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Vingança
em
Ascensão
1ª Edição
2018
Copyright © 2018 Samira Viana
Copyright © 2018 Vingança em Ascensão
Editora Responsável: Saionara Rodrigues
Revisão: Saionara Rodrigues
Capa: Bárbara Dâmeto
Diagramação: Saionara Rodrigues
Foto Capa: (Adaptada)
Shuterstock - royalty free
____________________________________________________________
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL E PARCIAL DESTA OBRA, DE QUALQUER FORMA OU POR QUALQUER
MEIO ELETRÔNICO, MECÂNICO, INCLUSIVE POR MEIO DE PROCESSOS XEROGRÁFICOS, INCLUINDO AINDA
O USO DA INTERNET, SE PERMISSÃO EXPRESSA DA EDITORA NA PESSOA DE SEU EDITOR (LEI 9.610 DE
19/02/1998). ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO. NOMES, PERSONAGENS, LUGARES E ACONTECIMENTOS
DESCRITOS SÃO PRODUTOS DA IMAGINAÇÃO DA AUTORA.
QUALQUER SEMELHANÇA COM ACONTECIMENTOS REAIS É MERA COINCIDÊNCIA. TODOS OS DIREITOS
DESTA EDIÇÃO RESERVADOS PELA: EDITORA SONHO DE LIVRO.
Sumário
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Epílogo
Agradecimentos
A Autora
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Prólogo
Ela olhou extasiada para a entrada do aeroporto, era o início do seu grande sonho.
— Ainda não acredito que eles me contrataram para trabalhar lá, quem sabe um dia serei
a renomada Doutora Ellen Memphis, especialista em Cardiologia do Adolph Medical Group.
— Ela exclamou sorridente, olhando para o nada.
— Ellen, essa é a centésima vez que diz isso — responde Jenna aos risos. — Tenho
certeza de que conseguirá irmã, basta estudar bastante e ser uma excelente enfermeira durante
esse ano que se segue.
— Claro que sim, Jen. Ryan, cuide dela enquanto eu estiver ausente, está bem? Darei o
meu melhor e no fim do ano estarei aqui para a formatura de vocês.
— Dessa pessoinha, cuidarei com a minha vida, pode deixar. — Ele piscou para Jenna e
em seguida apertou a mão de Ellen, como se firmassem um acordo.
— Queremos que leve isso — disse Jenna tirando do porta-luvas um porta-retratos com
a foto deles três no paintball.
— Te amo — sussurrou Ellen com lágrimas nos olhos.
— Também te amo irmã, sentirei sua falta — respondeu ela, já aos prantos enquanto
abraçava apertado a irmã mais velha sem se dar conta de que sentiria muito mais a falta dela do
que poderia imaginar.
Neste momento, Ryan as deixou "a sós" na lateral do carro para tirar as malas de Ellen
do porta-malas do Chevrolet que havia ficado para Jenna.
— Vem aqui também, Ryan. Você faz parte da família — chamou Ellen.
Os três ficaram ali, cerca de um minuto abraçados, não podiam se dar ao luxo de ficarem
tanto tempo, pois Ellen não podia perder o voo.
Após Ellen se dirigir para o avião que a levaria para a Califórnia, Ryan e Jenna
assistiram o avião alçar voo através da enorme janela de vidro do aeroporto, e depois foram
para o apartamento de Jenna.
Ryan passaria a dividir o apartamento com ela a pedido de Ellen, até Jenna completar
dezessete anos e se formar.
Era o mesmo que dizer que os dois teriam uma infinidade de pizza, lasanha, filmes e
séries para assistir até lá.

No fim daquele mesmo ano, Ellen retornou como prometido para a formatura dos dois,
não poderia faltar num momento tão especial para Jenna, já que seus pais não estariam ali por
conta do acidente que tirou suas vidas há dois anos e meio. Ellen era a única família de Jenna,
assim como ela era para Ellen.
Sua vida na Califórnia seguia muito bem, estava fazendo sua especialização em
Cardiologia, quando não estava trabalhando como enfermeira no hospital ou saindo para festas.
Já haviam se passado cerca de sete meses, desde que se mudou para lá.
Ellen era quente como as tardes ensolaradas da Califórnia. Mesmo com todos os
compromissos envolvendo os estudos e seu trabalho, não perdia a oportunidade de balançar
seus cabelos ruivos ao som de músicas extremamente altas noite afora.

Eram apenas sete e quinze da manhã e Ellen já estava super empolgada com a ideia de
sair para se divertir.
— Vamos sim, que horas? — Ela perguntava a Caroline, sua amiga e também
enfermeira no hospital.
— Ah, lá para as nove da noite está bom? Passo no seu apartamento para te pegar e
vamos.
— Está... — Elas não puderam continuar a conversa.
— Meninas, vão agora para a ala três, precisam de vocês lá, agora! — Mandou a chefe
das enfermeiras. — É urgente!
— O que será? — Ela perguntou à parceira quando se olharam, antes de saírem
apressadas para o local designado.
Capítulo 1
Enquanto Jenna caminhava à beira da praia, onde ela e sua irmã estiveram juntas pela
última vez, elaborava um plano de vingança contra aquele que tirara a vida de Ellen. Ela era
sua única família.
Ellen, sempre foi seu porto seguro, a pessoa que tinha como inspiração e perdê-la foi
algo doloroso demais. Jenna queria causar dor àquele que a fez sofrer com a perda de sua irmã
mais velha.
Voltou para a Califórnia por conta disso. Ela queria vingança. A vingança que nunca
veio por conta de um laudo que constava que Ellen havia morrido de overdose, algo impossível
já que ela nunca havia se drogado, no máximo ingeria umas poucas doses de bebida, pois não
era de embriagar-se e não gostava quando sua garganta queimava enquanto o líquido descia
por ela.
Como se pudesse senti-la, Jenna tirou suas sandálias para passar da calçada à praia e
andar descalça pela areia. Ao longo da orla, muita coisa estava mudada, porém, a cada passo
que dava, parecia voltar no tempo. Seu coração pesava de saudade e seus olhos já não
suportavam mais segurar as lágrimas que escorriam contra sua vontade.
Lembranças começaram a inundar sua mente e o vento parecia cortar sua pele cada vez
que sua memória a levava de volta àquela noite, que era para ser de total alegria. Jenna deixou
as sandálias na areia e correu para o mar sem se importar com o jeans que estava vestindo. Ela
tentava afastar as cenas da sua cabeça e fazer com que o mar levasse suas lágrimas para longe.

23 de novembro de 2002.

O sol entrava pela janela do pequeno apartamento de frente para a praia que Jenna e
Ryan haviam alugado para passar as férias. Ela levantou-se murmurando algo sobre ele não ter
fechado as janelas antes de saírem.
Jenna havia acabado de completar dezoito anos. Ellen, Jenna e Ryan haviam passado a
noite de seu aniversário comemorando num luau, que se estendeu durante toda a madrugada,
repleto de brincadeiras, danças e todo tipo de comidas.
A noite estava deliciosamente agradável.
Ellen queria se divertir. Ela havia deixado Jenna e Ryan sozinhos para dançar e
balançava seus longos cachos ruivos ao ritmo da música. Sua beleza conseguiu atrair os
olhares de um homem trajado com anéis e relógio de ouro a quem ela acompanhou a um lugar
mais "reservado".
Jenna observou a cena de longe, não se importando muito, já que era comum sua irmã ir
embora acompanhada de alguém e a deixar sozinha pelo meio da noite, então continuou
dançando e conversando com Ryan.
Relutantemente Ryan aceitou dançar com Jenna, derrotado pela persuasão da mesma e
talvez para tirar Ellen de seus pensamentos e se divertir com a aniversariante. Os dois não
tinham noção do que aconteceria.
Sua irmã não foi mais vista.
Foi onde tudo aconteceu.
Após levantar pela manhã, Jenna tomou café e tentou fazer com que Ryan dirigisse o
carro que alugaram até o apartamento de Ellen, já que ele não bebeu nada alcoólico e como os
dois iriam embora na semana seguinte, ela queria aproveitar ao máximo o tempo que restava
com a irmã.
Infelizmente, nada fez com que Ryan se desse por vencido. Ele estava muito cansado
pela bagunça de ontem, então Jenna resolveu caminhar até o apartamento de Ellen. Não era tão
longe. Sua irmã morava apenas dois quarteirões e meio de distância de onde ela estava.
Assim que desceu do prédio e atravessou a rua, começou a se alongar para correr, ela
estava ansiosa para ver a irmã e lógico, descobrir como fora a noite com aquele belo homem de
pele dourada e músculos muito bem esculpidos que ela aparentemente havia conquistado.
Ao chegar ao pequeno apartamento de sua irmã, ele estava vazio. Nem mesmo o
porteiro que trabalhava lá a viu voltar.
Ela deve ter dormido com aquele cara, pensou, em seguida mandou uma mensagem
para que a irmã a ligasse assim que chegasse em casa e voltou caminhando, parando para
comprar uma água, aproveitando aquela manhã ensolarada da Califórnia.
Certamente iria se trocar assim que retornasse para desfrutar daquele dia lindo.
Quando já estava chegando ao seu apartamento, viu uma aglomeração de policiais ao
longo da praia, junto de pessoas que se apertavam para presenciar o que havia acontecido.
Uma ambulância estava estacionada junto ao carro da polícia.
Ao se aproximar mais, notou repórteres e Ryan veio diretamente a ela.
Ele ainda vestia roupas de dormir e sua feição estava desolada.
— Ah, Jen... Eu sinto muito! — Ryan a envolveu num forte abraço enquanto chorava
copiosamente.
— Ryan, o que houve?
Ela não fazia ideia do que estava prestes a descobrir. Foi então que viu um corpo sendo
levado e uma mecha ruiva pendia por baixo do plástico preto. Jenna então se soltou do abraço
de Ryan e correu. Sem pensar nas consequências rompeu a fita policial e os ignorou enquanto
corria. Sua mente já especulando coisas terríveis. Saiu empurrando qualquer pessoa que
estivesse entre ela e os homens que carregavam a maca, finalmente alcançou-os e quando
conseguiu, retirou parte do plástico que cobria o corpo, desnorteada e já em prantos deu dois
passos vacilantes para trás.
Era Ellen.
Tudo à sua volta escureceu.
Capítulo 2
Assim que abriu os olhos, Jenna avistou o teto branco, ao seu lado estava Ryan com os
cotovelos apoiados em seus joelhos e a cabeça baixa.
Ele chorava.
Forçou os olhos para focar a visão em seu amigo, escutando o bip de algo que ecoava
pela sala.
Ryan sempre fora protetor para com ela. Jen, o chamava de chorão, porque sempre
choravam juntos quando assistiam a filmes com aqueles velhos clichês românticos. Ele era seu
grande amigo. Um irmão.
— Jenna! — disse ele ainda em prantos, assim que levantou o olhar e a viu acordando.
O semblante dela era um misto de tristeza e dor.
— Diz que foi um pesadelo. Por que estou aqui? — Jenna falava, apavorando-se com a
agulha em seu braço.
— Eles a trouxeram para cá. Você desmaiou e bateu com a cabeça, sua sobrancelha está
talhada, mas já vi você consertar danos piores usando maquiagem. — Ele sorriu, tentando
amenizar a dor da amiga.
— Não tenho mais ninguém, Ryan! Estou sozinha e dessa vez será para sempre! —
disse entre soluços com as mãos no rosto.
— Não diga isso. — Ele diz, afagando o braço dela. — Você tem a mim! E já estou
cuidando das coisas para você... eles a levaram e já estão fazendo a autópsia.
Ela fixou o olhar em algum ponto qualquer da parede à sua frente. Em sua mente um
turbilhão de perguntas a desnorteavam.
— Oh, Ellen! O que aconteceu? — Jenna murmurava baixinho e Ryan apertou sua mão
para confortá-la.
— Iremos descobrir o que houve, mas agora, descanse. Você não vai poder sair daqui
até se recuperar. — Ele delicadamente arrumou os travesseiros para Jenna se recostar.
Lentamente, ela foi se acalmando e logo já dormia novamente.
Jenna entrou em estado de choque no momento em que viu o corpo de sua irmã e
desmaiou por conta disso. Por dois dias, ela esteve desacordada. Apenas gritava ou sussurrava
coisas como: “Ellen, não!” ou “quem era ele?” — O homem que estava com a irmã da última
vez que a viu.
Após o ocorrido, Jenna não voltou para a faculdade, nem Ryan. Ele não a deixou um
instante sequer. Eles passaram o equivalente a um semestre de seus cursos na Califórnia,
tentando vender o apartamento da irmã e resolvendo outras pendências que surgiram.
Ellen fora enterrada no jazigo da família, localizado em Kentucky, onde moraram com
seus pais até a morte deles, em um acidente de carro.
O dia estava tão cinzento quanto o coração de Jen, ali ela enterrava mais uma pessoa que
tanto amava. Apenas ela, Ryan e uns poucos amigos de Ellen, incluindo Caroline,
compareceram ao enterro. Ela permaneceu ali até o anoitecer, desolada.
A causa da morte de Ellen, segundo o laudo, foi por overdose. Mas sua irmã não
acreditava nisso, Ellen mal bebia. Como poderia estar se drogando?
Ela sabia que havia sido o homem que esteve no luau. Sentia isso toda vez que se
lembrava do corpo pálido estendido sobre a maca, naquela manhã ensolarada.
Jenna informou à polícia sobre o homem e fizeram um retrato falado, mas nada fora
descoberto. Era mais conveniente acreditar num laudo da perícia do que numa irmã abalada
com toda a situação.
Jenna então investigou por si mesma, pediu para ficar com a imagem que desenharam
do homem e o procurou enquanto esteve na Califórnia, em vão.
Ryan e ela voltaram para Nova Iorque e se formaram. Ele em Medicina e ela em
História, graças ao apoio de seu amigo. Sem ele, ela teria abandonado tudo.
Mesmo com os estudos, ela jamais deixou de procurar o tal homem. Até que em um dia
lhe ocorreu que, como havia observado naquela noite, ele deveria ser bem rico. Jenna passou a
procurá-lo em sites de fofoca e quase todo dia olhava os diversos tabloides na internet, a fim de
encontrar alguma pista.
Ocorriam momentos que pensava em desistir, sabia que essa fissura por ele a corroía por
dentro, como Ryan havia lhe dito diversas vezes, porém, nada saciava aquela sede por
vingança.
Sua intuição dizia que a irmã tinha sido assassinada e Jenna queria matar o assassino
dela a qualquer custo, mas prometeu a Ryan que não iria mais ficar fissurada nisso e seguiria
sua vida.
Conseguira emprego como professora e se dedicaria a ser uma excelente profissional,
talvez fizesse alguns cursos complementares.
Até que, passado alguns anos, surge uma notícia:

"Filho de Joshua Michael, dono de grande rede de postos de gasolina, em todo o


estado, abre sua própria casa noturna no centro oeste da Califórnia. Richard Michael,
diz estar ansioso para a inauguração e convida a todos a visitarem o local,
principalmente, quem gosta de se divertir em noites quentes. Segundo ele, a atmosfera do
lugar irá seduzir você".

Boquiaberta, Jenna correu até seu quarto e revirou umas caixas de seu guarda-roupa. O
retrato falado estava em algum lugar por ali. Deixando a bagunça para trás, voltou apressada
para a sala.
— Não acredito, é ele na foto?! — Ela deu zoom na imagem. Havia diferença entre o
homem na foto e o que estava desenhado no papel em sua mão, mas era de se esperar. Pessoas
envelhecem.
Com certeza era ele.
Jenna o havia encontrado!
Após descobrir seu nome, Jenna procurou por seu perfil nas redes sociais, pesquisou em
diversas fontes e juntou informações que acreditava serem úteis. Desta forma, começou a se
preparar para a viagem que faria.
Ela retornaria para a Califórnia após quatorze anos.
Por sorte, não daria aula naquela semana, pois a diretora a incumbiu de representar a
escola numa Feira Histórica e concedeu o restante dos dias como folga, pouco antes da
descoberta.
Jenna então fez as malas e cuidou para que tudo ficasse em ordem até seu retorno.
Dessa vez era ela e apenas ela.
Não quis notificar Ryan, já que seu amigo viajara para visitar a família dele e conhecer
sua sobrinha que estava prestes a nascer. Logicamente, não queria deixá-lo preocupado, fora
que, o que estava prestes a fazer era loucura.
Durante todos esses anos, ele acompanhou de perto este sentimento crescer dentro dela,
o que o preocupava.
De certa forma, o sentimento era doentio.
Ela não costumava sair muito, se dependesse nem trabalhava de tão obcecada que
estava, mas Jenna precisava arcar com suas despesas.
Depois de conferir tudo, foi se preparar. Saiu para comprar algumas coisas que levaria,
decidira há anos atrás o que o mataria, quando retornou ao apartamento tingiu de loiro seus
cabelos castanhos, tomou um banho bem gelado e se arrumou.
Enfim, Jenna partiu rumo à Califórnia.
Ou devo dizer... vingança?
Capítulo 3
Rumando para a Califórnia, Jenna não conseguira dormir um instante durante a viagem.
Parecia ter injetado adrenalina, tamanha era sua agitação.
Repassava seu plano repetidas vezes na memória, enquanto batucava com os dedos
ritmados na poltrona da frente. Ela havia pensado em muitas maneiras de se vingar de Richard
desde o falecimento de sua irmã, porém, um novo plano surgiu em sua mente após o anúncio
sobre a boate daquele crápula.
Como não conseguiu descansar, resolveu pesquisar melhor toda a estrutura da boate
fornecida num dos sites que encontrou. Não poderia falhar ou perderia sua liberdade.
Quando chegou ao aeroporto, pegou a mala e só percebeu que seu estômago estava em
estado de calamidade quando se aproximou de uma lanchonete. O cheiro de pizza e café a
consumiu.
Graças à sua pesquisa, localizou um apartamento não muito longe da boate, mas que
também era relativamente perto do aeroporto e seguiu até o mesmo. Alugou um dos quartos
disponíveis para poucos dias.

Jenna suspirou fundo ao parar em frente à porta.


Assim que a abriu, largou a mala ao lado da mesma, seguiu para a sacada e se pôs a
observar as pessoas desconhecidas que vagavam abaixo de seus pés.
Ela só descansaria depois de executar seus planos.
Após se instalar por ali, decidiu ir a um mercado comprar algumas coisas para se
alimentar mais tarde. Quando retornou, acabou comendo um sanduíche e novamente seguiu
para a sacada, o mundo havia mudado tanto, nem ela era mais a mesma.
Absorta em pensamentos levou um pequeno susto quando seu celular tocou para avisar-
lhe que havia uma nova mensagem. Tirou-o de seu bolso para ver, era Ryan, ele tinha
mandado uma foto junto à sobrinha para ela. Jenna sorriu e o sorriso só aumentou quando leu:

“Ha, ha, olhe para minha mais nova princesa, Julia!”

E em seguida:

“Estou morrendo de saudades de nossas tardes de séries cheias de guloseimas e muito


refrigerante, nada saudável”.

Jen sentou no sofá pensativa, queria avisar a ele onde estava, mas não queria contar a
verdade para que ele não se preocupasse. E vê-lo tão feliz junto a sobrinha a fez decidir que só
falaria sobre o assunto quando retornasse, pois, ele era capaz de pegar o primeiro voo para
impedi-la caso lhe informasse onde estava realmente.
Ela mandou uma mensagem dizendo que também sentia saudades e que queria conhecer
Julia pessoalmente.
Deixou o celular no sofá, se levantou para tomar um banho, deitar e dormir. Amanhã
cedo ela iria à praia onde tudo aconteceu.

Atualmente
Lembranças começaram a inundar sua mente e o vento parecia cortar sua pele cada vez
que sua memória a levava de volta àquela noite, que era para ser de total alegria. Jenna deixou
as sandálias na areia e correu para o mar sem se importar com o jeans que estava vestindo. Ela
tentava afastar as cenas da sua cabeça e fazer com que o mar levasse suas lágrimas para longe.
Quando esfregou os olhos e eles se ajustaram à luz do sol, notara que pessoas já
começavam a se aglomerar pela praia, logo, todos a olhavam com certa curiosidade, querendo
saber por que ela estava de jeans no mar.
Jenna saiu da água com os olhos ardendo por conta do sal, pegou suas sandálias e sem se
importar com os olhares, andou calmamente até alcançar à calçada. Sentou-se sobre o meio fio,
calçou-as e pôs-se a andar de volta ao apartamento que alugara. Totalmente encharcada.
Quando retornou, estava em frangalhos, sua roupa estava grudada em seu corpo pela
água do mar, o cabelo desgrenhado.
Restava apenas mais uma noite e ela iria reencontrar o homem que tirou a vida de sua
irmã.
Assim que entrou no banheiro, parou de frente à pia, desviou o olhar do espelho, o
espectro refletido ali ela não o reconhecia. Onde foi que se perdeu? Onde esta vingança a
levaria? O que traria? Desejava ser novamente a Jenna que era amada por seus pais, a filha
caçula que tinha uma irmã animada e amável. Tudo ao seu redor desabara e somente restou a
dor. Pela última vez fixou seu olhar na imagem à sua frente e afastou seus pensamentos tristes
indo se arrumar. Ela almoçaria e depois iria ao salão que viu quando retornava.
Assim que chegou lá, foi tratada muito bem. As funcionárias do estabelecimento
fizeram-na se sentir digna de realeza, tão bela estava ficando e se sentindo, algo que não
ocorria há tempos.
As pessoas no salão estavam agitadas e faladeiras, jogavam conversa fora sobre afazeres
do dia a dia e outras coisas não muito importantes. Jenna apenas assentia com um singelo
sorriso em seus lábios, não sabendo lidar muito bem com toda aquela falação.
Quando ficou pronta, olhou-se no espelho. Não conteve o impulso de relembrar o estado
deplorável em que se encontrava poucas horas atrás, muito menos conteve o sorriso ao ver ali
uma nova Jenna. Pedira para afinarem mais suas sobrancelhas, cortar um pouco dos seus
cabelos, além de estarem mais louros, estavam em camadas. Suas unhas estavam impecáveis,
assim como sua pele aveludada após o tratamento estético.
Somente faltava concretizar a vingança.
No caminho de volta, parou num pequeno bistrô para jantar, já passava das oito da noite.
As horas voaram. Voltou para o apartamento e pôs-se a arrumar sua mala, deixando pronta sua
pequena bolsa que usaria no dia seguinte com tudo o que precisava: um pequeno frasco
contendo exatamente as drogas que constaram ter matado sua irmã, numa quantidade letal,
adquiridas através de um fornecedor que estudava na mesma faculdade que ela, mas cursava
química, e também uma chave que trocava a ponta, se tornando várias outras ferramentas das
quais poderia precisar.
Deixou também separados seu vestido, bolsa e o salto que usaria para ir à boate.
Tomou um longo banho de água quente para relaxar, a adrenalina causada pela
ansiedade tentando dominá-la, mas, não conseguira dormir direito, tamanha era sua agitação.

Às oito da manhã, Jenna já estava saindo do apartamento para uma corrida na beira da
praia. Prometera a si própria que se cuidaria melhor.
O dia estava calmo e belo.
Jenna corria tranquilamente pela orla enquanto se aproximava de onde estivera ontem, a
praia já estava razoavelmente cheia, mas uma pessoa em particular chamou sua atenção.
Um homem pondo uma rosa numa pedra alta, exatamente a mesma que sua irmã
contornou antes de vê-la pela última vez na fatídica noite.
Ela subitamente parou de correr perguntando para si o sentido daquilo, atônita
recomeçou a andar lentamente ainda pela calçada, na direção do homem para vê-lo de perto.
Era ele. Richard Michael.
Capítulo 4
Jenna não soube em que momento começou a correr na direção dele, mas não foi longe.
Ela caiu na areia, pois tropeçou na divisa da calçada para a praia. Cega pelo rancor esqueceu-se
de olhar onde pisava. Ele a viu enquanto descia das pedras e correu ao seu encontro.
— Você está bem? — Ele pergunta preocupado com ela, agachando-se à sua frente.
— Sim, sim. Eu só... caramba! — Jen, olhou para os dedos que pôs na testa onde doía,
agora tingidos da cor escarlate de seu sangue.
Ele observou que havia um corte em sua cabeça, de onde sangrava.
— Espere aqui, eu já volto. — Ela somente observou Richard correndo em direção ao
quiosque mais próximo, sem entender muito bem o que aconteceu. Ele comprou água, pegou
alguns papéis toalha e voltou para onde estava Jenna.
Os olhares deles se encontraram por poucos segundos antes de voltarem à atenção para o
ferimento. Ele lavou com água gelada e com cuidado pressionou parte dos papéis toalha para
secar e em seguida, colocou o restante em cima para tampar o corte.
— Não me pareceu um corte fundo, um Band-aid deve resolver — disse.
— O... obrigada — falou ela, sem saber o que dizer ou fazer.
Ali tão de perto, ele não parecia aquele homem que olhava de maneira obsessiva para
sua irmã. Seus olhos azuis transmitiam paz...
— Disponha. — Ele sorriu singelamente para a loira à sua frente — Venha, deixe-me te
auxiliar a se levantar.
"Olhando-o a me ajudar, ele parece ser gentil", pensou.
"Não Jenna, ele matou sua irmã! É só um mau caráter a cortejando". Repreendia a si
mesma.
— Você mora aqui perto ou está de carro? — perguntou tirando-a de seus devaneios.
— Não, eu não moro aqui. Vim apenas tirar uns dias de férias. — Ela não estava
mentindo, realmente estava de “férias” no trabalho.
— Eu posso levá-la em casa, se quiser. Onde é sua estadia?
"Sempre solicito a ajudar!" pensou, revirando os olhos, discretamente.
— Não precisa, posso ir andando. — Jenna sorriu amarelo, tentando se livrar daquela
situação, porém, sabia que ir andando demoraria e precisava chegar logo em casa.
— Hum, nada disso. – Ele disse meneando a cabeça para os lados — Vem, meu carro
está parado ali na frente. Te levarei até lá. — Ele a segurou por uma das mãos e seguiu em
direção ao carro.
O calor de suas mãos espalhou-se por todo o corpo de Jenna, fazendo-a estremecer de
leve.
Sem opções, sendo conduzida por ele, Jenna entrou em sua Mercedes preta. No fundo
queria mesmo o observar de perto, essa situação toda... Seria a vida querendo que ela deixasse
todo o rancor de lado e o perdoasse?
— De onde veio? — Ele a perguntou enquanto ligava o rádio e sintonizava uma estação.
— Bem... vim de Nova Iorque – respondeu receosa.
— Viajei muitas vezes para lá. É clichê, mas meu lugar favorito é o Central Parque —
disse a olhando rapidamente antes de acelerar.
— Lá é lindo — falou ao lembrar-se das tardes que passara sentada em meio ao parque e
vendo todas aquelas pessoas felizes com suas famílias. Enquanto ela apenas desejava ter a sua
ali com ela.
“Ao menos teria minha irmã se não fosse você!”. Pensou apertando os joelhos
nervosamente.
— É sim. — Ele sorriu claramente se lembrando de lá também.
Ela o olhava achando bizarra a situação de estar dentro do carro de sua futura vítima
enquanto o mesmo cantava para si uma das músicas aleatórias que tocava no programa da
rádio. Isso se seguiu por alguns minutos até ela se dar conta de um pequeno detalhe.
— Para onde estamos indo? — Ela perguntou ao notar que não mencionara o endereço
do apartamento.
— Ótima pergunta. — Ele riu. — Bem... aqui. — Ele estacionou em frente a uma
farmácia. — Já volto!
Jenna observou-o adentrando o local, pegando um frasco, uma caixinha e indo em
direção à fila para o caixa.
"Como pode ele ser o assassino de Ellen? Ele parece inofensivo".
“Talvez ele finja ser uma boa pessoa...”.
Quando voltou, se acomodou no banco e estendeu a sacola para Jenna, com um belo
sorriso estampado no rosto.
— Aqui. É para cuidar do seu ferimento. — Entregou-lhe a sacola e prosseguiu. —
Agora pode dizer onde é o seu apartamento.
Após ligar o carro, Richard se dirigiu para onde Jenna dissera. A conversa rendeu a eles
boas risadas, deixando Jenna ainda mais confusa.
Quando chegaram em frente ao prédio, ele saiu do carro e fez questão de abrir a porta
para Jen.
— Entregue. — Sorriu para ela e então se deu conta de que não se apresentou — A
propósito, meu nome é Richard Michael. — Ele lhe estendeu a mão. — Desculpa não ter me
apresentado antes.
Ela sabia exatamente quem ele era.
— Sou Jenna Memphis. — Ela sorriu, guardando a informação para si e o
cumprimentou ainda achando tudo aquilo bizarro.
— Hoje à noite irei inaugurar minha primeira boate e gostaria muito que fosse. Espero te
ver lá! Posso pegar seu número para te passar o endereço?
— Ah sim, claro. — Ele a entregou um cartão, pegou uma caneta e ela anotou. —
Pronto.
— Obrigado. — Ele fez uma leve mensura com a cabeça e a abraçou, depositando em
sua testa um beijo.
O gesto de Richard a deixou ainda mais desestabilizada do que já estava.
Ninguém a abraçava há anos, exceto Ryan. Mas ele era um caso à parte.
— Por nada — respondeu, dando por si que ele já estava dentro do carro e acenando
para ela enquanto acelerava.
"O que aconteceu?".
Ela estava em choque, subiu até seu apartamento pelo elevador, ainda sem acreditar.
— Oh, céus! — exclamou ao se jogar na cama. — Foco, Jenna. Ele não é essa pessoa
gentil que acabara de ver, ele é um assassino.
Repetia isso a si mesma como se fosse um mantra, enquanto foi tomar banho para
relaxar, tentando digerir tudo o que ocorreu antes de chegar ali.
Assistiu um pouco de TV e como não estava com tanta fome, comprou um burrito e
refrigerante e voltou para o apartamento.
Já alimentada e com o curativo feito, Jenna se deitou e virada de barriga para cima ficou
fitando o teto, pensando nele até adormecer.
Aquele sorriso.
Seu celular a acordou por volta das sete da noite.
O toque indicava uma nova mensagem, Richard quem mandara.

“Hey, Jenna! Espero que esteja melhor e que vá à inauguração. Será às oito horas.
Estarei esperando por você, beijo.”
Richard

Em seguida mandou o endereço e Jenna apenas sorriu. “Você irá desejar nunca ter me
conhecido”.
Decidiu chegar por volta das dez horas na boate, não queria chegar tão cedo. Assistiu a
um programa na TV e às nove e quarenta e sete da noite, estava pronta.
Sua pele clara contrastava perfeitamente com o vestido azul, decotado nas costas. Os
saltos brancos combinando com as luvas brancas e delicadas. Ela checou mais uma vez se
estava levando o que precisava e saiu.
Enquanto se aproximava de táxi, notou que a boate estava lotada e o pediu para que a
deixasse na esquina. Não queria chamar atenção.
Após adentrar o local, parou perto de uma escadaria tentando forçar a sua vista a se
ajustar com a pouca luz neon que iluminava o interior para encontrá-lo.
De repente, sentiu uma pessoa esbarrar nela fazendo-a quase cair. Tentou ver quem era,
mas a pessoa já tinha sumido em meio às outras. Quando virou para frente novamente, viu uma
silhueta conhecida por ela, dançando.
"Achei você”, pensou consigo mesma e em seus lábios surgiu um sorriso macabro.
Ela acenou para ele quando seus olhares se encontraram, em nada aqueles olhos
transmitiam a serenidade que sentira quando os olhou mais cedo. Simplesmente não parecia
ele.
Quando viu que Jenna continuava a observá-lo, deixou a pista de dança indo em sua
direção e sem dizer uma palavra a prensou contra a parede e assaltou os lábios dela com um
beijo voraz.
"Claramente está alterado", pensou retribuindo o beijo com aversão.
Ele subiu suas mãos bem devagar pelas coxas dela, o toque dele naquele estado, era
completamente diferente da forma como a tocou mais cedo. Ele estava diferente.
Toda a repulsa e ódio por ele a inundou.
— Estava esperando a mais gostosa a noite toda! — disse ele, enquanto beijava abaixo
do lóbulo da orelha e apertava a bunda de Jenna.
Com um riso incrédulo pelo ato dele, ela o olhou nos olhos e respondeu:
— A noite mal começou.
Capítulo 5
Os olhos dele brilharam com luxúria, ao som provocador da voz de Jenna.
— Certo, quer saber? Sei como deixar essa noite ainda melhor! — Ele deu uma rápida
mordida no lábio inferior dela e indicou para ela subir as escadas. Acatando ao pedido dele, ela
subiu.
Cambaleando levemente, ele foi atrás.
Ela sabia onde as escadarias dariam, além de uma boate no térreo, o segundo andar
continha suítes luxuosas.
Ela o esperou no início do corredor para lhe indicar onde deveria entrar.
— Bem aqui, boneca. — Ele deu um tapa na bunda dela e a apertou, enquanto se
aproximava de uma porta à direita.
O sorriso no rosto de Jenna era de nojo, mas ele pouco notou. As doses que ele já
deveria ter ingerido a partir do momento em que chegou, levou todo o pudor que tinha por
água abaixo.
Ele nem mesmo esperou fechar a porta para tentar se deliciar do corpo de Jenna. Diante
da porta aberta, puxou-a pela mão e novamente para seus braços.
Mas, não era ele o responsável a ditar as regras ali, não hoje.
Os dedos dela tamborilaram pelo peitoral escondido por baixo da blusa social,
mordendo os próprios lábios e lentamente foi andando para trás...
— Calminha! — Ela falou trancando a porta e dirigindo-se ao pequeno bar da suíte,
serviu-se de uma taça de uísque, deixando sua pequena bolsa ali. — Pra que a pressa, se
teremos esta noite só para nós?
Jen sentou-se no sofá, batendo no lugar vago ao lado para que ele se juntasse a ela e
assim ele o fez.
— Assim é bem melhor...
Ela deixou o copo no criado mudo perto do sofá e sentou no colo dele.
Sua vontade era de estrangulá-lo. Beijando seu pescoço, ela se movimentava num vai e
vem bem devagar, sentindo sua ereção por entre os panos que os separavam. Segurando para
que toda a repulsa não viesse à tona, continuou.
Uma das mãos dele subiu de suas coxas para os seios, apalpando-os. Dava para ver em
seus olhos o quanto ele queria levá-los à boca.
Seu vestido fora escolhido estrategicamente para este momento. Uma de suas armas era
seu próprio corpo.
Ela desceu seu vestido com facilidade até a cintura, dando a ele uma bela visão de seus
seios perfeitamente arredondados e empinados.
— Cacete! — Abocanhou bruscamente um dos seios de Jenna fazendo-a arfar com sua
ação imediata, buscando o bico do outro com a mão, começou a apertá-lo de leve. —
Deliciosa. — Ele parou apenas uns segundos para beber num só gole a bebida que ela deixou à
sua disposição.
“Falta a garrafa” pensou.
— Hey, minha bebida! — disse fingindo falsa raiva.
Vendo que o líquido acabara, Jen deslizou do colo dele, arrumando o vestido e indo
novamente ao bar, pegou a garrafa.
— Está me devendo, me sirva. — Ouvindo isso, ele somente sorriu.
— Como quiser majestade. — Ele fez uma mensura para ela, pegou a garrafa e encheu o
copo.
“Perfeito”.
Satisfeita, retornou para o bar com a garrafa e o copo nas mãos. Dessa vez, misturou a
substância na bebida.
— Que tal uma brincadeira? — disse parando de frente para ele com uma das pernas
erguidas no sofá.
Ele subiu a mão desde o pé de Jenna até parar em sua coxa.
— Você é quem manda docinho. — Ergueu os braços em sinal de rendição.
— Ótimo. — Jenna entregou o copo para ele e seguiu em direção à banheira de
hidromassagem. — Te quero aqui dentro, enquanto dançarei especialmente para você.
Quando ela se virou, ele já estava apenas de cueca boxer. Ele ingeriu todo o líquido do
copo nem ao menos notando a diferença no gosto.
— Será um prazer! — disse passando por Jenna, colocando o copo na beira da banheira
e se sentando nela de forma que apenas seus braços e rosto ficassem para fora d'água.
“Música” pensou indo pegar o controle para ele usar.
Jenna não dançava há muito tempo, mas era preciso, então entregou para ele o controle.
— Escolha! — E assim ele fez. Logo, o som de Partition da Beyoncé invadiu o quarto.
Ela se posicionou, jogando os cabelos para o lado, rebolando sensualmente até o chão.
Enquanto subia, mordiscava os próprios lábios, vendo a inquietude do homem na banheira.
Ela virou-se, suas costas descobertas pelo decote. Olhando nos olhos dele, desceu um
pouco as alças, o movimento de seu rebolado facilitava tirar o vestido. Os olhos dele se
desprenderam dos dela para apreciar a visão parcial de suas nádegas.
— Vou arrancar sua calcinha com a boca! — falou louco de desejo.
— Shhh. — Pôs o dedo na frente de seus lábios para sinalizar ao homem que queria
silêncio, e riu ao virar de costas outra vez.
Já livre de sua roupa, dançava de maneira ainda mais provocativa. O som da tosse dele
abafada pela música.
E, ao fim da mesma, completo silêncio.
Jenna pôs seu vestido sem olhar para trás. Pegou sua bolsa em cima da bancada do bar e
andou para a beira da banheira.
Ele afundara.
— Isso é pela dor que me causou. — A voz carregada de rancor. — Divirta-se no
inferno.
Com passos largos chegou à porta, abriu e deixou-a entreaberta.
"Ele não tocou na maçaneta pelo lado de dentro" — pensou.
Do lado de fora, escutou a música alta vindo do térreo. Com pressa desceu o lance de
escadas e observando se alguém a olhava, imaginou ver Richard conversando com um casal.
Meneou a cabeça, afastando o pensamento e saiu rapidamente da casa noturna.
Jenna andou alguns quarteirões antes de parar um táxi. Sentia-se imunda ao relembrar
dele tocando-a. Suas mãos não a tocaram como mais cedo. E aquele olhar sereno, ali, estava
num misto de ego, luxúria e embriaguez.
"A bebida o transformava" — pensou ela.
Quando chegou em frente ao apartamento, pagou o taxista e seguiu para seu quarto.
Entrou batendo a porta, jogou a bolsa no sofá, se despindo ali mesmo correndo para o
banheiro. Pôs para fora o que comeu mais cedo, tamanho era o nojo que sentia ao pensar no
que se permitiu passar naquela noite, porém, fora o preço pago para vingar sua irmã.
Após um longo banho, ligou a TV para assistir qualquer coisa, tirou seu celular da mala
e ativou o alarme para acordá-la pela manhã. Ali mesmo ela dormiu. Como não dormia há
anos.
Capítulo 6
Às seis horas da manhã, Jenna já havia chegado ao aeroporto e terminava de fazer o
check-in.
No avião, se permitiu pensar sobre tudo o que fez. Ela começava a se arrepender de
certa forma e se amaldiçoava mentalmente por isso.
Na tarde de ontem ela pôde sentir algo de bom que a vida podia proporcionar a ela,
graças a Richard. Naqueles poucos momentos que passaram juntos, Jenna pensou em deixar
toda a raiva que a consumia ficar para trás. Ele fora tão cavalheiro com ela e mesmo tendo
acabado de se conhecerem a tratou com carinho, porém, a mudança de postura dele quando a
encontrou na inauguração transpassava uma pessoa completamente diferente da qual conheceu
mais cedo e isso era uma incógnita para ela. As atitudes dele à noite a fizeram sim, matá-lo.
Era aquele lado dele que viu na noite do seu aniversário.
“Era bipolar, só pode!” Pensou.
Cansada de tentar achar um argumento plausível para a mudança de humor e postura de
sua vítima, Jen dormiu.
Ela estava em paz por vingar a morte de sua irmã, mas por que se sentia péssima por ter
feito mal a Richard?

Chegando a seu apartamento, Jen se jogou no sofá, tirou seu All Star e ligou a TV.
Tinha muitos episódios para assistir no Netflix.
Levantou-se para guardar a mala e os sapatos no quarto, tomou um banho rápido e fez
pipoca. Nem sentiu as horas passarem.
O número da pizzaria já estava na tela, discou e pediu uma pequena com sabor de
calabresa com muito queijo e enquanto não chegava foi desfazer as malas. Pôs suas roupas
para lavar, inclusive o vestido, ela iria doar ele, os sapatos e a bolsa para a caridade.
Não queria nada que a lembrasse do que fez.
Quando já havia colocado as roupas na máquina e lavado a pouca louça que sujou, a
campainha tocou, a pizza chegara. Rapidamente pagou e fechou a porta agradecendo. Colocou-
a em cima da mesa de centro, pegou o cortador e voltou para a sala.
Sentou-se novamente no sofá para assistir “17 Again”. Ela amava este filme.
Enquanto mastigava um pedaço, o celular tocou, ela o pegou da mesinha de centro e
atendeu. Era Ryan.
— Alô, Jen?
— Ry, que saudades! — falou de boca cheia.
— Quanta empolgação hein, pelo visto não precisa de mim... — disse fazendo drama.
— O que você está comendo?
— Adivinha? E nem vem, preciso de você sim. Quando vai voltar?
— Então, se te conheço bem... — os dois disseram em uníssono. — Você está comendo
pizza de calabresa com queijo extra, de novo. — Eles riram.
— Exatamente! — Confirmou Jenna ainda rindo.
— Bom, sobre quando volto... é por isso que te liguei.
— Fala logo!
— Devo chegar amanhã à tarde. — Concluiu.
— Ufa! — Jen soltou o ar que nem percebeu prender. — Não aguentaria mais um dia
longe de você.
— Senhorita Jenna Memphis, se declarando para mim? Está doente é? — falou sem
conter o riso.
— Ha ha! Claro que não, apenas sinto sua falta.
— Eu sei, também sinto a sua e é por isso que estarei de volta amanhã. Ok?
— Ok! — ela falou já com lágrimas nos olhos. — Se cuida! Beijos.
— Beijos. — Ele desligou.
Ela pôs o celular de lado e retornou a atenção para o filme. Por um momento desejou ter
dezessete anos como o personagem... sua irmã ainda estaria viva mas logo afastou esse
pensamento.
Não iria mais se deixar abater. Uma nova Jenna nasceu na manhã do dia anterior. Graças
a ele. De certa forma, estava grata por Richard estar na praia. Ela pôde ver o lado humano dele,
e esse lado a renovou, havia esquecido que ela mesma também tinha este lado dentro dela.
Quando o filme acabou, só restavam dois pedaços de pizza na caixa. Nem percebeu o
quanto havia comido.
Já estava tarde, ela guardou os pedaços na geladeira, deixou o cortador de pizza na pia,
fez sua higiene e foi para o quarto.
Deitada em sua cama, seus pensamentos voltaram em sua adolescência, quando ainda no
primeiro ano do ensino médio, Ryan chegou transferido na escola. Viraram amigos assim que
ele se sentou na cadeira vaga ao seu lado, e não se desgrudaram desde então.
O amor que tinham um pelo outro era tão puro e lindo quanto... Quanto os olhos azuis
de Richard.
— AAAH! — Jenna sufocou o pequeno grito com um travesseiro. — Chega de
atormentar meus pensamentos — bufou.
Ela se levantou e foi ao banheiro lavar o rosto, olhou-se no espelho e voltou para a
cama. Dessa vez, dormiu e sonhou.

...Ali tão de perto, ele não parecia aquele homem que olhava de maneira obsessiva para
sua irmã. Seus olhos azuis transmitiam paz...
Um sorriso surgiu em seu rosto, fazendo o meu corar. Percebendo isso, suas mãos
tocaram o meu e ondas de calor espalharam-se pelo meu corpo, ele sentira o leve tremor.
— Vai ficar tudo bem! — Ele dizia calmamente.
— Como sabe?
— Você me encontrou e está aqui agora. — Delicadamente seus dedos deslizaram do
meu rosto à nuca.
Envolvendo-me num abraço carinhoso, ele se afastou apenas o suficiente para nos
olharmos, seus lábios aproximando-se dos meus..
Capítulo 7
Bem no momento em que seus lábios se uniriam aos dele no sonho de Jenna, ela
acordou num sobressalto.
— Eu quase... — disse num baixo sussurro, a voz ofegante. Passou os dedos nos lábios,
aquele sonho foi tão real.
Ela olhou para a janela, raios de sol começavam a entrar pelas frestas das cortinas, olhou
para o relógio no criado mudo. Já eram oito e quinze da manhã.
Levantou-se para fazer sua higiene matinal, restava uma hora para descansar, mas
perdera o sono por conta do sonho. Preparou seu café da manhã e bebericando o líquido
fumegante da xícara, foi abrir as cortinas e janelas. O dia estava ótimo para sair e era
exatamente o que ela faria. Não se isolaria mais.
Após terminar de se alimentar, Jen tomou banho e recolheu as roupas que lavou na noite
anterior, o traje usado na boate colocou numa sacola. Em seguida, pegou-se indo em direção à
porta.
Desceu do terceiro andar ao térreo e seguiu para a garagem, lá entrou em seu carro,
deixando a sacola no banco do carona e acelerou rumo à loja de caridade.
Lá qualquer pessoa pode doar roupas, calçados e acessórios. Eles separam tudo e são
destinadas para orfanatos, asilos, sem tetos, dentre outros locais.
A mulher surpreendeu-se ao ver o que Jenna doara. Era raro haver pessoas doando
roupas como aquela, ainda mais com os acessórios inclusos, mas Jen não se importou, eles
poderiam vender para arrecadar dinheiro.
De lá, foi reabastecer seu Chevrolet, pediu ao frentista para calibrar os pneus e enquanto
isso foi na loja de conveniências comprar sorvete de flocos com calda.
Se Ryan visse a quantidade de calda no sorvete dela, com certeza uma cadeira voaria.
Ele costuma dizer que a calda tira o sabor do sorvete e para provocá-lo, ela colocava o dobro.
Seguiu diretamente para o aeroporto, ficou de buscar Ryan quando ele chegasse.
Esperou-o durante uma hora, dentro do seu carro. A rádio ligada, uma cruzada completa e um
sudoku parcialmente acabado. O viu sair pela entrada principal e desceu do carro.
Ele parou ao lado da entrada e olhou para os lados tentando encontrar Jenna, ela acenou
e Ryan foi até ela.
— Ok, eu passo alguns dias com a minha família e quando retorno você está loira? —
disse se aproximando a passos largos.
Ele a abraçou forte, seu rosto afundado no pescoço de Jen, ela balançando os pés no ar e
rindo.
— Senti sua falta, mas, já pode me colocar no chão! — falou rindo e Ryan a desceu. —
Gostou? Eu mesma pintei, mas depois fui ao salão para cortar, hidratar e dar uma melhorada na
cor.
— Claro que gostei. Está lindo! — Ryan sorria alegremente.
Há quanto tempo ele não a via tão bem consigo mesma, ele nem lembrava ao certo. Só
estava feliz em vê-la sendo ela, após todos esses anos.
— É, até eu gostei! — respondeu divertida, dando a volta no carro. — Entra aí.
Jenna acelerou para o apartamento de Ryan e chegando lá quase bateu no mesmo por ser
tão descuidado.
— Misericórdia, Ryan! Olha que bagunça! — Ela falou saindo de trás dele. — Isso aqui
nem faxina resolve, precisa ligar para a dedetização! — Continuou fingindo falso espanto.
— Tão dramática! — Ele revirou os olhos colocando as chaves no quadrinho da parede.
— A casa está de fato bagunçada, só que dedetização foi apelação sua. — Concluiu.
Jenna foi até a cozinha e voltou comendo um pacote de Óreo.
— Sei, sei. Isso se chama falta de namorada. Você precisa casar!
— Está falando como minha mãe! — gritou ele já do quarto.
— É, tem razão.
Ele passou por ela indo ao banheiro. Eles almoçariam na churrascaria hoje.
A verdade era que Ryan nunca foi de se interessar por nenhuma garota, a única pela qual
se viu apaixonado foi Ellen. Naquela noite ele falaria de seus sentimentos por ela, mas era
tarde demais. Após o ocorrido, ele sofreu tanto por ter perdido quem amava, quanto por ver
sua melhor amiga naquele estado. Nunca mais se permitiu amar outra pessoa, ele não queria
sofrer por amor novamente.
De mulher na vida dele bastava sua irmã, a mãe, Jenna e sua sobrinha. E ele estava mais
que satisfeito com isso.

O almoço estava delicioso, as carnes eram preparadas na brasa. Todo o ambiente


continha aquele ar levemente abafado com aroma de carne. A mesa deles era perto da entrada
de frente para as janelas.
Estava sendo um maravilhoso dia.
A conversa com Ryan fluía perfeitamente bem, como sempre fora. Falavam da família
dele, a mudança repentina de Jenna e outras coisas enquanto almoçavam, mas ela ainda omitia
o que fizera.
Pela vidraça transparente do restaurante, Jenna viu duas mulheres não muito mais altas
que ela, entrar pelas portas.
Uma mexia no celular enquanto falava:
— Não acredito que não tenha visto, está em todos os sites que ele morreu drogado e
submerso na banheira! — Ela virou o celular para a morena a seu lado. — Olhe.
Neste momento o riso de Jenna deu lugar à tosse, ela ouvira o que as duas disseram ao
adentrar e se engasgou.
Ryan num sobressalto a ajudou.
— Está se sentindo bem? — Ele perguntara.
— Vamos para casa, não estou... de repente precise só sair daqui.
E assim, foram embora.
Ryan trouxe um copo d'água para Jenna, que estava deitada em seu sofá, ela sabia de
quem as garotas falavam.
Ele ligou a televisão para que ela se distraísse e sentou na mesinha de frente para ela.
— O que houve?
— Nada, apenas preciso ficar aqui – respondeu abalada.
— Ok. Já volto.
Ryan estava preparando um café forte para Jenna, quando ouviu o noticiário e voltou
para a sala.

— “Ontem o corpo de Christopher Bernard Michael foi encontrado em uma das


suítes da casa noturna de seu irmão gêmeo, Richard. A mesma foi inaugurada há dois
dias. Segundo a perícia, ele tinha altos níveis de drogas em seu organismo, fazendo-o
perder o controle do próprio corpo, o impossibilitando de sair da banheira quando
começou a se afogar. O corpo foi encontrado por uma das faxineiras do local...”

Ryan pôs no mudo.


O rosto do homem estava na parte superior do canto esquerdo, se dando conta de quem
era Ryan virou-se incrédulo para Jenna. A imagem do retrato falado surgindo em suas
lembranças...
— Foi você! Você o matou. Foi por isso que passou mal ao escutar as meninas que
passaram por nós! Eu também ouvi sobre o que falavam. Admita Jenna! — Ele não escondeu a
raiva, o controle da TV já espatifado no chão.
Já não havia cor alguma no rosto de Jenna que olhava com espanto ele andar de um lado
para o outro com suas mãos mexendo nos cabelos.
— Eu ia contar a você. — Ela já chorava.
— Ah, é? Quando Jenna? Você me prometeu que esqueceria sua vingança e o que você
faz?! Espera eu ir passar uns dias na droga da casa da minha mãe a assassina o cara!
— Eu não ficaria em paz... — disse aos soluços abraçando com força os próprios
joelhos. – Não ficaria.
Ryan parou de andar e olhou para Jenna, soltando todo o ar pela boca tentando recobrar
a calma.
— Quer saber, já foi. Aconteceu. Só que você poderia ter me avisado. E se acontecesse
algo a você? E se descobrissem que você o matou? — Ele se sentou novamente, as mãos ainda
nos cabelos. — Fala sério! Eu não sei mais o que pensar Jenna...
— Não queria estragar sua visita, eu realmente pensei que conseguiria deixar tudo para
trás, mas... fiquei sabendo sobre a tal boate e a foto de Richard apareceu e então... foi tudo tão
rápido! Me perdoe Ryan, sei que deveria ter contado a você.
Os olhares deles se encontraram e ela não sabia mais o que dizer.
“Eu não havia tirado a vida de Richard afinal”.
Sim, aquilo fazia todo sentido agora. Ela realmente o viu quando estava indo embora
naquela noite, não era apenas uma visão causada pelo nervosismo.
— Céus, ele tinha um irmão gêmeo! Ryan, eu não o matei! — Ela ria
descontroladamente alegre deixando Ryan ainda mais confuso.
— O que está dizendo? Claro que o matou. — Ele não entendeu.
— Sim, matei o certo. Eu sabia que Richard era bom! — Ela se jogou no chão de
joelhos e com as duas mãos segurou o rosto de Ryan. Ela ria. — Ele está bem!
— Eu não entendo o que quer dizer, Jen.
Então ela contou tudo. Desde o momento em que viu a notícia da inauguração na
internet até o momento em que foi buscá-lo no aeroporto, consumindo boa parte do dia dos
dois.
— Você não pode voltar a vê-lo, Jen. Seria arriscado. — Jenna e ele estavam sentados
no chão e recostados no sofá, ele a envolvendo num abraço.
— Eu sei, nem teria coragem, ele deve estar sofrendo como eu sofri com a perda da
Ellen agora e eu causei isso a ele.
— Ah Jen, que ironia você se interessar logo pelo irmão da sua vítima.
— É eu sei. Só que ninguém fez eu me sentir desse jeito sabe...
— Vai ficar tudo bem, você é forte e será mais feliz do que já foi um dia. — Ele sorriu
para a amiga mesmo estando com o coração apertado por conta de toda a situação.

Nove dias depois...

Jenna estava correndo em volta do quarteirão, quando os fones em seus ouvidos


indicaram uma nova mensagem em seu celular.
Ela parou e viu quem enviara. O número não estava salvo em sua agenda, mas ela tinha
impressão de tê-lo visto antes. Abriu a mensagem.

“Olá, ainda lembra-se de mim? Não a encontrei na noite da inauguração, esperava


vê-la. Bom, não entrei em contato antes, pois muitas coisas aconteceram nesses dias. Acho
que você deve ter ficado a par de tudo de alguma maneira. Espero que esteja bem, mande
notícias, estarei esperando. Até mais”.
Richard.

Jenna segurou o ímpeto de respondê-lo, queria dizer que pensava nele todos os dias, mas
não o fez.
Ela apagou a mensagem e voltou a correr.
Quando se viu passando por uma loja com artigos eletrônicos, parou. Ao sair de lá,
quebrou seu antigo chip e jogou na lixeira mais próxima.
Para o bem dos dois, tinha que sumir da vida dele.
Não poderia se dar ao luxo de se apaixonar por Richard, mas no fundo ela sabia que era
tarde demais.
Capítulo 8
Ellen Memphis

"Não queria esse futuro para mim. E não me arrependo de ter dado um basta em nossa
relação". Ellen pensava deitada em sua cama. Refletindo sobre Christopher chamá-la de
injusta por terminar com ele, enquanto fitava o ventilador de teto.
Ela foi para a Califórnia assim que ganhou o emprego na clínica especializada que
sonhara por anos, enquanto estudava Medicina, mesmo que fosse para trabalhar como
enfermeira.
Foi após sete meses trabalhando lá que sua vida começou a mudar.
Numa manhã relativamente calma, uma mulher, Anna G. Michael, foi internada lá, após
chegar gritando totalmente desestabilizada e assustada acompanhada do marido que estava em
prantos por ver a mulher naquele estado. Dona Sylvia, chefe das enfermeiras chamou Ellen e
sua amiga Caroline com urgência para auxiliar os médicos a sedarem a paciente e designou-a
para ser a enfermeira principal de Anna. Na mesma tarde Ellen conheceu os filhos e o marido
que precisou ser medicado, pois continuava muito abalado com a situação da esposa.
Ela ficou internada aproximadamente cinco meses fazendo tratamento para a circulação
no sangue além de retardar o Alzheimer. Durante esse tempo ela se apegou muito a Ellen e
tinha dificuldades para lembrar-se qual filho era o Richard e qual era Christopher nos
momentos de lucidez já que eram idênticos, mas não se esquecia de Ellen.
No decorrer desse tempo, ela observava as diferenças entre os irmãos. Mesmo sendo
gêmeos e exatamente iguais, possuíam personalidades completamente diferentes.
Richard, sempre com um sorriso no rosto, apesar dos problemas de saúde da mãe, não
perdia a calma e se mostrava otimista, o que ajudava o pai. Já Christopher, era o oposto, não
sabia disfarçar os sentimentos, era agitado e parecia não ter um pingo da timidez que o irmão
tinha.
Todas as vezes que Ellen encontrava Christopher, ele a cortejava, porém, ela não
gostava de misturar trabalho e vida pessoal, mas isso não o abalava e para conquistá-la passou
a levar flores e outros presentes para ela no fim dos expedientes dela.
Certa tarde, a contragosto aceitou que ele a levasse num restaurante onde ele e seu irmão
encontrariam um grupo de amigos. Foi lá que se iniciou a grande amizade entre Richard e
Ellen, e também o primeiro beijo dela com Chris. A princípio não passara disso, um beijo,
porém, passou a gostar cada vez mais dele. Ellen tentou lutar contra o que começara a sentir
por Christopher, mas apaixonou-se e por fim, aceitou o pedido de namoro.
O contrato de Ellen para trabalhar na clínica era de apenas um ano e pelo seu bom
desempenho, iriam estender o contrato durante mais um ano, podendo subir de cargo quando
terminasse sua especialização, porém, optou por recusar. Apesar de este ser seu grande sonho,
a senhora Michael estava para ter alta, mas ainda precisaria de uma enfermeira.
Seu marido suplicou para que Ellen trabalhasse na casa deles dando todo o auxílio que
Anna necessitasse e pelo afeto que tinha para com aquela mulher, aceitou. O trabalho na casa
do senhor Michael ia bem, mas foi durante este período que começou a ver que Christopher
não era o bom moço que dizia ser.
A cada dia ele se tornava mais hostil, gostava de festas assim como ela e numa dessas
festas conheceu pessoas estranhas e com isso passou a frequentar baladas das quais não eram
do feitio de Ellen, havia muita confusão, o que fez com que saísse cada vez menos com o
namorado para esses lugares.
Ela sofria ao ver o que ele estava se tornando, assim como o irmão. Richard tentou
intervir diversas vezes, mas o irmão era irredutível e passou a ter ciúmes da amizade que havia
entre os dois. Passou a ter ciúmes até das roupas de Ellen, mesmo sendo comportadas.
Ela queria ir embora, voltar para o apartamento que dividia com a irmã em Nova York,
desejava se afastar de Christopher que a cada dia se mostrava mais e mais agressivo, mas
trabalhava na casa dele e precisava pagar sua especialização em Cardiologia.
Certa manhã, Dona Anna acordou adoecida, internaram-na e foi dado que tivera
princípio de AVC. Não sabendo lidar com o que acontecia com a mãe, Chris que se tornara um
alcoólatra, drogou-se numa das noites em que saiu e logo ficou dependente não só do álcool
como das drogas.
Ellen e Richard descobriram tudo quando o seguiram certa noite, cansados de ficarem às
escuras com o que se passava realmente. Desolados com a cena que viram, retornaram para
casa e acharam por bem não contar ao pai deles, que já estava esgotado por conta do estado de
saúde no qual se encontrava a mulher.
Infelizmente, após quinze dias de internação, Anna veio a falecer, o que trouxe ainda
mais sofrimento a eles. O pai fragilizado, precisou ainda mais do apoio dos filhos, porém,
somente Richard cuidou dele, o irmão decidiu morar sozinho, para não dar mais satisfações de
seus sumiços durante o dia e o relacionamento entre ele e Ellen não durou mais que três dias
após a morte da mãe.
Ele não aceitava o término e às vezes a seguia para tentar convencê-la a voltar, mas
Ellen estava irredutível quanto à sua decisão. Às vezes o via ao longe a observando, mas nunca
fora, além disso.

Passaram-se dois meses e meio que havia terminado, ela não o via mais atrás dela, mas
visitava o pai dele de tempos em tempos e estreitara ainda mais a amizade com Richard que
não media esforços para ajudá-la e até mesmo conseguiu o antigo emprego de enfermeira para
ela no hospital em que trabalhava de volta. Ela se sentia muito grata a ele e também muito
feliz, pois sua irmã e mais um grande amigo delas foram para a Califórnia visitá-la, eles
almoçaram juntos num lugar onde Ellen adorava e iria encontrá-los novamente mais tarde na
praia para um luau. Iriam comemorar o aniversário de Jenna.
O que ela não sabia era que Christopher os seguiu quando foram no restaurante mais
cedo e o amor que já havia virado obsessão, gritou dentro dele ao reparar na forma com que
Ryan olhava para Ellen.

Lá estavam os três, perto da mesa de bebidas disposta na praia, conversando


animadamente.
A noite estava deliciosamente agradável.
— Ah, gente! Venham dançar! — Ellen girou em torno de si, sorrindo com a taça de
batida de frutas sem álcool estendida.
Após ela se afastar deles dançando, Jenna falou:
— Não pode esconder o que sente pela minha irmã, Ryan. — Ela o fitou. — Vá lá e diga
que a ama.
— E se ela disser que não? — Ele fitou a areia aos seus pés.
— Só vai saber se disser.
E foi naquele momento que Jenna observou o homem ao longe, os olhos desejando sua
irmã, que ao vê-lo, foi até ele e se dirigiram para trás das pedras enormes que ficavam na praia.
— É Ryan, falei que era pra ter dito antes... — ela o puxou. — Vem, agora vai ter que
ficar e dançar comigo.
Jenna não se importou muito com a irmã, ela costumava sumir nas festas.
Do outro lado da pedra eles discutiam:
— Me seguindo de novo? — Ellen apontava o dedo para o peitoral de Christopher.
— Claro que não, nem sabia que estaria aqui, mas foi muito bom poder te encontrar —
mentiu sorrindo descaradamente.
— E agora que me encontrou, já vou — disse ela se virando, mas ele segurou o pulso
dela.
— Fique, quero apenas conversar um pouco.
O lado racional de Ellen a mandava se afastar, mas o lado que gostava tanto de como ele
era venceu e aceitou conversar. Era tudo o que ele queria e quando ela deixou seu copo na mão
dele para se sentar em cima da pedra que ela tanto gostava, aconteceu.
Ele colocou uma dose letal de drogas na bebida de Ellen.
Ela estranhou o gosto, mas nada disse e ele, como um bom mentiroso a enganou com
sua falsa tristeza pela perda da mãe e pelas coisas das quais "não" se agradava de ter feito.
Ela, já deitada na pedra apenas ouvindo o que ele tinha a lhe dizer, tossia cada vez mais,
até que convulsionou e caiu de cima da mesma enquanto ele apenas a observou.
A mente estava totalmente turbada e incapaz de sentir remorso pelo que estava fazendo,
começou a se afastar indo para o lado oposto da festa, Ellen, naquela noite se foi para nunca
mais volta.
Capítulo 9
Richard Michael
Dois anos depois...
— Ah, como aprontávamos! — Ele ria descaradamente mesmo com as lágrimas
escorrendo pelo seu rosto. — Mamãe ficava com os cabelos para o alto, lembro-me de que ela
sempre cuidava da gente quando ficávamos doentes, ou quando chegávamos ralados em casa
cheios de areia, sujando a casa. — Ele secou mais uma das lágrimas. — Cuidou de nós da
mesma maneira que cuidamos dela quando descobrimos que seus comportamentos estranhos
foram causados pelo Alzheimer e as dores pela má circulação do sangue, nossa salvação foi a
clínica em que ela ficou durante o tratamento, foram atenciosos conosco... — ele olhou para o
céu. — E foi lá que conhecemos a Ellen, a enfermeira e amiga mais animada que conheci. —
Sorriu. — Acho que ela foi a única namorada que você teve, que valia a pena. Cuidou tão bem
de nossa mãe quando adentrou o local necessitando de socorro. Papai ficou tão abalado com
tudo aquilo! E você também né, meu irmão? — Balançou a cabeça negativamente, olhando
para longe. — Queria ter feito mais por você, quem sabe assim estaria aqui hoje comigo, talvez
papai também estaria vivo. Acho que ele não suportou perder você também.
Houve um longo suspiro.
— Sabe, eu ainda deixo uma rosa naquelas pedras na praia que ela tanto gostava de
ficar, é tão triste lembrar que ela se foi tão de repente, após a mamãe... e mais triste ainda por
ter falecido lá.
Ele secou mais lágrimas, se reposicionando na grama, de frente à lápide do irmão.
— Eu estou sozinho, Chris, sozinho... você está com nossos pais agora e eu fiquei aqui.
Perdi minha família e a única amiga que tinha. Talvez se eu não fosse tão tímido quanto você
se queixava que eu sempre fui, teria feito mais amizades verdadeiras como a que construí com
a Ellen. Quem sabe, eu não estaria hoje com aquela garota que ajudei na praia uns dois anos
atrás, eu falei dela para você assim que se foi... Jenna. Mesmo não tendo passado muito tempo
com ela, foi bom. – Suspirou. — O problema é que não a tiro da cabeça, vez ou outra, quando
começava a sair com alguma mulher, ficava imaginando o que ela faria, ou me odiando por
sentir os perfumes delas e desejando que fosse o de Jenna. — Ele passou as mãos pelos cabelos
loiros. — É irmão... agora entendo a sua fascinação pela Ellen, pois me sinto do mesmo jeito.
— Deu um meio sorriso e uns tapinhas de leve na lápide. — Só espero que todos vocês
estejam bem aonde quer que estejam.
Ele se levantou, ficando de frente para as três lápides e pôs uma rosa vermelha em cada.
— Papai, espero que esteja se orgulhando da maneira como tenho cuidado de tudo,
prometo que não falharei. — Ele pôs a mão na lápide de seu pai. — Ficarei por um tempo em
Nova York, já não tenho mais o que perder e decidi procurar a única pessoa que proporcionou
paz para meu coração, mas antes, irei levar uma flor para Ellen também.
Novamente secou as insistentes lágrimas que teimavam em rolar por seu rosto e seguiu
em direção à saída do cemitério, iria à praia.

Após despedir-se de todos, passou rapidamente em casa para buscar suas malas e a
passagem que já havia comprado seguindo assim para o aeroporto.
Entregando sua passagem para a mulher que estava em pé a sua esquerda, prometeu a si
mesmo que encontraria Jenna.
Epílogo
Muita coisa estava mudando.
Sentada em sua toalha xadrez de piquenique, olhava à sua volta. O Central Parque trazia
consigo uma diversidade de pessoas naquela tarde.
Cães de várias raças e tamanhos corriam atrás de seus respectivos gravetos e discos. Os
pelos esvoaçando com a brisa leve que percorria entre todos, até chegar a Jenna e arrepiar seu
corpo. Os idosos estavam sentados em bancos, lendo jornais, outros se alongando, usando
roupas de ginástica... e ela apenas agradecia todos os dias por não ter sido descoberta, porém,
jamais se arrependeu do que fizera ao irmão de Richard.
Sim, ela estava em paz consigo mesma. Apenas desejava ter uma pessoa para si,
encontrar alguém como Ryan fizera um ano atrás. Ela ficou feliz por ele, Alina era uma pessoa
maravilhosa em todos os sentidos que essa palavra possa ter. Ele estava com ela agora. De
longe, Jenna podia vê-los dando uma volta no parque com Jade, irmã de Ryan enquanto riam
de sua pequena sobrinha, que tentava correr atrás de seu cãozinho.
Ela sorriu.
Fechou os olhos e imaginou aquele sorriso lindo à sua frente, gostaria de ser envolta por
aqueles braços fortes e sentir a maciez dos lábios dele tocar sua pele outra vez. Mas era pedir
demais, prometeu que não o procuraria.
Será que ele havia retornado a Nova York após a morte de seu irmão? Ela não saberia.
Será que ele pensava nela, como ela está pensando nele, nesse exato momento? Será que ele se
apaixonou por ela quando se conheceram, assim como ela? Eram tantas as perguntas que
rondavam os pensamentos dela...
Quando se dava conta já estava pesquisando sobre ele, ou vendo suas fotos pela internet.
Através das pesquisas, soube que após quase um ano, desde a morte de seu irmão, o pai
também falecera de causas naturais. Com isso, vendeu sua boate para um dos sócios,
assumindo a rede de postos, herança de família.
Jenna olhava cada rosto que estava em sua linha de alcance. Como ela queria que um
daqueles pares de olhos contivesse o azul sereno dos olhos dele.
O moço do sorvete estava passando e logo se levantou para comprar um. Seus longos
cabelos, agora já alcançando o short que usava, balançavam levemente enquanto esperava o
menino à sua frente ser atendido.
— Boa tarde! O que deseja? — o sorveteiro pergunta ao chegar à sua vez.
— Olá, gostaria de um sorvete de baunilha com calda de amora, por favor. — Ela
observava a calma com que ele preparava seu o pedido. — Obrigada!
— Disponha — respondeu-a quando ela lhe pagou e Jen seguiu para seu lugar.
Já sentada, provou seu sorvete. As flores desabrochadas na árvore continham a mesma
cor da calda.
As folhas e flores acima dançavam sinuosamente como um véu e ela se imaginou num
balanço, olhando-as, enquanto ia para trás e para frente, adorava brincar assim na sua infância.
Ela e Ellen disputando quem ia mais alto, ouvindo a mãe advertir-lhes que cairiam se
continuassem.
Terminara de tomar o sorvete e alcançou a cesta de piquenique ainda sentada para jogar
o copo dentro, foi quando teve a impressão de que alguém lhe chamava e olhou para frente,
não percebendo que na verdade a voz vinha de trás.
— Jenna, é você? — ouvindo claramente aquela voz e compreendendo de quem era,
virou-se de olhos arregalados.
— Richard? — Ela olhava-o incrédula, toda a cor se esvaindo de seu rosto.
— Oh, então finalmente a encontrei! — Ela se recompôs e levantou — Como está?
— Be - bem e você? — A voz totalmente esganiçada por conta do nervosismo que a
tomou. — O que faz aqui? — falou se repreendendo por ter soado rude. — Quer dizer... como
assim, finalmente me encontrou?
Um sorriso surgiu nos lábios dele.
— Acredite em mim, estou bem melhor agora estando aqui. — Ele estendeu sua mão e
trouxe Jenna para um abraço saudoso, depositando um beijo em sua testa. — Senti falta desse
lugar.
Ela se afastou para olhá-lo e sorriu.
— Esse é um belo lugar. Sente aqui comigo — falou, torcendo para que ele ficasse e foi
o que fez. Acomodou-se ao lado de Jenna e olhou à sua volta.
— Sabe, esta árvore costuma ser meu lugar preferido. Todas as vezes que venho para cá,
reservo um tempo para ficar aqui.
— Temos algo em comum então! — disse, divertida. Ainda não acreditava que era ele
em sua frente.
— Sim. — Ele olhou para ela e fitou a toalha xadrez. — Tentei contatar você, mas não
obtive resposta. Perdeu seu número?
— Ah, sim! Acabei trocando e não tinha seu número salvo — respondeu sem jeito. —
Era algo importante?
— Apenas para saber como estava e para marcar de te ver nas outras vezes que vim.
Não tenho muitas amizades aqui e é bom ter companhia de vez em quando — respondeu
mexendo em seus cabelos e sorrindo.
Só agora Jenna notara suas pequenas covinhas.
— Certo... — disse ainda distraída, fitando-o e disfarçadamente se recompôs, olhando
para o outro lado. — Bom... agora você não está mais sozinho.
— Tem razão.
— Ah, quer algo para comer? Estava esperando Ryan voltar, mas se quiser, podemos ir
comendo — falava já puxando a toalha para chegar a cesta para perto.
— Quem é Ryan? — perguntou com certa curiosidade e Jenna parou para olhá-lo.
— Ryan? Ele é como um irmão. Foi dar uma volta com as meninas e o cãozinho.
— Claro! — disse aliviado por ele ser apenas amigo de Jenna.
— Você não achou que era meu namorado, achou? — Ela o analisava e apesar dele
responder “não”, as bochechas coradas o entregaram e eles riram.
Conversaram o equivalente a meia-hora, falaram desde suas profissões a hobbies e afins.
A tensão aos poucos se dissipou e neste momento, Ryan retornou com as garotas.
Ao ver Jen com ele enquanto se aproximavam, o reconheceu. Entrou internamente em
desespero, com receio dele ter descoberto o que Jen fez. Mas a cada passo, mais nítido ficavam
as risadas e ele relaxou.
— Por falar no chorão, olha ele aí! — Jen falava do "coração mole" de Ryan e de todas
as vezes que ele chorava ao ver filmes românticos, Richard se levantou.
— Oi, Como vai? Sou Richard Michael — falou estendendo a mão para Ryan.
— Hey cara, já ouvi falar de você! — Richard olhou para Jenna, que estava com o rosto
queimando pelo comentário do amigo, sorriu amarelo e Ryan gargalhou. — Bem, sou o Ryan,
essa é minha namorada Alina, minha irmã Jade e minha sobrinha Julia. — Ele as
cumprimentava e o cachorrinho pulava animado. — Ah! E esse aí é o Blu!
Após as apresentações todos se reuniram para comer, conversando animadamente. Jen
olhava Ryan como se pedisse permissão e ele acenou positivamente de volta. Quando
finalmente escureceu, todos foram para o apartamento de Jenna, inclusive Richard, que foi
convidado pelo seu novo "parceiro" de baseball.
A conversa seguia ainda mais animada, regada de pizzas e guloseimas mesmo já sendo
tarde da noite.
Julia, como era de se esperar, foi a primeira a dormir e Ryan a levou para o quarto de
Jen, como ela pedira. Após acomoda-la na cama, viu Jenna indo em direção às cortinas, que
por trás continham uma sacada e avisou a Richard que “Jenna estava chamando ele” em
seguida dando uma piscadinha para o amigo.
Então ele seguiu de encontro a ela.
Jenna estava ainda mais linda do que se lembrava, estava calma, observando a noite
estrelada.
— Bela noite! — disse se pondo ao lado dela.
— Sim, uma bela noite — falou com um sorriso nos lábios. — Ainda não acredito que
está aqui. — Olhou-o, balançando a cabeça.
— E isso é ruim? — perguntou franzindo a testa, preocupado. — Não quero incomodar
você.
— Não! É maravilhoso que esteja aqui, Richard. — Ele afagou uma das mãos dela que
estavam perto das dele. Ela suspirou ao fechar os olhos.
Sonhara com isto por tanto tempo, mas sempre temeu o que aconteceria caso ele
descobrisse o que ela fez.
A brisa soprou mansamente, tirando Jenna de seus devaneios. Ele sorria olhando-a e
quando ela finalmente abriu os olhos, olhou para o alto e ele fez o mesmo.
— Jenna, o que você pediria se uma estrela cadente cruzasse o céu na nossa frente? —
Ele fez um gesto com as mãos como se fosse uma estrela. — Faça um pedido! — Eles se
olharam e riram.
— O único pedido que faria se realizou na tarde de hoje. — Ela respondeu sorrindo e
apertou de leve a mão dele que também sorriu. — Faça o seu!
Ele olhou para o céu e voltou a fitá-la.
— O meu também se realizou, mas falta apenas uma coisa... — criando coragem, com
delicadeza e rapidez, ele pôs uma mecha dos cabelos dela atrás da orelha e deslizou seus dedos
para a nuca de Jenna, encurtando o espaço com um só passo, envolveu sua cintura e sem
esperar mais, uniu seus lábios aos dela com calma. Ao finalizar o beijo ele se afastou um
pouco para ver o brilho nos olhos de Jen, o mesmo brilho que ela via refletido nos dele.
O que o futuro reservaria a eles, Jenna não sabia, mas acreditava que o amor que crescia
dentro deles iluminaria qualquer obscuridade que houve no passado.
Foi tão perfeito quanto sonhara. Ele a abraçou apertado e suspirou feliz por tê-la em seus
braços, depositou um beijo em sua testa e novamente ficaram olhando o céu da sacada e
conversando. As risadas harmônicas preenchendo a noite.
FIM
Agradecimentos
Dedico este pequeno espaço a todos que acreditaram no meu potencial e me fizeram
chegar até aqui. Nunca saberei como demonstrar minha eterna gratidão a vocês.
Agradeço primeiramente a Deus, por me permitir chegar até aqui. Sem Ele eu nada
seria.
Aos meus pais, por terem me ensinado desde cedo a amar a leitura e a escrita. — AMO
VOCÊS!
Aos meus irmãos mais novos, por darem uma trégua na bagunça para que eu pudesse
escrever e ao Gabriel por ter paciência e me dado o espaço necessário para embarcar na
escrita — Isso ajudou bastante! — (Risos) — também amo vocês.
Agradeço especialmente aos meus amigos: Marta Vianna, Annie Carrilho, Allan Vieira
e Pedro Paulo, que sempre acreditaram em mim — antes mesmo que eu tivesse coragem para
escrever o meu primeiro conto — e me ajudaram a confiar em meu potencial.
Não poderia deixar de agradecer a todos que fizeram parte do grupo do
WhatsApp "WSL". Graças à vocês, tive a oportunidade de conhecer escritores e estórias
maravilhosas, além de me ajudar a divulgar o meu livro, quando ele ainda estava em
andamento no Wattpad.
À Fabianne de Andrade por me apoiar em todos os momentos da minha vida e me
ajudar com os detalhes do livro, você é uma amiga muito especial.
Citar o nome de todos seria impossível, mas quero que saibam que me lembro de cada
um de vocês.
Agradeço a todos por me acompanharem no Wattpad. Obrigada aos que leram! Vocês
fizeram com que cada esforço valesse a pena!
Agradeço também à Saionara Rodrigues e toda a equipe da Sonho de Livro por me
proporcionar esta oportunidade única. Sem a ajuda de vocês ele não estaria aqui hoje.
E então, para finalizar, agradeço especialmente a você que chegou até a última página
deste livro. Pela chance que deu à minha estória e aos meus personagens. Sou muito grata por
isso.
Um forte abraço e beijos a todos vocês.
A Autora

Samira Viana mora em Seropédica, no interior do estado do Rio de Janeiro. É professora


de turmas de pré-escola e do primeiro segmento do Ensino Fundamental, atualmente cursa
História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro — UFRRJ. Carioca da gema,
nascida em 17 de setembro de 1997, é virginiana, extremamente observadora e perfeccionista,
lutadora de taekwondo, completamente apaixonada por animais, músicas, livros e claro,
sorvete e outras delícias geladas.
Desde muito nova foi incentivada por seus pais a ler e a escrever poemas. Aos dezoito
anos, decidiu escrever seu primeiro conto, postado em uma plataforma online. 'Vingança em
Ascensão' é seu primeiro livro finalizado.
Outros livros da Editora Sonho de Livro
Depois de três anos de casamento, o rico e bem
sucedido empresário Daniel Cross decide se separar de Melanie Dwitt,
uma mulher teimosa, mandona e respondona.
Vendo que o casamento ia por água abaixo Daniel quer pôr um
fim nele, mas Melanie é contra a separação e, para convencer o marido
ela usará as mais belas armas para seduzi-lo, começando por usar
fantasias chegando a saltar um muro para pedir desculpas por seus atos.
Será que este casamento realmente chegará ao fim?
Quem acabará indo atrás de quem nessa história?
Depois de perder o marido de forma repentina,
Mariana, uma jovem bancária se torna uma pessoa sem vontade de viver.
Fábio morava em Londres e, mesmo sem experiência no mundo
dos negócios se viu obrigado a voltar ao Brasil para ajudar a revolver
problemas na empresa do pai.
De uma forma inusitada o destino fará com que o caminho dos
dois se cruze, mas se apaixonar de novo não faz parte dos planos de
Mariana, pois ela acha que se envolver com outra pessoa é trair Gustavo,
o marido falecido.
Será que Fábio conseguirá mostrar para Mariana que se pode
amar outra pessoa depois de se perder um grande amor para a morte?
Ou Mariana não conseguirá enxergar nada além da dor que sente
pela perda do marido?
Acompanhe a história de Fábio e Mariana e veja como em
apenas UM MINUTO nossa vida pode mudar.
Mia Black perdeu tudo que tinha, agora morando na rua ela faz
de tudo para sobreviver, seus sonhos foram despedaçados, sua vida foi se
desmoronando até que nada lhe sobrasse, apenas a dignidade. Ela sabe
quais são os seus limites e até onde pode ir para viver. Perdida em um
mundo onde só sobrevive quem for mais forte, Mia aprende que a
confiança é a única coisa que pode ter e que quando você realmente
confia em alguém, esse alguém pode ser seu porto seguro. Mas o que é
preciso passar para poder confiar?
Connor Willians é um homem frio que não mede esforços para
conseguir o que quer e também não tem pena de nada, nem de ninguém,
e para ele é: se você quer algo corra atrás, senão morra de fome, até que
tudo o que ele acreditava se perder em uma simples e bela moradora de
rua.
Beleza? Sempre me ensinaram que devo pensar primeiro em ser inteligente
para depois pensar na estética.
Quem eu sou?
Sou Anne Thomas, inteligente até demais, mas em questão de beleza sou um desastre, não que eu seja
feia, apenas não sei me arrumar. A verdade é que nunca me importei com isso, até que consegui o emprego dos
sonhos, com o chefe dos sonhos.
O problema?
Meu chefe é um galinha, ele só sai com mulheres super sexy, com o corpo de Barbie.
Aonde me encaixo nisso? Não me encaixo, eu fico apenas de fora o olhando e guardando minha paixão
secreta por ele. Pois se ele um dia passar a gostar de mim, vai ter que ser do jeito que eu sou. DESAJEITADA.
Mulheres? Merda, eu as amo. Amo sentir seus corpos debaixo do meu, gosto de ver seus rostos de
prazer quando elas se contorcem e pedem por mais.
Se eu me preocupo com beleza? Bem, quem não se preocupa? Não sou exigente, mas querer ter uma
bela mulher ao meu lado não é pecado. Até que minha nova e desajeitada assistente chega e vira o meu mundo
de cabeça para baixo. Seu jeito ''não ligo para o que pensam de mim'' me conquistou totalmente, seus olhos
azuis escuros são os olhos mais lindos que já vi.
Se ela é feia? Não. Ela é linda, só não sabe disso.
Agora eu, Henry White estou apaixonado pela minha linda e desajeitada assistente. E o que eu faço
sobre isso? Nada, eu não faço nada, apenas a observo de longe e escondo minha pequena paixão.
Quatro anos, quatro longos anos foram o suficiente para Henry saber que o que ele sentia por Anne não
vai passar. Então, ele resolve fazer algo sobre isso.
Bonito, rico e agradável. Thom nunca ficava
sozinho, mas o que ele mais desejava estava fora de seu alcance: Lara.
Sua prima adotada que o tratava como um irmão. Para ele não tinha
coisa pior do que amar e não ser amado.
Lara. Inteligente, meiga e querida por toda a família, tinha um
segredo que escondia de tudo e de todos. Inclusive de seu primo.
Quando a verdade vier à tona será que Thom continuará amando-
a? Pode um amor ser tão forte a ponto de sobreviver a barreiras e
crenças?
São perguntas que serão respondidas por si mesmo em meio a
tantos conflitos e verdades não ditas, emocionando-nos a cada passo
dado em busca da felicidade.
Um império onde riqueza e poder não podem comprar o que há de
mais importante no mundo: o amor.
Uma família destruída por um pai sem coração.
Abandono, sofrimento e muitas adversidades completam a trajetória de
vida de Bryan, um lutador famoso que venceu sua pior luta quando
aprendeu a se defender ainda criança.
Abandonado por sua mãe em um orfanato, apenas descobriu o
que era o amor através das irmãs freiras e de seu amigo, Pablo. Uma
forte amizade nasceu entre os dois tornando-os além de amigos, irmãos.
Bryan encontrou em seu amigo o que nunca recebeu de seu pai, o afeto,
o companheirismo, a lealdade.
Com o coração fechado para o amor ele conhecerá Angel, a
pessoa que mais vai tentar se manter longe por medo de se apaixonar,
mas será ela quem trará boas novas sobre sua mãe. Diante deste fato,
Bryan conhecerá o amor e se verá confuso, sem saber o que fazer com
este sentimento que ele não quer sentir.
Será que depois disso Bryan abrirá seu coração para o amor e se
deixará ser amado? Será que ele conseguirá superar o medo de ser
abandonado novamente.
Nesta história do final do Século XIX,
conheceremos Antônio, um homem de beleza viril que, apesar das
qualidades e importância socioeconômica que tem enfrenta dificuldades
para conseguir casamento na província onde vive, no interior de São
Paulo. Considerado excêntrico e petulante o bastante para conviver
harmoniosamente com índios e pagar salários aos negros por ele
alforriados, o jovem sabe bem que no momento em que casar com uma
senhorita local, não verá a luz do dia seguinte e sua herança terá destino
certo.
Mais ao Sul do país, temos a jovem e singela Triana. A mais nova
de uma família de três filhos, aprende cedo que ser mulher significa dar
despesa e aborrecimento. Assim, sobrevive no frio interior do Paraná,
tornando-se “invisível”, sem vontades ou sonhos, e alimentando apenas
dois sentimentos: o medo e a enorme culpa de existir.
A conveniente união entre Triana e Antônio é um choque entre a
geada e o sol a pino. A paixão encontra obstáculos nas dores e receios
que cada um carrega na alma. O desafio da convivência e o medo de se
entregar levam os personagens a avaliar os riscos de um sentimento
absolutamente novo para ambos.
O livro versa sobre a beleza que é o nascer do amor em meio a
uma difícil adaptação. Seres absolutamente diferentes precisam aprender
a lidar com suas "tempestades pessoais" e reconhecer o estio, quando
este chega em suas vidas.
Escrito com grande sensibilidade, Estio leva o leitor através dos
sentimentos e sutilezas que há entre o "muito prazer" e o "amor eterno".
Nesse entremeio, há uma série de camadas, doces e amargas, mas
igualmente belas.
Kristanna Barton é a garota que todos os caras
tentam ter. O grande problema com isso? Ela é fria com qualquer um que
tem coragem de se aproximar, motivo pelo qual ganhou o apelido de
“Rainha de Gelo”. Kris trabalha em um clube para homens e mantém sua
profissão guardada a sete chaves para que possa ter uma vida acadêmica
longe de escândalos. O problema é que... ela não esperava ser
descoberta.
Quando Aiden Blackwell descobre que a frígida e controlada
Rainha de Gelo, na verdade, é uma stripper, ele fica perplexo. Aiden é
um cobiçado bad boy camuflado sobre suas próprias máscaras, com um
passado turbulento que o levou a se afastar da família. No entanto, ele
precisa de um grande favor. E agora que sabe que a Rainha de Gelo é
uma farsa, ele não perderá a oportunidade de chantageá-la até conseguir
o que quer.
Uma vez que está nas mãos de Aiden, Kristanna terá de aceitar
seus termos se não quiser ser desmascarada na frente de todos na
universidade. Mesmo que isso signifique que ela tenha que ser a
namorada temporária do forasteiro tatuado canadense.
Com uma vida absolutamente
despretensiosa, Karen é uma médica workaholic, com poucas
relações sociais e nenhuma amorosa, até que a sorte bate à sua porta na
figura de uma herança inesperada: uma fazenda no Sul da Bahia. Antes
mesmo que ela pensasse em vender e torrar toda a fortuna em Paris lhe é
informado de que precisará viver 30 dias no lugar que ela acredita ser o
fim do mundo.
Pois é justamente no "fim do mundo" que Karen encontra os
misteriosos irmãos Lúcio e Lucas, dois agrônomos envolvidos em uma
aura de suspense, lendas e lobos.
Esqueça tudo o que você já escutou falar sobre lobisomens e lua
cheia. Nossos lobos não uivam para a lua, eles têm distrações bem mais
excitantes.
"Quando o legado é a luxúria, o uivo é um chamado".
Angie Jones e suas duas melhores amigas
acabaram de se formar. Angie se formou em Administração e, apesar não
saber como iniciar carreira na sua área e por ser uma mulher de mente
aberta quando encontra um velho amigo de faculdade e os dois têm uma
noite pra lá de quente usando todos os brinquedos eróticos que esse
amigo tem, uma brilhante ideia surge no meio de um orgasmo e ela sabe
o que quer fazer dali pra frente com sua carreira.
Antoni Agliardi é esse amigo que ajuda Angie. Ele sempre teve
uma deliciosa obsessão pela amiga e sempre quis mais do que apenas
uma transa com ela. O único problema é que Angie é uma cabeça dura
para reconhecer que entre eles rolava mais que sexo. O destino deu uma
segunda chance a Antoni e ele não vai desperdiça-la, dando assim tudo
de si para provar que além de ser bom de cama pode ser um parceiro
para os negócios e para passar a vida toda ao lado de Angie

Você está preparada para a deliciosa obsessão de Antoni por Angie?

Está disposta a descobrir que ideias e planos Angie têm para sua carreira.
Cléo Nunes quer mudar de vida e o primeiro passo é parar de
sentir medo de sua tia Dionísia e aceitar o pavoroso nome que lhe deram,
assim como aceitar calçar número quarenta e que é viciada em sapatos
de liquidação.
A mudança começa em um emprego temporário que envolve
uma chefa que gosta de axé e de empreendimentos e conselhos. Mas e
se, de repente, no meio de tudo isso, a origem de alguns de seus
problemas surgisse, ainda com cara de cafajeste e disposto a esclarecer
as interrogações do relacionamento que deu errado? Um contrato é
assinado e a cláusula principal diz que Cléo tem que aceitar discutir a
relação com Theo.
Muita coisa pode acontecer: mágoas ressurgirem, paixão
reacender e a receita perfeita que resultará em muita confusão e em um
presente de Natal pra lá de inespera
Depois de três anos sofrendo com o luto e a
depressão, decidida a retomar sua vida, Mariana abre as portas do seu
coração para Fábio. Tudo parece se encaixar já que Fábio está disposto a
ajudar Mariana a superar a depressão e seguir em frente.
Porém, o destino que une é o mesmo que prega peças e traz à
tona os fantasmas do passado que não foram exorcizados e isto colocará
o amor e a vida deste casal em risco.
Será o amor deste casal forte o bastante para continuarem juntos?
Poderá este amor vencer o preconceito? Poderá este amor vencer todos
os obstáculos impostos?
Descubra lendo “Nem mais um minuto "
Depois de receber uma ligação de uma das
agências de Marketing mais conhecidas do Brasil e ser uma das
escolhidas para a vaga de Gerente de Marketing, Sophia Clay não
esperava nada menos do que um bom desempenho de si mesma, o único
problema é que não estava em seus planos atropelar um estranho, bonito,
sexy e grosseirão justo no dia da sua entrevista e descobrir que ele é seu
chefe.
Leonardo Sharpe é o um homem muito ocupado com o trabalho,
o tipo que não se distrai facilmente e muito menos que se apaixona por
mulheres loucas que o atropelam na rua, ainda mais uma que ele só viu
uma vez. É como se o destino estivesse contra ele e quisesse tirar a pedra
que ele mesmo colocou em seu coração, pois lhe reserva uma deliciosa
tentação ao colocar em seu caminho um pecado chamado Sophia Clay
que não apenas o atropela como também é sua mais nova Gerente de
Marketing.
Esses dois resistirão a essa deliciosa tentação entre eles?

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