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Resumo
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Livre docente na Área de Teologia. Professor Adjunto no Programa de Pós-Graduação em Teologia da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Vice-presidente da ALALITE ((Associação Latino Americana de
Literaturas e Teologias) e Professor convidado na Faculdade de Letras da Universidade de Aveiro, Portugal. E-
mail: alex.boas@pucpr.br.
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Mestre em Direito Internacional com especialização em Direitos Humanos e Políticas Públicas pelo Institute de
hautes études internationales et du dévelopment (IHEID), Suiça. Pesquisadora associada ao Grupo de Pesquisa
em Espiritualidade, Cultura e Práxis do PPGT PUC PR. Coordenadora de Projetos do Centro Marista de Defesa
da Infância. Email: a.vicentim@solmarista.org.br.
ISSN 2176-1396
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Introdução
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade” e ainda se entende que “todo ser humano tem capacidade para gozar os
direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer
espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição (ONU,
1948, art I eII).
Tais princípios são constitutivos de um compromisso entre Estados, Organizações
Internacionais, Sociedade Civil, Religiões e indivíduos, a fim de promover “o reconhecimento
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DECLARAÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE INTOLERÂNCIA E DISCRIMINAÇÃO FUNDADAS NA
RELIGIÃO OU NAS CONVICÇÕES. (Proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 25 de novembro de 1981 - Resolução 36/55)
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em sua condição de diferente, ou era coagido a identificação, quando não sua eliminação era
assumida como solução para a manutenção da identidade dominante.
Deste modo se previu a simulação de práticas sociais nas quais as narrativas oriundas
de culturas dominantes eram insuficientes em sua forma tradicional para solucionar conflitos
interpessoais e sociais. Seguindo a trajetória curricular do curso, foram propostas atividades de
reflexão em grupos que visavam reforçar narrativas excludentes, e ao mesmo tempo se colocar
no lugar da alteridade excluída. Em uma atividade em grupo, utilizou-se três casos em que era
solicitado o valor (ou a ausência) do respeito e da tolerância para compreensão e resolução do
conflito, ilustradas por imagens:
Figura 1 - mulher islâmica expulsa de praia francesa por usar burquini
Fonte: Parstoday.com4
Figura 2 - proibido ingresso em fórum para cumprir uma intimação judicial, por não trajar vestimentas “adequadas”
Fonte: douradosinforma.com5
Figura 3 - Professora é proibida de dar aula usando turbante afro, em sala de aula com crucifixo
4
Fonte:http://parstoday.com/pt/radio/programs-i7276-
viola%C3%A7%C3%A3o_dos_direitos_humanos_no_ocidente_da_ilus%C3%A3o_%C3%A0_verdade
5
Fonte: http://www.douradosinforma.com.br/noticias/dourados/vereador-indigena-denuncia-ter-sofrido-racismo-
durante-sessao-da-camara
6
Fonte: https://br.pinterest.com/leitoraincomum/cultura-afro-brasileira/?lp=true
7
Fonte: http://awure.jor.br/
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zonas de contato são, portanto, zonas em que ideias, conhecimentos, formas de poder,
universos simbólicos e modos de agir rivais se encontram em condições desiguais e
interagem de múltiplas formas de modo a dar origem a constelações culturais híbridas,
nas quais a desigualdade das trocas pode ser reforçada ou reduzida (SANTOS, 2013:
81).
Deste modo a inclusão do tema Direitos Humanos dentro dos espaços religiosos
inevitavelmente é conflituoso, contudo o modo de ver o conflito é que pode ser frutuoso. Com
isso conclusão da trajetória curricular neste aspecto visava qualificar a argumentação,
identificando pontos comuns entre religiões e culturas e as possibilidades de conviência
harmoniosa em comunidade.
Os participantes escolheram culturas religiosas que desejavam pesquisar e dentro delas
identificar princípios dos Direitos Humanos e valores comuns entre as tradições religiosas
(catolicismo, umbanda, hinduísmo e islamismo), com o objetivo de realizar rodas de conversas,
propondo experiência de convivência baseados nesses valores comuns, tendo já qualificados os
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argumentos dos conflitos existentes entre os grupos escolhidos. A atividade se encerrava com
a formação de mapas conceituais.
religiosas nesse âmbito, em que as ferramentas de análise sobre linguagem religiosa poderiam
ajudar o aluno a estabelecer correlações de elementos comuns. O mesmo se verificou nas
abordagens terapêuticas nas quais uma visão religiosa fundamentalista era fonte de graves
conflitos psíquicos, e saber identificar o fenômeno propiciava ao profissional estudar novas
estratégias. Também os participantes que atuam em instituições religiosas relatavam como
desde momentos formativos, como situações no cotidiano da comunidade ganhavam nova luz
sobre o entendimento de leituras diferentes da realidade.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989.
HESCHEL, Abraham Joshua. The Prophets: vol. I-II. Peabody: Hendrickson Publishers, 2007.
JONAS, Hans. Der Gottesbregriff nach Auschwitz: Eine judische Stimme. Frankfurt-am-
Main: Suhrkamp, 1987.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembleia Geral das Nações Unidas,
10 de dezembro de 1948.
QUINTÁS, Alfonso López. La Cultura y el Sentido de la vida. Madrid: Edicioness RIALP, 2003.
WINCK, Otto. Minha pátria é minha língua: Identidade e sistema literário na Galiza.
Curitiba: Appris Editora, 2017.