, União Aduaneira, Mercado Comum, União
Econômica e Integração Econômica Total.

Segundo CARBAUGH (1946), a integração regional económica é um processo


de eliminação de restrições económicas ao comercio aos pagamentos e a mobilidade de
factores internacionais. A integração económica regional resulta deste modo, na união
de duas ou mais economias nacionais por meio de um acordo comercial regional.

A integração regional económica é também definida como o estabelecimento de


estruturas mais ambicionado na economia internacional, mediante a supressão dos
obstáculos artificiais a seu funcionamento ótimo e a introdução deliberada de todos
elementos desejáveis de coordenação e unificação. A integração económica prisma
estruturalista é concedida como um processo que tende a organizar toda actividade
económica de dois ou mais Estados, não apenas no que tange o seu comercio, ou suas
trocas, mas também no que se refere a sua produção, formando um quadro económico
complexo e equilibrado (MARCHAL, 1965).

Namburete (2002), aponta que a integração regional é um processo através do


qual dois ou mais Estados se juntam numa relação económica mais estreita do que cada
um deles tem com o resto dos Estados do mundo. Normalmente, a integração
económica começa com um esquema em que as barreiras tarifarias e não- tarifarias são
abolidas entre os países envolvidos.

O conceito de integração regional segundo Nye (1968), pressupõe um contexto


geográfico que inclui a aproxima idade entre países, compreendendo projectos de
cooperação econômica e política, levando a que cada Estado beneficie de um espaço
mais alargado e organizado institucionalmente.

CAPITULO II – CONTEXTUALIZACAO DA CEDEAO


O presente capitulo prende-se em abordar questões relacionadas a
contextualização da CEDEAO, o capitulo culmina com as abordagens sobre o processo
de descolonização da África ocidental, seguindo com a gênesis da CEDEAO, os seus
objectivos, sobre a situação política e de segurança da região, um aspecto destacado
neste trabalho foi o regresso dos golpes de Estado com maior especificidade para o
fundamentalismo islâmico.

2.1- Processo de descolonização da África Ocidental

A descolonização da África ocorreu durante o século XX, quando as populações


dos territórios africanos ocupado conseguiram expulsar o invasor europeu e assim,
conquistar a independência.

Os processos de independência se iniciaram no início do século XX. No entanto,


somente após a segunda Guerra Mundial, com as potências europeias enfraquecidas,
não pode evitar o crescente desejo dos países africanos para alcance das independências.
O fim da segunda guerra mundial e a derrota da Alemanha fizeram cair por terra a ideia
da pureza racial e hegemonia cultural do europeu sobre os outros povos. Além disso,
emergiu nos africanos que participaram da guerra um sentimento de que a liberdade não
era um privilegio europeu, mas sim um objecto universal. A consolidação da
Organização das Nações Unidas (ONU) e o discurso contra o colonialismo e a favor da
autodeterminação dos povos colonizados criou uma atmosfera política anticolonial que
favoreceu a emergência de movimentos nacionais de libertação (BRANDÃO, 2020).

Depois do fim da segunda guerra mundial, a ONU a partir da carta do Atlântico


passa a pressionar as potencias imperialistas para que ponham fim a colonização. A
Carta do Atlântico estabule que “cada povo tem o direito de escolher a forma de
governo sob a qual deve se viver” (BONIFACE, 2011).

Basicamente, os partidos políticos e movimentos africanos organizados com a


intenção de descolonização lutavam pela independência de suas nações l, expulsão dos
colonizadores, criação de novos Estados nacionais do alinhamento ideológico ao
socialismo soviético ou ao modelo capitalista liberal (MENDONÇA, 2019).

Cabe destacar o VI Congresso Pan-africano que ocorreu em 1953 no Gana, o


primeiro congresso a realizar-se em território africano depois de vários como o V
Congresso Pan-Africano em Manchester, Grã-Bretanha. É neste congresso que surgem
as divergências emergiram duas perspectivas distintas do pan-africanismo; o grupo
Casablanca e o grupo de Monróvia (BARBOSA, 2015).

O primeiro grupo surgido de uma reunião na capital marroquina liderado por


Kwame Nkrumah, e outros líderes considerados radicais como Gamal Abdel Nasser e
Ahmed Sekou Toure, defendiam a dissolução das fronteiras coloniais fruto da
Conferência de Berlim, a unificação política económica do continente e a constituição
de uma organização política continental, os Estados Unidos de África, com um exército
próprio para combater a colonização europeia. Isso quer dizer independente dos
problemas que a África vivia tinha que se integrar ela toda (MACEDO, 2013).

O grupo de Monróvia, liderado pelo costa-marfinense Félix Boigny e Leopold


Senghor, defendia uma unidade africana baseada na manutenção das fronteiras definidas
em Berlim considerando-as intocáveis, a soberania dos Estados independente, a não
ingerência nos assuntos de cada Estado e a cooperação com as potências coloniais. Este
grupo procura criar laços com as metrópoles colonizadoras (IDEM).

A África ocidental teve presença de três metrópoles que são; França, Inglaterra e
Portugal cada um tinha o seu modelo de administração, tendo que os europeus
utilizaram dois tipos de administração nas colônias africanas: administração directa e
inderecta. Era considerada administração directa aquela em que toda terra e o poder
político foram tomados pela força. Este tipo de administração foi utilizado nas colônias
portuguesas. Era considerada administração indirecta aquela em que os territórios só
eram ocupados pelas potências europeias através de tratados assinados com chefes
africanos este tipo de administração foram utilizadas nas colónias francesas e britânicas.
Porém, muitas colônias de administração indirecta passaram depois para administração
directa (VICENTE, 2021).

O final de década de 50 e o início da década 60 ficou marcado como ano das


independências em África. Em 6 de marco de 1957 Gana torna-se o primeiro pais da
África e da sub região ocidental africana independente, liderado pelo Kwame Nkrumah,
com os seus ideais pan-africanistas que visava promover a defesa dos direitos do povo
africano, constituindo um único Estado soberano, a união dos povos africanos. Os
países da CEDEAO conheceram as independências maioritariamente a parti de 57 como
já referenciamos até 1975, referente ao ano de 58 tornou-se independente a Guine
Conacri, no ano de 1960 tornaram-se independentes uma serie de países como; Togo,
Mali, Benim, Burkina Faso, Cotê DʼIvoire, Senegal, Nigéria, Níger, Mauritânia. E já de
1961 a 1975 outros países também alcançaram as suas independências como a Serra
Leoa, Gambia, Guine Bissau e o Cabo Verde (CEDEAO, 2018).

Entende-se que a descolonização da África ocidental aconteceu no momento em


que os Estados começaram a conquistar as suas independências, porque foi destes
marcos em que os Estados deixaram de estar sobre a pressão colonizadora.

2.2- Genesis da CEDEAO

A comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e uma


organização regional composta por quinze Estado membros, geograficamente situados
na costa ocidental do continente africano. As bases para sua criação foram lançadas em
1945 com a criação do Franco CFA, uma união monetária que agregava unicamente os
países africanos da expressão francesa. Em 1964 o presidente da Libéria William
Tumbam apresentou a ideia da criação de uma organização Econômica da África
Ocidental. A sua aspiração foi, em parte, materializada a partir de estabelecimento de
um acordo entre Cotê DʼIoire, Guine Conacri e Libéria e Serra Leoa (CEDEAO, 2020).

Uma década depois, isto em 1972, o presidente nigeriano Yakubu Gowon e o seu
homologo togolês Gnassingbe Eyedema, fizeram uma digressão aos países da região
promovendo o discurso da integração regional, no entanto, graças aos esforços
evidenciado foram apresentados projectos com base nos quais foi elaborado em 1975
o tratado de Lagos que institui a CEDEAO. O tratado de Lagos estava, previamente,
limitada as políticas econômicas, mas, com a ocorrência de problemas políticos, foi
sujeito a revisão que permitiu, em 1993, o alargamento do seu âmbito de ampliação e
das suas proativas (CEDEAO, 2020)

Engloba quinze Estados membros a saber; Benin, Burkina Faso, Cabo Verde,
Cotê DʼIvoire, Gambia, Gana, Guine Conacri, Guine Bissau, Libéria, Mali, Níger,
Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. Tem simultaneamente laços culturais e
geopolíticos. É um dos blocos regionais existentes no continente na sub região ocidental
com três línguas oficiais, predominante francófono, mas que tem na anglofona a Nigéria
e a lusófona a Guine e Cabo verde (IDEM).

Ela é sediada pela Nigéria (Abuja) que consequentemente e o Estado director, tem a
maior economia da região em termo de Produto Interno Bruto. Sozinha, é responsável
por aproximadamente 76% do total do comercio da região, seguida pelo Gana que
possui 9,2% e pela Cotê D’Ivoire, com 8,64%. O comércio excedente da região,
estimado em cerca de USD 47,3 mil milhões, é repartido entre a Nigéria (USD 58,4%
mil milhões) e Cotê D’Ivoire com (USD 3,4 mil milhões), os demais países tem um
défice na sua balança comercial (MBONCO, 2021, P.82).

2.3 – Objectivo

A CEDEAO é uma organização de integração regional cujos o objectivo


principal enquanto comunidade é promover a cooperação e a integração, conduzindo a
criação de uma união económica da África Ocidental, a fim de levar os padrões de vida
dos seus povos e de manter e reforçar a estabilidade económica, fomentar as relações
entre os Estados-membros e contribuir para o progresso e o desenvolvimento do
continente africano. É considerada um dos pilares da Comunidade Económica Africana,
a CEDEAO foi criada para fomentar o ideal de autossuficiência colectiva para os seus
Estados-membros (CAC,2015).

Os objetivos são vinculativos para todos os Estados-membros e a modalidade


para alcançar estes obejctivos são deixados a descrição do Estado, o bloco traçou
igualmente vários outros objetivos para assim ajudar a concretizar o seu objectivo
principal;

 A harmonização e coordenação das políticas nacionais e a promoção de


programas, projectos e actividades de integração nomeadamente nos
sectores alimentares, agrícolas e naturais, industrias, transporte e
comunicações, energia, comercio, dinheiro e finanças, fiscalidade,
políticas de reforma económica, recursos humanos, educação,
informação, cultura, ciência. Tecnologia, serviços, saúde, turismo e
assuntos jurídicos;
 A criação de um mercado comum;
 A liberação do comercio através da abolição, entre os Estado-membros
dos direitos aduaneiros cobrados sobre as importações e exportações, e a
abolição, entre os Estados-membros, das barreiras não tarifarias a fim de
estabelecer uma zona de comercio livre a nível comunitário;
 A adoção de uma tarifa externa comum e de uma política comercial
comum face a países terceiros;
 A supressão entre Estado-membros, dos obstáculos a livre circulação de
pessoas, bens, serviços e capitai, bem como direito de residência e de
estabelecimento;
 A criação de uma união económica através da adoção de políticas
comuns nos sectores económicos, financeiro, social e cultural e a criação
de una união monetária,
 A adoção de medidas para a integração dos sectores privado
nomeadamente a criação de um ambiente favorável a promoção das
pequenas e medias empresas;
 A promoção de um desenvolvimento equilibrado da região, prestando
atenção aos problemas especiais de cada Estado-membro,
nomeadamente os dos Estados-membros insulados sem litoral e dos
pequenos Estados-membros insulados.

2.4 - Situação Política e de Segurança na Região

Considerando que a África ocidental desempenha um papel fundamental para a


segurança e estabilidade de todo continente africano, a situação de segurança nesta
região se deteriorou acentuadamente nos últimos anos, representado uma ameaça para a
estabilidade regional e internacional, as violências tem aumentado nesta região desde a
queda do regime de Kadhafi na Líbia, e consequentemente, é uma das regiões mais
afetadas pela proliferação de armas ilícitas de pequeno calibre (GARCIA, 2019).

A situação na região continua muito volátil; que grupos terroristas, incluindo


terroristas islamitas ligados ao estado islâmico como Boko Haram 3, intensificaram a sua
presença na região da África ocidental, são responsáveis por massacres, tortura,
violência sexual, desaparecimento forçados, pilhagens e deslocações forçadas; no ano
3
O Boko Haram é um grupo terrorista surgido na Nigéria que, é denominada também como “grupo
radical islâmico”, pois as suas acções correspondem ao fundamentalismo religioso de combate a
influência ocidental e de implantação radical da lei islâmica, a sharia. O nome Boko Haram significa
“educação não islâmica e pecado” ou a “educação ocidental e pecado”, na língua Hausa um idioma
bastante falado no norte da Nigéria. Surgiu em 2002 como uma seita religiosa, fundada por Mohammed
Yusuf na cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, na Nigéria.
O principal objectivo do Boko Haram actualmente, além de combater os princípios e legados ocidentais
deixados pela colonização britânica no pais, e a construção de uma república islâmica (PENA, 2023).
de 2020 assistiu a um aumento acentuado de mortes atribuída ao Boko Haran
(NWOZOR, 2018).

Visto que os maiores desafios em matéria de segurança e o descontentamento da


população com os governos e a comunidade internacional conduziram de manifestações
públicas de apelo a novas reformas governamentais e a melhoria da situação em matéria
de segurança; as acusações de corrupção e nepotismo contra autoridade governamental
regional persistem a um tempo considerável e conduziram a um declínio constante da
confiança e satisfação com os governos e as respectivas instituições, segundo o índice
de percepção da corrupção 2021, os níveis são desiguais na África ocidental, com o
Cabo Verde e o Senegal apresentarem melhor desempenho no que se refere a reforma
anticorrupção (CORREIA e DANILO, 2021).

Considerando que o estado global da cooperação em matéria de democracia e


segurança na região da África ocidental sofreu enorme retrocessos quando os militares
no Mali e no Burkina Faso derrubaram os respectivos governos, nomeadamente no Mali
em agosto de 2020 e novamente em maio 2021, quando derrubaram o mesmo governo
que eles próprios tinha instalado, e posteriormente em janeiro de 2022 ocorreu um golpe
de Estado no Burkina Faso, que esta situação reflete uma crise profundamente enraizada
na região (CEDEAO, 2018).

2.4.1- Golpes de Estados e Mudanças Inconstitucionais

Sendo as Relações Internacionais um campo aberto, em constante evolução


surgem hoje novos conceitos sobre golpe de estado dentre eles; o golpe civil, militar
palaciano, constitucional, auto golpe, hibrido, estrangeiro, econômico e tecnológico.

Quanto ao golpe Palaciano trata-se geralmente de um golpe de natureza política,


comum aos regimes totalitários e democráticos por lobbys econômicos cujo intuito e o
afastamento total do governo ou apenas de alguns dos seus elementos considerados
obstáculos aos seus desígnios. Dos elementos que saem uns vão ocupar funções, alguns
até melhor remunerados, enquanto outros ficam como meras figuras decorativas sem
qualquer poder de decisão efectiva (DANILO E CORREIA, 2021).
Mas para este estudo importa referenciar o golpe de Estado militar tendo em
atenção o nosso obejcto de estudo a CEDEAO que nos últimos anos sofreu vários
golpes de Estado militar.

O golpe de Estado militar consiste numa acção em que os militares se apoderam


do poder político por uma operação de surpresa (VALENTINI, 2018).

Assim as Mudanças Inconstitucionais são alterações pelos mecanismos não


democrático, não consagrado na constituição usado pela via da força e de armas. As
mudanças Inconstitucionais em África, em via de regra são operacionalizados por
golpes de Estados (ANDRADE, 2019).

Segundo Mboco (2023), defende que o ressurgimento dos golpes de Estados na


África ocidental especificamente no Mali, Burkina Faso e na Guine Conacri teve
factores internos que estiveram na sua base como;

 São países extremamente frágeis- resultado da colonização francesa na


grande maioria deles;
 Fragilidade nas instituições resultante das políticas e práticas políticas
pós independência;
 A desertificação em consequência das alterações climáticas e acção
humana;
 A insegurança ligada ao extremismo

Devemos subscrever que os factores internos são determinante para que um


Estado vivencie um golpe de Estado ou não, tendo em atenção a consolidação ou
fragilidade das instituições dos Estados de direito e democráticos e do nível de
maturidade política dos seus cidadãos.

Importa referenciar que os golpes de Estados criaram uma falsa ideia de que a
resolução dos problemas da sociedade passava pela mudança dos regimes, pela via de
forca, e a institucionalização de um governo de transição controlada pelos militares.

Esses golpes não são motivadas apenas pelo desejo do poder, mas motivada por uma
revolta popular, contra a exploração ocidental, mas também pela crise de liderança em
África.
Nesta pesquisa nos permitimos estudar três Estados na África ocidental estão a
ser dirigidos por juntas militares que se mostram resistente em entregar o poder aos
civis, e estes criaram condições necessárias para um governo de transição que conduza a
realização de eleição que legitime constitucionalmente está um governo.

No ano de 2020, assistimos o regresso da tomada do poder pela via do golpe de Estado
no Mali, encabeçado pelo coronel Assimy Goita, e na república da Guine Conacri pelo
coronel Mamady Doumbaya, e no dia 24 de janeiro de 2022, no Burkina Faso, pelo
tenente Paul Damiba tambem tomou o poder pela forca (CORREIA e DANILO, 2021).

Todos estes acontecimentos destaparam e colocaram a nu as fragilidades das


instituições dos Estados africano e revelaram a falta de sentido de Estados ou o
cumprimento das obrigações de elites castrenses a quem deve ser reservado a missão de
assegurar a defesa do território nacional (MBOCO, 2023).

Resumindo, levamo-nos a perceber de uma epidemia de golpes de Estados que


marcaram o continente africano com atenção da sub região ocidental. O panorama tem
sido recorrente na região, militares interferem para depor ditadores ou dinastias
longevas, mas em geral, a tomada de poder por via de golpes de Estado ou mudanças
Inconstitucionais não resulta na prometida estabilidade política, ao contrário tem
aumentado a situação de instabilidade político-militar entre os Estados da região
(COHEN, 2023).

2.4.2- Fundamentalismo Islâmico

Como já vimos antes, a África ocidental tem sido palco de actuação dos grupos
terroristas (são grupos fundamentalista islâmico), que concentra suas actividades nos
países que possuem expressiva população muçulmana. Os obejctivos destes grupos e
difundir pressupostos religiosos radicais, via de regra com implementação da sharia
(NKWI, 2015).

Com a situação fragilizada na região ocidental da África, onde tem sido palco de
golpes de Estados e conflitos de outras envergaduras, tem facilitado a atuação dos
grupos terroristas e estas ameaça tem evoluído para uma ameaça regional.

Para melhor compreensão vamos a um breve conceito daquilo que e o


fundamentalismo; e qualquer movimento ou atitude conservador e intransigente que
define a obediência rigorosa, ao passo que, o fundamentalismo islâmico não é apenas
uma religião, mas também um sistema de tutela os imperativos políticos, econômicos,
culturais e sociais do Estado, quebrado paradigmas dos Estados laicos. Para os
fundamentalistas o Islão e um sistema global e totalizante onde cabe a religião controlar
todos aspectos do Estado (LEO; BASSI,2023).

A presença dos terroristas torna a situação na região cada vez volátil, os grupos
terroristas com conexões com Estados islâmico como o Boko Haram, intensificaram a
sua presença na região da África ocidental, onde foram responsáveis por vários crimes
como massacres de grupos étnicos, desaparecimento de pessoas e a pilhagem que
provocam deslocamento forcado das populações (LARA, 2017).
CAPITULO III - ANALISE DAS INSTABILIDADE POLITICA-
MILITAR COMO OBSTACULO NO PROCESSO DE
INTEGRACAO ECONOMICA DA AFRICA OCIDENTAL
Após apresentarmos, no primeiro capitulo a fundamentação teórica e os conceitos
operacionais de instabilidade política-militar e da integração econômica, no segundo a
contextualização da CEDEAO, neste capitulo, a centralidade recai na análise das
instabilidades político-militar como obstáculo no processo de integração econômica da
CEDEAO. Para o efeito, julgamos ser conveniente compreender o desafios securitários,
econômicos, políticos e sociais, as novas ameaças e riscos à segurança regional, o
terrorismo, crimes cibernéticos, as implicações do fracasso das operações Baran e
Sergei na região do Sahael e consequentemente as implicações dos golpes de Estado
para a segurança regional.

3.1- Os Obstáculos do Processo de Integração Econômica da CEDEAO


Apesar de uma existência com mais de 45 anos a CEDEAO ainda enfrenta muitos
obstáculos, que tem impedido o progresso da integração econômica, conflitos internos,
conflitos religiosos, étnico, falta de infraculturas físicas e sociais, falta de vontade
política na implementação de alguns protocolos e projectos, a inexistência de
instituições relevantes necessárias para a introdução da moeda única, escassez de
investimento no desenvolvimento de recursos humanos e falta de mecanismo eficazes
para uma abordagem integrada de promoção de comercio (MOTEZINHO, 2016).
A CEDEAO adotou em 1979 na cidade de Dakar-Senegal, o protocolo de Livre
Circulação de pessoas, bens e serviços para todos os cidadãos dos Estados Membros,
protocolo este que foi ratificado em 1980 por todos os Estados membros. Pois devemos
sublinhar que a implementação e consolidação deste protocolo ainda e um grande
desafio para a CEDEAO, por se deparar com obstáculos na segurança nacional e
regional através dos crimes transfontericios, ataques terroristas (DIALLO, 2016).
Não obstante, a importância do protocolo de livre circulação da CEDEAO, e preciso
considerar os seus efeitos colaterais para a segurança dos Estados-Membros,
principalmente, dos que apresentam fronteiras porosas e que facilitam a realização dos
crimes transfontericios. Salientar que ainda grande parte dos problemas
socioeconômicos dos Estados-Membros da CEDEAO são responsáveis por crimes
transfontericios, incluindo; pobreza extrema, injustiça, falta de oportunidade de
emprego, corrupção e exploração interna. O baixo nível do desenvolvimento
econômico, a lavagem de dinheiro, a adoção de políticas internacional, em parte,
contraria a consolidação do protocolo, constituem barreiras para a consolidação dos
princípios previsto no protocolo (IDEM).
As assimetrias instabilidades políticas e militares na região da CEDEAO constituem o
principal calcanhar de Aquiles na materialização da integração econômica da região. A
falta de parques industriais e de eletricidade na maioria dos Estados da econômicas
sociais, infraestruturas e a região tornara alguns mercados internos apenas canais de
escoamento dos produtos de outros países da região. A falta de vias de comunicação,
como estradas, linhas ferras funcionais que possibilitem uma circulação maior mais
eficiente, a falta de portos, aeroportos são alguns de vários obstáculos a implementação
da integração econômica da região da CEDEAO (MBOCO, 2021, p.71).
3.1.1- Desafios Securitários

A via para a integração econômica regional pode ser descrita como tortuosa. Apesar de
progressos significativos, os desafios multiplicaram-se.
Do ponto de vista securitário, a região debate-se com uma insurreição de grupos
terrorista como Boko Haram, que tem a sua origem no norte da Nigéria, onde as suas
acções afectam os outros Estados da região. Boko Haram tem aproveitado o sentimento
de injustiça gerado pelo subdesenvolvimento para ganhar terreno no norte do pais. Os
combatentes deste grupo rebelde pertencem maioritariamente ao grupo etcnico Kanuri,
no nordeste do pais (GARCIA, 2019).
O aspecto ligado a segurança regional é um dos principais obstáculos nos processos de
integração regional que impossibilita a circulação de produtos e mercadorias nos
mercados inter-regional, dificultando o crescimento e o desenvolvimentos dos Estados
membros da região. E impossível tratar de questões de integração econômica de
descorar a defesa e segurança regional (AMADO, 2022).
A insurgência do terrorismo na região da CEDEAO, os ataques perpetrados pelos
grupos terroristas, tais como o Boko Haram, levou os países assolados e os seus
vizinhos a endurecer as políticas de controle das suas fronteiras, influindo
negativamente, no cumprimento dos direitos previstos no protocolo de livre circulação
de pessoas, bens e serviços da CEDEAO.
Ė importante que os países do bloco da CEDEAO dinamizem as questões ligadas a
segurança da região, com mecanismo de controle e partilhas de informações de
caractere militar que visem garantir a estabilidade região.
Apesar de ter passado vários anos desdá sua formação, a situação de segurança na
região faz-nos questionar sobre o real papel da ECOMOG e qual tem sido a sua atuação
concerne-te a estas situações.

3.1.2- Desafios econômicos

O processo de integração econômica uma das soluções para a alteração do quadro


macroeconômico, mas e imperioso que os países operem transformações estruturais
profundas, como a capacitação dos recursos humanos, investimentos tecnológicos,
construção de parques industriais e outras infraestruturas de apoio ao comercio. Para o
processo integrativo e importante harmonizar as regras e políticas econômicas para
acelerar o crescimento da economia regional (MBOCO, 2021)
A existência de barreiras nas pautas ao comercio enfraquecem a intensidade do
comercio na região, sendo assim, o comercio inter-regional na CEDEAO ficou para traz
relativamente a outras regiões em África. Aumentar as trocas comerciais entre os
membros, criar mercados maiores e mais atraentes e tirar partido das economias de
escala são desafios para aprofundar a integração do comercio. A promoção da
convertibilidade da moeda regional vira imprimir o impulso necessário ao comercio
inter-regional.
A criação de uma união monetária permanece fugidia, mas em 2015 foi marcado pelo
lançamento do Eco, a moeda da segunda zona monetária conhecida como zona de
monetária da África Ocidental. No entanto tem sido difícil para os Estados-membros da
ZMOA cumprir continuamente os critérios de convergência. A despeito dos índices de
crescimentos elevados registrados nos últimos anos, hegemonia fiscal e o aumento da
inflação conjugados acentuaram o processo de divergência (TEIXEIRA, 2022).
A existência de duas zonas monetárias distintas e mais outro obstáculo a realização de
uma moeda única. Consequentemente, o novo critério de convergência que estipula uma
meta inflacionaria de 5% está a ser questionado pelos países fora da zona CFA. A boas
razoes para tal por quanto cenário de taxa de inflação de 5% para os países não
pertencentes a zona CFA para quimérico (IDEM).
Um desafio fundamental e superar os constrangimentos da oferta e a competitividade
das exportações regionais e a sua diversificação, porque a diversificação e a
competitividade são cruciais para o comercio inter-regional. Do mesmo modo, outra
orientação política fundamental neste sentido e ultrapassar a liberação até a criação
efectiva de um potencial comercial através do desenvolvimento de um ambiente
impecável de facilitação do comercio em que haja serviços essenciais eficazes como
finanças, telecomunicações, energia, e redes de transporte adequados (MBOCO, 2021).

3.1.3- Desafios Políticos

Ė mais importante para CEDEAO continuar a trabalhar rumo a convergência política e


estrutural do que preocupar-se em cumprir as datas fixadas na ausência de convergência
estrutural, uma união monetária só pode ser sustentável quando as condições necessárias
são satisfeitas.
Falta a vontade genuína de renunciar uma parte da soberania e protecionismo que
consolida o processo de integração de uma região. Os Estados membros da CEDEAO
devem reconhecer que, na qualidade de membros de um agrupamento regional estão
vinculados acordos, implícito ou explicito, que regem o exercício da política e impedem
a prodigalidade e dissipação afim de assegurar que os objectivos regionais substituam os
objectivos nacionais (CEDEAO, 2020)
A região deve elaborar um modelo de recuperação econômica que funcione, ao mesmo
tempo que reflete na arquitetura institucional, tendo em conta que as instituições são o
meio através do qual as políticas regionais são administradas e transportadas.
A despeito da existência de um protocolo sobre livre circulação e o direito de
estabelecimento, o facto e que ele e frequentemente violados. São necessário novos
instrumentos e instituto que disponha de um mecanismo viável para fazer cumprir o
protocolo (CEDEAO, 2020).
Ė necessário que os estados da região da CEDEAO adoptem medidas e políticas que
visem dotar o processo de integração econômica de uma estrutura funcional que
permita a operacionalização do processo integrativo com as suas respectivas etapas e
com os seus objetivos faseados .mais do que as intenções e encontros entre os líderes da
região sobre este processo, e fundamental o espirito de comprometimento e a vontade
política em transformar a integração na região numa realidade que sirva, de facto, para
melhorar as trocas comerciais, aumentar o volume do comercio inter-regional e se
reflita no nem estar da regia, não fique por uma integração incipiente. Tudo isso só será
possível quando os Estados da região fizerem reformas estruturais que visem dar
efectivo suporte a referida integração (MBOCO, 2021).
3.1.4- Desafios sociais

Os desafios sociais na região são múltiplos e requer, por parte dos líderes da região
estratégia e políticas públicas que resolvam os problemas da sociedade. É importante
que a administração e gestão pública tem na pessoa o elemento central na governação
que o governos aprenda a fazer muito com poucos recursos criem projetos e programas
sociais transparente em que a sociedade civil possa fiscalizar as obras e orçamento
apresentado para a materialização dos mesmo (CABRITA, 2018).
O autor acima citado Cabrita (2018), sublinha também a falta de emprego como
principal factor impulsionador da emigração dos jovens desta região para outras partes
do mundo. O problema da juventude começa pela falta de emprego, falta de
oportunidade para desempenhar actividade que asseguram uma vida condigna,
analfabetismo pobreza acentuada e entre outros problemas.
Os líderes do bloco devem apostar na formação de qualidade que possa contribuir
significativamente para o crescimento e desenvolvimento da região, a transformação das
potencialidades dos recursos naturais em riqueza, beneficiando a todos os membros da
região e não somente a um pequeno grupo (IDEM).
Os líderes devem deixar a política de vitimização e pensar que devem ser os líderes de
outras regiões a criar condições para melhorar o bem estar da sua região. Os líderes da
região devem agir com sentido de Estado e de responsabilidade, com política de
intervenção que visam alterar a situação de risco em que a região se encontra, apostando
no processo de industrialização para transformar os recursos naturais, minerais e outras
matérias primas em produtos acabados e proporcionar, assim, empregos para os
cidadãos. Outra estratégia que deve ser adoptada passa pela criação de emprego em
zonas rurais, mudando o paradigma de produção agrícola moderna como grande
potencial de criação de empregos e riqueza, incentivar e apoiar o empreendedorismo,
tendo em atenção que Estado não tem capacidade de empregabilidade de todos seus
cidadãos (LIMA, 2022).
As mulheres na região constituem a maior parte da população, mas, ao mesmo tempo as
mais excluídas dos cargos de decisão nos Estados membros por questões culturais em
alguns acasos e, noutros, devido a aspetos de ordem técnicas mulheres são remetidas
para o segundo plano nas decisões, quer no seio familiar quer na sociedade, ou seja em
situação de subserviência em relação aos homens (WANJIRU, 2017).
O casamento infantil também constitui um factor de preocupação na região, em algumas
culturas e permitido. Muitos casos, os progenitores são os facilitadores desta pratica,
violando os direitos das mulheres. Muitas são privados ao acesso de sistema
educacional e são apenas instruídas para serem donas de casa e cuidarem dos filhos.
Fruto destas reações existem muitos casos de mortalidade de mulheres durante o pacto.
As mulheres são ainda propensa as violências sexuais e domesticas (WANJIRU, 2017).
Ė notável que em vários países da região os atos que violam os direitos das crianças
como trabalho infantil nos mercados informais e instituições formais com o
consentimento dos pais, porque em alguns casos contribuem para as despesas de casa,
privando as crianças de frequentarem a escola ou, quando frequentam na maioria dos
casos, apresentam o fraco desempenho escolar. Esta situação contribui para a má
qualidade dos recursos humanos no futuro e comprometi qualquer nação ou Estado
membro da região que, em função disso, tem de importar quadros estrangeiros para
determinadas funções e lugares que deveriam ser ocupado pelos membros (IDEM).
Segundo o relatório da ONU (2019), intitulado “uso de crianças soldados” estimas a
existência de dezenas de milhares de crianças a serem forçadas a participarem em
conflitos armados deste respectivo número duzentas e três crianças foram usadas em
ataques suicidas pelo grupo Boko Haram, na Nigéria e nos países vizinhos.

3.2- As Novas Ameaças e Riscos à Segurança Regional

A emergência de certas ameaças e riscos à segurança regional tem evoluído com os


tempos causando assim vários conflitos, estes conflitos tem procurado dar origem ao
fenômeno do terrorismo e da rápida evolução da questão do radicalismo islâmico, uma
vez que, muitos destes conflitos tem sido motivado por questões religiosas e étnicas e
poderão ser associados a qualquer momento as acções do extremismo violento que já
está a tomar conta de alguns espaços geológico da região (KIVUNA, 2019, p.67).
A que realçar que o espaço geográfico africano transformou-se numa região atrativa
para a actividade terrorista, tendo em conta a extrema debilidade dos Estados africanos a
sul do Saara, alguns dos quais com uma trajetória falida de nações independente pois-
descolonização europeia. Essa debilidade viria a manifestar-se com o processo mundial
da globalização, que pois a descoberto as arcaicas estruturas econômicas nacionais, a
corrupção política, incluindo novos desafios tecnológicos e de segurança a pobreza e
falta de expectativas, o aumento desenfreado da população urbana e o défice dos valores
tradicionais, expondo essas unidades politicas a processo de radicalização (IDEM).

3.2.1- Terrorismo

Na África Ocidental, estão presentes inúmeros as circunstância portadoras de


importante potencial de conflitualidade e que, por consequência, afectam a condição de
estabilidade em torno de toda região. De modo geral, a insegurança observada em
algumas regiões da África ocidental está ligada a atuação de grupos terroristas. Como
estes possuem vínculos transnacional, a intensificação a dispersão das tensões são
possíveis, tornando o jihadismo um tema relevante na região, sobre tudo na Nigéria
sendo o Estado director da região (SERRA, RONDON, 2022).
Segundo Sousa Lara (2007), o terrorismo é um acto político essencialmente
instrumental, ou seja, um meio e não um fim, cujo o proposito imediato e criar o pânico,
espalhar o medo generalizar o sentimento de incapacidade nas massas, para que um
pequeno grupo que nunca atingiria o poder por vias democráticas consiga dialogar com
o Estado e impor-lhe as suas condições quando não mesmo substituir na sua cede de
poder político.
O terrorismo não é apenas um acto simbólico de violência física e sistemática, mas uma
forma de violência psicológica que produz a sensação de medo nos indivíduos, e hoje já
é tido como um instrumento subversão política e do Estado que começou a ganhar uma
certa notoriedade a nível da conjuntura internacional, através de pequenos actos em que
estavam envolvidas questões de natureza meramente política e econômica,
protagonizado por elementos afectos a um certo grupo ou uma determinada organização
que, descontentes com certas políticas governamentais, procuram alcançar os seus
objectivos fazendo uma certa pressão sobre os mesmos. Actualmente estas acções
terroristas encontraram um espaço de alojamento dentro das fronteiras nacionais,
desestabilizando assim política e socialmente a ordem vigente do poder estadual, através
do uso da violência sistemática e assimétrica desencadeada por certos grupos
(KIVUNA, 2019).
Após um período prolongado de conflito, agitação social e instabilidade política, a
África Ocidental fez progressos consideráveis na democracia, crescimento econômico e
na última década. Apesar destes progressos, há preocupação sobre o aumento do
terrorismo e os efeitos adversos sobre a paz, segurança na região. A natureza letal dos
ataques em alguns países como o caso do norte da Nigéria (GIABA, 2013).
Apesar de ser a maior economia produtor de petróleo da região e na África, a Nigéria
continua sofrendo problemas estruturais, a fragilidade das instituições, a corrupção, as
divergências étnicas e religiosa e a ausência de serviços básicos, tem provocado o
descontentamento da população contra o Estado Nigeriano, isso tem contribuído para
agravar as mas condições de vida da população. A Nigéria tem grandes problemas em
matéria de segurança em particular no norte do pais, com a actuação do grupo Boko
Haram, que reivindica a instauração de um Estado Islâmico governado pela Sharia, a lei
Islâmica. O crescimento do fundamentalismo islâmico e da violência, sobre tudo na
parte Norte do pais, evidencia a fragilidade das instituições políticas, sobretudo a nível
securitário (TEBAS, 2017)
A fragilidade do Estado nigeriano está relacionada ao passado colonial e a sua história
de confortos regionais e étnicos religiosos, com a pobreza da população, a má
governação, a corrupção das elites, a degradação ambiental, o subdesenvolvimento das
infraestruturas, a criminalidade e a instabilidade política. Essa situação tem criado
grupos de cidadãos descontentes que procuram alternativas ao Estado, aderindo ao Boko
Haram (ALJAZEERA,2015).
Por se tratar de uma região importante, os fatores de instabilidade presentes requerem
atenção particular, principalmente pela incapacidade dos governos locais em conter os
grupos jihadistas o que suscita a possibilidade de transbordamento do terrorismo para as
regiões além do sahel (BLOOMBERG, 2019).
Assim importa referir que a África Ocidental é vulnerável ao terrorismo por várias
razões. A sub região sofre de instabilidade política, violência étnica e comunitária,
corrupção elevada, pobreza generalizada e alta taxa de desemprego. A maior parte das
fronteiras da região e porosa e há muitos espaços desgovernados em torno das grandes
fronteiras, todos os países não tem capacidade de controlar eficazmente as fronteiras e
linhas fronteiriças que constituem uma vulnerabilidade que pode ser explorado por
grupos terrorista para estabelecer bases de treinamento para os seus membros e
transporte de armas na sub região e assim propagar as suas atividades (GIABI, 2013).

3.2.3- Crimes Cibernéticos

Os cibercrimonosos visam computadores podem infecta-los com Malware4 para


danificar os dispositivo ou impedi-los de funcionar. Eles também podem usar Malwere
para excluir ou roubar dados, podem impedir os usuários de usar um site ou rede ou
impedir que uma empresa forneça um serviço de software a seus clientes, o que e
chamado de ataque de negação de serviço, usam computadores para com os crimes
cibernéticos são cometidos por cibe criminosos ou hackers que querem ganhar dinheiro,
crime cibernético visa danificar computadores ou redes também por outros motivos que
não lucrativo. Nestes casos podem ser pessoais ou políticos. O crime cibernético pode
ser realizado por indivíduos ou organizações. Alguns criminosos, usam técnicas
avançadas e são altamente capacitados em termos técnicos (SAMUEL, 2023)

A rápida transformação digital que ocorre na África Ocidental é de grande importância


para melhor o funcionamento e a eficiência das administrações, das políticas públicas e
das economias, assim como para aumentar o bem estar da população. No entanto, os
riscos crescentes que ameaçam o ciberespaço da região, tem reduzido
significativamente os benefícios esperados e prejudicam seriamente os interesses dos
Estados, das suas economias e das instituições (ADF, 2023).
A medida que a utilização cresce na África ocidental, os lideres apelam a uma melhor
cooperação regional em matéria de segurança cibernética. A CEDEAO tem que ter uma
abordagem conjunta que pode proteger os cidadãos, as empresas as instituições
governamentais e as infraestruturas críticas dos ataques cibernéticos.
Os criminosos cibernéticos estão a tirar vantagens do crescimento online. Utilizam o
phishing 5 para obter acesso ao sistema informáticos, enviando mensagens de correia

4
Malwere é a abreviação de software e malicioso (em inglês, malicious software), e se refere a um tipo
de programa de computador desenvolvido para infectar o computador de um usuário legitimo e
prejudica-lo de diversas formas. Os criminosos cibernéticos costumam usá-lo para extrair dados que
podem ser utilizados das vítimas para obter ganhos financeiros.
5
Phising- é uma técnica de fraude online, utilizada por criminosos no mundo da informática para roubar
senhas, informações usando-as de maneira fraudulenta. A expressão phishing surgiu a parti da palavra
em inglês fishing, que significa “pescando” ou seja, os criminosos utilizam esta técnica para pescar os
dados pelo phisher “pescador” nome que e dado a quem executa um phishing.
eletrônicos de aparência legitima que contem softwere concebido para invadir redes
informáticas ou roubar dados pessoais. Os ataques de ransomware, os piratas
informáticos invadem empresas, bancos, e bloqueiam os utilizadores até que as vítimas
paguem um resgate (ADF, 2023).
A CEDEAO através do seu programa crime organizado: resposta da África ocidental em
matéria de segurança cibernética e luta contra o crime cibernético ( OCWAR-C),
formou funcionários responsáveis pela aplicação da lei para confortar os criminosos
cibernéticos e recolherem provas que ajudem a processa-los, a CEDEAO também está
ajudar os Estados membros a modernizarem os seus sectores de telecomunicações para
os tornar mais resiliente, parte deste plano consiste em garantir que os países da África
Ocidental estejam a trabalhar de acordo com linhas semelhante à medida que
desenvolvem os seus planos de segurança cibernética, para que possam partilhar
informações e criar confiança entre si (CEDEAO 2019).

3.3- As Implicações do Fracasso das Operações Serval e Barkane na Região do Sahel

A região do Sahel está localizado ao norte da África, consiste em uma faixa de transição
entre o deserto do Saara e as grandes Savanas africanas. Além dessas características
peculiares, o Sahel e uma das regiões mais pobres e instáveis do planeta.
De acordo com Notin (2019), a ausência do poder estatal, a má administração e a falta
de controle geraram uma região fértil para as actividades delitivas relacionadas ao crime
organizados e ao terrorismo, que interagem com o propósito de obter benefícios
econômicos mútuos. Detendo um poder de facto agravante da situação as fronteiras da
região são muito porosas e difíceis de controlar e a grande extensão territorial dos países
significa que há muitas áreas sem o controle do Estados, geralmente são caracterizada
pela fraqueza de suas instituições.
De acordo Wing (2016), operação Serval é uma resposta ao pedido de apoio militar do
governo de transição do Mali, quando grupos terroristas islâmico e insurgente
Tuaregues6 se uniram e aproveitaram a turbulência política de Bamako para conquistar a
região norte do Mali. A acção militar francesa foi desenvolvida no norte do Mali a parti
de 11 de Janeiro de 2013, por ordem do presidente francês François Holande. Neste
contexto os objectivos determinados para esta operação foram os seguintes; parar a
progressão jihadista, garantir a segurança de Bamako dos elementos estrangeiros e das
populações ameaçadas e restaurar a integridade territorial do Mali.
Para Neto (2018), os riscos da formação de um Estado Islâmico no Mali e os
consequentes colaterais para a Franca, levou o Estado francês a atender rapidamente o
pedido do Mali. E evidente os interesses econômicos com todos os vizinhos do Mali,
especialmente o Níger (pelo seu uranio). Por esta razão a França temia que, o Mali fosse
desestabilizado, seus próprios interesses estariam de facto ameaçados.
6
Tuaregues- são povos que habitam, a grosso modo, a área alta do deserto do Saara no norte da África.
E um povo nômada, pastoralista e apesar da pele negra, semelhante a do povo africano mais a sul. São
um dos vários grupos que formam a população berbere do norte da África. São todos praticamente da
religião Islâmica, que chegou na região por volta do século XII. A população Tuaregues e estimada em
cerca de 1 milhão e 500 mil individuo, distribuídos por cinco países Mali, Níger, Argélia, Líbia e Burkina
Faso.
Em agosto de 2014, ao invés de se retirar do Mali, a Franca transformou a Operação
Serval em Operação Barkhane, uma ampla operação de contra o terrorismo em
cooperação com os cincos países da faixa do Sahel denomida G5 Sahel. Diferente do
Serval que estava limitada ao Mali, a Operação Barkhane foi concedida para responder
aos militantes em toda região do Sahel, com ênfase particular na região de fronteira
tríplice entre Burkina Faso, Mali, e Chade (WING, 2016).
Apesar do aparente êxito militar da Operação Serval e Barkhane, a situação na faixa do
Sável continua instável e turbulenta, a região está efectivamente longe de ser
considerada um local estável. Entende-se que a efectiva estabilidade do local não e de
responsabilidade apenas militar, existem outras ameaças regionais que tem inserido
ingredientes adicionais na complexidade do ambiente local. Por tanto a solução da
instabilidade no Sahel vai muito além do vetor militar. Factores como, infraestruturas
deficientes, baixo nível de capital humano, a insegurança física, insegurança alimentar e
o aquecimento global inibem o crescimento econômico e social da região (NETO,
2018).

3.4- As Implicações dos Golpes de Estado para a Segurança Regional (Mali, Burkina Faso,
Guine Conacri)

O impacto que os golpes de Estado tem tido sobre a região da CEDEAO podem ser de
longo alcance, afectam a economia, política e a vida social. A situação na região
continua muito volátil
Os golpes de Estado no Mali, Burkina Faso e na Guine Conacri, tiverem implicações
significativamente para a segurança na região da CEDEAO. Assistimos o regresso dos
golpes de Estado em 2020 no Mali, que provocou num lado, o efeito domino e teve
influencias no regresso dos golpes de Estados na região, devido a incapacidade da
CEDEAO e outras organizações regionais em dar resposta a esta situação, e por outo
lado, por ser bem sucessido motivou que os militares de outros Estados de seguirem
estas práticas (SILVA, NUNES, OLIVEIRA, 2023)
Para o nosso estudo identificamos as seguintes implicações dos golpes de Estado dos
três Estados acima citado; instabilidade política, econômica e social, bem como o
aumento do terrorismo e a criminalidade.
 Instabilidade política – os golpes representaram uma raptora nos processos
democráticos causando o grande retrocesso democrático, a instabilidade política
tem dificultado a cooperação regional e o combate as ameaças comum, isso
ocorre porque os países da CEDEAO tem tido dificuldade em coordenar e
trabalhar juntos.
 Instabilidade econômica – falta de legitimidade dos governos militares, a
crescente polarização política nos países, a redução da ajuda internacional, a
fragilidade nas instituições e a fragilidade de segurança da região, tem criado
incertezas para o ambiente econômico, levando assim a uma redução dos
investimentos e do crescimento econômico.
As empresas tem menos probabilidade de investir ou expandir o seu negócio
numa região onde existe um clima de insegurança, o medo e a incerteza formam
uma mistura que reprimi a actividade econômica.
 Aumento da criminalidade – os golpes de Estado podem levar a um aumento
da criminalidade, pois podem criar um ambiente de impunidade. Isso pode levar
a um aumento da violência, da corrupção e do tráfico de droga. O aumento da
criminalidade pode afetar a segurança regional de várias formas; por exemplo,
pode levar a um aumento da sensação de insegurança entre a população, o que
pode dificultar o desenvolvimento econômico e social. Além disso pode também
aumentar o risco de conflitos entre grupos criminosos, o que pode desestabilizar
ainda mais a região.
 Aumento do terrorismo – os golpes de Estado criar um ambiente de
instabilidade que e favorável para atuação dos terroristas e para o recrutamento
de jovens por grupos terroristas, como no Grande Sahel.
No Mali, houve uma escalada de violência terrorista no norte do pais, isso se
deveu a uma combinação de factores, incluindo a retida das forças francesas do
pais. A falta de confiança entre as forças malianas e a crescente de grupos
terroristas, como o estado Islâmico no Grande.
O aumento do terrorismo pode afectar a segurança regional de várias formas.
Por exemplo, pode levar a uma escalada de violência no Sahel, o que prejudica a
segurança de civis e de forças de segurança. Além disso, pode dificultar o
comercio e a cooperação regional, visto que estes Estados fazem parte de um
bloco regional que tem objectivos por cumprir.
É importante frisar que os golpes de Estados que decorreram apresentam vários
denominadores comuns, mas para este estudo descrevemos quatro que podem ser
apontados nesta equação;
 Os golpes de Estados ocorreram todos na África Ocidental;
 Todos ocorreram nas antigas colônias francesas em África;
 Todos foram executados pelos militares;
 Todos tiveram o apoio popular;

Este último denominador decorre em virtude do descontentamento das populações com


o governo que em muitos casos não conseguiram por cobro a uma série de situações de
ordem política, econômica social e até de segurança (MBOCO, 2023).

CONSIDERACOES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como a instabilidade
político- militar tem sido um obstáculo para o processo de integração econômica na
Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental.
Assim no primeiro momento, procurou-se explicar as principais teorias para a problemática da
integração regional. No caso do funcionalismo, pode se considerar mais do que teoria e um
método normativo, no sentido que explica a maneira como os Estados poderão atingir a paz, não
especificando as condições em que tal objectivo poderá ser atingido. Por outro lado, apesar do
neofuncionalismo reformular as hipóteses do funcionalismo, no sentido que a integração para se
suceder tem de combinar os aspectos econômicos, sociais e técnicos. Assim também abordamos
o regionalismo que traz consigo uma análise multitemática sobre o regionalismo considerando a
influência não só dos aspectos políticos e econômicos. Mas considerar os aspectos inter-
regionais, quer dizer a aproximação geográficas, que acaba redobrando os esforços para a
estabilidade interna e regional por causa dos crimes e ataques transfontericio.
Foi importante para este pesquisa trazer também a teoria da segurança colectiva, que de um
tempo para ca com a ausência do mundo bipolar ou multipolar de grandes poderes de presença
global, a segurança colectiva passou a ter um lugar num nível de analise que privilegia a região.

O conceito de integração regional, pressupõe um contexto geográfico que inclui a


aproxima idade entre países, compreendendo projectos de cooperação econômica e
política, levando a que cada Estado beneficie de um espaço mais alargado e organizado
institucionalmente.
Através das suas independências os países da CEDEAO foram descolonizadas deixando estar
sobre a pressão colonial. Em 1975 através do tratado de Lagos foi criada a CEDEAO que
engloba quinze Estados membros, e um dos blocos regionais no continente Africano na sub
região ocidental com três línguas oficiais francês, inglês e português, sediada pela Nigéria.
O problema da instabilidade político- militar e insegurança tem ganhado destaque na região da
CEDEAO com o regresso dos golpes de Estado em 2020 no Mali que provocou num lado, o
efeito domino e teve influencias no regresso dos golpes de Estados em outros países da
região como o Burkina Faso e a Guine Conacri.
A África ocidental também e vulnerável ao terrorismo por várias razoes, a instabilidade
política causada pelos golpes tem deixado um espaço favorável aos grupos radicais para as
suas acções, tendo em conta que os países não tem capacidade de controlar todas as suas
fronteira, a pobreza extrema, violência étnica, e comunitária e a corrupção elevada.
Como acadêmicos e importante primar pela transmissão de conhecimento concernente aos
factores que tem levado a estes conflitos na região, assim poderemos combater o problema na
sua raiz.
Apesar dos inúmeros esforços feitos pela CEDEAO, e importante ressaltar que o combate aos
fenômenos que assolam a região deve ser preocupação para toda a sociedade da região e da
África, o terrorismos, golpes de Estados, crimes transfontericios, crimes cibernéticos e outros
deve constituir uma preocupação para toda África, uma vez que tem assolada a região ocidental.
Desta feita, tendo em conta as pesquisas demostradas no presente trabalho, conclui-se que foi
cumprido os objectivos traçados, nos foi possível responder a pergunta de partida; a
instabilidade político- militar tem realmente um impacto negativo no processo de integração
econômica na CEDEAO, visto que o bloco tem encontrado enormes dificuldades para a
operacionalização dos seus objectivos devido ao ambiente instável que a região tem se debatido.
E impossível separamos a integração da segurança porque os Estados precisam estar em paz e
segurança para posteriormente.
SUGESTOES
Este trabalho analisar como a instabilidade político-militar como obstáculo para o
processo de integração econômica da CEDEAO, concluímos que a instabilidade
política-militar em realmente um obstáculo para a integração na CEDEAO, por este
motivo convém que a CEDEAO poderia adoptar medidas para mitigar os impactos
negativos da instabilidade política:
1) Fortalecer as instituições democráticas nos países membros; a CEDEAO pode
ria apoiar a reforma das instituições nos países membros, com o sistema eleitoral e o
sistema de justiça.
2) Promover a transparência e a accountability; a CEDEAO poderia promover a
transparência e a accountability nos países membros, por meio de medidas como a
liberdade de imprensa e a proteção dos direitos humanos.
3) Desenvolver mecanismos de prevenção e resposta à crise; a CEDEAO poderia
desenvolver mecanismos de prevenção e resposta a crises, como a mediação e a
observação de eleições.
4) Fortalecer as instituições de segurança; a CEDEAO poderia apoiar o
fortalecimento das instituições de segurança nos países membros, para que elas possam
combater a criminalidade e o terrorismo.
5) Promover o desenvolvimento econômico; a CEDEAO poderia promover o
desenvolvimento econômico nos países membros, pra reduzir a pobreza e a
desigualdade.

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