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Composição da ictiofauna de Pernambuco

Conference Paper · November 2019

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Susmara Silva Campos Simone Ferreira Teixeira


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) Universidade de Pernambuco
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II CONGRESSO NORDESTINO DE ANIMAIS SILVESTRES
14 A 17 DE OUTUBRO/UFRPE
ROCHA et al., 2019

COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA DE PERNAMBUCO


Valdério José da Rocha1; Susmara Silva Campos1,2; Simone Ferreira Teixeira1*

¹ UPE, ICB – PE.


² IFPE, Campus Recife – PE.
teixeirasf.upe@gmail.com*

RESUMO

O presente trabalho é um levantamento da composição da ictiofauna de Pernambuco, que foi realizado a partir
dos dados da literatura sobre o registro de espécies no Estado, considerando a importância da ictiofauna na
região. A busca foi realizada com a utilização de descritores, de 20 de julho a 20 de agosto de 2019, com análise
de 30 produções consideradas em conformidade com o objeto de estudo. Nos trabalhos analisados foram
registradas 302 espécies de peixes distribuídas em 85 famílias e 21 ordens. Perciformes foi a ordem com o maior
número de registros de espécies. As famílias mais registradas foram Sciaenidae (22; 7,3%), Haemulidae e
Carangidae (15; 5,0% cada). Dentre as espécies, foram registradas aquelas com importância pesqueira marinha,
espécies de água doce e estuarinas com importância ecológica. Também foram registradas espécie não nativa
e espécies que constam na lista vermelha da IUCN. Este levantamento da ictiofauna, embora não represente a
totalidade dos estudos no Estado, demonstrou que a maioria dos trabalhos são realizados na região costeira, em
ambientes marinhos e/ou estuarinos, indicando a carência de estudos de peixes em águas continentais. Isto
demonstra que há uma lacuna de estudos a serem realizados em ecossistemas de águas continentais, que irão
contribuir ainda mais para o conhecimento e conservação da ictiofauna de Pernambuco.

PALAVRAS-CHAVES: Ictiofauna; Pernambuco; conservação.

INTRODUÇÃO

As bacias hidrográficas de Pernambuco possuem duas vertentes: o rio São Francisco e o Oceano
Atlântico (APAC, 2019). Os rios que escoam para o São Francisco nascem em municípios limitrofes na divisa de
estados da região nordeste e são denominados rios interiores, e os principais são: Pontal, Garças, Brígida, Terra
Nova, Pajeú, Moxotó e Ipanema. Os rios que escoam para o Oceano Atlâtico constituem os chamados rios
litorâneos, que nascem no planalto da Borborema, onde os principais são os rios Goiana, Capibaribe, Ipojuca,
Sirinhaém, Una e Mundaú (APAC, 2019; CPRH, 2017). Isto demonstra a ampla rede de rios importantes na
região.
A costa nordestina possui vários estuários de pequena extensão com presença de manguezais
(CASTELLO, 2010) e formação de recifes de corais, e esses ecossistemas abrigam uma imensa diversidade da
ictiofauna em ambientes marinhos (FERREIRA et al, 2001), sendo de grande importância ecológica, econômica
e social (MMA, 2010) para a região.
Diante da diversidade de ambientes aquáticos em Pernambuco e da importância sócio-ambiental da
ictiofauna, os peixes são bastante estudados na região, tanto nos aspectos ecológicos como pesqueiros.

ROCHA et al., 2019 II CNAS


II CONGRESSO NORDESTINO DE ANIMAIS SILVESTRES
14 A 17 DE OUTUBRO/UFRPE
ROCHA et al., 2019

Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo fazer uma compilação dos estudos da ictiofauna
de Pernambuco e visualizar lacunas de locais não estudados para direcionar estudos futuros no sentido de
contribuir para a ampliação dos levantamentos e registros ictiofaunísticos da região, bem como auxiliar
programas de conservação.

MATERIAL E MÉTODOS

O levantamento bibliográfico sobre a ictiofauna de Pernambuco foi feito através das bases de dados do
Google acadêmico, Redalyc, Porta de Periódicos Capes, Bancos de teses e dissertações, Scielo e Researchgate,
de 20 de julho a 20 de agosto de 2019, utilizando os descritores: Ictiofauna de peixes de água doce em
“Pernambuco”, Assembleia de peixes em “Pernambuco”, Diversidade e esturura trófica de peixes de água doce.
Das 264 bibliografias selecionadas procedeu-se a leitura exploratória, leitura seletiva e escolha do material
adequado aos objetivos e tema deste estudo, sendo consideradas 30 produções adequadas para análise por
estarem em conformidade com o objeto de estudo.

DESENVOLVIMENTO

No levantamento realizado foram registradas 302 espécies de peixes distribuídas em 85 famílias e 21


ordens. Dentre as 21 ordens, as mais citadas nos estudos foram Perciformes, com 32 famílias (37,6%),
Characiformes, com 10 famílias (11,8%), Tetraodontiformes e Siluriformes, com 05 famílias cada (5,9% cada), e
Clupeiformes, com 03 famílias (Figura 1). As famílias mais registradas foram Sciaenidae (22; 7,3%), Haemulidae
e Carangidae (15; 5,0% cada), Scaridae (14; 4,6%), Engraulidae e Characidae (12; 4,0%cada), Serranidae (11;
3,6%), Lutjanidae (10; 3,3%), Gerreidae e Cichlidae (8; 2,6% cada) e, Tetraodontidae, Pomacanthidae, Gobiidae
e Clupeidae (6; 2,0% cada).
Quanto ao número de espécies por ordem, Perciformes compreendeu o maior número de registros de
espécies, seguida por Characiformes e Clupeiformes (Figura 1). O quantitativo de registros de espécies (302)
demonstra a diversidade da ictiofauna de Pernambuco. Nos trabalhos analisados foram registradas espécies de
importância pesqueira marinha, como as das famílias Lutjanidae (p.ex. Lutjanus spp e Mugil spp), Scombridae
(p.ex. Scomberomorus spp) e Carangidae (p. ex. Caranx spp); espécies de importância para a pesca em
ambiente recifal, como as das famílias Scaridae (p.ex. Sparisoma spp) e Haemulidae (p. ex. Haemulon spp); e
espécies de importância na pesca de água doce, como as das famílias Erythrinidae (Hoplias malabaricus),
Prochilodontidae (p. ex. Prochilodus spp) e Serrasalmidae (p. ex. Serrasalmus spp). Foram registradas também
espécies de importância estuarina, como as das famílias Gerreidae (p. ex. Eucinostomus spp), Gobiidae (p. ex.
Ctenogobius spp) e Poeciliidae (p. ex. Poecilia spp). Dentre todas as espécies, observou-se o maior registro e
espécies marinhas e estuarinas, uma vez que os locais mais estudados foram Praia de Ponta de Pedra,
Itamaracá (Praia de Jaguaribe e Canal de Santa Cruz), Rio Formoso, Rio Capibaribe, Praia de São José da
Coroa Grande, Barra de Sirinhaém e Praia de Tamandaré, locais estes marinhos e estuarinos. Ambientes de
água doce foram o Lago Tapacurá, a Lagoa Curralinho e o Reservatório de Duas Unas, demonstrando que os
ambientes costeiros, marinhos e estuarinos, são mais estudados em Pernambuco. A grande heterogeneidade

ROCHA et al., 2019 II CNAS


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14 A 17 DE OUTUBRO/UFRPE
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nas bacias hidrográficas tropicais e subtropicais faz do Brasil o país de maior diversidade mundial de peixes de
água doce, sendo catalogada e registrada a ocorrência de 2.587 espécies (Menezes et al, 2007)
o que demonstra a importância da ictiofauna de bacias continentais.
Também foram registradas a espécie não nativa Oreochromis niloticus e as espécies Epinephelus itajara
e Hippocampus reidi, ambas que compõem a lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (IUCN, 2019),
sendo imprescindíveis estudos de conservação voltados para a ictiofauna silvestre ameaçada.

FIGURA 1. Frequência absoluta das famílias e espécies, para cada ordem, conforme o levantamento realizado.

CONCLUSÃO

O levantamento bibliográfico realizado demonstrou a grande diversidade da ictiofauna de Pernambuco,


associada aos diferentes ecossistemas, e composta por espécies de importância econômica para a pesca e
espécies com importância ecológica. Além disso, o registro de espécie não nativa e espécies ameaçadas
comprova a necessidade de maiores estudos voltados para a conservação da ictiofauna nativa.

O levantamento também demonstrou que os estudos da ictiofauna em Pernambuco predominam nos


ecossistemas costeiros, marinhos e estuarinos, apontando uma lacuna em trabalhos voltados para os ambientes
continentiais de água doce, apesar da importância dos rios e demais ecossistemas dulciaquícolas da região.

REFERÊNCIAS
ROCHA et al., 2019 II CNAS
II CONGRESSO NORDESTINO DE ANIMAIS SILVESTRES
14 A 17 DE OUTUBRO/UFRPE
ROCHA et al., 2019

APAC, 2019. Bacias hidrográficas. Disponível no World Wide Web em:


http://www.apac.pe.gov.br/pagina.php?page_id=5 [03 agosto 2019].
CASTELLO, J. O futuro da pesca da aquicultura marinha no Brasil: a pesca costeira. Ciência e Cultura, 62 (3):
32–35, 2010.

CPRH, 2017. AGENCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE. Relatório de monitoramento de bacias hidrográficas
do Estado de Pernambuco. Disponível no World Wide Web em:
http://www.cprh.pe.gov.br/Controle_Ambiental/monitoramento/qualidade_da_agua/bacias_hidrograficas/relatori
o_bacias_hidrograficas/41786%3B63044%3B4803010202%3B0%3B0_2016.asp.

FERREIRA, B. P., MAIDA, M., CAVA, F. Características e perspectivas para o manejo da pesca na APA marinha
Costa dos Corais. In: Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação: Anais do II Congresso Brasileiro de
Unidades de Conservação, Campo Grande, MS, p. 50-58, 2001.

IUCN RED LIST, 2019. Disponível no World Wide Web em: https://www.iucnredlist.org/ [18 setembro 2019].

MMA (Ministério do Meio Ambiente - Gerência de Biodiversidade Aquática e Recursos 36 Pesqueiros). Panorama
da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos no Brasil. 37 Brasília: MMA/SBF/GBA; 148 p. 2010.

BUCKUP, P.A; MENEZES, N.A; GHAZZI, M. S. Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil.
Rio de Janeiro: Museu nacional, 2007.

ROCHA et al., 2019 II CNAS

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