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23-149387 CDD-620
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doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6
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23-147278 CDD-658.575
7
SUMÁRIO
12 PREFÁCIO
15 CAPÍTULO 1
47 CAPÍTULO 2
79 CAPÍTULO 3
105 CAPÍTULO 4
159 CAPÍTULO 6
181 CAPÍTULO 7
203 CAPÍTULO 8
235 CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 11
289
Análise da aplicação de tendências da
transformação digital ao mercado imobiliário
311 CAPÍTULO 12
337 ORGANIZADORES
349 AUTORES
PREFÁCIO
Klaus North
13
CAPÍTULO I
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.001
CAPÍTULO 01
RESUMO
Este artigo trata da análise da pesquisa em
andamento no estágio pós-doutoral em realização
na Programa de Pós-Graduação em Engenharia e
Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de
Santa Catarina (PPGEGC/UFSC), tendo por propósito a
inovação pedagógica e desenvolvimento de ambientes
virtuais de aprendizagem e gestão do processo
pedagógico para a disciplina Metodologia do Trabalho
Científ ico, ofertada na Universidade Federal do
Amazonas (UFAM). As bases teóricas e metodológicas
se conf iguram na articulação interdisciplinar, tendo
como autores principais: Levy (1997), Piaget (2013),
Ostrower (2009), Latour (2000), tratando da abordagem
da gestão do conhecimento, da inteligência coletiva
e dos processos de aprendizagem na perspectiva
construtivista e dos processos de criatividade. O objetivo
é apresentar e refletir sobre o processo da pesquisa
e o desenvolvimento pedagógico e tecnológico em
andamento. Em primeiro momento, tratamos das
referências conceituais e metodológicas centrais da
pesquisa, articulando o saber, a inovação dos processos
educacionais e tecnológicos com base na dinâmica do
ensino e aprendizagem no ensino superior. Na análise
dos resultados parciais, foi realizada a apreciação das
bases estruturantes da disciplina, sua proposição em
CAP. 1 - Gestão Pedagógica e Tecnológica no Ensino Superior
1. INTRODUÇÃO
17
desenvolvimento de competências organizacionais e individuais,
na formação dos profissionais nos cursos de graduação e pós-
graduação. Em acordo com Tosta (2012), tanto a produção do
conhecimento deve ser orientada para problemas reais quanto
“A intenção da universidade deve ser de formar profissionais
preparados para inovar e não simples reprodutores do que já existe”
(Tosta, 2012; p. 209).
A criação de redes de comunicação, de comunidades virtuais
de aprendizagem fez ultrapassar a perspectiva da máquina-
computador como recurso ou canal de acesso aos espaços virtuais
da internet. Ao mesmo tempo, tratando de processos formativos, os
ambientes virtuais de aprendizagem não podem ser compreendidos
como repositórios. É preciso tratar tanto da base tecnológica, seus
mecanismos de aprendizagem orientado para uma nova cultura
digital como também a própria base epistemológica e estrutural do
conhecimento, os quais devem constituir parâmetros de inovação
dos currículos e das atividades de formação programadas, em
atendimento as demandas objetivas e subjetivas.
É neste contexto amplo que se ancoram as questões da
pesquisa em andamento no estágio pós-doutoral em realização
no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do
Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, tendo
por campo experiencial a disciplina Metodologia do Trabalho
Científico/MTC oferecida para estudantes universitários no
primeiro semestre de ingresso em diversos cursos de graduação
da Universidade Federal do Amazonas.
A pesquisa se volta para a revisão dos objetivos e abordagem
programática da disciplina Metodologia do Trabalho Científico,
a partir de uma perspectiva de aprendizagem construtivista
e imbricada com o desenvolvimento de ambientes virtuais de
CAP. 1 - Gestão Pedagógica e Tecnológica no Ensino Superior
2. REVISÃO DA LITERATURA
19
a situação de precariedade dos estudantes quanto ao acesso as
tecnologias digitais (Brasil, 2021).
As fragilidades das Universidades Federais, no período da
pandemia da covid-19, mostraram também que a formação dos
professores universitários apresenta sérias limitações quanto a
aplicação das tecnologias no campo pedagógico, seja no que
tange ao domínio da modalidade da educação a distância, seja
no domínio metodológico das mediações didáticas e tecnológicas
para a realização efetiva do ensino e aprendizagem nos cursos de
graduação e pós-graduação.
Com a pandemia, observa-se tanto a paralisação das atividades
de ensino presencial quanto a adoção de soluções apressadas e
de qualidade duvidosa como o intitulado “ensino remoto” (ERE),
implementado em diversas universidades brasileiras nos anos de
2020 e 2021, como alternativa ao enfrentamento das dificuldades
estruturais e pedagógicas para a adoção da modalidade da
educação a distância.
Vale ressaltar a análise do IPEA a qual aponta dois dilemas
para a Universidade. Primeiro a necessidade de superar a “rejeição
histórica da modalidade a distância, sua baixa utilização entre
elas”. Em segundo, a necessidade de superar o “conhecimento
precário sobre as condições sociais de seus alunos (...) sobre o uso
de computadores e os desafios reais sobre acesso à internet entre
estudantes e docentes” (BRASIL, IPEA, 2021, p. 08).
A indicação do IPEA (2021) aponta para dois problemas
recursivos nas Universidades Federais brasileiras. Primeiro a falta
de investimentos efetivos na inovação tecnológica e pedagógica
do ensino, compatíveis com as condições socialmente postas pelas
tecnologias digitais de informação e comunicação/TDIC. Segundo,
CAP. 1 - Gestão Pedagógica e Tecnológica no Ensino Superior
21
de progressão, transição e integração curricular entre os níveis de
ensino.
Vejamos essas indicações da própria Base Nacional Comum
Curricular (2018) para a Educação Básica, 1) Utilizar diferentes
linguagens – verbal, corporal, visual, sonora e digital – para se
expressar e fazer com que o estudante amplie seu modelo
de expressão ao partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos, produzindo sentidos
que levem ao entendimento mútuo; 2) Compreender, utilizar
e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
docentes, como recurso pedagógico e como ferramenta de
formação, para comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e potencializar as
aprendizagens.
O segundo documento é a Portaria MEC Nº 2.117, de 6 de
dezembro de 2019, a qual em seu artigo. 2º orienta que “As IES
poderão introduzir a oferta de carga horária na modalidade de
EaD na organização pedagógica e curricular de seus cursos de
graduação presenciais, até o limite de 40% da carga horária total
do curso”.
No século vinte e um, na sociedade das tecnologias digitais
de informação e comunicação, o conhecimento e a aprendizagem
adentram por novas significações, linguagens, e modos de
interação e participação dos sujeitos, os quais não correspondem
mais às perspectivas tradicionais de currículo, de aprendizagem,
de assimilação e reprodução de conteúdo por meio de testes,
provas, em voga e predominante no ensino superior. E isso apesar
das propaladas “metodologias ativas”.
CAP. 1 - Gestão Pedagógica e Tecnológica no Ensino Superior
23
virtual, heterogêneo, em transformação permanente, abrangendo
todos os sistemas virtuais de conhecimento, informação, formação,
aprendizagem e também ludicidade. (Lévy, 1997).
Não obstante, essas condições objetivas não são
automaticamente orientadas para os processos curriculares,
de ensino e de aprendizagem, o que exige das Universidades o
investimento acadêmico, tecnológico e pedagógico efetivos, em
políticas e programas institucionais, atentando para a formação
cidadã e dos profissionais que a sociedade contemporânea requer.
25
universitária. Todavia, em nenhuma dessas funções universitárias
(ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento tecnológico) o
conhecimento é apenas produto acabado, explícito, repertório fixo, mas
sim estrutura resultante de processos de apropriação, reconstrução,
experimentação e construção de novidades. Novidades, diga-se,
fundada tanto nas condições e necessidades subjetivas quanto
na objetividade das demandas da vida social, econômica, cultural,
histórica e contextualmente situadas.
Segundo salienta Garcia (2002), com sua perspectiva
construtivista, um “sistema complexo” corresponde a uma
representação da realidade, para que se possa analisar uma totalidade
organizada, no sentido de um funcionamento. O autor chama de
“funcionamento de um sistema o conjunto de atividades que pode
realizar (ou permite realizar) o sistema, como resultante da coordenação
das funções que desempenham suas partes constitutivas” (Garcia,
2002, p. 55). Eis um desafio hercúleo para as Universidade, proceder
o próprio diálogo e agenciamento interno do conhecimento, tendo
como referência a própria dinâmica e condições de existência na
sociedade contemporânea, num mundo determinado pelas condições
das tecnologias digitais de informação e comunicação.
A complexidade da abordagem do conhecimento é fator de
complexidade do “trabalho universitário, tanto em seus processos
laboratoriais em campos específicos da ciência, e também nas
atividades que “abrem a caixa preta” do conhecimento, no ensino,
na divulgação científica, na extensão. (Latour, 2000, p.35). Por isso,
também, os desafios internos da própria universidade em centrar
os processos de gestão do conhecimento nas suas especificidades
internas como fator da criatividade e da inovação.
Para Rocha Neto e Nehme (2012), a gestão do conhecimento (GC)
relaciona-se com a aprendizagem organizacional à medida em que o
CAP. 1 - Gestão Pedagógica e Tecnológica no Ensino Superior
27
situações didáticas e de aprendizagem, de desenvolvimento de
mediação de ensino e aprendizagem dimensionados em ambiente
virtual de aprendizagem.
Para tratar da inovação na citada disciplina, a pesquisa se
movimenta em abordagem interdisciplinar, entendidas como
convergentes aos objetivos e objetos do ensino de graduação.
Três estruturas são dimensionadas neste processo. Em primeiro,
a abordagem e experimentação didático e tecnológica com a
disciplina em tela, enquanto condição para pensar, conceber e
implementar a inovação no campo do ensino, da aprendizagem
e da mediação tecnológica no Ensino Superior. Em segundo a
abordagem epistemológica do ementário, conteúdo programático
e objetivos da disciplina, Metodologia do Trabalho Científico,
considerando a abordagem dos conhecimentos da disciplina
postos no campo virtual, no ciberespaço, como sinaliza Levy (1997).
Na abordagem tecnológica, destacamos a referência a
perspectiva da “inteligência coletiva” conforme cunhada por
Levy (1997), como aquela inteligência que está posta por meio da
rede mundial de computadores e do intercâmbio generalizado
de informações, conhecimentos e interações humanas. Mas
principalmente como aquela inteligência que se abre e se
agencia no compartilhamento dos registros, da documentação
e estabelecimento de procedimentos de colaboração, seja
utilizando os ferramentais disponíveis no ambiente virtual de
aprendizagem, seja pela construção coletiva de novos aportes,
conceitos explicativos, associações que demanda os processos
cognitivos e simbólicos, socialmente compartilhados e disponíveis
em comunidade de aprendizagem.
Como salienta Levy (1997), o conhecimento está diretamente
vinculado ao espaço e tempo de sua elaboração, num movimento
CAP. 1 - Gestão Pedagógica e Tecnológica no Ensino Superior
29
Para além de um sistema de gerenciamento do ensino,
da aprendizagem e da avaliação, os Ambientes Virtuais de
Aprendizagem são entendidos como espaços de construção de
conhecimento, flexível e aberto às demandas de aprendizagem
dos sujeitos em formação. Significa dizer que o Ambiente Virtual de
Aprendizagem está aberto e conectado com a elaboração individual
e coletiva, configurando uma comunidade de aprendizagem imersa
num contexto de significação ampliado pela rede mundial de
computadores, o que possibilita pensar e objetivar procedimentos
de gestão do conhecimento construído na dinâmica do processo
de aprendizagem.
31
Levy, “Nenhum tipo de conhecimento, mesmo que nos pareça tão
natural, por exemplo, quanto a teoria, é independente do uso das
tecnologias intelectuais” (Levy, 1997, p. 75).
Imbricado às mudanças tecnológicas, destaca-se as mudanças
relativas aos próprios objetos do conhecimento, articulando diversas
linguagens, gêneros textuais e suportes digitais, implicados na
própria aprendizagem, requerendo formações dos professores e
estudantes no campo das tecnologias digitais. A este respeito, é
pertinente o que afirma Levy
Mas que nunca, a imagem e o som podem tornar-se os
pontos de apoio de novas tecnologias intelectuais. Uma
vez digitalizado, a imagem animada, por exemplo, pode ser
decomposta, recomposta, indexada, ordenada, comentada,
associada no interior de hiperdocumentos multimídias” (Levy,
2010, p. 103).
33
Convivendo e articulando os mundos da presencialidade e o
mundo da virtualidade, novos designs, objetos de conhecimento,
formas de interação, valores, configuram uma nova sociabilidade
juvenil, distinta da sociabilidade tecida em apenas 30 anos
passados. Uma sociabilidade, diga-se, tecida tanto pela busca de
diferenciação e individuação quanto pelo perfil de protagonista
da produção, consumo e da interatividade na internet e na cultura
digital.
Na articulação entre a abordagem de Piaget (2013) e Ostrower
(2009), é possível pensar o desenvolvimento e a aprendizagem
como contínua “adaptação criadora”, num processo que se efetiva
pela sucessiva construção e reconstrução dos esquemas de ação
e pensamento, envolvendo o ser consciente, intuitivo, sensível e
cultural. É uma adaptação que nada tem de linear e mecânica, posto
que ocorre em situações de incertezas, conflitos, desequilíbrios.
No contexto do ensino superior, em suas diferentes funções
de especificidades, esse processo de “adaptação criadora” se torna
condição, tanto para a inovação das atividades docentes como
para a inovação dos conhecimentos, das experiências formativas,
de aprendizagem e de desenvolvimento de competências e
habilidades pelos jovens estudantes universitários.
35
suas necessidades e a ampla participação dos envolvidos
na construção das propostas (Reis; Pereira; Fialho, 2022, p
2, tradução nossa).
37
desenvolvido a partir da plataforma moodle, o ambiente virtual
de aprendizagem piloto está ancorando no endereço https://
cefort.ufam.edu.br/graduacao@ufam/login/index.php. (Site e
Laboratório de Hipermídia do Cefort/UFAM). A utilização deste
AVA se põe como o piloto, justif icado como a ancoragem das
experimentações visando a constituição do sistema digital
objeto da pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
39
texto. Metodologia do trabalho científ ico em Ciências Humanas.
Ciência e ideologia. Normas de Apresentação do Trabalho
Científ ico; Organização e Elaboração de Plano de Estudo”
(UFAM, PPC,2019, p. 96).
Em primeira apreciação, constata-se a dispersão de eixos
estruturantes, tanto no objetivo como no ementário, ressaltando
ainda a fala de articulação e coerência entre ambos.
Já no objetivo geral, indica-se como eixos a pesquisa, a
metodologia de elaboração dos trabalhos acadêmicos, a convivência
acadêmica e ainda a perspectiva de melhor aproveitamento dos
estudos. No ementário apresenta-se o foco nas “ciências humanas
e ideologia”, leitura e normatização técnica da ABNT, sendo que a
disciplina é ofertada não somente para os cursos de humanidades,
mas também para os cursos das ciências exatas, biológicas, artes,
direito, arquitetura, entre outros.
Na análise do conteúdo programático e do processo
metodológico da disciplina, há ênfase na instrumentalização quanto
aos aspectos formais do trabalho científico, como fichamentos de
textos, resenhas, modelos de trabalho acadêmico e normatização
do trabalho acadêmico com base na ABNT. Salienta-se que há
limitações na abordagem conceitual da leitura, do estudo e do
próprio conhecimento; apresentando-se com limitações nas
referências do que seja o conhecimento acadêmico, seus tipos,
áreas, suas linguagens.
Não há, na estrutura programática da disciplina, referência
alguma sobre as novas modalidades de linguagens e formas de
organização, disponibilização e trabalho com o conhecimento,
disponível na internet; nem referência a pesquisa em banco de
dados de referências bibliográficas.
CAP. 1 - Gestão Pedagógica e Tecnológica no Ensino Superior
41
de aprendizagem, tendo como base fundante os mecanismos de
aprendizagem e a gestão do processo pedagógico.
5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
43
Valério Campos, Porto Alegre, Artmed.
Latour, Bruno. Ciência em ação: como seguir cientistas e
engenheiros sociedade afora. Tradução de Ivone C. Benedettí. São
Paulo. Editora UNESP, 2000.
Levy, P. (1997). As tecnologias da inteligência. O futuro do
pensamento na era da informática. São Paulo, Editora 34.
Melucci, A. (2004). O jogo do Eu. A mudança de si em uma
sociedade global. São Leopoldo/RS, Editora Unisinos.
Miranda, A. L. B. B., Araujo, I. T., Freire, B. G. de O. & Fernandes,
A. J. (2019). Inovação nas universidades: uma análise do novo
marco legal. Revista Eniac Pesquisa, vol., 8 (1), pp. 85–98.. https://doi.
org/10.22567/rep.v8i1.507
Ostrower, F. (2009). Criatividade e processo de criação.
Petrópolis/RJ, Vozes.
Piaget, J. (2013). A psicologia da inteligência. Trad. Guilherme
João de Freitas Teixeira. Petrópolis/RJ, Vozes.
Reis, I. W., Pereira, R. & Fialho, F. (2022). Design thinking y
problem based learning aplicados a la educación superior para la
generación de una educación pertinente-revisión sistemática. In:
Semead 2022 - XXV Seminários em Administração - USP, 2022, São
Paulo. Anais do XXV Seminários em Administração – USP.
Rocha. N., Ivan E. N. & Chauke, C. (2012). Gestão do conhecimento,
sistemas de inovação e complexidade. Centro de Gestão e Estudos
Estratégicos: Ministério da Ciência e Tecnologia, v. 17, (34), pp. 65-
86.
Tosta, K. C. B. T. (2012). A universidade como catalisadora
CAP. 1 - Gestão Pedagógica e Tecnológica no Ensino Superior
45
CAPÍTULO 2
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.002
CAPÍTULO 02
RESUMO
A utilização do termo educação digital é cada vez mais
recorrente em diversas pesquisas no contexto educacional,
decorrente principalmente da pandemia de covid-19 e da
transformação digital. Contudo, a falta de clareza quanto
ao seu conceito ainda é um desafio, sendo muitas vezes
utilizado em discursos e pesquisas de forma simplista, sem
uma maior compreensão de seu emprego e dimensão,
gerando dúvida quanto a sua definição. Com base nessa
lacuna, a presente pesquisa objetiva verificar como o
termo educação digital está sendo utilizado na literatura
nacional e internacional, compreendendo alguns de seus
pilares e características. Para isso, será realizada uma
análise bibliométrica nas bases de dados Scopus e Web
of Science para mapear a ocorrência de publicações
durante os anos do pico da pandemia (2019-2022),
seguindo os indicadores bibliométricos de temporalidade,
conexões e centralidade entre as palavras-chave e termos,
principais redes de autores, produção por países, áreas do
conhecimento, frequência por maior número de citações.
Além dos indicadores, a partir da análise dos 20 artigos
mais citados em cada base identificou-se que as principais
abordagens para o termo se assemelham a: digitalização
da educação; uso de tecnologias digitais como meio;
processos de ensino-aprendizagem emergentes do
período pandêmico em quaisquer modalidades; e
CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
1. INTRODUÇÃO
49
Ao passo que o uso de tecnologias educacionais (EduTech)
têm sido remodeladas para uma versão digital, juntam-se a
produtos e artefatos da cultura da contemporaneidade inovando e
alterando parte dos processos educacionais estabelecidos. Grande
parte disso, aconteceu mais fortemente devido a necessidade
de utilização de práticas alternativas da educação tradicional
presencial que foram impulsionadas pela pandemia de Covid-19,
as quais tornaram-se emergentes em todo o mundo contando
inclusive com investimentos consideráveis no setor, excedendo a
marca de 50 bilhões a partir de 2019 (Pappas, 2019).
O uso de tecnologias digitais, apesar de fazerem parte
da cultura e da transformação digital (Pappas, 2019), a qual a
sociedade está imersa, como todo processo de mudança, trazem
pontos positivos e negativos no decorrer de sua implementação
para todos os sujeitos envolvidos e instituições. A busca por maior
engajamento dos estudantes com conteúdos mais atrativos, o
maior uso de Metodologias Ativas (MAs) que estimulam práticas
colaborativas, de incentivo e de estímulo à autonomia dos
estudantes, o maior uso de mídias, Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC´s) e outras ferramentas no processo de ensino-
aprendizagem, podem ser considerados como pontos positivos
nesse processo, além de serem práticas da vivência cotidiana de
parte dos sujeitos envolvidos, transcorrem do espaço físico da sala
de aula para a múltiplos espaços e formas. Por outro lado, também
colocam em evidência que o contexto de ensino-aprendizagem
não é homogêneo, acentuam algumas lacunas de desigualdades
sociais, da falta de competências educacionais e digitais por parte
dos docentes e alguns alunos, denunciam instituições com pouco
apoio administrativo/técnico para gerir mudanças repentinas,
e dificuldade de acesso à internet por parte de alguns usuários
(Emejulu & Mcgregor, 2016; Laufer et al., 2021).
CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
51
Na literatura também não há um acordo comum quanto
ao uso do termo “digitalização da educação”. Alguns autores
defendem que é um processo da educação digital. Trata-se
de uma transposição da educação tradicional presencial para
moldes com tecnologias digitais em quaisquer modalidades
de ensino (afinal entende-se que digitalizar é converter algo de
um formato analógico em um formato digital), sem que haja
uma curadoria desse percurso no sentido de considerar suas
diferenças (Kassymova et al., 2019; Laufer et al., 2021). Já, Fawns
(2019) Veletsianos et al. (2019) utilizam o termo não apenas como
uma transposição do analógico para o digital, mas como um
potencializador de inovação e efetivação das novas práticas de
ensino.
Diante desse panorama complexo, em que várias outras
abordagens acabam sendo utilizadas como sinônimo de educação
digital, há uma lacuna quanto a estudos em profundidade que
conceituem, delimitem e definam de forma consensualizada o
termo “Educação Digital”.
Assim, o artigo visa verificar como ele está sendo utilizado
na literatura, compreendendo alguns de seus pilares e
características. Para isso será realizada uma análise bibliométrica
(Araujo, 2006; Pinto et al., 2007) de artigos nas bases de dados
Scopus e Web of Science com o objetivo de mapear a ocorrência
de publicações em periódicos durante os anos do pico da
pandemia (2019-2022), seguindo os indicadores bibliométricos de
temporalidade, conexões e centralidade entre as palavras-chave e
de termos, principais redes de autores, produção por países, áreas
do conhecimento, frequência por maior número de citações
(considerando os 20 primeiros de cada base para uma análise
descritiva de suas abordagens para a “Educação Digital”).
CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
53
Além da consciência e compreensão de seu impacto, a
transformação digital requer práticas que envolvam a ação e a
mudança para ajustar e adaptar práticas consideradas tradicionais
para mediadas digitalmente. Somente o uso da tecnologia não
caracteriza a transformação digital, ela decorre de ações de
interação entre a estratégia e a tecnologia (Educase, 2018).
No contexto educacional a utilização de equipamentos
tecnológicos necessariamente não garante avanços decorrentes
da transformação digital, sendo primordial a tecnologia integrada a
estratégias institucionais para assim atingir os objetivos almejados
(Educase, 2018). Ela visa melhorar uma entidade desencadeando
mudanças significativas em suas propriedades por meio de
combinações de tecnologias de informação, computação,
comunicação e conectividade (Livari, Sharma & Ventä-Olkkonen,
2020), ampliando e modificando a percepção sobre diversos
paradigmas, no qual destaca-se neste estudo a “educação”.
O avanço tecnológico potencializou vários novos modelos,
práticas educacionais mediadas pelo digital como a educação
híbrida, on-line, a distância, entre diversas outras (Moreira &
Schlemmer, 2020). Assim, de acordo com Moreira e Schlemmer
(2020), as tecnologias digitais vêm reconfigurando os ecossistemas
educacionais, propiciando inovação, transformação e modernização,
contudo somente elas não transformam as práticas pedagógicas,
sendo primordial repensar o que consideramos por educação.
Atualmente a conectividade rompe as barreiras da sala
de aula e avança cada vez mais para um conceito de educação
em rede (Müller & Souza, 2020), que incentiva a construção do
conhecimento em novos espaços potencializados pela interconexão
das redes de dispositivos digitais (Nunes Rosa, Souza & Spanhol.,
CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
55
como as principais bases de referência de textos nacionais e
internacionais, além de serem compatíveis com formatos de
exportação para utilização dos dados em várias ferramentas de
apoio. Apesar dessas potencialidades, o estudo não é decisivo
para se def inir um estado da arte sobre o assunto, mas sim um
panorama inicial para reconhecer como o tema da “educação
digital” vem sendo trabalhado.
Após alguns testes e combinações, para realizar a
(ii) def inição de buscas sistemáticas foi utilizada a string
“(“digital education”) AND ( “teaching” ) AND (( “learning” OR
“e-learning”))”, considerando apenas textos de artigos de
revisões, sem delimitação de área específ ica, onde tais termos
poderiam estar no “tópico”, ou seja, presentes no título, resumo
e palavras-chave, na delimitação temporal dos anos de 2019
até 2022 (encerrando as buscas em 02/12/2022).
A (iii) coleta dos dados apresentou 278 artigos no total (150
Scopus e 128 Web of Science), sendo exportada para o programa
EndNote que após f iltragem dos duplicados, resultou em 115
artigos na Scopus e 128 na Web of Science. Tais resultados
foram demonstrados de forma visual com o apoio do software
Vosviewer e Canvas.
Como última etapa e parte dos resultados, foi realizada uma
(iv) análise descritiva dos artigos mais citados dentro das duas
bases de busca, 20 primeiros artigos em cada base (totalizando
40 artigos) que passaram pelos critérios de inclusão e exclusão
para montagem da matriz de síntese. Para a seleção desses
artigos e montagem da matriz de síntese foram estruturadas
duas etapas de f iltragem: a 1ª com a seleção de artigos que
tivessem no resumo o termo chave desse artigo “educação
digital”, depois a 2º fase contemplava a leitura em profundidade
CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
57
foi realizado um levantamento prévio somente para checar e
verif icar a recorrência anterior do termo “Educação digital”, que
constatou-se não sendo tão expressiva, fato que é decorrente
principalmente do impacto da pandemia de Covid-19 , em
que as restrições de isolamento social fecharam as salas de
aulas presenciais, e como estratégia, o processo de ensino e
aprendizagem passou a ocorrer totalmente mediado pelas
tecnologias digitais.
Contudo, um fator relevante identif icado nesse
levantamento inicial está relacionado às datas das primeiras
publicações, as quais destacamos a primeira publicação na
Web of Science (“The digital-computer in education”, de
Henry F. Silberman), mas que se referia ao uso do computador
na educação, em 1962; e na Scopus, em 1983 (“R&S measuring
instruments for practice in the communications lab” de Erich
Stadler) que tratava do ensino de computação (informática). Já
aproximadamente em 1999 as pesquisas passaram a abordar
o uso das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem.
Nas pesquisas, o primeiro artigo que trata sobre o tema,
de Towndrow (1999) a tecnologia era utilizada apenas como um
meio na qual a educação digital preocupava-se com a aplicação
de tecnologias digitais, mas os educadores já tinham um papel
desaf iador em despertar o interesse e entusiasmo dos alunos
quanto ao uso de tais recursos. Nessa pesquisa importantes
questões como alfabetização digital já eram expostas pelo
autor. Quanto ao futuro do processo de ensino e aprendizagem,
Towndrow (1999) enfatizou que as tecnologias digitais iriam
desempenhar um grande papel na aprendizagem tanto
dentro como fora das salas de aula e que a educação digital
iria desempenhar um papel central na formulação de políticas
CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
59
Figura 02 - Rede de palavras-chave.
61
A importância das redes de coautoria é evidenciada pelo
número de autores que assinam cada artigo. O diâmetro do nó
traz os autores com maior representatividade (maior número
de publicações) quanto a temática de estudo por área de
conhecimento.
Figura 04 - Conexões de rede existentes entre os autores.
63
Gráfico 03 - Publicações por área.
Após leitura dos vinte artigos mais citados nas bases Web of
Science e Scopus, e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão
CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
65
Os artigos são referentes às duas bases, seguindo o indicador
de frequência de maior número de citação (considerado o número
da maior base) estão ordenados no quadro ao lado (tabela 01).
Conforme já mencionado, a análise de tais pesquisas objetivou
identificar pesquisas que delimitam e definem de fato o termo
“Educação Digital”, e verificar como ele está sendo utilizado na
literatura nacional e internacional de periódicos. Assim, tornou-se
possível compreender algumas de suas características, que foram
agrupadas em categorias, numa tentativa de reconhecer alguns
de seus prováveis pilares (Quadro 01), que são frutos das evidências
indicativas das análises dos artigos que serão indicadas nesse tópico.
Quadro 01 - Categorias das características para pensar a Educação Digital
67
Corroborando com os estudos de Fawns (2019), Gourlay
(2021) e Maity, Sahu e Sen (2021), evidenciam a complexidade em
tentar distinguir a educação presencial do “distante mediado
digitalmente”. Os autores enfatizam que o envolvimento
digital é sempre – e inteiramente – um conjunto de práticas
materiais e incorporadas, e em certo sentido, não existe algo
como ‘aprendizagem virtual’, já que todo o engajamento e
processos em que consiste ocorrem por meio de práticas
sociomateriais e corporif icadas. O que possibilita refletir que
em relação à dimensão das realidades, seja virtual, aumentada,
mista, multissensorial e metaverso, a educação digital deve
se adequar às estruturas do meio, refletindo diretamente nos
tipos de produção e modos de operação e compartilhamento
dos conteúdos.
Além da percepção de Gourlay (2021) nas quais considera
um conjunto de práticas materiais e incorporadas, Laufer et al.
(2021) traz uma outra abordagem retratando a complexidade
do termo e de várias outras terminações que muitas vezes
são utilizados erroneamente como sinônimos. O autor
def ine a educação digital como a digitalização do ensino e
aprendizagem proporcionada pelas tecnologias educacionais,
enfatizando que o investimento com foco em tecnologia por
si só não pode melhorar a aprendizagem. Para isso, ele aborda
três pontos essenciais que devem ser levados em consideração:
acesso, colaboração e o resultado de aprendizagem (melhor
experiência). Outro ponto importante que de acordo com
Laufer et al. (2021) é necessário discutir são as desigualdades
relacionadas ao fosso digital (acesso desigual a recursos técnicos
e tecnologia) na qual a exclusão de oportunidades de acesso
às tecnologias digitais e a exclusão informacional impactam de
forma negativa a vida dos cidadãos.
CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
69
e habilidades educacionais e pensar em uma alfabetização digital
para minimizar as diferenças nesses quesitos.
Tais características identificadas na literatura analisada
permite entender que a Educação Digital não deve se limitar
apenas ao uso da tecnologia na educação ou numa transposição de
processos para meios digitais, mas sim concordando com Sarakova
(2019) que diz que ela deve ser entendida como um processo e
um resultado, incluindo nessa premissa que ela é um formato de
ensino que pode ser utilizado em diversas possibilidades, que deve
considerar aspectos da cultura, do social, das articulações entre
as redes e as particularidades do meio no processo de ensino-
aprendizagem para que sua metodologia e recursos sejam de fato
agregadores de valor e conhecimento.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
71
conjunto de características que contribuem para maior efetividade
do processo de ensino e aprendizagem e que possam auxiliar no
desenvolvimento de estudantes preparados para a atual sociedade
impactada pela transformação digital que se caracteriza pelas
conexões e redes. Para isso, devido a complexidade da temática
deste estudo, enfatiza-se a necessidade de pesquisas com maior
aprofundamento do tema, em outras bases específicas (como a ERIC)
para assim, elencar os pilares essenciais para a educação digital a partir
do contexto atual da sociedade.
REFERÊNCIAS
73
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CAP. 2 - Educação Digital: Uma Análise Bibiométrica (2019 - 2022)
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CAPÍTULO 3
Objetivos do Processo de
Combinação de Conhecimento:
Uma revisão integrativa
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.003
CAPÍTULO 03
RESUMO
Este artigo apresenta uma revisão integrativa, com vistas
a identificar os objetivos do processo de combinação
de conhecimento. Para tal, foi realizada uma pesquisa
qualitativa, com objetivos exploratórios e também
descritivos. A partir de buscas realizadas nas bases de
dados eletrônicos Scopus e Web of Science, construiu-se
um portfólio de 51 documentos. Após a leitura dos resumos,
títulos e palavras-chave foram identificadas as publicações
que estavam aderentes ao objetivo da pesquisa. Os
resultados foram filtrados e, ao final do processo, sete
documentos foram analisados e apresentados. Chegou-se
à conclusão de que os autores consideram como objetivos
da combinação de conhecimento: codificar, classificar,
armazenar, recuperar, identificar, transmitir, agrupar,
combinar, selecionar, mitigar, compartilhar, sistematizar,
agregar, processar, comparar, colaborar e distribuir.
Palavras-Chave: Conhecimento. Espiral do Conhecimento.
Combinação do conhecimento.
CAP. 3 - Objetivos do processo de combinação de conhecimento: uma revisão integrativa
1. INTRODUÇÃO
81
da interação com os ambientes, as organizações são capazes de
absorver informações e transformá-las em conhecimento, e para
isso sua ação tem como base a “combinação desses conhecimentos
com experiências, valores e regras internas” (Danveport & Prusak,
1998, p. 63).
É na espiral do conhecimento que se irá encontrar o terceiro
modo de conversão chamado combinação, que é a conversão de
conhecimento explícito para conhecimento explícito tendo como
resultado a criação de um novo conhecimento e foco deste trabalho
Para os autores Nonaka e Takeuchi (1997, p. 75), a combinação
do conhecimento “é um processo de sistematização de conceitos
em um sistema de conhecimento”. Devido à relevância acerca
do conhecimento, gerenciá-lo é uma ação que oferece desafios
(Svetlana, 2007). Segundo Starec et al. (2006), os elementos
essenciais para a competitividade de uma organização são: acesso
em tempo real a informações importantes para ajudar na tomada de
decisão; gerenciamento e integração eficaz de recursos humanos,
da informação e da comunicação; bem como ordenar, armazenar,
trocar e utilizar informações geradas interna e externamente à
organização.
Sabendo-se que o processo de combinação de conhecimentos
é dependente do compartilhamento do conhecimento entre
os indivíduos e as organizações, para estas um grande desafio
está em como motivar internamente o compartilhamento do
conhecimento entre os funcionários (Hong et al., 2011). Por exemplo,
a área de projetos nas organizações pode apresentar limitações
de tempo e recursos, e as mudanças vividas pelas equipes se
convertem em dificuldades para a gestão do conhecimento. Sob
a justificativa de estarem todos ocupados e pressionados com
os afazeres do projeto, as ações documentais (Purvis & Mccray,
CAP. 3 - Objetivos do processo de combinação de conhecimento: uma revisão integrativa
83
do conhecimento, um modelo pelo qual empresas referenciam
seus processos de aquisição de novos saberes. Na segunda parte
apresentam-se os processos metodológicos utilizados para a
pesquisa; a terceira parte é composta pela contribuição do trabalho
através da apresentação e análise dos dados encontrados; e a
quarta parte traz os resultados obtidos nas considerações finais,
incluindo as limitações e oportunidades para trabalhos futuros.
85
Quadro 1: Significados da Espiral do Conhecimento
87
A teoria de Nonaka e Takeuchi aborda a combinação do
conhecimento e contribui de forma significativa para a criação do
conhecimento organizacional; é considerada um marco importante
na compreensão dos estudos científicos da Gestão do Conhecimento.
Entretanto, há um número reduzido de documentos acadêmicos que
abordam diretamente a combinação do conhecimento. Ela também é
conhecida principalmente por estar diretamente relacionada a teorias
no campo do processamento de informações, portanto se entende ser
este estudo relevante para analisar outras áreas onde a combinação está
presente e suas contribuições, análise que apresentar-se-á à discussão
em sessão posterior, diante dos trabalhos encontrados. Além do já
exposto, qual seja, identificar os objetivos do processo de combinação
do conhecimento para apoiar as organizações a tomarem medidas
resolutivas para definirem com clareza os seus objetivos, motivando
seus colaboradores ao compartilhamento de conhecimento.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
89
A seleção dos estudos aconteceu com busca nas seguintes bases
de dados: Scopus e Web of Science. E ocorreu em duas etapas: 1) leitura
dos títulos e resumos; e 2) leitura completa.
Foram observados um total de 1.040 artigos nas duas plataformas
e utilizaram-se como recorte autores com mais de 50 citações,
conforme o Quadro 2. A busca nas plataformas aconteceu no mês de
julho de 2020.
Quadro 2: Busca nas plataformas
foi criada uma planilha no Excel, a qual foi preenchida com sete artigos
selecionados após a leitura completa. Com uma leitura criteriosa dos
artigos, os autores identificaram 20 que não abordam ou não são
aderentes ao tema.
91
No Quadro 3, apresentam-se os artigos selecionados para
análise, assim como uma síntese dos artigos com as seguintes
informações: autores e ano, título, local e a área onde foi publicado.
O artigo A1, denominado “Transactive Memory in
Organizational Groups: The Effects of Content, Consensus,
Specialization, and Accuracy on Group Performance”, tem como
objetivo examinar a relação entre os sistemas de memória transativa
e o desempenho em grupos maduros e contínuos, a partir de uma
metodologia qualitativa.
O artigo A2, “A formal analysis of knowledge combination
in multinational enterprises”, objetiva, a partir de um estudo de
caso, realizar uma análise formal da combinação de conhecimento
dentro de empresa multinacional (MNE).
Já o artigo A3, denominado de “Answering Clinical Questions
with Knowledge-Based and Statistical Techniques”, a partir de uma
pesquisa qualitativa, objetiva apresentar um sistema projetado
para satisfazer as necessidades de informação dos médicos que
praticam a medicina baseada em evidências.
O artigo A4, “Knowledge Risks in Organizational Networks:
An Exploratory Framework”, apresenta como objetivo construir um
quadro exploratório que possa facilitar o estudo dos vários tipos de
riscos do conhecimento que surgem dentro das redes. Foi utilizada
uma abordagem qualitativa.
O artigo A5, “Learning Bayesian Networks: The Combination of
Knowledge and Statistical Data”, tem como objetivo descrever uma
abordagem bayesiana para aprender redes bayesianas a partir de
uma combinação de conhecimento prévio e dados estatísticos. Para
alcançar o objetivo proposto, os autores usaram a abordagem mista.
CAP. 3 - Objetivos do processo de combinação de conhecimento: uma revisão integrativa
93
conceito é a mesma, no entanto, aplicada de formas diferentes,
considerando a particularidade de cada área. Ao analisar os artigos
após leitura criteriosa, chegou-se à seguinte conclusão, relacionada
ao problema de pesquisa.
A combinação acontece em três fases distintas: na primeira
ocorre a captura e a integração; na segunda, a disseminação; e na
terceira, a edição e processamento. Como exemplo, da construção
de um protótipo tem-se a criação de conhecimento sistêmico
(Nonaka & Takeuchi, 1997; Nonaka & Konno, 1998).
Pôde-se, a partir dessas três fases, identificar os objetivos da
combinação dos conhecimentos no artigo A1, de Austin (2003), os
quais são: codificação, classificação, armazenamento e recuperação
de informações. O autor, ao se referir à memória externa, faz menção a
registrar acontecimentos em relatórios, computadores, blocos de notas,
entre outros, para serem acessados quando necessário. O processo se
formaliza quando o autor se refere a um sistema de memória transitiva
externa organizacional que, bem desenvolvido, pode fornecer
mecanismos para identificar novos conhecimentos específicos de
tarefas. O desempenho do grupo nesse caso depende de quanto os
membros são capazes de explorar a base de conhecimentos resumida
e quão bem conseguem reconfigurar essa base de conhecimento em
novas situações (Grifo nosso).
No artigo A2, de Buckley e Carter (2004), os autores utilizam
como objetivos: classificação, identificação, codificação e transmissão,
com o intuito de criar um sistema que atenda às necessidades de
uma estrutura empresarial para empresas multinacionais que deem
suporte aos processos de decisão para auxiliar a superar os obstáculos
que provêm da empresa multinacional (idioma, cultura, distancia,
normas etc.). A combinação se configura frente a uma comunidade de
prática e a um modelo analítico efetuado pelos autores (Grifo nosso).
CAP. 3 - Objetivos do processo de combinação de conhecimento: uma revisão integrativa
95
dados evidencia claramente a criação de novos conhecimentos
extraídos de conhecimentos já formalizados (conhecimento
explícito) de diversas fontes. Apresentando os resultados desse
estudo, sugerem que as repercussões continuam importantes para
a circulação do conhecimento (Grifo nosso).
No artigo A7, de Scuotto et al. (2017), os autores utilizaram
vários objetivos, sendo eles: coleta de dados, combinação,
identif icação, transformação e exploração, que dão suporte
para o resultado de sua pesquisa, cumprindo o objetivo de que
pequenas e médias empresas tenham acesso a informações
para poderem explorar oportunidades usando intensivamente
o externo em combinação com o interno para aumentar sua
criação de valor e produtividade. Os autores fazem menção de
que estes estudos são limitados e necessitam ser utilizados com
cautela (Grifo nosso).
Dos sete artigos analisados, seis apresentam o mesmo
objetivo da combinação do conhecimento, que é a classif icação.
Encontraram-se 18 objetivos diferenciados entre os artigos
citados. Cinco deles (A3, A4, A5, A6 e A7) usam a combinação com
o objetivo de utilizarem conhecimentos de fontes já existentes
e melhorá-las, transformá-las ou acrescentá-las. Segundo os
autores Nonaka e Takeuchi (1997), novos conceitos podem
ser criados a partir da rede de informações e conhecimentos
codif icados. Os demais objetivos encontrados atendem ao tipo
de trabalho proposto pelos autores. Importante f risar que os
artigos analisados se utilizam da combinação para obter um
resultado ampliado e melhorado.
Percebe-se que os artigos analisados recorreram ao suporte
ou têm como base os recursos da Tecnologia da Informação
(TI). O trabalho em rede é facilitado através dos recursos de
CAP. 3 - Objetivos do processo de combinação de conhecimento: uma revisão integrativa
97
Figura 1: Objetivos da combinação do conhecimento
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
99
A discussão realizada neste estudo indicou que a combinação
do conhecimento merece mais atenção de pesquisas futuras,
e nelas podem ser incluídas as questões: quais áreas utilizam a
“combinação do conhecimento”? Como é utilizada a “combinação
do conhecimento”? Quais áreas utilizam com o mesmo propósito a
Gestão do Conhecimento? É possível identificar sua aplicabilidade
em outras áreas mesmo que não esteja clara a combinação como
definição de processo?
AGRADECIMENTOS
OBSERVAÇÃO
REFERÊNCIAS
101
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CAP. 3 - Objetivos do processo de combinação de conhecimento: uma revisão integrativa
103
CAPÍTULO 4
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.004
CAPÍTULO 04
RESUMO
Na sociedade do conhecimento o principal valor das
organizações está nos ativos de conhecimento e,
especialmente, em seus colaboradores, que são os
principais ativos de conhecimento humano. A formação
de profissionais deixa então de ser uma transmissão de
conhecimento para se transformar em uma demanda
por aquisição de competências, fazendo-se necessário
oferecer ao colaborador, um processo de aprendizagem
que tome como base o seu contexto na organização,
oferecendo trajetórias de aprendizagem fundamentadas
na busca e aplicação direta dos conteúdos aprendidos.
Contudo, quando os programas de capacitação em
ambientes organizacionais são realizados de modo
online, tem-se o desafio de configurar os objetos de
aprendizagem aos diferentes perfis funcionais. Nesse
sentido, esse estudo partiu da seguinte questão de
pesquisa: como identificar e associar os perfis funcionais
de participantes de cursos de capacitação online aos
objetos de aprendizagem do curso? Para responder a este
questionamento, traçou-se como objetivo apresentar um
método para identificar e associar os perfis funcionais aos
objetos de aprendizagem de cursos de capacitação online.
O artigo de natureza tecnológica, utilizou da Metodologia
Design Science Research (DSR) para desenvolver como
artefato um método. O método apresentado mostrou
CAP. 4 - Método OACOMP: Identificação e Associação de Perfis Profissionais
1. INTRODUÇÃO
107
apenas um ator passivo do conhecimento. Tornar este indivíduo
um agente ativo no seu processo de aprendizagem pode ser o
primeiro passo para o desenvolvimento de suas competências
cognitivas, comportamentais, e a iniciativa da transferência da
aprendizagem para a prática (Freire et al., 2019).
Quando se fala em capacitação e aprendizagem em meio
organizacional, cabe ressaltar que para este estudo conceitua-se
capacitação como a preparação de trabalhadores para a execução
de tarefas fragmentadas (Steil, 2006). E, aprendizagem em meio
organizacional como “a construção social que transforma o
conhecimento criado em nível individual em ações concretas
direcionando-o aos objetivos organizacionais” (Steil, 2006, p. 11).
Neste sentido, os autores Crossan, Lane e White (1999)
descrevem que a aprendizagem organizacional se apresenta
na organização de forma multinível: individual, grupal e
organizacional. Estando estes três níveis ligados por fatores
sociais e processos psicológicos: intuir, interpretar, integrar
e institucionalizar (4I’s). Para este artigo (assim como na
pesquisa utilizada como base para este estudo) a aprendizagem
organizacional se encontra em nível individual.
Partindo do escopo descrito acima, a literatura contribui
com os processos de aprendizagem adaptativa, que em âmbito
organizacional propõe-se a apoiar colaboradores no seu
processo de aquisição de conhecimento sobre o domínio de uma
aprendizagem específica (Talaghzi, Bennane, Himmi, Bellafkih
& Benomar, 2020). Posto isto, encontra-se na Metodologia da
Neoaprendizagem a possibilidade de oferecer a aprendizagem
de adultos no ambiente organizacional considerando o contexto
funcional do indivíduo. A Metodologia da Neoaprendizagem se
apresenta como “um caminho inovador para criar ambientes de
CAP. 4 - Método OACOMP: Identificação e Associação de Perfis Profissionais
109
Sendo assim, este artigo apontou como questão de estudo:
como identificar e associar os perfis funcionais de participantes
de cursos de capacitação online aos objetos de aprendizagem do
curso? Para responder a este questionamento, traçou-se como
objetivo apresentar um método para identificar e associar os perfis
funcionais aos objetos de aprendizagem de cursos de capacitação
online.
Além desta introdução este artigo está estruturado com
a seção dois que descreve brevemente os conceitos principais
relacionados ao tema, a seção três apresenta a metodologia
adotada no estudo, seguindo para a seção quatro que descreve o
resultado proposto, a seção cinco aborda a discussão acerca dos
resultados, e por fim, a seção seis descreve as considerações finais
e sugestões de estudos futuros.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
111
a fazer, aprender a conviver e aprender a ser (Delors et al., 1998),
os 4I’s da aprendizagem organizacional, que se fundamentam
em: intuir, interpretar, integrar e institucionalizar (Crossan et
al., 1999), os métodos ativos como Aprendizagem Baseada em
Problemas (ABP) e a Aprendizagem Experiencial de Kolb (1984).
Esta metodologia tem como princípio a construção social e
coprodutiva entre os envolvidos no processo de aprendizagem,
com o objetivo de motivar a construção do conhecimento por
parte do indivíduo que aprende (Bresolin & Freire, 2021).
É um processo de aprendizagem ativa, onde o mediador
da aprendizagem atua não somente como uma única fonte de
informação e conhecimento, mas também como orientador,
supervisor e facilitador do processo de aprendizagem (Prado et
al., 2021). Desta forma, o mediador proporciona aos indivíduos
aprendentes uma formação crítica, analítica e reflexiva, que
motiva a autonomia, curiosidade e responsabilidade pelo seu
processo de aprendizagem e tomadas de decisões individuais
ou coletivas (Freire & Bresolin, 2020).
Bresolin e Freire (2021, pág. 99) definem a Neoaprendizagem
como “uma plataforma metodológica andragógica de ensino
e aprendizagem experiencial e expansiva, que estabelece
caminhos de inovação para a tríade educacional (aprendente-
ensinante-instituição de ensino)”. É constituída por meio
do diálogo entre os princípios e diretrizes da aprendizagem
experiencial e expansiva, e serve como uma base metodológica de
ensino aprendizagem para a Universidade em Rede, sendo esta
acadêmica ou corporativa, de forma que apoie o atendimento às
mudanças requeridas pela tríade educacional.
A partir do entendimento de que a Metodologia da
Neoaprendizagem objetiva a criação de ambientes inteligentes
CAP. 4 - Método OACOMP: Identificação e Associação de Perfis Profissionais
113
laboratório virtual, simulações e muitos outros recursos digitais
que possibilitam a educação e capacitação online.
Sobre os Ambientes de Aprendizagem Virtuais Adaptativos,
Talaghzi et al. (2020) descrevem que estes objetivam apoiar os
indivíduos na aquisição de conhecimentos e habilidades sob um
domínio específico de aprendizagem. Os autores apresentam
quatro critérios para adaptação da aprendizagem online: o objeto
de aprendizagem adaptado, critérios de adaptação, parâmetros
de adaptação e métodos/algoritmos de adaptação usados. Destes
quatro critérios, relaciona-se diretamente à pesquisa, os objetos de
aprendizagem adaptados (que se referem a o que adaptamos) e
os critérios de adaptação (que se referem a de acordo com o que
adaptamos).
Em apoio ao planejamento e realização de Ambientes de
Aprendizagem Virtual adaptáveis ao perfil de cada indivíduo que
se coloca em aprendizagem no seu meio organizacional, tem-se
aplicação da Educação Digital (ED) por meio de plataformas de ED.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
115
Assim sendo, este artigo objetiva o desenvolvimento de
um artefato embasado cientif icamente pela metodologia
da Design Science Research (DSR). O artefato resultante
da DSR foi guiado pelas diretrizes indicadas por Hevner,
March, Park e Ram (2004) e etapas apresentadas por Peffers,
Tuunanen, Rothenberger e Chatterjee (2007). Peffers et
al. (2007) descreve que uma pesquisa realizada por meio
da metodologia DSR deve produzir um artefato relevante
para a solução do problema não resolvido até o momento.
Dresch, Lacerda e Cauchick (2015, p. 1124) expõem que esta
metodologia “estabelece um processo sistemático que tem
como objetivo projetar e desenvolver artefatos que tenham
condições de resolver problemas, mostrando-se, dessa forma,
com alta relevância também para o campo prático”.
Para o desenvolvimento da DSR, Peffers et al. (2007)
apresenta um modelo de processo composto por seis
etapas em sequência nominal a serem realizadas. As etapas
são: identif icação do problema e motivação, def inição dos
objetivos para a solução, design e desenvolvimento do
artefato, demonstração, avaliação e comunicação.
Inicia-se então a pesquisa realizando a identif icação
de um problema e a motivação de forma a justif icar o valor
da solução do mesmo. A segunda etapa acontece com a
def inição dos objetivos para realizar o artefato. Segundo
Peffers et al. (2007), os objetivos são identif icados a partir
da def inição do problema e do conhecimento que é possível
e viável realizar. Seguindo para a etapa seguinte, tem-se o
design e desenvolvimento do artefato, onde são determinadas
a funcionalidade e a arquitetura desejada do artefato para
depois criá-lo realmente.
CAP. 4 - Método OACOMP: Identificação e Associação de Perfis Profissionais
4. RESULTADOS
117
Quadro 1 - Etapas da DSR
5. DISCUSSÃO
119
Importante ressaltar, que para análise de viabilidade e
funcionalidade do método, foi feita a simulação de aplicação
na plataforma do curso de capacitação online oferecido pelo
Programa de Capacitação e Estudos Urbanos e Regionais para
Sustentabilidade (CEURS).
O curso realizado por meio da parceria entre academia,
legislativo e executivo federais, tem como objetivo oferecer a
capacitação em “Introdução a Municipalização da Agenda 2030”
para agentes municipais e da sociedade civil (CEURS, 2021). Os
Objetos de Aprendizagem do curso foram planejados a partir de
um plano de ensino e aprendizagem baseado em estratégias,
metodologias e ferramentas baseadas na Metodologia da
Neoaprendizagem.
Tendo em vista a capacitação dos agentes municipais
e a organização em que estão inseridos, para simulação
de aplicação do Método OAComp no CEURS, foi realizada
a taxonomia dos descritores de competências da unidade
funcional da Secretaria de Educação do Poder Executivo em
nível municipal. A taxonomia elaborada se apresenta de forma
descritiva, categorizada pela combinação de descritores de
unidades e funções organizacionais. Foi realizada com o
apoio de projetos de Arquitetura de Sistemas de Informação
(ASI) para Prefeituras Municipais (PMs), onde sob a orientação
de especialista de domínio de informação, estudantes
realizaram buscas em sites e literatura sobre a estrutura dessas
organizações públicas e elaboraram a def inição de missão,
processos e dados. Foi escolhido trabalhar com esse tipo de
projeto, pois este consegue por meio do escopo organizacional
e de forma hierárquica estruturar a organização por meio de
unidades funcionais (Umbelino, 2022).
CAP. 4 - Método OACOMP: Identificação e Associação de Perfis Profissionais
121
perguntas direcionadas aos especialistas de acordo com a
função de cada um.
A partir das entrevistas realizadas com os especialistas,
foi possível compreender que mesmo que a Metodologia da
Neoaprendizagem seja a base para o desenvolvimento do
curso de capacitação oferecido pelo Programa CEURS, foram
identif icadas algumas lacunas na plataforma online do curso
que podem ser preenchidas com a aplicação do Método
OAComp. Para entendimento destas lacunas, apresenta-se
a seguir quadro de parâmetros que justif icam a viabilidade e
funcionalidade do método OAComp.
Quadro 2. Parâmetros de viabilidade e funcionalidade do Método OAComp
123
simplesmente não se identif icar ou se associar ao tema proposto
em uma determinada tarefa.
Outro ponto importante apontado por um dos especialistas
é quanto ao princípio da autonomia do participante do curso no
seu processo de capacitação. Tendo que a Neoaprendizagem visa
tornar o aprendente um agente ativo no seu processo de ensino
e aprendizagem, identificar o perfil funcional do participante e
direcioná-lo aos objetos de aprendizagem que façam parte do seu
contexto na organização, proporciona autonomia por parte do
participante sobre suas trilhas de aprendizagem no curso. Sendo
assim, o método proposto consegue apoiar o desenvolvimento
das “Atividades de engajamento” no sentido de possibilitar ao
participante do curso escolher a trilha de aprendizagem aderente
ao seu perfil funcional. Do contrário, se os participantes inseridos
na plataforma têm acesso integral às bases de casos, bases de
trabalhos, base Wiki e ao Moodle, eles não conseguem associar
os objetos de aprendizagem do curso ao contexto em que estão
inseridos cotidianamente, tão pouco conseguem realizar suas
trilhas de aprendizagem com autonomia.
Deste modo, o Método OAComp consegue suprir esta
lacuna no momento em que possibilita o direcionamento
do participante do curso aos objetos de aprendizagem com
aderência à sua função na organização, de forma a desenvolver
sua capacidade de expansão e prontidão sobre o seu processo
de aprendizagem juntamente com as atividades realizadas na
prática do seu contexto diário na organização. Pois quando o
participante consegue identificar sua trilha de aprendizagem, ele
passa a desenvolver uma capacidade de expansão e habilidade
de forma a transformar e transferir seu aprendizado para a
prática (Umbelino, 2022).
CAP. 4 - Método OACOMP: Identificação e Associação de Perfis Profissionais
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
125
sobre os conceitos da Metodologia da Neoaprendizagem
descreve que há um consenso sobre a insuf iciência do
ensino formal para o processo de aprendizagem de adultos
enquanto desenvolvedores de competências e habilidades
necessárias para a formação de um novo perf il prof issional
(PRADO et al., 2021). Pacheco et al. (2019) descreve que é
necessário elaborar novos métodos de aprendizagem que
habilitem novos prof issionais para as novas exigências do
século XXI. Sob o aspecto tecnológico, sugere-se a aplicação
do método OAComp na própria plataforma do curso CEURS,
de forma a evoluir a plataforma e contemplar integralmente
os conceitos propostos pela metodologia do programa. De
forma a ser validado a consistência da proposta externamente,
sugere-se uma continuação da pesquisa por meio de uma
avaliação de desempenho na aplicação do método, uma
vez que o curso CEURS já ocorreu. Considerando a natureza
multidisciplinar da pesquisa, sugere-se trabalhar o tema
abordado para o planejamento e desenvolvimento de outros
cursos de aprendizagem em ambiente organizacional no
modo online. No que se refere ao desenvolvimento e utilização
de plataformas de ED, sugere-se o estudo para compreender
quais as reais necessidades das plataformas de educação
digital enquanto fornecedoras de cursos de aprendizagem
em escala de forma a satisfazer seus usuários.
Observação importante: Este artigo apresenta o
resultado da pesquisa de trabalho f inal intitulado “OAComp:
método de apoio à Metodologia da Neoaprendizagem na
utilização de perf is funcionais de participantes de cursos
online” Umbelino (2022), realizada no Programa de Pós-
Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC).
CAP. 4 - Método OACOMP: Identificação e Associação de Perfis Profissionais
REFERÊNCIAS
127
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CAP. 4 - Método OACOMP: Identificação e Associação de Perfis Profissionais
131
CAPÍTULO 5
Nárima Alemsan
Francisco Antonio Pereira Fialho
Maria José Baldessar
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.005
CAPÍTULO 5
RESUMO
Ocorreram mudanças significativas no âmbito do
consumo e o universo on-line trouxe uma nova dinâmica
para o comércio e para os serviços. Produzir conteúdo
e divulgar nas mídias sociais de forma gratuita é um
indicador de sucesso de negócios tanto presenciais
quanto de negócios totalmente on-line. O presente artigo
visa discutir a relação entre a cultura do grátis e os novos
modelos de negócios na Economia da Mídia. O objetivo,
portanto, é responder à questão: quais os principais
benefícios dos modelos de negócios on-line imersos da
cultura do grátis na Economia da mídia? A metodologia
utilizada foi a revisão integrativa da literatura com
análise qualitativa. Os principais resultados encontrados
foram: infográfico com os principais aspectos e modelos
de negócios envolvidos dentro da Economia da Mídia
e também um quadro com os principais benefícios
encontrados. Pode-se concluir que a cultura do grátis
torna-se um importante pilar de estratégia digital de
gestores de marcas levando o conteúdo como elemento
atrativo ou isca digital para a confiança e em seguida a
fidelização da compra dos modelos de negócio digitais.
Palavras-chave: cultura do grátis; mídia; negócios on-line;
economia da mídia.
CAP. 5 -Cultura do grátis: benefícios dos novos modelos de negócios on-line na Economia da Mídia
1. INTRODUÇÃO
135
questões tais como: de que maneira ocorre a divulgação e
geração de conteúdo de alto valor? Como a cultura do grátis
representa um passo importante na gestão estratégica
de negócios on-line? Entre outras questões que surgem.
A informação na sociedade contemporânea é um bem de
grande consumo e de alto valor na atualidade. Entretanto,
somente informação por informação não soluciona. O Grátis
é gratuito, mas a f inalidade não. A palavra f ree em inglês tem
dois signif icados: a liberdade e o gratuito. Surgem, com isso,
novos modelos em criação principalmente no mundo on-line,
em que a informação é abundante e fácil de ser acessada e
compartilhada.
O objetivo do artigo é responder à seguinte questão:
quais os principais benef ícios dos modelos de negócios on-
line imersos da cultura do grátis na Economia da mídia? Para
entender melhor, é apresentado na sequência os principais
conceitos da Economia da Mídia, Marketing de Conteúdo e
Cultura do Grátis.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
137
Figura 1 – Modelo de Criação do Valor de Marca em Mídia Social
139
rápido um lead com interesse é abordado, maior a efetividade no
seguimento da negociação, e, para isso, entra a importância de se
ter uma ferramenta de TI - Tecnologia da Informação - para integrar
os leads interessados à equipe comercial.
Desta maneira, os dados podem ser utilizados
para formulação de estratégias de marketing com foco
no consumidor digital. Santos, (2019) af irmou que: o
incentivo a prática do marketing de conteúdo dentro das
organizações, sejam micro ou grandes empresas, visando
que as implementações de ações dessa natureza conduzem
a geração de resultados, deixando as empresas menos
suscetíveis a oscilações do mercado.
Assim, é imprescindível compreender, portanto, os
processos do Marketing de Conteúdo. O Marketing de
Conteúdo ajuda a enviar os leads mais lucrativos para as
vendas. Tigre, (2013, p. 125) af irma que “A tecnologia deverá
se aperfeiçoar tanto que será dif ícil assistir a algo ou
consumir qualquer coisa que de certa maneira não tenha
sido personalizada para as pessoas”. Sendo assim, a entrega
personalizada será fator de sucesso nos novos modelos de
negócios digitais trazendo forças. As três forças descritas por
Anderson (2017) são:
2.3. Consumo
141
existencial consumista, e rejeita todas as opções culturais
alternativas” (Bauman, 2008, p. 71).
Assim, Bauman (2008, p. 111) aborda o assunto mostrando
que “[...] a síndrome consumista envolve velocidade, excesso
e desperdício”. Entretanto, é possível apontar mais um ponto
importante do consumismo que é a influência das redes sociais nas
organizações e nos consumidores. Os estudos de Souza, da Silva,
Pinto, e Nascimento (2018) afirmam que: a influência das redes
sociais nas decisões de compra; as mídias sociais que precisam da
internet, são ferramentas da comunicação em que as pessoas se
relacionam com outras pessoas e que constroem suas identidades
pessoais através do consumo de informações, bens e serviços. O
consumo vai impactar nos novos modelos econômicos tendo como
origem a Cultura do Grátis descritos e definidos a seguir.
143
(pode ter mais seguidores, pode ser por relevância ou até mesmo
algum poder em específico). Desta forma, as pessoas tendem a
querer esta novidade quando a pessoa influenciadora divulga em
suas redes.
Figura 2 – Exemplo subsídios cruzados
145
A produção da informação é abundante, e é gerada muitas
vezes produzida pelo próprio usuário. O terceiro modelo, chamado
de freemium, consiste no acesso grátis de muitas pessoas com
uma pequena parcela de pessoas pagando para ter uma versão
paga premium, com mais recursos. Um exemplo do freemium é
o Spotify. O quarto e último modelo é voltado para mercados não-
monetários, em que as pessoas escolhem dar algo sem qualquer
expectativa de pagamento monetário. Um exemplo é o Wikipedia,
em que as pessoas colaboraram para a produção de um conteúdo
gratuito.
No final da discussão, o autor argumenta: o que é escasso
atualmente e deve ser valorizado para, consequentemente, custar
caro. Nesse sentido, a “informação não é um fenômeno abstrato
flutuante, porém está diretamente relacionada ao conhecimento
prático, à organização da produção e ao consumo, ou seja, à ação
do trabalho e, portanto, está incorporada em todos os produtos do
trabalho (Kon, 2007).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4. RESULTADOS
147
Quadro 2 - Modelos de Negócios com base na cultura do Grátis na Economia da Mídia
149
Figura 4 – Infográfico dos principais aspectos da Cultura do Grátis na Economia da Mídia
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
151
novos modelos de negócios no contexto da Economia da Mídia.
Alguns exemplos são: subsídios cruzados diretos; o mercado de três
participantes; freemium e mercados não monetários foram alguns
exemplos que o autor Anderson abordou para o grátis.
Diversos são os exemplos dos modelos de negócios on-
line com base neste contexto: lançamentos de cursos on-line,
monetização do Youtube, e-commerce, dropshipping entre outros
exemplos apresentados. Alguns desafios encontrados no presente
artigo foram: encontrar mais fontes recentes sobre quais são as
melhores estratégias e ações utilizadas dos novos modelos de
negócios na cultura do grátis.
Para trabalhos futuros recomenda-se: aplicar um estudo de
caso real com a teoria mais aprofundada e também pesquisar
em mais bases de dados. Também recomenda-se estudar melhor
como se dá a relação entre a cultura do grátis em diferentes setores
da Economia da Mídia em públicos distintos podendo criar um
modelo na ciência que facilite a gestão e estratégias da cultura do
grátis para profissionais da área e gestores de marca no digital.
A cultura do grátis, portanto, estabelece-se na Economia da
Mídia como uma estratégia inicial para as empresas e organizações
que passam a ver no digital uma fonte de escalar tanto o
alcance quanto a entrega de suas aulas ou até mesmo os cursos.
Potencializando, assim o consumo no ambiente digital. Sendo um
meio de distribuição democrático, muitas empresas têm o poder
da influência e que o conteúdo pode também ser distribuído
junto com os influenciadores. Esta nova cultura também oferece
novas formas de serviços oferecidos para a gestão da produção
de conteúdo gratuito gerada pelas empresas nas mídias. Os quais
podem ser: social media, criação de conteúdo, copy, tráfego, análise
de dados e gestão de conteúdo para as mídias.
CAP. 5 -Cultura do grátis: benefícios dos novos modelos de negócios on-line na Economia da Mídia
REFERÊNCIAS
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CAP. 5 -Cultura do grátis: benefícios dos novos modelos de negócios on-line na Economia da Mídia
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CAP. 5 -Cultura do grátis: benefícios dos novos modelos de negócios on-line na Economia da Mídia
157
CAPÍTULO 6
Inteligência Emocional em
Organizações de Segurança
Pública: A Percepção de
Gestores de Órgãos Periciais
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.006
CAPÍTULO 6
RESUMO
O domínio da Inteligência Emocional (IE), adquirida
ao longo das interações profissionais e sociais permite
o uso inteligente e apropriado no enfrentamento das
condições emocionais como estresse, medo e ansiedade;
controlando e manejando as emoções diante de situações
de risco no contexto organizacional, gerando resultados
e desempenho positivos. O presente estudo visa verificar
a percepção da importância de um dos conceitos de
destaque do complexo constructo das competência
socioemocionais, a Inteligência Emocional-IE, pelos
gestores dos órgãos periciais. Para isso, é realizada uma
pesquisa exploratória, cujo procedimento metodológico
de revisão bibliográfica buscou analisar a influência e a
importância da Inteligência Emocional (IE) no sistema
de segurança pública, notadamente nos órgão periciais.
Para a pesquisa, fez-se uso do instrumento de avaliação
de IE baseado na adaptação da Escala de Inteligência
Emocional de Wong e Law (WLEIS). O resultado
alcançado mostra que 51% dos gestores concordam
totalmente e 45% dos gestores concordam parcialmente
com as afirmativas do instrumento de avaliação. Esse
resultado constata a percepção dos gestores de órgãos
periciais da importância da IE no ambiente de trabalho,
compreendendo as pessoas e as interações entre elas de
forma a obter resultados melhores para o bem comum.
CAP. 6 - Inteligência Emocional em Organizações de Segurança Pública. Percepção de Gestores de Órgãos Periciais
1. INTRODUÇÃO
161
(1999) a Inteligência Emocional (IE) é a maior responsável pelo
sucesso ou insucesso dos indivíduos tanto na vida prof issional
como na pessoal.
No contexto das organizações, Pereira, Melo, Soares e Nolasco
(2019) relatam que utilizar a IE promoverá a realização pessoal e
profissional do indivíduo, deixando-o focado nas suas qualidades
ao aumentar suas habilidades. Nas organizações públicas, onde
o ambiente de trabalho apresenta instabilidade decorrente de
mudanças administrativas e políticas recorrentes, limitando assim
atuação mais efetiva durante o processo de gestão, a aquisição e
o domínio das competências socioemocionais que formam a IE,
torna-se bastante relevante. Nessa perspectiva, as competências
esperadas de um gestor público são mais complexas que aquelas
requeridas para o setor privado (Pacheco, 2002).
Cabe aos gestores dos órgãos de perícias criminais a mesma
função complexa definida para os gestores do serviço público.
Apesar das limitações evidentes, a gestão do setor privado ajuda
a compreender as competências gerenciais necessárias no setor
público, desde que considere as especificidades intrínsecas para
cada uma. E, para os órgãos públicos, em função da presença das
incertezas e os desafios do setor, como recursos escassos, processos
lentos, barreiras políticas, o papel da Inteligência Emocional,
mediante o desenvolvimento das competências interpessoais e
intrapessoais para a prática gerencial preponderam em relação às
competências técnicas, sobretudo as intrapessoais para superar
as dificuldades (Macedo, 2018). Para Coelho (2018), o exercício da
função de gestor implica que se reprograme o modelo mental
tradicional para uma atuação mais humana nas organizações,
alterando o contorno das relações profissionais por meio das
habilidades ou competências que compõem o constructo
CAP. 6 - Inteligência Emocional em Organizações de Segurança Pública. Percepção de Gestores de Órgãos Periciais
2. REFERENCIAL TEÓRICO
163
desempenho profissional passou a ser um fator-chave, produzindo
uma necessidade nas pessoas desenvolverem competências
de modo a obterem resultados positivos, mediante adoção de
comportamentos e ações apropriadas.
Dentre os principais conceitos associados à competência
socioemocional, tem destaque e alta relevância sobre os demais, o
constructo da Inteligência Emocional (IE) (Marin et al., 2017). Diversos
autores, citados no trabalho publicado por Gondim et al. (2014),
definiram três grupos de competências socioemocionais (CSE)
fundamentais para promover melhor desempenho: (i) inteligência
cognitiva; (ii) inteligência emocional (IE) e; (iii) inteligência social,
onde a Inteligência Emocional e a Inteligência Social são definidas
como capacidades de reconhecer, entender e usar a informação
emocional em si próprio (no primeiro caso) e sobre os outros (no
segundo caso), preservando o bem-estar pessoal e a harmonia
nas relações interpessoais, predizendo assim o desempenho no
trabalho (Emmerling e Boyatiz, 2012).
Existem ao menos duas correntes teóricas associadas ao tema
Inteligência Emocional (IE) (Macedo e Silva, 2020). O constructo
Inteligência Emocional – IE foi conceituada como “a capacidade do
indivíduo monitorar os sentimentos e as emoções dos outros e os
seus, de discriminá-los e de utilizar essas informações para guiar o
próprio pensamento e ações” (Salovey e Mayer, 1990). Para Macedo
e Silva (2020) seria a gestão das emoções em si e nos outros.
A outra corrente teórica compreende o conceito de forma mais
ampla, defendendo o uso do termo Inteligência Socioemocional
(ISE) para se referir às habilidades pessoais, emocionais e sociais
que influenciam a capacidade do indivíduo de lidar com demandas,
desafios e pressões diárias da vida (Macedo e Silva, 2020).
CAP. 6 - Inteligência Emocional em Organizações de Segurança Pública. Percepção de Gestores de Órgãos Periciais
165
Nessa perspectiva, Macedo (2018) relatou que as competências
esperadas de um gestor público, seja ele federal, estadual ou
municipal, e sujeito a instabilidade decorrente de alterações
político-administrativas recorrentes são mais complexas do que
aquelas requeridas para o setor privado. Segundo Macedo (2018)
é comum gestores serem escolhidos por influência política para
cargos que exigem competência técnica específica.
As organizações públicas especializadas no controle da
violência, da criminalidade e da impunidade são responsáveis pela
manutenção da ordem pública no Estado Moderno. Para tanto, ao
tomar conhecimento sobre a prática de um fato com evidência
criminosa, deve promover a Justiça, apurando o fato ao utilizar um
conjunto de atividades encadeadas e interligadas que compõem o
Sistema de Justiça Criminal. Neste contexto, dentre organizações
relacionadas, destacam-se os órgãos da Criminalística, normalmente
denominados no Brasil de Polícias Científicas ou Técnicas, aos quais
competem analisar os vestígios criminais (perícia criminal) com o
objetivo de produzir a prova pericial.
Cabe aos gestores dos órgãos de perícias criminais a mesma
função complexa definida para os gestores do serviço público.
Segundo Macedo (2018) as competências gerenciais devem estar
alinhadas à estratégia organizacional. E o gestor competente
transforma conhecimentos, habilidades e atitudes em resultados,
por meio das pessoas, usando inclusive as referências do setor
privado para compreender as competências gerenciais do
setor público, mesmo que seja com limitações. Desta forma,
Macedo (2018) demonstrou que as competências interpessoais e
intrapessoais preponderam em relação às competências técnicas,
sobretudo nos órgãos públicos, em função de escassez de recursos,
processos lentos e barreiras políticas, tornando-as importante para
CAP. 6 - Inteligência Emocional em Organizações de Segurança Pública. Percepção de Gestores de Órgãos Periciais
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
167
sobre o assunto, ou seja; teses, dissertações, artigos, livros, entre
outras; tudo que possa contribuir para um primeiro contato com
o objeto de estudo investigado. De acordo com Mattar (2005), o
levantamento bibliográf ico é uma das maneiras mais rápidas
para ampliar os conhecimentos acerca de um problema de
pesquisa, tendo em vista a utilização de trabalhos já realizados
por outras pessoas. Observa-se que não existe nessa opção um
critério detalhado e específ ico para a seleção da fonte material,
basta tratar-se do tema investigado.
Neste contexto, o processo de coleta do material foi
realizado de forma não sistemática no período de março a maio
de 2022. As pesquisas foram feitas na base de dados Scielo,
além do Google Acadêmico, Portal de Periódicos, Banco de
Teses e Dissertações da Capes, fazendo uso dos descritores: (1)
“inteligência emocional”. (2) “competências socioemocionais”.
(3) “emotional intelligence”. Dentre os materiais recuperados,
foram selecionados aqueles que tinham relação com as
temáticas: serviço público, segurança pública, perícia criminal,
gestão pública e gestores.
Para caracterizar as competências relacionadas com a
Inteligência Emocional, necessárias a ação de gestão no contexto
dos órgãos de perícias foi realizada uma pesquisa de natureza
qualitativa, cujo método de coleta foi por meio do Google Forms
- um aplicativo de gerenciamento de pesquisa e coleta de dados
- baseado na adaptação da Escala de Inteligência Emocional de
Wong e Law (WLEIS) elaborada por Rodrigues, Rabelo e Coelho
(2011). O instrumento de coleta é constituído de 17 af irmativas
e objetiva identif icar o nível de inteligência emocional dos
participantes nas dimensões de: Avaliação e expressão das
próprias emoções; Avaliação e reconhecimento das emoções
CAP. 6 - Inteligência Emocional em Organizações de Segurança Pública. Percepção de Gestores de Órgãos Periciais
169
No Google Forms foi solicitado, ainda, informações sobre nome,
cargo ou função que ocupa e tempo de serviço no órgão pericial.
Foi disponibilizado um espaço para que os respondentes pudessem
registar algum comentário, opinião, relato de situação vivenciada, etc.
A pesquisa contou com a participação de 11 gestores que atuam
em dois órgãos de perícias do Nordeste brasileiro: Bahia e Rio Grande
do Norte. A técnica de amostragem utilizada para selecionar a amostra
foi a não probabilística por conveniência, visto que o questionário foi
disponibilizado apenas para os gestores de cargo de direção.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
171
A Tabela 01 mostra os resultados dos questionários obtidos
com a aplicação do Google Forms, no tocante a avaliação da
inteligência emocional (IE).
Observando a Tabela 01 pode-se perceber que, pelas respostas
dos gestores, os totais para cada afirmativa deram muito próximo
do total que é de 55 pontos para cada afirmativa. As afirmativas
que obtiveram menores valores foram: P5 - Reconheço as emoções
dos outros por meio do seu comportamento, que obteve-se 43
pontos; a P3 - Compreendo verdadeiramente o que sinto e a P8 -
Compreendo bem as emoções das pessoas que me rodeiam, que
obtiveram 44 pontos.
A afirmativa P3 está inserida na dimensão da avaliação e
expressão das próprias emoções, que refere-se à capacidade que
o indivíduo tem para entender as próprias emoções e expressar
as emoções de forma natural e autêntica (Rodrigues et al., 2011).
As afirmativas P5 e P8 estão inseridas na dimensão da
avaliação e reconhecimento das emoções nos outros. Esta
dimensão retrata a capacidade do indivíduo de perceber e
compreender as emoções das demais pessoas que estão ao seu
redor, de forma que possam desenvolver maior sensibilidade e
predição as emoções dos outros (Rodrigues et al., 2011).
Os maiores valores obtidos são referentes as afirmativas P12
– encorajo-me sempre a dar o meu melhor, que teve um total de
53 pontos e P11 - Sou uma pessoa que se auto motiva e P4 - Sei
sempre se estou ou não contente que, tiveram um total de 52
pontos.
As afirmativas P11 e P12 estão compreendidas na dimensão
de utilização das emoções para facilitar o desempenho, que está
CAP. 6 - Inteligência Emocional em Organizações de Segurança Pública. Percepção de Gestores de Órgãos Periciais
173
Observando o gráfico acima pode-se perceber que cerca de
51% dos respondentes concordam totalmente com as afirmativas
e, cerca de 45% concordam parcialmente com as afirmativas.
Tal resultado mostra que os gestores que responderam ao
questionário no Google Forms, em sua auto avaliação, conseguem
entender e expressar suas emoções de forma natural, são capazes
de compreender as emoções das pessoas que estão a sua volta,
tem facilidade de utilizar suas emoções para desenvolver-se no
tocante as atividades profissionais e, conseguem rapidamente
controlar suas emoções. Tais afirmativas estão de acordo como as
quatro habilidades centrais da inteligência emocional proposto por
Salovey e Mayer (1990), onde o indivíduo é capaz de identificar as
sensações que despertam as emoções, é capaz de facilitar o ato de
pensar, é capaz de controlar o medo e o temperamento.
Corroborando como exposto tem-se os relatos de gestores
que fazem referência a conhecer as próprias emoções, de saber
lidar com os sentimentos e a importância do autoconhecimento
para um bom desempenho das funções laborais.
No tocante ao espaço destinado a relatos de comentários,
opinião, relato de situação vivenciada de casos, pode-se perceber
que alguns gestores, cerca de 36,36% dos respondentes fizeram
algum comentário sobre a importância da inteligência emocional
para a atividade profissional e/ou pessoal. No quadro 03 encontram-
se a descrição dos relatos de gestores que citaram inteligência
emocional ou emoções ou sentimentos, ou autoconhecimento.
Assim, conforme os resultados apresentados no quadro 03,
os gestores dos órgãos de perícia têm consciência da importância
da inteligência emocional, das competências interpessoal e
intrapessoal, para uma gestão eficiente e uma boa relação com
os demais indivíduos. Corroborando esta afirmativa, Macedo
CAP. 6 - Inteligência Emocional em Organizações de Segurança Pública. Percepção de Gestores de Órgãos Periciais
175
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
177
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CAP. 6 - Inteligência Emocional em Organizações de Segurança Pública. Percepção de Gestores de Órgãos Periciais
179
CAPÍTULO 7
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.007
CAPÍTULO 7
RESUMO
O artigo apresenta as inteligências humanas como uma
conexão entre mente, coração, corpo e alma, baseadas
em estudos de diferentes abordagens e fontes de
conhecimento sobre a ciência da psicologia, em especial
a transpessoal. O artigo tem como intuito/objetivo
relacionar as inteligências humanas e a psicologia
transpessoal, embasada na visão integral do ser humano.
A inteligência pode ser compreendida como a forma do
indivíduo estabelecer relações, de conhecer, de perceber
e compreender. No trabalho, foram percebidos os níveis
de inteligência, racional, emocional, corporal, espiritual e
universal. O trabalho traz uma visão sobre o ser humano
integral, e a necessidade dos estudos em psicologia
integral, a partir da psicologia transpessoal, e da atuação
em psicoterapia.
Palavras-chave: Inteligência; Psicologia; Psicoterapia;
Transpessoal; Integral.
1. INTRODUÇÃO
183
Diante de algumas dificuldades vivenciadas no âmbito
profissional, por falta de pesquisas e materiais na área da psicologia
sobre a 4ª e 5ª forças, o presente trabalho busca contribuir com
à área acadêmica e com os profissionais da área, trazendo maior
aprofundamento teórico sobre o tema. A pesquisa contribui para
a ampliação sobre a vida das pessoas, ao considerar que a não
abrangência no nível espiritual, pode causar problemas ou falhas na
compreensão e interpretação das experiências da vida das pessoas.
Pois, as pessoas possuem uma estrutura mais integradas, do que
apenas o aspecto físico.
Ademais, o mundo moderno nos apresenta consumismo
demasiado, busca de status social e também de poder, uma
necessidade exagerada sobre o corpo e a juventude, além o uso
inadequado do sexo e de drogas, a falta segurança em uma vida
superficial (Biase & Rocha, 2005). Para eles essas questões na vida
moderna, [...] “não conseguem preencher o vazio deixado pela
ausência da experiência de conexão cósmica, e de uma mitologia
capaz de responder aos anseios e desafios do mundo moderno” (p.28).
É essencial acompanhar a evolução humana, então mesmo
considerando a psicoterapia como um processo, de desenvolvimento
humano e de crescimento pessoal e profissional, as técnicas precisam
se adaptar à visão integral do ser. Assim, a pergunta que irá direcionar
a pesquisa é: qual a relação entre as inteligências humanas e a
psicologia transpessoal?
Com isso, considerando o contexto apresentado, o objetivo do
trabalho é identificar a relação entre as inteligências humanas e a
psicologia transpessoal. Para assim contribuir para uma compreensão
acerca das inteligências humanas, no âmbito da atuação em
psicoterapia transpessoal, baseada na visão integral do ser humano.
CAP. 7 - Uma Compreensão sobre as Inteligências Humanas e sua Relação com A Psicologia Transpessoal
2. REFERENCIAL TEÓRICO
185
Com isso, Maslow propôs:
O que chamou de “terceira força da psicologia”, a psicologia
humanista, que se propunha a 1) concentrar-se na experiência
humana, abandonando a pesquisa com animais; 2) enfatizar
que as experiências interiores dos seres humanos são tão ou
mais importantes que seus comportamentos observáveis
(embora esses não possam ser desprezados); 3) determinar o
que é o ser humano saudável e estudar seus aspectos positivos:
felicidade, paz de espírito, êxtase; 4) estudar os seres humanos
como organismos integrais, que não podem ser divididos
em partes para facilitar a observação; e 5) entender a “auto-
realização (Parizi, 2006, p. 112).
187
Ainda segundo o mesmo autor (2004, p. 32):
A emoção vem sendo mais reconhecida, anteriormente
considerada sentimentalismo e não era dada tanta importância,
considerada até mesmo bobagem. Isso pode ter acontecido,
por conta do crescimento de números de casos de estresse e
depressão nas pessoas, por outro lado a necessidade de obter
qualidade de vida e, por extensão, o que permitiu a atenção aos
aspectos emocionais do ser humano.
189
inteligência espiritual pode ser percebida pela capacidade de integrar
duas outras capacidades, o quociente de inteligência (QI) e o quociente
emocional (QE), permitindo o pensar de forma criativa, promovendo
uma visão futura e contribuindo para que a pessoa possa executar
ações melhores (Rahmawaty et al., 2021).
Quadro 1. Descrição das 5 Inteligências pesquisadas
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
191
sobre a ciência da psicologia transpessoal. Para a ampliação dos
estudos foram usados materiais como: livros, artigos, pesquisas
de dados em sites de revistas, bem como percepções acerca
do tema, vivenciados pela pesquisadora do presente artigo, na
prática em psicoterapia transpessoal.
As abordagens, devidamente relacionadas a objetividade
do trabalho, buscando a compreensão sobre as inteligências
humanas, atuantes nas pessoas. Em especial, Psicologia
Transpessoal, Psicologia Integral (Consciência, Espírito,
Psicologia, Terapia), Psicologia Reichiana, Psicossomática,
Regulação Mental e Emocional da Terapia Cognitivo
Comportamental (TCC). Além, dos estudos do subconsciente e
suas relações com a Consciência Inf inita e/ou Universal.
4. RESULTADOS
5. DISCUSSÃO
193
ligados a conteúdos mentais e ideias, a imagens e memórias da pessoa,
que geram uma reação emocional. Elas podem ser primárias, como:
medo, raiva, tristeza, alegria e nojo, são percebidas no corpo. Podem ser
negativas ou positivas, e as reações podem tanto se aproximar como
repelir, causando um afastamento, além de atacar ou fugir. Possuem
relação com os sentimentos, uma vez que, são as emoções que geram
os sentimentos e, esses, podem despertar outros tipos de emoções.
Os sentimentos podem ser compreendidos, quando a
consciência acerca do que está sendo sentido, ou seja, tornou-se
consciente, é o sentimento gerado pela emoção, assim a pessoa
que sente, consegue dar nome, exemplo: medo. Os sentimentos
são influenciados, principalmente, pela história de vida da pessoa,
suas crenças e padrões comportamentais, por suas experiências
vividas. Desta forma, cada ser tem uma reação diferente diante das
emoções. Com isso, explica-se o comportamento de cada pessoa,
diante da mesma emoção. Exemplo: Alguns perdem a calma
facilmente, enquanto outros conseguem manter a calma, mesmo
perante situações consideradas caóticas.
A técnica de meditação mais conhecida e utilizada na terapia
cognitivo-comportamental (TCC) é amplamente denominada
“treinamento de atenção plena”. Em virtude de sua efetividade
demonstrada de forma empírica em auxiliar os pacientes a lidarem
com emoções difíceis (Baer, 2003; Hofmann, e outros, 2010 apud et.
al. Leahy, 2013, p. 111).
Contudo, faz-se necessário reconhecer as emoções e os
sentimentos, para então trabalhar eles e ao tornar consciente
liberá-los e transformá-los, sempre que houver necessidade de
uma mudança. Para abrir espaço a novos sentimentos e padrões,
mais construtivos, e em ressonância com os sentimentos e ações
conscientes e positivas.
CAP. 7 - Uma Compreensão sobre as Inteligências Humanas e sua Relação com A Psicologia Transpessoal
195
de promover a liberação de sentimentos como medo e raiva, para
a deixar livre a energia vital e percorrer no corpo, trazendo saúde.
Assim, “a energia liberada nos move na direção do inconsciente
potencial ou pós-genital, onde estão os potenciais ainda não
atualizados: a capacidade de doação, criação artística, comunicação,
intuição, percepção energética e espiritualidade” (Calegari, 2001,
p.133).
Sobretudo: “aqui estão os sentimentos altruístas e
humanitários, a verdadeira capacidade de amar e a possibilidade
da compreensão intuitiva de Deus e do cosmo” (Calegari, 2001,
p.133). Nosso verdadeiro Eu, está vinculado então à direção natural
do desenvolvimento humano, e o contato com ele nos conecta ao
campo de energia e com o universo. De acordo com Calegari (2001,
p. 133): “começa a surgir na consciência o inconsciente transpessoal
por meio do qual experienciamos nossa identidade individual,
indestrutível e parte inseparável do Universo”.
Na inteligência espiritual pode-se perceber mundos tão
desconhecidos e por outro lado tão inspiradores e ricos de conteúdo.
Existem situações de repouso, cansaço, antes do sono, um estado
conhecido como inputs, o qual pode ser acessado o subconsciente,
neste estado, ficamos mais receptivos a outras percepções, sem
tanta lógica ou emoções.
Características das pessoas que desenvolvem a IEs: buscam
autoconhecimento; possuem excelente visão; apresentam valores
e ideias geniais; conseguem lidar com o improviso, devido a sua
criatividade e espontaneidade; conseguem perceber o integral;
gostam do que é diferente, inovador; acreditam em si mesmas; são
independentes e pró ativas; gostam de saber a origem das coisas,
são questionadoras; apresentam compaixão.
CAP. 7 - Uma Compreensão sobre as Inteligências Humanas e sua Relação com A Psicologia Transpessoal
197
conhecimentos anteriormente citados nesse trabalho. Para eles é
fundamental identificar os nossos reais desejos e os manifestar nesse
espaço, onde a mágica acontece na nossa vida!
Diante do exposto acima, estar com a pessoa no consultório,
permite vê-la como um todo, a representação inicial da união de seu
pai e sua mãe, que formam o indivíduo, os papéis e funções em seu
dia a dia, pois sua história ultrapassa a dimensão física. É possível
perceber que a complexidade de um ser, suas memórias desde a vida
intrauterina, e até mesmo de vidas passadas.
Por outro lado, a possibilidade da progressão da memória e a
criação de um eu do futuro, a partir de processos de visualização. Esse
olhar contribui, para uma expansão da consciência da pessoa, a partir
do campo de atuação do profissional aberto, e integrando o aspecto da
inteligência espiritual, com ela a intuição, e um aumento significativo
da transformação e do efeito terapêutico.
Conforme Wilber (2000, p.146), “todas essas ondas e correntes
seguem rumo ao oceano do sabor único, impelidas ao longo desse
grande campo morfogenético pela força da persuasão gentil em
direção ao amor, isto é, impelidas por Eros, pelo Espírito em ação, pelo
amor que move o sol e as outras estrelas.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
199
REFERÊNCIAS
Intuição:
“É quando você não sabe como sabe
Mas sabe que sabe
E saber que você sabe é tudo o que você precisa saber”
(Frei James Bettega)
201
CAPÍTULO 8
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.008
CAPÍTULO 8
RESUMO
As Organizações da Sociedade Civil (OSC) utilizam
Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação
(TIC) e estratégias de comunicação para construção
de relacionamento, captação de recursos, marketing
e prestação de contas junto aos seus stakeholders. No
entanto, planejar e aplicar uma estratégia de comunicação
representa um desafio para as OSC, uma vez que faltam
recursos humanos e financeiros para investir na área.
O presente artigo compõe um capítulo da dissertação
“Práticas estratégicas em Mídia e Conhecimento no
Terceiro Setor: um framework para criação de media lab
em Organizações da Sociedade Civil de Florianópolis” da
autora e o objetivo é analisar as publicações científicas
da última década que tratam do tema, por meio de uma
revisão integrativa de literatura nas bases indexadoras
Scopus, Web of Science e Scielo. A análise foi realizada
com 26 artigos que abordam a comunicação nas OSC
sob diferentes perspectivas. Para isso, os artigos foram
divididos em cinco categorias: (1) conceitualização; (2)
relação com variáveis; (3) comunicação/relacionamento
com stakeholders; (4) estudo de caso e (5) utilização
das TIC. O resultado mostra que, em diferentes países
do mundo, as OSC têm preocupações similares em
relação à comunicação - ainda que o contexto em que
estão inseridas e o nível de maturidade do setor sejam
CAP. 8 -Os desafios e as práticas inovadoras em comunicação nas Organizações da Sociedade Civil (OSC):
1. INTRODUÇÃO
205
da autora e objetiva responder à pergunta “Quais são os
principais desaf ios da comunicação nas OSC e como elas
podem introduzir práticas inovadoras de comunicação para
engajar seus stakeholders? ”.
Para alcançar este f im, uma busca booleana foi realizada
em três bases indexadoras e as publicações científ icas, dos
últimos dez anos, resultantes da busca foram analisadas.
O artigo foi organizado em cinco tópicos principais que
descrevem a jornada desta revisão integrativa de literatura. O
primeiro tópico traz uma explicação conceitual sobre as OSC
e seu papel em sociedades democráticas; o segundo descreve
a metodologia utilizada para desenvolvimento da revisão
e o terceiro apresenta os resultados da busca e explica a
categorização desenvolvida para identif icar sinergias entre os
artigos. Os tópicos quatro e cinco retratam, respectivamente,
a discussão dos resultados e as considerações f inais.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
207
1. Ser uma entidade privada fora do aparelho do Estado;
2. Não ter f ins lucrativos, ou seja, não distribuir eventuais
excedentes entre proprietários ou diretores, aplicando-os
na própria atividade;
3. Estar legalmente instituída;
4. Ser capaz de administrar suas próprias atividades; e
5. Ter participação voluntária, ou seja, serem constituídas
livremente a partir da vontade de qualquer grupo de
pessoas.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
209
Tabela 1: Busca booleana por base e resultados
4. RESULTADOS
211
Para a análise de dados, Cooper (1998) destaca que os dados
das fontes primárias sejam ordenados, codificados, categorizados e
resumidos em uma conclusão unificada e integrada sobre o problema de
pesquisa. Para a categorização dos artigos em cinco temáticas principais,
utilizou-se a análise temática, estratégia que, de acordo com Souza (2019),
permite identificar, analisar, interpretar e relatar padrões a partir de dados
qualitativos. Tal recurso possui características como busca por padrões,
recursividade, flexibilidade, homogeneidade interna nas categorias/
temas e heterogeneidade externa entre as categorias/temas.
Para a autora, a análise temática possui seis fases: (1) familiarização
com dados, que envolve a transcrição e revisão dos dados; (2) geração de
códigos, que inclui a codificação dos aspectos interessantes dos dados
de modo sistemático em todo o banco; (3) busca dos temas, com objetivo
de reunir os códigos em temas potenciais; (4) revisão dos temas, para
verificar se se os temas funcionam em relação ao banco de dados como
um todo; (5) nomeação de cada um dos temas e (6) produção do relatório,
levando em conta a relação com pergunta de pesquisa e literatura; relato
científico da análise. Com base na leitura dos 26 artigos, definiu-se cinco
categorias principais conforme mostra a tabela 2.
Tabela 2: Categorização dos artigos
CAP. 8 -Os desafios e as práticas inovadoras em comunicação nas Organizações da Sociedade Civil (OSC):
5. DISCUSSÃO
5.1. Conceitualização
213
“Terceiro Setor”, “economia social” e “economia solidária” e da contribuição
das suas organizações, projetos e atividades para o desenvolvimento de
inovações sociais. Vieira et al. (2017) demonstram que os três conceitos
remetem à implementação de projetos e práticas orientados para a
resolução de problemas sociais e coletivos complexos, que não encontram
resposta pelo mercado e pelo Estado. Por esse motivo, as OSC passam a
ser consideradas um importante “laboratório” para o desenvolvimento de
inovações sociais.
215
humano e no aprendizado organizacional para a inovação nas
organizações. Com um referencial teórico baseado na Gestão
do Conhecimento nas organizações, Kong define inteligência
social como conhecimento tácito dos ‘membros da organização’
e como a capacidade e habilidade para sentir e compreender as
necessidades dos stakeholders.
Como resultado, o autor demonstrou que a inteligência social
permite que membros de organizações adotem a capacidade única
de identificar, analisar, adquirir, utilizar e implantar conhecimento
externo de forma apropriada em suas organizações. Além disso, as
NPOs provavelmente terão um armazenamento mais sofisticado e
mais bem organizado de informações sociais e conhecimento de
seus stakeholders se tiverem uma inteligência social forte.
217
refere ao seu objetivo e benefícios, é um obstáculo mais sério
para a implementação da gestão estratégica da comunicação nas
organizações entrevistadas do que a falta de fundos. Portanto, é
fundamental encontrar maneiras mais econômicas de praticar
a gestão estratégica da comunicação em NPOs, usando seu
componente de equipe atual (Wiggill, 2020). Sendo assim, ela
apresentou um novo modelo para ajudar as NPOs que não possuem
recursos para investir em práticas de comunicação.
Em seu artigo, Waters (2011) expressou que as organizações
estão cada vez mais percebendo a importância do cultivo de
doadores anuais, especialmente aqueles que podem ter o potencial
de fazer “doações significativas para a organização ao longo da
vida”. Ele coletou dados com 1.706 doadores de três hospitais
norte-americanos e atestou que os “maiores doadores” avaliaram
a relação com a organização mais fortemente que os “doadores
anuais” para quatro dimensões de relacionamento: confiança,
compromisso, satisfação e poder. A análise mostrou que existe
uma correlação muito forte (R = 0,79) entre as quatro dimensões
de relacionamento e o histórico de doação.
Os resultados do estudo de Waters mostraram que as
organizações precisam dedicar mais tempo ao desenvolvimento
de relacionamentos com seus doadores. Embora avaliem
o relacionamento positivamente, a teoria da comunicação
descreve várias estratégias específ icas que podem aumentar
a ef icácia do programa de arrecadação de fundos de uma
organização sem f ins lucrativos. Envolver os doadores em mais
conversas para que eles saibam que são apreciados ajudará a
encorajar mais lealdade no relacionamento, mas a organização
também deve demonstrar que está comprometida em ser social
e f inanceiramente responsável (Waters, 2011).
CAP. 8 -Os desafios e as práticas inovadoras em comunicação nas Organizações da Sociedade Civil (OSC):
219
Ariza (2015) faz uma abordagem reflexiva do uso da
comunicação no âmbito das organizações sociais de mulheres
afrodescendentes do Caribe colombiano como ferramenta para a
construção de novas lideranças em seus projetos. Em particular, faz-
se referência à experiência da Rede de Mulheres Afro-Caribenhas
(REMA) e aos resultados que a organização vem obtendo mediante
o enfoque de dois elementos-chave: liderança e comunicação em
suas organizações. Segundo a pesquisa, “se não há comunicação,
não há liderança eficaz” e “uma boa gestão da comunicação
leva direta e indiretamente à liderança”. Da mesma forma, “a
comunicação constrói acordos entre diferenças, acordos nos quais
se baseia a coexistência coletiva” (Ariza, 2015, p.43).
Paralelamente, Holtzhausen (2013) realizou uma pesquisa
qualitativa com a administração de cinco NPOs sul-africanas
preocupadas com inúmeras responsabilidades, tais como a
administração das organizações, comunicação e atividades do dia a
dia. A pesquisa sugere que há vontade e processos de planejamento
para abordar os principais problemas sociais na África do Sul, mas
há uma clara falta de conhecimento e habilidades para garantir
que os planos sejam implementados e concluídos com êxito.
Para essas organizações, a gestão de identidade corporativa
é usada para construir relacionamentos com diversos grupos de
interesse, mantendo-os constantemente informados sobre as
organizações e suas diversas funções. Por meio da comunicação,
os esforços são feitos para comunicar os valores e a filosofia das
organizações, a fim de gerar um senso de propriedade entre os
stakeholders, criando uma plataforma de confiança e construção
de relacionamento que possa garantir a sobrevivência das NPOs.
No estudo de caso realizado por Westley et. al (2014) com 24
representantes de organizações canadenses, os autores propuseram
CAP. 8 -Os desafios e as práticas inovadoras em comunicação nas Organizações da Sociedade Civil (OSC):
221
se que as organizações estão interessadas na ajuda de estudantes
universitários na esfera da promoção e marketing.
A parceria geraria uma maior flexibilidade e criatividade por parte
dos alunos, o que consequentemente aumentaria as suas possibilidades
de sucesso no mercado de trabalho. Por outro lado, a cooperação
mútua também ajudaria a aumentar a competitividade por parte
das NPOs. As organizações mostraram maior interesse em ajudar na
promoção na preparação e implementação dos seus projetos, sendo
que 173 (58%) prefere esta forma de cooperação; 69 (23%) organizações
gostariam de aproveitar a possibilidade de cooperação na forma de
análises realizadas como disciplina de projetos de bacharelado.
223
Qian (2016). O resultado sugere que as características de comunicação
dos sites estão positivamente associadas ao nível de arrecadação de
fundos das NPOs. Além disso, certas práticas de arrecadação de fundos
e comunicação, como resumo de campanha, mensagem do CEO,
oportunidades de voluntariado, compartilhamento (ou solicitação) de
informações, relatório anual e uso de mídia social, estão positivamente
associados ao nível de arrecadação de fundos.
Rodriguez et al. (2014) avaliaram o uso do Facebook como meio
de comunicação em 88 organizações sem fins lucrativos colombianas
e realizaram um estudo explicativo das variáveis que influenciam o
desenvolvimento do conteúdo do Facebook por tais entidades. Como
resultado, eles identificaram que as NPOs colombianas apresentam
um uso menor do Facebook como estratégia de comunicação
em comparação às Top NPOs on Facebook. Os dados mostram o
papel crescente das tecnologias da web nas relações públicas e,
particularmente, apontam que as mídias sociais estão se tornando
uma parte fundamental da estratégia de internacionalização destas
organizações.
Além do Facebook, o Twitter se apresenta como uma rede social
que possui grande potencial de mobilização de recursos nas OSC.
Svensson et al. (2016) analisaram 46 organizações e 36.039 tweets
e concluíram que plataformas de micro-blogging, como o Twitter,
oferecem oportunidades para que as organizações se comuniquem
diretamente com stakeholders a custos relativamente baixos. Embora
as plataformas de mídia social ofereçam oportunidades para gerar
diálogo e evocar engajamento com stakeholders, o uso bem-sucedido
do Twitter requer um comprometimento organizacional de recursos.
Uma das principais descobertas deste estudo foi a prevalência
de tweets com foco no uso organizacional do Twitter para construir
uma comunidade, envolvendo ativamente as partes interessadas no
CAP. 8 -Os desafios e as práticas inovadoras em comunicação nas Organizações da Sociedade Civil (OSC):
225
ao longo da jornada pode explicar um aumento na fidelidade. Os
autores destacam que seria interessante explorar quais combinações
específicas de canais offline e online em cada uma das três fases da
jornada do voluntário (pré-evento, evento e pós-evento) podem fazer a
diferença na lealdade.
O objetivo principal da análise de Andres et al. (2018) consistiu
em explorar em que medida o comportamento de promotores que
explicam o sucesso de campanhas de arrecadação offline para causas
filantrópicas também podem explicar o sucesso de campanhas de
crowdfunding promovidas por NPOs de forma online. Os autores
analisaram 360 campanhas e os resultados revelam a forte ligação
entre a inclusão de informações adicionais sobre os adiantamentos e os
usos finais dos fundos arrecadados fornecidas pelas NPOs e o sucesso
das campanhas de crowdfunding. Para eles, a responsabilidade
digital e a transparência são fundamentais não só para minimizar a
assimetria de informação característica na relação entre as NPOs
e suas comunidades de doadores, mas também para fornecer e
compartilhar conteúdos que estimulem a criação de relações estáveis
e de longo prazo e tragam doações.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CAP. 8 -Os desafios e as práticas inovadoras em comunicação nas Organizações da Sociedade Civil (OSC):
233
CAPÍTULO 9
O Líder em Universidades
Públicas Brasileiras no Novo
Mundo Digital
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.009
CAPÍTULO 9
RESUMO
Este artigo apresenta uma reflexão sobre os desafios do
atual líder em instituições públicas do Brasil neste novo
contexto que a transformação digital está trazendo para
os diferentes setores e, particularmente, na Educação. É
mais que notório que a Transformação Digital passa a
tomar conta de todas as atividades da vida humana. O
processo educacional não está fora disso, ao contrário,
teoricamente deveria ser o primeiro a promover mudanças
e implementar projetos nessa direção, especialmente no
ensino superior que está formando profissionais mais
próximos a ocupar posições de destaque no mercado de
trabalho. Adotou-se como método para operacionalização
da pesquisa a revisão narrativa de literatura possibilitando
maior discricionariedade aos revisores para seleção dos
estudos que foram utilizados no trabalho. A pesquisa
indica que há diversas iniciativas ocorrendo em dezenas
universidades em todo o mundo e no Brasil, especialmente
no redesenho dos cursos de formação de engenheiros,
conforme previsto pelas Diretrizes Curriculares dos Cursos
de Engenharia. Como pontos de reflexão, destaca-se que
a implementação efetiva dessas iniciativas, por exigir
mudanças importantes no status quo muito arraigado,
necessita de liderança com efetividade. Nas organizações
públicas brasileiras, envoltas em burocracia e controles
excessivos, o papel do líder torna-se ainda mais difícil.
CAP. 9 -O Líder em Universidades Públicas Brasileiras no Novo Mundo Digital:
1. INTRODUÇÃO
237
emergentes em vários campos, incorporando um novo conceito
na sociedade e para os seres humanos. As Instituições de ensino
Superior configuram-se como um locus para estudar essa nova
era e aumentar a competência das pessoas (Schwab, 2017). As
universidades são as referências no ensino e na pesquisa, bem
como, no espaço intelectual e acadêmico que forma os cidadãos. É
também uma instituição tradicionalista, conservadora, burocrática,
fragmentada e resistente às mudanças, apresentando dificuldades
para buscar a inovação nos processos gerenciais e na disposição
torná-los efetivos conforme Vieira e Vieira (2004).
Neste contexto, faz-se necessário reinventar a educação, já
que o novo modelo de universidade tem, agora, que dar conta,
também, das demandas e das necessidades de uma sociedade
digital, democrática, inclusiva, permeada pelas diferenças e pautada
no conhecimento inter, multi e transdisciplinar. Sob esse aspecto,
construir os princípios da gestão universitária adequados é um dos
desafios principais que os líderes e os pesquisadores enfrentam, e
conhecer a história, os princípios e as características da sociedade
dará o suporte necessário nesta busca constante, dinâmica e
plural (Freire, 1996). A universidade precisa de pessoas que estejam
sempre à frente do seu tempo, líderes que saibam entender e
valorizar seu quadro discente, docente e técnico-administrativo,
que estejam preparados e atentos às exigências e que a sociedade
impõe (Sousa, 2014).
Ademais, as universidades públicas, apontam que o perfil da
academia possui peculiaridades que as tornam estruturas ainda
mais complexas do ponto de vista da governabilidade. Segundo
Ekman, Lingren e Packendorff (2018), não se trata de gerenciar
os conteúdos de ensino e pesquisa, sob a alçada de professores
e pesquisadores. Trata-se, sim, da existência de um bom
CAP. 9 -O Líder em Universidades Públicas Brasileiras no Novo Mundo Digital:
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
239
2.1. Liderança
241
metas e objetivos; enquanto isso, o líder tem habilidade de envolver
as pessoas, sem impor poder, gerando influência e inovação sem,
necessariamente, possuir um cargo de gestão.
Para Malik, Khan, Bhutto e Ghouri (2011) a liderança eficaz
ajuda a gerenciar o desempenho dos funcionários, aumenta o seu
compromisso com a organização e direciona o comportamento
dos trabalhadores para alcançar o sucesso da organização.
Importante destacar que o conceito de liderança está ligado
ao processo de gestão enquanto o líder é o indivíduo com suas
características bem pessoais que exerce a liderança, isto é, conduz
o processo de liderança. Amernic e Craig (2013) afirmam que o
discurso do líder deve incentivar a construção de uma gestão
funcional e ética, por exemplo. As declarações dos líderes têm
potencial de influenciar os seguidores e revelar informações
importantes para transformação organizacional, sendo que
cada declaração dada por ele no ambiente de trabalho deve ser
devidamente ponderada e justa, para viabilizar a motivação coletiva
e fazer de cada funcionário um agente da transformação daí a sua
grande responsabilidade (Maak e Pless, 2009).
243
entre organizações públicas em comparação com as privadas,
principalmente no que tange à criação de valor público, exigem
que os líderes públicos estimulem um aumento relevante no
desempenho dentro de suas organizações (Hintea, 2015).
Ekman et al. (2018), ao estudarem universidades públicas,
apontam que o perfil histórico de gestão da academia possui
peculiaridades que as tornam estruturas ainda mais complexas
do ponto de vista da governabilidade. Segundo os autores, não
se trata de gerenciar os conteúdos de ensino e pesquisa, sob a
alçada de professores e pesquisadores. Trata-se, sim, da exigência
de um excelente funcionamento da gestão, a fim de estabelecer
prioridades em matéria de criação de perfis e do tema geral de
foco que a universidade deve adotar.
No contexto da universidade preconizada pela estabilidade
funcional, por exemplo, há, ainda, componentes mais complexos
como a horizontalidade hierárquica que leva os docentes a
constituírem uma espécie de “comunidade”. Além disso, cada
professor tem alto nível de liberdade e de autonomia na convivência
com seus pares e desenvolvimento de suas atividades profissionais
– isso, em conjunto com os diversos conselhos consultivos e
deliberativos somados à departamentalização, minimizam
oportunidades de protagonismo individual (Giraldi & Silva, 2019).
245
Conforme mostra a Figura 01, abaixo, ao longo dos últimos dois
séculos, tem havido uma “corrida” entre tecnologia e educação.
Figura 01 – A corrida entre Educação e Tecnologia
Fonte: Baseado em “The race between technology and education” (Goldin & K atz, 2010)
247
exemplo, melhorando a experiência do cliente (Henriette,
Feki, & Boughzala, 2015); (Karagiannaki, Vergados, & Fouskas,
2017); (Luna-Reyes & Gil-Garcia, 2014); (Mergel, Edelmann &
Haug, 2019).
•
Além disso, são necessárias transformações estruturais para
implementar a transformação digital, relacionadas à estratégia,
liderança e cultura organizacional. No caso específico das
universidades públicas essas transformações são mais complexas
e distribuídas, exigindo uma liderança mais efetiva.
Na realidade, a transformação digital exige que a liderança
das universidades públicas lide melhor com as mudanças em
geral, tornando a “transformação digital” em uma “competência
institucional essencial”, à medida que a universidade se torna
de ponta a ponta orientada para atender às demandas da
sociedade. Essa agilidade facilitará as iniciativas de digitalização
em andamento nas universidades públicas, mas não deve ser
confundida com elas, pois o futuro da educação será focado nas
mudanças transformativas.
Assim sendo, é fundamental que o futuro da educação
nas universidades seja focado na formação de profissionais com
competências para a “criação” e não na “execução” de tarefas, pois,
num futuro breve, muitas tarefas (de modo especial) repetitivas
passarão a ser realizadas por robôs ou computadores (Pfeiffer, 2015;
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro [FIRJAN], 2016 ).
Para atender essa demanda, estudos apontam a necessidade da
mudança de paradigma na educação. Por meio das diversas tecnologias
digitais, a educação 4.0 aparece como uma solução possível para motivar
professores e alunos e, ainda, diminuir os índices de evasão escolar. O
CAP. 9 -O Líder em Universidades Públicas Brasileiras no Novo Mundo Digital:
249
Internet das Coisas, os robôs, e muitos outros meios tecnológicos, se somam
para dinamizar os processos nos mais variados segmentos da indústria. Se
torna essencial que as universidades sejam capazes de preparar os alunos
para essa nova era guiada pela automação e pelo digital (EDUCAETHO
2020).
Segundo a escola de formação de professores EducaEthos (2020)
quatros pilares teóricos da Educação 4.0, inseridos a seguir e ilustrados
na Figura 02, dão a sustentação para um processo de ensino de sucesso:
(1) o modelo sistêmico é a avaliação que as instituições devem fazer do
cenário atual, onde pretendem chegar e qual a estratégia que deve ser
adotada para conseguir o sucesso na mudança da abordagem de ensino;
(2) a mudança do senso comum propõe a busca por referenciais teóricos
baseados em uma educação com base nos meios científicos tecnológicos,
que formarão uma base sólida para a elaboração das aulas com um novo
conceito; (3) gestão do conhecimento e do estudo das competências
e habilidades dos alunos; (4) a cibercultura que está relacionado com
a preparação e organização dos espaços de aprendizagem para que
atinjam o propósito da Educação 4.0.
Figura 02 – Os 4 Pilares da Educação.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
251
Neste caso específico, como o tema é muito recente, as
informações colhidas não estão em periódicos científicos como na
base de dados do portal da Capes, onde a pesquisa foi realizada
utilizando as palavras chaves sobre o tema proposto e somente
alguns poucos artigos foram encontrados. Todavia, são informações
reais e confiáveis suficientes para a abordagem que está sendo
proposta neste artigo.
253
liderança ainda sof rem com o excesso de controles que
acabam por prejudicar o andamento e atendimento das
necessidades, tanto internas como externas.
O próprio processo de escolha e de designação de Reitores e
estrutura de governança em todos os níveis de decisão privilegiando
o interesse interno da maioria e não, necessariamente, um projeto
arrojado e dinâmico de mudança que a sociedade proclama, faz
com que a energia das lideranças seja consumida só para manter
a “máquina” funcionando, podendo existir projetos isolados de
vanguarda, resultado de lideranças informais, na maioria das vezes.
Diante dos desafios enfrentados nas universidades, agora
ainda surgem as dificuldades com às novas tecnologias impostas
pelo mercado, os professores precisam reinventar suas aulas,
fazendo uso de ferramentas digitais, e compreenderem que a
sociedade vive um processo de transformação, de modo que novas
metodologias de ensino e aprendizagem se fazem necessárias.
Inserir as tecnologias em sala de aula que hoje é virtual, como regra,
não é um processo simples. Vai muito além de, simplesmente, usar
mais a internet e transferir informações por vídeo e por plataformas
digitais, mas sobretudo, inovar o processo pedagógico como um
todo, interpretando melhor o aluno, tanto em suas características
individuais quanto de grupo, como fruto da sociedade, a cada
admissão é diferente.
Conforme Pacheco, Santos e Wahrhaftig (2020), um dos
principais desafios enfrentados está na percepção da educação
digital como oportunidade. A mudança, entretanto, pode ocorrer
rapidamente, conforme pôde-se acompanhar desde o início da
pandemia do COVID-19: ainda que as Universidades, e até mesmo
o mercado de trabalho como um todo, já previssem e soubessem
que eventualmente teriam de dar mais atenção à transformação
CAP. 9 -O Líder em Universidades Públicas Brasileiras no Novo Mundo Digital:
255
Já após a chegada da pandemia, a adaptação de todos esses
processos para a realidade virtual envolveu o uso de diversas
plataformas diferentes, conforme ilustrado na Figura 5.
Figura 5 – Processo de defesas de TCC “transformado”.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
257
Estudos de casos com destaque em boas práticas, sobretudo, devem
fazer parte da lista de novas pesquisas que especialistas podem
eleger como foco para publicação de novos artigos científicos.
OBSERVAÇÃO
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263
CAPÍTULO 10
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.010
CAPÍTULO 10
RESUMO
O contexto da transformação digital inseriu a universidade
pública em um processo inexorável de mudanças em
sua atuação de ensino, pesquisa e extensão, trazendo
para a gestão o desafio de identificar perfis de líderes
capazes de suportar esses momentos de travessia, da
era analógica para a digital, dentro da dicotomia que a
transformação digital inevitavelmente impõe. Por meio de
uma revisão integrativa de literatura, o objetivo do estudo
é identificar, a partir dos documentos recuperados nas
bases de dados Scopus e Web of Science, quais são as
competências requeridas ao líder na gestão universitária,
no contexto de transformação digital do ensino superior.
Os resultados revelam que o papel de e-leader ganha
nova conotação em sua atuação na gestão universitária,
sendo reposicionada com demandas diferentes e ainda
mais complexas, num cenário totalmente novo: o da
educação digital. São apontadas dezessete competências
requeridas ao perfil do líder digital, protagonista do
processo de transformação digital do ensino superior.
Palavras-chave: transformação digital, gestão
universitária, líder digital.
CAP. 10 -Líderes Digitais na Gestão Universitária: Competências para a Transformação Digital do Ensino Superior
1. INTRODUÇÃO
267
seguinte questão: quais são as competências requeridas ao líder
na gestão universitária no contexto de transformação digital do
ensino superior?
2. REVISÂO DE LITERATURA
269
ordem e consistência às organizações, a liderança busca produzir
mudança e movimento (Northouse, 2013).
A liderança universitária é diversa nos diferentes níveis da
instituição. Dessa forma, a liderança universitária envolve as
seguintes perspectivas: (a) da universidade na sua totalidade,
representada pelos níveis mais altos da instituição, como a Reitoria,
Vice-Reitorias, Pró-Reitorias e, também, os conselhos superiores;
(b) a perspectiva intermediária, referente aos Centros de Ensino,
que fazem a ligação entre a estrutura superior e o nível seguinte
da liderança universitária, e também às Coordenações de Curso; (c)
por fim, a liderança exercida dentro dos Cursos universitários, que
representam o nível básico da estrutura de liderança universitária,
exercido, por exemplo, nos Departamentos de grupos de disciplinas
ou, ainda, nos Laboratórios vinculados a cursos universitários (Boer
& Goedegebuure, 2009).
271
ajudar os líderes na educação superior (em suas atividades
administrativas e acadêmicas) a aumentar o uso bem-sucedido da
tecnologia (Kolb, 2014). É necessário, contudo, estudar as lacunas
entre o conhecimento e a tecnologia (Vanderlinde et al. 2012).
Quando ocorrem mudanças, a organização pode fazer
melhorias para se manter alinhada com o ambiente atual e prever
o futuro de forma eficaz (Sripaisarn, 2018). Além disso, o papel das
pessoas, e que pode ser considerado essencial para impulsionar essa
mudança, é o papel do líder organizacional. Os líderes na era digital
são líderes de conscientização, líderes de mobilização de recursos,
líderes estruturais e líderes de operações. Isso inclui conscientizar
e persuadir as pessoas em vários setores da organização a se
articularem na transformação digital para ajudar a atingir as metas
organizacionais e aumentar o uso disseminado da tecnologia
digital em toda a organização (Tungpantong et al., 2021).
273
Por meio de características sociais de e-liderança, o isolamento
entre os membros da equipe pode ser prevenido (Walther &
Bazarova, 2008), por meio do desenvolvimento de duas capacidades:
a propriedade e-change, que se refere à capacidade dos e-líderes
de fazerem mudanças notáveis necessárias para a adaptação das
TICs. Enquanto a propriedade e-team da e-Leadership diz respeito
às capacidades de um líder na criação de equipes responsáveis,
satisfeitas e eficientes em ambientes de negócios, bem como
às habilidades tecnológicas da e-liderança. É competência de
um e-líder, para estar ciente das novas tecnologias, ser capaz
de acompanhar desenvolvimentos tecnológicos relevantes, e
abraçando alto nível de segurança cibernética (Roman et al.,
2019). Por fim, outra característica importante da e-Leadership
é a capacidade de inovar. No entanto, os e-líderes precisam ter
cuidado para que essas mudanças contínuas não atrapalhem o
foco da empresa. Portanto, devem ser flexíveis, inovadores e ter
clareza sobre os objetivos da organização (Cortellazzo et al., 2019).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
275
Tabela 1 - artigos selecionados por base de dados
4. RESULTADOS
277
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
279
Figura 01 - Habilidades digitais para o líder na gestão universitária
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
281
de relacionamento interpessoal e habilidades interculturais, fomentar
a construção de laços de confiança, habilidades de comunicação e
valorizar sempre o elemento humano.
Finalmente, este estudo gerou contribuições acerca da liderança
digital nas universidades. As análises refletiram na identificação de
um campo ainda pouco explorado na literatura. A liderança é um dos
temas mais amplamente discutidos na ciência, abrangendo diversas
áreas do conhecimento. Entretanto, a pesquisa levantou um gap
acerca da liderança digital, especialmente no contexto universitário.
A liderança digital, ou e-leadership, é um termo ainda recente, que
vem surgindo com força em conjunto com o processo acelerado de
transformação digital que todas organizações vêm experimentando.
Comprovou-se, diante das constatações dos artigos pesquisados, que
estudos sobre liderança na gestão universitária são escassos. Assim,
a combinação do tema “liderança digital” e “gestão universitária” ou
“universidades” está ainda num processo embrionário em pesquisas
científicas.
Para futuras investigações, é pertinente focar na realização de
estudos empíricos, a fim de relacionar a teoria com a prática e ampliar
as discussões. Além disso, o estudo teve seu enfoque na liderança
digital na gestão universitária, sendo indicado que futuras pesquisas
explorem a interlocução do tema com as dimensões do processo
de transformação digital e os impactos na gestão do conhecimento
nas instituições de ensino superior públicas. Por fim, esta pesquisa
proporcionou contribuições teóricas acerca da liderança digital,
nomeadamente no contexto da gestão universitária, tópico ainda
pouco explorado na literatura e que pode prospectar em avanços
teórico-práticos para alavancar as ações sociais das IES, facilitando a
governança em rede e a coprodução de conhecimento por meio da
atuação efetiva do líder.
CAP. 10 -Líderes Digitais na Gestão Universitária: Competências para a Transformação Digital do Ensino Superior
REFERÊNCIAS
283
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CAP. 10 -Líderes Digitais na Gestão Universitária: Competências para a Transformação Digital do Ensino Superior
287
CAPÍTULO 11
Análise da Aplicação de
Tendências da Transformação
Digital ao Mercado Imobiliário
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.011
CAPÍTULO 11
RESUMO
A transformação digital não engloba apenas o processo
de transformação, sendo resultado direto da mentalidade
de inovação incentivada dentro de uma organização. O
mercado imobiliário, de modo geral, não é considerado
referência na área de inovação, sendo um setor antigo
e tradicional. No entanto, existem ferramentas de
transformação digital sendo aplicadas nele, sendo o
objetivo deste trabalho realizar uma observação e análise
das tendências da transformação digital no mercado
imobiliário e sua possível referência em outras indústrias de
bens de consumo duráveis. O método aplicado é a revisão
sistemática de literatura, com o intuito de identificar
conceitos do tema e contextualizar seu panorama geral,
com posterior reflexão sobre a generalização para outros
segmentos industriais. Como resultado, descobre-se que
a generalização da aplicação das tendências é possível,
desde que avaliada em conjunto com as necessidades
de cada organização. Conclui-se também que, em um
cenário cada vez mais disruptivo, a transformação digital
é obrigatória para empresas que desejam manter-se
relevantes em seu setor, e as tendências estudadas são
aplicadas a todas as realidades, desde que devidamente
alinhadas ao resultado desejado.
CAP. 11 - Análise da aplicação de tendências da transformação digital ao mercado imobiliário
1. INTRODUÇÃO
291
buscam vender ou alugar seu bem, e aqueles que querem
adquirir ou locar tais bens (Wissenbach, 2008). Além disso, é
um mercado considerado tradicional, que entra mais tarde na
transformação digital e encontra desaf ios em seu processo,
mas também grandes recompensas para aqueles que saem na
f rente.
O trabalho tem como objetivo realizar uma observação e
análise das tendências da transformação digital no mercado
imobiliário e a sua possível referência em outras indústrias,
sendo que este objetivo pode ser segmentado em três objetivos
específ icos: identif icar conceitos trazidos da literatura sobre
Transformação Digital; contextualizar o mercado imobiliário; e,
por f im, refletir sobre a generalização para outros segmentos
industriais.
293
competitivo das empresas, a potencialização das vendas, o maior
sucesso do cliente, a otimização de processos e também a tomada
de decisão estratégica (Aqua, 2022).
A crescente transformação se torna facilitadora para
o surgimento de novas empresas, nesse caso as proptechs,
as startups do mercado imobiliário, que vão tornar ele
mais digital, com mudanças contínuas e novos padrões de
consumo através dos novos modelos de negócios e inovações
tecnológicas (Silva & Balzer, 2020). É possível concluir então,
que essas empresas assumem um papel de facilitadoras na
jornada de transformação, e para isso elas se utilizam de e
criam tendências e ferramentas específ icas, apresentadas no
item 4.
A digitalização do setor foi também acelerada pelo
isolamento social causado pela pandemia. A disponibilidade
dos anúncios em plataformas de compra e venda ganhou mais
importância, assim como as fotos de qualidade e as descrições
completas, e o consumidor acaba tendo desde o início do
processo de busca mais informações que apoiam a tomada de
decisão (Leite, 2021).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
295
4.1. Agile
297
4.3. Cloud computing
299
De acordo com Barbosa (2020a), no mercado imobiliário, a IA
deve automatizar o processo de gerenciamento de imóveis, o que
impacta em geração de leads qualificados, fazendo uma limpa nos
clientes potenciais; melhor experiência do usuário com fornecimento
de resultados personalizados para o cliente; aumento de eficiência em
processos internos e no tempo do cliente; suporte ao cliente com a
utilização de chatbots; e também análise de mercado, com IAs que
identificam oportunidades e fazem antecipações.
Na indústria, conforme colocado por Silvério (2022), a aplicação
da IA é focada em otimização da produção, automatizando trabalho
manual e repetitivo; redução de custos, por exemplo com chatbots
que realizem um primeiro atendimento ao cliente; prevenção de
riscos, uma vez que a IA pode identificar possíveis problemas e
oferecer soluções; redução de consumo de energia com o uso de IA
para monitoramento de máquinas; e controle de qualidade, já que a IA
facilita a identificação de defeitos em maiores amostragens de peças.
Ela também é encontrada aplicada diretamente ao produto final,
por exemplo em carros com piloto automático ou eletrodomésticos,
como um aspirador de pó que percorre a casa sozinho e outros
dispositivos inteligentes. De modo geral, é um campo novo e que
ainda tem bastante espaço para inovação, já que também tem grande
capacidade de aplicação em diversos negócios.
4.7. QR Code
301
obras em exposições, que dão ao visitante maiores detalhes sobre
elas (Henrique, 2018).
Seu uso apresenta diversas vantagens, como a facilidade para
receber pagamentos e a fácil promoção de produtos e serviços,
além de que pode ser integrado à plataformas de análise de dados
para avaliar a efetividade de seu uso (Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul [PUCRS] Online, 2021).
No mercado imobiliário, é comum o uso dos QR Codes em placas
de imóveis e terrenos e também em folhetos de divulgação, que vão
dar mais detalhes aos interessados (Aloh.in, 2022). Na indústria tem
diversas aplicabilidades, como por exemplo a busca de arquivos na
nuvem ou a classificação e manutenção de itens da produção.
A literatura de QR Codes é escassa, mas percebe-se que a
ferramenta vem ganhando bastante espaço no dia a dia de diversas
empresas, uma vez que o uso é completamente personalizável e
a criação de um QR Code já é simplificada, com vários sites que
oferecem esse serviço gratuitamente.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
303
as oportunidades dentro da sua atuação, para então definir o que
vai comandar sua transformação digital. Mesmo usando as mesmas
ferramentas, a sua aplicação varia, já que é personalizável frente a cada
realidade.
O mercado imobiliário já apresenta a incorporação de diversas
ferramentas de transformação digital na operação e as proptechs,
aceleram esse processo de transformação, buscando otimização de
custos e tempo, inovação e a satisfação do cliente.
As tendências analisadas são adaptáveis a diferentes segmentos,
e a escolha pela aplicação de cada uma das ferramentas comentadas
vem da busca pela satisfação do cliente, aliada à otimização dos
processos internos. Algumas, exigem investimentos mais altos:
este pode ser o caso da inteligência artificial, da manufatura aditiva
ou da realidade virtual. Outras tendências são de implementação
fácil e rápida, com poucos custos: como a assinatura digital, o cloud
computing, o QR Code e, em alguns casos, o CRM. Ainda, tendências
como a assinatura digital se tornaram de adesão obrigatória em
tempos de e pós pandemia, enquanto o uso de um CRM pode ser
considerado obrigatório para a empresa que quer se manter ou mover
para o topo de seu segmento. Cada situação e objetivos devem ser
avaliados individualmente, pois as tendências são aplicáveis a todas as
realidades, desde que devidamente personalizadas e alinhadas com o
resultado desejado.
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CAP. 11 - Análise da aplicação de tendências da transformação digital ao mercado imobiliário
309
CAPÍTULO 12
A abordagem sistêmica
na gestão de design
para portadores de
transtornos mentais no
ambiente de trabalho
doi.org/10.54715/arque.978-65-84549-16-6.012
CAPÍTULO 12
RESUMO
Com o Movimento da Reforma Psiquiátrica e as mudanças
nas leis brasileiras, os portadores de transtornos mentais
passaram a ter direitos como cidadãos. A possibilidade de
reinserção e reintegração na sociedade começou a ganhar
novos olhares e possibilitou o interesse de várias áreas das
ciências em analisar, pesquisar e validar projetos que os
beneficiem. A Abordagem Sistêmica da Gestão de Design
promove as inter-relações e integrações entre o todo
obtendo uma visão holística dos problemas existentes. O
objetivo deste artigo é demonstrar por meio de pesquisas
bibliográficas a realidade do sujeito em sofrimento
psíquico perante o trabalho. Como resultado obteve-se a
criação de Frameworks que propõe Processos de Interação
e Integração na relação Trabalhador – Empresa – Rede
Assistencial de Saúde afim de proporcionar uma visão
global da situação real e da evolução do quadro clínico.
Palavras Chaves: Abordagem Sistêmica; Gestão de Design;
Saúde Mental; Trabalho;
1. INTRODUÇÃO
313
do Sistema Único de Saúde - SUS e ganhou uma perspectiva de
reintegração psicossocial mediante os Programas de Reabilitação.
Estudos indicam que problemas de saúde mental têm se
tornado cada vez mais comuns, sendo que a ansiedade atinge
mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo
a OMS, 9,3% da população brasileira sof re com ansiedade e
que 86% dos brasileiros sof rem com algum tipo de transtorno
mental (Passos, 2019).
O reconhecimento formal dos direitos, os conceitos e
práticas de transformação social, apresentam mudanças
culturais na forma como a loucura e o sof rimento mental são
vistos. Desta forma, os gestores, equipes de saúde, usuários,
familiares, redes de assistência, judiciário e sociedade,
precisam conhecê-los, discuti-los e exercê-los.
No ambiente de trabalho muitos prof issionais têm
percebido a dif iculdade de conciliar os sintomas e tratamento
psiquiátrico às exigências do ambiente laboral, das leis
trabalhistas e das exigências que o mercado impõe no quesito
produtividade. Isso signif ica que todos aqueles indivíduos
diagnosticados e em tratamento médico e medicamentoso
precisam de uma adaptação do ambiente de trabalho, cargas
horárias flexíveis, jornadas adaptadas ao seu caso clínico, entre
outros direitos.
Por conta dessa necessidade de informação e desta
visão sistêmica em torno da saúde mental é que pesquisas,
projetos e programas sociais vem sendo desenvolvidos a
f im de promover e facilitar a reintegração dos portadores
de transtornos mentais, principalmente, como fonte de
capacitação prof issional e geração de renda.
CAP. 12 - A abordagem sistêmica na gestão de design para portadores de transtornos mentais no ambiente de trabalho.
315
Sistêmico por meio da proposta de Frameworks de Interação e
Integração entre o Trabalhador, a Empresa e a Rede Assistencial
de Saúde.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
317
com a ascensão do movimento operário durante a Primeira Guerra
Mundial”. Explica que foi momento em que os trabalhadores
tomaram consciência de que poderiam reivindicar o direito
à segurança e à saúde. Costa et al. (2013, p. 13) complementa
uma afirmação de Dejours (2004) de que existem dois tipos de
sofrimento:
• O sofrimento criador, no qual o indivíduo acredita ter
liberdade para inovar no trabalho;
• O sofrimento patológico, que ocorre quando a carga psíquica
do trabalhador já está esgotada e pode levar a uma doença física
ou mental futura.
Ele afirma que o construto de prazer-sofrimento pode
ser montado de forma única com base em três fatores: o prazer
expresso pela valorização e reconhecimento; e o sofrimento pelo
desgaste com o trabalho.
319
• Que promova o entendimento da realidade mais como redes
do que como hierarquia;
• Que permita ver círculos maiores de causalidade, em vez de
cadeias lineares de causa e efeito;
• Que focalize a dinâmica, os processos subjacentes, em vez
da estrutura estática;
• Que faça deixar de pensar e conceber o mundo como uma
máquina, e permita ver o mundo como um organismo vivo.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
321
Souza (2017) é citado por Oliveira et al. (2022) expondo uma
figura que apresenta visualmente as etapas do Design Thinking.
Como pode ser visto abaixo:
Figura 01 – Processo de Design Thinking
323
Quadro 3. Relação entre ferramentas de Design Thinking e atributos
Fonte: Micheli et al., 2018 citado por Pereira et al. (2022, p. 28)
325
Depois dos testes, chega-se à etapa de implementação, onde
todos aprendem o que deu certo e o que não deu, e percebem o
que precisa ser mudado para funcionar. Então o ciclo retorna ao
início para que passe por todas as etapas novamente com outro
foco e fundamentado na experiencia adquirida afim de construir
melhorias.
Todos estes processos relatados e a construção do framework
de melhorias e soluções só pode acontecer se o trabalho
desenvolvido acontecer de forma holística com base na Abordagem
Sistêmica da Gestão de Design em que todos os colaboradores,
setores, departamentos e gestores possam contribuir.
4. RESULTADOS
327
Figura 04 – Proposta de Formulário de Identificação e Check-list operacional
329
o cargo. Este framework busca enriquecer as informações mantendo
uma relação dentre as partes envolvidas gerando feedbacks
construtivos afim de manter este trabalhador no ambiente laboral.
Com base na Representação da Perspectiva Sistêmica do
Processo de Design proposto por Aros (2016, p. 39) percebido na Figura
06 abaixo, desenvolvemos um segundo Framework de como seria o
Processo de Interação e Integração entre a Empresa, o Trabalhador e a
Rede Assistencial de Saúde.
Figura 06 – Representação do Processo e Gestão de Design
Figura 07 – Framework do Fluxo de Integração entre Trabalhador, Empresa e Rede Assistencial de Saúde
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
331
Este estudo conseguiu criar a base fundamental do panorama
que envolve a realidade do trabalhador em sofrimento psíquico no
ambiente de trabalho, pois inicia uma jornada de pesquisa para o
aprofundamento das questões relativas a todos os condicionantes e
variáveis que circundam a vida laboral de um portador de transtorno
mental.
Ter uma interação e um projeto de integração entre a Empresa,
o Trabalhador e a Rede Assistencial de Saúde proporcionam uma
visão mais ampla da realidade e das afirmativas para a evolução do
quadro clínico e a estabilidade de se manter o trabalho como fruto da
autonomia laboral, social e financeira em que foi proposta a primeira
reflexão deste estudo.
A proposta de um formulário de apresentação e de contato
do trabalhador, o check-list e os frameworks serviram também para
responder a segunda reflexão proposta neste estudo que foi: “Como
fazer a gestão entre a capacidade produtiva do portador e a realidade
médica e diagnóstica a que está inserido durante tratamento?”.
Estes elementos adequam o olhar sob a perspectiva dos três maiores
interessados: a Empresa, o Trabalhador e a Rede Assistencial de
Saúde, além de comunicar o andamento do processo, as decisões, as
afirmativas, propor feedbacks, devolutivas e evolução do quadro clínico
facilitando a comunicação entre todos e aumentando a percepção de
produtividade diante da capacidade real do sujeito trabalhador.
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PERSPECTIVAS em engenharia, mídias e gestão do conhecimento
ORGANIZADORES
Ricardo Pereira
Girlane Almeida Bondan
Luciano Zamperetti Wolski
Camila Menegali
Ana Ester da Costa
Nárima Alemsan
Letícia Cunico
Ingrid Weingärtner Reis
Aliteia Franciane Biglier
Denilson Sell
Francisco Antonio Pereira Fialho
Luiz Marcio Spinosa
Neri dos Santos
337
ORGANIZADORES
RICARDO PEREIRA
339
CAMILA MENEGALI
NÁRIMA ALEMSAN
341
LETÍCIA CUNICO
343
DENILSON SELL
345
NERI DOS SANTOS
349
AUTORES
NATANA LOPES
351
MÁRCIO VIEIRA DE SOUZA
353
PATRÍCIA DE SÁ FREIRE
355
ROBERTO CARLOS DOS SANTOS
PACHECO
Doutor em Engenharia de Produção (UFSC, 1996)
e professor do departamento de Engenharia do
Conhecimento da UFSC. Participou da criação
e coordena o Programa de Pós-Graduação em
Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC/
UFSC). Foi o pesquisador instituidor do Instituto
Stela. Atua em comissões de assessoria técnico-científicas (incluindo
CAPES, FAPESC, FAPEMIG, IEL, SBGC, OPS/BIREME). É pesquisador
nas áreas de engenharia e gestão do conhecimento, governo
eletrônico e interdisciplinaridade, plataformas e commons digitais.
É coeditor da 2ª Edição do Oxford Handbook de Interdisciplinaridade
(2017) e coeditor em obra da trilogia de Interdisciplinaridade no
País, liderada pelo Prof Arlindo Philipi Jr. Sua produção acadêmica e
tecnológica resulta da coprodução com mais de 600 colaboradores
e inclui mais de 200 publicações (entre artigos, livros, capítulos e
trabalhos em eventos), além de softwares e atividades técnicas de
assessoria e colaboração técnico-científica (incluindo organização
de diversos eventos). Nas atividades de formação, orientou 30
dissertações de mestrado e 28 teses de doutorado, além de 37 de
trabalhos de conclusão de graduação. Atualmente é líder do Grupo
de Pesquisa Coprodução de Commons Digitais.
MARIA JOSÉ BALDESSAR
357
DIANA CARLA SECUNDO DA LUZ
359
DÉBORA CARDOSO DA SILVA
361
CHERYL MAUREEN DAEHN
363
CRISTIANO JOSÉ CASTRO DE
ALMEIDA CUNHA
Doutor em Administração de Empresas -
Rheinisch-Westfalische Technische Hochschule
Aachen (1988), mestre em Engenharia de Produção
pela Universidade Federal de Santa Catarina
(1981) e graduado em Engenharia Geológica pela
Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto (1977).
Professor visitante do IGIA - França (1991). Ex-professor do Curso de
Pós-Graduação em Administração da UFSC. Ex-professor do Curso
de Pós-Graduação em Administração da FURB. Ex-professor do
Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC.
Atualmente, é professor do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal
de Santa Catarina. Coordenador do Laboratório de Liderança e
Gestão Responsável de UFSC. Tem experiência como consultor
na área de Administração, atuando principalmente nas seguintes
áreas: liderança, aprendizagem de executivos, reestruturação e
estratégia organizacionais.