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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS

Avaliação - Poemas Hesiódicos

Júlia Mariana de Aquino Almeida - Nº USP 11247396

Prof. Dr. Mary Macedo de Camargo Neves Lafer

SÃO PAULO
2020
1. Como você faria um pequeno texto introdutório para um aluno de Letras que fosse ler
pela primeira vez a Teogonia de Hesíodo? Contextualize o autor e destaque elementos
importantes de forma e de conteúdo do poema.

A obra Teogonia, de Hesíodo, revela a linhagem, genealogia e origem dos deuses e de


suas organizações para explicar através do discurso mítico (daí o seu caráter didático) a
situação vigente do então pensamento arcaico. Nesse período, o mito ocupava um lugar
simbólico e capturava os aspectos díspares e conflitantes e os atributos contraditórios da
realidade grega. Sendo assim, o poema explica o motivo e ascensão do poder de ​Zeus, ​deus
principal entre deuses e homens, como foi estabelecido o seu poder e porque está no âmago
da religião e sociedade grega através de uma narrativa tradicional que resgata a memória
coletiva compartilhada e ilocalizável no tempo, que é um passado remoto. São atribuídos aos
deuses formas e características humanas - como inveja, paixão e vingança - para ilustrar e dar
valor aos homens, de modo que houvesse aceitação humana para que o mito pudesse ser
incorporado no pensamento da sociedade.
O metro do poema grego é o hexâmetro datílico (conhecido como verso heróico e
vastamente utilizado nas grandes epopeias homéricas), utilizado em canções míticas
tradicionais da sociedade grega. Sabe-se que Hesíodo, assim como Homero, foi um aedo e
tornou-se um nome convencionado para ​poeta, ​ou seja, assume posição de ​objeto indireto. ​De
acordo com o poema, Hesíodo pastoreava ovelhas e foi ensinado pelas Musas (filhas de Zeus
e da Memória).
As Musas são invocadas no proêmio pelo poeta e são responsáveis por dizer
“mentiras símeis aos fatos”, ou seja, revelar a natureza mítica humana. Fruto de nove noites
de Zeus como Memória, as Musas - nove no total - andam em um Coro, são jovens e virgens
e marcam seu ritmo com os pés, cantando, dançando e entoando hinos aos deuses. Portanto,
elas têm o poder da palavra e o transmite ao aedo para perpetuar a passagem do mito. Ao
cantar, o aedo incorporaria a voz das Musas através da Memória.
O poema trata-se de como foram constituídos os poderes dos deuses e sua linhagem.
A partir disso, sabe-se que houveram momentos na cosmogonia dos deuses. O primeiro
momento refere-se à Origem dos deuses primordiais, explicada através da presença, ausência
e oposição. São eles: Caos (desordem, abismo infindável), Terra (amplo seio), Tártaro (no
fundo do chão, nevoente) e Eros (princípio de união dos diferentes). Após a união
permanente entre Terra e o seu oposto, Ceú (Urano, cobre toda a Terra), dá-se a linhagem de
Titãs, composta por Cronos, Oceano, Crios, Japeto, Hipérion, Téia, Réia, Têmis, Memória,
Febe, Tétis, Ciclopes, Trovão, Relâmpago, Arges, Giges, etc.
Para conservar seu poder, Urano não permitia que seus filhos nascessem os
empurrava no momento de seus nascimentos para dentro da Terra. Com isso, Terra inventa
uma maligna arte e forja o aço, plantando o desejo de punição ao pai nos filhos. O filho que
aceita o desafio é Cronos, e ele ceifa o pênis de Urano e assume o poder com o seu curvo
pensar - este é o segundo momento.
Ciente de que poderia ser dominado por um de seus filhos, Cronos engole e mantém
em seu corpo toda a sua linhagem: Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon, porém Zeus é
escondido por sua mãe Réia com a ajuda de Urano e Gaia. Zeus portanto destrói o trono do
Cronida e resgata os irmãos, provocando grandes batalhas entre os deuses titanidas e
olimpianos (titanomaquia), prendendo os titãs no Tártaro e partilhando as honras entre os
olimpianos, constituindo o terceiro momento na Teogonia.
A soberania de Zeus seria então compreendida em sua astúcia e ardilosidade após
casar-se com divindades importantes para o controle e centralização de seu poder. Sendo
assim, estaria explicado o estabelecimento do poder e da ordem da Totalidade Cósmica
comandada por Zeus sapiente.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

TORRANO, J. (estudo e trad.). Hesíodo. ​Teogonia.​ 5a ed. São Paulo: Iluminuras, 2003.

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