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A RELIGIÃO GREGA

Primeiro, é importante ressaltar que a mitologia/religião grega é um conjunto de


lendas criadas pelo povo durante muitas e muitas gerações, para explicar fenômenos
que a ciência ainda não explicava e eles não eram capazes de entender.
Os relatos mais antigos, que temos da religião grega são as obras "A Ilíada" e "A
Odisseia" de Homero, e posteriormente "Teogonia" de Hesíodo, onde foi descrita a
primeira árvore genealógica dos deuses.

ORIGEM

A primeira divindade grega, diferente do que muitos acham, não foi Zeus. Foi CAOS, a
personificação do vazio (vou usar o termo personificação para diferenciar os deuses
das divindades posteriores a eles, já que muitos tem funções similares mas não são a
mesma coisa). Do nada, Caos criou Gaia, personificação do planeta Terra, e em
sequência, ele criou o Tártaro, personificação do submundo, e os gêmeos Erebus,
personificação da escuridão, e Nix, a personificação da noite.
Nix sozinha gerou doze filhos, mas os mais relevantes são Éris, a deusa da discórdia, e
mais dois gêmeos: Hipnos, o deus do sono, e Tânatos, o deus da morte.
Gaia sozinha dá luz a Urano, a personificação do céu, Óreas, a personificação das
montanhas, e Pontus, a personificação do mar. Depois disso, as divindades pararam de
ter filhos sozinhos, e passaram se relacionar entre si (incesto é bem comum em todas
as religiões).
Após isso, Gaia e Urano tiveram doze filhos, os TITÃS:
Depois dos doze filhos, Gaia e Urano decidiram que não deveriam nascer mais
nenhum titã. Apesar disso continuaram a ter relações, mas agora, aqueles que eram
gerados das divindades não eram mais titãs, e sim monstros. Os três primeiros
monstros foram os ciclopes: Brontes, Esteropes e Arges, e depois foram os
hecatônqueros. Cada um desses hecatônqueros possuíam cem braços e cinquenta
cabeças.
Ao ver o que havia gerado, Urano resolveu aprisionar seus próprios filhos no
submundo, que até então não havia nenhuma função. Gaia, angustiada, armou um
plano: com ajuda de Nix, ela juntou o material mais resistente que achou em si
mesma, o adamante (nada mais que um termo arcáico para um metal muito
resistente, que inspirou a criação do wolverine), e com esse metal ela forjou uma foice.
Quando Urano saiu, ela chamou todos os doze filhos e disse que um deles deveria usar
aquela foice para castrar o pai, enquanto ela o distraísse.
O único titã que aceitou o trabalho foi Cronos, o mais novo deles. Então, quando Gaia
e Urano foram ter relações sexuais, Cronos surge das sombras e castra a divindade dos
céus. Algumas versões contam que dessa castração, nasceu Afrodite, dos testículos
lançados ao mar, e do sangue derramado: as erínias, as melíades e os telquines.
Com Urano derrotado, Cronos se torna o novo rei das divindades, mas diferente do
que Gaia acreditava, ele não libertou os monstros do submundo. Na verdade, Cronos
apenas havia feito isso para tomar o lugar do pai como líder, e não para ajudar os
irmãos monstros. Gaia, furiosa, profetizou que Cronos seria destronado por um de
seus filhos, assim como ele fez com o pai.
Durante o reinado de Cronos (muito mais longo que o do pai), e não desafiando a
profecia, resolveu que não teria filhos. Por outro lado, ele havia se casado com Réia, a
titã da maternidade, que "acidentalmente" engravidava. Para evitar conflito, ele
também aprisionava os decendentes, mas diferente do pai, que os aprisionou no
Tártaro, ele os devorava. E isso aconteceu com cada um dos filhos: Héstia, Hades,
Deméter, Poseidon e Hera. Menos o sexto.
Réia estava cansada de ver seus filhos serem devorados, então quando a sexta
criança nasceu, ela o escondeu, e no lugar dela, entregou a Cronos uma rocha enrolada
em um cobertor para devorar. Como era a sexta vez que o titã fazia isso, ele
despreocupadamente devorou a pedra, sem prestar muita atenção. Até ai, os titãs não
tinham ideia de que um dos filhos de Cronos estava sendo criado pro Gaia escondido.
Com os anos, o descendente foi crescendo e se tornando cada vez mais poderoso, até
que finalmente ele sentiu que estava preparado para enfrentar o pai e realizar a
profecia de Gaia. Como é de se imaginar, esse filho era Zeus.
TITANOMAQUIA - A GUERRA DOS TITÃS

Na ilha onde Zeus cresceu e se escondia, o deus recebeu a visita de uma mulher
desconhecida, que logo se apresentou como Métis, a deusa da saúde e da prudência,
filha dos titãs Oceano e Tétis, e ela lhe contou que nem todos os titãs eram a favor do
reinado de Cronos, como os próprios pais e Themis, que percebera a injustiça que
Cronos perpetuava, já que ela era a personificação da justiça. A deusa contou que os
titãs tinham medo de se rebelar contra Cronos, que era o mais sanguinário entre eles,
então eles viviam calados no reinado, mas Métis faria qualquer coisa para tirá-lo do
poder, então a titã Réia (a mãe de Zeus) contou-lhe do seu plano com Gaia e aonde o
filho estava escondido.
Métis, devido a prudência, se tornou a conselheira de Zeus, e juntos eles criaram um
plano para derrotar Cronos. Eles precisavam de aliados para a guerra, mas era muito
difícil de conseguir, já que metade dos titãs estariam com Cronos, e a outra metade
não queria se envolver por medo do rei, além de seus irmãos deuses que estavam
presos dentro pai. Havia, porém, aqueles que odiavam Cronos tanto quanto Zeus: os
ciclopes e os hecatônqueros, porém esses irmãos monstros estavam exilados dentro
de Gaia, e esta se tornou a primeira parte do plano: libertar os monstros.
Então, na calada da noite, Zeus entrou dentro de Gaia até o portão do submundo,
que era protegido por Campe, uma criatura metade dragão e metade mulher,
designada por Cronos para defender a entrada do submundo, mas Zeus a derrotou,
libertando, assim, os monstros. Os ciclopes não eram criaturas poderosas, então não
poderiam lidar com a guerra fisicamente, mas eles eram incrivelmente inteligentes, e
enquanto eles estiveram exilados, foram capazes de criar uma arma extremamente
poderosa para tentar escapar de lá, o que não foi sucedido pois nenhum tinha poder
suficiente para usá-la. Então, agora, essa arma foi entregue a Zeus, o icônico raio. Os
ciclopes viraram os ferreiros de Zeus, e ele os pediu que criassem mais duas armas
especiais.
Após isso, Zeus seguiu até o reino dos titãs e foi até Cronos, que não o conhecia (nem
sabia que tinha um filho que ele não havia engolido) e pediu que o deixasse trabalhar
para os titãs, e foi com o tempo e assim que ele aos poucos foi ganhando confiança de
Cronos.
Cronos previamente avisou a Zeus que os titãs iriam festejar, como era típico, e disse
que o deus seria o garçom. Zeus soube que essa era a hora perfeita e rapidamente
voltou para a ilha, onde recolheu as armas que tinha pedido e uma poção feita por
Métis. No dia da festa, quando todos os titãs já estavam meio bêbados, Zeus
discretamente derramou a poção na bebida do pai. O rei dos titãs bebeu, e depois de
alguns minutos começou a sentir um pouco mal, mas logo vomitando de maneira
incontrolável. Junto com o vômito, saiu os cinco irmãos de Zeus. Ali, Zeus decretou que
era hora de lutar contra a tirania de Cronos.
Mesmo que muitos dos titãs não gostassem do governo de Cronos, apenas Prometeu,
o titã do fogo, filho de Jápeto e irmão de Atlas (que não tem muito bem uma definição,
mas é algo relacionado a "duro"), acompanhou Zeus e os irmãos deuses para se
reunirem com os ciclopes e hecatônqueros. Assim que se encontraram, os ciclipes
entregaram o raio para Zeus, o tridente para Poseidon, e o elmo da escuridão para
Hades (que, dentre várias coisas, dava capacidade de ficar invisível).
Iniciou assim, a titanomaquia. Ao lado de Cronos, estavam os irmãos dele (exceto
Oceano, que se escondeu), e alguns titãs da nova geração, como o Atlas. Ao lado de
Zeus, havia seus irmãos, os hecatônqueros, Prometeu, e no final da guerra, aliou-se a
dois netos de Oceano e Tétis: Cratos (não é o do jogo, mas deve ter servido de
inspiração), a personificação da força e do poder, e a única mulher mencionada na
guerra: Nike, a personificação da vitória.
A guerra durou em torno de 10 anos, sendo o confronto principal o de Zeus e Hades
contra Cronos e Atlas. Com ambos os titãs mais fortes derrotados, não levou muito até
que todos caíssem. Todos os titãs foram aprisionados no Tártaro, com exceção de
Atlas, que foi condenado a carregar o mundo nas costas. Cronos, especificamente, foi
aprisionado no lugar mais sombrio e terrível do submundo. Os hecatônqueros
deliberadamente se tornaram responsáveis por defender esse local e garantir que
Cronos nunca mais saísse. Zeus e seus irmãos criaram seu novo lar na montanha mais
alta da Grécia, o Monte Olimpo. Só restava decidir quem iria se apossar de cada um
dos principais reinos: o céu, o mar e o submundo.
Os três irmãos, Zeus, Hades e Poseidon, decidiram fazer um sorteio. Pegaram três
pedras preciosas, uma de cada cor, representando os três reinos e colocaram dentro
de um pote. O céu era o lugar mais cobiçado, e o submundo, o menos prestigiado, por
não ser uma região tão agradável, e pelo inevitável ódio dos seres vivos pelo seu
portador, por ser visto como aquele que tiraria deles seus entes queridos, quando na
verdade era só quem administrava os mortos e garantia que os prisioneiros não
fugissem. Zeus, por ter sido o líder da rebelião, quis sortear primeiro, mas para garantir
que tivesse o melhor reino, ele espiou antes de pegar a pedra. Poseidon, como não
queria o submundo, também espiou. Por último, Hades ficou com a pedra que sobrou.
Hades sabia que os irmãos haviam trapaceado, mas pela falta de provas, não fez
nenhuma acusação e assumiu a responsabilidade do submundo.
Algumas versões contam que Zeus não trapaceou, mas é bem improvável
considerando o ego inflado e falta de caráter dele.
OS DEUSES DO OLIMPO

Os deuses do Olimpo são compostos pelos irmãos de Zeus, com exceção de Hades,
que vivia no submundo, e Héstia, que preferiu ceder sua cadeira para Dionísio, apesar
de ainda morar lá. Os outros integrantes são todos filhos de Zeus, sendo com Métis,
Atena, com Hera, Ares e Hefesto, e os demais vindos de amantes.
A origem de Afrodite tem duas versões, a de Hesíodo, a qual foi gerada da espuma
feita ao jogar os testículos de Urano no mar, e a de Homero, que veio antes, que diz
que Afrodite é filha de Zeus e Dione.

A CAIXA DE PANDORA

Lá no reinado de Cronos, havia um titã chamado Jápeto(ou Iápeto), que teve dois
filhos relevantes para essa história: Prometeu e Epimeteu, sendo o primeiro aquele
que ajudara Zeus na titanomaquia. Eles criaram os primeiros seres vivos, Epimeteu
criando os animais, e Prometeu criando os homens(e só homem mesmo). Até então, a
humanidade vivia em paz, com comida em abundância, e como não envelheciam com
o tempo, não havia necessidade de reprodução.
Entretanto, a vida dos homens não era perfeita. Zeus era muito autoritário e tinha um
complexo de superioridade muito afiado, e não deixava a humanidade se desenvolver,
nem ao menos os permitindo acesso ao fogo, o que entristecia Prometeu, que amava
sua criação e queria ver o progresso dela.
*Pode se interpretar, nessa história, que os animais eram dotados de várias
habilidades, seja força física, garras, presas entre outras, mas Prometeu queria
entregar aos humanos a melhor das virtudes: a inteligência, representada pelo fogo.

Mesmo com a proibição de Zeus, Prometeu estava decidido que iria presentear sua
criação com o fogo, então furtivamente entrou na forja de Hefesto, roubou o fogo e o
entregou para a humanidade. Não demorou muito para Zeus perceber que os
humanos agora portavam o fogo, e quem havia os entregue era óbvio. Furioso, Zeus
armou um plano para vingar-se de Prometeu e dos humanos. Zeus castigou Prometeu
o acorrentando no alto de uma montanha, e não apenas isso, chamou uma águia, que
devorou dolorosamente seu abdômen e parando só quando chegasse no fígado. Por
ser imortal, rapidamente Prometeu se regenerava e o processo ocorria novamente, e
de novo, e de novo, até o resto da eternidade.
Ao voltar para o Olimpo, Zeus pediu para que Hefesto criasse a mulher, e assim
nasceu Pandora. O rei do Olimpo, então, apresentou a mulher aos outros deuses como
um presente para a humanidade, ocultando seu verdadeiro intuito, pois a maioria dos
deuses se oporiam ao seu plano sombrio. Então, Zeus pediu para que cada um dos
deuses desse a Pandora um dom. Afrodite lhe deu beleza, Atena lhe deu destreza
manual, Apolo a ensinou a cantar, Poseidon a ensinou a nadar, e assim foi, até chegar
em Hera, cúmplice do plano de Zeus, que entregou-lhe a CURIOSIDADE. Em seguida,
Zeus disse que, em compensação a todos os dons que a presentearam, Pandora
deveria provar sua confiança, entregando à mulher, uma caixa. Zeus diz para Pandora
que essa caixa misteriosa nunca deve ser aberta, os deuses concordaram com a
condição, e agora Pandora poderia se juntar ao mundo dos homens.
Zeus pede para que Hermes entregasse Pandora a Epimeteu, que imediatamente se
apaixona. Eles se casaram, e viviam muito felizes, mas sempre com a caixa ao lado. Um
dia, a curiosidade de Pandora pela caixa se torna tão angustiante, e ela sucumbe,
abrindo a caixa. Mal ela sabia, que dentro da caixa, Zeus havia deixado todos os males
do mundo: inveja, crueldade, fome, doenças... e quando foi aberta, todas essas
calamidades saíram e se espalharam pelo mundo. Pandora tenta fechar a caixa para
impedir que todos os problemas saíssem, mas não conseguiu, restando na caixa
apenas a esperança.

*Pode-se interpretar a esperança, também, como um dos males, como já dizia


Friedrich Nietzsche: "A esperança é o derradeiro do mal; é o pior dos males, porquanto
prolonga o tormento."

Logo, a culpa da discórdia entre a humanidade fora toda despejada em cima de


Pandora, enquanto Zeus saiu isento.

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