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L L A

A S
"Pare de tentar apagar o passado, Theo. Concentre-
se em trilhar um caminho para o futuro."

Leone para Theo na véspera de Ano Novo.


1

Theo Wallace estava parado em frente à caixa de correio,

beliscando um cartão com bordas douradas, sua garganta


contraindo com uma onda de traição. A chuva havia respingado

sobre o cartão, fazendo escorrer a tinta do nome de Samantha.


Em janeiro do ano passado, ele e Sam estavam fazendo
anjos na neve aqui mesmo em frente à sua casa vitoriana de dois

andares. Sua irmã Leone e o namorado dela, Derek, se juntaram a


eles. Eles riram tanto que ele sentiu sua barriga doer pelo resto do
dia.

De repente, Sam o golpeou com a verdade. Ela preferiria


passar a vida com outra pessoa. Alguém mais fácil de se conviver.
Derek.

Theo engoliu em seco e fechou os olhos com a memória,

concentrando-se na chuva que deslizava pelas aberturas do capuz


da jaqueta, em vez do vazio que sentia. Um bosta com dedo podre,

isso que ele era. Porra.

Ele foi até a lixeira no meio-fio, levantou a tampa úmida e


gelada e fechou novamente.
O cartão ainda estava na mão dele.

Ele não conseguia jogar fora o maldito cartão em relevo.


Porque... porque... era para ele e Leone.

Sim. Era isso.

Ele revirou os ombros e guardou o cartão com os outros dois


aborrecimentos menores que chegaram com a correspondência. Ele

pisou nas poças d'água pelo caminho de pedra branca até a porta

da frente e entrou.
— Leone? — Ele chamou por cima da música electro pop

indie.

Ele tirou os sapatos e os deslizou para dentro da sapateira,


certificando-se de guardar os cadarços. — Você vai querer ouvir

isso. — Ele pendurou a jaqueta molhada.


— Estou na sala de estar.

Theo entrou na sala principal da casa deles. Os inquilinos

anteriores derrubaram algumas paredes, criando uma grande sala e

cozinha de planta livre.

Ele encontrou sua irmã em uma calça legging e camiseta,

usando um dos pilares pesados de madeira que enchiam o espaço


para alongar suas panturrilhas. Ela pegou o telefone e falou. A

música que vinha do aparelho de som desapareceu.


Cabelo castanho balançou em seu rabo de cavalo quando ela
se virou na direção dele e inspirou. — Você cheira a chuva, mano.

— Estou encharcado. Você não ouviu o barulho de chuva lá

fora?

— Achei que tinha ficado um pouco mais escuro — disse ela.

— Mas eu não tinha certeza.

Arrastando a mão sobre o sofá azul marinho, ela foi em


direção à cozinha.

Não parecia que ela tinha que contar cada passo. Não

parecia que ela tinha dificuldade em tirar uma caneca preta dos

armários brancos e enchê-la com água.

Não parecia que ela era realmente cega.

Depois de beber a água, Leone se jogou na poltrona. — O

que eu vou querer ouvir?


Theo puxou a correspondência debaixo do braço e a colocou

na mesa de café. Ele se jogou no sofá, apoiou a cabeça no braço e

beliscou o nariz. — Já chegou.

— Chegou? — A confusão afiou a voz de Leone, e então ela

respirou fundo. — Já chegou. — Um silêncio tenso seguiu, então: —

Quando é?
— É o cartão quadrado na ponta mais próxima de você.

Fiquei tentado a jogar fora.


Mas ele obviamente tinha tendências masoquistas, porque

uma parte dele queria sofrer com o conteúdo do envelope.


Leone perguntou: — Você está fazendo as honras? Ou você
quer que eu coloque debaixo da minha lente de aumento?

Theo moveu-se para o lado e arrancou o cartão ofensivo da


mesa.

Escrito em letras grandes, agora com a tinta escorrendo do


topo de um cartão dourado claro e creme, estavam as palavras que

apertavam-lhe o estômago:
M .
S R D J .

— Meio de maio. — Sua voz falhou e sua garganta parecia


que ele havia engolido fogo.

Leone fez um som sufocado. Seus olhos verde-claros se


encheram de lágrimas.

Theo jogou o cartão na mesa de café e sentou na poltrona ao


lado dela. A cabeça dela se aninhou contra o ombro dele quando ele
acariciou uma mecha perdida atrás da orelha dela. — Eles que se

fodam, certo?
— Principalmente agora — ela disse.

Theo soltou uma risada crua. — Acho que você está certa.
Derek foi namorado de Leone por três anos e Samantha -

Sam, Sammy - tinha sido a namorada de Theo por dois.


Uma semana depois dos anjos na neve, os irmãos

descobriram que os dois haviam se desapaixonado por eles e


tinham se apaixonado um pelo outro.
Ele pensou que tinha superado a dor.

Vê-los juntos no último Halloween, e ver uma pedra cintilante


enfeitando o dedo anelar de Samantha, já era difícil o suficiente.

Agora este convite…


Seu estômago deu um nó.
— Eu gostaria de poder odiá-los — disse Leone.

— Eu também.
Mas Theo não podia. Sammy e Derek não tinham fugido ou

traído eles. Pouco a pouco, durante todas as noites da semana, fins


de semana ou feriados que Theo e Leone os recebiam em casa,

Derek e Sammy se aproximaram. Enquanto Theo se concentrava


em outras coisas – programação, treinamento para maratonas,
reescrita de textos – e Leone em sua proposta de tese, Sam e

Derek se apaixonaram.
Os dois choraram quando confessaram que tinham
sentimentos um pelo outro.
Eles se desculparam várias e várias vezes.

Leone estava sentada na poltrona e Theo estava estendido


no sofá, jogando passas cobertas de iogurte na boca como se não

se importasse. Mas ele se importava.


Ele não havia tocado uma passa coberta com iogurte desde
então.

Ele também não tinha encontrado outra namorada.


Casos de uma noite só, sim – ele gostava de sexo – mas não

havia ninguém em quem ele confiasse o suficiente para chamar de


sua namorada. Ninguém que ele pensava que iria o aceitar com

seus defeitos.
Sua irmã também não havia voltado a sair em encontros.
— O que você diz sobre pedir comida hoje à noite? — Theo

sugeriu. — Podemos pedir aquele tomate queimado e calzone de


frango que você gosta, ouvir uma música maluca alta e reclamar até

amanhecer?
Leone riu. — É tomate seco, Theo.
Ele sabia disso. Sabia desde o ano passado. Ele comprou

uma jarra e riu do rótulo com erros ortográficos.


— Tanto faz. — Ele beijou a testa dela, subiu de volta no sofá
e pegou o envelope da mãe deles. — O sol queimou todos aqueles
tomates. O queimado fazia muito mais sentido.

Leone riu. — Você está lendo o resto da correspondência?


— Sim. Relaxe e prepare-se para a chacota. Mamãe nos

enviou nosso horóscopo anual. — Horóscopo, singular, porque ele e


Leone eram gêmeos.
Theo abriu a página que sua mãe havia arrancado de sua

revista favorita de astrologia e a leu em voz alta. — É um ano novo,

Leão. Resolva fazer grandes mudanças em sua vida e use seu


orgulho e teimosia para superá-las.

Theo sabia que os horóscopos eram uma merda inventada

para fazer você se sentir como se a vida tivesse um propósito maior.

No entanto, seu pescoço formigou.


Era fácil ver como o horóscopo pode funcionar com ele. Ele e

Leone, ambos.

Ele limpou a garganta e continuou lendo. — Uma nova


pessoa entrará na sua vida no início do ano; olhe para além de

qualquer momento de frustração que eles possam trazer e ria, Leão

– este pode ser o começo de uma amizade próspera.


— Um colega de quarto, talvez? — Leone disse, sentando

em cima de uma de suas pernas. — Nossa primeira entrevista é


segunda de manhã antes das aulas, a propósito.

— Antes das aulas? Sou uma bagunça enorme pela manhã.

— Como se eu não soubesse — disse Leone. — Pare de


fazer essa cara.

— Como você sabe que cara eu estou fazendo?

— Não fui cega pelos primeiros quinze anos. Eu conheço

você. — Ela sorriu e acenou com a mão. — Continue, continue.


— Se você se sentir sobrecarregado durante o início da

primavera, respire fundo e deixe alguém próximo a você ser a pedra

em que se apoia. As amizades podem evoluir no final da primavera


e você poderá receber notícias que o deixarão chocado – mas não

se preocupe, essas podem ser as notícias que você precisa ouvir! O

coração e a cabeça podem não estar sincronizados no primeiro


semestre deste ano, Leão, e há potencial para ignorar o óbvio. Ouça

com atenção a sua voz interior e, se confuso, converse com um ente

querido. Não temas a rejeição e o desgosto, Leão. Mantenha sua

cabeça erguida, seja seu eu brilhante e ardente, e as pessoas


certas gravitarão em direção a você; talvez até uma alma gêmea

entre elas.
A pedido de Leone, ele releu o último parágrafo.

Ela cantarolou, pensativa, depois se inclinou para a mesa de

café e procurou o cartão do casamento.


Theo franziu a testa quando sua irmã cuidadosamente

caminhou até a geladeira e prendeu o cartão nela. — O que você

está fazendo?

— Acho que desta vez nosso horóscopo pode estar certo.


Uma risada oca. — Não havia aviso sobre como nossas vidas

amorosas ficariam ruins no ano passado. Não tenha muitas

esperanças. — Tsc. — Alma gêmea!


— Essa não é a parte que me interessa. — Ela ergueu os

ombros e levantou o queixo. — Não precisamos temer a rejeição e o

desgosto. Precisamos seguir em frente.

A borda do horóscopo enrugou com o aperto de Theo. — Ir


ao casamento deles? Dançar e rir e não se importar que eles nos

abandonaram?

— Isso mesmo — disse Leone. — Nós vamos levar nossos


próprios acompanhantes. Vai ser ótimo.

Theo olhou do cartão para a garrafa de Zinfandel em cima da

geladeira. — Eu preciso de uma bebida.


***

— Vamos superar isso — disse Theo.

No final da garrafa de Zinfandel - e depois de dois calzones e

cinco canções de amor esfarrapadas - Theo procurou seu telefone


para mudar a música.

Leone riu. — Vamos.

Mas quando ele pulou a música lenta, Leone usou o telefone

para desligar a música. — Vamos superar eles.


— Não é isso que estamos fazendo? — Ele disse.

— Não, mas nós iremos. Nós vamos achar acompanhantes

um para o outro para o casamento.


— Por que não encontramos nossos próprios

acompanhantes?

Leone riu sombriamente. — Porque nós somos péssimos.

Caso contrário, não estaríamos aqui, irmão e irmã, afogando nossas


mágoas numa sexta à noite.

Ela tinha razão.

Theo pegou seu laptop e acessou o Facebook.


Leone soluçou, pernas pendendo sobre um braço da

poltrona, ombros descansando no outro. — Quem você conhece


que combina comigo?

Theo tinha centenas de “amigos”, pessoas que ele havia visto

uma ou duas vezes. Ele fazia amigos facilmente. Mantê-los parecia

ser a parte mais difícil.


Ele percorreu a lista de caras que ele conhecia de verdade e

estremeceu quando o número total chegou a três. Alex, Ben e Kyle.

Isso era preocupante.


— Então? Achou alguém?

Theo mordeu o lábio. — Eu ainda estou procurando.

Ele voltou para o perfil de Ben e olhou para as fotos dos dois

casais. Todos sorrisos e bochechas coradas, Ben e Kyle ao lado de


Sammy e Derek na frente de árvores cobertas de neve. O post

revelou que eles fizeram uma viagem de fim de semana ao Lago

Erie.
Theo olhou a garrafa de vinho vazia sobre a mesa de café e

depois lembrou que o freezer na cozinha podia conter um pouco de

vodka.

— O que você quer de um cara, afinal? — Theo perguntou.


As fotos de Ben o atraíram de volta.

E em pensar que, apenas um ano atrás, teria sido Theo teria

quem estaria nessa foto olhando para Sam.


— Honestidade? Compreensão — disse Leone. — Quero

alguém que não me faça sentir cega. Quero me divertir e quero me


sentir completamente apaixonada.

A pior coisa de terminar um relacionamento era perceber que

os amigos dele eram de fato os amigos dela.

— Força também — continuou Leone. — Física e mental.


Theo acenou com a cabeça. — Força, honestidade,

compreensão. Entendi.

Ele e Ben costumavam tocar o terror o tempo todo. Sair em


bares. Se revezando em apostas em jogos de sorte.

— Também compaixão. E lealdade cega. — Leone riu. — Viu

o que eu acabei de fazer?


— Você é uma merdinha cheia de trocadilhos.

Ela procurou uma almofada e a jogou na direção dele. Theo

se afastou.

— Há muitos caras aqui para escolher — ele mentiu. — Vou


precisar de tempo para reduzir a lista.

— Temos até maio.

Ele pulou para o perfil de Alex, o cara em seu curso de


marketing para quem Theo estava fazendo uns trabalhos. A primeira
foto a aparecer foi tirada cinco minutos atrás. Alex estava dançando
em uma boate com a namorada.

Pois é. Sim.

Também não dá.


O pensamento de dizer a Leone que ele não tinha ninguém

que combinasse com ela, fazia um bolo se formar em sua garganta.

As coisas no departamento de amizade estavam uma merda,


mas isso ia mudar. Não porque seu horóscopo disse que sim, mas

porque ele faria isso mudar.

Achar para Leone um acompanhante perfeito acabou de se

tornar pessoal.
Para onde foram todas as cobras? Elas
roubaram minha manteiga de amendoim.

Theo falando dormindo no sofá.


2

Theo estava sentado na parte de trás da sala de monitoria de


economia aplicada, mentalmente balançando a cabeça.

Esse monitor não era nada parecido com o do semestre


passado.
Esse monitor divagava em conceitos monótonos,

resmungando sobre os ciclos sazonais dos negócios e gritando


quando qualquer um dos vinte alunos da sala ousava pedir
esclarecimentos.

Theo rabiscou algumas anotações, mal conseguindo evitar


bater com a cabeça na mesa.
Normalmente, ele teria interrompido o professor e sugerido

para ele diminuir a velocidade. Mas o dia - inferno, a semana inteira

- o levou ao ponto de submissão.


E talvez ele tivesse acordado cedo demais apenas para ficar

desapontado com a quinta entrevista de possíveis colegas de quarto

da semana. Nenhum dos candidatos se encaixava, e nenhum deles


tinha potencial de amigo. Três eram ex-caras de fraternidade, e não
do tipo responsável. Um deles estava envolvido em um culto

religioso que envolvia fortemente o uso de uma cozinha e incenso.


Leone havia dito ao sujeito quantos passos eram dali para o meio-fio

e o mandado checar novamente.

Essa manhã, a garota que apareceu tinha sido agradável.


Seus cabelos castanhos claros, olhos arregalados e queixo

ondulado a faziam parecer doce, engraçada e fodível - e talvez esse

fosse um ponto contra ela. Ele não queria simplesmente transar com
alguém, e não tinha certeza de que se envolver com uma colega de

quarto era uma ideia inteligente.

A cabeça dele latejava.


Adicionar essa monitoria complicada à mistura - na única

matéria de seu programa de graduação dupla que Theo nunca tirou


um A - o fazia querer se enrolar e rir histericamente.

— Quais podem ser as implicações? — Perguntou o monitor.

As implicações de participar desta monitoria seriam, no

melhor dos casos, um B- e uma dor de cabeça daquelas.

Alguém na sala falou uma resposta, levando o tutor a assentir

rigidamente e perguntar: — E o que pode ser feito sobre isso?


Theo recostou-se na cadeira e colocou as mãos atrás da

cabeça, sorrindo ironicamente.


O que pode ser feito?
Ele pode visitar o departamento de economia e agendar

diferentes sessões de monitoria em sua agenda. Torcendo para que

sejam ensinadas pelo tutor do último semestre.

Aqui vou eu, Sr. Jamie Cooper.

***

Uma garota bonita com longos cílios e um sorriso peculiar

estava na máquina de café dos funcionários. — Jamie está em uma

reunião com o orientador de seu mestrado.

Mexendo açúcar no café, ela o mostrou o quadro de contatos

da equipe. Theo procurou uma caneta na mochila e anotou o

endereço de e-mail de Jamie.


— Ou, você sabe — disse ela, bochechas corando. — Se

você me der seu número, posso te dizer quando ele estiver

disponível?

Com sua franja ondulada loira e bochechas com sardas, ela

era bonita. Theo pensou em lhe dar um sorriso, tocar em seu

cotovelo enquanto pedia para entregar o telefone e piscar enquanto


caminhava de volta para os elevadores.
Ela era muito bonita.

Mas ela se parecia muito com Sam.


Ele não podia aparecer no casamento com uma cópia de

Sam. Eles pensariam que ele não a havia superado.


Theo gentilmente rejeitou a Sra. Bonita e saiu. Leone com
certeza tinha um trabalho difícil pela frente.

Quando chegou em casa naquela noite, ele passou por outra


entrevista medíocre, depois deixou Leone sediando o encontro do

clube do livro deste mês e foi para seu quarto.


Como todos os móveis da casa, o quarto dele estava

organizado em um contraste gritante para facilitar a locomoção de


Leone. Suas paredes eram brancas, a escrivaninha e a estante
pintadas de preto, a cômoda e a cama de casal em madeira escura

sobre pisos de tábuas claras.


Mesmo na privacidade de seu quarto, ele cuidadosamente e

habitualmente organizou seus pertences. Livros didáticos na terceira


prateleira, artigos de papelaria à esquerda da mesa, roupas sujas

em um cesto cheio no canto da sala.


Ele não era uma pessoa naturalmente arrumada, então todos
os dias ele lutava contra o desejo de jogar suas roupas no chão e

deixar sua cama uma bagunça amarrotada.


Ele queria que sua irmã se sentisse bem-vinda.

Theo pegou o laptop, sentou na cama e encostou-se na


cabeceira. Os lençóis vermelhos escuros eram macios e

aconchegantes, mas, a julgar pela mancha de ketchup seca que ele


viu, estavam prontos para uma lavagem.

Theo abriu o laptop e começou a redigir um e-mail para


Jamie, seu ex-tutor.
Apresentar-se foi mais difícil do que ele pensava.

Ele poderia ter dito que era o cara nas monitorias de Jamie
que havia feito a mandíbula dele tremer de frustração. Mas isso não

ajudaria muito.
Theo poderia ter dito que ele era o cara que pôs os pés em
cima da mesa e entrou nas discussões com os olhos fechados. Mas,

novamente, isso não seria um argumento forte para justificar a troca


pela monitoria de Jamie Cooper.

Ele relembrou um momento no semestre passado, quando


Jamie, sem interromper sua animada discussão sobre receita

tributária e distorções associadas à tributação, caminhou


calmamente até ele, agarrou os pés e os tirou de sobre a mesa.
Jamie olhou bem para ele quando fez isso, levantando uma

sobrancelha, desafiando Theo a irritá-lo novamente.


Theo esperou cinco minutos antes de colocar os pés sobre a
mesa novamente.
O olhar firme de Jamie fez Theo sorrir. Ele manteve os pés

apoiados na mesa pelo resto da sessão. Mas na próxima vez que


ele entrou na aula, Jamie havia empurrado as mesas para os lados

da sala, e a dúzia de estudantes sentou-se em cadeiras em um


semicírculo ao seu redor.
Olhando fixamente para a caixa de ‘escreva uma nova

mensagem’ em branco, Theo sorriu. O Sr. Jamie Cooper com


certeza gostava das coisas do seu jeito.

Ele começou a digitar, evitando qualquer introdução que


pudesse lembrar Jamie de quem ele era. Seu nome iria aparecer,

mas Jamie nunca havia se dirigido a seus alunos pelo nome.

Para: Jamie Cooper

De: Theo Wallace


Assunto: Desejando ganhar um A

Eu concluí sua monitoria de microeconomia no último


semestre. Eu queria saber quando você vai ser monitor de

economia aplicada avançada? Como me inscrevo?


Quantos outros alunos da turma Econ411 pediram para
trocar pela sua monitoria? Sério, Dylan (Fedido?) pode
realmente colocar uma classe inteira para dormir.

Theo apertou Enviar e checou sua caixa de entrada encontrando um

e-mail de sua mãe.

Para: Theo Wallace, Leone Wallace

De: Crystal Wallace

Assunto: Comam mais vegetais!

Só quero lembrar os meus Leoninos que estejam

conscientes da saúde de vocês essa semana durante a lua

nova. Durmam e comam bem. Nada de comida para


viagem! Leone, como está indo a sua tese de história?

Theo, sinto falta da sua voz suave e atrevida, igual a do

seu pai. Liguem para mim em breve. Amo vocês!

Ele enviou uma resposta dizendo a ela que comeu pizza hoje

à noite, e se isso não contava como um vegetal?


Um novo e-mail apareceu em sua caixa de entrada. Theo

olhou para o símbolo verde ao lado do nome de Jamie Cooper,


indicando que ele estava online.

Ele leu o email com um sorriso crescente.

Para: Theo Wallace

De: Jamie Cooper

Assunto: Desejando ganhar um A

Você é o primeiro aluno da Econ411 a entrar em contato

comigo e o último que eu esperava. Sugiro que continue

com Dylan (Fodido?) neste semestre. Talvez a tática dele


como monitor melhore. Você não ficou tão entusiasmado

com a nossa primeira sessão de monitoria e agora está me

enviando um e-mail para entrar em uma das minhas aulas.


Estou lisonjeado, realmente. Infelizmente (mais para você

do que para mim), não dou monitoria de economia

aplicada. Dê a Dylan outra chance. E posso sugerir um

pouco menos de olhos fechados e um pouco mais de


participação na aula para ganhar esse A?
Theo clicou em Responder, dividido entre diversão com a

franqueza e a frustração com o cara por ter que sofrer mais com a
monitoria de Dylan qualquer-que-seja-seu-sobrenome. Theo se

importava com suas notas. Ele era um aluno nota 10 e queria

continuar assim. Mesmo com um bom professor, ele mal conseguiu

um A- na microeconomia. Ele não podia estragar seu histórico


quando estava tão perto de concluir seu curso.

Para: Jamie Cooper


De: Theo Wallace

Assunto: Desejando ganhar um A

Eu tinha esquecido a primeira aula que você deu. Vamos


dar nome aos bois - foi uma aula triste. O que mudou?

Após essa anomalia, suas aulas foram mais bem

pensadas, interessantes e acessíveis. Pare de levantar


essa sobrancelha, eu estava prestando atenção. Eu

apenas entendo melhor as coisas com os olhos fechados.

Agora me diga: por que você não dá monitorias de

economia aplicada? Você não precisa maximizar seus


ganhos para minimizar a necessidade de ajuda financeira?

Você é economista, afinal.

Ele apertou Enviar e então olhou para sua tela esperando


uma resposta.

Cinco minutos depois, ele desistiu e abriu um editor de texto

e um navegador para continuar o trabalho de design que estava

fazendo para um autor de romance. Ele trabalhou por alguns anos


projetando sites para autores, artistas e empreendedores. Ele era

bom o suficiente para conseguir fazer isso na sua graduação. Bem,

quase.
Theo olhou para a bandeja em sua mesa, onde guardava

toda a porcaria financeira com a qual tinha que lidar. Ele se

qualificou para um pequeno empréstimo com um plano de juros de 5

anos. Tudo o que ele tinha que fazer era assinar alguns papéis e
estava tudo feito.

Ele estava relutante em fazê-lo. Ele analisou os números, na

esperança de encontrar uma maneira de terminar seu último


semestre sem se endividar.

Provavelmente menos comida delivery ajudaria.


Um ding familiar fez Theo clicar de volta em sua caixa de

entrada. Jamie tinha enviado uma mensagem para ele via chat.

Jamie: Fudêncio.

Theo respondeu instantaneamente.

Theo: Se eu não quisesse tanto que você me ensinasse, eu

poderia te xingar nessa merda.

Jamie: Não seria a primeira vez. Mas, Fudêncio. Como em


Dylan Fudêncio, seu tutor neste semestre.

Theo: Fudêncio! Isssoooo. Como posso fazer você


explicar tudo o que preciso saber para gabaritar economia

aplicada? Além disso, eu não vou mentir, estou surpreso

que você se lembrou de mim.

Demorou um minuto para Jamie responder. Theo presumiu

que ele tivesse escrito alguma coisa e a deletado, porque parecia


que ele estava digitando há um tempo, mas tudo o que apareceu

com o próximo ding foi:

Jamie: Você não é fácil de esquecer.

Theo: Pare de me fazer corar...

Jamie: Pare de me fazer bufar. Quem não se lembraria do

cara que (na minha primeira mentoria de todas), se recosta


na cadeira, cruza os braços contra o peito e grita “BEIJA”.

Theo: Quando você fala assim...

Jamie: Por alguns momentos de choque, eu não fazia ideia

de que você queria dizer “Bora Explicar Isso Já, Anta”.

Olhei em volta da turma imaginando com quem você


poderia estar tão ineptamente flertando.

Theo riu. Alguns momentos depois, uma batida soou à sua


porta. A voz de Leone passou pela porta.

— O que é tão engraçado, mano?


— Melhor seria perguntar quem é tão engraçado — ele
respondeu.

— Quem então?

Ela abriu a porta, caminhou até o fim da cama e olhou em


sua direção. — Quem está fazendo você rir?

— Jamie Cooper.

Leone sentiu a cama e sentou-se. O sorriso dela era brilhante


e curioso. — Novo amigo?

— Tutor.

— É bom ouvir você rir de novo. Faz muito tempo.

Theo pigarreou, sem saber como responder. — Como foi o


seu clube do livro?

— As meninas querem ler um livro que não está disponível

em áudio e eu não sou fã de texto para fala, então vou pular o


próximo. Encontrei um encontro para você, no entanto. Ela é

esperta e acha você “atraente como o inferno”. Ela disse algo sobre
seus intensos olhos verdes e covinhas? Eu não sei. O ponto é que
ela vale a pena tentar. Ela está ausente por algumas semanas,

então o encontro terá que esperar até que ela volte.


— Quem é essa preciosidade?
— Liz. Elizabeth Perkins.
— Não foi nela que dei banho de cerveja no mês passado,
certo? — Ele tropeçou nos pés de alguém e encharcou uma donzela
ruiva e fofa abraçando os joelhos no sofá. A blusa dela pôde ser

salva; não foi possível dizer disso do livro dela.


— Isso a impressionou.
Outro ding soou e Theo mal se absteve de olhar para a tela.

— Devo marcar o encontro então? — Leone perguntou.


Ele hesitou, pressionado pela mesma resistência interior que
sentiu quando a Sra. Bonita flertou com ele. Mas Leone havia dito

que ele não sorria com frequência. Se ele estava no fundo do poço,
tinha que mudar alguma coisa. — Eu confio em você, irmãzinha. —
Ele murmurou e cedeu à vontade de ler a conversa.

Jamie: Sobre como você pode gabaritar economia


aplicada…

Eu tenho alguns livros que eu poderia lhe emprestar. Eles


ainda vêm com anotações na margem.

— Que tal você continuar conversando com Jamie e falamos


novamente durante o café da manhã? — Leone disse.
Theo olhou para a irmã saindo do quarto. — Não temos outra
entrevista amanhã, temos?
— Não, graças a Deus.

— Ei, Leone?
— Sim?

— Vou ler para você o livro do próximo mês.


Leone sumiu de vista com um murmúrio. — Você vai matar
uma garota do coração, algum dia.

Theo não podia imaginar que isso seria tão cedo.


Ele se concentrou em sua conversa com Jamie. Não era sua
primeira escolha, mas os livros teriam que servir.

Theo: Encontro você na máquina de café do prédio de


economia por volta das 10 da manhã de amanhã?

Jamie: Não vou poder. Vou encontrar alguns pós-


graduandos procurando um companheiro de quarto.

Espera, o que? Jamie Cooper precisava de um quarto?

Theo se endireitou, abriu uma nova aba e verificou seu


horóscopo diário. As estrelas se alinharam e - de maneira
conveniente - empurraram seu próximo companheiro de quarto em
direção a eles?

As coisas não estão indo do seu jeito, Leão? Enfrentar a


situação de frente é sua única opção. Mas seja legal, deixe os

rosnados para trás e opte por agradar e agradecer.

Encontrar um companheiro de quarto não estava indo bem.


Talvez ele devesse perguntar a Jamie se ele queria vir e conferir o
lugar deles?

Talvez essa coisa de astrologia tivesse algo a seu favor,


afinal.
Ele torceu os dedos e depois riu enquanto digitava

novamente.

Theo: É o destino.

Jamie: É o que?

Theo: Nós.
Jamie: Perdão?

Theo: Está escrito nas estrelas.

Jamie: Esse é outro momento de BEIJA? Estou confuso.

Theo: Minha irmã e eu estivemos procurando um colega

de quarto a semana toda. Obviamente, você deve cancelar


com os pós-graduandos e conferir nossa vaga.

Jamie: E morar com você?

Theo: Porque ouço a ênfase em 'você'? Eu sou tão difícil


de estar por perto?

Jamie: Você que está dizendo.

Theo: Bastardo.

Jamie: Quando devo ir aí?


Theo sorriu.

Theo: Amanhã às 10 horas será um problema agora?


“Coelhos deveriam atacá-lo como fizeram com
Napoleão.”

Leone para Theo durante uma briga.


3

Depois de voltar de uma corrida matinal, Theo fez a barba,


tomou banho e foi para o quarto para se vestir.

Uma olhada no relógio de cabeceira o fez procurar


freneticamente um par de cuecas boxer. Jamie tocaria a campainha
a qualquer momento.

Onde estava sua maldita cueca?


Ele olhou desconfiado para o cesto de roupa suja e depois
checou duas vezes as gavetas. — Bem, foda-se. — Tudo o que

restou foram cuecas brancas apertadas.


Ele resmungou enquanto as vestia, fazendo uma anotação
mental para lavar a roupa.

A campainha tocou quando o elástico estalou baixo em seus

quadris.
— Você pode atender, Leone?

— Estou em um estado precário de vestuário, Theo. —

respondeu ela, as palavras soando um pouco abafadas.


Ele não estava no melhor estado de vestimenta também. Mas

os dois eram homens e viram mais que isso em um vestiário.


Abandonando sua busca por jeans limpos, ele caminhou até a porta

da frente e a abriu.

Alguns centímetros mais alto que Theo e firmemente


musculoso, seu ex-tutor de economia estava no degrau da varanda.

Vestia-se como Theo se lembrava: botas, jeans, pulôver de

caxemira com uma manga enrolada atrás do relógio de prata. Ele


havia cortado os cabelos castanhos claros os deixando mais curtos,

mas complementava a barba por fazer sobre sua mandíbula forte e

tornava os olhos cinzentos sua característica mais proeminente.


Theo notou a diversão reprimida no olhar de Jamie e

encostou-se ao batente frio da porta, cruzando um tornozelo na


frente do outro. — Olha, olha. Sr. Jamie Cooper.

Jamie ergueu uma sobrancelha, depois tamborilou com os

dedos sobre os dois livros didáticos que ele segurava. — É assim

que você cumprimenta todos os seus colegas de quarto em

potencial?

— Você é o primeiro.
— Sorte a minha.
Theo sorriu com a resposta seca, pegou um punhado de
pulôver dele e arrastou Jamie para dentro. — O dia de lavar roupa

era, bem, qualquer dia antes de hoje. Sapatos na sapateira,

prateleira do meio ao lado dos meus, cadarços para dentro. — Theo

ouviu Leone se movendo na sala ao lado. — Então venha conhecer

a mulher mais incrível que você já teve o prazer de conhecer.

Leone deve ter ouvido, porque ela bufou. — Você deveria


diminuir as expectativas, estúpido.

Jamie tirou os sapatos e deu uma risada profunda, quente e

confortável. Sim, Jamie se encaixaria bem aqui.

Theo chamou-o para a sala de jantar, onde Leone estava na

cozinha despejando água em uma chaleira. Ela estava vestida com

um suéter de crochê desfiado em camadas sobre uma camiseta

preta e calça jeans limpa. Jeans limpos, como os que ele precisava
vestir. — Me dê dois segundos para vestir algumas roupas.

Leone virou o corpo em sua direção vagamente. — Vestir

roupas? Bom Deus, eu quero saber?

Jamie riu e caminhou até Leone quando Theo entrou em seu

quarto. As calças marrons que ele usou ontem seriam suficientes.

Pelo menos sua camisa “Safe and Sound” do Capital Cities estava
limpa, e talvez isso fizesse o Sr. Jamie Cooper sorrir.
O zumbido baixo da conversa surgiu ao fundo, pontuado pela

risada fácil de Leone. Ele sorriu presunçosamente. Graças à sua


artimanha, eles tinham um candidato decente para o quarto no

andar de cima. Com sorte, as entrevistas torturantes agora


poderiam terminar. Claro, ele teria que garantir que Leone se
sentisse bem em ter Jamie em seu espaço.

A risada estranhamente estridente de Leone disse a Theo


que ele provavelmente estava com sorte.

Theo se juntou aos dois na cozinha no momento em que a


chaleira estava assobiando.

Jamie olhou rapidamente a camiseta de Theo. Ele se


encostou na ilha da cozinha e cruzou os braços, erguendo os olhos
para ele.

— A mesma camisa que você vestiu no dia em que nos


conhecemos — disse ele. — Você está tentando me assustar?

— Assustar você? E aqui eu estava tentando ser sentimental.


Jamie olhou para Leone. — Seu irmão usou minhas sessões

de monitoria como seu quarto pessoal.


Theo subiu no banco em frente a Jamie e sentou em suas
mãos. — Eu te disse, eu aprendo as coisas melhor com os olhos

fechados.
— Não foi apenas a maneira descuidada com que você

esticou seus membros sobre as mesas. Você jogou seu casaco nas
costas da minha cadeira, seu cachecol na mesa do seu colega de

classe. Uma vez você até tirou as botas.


Isso era verdade. — Com toda franqueza, eu estava

encharcado naquele dia. Quem não tiraria as botas e usaria os


aquecedores da sala de aula para secar as meias?
— Mais ninguém. — Jamie balançou a cabeça, mas um traço

de humor brilhou em seus olhos.


Leone girou em direção a Jamie. — Soa como meu

preguiçoso irmão leonino. Protetor, teimoso, motivado – e quanto


mais coisas ele puder fazer do sofá, melhor.
— Ei! — Theo disse, soltando uma respiração, pronto para a

batalha, mas se defender parecia muito esforço, então ele expirou e


encolheu os ombros. — Sim, isso é verdade.

Jamie lançou-lhe um olhar de soslaio. — Admito que vim aqui


esperando qualquer pergunta que comece com "onde está o" e ser

respondida com "no chão".


Theo estreitou os olhos e rosnou para ele.
— Se não fosse por mim — disse Leone, sorrindo maior do

que ele tinha visto em meses. — Eu imagino que você estaria certo.
Mas Theo faria qualquer coisa por aqueles que ama, não importa o
que isso lhe custe. Incluindo ficar três horas em uma plataforma
congelante esperando meu trem atrasado chegar. Você quer chá?

— Claro — disse Jamie, olhando para ele estranhamente.


Quase... suavemente.

— O que você gosta? — Leone perguntou, pegando três


canecas. — Preto ou frutado?
— Frutado — disse Jamie, olhando para ela. —

Definitivamente frutado.
— Você gosta do mesmo que meu irmão. — Leone abriu a

gaveta ao lado de Theo, roçando a lateral da perna dele e puxou


dois saquinhos de chá de maçã e um English Breakfast.

— Isso é ... bom saber.


Depois que Leone lhes entregou o chá, ela se recostou no
balcão ao lado de Theo e segurou sua caneca com as duas mãos.

— Eu voto sim — disse ela. — Este é o nosso próximo colega de


quarto.

Theo sorriu de novo. — Tem certeza? — Ele perguntou. —


Você não fez muitas perguntas.
Jamie olhou para eles por cima da borda da xícara de chá. —

Pergunte à vontade.
Em vez de falar com Jamie, Leone falou novamente com
Theo. — Esse é o cara com quem você estava trocando mensagens
ontem à noite?

— Uhum.
— Então eu não preciso perguntar mais nada. Ele vai ser

ótimo.
— Já tem certeza sobre mim? — Disse Jamie.
Leone deu um pequeno encolher de ombros e se aproximou

de Jamie. — Conte-me. Como você definiria a sua aparência?

Minha visão é como photoshop instantâneo. Eu posso ver seu


contorno e as cores de suas roupas, mas todas as imperfeições

estão borradas.

— Quais imperfeições? Eu sou alto, de cabelos castanhos

claro e bonito.
Theo bufou. — Adicione modesto à lista também. Ele tem

isso aos montes.

— Como você o descreveria, então? — Leone perguntou.


Jamie levantou uma sobrancelha curiosa. — Sim, como você

me descreveria, Theo?

Theo lançou um olhar avaliador sobre Jamie. Ele não podia


negar que Jamie era alto e com cabelos claros, e se mantinha em
forma, se vestia bem. Ele tinha uma força discreta que poderia ser

atraente para alguns. Também sua confiança era atraente. Para


Leone também, parecia. E...

Espera.

Leone está atraída por Jamie?


Ele olhou para sua irmã sorridente e de volta para Jamie, que

ainda estava esperando Theo falar com ele. Talvez houvesse uma

faísca entre os dois?

Quão... oportuno.
Jamie parecia um cara decente. Inteligente, gentil, charmoso.

Talvez ele fosse um bom partido para Leone.

Ele respirou fundo e inclinou a cabeça enquanto analisava o


corpo de Jamie mais uma vez. Leone estava certa; ele faria - e

falaria também - qualquer coisa por aqueles que ama. — Ele tem

um par de olhos cinzentos surpreendentes e uma bunda que faria


seu clube do livro desmaiar. — Theo pulou do banco. — Certo

então. Quando você quer se mudar?

Por um longo segundo, Jamie olhou para ele, o humor em

seus olhos substituído por outra coisa que quase fez Theo tremer.
Jamie virou-se abruptamente para os livros que ele colocou

na ilha da cozinha atrás dele. Ele os passou para Theo. — Talvez eu


pudesse ver o lugar primeiro?

Leone quase engasgou com um gole de chá. — Jesus. Nós

nem mostramos a ele a casa! Isso que é ser presunçoso.


Theo colocou os livros debaixo do braço e curvou um dedo

para Jamie segui-lo. — Confie em mim, Leone. Ele quer o que esse

lugar tem a oferecer.

Jamie murmurou e seguiu Theo escada acima, atravessou a


sacada acarpetada no segundo andar que tinha vista para a sala de

jantar.

Uma porta dava para um quarto com banheiro privativo.


Ele contou a Jamie tudo o que podia sobre a casa deles: a

quantidade de sol que seu quarto tinha durante o dia, a viagem

semanal ao supermercado, se e quando eles cozinhavam, e a

localização dos pontos de ônibus e de lugares para estacionar,


próximos e distantes.

— Você tem até seu próprio banheiro — disse ele. — Eu

estava certo?
— Sobre querer o que esse lugar tem a oferecer? — Jamie

encostou-se no batente da porta do seu futuro quarto e olhou para

ele. — Eu acho que você estava.


Theo parou na porta e imitou Jamie, descansando contra o

batente. — Alguma pergunta?


— Sua irmã é cega.

Theo ficou rígido. Isso seria um problema? — Ela tem tido

uma perda de visão severa desde que tínhamos quinze anos. Sua
falta de visão quase não faz diferença. Ela faz tudo o que quer, sem

desculpas. Ela luta pelo que precisa e pelo que quer e...

Jamie se desencosta do batente. — Isso não foi uma crítica.

Sua irmã parece inteligente e capaz.


— Ela é — disse ele, as mãos ainda enroladas ao seu lado.

— Eu a admiro pra caralho.

Jamie o tocou no ombro e apertou, o polegar roçando a gola


da camiseta e passeando contra a pele. — Eu gosto dela.

Theo notou a sinceridade de Jamie e relaxou sob seu toque.

— Então nós vamos nos dar muito bem


“Seja franco sobre como se sente. Ou, melhor ainda,
aperfeiçoe sua agressividade passiva.”

Jamie para um Theo procrastinando e de olhos


estreitos.
4

Eles não se deram muito bem.


Jamie era irritante.

Ele os fez comer legumes. Legumes de verdade.


Ele havia se mudado há dois dias e não apenas assumiu a
cozinha, mas teve a coragem de dizer a Theo para parar de enrolar

no sofá e abrir seu livro de economia aplicada, se quisesse o A.


Pior, Leone concordou com ele.
Theo reclamou baixinho, pegou uma almofada do sofá e

enfiou-a embaixo da cabeça. — Eu pensei que você morando aqui


faria economia ser como uma caminhada no parque. Como morar
com o Google.

Jamie foi até ele no sofá e pressionou o livro gordo no seu

peito, o deixando sem fôlego. — Leia isso, e eu vou fazer um teste


com você.

Theo estreitou os olhos para ele, mas a expressão de Jamie

permaneceu firme. — Leone? — Ele chamou, ainda segurando seu


olhar. — O que você quer para o jantar essa semana? Estou indo ao

supermercado.
— Eu vou no banco da frente — disse Theo, tentando

empurrar o livro para longe, mas Jamie plantou uma mão firme

sobre ele, mantendo-o exatamente onde estava. — O que? Estamos


sem pizza e manteiga de amendoim.

— Chega de viver de jantares congelados. Você precisa de

nutrição adequada. Vocês dois.


Quão difícil seria colocar uma pizza no carrinho quando

Jamie não estivesse olhando? — Vamos resolver isso agora, então.

Os lábios de Jamie se contraíram. — Leia um capítulo


primeiro e então você pode vir.

Theo abriu o maldito livro. — Ajudaria se eu pudesse ler sua


caligrafia horrorosa.

— Você sempre tem que ter a última palavra, não é?

Theo olhou para ele e sorriu. — Quem, eu?

Jamie caminhou até a cozinha, abriu os armários e rabiscou

uma lista de compras. Theo leu a introdução insípida e metade do

primeiro capítulo. A presença de Jamie dificultava sua concentração.


Theo sentiu seu olhar nele metade do tempo checando para ter

certeza de que não havia desistido da leitura.


Ele queria desistir, mas era orgulhoso. Então.
Felizmente, o telefone de Jamie tocou e ele atendeu com um

jovial: — Sean! Como você está? — Ele puxou o telefone da orelha

e lançou um olhar para Theo. — Você continua lendo. — E retomou

a ligação, a voz subindo as escadas enquanto Jamie se retirava

para o quarto.

Theo esperou até a porta de Jamie fechar para pular do sofá


e distrair Leone de sua tese de história até a cozinha. — Sim, tudo

bem — disse ela. — Podemos ligar para mamãe.

Leone procurou o telefone fixo que mantinham na esquina da

ilha da cozinha e começou a discar, e Theo pegou o papel e a

caneta que Jamie deixou no banco da cozinha.

— Jesus, a letra dele é uma bagunça.

— Desde que possamos colocar um pouco de chocolate na


lista, eu não me importo. E ele está certo, você sabe. Nós não

comemos bem.

— Eu sempre garanto que tenhamos lasanha vegetariana de

microondas.

Leone pressionou o alto-falante e a cozinha foi preenchida

pelo toque da ligação. A mãe deles atendeu e foi direto ao ponto.


— Os entes queridos podem me confrontar com notícias que

podem iniciar uma grande mudança para a família. Não devo


assumir quais são essas notícias e devo levá-las a sério.

Aparentemente, tenho a propensão de me intrometer onde seria


melhor deixar as coisas seguirem seu curso natural. Mas agora
meus amores leoninos ligaram e tudo o que posso fazer é não brigar

com vocês por notícias.


— Ei, mãe — ele e Leone disseram juntos.

— Sim, sim, olá, é claro. Abraços e beijos também. As


notícias?

Uma risada calorosa veio do andar de cima, apenas


ligeiramente abafada pela porta de Jamie. Quem era esse Sean
com quem ele estava conversando? — Notícias? Não há notícias.

— Theo, eu te amo, mas você fica alheio metade do tempo.


Leone, você geralmente é mais astuta. Você consegue pensar em

algo que possa mudar a dinâmica da família?


— Sim. Theo tem rido mais recentemente.

As bochechas de Theo esquentaram. — Digo o mesmo de


você, Leone.
— Decidimos deixar Sam e Derek no passado, de uma vez

por todas — disse Leone.


Ao ouvir o nome de Sam, Theo foi atingido por uma pequena

pontada.
— Assuntos do coração — mamãe disse, — Sim, isso

poderia ser a novidade. Encantador. Talvez isso signifique que


vocês dois conhecerão alguém novo em breve? De fato... ah, deixa

pra lá, eu deveria cuidar da minha vida. Talvez um pequeno


empurrão na direção certa? Ouça, amores. Vamos falar sobre
compatibilidade de Leão.

Ela estava se enganando se pensava que ele namoraria com


base em um signo.

— Samantha e Derek não eram boas combinações para


vocês — disse ela. — Especialmente Samantha, Theo. Os
virginianos são tem o menor número de compatibilidade com um

leonino. Nenhuma química sexual.


— Havia muita química sexual, muito obrigado.

— Isso não era química, querido. Isso era foder.


— Mãe!

— A química real torna o sexo divertido e emocional.


— Como você sabe que não era emocional? — Não era,
porque sexo nunca era, mas mesmo assim.

— Algum de vocês já fez amor...


— Dois minutos depois e eu já estou desejando que essa
ligação termine.
— Viu, você não fez.

Se Theo não tivesse vivido com esse tipo de mãe durante


toda a vida, estaria desejando que o chão se abrisse e o engolisse.

Isso era... era apenas um sábado normal.


— Fazer amor é uma invenção de Hollywood. Fica bem ao
lado de Maglor e Terra Média em um dicionário de Tolkien.

— Tudo o que estou dizendo, Theo, é que, se você acha que


alguém de Virgem é bom, ficará impressionado se encontrar alguém

de Áries. Ou Sagitário.
Leone, que estava rindo da troca de farpas entre eles, riu

ainda mais. — Conte-me mais sobre Áries e Sagitário.


Theo balançou a cabeça e acrescentou "crocante" a
"manteiga de amendoim" na lista de Jamie, enquanto sua mãe

detalhava a confiança, a comunicação e a intimidade sexual em


uma parceria entre Sagitário e Leão.

Ele rabiscou um Leão e um Áries na parte inferior do papel,


enquanto a mãe deles mergulhava nos pares mais compatíveis.
— Áries e Leão são tão apaixonados juntos – e a intimidade.

A intimidade. Há uma tendência de ficar com ciúmes e possessivo,


mas isso é compensado com lealdade absoluta que esses dois têm
um pelo outro. Realmente, você não pode encontrar uma
combinação melhor. Áries alimenta sua necessidade de atenção

enquanto permanece firme em seu próprio caráter. Vocês dois


precisam provar o quanto são incríveis e, ao fazê-lo, Áries energiza

Leão. E Leão, por sua vez, valoriza Áries. Apesar da batalha pelo
domínio, o relacionamento flui com carinho, paixão e diversão.
— Theo — disse Leone, balançando as sobrancelhas. —

Certifique-se de me encontrar um Áries.

Ele bufou. — Você não acredita nisso, acredita?


— Não seja tão desdenhoso — disse mamãe. — Você pode

perder algo bom.

Quando ele terminou os chifres no carneiro, ele ouviu as

tábuas do andar de cima rangendo. Leone deve ter ouvido isso


também, porque ela deu um tapa em sua própria testa e disse: —

Ah, sim. Temos um novo companheiro de quarto. Ele costumava ser

o monitor de economia do Theo.


Falando em economia... Theo olhou para o livro que ele havia

deixado na mesa de café. Talvez ele devesse se apressar e voltar

ao seu lugar e fingir que estava estudando o tempo todo, apenas


para impedir Jamie de emitir outro comentário irritante.
— O nome dele é Jamie — acrescentou Leone.

Theo desligou o viva-voz e colocou o telefone no ouvido. —


Então, talvez, e eu quero dizer isso com todo o meu amor, talvez da

próxima vez que você ligar, tenha certeza de que está falando

conosco antes de mergulhar nos segredos do universo? Amamos


você. Tchau.

Ele colocou o telefone na mão de Leone e conduziu-a de

volta ao quarto dela. Agarrando seu livro, ele pulou de volta no sofá

enquanto Jamie descia as escadas.


Jamie passou por ele e foi até a cozinha com um simples

olhar. — Seria mais fácil absorver os princípios de eficiência e

equidade em relação às compensações com o livro virado na


direção certa.

Droga.

Theo olhou para ele por cima do livro. — Você subestima


meus talentos, Jamie. Eu sou proficiente em ler de cabeça para

baixo. De trás para frente também, na verdade.

— E, mesmo assim, minha letra te confunde.

Ponto para o Sr. Jamie Cooper.


Theo mostrou suas covinhas para ele.
Jamie pegou a lista de compras e as chaves da prateleira.

Theo respondeu ao tilintar da chave como se fosse o último sinal

antes das férias de verão. Ele pulou do sofá, pegou o casaco e


enfiou os pés nos sapatos.

Jamie bateu na porta de Leone e a chamou para ir com eles.

Ela se levantou com um salto, vestiu a jaqueta e eles saíram no ar

gelado até o Honda verde-azulado de Jamie estacionado na


calçada.

Eles entraram, Jamie dando a Leone tempo para se

familiarizar com o carro dele e se acomodar confortavelmente no


banco de trás. Jamie ligou o motor e aumentou o aquecedor.

— Jesus está tão limpo aqui — disse Theo, olhando ao redor

do interior de couro impecável.

— Bem do jeito que eu gosto.


Leone riu. — Não deixe Theo comer no carro, então. Haverá

migalhas em alguns lugares no estofamento que você nem sabia

que existia.
Jamie apoiou um cotovelo no descanso de braço e olhou

para ele. — É mesmo?

Theo pressionou o dedo contra a condensação na janela da

frente e começou a escrever. — Gosto dos meus carros com


personalidade.

— Isso significa que ele aprecia o cheiro de biscoitos velhos.


— Leone!

Ela riu. — Ei, eu gosto. Tudo o que tenho a fazer é sentir os

grãos e sei que estou em casa.


Theo terminou de escrever a citação no para-brisa: E, no

entanto, minha letra te confunde.

Jamie leu, parecendo dividido entre a irritação que as

impressões digitais manchariam o vidro e uma leve diversão.


— Eu disse isso.

— Cinco pontos para o Time Cooper. — Theo rabiscou o

nome de Jamie sob a citação.


Jamie deu um meio sorriso, depois ficou sério e balançou a

cabeça. — Coloquem os cintos, leoninos.

Jamie ouviu a ligação com a mãe deles, então. Theo

balançou a cabeça.
Com cintos e prontos para ir, Jamie se afastou do meio-fio e

dirigiu pela estrada em direção ao supermercado. Enquanto

conversava com Leone sobre a história social e de gênero durante o


século XIX, Theo abriu o porta-luvas e olhou lá dentro.
Registro e documentos do carro. Duas garrafas de água e

cinco barras de chocolate da Hershey que já passaram do prazo de

validade.

— Algo incriminador? — Jamie perguntou em voz baixa


enquanto esperavam no sinal vermelho.

Theo lançou-lhe um olhar interrogativo. — O que há com todo

o chocolate vencido?
— No caso de eu ficar preso no trânsito na estrada, é claro.

Claro. Jamie com certeza gostava de ter suas coisas

organizadas.

— É melhor eu substituir isso, então. O que há com o


sorriso? — Jamie voltou a dirigir.

Theo sentiu suas covinhas se aprofundarem. — Você é tão

organizado. Não é à toa que te irritei tanto.


Alguns segundos se passaram antes de Jamie responder. —

Isso é fofo.

— O que?

— Seu uso do tempo no passado.


Theo deu um soco no braço de Jamie. — Por que

escolhemos esse cara como companheiro de quarto?


— Porque ele é inteligente e atencioso, ele cozinha, ele

separa a roupa branca e ele tem um carro e… — Sua irmã


continuou todo o caminho até o estacionamento do supermercado.

Theo virou em seu assento e a encarou. Ele estava

testemunhando o início de uma bela amizade? Jamie tinha mais ou

menos a mesma idade e compartilhava a mesma determinação que


Leone tinha, e ela admirava a necessidade incessante do sujeito de

manter as coisas em ordem.

E, frustrações à parte, Jamie era...


Bem, ele seria o cunhado insuportável que sempre o encheria

o saco; e Theo devolveria tudo da mesma forma. Ele gostava de

irritá-lo, mesmo que o olhar cinza de Jamie o deixasse um pouco


nervoso.

Não era nada que ele não pudesse suportar. Nada mesmo.

Ele se mexeu no assento e olhou para o parabrisa. Pelo

canto do olho, ele viu Jamie sorrindo.


— Leone, obrigado — disse Jamie. — Você está perto de ser

minha garota favorita de todos os tempos.

— Pare de alimentar o ego dele. — Theo saiu do carro. — A


cabeça dele é grande o suficiente.
Eles entraram no supermercado, Theo oferecendo a Leone
seu ombro para segurar. Jamie empurrou o carrinho de

supermercado e olhou para eles enquanto Theo passava

rapidamente pelas frutas e vegetais e indo para a seção de


congelados.

Theo não deu três passos além dos produtos frescos antes

de Jamie agarrar seu outro ombro e gentilmente o fez parar. —


Vamos tentar isso de novo. — Ele olhou para Leone. — Posso te

guiar hoje?

Ela passou a mão dela para Jamie. — Ele foi direto para a

pizza, não foi?


Theo bufou. Jamie mandou ele levar o carrinho enquanto

conduzia Leone de volta aos brócolis e couve-flor.

Se o cara não fosse tão bom com sua irmã, ele pensaria em
estrangulá-lo com as cebolinhas que haviam ido parar em seu

carrinho.
Dolorosamente, eles passaram pelas seções saudáveis,
enchendo seu carrinho com berinjela, alho, cenoura e muitos itens

verdes para citar. Não bastou que eles pegaram arroz e macarrão,
Jamie também pegou lentilhas, cuscuz e quinoa – seja lá o que
fosse essa merda.
Acabou que uma pizza congelada era ok no final, porque,
eles deviam ter moderação, ou o que fosse.
Mas a gota d'água veio no corredor da manteiga de

amendoim.
Theo sempre comia manteiga de amendoim com pedaços.
Aparentemente, Jamie sempre comia a comum.

Theo estava ao lado de Jamie, abraçando um pote de


manteiga de amendoim contra ele.
Leone tomou a decisão final. — Fazer compras com vocês

dois é como assistir novela mexicana — disse ela. — Vocês fazem


muito drama. Eu não me importo com nenhum tipo, mas vou
escolher a comum. Desculpe, Theo.

A boca dele se abriu. — Nós não somos mais do mesmo


sangue. Comum?
A presunção mal contida de Jamie escapou em seus lábios.

Claramente, ele achou a situação divertida.


A manteiga de amendoim comum entrou no carrinho, e sua

irmã traidora saiu com Jamie.


É claro que eles poderiam ter comprado os dois, mas comum
versus crocante parecia um jogo – e Theo nunca havia sido bom em
jogos de equipe. Ele gostava de jogar limpo. Ele gostava de ser o
vencedor.
Ser quem cuidava do carrinho facilitou a vitória. A manteiga

de amendoim comum caiu fora e a de pedaços caiu dentro. Opa.


Eles passaram pelo caixa e estavam voltando para o carro

quando o telefone de Leone tocou. Jamie parou em um espaço


seguro da calçada e deixou que ela atendesse.
— Derek? — Sua voz soou sem fôlego, e Theo congelou com

o carrinho. Ele sabia como o estômago dela devia estar se


enchendo de borboletas. Toda vez que o toque de Sam soava, ele
esperava que houvesse uma chance de Derek e ela não terem dado

certo e ela estava ligando para implorar por outra chance.


Jamie desviou o olhar de Theo para Leone, uma curiosa
sobrancelha erguendo-se e depois chamou Theo para trocar de

função.
Theo mudou-se para o lado da irmã e Jamie empurrou o
carrinho para o carro e abriu o porta-malas.

Leone apertou a mão dele e soltou uma risada amarga e


familiar. — Seu aniversário... festa em sua nova casa... pode levar

um encontro.
Por um momento, Theo pensou que ela desligaria na cara do
Derek, mas endireitou os ombros e levantou o queixo. — Eu estarei

lá.
Ele não ficou surpreso quando o seu telefone tocou
momentos depois.

— Oi, Theodore — disse Sam quando ele respondeu com um


grunhido. Ele odiava saber que ela estava sorrindo. — Talvez você

já saiba por que estou ligando?


— Vamos ver. Seu carro furou o pneu e você precisa de mim
para trocá-lo pelo estepe para você? Você precisa de alguém para

dar uma boa edição no seu trabalho de filosofia? Você precisa de


mim para ajudá-la a escolher um presente para o aniversário do seu
namorado-noivo? — Theo fechou os olhos, respirou fundo e soltou a

dor que estava sentindo. Ele já estava farto disso. — Eu tenho que
parar de fazer coisas para você, Sam — ele disse suavemente. —
Você seguiu em frente e eu também.

— Você está certo — disse ela calmamente. — Eu sinto


muito. Se você quiser ir à festa para sair um pouco, será bem-vindo.
Espero que você apareça. Você é um cara legal, Theodore. Eu

gosto de você na minha vida.


Theo engoliu em seco, olhando fixamente para Jamie

fechando o porta malas. Jamie olhou para cima, seus olhares


colidiram, e Jamie hesitou antes de se retirar para o lado do
motorista.

Theo desligou e, em silêncio, levou Leone ao lado do


passageiro do carro de Jamie. Ela poderia sentar na frente dessa
vez.

Jamie não disse nada quando eles entraram no carro, mas


ele olhou para Theo através do espelho retrovisor uma, duas, três

vezes antes de saírem do estacionamento.


Finalmente, Jamie falou. — Quem era no telefone?
Theo deu um pequeno sorriso. — A minha ex.

Jamie assentiu sombriamente. — Uma ligação daquelas.


Algo sobre a maneira triste como ele disse isso fez Theo
acreditar que ele entendia. — De qualquer forma — disse Theo,

puxando divertidamente o cabelo de Leone através do espaço no


apoio de cabeça. — O que nós estamos fazendo para o jantar?
— Nós? — Leone bufou.

— Ok. O que você está fazendo, Sr. Jamie Cooper?


— Nós — Jamie disse, olhando-o através do espelho
retrovisor, — iremos aprender a fazer lasanha. A do tipo que não é
de microondas.
Quando eles estacionaram do lado de fora de sua casa,
Jamie pegou a lista de compras e a entregou para Theo.

— Para que isso? — Theo perguntou, saindo do carro e


seguindo Jamie até o porta-malas.
Jamie pegou seis sacolas e as levantou sem esforço. — Você

desenhou uma coisinha no final da página.


O Leão e o Áries. — Tenho certeza que você pode adivinhar
o porquê, bisbilhoteiro.

— A necessidade subconsciente de encontrar alguma


química real, talvez?
— Eu conheço química, Jamie. — Theo balançou as

sobrancelhas. — É sexy.
Leone, esperando ao lado do carro, riu, e Theo pegou as

sacolas restantes, girou nos calcanhares e ofereceu-lhe o ombro.


— Eu ainda não me importaria de encontrar um ariano —
sussurrou Leone.

Theo não tinha pensado que suas palavras suaves haviam


viajado. Elas devem ter, no entanto, porque uma vez que Leone
desapareceu na cozinha e Theo estava tirando os sapatos, Jamie
passou por ele, prendendo-o com um olhar cintilante. — Você sabia
que eu sou de Áries?
"Eu queria saber, quanto cocô de mosca a pessoa
comum come em média em sua vida?”

Leone para Theo comendo uma maçã que não foi


lavada.
5

Derek parecia perfeito para Leone, mas ela ainda estava com

o coração partido. Era por isso que Theo não podia dizer à irmã que
o homem perfeito poderia estar bem na frente dela.

Ele primeiro tinha que ter certeza de que Jamie era O


Homem.
Isso significava passar tempo com ele. Muito tempo com ele.

Essa era a parte mais difícil.


Sério. Theo tinha que acordar às sete da manhã para pegar
uma carona com Jamie para o campus, e fazia isso quatro vezes

por semana.
Duas vezes, Leone também aceitou a oferta de Jamie para
levá-los ao campus, o que deu a Theo a chance de observar

sutilmente a interação deles. Genuína. Gentil. Insolente.

Theo gostava do estilo atrevido de Jamie. Era a única parte


boa de ter que acordar com as galinhas. Isso e escrever citações

diárias na porta da geladeira ou nas janelas embaçadas ou, como

uma vez, que ele chegou até a escrever em um guardanapo. A


última citação era a favorita de Theo: o medo de manequins sem
cabeça é malditamente racional. Uma citação de Jamie, depois que

Theo o pegou estremecendo ao passar pela vitrine de uma loja.


Às quintas-feiras, Theo não tinha aulas até a tarde e ia de

ônibus para o campus. Mas hoje Jamie sugeriu que se

encontrassem depois da aula de economia aplicada para tomar um


café no Starbucks. Theo pretendia persuadir o homem em busca de

ajuda para decifrar a complicação que era Dylan Fudêncio.

— Eu dei uma chance a ele. Mais de uma. E não está dando


certo.

Eles estavam sentados em uma mesa do lado de fora com

seus copos de papel cheios de café com leite sob a luz suave do
sol. Jamie estava aproveitando o calor apoiando a cabeça na

parede do café, os olhos fechados enquanto ele cantarolava em


resposta à reclamação de Theo.

Theo desenhou outro carneiro na apostila de Fudêncio. Ele

vinha desenhando o símbolo de Áries ultimamente, como se tivesse

se arrastado sob sua pele e assumido o controle de vários

membros. E, sim, não havia nada proibido para menores nisso.

Obrigado, gráficos estúpidos de compatibilidade.


Ele terminou o carneiro com um floreio nos chifres. — Ele

simplesmente não é você.


Jamie olhou para ele pelo canto do olho. Seu olhar
permaneceu nele por alguns segundos arrepiantes, mas não veio

com a oferta de ajuda ilimitada que Theo estava querendo.

Ele tinha a sensação de que Jamie estava enrolando para se

oferecer, porque ele gostava de torturá-lo.

Como se para provar a teoria de Theo, Jamie desviou o olhar

para a apostila e sorriu. Então o bastardo voltou a aproveitar a luz


do sol.

Só que Theo não podia chamá-lo de bastardo, já que Jamie

havia comprado o café para os dois. Inesperado e... legal. Ele tinha

a sensação de que era o estilo de Jamie garantir que os outros

tivessem tudo o que precisavam. Isso possivelmente explicava os

sanduíches que Jamie fazia para eles todos os dias. Um bastardo

brincalhão, opinativo, arrogante e carinhoso – e Theo gostava disso.


Ele até gostava desse jogo que Jamie estava fazendo com

ele.

Porque os jogos eram divertidos.

E Theo amava ganhar.

Ele pegou seu café com leite e tomou um gole, encarando a

mandíbula forte e o nariz afiado de Jamie e como a luz destacava o


cobre e o ouro de seus cabelos castanhos. Lá estava ele sentado,

confiante, confortável, relaxado e com Theo na palma da mão.


Antes que o Sr. Jamie Cooper percebesse, ele estaria

oferecendo ajuda ao Theo com um doce sorriso de lado.


— Você está me encarando — Jamie murmurou sem abrir os
olhos.

— Estou pensando em sua opinião sobre hipocrisia.


A sobrancelha de Jamie se levantou. — Sinto que isso é uma

armadilha, mas vou morder a isca. Não sou fã.


Theo tomou outro gole de café, principalmente para esconder

um sorriso desagradável. — Então não está ok eu ficar de olhos


fechados durante nossas interações, mas está tudo bem se for
você?

Jamie abriu os olhos e virou lentamente em sua cadeira até


que eles estavam se encarando. A maneira como seus olhos

cinzentos se fixaram em Theo o levou a tomar um gole nervoso de...


ar. Ele terminou seu café com leite sem ao menos perceber. Certo.

Bem, Jamie não sabia disso.


Theo continuou a bebericar.
— Eu não sabia que estava participando de uma aula agora.

— Ele se inclinou na direção dele sobre o café. — Mas deixe-me


garantir, Sr. Theo Wallace, que estou absorvendo tudo.

Jamie olhou para a boca dele como se estivesse esperando


que Theo respondesse de volta. Mas Theo apenas engasgou com

um gole de ar com sabor de café.


Theo apoiou um cotovelo tranquilamente no encosto da

cadeira, segurando o copo de papel com força, sorrindo enquanto


dizia: — E como está a aula Theodore Wallace 101?
Jamie fez uma avaliação abrangente dele, observando o

pulôver que ele enfiou sobre sua camisa polo sem se importar em
puxar a gola. Ou talvez ele estivesse absorvendo o tempo excessivo

que Theo estava engolindo. — Eu posso estar interessado nas


aulas avançadas. Se elas estiverem sendo oferecidas.
Theo riu. — Vamos ver você se sai bem nas 101 primeiro.

— Me teste a qualquer momento, eu estarei pronto.


— Ah, é?

Jamie bateu na têmpora. — Eu faço anotações.


Theo tomou outro gole de ar. Ele precisava recolocar a

cabeça no lugar. — Como foi a reunião com o orientador do seu


mestrado?
Jamie estava trabalhando duro em sua tese de mestrado:

"Keynes aplicado à recordstore.co.uk: o uso da teoria dos jogos


para ajustar a incerteza e a irracionalidade no comportamento do
cliente".
— A reunião foi bem — disse Jamie. — Estou pretendendo

encerrá-lo até o final do verão.


Theo não duvidava. Nem um dia se passou sem Jamie

sentado estudando religiosamente em sua mesa, digitando


fortemente no computador, os chás de frutas que Theo sempre
fazia, que ficavam frios antes de Jamie parar para beber.

No fim de semana passado, Theo entrou no quarto do andar


de cima enquanto Jamie trabalhava concentrado em sua tese. Ele

se encolheu na poltrona verde-oliva com um livro terrível de


economia e olhou para as estantes abarrotadas de Jamie e a cama

king-size bem arrumada, esperando para ver quanto tempo Jamie


levaria para perceber que ele estava no quarto.
A resposta? Quarenta minutos.

E quando ele percebeu, Jamie cuspiu seu gole de chá frio. O


olhar mortal que Theo recebeu quando Jamie limpava o jeans sujo

de chá não tinha preço.


Theo se livrou daquela memória quando Jamie recostou-se
na cadeira e continuou: — Me pediram para dar uma palestra sobre

economia keynesiana na próxima semana para os graduandos.


— Sério? Que oportunidade incrível. — Os alunos iam se
encantar com sua sabedoria e então iriam o encher o saco
avidamente depois da aula para ensiná-los mais.

Entrem na fila.
— Você pode participar, se quiser. Se você prometer que não

haverá BEIJos.
— Isso tiraria metade da diversão, — disse Theo. — Mas eu
adoraria participar.

Jamie assentiu. — Que bom Eu acho que você poderia usar

as instruções.
Theo jogou a caneta nele, que Jamie preguiçosamente

pegou. Ele era habilidoso em tudo?

Pegando a caneta de volta, Theo arriscou sua cartada final.

Ele pegou o café com leite de Jamie e escreveu no copo. Jamie o


pegou de volta e leu em silêncio.

Ele olhou para Theo por cima da tampa e balançou a cabeça.

— Ninguém disse isso — ele disse.


— Disse o que? — Theo perguntou inocentemente.

— O que está escrito aqui.

— E o que está escrito?


Os lábios de Jamie se contraíram, e Theo sabia que tinha

vencido.
— Como posso ajudá-lo com economia, Theo? — Jamie leu

em voz alta.

Theo colocou sua tarefa na frente de Jamie. — Achei que


você nunca iria perguntar.

Jamie sorriu e viu como Theo, orgulhosamente, levou o copo

de papel à boca. Pouco antes da tampa tocar seus lábios, Jamie

estendeu a mão e puxou o copo.


Por um segundo assustado, Theo congelou.

Jamie levantou-se calmamente. — Eu vou revisar a tarefa

com você, Theo. Mas primeiro, deixa eu te comprar outra bebida.

***

A manhã de sábado começou com a corrida habitual de

Theo. Ele tinha o hábito de correr doze quilômetros na maioria dos

dias da semana. Ele adorava sentir o ar frio de fevereiro no fundo de

sua garganta, a maneira como sua pele formigava com o esforço.


Theo parou abruptamente entre um ponto de ônibus em

ruínas e uma vila fechada. Sam, correndo em sua direção, diminuiu


a velocidade até parar. Ela usava leggings apertadas e um moletom

fino. Fones de ouvido roxos brilhantes apareciam por cima de seu

cabelo loiro, que ela cortou. Um cacho perdido estava emaranhado


em sua bochecha logo acima da sarda que ele costumava adorar

com sua língua.

— Theodore — disse ela, tirando os fones de ouvido. A luz do

dia brilhou na pedra em seu dedo e o trouxe de volta à realidade.


Ele enfiou as mãos nos bolsos da bermuda e fingiu

indiferença. — Ei, Sam.

— Engraçado que esbarramos um no outro. Eu estava


pensando em você.

Um mês atrás, essas palavras teriam inchado seu peito com

esperança. Agora havia um mero estremecimento atrás de suas

costelas. Talvez ele tenha encontrado um jeito de superar depois


sua última conversa com ela.

Doía ver a mulher com quem ele pensou que sempre

acordaria ao lado.
Mas ele se acostumou a acordar sozinho. E, recentemente,

as manhãs eram mais fáceis. Possivelmente por causa da estrita

agenda de Jamie.

Não havia tempo para nostalgia.


— Eu queria saber se você decidiu sobre a festa no próximo

fim de semana? — Ela disse.


— Ah, certo. — Ele limpou o suor da testa com as costas do

antebraço. Ele havia esquecido da festa, o que indicava que

alcançou um marco saudável. A festa arruinaria seu progresso?


Provavelmente. Mas se Leone insistisse em aparecer, ele não

poderia deixá-la sofrer sozinha. Leone sabia como se locomover nos

lugares desconhecidos e não tinha vergonha de pedir ajuda. Era

toda a merda emocional que vinha com essa festa que poderia ser
demais para ela.

E ele não confiava em Derek, Sam ou em qualquer amigo

deles para cuidar de sua irmã.


— Acho que vou — disse ele.

O rosto de Sam se iluminou com um sorriso e por um

segundo Theo pensou que ela iria jogar os braços ao redor do

pescoço dele e puxá-lo para um abraço. Só por precaução, ele


balançou nos calcanhares. Ele não era forte o suficiente para

abraços. Ainda, de qualquer maneira.

Eles terminaram o momento com um aceno estranho e Theo


continuou o resto de sua corrida. Ele só queria chegar em casa.

Tomar banho. Esquecer ela.


Ele quase conseguiu.

Ele se lembrou dela no chuveiro enquanto se limpava. Então

se lembrou um pouco mais quando ele tocou seu pau. Mas,

felizmente, a lembrança dela o chupando se transformou em uma


cena do livro que ele estava lendo.

Theo era o mais distante de puritano que existia. Na verdade,

ele era um pouco exibicionista. Mas esse não era o livro mais fácil
de se ler em voz alta. Para a irmã dele.

Theo queria ser uma mosca na parede naquela reunião do

clube do livro.

Quando Theo terminou, ele se enrolou na toalha e procurou


roupas limpas nas gavetas. Não encontrando nada, ele saiu do

quarto com a toalha enrolada na cintura, o cabelo molhado

escorrendo água pelas costas, na esperança de encontrar roupas


limpas no varal no canto designado para lavanderia na sala de estar.

Na cozinha, Leone e Jamie estavam cozinhando. Jamie

estava medindo uma xícara de farinha sobre a tigela preta na qual

Leone estava fazendo a massa. Ele olhou para cima e seus olhares
se chocaram.

— Só preciso de uma cueca — disse Theo se aproximando

das roupas úmidas no varal.


Leone abriu a boca – provavelmente para dizer a Jamie que

era farinha suficiente – quando o telefone tocou.


— Deve ser a mamãe — Theo e Leone disseram ao mesmo

tempo.

Jamie deixou cair o saco de farinha e avançou para atender a

ligação. Ele segurou o telefone no ouvido por uns bons vinte


segundos antes de conseguir falar uma palavra.

Era mamãe, então.

— Sra. Wallace, prazer em falar com você.


Theo podia imaginar o silêncio chocado momentâneo que

sua mãe teve ouvido a voz profunda e divertida de Jamie ecoando

na linha. E então ela iria se recompor e começar uma série de


perguntas.

— Ok então, Crystal. Seus leoninos estão... indo bem. —

Jamie apertou um botão no telefone e o colocou no balcão. —

Leone está bem. É com o outro que você precisa se preocupar.


— É mesmo? — A voz de sua mãe flutuou pela sala,

educada e curiosa.

— Ele parece ter um problema com o dia de lavar roupa. —


Jamie olhou para Theo pegando o terceiro par de cuecas boxers

molhadas. Ele estava perdendo a esperança de que alguma delas


estivesse seca. — Não é a primeira vez que ele sai correndo
procurando roupas íntimas.

Leone bufou e mamãe riu também.

Theo mostrou o dedo para eles, o que ampliou o sorriso de


Jamie.

— É por isso que as estrelas estão dizendo para ele se

organizar — disse mamãe. — Ele pode me ouvir?


— Ele com certeza pode.

— Theo, amor, vire a cueca de ontem do lado avesso.

— Jesus, mãe.

— Qual é o problema? Você costumava fazer isso o tempo


todo quando era adolescente.

Uma onda de calor tomou conta do peito, pescoço e

bochechas de Theo. — Eu tinha treze anos e foi uma vez.


— Eu te envergonhei, amor? Fui avisada de que poderia ser

criticada por isso hoje. Mantenha a cabeça erguida com orgulho, há


histórias muito piores que eu poderia ter contado. Como o tempo em
que...

Theo sabia que Jamie gostava de testemunhar sua mãe o


envergonhando.
Foi por isso que Theo ficou surpreso quando Jamie,
parecendo ter sido a coisa mais difícil que já teve de fazer, desligou
o alto-falante e passou para Leone.

Leone pressionou o telefone no ouvido e recostou-se no forno


enquanto contava a mãe sobre sua semana, e Jamie se ocupou em
abrir a massa em uma forma.

Theo ficou parado em silêncio por alguns momentos,


tentando entender o suave toque de gratidão em sua barriga. Ele
não se importaria se Jamie o tivesse provocado pelas coisas

estúpidas que ele fazia quando criança. Ele ficaria envergonhado,


com certeza, mas não tão mortificado que não pudesse ver o humor
nisso.

Uma parte dele queria que Jamie o provocasse sobre seus


piores momentos – isso tornaria a vingança muito mais doce –, mas
o irritava quanto mais ele gostou que Jamie não o provocou.

— Bolinhos prontos em dez minutos — disse Jamie,


cutucando suavemente Leone para o lado e deslizando a bandeja

para dentro do forno.


Theo voltou a si e se esgueirou para o quarto, onde vestiu
uma calça jeans, camiseta e uma blusa de moletom cinza quente.
Ele voltou para a sala e ajudou a pôr a mesa. Leone lhe
entregou o telefone e Theo falou alguns minutos com sua mãe antes
que o delicioso aroma de queijo derretido o fizesse terminar a

ligação e se juntar aos outros dois no café da manhã.


Sua primeira mordida do bolinho quente e amanteigado

provocou um gemido dele.


— Eles são tão bons — concordou Leone.
— Porra, sim — disse Theo. — Me faz querer me curvar às

glândulas salivares.
Jamie fez uma pausa, um bolinho pairando a centímetros de
seus lábios abertos. Ele colocou no prato. — Você não deveria

querer se curvar a mim e a Leone por ter cozinhado?


Theo fingiu pensar nisso por um momento, depois balançou a
cabeça, suas covinhas saindo para brincar. — Não importa o quão

bom cozinheiro você seja, sem saliva eu não seria capaz de provar
essa delícia.
— Verdade — disse Jamie, inclinando-se para a frente,

preparando-se para um debate acalorado. Como cada refeição


terminava assim? — Mas sem nós não haveria essa delícia.

— Você só quer que eu me curve diante de você.


Jamie olhou para ele e disse secamente: — Eu não me
importo com você de joelhos, me enchendo de louvores.

— Nunca vai acontecer — disse Theo. — Não importa


quantas delícias você traga para a minha vida.
Leone franziu a testa, inclinando a cabeça.

— Quem vem fazer compras? — Jamie perguntou depois que


eles lavaram a louça. Nenhum dos dois venceu essa rodada. —

Leone?
Leone, ao lado de Jamie na pia, apertou o rabo de cavalo. —
Eu poderia usar o tempo livre para fazer yoga. Vocês vão sem mim.

Jamie aceitou com um aceno de cabeça e pressionou a mão


no ombro de Leone, como se ele tivesse pegado o hábito de fazer
isso quando queria falar com ela. — Tem algo que você gostaria que

a gente trouxesse?
— Algo com cacau, leite e açúcar.
— Como quiser — disse Jamie.

Theo ergueu os olhos da máquina de lavar louça, sem


acreditar em seus ouvidos. Jamie tinha acabado de entregar um
“como quiser” a Leone. Ele citou A Princesa Prometida, de William

Goldman - o livro favorito dela. Era um de seus desejos de infância


um dia ouvir um “como quiser”. Ela deve estar derretendo por

dentro. Theo estava quase derretendo no lugar dela.


Como se ele não tivesse ideia do efeito de suas palavras,
Jamie se aproximou de Theo. — Você está pronto, então?

Theo voltou a realidade e tirou as chaves de Jamie do


gancho e as balançou.
Jamie, seguindo-o, alcançou o lado de Theo e bateu nas

costas de sua mão. As chaves saltaram no ar e Jamie as agarrou,


seu punho grande engolindo todo o metal.

Theo abriu a porta da frente e avançou pela calçada. — Você


pensa que é tão charmoso.
— Eu não só penso isso.

Grandes passos o acompanharam, e Theo ergueu as duas


sobrancelhas quando pegou Jamie olhando furtivamente para sua
bunda.

— Você encontrou uma cueca, então? — Jamie respondeu,


destrancando o carro remotamente.
Theo sorriu enquanto caminhava para o lado do passageiro.

— Não.
Jamie parou a alguns metros do carro e jogou a cabeça para
trás, murmurando algo para o céu.
Theo abriu a porta. — Você vai entrar ou o quê?
Com uma expressão sombria que deixou Theo nervoso,
Jamie foi até o lado do motorista. — Eu vou entrar, com certeza.
“Às vezes, eu só quero ficar bêbado e ver se consigo
distinguir a diferença entre suco de framboesa e
morango.”

Theo para Jamie no supermercado.


6

Na noite de quarta-feira, Theo se viu no sofá, com os pés

apoiados na mesa de centro enquanto codificava as alterações no


site de Alex, trabalho pro bono em troca de divulgação. Theo

gostava do cara e de sua arte para adesivos de skate, e o site era


fácil de configurar.
O aroma de canela e maçã pairava no ar, e um silêncio

quente e aconchegante cercava a sala de estar. Leone saiu algumas


horas atrás para o seu encontro mensal do clube do livro – pegando
a torta de maçã que ela e Jamie haviam feito –, e Jamie estava

mexendo no laptop na mesa de jantar.


Nenhum deles falou por uma hora, mas parecia que seus
teclados estavam conversando através de rajadas de digitação

alternada.

Theo salvou o código pressionando as teclas, mas isso não


fez com que Jamie se mexesse.

Afundando no sofá com o laptop, Theo olhou para Jamie

emoldurado pela janela. A escuridão lá fora forneceu um pano de


fundo para que o painel de vidro o espelhasse. Theo podia até ver a
tela do computador de Jamie. Ele sabia quando Jamie estava

digitando um documento, verificando seu e-mail e navegando no


Facebook. Quando Jamie percorreu as postagens no feed de Theo,

Theo sorriu e se perguntou o que Jamie pensaria sobre a foto que

ele colocou dos três no campus; Theo e Jamie sorrindo um para o


outro por cima da cabeça de Leone.

Um familiar ding soou e, com preguiça de alcançar seu

telefone abandonado na bancada da cozinha, ele verificou a


mensagem por e-mail. O nome de Leone apareceu em uma caixa

de texto. Ela usava o microfone para texto e às vezes as palavras

eram confusas. Como elas estavam agora.

Leone: Ei, mano. Lisa está de volta se você quiser sair


com ela algum dia.

Theo respondeu, ciente de que Liz e as outras garotas

poderiam ouvir a voz automatizada que lia sua mensagem em voz

alta.

Theo: Diga a Lisa que estou livre e apenas um pouco

intimidado pela perspectiva da língua dela na minha


garganta.

Leone: Idiota. Você tem certeza sobre o encontro?

Theo confiava no julgamento de Leone. Além disso, que mal

havia em encontrar Liz?

Theo: Somente se a língua dela for azul. Caso contrário,

nunca funcionará.

Jamie cruzou os braços e estava olhando zangado para a

tela do computador. Ele resmungou e fechou os olhos enquanto

esfregava a ponta do nariz. Ele recostou-se na cadeira, cansado e

vulnerável.
Naquele momento bizarramente mundano, Theo tinha

certeza. Sua irmã merecia tudo: amor, carinho, humor, ternura,

carinho e diversão.

Jamie daria isso a ela.

A noção disso invadiu seu peito, e o calor silencioso ao seu

redor desapareceu e o deixou flutuando..


Ele pressionou os dedos no teclado para dizer a Leone que

havia encontrado seu ariano – e depois parou novamente.


Ele não conseguia fazer os dedos digitarem as palavras.

Porque... porque seria melhor deixar as coisas acontecerem


naturalmente.
Era apenas uma questão de tempo até que Leone visse o

romance debaixo do seu nariz.


A maneira como Jamie sempre elogiava as tentativas de

cozinhar dela, ou lia capítulos de sua tese e oferecia seu feedback,


ou segurava seu ombro quando ele pensava que ela poderia

tropeçar, ou ria ao mesmo tempo, ou o jeito que ele nunca a fazia se


sentir cega.
Um respeito genuíno e emocionante se infiltrou entre eles.

Eles não precisavam que Theo arruinasse toda aquela beleza


deixando escapar a informação para Leone. Não via mensagem de

texto, pelo menos. Não, ele ficaria quieto e apreciaria o show.


Possivelmente, dando um pequeno empurrão se eles precisarem.

Não havia pressa para isso, no entanto. Sua irmã sempre


apreciou um bom desenvolvimento lento.
Theo abriu uma nova conversa e digitou.
Theo: O que você está fazendo?

Ding! Theo observou pela janela quando Jamie verificou seu

e-mail. Ele olhou para a caixa de bate-papo e depois o espiou por


cima do laptop.

A exaustão que havia coberto Jamie momentos atrás se foi e


seus olhos se enrugaram dos lados com diversão.
Theo sempre se impressionava em como Jamie podia sorrir

sem usar os lábios. Theo com certeza não conseguia fazer isso.
Ele era muito dependente de suas covinhas, para dizer a

verdade.

Jamie: Me preparando para minha palestra de amanhã.

Não tenho certeza se arrasei nos meus exemplos.

Havia algo emocionante em se comunicar via bate-papo


quando eles estavam sentados a menos de três metros um do outro.

No momento em que Jamie respondeu, tornou-se um jogo. Quem


quebraria o silêncio e falaria primeiro?
Theo: Talvez você esteja pensando demais? Você ficou
olhando esse documento a noite toda.

Jamie: Quase tanto tempo quanto você ficou olhando para


mim, então.

Theo engoliu uma resposta indignada. Ele estreitou os olhos


para o laptop e digitou.

Theo: Apenas planejando em como distraí-lo. Parece que

estou fazendo um bom trabalho.

Jamie: Você certamente está.

Theo captou o olhar de Jamie e sorriu. Então ele estava com

os dedos sobre o teclado novamente.

Theo: Mas sério. Você se sairá bem amanhã. Eu sei disso.

Jamie: Você ainda vai ir?


Theo: Não sei. BEIJAr ainda está proibido?

Jamie: Você gosta de me torturar, não é?

Theo: Sim.

Jamie: Se você não fosse meu colega de quarto, eu


poderia perder a paciência e te BEIJAr.

Uma risada profunda encheu Theo até os dedos dos pés.


Ele podia imaginar Jamie respondendo tão bem quanto ele

recebia na frente de toda uma classe de estudantes de economia.

De fato, se Theo estivesse dando aulas particulares, ele tinha

certeza de que Jamie já teria feito isso.


Ele não tinha certeza do que se tratava o comentário de ser

colega de quarto – Jamie havia desenvolvido um senso de lealdade

desde que havia ido morar com eles que o impediria de fazer Theo
de bobo? Mesmo que fosse só para tirar o sarro?

Ele se lembrou da maneira como Jamie havia impedido sua

mãe de humilhá-lo. Isso custou a ele, mas ele fez mesmo assim.
Talvez ser colega de quarto tenha mudado a dinâmica deles?
Sim. Theo também não gritaria em uma das aulas de Jamie

agora. Provavelmente não, de qualquer maneira.


Jamie levantou uma sobrancelha para ele, e Theo digitou,

excluiu e digitou novamente e depois apertou Enter antes que ele

pudesse mudar de ideia.

Theo: Eu sinto muito, sabe? Eu não deveria ter gritado na

sua primeira aula assim. Você é um bom tutor, Sr. Jamie

Cooper. O melhor. Por que você acha que eu trabalho tanto


para convencê-lo a me ajudar a gabaritar economia

aplicada? E a verdade? Eu estava olhando por tanto tempo

para você hoje à noite porque admiro a sua concentração.


Você vai arrasar na palestra amanhã e eu vou ver isso com

meus próprios olhos. Eu não perderia isso por nada.

Jamie leu a resposta. Sua expressão permaneceu neutra,

mas então ele leu a mensagem novamente. Desta vez ele engoliu

em seco, a bola na garganta descendo e subindo. Ele esfregou a

barba por fazer, escurecendo sua mandíbula, e sua boca se abriu,


prestes a falar primeiro.
Algo na barriga de Theo se contorceu. — Talvez você deva

tirar o resto da noite de folga? — Ele pigarreou e deu um tapinha no

sofá ao lado dele. — Você sabe, relaxar. Assistir algumas reprises


de Community comigo?

Jamie olhou para ele por mais tempo do que o habitual,

depois fechou o laptop e se levantou. Uma onda de cheiro de canela

tomou conta de Theo quando Jamie se aproximou. Vestígios de


farinha e especiarias ainda polvilhavam sua camiseta. Ele não se

sentou no meio nem no final do sofá, apenas se sentou

confortavelmente perto de Theo, e reclinou-se contra as almofadas.


— Distraia-me um pouco mais, então.

Theo abriu um navegador, ligou o episódio favorito de

Community e colocou o laptop na mesa de café em frente a eles.

Jamie riu nos primeiros cinco minutos, colocou as mãos atrás


da cabeça e se aninhou mais profundamente no sofá.

Theo tentou encontrar esse nível de conforto também, mas

não estava acostumado a compartilhar o sofá e era estranho tentar


manter seus membros para si mesmo. Ele apoiou os pés de meias

listradas na mesa, mas tê-los de um lado do laptop fez a metade

superior tombar na direção de Jamie. Ele girou perpendicularmente

a Jamie, descansando contra o braço do sofá.


Não demorou dez minutos para que seus pés estivessem no

colo de Jamie.
Ele estava tão concentrado no episódio que nem percebeu.

Até Jamie apertar o peito do pé direito..

— Você tem uma coisa com os pés, não é? — Disse Jamie, e


não era uma pergunta.

Theo riu e balançou os dedos dos pés, os calcanhares

deslizando ainda mais pela coxa dura e coberta pelo jeans de

Jamie. Jamie aumentou o aperto no pé de Theo. Diversão brilhou no


rosto de Jamie e ele balançou a cabeça enquanto colocava os pés

de Theo na almofada ao lado dele.

— Você sabe que em cinco minutos eles voltarão para o seu


colo, certo?

— Vou fazer cócegas infinitas em você, se isso acontecer.

Theo enfiou os dedos dos pés sob a lateral da coxa de Jamie.

Jamie olhou para ele.


— Você estará ocupado sábado à noite? — Theo perguntou.

— Sim, por que?

Um pequena pontada de decepção atingiu o peito de Theo.


— Leone e eu estamos indo para uma festa. Só queria saber se

você queria ir junto.


— Sean está vindo para passar o fim de semana. Temos

planos, desculpe.

— Sean? — Theo reconheceu o nome. O cara ligava para

Jamie várias vezes por semana, e eles com certeza eram amigos.
— Amigo de infância — disse Jamie. — Ele está pensando

em se mudar para a cidade e estamos procurando apartamentos.

Theo passou a mão pelos cabelos e olhou para todos os


lugares, menos para Jamie. — Você está, hum, pensando em se

mudar? — Ele cruzou os braços e olhou diretamente para ele. —

Não tenho certeza se quero que você se mude.

Jamie pareceu intrigado. — Não. Estamos procurando um


apartamento para ele.”

Os ombros de Theo caíram e ele empurrou os dedos dos pés

um pouco mais sob a coxa de Jamie. — Caralho, ainda bem.


— Você sentiria minha falta. — Novamente, não é uma

pergunta.

— Não posso deixar meu A em economia aplicada

simplesmente levantar e sair daqui.


— É isso que eu sou para você? Seu A?

— Talvez até o meu A+.


Jamie levantou uma sobrancelha. — Do jeito que você

estuda?
Theo mostrou o dedo do meio a ele.

— Se Sean encontrar um lugar — disse Jamie, —

provavelmente voltarei para casa no fim de semana prolongado do

dia 9 de março para ajudá-lo a fazer as malas. Minneapolis não é


muito mais longe do que minha casa em Wisconsin. Eu posso levar

você e Leone para casa, se quiser.

— Você faria isso? São mais quatro horas de carro.


— Metade do dia. Faço isso sem suar.

— Metade do dia para ir e depois para voltar. Um dia inteiro

que você precisará sair do seu caminho.


Ele encolheu os ombros. — Uma viagem de carro.

— Nós poderíamos pegar ônibus da sua cidade.

— Ou você pode sorrir, dizer obrigado e aceitar minha oferta.

Theo não sorriu; ele ficou tocado demais pelo gesto. —


Obrigado, Jamie. — Então, limpando as mãos nas coxas, ele

desviou o olhar dos olhos cinzas de Jamie. — Leone e eu vamos

nos divertir muito brigando por música e comendo o seu suprimento


de emergência da Hershey. Se você quiser, posso trocar com você

no volante.
— Vamos ver — disse Jamie.
Eles voltaram a assistir outro episódio de Community e

depois dois, então três.

No meio do quinto episódio, Theo descaradamente colocou


os pés no colo quente de Jamie novamente. Ele não pôde evitar. Ele

adorava provocar, testar, empurrar os limites. Ele não achava que

Jamie estava falando sério quando disse que faria cócegas infinitas.
Sem problemas, então.

Seus calcanhares repousaram três segundos nas coxas de

Jamie quando Jamie sem palavras capturou seu pé e tirou uma de

suas meias. Theo deu um pulo e ofegou em surpresa.


Um sorriso iluminou o rosto de Jamie enquanto ele passava a

ponta do dedo ao longo do arco interno do pé de Theo e através dos

topo dos dedos dos pés até chegar ao sensível arco externo.
Theo instintivamente tentou se desvencilhar do aperto de

Jamie, mas as pontas dos dedos de Jamie dançaram


diabolicamente até a frente de seus calcanhares até que, Jesus,
Theo não aguentou mais. Ele jogou a cabeça para trás e deixou o

riso reprimido sair dele.


— Pare. Eu prometo, nunca vou fazer isso de novo. Só...
pare.
Sinceramente? Ele com certeza faria de novo.
— Você faria tudo de novo — disse Jamie, e soltou o pé dele.
Eles sorriram um para o outro, e Jamie abriu a boca para

dizer algo. Theo prendeu a respiração, esperando as palavras que o


provocassem, mas a porta da frente bateu e Leone entrou xingando.
Theo e Jamie estavam ao lado de Leone em segundos.

— Você está bem? — Theo perguntou, pegando sua jaqueta


e pendurando para ela.
— O taxista era um idiota. Achou que ia ser divertido vir

voando até aqui, e quando eu disse para ele diminuir a velocidade,


ele disse que eu não poderia ser cega se soubesse o quão rápido
ele estava dirigindo. Eu disse para ele parar e me deixar sair. Acabei

no meio de uma rua esquecida por Deus, sem saber onde estava.
Theo queria puxá-la para um abraço, mas Jamie estava com
a mão no ombro dela. Ele deixou Jamie ficar com essa.

— Por que você não ligou? — Disse Jamie. — Nós teríamos


ido buscar você.

Leone se afastou do aperto de Jamie e, percorrendo Theo,


passou por ele indo para a sala de estar.
— Isso me fez sentir dependente pra caralho — disse ela,

indo para a cozinha. Preparar uma xícara de chá, sem dúvida. —


Usei meu telefone para descobrir onde estava e pedi outro táxi.
Jamie voltou para seu laptop. — Você lembra o nome do
motorista? Vou fazer uma reclamação.

Leone disse a ele que ela ficaria bem e para não se


preocupar, mas Theo o lançou um olhar que dizia a Jamie que era

melhor que o motorista fosse demitido.


Jamie passou a hora seguinte dando uma bronca em mais de
uma pessoa até que ele conseguiu falar com o motorista babaca no

telefone. Firme e implacável, sem ser rude, Jamie insistiu para que
ele se desculpasse.
O filho da puta desligou depois de algumas palavras raivosas

e sem desculpas.
Jamie terminou a ligação, sombriamente satisfeito. Eles não
esperavam desculpas, mas a ligação foi gravada e agora a empresa

de táxi teria que lidar com ele.


Leone, com as mãos enroladas em uma xícara de chá na
poltrona com Theo, apoiou a cabeça no ombro dele. — Entendo por

que a mamãe quer que fiquemos com um ariano — ela murmurou, e


depois mais alto, para Jamie. — Obrigada. Você talvez seja minha

pessoa favorita depois do meu irmão.


— Você talvez seja a minha também.
Theo revirou os olhos antes de se afastar de Leone e se
dirigir para a cama, oferecendo-lhes uma boa noite.

Mas ele não pôde deixar de se sentir um pouco vazio quando


deixou os dois.

***

Theo estava se comportando perfeitamente.


Ele estava sentado na parte de trás do átrio do Roosevelt –
pés no chão, de sapatos – com toda a atenção em Jamie na frente

da sala.
Este era o lugar de Jamie.
Ele sempre tinha exemplos à mão quando falava de números,

projeções e teorias, mas seu conhecimento da economia


keynesiana não era o que tornava essa palestra boa. Tampouco era
o fato de que ele mantinha seus fatos concisos e ilustrações

detalhadas.
Era a sua confiança.
O jeito que ele andava tranquilamente, batendo o controle

remoto do projetor contra sua coxa, sua voz cortando o ar de


maneira limpa. A paixão irradiava dele e os alunos ouviam.
A multidão de trezentos alunos aumentou com uma risada

quando Jamie entusiasmado levantou as mãos depois de elogiar


Keynes e garantiu à sala que ele não enterraria dinheiro no chão
apenas para pagar as pessoas para desenterrá-lo. Theo gostou de

como Jamie brilhava. Gostou ainda mais quando o olhar de Jamie o


procurou e eles compartilharam um pequeno sorriso.
O olhar de Jamie desviou para a camiseta "Safe and Sound"

que Theo vestiu sob o moletom hoje de manhã. Para esse


momento.

Momento esse em que Jamie foi, por uma fração de segundo,


jogado para fora de seu jogo. Seus olhos piscaram para os de Theo
e sua expressão mudou. Theo esperava uma sobrancelha

levantada. Ou um revirar de olhos. Ou até mesmo um rosto


cuidadosamente chamando a atenção que Theo passaria o dia todo
pensando.

Mas a expressão de Jamie não foi nenhuma dessas coisas.


Foi levemente divertida.
Durante o resto da palestra, Theo não conseguiu se

concentrar. Pelo menos não na economia keynesiana. Ele nunca


sentiu isso antes. Essa brisa, esse fantasma de cócegas no pé
direito, essa sensação de estar flutuando no vento.
Agora ele sabia como era uma amizade verdadeira.
— ...para outras facetas da vida — disse Jamie.
E então Jamie o colocou no lugar.

Theo voltou aos seus sentidos e à economia em questão.


— Você pode adaptar o efeito multiplicador em outra área da
vida, Safe and Sound? — Jamie perguntou.

Theo não tinha certeza se Jamie estava testando para ver se


ele havia prestado atenção ou se sentia mais à vontade em mirar
em Theo, porque confiava que ele daria uma resposta razoável. De

qualquer maneira, foi por isso que Theo leu um resumo detalhado
da economia keynesiana na cama na noite anterior.
Theo recostou-se na cadeira e cruzou os braços. Ele mostrou

suas covinhas para Jamie antes de responder. — Amor.


A sobrancelha de Jamie moveu-se na vertical e mostrou sua

surpresa e interesse. — Amor? Elabore.


— Quanto mais uma pessoa investe inicialmente em um
relacionamento, apesar de não ter certeza da demanda, mais ela

pode ter sucesso em um relacionamento.


— Você quer dizer, mesmo sem saber se os sentimentos são
recíprocos?
— Quanto mais tempo e dinheiro emocional você investe em
um relacionamento, mais você inspira confiança que incentiva a

outra pessoa a gastar mais dinheiro emocional. Em um resultado


positivo, esses gastos levarão a mais riqueza emocional. Ou,
traduzido, amor.

Jamie ficou ali piscando para ele. Se Theo não o conhecesse


melhor, diria que o homem ficou sem palavras.
— Alguma outra pergunta? — Theo perguntou, apenas o

desafiando.
— Não — Jamie disse calmamente. Então ele limpou a
garganta. — Obrigado, Safe and Sound, por sua adaptação

bastante esperançosa da teoria dos multiplicadores.


Adaptação esperançosa da teoria dos multiplicadores. Theo
teria que se lembrar de usar essa frase como uma citação do dia.

— Bom — disse Jamie, examinando o resto do teatro. —


Alguma pergunta sobre este assunto?

Jamie esclareceu diligentemente as perguntas dos alunos e


causou outra risada coletiva. Quando a palestra terminou e as
pessoas saíram do átrio, um punhado de estudantes dedicados o

envolveu em mais discussões.


Theo foi para a primeira fila e esperou que Jamie terminasse.
Agora que a palestra terminou, ele não teve problemas ao

descansar os cotovelos no banco, prender o tornozelo no joelho e


fechar os olhos.

Um aluno agradeceu a Jamie pela lição e perguntou se ele


estaria dando mais aulas. A voz de Jamie ficou cheia de satisfação,
pois ele esperava que seu orientador organizasse algumas palestras

opcionais para ele.


Era a primeira vez que Theo tinha ouvido falar daquilo, mas
ele estaria lá.

A última das vozes dos estudantes desapareceu e o átrio se


acalmou.
Eles estavam sozinhos.

Passos soaram sobre o tapete e o ar se agitou sobre seu


braço e rosto quando Jamie se sentou ao seu lado.
Theo abriu um olho. Jamie estava sentado com os cotovelos

nos joelhos, olhando para a mochila cheia de anotações e laptop. —


Você realmente acredita que uma abordagem keynesiana ao amor

poderia funcionar?
Theo considerou. Raramente a economia era tão árida que
podia prever com precisão os resultados financeiros. Por que seria
diferente para resultados emocionais? Se ele fosse honesto, não

tinha tentado esse caminho com Sam? Ele a ouviu, compartilhou


suas próprias histórias, pensamentos, fantasias e objetivos futuros,
e a ajudava sempre que ela precisava. Mas não tinha sido

correspondido no mesmo grau. Ele acabou emocionalmente


esgotado e incapaz de encontrar alguém que lhe emprestasse

alguns dólares emocionais além de sua irmã.


Mas ele estava começando a sentir que, talvez, Jamie
também estivesse o emprestando um pouco.

— Eu não sei — ele disse finalmente.


Jamie se recostou com a sobrancelha levantada que Theo
esperou antes. — Talvez precisemos testá-la e descobrir.

Theo gostou da resposta determinada de Jamie. Quem sabe,


poderia até se tornar a pesquisa de doutorado de Jamie.
— De qualquer forma, foi uma boa resposta, Theo.

— Pequena confissão. Eu tenho um tutor que me ensina toda


essa economia sem sentido.
— Parece que esse tutor fez bem o trabalho dele.

— Vou dizer a ele o quanto você está satisfeito comigo.


Talvez ele me dê um sábado de folga sem estudar como
recompensa.
Jamie olhou para ele divertido, o que não parecia promissor
para Theo. Ainda assim, vale a pena tentar.
— Você está livre? — Theo perguntou, levantando-se.

Depois de uma rápida olhada no relógio, Jamie assentiu. —


Eu tenho mais ou menos uma hora.
Theo apontou o polegar em direção à porta. — Vem então. É

a minha vez de comprar um café para você.


Ou dois.
“Pare de ser tão melodramático.”

Jamie para Theo duas vezes por dia.


7

Então, a festa do Derek aconteceu.

Leone e Theo foram de ônibus e depois caminharam para a


nova casa de Derek e Sam, uma casa ampla com vista para o rio

Allegheny.
Graças ao caos de mais de quarenta convidados, eles
entraram na casa sem ver o aniversariante ou sua noiva. Um amigo

deles conduziu os dois através de salas espaçosas para o jardim de


inverno.
Pisca-piscas brilhavam no teto de vidro e velas tremeluziam

nas mesas. O presente debaixo do braço de Theo pinicou quando


ele guiou Leone rigidamente até uma mesa.
Ela agarrou o ombro dele com força suficiente para quebrar

uma noz. — Você o viu?

— Ainda não — ele respondeu enquanto a ajudava a sentar e


moveu as velas para um lado.

E então ele os viu.

Sobre um mar de rostos que Theo não reconheceu, Derek


beijou Sam. E não foi um beijo casto. Era um beijo de novela que
incluía um aperto na bunda de Sam. Theo manteve o desejo de

encher a cara para si mesmo e disse a Leone que o aniversariante


parecia entediado.

— Obrigada por mentir — disse ela, balançando a cabeça. —

Eu queria que você fosse melhor nisso.


Sam subiu em uma cadeira e bateu no copo de coquetel. Ela

parecia bem com seu corte de cabelo curto e suéter apertado, e as

botas que usava sobre o jeans completavam o estilo de me fode da


sua roupa.

Ela examinou a sala e sorriu quando viu ele e Leone. Theo

ficou tenso.
Sam deu a Derek um emocionante discurso de aniversário,

brega, mas sofrível até que ela terminou com uma frase que
arrancou o sorriso hesitante do rosto dele. — Peguem seus

casacos, meninos e meninas, existem alguns barcos nos esperando

no rio.

Sam pulou da cadeira, pegou um Derek radiante e o levou

em direção aos barcos surpresa.

O presente generoso que ela organizou para Derek e seus


amigos foi um tapa na cara de Theo. Sam o convidou para cá. Tinha
verificado duas vezes que ele viria e não se importou em avisá-lo.
Ou talvez – e esse pensamento doeu mais – ela não se lembrava.

Leone xingou baixinho. — Sinto muito, Theo.

Theo deu de ombros, embora Leone não conseguisse ver.

Ele arrastou o assento para frente para deixar um casal passar atrás

dele. — Está tudo bem. — Por que eles se incomodaram em vir? —

Você quer ir?


Graças ao cacete a resposta dela foi um não confiante.

Os convidados sopraram as velas em suas mesas e saíram

em uma nuvem de risadas indisciplinadas. Ben e Kyle, dois de seus

amigos do Facebook, também ficaram para trás.

Loiro e Loiraço se aproximaram. Ben parecia tão

desconfortável quanto na época em que ele costumava passar por

Theo nas palestras sobre comércio, mas Kyle pegou sua mão e Ben
visivelmente relaxou.

Ben tossiu, o peito tremendo. Provavelmente foi por isso que

eles decidiram ficar.

— Tem espaço para nós na mesa de vocês? — Kyle

perguntou.

Leone reconheceu sua voz e saltou em seu assento. —


Porra, Kyle. Ben. Quanto tempo. Sentem-se.
Leone procurou o presente que compraram para Derek e

arrancou o embrulho turquesa. — Alguém pegue copos de shot —


disse ela enquanto pegava uma garrafa de uísque de quinze anos

de uma caixa alta.


Se Ben ou Kyle se perguntaram o porquê dela estar abrindo o
presente de Derek, eles guardaram a pergunta para si.

Provavelmente, talvez, eles ficaram mais surpresos pelos irmãos


terem aparecido.

Kyle encontrou copos de shot e uma garrafa de suco de


maçã para Ben, e Theo serviu.

O primeiro shot desceu queimando.


O segundo os fez conversar.
O terceiro e o quarto dissiparam um pouco do

constrangimento.
O quinto entorpeceu a dor de Sam esquecendo Theo.

E o sexto o fez se retirar para a cozinha de Sam e Derek,


sentado no banco de mármore, os calcanhares batendo contra os

armários enquanto ele desbloqueava o celular...

Theo: Só para constar, estou bêbado. O que você tá

fazendo?
Jamie: Acabei de jantar com Sean. Parmesão e berinjela.
Outra refeição que poderíamos fazer em casa. Quão

bêbado você está?

Theo: Você gosta de comida, não é?

Jamie: Boa comida. Quão bêbado?

Theo: Como está o Sean?

Jamie: Ótimo, deu para recuperar o tempo perdido. Senti


falta dele por perto. Estamos prestes a ir jogar Badminton

na luz negra. Eu tenho que escrever tudo em maiúsculo


para você me responder?

Theo voltou para Leone, Ben e Kyle, com um pequeno

movimento em seus passos, e se serviu de outro shot. Ele esperava


que isso o livrasse da repentina e intensa aversão que ele sentia por
Sean. Um cara que ele nunca conheceu. Um cara que ele não

queria conhecer também.


Ele o imaginou um idiota magricela, de olhos redondos,
completamente miserável, que come berinjela e joga badminton.
Seu telefone tocou e ele tomou outro shot.

Jamie: QUÃO BÊBADO?

Theo soluçou enquanto se dirigia para a porta dos fundos,


Leone e os caras rindo dos velhos tempos. O vento soprava sobre

ele quando ele se inclinou vertiginosamente no batente da porta.


Diante dele, pelas brechas nas árvores, ele observava o rio iluminar-

se com os barcos à vela.


Ele apertou as mãos em volta do telefone e focou na tela

enquanto escrevia outra mensagem.

Theo: Quase todo mundo foi velejar.

Jamie: Onde você está, se os outros estão velejando?

Theo: Na casa foda da Sam e do Derek.

Jamie: É por causa da Leone?


Theo: Nope.

Jamie: Gostaria de elaborar, por favor?

Theo: Você não quer saber.

Jamie: Eu discordo.

Theo: Você não deveria estar jogando Badminton agora?

Jamie: Sean está nos levando até lá. Me conta.

A visão de Theo nublou, pontilhada por pisca-piscas, e o


tempo brincou com ele, diminuindo a velocidade quando Ben

descansou a cabeça no ombro de Kyle e Kyle beijou sua têmpora.

Theo mexeu no telefone e depois deu de ombros para si


mesmo e foi em frente. A única pessoa que sabia que não era da

sua família, era Sam. A confiança que ele depositou em seu

relacionamento ao compartilhá-lo não tinha sido tão recíproca


quanto ele imaginava.
Considerando isso, ele estava nervoso em contar a Jamie. E

se ele risse? E se ele revirasse os olhos e lhe dissesse para superar


isso? E se ele dissesse que a culpa era dele por não aprender a

nadar?

E, no entanto, apesar de todas as preocupações habituais,


ele queria que Jamie soubesse.

Ele estreitou os olhos para a tela e digitou lentamente.

Theo: Sabe como manequins sem cabeça te assustam?

Jamie: Que pessoa distorcida pensou que modelos

decapitados eram uma boa ideia?

Theo: Grandes quantidades de água são meus manequins

sem cabeça.

Jamie: Inesperado. Há uma razão?

Theo hesitou, deixando uma onda de tontura rolar sobre ele


antes de responder. Então ele prendeu a respiração. Estar bêbado

tornava isso muito mais fácil.


Theo: Quase me afoguei quando criança.

Jamie: Devo ligar pra você? Quer falar sobre isso?

Theo soltou o ar, aliviado por Jamie levar a sério. Mas não

havia necessidade de ligar. Ele poderia lidar com isso. Ele poderia.

Theo: Não é grande coisa.

Jamie: Mais uma vez, eu discordo.

Theo: Acho que só não sou um bom nadador? Eu não

gosto de ir em águas profundas.


Quer saber algo estúpido? Às vezes prendo a respiração

passando por cima de pontes. Como se de alguma forma,

isso iria me impedir de cair na água.

Jamie: Isso não é estúpido, Theo.


Theo: Gosto que suas mensagens sejam bem pontuadas,

Sr. Jamie Cooper.

Jamie: Não é estúpido.

Theo: Enfim... você deveria voltar ao Badminton.

Jamie: Onde é essa festa?

Theo: Do outro lado da cidade, com uma vista espetacular

do rio.

Jamie: Provavelmente não "espetacular" o suficiente.

Leone também está bêbada?

Theo: Você não sabe, porque eu não queria falar sobre


isso, mas Sam é minha ex, e Derek é o ex da Leone. Eles

vão se casar. Um com o outro.

Adivinhe quão bêbados estamos?


No momento em que ele digitou, a sala inclinou-se sobre o

eixo, embora pudesse ter algo a ver com a súbita explosão de seus

nervos que dispararam.

Jamie: Entendo.

Theo: Você gosta de "entender" coisas, sabia disso?

Jamie: Pegue um pouco de água para você e Leone.

Theo: Como quiser, Sr. Jamie Cooper!

Jamie não respondeu e Theo fechou a porta e tropeçou no

banheiro. Depois de se aliviar e de tirar um momento na pia onde se


encolheu, deixando escapar seu medo de contar aquilo para Jamie,

passou pela cozinha para pegar algumas garrafas de água. De volta

à mesa deles, ele as entregou.

— Jamie disse que precisamos nos hidratar.


— Jamie é aquele que...? — Ben soluçou de dor.

Theo franziu a testa quando Kyle falou. — Quem é Jamie?


— Nosso colega de quarto — disse Leone, pulando para

cima e para baixo em seu assento com um exagero bêbado. — E


ele pode irritar Theo melhor do que ninguém.

— Você gosta dele?

— E mais um pouco.

Theo descartou a água e se serviu um shot para comemorar


o fato de ter achado um ariano para Leone.

— Como vocês se conheceram?

Leone respondeu novamente, com as bochechas coradas. —


Theo o trouxe para nossas vidas, e eu não poderia estar mais feliz.

Isso merecia outro shot.

Theo recostou-se na cadeira e inclinou a cabeça em direção


aos pisca-piscas.

Ele ouviu os três conversando sobre Jamie. Leone fez uma

pergunta a Ben e Theo ficou rígido. Ele pensou em pegar outro shot,

mas estava muito nervoso para pegar a garrafa.


— Como você sabia que Kyle era o único para você?

Lá estava. Prova de que Leone estava pelo menos pensando

em Jamie ser a pessoa certa para ela.


Ben cantarolou e o som de um beijo se seguiu. — Muitas

pequenas pistas soltas ao longo do tempo até a sensação mais


incrível que eu já tive.
— Que tipos de pistas?

— Kyle era a primeira pessoa em quem eu pensava quando

acordava. Ele estava lá para mim quando eu precisava, e ele ama


as peculiaridades que acho estranhas em mim. E, com ele, nunca

pensei no dia seguinte ou no próximo fim de semana. Ele sempre

esteve lá no meu futuro.


Outro beijo seguiu um murmúrio baixo, e então Kyle falou. —

Ben é a melhor parte do meu dia, ele sempre foi.

— Obrigada, gente. — Leone suspirou. — Vocês dois são

super fofos na minha imaginação.


— Na realidade também, só para você saber — disse Kyle.

— E você, Theo? Conheceu alguém desde Sam?

Houve vários casos de uma noite só, mas, fora isso, era
apenas ele descabelando o palhaço.

Suas palavras pareciam pesadas em sua língua, e ele


esperava que não saíssem emboladas demais. — Leone me
apresentou uma amiga dela. Vamos sair na próxima semana. — O

que o lembrou que ele deveria pensar em um lugar para levá-la. Sua
visão nublou e ele esfregou a testa. Resolva isso amanhã.
Sim. Amanhã.
Ele iria se sentir uma merda amanhã e Jamie iria lhe dar um
sermão. Mas tudo bem, Jamie estava sempre lhe dando sermão. E,
tipo... do que diabos eles estavam falando de novo?

— Você acha que essa amiga pode ser uma boa combinação
para o nosso Theo? — Ben perguntou.
Leone disse: — Ela é ótima e acho que ele deveria tentar,

mas eu não sei mais de nada.


Não sabia mais de nada? E daí que Liz não era uma
combinação perfeita? Nesse estágio, era bom testar as águas e

abrir-se à possibilidade de alguém novo. — Estou ansioso para sair


com a Lisa.
Leone bufou enquanto bebia um bocado de água. O riso

desagradável entre a tosse deixou Ben sem graça. A irmã dele


respondeu com um movimento gracioso do dedo do meio.
Foi quando a campainha tocou.

Apesar de sua cabeça – toda a maldita sala – parecer estar


rodando em um ciclo repetido, Theo sabia. Ele sabia quem estaria

do outro lado da porta. Ele olhou para Leone, que tinha parado de
rir, a cor correndo para as suas bochechas.
— Me diga que você não fez isso!
— O que? — Ela disse, sentindo a mão de Ben e batendo
nele.
Ben riu. — Eu atendo.

Theo balançou a cabeça e rapidamente pegou sua garrafa de


água, a derrubando. — Merda.

— Ele ligou enquanto você estava fora da sala — disse


Leone, ainda corando. — Queria saber o endereço para nos dar
uma carona para casa.

— Poderíamos. Ter. Ido. De. Táxi — disse Theo entre


grandes goles de água.
Ele tentou terminar a garrafa antes de Jamie entrar no sala,

mas conseguiu beber apenas um quarto da garrafa.


A voz de Jamie chegou tão perto dele que assustou Theo,
quase o fazendo cair da cadeira. — Aí estão vocês. Prontos, então?

Theo virou-se.
Jamie estava vestido com jeans, botas e camisa social, e ao
lado dele, com o cotovelo casualmente no ombro de Jamie, estava

um deus romano. Rosto simétrico cinzelado. Cabelo loiro levemente


encaracolado. Um corpo que conhecia intimamente o funcionamento

de uma academia. Merda. Esse era o Sean?


É melhor que ele seja um atleta burro.
— Ele não é nem um pouco burro — disse Jamie.
Porra. Ele disse isso em voz alta?

— Sim, você disse. E você pode parar de apontar.


Theo franziu a testa e olhou para o dedo que estava
apontando na direção de Sean.

— Por que você veio? — Theo disse.


— Parecia que precisávamos. — Jamie estendeu a mão

sobre a mesa e pegou a garrafa de uísque quase vazia. — Pareceu


certo.
Leone riu. — Pare de o encarar com raiva, Theo.

— Como você sabe que eu estou com raiva?


— Porque eu conheço você. Sua respiração sai um pouco
forte quando você olha com raiva. Jamie sugeriu nos buscar, porque

ele não queria que eu tivesse outra experiência ruim em um táxi.


— Eu teria protegido você — disse Theo, seguido por um
soluço oportuno. Ele emendou: — Eu teria tentado, de qualquer

maneira.
Alguém riu, mas quando Theo olhou em volta, ele só viu
Sean se apresentando tranquilamente para Ben e Kyle com um

aceno de sua cabeça que não era de vento, mas sim malditamente
perfeita.
Sean esfregou o braço de Jamie e sussurrou algo em seu

ouvido. Theo não sentia boas vibrações vindo desse cara.


Na verdade, por que Jamie o trouxe?
Jamie se curvou, os olhos cuidadosamente examinando o

rosto de Theo. O timbre baixo de sua voz roçou o ouvido de Theo.


— Sean e eu íamos jogar Badminton. Eu perguntei se ele buscaria
vocês dois em vez disso. Como um bom amigo, ele veio.

— Estou dizendo tudo em voz alta?


Os lábios de Jamie se contraíram. — Algumas coisas estão

escritas em seu rosto. Ou, neste caso, escrito na careta que você
não parou de dar ao meu amigo.
Theo sentiu como se tivesse engolido um pedaço de carvão.

Ele levantou a garrafa de água e bebeu.


— Você está pronta, Leone? — Jamie perguntou, afastando-
se dele e indo para o lado de sua irmã.

— Sim. — Com uma risada, ela procurou o ombro de Jamie e


se levantou. — Você é incrível por nos buscar. Ben? Kyle? Prazer
em conversar com vocês novamente. Não se tornem estranhos.

— O prazer foi nosso — disse Kyle, enquanto Ben disse: —


Você pode apostar que não vamos.
Sean olhou para Jamie e Leone e, claro, se ofereceu para
ajudar. Ele tinha que ser legal acima de tudo. Desta vez, Theo teve
certeza de que ele não disse isso em voz alta porque fez questão de

morder o lábio.
Jamie parou no meio do caminho e encontrou o olhar de
Theo. — Você consegue andar?

— Defina andar.
— Eu tenho que carregá-lo para o carro?
— Eu consigo andar.

Theo ficou de pé assim que disse. Então desejou que não


tivesse.
O chão balançava embaixo dele, e ele tinha certeza de que

iria se levantar como uma onda e dar um tapa na cara dele.


Mas Jamie estava olhando para ele. De modo algum. Isso

poderia. Acontecer.
Felizmente, Leone estava tão bêbada quanto ele. Ela sempre
lidou com o álcool muito melhor do que ele, mas ficou tonta e com

mais dificuldades para caminhar.


Jamie passou um braço em volta da cintura dela, prendeu o
outro sob os joelhos e a levou pelo caminho escuro e ventoso até o

carro dele do lado de fora do portão.


Claro, não foi uma surpresa. Eles estavam se apaixonando, e
era assim que o romance era.

Outro shot de comemoração amanhã, então.


Sean olhou por cima do ombro para Theo e lhe lançou um
sorriso. — Você está bem, cara?

Theo estava completamente bem. Ele ainda estava de pé!


— Não abra a porta do carro para mim — Theo rosnou. Tinha
que haver algo para não gostar nele. Algo que Jamie ainda não

havia notado.
Sean correu à frente de Jamie e abriu a porta do passageiro.
Ele ajudou Jamie a colocar o cinto de segurança em uma Leone

rindo no banco da frente.


Theo conseguiu se arrastar para o banco traseiro. Nada de
se sentar na posição vertical; era mais confortável assim, com o

couro frio grudado na bochecha.


Algumas palavras foram trocadas entre Jamie e Leone, e

Jamie e Sean, mas foram abafadas. O carro de Jamie não era tão
impecável, afinal. Uma embalagem perdida de Hershey estava
escondida debaixo de uma bolsa de academia e raquetes.

O ar passou por ele quando a porta de trás se abriu e,


caramba, ele não queria dividir o assento. Acimo de tudo, com o
amigo de Jamie. Um amigo que sabia coisas reais sobre Jamie.
Segredos. Desejos. Esperanças. Eles provavelmente

compartilharam piadas, palavras em código e um aperto de mão


secreto.

E a maneira como Sean se sentiu confortável em abraçar


Jamie na frente dele! Eles não eram apenas amigos. Eles eram
melhores amigos.

Um murmúrio de decepção escapou de sua da boca. O couro


não escondeu nada.
Mãos suaves o ajudaram a se erguer e uma voz firme o fez

balançar a cabeça. Não era Sean entrando no banco de trás, e sim


Jamie. Os lábios de Jamie pressionaram uma linha fina e uma
pequena carranca cortou sua sobrancelha. Os botões da camisa de

Jamie se desfizeram, revelando uma camiseta branca.


— Cinto, Theo.
Theo se atrapalhou e o puxou sobre o peito. Colocá-lo na

fivela provou ser complicado. O mundo poderia parar de girar por


um segundo?

Jamie pegou o cinto e o apertou, depois puxou a alça para se


certificar de que estava funcionando direito, com os nós dos dedos
roçando o peito de Theo.
— Estamos bem, você pode dirigir — Jamie disse ao Sean.

A cidade passou por ele, fazendo seu estômago revirar. Ele


ainda sentia o silêncio constrangedor no carro que era
ocasionalmente interrompido pelos roncos assustados de Leone

quando eles viravam as esquinas.


— Então… — ele disse, tentando quebrar o silêncio. —

Badminton em luz negra, hein?


Jamie lançou-lhe um olhar que o mandou calar a boca. Que
ele deveria sofrer o silêncio por estragar a noite deles.

Isso não era justo. Ninguém pediu a Jamie para resgatá-los.


— Eu não ia deixar vocês irem pra casa bêbados — disse
Jamie. — Se alguma coisa tivesse acontecido com Leone, você

estaria fora de si amanhã.


Theo inclinou-se para o apoio de braço e console e sussurrou
para Sean. — Ele sempre foi assim?

— Assim como? — Sean perguntou, virando no sinal.


— Correto. — Theo recostou-se no banco e observou Jamie
balançar a cabeça para ele.

Sean riu. — Quase sempre. Agora eu tenho uma pergunta


para você… O que sua irmã quis dizer quando disse que eu
cheirava a Roger Petrelli? Quem é Roger Petrelli? E, mais
importante, ele cheira bem?
— Um velho que era nosso vizinho, quando morávamos em

Shadyside.
— Eu cheiro como um cara velho? Jamie, me diga que ela
estava brincando.

— Você pode estacionar lá atrás do seu Audi.


— É essa maldita loção pós-barba, não é?
O carro parou e Theo pulou para fora em segundos,

engolindo o ar gelado como se fosse o reiniciar. Não aconteceu,


mas deu-lhe resistência para abrir o portão e a porta para Jamie e

Sean, que cada um tinha um braço em volta de Leone.


Eles a ajudaram a entrar no quarto, onde Theo os expulsou.
Jamie e sua irmã podem estar perto de ser alguma coisa, mas ela

claramente não sabia disso. Theo seria o único tirando suas botas e
colocando-a na cama.
Ele levou uma eternidade para terminar com isso, mas ele

conseguiu, quase rastejando em direção ao seu próprio quarto


depois que terminou.
Jamie caminhou em sua direção, iluminado pela luz da

cozinha, com dois copos de água na mão. Ele estendeu um e Theo


pegou, encostando-se à porta do quarto em busca de apoio. A
segunda água desapareceu no quarto de Leone.

Quando Jamie voltou, Theo perguntou. — Onde está o Sean?


— Ele foi embora.
— Não está ficando no seu quarto, então?

— Perdão?
Theo acenou com a mão para ele esquecer, sentindo-se
afundar na parede. Ele ia capotar a qualquer segundo agora.

Rastejar para a cama nas tábuas frias e duras do piso era uma boa
ideia.
Ele colocou o copo no rodapé e olhou para Jamie. — Você

pega meus cobertores para mim e eu vou dormir bem aqui.


Jamie se agachou e colocou um dedo sob o queixo de Theo.

— Que tal eu ajudá-lo a ir pra cama?


— Eu sou mais pesado que Leone.
— Tenho certeza que consigo lidar com isso.

— Aposto que você não consegue.


Jamie estreitou os olhos. — Você não quer apostar comigo
nisso. Vou ganhar.

Theo pegou a manga da camisa de Jamie, puxando-a por


cima do braço. Então ele cutucou seus músculos. Jesus, ele esteve
escondendo isso o semestre inteiro? Parecia que alguém estava

malhando.
Jamie riu, depois pegou Theo debaixo dos braços e o
levantou. Theo afundou contra ele, a cabeça caindo no ombro de

Jamie. Jamie estava quentinho, e como se estivesse descascando


laranjas. Laranjas quentes.
— Comi salada de frutas na sobremesa — disse Jamie.

Theo riu. É claro que Jamie esteve na seção de frutas


enquanto todo mundo – Sean – estava na seção de sobremesas.
Eles tinham saído para jantar, apenas os dois.

Ele resmungou contra o colarinho quente de Jamie quando


ele o levou com sucesso para seu quarto.
Quando Theo viu a cama, soltou-se e jogou o rosto primeiro

em seus cobertores.
A cama afundou quando Jamie subiu no colchão e virou Theo

para o lado dele. Theo suspirou e reuniu energia suficiente para tirar
os sapatos. — Tenho que guardá-los.
Ele se apoiou nos cotovelos para levantar da cama, mas

Jamie o pressionou contra a cama e pegou os sapatos. — Vou


colocá-los na prateleira.
Theo observou-o sair do quarto e entrar alguns minutos

depois com um copo de água fresca, Tylenol e um balde. Jamie


colocou-os ao lado da cama.

Theo agarrou o braço de Jamie antes que ele pudesse sair.


— Você é o cara mais forte do mundo. E não apenas aqui — Theo
apertou os músculos do braço de Jamie e cantarolou — mas de

todas as maneiras. Quero iniciar uma petição para colocar uma


estátua sua para que todos saibam.
A explosão repentina da risada de Jamie prendeu a

respiração de Theo. — Mal posso esperar pela citação do dia de


amanhã.
— O que você gosta no Sean?

Jamie parou de rir. Ele olhou para Theo por muito tempo
antes de responder, fazendo o pescoço de Theo formigar. — Ele é
um cara decente.

O nó na garganta de Theo subiu novamente e ele tirou a mão


do braço de Jamie. — Vocês são o que? Melhores amigos?
Theo sabia o que eles eram. Só queria que Jamie negasse.

— Eu o conheço a vida toda — disse Jamie. — Então, sim,


ele é um dos meus melhores amigos. Engraçado e doce, e um

péssimo jogador de Badminton. — A língua de Jamie estalou como


se ele quisesse dizer mais e depois mudou de idéia. Ele deu um
último sorriso para Theo e disse: — Durma, Theo. Podemos
conversar mais sobre isso amanhã, se você quiser.

Não, ele não queria.


Jamie saiu do quarto e Theo bufou alto.

— Badminton! Qualquer um pode jogar Badminton.


“Eu pensei que vocês de Áries deveriam ser um
grupo impaciente e impulsivo? Porque eu estou
ansioso para ver uma explosão. Qualquer uma
dessas pessoas vão servir.”

Theo para Jamie enquanto esperavam na maior


fila de supermercados de todos os tempos.
8

Theo adivinhou – soube? – que seu comportamento bêbado

foi a razão pela qual ele acabou no pavilhão desportivo. Com Jamie.
Para jogar Badminton.

Ele tinha segurado uma raquete uma vez no ginásio do


ensino médio, mas isso foi há muito tempo. Ele não tinha sido ótimo
em nenhum outro esporte além do atletismo. Ainda assim, não

poderia ser tão difícil, certo? Ele esperava que não. Ele fez um
escarcéu dizendo que qualquer pessoa seria capaz de jogar.
Ainda bem que Leone não apareceu. Seus bufos e

xingamentos a teriam dado uma crise de risadas.


Theo pegou a peteca emplumada, apertou a ponta e
balançou a raquete. A malha atingiu seu alvo e a peteca voou...

...e ficou presa na rede.

— Qualquer um pode jogar, hein? — Jamie foi até a rede e


soltou a peteca. Ela caiu e parou nos pés de Theo.

Theo passou a mão livre pelos cabelos e olhou para o

professor de economia arrogante vestido em vários tons de cinza.


Roupas escolhidas, sem dúvida, para deixar seus olhos mais

envolventes.
Era uma pena que Leone nunca sentiria o impacto total desse

olhar.

— Para ser justo, estou com uma ressaca do caralho.


Não que a sobriedade lhe desse uma vantagem.

— Estou surpreso que você consiga se mexer tanto —

admitiu Jamie. — Foi um show e tanto na noite passada.


O calor - não relacionado ao esforço - inundou suas

bochechas. Ele desejou poder esquecer a noite passada. Ele tinha

sido menos do que legal com Sean - na verdade, ele estava


surpreso por Jamie não ter dado um sermão nele essa manhã.

Embora trazê-lo aqui fosse uma punição em abundância.


— Então — disse Theo, mudando seu peso de pé para pé

enquanto olhava para a peteca diante dele. — Eu posso ter passado

um pouco dos limites com o seu... amigo. — Ele não conseguiu

dizer “melhor” amigo, mas levantou a cabeça e olhou diretamente

para Jamie. — Me desculpe por isso.

Jamie estudou seu rosto, girando a raquete como se


estivesse preso em um pensamento. — Nada para se desculpar.

Você tem permissão para se sentir como se sente.


— Tenho permissão para me sentir como um idiota ciumento?
Surpresa cintilou no rosto de Jamie.

Jamie avançou, colocou os dedos na rede e inclinou-se para

ele. — Que tal você pode ser um idiota ciumento, e eu posso achar

isso secretamente lisonjeiro?

Aparentemente, as palavras de Jamie foram a cura para sua

ressaca. Theo se sentiu mais leve, pronto para dar a essa peteca o
que ela merece. Theo girou a raquete e a peteca voou pela rede.

Jamie a encontrou com um estalo forte e rápido que a enviou de

volta para ele.

Mas Theo estava hábil agora.

Ele deu um passo para o lado e deixou Jamie marcar esse

ponto junto com todos os outros.

— Sean estará aqui em quinze minutos — disse Jamie,


movendo-se para o lado da quadra e vestindo uma jaqueta esportiva

leve. Ele não estava correndo atrás da peteca e suando como Theo.

— Você pode escolher com quem deseja formar um time. Além

disso, talvez pare de fazer careta sempre que digo o nome dele?

— Pensei que eu tinha permissão para me sentir como um

idiota ciumento? — Theo disse, suavizando sua expressão.


— Você pode sentir isso. Só não demonstre a ele, ok?
Theo estava prestes a responder quando, pela segunda vez

desde que chegaram, seu telefone tocou. Ele correu para fora da
quadra e procurou em sua bolsa esportiva, perdendo a chamada por

um toque. Liz.
Ele ouviu a mensagem de voz enquanto assistia Jamie
balançar sua raquete em um amplo arco.

— Olá, Theo, Liz aqui. Queria saber se poderíamos mudar


nosso encontro de quarta para sexta-feira? Eu tenho uma reunião

emergencial do grupo de sociologia. Me avisa se for possível. Se


cuida.

Possível? Sem problemas. Ele não tinha planejado o


encontro deles de qualquer maneira.
Ele voltou para a quadra, pegando a peteca no caminho. —

Eu tenho um encontro sexta à noite — disse ele enquanto jogava.


A peteca passou pela rede.

Jamie não se moveu. Ele congelou no local, com a raquete


na mão e as pontas dos dedos na malha.

Theo caminhou calmamente para a rede, Jamie o


observando. — Eu marquei um ponto?
Com um piscar lento, Jamie reanimou, embora sua voz

soasse estranha. — Você teria marcado um ponto. Se isso fosse um


jogo. Encontro sexta-feira?

— Uma amiga de Leone. Não faço ideia para onde levá-la.


— Amiga?

— Liz.
O rosto de Jamie estava em branco; quase como se ele não

tivesse interesse em Theo e seu encontro. O que foi um saco,


porque os amigos não deveriam falar sobre essas coisas?
— Onde você levaria alguém para um encontro? — Theo

perguntou maliciosamente, esperando que a resposta de Jamie lhe


desse uma boa ideia e o fizesse pensar nele e na Leone em um

encontro.
Jamie demorou um pouco para processar a pergunta de
Theo. Ele olhou para a raquete e deu de ombros. — Para algum

lugar divertido.
— Badminton?

— Se você quiser que ela fuja e nunca mais volte.


Jamie pegou a peteca e jogou para Theo. Eles continuaram a

acertar e errar – Jamie acertando, Theo errando – por alguns


minutos tortuosos antes de Sean atravessar o corredor para
encontrá-los. Sean inclinou o queixo em Olá para Theo, mas

caminhou até a quadra para um abraço em Jamie.


— Ele é bom? — Perguntou Sean.
— Bem, ele não consegue obter A's em tudo.
Theo atingiu a peteca e voou em direção ao alvo pretendido.

Ele estava mirando a cabeça de Jamie, mas...


Jamie deu um pulo e esfregou a bunda. Ele se virou,

levantando a sobrancelha. Nenhum sinal de um sorriso.


Theo deu um tapa na raquete e sorriu. — Não sou tão ruim
nesse jogo, afinal.

Sean olhou entre os dois e puxou a raquete. — Isso deve ser


divertido. Você pode se juntar a mim, Theodory. Jamie, melhor de

três?
— Perdedor cozinha o jantar.

Quando Jamie disse que Sean era um bom jogador de


badminton, ele estava certo. O que Jamie não mencionou foi que ele
era melhor.

Jamie Cooper dominava seu lado da quadra da mesma


maneira que ele fez no auditório, com equilíbrio, confiança e

precisão. Ele estava jogando como se tivesse algo a provar. O suor


fazia com que sua camisa esportiva se agarrasse ao seu torso
enquanto ele jogava com Sean e saía sempre por cima.
Depois de cada vitória, ele olhava para Theo. Havia algo de
entorpecente naqueles olhares. Talvez porque o brilho estivesse
perdido em seus olhos. Ou o fato de que, apesar de suas vitórias,

ele nunca mostrou um único segundo de alegria. Seu rosto


permaneceu passivo.

Eles jogaram dois sets antes de Theo desistir e deixar os dois


amigos de longa data esmagarem o que parecia ser uma frustração
reprimida.

Do lado de fora, Theo admirou os dois jogando, fazendo uma

careta intermitente na direção de Sean.


Theo refletia principalmente na "diversão" que Jamie havia

dito que seu encontro deveria ter. Ele ficou tentado a levá-la para ir

ao cinema e jantar. Mas agora, as palavras casuais de Jamie

haviam atraído o competidor nele. Um filme e uma pizza não seriam


suficientes.

Antes que ele pudesse planejar outra coisa, Sean e Theo

tinham que cozinhar o jantar.


A cozinha era o lugar menos favorito de Theo. Quando Theo

descobriu que Sean gostava de cozinhar tanto quanto Jamie, Theo

encontrou seu lugar: no banco, os calcanhares batendo nos


armários inferiores, passando os utensílios necessários para Sean.
Theo teve uma visão perfeita de Jamie e Leone no sofá.

Jamie estava escrevendo em um pedaço de papel e conversando


com Leone, que estava rindo levemente. Jamie nem sequer abriu

um sorriso.

Sean acenou com uma colher de pau no rosto de Theo. —


Repito, onde encontro o ralador de queijo?

Leone respondeu. — Armário inferior esquerdo, segunda

prateleira no lado direito.

— O que eu tenho que fazer para substituir esee preguiçoso


por você? — Sean perguntou a ela.

Leone torceu o nariz. — Eu até iria, mas...

— Mas o que? — Sean disse, ralador na mão, olhos fixos em


Leone.

— Se eu adivinhar corretamente o que ela está pensando —

disse Theo, pulando do banco. — Posso me safar de ter que


cozinhar mais?

— Cozinhar mais? — Jamie disse, franzindo a testa para o

papel na mão como se fosse um quebra-cabeça.

— Continue então, me diga — Sean disse a Theo. — Ela até


viria, mas o que?

— Roger Petrelli.
Sean calmamente colocou o ralador no tabuleiro e caminhou

até Leone. — Isso é verdade?

Leone apertou os lábios como se quisesse engolir o sorriso.


Theo saiu da cozinha quando Sean se agachou na frente da irmã e

afofou a camiseta. — Eu não tenho cheiro de homem velho.

— Não, você cheira a velho e alho.

— Jamie! Como você aguenta a insolência dela? — Sean


perguntou sorrindo.

— Esses dois leoninos são cheios disso — disse Jamie,

olhando para Leone e depois para Theo. O olhar de um segundo fez


Theo parar no caminho para o quarto. — Acaba cativando você.

Jamie voltou a encarar seu pedaço de papel e a curiosidade

queimou Theo. Ele rastejou até o sofá, inclinou-se sobre a almofada

de trás e roubou o papel misterioso da mão de Jamie.


Ele esperava mais palavras, mas havia apenas um punhado.

Você é o cara mais forte do mundo. Pelo que parece, Jamie havia

traçado as palavras inúmeras vezes. Por que isso fez Jamie franzir
a testa?

Jamie o observava atentamente, com o rosto a menos de

cinco centímetros do de Theo.

— Claramente eu estava bêbado pra caramba — disse Theo.


Só que ele sabia que o álcool não fazia as pessoas mentirem;

apenas faziam com que se importassem menos em dizer a verdade.


Theo leu as palavras em silêncio novamente.

— Fique com ele — disse ele, pressionando o papel contra o

peito de Jamie. — Faz dias que você está se sentindo não-forte.


Pode fazer você rir ou algo assim.

Jamie manteve o olhar no papel.

— Certo então — disse Theo, um pouco decepcionado. Ele

voltou para o quarto. — Me chamem quando o jantar estiver pronto.


Eu tenho um encontro para organizar.

***

Jamie agiu estranho a semana toda.

Ele os levou para o campus, preparou o jantar e deu um


feedback a Leone sobre a tese dela, mas não com a energia

habitual. As tentativas de Theo de atraí-lo para a conversa duraram

pouco.
Quando Jamie cancelou o café de quinta-feira, Theo já

estava farto.
Ele pediu dois lattes para viagem e caminhou até o

departamento de economia, onde encontrou Jamie sozinho em seu

escritório compartilhado. Ele cuidadosamente colocou o café em sua

mesa.
Jamie desviou o olhar da bebida para Theo.

— Leia — disse Theo, apontando para o copo de papel.

Jamie pegou seu café e leu: O que está acontecendo com


você? Ele limpou a garganta. — Eu estive estressado.

— Estressado? — Theo apertou seu café com leite. — Tente

novamente, Sr. Jamie Cooper.

Theo pensou ter visto os lábios de Jamie se levantarem, mas


foi rápido demais para ter certeza.

— Você sabia que suas covinhas ainda aparecem quando

você pressiona seus lábios assim? — Jamie murmurou.


— Onde você quer chegar com isso?

— É difícil ficar indiferente em relação a você.

— Por que você quer ficar indiferente à mim? — Theo disse.

— Nós somos amigos. — E então, com um pouco menos de


certeza, — Não somos?

Uma era passou antes de Jamie responder e Theo fingiu –

ironicamente – indiferença enquanto repassava os últimos dois


meses. Disputas frustradas, escapadas semanais para fazer

compras, olhares repreensivos que Jamie lhe dava quando Theo


fazia algo espetacularmente estúpido, como perder as chaves do

carro de Jamie, que mais tarde encontrariam sob a pia do banheiro.

Mas houve mais momentos divertidos do que irritados, certo?

Jamie colocou o café na mesa e se levantou. Ele se


aproximou e tirou o copo de papel de Theo da sua mão. Ele pegou

uma canetinha e escreveu no copo de Theo.

Depois de um minuto, Theo perguntou: — Escrevendo uma


redação?

Jamie parou com o comentário espertinho, depois terminou e

colocou o copo de volta na mão de Theo. Theo sentiu seu olhar


enquanto lia o copo.

Nós somos tutor e aluno. Companheiros de quarto. Parceiros

de discussões. Amigos. Qualquer coisa que você queira que

sejamos.
Uma onda repentina de calor encheu o peito de Theo,

tornando difícil encontrar sua voz.

— Eu sabia — disse ele, esforçando-se para engolir seu


alívio.
Ele pegou a canetinha do Jamie e acrescentou melhor em
amigos. Ele nunca se sentiu assim com mais ninguém, então, da

sua perspectiva, era a verdade.

Ele manteve a adição para si mesmo, cobrindo a palavra com


a palma da mão enquanto bebia. O rosto de Jamie tremeu de

curiosidade quando ele olhou para o copo de Theo, mas ele não

falou nada.
Theo fez um gesto para o trabalho de Jamie. — O que você

estava fazendo, afinal?

— Lendo um artigo sobre ter filhos.

— Está pulando alguns passos, não acha? — Com o olhar


perplexo que Jamie lhe deu, Theo esclareceu. — Primeiro vem o

amor, depois o casamento e depois o bebê na carruagem.

— E antes disso, há beijos em uma árvore. O artigo é um


argumento econômico sobre ter mais filhos.

— Você está sendo convencido?


— Gosto de observar o mundo através de lentes com cores
econômicas. Não significa que eu queira otimizar tudo em minha

própria vida. Longe disso. Mesmo que fosse uma péssima decisão
financeira, e imagino que vai ser, ainda quero alguns anjinhos aos
meu redor um dia.
Theo engasgou com o café.
— Você tem dificuldade em me imaginar com crianças? —
Jamie perguntou.

Não foi por isso que Theo se engasgou e quase cuspiu por
todo o lugar. O termo "anjinhos" o pegou de surpresa. Havia uma
suavidade, como se estivesse envolta em um desejo profundo.

— Não, eu não tenho dificuldade em imaginar você sendo


pai. — Ele decidiu que um pequeno empurrão na direção certa não
faria mal. — Mas talvez possa querer começar a beijar alguém em

algum momento.
— Sim, bem... Isso não é fácil.
— Você vai conseguir, cara esperto — disse Theo, mudando

o aperto em seu copo. Ele teve que dar um passo em direção a


Jamie para passar por ele. Ao fazê-lo, tomou um gole fazer com que
Jamie pudesse ler.

O olhar de Jamie registrou a palavra adicionada e ele


assentiu.

Theo saiu do escritório resmungando: — Eu sei o que tenho


que fazer.
Ele entrou no elevador, já pegando o telefone. Ele tinha que

ajudar Jamie e trazer de volta o sorriso ausente para o rosto de seu


amigo.
Liz atendeu no segundo toque.
— Você se importa se formos em um encontro duplo na

sexta-feira?
"A pior coisa que fiz em um encontro? Perguntar
quem era o serial killer favorito dela. Debaixo de uma
ponte. No escuro."

Theo para Leone, preparando-se mentalmente


para seu encontro com Liz.
9

Liz aceitou sua ideia.

Leone precisou de um pouco de convencimento.


O quarto dela era clássico em preto e branco para fins de

orientação. Esta noite, Leone estava deitada na cama ouvindo um


livro.
Theo colocou uma caixa de chocolates ao lado dela, subindo

na cama enquanto ela pausava sua história.


Ela colocou um chocolate na boca. — O que você quer?
— Que você seja feliz.

As sobrancelhas dela dispararam para a linha do cabelo. —


Você é péssimo em mentir.
— Mas eu quero que você seja feliz.

— Não foi por isso que você veio aqui.

— Patinação — ele deixou escapar. Suas mãos estavam


úmidas e seu coração pulou uma batida.

— Patinação? — Ela inclinou a cabeça. — Você despertou

meu interesse.
Ele esperou até que ela começasse a mordiscar uma trufa de

chocolate. — Pensei que você gostaria de ir na sexta à noite.


— Eu sabia que você estava me bajulando. — Ela balançou a

cabeça. — Eu não vou no seu encontro.

Theo cruzou os braços e recostou-se no travesseiro macio e


xadrez. — Alex administra uma pequena pista, e ele me deve. Ele

está mantendo aberto para nós das dez à meia-noite depois que ele

for oficialmente fechado. Quero você lá. Liz também.


Ela parou, uma trufa de chocolate tocando seu lábio. — Você

perguntou a Liz e ela não se importou?

— Sugeri que você e Jamie viessem nessa parte da noite.


Ela foi super compreensiva.

— Eu e Jamie — ela repetiu, depois mordeu o lábio. — Ele


concordou com isso?

— Ainda não, mas ele vai.

As sobrancelhas dela se contraíram como se ela não

acreditasse.

Theo garantiria que Jamie fosse. — Você sabe o quanto ama

a emoção de andar de patins.


Leone colocou a caixa de chocolates no colo, puxando-a para

longe de Theo quando ele tentou pegar outro.


— Eu irei se o Jamie for.

Theo levou uma xícara de chá de frutas vermelhas para o

quarto de Jamie, onde ele estava trabalhando. Jamie digitou, excluiu

e depois bateu o dedo na lateral da mesa quando ele descobriu o


fraseado perfeito e digitou novamente.

Theo colocou a xícara no lado da mesa. — Xícara de chá

para você aqui — disse Theo depois de um minuto. Geralmente ele

não dizia nada, mas hoje à noite ele queria sua atenção.

Afirmar o óbvio não foi suficiente. Jamie nem olhou na

direção do Theo.

— Nem mesmo um obrigado? Ou, "como você leu minha


mente?" Ou "você é o melhor"?

Jamie assentiu.

Theo sentou-se na beira da mesa, tentado a dar um peteleco

no ouvido de Jamie. — Você não tem ideia do que eu disse, não é?

Os dedos de Jamie pararam no teclado e ele lentamente

ergueu aquele olhar cinza assustador. — Algo sobre eu ser o


melhor. Mas eu já recebi esse memorando.
Theo deu um tapa na parte de trás da cabeça de Jamie. O

chá entre Theo e o laptop quase derrubou, então Jamie mudou a


xícara para um lugar nas estantes de livros que alinhavam a parede

até a porta do banheiro.


Porque é claro que essa seria sua primeira resposta.
Jamie se inclinou para trás. — Dois minutos. O que foi, Theo?

Theo fez uma careta. —Tudo bem, tudo que você tem que
fazer é dizer sim, de qualquer maneira.

— Sim?
Theo pulou da mesa de Jamie. — Viu? Quão fácil foi isso?

Ele começou a se afastar, mas Jamie agarrou seu braço. Sua


cadeira girou para que eles se encarassem. Jamie descansou a
cabeça para trás enquanto olhava e esperava.

— Você vai amanhã — disse Theo, — no meu encontro com


a Liz.

— Não.
Theo esperava que Jamie franzisse a testa, mas não

esperava rejeição veemente.


— Você não estaria estragando nada. Quero você lá.
— Quando você começará a fazer sentido, Theo?
— Deixe-me tentar de novo. Temos uma pista inteira de

patinação amanhã a noite. Com um pouco de orientação, Leone


adora a intensa emoção do patins e seria estranho se fosse apenas

Liz, Leone e eu. Se você aparecesse, as coisas seriam melhores e


mais divertidas. — Theo olhou para os lábios firmes de Jamie. Seria

divertido e Jamie iria sorrir.


— Não — Jamie disse novamente.
— O que? Por que não? Você não pode patinar ou algo

assim?
— Essa não é a razão.

— O que é então?
— Você estará próximo de uma mulher. Isso não é algo que
eu quero ver.

Theo inclinou a cabeça. — Eu não achei que você era


puritano.

Jamie puxou Theo com tanta força que Theo se curvou e caiu
metade no colo de Jamie. Um joelho deslizou entre as coxas de

Jamie e ele teve que apoiar a outra mão no ombro de Jamie, ou


então eles teriam batido na cabeça. Jamie apertou as coxas contra
a perna de Theo. — Eu não sou puritano.
O aperto forte de Jamie, seu olhar firme, o calor irradiando
dele onde ele pressionava contra a coxa de Theo, o carinho
repentino e suave do polegar sobre os pelos do antebraço de

Theo... o tremor profundo era difícil de reprimir.


Theo sentiu a respiração ricochetear na barba de Jamie e

espalhar-se pelos seus lábios. — Prove isso então. Venha amanhã.


— Você é impossível.
Jamie soltou o braço dele e Theo, um pouco desorientado,

levantou-se. Ele piscou para Jamie uma vez, duas vezes antes de
sacudir. — Isso é um sim?

— Leone vai?
— Oh, ela vai.

Jamie olhou para o relógio. Ele se levantou e foi até a porta.


Já estava meio aberta, mas Jamie a abriu mais e gesticulou para
Theo sair.

Theo o seguiu até mezanino do lado de fora do quarto. —


Então você vem, né?

— Eu não deveria.
Theo gostou do som disso e sorriu. — Não deveria, mas vai?
Porque você é meu melhor amigo e é isso que os melhores amigos

fazem?
Jamie deu um passo para trás e olhou para ele. — Seus dois
minutos acabaram. — Ele fechou a porta na cara de Theo.

***

Com cabelos ruivos encaracolados sobre os ombros, um


conjunto de olhos azul-escuros e um punhado de sardas no nariz,
Liz era sem dúvidas atraente.

Ela estava toda sorridente quando Theo a encontrou na

pizzaria ao lado da pista de patinação. O lugar estava prosperando


com os clientes, e as pizzas assadas na pedra tinham um cheiro

incrível.

Eles tinham trinta minutos para comer antes de Jamie e

Leone chegarem para uma rodada de patinação. Eles se sentaram


em uma cabine da janela e pediram uma pizza grande.

Era fácil conversar com ela, e ele gostava que ela não desse

a mínima de encher a barriga com muita carne e queijo. Theo


gostou dela.

Ele gostou.

Theo apoiou um cotovelo na mesa, o punho embaixo da


mandíbula, a outra mão brincando com o canudo da coca-cola. —
Você votou na última eleição?

— Você faz essa pergunta a todo mundo que sai em um


encontro? — Ela perguntou rindo.

Theo sorriu. — Faz um tempo desde que eu sai em um, mas

sim. Esta é uma pergunta crucial.


— Acho que avaliaria rapidamente nossa compatibilidade.

A palavra compatibilidade o fez pensar em seu horóscopo.

Áries. Ele se mexeu na cadeira. — Você está enrolando, Srta.

Lizabeth?
— Eu votei. Você quer saber em quem eu votei?

— Não. Eu só preciso saber que você votou.

— Minha vez.
Theo bebeu sua Coca-Cola e a olhou enquanto ela colocava

o cabelo atrás das orelhas.

— Qual é o seu livro favorito, e por favor não diga que é O


Apanhador no Campo de Centeio.

— Por que diabos não? — Theo perguntou.

— Porque isso significa que você não pegou um livro por

conta própria desde o ensino médio.


Theo balançou a cabeça. — Não peguei um livro por conta

própria desde o ensino médio.


— Você está brincando.

— Eu não estou. — Ele sorriu. — Mas eu leio todos os livros

que Leone me recomenda. Meu favorito? Quase tudo da Margaret


Atwood, mas sou especialmente fã de Oryx & Crake e O Ano do

dilúvio. Estou adicionando esta pergunta ao meu estoque. Agora,

confesse, seu livro favorito é Anne de Green Gables, não é?

Liz deu um soco no ombro dele. — Só porque tenho cabelos


ruivos e gosto de ler?

— E sua personalidade forte.

— Acho que você leu os livros então?


— Culpa da Leone. — Ele os leu em voz alta para ela depois

que a visão dela começou a piorar.

— Eu amo a série — disse Liz. — Mas meu livro favorito

absoluto é...
Um carro familiar entrando no estacionamento roubou a

atenção de Theo. Estava escuro lá fora, exceto por uma fileira de

lâmpadas ao longo da rua, mas luz suficiente se acumulava sobre o


lado do carro de Jamie para que Theo pudesse vê-lo enquanto

descia. Ele abriu a porta para Leone e ofereceu o ombro.

Leone disse algo para ele e sorriu. Jamie olhou para a pista

de patinação e esfregou a nuca com a mão livre.


— ...por causa do desenvolvimento do personagem e do

romance.
Theo voltou a se concentrar em Liz e assentiu. — Legal.

— Você já leu?

— Não posso dizer que tive o prazer.


Ele inclinou a cabeça em direção à janela. — Romeu e Julieta

chegaram.

Eles saíram da mesa, despejando o lixo nas caixas ao

saírem. Liz agradeceu pelo jantar e chamou o nome de Leone


quando eles chegaram à calçada ao redor do estacionamento.

Leone e Jamie pararam a alguns metros de distância.

Liz correu em frente, avisando Leone que ela estava indo


para um abraço, e Jamie recuou quando os braços de Liz se

lançaram. Ele observou Liz por alguns momentos, como se tentasse

descobrir alguma coisa. As luzes de néon piscantes podem ter

distorcido a perspectiva de Theo, mas Theo pensou ter visto o


queixo de Jamie flexionar.

Certamente o cara não era tão possessivo? Especialmente

porque ele ainda não havia deixado claro sua reivindicação.


Theo piscou quando Jamie olhou por cima das cabeças das

meninas para ele. Jamie franziu a testa e desviou o olhar.


— Estou me divertindo até agora — disse Liz. — Vamos ver o

quão bem ele pode patinar.

— Eu posso patinar em círculos ao seu redor — disse Theo,

passando por eles enquanto caminhava em direção a um cara com


um boné laranja brilhante do lado de fora da pista de patinação.

Theo bateu os punhos com Alex e o seguiu para dentro. —

Obrigado por isso — disse Theo enquanto se moviam para um


balcão com patins alugáveis, os outros atrás.

— Sem problemas. Obrigado por construir o meu site. O

interesse no meu trabalho já dobrou. — Alex se escondeu atrás do

balcão. — Vou ficar íntimo desse trabalho atrasado até que você
termine. — Ele apontou o polegar em direção a um conjunto duplo

de portas onde Theo sabia que a pista e os bancos ao redor

estavam. — Você tem alguma música que você quer que eu coloque
para você? Deixei as luzes e o chão em bom estado.

Liz, Leone e Jamie foram até o balcão. Leone sorriu

amplamente. — Alguém perguntou sobre música? AC/DC vai nos

animar.
— Fiz uma lista de reprodução para nós — disse Theo,

entregando um pen drive.


Alex pegou e colocou no balcão. — Legal. Quais são seus

tamanhos?
Depois de receberem um par de patins, joelheiras, protetores

de pulso e capacete, Theo os levou pelas portas duplas da pista.

Uma explosão de iluminação neon e o doce aroma de pipoca

os cumprimentaram. Liz sentou em um dos bancos ao lado da pista.


Theo seguiu e sentou-se ao lado dela. Tiraram os sapatos e

vestiram o equipamento. Jamie e Leone sentaram no outro extremo

do banco e fizeram o mesmo.


Um minuto depois, a música tocou nos alto-falantes,

enchendo a pista de batidas e expectativa.

Leone gritou quando ouviu “Thunderstruck” do AC/DC, que


também dava energia a Theo. Leone gritou com entusiasmo ao som

da música, Liz enfiou os cabelos sob o capacete, olhando na

direção da pista com propósito, e Jamie ainda estava tirando os

sapatos. Lento.
Theo patinou em direção à entrada da pista, quase

esquecendo de levar Liz com ele. Ele agarrou a mão dela e partiu,

olhando novamente para Jamie.


Assim que suas rodas atingiram o piso de madeira, ele e Liz

se separaram e patinaram com vontade. Theo deslizou pelos pisos


espaçosos. Na segunda vez que ele atingiu a curva oval, quando
“Jump” de Van Halen começou, ele pulou e patinou para trás.

Ele parou com um impulso confiante na frente dos bancos

onde Leone ainda estava esperando Jamie, que estava assistindo


Theo em vez de amarrar os patins.

— Eu arraso, não é? — Theo disse. — Eu realmente consigo

me mover. — Ele saiu da pista e foi até sua irmã. — Uma rodada
comigo enquanto Jamie descobre como amarrar seus cadarços?

Jamie ergueu a cabeça com um olhar que prometia fazer

Theo pagar por isso.

Leone aceitou a mão de Theo, e ele patinou com ela, mais


devagar desta vez.

— Não fazemos isso há séculos. Eu esqueci o quão

empolgante isto é. Como está Liz?


Liz estava confiante na pista. Ela não sabia andar de costas e

diminuiu a velocidade para observá-lo quando ele mostrou como


fazer, mas estava mais do que firme em seus pés.
Ele olhou através da pista para Liz elegantemente fazendo

uma curva. — Liz é ótima — disse Theo.


E ainda…
— Ela passou no seu estoque de perguntas cruciais, então?
— Sua irmã perguntou.
— Muito engraçado. Mas sim, ela passou.

— Isso soa um pouco incerto.


Ele concordou, mas não conseguiu identificar o porquê.
— Posso fazer uma pergunta? — Leone disse. — Você ainda

está comparando todo mundo que conhece com Sam?


Theo diminuiu a velocidade. Ele não tinha pensado em Sam
hoje à noite. — Não, eu... não.

Leone sorriu. — Talvez você acabe dançando com seu


encontro e não se importando com o casamento deles, afinal.
Liz passou por eles, dando-lhe um sorriso. Ele forçou um de

volta, engolindo em seco quando disse a Leone: — Eu acho que


sim. Você também terá sorte. Confie em mim, estou trabalhando
nisso. — Theo apertou a mão dela enquanto faziam uma curva. —

Agora, deixe-me entregá-lo a Jamie e voltar ao meu encontro.


Ele quase parou com tudo ao avistar Jamie na beira da pista.

— Estamos parando agora — ele disse a Leone, lutando


contra o desejo de rir para não desequilibra-los.
Os jeans de Jamie estavam enfiados nos patins. Ele usava

joelheiras, protetores de pulso e capacete. Mas foi o jeito que ele


apertou os lábios em uma linha plana e determinada, enquanto
olhava para o piso de madeira brilhante, com os nós dos dedos
brancos sobre o corrimão que contornava a parede da pista que

atingiu Theo.
Theo soltou um gemido, rindo. — Você não sabe andar de

patins, sabe?
Jamie respondeu com força. — Tenho certeza que não pode
ser muito difícil.

— Eu me perguntei se era por isso que você não queria vir.


— Era uma razão, mas não a razão.
Theo inclinou a cabeça. A frustração que espreitava pelas

frestas do tom frio de Jamie fez Theo querer abrir um sorriso.


Ele planejou aproveitar o momento. Se banhar na raridade
dele. — Então, esse é o Sr. Jamie Cooper perdido.

— Vanglória não fica bem em você — disse ele. Em seguida,


acrescentou firmemente. — Pelo menos isso não me deixa na pista.
Jamie patinou pelo chão de madeira, dobrando ao meio

enquanto tentava se equilibrar. Ele se apoiou com a palma da mão


no chão.

Theo riu. Ele levou uma Leone risonha até a parede e se


moveu na frente de Jamie, que se ergueu, mas estava desajeitado
nos joelhos, como se estivesse em uma prancha de surf.
Theo agarrou os braços dele, se inclinando para compartilhar

seu equilíbrio.
Liz rolou até eles. — Acho que esse problema não fazia parte
do seu plano, Theo?

— Plano? — Jamie perguntou.


Não, não fazia parte do plano dele. Ele imaginou Jamie

dominando a pista como ele fez na quadra de Badminton. Ele


pensou que Jamie estaria tendo o tempo de sua vida enquanto
aconchegava Leone em seu braço. — De jeito nenhum eu vou

deixar Bambi aqui guiando os cegos.


Leone fez beicinho. — A noite já acabou?
Jamie tentou se endireitar, mas uma perna se moveu para a

frente e foi preciso todo o equilíbrio e força de Theo para corrigi-lo


antes que ele caísse de bunda.
— Eu posso me sentar — Jamie ofereceu, e Theo intensificou

seu aperto nele.


— Eu não quero ficar parada sozinha — disse Leone. — Ou
patinando, neste caso.

— Que tal Leone e eu patinarmos — sugeriu Liz, — enquanto


Theo mostra alguns passos para Jamie? Podemos trocar de par
daqui a pouco.

Leone esticou um braço e esperou que Liz pegasse sua mão,


e com isso resolvido, as meninas foram embora.
— Suponho que mereço esse sorriso — disse Jamie.

Theo deslizou os dedos pelo braço de Jamie para agarrar sua


mão quente. Jamie o agarrou como um salva-vidas, pulso batendo
juntos.

Theo puxou Jamie para o meio da pista.


— Se você me puxar mais, eu vou partir em dois. Não posso

garantir que sou tão flexível.


— Pare, por favor — disse Theo depois de dar uma risada. —
Ou eu vou mijar nas calças.

— Pode nos deixar empatados no placar de humilhação.


Theo gostou de assumir o papel de professor, mostrando a
Jamie como usar as rodas dos patins e avisando que era mais fácil

continuar andando do que ficar parado. — Empurre um patins para


fora e incline-se com a força, depois empurre o outro. Certifique-se
de que seus pés se movam em um ângulo como este.

Theo circulou lentamente para ele assistir, então ele terminou


com um pequeno deslizar arrogante, girando para parar bem perto
de Jamie. — Sua vez.
O olhar de Jamie lentamente foi para seus patins. — Você
parece... muito bom nisso.
— Você parece adorável para caralho tentando não cair —

disse Theo, brilhando. — Agora mexa-se.


Jamie bateu no capacete para dar sorte e se mexeu. Foram
necessárias três músicas do Michael Jackson, duas músicas do

Prince, duas músicas do Bon Jovi - e uma espetacular queda de


bunda - antes de Jamie parar de resmungar sobre como o patins se
classificava lá em cima na lista de desgostos junto com os

manequins sem cabeça.


Liz e Leone patinavam ao redor deles, com Liz
ocasionalmente jogando uma dica. Ela parecia feliz conversando

com sua irmã, razão pela qual Theo a encorajou a continuar


andando de patins com Leone quando ela se ofereceu para assumir

e guiar Jamie.
Nos últimos acordes de “Beat It” de Billie Jean, Theo disse a
Liz e Leone: — Ele não é uma causa perdida. Só vai demorar mais

algumas músicas.
— Mais algumas músicas — disse Liz lentamente. — Certo.
Jamie seguiu Liz com o olhar enquanto ela conduzia Leone

pela pista, mantendo-se mais rígido. Ele abriu a boca para falar, mas
Theo começou a patinar para trás, acenando para Jamie seguir.
— Posso garantir depois dessas músicas — disse Theo, —

Você será semi-proficiente em patinar.


— O lado não machucado da minha bunda acredita que seja
o contrário.

— Diga-o para confiar em mim.


Jamie balançou a cabeça. — Qual é o jogo?
— Se você conseguir me pegar até o final da próxima

música, eu vou preparar o jantar amanhã à noite. Descascar


batatas, ferver e amassá-las. Sem a ajuda de ninguém.
Isso chamou a atenção de Jamie. Ele aumentou sua

velocidade e foco. Theo patinou fora de seu alcance, forçando-o a


se esforçar mais.
— E se eu conseguir no final de seja lá o que está tocando

agora?
— Vamos manter as expectativas realistas.

— Vamos dizer que eu consiga, o que eu ganho então?


— O que você quer?
— Ainda não sei. Uma verdade ou desafio livre que posso

usar a qualquer momento.


— Em seguida, você estará me dizendo que deveríamos
jogar o jogo da garrafa.

Jamie tropeçou para frente, corrigindo-se antes de cair.


— Considerando sua falta de chances — disse Theo, —

Devo avisá-lo. Falhe em me pegar nessa música e eu aceito a


verdade ou desafio. Falhe na próxima, você descasca as batatas.
— Como se eu não fosse mesmo assim. Vamos fazer isso.

Theo examinou a pista procurando por Liz e Leone para que


eles soubessem onde eles deveriam tomar mais cuidado.
Jamie patinava constantemente em sua direção. — Elas

estão nos bancos nos observando.


Bom. Melhor mesmo. — Espero que você não tenha
ansiedade de desempenho.

Os olhos de Jamie se tornaram fendas quando ele se lançou


sobre ele, mas Theo saiu do caminho.
Jamie mudou de tática, mantendo um ritmo modesto. —

Como você acha que seu encontro está indo?


— Bem.

— Certeza sobre isso? Você tem me ajudado durante a maior


parte.
— Liz parece feliz conversando com Leone. Ela é legal.
Theo previu o aperto e o braço estendido de Jamie, mas não

sua próxima pergunta — Você gosta dela?


— Ela é legal.
— Legal? Apenas legal, Theo?

Jamie estava tentando fazê-lo perder a concentração. Isso o


atrasou uma fração, mas Jamie teria que trabalhar mais do que isso.

— Fiz várias perguntas sobre compatibilidade durante o


jantar.
— Você faz isso com todos os seus encontros?

Outro deslize muito para a esquerda.


Theo sorriu. — E amigos em potencial.
Isso despertou o interesse de Jamie. — Quais são as

perguntas?
— Por que você quer responder?
— Eu já sou seu amigo, de acordo com um copo de papel em

particular. As perguntas não se aplicam a mim.


— Elas se aplicam sim, mas perguntar seria como checar
duas vezes que ovelhas têm lã.

— Você sabe que existem raças de ovelhas que têm cabelos,


certo?
— Tá. Entendo o que você está dizendo. Você já votou?
— Sim.
— Tá vendo, eu sabia disso.
— Como você sabia disso?

— Porque eu te respeito demais para você não ter votado.


O deslize de Jamie diminuiu por um momento antes que ele
acelerasse o passo novamente. — Próxima pergunta.

— Sério, Sr. Jamie Cooper, isso não faz sentido.


Theo sabia que Jamie cresceu com uma irmã, e o cachorro
deles faleceu no dia seguinte ao seu aniversário de dezesseis anos,

motivo pelo qual ele cancelou sua festa no último minuto. Ele sabia
que o emprego dos sonhos de Jamie seria trabalhar como jornalista

de economia fazendo podcasts como Freakonomics, mas não se


importaria em se tornar um professor de economia. Ele sabia que
Jamie arrasava na quadra de Badminton e gostava de caminhar,

mas não de correr, e gostava mais de séries de comédia dramática


do que de filmes de ação.
Ele sabia que Jamie gostava de música, mas, com exceção

de alguns poucos, nunca se lembrava dos títulos ou artistas. Se


Jamie pudesse comer uma coisa pelo resto da vida, seriam
sanduíches de salada. Theo sabia que Jamie fingia se irritar quando

Theo colocava os pés em cima dele. Jamie adorava tomar café


quando estava fora e pelas manhãs, mas em casa eram sempre
chás frutados. Theo sabia que Jamie cresceu junto com Sean e eles

ainda eram melhores amigos.


— Que olhar é esse? — Jamie perguntou, quase o pegando
dessa vez.

A primeira música começou a desaparecer.


Theo antecipou a última tentativa de Jamie de agarrá-lo, a
careta se transformando em um sorriso. — Esse é um verdade ou

desafio grátis para mim. Quanto você quer me ver descascando


batatas?
“One Way or Another” do Blondie tocou, e Theo riu da

maneira como Jamie encarnou a música, patinando mais rápido e


se movimentando no ritmo da batida. Seu olhar intenso gritou o

quanto ele queria vencê-lo.


Theo curvou o dedo, provocando-o. — Vamos. Mostre-me do
que você é capaz.

Outra investida inoportuna, mas Jamie se reajustou.


— Vai ter que vir atrás de mim com mais força do que isso.
Jamie se empurrou em sua direção, deslizando em seus

patins.
— Mais rápido.
Jamie se impulsionou para frente e desta vez foi por pouco.

Theo andou mais rápido em resposta. — Sim, é disso que estou


falando. Novamente.
Jamie veio até ele, cada vez mais rápido, até que ele estava

grunhindo com o esforço. Theo também sentiu, em seus membros


tensos e respiração trêmula.
A música estava chegando ao fim ardente.

Jamie pode não ter chance de pegar ele, mas olhe para ele
de patins, tão suave e confiante, virando os cantos com a
quantidade certa de impulso.

— Theo! — Jamie chamou.


Theo parou de patinar quando ouviu seu nome e Jamie o
atacou, o corpo batendo contra o dele. Eles caíram no chão, o vento

escapando dos pulmões de Theo. Jamie estava em cima dele, peito


contra peito, com a coxa de Jamie perto da virilha de Theo e as

mãos de Jamie de cada lado da cabeça dele.


Eles estavam nariz a nariz, capacetes quase se tocando. —
Você realmente deve querer me ver descascar batatas. — Theo

examinou o rosto de Jamie, demorando-se na boca, procurando um


sorriso. — Você chamou meu nome. — Sua voz ficou presa e ele
pigarreou, desejando que seu coração parasse de bater tão rápido.
— Me deu o que eu queria.

— Não posso prometer que o jantar será bom.


— Aposto que terá um gosto incrível.

— Incrível o suficiente para você ficar de joelhos e cantar


louvores para mim?
A expressão de Jamie se fechou e ele se empurrou em seus

braços. Theo não estava pronto para ele se levantar, no entanto. As


mãos dele subiram, uma agarrando a camiseta de Jamie e a outra
cobrindo a sua boca, a casca dura do protetor de pulso dele contra a

barba por fazer em sua bochecha.


Jamie parou, olhos cinzentos encontrando os dele,
implorando.

— Isso. Eu quero mais disso.


Então, Jamie disse abafado, — O que você quer dizer?
— É por isso que eu queria você aqui esta noite. Você esteve

agindo estranho a semana toda, mas hoje é a primeira vez que você
parece você mesmo novamente.
Jamie pareceu procurar algo no rosto de Theo. Sinceridade,

talvez? Se sim, ele o encontraria.


Theo pressionou os dedos contra os lábios de Jamie. — Você

ainda não sorriu. Vou precisar que você faça isso.


A resposta veio quente em seus dedos quando Theo sentiu
os lábios de Jamie se contorcerem. Ele não conseguia ver o sorriso
debaixo da mão, mas estava lá no repentino aprofundamento dos

olhos de Jamie, a ligeira dobra nas bordas, um cílio perdido na


bochecha se erguendo.

— A +, Sr. Jamie Cooper.


Jamie se movimentou, e foi esse movimento contra sua

virilha que fez Theo liberar Jamie. — É melhor você sair de cima de
mim ou Liz ficará com ciúmes, se você entende o que quero dizer.
Jamie empurrou os patins e se firmou com o freio do patins.
Respirou fundo algumas vezes antes de Theo fazer o mesmo.
Pelo canto do olho, Theo viu Liz deslizando sobre a pista na
direção deles. — Liz — disse ele, falando o nome dela com alegria.

— Vamos fazer algumas rodadas? Jamie, verifique Leone, sim?


Você deve estar bom o suficiente para andar de skate lentamente
com ela.
Jamie patinou até os bancos e não olhou para trás.
Theo agarrou a mão de Liz e a segurou especialmente

apertado, como se isso parasse o tremor em seu corpo.


Fazia um tempo desde que ele tinha transado, só isso.
Qualquer coisa esfregando contra ele assim teria
desencadeado a mesma resposta.
Eles deram uma volta sem falar. No segundo, quando uma

nova música começou, ele sorriu para ela. — Eu coloquei essa


música para você.
Ela torceu o rosto enquanto ouvia. — Você quer dinheiro?
— O nome da cantora é Lisa.
Um pequeno sorriso iluminou seu rosto. — Fofo, Theo.
Eles patinaram por outra música antes de Liz parar no meio

da pista no mesmo local em que Jamie caiu nele. Liz sorriu para ele,
rápido e lamentável. Theo se preparou para más notícias. — Olha,
eu me diverti hoje à noite.
Ele riu. — Mas... — ele disse, sabendo que estava chegando.
— Mas acho que não devemos sair de novo.
Lá estava. Ele respirou fundo, seu orgulho machucado. Liz

olhou para Leone e Jamie, mordeu o lábio e deu de ombros. —


Você não parece gostar de mim e eu quero alguém que goste.
Theo enfiou as mãos nos bolsos. — Este foi meu primeiro
encontro de verdade em um tempo. Acho que estou enferrujado.
— Você é melhor nisso do que pensa. Apenas... — Ela fez

um gesto entre eles. — Eu não acho que devíamos ser nós


namorando.
Theo não sabia o que dizer. A faísca que deveria estar lá
estava faltando, apesar do fato de ele realmente gostar dela. —
Espero que você encontre alguém perfeito. Você é ótima.
Liz se apoiou nos freios e beijou sua bochecha. — Desejo o

mesmo para você, Theo.


“Talvez seja uma boa ideia secar o cabelo e colocar
outro casaco. Está frio lá fora.”

Jamie para Theo em um dia frio pra caralho.


10

Uma semana depois de um purê de batata e carne moída

com berinjela borrachuda que Leone cuspiu e Jamie comeu a força,


Theo pegou um resfriado.

A culpa foi dele. Ele deveria ter ouvido Jamie quando sugeriu
que Theo secasse o cabelo e usasse outra camada de roupa antes
de sair no dia anterior. Mas Theo estava com um humor obstinado e

seguiu no frio, fingindo não sentir.


Agora ele sentia – nariz escorrendo, dor de garganta e tosse
que ameaçavam denunciá-lo.

Ele estava deitado no sofá, se escondendo atrás do capítulo


final de seu livro de economia. Leone estava sentada na poltrona ao
lado dele, ouvindo um audiolivro em seus fones de ouvido, enquanto

Jamie picava e jogava pedaços de vegetais em uma panela grande.

Theo contrabandeou outro lenço de papel atrás do livro e


discretamente assoou o nariz com ele. Deus, seu corpo doía. Era

ele ou estava fazendo frio aqui?

Ele puxou a manta da parte de trás do sofá e a colocou sobre


seu corpo trêmulo. Nada suspeito sobre isso. Todos eles usavam
esse cobertor de tempos em tempos.

Ele descansou o livro no rosto, acolhendo a escuridão e a


pressão contra a testa.

Ele ouviu Jamie fazer uma pausa nos cortes. O telefone de

Jamie tocou com a música tema de "Freakonomics".


Sempre que Theo ouvia aquele toque, ele começava a

cantarolar ou a ritmar até Jamie se juntar a ele. Mas hoje à noite ele

queria tapar os ouvidos e fazê-lo parar.


Jamie atendeu a chamada, sua voz profunda infinitamente

mais suave que o toque. Maldita dor de cabeça.

— Sean, como você está? Estarei em casa na próxima


semana, como planejado... estou fazendo sopa...

Theo ficou com água na boca e um gemido escapou dele –


mas pelo menos não era a tosse chata que coçava sua garganta.

— Posso ligar de volta? — Jamie falou baixinho. — Eu tenho

que colocar um alguém teimoso na cama dele.

Theo parou e depois lentamente puxou o livro pelo rosto. Ele

olhou para Jamie, que estava olhando para ele enquanto desligava

o telefone.
— Quanto tempo mais você ficaria aí deitado sofrendo? —

Jamie perguntou.
Theo queria responder, ter a última palavra como ele tinha
tantas vezes. Em vez disso, uma tosse estridente de tremer o peito

latiu na sala. A irmã dele pulou.

Ela tirou os fones de ouvido. — Droga, Theo, você está bem?

Não, não, e não de novo.

— Ele vai ficar bem — disse Jamie a Leone, enquanto

pegava uma tigela e colocava sopa nela. Calmo mas firmemente,


ele disse: — Theo, cama. Vou levar isso para você.

Pela primeira vez, Theo fez como lhe foi dito. Ele até

murmurou um agradecimento enquanto Jamie entrava na ponta dos

pés em seu quarto com uma tigela de sopa, uma garrafa de água e

alguns Tylenol em uma bandeja.

— Você vai dizer "eu te disse", não é? — A garganta de Theo

parecia patética, picando suas palavras.


— Eu te disse.

Theo deu um sorriso que poderia mais ter sido uma careta. —

Você sempre estar certo é uma dor no saco.

Jamie deixou cair os braços cruzados e enfiou as mãos nos

bolsos da calça jeans. Ele olhou para Theo, um vinco preocupado

entre as sobrancelhas. — Tome sua sopa e durma um pouco.


— Sorte que você fez sopa hoje à noite, hein? — Theo disse

mergulhando a colher no caldo.


Jamie se retirou do quarto, mas não sem Theo escutar suas

últimas palavras. — A sorte não teve nada a ver com isso.

***

— Posso sentar aqui com você?

No final da tarde de terça-feira, após três dias de quarentena


auto-induzida, Theo se arrastou da cama. Ele se barbeoou, tomou

banho e vestiu as roupas limpas que Leone dobrou e Jamie o


trouxe. A irmã dele estava tomando café com um amigo.
Theo ouviu Jamie voltar para casa e esgueirar-se para seu

quarto. Agora que ele estava de cara limpa, Theo decidiu subir
também. Ele estava entediado e queria perguntar como foi a reunião

de Jamie com seu orientador, mas uma pergunta estava entrando e


saindo da mente de Theo: por que Jamie queria o cartão de verdade

ou desafio? O que Jamie queria que ele admitisse ou fizesse, que


ele não podia simplesmente pedir?
Jamie girou na cadeira de seu quarto, vendo Theo na porta e

gesticulando para a poltrona de canto. — Sentar? Claro.


Theo passou pela poltrona e se jogou longitudinalmente na

cama coberta pela colcha roxa e marrom de Jamie. Ele colocou um


travesseiro de algodão macio embaixo da cabeça e sorriu enquanto

observava a mais nova adição ao quarto de Jamie: três gravuras


emolduradas de A Roupa Nova do Rei.

Os pertences de Jamie pareciam estar aqui para ficar um


pouco, e Theo gostou.
Uma pequena tosse escapou dele e ele torceu o nariz. Ele

esperava que Jamie estivesse muito concentrado no que estava


fazendo para perceber ou se importar, mas Jamie parou de digitar,

passou uma caixa de lenços de papel da lateral da mesa e levou a


lixeira para a cama.
Theo agarrou a caixa de lenços de papel quando Jamie se

inclinou sobre ele e plantou a palma da mão na sua testa.


— Estou me sentindo melhor — disse Theo, olhando para

Jamie de aparência cansada. — Só estou entediado.


Jamie concordou. Ele rapidamente levantou a mão, como se

percebesse que não precisava mais sentir sua temperatura.


O olhar de Theo seguiu Jamie quando ele voltou para sua
mesa e sentou-se. Ele ficou sentado, olhando fixamente para a tela
do laptop, depois espiou Theo pelo canto dos olhos. Ele fechou o
laptop e virou-se para as estantes de livros.
Quando ele se virou, estava segurando um compêndio de

jogos.
— Jogo de damas? Xadrez? Ludo? — Jamie perguntou.

Theo sentou-se e encostou-se na cabeceira da cama. Ele


olhou a caixa e, em seguida, olhou Jamie subindo no meio da cama
com ela.

— Há um baralho de cartas também — disse Theo. — Eu


voto snap.

Eles dividiram o baralho e jogaram as cartas em uma pilha,


usando o tabuleiro de xadrez como uma superfície plana.

Theo tinha o hábito de falar primeiro e pensar depois. Ele


desejou poder recorrer à habilidade hoje, mas por algum motivo,
Theo estava nervoso em perguntar sobre a verdade ou o desafio.

Só um pouco.
Theo jogou seu rei no valete de Jamie, dez sobre o cinco, oito

sobre a rainha.
Ele respirou fundo e soltou, dizendo: — Eu gostei dos
posters.
— Quero colocar mais algumas fotos nessa parede — disse
Jamie, apontando a cabeça na direção da parede atrás de Theo.
— Mesmo estilo?

— Não necessariamente.
Theo tinha alguns esboços perdidos por aí que ficariam bem

em cima da cama. — Seu aniversário está chegando.


Jamie parou de virar, o polegar apoiado no baralho de cartas.
— Vinte e dois de março. Devo manter a parede livre?

— Você poderia pelo menos fingir que não tinha ideia de

onde eu estava indo com isso.


— Estou ansioso.

Eles retomaram o jogo, ainda sem um par à vista.

Eventualmente, iria aparecer. Tinha que aparecer.

— As férias de primavera estão chegando — disse Theo, em


um segundo momento, sem fazer a pergunta que esteve girando em

seus pensamentos à noite toda. — Você ainda quer nos levar para

casa?
— Claro.

Theo deu um tapa no par de ases e a mão de Jamie pousou

naturalmente sobre a sua com um baque sólido e quente. Theo


mexeu os dedos sob a palma da mão dele. — Por que sinto tanta

emoção ganhando de você?


Ele tirou a mão de debaixo da de Jamie, mas Jamie apertou

mais. — Que tal um jogo que você não ganhará?

— Você está me provocando.


— Pronto para o desafio?

Esse desafio, sim. Não o verdade ou desafio, no entanto.

Ainda não.

Theo observou quando Jamie levantou a mão e reajustou o


aperto, para que os dedos deles se prendessem firmemente em um

aperto de macaco. — Você está declarando uma guerra de polegar?

O olhar de Jamie brilhou.


— Manda ver — disse Theo. Ele começou a proferir a rima

inicial enquanto seus polegares passavam um sobre o outro a

tempo das palavras. — ... cinco, seis, sete, oito, tente manter o
polegar reto.

O polegar de Jamie se lançou para prender o de Theo. —

Calma. Primeiro nos curvamos e beijamos antes de lutar.

Jamie olhou para ele bruscamente e Theo pegou o


movimento do pomo de Adão de Jamie enquanto ele engolia.
Theo sorriu. — Por que sim, Sr. Jamie Cooper, também sou

bom nesse jogo.

Ele curvou o polegar e esperou que Jamie o seguisse. As


pontas dos polegares pressionaram juntas em um beijo antes da

guerra. O leve toque de Jamie fez cócegas, e uma onda de arrepios

floresceu em seu braço.

O beijo foi rápido, no entanto. Assim que Jamie afastou o


dedo, a luta começou. Eles eram bem parecidos, mas Jamie,

maldito seja, era melhor. Não importa o quanto Theo torcesse a

boca e implorasse ao polegar que esmagasse Jamie, Jamie era


mais forte, mais rápido, melhor. Theo tentou se fingir de morto, mas

não adiantou. Jamie venceu todas as vezes.

Finalmente, sentindo-se derrotado – pelo jogo e por sua

pergunta – Theo deixou cair a mão e se encostou na cabeceira da


cama. Jamie diria que ele estava fazendo bico, e ele pode estar

certo. — Sua mão é maior. Então...

— Só um pouco. Você tinha velocidade do seu lado, mas não


foi rápido o suficiente.

— Eu ainda estou doente — disse Theo, forçando uma tosse.

— Caso contrário, eu teria derrotado você.

— Desista, Theo. Deixe-me ter isso.


Theo esticou o momento antes de deslizar o pé sobre a cama

e bater no joelho de Jamie. — Está bem. Você ganhou de forma


justa e honesta. Você é o mestre. Vou me curvar diante de você

para sempre e sempre.

— Agora que está resolvido, como você se sente sobre uma


ida ao supermercado?

***

Theo estava guardando a quantidade louca de folhas verdes

na geladeira. Eles fizeram as compras semanais porque Jamie

queria ir à quadra de Badminton no sábado de manhã com alguns


colegas da pós-graduação.

Ele nem sugeriu que Theo fosse junto.

Não que Theo quisesse se sujeitar a mais vergonha na

quadra. Mas mesmo assim.


Leone, voltando de seu café, havia chamado Jamie para

conversar. Ela estava acenando com as mãos enquanto falava,

duas vezes esbarrando no queixo de Jamie.


Theo continuou a guardar as compras, parando quando tirou

um pote de manteiga de amendoim do saco de papel. Comum.


Ele estreitou os olhos. Bastardo maldito! Isso significava

guerra.

Theo procurou nos armários por amendoins salgados. Ele

abriu a jarra, pegou um pouco da pasta e jogou amendoins nela. Ele


tampou o pote e o colocou inocentemente na prateleira de

condimentos.

Tome essa, Sr. Jamie Cooper.

***

— Eu sei que estou falando idiotices — disse Jamie, — mas


preciso que você me entenda.

Theo jogou o pano de prato na cara dele. — Alguns dias eu

gostaria que sua mãe o tivesse mandado de volta e ficado com o


pássaro que trouxe você.

— A cegonha, Theo. E alguns dias, acho que devo deixar

você para Darwin.

Theo puxou o cinto do avental de cozinha que Jamie


amarrava entre as presilhas do jeans. — Você teve que fazer essa

coisa tão curta?

— Sim.
Theo rosnou e olhou para a berinjela fatiada na tábua à frente

deles. Jamie sugeriu cozinhar parmesão e berinjela para Leone e,


como Theo "precisava muito das instruções", Jamie insistiu em

ajudá-lo.

Theo estava começando a desprezar o vegetal roxo.

O telefone de Jamie tocou a música tema de “Freakonomics”


e Theo esqueceu temporariamente que ele achava Jamie irritante e

começou a tamborilar no banco ao ritmo.

Só por causa de Theo, Jamie deixou tocar um pouco mais


antes de atender. — Mãe. Como você está?

— Ei, senhora Cooper — disse Theo. — Diga ao seu filho

para me libertar desta prisão.


Jamie bufou e apontou para ele terminar de cortar a outra

berinjela.

— Eu não teria que mantê-lo acorrentado se ele nem sempre

fosse furtivamente ao banheiro em uma má tentativa de evitar


cozinhar.

— Ainda estou doente — disse Theo e tossiu na dobra do

braço.
— Então você não vai querer sobremesa — disse Jamie.
— Tem sobremesa? Sabe o que? Estou começando a me
sentir melhor.

Para sua mãe, Jamie disse: — Sim, como sempre... hum...

não pergunte, eu não sei.


— Espere o que? — Theo interrompeu. — Há algo que você

não sabe.

Jamie segurou a nuca de Theo e deu um aperto exasperado.


Theo se virou contra Jamie e pegou o telefone, sorrindo

enquanto dizia à sra. Cooper: — Você deveria ter ficado com a

cegonha.

Leone entrou na sala e se jogou na poltrona, onde colocou os


óculos de sol na cabeça e beliscou o nariz.

— Eu te ligo de volta, mãe.

Jamie desligou quando Theo perguntou: — Você está bem,


mana?

— Sim. Eu só... — ela puxou um envelope debaixo do braço


e o colocou na mesa de café — ...esbarrei no Derek. Ele disse que
nossos convites deveriam chegar a qualquer dia. Esse dia é hoje.

Theo pegou o nó que amarrava ele e Jamie, e dessa vez


Jamie deixou que ele o desfizesse. Quando estava livre, foi até
Leone e sentou-se no braço da cadeira dela. O envelope era creme,
estampado em dourado. Ele pegou.
Era o convite deles, tudo bem.

— Sabe — disse Theo. — Sempre podemos mudar de idéia e


não ir.
— E ser covarde? De jeito nenhum. Nós vamos, e nós

levaremos acompanhantes.
Curioso demais para o seu próprio bem, Jamie perguntou: —
Acompanhantes?

— Sim — disse Leone corajosamente. — Você será um


deles.
Não foi exatamente a frase romântica que Theo pensou que

Leone usaria, mas foi honesto e direto ao ponto. Ele gostou.


— Espero que você possa dançar melhor do que patinar —
disse Theo. — Precisamos mostrar a todos que não nos importamos

mais com Derek e Sam.


— Uma valsa será suficiente?

— Que outras danças você conhece?


— Resolvido então. Eu irei com você.
Leone riu.

— O que? — Theo perguntou.


— Nada. É só que... não importa. Você vai precisar de um
belo terno, Jamie. Você também, Theo.
— Vamos deixar para atravessar essa ponte mais perto do

evento.
Leone se inclinou na poltrona, seu rabo de cavalo em cima

das costas do assento. — Eu estou com fome.


Jamie olhou incisivamente para Theo quando ele rolou uma
alface em sua tábua. — O jantar está meio pronto.

Theo sorriu de volta para ele quando ele, mais uma vez, se
esgueirou em direção ao banheiro. — Natureza chama.
“Economia nunca foi tão divertido!”

Theo para o mundo, porque, por cinco minutos


foi verdade.
11

— Theo, vem aqui por um segundo?

Theo entrou na cozinha, os braços para cima enquanto se


espreguiçava. O aroma de café e pão torrado fez seu estômago

roncar.
— O que é isso? — Jamie perguntou, e foi quando Theo viu.
Dois pedaços de torrada com manteiga estavam em um prato preto

ao lado de um pote aberto de manteiga de amendoim. Apontado


para Theo havia uma faca de manteiga coberta com pedaços
grossos.

Theo parou a um centímetro da faca, levantou a mão e usou


o dedo indicador para retirar metade da manteiga de amendoim.
— Isso é delicioso. — Ele lambeu-o dramaticamente com um

hmmmm.

Jamie piscou lentamente, depois balançou a cabeça.


Theo sorriu e tirou o último pedaço da faca. — Ou aponte

isso para outro lugar ou a preencha com mais desta gostosura.

Jamie colocou a faca entre as duas fatias de torrada. — Já


são duas rodadas que você me venceu no departamento da
manteiga de amendoim — disse ele. — Não haverá uma terceira.

Theo olhou para a manteiga de amendoim no dedo. — Acho


que também não deve haver uma terceira. Você deveria ceder e

aprender a amar a crocante.

E então, agindo por impulso, Theo fechou o último centímetro


de distância entre eles e levou o dedo com manteiga de amendoim

aos lábios de Jamie.

Para sua surpresa, a boca de Jamie se abriu e Theo


pressionou em vantagem, deslizando o dedo pegajoso pelo lábio

inferior de Jamie.

A respiração escorreu até as pontas dos dedos. Ele começou


a retirar a mão, mas Jamie agarrou seu pulso e o segurou no lugar.

Seus olhares se chocaram, Jamie era tão sombrio e decidido que


Theo sentiu um calafrio nos dedos dos pés.

Um calor úmido grudou no dedo de Theo quando Jamie

chupou a manteiga de amendoim. Os dentes roçaram sua pele

antes de Jamie se afastar com um estalar de lábios.

Theo olhou, paralisado no local. — Você lambeu meu dedo.

— Não, eu chupei seu dedo. Ainda quer me forçar a me


alimentar com manteiga de amendoim crocante?
Theo não respondeu. Em vez disso, ele se virou e recostou-
se no balcão como se tivesse que recuperar o fôlego. — Você quer

saber, Jamie? Essa foi a terceira rodada. Você ganhou.

Jamie riu, encontrou um pouco de geleia na geladeira e

preparou o café da manhã como se nada tivesse acontecido.

Nada tinha acontecido.

Era isso o que os melhores amigos faziam, embora Theo


nunca tivesse tido a sorte de experimentar esse nível de intimidade,

embora desejasse.

Ele olhou para os dedos de Jamie enquanto ele pegava sua

torrada e dava uma mordida.

Pegando-o assistindo, Jamie disse: — Você quer isso?

— Sim — disse Theo, arrancando a segunda fatia do prato,

mas ele não estava falando sobre a torrada. — Eu quero.

***

Eles acordaram em uma hora insana para a viagem a

Minneapolis.

Cinco e meia da manhã pertenciam a galos superalimentados


e a vacas em pastos, não a leoninos impregnados de sono.
Ainda assim, ele deixou Jamie convencê-lo a sair da cama e

se jogou no carro.
Leone, maldita seja, estava toda animada e otimista,

conversando com Jamie enquanto saíam de Pittsburgh.


Theo não se importou em se juntar a esse nível de animação
e fechou os olhos. A risada de sua irmã, a vibração do carro e a voz

de Jamie ecoaram em seu assento e o embalaram de volta ao sono.


Eles pararam na primeira área de piquenique que

encontraram depois de Theo atacar os biscoitos de queijo. Jamie


ordenou que ele e sua bagunça saíssem do carro. Theo riu. Tanto

faz. Foi ótimo sair e esticar as pernas. Eles comeram biscoitos e


sanduíches de salada que Jamie acordou mais cedo para fazer.
Jamie ainda estava feliz em dirigir, e eles continuaram por

algumas horas cantando furiosamente músicas dos anos 80 e


debatendo os méritos econômicos da música.

Quando o sol se pôs mais baixo no horizonte e eles pararam


para abastecer, Jamie não voltou a sentar no banco do motorista.

Ele foi até a porta do passageiro e a abriu.


— Você sabe dirigir, certo?
Theo tirou o cinto. — Você está de brincadeira? Eu amo

dirigir.
Ele não tinha um carro, porque precisava do dinheiro para

pagar a faculdade, mas ele adorava dirigir.


Theo sentou no banco do motorista. Quase da mesma altura

que Jamie, não havia necessidade de ajustar o assento ou os


espelhos. Theo sentou-se no assento aquecido, agarrou o volante e

saiu em uma explosão decorativa de velocidade.


O GPS mostrou as direções para ele, mas Theo conhecia
essa rota. Eles tinham mais cinco horas antes de chegarem em

casa.
Jamie bocejou, murmurou algo sobre acordá-lo se Theo

precisasse de alguma coisa e cochilou, com o queixo caindo no


peito. Geralmente, Theo levava um tempo para relaxar assim
quando alguém estava dirigindo. Era uma sensação agradável saber

que Jamie confiava nele o suficiente para mergulhar em um sono


tão rápido.

Theo conversou baixinho com Leone por uma hora até que
ela sucumbiu ao movimento e dormiu também. Ele manteve a

condução o mais tranquila possível, querendo que Jamie e Leone


ficassem com os olhos fechados o máximo que pudessem.
Theo espiou Jamie. Ele parecia mais jovem, quase

vulnerável, com a cabeça pendurada no banco do passageiro. Theo


segurou o volante quando o sentimento de proteção o inundou e ele
diminuiu a velocidade até o limite de velocidade.
A desaceleração deu-lhe tempo para refletir sobre aquele

maldito passe de verdade ou desafio que ele possuía e, mais


recentemente, a memória sensorial de Jamie chupando seu dedo, o

que o fez pensar naquele momento no chão da pista de patinação...


Theo começou a contar as placas dos carros. Então, por
quantos McDonald's ele passou.

Jamie e Leone ainda estavam dormindo quando Wisconsin


os cumprimentou com granizo.

Os limpadores de pára-brisa trabalhavam horas extras


enquanto o carro passava por poças profundas. Theo esperava que

o céu se apressasse e clareasse, mas a chuva piorou.


Eles ainda estavam a horas de distância de Minneapolis, e
estava escurecendo.

— Jamie?
Jamie se mexeu. — Hmm?

— Eu não acho que essa chuva vai passar tão cedo.


Jamie esfregou os olhos com as palmas das mãos, olhou
para fora do carro e assobiou. Ele pegou o telefone que também

funcionava como GPS. — Pegue a próxima saída. Vamos voltar.


Theo não perguntou, apenas seguiu as instruções e tomou a
próxima rampa de acesso.
Jamie colocou o telefone no ouvido e alguns momentos

depois, sorriu. — Ei mãe. Pequena mudança de planos. Estou


voltando para casa hoje à noite e levando Theo e Leone. Sim, isso

seria ótimo. Estamos a vinte e poucos minutos daí. Te vejo em


breve.
Theo recostou-se no banco, esticando os braços contra o

volante. — Faz mais sentido.

— Acho que sim — disse Jamie. — Pegue a segunda saída


na rotatória. Eu levo vocês amanhã.

— Sua mãe não vai se importar com a mudança de planos de

última hora?

— Mamãe é descontraída. Minha irmã não volta até amanhã,


o quarto dela está vago.

— Brilhante. — Theo tamborilou alegremente com os dedos

no volante. — Não sei por que não pensamos nisso, para começar.
Mal posso esperar para ver onde o Sr. Jamie Cooper cresceu.

— Você só quer invadir meu álbum de fotos e me zoar pelo

resto do ano.
Por um lado, era exatamente isso que Theo queria.
Por outro lado... — Eu não vou, no entanto. A menos que

você me mostre as fotos você mesmo.


Theo sentiu o olhar de Jamie e mordeu o lábio inferior. Então

ficou inquieto e mexeu no rádio até sintonizar na NPR.

— Eu não me importo — disse Jamie e deu de ombros. — Há


fotos por toda a casa de qualquer maneira. Além disso, isso me dará

uma desculpa quando eu te deixar na sua casa.

— Jesus. Mamãe vai te contar tudo o que você poderia

querer saber e mais nos primeiros cinco minutos que você entrar
pela porta.

Leone bocejou no banco de trás. — Estamos em uma lava-

jato?
— Eu gostaria que fosse. — Theo atualizou Leone sobre o

clima. — Deveríamos ligar para a mãe e contar a ela.

— Farei isso — disse ela, e alguns momentos depois ela


colocou o telefone no viva-voz.

— Leone, estou tão feliz de você ter ligado — disse mamãe.

— Eu estava debatendo se deveria ligar e verificar como você está.

Vi no noticiário que a chuva é torrencial em muitas partes do


Wisconsin e, juntamente com meu horóscopo hoje, estava

começando a entrar em pânico. Seu pai me disse para relaxar e


tomar um banho, mas eu não tinha mais sais de banho de lavanda e

esses são os únicos que funcionam com meus nervos.

— Ei, mãe — disse Theo alto o suficiente para o telefone


captar sua voz.

Leone continuou: — Estamos todos seguros, mas você está

certa sobre o clima. Não vamos para casa hoje à noite.

— Essa seria a mudança de planos que poderia acontecer


hoje. Mas é melhor assim – e é claro que quero meus leoninos em

segurança. Levem o tempo que precisar. Apenas me digam onde

vocês ficarão.
Jamie respondeu isso, não apenas dando a ela o endereço,

mas também o número de telefone fixo. — Nós ligaremos para você

depois do café da manhã antes de pegar a estrada novamente.

— Espero que você possa relaxar agora, mamãe — disse


Leone.

— Eu acho que vou ficar bem, querida. Obrigada por me ligar

imediatamente. Ah, e antes de vocês desligarem, eu estava lendo o


horóscopo de Leão hoje e achei que vocês poderiam achar isso

interessante...

— Tchau, mãe — disse Theo, esperando que Leone

entendesse a indireta e terminasse a ligação.


Ela não entendeu.

— Mesmo que hoje não esteja indo perfeitamente bem, vocês


estão encontrando muitas coisas que mantêm um sorriso no seu

rosto. Sentimentos que precisam ser expressos estão lentamente

borbulhando na superfície e, como vocês estão solteiros, agora


pode ser um bom momento para chamar a atenção de alguém...

Theo ligou o rádio e aumentou o volume, abafando o

horóscopo de sua mãe. Ele olhou para Jamie, que o observava

silenciosamente. — O que? Não estou sendo mais rude do que


normalmente sou com a Mamãe Querida.

— Eu não estava pensando nisso — disse Jamie, diminuindo

o volume. Leone desligou o alto-falante e pressionou o telefone no


ouvido.

— No que você está pensando então?

Jamie apontou para Theo virar à direita. A maneira como ele

demorou a responder, sugeriu que não era o seu pensamento


original. — Ela realmente é peculiar, sua mãe.

— Ela ama nossa personalidade leonina. — Ele suspeitava

que não demoraria muito para que ela também amasse esse ariano.

***
Eles passaram por bosques, piquetes e um estábulo antes de

chegarem à casa de Jamie. A chuva diminuiu, mas eles ainda

acabaram pingando água dentro da antiga fazenda vitoriana.


— Você estará dividindo o quarto com Jamie, suponho? —

Sra. Cooper disse depois de recebê-los.

Ela era muito mais baixa do que Theo esperava, na altura do


queixo dele, mas ficou claro no momento em que ela olhou para ele,

onde Jamie havia herdado seus olhos cinzentos. Ela também tinha o

cabelo loiro dele, só que o dela estava branco nas têmporas. A

altura e os músculos de Jamie devem ter vindo do lado da família de


seu pai.

— Obrigado, senhora Cooper — disse Theo, passando um

braço em volta de sua irmã. — Mas eu prefiro ficar com Leone. É


um lugar novo e dessa maneira eu posso ajudá-la mais facilmente.

Ele respondeu algumas pequenas perguntas espinhosas e

apertou a irmã.

A senhora Cooper falou com Jamie. — Eu arrumei a sua e a


cama da Danielle. Mostre a seus amigos onde eles podem colocar

as coisas. — Ela sorriu para Theo e Leone, o olhar piscando


curiosamente entre eles. — Familiarizem-se com o lugar e depois

venham conversar comigo na cozinha.


Ela os deixou com isso.

Jamie levou-os escada acima para os quartos. — Existem

vinte degraus acarpetados — disse ele para o benefício de Leone.

— A primeira porta à esquerda do corredor é o banheiro, a segunda,


o armário de utilidades. Continue e a terceira porta é o escritório do

meu pai. A primeira porta à direita e quase diretamente em frente ao

banheiro é o quarto de Danielle, onde vocês estarão dormindo hoje


à noite. Meu quarto é logo depois dele. Há um monte de fotos de

família penduradas nas paredes, mas o corredor está vazio.

Theo e Leone seguiram Jamie para o quarto de Danielle. O


grande quarto moderno-e-vitoriano, com uma cor roxa. O espaço

era simples o suficiente para que Leone não tivesse problemas em

movimentar-se, e parecia que na cama caberia os dois.

Jamie pegou Leone pela mão e explicou tudo no quarto,


fazendo-a sentir as bordas das mesas, gavetas, mesas de cabeceira

e interruptores de luz.

Theo se inclinou contra a porta do quarto enquanto


observava Jamie contar a Leone tudo o que ela precisava saber e
nada mais. Sem fazê-la se sentir menos ou depreciada.
Simplesmente bondade e respeito.

Ele não deveria estar nada além de feliz.

Ele se mexeu inquieto e Jamie o olhou.


— Eu vou pegar nossas malas e trazê-las para cima — disse

ele, girando nos calcanhares e correndo para fora.

A chuva caía sobre seu rosto e seu pescoço. Ele a aceitou


por alguns minutos a mais do que o necessário antes de levar as

malas de volta ao quarto de Danielle. Ele colocou seus pertences no

closet e disse que iria conversar com a mãe de Jamie.

A Sra. Cooper o cumprimentou com delícias recém-assadas


e Theo se apaixonou.

— Esses biscoitos estão deliciosos — disse ele, sentando-se

no espaço livre no banco.


Embora essa fosse sua primeira vez na casa de Jamie, ele já

sentia que conhecia a família. Sra. Cooper, bibliotecária da


biblioteca local, Sr. Cooper, diretor de uma escola particular de elite,
Danielle, em seu último ano do ensino médio. Todos os três viciados

em Badminton.
Jamie já havia lhe contado muitas histórias.
— Eu ouvi muito sobre você — disse a Sra. Cooper, pegando
mais biscoitos. — Jamie acha que você é uma coisa e tanto.
— Você não está apenas dizendo isso porque as mães dizem

esse tipo de coisa, está?


Ela riu. — Não. Estou falando sério. Jamie sempre foi sério e
confiável, mas é tão bom ouvir o sorriso na voz dele agora.

Theo viu Jamie guiando Leone pela cozinha. — Isso seria o


romance.
— Meus pensamentos são exatamente os mesmos — disse

ela. — É lindo.
Exibindo suas covinhas para Sra. Cooper, Theo se serviu de
um segundo biscoito.

— Este lugar é acolhedor — disse ele com a boca cheia. —


Eu gostei daqui. — Ele engoliu em seco. — Eu me vejo vindo aqui
com mais frequência. Dias de descanso naquele tapete grosso da

sala de estar, vou estar profundamente fascinado pelo quintal no


momento em que for necessário cortar cebolas. Você não vai

precisar de ajuda com isso, vai? Porque lembre-se, eu gosto de


você.
Ela deu a Theo um olhar divertido, o brilho em seus olhos era

o mesmo que seu filho havia herdado. Isso fez Theo pensar mais
sobre como Jamie cresceu. Como ele e sua mãe poderiam ter
compartilhado seus olhares calmos durante jantares movimentados
de Ação de Graças ou na plateia dos recitais de sua irmã. Foi uma

visão calorosa da história deles e ele não pôde deixar de extrapolar


como os traços poderiam passar para uma futura família Cooper.

— E descascar batatas? — A senhora Cooper perguntou.


— Descascar batatas? Forma arrepiante de quebrar o sonho
de um homem, Sra. Cooper.

— Penny, me chame de Penny.


— Diga-me, Penny — disse Theo, deslizando do banco e
seguindo para as fotos presas na geladeira, — Esse é o Jamie?

— Esse é o meu garoto.


— Não é tão intimidador sem os dentes da frente, não é?
Atrás deles veio um bufo, e Theo virou-se para Jamie, que

entrou na cozinha e pegou uma maçã da fruteira.


— Theo é sempre assim? — A senhora Cooper perguntou ao
filho.

Jamie olhou para ele enquanto ele polia a maçã na camiseta


e dava uma mordida. — Sim.

— Eu gosto dele. — Ela bateu levemente na mão de Theo


enquanto ele tentava pegar um terceiro biscoito. — Que tal um
jantar primeiro?
— Então é daí que Jamie puxou isso. Ele está sempre

insistindo em comer corretamente. — Theo assustou a Sra. Cooper


puxando-a para um abraço e sussurrando em seu ouvido: — Não
diga a ele ou nunca ouvirei o fim, mas é meio fofo que ele se

importa. — Ele se virou para Jamie, que parecia estar tentando


descobrir o que Theo havia dito. Theo balançou as sobrancelhas

para ele. — Onde está Leone?


— No quarto de Danielle, aproveitando o tempo para se
acostumar. Eu disse que voltaria em dez minutos.

Theo assentiu. Leone não gostava de ninguém olhando para


ela se mexer enquanto ela dedicava um tempo para descobrir seu
novo ambiente.

— Estou prestes a começar o jantar — disse a sra. Cooper.


— Temos algumas cebolas para cortar.
Essa foi a deixa de Theo. — Jamie, você pode me mostrar o

quintal?
A sra. Cooper riu e chamou a atenção de Jamie. — A
propósito, Sean ligou.

Theo parou sua missão astuta de sair da cozinha. Não era da


conta dele, mas ele precisava ouvir isso.
— O que ele queria? — Jamie perguntou, seu sorriso

crescendo quando ele olhou para Theo.


— Ele queria saber a que horas você chegaria amanhã. Eu
disse a ele que vocês três viriam para cá este noite. Então o habitual

aconteceu.
O habitual?
— Ele se convidou para jantar — Jamie explicou a Theo.

— Ele estará aqui a qualquer momento.


Jamie foi até as janelas da cozinha e olhou para fora. Theo

também olhou, mas tudo o que viu foram luzes de lanterna e


silhuetas de árvores contra um céu escuro.
— Se você planeja encontrá-lo, você se importaria de checar

a capa de chuva de Ducky?


Theo seguiu Jamie até a porta dos fundos.
Ele calçou um par de galochas que Jamie apontou para ele

usar e saiu. O gramado se estendia dos dois lados de um caminho


de tijolos, com vários arbustos alinhando a cerca. Quase não havia
chuva agora, mas o ar estava úmido e grudando na nuca.

— Por que Sean viria pelo seu quintal? — Theo perguntou,


colocando as mãos debaixo das axilas para combater o frio.
— Você não vai gostar da resposta.
Theo quase parou, quase. Em vez disso, ele seguiu em
frente, acompanhando Jamie. — Não me diga que ele mora em um
galpão ou algo assim.

Jamie riu e diminuiu a velocidade. — Não. Olha, eu não


mencionei isso, porque não queria que você se sentisse
desconfortável, mas nossa propriedade fica na beira de um lago.

Theo parou. Sua garganta se apertou e seu coração disparou


mais rápido. Ele tentou se livrar desse sentimento. Não era como se
ele estivesse no lago ou algo assim. Ele não estava nem sobre a

água ou ao lado dela, pelo amor de Deus. Ele precisava absorver e


lidar com calma.
Ele tentou sorrir, mas parecia forçado. — Um lago, hein?

Eles estavam em pé sob uma lanterna, e sua luz suave


derramava sobre o lado do rosto de Jamie.

Jamie, que já estava perto, se aproximou mais ainda. Com


uma mão, ele apertou a curva entre o ombro e o pescoço de Theo e,
com a outra, levantou o queixo de Theo. — Você não precisa pisar

no píer, mas se você decidir ir, eu estou bem aqui e não deixarei
nada acontecer com você.
— Você é um bom nadador? — Ele odiava que estivesse

tre,emdp. Odiava que Jamie visse essa parte fraca dele. Odiava que
seu estômago estivesse enjoado e flashes daquele dia enchiam sua
mente.

— Sim — disse Jamie. Não era arrogante, não era um "sou o


melhor sim", mas tranquilizador. Theo estaria seguro.
Ele tentou não deixar que seu medo da água o dominasse.

Claro, ele fazia questão de não estar perto de grandes massas de


água, a menos que fosse necessário. Vistas de lagos, rios e
oceanos não o deixavam fraco de joelhos, desde que ele não

estivesse perto deles.


No entanto, de pé com Jamie, olhando-o de modo tão
solidário daquele jeito, o tentou.

Um assonio soou e os dois se viraram. Sean estava subindo


o caminho da linha das árvores, segurando uma garrafa de vinho, os
cachos saltando com o andar jovial.

— Espero não estar interrompendo. — Ele colocou a garrafa


contra o peito de Theo, virou-se para Jamie e o puxou para um

abraço. — Você parece bem, Gostosão.


Theo dobrou o aperto no gargalo da garrafa. Se Theo
pensasse razoavelmente, iria perceber que era ele quem se

aproximou do amigo de Sean, e não o contrário. Sean deveria estar


com ciúmes, não ele.
Mas ele não estava pensando razoavelmente.
Jamie deu um tapinha na nuca de Sean e riu. — Mamãe e

Leone estão lá dentro. Preciso verificar se Ducky ainda está


boiando.

— Seu barco está bem. Eu ancorei o meu próximo a ele. —


Sean se afastou e arrumou a camisa.
Theo sentiu um cheiro de perfume cítrico, diferente do último

que usava. Um simples desodorante seria suficiente, mas estava


claro que Sean estava tentando fazer uma observação.
Talvez Theo devesse avisar Leone?

Sean foi em direção à porta dos fundos. — Vocês dois voltem


ao que estavam fazendo. Vou ajudar Penny com o jantar.
Que ele vá para o inferno e nunca volte.

Theo estreitou os olhos para Jamie. — Ele traz vinho. Ajuda a


preparar o jantar. Eu não tenho chance.
Jamie avançou e gentilmente arrancou a garrafa da mão

dele. — Não vamos descontar no Merlot.


O momento que eles tiveram antes passou. Theo não queria

andar perto do lago agora. De fato, Leone provavelmente estava


esperando que um deles a acompanhasse. Ele girou nos
calcanhares e foi para a casa.
Jamie falou hesitante atrás dele. — O que você quis dizer

com você não tem chance?


Theo olhou por cima do ombro. — Em conquistar Penny, é
claro.

***

Depois do jantar e duas garrafas de vinho, Sean saiu com a


promessa de levar sua bicicleta dupla para Pittsburgh, para que

Jamie ou Theo pudessem pedalar Leone pela cidade.


Um gesto prestativo entre dezenas de outros, e Theo se
sentiu um merda por não gostar dele.

Com o terceiro copo de vinho de Theo, ele decidiu esquecer


sua animosidade infantil e dar uma chance ao sujeito. Ele e Sean
chegaram a enfrentar Leone e Jamie - Penny ajudou Leone com

suas cartas - em um jogo de Taboo.


Quatro horas depois, ele e Leone estavam deitados na cama
de Danielle brincando de cabo de guerra com os lençóis.

Atualização mais recente do status: Theo = frio, Leone = sempre a


ladra de cobertor.
— Caramba, Theo! Você pode ir dormir com o Jamie já?
Theo soltou o canto do cobertor e Leone bateu no travesseiro
com um uuf. — O que?
— Eu disse, vá dormir com Jamie.

— Eu ouvi você, mas você parecia tão séria.


— Porque eu estou falando sério — disse ela. — É mais
provável que eu tropece em você ou nesses lençóis emaranhados.

Eu estou melhor sozinha.


— Sério? — Ele era mais um obstáculo do que uma ajuda?
A voz de Leone se suavizou. — Sério, Theo. Além disso?

Seus pés são como blocos de gelo. Torture Jamie em meu nome,
sim? Ele foi totalmente a razão pela qual perdemos o Taboo hoje à

noite.
Expulso, Theo avançou pelo corredor até o quarto de Jamie.
Uma fenda brilhante de luz sob a porta do quarto de Jamie dizia que

ele ainda estava acordado.


Theo bateu na porta.
Depois de um momento, Jamie falou apenas alto o suficiente

para ele ouvir: — Entre.


Jamie estava na cama, joelhos dobrados sob as cobertas, um
livro no colo. Uma lâmpada acima da cabeceira dava uma luz suave

sobre ele e dava um brilho âmbar ao quarto. Ao contrário do quarto


de Danielle, Jamie exibia móveis modernos, simples e volumosos e
muita madeira.

Dois pôsteres emoldurados decoravam a parede acima de


sua mesa. Não eram de música ou cartazes esportivos, só para
constar. Não, isso não faria Theo sorrir tanto quanto ele estava

sorrindo agora.
Um pôster azul-esverdeado exibia THE COMMA e um pôster
malva, THE APOSTROPHE. Debaixo de cada um havia uma

legenda espertinha, e Theo aprovou.


Ele olhou para Jamie na cama, que esperava pacientemente
que ele explicasse por que ele estava se escondendo aqui em nada

além de sua cueca boxer e camiseta.


— Isso não é um livro didático — disse Theo.

— Eu leio outras coisas.


Theo se moveu do tapete no meio do quarto para a cama. —
Leone me expulsou. Posso dormir aqui com você?

Jamie respondeu movendo mais para um lado, abrindo


espaço para ele.
Meio segundo depois, Theo estava deslizando para os

lençóis frescos da cama de Jamie. — Você é fã de Murakami?


— Entre outras coisas. A luz vai te incomodar?
— A luz não. A leitura vai. — Theo pegou o livro e o colocou

na mesinha de cabeceira. Ele encarou Jamie novamente, deitado de


lado. — Eu posso pensar em coisas melhores para fazer.
Jamie resmungou e apagou a luz, afogando o quarto na

escuridão. — Você bebeu demais.


— Eu não fico bêbado com três copos de vinho! Apenas um
pouco tonto.

Os cobertores balançaram e Jamie falou, mais perto do que


ele estava antes. Theo pôde distinguir o contorno mais escuro do
rosto contra o travesseiro mais claro. Jamie estava olhando para

ele. — Que coisas melhores você tem em mente?


— Você sabe. — Coisas de melhor amigo. — Jogar conversa
fora. Fazer você se contorcer.

— Me fazer contorcer?
Pelos fizeram cócegas nas bases dos pés de Theo quando

ele correu os pés gelados pelas canelas de Jamie. A respiração do


Jamie falhou.
— Frio?

— Quente, Theo. Quente pra caralho.


Theo adorava o sarcasmo seco de Jamie. — Há muito mais
de onde isso veio.
Jamie cruzou as pernas em volta das de Theo. — Você quer

algumas meias emprestadas?


— Não, roubar seu calor funciona para mim.

O dedo do pé de Jamie batendo contra o dele e o final da


respiração de Jamie pairando sobre seu lábio superior atordoou
Theo.

— Há algo que eu queria perguntar há um tempo agora —


Theo se ouviu admitindo.
— Pergunte.

Com os pés ainda entre os de Jamie, Theo rolou de costas e


olhou para onde um deslizamento da luz da lua cortava um
diamante no teto. — Naquela noite que patinamos...

— O que que tem?


— Por que você queria ganhar um passe de verdade ou
desafio?

Jamie parou. Theo sentiu a tensão em torno de seus pés.


— Estou feliz por não ter vencido no final — disse Jamie.
— Por que você pediu em primeiro lugar, então?

— Eu queria falar com você sobre o seu medo da água. Eu


queria ter certeza de que você responderia sinceramente. Forçar
você assim não teria sido certo. Você que precisa me dizer e,
quando quiser, estarei aqui para ouvir.
Theo retirou os pés e puxou o travesseiro um pouco mais

para baixo do pescoço.


Ele olhou para o feixe de luar e depois encarou Jamie no

escuro. — Da próxima vez, me pergunte. Eu te diria qualquer coisa.


Quando Jamie não disse mais nada, Theo o encorajou. —

Você não vai perguntar?


— Quero que você me diga quando estiver pronto. Eu não
vou perguntar.
— Eu tinha oito anos no acampamento de verão,
mergulhando no lago. Eu era um garoto magricela, que não gostava
muito de brigar como os outros garotos. Eu não sabia como me

garantir numa briga ou bater de volta. Alguns outros garotos


estavam se divertindo nos empurrando, e isso foi longe demais. Eles
me seguraram para que eu não pudesse tossir a água que estava
me sufocando. Meus pulmões espasmaram e eu inalei ainda mais
água e...

Theo fez uma pausa, tentando fazer com que a voz não
falhasse. Falar sobre isso trazia tudo de volta, não apenas aquele
dia horrível, mas os anos de provocação depois quando ele não
ousaria entrar em uma piscina.
Jamie apertou a mão de Theo. Theo olhou para os dedos

atados entre os travesseiros. Ele não tinha ideia de quando isso


aconteceu. Ele pegou a mão de Jamie ou Jamie pegou a dele?
— Entrei em pânico e minha visão escureceu. Estranho a
rapidez com que a luta saiu de mim. Uma tristeza profunda me
encheu.
Jamie sussurrou, compreensivo e reconfortante. — Theo.

— A próxima coisa que eu sabia era que estava deitado na


margem e um guarda-vidas adolescente estava surtando, batendo
no meu peito até eu cuspir água. E foi isso. Eu não estive em nada
maior do que uma banheira desde então. Todo mundo me incentivou
a enfrentar meus medos e aprender a nadar. Mas…
— Você fez o que foi bom para você.

— Você acha que eu deveria lidar com isso e entrar na água?


Jamie mudou de posição. — Acho que você deve fazer o que
acha melhor, mas isso não me impede de sugerir atividades
relacionadas à água de tempos em tempos. Você pode dizer não
quantas vezes quiser e eu apoiarei isso. Um dia, você talvez decida

que quer pular de cabeça. Também vou apoiar isso.


— Você nadou muito quando criança?
— Sim. Também trabalhei como salva-vidas no acampamento
local. Eu gostava de nadar, mas mais do que isso, eu adorava
remar. Tenho um bote que usava para atravessar o lago para visitar
Sean ou ir à cidade. Antes de conseguir minha carteira de motorista,

era como eu ia para a escola.


— Quando você conseguiu sua carteira de motorista?
— Fim do último ano da escola.
— Isso é tarde.
— Eu adorava remar.
— Quando você me pediu antes para segui-lo até o lago, eu

fiquei... Pela primeira vez, em muito tempo, tentado. — A respiração


de Jamie mudou um pouco e Theo soltou um sorriso. Theo soltou os
dedos e traçou aquele sorriso. — Qual o motivo disso?
— Meio caminho entre orgulhoso e presunçoso.
— Não fica bom em você.
— Eu posso escolher um ou outro, qual é a sua escolha

preferida?
— Presunçoso. Porque eu meio que me sinto no direito de te
dar um soco.
— Com que meias?
Eles riram e o colchão tremeu embaixo deles.
Para o inferno com isso. Chega de refletir ou esperar pelo

momento certo. — Verdade ou desafio? — Theo perguntou. Isso


calou Jamie por alguns momentos. — Você tem que escolher
desafio.
— Desafio, então.
Uma onda de náusea passou por ele, seguida por um arrepio

que foi até os seus pés. Ele moveu o rosto para o final do
travesseiro, a centímetros de Jamie. Sua voz saiu estrangulada e
ofegante. — Eu te desafio a me levar para um lago novamente.

***

Pouco depois de Jamie prometer que ajudaria Theo a superar


o medo da água, eles cederam ao sono. Ou pelo menos Jamie
adormeceu. Theo não parava de pensar no que havia feito. Não
havia sido planejado, mas ele não voltaria atrás. Ele queria que
Jamie o encorajasse.
Talvez fosse o professor que existia em Jamie, mas Theo

estava em boas mãos.


Por alguns momentos fugazes, ele se preocupou. Ele confiou
em Sam com sua história uma vez e veja como isso acabou. Ele era
estúpido ao arriscar outro soco em potencial em seu âmago?
Essa foi a pergunta que estava em sua mente quando ele

adormeceu.
Ele acordou com alguém se movendo pelo quarto. Jamie já
estava de pé e de banho tomado, com os cabelos molhados
pingando nos ombros. Ele já usava calça jeans, mas estava sem
camisa e o sol entrando pela fresta das cortinas faziam as gotas de
água escorrerem pelo peito brilhar.

Theo colocou as mãos atrás da cabeça e observou até que


Jamie, sem olhar, jogou a toalha molhada nele.
— Pare de olhar e vá tomar banho antes que mamãe vá e a
água quente acabe.
Theo rolou da cama com um gemido e bateu a toalha contra

a bunda de Jamie, assustando-o. — Agora estamos quites — disse


Theo enquanto os lábios de Jamie se elevavam.
Theo olhou para as opções de camisa que chamavam sua
atenção na gaveta aberta. — Você nunca usou essa antes.
Ele tirou uma camiseta vermelha envolta em plástico dobrada
ao lado da gaveta. Ele a puxou do plástico, o material macio e a cor
de um vermelho vibrante nunca usado, com um toque de letras
pretas. JLM. Ele nunca viu Jamie vestir vermelho. Ele mediu a
camisa contra Jamie. — Você não é religioso, é? Ou eu perdi
alguma coisa?
Jamie pegou a camiseta, mas não da maneira divertida que
Theo estava esperando. Com uma carranca, ele a enfiou embaixo

das outras na gaveta.


Theo lançou-lhe um olhar interrogativo.
— Não sou religioso — disse Jamie.
— Então... JLM? Just Like Me?
Jamie olhou para suas camisetas. — Sim. Aquela não serve
direito.

Theo não acreditou nele. — Serviria em mim, no entanto.


Talvez eu possa pegar emprestada?
Jamie ficou visivelmente tenso.
— Como uma alternativa — disse Theo, gesticulando para
seu torso bem modelado, — Esqueça a camisa e use apenas isso.

Leone aprovaria.
Jamie saiu de qualquer devaneio doloroso em que ele foi
sugado. — Tenho certeza que minha mãe não aprovaria.
— Que pena. Agora, onde encontro uma toalha seca?
“Ora, ora, você está exalando masculinidade hoje.”

Theo, ao pegar Jamie fazendo flexões na sala de


estar.
12

Ao entrar na casa cheia de incenso de Theo e Leone, Mamãe

levou Jamie por um corredor de armários de cristal e conduziu-o


para a poltrona floral que Theo havia feito xixi de propósito quando

criança.
A história do xixi foi a primeira a sair da boca de sua mãe.
Theo deu de ombros. Tanto faz. Ele tinha quatro anos. Mamãe

deveria ter lhe dado o biscoito.


Mamãe terminou a história abraçando Theo com força contra
o lado dela, uma mecha de seu cabelo castanho tingido roçando

contra nariz dele.


O pai deles, que mal deixava a poltrona combinando no canto
da sala, perto das orquídeas em vasos, chamou Leone ao colo para

um abraço. Mais tarde, Theo daria a ele os charutos que ele havia

comprado e faria o mesmo.


Por enquanto, sua mãe o comandava em seu jogo de Quem

é Jamie Cooper? Qual era o seu signo? Em que ano e hora do dia

ele nasceu? Quais três palavras ele usaria para se definir? Como
era viver com seus leoninos?
Ela arquivou as respostas dele por enquanto, mas Theo

percebeu que ela lutava para se conter.


Sua mãe também sentiu a conexão entre Jamie e Leone.

Como a rainha dos intrometidos não sentiria? As pistas eram difíceis

de perder. Jamie levou as malas de Leone até a porta e as largou


para pegar o cotovelo dela quando Theo, levando-a, estupidamente

tropeçou na soleira.

— Esta é a minha pergunta favorita. Você pode me dizer para


cuidar da minha vida se não quiser responder, mas eu sempre digo

que você não chega a lugar nenhum se não perguntar pelo menos.

Jamie levantou a mão do braço da cadeira e curvou o dedo.


— Manda ver, Crystal.

— Se uma cartomante pudesse lhe contar uma coisa sobre o


seu futuro, o que você perguntaria?

Jamie recostou-se na poltrona, redirecionando o olhar de

mamãe para ele.

Theo sentiu muito calor na pequena sala de estar e se retirou

para perto da janela. Ele estava inexplicavelmente nervoso para

ouvir a resposta de Jamie. Sua mãe disse uma vez que essa
pergunta simples dizia muito sobre uma pessoa e, infelizmente,
muitas pessoas só queriam saber se elas seriam ricas. —
Precisamos abrir uma janela aqui.

— Só um segundo, Theo — disse Jamie. Então ele se

concentrou na sua mamãe. — Fico feliz em responder a essa

pergunta se você e seus filhos retribuírem o favor.

Mamãe sorriu largamente. — Eu perguntaria se há algo que

eu possa fazer para ajudar meus filhos a viverem uma vida feliz.
Leone, ouvindo do colo do papai, disparou. — Eu perguntaria

sobre o meu propósito de vida. O que estou aqui para fazer e como

posso fazê-lo bem.

Jamie levantou uma sobrancelha para Theo.

— Eu perguntaria quando vou ganhar de você no Badminton.

— Theo! — A sua mãe disse.

— Tudo bem, Crystal — Jamie disse com um leve movimento


da cabeça na direção de Theo. — Eu perguntaria se terei a sorte de

ter filhos algum dia.

Mamãe sorriu, enquanto Jamie compartilhava um olhar com

ele, sugerindo que nenhum dos dois havia contado a verdade

inteira. — Claro que você terá filhos, e será a maior aventura da sua

vida.
As perguntas continuaram durante o almoço, até que papai

disse a ela para parar de assediar "as crianças" e dar-lhes tempo


para se instalarem. Theo aproveitou a oportunidade para mostrar a

Jamie a sua antiga casa antes dele voltar para casa.


Ele esperava que Jamie passasse a noite na casa deles
como planejado originalmente, mas por causa do acidente com o

clima, não dava mais tempo. Jamie ficou feliz em passar a tarde,
mas ele queria voltar antes que Danielle e seu pai chegassem em

casa. Ele também precisava ajudar Sean a fazer as malas para a


mudança para Pittsburgh.

O quarto de Theo tinha uma cama de casal, mesa, gavetas,


uma faixa estreita de tábuas do assoalho, uma janela única
sombreada por arbustos e trinta e sete medalhas que ele ganhou no

ensino médio. Doze medalhas de corrida também foram pregadas


sobre sua mesa.

— Isso coloca o A+ em perspectiva — disse Jamie,


sentando-se ao lado de sua cama.

— Eu tirei um B uma vez. Pior dia da minha vida.


Um olhar divertido iluminou o rosto de Jamie.
— De qualquer forma — disse Theo. — Este foi o meu quarto

no segundo e terceiro ano depois que nos mudamos de Pittsburgh.


Jamie já sabia desse fato já que perguntou por que Theo

havia escolhido estudar na capital do aço em vez de Minnesota.


Mesmo que sua casa agora fosse Minneapolis, Pittsburgh foi um lar

por mais tempo. Ele sempre sonhou em estudar lá e Leone se


mudou com ele para fazer isso acontecer.

Quando Theo fez a Jamie a mesma pergunta – por que não


Wisconsin? – a resposta foi simples. Seu tio trabalhava como
professor lá e Jamie queria ir.

— Isso me faz pensar… — Jamie disse lentamente, como se


não tivesse certeza de continuar ou não. — Diga-me se estou

ultrapassando algum limite.


— Não é como se você fosse tímido. — Theo se sentou na
cama ao lado de Jamie e se jogou contra os lençóis. —

Desembucha.
Jamie virou e se esticou de lado, apoiando-se em um

cotovelo. — Você fez grandes empréstimos para pagar a


universidade?

— Certo. Como minha casa é uma caixa de fósforos em


comparação com a sua, tenho que fazer empréstimos.
— Eu ultrapassei os limites. Eu sinto muito.
Theo deu de ombros. — Eu não tinha feito empréstimos até
este semestre. Usei minhas economias e tenho trabalhado para
pagar do meu jeito. Eu me dou bem com meu trabalho de designer,

mas não é o suficiente.


— Se você chegou até aqui por conta própria, cada moeda

conquistada com muito esforço, isso é bastante impressionante.


— Você acha, Sr. Jamie Cooper?
— Eu sei disso. E eu sou formado nessas coisas.

— Acho que você não tem empréstimos, então?


― Não, eu não tenho. Mas isso é porque meus pais pagaram

minha graduação.
— E agora?

— Como você, eu economizei.


— Todo esse trabalho de arrancar os cabelos ensinando
economia a pirralhos como eu valeu a pena, hein?

— Precisamente.
— Essa foi sua oportunidade de me dizer que secretamente

adorava me receber em suas aulas.


— Eu aprendi a tolerar você, Theo. Confie em mim, isso não
aconteceu à primeira vista.
Theo pegou um travesseiro e o jogou no rosto de Jamie. —
Saia daqui. Leone quer conversar com você antes de voltar.
Jamie abraçou o travesseiro entre os joelhos. — Você mentiu

sobre o que perguntaria à vidente.


— Não, eu não menti. Realmente quero saber quando vou te

massacrar no Badminton.
— Diga-me a verdade.
— Depois de você.

Jamie apertou os lábios, pensativo. — Eu perguntaria se

deveria arriscar a coisa com colega de quarto novamente, mesmo


que a primeira vez tenha sido um desastre.

Theo engasgou com a respiração. Finalmente, uma

admissão. Jamie estava pensando em namorar com colega de

quarto. Algo especial estava acontecendo entre ele e Leone. Agora


Theo entendeu porque estavam demorando uma eternidade para

ficarem. — As coisas ficaram estranhas com quem você namorava?

— Sim.
Theo queria pressionar para obter mais informações, mas ele

estava apenas sendo um bastardo intrometido. Se Jamie quisesse

lhe dar mais detalhes, ele teria falado. Além disso, como ele tinha
que se lembrar em relação a Sam, o passado era uma carta

perdida. Só se poderia esperar jogar melhor a próxima carta.


Jamie precisava se concentrar nessa rodada. — Essa é a sua

deixa — Jamie encorajou-o.

Theo riu nervosamente. Ele arriscou soar especialmente


convencido ao admitir isso. Ainda assim, justo era justo. — Iria

perguntar se a nossa amizade é daquelas que durará anos — disse

ele. E por que é tão importante que ela seja?

Ele deveria ter falado a última parte, mas sua garganta ficou
presa e deixou as palavras chacoalhando em seu peito.

Um silêncio pesado se estendeu entre eles. E então, não o

que ele esperava, Jamie disse: — Feche os olhos.


Theo os fechou.

— Eu quero que você imagine algo para mim.

— Descreva para mim, Sr. Jamie Cooper.


— Estamos no lago, sentados no meu bote. Águas profundas

nos rodeiam, e o céu escurece rapidamente, parece que está

prestes a começar uma tempestade. Não podemos ver terra.

Theo abriu os olhos novamente. Jamie estava olhando para


ele, pronto para parar de descrever o cenário a pedido de Theo. Ele
abriu a boca para fazer exatamente isso e, em vez disso, ouviu-se

dizer: — Continue.

— A chuva cai espessa e pesada, agitando o lago e


balançando o barco.

Um calafrio se desenrolou na barriga de Theo e se espalhou

pelas pontas dos dedos das mãos e dos pés.

— Eu tento remar através dela, mas uma onda pesada bate


na lateral do barco e eu perco o controle sobre os remos. Eles

desaparecem ao mar.

— Eu odeio esse cenário, Jamie. Mas... continue falando.


— Envolvo meus braços em sua cintura e você pressiona

contra meu peito. Você está tremendo. As ondas agitam o barco,

então a intensidade dela nos eleva no alto e cai de repente.

Segundos se estendem quando caímos livremente. Mas ainda tenho


você trancado em meus braços e estou pronto para qualquer coisa.

Sobre o assobio da tempestade, digo isso a você e você aperta

minhas mãos.
Jamie pressionou a mão contra o estômago de Theo acima

do umbigo, onde ele o estaria segurando. Theo fechou os olhos,

imaginando-se no cenário de Jamie, concentrando-se nas cócegas

quentes do toque de Jamie.


— Enquanto o balanço se intensifica — disse Jamie, — Você

cede ao medo. Seu estômago se enche de borboletas surradas.


Mas você também sente um arrepio. O barco levanta e despenca,

repetidamente, e uma emoção desliza pelo seu corpo. Parte de você

quer que as ondas cresçam para que a euforia nunca termine.


— Assim — Jamie se ajeita contra ele, cutucando Theo de

lado e enrolando um braço na cintura — Você relaxa contra mim e

nós nos agitamos pela tempestade que continua. Quando o barco

tomba, uma onda de medo capaz de destruir sua alma toma conta
de você.

A história parou. — Não pare, Jamie.

— O medo passa por você, mas dura apenas um momento,


porque você se lembra que eu estou aqui e estou pronto. Reajustei

nosso aperto, pegando sua mão.

Theo procurou a mão de Jamie apoiando a palma da mão no

estômago. Assim que ele tocou, Jamie enrolou os dedos juntos.


— O barco se sacode violentamente e somos lançados com

uma queda final emocionante que nos submerge na água.

— Por um momento, você está desorientado e a água o


pressiona por todos os lados. Mas não larguei sua mão e não vou.

Emergimos na superfície. Antes de fazer qualquer outra coisa,


certifico-me de que você está bem e respirando, e quando tenho

certeza de que você está bem, nadamos até a praia.

— E se eu não conseguir nadar?

— Eu nado por nós dois.


Eu nado por nós dois. Theo ficou sem fôlego.

— Chegamos à praia e eu o levo para casa e nos secamos.

— Você terminou?
— Não exatamente. A próxima vez que pergunto se você

quer sair no meu bote, você diz...

— Sim. Eu digo sim. — Theo abriu os olhos. O sorriso de

Jamie era de tirar o fôlego.


— Essa é sua resposta, Theo.

Ele estava prestes a jogar O que você quer dizer? de volta

para ele, mas se conteve. O objetivo da história era confiar em


Jamie.

Ele também podia confiar na amizade deles.

— Bom teatro. Agora leve sua bunda para o quarto de Leone.

Confira a geladeira no seu caminho. Escrevi uma citação em


marcador vermelho enquanto mamãe informava a melhor maneira

de viver sua vida e o que fazer com as vagens de cominho.


***

Estava quase na hora de voltar para casa. Pittsburgh, casa.

Os poucos dias com sua mãe e seu pai voaram e lá estava

ele, prometendo voltar para o 4 de julho. Leone saiu para passar a


tarde com suas antigas amigas antes de voltarem para a cidade de

aço. Eram apenas ele e mamãe.

Ela limpou os pratos da mesa de jantar e Theo colocou o leite


de volta na geladeira. Na frente da porta da geladeira, em marcador

lavável, estava a citação do dia: não desacelere, Áries, você está

tão perto do seu destino.


Sob isso, na caligrafia rabiscada de Jamie: Sra. Wallace. Eu

pretendo ouvir!

Esteve lá por dias. Theo gostava de olhar para a escrita e

saber que o dono do rabisco estava a poucas horas de distância,


fazendo suas coisas na beira da floresta.

— Você precisa de dinheiro? — Mamãe perguntou, ligando a

máquina de lavar louça.


Parecia neste fim de semana que ele não podia fugir de

seu… aperto financeiro. — Eu tenho o empréstimo agora, então


estou bem. Pagar de volta é o que é péssimo, mas eu terei isso sob
controle.

— Eu gostaria de poder ajudá-lo mais — disse sua mãe,

olhando tristemente para ele enquanto se recostava na máquina de


lavar louça.

— Você já me deu muito. — Theo passou um braço em volta

do pescoço dela antes de dar um beijo na bochecha. — Além disso,


terei créditos suficientes para terminar minha graduação dupla até o

final do verão.

— Mas eu te conheço. Você quer fazer um mestrado como

sua irmã.
— Se eu decidir, posso solicitar um pequeno empréstimo.

Sério. Eu estou bem em comparação com outros estudantes.

Ela aceitou isso. — Quando você está se candidatando para


formatura?

— Eu pensei em tentar em dezembro. Leone também pensa


em se candidatar, dessa forma você só precisa ir para lá uma vez.
— Apenas faça o seu melhor, amor. Haverá todo o tipo de

voltas e reviravoltas ao longo da estrada.


— Talvez fosse bom ter um GPS de vida, não é?
— Isso é o que são os horóscopos. Mas, mesmo assim, você
deve usar o bom senso ou poderá acabar estagnado.
Theo a abraçou. — Inscreva-me no seu boletim trimestral.
"Gostaria de poder tirar a maçaneta. Facilita a
limpeza."

Theo, sobre o registro do chuveiro, caramba!


13

Quatro dias em casa e Sean já havia deixado a bicicleta

dupla e se convidado para jantar. Duas vezes. As noites de


Badminton eram a atividade mais recente, embora Leone se

esforçasse para não participar, enquanto Theo jogava apesar de seu


relacionamento complicado com petecas.
Jamie voltou à rotina de caronas, escritório, trabalho,

cozinhar, jogar. Leone foi a única capaz de distraí-lo quando ela


colocou dance music e ordenou que ele a conduzisse pela sala.
Bem, quase a única.

A noite, quando eles estavam deitados na cama e a casa


zumbia em silêncio, Theo havia adquirido o hábito de enviar a Jamie
uma mensagem rápida pelo chat.

Theo: Fudêncio.

Jamie: Se eu não quisesse tanto que você dissesse boa

noite, eu poderia te xingar nessa merda.


Theo: Boa noite.

***

Theo não tinha parado de pensar no momento deles em seu


quarto em Minneapolis; a história do lago, de Jamie estar lá por ele,

prometendo-lhe uma amizade duradoura.

Isso fazia com que o que ele precisava dizer ficasse mais
difícil e mais fácil ao mesmo tempo. Theo queria Jamie feliz, afinal.

Quinta-feira de manhã, Theo entrou na cozinha de bermuda e

camiseta, pronto para sua corrida diária e para finalmente dizer. Ele
passou por Jamie preparando seus sanduíches diários e abriu a

boca.
Em vez disso, ele fingiu um bocejo.

Depois de beber um pouco de água, ele se apoiou na mesa

de café para esticar as pernas. Apenas fale.

O iPad de Jamie tocava a música tema de "Freakonomics".

Theo sorriu quando Jamie usou sua faca na tábua ao ritmo.

A voz de Theo surgiu por cima da música. — A coisa do


relacionamento com colega de quarto...
Jamie levantou os olhos bruscamente e piscou. Como se
estivesse surpreso que Theo havia abordado o assunto. — Perdão?

— Dê outra chance. Você vai se arrepender se não tentar.

Jamie levou um momento, observando-o. Então ele abaixou o

volume do podcast e falou com cuidado. — Não seria um grande

problema para você?

Era hora de superar esse ciúme estranho e dar a Jamie a luz


verde. Quando aconteceu essa onda possessiva, afinal?

Jamie continuou: — Não seria estranho?

Ele estava se referindo a ele transando com sua irmã? Ele

não estava animado ao imaginá-los no ato, mas Jamie feliz era o

seu Jamie favorito. — Uma coisa boa sobre esta casa vitoriana, ela

tem paredes sólidas. — Ele engoliu em seco. — Dê o primeiro

passo.
— Tive a impressão de que a amizade era mais importante

que o romance.

— Claro que é. Porque não ter os dois?

— Eu não tinha certeza se era a decisão certa.

— Você é cego? Os sinais estão debaixo do seu nariz.

— Eu não pensei que era o cego nesse relacionamento. Mas


sim, eu vi sinais. — Jamie o estudou. — Você acabou de ir direito ao
ponto, não é?

— Estou esperando isso há semanas. Estou começando a


ficar impaciente.

Um sorriso bobo cruzou o rosto de Jamie. — Então, cabe a


mim dar o primeiro passo?
Uma porta se abriu e entrou a mulher em questão, vestida

com uma saia lápis cor de carvão, jaqueta combinando e uma blusa
cor de pêssego. O cabelo dela estava enrolado e as bochechas

curvadas com um sorriso. — Bom dia! Sinto cheiro de café — ela


disse. — Me dê um pouco.

Jamie serviu-lhe uma xícara imediatamente.


Theo disse: — A resposta para sua pergunta é sim. Torne
memorável.

— Toda a dança até agora tem sido memorável.


— Mantenha assim, então. E sim, estou te pressionando. —

Leone merece todo o romance. Tudo isso.


Sua irmã tomou o café que Jamie lhe deu com um suspiro

feliz. — Eu poderia te beijar agora. — Ela bebeu um gole


considerável de cafeína.
Theo passou um braço por cima da cabeça e agarrou o

cotovelo, esticando o bíceps.


O telefone de Leone tocou no quarto dela, e ela foi junto com

a caneca em direção ao som.


Jamie adicionou uma maçã a cada lanche. Ele olhou para

Theo novamente, sua expressão descaradamente satisfeita. — É...


Então tchau?

Theo seguiu o movimento do dedo de Jamie e olhou para


suas roupas de corrida. Oh. Ele queria que Theo saísse daqui para
fazer sua mágica.

— Ah sim. Tchau. Te encontro para tomar um café mais


tarde?

— Ah sim. Tchau. Te encontro para tomar um café mais


tarde?
— Você me conhece tão bem.

Leone voltou do quarto com o telefone pressionado no


ouvido. Theo lançou algumas covinhas de boa sorte para Jamie.

Quando ele se retirou, Jamie murmurou: — Eu amo


memorável.

***

Theo teve que cancelar o café.


A loja onde Theo estava pegando algumas fotos emolduradas
não havia terminado de prepará-las quando ele chegou para buscá-
las. O mais cedo que eles estariam prontas era naquela tarde.

Em vez do habitual café e discussões, Theo pegou as fotos e


correu para casa para embrulhá-las antes de Jamie chegar em

casa. Leone estava lá com uma visita.


— Sean — disse Theo. — Bom ver você aqui.
— Acostume-se com este rosto, cara. Eu vou ficar muito aqui.

— Faça-se útil e me passe algumas tesouras.


Sean ficou quieto quando viu os esboços.

— Você acha que ele vai gostar deles? — Theo perguntou.


— Ele vai.

— Por que você está franzindo a testa então?


— Por nada. — Sean ajudou Theo a embrulhar as fotos,
depois sugeriu escondê-las debaixo do sofá.

— Me dê seu número — disse Theo, sacudindo o telefone


como se isso fosse recarregar a bateria. Ele colocou o telefone no

carregador da tomada da cozinha. — Digita para mim.


Sean digitou seu número e Theo retornou o favor com uma
mensagem.
Theo: Você vai ficar para jantar?

— Hoje não — disse Sean. — Eu tenho um compromisso no

Skype.
— Quando você vem amanhã?

— A menos que você ou Leone possam fazer panquecas, no


café da manhã.
— Café da manhã, então.

Sean saiu para encontrar Leone que havia escapado, e Theo

escutou trechos da conversa. Algo sobre Sean querer andar de


bicicleta com Leone novamente algum dia.

Jamie voltou para casa. Ele passou por baixo da alça da

mochila, colocou-a na mesa de café e desabou no sofá.

— Parece que você perdeu nosso café de várias maneiras —


disse Theo.

Jamie o chamou. Theo empurrou a mochila para o lado e

empoleirou-se na mesa de café.


Jamie se moveu para frente, braços nos joelhos, nova

energia parecendo se dobrar nele. — Theo...

Leone e Sean apareceram. A julgar pelo sorriso no rosto de


sua irmã, ela o cortou de novo.
Jamie murmurou: — É divertido quando todos ficamos juntos,

mas eu gostaria de um tempo sozinhos. Algum tempo para nós.


Theo se forçou a sorrir. — Entendi. Tente no jantar hoje à

noite, então?

Sean estaria em seu encontro no Skype e Theo, bem, Theo


poderia passar algum tempo na biblioteca estudando.

— Hoje à noite? — Disse Jamie.

— Não consigo pensar em uma maneira melhor de começar

seu vigésimo quarto ano.


— Estou fazendo vinte e quatro. Isso torna o início do meu

vigésimo quinto ano.

— Boa sorte no seu encontro.


Jamie riu e depois se levantou. Ele se despediu de Sean e

desapareceu no andar de cima. Theo seguiu Sean para fora de

casa.
— Você está saindo com o Sean? — Leone disse.

— Vou na biblioteca. Tenho alguns artigos para pesquisar.

Mais trabalho de design. — Ele se afastou e deu um abraço na irmã.

— Tenha uma… — Sua voz falhou e ele a cobriu com uma risada.
— Tenha uma boa noite.
***

Theo não chegou muito longe na biblioteca.

No vestíbulo, uma voz familiar chamou seu nome e Theo se

virou para encontrar dois caras loiros caminhando em sua direção

sorrindo. Ben, um pouco menor que Kyle, jogou sua bolsa nos
braços de Kyle e puxou Theo em um abraço rápido. — Engraçado,

estávamos falando sobre você.

Theo se afastou, reajustando a alça da bolsa que estava


machucando seu pescoço. — Eu quero saber?

Rezando a Deus que não tivesse nada a ver com ele e Sam.

— Na verdade estávamos conversando sobre sua mãe.

Mesma coisa.
— Discordo dessa.

Kyle riu e bateu com carinho em Ben na parte de trás da

cabeça. — O que meu namorado aqui quer dizer é que sua mãe
enviou nosso horóscopo trimestral.

Theo gemeu, sem saber que eles haviam se inscrito.

Normalmente, apenas os alunos de teatro dela ousavam fazer isso.


— Há quanto tempo vocês estão recebendo? — ele

perguntou, se afastando para permitir que as pessoas mais


estudiosas entrassem na biblioteca.

— Desde que sua mãe visitou durante o primeiro ano.

Theo recuou. Ben mantinha esse detalhe em segredo. —


Você ainda os lê?

— Sagitário tem que gastar sua energia em outras pessoas

hoje, e o Leonino vai receber uma surpresa. — Ben murmurou algo

para o namorado. Depois, para Theo: — Quer tomar uma bebida


conosco no bar da esquina?

Não era como se Theo estivesse no lugar certo para abrir

seus livros – quer dizer, no lugar certo mentalmente. Ele mal


conseguiu se arrastar até aqui. Depois de descer do ônibus, ele

procurou na bolsa o telefone, mas tudo o que pôde fazer foi xingar;

ele deixou seu maldito telefone no carregador em casa.

Isso o deixou incapaz de abafar as imagens de Leone e


Jamie em seu encontro.

Apenas a voz de Ben o libertou de seus pensamentos.

— Uma bebida parece perfeita pra caralho.


O bar rústico e antigo exibia uma parede de latas velhas e

lanternas de mesa penduradas. Theo se jogou em um banco e Kyle


se esticou do lado oposto, apoiando as costas na parede, um joelho

dobrado e o pulso apoiado nele.

Ben, parado à mesa olhou Kyle lentamente, os lábios

curvando. — Eu vou pagar essa rodada. Qual é o seu veneno?


— Uísque. Duplo, sem gelo.

Kyle suspirou quando Ben cambaleou em direção ao bar. A

multidão dançando o engoliu de vista até a metade. — Como diabos


eu tive tanta sorte?

— Descubra esse segredo e, em todos os aspectos,

compartilhe.

Kyle bateu no joelho na batida da música country rock. — Eu


era um idiota antes dele. Você sabe como nos conhecemos?

— Não.

— Dezenove anos e sem dinheiro, em um bar como este.


Meus amigos haviam se empilhado em um táxi enquanto eu estava

no banheiro e eu precisava de um Hamilton para voltar ao meu

dormitório. — Um sorriso malicioso. — Só havia uma coisa a fazer.

Eu olhei para o bar, vi esse cara gostoso pra caralho bebendo uma
Tequila Sunrise, aparentemente sozinho. Dei um tapa nas costas

dele com um caloroso "Hey, cara, sou eu, Kyle. Deus, faz um

tempão." Eu quase senti pena dele enquanto ele tentava descobrir


de onde diabos ele me conhecia. Eu mencionei que eu era um

idiota, certo? Então ele sorriu e levemente deu um soco no meu


braço e porra, ele entrou na onda. "Faz muito tempo mesmo. O que

você está fazendo agora?" ele disse. Então começaram as

besteiras. Então eu o pedi um empréstimo. Sabe o que aconteceu

então?
— Ele mandou você ir se foder?

— Coração de ouro, você sabe. Mas um otário inteligente

também. Ele bateu dez dólares na minha mão, depois me puxou


para perto e sussurrou: "Prazer em conhecê-lo, Kyle." Então ele

sumiu em uma fila de estudantes dançando e me deixou sem

palavras.
— Ele entrou no seu joguinho desde o início, então?

— Durante uma semana inteira, repassei o momento e me

senti um merda por usá-lo. Eu queria pagar e pedir desculpas, mas

não tinha o número dele. Apenas pistas sobre o seu paradeiro geral.
Com um pouco de criatividade, eu o localizei.

— E foi isso? — Theo perguntou, divertido. — Vocês viraram

um casal?
Kyle bufou. — Não. Demorou um pouco antes dele perceber

que queria um pouco disso.


— Por que?
— Eu sou demissexual — veio a resposta do cara em

questão. Ben colocou dois uísques e uma tequila sobre a mesa e

deslizou no banco ao lado de Theo.


Theo pegou um uísque. — Demisexual?

Ben deu de ombros. — Vou resumir para você: sou um

amante emocional. Só fico excitado depois de conhecer alguém – e


gostar dessa pessoa, é claro.

— E ele gosta de mim. Viu? — Kyle bateu no peito. — Filho

da puta sortudo.

Eles sorriram um para o outro como se estivessem revivendo


uma memória.

Theo tomou um gole grande de uísque. O universo com

certeza estava esfregando isso em sua cara.


Ele examinou o bar. Todo mundo parecia estar aqui com

alguém. Outro gole de uísque.


Ben deu uma cotovelada no lado dele. — Você está bebendo
como se tivesse visto Sam na pista de dança. Precisamos comprar

uma garrafa?
— Tentador — disse Theo, depois balançou a cabeça. Ele
não podia beber mais do que algumas bebidas hoje à noite. Jamie
não merecia tê-lo de ressaca no café da manhã de seu aniversário.
— Então… — Ben começou. — Você vai nos contar?
— Não tenho nada para contar.

— Sinta-se livre para mudar de ideia a qualquer momento.


Theo suspirou. A coisa era... ele se sentia triste. Como se
Leone e Jamie ficando juntos fosse significar que Jamie não

precisaria mais dele. Ele gostava do vínculo que eles


compartilhavam e perder isso... Talvez ele estivesse olhando para a
situação errado. Talvez o universo não estivesse esfregando amor

em seu rosto. Talvez estivesse oferecendo mais pedaços da torta de


amizade.
Dessa vez Theo tomou um gole pequeno de uísque. — Vocês

jogam Badminton? — ele perguntou, e quando Kyle assentiu, Theo


sorriu. — Eu tenho um favor pra te pedir.
“Eu tenho uma lista imensa de tarefas a fazer. Só
preciso de alguém para fazê-las.”

Theo na mesa de jantar, procrastinando.


14

Era quase meia-noite quando Theo voltou para casa.

Ele fez uma barulheira na porta, propositalmente largando as


chaves e xingando antes de abrir a maçaneta da porta. Isso deve

dar a todos tempo suficiente para ficarem decentes.


Pouco a pouco, ele abriu a porta. Sem luzes ligadas.
Talvez eles estivessem na cama. Jamie era elegante demais

para fazer sexo no primeiro encontro oficial, então Theo


provavelmente não precisaria tocar música quando chegasse no seu
quarto.

Theo cuidadosamente tirou os sapatos e pendurou a jaqueta.


Ele não se incomodou com as luzes enquanto atravessava a sala
para o quarto. Ele não queria tirá-los de seus quartos.

Theo silenciosamente fechou a porta do quarto. Ele soltou um

suspiro aliviado e virou para o quarto, alcançando automaticamente


o interruptor de luz.

Um movimento chamou sua atenção e Theo gritou. Sua bolsa

escorregou do ombro e bateu no chão.


Jamie estava deitado em sua cama envolto em escuridão.
— Você quase me deu um ataque do coração, porra. O que

diabos você está fazendo aqui?


Jamie saltou da cama e caminhou através de um feixe de luar

em forma da janela em sua direção. — Estou aqui há um tempo.

Esperando. Pensando qual a melhor maneira de fazer isso.


— Qual a melhor maneira de fazer o que?

— Deixar algo abundantemente claro.

Aconteceu rápido demais.


Jamie se aproximou dele e os ombros de Theo bateram na

porta de madeira. Jamie empurrou contra ele, peito contra peito,

uma perna deslizando entre as dele, confortável em sua virilha. A


mão de Jamie passou pelos cabelos de Theo, a outra na curva do

pescoço. Jamie pressionou o polegar contra o pulso rápido de Theo.


Theo mal teve tempo de respirar, surpreso quando Jamie o beijou.

Um turbilhão de sensações fez Theo se apoiar contra a porta,

as palmas das mãos coladas na madeira. A boca quente e firme de

Jamie provocou a dele e, quando Theo instintivamente abriu os

lábios, Jamie grunhiu. Baixo e profundo, as vibrações formigavam

no arco dos lábios de Theo. A sensação da barba de Jamie em seu


queixo era estranha e uma onda de arrepios percorreu o pescoço de
Theo, acumulando-se onde Jamie agora estava acariciando com
seu polegar.

Jamie se afastou e seu tom estava descontente. — Eu sou

gay, Theo.

Theo levou os dedos aos lábios inchados. O beijo ainda

estava dançando em seu lábio inferior, e ainda assim seu cérebro

não tinha entendido. — Você não é.


— Eu sou.

— Você não é.

— Darwin teria amado ter você como cobaia.

— Você não pode ser.

Um rosnado frustrado. — Isso não é como manteiga de

amendoim. Você não pode simplesmente adicionar amendoim e me

deixar crocante. Eu sou gay.


— Há uma piada aí em algum lugar. — Para mais tarde,

porém, porque agora seu cérebro ainda estava processando. —

Você está falando sério? Você é gay?

— Eu poderia estrangular você — disse ele com os dentes

cerrados.

— Entre na fila. Eu poderia me estrangular. — Então, porque


saiu sem querer, ele perguntou: — Então você é gay?
— Precisa que eu te beije novamente, não é?

Theo fez uma pausa e deixou cair os dedos ainda brincando


com os lábios. — Estou confuso.

— Não me diga.
— Mas eu pensei... Você e Leone...
Jamie cruzou os braços. — Acredite em mim. Eu entendi o

que você pensou esta noite.


— Mas você esteve flertando com ela desde o começo.

Uma risada seca. — Leone é incrível e nos damos bem. Mas


eu estava flertando com você.

— Sério?
— Estou começando a questionar todos os A que você já
tirou.

— Eu também. — Theo franziu o cenho. — Eu nunca


pensei... Eu apenas assumi que você era... bem, merda. Você

deveria ter me dito que você era gay no começo.


— Ei, Theo, eu sou Jamie. Eu sou gay. Não. Gay não é quem

eu sou. Eu pensei que minhas ações demonstrariam a minha


atração por você. — Ele deixou cair os braços ao lado do corpo e
sentou-se no final da cama.
— Você me acha atraente? — Theo não conseguiu esconder

o prazer de sua voz. Elogios sempre faziam maravilhas ao seu ego.


Ele era um leonino, afinal.

Jamie soltou uma risada estrangulada. — Você é louco e fofo,


Theo. Eu quero entrar nas suas calças desde que você apoiou os

pés na cadeira na minha sessão de monitoria e gritou.


Ele não tinha certeza do que pensar, mas seu corpo inteiro
estava tenso. De repente, ele percebeu sua respiração e o modo

como continuava a engolir e a leve sensação de excitação


persistindo do beijo.

Theo não confiava em si mesmo para se afastar da porta e


descansou a cabeça contra ela. — Eu confundi seu flerte com
amizade — ele disse suavemente. — Eu tive amigos antes, mas

nunca um como você. Pareceu - parece - especial.


Jamie levantou o olhar dos dedos entrelaçados. — E é. Essa

foi uma das muitas razões pelas quais eu não tinha certeza se
deveria agir. Quero fazer coisas com você que irão te deixar alheio

ao mundo – pelo menos, ficar mais alheio do que você já


aparentemente é –, mas mais do que isso, quero manter a amizade.
Theo riu. — Uma das muitas razões? A coisa do colega de

quarto, e...?
— Você era, e francamente ainda é, difícil de ler. Quando
você mencionou ir a um encontro com uma garota, isso me
surpreendeu. Acho que fiz tantas suposições quanto você. — Sua

boca se contraiu. — Talvez você devesse ter me dito que você era
hétero desde o começo?

— Ponto para você, Sr. Jamie Cooper. Mas sim, eu namoro


meninas.
— Eu pediria desculpas pelo beijo, mas considere isso como

recompensa por tentar me armar com sua irmã. Que não está afim
de mim, a propósito. O que fez você pensar nisso?

— Estamos tentando achar acompanhantes para o


casamento de Derek e Sam. Você entrou em nossas vidas todo

charmoso e bem resolvido, e eu pensei, sim, esse é um cara digno.


Jamie levantou-se e deu um passo em direção a Theo,
gesticulando para ele abrir a porta. — Eu vou aceitar o elogio.

— Aqui está outro para você — disse Theo, ainda sem se


mexer.

— O que?
— Você beija bem.
Jamie levantou uma sobrancelha.

— Eu não sou homofóbico.


— Eu não pensei que você fosse.
— Eu não sou reprimido sexualmente. Muitas coisas me
excitam.

Jamie fechou os olhos com força e apalpou a virilha. — Você


não está ajudando agora, cara hétero.

— Eu só... eu não consigo me imaginar me apaixonando por


outro homem.
Mais uma vez, Jamie fez um gesto para sair. Dessa vez,

Theo girou a maçaneta e abriu a porta para ele. Uma corrente de ar

frio atingiu o rosto já aquecido de Theo, o pescoço aquecido, tudo


estava quente.

— Boa noite, Theo — Jamie disse ao sair. Ele não olhou para

trás, mas suas palavras casuais flutuaram por cima do ombro. —

Quem disse algo sobre se apaixonar?

***

Havia um enorme potencial de constrangimento.

Theo talvez se sinta estranho ao redor de Jamie e recuar um

pouco, porque Jamie era gay e queria fazer coisas sujas com ele.
Jamie talvez se sinta exposto e envergonhado depois de

admitir a verdade, e se arrepender de ter dito uma palavra.


Havia o potencial de as coisas parecerem estranhas.

Exceto que elas não estavam.

Na manhã seguinte, Theo deslizou para a cozinha, onde


Sean estava fazendo panquecas e cantarolando a música tema de

"Freakonomics", enquanto se servia de uma caneca quente de café.

Ele dormiu como uma pedra e, depois de um longo banho quente,

sentiu-se mais alegre.


Quando o aniversariante desceu as escadas – bem depois

das oito horas – em uma camisa social com as mangas arregaçadas

até os cotovelos e calças cáqui cinza escuro, caminhou até Theo e


roubou seu café. Theo viu a menor curva em sua boca, pouco antes

de desaparecer atrás da xícara enquanto bebia.

— Se é assim tão fácil fazer você feliz — Theo disse devagar.


— Eu não teria me incomodado com presentes.

Sean virou uma panqueca e depois abraçou Jamie de lado.

Café derramou sobre a lateral da xícara e caiu no chão, e Theo, ao

lado das toalhas de papel no banco, jogou um pouco no chão e


pisou na bagunça.
— Feliz aniversário, Gostosão — disse Sean. Theo ficou

tenso por um momento e depois relaxou. Quase. — Leone! Jamie

acordou.
Leone, vestida para a ocasião com um casaco preto sem

mangas e calça jeans, entrou na sala com um telefone pressionado

no ouvido. — Mãe, estou passando você para o Jamie agora.

Theo pegou as toalhas de papel ensopadas e as jogou no


lixo.

Jamie, com o telefone preso entre a orelha e o ombro e

murmurando, aproximou-se de Sean e roubou uma panqueca da


panela. Ele fez malabarismos com ela até que não queimou os

dedos e deu uma grande mordida. Theo ficou olhando. Panquecas

não eram o começo normal de Jamie para o dia. Como se estivesse

lendo sua mente, Jamie tampou o microfone e disse: — Moderação,


Theo. Às vezes gosto de me mimar.

Theo levantou a mandíbula do chão e ajudou a pôr a mesa.

— Sua mãe disse bom dia e que depois liga para você —
disse Jamie, sentando-se em seu lugar de costume perto da janela.

Theo continuou a colocar pratos, talheres, copos e

guardanapos com tema de aniversário.


— Eu poderia me acostumar a ser mimado assim — disse

Jamie. — Você disse algo sobre presentes? Entregue-os.


Era como se a noite passada nunca tivesse acontecido.

Theo olhou Jamie, observando o jeito casual em que se

inclinou na cadeira e parou em sua boca, onde uma migalha de


panqueca repousava no arco do lábio superior.

Jamie inclinou a cabeça.

— Por curiosidade — disse Theo, passando de um pé para o

outro. — Você e Sean...?


Jamie não pareceu surpreso. — Namoramos? Não.

— Você era...

— Seriamente apaixonado por ele por um ano no ensino


médio? Você viu o cara?

— E...

— Eu superei isso porque ele é hetero? Sim para isso

também.
Theo levantou os braços exasperado. — O que eu estou

pensando agora, Gostosão?

Jamie riu. — Você sabe que ele me chama assim porque é a


verdade. Eu não preciso disso, mas também não preciso parar. A

menos que... isso te incomoda?


Theo deu um passo para trás da mesa, mostrando o dedo do

meio para ele. Ele pescou os presentes de Jamie embaixo do sofá.

Jamie presunçosamente tirou os embrulhos das mãos de Theo. —

Eu não tenho ideia do que poderia ser.


Merecia um tapa na parte de trás da cabeça, então Theo deu-

lhe um. — Eu não me importo se é seu aniversário, há mais de onde

esse veio.
Theo puxou uma cadeira, virando-a e sentando-se sobre ela,

apoiando os braços nas costas.

Jamie cuidadosamente retirou o embrulho. Sua superioridade

fria se dissolveu quando ele examinou os esboços em preto e


branco – um Leão rugindo e um carneiro em posição de ataque –

emoldurado em madeira escura. Jamie traçou a juba do leão com o

dedo.
— Obrigado, Theo. Eles são... A+.

Jamie cuidadosamente colocou as fotos no peitoril da janela

e puxou as costas da cadeira de Theo, fazendo com que ela se

apoiasse nas duas pernas. — Uau. Puxe mais um pouco e eu vou


ser catapultado para o seu colo.

— Esse foi o seu argumento para me dissuadir?

Ok, Theo mereceu isso.


Ele olhou para a boca de Jamie. Ele precisava fazer um

balanço dessa nova situação, porque as imagens que brilhavam em


sua mente eram estranhamente excitantes. A curva do lábio de

Jamie o trouxe de volta à terra.

— Eu não sou gay — disse ele.

— Eu não disse que você era.


— Mas está pensando nisso.

Jamie se inclinou para frente, baixando a voz para um

sussurro. — Eu estou pensando que você é, Leonino.


— O que isso significa?

— Você sabe o que eles dizem sobre gatos e curiosidade.

A cabeça de Theo caiu para trás enquanto ele ria. — Você


está me matando, Sr. Jamie Cooper. Me matando.

— Eu espero que sim.

Sean deslizou entre eles com um prato de panquecas

empilhadas. Colocou-o no meio da mesa e depois bateu as mãos


nos ombros de Jamie e Theo. — Sente-se, Leone — disse ele. — O

café da manhã está servido.


“Se você quiser entender o princípio da escassez,
procure legumes na geladeira depois que seu irmão
for às compras.”

Jamie para Leone e um Theo carrancudo.


15

Theo tinha dois trabalhos para entregar até sexta-feira. Ele se

escondeu na biblioteca quase todas as noites.


Na quinta-feira, ele terminou um artigo, mas estava lutando

com o segundo. Seu esquema de Economia do Sistema de Saúde


passaria com um B, mas faltava alguma parte dos argumentos que
ele não havia explorado em profundidade o suficiente.

Ele foi para casa às onze e entrou no quarto de Leone. Agora


que ele não estava mais lendo em voz alta para ela, eles
compartilharam menos tempo juntos.

— Sinto sua falta — disse ele, e caiu na cama dela. Leone


parou o audiolivro e recostou-se na cabeceira da cama.
— E aí? — ela perguntou.

— Eu tenho que refazer meu trabalho. Eu fiz algo errado. —

Ele havia enviado um e-mail para Jamie esperando que tivesse a


chance dele dar-lhe feedback, mas Theo havia deixado tudo tão de

última hora que Jamie não teria tempo para fazê-lo. Especialmente

porque ele tinha assumido uma palestra amanhã por conta de um


imprevisto e precisava de cada minuto livre para se preparar. — Mas

preciso de mais dois minutos procrastinando com você primeiro.


— Devo fazer chá? Provavelmente a água ainda está quente,

ouvi Jamie fazendo uma bebida alguns minutos atrás.

Theo balançou a cabeça. Ele se perguntou se a bebida de


Jamie seria consumida quente ou esquecida ao lado de sua mesa

até mais tarde. — Você sabia que ele é gay?

— Ok.
— Ok? Apenas ok? — Ela não deveria estar chateada que o

cara que ela gostava nunca iria ficar afim dela?

— O que mais você quer que eu diga? — Leone disse.


— Eu não sei. Isso é uma pena?

— Por que uma pena? Jamie é incrível...


— Porque você gostava dele!

— Quem disse isso?

— Eu tenho olhos.

— E os seus estão funcionando! Suspeitei que Jamie

pudesse ser gay quase desde o começo. Como você não percebeu

a maneira como ele age em relação a você?


O calor queimava em suas bochechas e ele estava feliz por

ela não ver. — Por que você não me contou?


— Não era meu segredo para contar.
Isso o calou e soltou uma fita de culpa em sua barriga.

— Bem — Theo murmurou, torcendo como se pudesse retirar

a coceira de dentro dele. — Ele não pode ser seu acompanhante

para o casamento.

***

Theo passou mais vinte minutos com Leone antes de lhe

desejar boa noite e sair. Ele pensou em subir as escadas para o

quarto de Jamie, mas decidiu arrastar sua bunda para o quarto.

Escondido na cama com seu laptop e livro de economia, ele

checou seu e-mail. Nada.

Ele reabriu o documento, alguns materiais on-line e seu livro.

Não havia recursos suficientes no sistema de saúde para


atender a todas as necessidades de saúde; portanto, seu texto

detalhava os custos de oportunidade para determinar quais

necessidades seriam atendidas.

Um critério importante para a alocação de recursos era a

eficiência, fosse técnica, econômica ou social. Mas ele não

conseguia identificar.
Com um rosnado frustrado, ele jogou o livro de economia do

outro lado do quarto. Imediatamente, ele levantou-se da cama para


pegá-lo, empurrando-o brutalmente na prateleira. Embora estivesse

cansado, não conseguiria dormir até que o trabalho estivesse


correto.
Ding.

Theo voltou à cama e checou sua caixa de entrada.

Jamie: Que barulho foi esse?

Theo: Eu te acordei?

Jamie: Não. Estive lendo o seu trabalho.

Theo: *geme* Ok, me diga o que achou.

Jamie: Estou lhe enviando minhas anotações.

Theo: É digno de um B, não é?


Jamie: Seu trabalho não dá a devida atenção para a

equidade.

Theo: EQUIDADE!

Jamie: Sim.

Theo: Esse barulho sou eu batendo minha cabeça contra a

parede. Equidade, é claro. As pessoas dariam mais


importância à equidade nos serviços de saúde do que com

outros bens.

Jamie: É difícil medir a equidade. É onde as coisas

começam a ficar interessantes. Uma dica para você:


observe a necessidade e o acesso igualitário e, talvez,

compare-os com outras definições de equidade.

Theo: Como uso e disposição de pagar?

Jamie: Aí está o seu A. Envie-me o rascunho final quando

terminar.
Theo: Pode precisar de uma hora.

Jamie: Estou revisando minha palestra mais uma vez e


depois vou tomar um banho. Vou dar uma olhada antes de

dormir.

Theo: Eu poderia te beijar agora.

Jamie: Você sabe onde fica meu quarto, certo?

Theo: Tome um banho frio, Jamie.

***

Depois de uma noite cansativa com Kyle na quadra de


Badminton, Theo foi para casa e tomou um banho muito necessário.

Ele colocou o rosto na água corrente enquanto lavava o corpo com


sabão. Sua mão trabalhava através da espuma em torno de seu
pau, movimentando para cima e para baixo.
Ele apertou seu pau rapidamente endurecido e fechou os
olhos, imaginando, em vez de uma mão molhada, uma boca quente
chupando-o e olhando para ele com olhos cinzentos cheios de

luxúria.
Os olhos de Theo se abriram. Aqueles eram os olhos

cinzentos de Jamie. Os lábios de Jamie. A língua de Jamie.


Porra! A imagem fez seu pau latejar. Ele acariciou mais
rápido, imaginando Jamie de joelhos diante dele, levando-o até a

garganta.

Ele ofegou e seu pau pulsou quando jatos grossos de gozo


foram disparados sobre os azulejos brancos. Todo o seu corpo

tremia quando ele imaginou Jamie engolindo o gozo dele, provando-

o, depois exibindo aquele sorriso arrogante. Leonino curioso.

Theo soltou uma risada trêmula e encostou-se na parede até


se recompor. Bem. Isso foi interessante.

Ele se vestiu e desabou no sofá. Um vazio estranho encheu a

casa com Leone em seu clube do livro e Jamie fora fazendo ele não
sabe o que com Sean.

Ele não tinha certeza do que fazer consigo mesmo. O

acontecimento no chuveiro voltou mais uma vez para a frente de


sua mente, e ele balançou a cabeça. O que mais ele faria consigo

mesmo, caramba?
O jantar foi uma pizza que ele enfiou no forno e o

entretenimento era terminar alguns sites. Mas às 8:30 ele tinha

terminado e estava mexendo ansiosamente os dedos.


Canalizando seu Jamie interior, ele separou a roupa para

lavar antes que a situação se tornasse crítica e até aspirou a sala de

estar.

Depois de encontrar um marcador enquanto arrumava sua


mesa, Theo se esgueirou até o banheiro privativo de Jamie. Ele

pegou o marcador, escreveu uma citação no espelho, saiu do

banheiro e entrou no quarto de Jamie. Seus desenhos emoldurados


chamaram sua atenção e, foda-se, ele pulou na cama de Jamie,

reorganizou um travesseiro debaixo do pescoço e começou a enviar

mensagens.

Theo: O que você está fazendo?

Não demorou muito para o seu telefone tocar.

Jamie: Em um bar.
Theo: E você não me convidou?

Jamie: É um bar gay. Você quer se juntar a nós?

Theo: Isso significa que eu preciso desocupar sua cama?

Jamie: Você está na minha cama?

Theo: Sim.

Jamie: Eu acho que preciso de outra bebida.

Theo: Sr. Jamie Cooper bebendo? Envie-me o endereço.


Eu tenho que ver isso.

Uma hora depois, Theo chegou a um prédio de tijolos de


pedra com enormes portas de madeira e uma placa escrito KRAVE

iluminada por lanterna. Grupos de pessoas circulavam pela calçada

fumando cigarros. Eles eram todos gays? Isso importava? Ele puxou
a bainha do moletom fino que se embolou debaixo da jaqueta na

viagem de ônibus esburacada.


Chega de olhar. Entre.

Theo ergueu os ombros para trás e entrou.

Os caras não estavam transando na pista de dança como ele


esperava. De fato, a maioria dos caras estavam sentados em

cabines conversando e com jarros de cerveja. O lugar estava calmo

e apenas meio cheio, embora ainda fosse cedo. Alguns outros

estavam sentados em bancos no bar, olhando furtivamente ao redor


do salão, mas era muito menos barulhento do que ele imaginou.

Era quase decepcionante.

Uma mão pesada bateu nas suas omoplatas e Theo virou a


cabeça para ver um Sean sorridente. — Não poderia me dar uma

única noite sozinho com meu homem, né?

— Vinte e tantos anos não foram o suficiente para você?

Sean apontou o polegar em direção ao bar. — Uísque?


— Refrigerante. Não vou beber hoje à noite.

— E aqui eu esperava que você se entregasse a outro

festival de uísque.
— Sinta-se livre para tomar todas, Sean.
Eles se separaram, Sean em direção a dois caras que

adoravam flanela, e Theo em direção a um Jamie que o observava

na cabine da ponta. Ele brincou com a pulseira de metal de seu

relógio enquanto dava uma olhada apreciativa em Theo, os olhos se


aprofundando com o que Theo agora chamaria de desejo.

Theo diminuiu a velocidade e se aproveitou da atenção que

recebia. — Eu esperava que você parecesse mais bêbado.


— Eu esperava que você parecesse mais abarrotado por

estar deitado na minha cama. — Jamie soltou o relógio e tomou um

gole de sua cerveja. — Poderia pensar que você se vestiu para

mim.
Theo notou o copo vazio de Sean em frente a Jamie e se

arrastou para o seu lugar de qualquer maneira, deslizando o copo

vazio para o final da mesa. — Se eu sair hoje à noite sem pelo


menos mais uma pessoa me olhando, então eu passei pela

experiência do bar gay errada.

Jamie examinou a multidão, mandíbula tremendo. — Ficarei

muito feliz por você passar pela experiência errada.


Theo riu e esfregou as mãos sobre o jeans.

Ele veio aqui esperando pegar Jamie com a guarda baixa.

Ele amava o quão forte Jamie era, o quanto ele mantinha sua vida
organizada; quanto ele ajudava os outros também; rigoroso, mas

apenas no sentido em que ele se importava profundamente. Mas


Jamie bêbado, capaz de deixar ir e não ser responsável por uma

noite?

Theo queria que ele tivesse essa liberdade e soubesse que

teria alguém cuidando dele. — Você trouxe seu carro?


Jamie respondeu arqueando os quadris e tirando as chaves

do bolso. Então ele as sacudiu para desviar o olhar de Theo de sua

virilha.
— Que bom. — Theo bateu na parte de baixo da mão de

Jamie e pegou as chaves enquanto elas voavam no ar. — Obrigado

por me ensinar esse truque. Útil pra caralho.


— Tomei duas cervejas pequenas em duas horas. Estou

abaixo do limite.

— Agora você não precisa estar mais. — Theo continuou,

dizendo a primeira coisa que lhe veio à mente. — Então, uma


semana fora do armário. Como é?

— Eu não saí do armário. Você só abriu os olhos.

— Tecnicamente, você os abriu para mim. Eu ainda estaria


alheio se você não tivesse enfiado a língua na minha garganta.

— Estou quase me arrependendo daquilo.


— Parece uma conversa divertida — disse Sean, passando-
lhes as bebidas.

Theo agradeceu pelo refrigerante. — Isso não foi tomar

todas, Sean.
— O que posso dizer? Quase fui apalpado por Paul Bunyan

ali.

Theo inclinou a cabeça para Sean, que olhou fixamente para


Jamie e fez um gesto ao redor. — Viu, ele está passando pela

experiência certa do bar.

Jamie aceitou a cerveja e balançou a cabeça. — Acho que

vou comprar a próxima e todas as rodadas subsequentes.


Uma risada calorosa deixou Theo. — Você quer ser apalpado

com vontade, não é?

— O que for preciso para salvar sua virtude.


— Sempre o cavalheiro. Você não conhece nenhum outro

hétero decente, não?


Sean fez um barulho.
Jamie disse: — Conheço até demais.

— Preciso achar um acompanhante para Leone levar para o


casamento.
Sean fez um barulho ainda mais alto.
— Eu adoraria ajudar — disse Jamie, — Mas estou tentando
encontrar um cara legal, agora.
— Pensei que você não estava procurando amor?

Jamie apontou aqueles olhos cinza ardósia para ele e um


arrepio percorreu Theo até sua virilha. — Diga-me, Theo, você tem
o hábito de foder pessoas que não acha legal?

— Touché — ele resmungou. E então: — É por isso que você


está aqui? Para encontrar alguém para foder?
Sean bufou, e Theo olhou para ele com toda curiosidade. —

Jamie — disse Sean, — Você não disse a ele por que vem aqui?
Jamie tomou um longo gole de cerveja.
— Um de vocês vai me dizer — disse Theo, descansando os

braços sobre a mesa e olhando para Jamie.


Sean disse: — Theodory sabe alguma coisa sobre seus ex-
namorados?

O olhar de Jamie piscou para Sean e depois voltou para ele.


— Quase tanto quanto eu sei sobre as dele.

O que não era quase nada. Ele sabia que Sam ia casar com
o ex de Leone.
— Eu acho que você deveria começar — disse Theo. — Na

verdade, vamos fazer um jogo. Para todo factóide que você me


disser, eu retribuirei o favor.
— Vocês dois precisam beber durante este jogo — disse
Sean categoricamente.

— Eu sou o motorista da rodada — disse Theo, sacudindo as


chaves como Jamie havia feito.

Na mesma manobra que Theo as roubou, ele foi roubado.


— Que tal eu ser o motorista da rodada e assistir a esse
programa altamente divertido? — Sean trocou o refrigerante de

Theo pelo seu chá gelado Long Island.


Theo queria ser a pessoa com quem Jamie contaria hoje à
noite. Assim que ele abriu a boca para protestar, Jamie cantarolou:

— Eu gosto dessa ideia.


Em um sussurro falso, Theo disse: — Isso não é uma
manobra para me embebedar, para que você possa fazer coisas

perversas comigo, é?
Um pequeno levantar da sobrancelha. — Você me chamou
de cavalheiro, você quem me diz.

Theo levantou o coquetel e tomou um gole. Não era sua


bebida preferida, mas era fria e potente. Ele não fez rodeios, foi

direto ao ponto. — Quantos namorados você teve?


— Três. John no terceiro ano do ensino médio, embora por
pouco tempo — sua voz engatou — Charlie. E depois, Wesley, o

colega de quarto.
— Qual foi o mais sério? — A julgar pela quebra de sua voz,
Theo adivinhou a resposta. Ele tomou outro gole.

— Você primeiro. Namoradas.


— Também foram três. Sarah, aos 16 anos. Perdi a

virgindade com ela. Anna pelo resto do ensino médio e depois...


— Sam — Jamie terminou para ele. Theo assentiu, assistindo
Jamie engolir sua bebida. Aquele pequeno movimento fez toda essa

conversa mais fácil.


— Charlie e eu ficamos juntos por dois anos e meio. Nos
conhecemos no final do último ano.

— O que aconteceu? — Lembrando que era a vez dele, ele


disse da maneira mais sucinta possível: — Eu não fui o suficiente
para Sam. Derek tinha algo que eu não tinha.

Isso mereceu uma bebida longa.


O braço de Jamie flexionou, como se ele quisesse atravessar
a mesa e pegar sua mão. — Eu disse que vim para Pittsburgh

porque meu tio ensina aqui. Mas principalmente eu vim por causa
dele.
Ele já não gostava de Charlie. Falar sobre ele fazia a voz de

Jamie apertar.
Jamie continuou: — Nós vínhamos a este bar, até
sentávamos nesta mesma mesa.

— Você vem aqui para se torturar? — Theo bebeu seu


coquetel.
— Eu venho aqui para me lembrar que as coisas boas

chegam ao fim. E ver que há muitos peixes no mar.


Isso o arrepiou.

— Você o amava? — Theo ouviu a si mesmo fazer a


pergunta final, a que ambos sabiam pairar entre eles.
Jamie retribuiu. — Você a amou?

— Eu achava que sim.


— Eu também.
Uma bebida e ele já se sentia tonto. Porra. Ele se levantou

abruptamente, fazendo com que algumas cabeças ao redor do bar


com luz âmbar olhassem na direção deles.
Jamie observou-o atentamente. Theo achou que o olhar era

observador demais. Talvez Jamie soubesse melhor do que ele o que


estava prestes a dizer.
— Precisamos ir embora.
— Mas você acabou de chegar aqui — disse Sean.
Theo o ignorou. — Estou falando sério. Agora mesmo.
Precisamos ir.

Theo não podia suportar testemunhar Jamie sentado no bar


dizendo a si mesmo que as coisas boas não durariam.
Engraçado. Ele veio hoje à noite esperando Jamie perder o

controle; em dez minutos, Theo foi quem fez uma cena. Mas
caramba, toda essa discussão irritava seus nervos.
Ele pegou a cerveja de Jamie e bebeu o resto também. —

Sem desculpas. Vamos para casa.


Sem dúvida, tentando fazer uma piada, Sean disse: — Mas
ele não tem um "cara legal" para levar para casa ainda.

— O único 'cara legal' que Jamie vai levar para casa hoje à
noite sou eu.

A testa de Jamie se franziu. Apenas uma fração.


Theo virou-se para Sean. — Leve-nos para casa, você
poderia?

Sean levantou os braços, deslizou do banco e libertou Theo.


O problema de fugir é o seguinte: parece ridículo quando
você segue na direção errada.
Sean correu atrás dele e bravamente agarrou seu braço,
apontando para o outro lado da rua. — O carro está naquela

direção.
Theo parou e depois chutou uma tampa de garrafa perdida.
Sean passou um braço em volta do ombro dele. — Cara,

você quer falar sobre isso?


— Eu não deveria ter bebido esta noite. Eu deveria ser o
sóbrio.

— Por quê?
Theo olhou para onde Jamie estava esperando por eles no
carro, equilibrado, e razoavelmente dando a Theo algum espaço.

— Como você pode deixá-lo vir a este bar se você sabe por
que ele vem aqui?
— Jamie sempre sabe o que é certo para ele, e eu apoio

isso.
Theo apertou os lábios em desgosto. Tantas emoções

conflitantes estavam rasgando através dele agora e ele não podia


entender todas elas. Ele queria dar um soco em algo. De
preferência Jamie. Porque ele merecia mais do que isso. Mais que

Charlie.
Theo chamou a atenção de Sean com um olhar. — Você
gosta de Leone, não é? Seu papo furado é apenas para se mostrar.

— Você saberia — Sean jogou de volta.


— Você quer ser o acompanhante dela para o casamento.

— Bem, eu não quero ser o seu.


Theo olhou para ele. — Faça-me um favor. Não o deixe vir
aqui novamente.

***

A caminho de casa, o chá gelado Long Island começou com


um zumbido suave. Quando Sean os deixou e desapareceu, o surto
de Theo estava bem esquecido. Sair do bar ajudou.

Realmente ajudou.
Jamie, composto como sempre, o seguiu quando ele foi para
a cozinha e pegou um copo de suco de laranja. Ele teria bebido da

garrafa se Jamie não tivesse seguido ele e a tirado de suas mãos


um segundo antes que a borda encontrasse seus lábios.

Jamie serviu um copo para ele. Theo pulou no banco e


levantou uma perna, bloqueando Jamie quando ele tentou sair.
Então ele levantou a outra, enjaulando-o.
Jamie poderia ter andado em torno de seus pés, mas ele

ficou parado, de frente para ele.


— Você estava certo — disse Theo quando aquele olhar
cinzento começou a lhe dar calafrios. — Estou curioso.

Os olhos de Jamie, geralmente claros e focados,


escureceram. Theo percebeu que precisaria de toda força de

vontade para não se mexer.


Silenciosamente, Theo implorou para Jamie perder o
controle. Deixe que ele faça algo por si mesmo.

Quando não o fez, Theo colocou o copo vazio na pia e disse


levemente: — Você quer se divertir comigo?
Jamie fez uma pausa. — Você está bêbado.

— Tonto, não bêbado. E se estou bêbado, então sou mais


descaradamente honesto.
— Você é hetero.

Theo pegou a camisa de Jamie e o puxou para perto. — Eu


te disse que não sou reprimido sexualmente. Eu falei sério quando
disse que muitas coisas podem me atrair. Estragaria sua cabeça se

fizéssemos a coisa toda de amizade colorida? Ou… — Theo passou


um dedo sobre sua camisa e tamborilou seus dedos no peitoral —
…Você está louco por tudo isso?
Jamie mordiscou os lábios de Theo, e raspou seus dentes
contra o lábio inferior e depois soltou. — Eu queria entrar nas suas
calças, não me casar com sua bunda arrogante.

— Então vamos lá. Me dê sexo.


— Simples assim, você me quer?
Theo só podia olhar para aqueles lábios. Como seria sentir

eles em seu pescoço, peito, pau? A lembrança de sua sessão


anterior no chuveiro o inundou de excitação.
— Isso é só sexo, Jamie. Não é ciência. Não precisamos

pensar tanto.
— Theo — Jamie disse como um aviso.

Mas quando Theo alguma vez ouviu os avisos de Jamie?


Theo fechou as pernas em volta da cintura de Jamie,
trazendo-o contra ele. Jamie estava tão duro quanto ele. Theo

inclinou os quadris ao perceber isso. Suas palavras eram


sussurradas ao longo da barba de Jamie e Theo as intercalou com
beijos de boca aberta. — Você é de Áries. Eu sou de Leão.

Aparentemente, somos extremamente compatíveis na cama. — Ele


sussurrou no ouvido de Jamie: — Eu tenho pensado muito nisso
desde que você me beijou. Talvez até antes.
Jamie girou os quadris e sua mão serpenteou para a nuca de
Theo e apertou. — Por mais que eu goste de ouvir você admitir isso,

hoje à noite o ariano diz ao leonino para deitar sua bunda bêbada na
cama.
— Sua cama?

Jamie levantou-se do banco, as mãos segurando firmemente


a bunda de Theo enquanto ele virava e o deixava em pé, instável. —
Vá.
“Cheira bem aqui.”
"Bem, cheirava.”

Sean e Leone quando Sean vem jantar.


16

Theo acordou lembrando-se de todas as palavras que havia

dito a Jamie, o que não era uma surpresa, porque ele havia estado
apenas tonto. Ele queria elogiar Jamie por não tirar vantagem dele.

Principalmente, porém, ele queria amaldiçoar Jamie por


deixá-lo duro e sozinho. Ele acordou duas vezes para se resolver e
nenhuma das vezes isso o saciou.

A porta do quarto se abriu e Theo rolou de lado. Por um


momento, seu coração pulou na garganta, pensando que Jamie
estava entrando em seu quarto, prestes a dizer que isso iria

acontecer.
Em vez disso, Leone de pijama rosa entrou, hesitando na
porta.

— O chão está limpo — disse ele.

Leone encontrou o caminho para a cama dele. Ele pegou a


mão dela e a ajudou a encontrar um bom lugar ao lado de sua

cama.

— Como foi o clube do livro ontem?


— Bem. Liz mandou um oi.
— Eu gosto que você e ela sejam amigas — disse Theo. —

Ela é bem legal.


— Sim, ela é. — Leone mordeu o lábio. — Theo...

Theo se levantou e descansou contra a cabeceira da cama.

O rubor rosa sombreando suas bochechas sugeria que ela tinha


algo a dizer a ele.

— Sobre nossos encontros...

— Não esqueci nosso acordo — disse Theo. — Na verdade,


acho que achei a combinação perfeita para você.

— Você achou?

— Isso pareceu decididamente decepcionada.


— Acho que encontrei alguém que eu gostaria de levar.

Theo entrelaçou os dedos nos dela. — Sean?


Seu rubor se agravou. — Metade do tempo que eu quero dar

um soco nele, a outra metade... nem tanto.

— Pelo menos desta vez eu sei que é recíproco.

— Você acha? — ela parecia muito satisfeita.

— Não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Sean gosta

de você. Possivelmente te adora.


Ela riu. — Eu não duvidaria de você interpretando isso

errado.
— Shiu.
Ela riu mais. — Espero que você abra os olhos antes de se

machucar. Pare de fazer careta.

Como ela sempre sabia quando ele fazia isso?!

A risada de Leone diminuiu. — E você? — Ela apontou para

o teto em direção ao quarto de Jamie. — Ainda preciso procurar

alguém?
— Dissemos que iríamos ter nossos próprios

acompanhantes, que dançaríamos e riríamos no casamento deles e

não ligaríamos que eles nos deixaram. Eu posso fazer todas essas

coisas com Jamie.

— Porque vocês são... melhores amigos?

Ele se cansaria de ouvir isso? — Isso mesmo.

Ela se levantou. — Estou feliz por você. Se você quiser


conversar sobre... coisas de melhor amigo, sempre pode conversar

comigo.

Ela saiu e Theo se vestiu para correr. No caminho, ele deu

meia-volta e entrou no quarto de Jamie.

Jamie estava sentado na cama, digitando no telefone. Ele

não olhou para cima, apenas sorriu. — Seus passos poderiam


acordar um bairro inteiro.
Theo subiu na cama e roubou o travesseiro de Jamie,

fazendo sua cabeça cair para trás. Deitado reto, ele apoiou a
cabeça em um cotovelo, travesseiro entre eles e olhou para o rosto

de Jamie. Cabelos despenteados, pele vermelha no pescoço, onde


dormia no travesseiro enrugado, um rasgo na gola de uma camiseta
velha.

— Você parece destruído — disse Theo.


— Você sabe como conquistar um cara. Além disso, Sean é a

resposta. — Ele acenou com a mão em direção ao banheiro, e Theo


lembrou-se da citação que havia deixado no espelho. Um jovem

Yoda teria cabelos encaracolados? Cabelo liso? Algum cabelo?


— Achei que era hora de adicioná-lo ao nosso jogo.
— Vocês são dois amigos agora?

Um bufo, depois um encolher de ombros. — Achei melhor me


acostumar a ele. — Theo tocou o buraco na camiseta de Jamie,

arranhando levemente a parte vermelha do pescoço quando Jamie


olhou para ele. A voz de Theo caiu algumas oitavas. — Eu falei

sério ontem à noite.


— Eu sei.
— Você deveria ter pulado em mim.
— E aqui eu pensando que iria ganhar pontos por proteger

sua virtude.
— Pare de ser tão decente.

Jamie se apoiou no cotovelo e encarou Theo, espelhando as


duas fotos de Áries e Leão acima deles na parede. — Confie em

mim, ontem à noite eu estava a um segundo de ser o mais


indecente possível.
Theo moveu-se para que seus narizes se encostassem. Ele

expirou, longo e lentamente sobre os lábios de Jamie. Então Theo


saiu da cama e um travesseiro o atingiu quando saiu do quarto.

***

Theo correu forte e rapidamente, o vento açoitando seus


cabelos e secando seu suor. Como sempre, quando ele acelerou,

seus pensamentos vagaram. Dessa vez, eles foram direto para


Jamie.

Ele estava errado ontem à noite? Ele não deveria estar


pensando mais sobre o que significava fazer sexo com um cara?
Era estranho ele não se importar?
Ele nunca havia ficado excitado com outro cara antes. Ele
estava confiante quando disse que não era gay. A ideia de transar
com Jamie não o fazia questionar sua identidade ou o fez se curvar

em uma bola de angústia. Sexo não define quem ele é.


Claro, ele tinha o luxo de não se importar.

Sua mãe, seu pai, sua irmã e seus amigos eram tão
apoiadores quanto possível. Ele vivia em uma bolha de aceitação
que esperava que acabasse cobrindo o mundo. Por isso ele não

precisava se importar. Era um luxo que ele estava muito feliz em


aproveitar.

Depois do cemitério, através do parque local, um pequeno


desvio em torno da construção, Theo correu. Quando ele se

aproximou do ponto de ônibus abandonado e dos pensionatos onde


esbarrara em Sam na outra vez, seus pensamentos se voltaram
para ela. Por que ele não era suficiente para Sam? Alguma coisa

poderia mudar no futuro deles? O que era amor de verdade, afinal?


Nem o céu azul, os narcisos, nem o gato laranja que ele

passou lhe deram respostas. A compreensão parecia além do seu


alcance.
Sexo com Jamie significava que ele não teria que se

preocupar com as coisas de amor. Theo não precisaria sentir que


estava enganando ou decepcionando alguém. As garotas com quem
ele namorou, mesmo fisicamente satisfeitas, sempre o deixavam se
sentindo um idiota. Ele não queria ser um idiota.

Para ele, sexo e emoção eram separados.


Mesmo com Sam, quem ele achava que amava, o sexo era

uma tangente do relacionamento deles, uma tangente quente, sexy


e suja focado no prazer; suas emoções nunca cruzaram para essa
paixão.

Algumas diferenças anatômicas à parte, ele não tinha

motivos para supor que sexo com Jamie seria diferente. Ambos
eram economistas. Prazer mútuo fazia sentido econômico. Oferta e

demanda e tudo isso.

Introdução ao estudo da Economia.

Theo diminuiu o passo quando entrou na sua rua e não ficou


surpreso ao ver Sean batendo na porta deles. Ele parecia ter

acabado de sair da cama antes de vir para cá.

— Veio para o café da manhã? — Theo disse, se


aproximando dele.

A porta se abriu e Leone sorriu para eles. Cheirando a gel de

banho de baunilha, Leone vestia jeans e blusa, cabelos soltos,


óculos de sol repousando sobre a cabeça.
Sean olhou para ela e depois apertou as mãos nos cabelos,

tentando arrumar as mechas. — Na verdade, eu estou aqui para


levar sua irmã em um passeio de bicicleta dupla.

Theo estudou os dois sorrindo estupidamente um para o

outro. Havia um tique nervoso na garganta de Sean e Leone


esfregava incessantemente suas coxas. Faíscas voavam.

Era elétrico. Nunca tinha sido assim entre Jamie e Leone. O

que ele estava pensando?

Theo bateu a mão nas omoplatas de Sean. Um pouco mais


forte do que ele precisava, mas Sean entenderia. — Cuide da minha

irmã.

— Tome um banho, Theo — disse Leone, corando. — Você


fede a corrida.

Theo fez exatamente isso e, em seguida, invadiu a cozinha

em busca de algo para comer além de muesli integral.


O ar se movimentou atrás dele e Theo se virou. Jamie entrou

na cozinha com uma camiseta de gola alta e um short marrom. Os

olhares deles se encontraram. Theo não deixou um único segundo

se estabelecer entre eles. Ele agarrou a parte de trás da cabeça de


Jamie e o beijou. Jamie respirou fundo, recuou para procurar o rosto
de Theo e, em seguida, agarrou os quadris de Theo e o puxou

novamente.

Não havia nada tímido nesse beijo. Nada que questionasse


aonde Theo esperava que isso levasse. Ele estava duro e girou os

quadris para garantir que Jamie o sentisse.

— Vamos para o quarto, Sr. Jamie Cooper.

Jamie demorou um tempo beijando-o. Seu polegar desenhou


círculos na garganta de Theo como se estivesse esperando seu

desejo o consumir.

— Vamos sair daqui, por favor?


Os lábios de Jamie se curvaram contra os dele, e então ele

girou seus corpos, pressionando Theo contra a ilha da cozinha. —

Eu quero você aqui.

"Aqui?" passou por sua mente, mas a pergunta foi esquecida


quando Jamie levantou a camiseta de Theo, segurando-a na altura

do ombro. Jamie passou a mão pelo peito de Theo, depois inclinou

a cabeça até que capturou um mamilo entre os lábios e chupou.


Theo agarrou ao lado da ilha da cozinha e o ombro de Jamie.

— Mais. Eu gosto disso.

Theo sentiu os lábios de Jamie sorrirem enquanto ele beijava

sua barriga e abaixava-se, ele estava tão excitado que isso mexeu
com seu equilíbrio, ameaçando tomar conta dele.

De joelhos, Jamie abriu os botões da bermuda de Theo e


abaixou-as até os tornozelos. Ele libertou os pés de Theo e tirou as

meias. Theo teria ficado bem em mantê-las, mas Jamie

provavelmente tinha seus motivos. Equilíbrio, talvez.


Ele sorriu com isso.

Mas não por muito tempo.

Jamie enfiou as mãos sob o cós da cueca de Theo e apertou

sua bunda. Ele chupou a ponta do pau latejante de Theo. O calor da


respiração de Jamie através do tecido roubou todo o ar.

Jamie olhou para ele então. Um olhar estudioso, como se

Jamie estivesse memorizando esse momento.


— Malditas covinhas — ele murmurou, e tirou a cueca de

Theo.

Theo jogou a cabeça para trás quando a boca quente de

Jamie se fechou ao seu redor. Theo estava feliz por não estar
usando meias, porque estava derretendo quando Jamie o levou por

toda a garganta. Parecia que ele estava tentando sugar tudo que

existe pelo seu pau. Jesus.


— Você está brincando comigo — disse Theo.

Jamie torturantemente o tirou da boca. — Por favor explique.


— Por favor, continue.

O sexo no passado era uma paixão que o transportava do

aqui e agora para a floresta Excitado-Pra-Caralho. Um lugar mágico

cheio de desejos imundos que, mesmo sem toda inibição, ele nunca
compartilharia com ninguém.

Jamie, com os lábios inchados, chupou seu pau como se

fosse adorá-lo o dia todo. A floresta Excitado-Pra-Caralho tinha


brotado ali mesmo em sua cozinha. No local em que Jamie lambeu

a manteiga de amendoim do seu dedo; onde Jamie os juntou para

cozinhar; onde todos os dias de manhã Jamie preparava

sanduíches para eles e, à noite, o jantar.


Por isso Jamie o queria aqui. Era ali que ele controlava a

cozinha, onde estava controlando todos os gemidos e xingamentos

de Theo.
Uma faísca diabólica iluminou os olhos de Jamie e Theo

sabia, apenas sabia o significado daquele olhar presunçoso.

— Você venceu — Theo ofegou. — Finalmente encontrou

uma maneira de me manter na cozinha.


Theo enfiou uma mão no cabelo de Jamie e seus quadris

foram para frente. Ele viu seu pau desaparecer naquela boca –

aquela boca inteligente, engraçada, exigente e sempre certa.


E Jesus, isso era tão certo.

— Eu vou...
Theo perdeu todo o sentido quando seu orgasmo o atingiu.

Ele ficou tenso, aproveitando os segundos de felicidade enquanto

Jamie engolia tudo.

Então Jamie estava de pé, segurando-o com firmeza, e Theo


o segurava enquanto soltava respirações irregulares no ombro de

Jamie.

Theo se afastou. Ele podia sentir o pau dolorosamente duro


de Jamie contra seu quadril, mas Jamie manteve a compostura,

examinando o rosto de Theo. Quando ele estava satisfeito, ele

levantou uma sobrancelha. — O que você quis dizer com "você está
brincando comigo"?

— Estava pensando que poderíamos estar fazendo isso

desde o início do ano!

Ele sentiu mais do que ouviu a risada de Jamie.


Com um dedo, ele puxou a boca de Jamie para a dele. Em

vez de beijá-lo, Theo disse: — Jesus, Jamie. Nunca mais vou olhar

para sua boca da mesma maneira.


— Fico feliz em ouvir isso. Agora, se você não se importa —

ele se afastou. — Eu preciso visitar o banheiro.


Jamie já estava do outro lado da sala antes de Theo vestir
sua cueca.

— Você me conhece? — Theo abandonou a calça, alcançou

e arrastou Jamie de volta para a sala de estar. — Leonino clássico,


lembra? — Ele empurrou as calças de Jamie até os joelhos e o

derrubou longitudinalmente no sofá. — Também sou arrogante na

cama. Eu tenho que saber que sou bom o suficiente para fazer você
gozar também.

Theo deitou-se sobre ele e Jamie instintivamente agarrou

seus quadris.

— Você só quer me ver exausto — disse Jamie, e havia uma


ponta em sua voz prometendo que não demoraria muito.

Theo sorriu. — Eu disse que isso é mais para mim do que

para você.
JJamie fechou os olhos, erguendo o queixo quando ele se

esfregou contra Theo. Seu pescoço, esticado assim, tão nu...


Theo movimentou os quadris, oferecendo mais atrito, e
Jamie. Se. Entregou. Sua boca se apertou em um gemido, suas

pálpebras tremeram, e quanto mais elas se mexiam, mais ele


ofegava. Respirações rasas e necessárias. Dedos apertavam a
bunda de Theo enquanto Jamie empurrava cada vez mais forte.
Theo não conseguiu se conter. Ele inclinou os lábios sobre
Jamie e emaranhou suas línguas juntas, engolindo o próximo
gemido frenético de Jamie.

Jamie parou e Theo percebeu na voz de Jamie quando ele


gozou.
A coisa toda era tão vulnerável e confiante, e poderia ter sido

a primeira vez que seu parceiro se entregou totalmente ao


momento. Jamie não se importava em parecer bonito ou gritar,
porque era assim que o sexo deveria parecer. Ele apenas se

divertiu, o barulho corporal se dane.


Theo estava excitado como o inferno.
Havia gozo entre eles, onde a camisa de Jamie havia

levantado, quente e pegajoso. Theo passou a mão entre eles e


passou o dedo. Como seria o gosto dele?
Saudável, provavelmente.

Jamie focou nele, corado e saciado. Theo o recompensou


exibindo suas covinhas. — Que feliz coincidência Sean sair com

Leone hoje de manhã.


A mão de Jamie subiu pelas costas de Theo e fez cócegas
nos cabelos de sua nuca. — Coincidência, Theo? É isso que você

acha?
— Espere, você mandou uma mensagem para Sean para
ocupar minha irmã?
Jamie levantou a cabeça, parando um fôlego antes de

encostar seus lábios. — E eu fiz isso antes de você ir na minha


cama essa manhã.
“Eu sou uma máquina de citação de má qualidade.”

Theo. Ele deveria estar mais bêbado. Isso foi o


suficiente.
17

Então. Eles fizeram algo sexual.

Foi ótimo.
Logo depois, Jamie sugeriu que Theo abrisse seus livros.

Isso? Não tão ótimo, mas no verdadeiro estilo de Jamie, a


única resposta possível de Theo foi rir – e depois pegar seus livros.
Tomado banho e com outra roupa, Jamie trabalhava em seu

lugar na mesa de jantar enquanto Theo descansava com seu laptop


no local onde sua paixão havia se consumado. Era impossível se
concentrar em qualquer besteira de comércio que ele deveria estar

estudando.
Ele fingia como um profissional.
Era só que... Droga. Jamie deveria se entregar assim o

tempo todo.

Theo gostava de como Jamie era casado com a compostura,


mas vendo esse lado dele...

Ding!
Jamie: Você não para de sorrir. No que você está

pensando?

Theo: Você não gostaria de saber?

Jamie: Sim, geralmente é por isso que se pergunta, Theo.

Theo: Eu estava pensando que da próxima vez vou te


chupar.

A expressão de Jamie era firme, embora ele tivesse se


mexido um pouco na cadeira.

Jamie: Faça seu trabalho sobre comércio e vamos ver.

Theo levantou a cabeça. — O que você é, alienígena? Eu

acabei de me oferecer para chupar você.

Jamie recostou-se na cadeira. — Olha quem cedeu primeiro.

Isso calou a boca de Theo. E então, admitindo: — Ponto para


você, Jamie.

— Mas eu falei sério. Trabalho primeiro.


— Claro que você falou.

***

Era uma pena que o trabalho de Theo fosse mais do que um

saco. Ele precisou de três dias trabalhando o tempo todo para

terminar. Apesar de uma quantidade surreal de insinuações, Jamie


manteve sua palavra.

Theo estava começando a pensar que Jamie estava

gostando da provocação.

Os dois poderiam jogar esse jogo.

No dia em que terminou de escrever seu trabalho, Theo

voltou para casa encontrando o cheiro de dar água na boca de pizza

de salame. Ele viu Leone na mesa de jantar e passou os braços em


volta dela para um abraço rápido, e depois foi para Jamie cortando a

pizza.

Era caseira, a massa e tudo. Confie em Jamie para fazer

pizza do zero.

Theo pulou no balcão ao lado da tábua de madeira.

Ele pegou uma fatia e Jamie bateu na sua mão com a


espátula. — Você fez isso pra mim?
— Eu fiz isso para todos nós.

— Sim, mas você fez isso para mim.


Jamie ignorou o grande sorriso no rosto de Theo e levou a

pizza para a mesa de jantar. Mas suas próximas palavras foram


mais suaves, talvez até um pouco roucas? — Você terminou seu
trabalho?

Theo seguiu a gostosura – e a pizza. Ele abafou um sorriso


malicioso e se concentrou em pegar uma fatia enquanto respondia.

— Foi tão difícil, sabia? Continuei trabalhando e trabalhando nele,


mas pensei que nunca iria terminar.

Jamie fez uma pausa, segurando a ponta da fatia nos lábios


trêmulos. Ele deu uma mordida.
Theo continuou: — Talvez você queira dar uma olhada?

Fazer sua mágica? Estou feliz em retribuir o favor, é claro. Na


verdade, eu insisto.

Leone assentiu. — Você está sempre fazendo isso por mim.


Theo e eu podemos trabalhar juntos para oferecer perspectivas

diferentes.
Theo engasgou com a boca cheia de pizza. Jamie censurou
Theo com um olhar e balançou a cabeça, enquanto Theo enchia a

boca de pizza e tentava não rir.


Eles devoraram o jantar e o completaram com água gelada.

Theo recostou-se na cadeira e levantou os pés, colocando-os no


colo de Jamie.

Novamente, Jamie o repreendeu, sua expressão tremendo


enquanto apertava os pés de Theo entre as coxas.

— O que você vai fazer hoje à noite, Leone? — Theo


perguntou, passando o dedão do pé ao longo da costura do jeans
de Jamie. Ele sorriu presunçosamente quando Jamie inchou e

endureceu.
— Nada demais. Provavelmente ouvir um audiolivro e ir

dormir cedo.
— E você? — Theo perguntou a Jamie.
— Ajudar você. Venha para o meu quarto depois de tomar

banho e começaremos.
Te deixei exatamente onde eu quero você. — Que tal eu lhe

enviar o trabalho por e-mail? Eu tenho um lugar que preciso estar.


Isso o fez ganhar uma beliscada forte no dedo do pé. — E

onde seria isso?

***
A quadra de Badminton com Ben e Kyle.
Foi para onde ele foi depois de lavar a louça. Ele até tinha
sido atrevido o suficiente para perguntar a Jamie se ele podia pegar

emprestado seu carro, citando pesquisas na biblioteca. Jamie


concordou, embora tenha sido o aceno mais rígido que ele deu a

Theo a semana toda.


Isso o deixou leve e animado, uma risada borbulhando dentro
dele. Isso lhe deu novo ânimo em seus jogos também.

Jamie ainda não fazia ideia de que Theo se encontrava com


Ben e Kyle em uma base semi-regular para suar na quadra. Após

três sessões, ele estava claramente melhorando.


Kyle havia lhe ensinado o básico de acertar a peteca em seu

ponto ideal e no topo de seu arco. Como ele deve sempre ficar na
ponta dos pés e trabalhar no meio da quadra. Nenhuma preguiça é
permitida para este leonino.

Ben jogava também, ajudando a demonstrar, mas Kyle era o


mais hábil.

— Você está pensando em ingressar em um time? — Ben


perguntou enquanto eles arrumavam as malas esportivas.
Theo fechou a capa da raquete que Kyle lhe emprestou e

amarrou os cadarços, o pé apoiado na arquibancada. — Time? Não


tinha pensado nisso. — Mas o Badminton, uma vez que ele
conseguiu pegar o jeito das coisas – era divertido. — Talvez.
— Espere — disse Kyle, pegando as bolsas esportivas dele e

de Ben e jogando-as casualmente por cima do ombro. — Por que


você está aprendendo o jogo?

— Para irritar o Jamie.


Jamie surgia na conversa de tempos em tempos durante as
sessões. Brincadeiras casuais. Como Jamie não era fã de jogos em

seu telefone porque era uma perda de tempo, mas sempre que

Theo começava um, Jamie encontrava uma desculpa para espiar


por cima do ombro e assistir. Ou como ele pegou Jamie ouvindo um

dos audiolivros de Leone quando ele pensava que estava sozinho

em casa, e ele estava sorrindo enquanto xingava o personagem

fictício por ser tão estúpido.


— Jamie? — Ben perguntou, sorrindo para Kyle. — Eu

deveria ter adivinhado.

— Ele tem o hábito de ser bom em tudo. Eu tenho o hábito de


odiar perder.

— Eu me encontro querendo conhecer esse Jamie — disse

Kyle. — De verdade desta vez. Embora ele ter ido buscar sua bunda
bêbada e de Leone tenha impressionado bastante.
— Você quer conhecê-lo? — Theo perguntou.

— Você não acha que seus amigos deveriam conhecer seus


outros amigos?

Um nó duro se formou em sua garganta. Claro, ele esperava

que isso fosse acontecer pelo jeito que as coisas estavam indo com
Ben e Kyle, mas ouvir essas palavras fez Theo querer fazer uma

dança feliz.

A vida era muito melhor com as pessoas para compartilhar.

E desta vez, Sam não iria conseguir tirar isso dele.


Mas isso não estava certo, estava? Sam nunca levou os

caras embora, isso era tudo ele. Ele deixou sentimentos ruins

dominarem sobre os bons. Ele disse a si mesmo várias vezes que


os acenos de Ben na aula eram por pena, mas não tinham sido.

Theo havia se alimentado da mentira como uma desculpa para

afundar em sua miséria.


Da próxima vez que parecesse que ele poderia perder um

amigo, ele lutaria mais por eles.

— Vamos esperar até depois das provas finais, então eu o

atrairei para a quadra, e vocês podem assistir enquanto eu o


impressiono.
***

Theo estacionou o carro de Jamie e examinou-o uma vez,


certificando-se de que não deixou cair nenhum chocolate ou

embrulho que roubou do porta-luvas. Satisfeito, ele subiu o caminho

escuro em direção a casa. Todas as luzes estavam apagadas, até

as do andar de cima.
Ainda não eram nem onze da noite.

Jamie ainda deveria estar acordado.

Talvez isso tenha facilitado? Theo não tinha certeza de que


seria bom em chupar Jamie, e o escuro da noite poderia esconder

os erros. Além disso, as coisas sempre pareciam melhores no

escuro.

Ele entrou no quarto de Jamie, não muito silencioso – ele não


queria assustá-lo – mas suavemente. Com a porta fechando, o churr

de suas meias sobre o tapete, o som de suas roupas batendo no

chão. Jamie se mexeu.


— Na cama já. — Theo estalou a língua. — Você não vai

parar de tentar me superar, não é?

A resposta de Jamie soou muito alta no quarto escuro. — Eu

estou cansado.
Theo ergueu os cobertores na base da cama e subiu entre as

pernas nuas de Jamie, passando as mãos nos pelos da perna.


Jamie já estava duro.

— Ainda cansado? — Theo disse pegando o pau de Jamie.

Ele estava determinado a fazer isso do jeito certo. Já estava muito


quente debaixo dos cobertores e Theo os jogou para o lado,

expondo a nudez de Jamie. Alguém poderia pensar que ele

esperava que isso acontecesse.

— Sinta-se livre para me instruir. Eu posso não ser bom


nisso.

— Confie em mim. Você não pode fazer...

Theo girou a língua ao redor da cabeça do pau do Jamie.


Jamie esqueceu o que estava dizendo, terminando em um

chiado cheio de prazer. Uma mão agarrou a cabeça de Theo e a

outra os lençóis. A ereção de Theo esfregava contra a perna de

Jamie e era difícil não empurrar. Mas era a vez dele de agradar
Jamie.

Ele parou com um estalo e sorriu para Jamie. — Acabei de

perceber que certa vez disse que isso nunca iria acontecer. Retiro
tudo que eu disse, não me importo de estar de joelhos, cantando

louvores a você.
Uma leve risada se transformou em um gemido quando Theo

colocou todo o comprimento de Jamie em sua boca, segurando a

base. Ele gostava de um atrito quente em um boquete e fazia o

possível para estar fazendo o que era certo. A mão de Jamie em


seus cabelos ajudou a orientar todo o show – não empurrando, mas

mostrando como ele gostava. Theo gostava desse nível de

honestidade na cama. Tornava toda a experiência mais quente e


libertadora.

Theo relaxou os músculos da garganta enquanto Jamie

enfiava em sua boca e fez Theo prontamente engasgar. Ele recuou.

Garganta profunda? Provavelmente um pouco ambicioso.


Jamie soltou um profundo gemido gutural que retumbou

através de Theo. Foi tão excitante que duas estocadas contra a

perna de Jamie foram suficientes e ele estava gozando também.


Theo pensou em tirar o pau de Jamie da boca por cerca de 0,001

segundos e depois engoliu cada gota do gozo de Jamie.

Ele usou lenços para limpar sua bagunça, pois Jamie

precisava de um momento completo para se recuperar.


— Vou precisar fazer de novo — disse Theo, jogando o lenço

no lixo. — Quero tirar um A na próxima vez.


Jamie puxou Theo para cima e o rolou para o lado da cama.

— Foi gostoso para caralho, Theo.


Ele olhou para os lábios de Theo, mas depois se afastou e

descansou no travesseiro.

Eles curtiram a felicidade pós-sexo por alguns momentos, e

então Jamie falou com a voz de professor. — Provocar você era


uma desculpa. Isso não quer dizer que não foi divertido, mas foi

uma desculpa.

— Uma desculpa?
— Porra, eu quase cedi ao seu charme no momento em que

você me chamou de sobre-humano. — Jamie acariciou o polegar

sobre o braço de Theo até a ponta do dedo médio. — Mas eu queria


dar a você a chance de mudar de ideia - e ver como as coisas

ficariam estranhas.

— Por causa do que aconteceu com seu último colega de

quarto?
— Aquilo não significou nada. Os riscos são maiores com

você. Eu não preciso do sexo. Apenas todo o resto.

A barriga de Theo se mexeu. — Hmm, agora que eu fiz sexo?


Eu preciso do sexo.
Jamie jogou um travesseiro para ele, mas não sufocou a
risada de Theo, e Jamie estava sorrindo também. — Certo. Nós

podemos fazer sexo.

Theo empurrou o travesseiro sob o cotovelo e olhou para


Jamie. — Você pode me foder também. Só para você saber, eu não

me importaria.

— Shh, Theo. Vamos com calma.


— Só estou dizendo que não seria um grande problema para

mim.

— Bem, seria para mim.

Theo coçou a nuca. — Eu pensei… — O que ele tinha


pensado? Que Jamie não se importaria em foder sua bunda? Que

poderia ser divertido tentar? Que isso era apenas foder?

Jamie tocou sua bochecha, o polegar roçando o arco dos


lábios. — Durma um pouco. Já passou da meia-noite e acordamos

em seis horas.
— Você está louco? Vou dormir até as sete.
— Sua escolha. — Jamie deu um tapa na bunda dele. — Mas

você não pode reclamar quando não tivermos tempo para nos
divertir pela manhã.
— Seis horas são boas. Quer saber? Cinco horas e meia
bastam.

***

Seis horas depois, Jamie rolou seu peso quente e relaxado

de cima de Theo, depois de esfregarem seus paus juntos até


gozarem.
— Aí está o Theo recém-acordado com quem eu fantasiei.

Theo estava satisfeito. Ele queria se aconchegar e ficar na


cama com Jamie o dia todo. Mas o gozo deles estava secando
rapidamente em sua barriga e começando a escorrer nas laterais do

corpo, e infelizmente ele tinha aula.


Lá embaixo, Leone estava na cozinha. Theo não tinha
certeza se ela gostaria desse acordo que ele tinha com Jamie e sua

opinião significava muito para ele. Era melhor manter isso em


segredo. Afinal, era apenas sexo. Ela não precisava saber o que ele

fazia com o amigo.


Jamie limpou gentilmente a bagunça dele com um sorriso
satisfeito.
— Posso usar seu chuveiro? — Theo disse, balançando a
cabeça. Sorrindo também.
Seus olhares se encontraram e Jamie o puxou para um beijo.

Se afastou de novo. — Mas depois de mim. Eu preciso preparar


nossos almoços.

Enquanto Theo esperava, ele se espreguiçou na cama e


observou o quarto de Jamie.
Era legal aqui em cima com essas cores ousadas e livros. Em

todos os lugares que ele olhava, Theo queria rir, suspirar ou ambos.
Havia a mesa onde Jamie levava os estudos a novos níveis. A
poltrona verde-oliva que Theo costumava se enrolar com anotações

tentando roubar a atenção de Jamie. Os quadros emoldurados de


Theo que sacudiram durante a sessão matinal. O pedaço de papel
desgastado grudado em um pequeno quadro de cortiça com as

palavras de Theo: Você é o cara mais forte do mundo. E essa cama


de manta macia que cheirava a baunilha e sexo.
O quarto era tão Jamie.

Mas também era, cada vez mais, Theo.


— O chuveiro está livre.

Theo sentou-se quando uma toalha voou em seu rosto. —


Para economizar tempo, deveríamos ter tomado banho juntos.
— Eu não sei como você acha que isso economizaria tempo.
— Jamie abriu uma gaveta e tirou uma cueca e Theo foi agraciado

com uma visão de nádegas firmes e covinhas na base das costas


quando Jamie largou a toalha e as vestiu. — Mas eu gosto da ideia.
Theo tomou banho rapidamente. Geralmente ele adorava

mergulhar no vapor e na água quente, mas estava muito nervoso.


Ele precisava se mexer. Precisava de... alguma coisa.

Ele pegou a toalha e entrou no quarto de Jamie enquanto


secava o cabelo molhado. Jamie estava vestido com jeans preto e
camiseta cinza, e ele estava guardando o laptop na bolsa.

— Você não é tímido, é?


— Menos ainda agora — disse Theo, olhando os lençóis
emaranhados da cama. Ele largou a toalha na poltrona e vestiu o

jeans de ontem sem a cueca.


— O autocontrole de que preciso... eu deveria receber uma
medalha.

Theo abriu as gavetas de Jamie, onde o viu guardar pilhas de


camisetas bem empilhadas. Ele olhou para Jamie, curioso. — Você
não se importa, não é?

— Seu quarto é lá embaixo.


— Você viu o quão cheio meu cesto de roupa suja está?
Jamie balançou a cabeça, mas ele estava sorrindo.

Theo olhou para as opções, mas foi o vermelho no canto que


chamou sua atenção. Ele reconheceu a camiseta da casa de Jamie
em Wisconsin. Ele a trouxe para Pittsburgh, então. Por quê? Theo

pegou a camiseta. O material se desenrolou, até que seus dedos a


seguraram apenas no colarinho. Três letras gravadas em negrito no
peito: JLM. Just Like Me.

Jamie enrolou a mão em volta da alça da bolsa como se


estivesse congelado no segundo antes de colocá-la.

— Isso não fica muito apertado em você? — Theo perguntou.


Uma série de emoções passou pelo rosto de Jamie, mas elas
foram rápidas demais para Theo fazer algum sentido.

— Eu vou colocar de volta...


— Pode usar. — Os olhares deles se conectaram. A voz de
Jamie era áspera. — Eu gostaria que você a usasse.

Theo segurou o material macio contra o peito. — Eu gostei


dela.
Jamie engoliu em seco. — Vejo você lá embaixo.

Theo sacudiu a cabeça, vestiu a camisa e desceu as escadas


enquanto Jamie conversava com Leone. Jamie parecia diferente,
maior de alguma forma, como se ele também estivesse cheio dessa
energia nervosa.
Theo sorriu.

Era o sexo.
Tinha que ser.
“Cheira a homem aqui. Abre uma janela?”

Leone chegando em casa logo após Jamie e


Theo se divertirem no sofá.
18

O status de amigos coloridos continuou, possivelmente o

único destaque das próximas duas semanas. As provas finais


estavam chegando rapidamente e Theo passava a maior parte do

tempo trabalhando para obter notas excelentes, finalizando o design


de um site e pensando se ele podia se dar ao luxo de pagar um
mestrado ou se deveria começar a trabalhar.

À noite, cansado, estressado, e não mais perto de tomar uma


decisão importante, ele acabava nos braços de Jamie, com a
respiração irregular no ouvido, seus corpos nus empurrando em

direção a uma liberação devastadora.


Eles só se beijavam durante o sexo. Então estava tudo bem –
mais do que bem. Theo adorava sentir a língua de Jamie se

contorcendo contra a dele – mas sem sexo, havia um acordo tácito

de que o beijo ultrapassava os limites.


Esse sexo era apenas por diversão.

Se ainda restasse energia, ligavam o laptop entre eles e

assistiam a reprises de Community, ou trabalharam lado a lado sob


seus respectivos desenhos de Áries e Leão. Se eles estivessem
cansados, Theo dormiria com Jamie, com preguiça de se arrastar

para o próprio quarto.


Na maioria das manhãs, Theo acordava na cama de Jamie.

Às vezes, eles tinham tempo de um boquete rápido, mas

geralmente ele descia as escadas quando Jamie entrava no


chuveiro, deixando um cartão no travesseiro de Jamie com a citação

do dia.

Além das noites, o trajeto para o campus e o café deles todos


os dias, eles mal se viam. Até jantares juntos eram esporádicos. Ele

costumava comer no caminho de ou para a biblioteca.

Leone era quem ele via com mais frequência. Ela pegava
carona com eles e Theo a acompanhava até o prédio do

departamento de história e ficava no escritório ou estudava ao lado


dela até o início das monitorias. Ele também almoçava com ela na

maioria dos dias, e quando não estava chovendo, eles levavam

seus sanduíches embalados ao parque e relaxavam.

Como eles fizeram hoje.

Uma brisa quente da primavera e o céu azul enfeitavam o

parque com esquilos brincalhões. Theo recostou-se no banco do


parque e absorveu o aroma fresco de novos começos.
O telefone dele tocou. Ele o pegou do bolso da calça como se
pudesse pegar fogo. Jamie havia dito que mandaria uma mensagem

se não pudesse ir ao café habitual deles.

Theo leu, soltou o ar que estava segurando e respondeu.

Kyle: Vamos treinar novamente hoje à noite?

Theo: Claro. Vejo vocês às 7.

— Quem te deixou tão animado? — Leone pegou um dos

sanduíches de Jamie de um recipiente.

Theo bufou. — Você vê demais para uma garota cega.

— Você não tem ideia. Quem era, então?

— Kyle perguntando se eu vou treinar badminton esta noite.


Leone sorriu. — Quando você vai contar para o Jamie? Acho

que ele suspeita que algo está acontecendo.

— Por que você diz isso?

— Esse interesse repentino na biblioteca, talvez?

— Eu uso a biblioteca!

— Não tanto assim.


— As provas finais são na próxima semana.
— Você está preparado? — Leone perguntou em torno de um

bocado de sanduíche de atum.


Theo murmurou. — Preparado para as provas. Apenas não

para o que vem depois.


— Você não decidiu um projeto de mestrado? Você tem o
verão para fazer isso.

— Não tenho certeza se posso pagar. Me ofereceram algum


trabalho freelancer para algumas startups locais, mas não será

suficiente por pelo menos um ano, e não quero tomar outro


empréstimo bancário.

Ele percebeu no momento em que disse que era um erro. Ele


não pretendia envolver Leone em seus negócios financeiros.
— Você tem um empréstimo? — Leone disse firmemente.

— Eu não recebi bolsas de estudos como você, irmãzinha.


Leone deu um soco no braço dele com força. Theo sentou-se

bruscamente, esfregando o local dolorido. Ela com certeza tinha


força no braço. — Para o que foi isso?

— Mamãe sabe?
— Ela assinou alguns dos papéis.
O rosto de Leone estava vermelho e seu queixo tremia. —

Por que você não me contou? Como mamãe ficou quieta? Ela fala
de tudo!

— Eu pedi para ela não contar. Não queria te preocupar ou


fazer você se sentir culpada.

— Eu poderia dar um soco em você novamente. — E ela fez


exatamente isso.

Theo pegou sua mão fechada antes de bater nele pela


terceira vez. — Sinto muito, eu não queria incomodá-la.
— Quanto você precisa para fazer seu mestrado?

— Eu posso juntar a maior parte. Talvez alguns milhares?


— Deus, Theo. Eu te odeio às vezes. Eu amo você e me dói

que você não tenha me pedido ajuda. Eu posso te dar dinheiro.


— E quando suas bolsas acabarem? Sei que você deseja
fazer um doutorado.

Leone levantou os óculos escuros que deslizaram pelo nariz.


— Me ofereceram algum trabalho de assistente de pesquisa durante

o verão, então pegue o maldito dinheiro.


Mas, pelos cálculos de Theo, tornaria as coisas mais que

apertadas. Não importa o quanto Leone desejasse ajudá-lo, não


seria suficiente. — Não será suficiente.
— Nós vamos dar um jeito. Prometa.
Theo esfregou a nuca e se colocou no lugar dela. Se Leone
precisasse do dinheiro, ele ficaria muito irritado se ela não o
procurasse primeiro. De alguma jeito, de alguma forma, ele teria

encontrado uma maneira de ajudar. Ele suspirou. — Ok. Nós vamos


dar um jeito.

***

Theo ainda se sentia mal com sua situação financeira quando


encontrou Jamie para o habitual café de quinta-feira.

Eles estavam sentados em seu lugar no pátio externo, o sol


ainda mais quente aqui do que no parque. Theo tirou os ombros da

jaqueta de couro e a jogou sobre o encosto da cadeira. Jamie, em


sua habitual pose, com a cabeça contra a parede, olhou para ele,
vendo a camiseta vermelha JLM.

Por um acordo mútuo e não dito, a camiseta se tornou uma


que Theo usava regularmente. A mistura de fibra de bambu e

algodão fazia com que fosse a camiseta mais confortável e fofa que
Theo possuía. Além disso, ele gostava de vermelho.
E gostava do jeito que Jamie olhava para ele quando ele

usava.
Do jeito que ele estava olhando para ele agora, lábios
suavemente curvados nas bordas.
Esse alívio agradável, mas momentâneo, quase fez Theo

esquecer a tensão do almoço com Leone. Quase.


Theo tomou um gole do café com leite que Jamie havia

comprado. Ele ficou agradecido por Jamie pegar as duas bebidas, o


que ele já fazia na maioria das vezes, mas hoje isso atingiu um
ponto sensível em seu orgulho. Jamie estava sempre cuidando dele

assim. Sem questionar.

Mesmo quando Theo apareceu no passeio do bar gay de


Jamie e Sean, Jamie cuidou dele; ele nem tinha pensado nisso.

Theo também queria comprar algo para Jamie.

— Você está mais quieto do que o habitual hoje — disse

Jamie, fechando os olhos.


— Muito em minha mente. Provas finais. — Dinheiro. — Você

também esteve ocupado.

Jamie estava preparando palestras para um curso de


economia de verão. Ele revisou suas notas de economia

keynesianas e reformulou os exemplos que os alunos não haviam

compreendido. Theo examinou brevemente depois que acabaram


nus na noite passada.
— Você me beijaria? — Jamie havia perguntado.

Theo sabia que ele estava falando sobre Você acharia os


exemplos muito complicados e gritaria um "Bora Explicar Isso Já,

Anta!" na sala de aula, mas a pergunta deixou seus lábios em um

sussurro, carregados de duplo significado, e isso fez Theo formigar


e...

— Theodore?

Ao som de seu nome, Theo virou.

Sam estava caminhando até ele, um sorriso brilhante


combinado com sua roupa jeans azul-esverdeado, sandálias de tiras

e uma blusa em preto e branco sob um casaco azul marinho. Ela

segurava um copo de café para viagem na mão esquerda,


destacando a pedra brilhante no dedo.

Theo devolveu o sorriso. Ele não sentiu nada por ela. Nada.

— Oi, Sam.
Ela parou no final da mesa e procurou uma cadeira.

Theo estava feliz por não haver cadeiras livres.

— Como vai você? — ela perguntou, girando seu cappuccino

– ela sempre pedia cappuccino. — Preparado para as provas finais?


— Não mudou muita coisa, Sam. — Claro que ele estava

pronto para as provas finais. Ela o conhecia?


Ele se lembrou da falha dela em avisá-lo sobre os barcos.

Talvez ela nunca o conheceu de verdade.

Theo notou Jamie se mexer em seu assento, alerta, os olhos


fixos em Sam, a mão segurando o café com leite. Ele apontou para

Jamie. — Sam, Jamie. Jamie, Sam.

Sam deu um pequeno sorriso e tamborilou com os dedos no

copo de café em meio aceno. — Sinto que já vi você antes — disse


ela a Jamie. — Departamento de economia, talvez?

Jamie levou um momento para encontrar sua voz. Quando o

fez, ele falou mais profundamente do que o normal com um tom de


voz um pouco mais ríspido. — O departamento de economia é

minha segunda casa, a primeira sendo a de Theo.

Theo engasgou com a boca cheia de café.

— Você é o novo companheiro de quarto, então — disse


Sam.

Jamie sorriu. Talvez um pouco demais. — Não tão novo.

Sam colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e riu


baixinho. — Espero que ele não esteja deixando você louco. Ele é

difícil de conviver.

Theo soltou uma risada depreciativa, mas antes que ele

pudesse fazer uma piada de volta, Jamie falou.


— Theo é relaxado, bem-humorado, faz o melhor que pode.

Ele não é Gordon Ramsay na cozinha, mas sempre lava a louça.


Ele sabe como fazer rir quem se aproxima dele. Sem dúvida a

pessoa mais fácil com quem já vivi.

Surpresa cintilou no rosto de Sam, seguida em breve por um


rubor envergonhado, mas não foi nada comparado ao calor

queimando nas bochechas de Theo. Ele ficou surpreso com a

explosão de sinceridade. Também surpreso com o peso do ciúmes

que veio junto.


Isso o fez vibrar.

Sam deu uma risadinha nervosa, tomou um gole de café e

olhou para Theo em busca de um pouco de apoio. Mas Theo estava


preso, sorrindo, olhando fixamente Jamie se inclinar para frente em

sua cadeira enquanto encarava Sam, como se estivesse pronto para

pular entre eles e gritar Meu Leonino!

Jamie olhou para o sorriso largo de Theo e


instantaneamente, seus ombros caíram e ele parou de apertar seu

copo de café com leite.

— Sim… — disse Sam. — Ele sempre fazia nossos amigos


rirem. — Ela virou os ombros para trás e olhou para Theo. — Eu

definitivamente sinto falta disso.


O sorriso de Theo se suavizou. Significava algo que ela disse

"nossos" amigos e não "meus" amigos.

Eles cresceram desde o rompimento, e ele sentiu que algo

poderia ser reavivado. Nada romântico – Jesus, não. Mas talvez


eles possam um dia ser amigos.

Ele disse: — Deveríamos sair adequadamente em algum

momento.
— Eu gostaria disso.

Jamie fez um som no fundo da garganta dizendo que não iria

gostar disso.

Theo esticou as pernas embaixo da mesa, batendo o pé


suavemente contra o de Jamie.

— Bem — disse Sam, se afastando. — Foi bom te encontrar

de novo, Theodore. Jamie, foi... alguma coisa. Talvez possamos


tentar novamente, algum dia?

— Vocês vão — disse Theo. — Ele é meu acompanhante

para o seu casamento.

— Ele é?
— Eu sou?

Theo olhou de uma Sam desnorteada para Jamie, cuja

confusão estava brigando com a satisfação.


Theo franziu o cenho para ele. — Você sabia disso.

— Supus que você mudou de ideia desde que descobriu que


não sou a melhor opção para Leone.

— Você é minha melhor opção, no entanto. Você ainda quer

vir? — Para Sam, ele disse: — Tá tudo bem, certo?

— Claro... claro. Traga quem você quiser. — O sorriso dela


voltou. — Talvez possamos conversar novamente no casamento,

Jamie?

Ela deixou a pergunta pairando, girou nos calcanhares e


passou pelas mesas e sumiu de vista.

Jamie ainda estava olhando para ele.

— O que? — Theo disse.


Jamie levou um momento, depois trancou o pé de Theo com

os seus. Quando ele falou, foi quieto, curioso. — O que você viu

nela?

— Nossos interesses em comum. Nós dois estamos


estudando administração, gostamos de correr e ela tem mais

tolerância ao álcool que eu, o que eu acho que não é tão difícil

assim. Ela era doce e eu gostava de apertar o nariz dela quando


estávamos conversando e... — o café de Jamie se derramou sobre
a mesa, gotejando da borda da mesa na calça de Theo — Ela sabe
andar de patins como uma profissional.

Jamie pegou os guardanapos e jogou-os sobre a poça.

Claramente, eles precisariam de mais. Ele levantou e entrou na loja.


Theo distintamente o ouviu murmurar: — Qualquer um pode andar

de patins!
"Tem algo de madeira no meu calcanhar."
“Uma farpa?”

Theo e Jamie antes de Jamie começar a cirurgia


com uma pinça.
19

Theo mal soube como chegou em casa naquela noite. Havia

um ônibus, alguma caminhada e uma parada no supermercado,


mas ele estava tão pensativo que se surpreendeu ao descobrir que

estava destrancando a porta da frente. Colocou os sapatos na


prateleira, jogou a mochila cheia de livros do ombro para o sofá e
colocou as compras no lugar dele e de Jamie na ilha da cozinha.

Ele chamou Leone, mas nenhuma resposta veio. Era só ele,


o que não era ruim agora. A cabeça dele ainda estava girando. Ele
se divertiu com o ciúme não tão sutil de Jamie e disse a Jamie antes

de se separassem que ele estava não tão secretamente lisonjeado.


Tudo isso era verdade, mas outras coisas agitavam sua
mente. A inquietação e frustração que o espreitavam há semanas só

começaram a se manifestar depois de encontrar Sam.

Ele pegou dois itens do saco de papel.


Um pote de manteiga de amendoim comum e um pacote de

passas cobertas de iogurte.

Ele pegou o pote e esfregou o polegar na lateral da tampa.


Uma onda de excitação cortou sua confusão rodopiante quando ele
anotou uma citação do dia, colocou no pote e o deslizou na

prateleira onde Jamie o veria.


Ele se sentou no banco e jogou o pacote de passas para

cima e para baixo enquanto identificava o que diabos era aquilo que

fazia parecer que seu interior estava sendo puxado em todas as


direções.

Era só...

Romance o havia fodido duas vezes, do jeito legal e do jeito


horrível. Quando Sam o deixou, parecia que Theo havia perdido

tudo: alguém com quem contar, as pessoas que ele pensava serem

seus amigos, o futuro que ele esperava. Era por isso que ele não
estava interessado em namorar há tanto tempo, por que não tinha

funcionado com Liza.


Os limites eram bons. Eles o mantinha são e salvo.

Theo jogou as passas no teto e as pegou com o bater das

duas mãos.

O som da porta se abrindo foi seguido por uma risada e

passos urgentes. Theo pulou do banco e se virou para ver Sean

apoiando sua irmã na sala contra a viga de madeira que ela


costumava usar para ioga. As mãos dele embalaram a parte de trás

da cabeça dela quando ele se aproximou e a beijou.


Theo apertou as passas de iogurte no peito quando a
surpresa o grudou à cena.

Leone estava com os braços em volta do pescoço dele, uma

perna presa ao quadril. — Sean — disse ela com uma nota

sugestiva que fez Theo pigarrear. Os dois se enrijeceram e olharam

para ele. Sean se afastou de Leone, mas não a soltou.

— Quando isso aconteceu? — Theo brincou, apesar de ter


imaginado que isso aconteceria.

Leone levantou os óculos de sol. — Eu pensei que você tinha

seu encontro com a biblioteca?

— Mais tarde.

Theo largou o pacote de passas no balcão e olhou para

Sean. Um sorriso grande e pateta iluminou seu rosto quando ele

beijou Leone na têmpora dela. — Você não pode ir mais cedo?


Ele olhou para Theo e seu olhar caiu no seu peito.

Imediatamente, seu sorriso desapareceu e suas bochechas coraram

furiosamente. Ele soltou Leone e foi para a cozinha, onde pegou um

punhado da camiseta vermelha de Theo e o puxou para perto. —

Por que você está vestindo isso?

— Jamie me deixou vestir. — Theo beliscou os dedos de


Sean. — Você se importa?
Sean recuou, abaixando o braço.

— Eu dei isso a ele — disse Sean, e então, baixo, com a


mandíbula se contraindo, — se você machucá-lo, vou chutar sua

bunda.
— O que está acontecendo? — Leone perguntou.
— É o que eu gostaria de saber — disse Theo, encarando

Sean, que passou a mão pelos cabelos.


— Não importa — Sean murmurou, pegando o telefone. —

Eu preciso conversar com Gostosão.

***

Theo fez um breve treino de Badminton. Ele deveria ter

cancelado, considerando que estava muito envolvido em sua mente


para prestar atenção, mas não queria furar com Kyle. Ele queria

saber de onde vinha a agressividade masculina de Sean e ele


queria saber agora.

Quando chegou em casa, ele passou por Leone e Sean se


aconchegando no sofá com apenas um olá e correu para o quarto
de Jamie.
Jamie deve ter percebido ele – ou seus passos eram altos –

porque ele girou em sua cadeira quando Theo entrou pela porta.
— Suponho que você e Sean conversaram?

— Nós conversamos. — Jamie levantou-se, pegou o suéter


estendido no encosto da cadeira e o colocou enquanto se

aproximava dele. Ele gentilmente tirou a bolsa de Theo do ombro e


a jogou na cama. — Vamos dar uma volta?
— Espero que isso seja código para Vou te dizer o que está

acontecendo.
Na sala, Sean virou a cabeça e os viu descer as escadas.

Seus olhos pareciam ter uma conversa silenciosa com Jamie, e


Theo desejou que ele estivesse a par disso.
Jamie pressionou a mão nas costas de Theo e o levou até a

porta da frente. Theo não tinha tirado os sapatos, e Jamie precisou


de menos de dez segundos para enfiar os pés nas botas e pegar a

jaqueta de couro.
Eles não falaram muito no carro. Jamie parecia perdido em

seus pensamentos e Theo ficou calado, os nervos formigando como


na noite anterior.
Eles estacionaram no centro da cidade em uma rua iluminada

por lâmpadas, cheia de prédios de tijolos e canos de metal


projetados.
Jamie ajeitou-se e bateu a cabeça no encosto de cabeça. Ele
apertou o volante e olhou para longe, onde a cidade se abria para o

rio serpenteando, prateado ao luar.


Theo se concentrou em Jamie e tentou encontrar uma piada

para aliviar o clima, porque era isso que eles faziam. Eles
brincavam, eles não tinham conversas sérias.
— Jamie, você está me assustando. O que está

acontecendo?
O corpo de Jamie se encheu quando ele respirou fundo, mas

depois se esvaziou. Ele tirou o cinto de segurança e saiu do carro.


Theo fez o mesmo.

Jamie começou a fazer o caminho de pedestres em um ritmo


que Theo estava tentando alcançar.
Theo pegou o seu cotovelo e apertou. Jamie diminuiu a

velocidade.
— Sean… — Jamie apertou os lábios e não falou novamente

até que eles viraram na rua que ladeava o rio. Theo estremeceu,
mas não tinha certeza se vinha da antecipação da conversa ou do
rio que corria. — Ele descobriu sobre nós estarmos dormindo juntos.

— Como?
— Ontem ele subiu para conversar sobre ele e Leone, e nos
viu juntos na cama.
Theo brincava com a bainha da camiseta vermelha por baixo

do suéter. — Oh. Vestir sua camisa deve ter feito ele juntar as
pistas. Ele pensou que éramos namorados secretos e precisava me

dar o sermão completo de Faça meu amigo sofrer, e eu vou


machucá-lo. — Ele provavelmente estava chateado por Jamie não
ter contado antes. — Você explicou, certo? Isso é apenas sexo, e é

por isso que você não contou a ele. Mesma razão pela qual não

contei a Leone. Certamente ele não pode estar muito bravo com
você?

Jamie desviou o olhar dele em direção ao rio cintilante. Ele

limpou a garganta. — Certo. Sim. Eu contei a ele sobre o nosso

acordo.
— Então ele sabe que eu não vou te machucar e você não

pode me machucar.

Jamie diminuiu a velocidade, e uma carranca apareceu entre


as sobrancelhas quando ele olhou para Theo. — Você ainda está

feliz com isso?

Sua ênfase no isso deixou claro que ele se referia à coisa dos
amigos coloridos. Theo foi rápido em concordar. Um pouco rápido
demais, talvez. Seu estômago ainda não tinha se acalmado. Ele

estremeceu e se aproximou de Jamie.


— Estar tão perto do rio está me assustando — disse Theo.

— Me sinto estranho. Doente. Como se eu fosse tão leve, que vou

ser levado pelo vento e jogado como uma pedra no rio.


— Você quer que eu te segure, Theo?

Sim, sim, ele queria o braço forte de Jamie em volta da

cintura, segurando-o com força para que ele se sinta seguro. —

Bem, eu não quero voar e afundar.


Jamie passou um braço em volta dele. Seu velho aroma de

madeira e baunilha misturado com seu calor envolveu Theo.

— Melhor? — Jamie perguntou.


Theo suspirou. — Eu acho que poderia andar até o meio da

ponte assim.

Os dedos de Jamie em seu braço apertaram um pouco, e ele


os guiou para mais perto do rio. Uma pequena porção de ansiedade

passou por ele, mas quando Jamie virou a cabeça e perguntou em

seu ouvido se eles deveriam voltar, Theo afundou mais em Jamie.

— Minhas provas finais acabam na próxima sexta-feira.


— Tenho certeza que você vai se sair bem.
— Eu pensei que poderíamos reservar uma quadra de

badminton para aquela noite? Tentar outro jogo?

Theo sentiu a risada de Jamie estremecer através dele. —


Tem certeza? Você não pareceu gostar da última vez.

— É por isso que você não me convidou de novo?

— Sim. — Ele parou. — Espera, por que você acha que eu

não te convidei?
— Porque eu fui péssimo.

— Você é péssimo.

Theo beliscou sua coxa.


Jamie não se afastou, ele se aproximou. — Mas não foi esse

o motivo.

— Então na próxima sexta-feira? — Theo disse. — Que tal

isso? Prometo que será divertido.


— Você e divertido.

Jamie parou de se mover e Theo olhou em volta. Estavam

em pé na ponte Andy Warhol, onde apenas uma grade de aço os


separava da água escura e ondulada.

— Você está bem? Parece que você está prendendo a

respiração.
Theo girou e Jamie fez o mesmo para ficarem cara a cara, o

braço de Jamie ainda em suas costas. — Diga-me novamente o


quão bem você sabe nadar?

— Você está seguro, Theo.

Theo, tremendo, afastou-se de Jamie e caminhou até o


parapeito. Seu estômago parecia estar caindo por seus pés, mas

era uma sensação quase familiar agora ver quantas vezes ele

experimentava isso perto de Jamie.

Theo agarrou o aço e olhou para a água, concentrando-se


em como refletia as luzes.

Ele sugou uma respiração. Ele olhou por cima do ombro para

Jamie, que deslizou atrás dele e o pressionou com os dois braços


em volta da cintura, forte, sólido, seguro.

— Conte-me a história de novo, Jamie — disse Theo em voz

baixa. — Aquela com a gente no seu bote.


“Eu estava tendo um dia tão ruim, até você chegar
em casa.”

Theo reclinado na cama de Jamie. Nu.


20

As horas antes de cada prova final pareciam prolongar-se

enquanto ele relia suas anotações e fazia Jamie ou Leone fazer


perguntas para ele. Quando as provas começaram, o tempo passou

mais rápido do que Theo gostaria. Ele tentou não pensar muito
depois como poderia ter feito melhor.
Economia aplicada foi sua última prova e ele passou a noite

anterior passeando pelo quarto de Jamie, fazendo Jamie testá-lo de


todos os ângulos possíveis.
Então Jamie parou de fazer perguntas para ele e o empurrou

para sua cama, onde eles testaram todos os tipos de outros


ângulos.
Ele respondeu a todas corretamente, seu corpo arqueando

quando Jamie o fodeu com os dedos, roçando sua próstata. Seus

gemidos profundos e famintos nublaram a mente de Jamie com


luxúria. Suas mãos machucaram a bunda de Jamie enquanto

imitavam estocadas – ainda um limite para Jamie. Theo respeitava

que isso ultrapassava seus limites, mesmo que ele estivesse perto
de gritar o quanto queria Jamie dentro dele.
Quando Theo tentou sair da cama para estudar mais, Jamie

prendeu seu pulso e o puxou de volta.


— Se você não aprendeu os assuntos até agora, não vai ser

agora que vai aprender — disse ele, tirando um fio de cabelo do

rosto de Theo. — Mas estou confiante de que você aprendeu.


Theo sorriu. — Como você me classificaria, Sr. Jamie

Cooper?

— Seu ego precisa de outro impulso, não é?


— Sim.

Jamie riu. Eles adormeceram logo depois e acordaram pouco

antes do alarme, quentes e confortáveis nos braços um do outro.


Theo apreciava a sensação de Jamie o envolvendo e não queria

sair da cama.
— Quem pensaria que abraçar nu poderia ser tão bom? —

Theo disse para Jamie sem mover.

Jamie falou demoradamente: — Praticamente qualquer

homem com sentidos.

— Quem pensaria que abraçar nu sem querer sexo poderia

ser tão bom?


Jamie abriu um olho. Sua voz rouca de sono. — Você não

quer sexo?
Ele balançou a cabeça. — Mesmo que eu ame fazer você
revirar os olhos e estremecer, acho que cinco minutos disso aqui

são tudo o que preciso hoje de manhã. — Com os nervos

tremulando na barriga por causa das provas, estar perto parecia

mais tranquilo do que sexo.

Jamie estudou seu rosto de perto, a mão segurando o

pescoço de Theo, o polegar batendo na têmpora como se estivesse


tentando ler seus pensamentos.

Theo terminou sua última prova final, pensando – esperando

– que Jamie teria ficado orgulhoso de suas respostas. Quando ele

entregou a prova, a primeira coisa que ele teve que fazer foi

encontrar Jamie e contar tudo a ele. Ele comprou cafés e foi para o

departamento de economia, onde Jamie estava ocupado

escrevendo palestras e monitorias de verão.


O sorriso que Jamie deu a ele fez com que aquela sensação

de formigamento se incendiasse. Ela estava crescendo

constantemente, essa reação que ele tinha sempre que via Jamie.

Desta vez, alcançou as pontas dos dedos das mãos e dos pés de

Theo. Chegar perto dele era quase demais para suportar.

Eles só tiveram alguns minutos juntos antes de Jamie ter uma


reunião com seu orientador. Theo engoliu em seco a decepção. Não
era como se não se vissem há muito tempo. Iriam se encontrar hoje

à noite para a partida de Badminton.


Jesus, o que há de errado comigo?

Theo deixou o escritório se batendo com a garota que havia


flertado com ele na primeira vez que viera ao departamento para
encontrar Jamie. Parecia uma era atrás, não quatro meses. Quase o

fez rir o quanto havia mudado em apenas quatro meses. Quem


pensaria que seu ex-tutor se tornaria seu melhor amigo e o cara

com quem dormia todas as noites?


Ele deu uma olhada na garota como ele fez naquele primeiro

dia. Ela ainda era bonita com sua franja e cabelos ondulados, mas
desta vez não havia desejo. Nem a menor agitação.
— Desculpe — disse Theo, soltando o braço dela onde ele a

agarrou para impedir que ela caísse. — Eu não estava prestando


atenção.

Ela deu um sorriso doce. — Você vem muito aqui — disse


ela, olhando por trás de Theo em direção à porta do escritório de

Jamie.
Engraçado como ele não a tinha notado, exceto a primeira e
essa vez.
— É a segunda casa de Jamie, então… — Ele deu de

ombros.
— Ele está tão diferente este ano — disse ela.

— O que você quer dizer?


— Ele sempre foi tão focado e direto ao ponto com um humor

calmo, sabe? Como se ele achasse as coisas divertidas, mas não


quisesse compartilhar. Mas ultimamente nós o pegamos olhando
pela janela, sorrindo. Ele ri mais, compartilha mais também. — Ela

se inclinou para frente e abaixou a voz: — Metade do departamento


acha que ele encontrou um namorado.

Theo agarrou a alça da bolsa no peito, onde podia sentir seu


coração batendo.
— E... — continuou ela, — a maioria deles pensa que é você.

Ele balançou a cabeça e lutou contra uma gagueira. — Nós


somos amigos. Nada mais.

Theo saiu do prédio e marchou para o departamento de


história. O mal estar que ele teve no rio bateu nele novamente. Ele

encontrou Leone e a arrastou para o almoço no parque.


Ela levantou os óculos escuros no nariz, esperando que ele
explicasse o sequestro.
Theo andou na frente do banco que ela estava, pisando no
cascalho que foi chutado do caminho para a grama. — Estou
dormindo com Jamie.

Leone chupou o lábio inferior, mas ela não parecia tão


chocada quanto ele esperava.

— Sean te contou? — Theo perguntou.


— Não — ela disse lentamente, — Mas...
— É só sexo — Theo deixou escapar, enfiando as mãos nos

bolsos, ainda andando. — Amigos coloridos.


— Certeza?

— O que isso quer dizer?


— Eu estava apenas curiosa, Theo. — A brisa soprou uma

mecha de cabelo em seu rosto e ela o colocou atrás da orelha. —


Mas qual é a diferença entre amigos que fazem sexo e namorados?
Você namora outras pessoas? O Jamie namora?

— Ele não faria isso. Ou pelo menos ele me diria se estivesse


interessado em outra pessoa.

— Deixa ver se eu entendi — disse ela e sorriu ironicamente.


— Vocês são amigos, que estão fazendo sexo exclusivamente?
— Eu sei o que você está insinuando, mas há uma diferença,

ok?
— Por favor, me esclareça.
— Sexo com Jamie é divertido. — E brincalhão, forte, sensual
e cru. Era a cereja no topo, mas uma que ele destruiria

voluntariamente em um milhão de pedaços, desde que a amizade


deles permanecesse. — Ter mais do que sexo ficaria complicado.

— Já parece bastante complicado, se você me perguntar.


Ele balançou sua cabeça. Ela não entendeu. Sua amizade
com Jamie era mais profunda do que qualquer coisa que ele já

tivera antes, tão profunda que parecia uma parte essencial dele. —

O que temos é seguro.


Ela ficou quieta por um longo minuto. Quando ela falou, ela

citou: — Não temas rejeição e coração partido, Leão.

Theo riu. — Você não pode acreditar honestamente nessas

coisas! Os horóscopos são apenas para rir e fazer piadas, não são
um manual de como viver a vida.

— Existe um pouco de verdade lá, no entanto. Se eu não

tivesse levado isso a sério, não teria me aberto à possibilidade de


Sean.

Theo prendeu um pedaço de cascalho na ponta do sapato e

o jogou sobre a grama.


— Outra pergunta — disse ela. — Como você se sentirá

quando Jamie encontrar um namorado de verdade?


Esse enjoo simplesmente não desaparece, não é? — Eu

ficaria feliz por ele. Porque ele é meu amigo. O sexo é apenas por

agora e apenas por diversão.


Leone levantou-se e o chamou. Quando ela agarrou seu

ombro, ela disse para ele voltar para o departamento de história.

Theo a levou para lá, insatisfeito, ainda inquieto. Mais do que

inquieto. Muito mais.


Era como se ele estivesse sufocando por dentro e quase se

afogando. Sua garganta estava se fechando, e isso o deixou

desesperado para encontrar Jamie, porque ele era um bom nadador


e não deixaria nada acontecer com ele.

Ele abraçou Leone e disse que ela e Sean deveriam ir à

quadra de Badminton hoje à noite.


Quando ele estava saindo, Leone disse baixinho. — Se é só

por diversão, por que a urgência de falar comigo? Por que me

contar?

Theo não respondeu, mas a pergunta dela o assombrou o


resto do dia.
***

Todos eles compareceram ao Badminton. Ben e Kyle, Sean e


Leone, e ele e Jamie. Ben e Leone estavam sentados nas

arquibancadas, observando o resto deles começar um jogo de

duplas. Kyle e Theo contra Sean e Jamie. Melhor de três, jogos de

vinte e um pontos.
Jamie tentou sugerir que Sean ou ele se unissem a Theo

para "equilibrar as coisas", mas isso estava fora de questão. Theo

estava prestes a provar um ponto.


Ou marcar um, pelo menos.

Theo jogou primeiro e o fez com perfeição, quase pegando

Jamie de surpresa. Jamie devolveu o golpe e Kyle o devolveu. A

peteca voou forte e rápido por cima da rede, e Theo balançou e


sacudiu, definitivamente pegando Jamie de surpresa.

A peteca passou por seu rosto assustado e Sean fez uma

acrobacia de ginástica para alcançá-la – e falhou.


Ponto, Theo.

Kyle o cumprimentou com suas raquetes. Ben aplaudiu e

Leone franziu a testa, acreditando que Ben se enganou quando lhe

disse que Theo havia feito aquilo acontecer. — Theo? Meu Theo?
Theo sorriu e balançou as sobrancelhas. — Vamos lá, Sr.

Jamie Cooper.
A surpresa se transformou em uma determinação sorridente

quando Jamie jogou.

Theo, apesar de muito aprimorado, ainda não era páreo para


Jamie e Sean. No entanto, ele estava determinado a marcar para o

time mais um ponto. Determinado a ver aquela surpresa genuína

cintilar no rosto de Jamie, seus olhos brilhando com reverência. Ele

sacudiu a raquete e esmagou a peteca. Ele moveu, ele limpou, ele


levantou...

e ele marcou.

A peteca estalou no chão aos pés de Jamie e Jamie balançou


a cabeça em descrença. Sean pegou a peteca com sua raquete e

devolveu a Kyle.

— Pausa — Jamie chamou e saiu da quadra. Em vez de ir

diretamente para a bolsa esportiva, para pegar água, ele contornou


a rede e agarrou Theo pelo braço.

Theo deixou Jamie arrastá-lo, agarrando com delicadeza a

parte superior do braço, para as bolsas deles um pouco longe de


Ben e Leone. Era o mais privado possível para a quadra aberta.
Jamie pegou duas garrafas de água e passou uma para

Theo. Eles tomaram alguns goles, Theo incapaz de esconder um

sorriso arrogante enquanto contava o tempo que Jamie levou para

quebrar. Dez segundos.


— Tem algo que você deseja compartilhar, Theo?

Theo deixou a tensão aumentar antes de falar, certificando-se

de que suas covinhas se aprofundavam do jeito que Jamie gostava.


Com um encolher de ombros, ele disse com indiferença: — Eu disse

que qualquer um poderia jogar Badminton.

Quando Jamie pegou sua raquete, Theo não fazia ideia

como, mas com certeza sentiu quando ela bateu levemente contra
sua bunda.

Uma risada borbulhou através da frustração desagradável do

dia - mês? - quando ele tampou a garrafa. — Kyle tem me ensinado.


— Espere... noites na biblioteca? Eu sabia que sua dedicação

ao estudo era boa demais para ser verdade.

Foi a vez de Theo dar um tapa em Jamie, mas Jamie estava

recuando em direção a um Sean boquiaberto antes de ele pegar sua


raquete. — Vamos tornar isso interessante — disse Theo. — O

próximo a marcar um ponto...

— Lava a roupa por um mês.


— Lavar roupa? É isso que você propõe?

Jamie levantou uma sobrancelha. — De que outra forma eu


vou fazer você enfrentar aquele seu cesto cheio?

— Você acha que vai ganhar.

— Será divertido ver você dobrar minhas camisetas e

emparelhar minhas meias.


Jamie gostava dessa torturar, não é? — Vamos ver.

Eles se enfrentaram na quadra, raquetes prontas, e o ar

rachou com a sede de vencer o próximo ponto.

***

— Você com certeza o impressionou — disse Ben a Theo,

enquanto eles pediam a primeira rodada de bebidas para todos.

O bar tinha sido a escolha de Ben e Kyle. Provavelmente

porque moravam na esquina e não precisariam se preocupar em


chegar em casa mais tarde. Considerando a piscadela que Kyle deu

a Ben, Theo se perguntou se era o mesmo bar onde eles se

conheceram.
Era um lugar moderno, com paredes de tijolos expostos,

móveis de madeira áspera e luzes roxas suaves que lançavam um


brilho quente sobre o salão em forma de L. Theo gostou porque não
era o lugar habitual de Jamie.

A música vibrava pelos pisos, mais alta aqui do que na

cabine de canto, e ele teve que se inclinar para conversar. — Mas


não o suficiente.

Theo havia perdido a aposta para Jamie após um longo e

difícil jogo. Aposta era aposta e ele deveria aceitar e lavar a roupa,
mas ele ainda ia tentar uma última missão hoje à noite para se livrar

disso.

— Pfft — disse Ben, — Ele estava de olho em você o jogo

inteiro. E depois também.


Eles usaram as instalações do vestiário para tomar banho e

vestir roupas casuais, e Ben tinha ido junto para entregar uma

toalha que Kyle havia deixado no corredor.


A maneira como Ben não parou de encarar os dois desde

então, fez com que Theo tivesse certeza que ele tinha visto algum
momento roubado entre ele e Jamie. Ele provavelmente pensou que
algo estava acontecendo.

E estava. Mas não... bem.


Ele deixou de lado esses pensamentos e pegou a primeira
bandeja de bebidas que o garçom passou para eles. Ben pegou a
segunda e eles levaram a cerveja, coquetéis e refrigerante para o
canto mais silencioso do bar, onde Leone e Sean, Kyle e Jamie
estavam sentados em uma cabine de três lados.

Ben não hesitou em escalar Jamie para chegar ao namorado


depois que eles haviam distribuído a bebida de todos.
Leone e Sean estavam discutindo os méritos da cegueira, e

Kyle parecia achar engraçado para caralho os comentários de


Leone. Jamie pegou sua cerveja e tomou um gole, divertido e
silencioso, e Theo sentou sobre o suéter que colocou sobre o

assento de couro e segurou seu refrigerante. Esta noite, ele era


definitivamente o motorista da vez; ele não ia estragar tudo como da
última vez.

O braço de Theo roçou no de Jamie, a pulseira fria de seu


relógio de pulso batendo no pulso de Theo, pelos fazendo cócegas
no antebraço. Eles se entreolharam ao mesmo tempo, e os dedos

dos pés de Theo se curvaram.


Ele propositalmente bateu os braços enquanto mexia o

refrigerante. Por baixo da respiração, ele disse: — Existe alguma


maneira de eu sair dessa coisa toda de lavar roupa?
— Ha. Não.
Theo fez uma careta, depois decidiu jogar mais baixo. Ele
descansou a mão na coxa de Jamie debaixo da mesa e avançou
para cima. — Certeza sobre isso?

— Você é inacreditável.
— Eu sei.

Jamie encontrou a mão de Theo e a prendeu na coxa,


deslizando seus dedos juntos. Era o mais perto que eles tinham
chegado de dar as mãos após o arranjo sexual e de repente a

palma de Theo ficou úmida e nervosa. Ele esperava que não tivesse
impregnado uma marca de mão nos jeans de Jamie. Jesus.
— Ainda não vou mudar de ideia. Uma aposta perdida ainda

é uma aposta.
— O dobro ou nada? Você pode me fazer de escravo sobre
uma tábua de passar roupa por dois meses. Inferno, vamos fazer o

verão inteiro.
Jamie se interessou. Ele bateu o polegar na parte de trás do
dedo mindinho de Theo. — Tentador. Vou pensar sobre isso.

Theo apertou a coxa de Jamie e soltou sua mão, esfriando-a


no copo que transpirava com a condensação.

— …Nenhuma fila no aeroporto também é ótimo. Mas a


melhor parte? — Leone disse — Tenho uma desculpa permanente
para evitar ajudar nas tarefas de outras pessoas. Precisa de ajuda
para mudar suas merdas para um apartamento novo? Desculpe,

não posso ajudar. Cega.


Sean zombou. — Vi como você é engenhosa. Não vou deixar
você escapar de me ajudar a me mudar.

— Planejando se mudar novamente tão cedo, está? — ela


disse.

— Meu colega de quarto canta por três horas todas as noites.


Eu não dormi a noite toda até começar a dormir na sua casa, linda.
— Se essa é a sua ideia de dormir, então…

Sean riu e a interrompeu com um beijo, poupando Theo dos


detalhes, graças a Deus.
Ben se aconchegou em Kyle. Confortável, relaxado. — Vocês

estão prontos para o casamento? — Theo gemeu com o lembrete.


O casamento estava a apenas duas semanas de distância. —
Encontrou um vestido, Leone?

— Essa é outra vantagem — disse ela. — Eu posso usar o


que diabos eu quiser. Que tipo de idiota vai me dizer que eu estou
feia?

— Bem… — Sean começou, ganhando um soco no ombro.


Um pouco mais alto e Leone teria acertado sua mandíbula – outra
vantagem de ser cega? Opa, eu não quis chutar suas bolas?

A conversa fácil continuou como se todos fossem amigos há


muito tempo. Kyle e Jamie discutiram as melhores raquetes de
Badminton e se deveriam se juntar ao time local. Ben e Sean

conversaram sobre algum jogo de que Theo nunca tinha ouvido


falar, enquanto Leone conseguiu que Theo fosse um cavalheiro e a
levasse ao banheiro.

Quando Theo e Leone retornaram, foi para uma cabine quase


vazia. Apenas Kyle estava sentado no banco, com os braços

estendidos sobre as costas, vendo a cena.


Ele olhou para Theo e disse: — Você e Jamie, com toda
certeza tem alguma coisa rolando.

Theo não se deu ao trabalho de negar.


Leone cuspiu seu gole ganancioso de Jack e Coca-Cola. —
Como você sabe?

Kyle deu de ombros. — Intuição. A carga de feromônios


sexuais saindo deles na quadra de Badminton. Ou talvez eu tenha
pegado os dois se tateando debaixo da mesa.

— Theo! — Leone disse, chocada.


Theo lançou um sorriso a Kyle e disse a Leone: — Bem, ele é
meu ariano. Altamente compatível sexualmente e tudo isso.
Leone riu. — Mamãe ficaria satisfeita.
— Vocês estão ficando sério? — Kyle perguntou.
O sorriso de Theo desapareceu. — Não.

— Amigos coloridos — disse Leone. — Certo, Theo?


Theo engoliu em seco. — Certo.
Ben voltou para a mesa e Theo o deixou passar. Sean e

Jamie seguiram com batatas fritas e molho. Sean não se incomodou


em sentar para se divertir. Uma nova música começou e ele pegou
Leone pela mão e a levou para a pista de dança.

Theo colocou um dedo no cinto do jeans de Jamie para forçá-


lo a se sentar, mas Jamie não se mexeu. Seu olhar fixou-se através
do salão e o pomo de Adão sobressaiu quando ele engoliu.

Theo seguiu seu olhar. — O que foi?


O suspiro de Jamie enviou gelo pelas veias de Theo. —

Charlie.
O ex-namorado dele estava aqui quando eles evitaram ir ao
bar de Jamie? Que tipo de merda é essa? O universo estava

mostrando o dedo do meio para eles ou o quê?


— Oh — Theo disse, a garganta fechada.
— Vou dizer olá.

Theo não gostou disso. — Essa é uma boa ideia?


Jamie lançou um pequeno sorriso meio tranquilizador. —
Você deu um bom exemplo outro dia com sua ex. Está na hora de

eu também deixar o passado para trás. Talvez possamos ser amigos


novamente também.
Theo não gostou nada disso.

Ele tentou encontrar algo a dizer para fazer Jamie ficar, mas
deixou escapar um suspiro trêmulo. — Ok, claro.
Ele agarrou a borda da mesa riscada até que seus dedos

doerem, observando Jamie se aproximar de um garoto bonito de


cabelos cor de cobre e bem vestido, cujos amigos pareciam
encantados. O que havia com seus olhos brilhantes? Ele tinha que

estar drogado.
Ben deslizou até o lado ele e seguiu seu olhar até Charlie. —
Rapaz bonito. O que o seu homem está fazendo se aproximando

dele? Isso faz parte do seu acordo?


Ele fechou os olhos por um momento, esperando que,

quando os reabrisse, Jamie terminasse de conversar com Charlie.


Não teve tanta sorte.
Theo não conseguiria comer batatas fritas agora. Ele bebeu

todo o refrigerante, o gás efervescente queimando sua garganta.


Theo estreitou os olhos quando Jamie e Charlie se
abraçaram. Jamie fez um gesto para o bar atrás dele e Charlie

apontou para uma cabine livre na qual seus amigos estavam se


amontoando. Jamie iria pegar uma bebida para ele para que eles

pudessem conversar.
Theo contornou a pista de dança e seguiu até Jamie, depois
mudou de rumo e foi até Charlie e companhia. Ele queria avaliá-lo e

ouvir sua voz. Queria saber por quem Jamie pensava que ele estava
apaixonado.
Ele desejou ter levado sua bebida. Isso tornaria a espreita

perto da mesa deles menos estranha. Felizmente, atrás da cabine


havia um quadro emoldurado de citações bêbadas e uma coluna
grossa de tijolos para se apoiar. Theo fingiu interesse em ler as

citações, enquanto olhava furtivamente para Charlie.


Ele não era tão bonito de perto. O nariz dele era torto demais
no final, as orelhas esticadas e... quem ele estava enganando?

Charlie era bonito, e a maneira como ele prendia a atenção de seus


amigos mostrava que sabia disso.

Theo parou, fingindo ler uma citação longa, quando ouviu um


dos amigos de Charlie dizer: — Quem é aquele cara?
— O meu ex.
— Ele é gostoso.

— Sim, mas depois que superei isso, não havia nada para
me manter lá.
Theo parou de fingir ler e virou, observando Charlie tirar a

franja dos olhos.


— Você terminou com ele, então?

Charlie deu de ombros. — Ele era um tédio, sabe?


Uma familiar camiseta verde apareceu na visão periférica de
Theo e ele virou para ver Jamie parado lá com duas cervejas. Ele

parou alguns passos da cabine e a tensão em sua postura fez Theo


sofrer. Ele ouviu Charlie. A luz nos olhos de Jamie apagou e ele
olhou por um momento para as cervejas antes de se virar e voltar

para a cabine deles.


Graças à coluna de tijolos, ele não achou que Jamie o tivesse
visto. Ele não tinha certeza se deveria ficar aliviado ou não. Ele

pretendia bisbilhotar, mas não esperava essa percepção do


doloroso rompimento.
A garganta de Theo parecia seca e seus punhos se fecharam

em bolas apertadas. Como Charlie ousa dizer isso sobre Jamie.


Como ele ousa.
Charlie ainda estava falando. — Sempre era sobre comer
bem, limpar e estudar. A única coisa interessante sobre ele era
como ele estremecia toda vez que entrávamos em uma loja que

tinha manequins. Acho que ele seria um amigo razoável, mas ele
não era um bom namorado.
Theo ficou furioso. Uma raiva ofuscante torceu em seu

intestino. Ele emergiu de trás da coluna e foi direto para a cabine,


olhando para a cara de pau de cabelos bronze e olhos brilhantes. —
Você está falando sobre Jamie Cooper?

Charlie deu-lhe um olhar assustado. — Isso não é da sua


conta.

— Na verdade, é da minha conta. Esse é meu melhor amigo


e se você está falando merda sobre ele, eu tenho um problema com
isso.

— Bem, eu tenho um problema com você se intrometendo


em uma conversa particular.
— Você está em um bar, nada é particular. — Através de uma

névoa vermelha, Theo se inclinou para frente, apoiando as mãos


sobre a mesa para não dar um soco naquele sorriso frio de
desprezo no rosto de Charlie. — Deixe-me esclarecer as coisas.
Um dos garotos bufou, cimentando ainda mais sua antipatia
por Charlie.

Theo continuou. — Jamie é o cara mais carinhoso, protetor,


determinado, genuíno e mais incrível que eu já conheci. Ele faria
qualquer coisa por aqueles com quem se importa, e garantir que

você coma bem, cuide de si e alcance seu potencial, faz dele a


melhor pessoa que você jamais poderia ter em sua vida.
— Bom soneto. Recite para ele.

Theo sugou a necessidade fervente de socar o rosto estúpido


de Charlie.
Poderia ter sido quase imperceptível para mais alguém, mas

Theo conhecia Jamie. Esse ligeiro amortecimento de seu olhar fez


com que Jamie se sentisse triste.

Charlie tinha que retirar tudo que ele disse, caramba.


— Lamento que Jamie tenha perdido o tempo dele com você.
Você não o mereceu.

Charlie levantou-se e empurrou Theo no peito, fazendo-o


recuar meio passo atrás. Ao longe, Theo ouviu vagamente seu
nome, mas manteve os olhos fixos em Charlie.

— Se manda de volta pro seu queridinho.


Theo jogou a mão para trás, pronto para socar o cara no

nariz idiota, mas alguém pegou o cotovelo dele e o puxou. — Uau.


Theodory, calma.
Sean agarrou o outro cotovelo de Theo e o puxou para longe

de Charlie através da pista de dança coberta de glitter.


— Porra! — Ele se libertou do aperto de Sean e fechou os
olhos com força, forçando seu lado racional a assumir.

Ele sentiu um cheiro amadeirado e de baunilha escura, e os


cabelos de seus braços e pescoço se arrepiaram.
Jamie pressionou a parte de baixo de suas costas e o

conduziu através da fila de recém-chegados do lado de fora.


Theo tinha as chaves do carro no bolso, mas caminhou até
um beco ao lado do bar e recostou-se na fachada de tijolos. Ele

deixou a cabeça cair para trás.


— O que você estava pensando? — Jamie disse firmemente.

Os olhos de Theo se encheram de calor. — Ele te insultou.


Jamie olhou para ele, longo e rígido. Ele estava chateado
com Theo? Finalmente, Jamie fechou e esfregou os olhos. —

Venha. Sean está levando Leone para o carro.


— Você o ouviu — Theo resmungou. Esta foi a pior parte de
tudo.
— Sim.

— Eu gostaria que você não tivesse — disse Theo.


— Essa é minha fala.

Theo estendeu a mão e segurou a camiseta de Jamie, depois


o puxou para mais perto, então mais perto ainda, até que a
respiração de Jamie bateu no queixo de Theo. — Ele não vale a

pena se preocupar.
Ele inclinou a cabeça. — Quem disse que eu estava
preocupado?

— Você não está?


— Com Charlie? Não.
— Eu ainda quero dar um soco nele.

— Que tal irmos pra casa para que você possa me divertir
com mais apostas de tudo ou do nada? Ou, melhor ainda, começar
a lavar roupas.

***

Eles chegaram em casa e Leone ligou a chaleira, ordenando


que Sean pegasse os biscoitos do armário de baixo. Jamie se
ocupou guardando seu equipamento de Badminton no armário de
utensílios.
Theo não conseguia comer nada e recusou a oferta de

biscoitos. Ele se sentou no sofá e olhou para Jamie quando ele


voltou com um sorriso fixo que não alcançava seus olhos e Theo

odiava. O sorriso era uma mentira.


Theo sentia a dor de Jamie como se fosse dele.

Sean se jogou ao lado de Theo, o segurou pelo pescoço e


bagunçou seus cabelos. — Eu decidi que gosto de você, cara.
Theo arrancou os nós dos dedos ossudos de Sean de sua
cabeça. — Eu ainda estou indeciso.
Sean riu e Jamie observou brevemente enquanto ajudava
Leone a tirar os saquinhos de chá de suas canecas. Theo sabia que

Jamie estava se esforçando ao máximo para agir normalmente e ele


desejava que Jamie desistisse da porra do fingimento.
— Honestamente, por um segundo eu hesitei antes de puxá-
lo de volta — disse Sean. — Eu queria que você batesse no filho da
puta.

Leone entrou na conversa: — Estou feliz que ninguém será


capaz de dar uma queixa. Theo, por quê fez isso?
Theo manteve a boca fechada. Ele se recusou a dizer as
palavras de Charlie. Do jeito que Jamie encarava a xícara vazia, as
lembranças estavam próximas o suficiente da superfície.

— Estou exausto — disse Jamie e apertou a mão no ombro


de Leone. — Desejo a todos uma boa noite. Sean, você faz o café
da manhã amanhã.
Então, com um simples olhar para cada um deles, ele se
arrastou até o quarto.
Sean plantou uma caneca quente na mão de Theo. Alguns

minutos depois, Theo ainda não havia tomado um gole de chá. Sean
estalou os dedos, forçando Theo a tirar a atenção lá de cima e da
porta fechada de Jamie e voltar à sala de estar.
— Você tem praticado Badminton às escondidas. Conte-me
sobre isso.
— Quer saber? Estou cansado também. — Theo levantou-se,

colocou a bebida intocada na pia e subiu as escadas.


— Seu quarto é naquela direção — brincou Sean. Theo
ignorou-o e continuou até o quarto de Jamie.
Theo entrou e fechou a porta suavemente. A lâmpada de
leitura ao lado da cama de Jamie estava acesa, lançando um brilho

suave sobre o quarto. Jamie não estava lendo, no entanto. Ele


estava deitado na cama, um braço torto sobre o rosto virado para
cima. Ele havia esquecido de tirar o relógio, mas as roupas
dobradas na poltrona sugeriam que ele havia se despido.
Jamie mexeu o braço como se fosse espiar por baixo dele e
depois mudou de ideia. Theo cerrou os dentes, desejando ter

acertado Charlie. Jamie pode ser bom em fingir que ele ficaria bem
e com certeza seria razoável, mas isso não era suficiente para
Theo. Ele precisava aliviar a dor. Jamie precisava saber que não era
verdade.
Precisava que ele soubesse que ele era o cara mais incrível
que Theo já conheceu.

Theo segurou a barra da camisa e a puxou por cima da


cabeça. Jogou-a sobre as costas da poltrona e fez o mesmo com as
calças. Ele também se livrou da cueca.
Theo deslizou nos lençóis frios e frescos, rolando de lado.
Nenhum deles falou.
Theo cuidadosamente abriu a trava do relógio de Jamie,

puxou-o e colocou-o na mesa lateral.


Jamie ainda não tirou o braço do rosto, mas seus dedos se
contraíram.
Descansando a cabeça no ombro de Jamie, Theo colocou a
mão no peito, os dedos deslizando sobre os pelos claros de Jamie.

Jamie puxou Theo para mais perto, a palma da mão roçando


as costas e quadril de Theo. A excitação endureceu seu pênis, mas
Theo ignorou. Os lábios dele estavam contra a pele de Jamie, e ele
os pressionou contra o calor, sentindo o coração de Jamie pulsar e
sua rápida inspiração.

Finalmente, ele tirou o braço dos olhos e segurou a nuca de


Theo. Seus olhos se encontraram, os segundos girando e se
entrelaçando até Theo ceder e não poder desviar o olhar. Ele não
queria.
Theo empurrou um pé contra Jamie e colocou uma perna na
cintura, apoiando-se. Ele se colocou contra Jamie, suas ereções

pressionadas juntas com uma explosão de desejo. Ele se conteve


para não se mover e passou os dedos pelos cabelos de Jamie,
colocando a mão na lateral do pescoço dele. Ele pressionou o
queixo de Jamie com o polegar e baixou a cabeça.
O beijo foi terno, sem pressa.
A respiração de Theo estremeceu quando eles se separaram,

e então ele o beijou novamente, saboreando a maneira como Jamie


se contraía e arqueava contra ele. Tremores o atingiram quando
suas línguas se tocaram.
Sentindo a necessidade de Jamie, Theo passou a mão pelos
dois paus e ele acariciou lentamente, extraindo todos os grunhidos,

suspiros e estremecimentos de Jamie que podia. Toda vez que


Jamie soltava, Theo absorvia tudo.
Theo beijou o pescoço de Jamie até o local em seu ombro,
que o fez estremecer com um gemido, e Theo retribuiu cada
grunhido, ofego e suspiro de ar até que não sabia mais qual era de
quem.

Theo sentiu o prazer de Jamie aumentar e, por causa disso, o


dele. Ele deu outro beijo e depois outro e outro. Ele não conseguia
ter o suficiente.
Jamie estava perto, e Theo sentiu as respirações curtas e
urgentes fazer cócegas no canto de sua boca. Seus olhares

travaram. Um momento de conexão – consciência surpreendente –


passou antes que o orgasmo os invadisse e eles parassem,
suspirando juntos enquanto seus gozos quentes se derramavam
sobre o estômago.
Relaxado, Theo desabou contra Jamie quando recuperaram
o fôlego, misturando a libertação em suas barrigas. Jamie flexionou
embaixo dele enquanto ele se mexia, pegando os lenços.
Theo levantou com um sorriso tímido e assumiu, limpando os
dois. Ele flagrou o rubor nas bochechas de Jamie enquanto esticava
a mão para o abajur. Theo fez isso acontecer.
Ele voltou para a cama e Jamie apagou a luz. Sem hesitar,
ele colocou Theo contra o seu lado.

Jamie fechou os olhos e suspirou. A sensação vibrou através


da mão de Theo, que estava contra a barriga de Jamie. Aquela
leveza doentia surgiu dentro, enchendo-o violentamente, insistindo
em fazer Theo encarar a verdade.
Ele tremeu ao lado de Jamie.
Ah.

Porra.
“E Leoninos? Não esqueçam de sorrir.”

Crystal dando a Theo e Leone seu horóscopo


diário.
21

Desta vez, as coisas ficaram estranhas.

Theo sentiu-se extremamente... consciente. Tão consciente


de que tudo o que ele fazia parecia exagerado. Tudo o que

importava era fazer Jamie rir. Fazendo Jamie discutir. Fazer Jamie
qualquer coisa.
No entanto, ele parecia estar fodendo tudo, porque na

semana seguinte, Jamie ficou distante.


Se Theo não o conhecesse bem, ele pensaria que Jamie
estava o evitando.

Jamie ainda estava lá, mas ele mantinha um certo espaço


entre eles. Quando Theo sentou no sofá ao lado dele, Jamie
levantou-se para fazer chá. Quando Theo tocou seu braço, Jamie se

afastou para verificar as horas no relógio. Quando Theo subia para

o quarto à noite, Jamie não viria para a cama até que Theo tivesse
adormecido – e ele acordaria primeiro pela manhã.

Quando Theo fingiu uma dor repentina e brincou sobre Jamie

não ter tesão por ele, Jamie ficou em silêncio. Ele engoliu em seco.
Então ele disse a Theo que tinha muita coisa em sua mente. Os
cursos de verão iriam começar na próxima semana e ele tinha muito

planejamento para fazer. Para ser justo, toda vez que Theo olhava
para o laptop de Jamie, ele estava trabalhando em apresentações

de slides de economia.

Acabou que Theo tinha surtado por estar com um cara, no


final das contas.

Ele correu, desviando de buracos enquanto tentava resolver

as armadilhas de sua nova situação, mas não foi muito longe.


Aquela angústia o picava como uma vespa maníaca e maligna. Por

duas vezes ele até parou, curvado sobre uma sarjeta.

Tudo o que ele conseguia imaginar era o vazio horrível que o


consumiria se ele perdesse o amigo.

***

As notas finais saíram.

Theo verificou seus resultados on-line enquanto Leone

experimentava um vestido. — Não pode ser muito curto ou muito

chamativo, lembre-se disso.


Leone puxou a cortina de separação e Theo parou de olhar

para a tela e a ajudou. Leone usava um vestido azul marinho com


fendas até a coxa. — Parece elegante para mim.
— Esse? Ou o vestido sinuoso? Qual deles fica melhor com

meu decote?

— Seu namorado não deveria estar aqui para isso?

— Quero surpreendê-lo. Deveríamos nos apressar porque

meu alarme tocou. Ele estará lá fora a qualquer momento.

— Tudo bem, esse que você está vestindo. Cobre mais.


— Então vou levar o outro.

Theo bufou uma risada e a ajudou a pagar no caixa. Depois

que eles saíram da loja e entraram no sol da tarde, Leone entregou

sua bolsa. — Leve isso para casa com você e enfie no meu

armário? E talvez faça algo sobre o que está deixando você

inquieto?

— Eu não estou inquieto. — Ele estava inquieto.


Sean fez sua presença ser percebida com um assobio,

depois passou um braço ao redor do ombro de Leone e a puxou

para um beijo.

— Essa é a minha deixa para ir embora — disse Theo. —

Aproveite seu jantar.

No ponto de ônibus, Theo continuou verificando suas notas.


Ele quase perdeu o ônibus quando viu um A+ próximo a economia
aplicada.

Ele socou o céu e correu para o ônibus. Mal podia esperar


para contar a Jamie. Não importava o constrangimento que estava

acontecendo entre eles, Jamie ficaria emocionado. Orgulhoso


também, como deveria ficar. Sem Jamie, isso nunca teria
acontecido.

Ele viu o carro de Jamie no meio-fio. Ele entrou em casa


animado demais para se preocupar em tirar os sapatos ou largar a

mochila. Ele correu para o armário de Leone, guardou o vestido e


depois subiu as escadas chamando o nome de Jamie.

Ele ouviu o chuveiro ligado e parou ao lado da cadeira da


mesa, colocando sua bolsa na mesa de Jamie. Por um momento,
ele pensou em se despir e se juntar a Jamie, mas decidiu não fazer

isso.
Theo procurou na mesa de Jamie um pedaço de papel para

rabiscar uma citação do dia. Ele abriu a gaveta da mesa de Jamie e


pegou um papel amassado.

Theo piscou. Olhou para o segundo pedaço de papel e o


terceiro. Ele engoliu em seco quando colocou o papel sobre a mesa
onde batia um pouco de luz noturna que entrava pela janela.

O chuveiro foi desligado. Ele ouviu os passos de Jamie.


Sua garganta se agitou e o calor queimou seus olhos. Ele

beliscou a borda da mesa com os dedos como se isso pudesse


deixá-lo de pé.

Isso não aconteceu.


Ele ouviu movimento atrás dele.

— Theo — disse Jamie. Uma gaveta abrindo e fechando. A


toalha molhada bateu por cima da porta. — Eu pensei que você ia
se encontrar com Ben e Kyle hoje à noite?

— Algo surgiu — disse Theo rigidamente. — Eu vim para


casa em vez disso. — Ele girou lentamente, esperando que seu

estômago fosse com ele. — Você está procurando outro lugar para
morar?
Jamie tinha uma perna na calça quando ele congelou. Ele

olhou para Theo e depois para os papéis sobre a mesa. Avisos de


procura-se companheiro de quarto retirados dos quadros de avisos.

Lentamente, Jamie parou e abotoou as calças. — Eu estava


pensando sobre isso. Caso fosse preciso.

Theo assentiu entorpecido. — Você estava pensando sobre


isso — ele repetiu, uma nova onda de dor passando por ele. —
Pensando em como você vai se mudar e nos deixar.
Jamie abandonou a camiseta e sentou na beira da cama, de
frente para Theo. Ele tentou pegar sua mão, mas Theo se afastou.
— Não é desse jeito. Eu só...

— Quer nos deixar.


— Não. Sim. Talvez seja melhor, mas...

Theo engasgou no segundo em que Jamie disse sim. Ele


empurrou a cadeira e pegou sua mochila. — Talvez seja melhor?
Jamie ficou de pé, esticando a mão para ele novamente.

Theo saltou fora de alcance. — Não me toque.


— Você precisa se acalmar para que possamos conversar

sobre isso corretamente.


— Você quer conversar? Você quer ser maduro com isso?

Aqui está o que eu penso: você está errado. Você, Jamie, que
sempre está certo, está errado pra caralho.
Jamie se manteve no controle, calmo, esperando uma pausa

para que ele pudesse dizer uma palavra. Ele não ia conseguir uma.
— Vai se foder, Sr. Jamie Cooper. Vai se foder. — Mas sua

voz o traiu.
Theo fugiu do quarto sem olhar para trás. Ele não suportaria
ver o rosto de Jamie quando ele percebesse o que aconteceu e em

seguida pensar em uma maneira gentil de terminar tudo com Theo.


Com o coração batendo forte, ele desceu as escadas três
degraus de cada vez.
— Eu menti, Theo — Jamie gritou do mezanino, mas as

palavras ricochetearam em Theo. Ele estava muito angustiado, triste


e envergonhado. Ele não aguentava mais. — Desde o começo eu

menti. Sobre aquela camiseta, eu menti.


Theo bateu a porta da frente e correu.

***

Jamie: Por favor, volte para que possamos resolver isso.

Theo: Pare de ser tão razoável!

Jamie: Por favorzinho?

Theo: Deixe um leonino se acalmar um pouco, certo?

Jamie: Isso significa que você voltará eventualmente? Ou

tenho que suborná-lo com promessas de lavar a roupa


durante o verão?
Theo: Mas você não estará aqui no verão.

Jamie: É complicado. Vamos ter essa conversa

pessoalmente.

Theo: Eu sei que conversar é a coisa mais sensata a se

fazer. Mas quero lamber minhas feridas em particular.

Jamie: Eu nunca quis te machucar. Essa é a última coisa

que eu quero. Posso ajudar a lamber suas feridas pelo

menos?

Theo: Pare com isso.

Jamie: Parar com o que?

Theo: De me fazer rir. Claramente, eu deveria estar

xingando você agora.


Jamie: Você pode me xingar na minha cara, eu não vou

parar você. Eu preferiria isso.

Theo: Estou desligando meu telefone agora, Jamie. Eu vou

te enviar uma mensagem mais tarde.

Antes de desligar o telefone, ele enviou mais duas


mensagens. Uma para Sean e outra para Leone. Theo foi de ônibus

até a pizzaria onde teve o encontro com Liz e perto de onde Sean

estava jantando com Leone.


Ele comeu uma fatia de pizza de pepperoni enquanto olhava

pela janela para o estacionamento. Toda vez que um carro

estacionava, seu estômago revirava e ele observava, cada vez

revivendo aquele momento em que Jamie chegou durante o


encontro. Aquela alegria repentina de formigamento.

A pizza estava pesada e gordurosa em seu estômago. Talvez

por isso, a maioria das pessoas opta por sorvete nessas situações.
A frieza ajudaria a entorpecer os nervos, a frustração e as ondas de

náusea.

Apenas a ideia de Jamie estar procurando outra casa...

Ele jogou o guardanapo usado no lixo e saiu do restaurante.


Hora da segunda parte de sua hora de lamentação.

Alex da pista de patinação não estava trabalhando hoje à


noite e Theo quase estremeceu entregando o dinheiro para o seu

equipamento. Famílias e grupos de amigos patinavam e riam

enquanto faziam rondas ao som da música.


Enquanto ele patinava sobre a madeira polida, “Safe and

Sound” do Capital Cities sacudiu as borboletas no seu estômago

enquanto pensava na primeira palestra sobre economia de Jamie e

na primeira vez em que ele e Jamie se encontraram quando ele


entrevistou Jamie para a vaga de colega de quarto.

Ele passou por outros patinadores, dando voltas rápidas,

determinado a se livrar dessa energia reprimida. Mas quanto mais


ele patinava, mais ele imaginava Jamie na pista. Como ele tropeçou

e escorregou. Como sua determinação enervante venceu quando

ele praticou e melhorou. Como Theo o provocou. Como eles fizeram

aquela aposta de verdade ou desafio.


Theo parou no ponto em que Jamie o assustou, gritando seu

nome e eles caíram juntos. Foi tão importante que Theo não

deixasse Jamie levantar até que ele sorrisse.


Essa também tinha sido a primeira vez que ele ficou excitado

por Jamie – e ele colocou a culpa no atrito.


Sério, Theo. Você é um idiota. Isso é um F na prova da vida.

— Theo!

Na beira da pista, Sean e Leone estavam acenando para ele.

Agradecendo suas estrelas da sorte, ele andou de um lado


para o outro da pista, acenando para um banco livre na parede dos

fundos. Sean ajudou Leone a movimentar-se no corredor apertado e

eles se sentaram ao lado dele, Leone franzindo a testa, Sean com


um olhar expectante.

— Você disse que precisava de nós? — Sean disse, seus

dedos brincando com uma mecha solta dos cabelos presos de

Leone.
Theo descansou o capacete entre ele e Leone no banco. Ele

se recostou na parede. — Conte-me sobre a camiseta vermelha.

Sean parou de enrolar os cabelos de Leone.


— Talvez Jamie deva te contar.

— Não. Você disse que deu a ele. Por quê? Conte-me tudo.

Leone descansou a cabeça no ombro de Sean. Theo havia

dito a ela como ele praticamente só usava aquela camiseta macia e


como as pessoas olhavam para ele como se ele fosse uma

aberração religiosa quando a usava. Ela sabia que ele adorava.

Aparentemente, ela sabia mais. — Você deveria contar a ele, Sean.


Sean lambeu o lábio inferior. — Eu disse a Jamie para lhe

contar isso. Ele disse que ia.


— Na noite em que você ameaçou chutar a minha bunda?

— Sim.

— Ele me disse que você descobriu sobre nós estarmos

dormindo juntos.
— Isso não é tudo e ele sabe disso.

— Então me conte. — Arrepio tomou conta dele quando

respirou nervosamente. — JLM. Não significa Just Like Me, não é?


— Sua voz engatou. — E também não significa Jesus Loves Me.”

A realização o acertou com um golpe forte e pesado como

um morcego no estômago, arrancando o ar dos pulmões.


Ai, Deus.

Jamie!

Lágrimas se acumularam nos cantos dos olhos, e ele

engasgou quando um sorriso enorme o encheu por dentro.


Sean fez hmmm, estudando-o antes de ceder. — Estávamos

no nosso último ano do ensino médio e eu estava apaixonado por

essa garota Rebecca. Eu não sabia o que fazer com a energia louca
e nervosa dentro de mim – eu queria mostrar a ela como me sentia.

Mas eu estava relativamente sem noção do que deveria fazer.


— Então, um dia, no meio do lago, depois de levar nossos
botes para a casa de Jamie – para o jantar, é claro –, perguntei o

que deveria fazer. Aconteceu que Jamie era um pouco mais sem

noção. Compre uma camiseta para ela ou algo assim? ele sugeriu.
Eu ri tanto que quase caí no lago. Esse tinha sido o gesto menos

romântico que eu já tinha ouvido falar e disse isso a ele.

— Naquele Natal, eu comprei para ele aquela camiseta


vermelha com as letras JLM. Como piada, eu o fiz prometer que

daria isso ao cara por quem ele se apaixonasse.

Com o olhar embaçado, Theo se concentrou no meio da

pista, nele e Jamie se olhando, a mão de Theo nos lábios de Jamie.


Olhando tão forte, ele quase podia sentir o peso quente e pesado de

Jamie e o sussurro de seu sorriso sobre as pontas dos dedos.

Sean continuou: — Jamie a guardou na gaveta por um longo


tempo. Ele me disse que iria dar a Charlie. Ele estava com ela na

bolsa na noite em que Charlie terminou com ele.


— Maldito Charlie — Theo murmurou, agarrando o banco
com força.

— Está vendo por que eu quase deixei você dar um soco


nele?
— Se eu o ver novamente, eu vou socar.
Sean balançou a cabeça. — Não, você não vai porque
Charlie nunca ganhou a camiseta.
Não, ele não tinha ganhado.

— Foi por isso que surtei daquele jeito quando vi você


usando. Eu já tinha visto vocês se enroscando na cama, mas não
sabia o que significava até ver JLM sobre seu peito.

Jamie Loves Me.


— Você já usa essa camisa há um tempo — disse Leone.
— Sim — ele conseguiu dizer de alguma forma, embora

tenha saído um soluço.


— Jamie me prometeu que lhe diria como se sente.
Theo esfregou o rosto. Os avisos de procura-se companheiro

de quarto. O "Eu estava pensando nisso. Caso fosse preciso" do


Jamie. "É complicado."
Quantas vezes Theo disse a ele que eles eram apenas

amigos coloridos? Não é à toa que ele tinha um plano B.


Jamie loves me.

O que ele tinha gritado com ele ao sair? Que ele havia
mentido desde o começo. Desde o primeiro beijo, aquele indiferente
Quem falou algo sobre se apaixonar?
Theo não conseguiu segurar. Ele pegou o telefone, ligou e
digitou uma mensagem.

Theo: Eu sei sobre a camiseta.

Jamie: Prefiro não falar sobre isso por mensagem de texto.

Jamie estava certo. Sua resposta não podia vir apenas

através de algumas palavras ruins que zumbiram no ar para o


telefone de Jamie. — Tem que ser memorável — disse ele para si
mesmo. — Eu tenho que torná-lo memorável.

O que você quer dizer? — Leone disse.


Ela tinha um sorriso suave e aliviado no rosto, como se
estivesse esperando por esse momento por um longo tempo. —

Você sabia, não sabia? — ele disse.


Leone inclinou a cabeça. — Eu imaginei.
— Por que você não disse alguma coisa?

— Não era para eu dizer, é? Você tinha que descobrir por si


mesmo.

— Eu tenho sido tão cego.


— O mais cego de todos — disse ela. — Como assim,
memorável?

Theo passou a mão pelos cabelos emaranhados por causa


do capacete. — Eu não quero ser um leonino preguiçoso sobre o
que vem a seguir.

As sobrancelhas de Leone se ergueram enquanto as de Sean


se juntaram.

A sensação doentia, leve e sinuosa em seu intestino agora


parecia estar disparando por seus pés. Ele tinha certeza de que
cairia se tentasse se levantar, mas ao mesmo tempo, isso o fez

querer rir. — Estou dando a ele dois dias.


— Dois dias? — Perguntou Sean.
— Antes de falar com ele.

— Isso é tortura.
— Não. — Theo apertou o telefone, entrelaçando os dedos e
esboçou um plano. Leone adorou. Sean parecia um pouco

desconfiado, mas depois assentiu e disse que gostou da ideia. —


Essa é a minha versão de uma camiseta vermelha.

***
Theo: Você confia em mim?
Jamie: Sim.

Theo: Que bom.

Jamie: Por quê?

Theo: Me dê dois dias e siga duas regras. Sem tocar. Sem


falar.

Jamie: Apenas ouvir?

Theo: E assistir.
“Lembra do seu bom amigo Darwin, Theo?”

Jamie depois que Theo fez outra coisa idiota.


22

Theo: Eu acordo desejando que você já estivesse olhando


para mim.

***

Theo dobrou a roupa de Jamie na mesa da cozinha. Ele tinha


quatro pilhas arrumadas quando Jamie saiu do quarto. Em cinza e
preto, Jamie olhou para ele do mezanino. Um formigamento sob sua

pele fez Theo soltar a camisa de Jamie. Ele a pegou antes que
caísse no chão.
Por duas vezes Theo viu o peito de Jamie inchando como se

estivesse prestes a falar, e duas vezes Theo lançou um olhar até

Jamie desistir, apoiou os braços contra a grade de madeira e


simplesmente observou.

Um ferro e tábua de passar entraram no jogo, e foi aí que as

coisas ficaram complicadas. Theo geralmente não passava roupa.


Ele sabia como era feito. Em teoria. Ele simplesmente não
conseguia se lembrar da última vez que fez isso. Ainda assim, não

poderia ser muito difícil.


Vapor borrifou como uma nuvem por toda a camisa de Jamie

– a que ele mencionou que iria usar em sua primeira palestra de

verão.
— Merda! — ele gritou e levantou um dedo para impedir

Jamie de correr e salvá-lo, enquanto rezava para que passar o ferro

sobre as gotas molhadas resolvesse o problema.


Por mais que passasse o ferro, ainda havia vincos e ele

passou uma dobra na parte de trás da camisa. Porra.

O telefone de Theo tocou no bolso. Ele olhou para um Jamie


divertido segurando o telefone.

Deixando o ferro de lado, ele conferiu a mensagem.

Jamie: Sem tocar. Sem falar. É permitido rir?

Theo olhou para ele e fez uma careta, depois assentiu. Risos

suavemente retumbaram do mezanino. Quando ele terminou, pegou

a roupa limpa de Jamie e subiu as escadas para o quarto.


Jamie hesitou, mas se afastou e o deixou colocar tudo onde

pertencia.
Theo precisou de cada centímetro de força de vontade para
resistir a deixar cair as roupas e pular nos braços de Jamie, mas ele

continuou. Ele tinha algo a dizer e estava dizendo.

***

Theo: Você me faz querer ser uma pessoa melhor, que

come vegetais de verdade.

***

Theo tinha saído para fazer compras durante a tarde,

enquanto Leone e Sean levavam Jamie para uma tarde no parque,


e agora ele estava de volta em casa olhando um monte de legumes

frescos.

— Sra. Cooper? — Theo disse na linha. — É Theo aqui.

Jamie é o meu...

— Eu sei quem você é. — A sra. Cooper riu. — Por favor, é

Penny.
— Estou perdido, Penny.
— Metaforicamente ou literalmente?

— Estou na cozinha.
— Oh céus. — Ela riu. — Cadê meu filho?

Theo ouviu os sinais reveladores de uma chave entrando na


fechadura e a porta da frente se abrindo. Leone, Sean e Jamie
estavam conversando em voz baixa.

— Ele acabou de chegar em casa.


— Ele não pode ajudá-lo?

— Esse é o X da questão, Penny — disse ele enquanto


Jamie entrava em casa sozinho. Leone e Sean haviam escapado.

Theo fixou o olhar em Jamie e lutou contra outra explosão de


necessidade de atravessar a ilha da cozinha e atacar Jamie no sofá.
— Jamie me mostrou uma vez como fazer lasanha de legumes - a

variação que não é de microondas.


As sobrancelhas de Jamie se ergueram quando ele se

recostou no sofá.
— Só que… — continuou Theo, — eu meio que não estava

prestando atenção.
Jamie balançou a cabeça, uma pequena contração no canto
da boca.
— Eu estava esperando que você pudesse me ajudar desta

vez?
— Diga-me onde você está — disse ela.

Ele olhou para os produtos na ilha diante dele. — Eu tenho


vegetais.

A sra. Cooper suspirou, mas Theo também sentiu um sorriso.


— Que vegetais, Theo?
Estreitamente, Theo seguiu as instruções de Penny,

mantendo o telefone no viva-voz para que pudessem conversar


enquanto ele trabalhava. Uma vez, Jamie tentou falar com sua mãe,

mas Theo apontou uma colher de pau para ele e ele recuou,
jogando as mãos para cima, diversão e carinho brilhando em seus
olhos.

Entre as instruções, Theo perguntou como estava a Sra.


Cooper e o que ela andava fazendo desde que a haviam visitado.

Quais eram seus planos para o verão.


— Leone e eu estaremos em Minneapolis no final de julho.

Não sei os planos de Jamie, mas talvez eu possa pegar um ônibus


por uma noite? Você pode fazer aqueles deliciosos biscoitos. E eu
posso comê-los.
Ela riu, tão calorosa e feliz. — Acho que vocês dois
acertaram as coisas, então.
Theo sentiu o olhar de Jamie queimar nele. Quando ele

olhou, Jamie estava quieto, possivelmente prendendo a respiração.


— Vamos apenas dizer que estou feliz que você não ficou com a

cegonha.

***

Theo: Eu quero sempre protegê-lo de babacas que o

insultam.

***

Theo passou a noite de domingo trancado em seu quarto,

deitado na cama. Ele terminou uma das ligações que tinha que fazer
e fez a outra. As tábuas do andar de cima rangeram e gemeram.

Theo imaginou Jamie andando repetidamente de sua mesa até o


corredor.
Theo sorriu. Telefone pressionado no ouvido, o silêncio após

seu anúncio. Ele pegou o pacote aberto de passas cobertas de


iogurte ao lado dele e arrancou os dois últimos. Ele as jogou na
boca, saboreando a doçura.
Depois de alguns minutos, ele se despediu e desligou. Uma

risada suave o deixou quando ele rolou e jogou a embalagem no


lixo. Ele caiu de costas, um braço estendido na direção da mesa de

cabeceira, os calcanhares nus deslizando sobre o edredom


enquanto ele levantava os lençóis.
Ele enfiou a mão embaixo do travesseiro e tirou o envelope

que havia escondido ali. Ele o encontrou preso na porta do quarto

depois de voltar para casa do supermercado esta tarde. Um


envelope azul com o nome dele - a letra de Sean, pelo que parece.

Todo o conteúdo era de Leone. Ele revirou os olhos enquanto

tirava o papel dobrado mais uma vez.

Olhando de volta para ele, havia um quote do horóscopo


anual que sua mãe enviou no começo do ano.

Não temas a rejeição e o coração partido, Leonino. Mantenha


sua cabeça erguida, seja seu eu ardente e apaixonante e as

pessoas certas gravitarão para você, talvez até uma alma

gêmea entre elas.


Theo leu e releu. Essa era a parte que ele mais temia. A

amizade de Jamie era a coisa mais importante para ele e ele não
queria perdê-la. Aqueles pensamentos fugazes de ‘e se’ o deixavam

nervoso, mas Leone estava certa. Se entregar era a coisa mais

emocionante, aterrorizante e esperançosamente recompensadora


que ele faria.

Theo desligou a lâmpada, enfiou os dedos inquietos embaixo

da cabeça e sorriu para as tábuas do piso ainda rangendo acima.

***

Theo: Você não é a melhor parte do meu dia, você faz o


meu dia.

***

Era a segunda vez que Theo assistia a uma palestra sobre

economia keynesiana e a segunda vez que manteve os pés

firmemente plantados no chão – embora sua perna esquerda


estivesse batendo levemente no tapete desgastado em antecipação.

Ele esfregou as mãos sobre as coxas pela milionésima vez.


Ajudou que ele se escondeu na última fileira da sala de

palestras e não achou que Jamie o tivesse visto ainda.

Não ajudou que Jamie parecesse tão bom na frente da classe


cheia de estudantes no verão. Ele usava calça cáqui e a camisa que

Theo havia passado, aberta na gola. Casual e confiante. Ele era

envolvente e despertava curiosidade. A sala inchou de excitação

coletiva – a economia nunca foi tão divertida.


A palestra de Jamie fluiu, sua paixão irradiava, e ele

respeitava os alunos enquanto eles respondiam às perguntas e

Jamie os ajudava cuidadosamente a navegar pelos conceitos mais


complicados.

— Você pode adaptar e aplicar essa teoria a muitas facetas

da vida — disse Jamie. Como a primeira vez que deu a palestra, ele

esboçou alguns exemplos, usando alunos da platéia para manter a


palestra interativa.

Essa era a hora certa.

Theo levantou a mão e acenou apenas o suficiente para


chamar a atenção de Jamie. Quando Jamie o viu, sua postura ficou

rígida, ele piscou rapidamente e depois o olhou abertamente, com a

boca aberta – e então deu uma risada espontânea que agitou a

classe e os fez olhar para Theo.


Jamie olhou para a camiseta JLM espreitando sob a jaqueta

de couro de Theo e seu rosto brilhava. — Sim, I-L-Y?


A emoção daquelas letras faladas quase o deixou sem

palavras. — Tenho outra área da vida à qual o efeito multiplicador

pode ser adaptado — ele conseguiu dizer de alguma forma.


Um sorriso largo. — Por favor, esclareça.

Theo recostou-se na cadeira e respirou fundo. Ele mostrou

suas covinhas para Jamie. — Amor.

— Amor. Por favor, elabore. — Havia uma ponta de


desespero na maneira como ele enfatizou, por favor, dizendo a

Theo que precisava ouvir isso.

— Imagine que uma pessoa investe muito em um


relacionamento; por exemplo, cozinha, limpa e ajuda nos estudos

para mostrar que se importa e ajuda a tornar o outro o melhor

possível. Ela demonstra o que acredita que seja o significado do

amor. Essa pessoa inspira confiança que o incentiva a querer lavar


a roupa, cozinhar e fazer você sorrir.

— Você está sugerindo que uma abordagem keynesiana do

amor poderia funcionar? — Jamie perguntou. Ele deu alguns passos


pelo corredor, sua voz transmitida por toda a sala, mas Theo sentia

todas as nuances dele.


Theo sentiu-se leve, como se suas palavras tivessem tomado

todo o seu peso. — O que você acha, Sr. Jamie Cooper?

***

Theo: Eu não quero BEIJAr você. Eu quero te beijar na

frente de todo mundo. O tempo todo.

***

Assim que a palestra terminou e os alunos correram pelos


corredores para prender Jamie em uma conversa, Theo e Jamie se

entreolharam por um momento prolongado e arrepiante antes de

Theo se afastar.
Agora ele dependia de Sean e Leone para dar instruções a

Jamie para o último gesto de Theo.

— Muito obrigado por isso, Alex — disse Theo, entregando-

lhe uma playlist de músicas cuidadosamente pré-selecionadas.


Ele pegou um conjunto de equipamentos de patinação no

balcão. O outro conjunto esperava por Jamie. — Ligue a música

assim que ele chegar às portas da pista.


Com borboletas festejando no estômago, Theo desapareceu

na pista de patinação vazia, vestido com seu equipamento e rolou


para o chão polido. A iluminação de neon jogava luzes azuis e

verdes na madeira e Theo patinou através delas. Uma vez, duas,

três vezes ele deu voltas, indo mais rápido, impulsionado por essa

leveza recém-definida que se estendia por todos os seus membros.


Ele parou no centro da pista, no mesmo instante em que as

portas da pista de patinação se abriram e Jamie entrou, os cabelos

levemente chicoteados pelo vento, as bochechas coradas, os olhos


brilhantes e concentrados atentamente em Theo.

Theo ficou sem fôlego quando aquelas borboletas

aumentaram o ritmo.
No corredor que ligava as pistas, Jamie amarrou o capacete,

os olhos fixos em Theo. A música estalou nos alto-falantes e "You

Are the One That I Want" tocou na sala.

Theo mostrou as covinhas com força total e acrescentou um


movimento de sobrancelhas.

Os lábios de Jamie se curvaram e ele enfiou os pés nos

patins, puxou os cadarços, amarrou-os e rolou na pista em direção a


Theo. Jamie se moveu com pose e propósito, e isso causou um

delicioso arrepio sobre ele.


Com um deslize firme e tranquilo, Jamie virou-se para ele e
Theo mudou de direção rapidamente. Jamie se virou. Calmo e

controlado. — Você tem praticado — disse Theo.

O sorriso de Jamie cresceu. — Eu esperava que isso fosse


útil em algum momento.

Mais uma vez, Jamie se lançou para ele e Theo saiu do

caminho.
— Por que patinar? — Os olhos de Jamie brilharam como se

ele já soubesse o porquê.

— Estou encenando nosso primeiro encontro — disse Theo,

patinando lentamente para trás, chamando-o para segui-lo.


— Aquele foi o seu encontro com Liz.

— Mas não foi, foi? — Theo abaixou a voz. — Passei a noite

inteira patinando com você e nunca quis parar.


A garganta de Jamie se projetou quando ele engoliu em seco

e ele ganhou velocidade.


Theo patinou para trás, curvando no final da pista, Jamie
muito perto de cair sobre ele. — Desta vez, no entanto — Theo

limpou as borboletas tentando sair pela garganta. — Desta vez,


quero deixar claro. Você é quem eu quero.
Jamie avançou e Theo quase o deixou pegá-lo naquele
momento. Quase. O rosnado de Jamie foi direto para o pênis de
Theo e ele pulsou, diminuindo seu deslize. A música "One Way or

Another" tocou a seguir e Jamie deu a ele um sorriso diabólico. —


Eu vou pegar você até o final desta música, Theo. Não se engane.
Theo chupou o lábio inferior. — Isso é uma promessa?

Os olhos de Jamie se estreitaram na boca dele. — É, e


quando eu o fizer, Vamos sair daqui imediatamente.
Theo balançou a cabeça e riu. — Mas eu tenho uma hora

inteira de músicas para você. Músicas para contar tudo sobre como
eu me sinto. Quão cego eu fui e...
— Eu não preciso ouvi-las — disse Jamie. — Assim como

você não precisou me fazer suas perguntas cruciais de encontros.


Eu já sei.
Jamie rolou mais rápido, como se ele estivesse

propositalmente se segurando. Ele pegou Theo desprevenido,


dando uma vantagem a Jamie. Theo ainda poderia ter saído de seu

alcance, mas as próximas palavras de Jamie o renderam. — Tudo


que eu quero é te abraçar, Theo. Eu quero te abraçar e te beijar. E
então eu quero te levar para casa e...
Jamie estendeu a mão e apertou os braços de Theo e eles
giraram até parar, tontos. A perna de Jamie estava entre as de
Theo, encostando contra sua virilha endurecida. Jamie passou as

mãos para cima e para baixo na camisa JLM. Ele não usava seus
protetores de pulso e Theo sentia o calor de Jamie afundar no

material fino. Os capacetes deles bateram quando Theo levantou o


queixo alguns centímetros. O olhar de Jamie acariciou seu rosto e
Theo tremeu com o quanto ele precisava que Jamie o beijasse.

Quanto ele precisava beijar Jamie.


Seus lábios se encontraram no meio de um beijo contundente
e carente que Theo sentiu ecoar em seus dedos das mãos, pés,

pontas de suas orelhas, base de sua coluna, pênis – definitivamente


seu pênis, o enfraquecimento de seus joelhos, o topo de seus
tornozelos onde os patins esfregavam.

Theo ofegou no beijo quando ele arrancou os protetores de


pulso e os jogou para o lado. Ele passou as palmas das mãos livres
sobre os ombros de Jamie até a nuca, massageando e roubando

um gemido. A ereção de Jamie pressionou com força a coxa de


Theo e ele colocou os quadris nela. O prazer passou por ele e ele

perdeu o equilíbrio e rolou para trás bruscamente. Jamie o segurou


pelos cotovelos e Theo sentiu o sorriso de Jamie se misturar em seu
beijo.

Eles se separaram alguns centímetros, a respiração quente e


pesada entre eles. — Vamos para casa, Jamie. Ou vamos macular
esta pista de patinação.

***

Theo: Juntos, poderíamos enfrentar o mundo e dois

eventuais anjinhos.

***

Theo havia pegado emprestado o carro de Sean, o que


significava que ele e Jamie tinham que dirigir separadamente.

Pareceu uma eternidade até Theo estacionar, Jamie logo atrás dele.
Theo saltou do carro e entrou na casa vazia alguns passos à
frente de Jamie. Então ele estava tirando a roupa na escada

enquanto corria para o quarto de Jamie. Ele tirou a jaqueta de


couro, tirou a meia esquerda e depois a direita. Ele parou no meio
do caminho para tirar o jeans e pisou neles para soltar os pés. Com

uma risada calorosa, Jamie seguiu rapidamente atrás dele pegando


a trilha de roupas abandonadas de Theo.
Theo abriu a porta de Jamie e pulou na cama, rolando de

costas, braços abertos, pernas ligeiramente abertas.


Jamie parou na porta quando viu Theo em sua cama,
vestindo apenas as cuecas que usou na entrevista com Jamie e a

camisa JLM. Eles se entreolharam, a tensão entre eles tensa e


faiscando. Theo ergueu os calcanhares e deixou a perna cair para o

lado. Uma ereção esticou sua cueca.


Jamie estava vestido demais.
Ele seguiu o pensamento de Theo, porque entrou no quarto,

jogou as roupas coletadas de Theo no chão e fechou a porta.


Cuidadosamente, ele abriu o relógio e o colocou em sua estante.
Ele abriu os botões da camisa e a tirou.

— Quatro — disse ele, os olhos cinzentos firmando Theo.


Jamie jogou a camisa por cima do ombro e ela caiu na maçaneta da
porta.

— Quatro o que? — Theo apalpou seu pau dolorido.


A regata de Jamie caiu na poltrona. — Quatro anjinhos.
Calças foi jogada no chão ao lado da cama e Theo mostrou
as covinhas.
— Três.

Jamie tirou a cueca boxer e o colchão balançou enquanto


Jamie fazia um trabalho ainda mais rápido de subir na cama e deitar
sobre Theo.

— Perfeito — disse Jamie, seus narizes batendo levemente.


Theo admirou o pau grosso de Jamie se esfregando contra o
seu. Ele arqueou no peso de Jamie.

— Mas eu acho que — disse Theo, erguendo o queixo, —


primeiro vem alguns beijos?
Suas bocas se encontraram em um beijo quente e

desesperado que roubou Theo de todos os pensamentos, exceto


um: mais. Ele precisava estar mais perto. A mão dele ficou presa

entre os corpos quentes deles enquanto empurrava a cueca o


suficiente para libertar o pau, depois ofegou quando Jamie cuspiu
na palma da mão e pegou os dois com força.

O frenesi diminuiu com uma força de vontade enorme de


ambas as partes.
Eles se aninharam, ainda duros, ainda esfregando, mas o

foco havia mudado.


Jamie falou primeiro depois do toque mais suave de seus
lábios na ponte do nariz de Theo. — A coisa mais estúpida que eu

disse foi que eu só queria entrar nas suas calças. Que eu não ligava
para me apaixonar. Era mentira, Theo. Eu já te amava na primeira
vez que te beijei e te amo mais agora.

Theo absorveu a declaração e esfregou a bochecha sobre a


barba por fazer de Jamie. Um tremor de nervosismo o deixou ainda
mais nervoso e ele recorreu à sua resposta decorada. — Você

deveria saber que esse toque no... meu ego está muito gostoso.
Isso lhe rendeu um leve puxão nas bolas.
Theo balançou suavemente e beliscou a pele do pescoço de

Jamie. Seu suspiro aqueceu o ar entre eles. — Acho que, do meu


jeito, eu também estava mentindo. Para mim mesmo. Eu tenho
esses sentimentos há um tempo. — Theo passou os dedos pelos

cabelos de Jamie, estudando a bela alegria em seu rosto. — Eu só


os compreendi na noite em que nós... depois de Charlie. Não sabia

o que fazer com os sentimentos e então vi os papéis procurando


colega de quarto.
— Comecei a procurar quartos porque achei que meu

coração poderia quebrar se você não me quisesse de volta. Eu


precisaria sair.
Theo engoliu em seco. — Apenas a ideia de você ir embora
ainda me deixa louco. — Ele fechou a mão e bateu contra a

omoplata de Jamie.
Isso só fez Jamie sorrir.

Theo perguntou: — Quando você soube que estava se


apaixonando por mim?
— Cedo.

— O que há com a contração de seus lábios?


— A primeira vez que tomamos café na quinta-feira. O dia em
que você bebeu ar.

Theo sentiu o calor subir pelo pescoço e pelas bochechas. —


Não sei por que fiz aquilo. Você me deixava nervoso até naquela
época, eu acho. Eu não sabia o que fazer comigo mesmo. Olhando

para trás, está claro que gostava de você. Eu estava com tanto
medo de perder nossa amizade que me impediu de me deixar ver
isso. Nós. Esse nós.

Eles se beijaram novamente. Theo gemeu e empurrou contra


Jamie, querendo sentir mais. Tristeza, felicidade, esperança e

desejo se juntaram entre seus estômagos.


Theo olhou para a mesa lateral, para os suprimentos que
havia comprado e colocado mais cedo naquele dia. — Eu preciso
que você faça amor comigo agora.

— Eu pensei que você não acreditava em fazer amor?


— Com você, acredito em qualquer coisa.
Um giro de quadris e uma onda de arrepios excitados. Jamie

tirou a cueca do Theo. — Você vai ficar com a camisa.


Jamie subiu a camisa até o queixo de Theo e beijou o peito,

esbanjando atenção aos mamilos sensíveis e fazendo-o se


contorcer.
Lubrificante entrou na equação, e o líquido frio encontrou os

dedos que gentilmente tocaram sua bunda. Eles haviam feito isso
antes. Mas hoje à noite, Theo teria Jamie preenchendo-o e o
pensamento o fez foder os dedos de Jamie em antecipação.

Quando Jamie engoliu seu pau duro até a base, Theo agradeceu
suas fodidas estrelas da sorte.
Jamie chupou enquanto o preparava, então ele torturou tirou

o dedo de Theo e se levantou para beijá-lo nos lábios. — Eu gosto


de como faço você se contorcer.
Uma pequena risada escapou dele quando Theo relembrou

fugazmente os últimos dois dias. — Eu também. Você estava tão


perto de pular em mim ontem, não estava?
A camisinha saiu da embalagem e Jamie a colocou. Passou
um monte de lubrificante em seguida. Ele levantou a perna de Theo
– dedos molhados agarrando sua coxa. — Tomei muitos banhos

frios.
Theo sorriu e levantou para mais um beijo. — Você pode
pular em mim agora.

Jamie se posicionou, tocando seu pênis na entrada de Theo.


Por um momento, Theo se contraiu e ficou rígido, apesar do desejo
de que isso finalmente acontecesse.

Jamie deve ter sentido, porque ele parou e beijou o interior do


joelho de Theo. Sua boca se separou e Theo interrompeu o

processo. Podemos adiar isso, ele tinha certeza de que Jamie


ofereceria.
Theo se acariciou. — Continue, Jamie.

Jamie manteve o olhar nele enquanto ele avançava para


dentro, sua expressão concentrada, intensa e depois relaxando
quanto mais ele enchia Theo.

Observar o rosto de Jamie fez a ardência e o desconforto


valerem a pena. Ele faria qualquer esforço para fazer Jamie gemer
febrilmente.
Jamie estocou lentamente, suas bolas batendo levemente na
bunda de Theo. O aperto de Theo nos lençóis afrouxou enquanto

ele relaxava.
Jamie mudou de ângulo e quando ele empurrou, Theo
ofegou. — Mais disso — ele disse e encontrou o próximo impulso de

Jamie em uma necessidade desesperada de sentir aquela pressão


agradável novamente. Toda vez que Jamie entrava nele, Theo
sentia necessidade de mais, mais, mais rápido. Ele disse isso e

Jamie deu a ele.


A onda de pressão cresceu e ele gemeu alto quando Jamie
agarrou seu pau e acariciou junto com as estocadas. Deixando-o no

limite. Theo choramingou quando o prazer o atingiu e seu orgasmo


veio em ondas grossas e rápidas e ele gozou na mão de Jamie.

Jamie estocou mais algumas vezes, empurrando todo o


caminho até a base e enrijeceu quando ele chegou ao clímax, o pau
pulsando dentro de Theo, fazendo-o se contrair.

Jamie soltou um gemido estrangulado, e seu peso era quente


e aconchegante quando ele desabou sobre Theo e juntou suas
bocas.

Todas as partes de Theo pareciam sensíveis. Até a


respiração de Jamie atingindo sua garganta o fez estremecer.
— Definitivamente vamos ter que fazer isso de novo. Muito.

Jamie riu quando ele escorregou para fora dele e lidou com a
camisinha e pegou uma toalha quente para limpar o pouco de gozo
que havia vazado da mão de Jamie.

Com os olhos semicerrados e um sorriso bastante satisfeito,


Jamie se deitou ao lado de Theo e alisou a camiseta. — É oficial.
Você é incrível de todas as maneiras possíveis. Aqui — ele tocou a

cabeça de Theo. — Aqui. — Tocou o coração de Theo. — E aqui. —


Ele deu um tapa na bunda de Theo. — E eu estou muito
empenhado em fazer isso de novo. Muito.

Jamie deslizou as pontas dos dedos sobre o braço de Theo,


do ombro até o queixo. Seus lábios roçaram juntos. Theo fechou os
olhos e saboreou a sensação. A gentileza, o deslizamento da língua

em seu lábio inferior, a eletricidade zumbindo quando as pontas de


suas línguas se tocaram.

Seu batimento cardíaco acelerou no peito e ele estava sem


fôlego.
Tudo isso... os dois juntos, o fez tremer por dentro, o fez rir.

Jamie se afastou, observando com uma expressão levemente


divertida que fez Theo prometer assumir todos os riscos e violar
todas as leis, desde que ele pudesse causar isso de novo. E de

novo, e de novo, e de novo.

***

Theo sabia que Jamie tinha que dar uma aula no final da

manhã, mas Jamie deu de ombros. Ele viveria só dormindo duas


horas ou menos se ainda tivessem mais a dizer.
Theo ainda tinha mais a dizer.

— Eu disse à minha mãe sobre nós. — Theo alegremente se


aconchegou contra o lado de Jamie. — Eu a deixei sem palavras.
Minha mãe!

— Eu gostaria de ter ouvido. Ou não ter ouvido, no caso.


— Quando ela encontrou a voz, ela disse que estava feliz por
nós e que estava escrito nas estrelas desde o começo. — Theo

pressionou a palma da mão na bochecha áspera de Jamie. — Eu ri


pra caralho, Jamie, porque ela estava certa. A prova está lá, em
nosso histórico de bate-papo, quando eu disse...”

— Você disse que era o destino.


Theo engoliu seco, garganta seca. — Sim. — Ele começou a

piscar rapidamente, o calor subindo pelo peito e pescoço.


Theo beijou Jamie novamente, antes de se afastar. —
Minneapolis em julho!”
Jamie puxou esse fio de pensamento para algo mais

coerente. — Que tal irmos até a sua mãe e depois irmos para a
minha juntos?

— Ela gostaria disso. Eu gostaria disso. Elas gostariam disso.


Porra. Todos nós gostaríamos disso.

Jamie entrelaçou os dedos nos deles. — Quando voltarmos –


e leve o seu tempo para considerar os componentes emocionais e
financeiros – e se nós compartilhássemos um quarto?
— E alugar o outro?
— Essa seria a parte econômica, sim. Poderia ajudar a
financiar o ano do seu mestrado.

Theo bateu na têmpora de Jamie. — Você não é apenas um


rosto bonito. Vamos fazer isso.
Jamie deu um tapa na bunda dele e depois se abaixou para
beijá-lo melhor. — Espere o verão acabar.
— Eu vou. Independentemente da parte financeira, gosto da

ideia.
“Você parece que está confortável aí.”

Jamie ao encontrar Theo enrolado em sua cama.


23

O pavilhão ao ar livre apresentava vigas expostas, lustres e

cerca de um milhão de pisca-piscas. Luzes que refletiam no lago


que cercava o local da recepção.

Longe daquela ponta do pavilhão, Theo estava sentado em


uma das mesas cobertas de azul na beira da pista de dança. Ele
apoiou um cotovelo na borda da mesa e mordeu a ponta de uma

caneta que ele havia pegado do livro de assinaturas. Emprestado.


Ele colocaria de volta em breve.
Entre os cem convidados do casamento sentados ou

dançando, Theo procurou por Jamie, que levou Leone para uma
valsa enquanto Sean saía para verificar quantos barcos a remo
estavam disponíveis.

Kyle e Ben estavam colocando chocolates com menta na

boca um do outro e beijando manchas de chocolate.


— Ele está lá — Ben chamou Theo, apontando para o

convés.

O estômago de Theo revirou, como sempre que via Jamie.


Ele se inclinou em seu terno perfeitamente ajustado contra uma
grade de madeira ao lado de Leone, uma mão no ombro dela

enquanto falavam. Ela disse algo que fez Jamie acender e olhar
para encontrar Theo.

— Você está tão doido por ele — disse Kyle. — Você pode

dizer qualquer merda que quiser sobre ser só amigo colorido, mas
eu não acredito nisso nem por um segundo.

Theo arrastou a ponta da caneta pela mandíbula e colocou a

ponta no leque de origami creme, tomando cuidado para não borrar


a tinta. Ele escreveu uma citação do dia, tampou a caneta e

redobrou uma extremidade do leque de papel. Colocou-o no bolso

do peito e olhou para Ben e Kyle.


— Você está certo — ele disse rápido — Você não deveria

acreditar.
Ao mesmo tempo, Ben e Kyle disseram: — Eu sabia!

Ben se inclinou para frente, passando os dedos sobre a

pluma de velas. — Quando você descobriu que era mais?

Mãos quentes se curvaram sobre seus ombros e apertaram.

Jamie respondeu: — Eu tinha esperanças por muito tempo, mas

sabia que os sentimentos tinham que ser recíprocos no momento


em que o encontrei na cozinha cozinhando para mim por vontade
própria. — Eles riram, mas Theo sentiu fortemente que havia
verdade nisso.

Jamie falou no ouvido de Theo. Formigamentos percorreram

suas costas e pernas. — Dança comigo?

Ele deixou Jamie deslizar os dedos nos dele e puxá-lo da

cadeira. — Dance comigo até o livro de convidados? Eu tenho uma

caneta para devolver.


A entrada do pavilhão com o livro de convidados estava sem

convidados.

Uma vez que Theo largou a caneta em seu lugar, Jamie o

puxou para perto. A música era lenta, destinada a um momento de

intimidade, e uma brisa fresca vinda do lago aumentou o arrepio de

Theo.

Theo estendeu as mãos sobre a camisa debaixo do terno de


Jamie, atraindo o calor, sorrindo quando Jamie flexionou.

Sean os surpreendeu ao sair da escuridão da noite.

Ele piscou apenas uma vez e depois deu uma piscadela para

eles. — Onde está Leone?

— Ela está dando os parabéns para a noiva e o noivo.

Sean se irritou. Ele não gostou da história de Leone com o


noivo. Era quase o mesmo olhar intenso que Jamie havia dado a
Sam quando Theo a tirou para uma valsa. Foi ótimo. O ciúmes, com

certeza, mas ainda mais a dança com ela e não sentir mais nada. E
ele dançou com Leone depois, rindo muito, porque, como

prometeram no começo do ano, eles seguiram em frente.


Sean estreitou os olhos em direção ao noivo e Leone na pista
de dança. — Há barcos com remos, Gostosão — disse ele a Jamie.

— Eu juntei dois para nós.


Jamie esfregou o braço em resposta à maneira como Theo o

agarrou.
Theo relaxou. Antes de Sean sair para pegar sua namorada

de volta, Theo disse a Jamie: — Você me perguntou uma vez se


Sean chamando você de Gostosão me incomodava.
Sean hesitou na visão periférica de Theo.

Theo continuou. — A resposta é a mesma de antes: Porra,


sim. — Theo se inclinou e mordeu levemente a orelha de Jamie,

saboreando o tremor de Jamie contra ele. — Você é meu ariano.


Meu Gostosão.

Sean bufou e caminhou até Leone. — Encontro vocês no


lago, Gostosões.
Jamie não perdeu um momento. Ele apoiou Theo contra uma

viga larga até que ficassem nivelados. O beijo deles começou


possessivo, carente. Theo agarrou Jamie com força contra ele como

se pudessem afundar um no outro. O gemido de Jamie sussurrando


sobre seus lábios os trouxe de volta à realidade.

— Suponho que esse nível de paixão tenha que esperar —


disse Jamie.

— Pelo menos até que mais pessoas estejam bêbadas —


disse Theo e exibiu suas covinhas.
Jamie riu e eles se beijaram novamente. Esse beijo foi suave

e fez o coração de Theo disparar. Theo tirou o papel dobrado do


bolso do peito. Ele estava prestes a passá-lo para Jamie, mas uma

explosão de música jazz otimista interrompeu. Theo uniu as mãos e


levou Jamie para fora do pavilhão.
Lanternas iluminavam um caminho que bifurcava, um deles

voltava para um estacionamento, mas era o outro que Theo


corajosamente seguia, levando ao lago. Amarrados aos pilares sob

o pavilhão havia dois botes balançando. O lago parecia grande e


escuro, exceto por ondas com as luzes do pisca-pisca refletidas nele

e um tremor do luar.
Os cabelos se ergueram na nuca e nos braços de Theo e ele
tinha certeza de que Jamie podia ver seu coração batendo no peito.

Quando se aproximaram da água, os ombros de Theo se


tensionaram e ele lambeu os lábios. O medo da água era apenas
uma parte disso.
Theo pressionou o leque de papel no peito de Jamie.

Jamie pegou, arqueando uma sobrancelha.


— Citação do dia — disse Theo. — Leia.

Jamie abriu o leque e leu as palavras. Cuidadosamente,


enfiou o leque no bolso do peito, enfiou a mão nas lapelas da
jaqueta de Theo e puxou-o gentilmente. Suas testas se encontraram

e a outra mão de Jamie segurou seu pescoço, o polegar roçando o


queixo de Theo. — Foi o que eu disse.

— Sim, e eu também disse. Estou dizendo agora.


Prendendo a respiração e segurando os dedos de Jamie,

Theo entrou em um dos barcos a remo. Jamie ficou sem fôlego e ele
entrou, sentando-os e segurando Theo em seus braços.
O barco balançou suavemente e Theo afundou no calor de

Jamie atrás dele.


Jamie apertou mais o corpo trêmulo de Theo. — Eu vou

precisar ouvir você dizer isso.


Theo olhou para Jamie por cima do ombro e sorriu. — Eu
amo... que você é um bom nadador.
Jamie colou os lábios nos dele e roubou o resto das palavras
de Theo. — Guarde os jogos para mais tarde.
Theo o beijou de volta. — Eu amo você, Sr. Jamie Cooper. Eu

amo você.

~ O Fim ~

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