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CURSO DE DIREITO – 4º PERÍODO

DISCIPLINA: DIREITO PENAL ESPECIAL I


PROF.: GABRIEL AHID

1º CHECK DO PAPER
TEMA: O CRIME DE ABORTO E O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA

Nome: Perez Paz e Tatianna Murad


Período: 4º período noturno

Delimitação do Tema: O ESTATUTO DO NASCITURO E A IMPOSSIBILIDADE


PRÁTICA DE ATRIBUIÇÃO DE DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA AO FETO.

Objetivo Geral:

Pretende-se demonstrar que, apesar de o nascituro ter determinados direitos atribuídos pela
legislação pátria no intuito de preservar a vida, não é possível atribuir dignidade da pessoa
humana ao feto, como está previsto no Estatuto do Nascituro (PL 478/2007), em especial nos
artigos 2º e 3º, pois há diversas dificuldades práticas, em especial às que se referem ao aborto
legal e aos direitos da mulher.

Objetivos Específicos:

- Descrever o histórico de positivação do princípio da dignidade humana na legislação pátria,


em especial na Constituição de 1988, e os principais motivos que levaram a isto;
- Analisar o tratamento legal dado ao crime de aborto desde a antiguidade clássica até a
contemporaneidade;
- Analisar o projeto de lei 478/2007 e seu substitutivo, apresentado em 2010, abordando seus
principais pontos controversos no que diz respeito à atribuição de dignidade da pessoa humana
ao nascituro;
- Demonstrar os aspectos práticos, além de outros pontos de relevância, que impedem a
atribuição de dignidade humana ao nascituro, em especial, no que se refere aos direitos da
mulher e ao aborto legal.
Justificativa:

O aborto é um tema que tem sido tratado de diversas formas de acordo com o contexto histórico-
social e conceitos vigentes em cada Estado. Na Antiguidade Clássica o aborto era permitido em
razão da vida do nascituro e da grávida serem tratados como objetos que o “proprietário”
poderia dispor da forma que desejasse. Na Idade Média, em razão dos fortes ideais cristãos, o
aborto foi proibido sem ressalvas; sendo punidas com a morte as pessoas que realizassem tal
ato. Com o advento da Modernidade e dos ideais humanistas, áreas de todos os aspectos da vida
humana se desenvolveram, ocasionando mudanças em diversos paradigmas até então vigentes.
Entre essas mudanças, está um novo olhar dado a mulher (mesmo que esta construção tenha
sido, e está sendo, paulatina), e um reconhecimento de que esta também merecia proteção de
sua dignidade, sendo então aceito o aborto em determinadas circunstâncias.
No Brasil, tal reconhecimento da dignidade da mulher é explícito e há casos, previstos no artigo
128 do Código Penal vigente, em que o aborto pode ser realizado legalmente em razão de
circunstâncias específicas em que obrigar a continuação da gravidez seria ferir gravemente a
dignidade da mulher. Porém, há dois principais segmentos que buscam modificar essa prática:
(I) movimentos feministas que pretendem que o aborto seja descriminalizado sob a alegação de
que a mulher pode dispor de seu corpo da forma que desejar; (II) movimentos religiosos
(principalmente os que se enquadram no “Cristianismo”) que buscam criminalizar todas as
formas de aborto sob alegação de defesa da vida do nascituro.
Nesse quadro é que surgem diversos debates acerca do Projeto de Lei 478/2007, o chamado
Estatuto do Nascituro, que busca atribuir diversos direitos ao feto, inclusive à dignidade da
pessoa humana e personalidade.
Assim, é de suma importância a análise do Estatuto supracitado e dos obstáculos ou
impossibilidades práticas de atribuição de dignidade humana ao nascituro. De modo que tal
tema é relevante tanto para o direito quanto para a sociedade e este foi o motivo de sua escolha.

Referencial Teórico: Muitas outras obras serão utilizadas até a conclusão do artigo.
Inicialmente, temos como base teórica:

- Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54 – Distrito Federal (ADPF 54/DF),


relator: Ministro Marco Aurélio, neste julgamento são analisados vários pontos referentes à
visão e qualificação do nascituro e, principalmente, a questão da dignidade da mulher. Além
destes, este julgamento aborda problemáticas essenciais para a construção deste artigo.
- Emerson Castelo Branco, Direito Penal para concurso: parte geral e especial, parte 12.1.4,
pgs. 142-146, onde o autor aborda alguns pontos doutrinários e práticos de nossa legislação em
relação ao crime de aborto previsto no Código Penal.
- Guilherme de Souza Nucci, Manual de Direito Penal Parte Geral e Especial, Parte Especial,
Titulo I, Capítulo I, pgs. 652-662, onde o autor conceitua diversos tipos de aborto e suas
consequências para o direito penal e traz diversos questionamentos interessantes que irão
contribuir para a discussão que será abordada no artigo em construção.
- Juliana S. Silva e Fernando S. M. P. Miranda, Dos Direitos do Nascituro, artigo em que se
trata dos direitos do nascituro de acordo com nossa legislação pátria, em especial, de acordo
com a Constituição de 1988. Os autores fazem considerações interessantes acerca das correntes
doutrinárias sobre a personalidade do nascituro e entendem que, no Brasil, os direitos do
nascituro tratam-se, na realidade de uma expectativa; de modo que a legislação resguarda os
direitos do futuro ser humano, mas ainda não lhe atribui tal personalidade. Estas e outras
abordagens serão utilizadas na construção do artigo.
- Parecer da Comissão de Bioética e Biodireito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) –
Seção do Estado do Rio de Janeiro – acerca da inconstitucionalidade do Projeto de Lei
478/2007, do seu Substitutivo e dos seus Apensos, onde a comissão avalia vários pontos
controversos no Estatuto do Nascituro, demonstrando aspectos práticos e teóricos (inclusive
jurisprudência dos tribunais superiores) que vão de encontro ao texto atual do referido projeto.
Destaca-se que, apesar de todo o parecer conter contribuições importantes, serão úteis, em
especial, as considerações feitas a respeito da impossibilidade de atribuição de personalidade
ao nascituro e às que dizem respeito ao momento de inicio dos “direitos do nascituro”, que,
segundo o PL 478/2007, é desde a concepção, mesmo que antes da transferência para o útero
da mulher.
- Ricardo Castilho, Direitos Humanos, onde o autor trata sobre o histórico dos direitos humanos
e sua consequente positivação. Tendo em vista que o artigo em construção tratará sobre a
possibilidade de atribuição de dignidade humana ao nascituro, esta obra será de grande utilidade
como um todo, especialmente no seu capítulo 12, parte em que o autor trata da dignidade
humana de forma específica.
- Rogério Greco, Curso de Direito Penal: parte especial, capítulo 6, pgs. 237- 266, onde o autor
analisa o crime do aborto com algumas classificações doutrinárias, identificação de elementos
específicos e questionamentos relativos ao aborto.
- Victor Eduardo RiosGonçalves,Direito Penal Esquematizado, parte 1.1.4, pgs. 150-165, a
obra pode considerada como um manual de Direito Penal e, na parte citada, o Autor aborda de
maneira didática os pontos relacionados ao crime do aborto previsto no Código Penal e traz
alguns pontos doutrinários e jurisprudenciais relevantes sobre o tema.
- Vitor Eduardo Rios Gonçalves, Dos Crimes Contra a Pessoa, capítulo 4, pgs. 56-66, onde o
autor conceitua os diversos tipos de aborto, legais e ilegais, além de explanar diversas
particularidades doutrinárias e práticas a respeito do aborto e dos crimes relacionados
tipificados em nosso Código Penal. Tal analiseé importante para a compreensão do modo como
a nossa legislação e doutrina tratam o crime de aborto.

Metodologia:

Por meio de pesquisas realizadas em livros, códigos, artigos em periódicos e matérias da


internet, este artigo visa a demonstrar a impossibilidade de atribuição de dignidade humana e
personalidade ao nascituro. Primeiramente, faremos uma análise histórico-social sobre o crime
de aborto e sobre o princípio da dignidade humana, destacando, também, a sua importância e
finalidade. Em seguida, abordaremos alguns pontos controversos em relação ao Estatuto do
Nascituro e as discussões que têm sido levantadas em relação ao que pretende tal projeto. Por
fim, demonstraremos os motivos práticos que dificultam a atribuição de dignidade humana ao
feto e a incoerência jurídica que a aprovação deste projeto pode ocasionar.

REFERÊNCIAS

BRANCO, Emerson Castelo. Direito Penal para concurso: parte geral e especial. 2. ed. São
Paulo: Método, 2011.

CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos. Coleção Sinopses Jurídicas. v. 30. São Paulo:
Saraiva, 2011.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: parte especial. São
Paulo: Saraiva, 2011.

______________. Dos Crimes Contra a Pessoa. 13. ed. reform. Coleção Sinopses Jurídicas.
v. 8. São Paulo: Saraiva, 2010.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal Parte Geral e Especial. Volume II:
introdução à teoria geral da parte especial: crimes contra pessoa. 6. ed. Niterói: Impetus, 2009.

PARECER DA COMISSÃO DE BIOÉTICA E BIODIREITO DA ORDEM DOS


ADVOGADOS DO BRASIL (OAB) – Seção do Estado do Rio de Janeiro – acerca da
inconstitucionalidade do Projeto de Lei 478/2007, do seu Substitutivo e dos seus Apensos.
Disponível em: <http://pt.scribd.com/mobile/doc/141632471>. Acesso em: 23 abr. 2013.

SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na


Constituição de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.

SILVA, Juliana S; MIRANDA, Fernando S. M. P. Dos Direitos do Nascituro. Revista


Eletrônica Direito, Justiça e Cidadania – Volume 2 – nº 1 – 2011. Disponível em:
<http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdfs/juliana_drt_20111.pdf>. Acesso em: 23
abr. 2013.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Gestantes de anencéfalos têm direito de interromper


gravidez. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54 – Distrito Federal
(ADPF 54/DF). Relator: Ministro Marco Aurélio. Brasília.Julgamento em 12 de abril de
2012. Disponível
em:http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=370733 4>. Acesso
em: 23 abr. 2013.

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