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UNIVERSIDADE
DEPARTAMENTO DE ENSINOTÉCNICA DE ANGOLA
E INVESTIÇÃO DE RELAÇÕES
INTERNACIONAIS E PSICOLOGIA
Luanda/2023
A INSTABILIDADE POLITICO-MILITAR COMO OBSTACULO NO
PROCESSO DE INTEGRACAO ECONOMICA EM AFRICA: CEDEAO (2017-
2022)
LUANDA, 2023
DECLARACAO DE AUTORIA
Declaro que este trabalho de fim de curso e o resultado da minha investigação pessoal e
independente, o seu conteúdo e original, de todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto e nas referências bibliográficas.
Declaro ainda que este trabalho de fim de curso não foi submetido em nenhum momento, no seu
todo ou em parte, em nenhuma universidade, ou em outra instituição de ensino superior para
qualquer grau acadêmico nem está a ser apresentado para obtenção de outro grau além daqueles
a que diz respeito.
A Candidata
Declaro que, tanto quanto me foi possível verificar, este trabalho de fim de curso e o resultado
da investigação pessoal e independente do candidato.
O Professor Orientador
Osvaldo Mboco
FOLHA DE APROVACAO
MAZUNGIDI, Suzana Masuamina
Dedico a minha eterna mãe grande Bernadeth Kadima Tshisekedi que em vida contribui muito
para o meu crescimento tanto a nível académico como a nível pessoal, serei sempre grata pelos
ensinamentos, conselhos e pela educação. Foste e sempre continuaras a ser uma grande
referência para mim.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, todo poderoso por ter-me dado o dom da vida e guardado os meus
passos, acalmando o meu coração e me dando força durante a elaboração deste exercício
académico.
A minha família, em especial aos meus pais Fernando Mazungidi e Mayamba Catarina cujo os
sacrifícios levaram a concretização dos meus sonhos. Grata pela vossa educação, pois isso se
reflete na grande mulher que me tornei hoje. Estendo os meus mais sinceros agradecimentos as
minhas irmãs Sofia Mazungidi, Patrícia Mazungidi, Tanya Pebo, Deomie Tshisekedi e Arleth de
Oliveira pelo apoio que me foi prestado.
É também extensivo ao meu companheiro de vida, meu amor Florentino Ludieco João obrigada
pelo apoio incondicional.
Ao professor e orientador Osvaldo Mboco por ter sido além de um orientador, um pai, um dos
mais excelente e exigentes professores que tive durante o meu exercício acadêmico, pela
paciência, dedicação e principalmente, por ter acreditado e persistido na minha capacidade
durante o trabalho.
Aos professores Wilton Micolo pelos ensinamentos e conselhos ao longo de todo tempo
académico, ao professor Francisco Sachitota, Manuel Kivuna, André Mangala, Smith de Sousa,
Maria Gouveia, Lucia Kaka, Dominguel Sukami, José Morais e, a todos os professores que
compõem o núcleo de professores do Departamento de Investigação e Relações Internacionais
da Universidade Técnica de Angola gratidão por terem feito parte deste processo.
Aos meus companheiros de longa data, irmãos de pais diferentes que a vida e a Utanga me deu,
Nádia Dicanga, Abimaela dos Santos, Cláudia Agostinho, Eliane de Jesus, Jally João, Marília
Pedro, Eva Alfredo, Elizeth Gomes, Abigail Garcia, Bruno Luís, pelo suporte que recebi directa
ou indirectamente de vossa parte, estamos juntos companheiros.
EPIGRAFE
África é a esperança do mundo, na busca de novos mercados e conquistas dos espaços, devido a
riqueza que repousam no solo e subsolo africano. África e a última fronteira do capitalismo.
Segundo Joseph Nye Jr, ao analisar a teoria regionalista afirma que para melhor
integração os Estados mais próximo geograficamente integrar-se-iam melhor, devido a
comunicação, facilitaria a informação, ligação de estradas e caminhos de ferro para a
locomoção e escoamento de produtos, empresas para a geração de empregos. Para isso,
o autor reforça sobre as simetrias económicas dos Estados para que não haja uma
disparidade elevada, para que depois não recai para os Estados com as economias
menos elevadas, e importante que os Estados vivam na diversidade e respeitando-se uns
aos outros. A estabilidade interna das unidades é de extrema importância para que haja
segurança nos territórios nacionais e regionais. Porque a instabilidade interna de um
Estado vizinho requer uma segurança redobrada por causa dos crimes e ataques
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Estado-nação é uma área histórica que pode ser identificada como possuidora de uma política legitima,
que pelos próprios meios constitui um governo soberano. Enquanto um Estado pode ser definido como
uma entidade política e geopolítica, já nação é uma unidade etnica e cultural (PEREIRA 2008).
transfronteiriço, por isso os Estados que fazem parte de uma determinada região devem
cooperar para assim garantir e velar pela estabilidade da sua região (NYE, 1968).
Por tanto é importante ressaltar que a teoria regionalista ou a facto dos Estados,
poderá facilitar uma circulação maior e mais eficiente de produtos e bens, permitirá a
ampliação do mercado, por meio da eliminação de obstáculos ao fluxo de mercadorias,
maior competitividade e preços mais baixos para consumidores. Pode ser o caminho
para o desenvolvimento dos Estados que fazem parte de uma região geograficamente
próximo e permitir o aumento do fluxo de negócios entre os Estados, diminuir a
dependência de produtos de terceiros Estados e possibilitar maior desenvolvimento e
crescimento económico (MBOCO, P.70, 2021).
Nesta secção, far-se-á uma apresentação dos conceitos elaborados por diversos
autores. Com objectivo de facilitar o entendimento do tema em estudo, inicialmente foi
subdividido em; instabilidade político-militar e a integração regional económica no qual
muitos destes possuem visões diferentes, no que concerne estes fenómenos que são a
base do nosso estudo.
A África ocidental teve presença de três metrópoles que são; França, Inglaterra e
Portugal cada um tinha o seu modelo de administração, tendo que os europeus
utilizaram dois tipos de administração nas colônias africanas: administração directa e
inderecta. Era considerada administração directa aquela em que toda terra e o poder
político foram tomados pela força. Este tipo de administração foi utilizado nas colônias
portuguesas. Era considerada administração indirecta aquela em que os territórios só
eram ocupados pelas potências europeias através de tratados assinados com chefes
africanos este tipo de administração foram utilizadas nas colónias francesas e britânicas.
Porém, muitas colônias de administração indirecta passaram depois para administração
directa (VICENTE, 2021).
Uma década depois, isto em 1972, o presidente nigeriano Yakubu Gowon e o seu
homologo togolês Gnassingbe Eyedema, fizeram uma digressão aos países da região
promovendo o discurso da integração regional, no entanto, graças aos esforços
evidenciado foram apresentados projectos com base nos quais foi elaborado em 1975
o tratado de Lagos que institui a CEDEAO. O tratado de Lagos estava, previamente,
limitada as políticas econômicas, mas, com a ocorrência de problemas políticos, foi
sujeito a revisão que permitiu, em 1993, o alargamento do seu âmbito de ampliação e
das suas proativas (CEDEAO, 2020)
Engloba quinze Estados membros a saber; Benin, Burkina Faso, Cabo Verde,
Cotê DʼIvoire, Gambia, Gana, Guine Conacri, Guine Bissau, Libéria, Mali, Níger,
Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. Tem simultaneamente laços culturais e
geopolíticos. É um dos blocos regionais existentes no continente na sub região ocidental
com três línguas oficiais, predominante francófono, mas que tem na anglofona a Nigéria
e a lusófona a Guine e Cabo verde (IDEM).
Ela é sediada pela Nigéria (Abuja) que consequentemente e o Estado director, tem a
maior economia da região em termo de Produto Interno Bruto. Sozinha, é responsável
por aproximadamente 76% do total do comercio da região, seguida pelo Gana que
possui 9,2% e pela Cotê D’Ivoire, com 8,64%. O comércio excedente da região,
estimado em cerca de USD 47,3 mil milhões, é repartido entre a Nigéria (USD 58,4%
mil milhões) e Cotê D’Ivoire com (USD 3,4 mil milhões), os demais países tem um
défice na sua balança comercial (MBONCO, 2021, P.82).
2.3 – Objectivo
Importa referenciar que os golpes de Estados criaram uma falsa ideia de que a
resolução dos problemas da sociedade passava pela mudança dos regimes, pela via de
forca, e a institucionalização de um governo de transição controlada pelos militares.
Esses golpes não são motivadas apenas pelo desejo do poder, mas motivada por uma
revolta popular, contra a exploração ocidental, mas também pela crise de liderança em
África.
Nesta pesquisa nos permitimos estudar três Estados na África ocidental estão a
ser dirigidos por juntas militares que se mostram resistente em entregar o poder aos
civis, e estes criaram condições necessárias para um governo de transição que conduza a
realização de eleição que legitime constitucionalmente está um governo.
No ano de 2020, assistimos o regresso da tomada do poder pela via do golpe de Estado
no Mali, encabeçado pelo coronel Assimy Goita, e na república da Guine Conacri pelo
coronel Mamady Doumbaya, e no dia 24 de janeiro de 2022, no Burkina Faso, pelo
tenente Paul Damiba tambem tomou o poder pela forca (CORREIA e DANILO, 2021).
Como já vimos antes, a África ocidental tem sido palco de actuação dos grupos
terroristas (são grupos fundamentalista islâmico), que concentra suas actividades nos
países que possuem expressiva população muçulmana. Os obejctivos destes grupos e
difundir pressupostos religiosos radicais, via de regra com implementação da sharia
(NKWI, 2015).
Com a situação fragilizada na região ocidental da África, onde tem sido palco de
golpes de Estados e conflitos de outras envergaduras, tem facilitado a atuação dos
grupos terroristas e estas ameaça tem evoluído para uma ameaça regional.
A presença dos terroristas torna a situação na região cada vez volátil, os grupos
terroristas com conexões com Estados islâmico como o Boko Haram, intensificaram a
sua presença na região da África ocidental, onde foram responsáveis por vários crimes
como massacres de grupos étnicos, desaparecimento de pessoas e a pilhagem que
provocam deslocamento forcado das populações (LARA, 2017).
CAPITULO III - ANALISE DAS INSTABILIDADE POLITICA-
MILITAR COMO OBSTACULO NO PROCESSO DE
INTEGRACAO ECONOMICA DA AFRICA OCIDENTAL
Após apresentarmos, no primeiro capitulo a fundamentação teórica e os conceitos
operacionais de instabilidade política-militar e da integração econômica, no segundo a
contextualização da CEDEAO, neste capitulo, a centralidade recai na análise das
instabilidades político-militar como obstáculo no processo de integração econômica da
CEDEAO. Para o efeito, julgamos ser conveniente compreender o desafios securitários,
econômicos, políticos e sociais, as novas ameaças e riscos à segurança regional, o
terrorismo, crimes cibernéticos, as implicações do fracasso das operações Baran e
Sergei na região do Sahael e consequentemente as implicações dos golpes de Estado
para a segurança regional.
A via para a integração econômica regional pode ser descrita como tortuosa. Apesar de
progressos significativos, os desafios multiplicaram-se.
Do ponto de vista securitário, a região debate-se com uma insurreição de grupos
terrorista como Boko Haram, que tem a sua origem no norte da Nigéria, onde as suas
acções afectam os outros Estados da região. Boko Haram tem aproveitado o sentimento
de injustiça gerado pelo subdesenvolvimento para ganhar terreno no norte do pais. Os
combatentes deste grupo rebelde pertencem maioritariamente ao grupo etcnico Kanuri,
no nordeste do pais (GARCIA, 2019).
O aspecto ligado a segurança regional é um dos principais obstáculos nos processos de
integração regional que impossibilita a circulação de produtos e mercadorias nos
mercados inter-regional, dificultando o crescimento e o desenvolvimentos dos Estados
membros da região. E impossível tratar de questões de integração econômica de
descorar a defesa e segurança regional (AMADO, 2022).
A insurgência do terrorismo na região da CEDEAO, os ataques perpetrados pelos
grupos terroristas, tais como o Boko Haram, levou os países assolados e os seus
vizinhos a endurecer as políticas de controle das suas fronteiras, influindo
negativamente, no cumprimento dos direitos previstos no protocolo de livre circulação
de pessoas, bens e serviços da CEDEAO.
Ė importante que os países do bloco da CEDEAO dinamizem as questões ligadas a
segurança da região, com mecanismo de controle e partilhas de informações de
caractere militar que visem garantir a estabilidade região.
Apesar de ter passado vários anos desdá sua formação, a situação de segurança na
região faz-nos questionar sobre o real papel da ECOMOG e qual tem sido a sua atuação
concerne-te a estas situações.
Os desafios sociais na região são múltiplos e requer, por parte dos líderes da região
estratégia e políticas públicas que resolvam os problemas da sociedade. É importante
que a administração e gestão pública tem na pessoa o elemento central na governação
que o governos aprenda a fazer muito com poucos recursos criem projetos e programas
sociais transparente em que a sociedade civil possa fiscalizar as obras e orçamento
apresentado para a materialização dos mesmo (CABRITA, 2018).
O autor acima citado Cabrita (2018), sublinha também a falta de emprego como
principal factor impulsionador da emigração dos jovens desta região para outras partes
do mundo. O problema da juventude começa pela falta de emprego, falta de
oportunidade para desempenhar actividade que asseguram uma vida condigna,
analfabetismo pobreza acentuada e entre outros problemas.
Os líderes do bloco devem apostar na formação de qualidade que possa contribuir
significativamente para o crescimento e desenvolvimento da região, a transformação das
potencialidades dos recursos naturais em riqueza, beneficiando a todos os membros da
região e não somente a um pequeno grupo (IDEM).
Os líderes devem deixar a política de vitimização e pensar que devem ser os líderes de
outras regiões a criar condições para melhorar o bem estar da sua região. Os líderes da
região devem agir com sentido de Estado e de responsabilidade, com política de
intervenção que visam alterar a situação de risco em que a região se encontra, apostando
no processo de industrialização para transformar os recursos naturais, minerais e outras
matérias primas em produtos acabados e proporcionar, assim, empregos para os
cidadãos. Outra estratégia que deve ser adoptada passa pela criação de emprego em
zonas rurais, mudando o paradigma de produção agrícola moderna como grande
potencial de criação de empregos e riqueza, incentivar e apoiar o empreendedorismo,
tendo em atenção que Estado não tem capacidade de empregabilidade de todos seus
cidadãos (LIMA, 2022).
As mulheres na região constituem a maior parte da população, mas, ao mesmo tempo as
mais excluídas dos cargos de decisão nos Estados membros por questões culturais em
alguns acasos e, noutros, devido a aspetos de ordem técnicas mulheres são remetidas
para o segundo plano nas decisões, quer no seio familiar quer na sociedade, ou seja em
situação de subserviência em relação aos homens (WANJIRU, 2017).
O casamento infantil também constitui um factor de preocupação na região, em algumas
culturas e permitido. Muitos casos, os progenitores são os facilitadores desta pratica,
violando os direitos das mulheres. Muitas são privados ao acesso de sistema
educacional e são apenas instruídas para serem donas de casa e cuidarem dos filhos.
Fruto destas reações existem muitos casos de mortalidade de mulheres durante o pacto.
As mulheres são ainda propensa as violências sexuais e domesticas (WANJIRU, 2017).
Ė notável que em vários países da região os atos que violam os direitos das crianças
como trabalho infantil nos mercados informais e instituições formais com o
consentimento dos pais, porque em alguns casos contribuem para as despesas de casa,
privando as crianças de frequentarem a escola ou, quando frequentam na maioria dos
casos, apresentam o fraco desempenho escolar. Esta situação contribui para a má
qualidade dos recursos humanos no futuro e comprometi qualquer nação ou Estado
membro da região que, em função disso, tem de importar quadros estrangeiros para
determinadas funções e lugares que deveriam ser ocupado pelos membros (IDEM).
Segundo o relatório da ONU (2019), intitulado “uso de crianças soldados” estimas a
existência de dezenas de milhares de crianças a serem forçadas a participarem em
conflitos armados deste respectivo número duzentas e três crianças foram usadas em
ataques suicidas pelo grupo Boko Haram, na Nigéria e nos países vizinhos.
3.2.1- Terrorismo
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Malwere é a abreviação de software e malicioso (em inglês, malicious software), e se refere a um tipo
de programa de computador desenvolvido para infectar o computador de um usuário legitimo e
prejudica-lo de diversas formas. Os criminosos cibernéticos costumam usá-lo para extrair dados que
podem ser utilizados das vítimas para obter ganhos financeiros.
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Phising- é uma técnica de fraude online, utilizada por criminosos no mundo da informática para roubar
senhas, informações usando-as de maneira fraudulenta. A expressão phishing surgiu a parti da palavra
em inglês fishing, que significa “pescando” ou seja, os criminosos utilizam esta técnica para pescar os
dados pelo phisher “pescador” nome que e dado a quem executa um phishing.
eletrônicos de aparência legitima que contem softwere concebido para invadir redes
informáticas ou roubar dados pessoais. Os ataques de ransomware, os piratas
informáticos invadem empresas, bancos, e bloqueiam os utilizadores até que as vítimas
paguem um resgate (ADF, 2023).
A CEDEAO através do seu programa crime organizado: resposta da África ocidental em
matéria de segurança cibernética e luta contra o crime cibernético ( OCWAR-C),
formou funcionários responsáveis pela aplicação da lei para confortar os criminosos
cibernéticos e recolherem provas que ajudem a processa-los, a CEDEAO também está
ajudar os Estados membros a modernizarem os seus sectores de telecomunicações para
os tornar mais resiliente, parte deste plano consiste em garantir que os países da África
Ocidental estejam a trabalhar de acordo com linhas semelhante à medida que
desenvolvem os seus planos de segurança cibernética, para que possam partilhar
informações e criar confiança entre si (CEDEAO 2019).
A região do Sahel está localizado ao norte da África, consiste em uma faixa de transição
entre o deserto do Saara e as grandes Savanas africanas. Além dessas características
peculiares, o Sahel e uma das regiões mais pobres e instáveis do planeta.
De acordo com Notin (2019), a ausência do poder estatal, a má administração e a falta
de controle geraram uma região fértil para as actividades delitivas relacionadas ao crime
organizados e ao terrorismo, que interagem com o propósito de obter benefícios
econômicos mútuos. Detendo um poder de facto agravante da situação as fronteiras da
região são muito porosas e difíceis de controlar e a grande extensão territorial dos países
significa que há muitas áreas sem o controle do Estados, geralmente são caracterizada
pela fraqueza de suas instituições.
De acordo Wing (2016), operação Serval é uma resposta ao pedido de apoio militar do
governo de transição do Mali, quando grupos terroristas islâmico e insurgente
Tuaregues6 se uniram e aproveitaram a turbulência política de Bamako para conquistar a
região norte do Mali. A acção militar francesa foi desenvolvida no norte do Mali a parti
de 11 de Janeiro de 2013, por ordem do presidente francês François Holande. Neste
contexto os objectivos determinados para esta operação foram os seguintes; parar a
progressão jihadista, garantir a segurança de Bamako dos elementos estrangeiros e das
populações ameaçadas e restaurar a integridade territorial do Mali.
Para Neto (2018), os riscos da formação de um Estado Islâmico no Mali e os
consequentes colaterais para a Franca, levou o Estado francês a atender rapidamente o
pedido do Mali. E evidente os interesses econômicos com todos os vizinhos do Mali,
especialmente o Níger (pelo seu uranio). Por esta razão a França temia que, o Mali fosse
desestabilizado, seus próprios interesses estariam de facto ameaçados.
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Tuaregues- são povos que habitam, a grosso modo, a área alta do deserto do Saara no norte da África.
E um povo nômada, pastoralista e apesar da pele negra, semelhante a do povo africano mais a sul. São
um dos vários grupos que formam a população berbere do norte da África. São todos praticamente da
religião Islâmica, que chegou na região por volta do século XII. A população Tuaregues e estimada em
cerca de 1 milhão e 500 mil individuo, distribuídos por cinco países Mali, Níger, Argélia, Líbia e Burkina
Faso.
Em agosto de 2014, ao invés de se retirar do Mali, a Franca transformou a Operação
Serval em Operação Barkhane, uma ampla operação de contra o terrorismo em
cooperação com os cincos países da faixa do Sahel denomida G5 Sahel. Diferente do
Serval que estava limitada ao Mali, a Operação Barkhane foi concedida para responder
aos militantes em toda região do Sahel, com ênfase particular na região de fronteira
tríplice entre Burkina Faso, Mali, e Chade (WING, 2016).
Apesar do aparente êxito militar da Operação Serval e Barkhane, a situação na faixa do
Sável continua instável e turbulenta, a região está efectivamente longe de ser
considerada um local estável. Entende-se que a efectiva estabilidade do local não e de
responsabilidade apenas militar, existem outras ameaças regionais que tem inserido
ingredientes adicionais na complexidade do ambiente local. Por tanto a solução da
instabilidade no Sahel vai muito além do vetor militar. Factores como, infraestruturas
deficientes, baixo nível de capital humano, a insegurança física, insegurança alimentar e
o aquecimento global inibem o crescimento econômico e social da região (NETO,
2018).
3.4- As Implicações dos Golpes de Estado para a Segurança Regional (Mali, Burkina Faso,
Guine Conacri)
O impacto que os golpes de Estado tem tido sobre a região da CEDEAO podem ser de
longo alcance, afectam a economia, política e a vida social. A situação na região
continua muito volátil
Os golpes de Estado no Mali, Burkina Faso e na Guine Conacri, tiverem implicações
significativamente para a segurança na região da CEDEAO. Assistimos o regresso dos
golpes de Estado em 2020 no Mali, que provocou num lado, o efeito domino e teve
influencias no regresso dos golpes de Estados na região, devido a incapacidade da
CEDEAO e outras organizações regionais em dar resposta a esta situação, e por outo
lado, por ser bem sucessido motivou que os militares de outros Estados de seguirem
estas práticas (SILVA, NUNES, OLIVEIRA, 2023)
Para o nosso estudo identificamos as seguintes implicações dos golpes de Estado dos
três Estados acima citado; instabilidade política, econômica e social, bem como o
aumento do terrorismo e a criminalidade.
Instabilidade política – os golpes representaram uma raptora nos processos
democráticos causando o grande retrocesso democrático, a instabilidade política
tem dificultado a cooperação regional e o combate as ameaças comum, isso
ocorre porque os países da CEDEAO tem tido dificuldade em coordenar e
trabalhar juntos.
Instabilidade econômica – falta de legitimidade dos governos militares, a
crescente polarização política nos países, a redução da ajuda internacional, a
fragilidade nas instituições e a fragilidade de segurança da região, tem criado
incertezas para o ambiente econômico, levando assim a uma redução dos
investimentos e do crescimento econômico.
As empresas tem menos probabilidade de investir ou expandir o seu negócio
numa região onde existe um clima de insegurança, o medo e a incerteza formam
uma mistura que reprimi a actividade econômica.
Aumento da criminalidade – os golpes de Estado podem levar a um aumento
da criminalidade, pois podem criar um ambiente de impunidade. Isso pode levar
a um aumento da violência, da corrupção e do tráfico de droga. O aumento da
criminalidade pode afetar a segurança regional de várias formas; por exemplo,
pode levar a um aumento da sensação de insegurança entre a população, o que
pode dificultar o desenvolvimento econômico e social. Além disso pode também
aumentar o risco de conflitos entre grupos criminosos, o que pode desestabilizar
ainda mais a região.
Aumento do terrorismo – os golpes de Estado criar um ambiente de
instabilidade que e favorável para atuação dos terroristas e para o recrutamento
de jovens por grupos terroristas, como no Grande Sahel.
No Mali, houve uma escalada de violência terrorista no norte do pais, isso se
deveu a uma combinação de factores, incluindo a retida das forças francesas do
pais. A falta de confiança entre as forças malianas e a crescente de grupos
terroristas, como o estado Islâmico no Grande.
O aumento do terrorismo pode afectar a segurança regional de várias formas.
Por exemplo, pode levar a uma escalada de violência no Sahel, o que prejudica a
segurança de civis e de forças de segurança. Além disso, pode dificultar o
comercio e a cooperação regional, visto que estes Estados fazem parte de um
bloco regional que tem objectivos por cumprir.
É importante frisar que os golpes de Estados que decorreram apresentam vários
denominadores comuns, mas para este estudo descrevemos quatro que podem ser
apontados nesta equação;
Os golpes de Estados ocorreram todos na África Ocidental;
Todos ocorreram nas antigas colônias francesas em África;
Todos foram executados pelos militares;
Todos tiveram o apoio popular;
CONSIDERACOES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como a instabilidade
político- militar tem sido um obstáculo para o processo de integração econômica na
Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental.
Assim no primeiro momento, procurou-se explicar as principais teorias para a problemática da
integração regional. No caso do funcionalismo, pode se considerar mais do que teoria e um
método normativo, no sentido que explica a maneira como os Estados poderão atingir a paz, não
especificando as condições em que tal objectivo poderá ser atingido. Por outro lado, apesar do
neofuncionalismo reformular as hipóteses do funcionalismo, no sentido que a integração para se
suceder tem de combinar os aspectos econômicos, sociais e técnicos. Assim também abordamos
o regionalismo que traz consigo uma análise multitemática sobre o regionalismo considerando a
influência não só dos aspectos políticos e econômicos. Mas considerar os aspectos inter-
regionais, quer dizer a aproximação geográficas, que acaba redobrando os esforços para a
estabilidade interna e regional por causa dos crimes e ataques transfontericio.
Foi importante para este pesquisa trazer também a teoria da segurança colectiva, que de um
tempo para ca com a ausência do mundo bipolar ou multipolar de grandes poderes de presença
global, a segurança colectiva passou a ter um lugar num nível de analise que privilegia a região.