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COMPOSIÇÃO ESPECÍFICA, BIOECOLOGIA E ECOMORFOLOGIA DA ICTIOFAUNA

MARINHA ORIUNDA DA PESCA DE PEQUENA ESCALA

Waslley Maciel PINHEIRO1 e Alessandra Cristina da Silva FARIAS2

RESUMO
O objetivo do trabalho foi caracterizar a ictiofauna marinha oriunda da pesca de pequena escala
com base na identificação taxonômica das espécies e de seus aspectos comerciais, bioecológicos e
ecomorfológicos. As coletas foram realizadas quinzenalmente no período de julho de 2013 a julho
de 2014, durante os desembarques ocorridos no Porto do Mucuripe, Fortaleza/CE. A composição
específica da ictiofauna foi constituída de 41 espécies, sendo 33 demersais e 8 pelágicas. Quanto ao
aspecto bioecológico, 80,0% das espécies eram carnívoras, de baixo valor comercial, habitando
ambientes rochosos costeiros e exibindo uma grande variedade de nichos ecológicos. Para o estudo
ecomorfológico verificou-se que as espécies-alvo apresentaram uma maior capacidade de ingerir
presas grandes, principalmente em ambientes de alto hidrodinâmica e a espécie sem valor
comercial caracterizou-se por habitar áreas mais calmas, alimentando-se de presas menores.

Palavras-chave: análise fatorial; peixes demersais, recurso pesqueiro

SPECIFIC COMPOSITION, BIOECOLOGY AND ECOMORPHOLOGY OF MARINE


ICHTHYOFAUNA FROM SMALL SCALE FISHERY

ABSTRACT
The goal of this study was to characterize the marine ichthyofauna originating from small-scale
fishing based on taxonomic identification of the species and its commercial, bioecological and
ecomorphological. Sampling was conducted fortnightly from July 2013 to July 2014, during the
landings of the small scale fishing fleet at Port of Mucuripe, Fortaleza/CE. The specific composition
of the ichthyofauna consisted of 41 species, 33 demersal and 8 pelagic. From bio-ecological aspect,
80.0% of the studied species were carnivorous, low commercial value, inhabiting coastal rocky
environments and presenting a wide variety of ecological niches, characteristics that relate these
species with the catching methods employed in fisheries. In ecomorphological study has been
found that the target species had a higher capacity to ingest large prey primarily in high
hydrodynamic environments and species with no commercial value inhabits the calm areas and
feeds on smaller prey.

Keywords: factor analysis; fisheries resources; ground fish

Artigo Científico: Recebido em 05/03/2015 – Aprovado em 09/03/2016


1 Engenheiro de Pesca, Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici, bloco 827, CEP: 60.021-970, Fortaleza/CE. E-mail:

waslleyufc@yahoo.com.br
2Professora do Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici, bloco 827, CEP:

60.021-970, Fortaleza/CE. E-mail: alesuite@gmail.com

Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 42(1): 181–194, 2016


Doi: 10.5007/1678-2305.2016v42n1p181
182 PINHEIRO e FARIAS

INTRODUÇÃO seus aspectos comerciais, bioecológicos e


ecomorfológicos, utilizando-se dos desembarques
A maioria dos peixes marinhos faz parte da
ocorridos no Porto do Mucuripe, Fortaleza/CE.
comunidade nectônica e apresenta uma ampla
distribuição geográfica, podendo habitar tanto a MATERIAL E MÉTODOS
coluna d’água, quanto apresentar uma estreita
Os dados para a composição específica e
relação com o substrato (PEREIRA e SOARES-
caracterização bioecológica, foram coletados
GOMES, 2009). Essa grande capacidade de
quinzenalmente no período de julho de 2013 a
residirem em diferentes habitats resulta de várias
fevereiro de 2014, durante os desembarques de
adaptações morfológicas ao longo dos anos, em
pescado da frota de pequena escala do Porto do
que, a maior parte das espécies marinhas buscam
Mucuripe, Fortaleza/CE. Um exemplar de cada
as faixas de profundidade com condições
espécie, previamente inspecionado quanto a sua
ambientais propícias para melhor desenvolver
integridade física, foi coletado, acondicionado em
suas funções vitais (alimentação, crescimento e
caixa de isopor com gelo e transportado para o
reprodução), o que pode facilitar às estratégias de
Laboratório de Biologia e Tecnologia Pesqueira do
captura utilizadas na obtenção dos recursos
Departamento de Engenharia de Pesca da
pesqueiros (FONTELES-FILHO, 2011).
Universidade Federal do Ceará.
Todavia, os ambientes costeiros tornam os
Os exemplares foram identificados utilizando
sistemas de pesca de pequena escala essenciais a
o manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil
exploração de recursos pouco abundantes e com
de FIGUEIREDO e MENEZES (1978, 1980a, 1980b,
grande diversidade específica, além de
1985 e 2000) e os guias de identificação de peixes
constituírem importantes fontes de emprego,
marinhos da costa brasileira de CARVALHO-
renda e alimento, direcionando a produção
FILHO (1999) e SZPILMAN (2000) e do Nordeste
pesqueira especialmente para o mercado interno
do Brasil de NÓBREGA et al., (2009), tomando
(FONTELES-FILHO, 2011).Assim sendo, pode-se
como base a contagem e medição de caracteres
inferir que a pesca é um complexo sistema de
merísticos e morfométricos (Tabela 1).
produção caracterizada por uma grande
diversidade de tipos de embarcações e aparelhos- Quanto aos hábitos alimentares as espécies
de-pesca e que necessita de informações que foram categorizadas em: carnívoras, herbívoras,
forneçam subsídios para a gestão do uso detritívoras ou onívoras, a partir da mesma
consciente de seus recursos pesqueiros. Uma bibliografia utilizada na identificação dos
forma de entender essa complexidade é pelo organismos, além disso, essas classificações foram
conhecimento da composição específica das complementadas de acordo com as características
capturas e do entendimento de suas relações anatômicas encontradas em cada espécie, como o
ecológicas. sistema digestório, rastros branquiais, morfologia
bucal e tipificação da arcada dentária.
No Brasil, vários estudos foram realizados nas
áreas de bioecologia e ecomorfologia podendo-se Após a classificação taxonômica das espécies,
citar alguns estudos realizados em ambientes estas foram contabilizadas por família, para
continentais (e.g. SAMPAIO e GOULART, 2011; posterior coleta de exemplares que foram
JUNQUEIRA et al., 2012; MISE et al., 2013; utilizados no estudo ecomorfológico. Deste modo,
FERREIRA-FILHO et al., 2014; SILVA- foram selecionadas as duas famílias mais
CAMACHO et al., 2014), e em águas marinhas, representativas em número de espécies e
(e.g. FERREIRA et al., 2004; GIBRAN, 2007; escolhidas duas espécies de cada família mais
MEDEIROS e RAMOS, 2007; PIORSKI et al., 2007; frequentes nos desembarques, assim em uma
PALMEIRA e MONTEIRO-NETO, 2010; SOARES coleta única realizada em agosto de 2014, dez
et al., 2013). exemplares de cada espécie foram adquiridos
adicionalmente para compor o estudo
Neste contexto, o presente trabalho tem como
ecomorfológico.
objetivo caracterizar a ictiofauna marinha oriunda
da pesca de pequena escala, com base na
identificação taxonômica das espécies quanto a

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Composição específica, bioecologia e ecomorfologia da ictiofauna... 183

Tabela 1. Caracteres merísticos e morfométricos utilizados na identificação da ictiofauna desembarcada no


Porto do Mucuripe/CE.

Caracteres individuais Instrumentos


Número de raios da nadadeira dorsal
Número de raios da nadadeira peitoral
Número de raios da nadadeira anal
Número de raios da nadadeira caudal
Merísticos

Número de raios da nadadeira ventral


Sem auxílio instrumental
Número de rastros branquiais do arco superior
Número de rastros branquiais do arco inferior
Número de escamas na linha lateral
Número de escamas transversais entre a linha lateral e o início da nadadeira
dorsal

Ictiômetro
Comprimento total
(precisão - 1mm)

Comprimento furcal
Comprimento padrão
Comprimento da cabeça
Comprimento do focinho
Morfométricos

Comprimento da base da nadadeira dorsal


Comprimento da base da nadadeira peitoral
Paquímetro
Comprimento da base da nadadeira anal
(precisão - 0,05 mm)
Comprimento da base da nadadeira caudal
Comprimento da base da nadadeira ventral
Espessura máxima
Altura máxima
Diâmetro da órbita do olho
Diâmetro do olho
Balança Digital
Peso total
(precisão- 50 g)

Para a identificação das diferenças os valores utilizados em cada célula da matriz


morfológicas associadas com o habitat das corresponderam aos índices calculados para cada
espécies foram utilizadas 12 medidas atributo ecomorfológico.
morfométricas e dez atributos ecomorfológicos, de
Em seguida, uma matriz de correlação foi
acordo com os trabalhos de WATSON e BALON
construída e analisada quanto a sua adequação
(1984) e BALON et al., (1986) (Figura 1 e Tabela 2).
para a ACP, levando-se em consideração o valor
Os atributos ecomorfológicos foram do Índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO). Este índice
submetidos a uma Análise de Componentes varia de 0 a 1, sendo 0,5, o valor mínimo aceitável
Principais (ACP), utilizando o software BioEstat para a adequação da matriz de correlação. A
5.3 (BIOESTAT, 2007). Uma matriz de correlação equação que define esse índice é a seguinte (HAIR
foi elaborada com dez colunas, correspondendo et al., 2009):
aos atributos ecomorfológicos e 40 linhas,
referentes aos dez exemplares de cada uma das
quatro espécies escolhidas para a análise, em que

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Figura 1. Medidas morfométricas utilizadas na caracterização da ictiofauna desembarcada no Porto do


Mucuripe/CE.

Legenda: (CPCd) Comprimento do pedúnculo caudal -


distância entre o final da nadadeira anal até o
(AB) Altura da boca - distância entre os lábios
início da caudal;
com a boca aberta sem distender os músculos;
(CP) Comprimento padrão - distância da
(AC) Altura do corpo - maior distância dorso-
ponta do focinho ao final da coluna vertebral;
ventral perpendicular ao maior eixo corpóreo;
(LB) Largura da boca - distância entre as
(APCd) Altura do pedúnculo caudal - altura
partes laterais da boca totalmente aberta sem
do pedúnculo medida a partir da parte posterior
distender os músculos;
da nadadeira anal;
(LNPt) Largura da nadadeira peitoral - maior
(AM) Altura média do corpo - distância do
largura da nadadeira em um eixo perpendicular
ventre até a linha que corta o corpo entre a boca e
ao eixo do comprimento da nadadeira totalmente
a cauda;
aberta;
(CCa) Comprimento da cabeça - distância
(LC) Largura do corpo - maior largura do
entre a ponta do focinho e o final do opérculo;
corpo lado a lado;
(CNPt) Comprimento da nadadeira peitoral -
(LPCd) Largura do pedúnculo caudal -
distância entre a base da nadadeira e sua
largura do pedúnculo medida no seu ponto
extremidade;
médio.

Em concomitância com a análise da medida varia de 0 a 1, e os valores acima de 0,5


adequação da matriz, cada variável foi são aceitáveis para validar a contribuição da
inspecionada quanto a sua contribuição para variável. A equação que define essa medida é a
matriz por meio da Medida de Adequação da seguinte (HAIR et al., 2009):
Amostra (MSA) em uma matriz de correlação
anti-imagem, que compara as magnitudes dos
coeficientes de correlação com as dos coeficientes
de correlação parcial. Assim como, o KMO, esta

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Tabela 2. Atributos ecomorfológicos utilizados na caracterização da ictiofauna desembarcada no Porto do


Mucuripe/CE.
Atributo ecomorfológico Descrição Equação

Altos índices indicam peixes lateralmente comprimidos e


Índice de compressão (IC)
habitantes de águas lênticas.

Atributo diretamente relacionado com ambientes de


Altura relativa (AR) hidrodinâmica baixa e com a capacidade de desenvolver
deslocamentos verticais.

Comprimento relativo do Pedúnculos longos indicam bons nadadores, adaptados a


pedúnculo caudal local de hidrodinamismo elevado e capacidade de realizar
(CRPCd) arranques em curto deslocamento.

Pedúnculos comprimidos indicam indivíduos de natação


Índice de compressão do
lenta, podendo afetar o desempenho em arrancadas
pedúnculo caudal (ICPCd)
rápidas à medida que aumenta a altura dos corpos.

Peixes que apresentam baixos valores estão associados a


Índice de achatamento
águas correntes, permitindo aos peixes bentônicos
ventral (IAV)
manterem sua posição sem precisar nadar.

Razão aspecto da
Valores altos indicam nadadeiras longas e estreitas,
nadadeira peitoral
encontrada em peixes que nadam muito.
(RANPt)

Atributo relacionado ao tamanho relativo do alimento


Comprimento relativo da
consumido, em que valores elevados sugerem espécies
cabeça (CRCa)
predadoras de presas grandes.

Largura relativa da boca Valores elevados juntamente com o Comprimento Relativo


(LRB) da Cabeça, indicam a capacidade de ingerir presas grandes.

Altos valores indicam grande abertura da boca, indicando


Altura relativa da boca
alimentação baseada em itens de porte relativamente
(ARB)
grandes.

Atributo relacionado com a forma dos alimentos, onde


Aspecto da boca (ABO) valores altos indicam peixes com bocas estreitas, mas de
grande abertura, sugerindo espécies piscívoras.

em que:  é o somatório dos itens da matriz entre variância de pelo menos uma variável e se a
a variável i e j; r2ij é o coeficiente de correlação de mesma há de ser mantida para a interpretação.
Pearson entre a variável i e j; a2ij é o coeficiente de Conseguinte, para cada fator considerado, as
correlação parcial entre a variável i e j. cargas fatoriais foram avaliadas quanto a sua
contribuição levando-se em consideração o maior
Em seguida, o número de fatores a serem
valor referente daquele determinado fator. No
extraídos foi com base no uso do critério dos
caso de cargas com valores muitos próximos entre
autovalores (AV), sendo os fatores com AV ≥ 1
fatores, a matriz de correlação foi rotacionada
considerados significantes para explicar a

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(rotação varimax normalizada) para redistribuir a espécies) foram as mais frequentes em “caíco” e, a
variância entre os fatores e assim melhorar a família Belonidae (2 espécies) em “outros”.
interpretação dos resultados.
Quando se conjugou as classificações
comercial/habitat ecológico, foi verificado que
RESULTADOS das 16 “espécies-alvo”, 5 eram pelágicas (31,3%) e
11 demersais (68,7%). Das 15 espécies
A composição específica da ictiofauna foi
consideradas como “caíco”, todas eram demersais
constituída de 41 espécies, 24 famílias e 9 ordens,
e das 10 espécies em “outros”, três eram pelágicas
sendo as famílias Lutjanidae (5 espécies),
e sete demersais.
Haemulidae (5 espécies) e Serranidae (4 espécies)
as mais representativas em número de espécies, Considerando os hábitos alimentares,
totalizando 14 espécies (Tabela 3). constatou-se que das 41 espécies identificadas, 30
foram consideradas carnívoras (73,2%), três
Com relação ao habitat, verificou-se que das
herbívoras (7,3%), sete onívoras (17,1%) e uma
41 espécies identificadas, 8 foram consideradas
detritívora (2,4%). Avaliando somente as
pelágicas (19,5%) e 33 demersais (80,5%), destas
carnívoras, o maior número de espécies foi
últimas, 4 associadas ao substrato lamoso (12,1%),
registrado nas famílias Lutjanidae (5 spp.),
5 ao substrato arenoso (15,2%) e 24 ao substrato
Serranidae (4 spp.), Haemulidae (3 spp.) e
rochoso (72,7%).
Scombridae (3 spp.), indicando possivelmente que
Para os pelágicos, constatou-se que as famílias estas famílias possuem características fenotípicas
Scombridae (3 espécies) e Belonidae (2 espécies) exclusivas, que as incluem diretamente nesta
foram as mais representativas quanto ao número categoria alimentar.
de espécies. Já para os demersais, foram as
Conjugando as classificações hábitat
famílias Haemulidae (5 espécies), Lutjanidae (5
ecológico/hábito alimentar, verificou-se que das
espécies) e Serranidae (4 espécies)
oito espécies pelágicas, sete eram carnívoras
Em relação às categorias comerciais, 16 (87,5%) e uma era onívora (12,5%), confirmando
espécies foram incluídas na categoria espécie-alvo que geralmente os pelágicos fazem parte do topo
(39,0%) e 25 nas categorias mistas (61,0%), sendo da cadeia alimentar. Em relação aos demersais,
15 pertencentes a “caíco” e 10 a “outros”. constatou-se que 23 eram carnívoras (69,7%), seis
Na categoria “espécie-alvo”, a família eram onívoros (18,2%), três eram herbívoras
Lutjanidae foi a mais representativa quanto ao (9,1%) e uma era detritívora (3,0%), mostrando
número de espécies (4 espécies), seguida da uma grande diversidade quanto ao hábito
família Scombridae (3 espécies) e nas categorias alimentar dos indivíduos que habitam próximo ao
mistas, as famílias Haemulidae (4 espécies), substrato.
Serranidae (2 espécies) e Monacanthidae (2

Tabela 3. Composição específica e caracterização comercial e bioecológica da ictiofauna desembarcada no Porto


do Mucuripe/CE.
Atributo Categoria Hábitos
Ecológico Comercial Alimentares
Demersal
Detritívoro

Ordem Família Espécie


Herbívoro
Carnívoro
Pelágico

Onívoro
Outros
Rocha
Lama

Caíco
Areia

Alvo

Elopiformes Elopidae Elops saurus X X X


Anguilliformes Muraenidae Gymnothorax vicinus X X X
Clupeiformes Clupeidae Opisthonema oglinum X X X
Siluriformes Ariidae Bagre marinus X X X
Batrachoidiformes Batrachoididae Amphichthys cryptocentrus X X X

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Ablennes hians X X X
Beloniformes Belonidae
Tylosurus acus acus X X X
Beryciformes Holocentridae Holocentrus adscensionis X X X
Centropomidae Centropomus parallelus X X X
Paranthias furcifer X X X
Cephalopholis fulva X X X
Serranidae
Mycteroperca bonaci X X X
Epinephelus adscensionis X X X
Malacanthidae Malacanthus plumieri X X X
Echeneidae Echeneis naucrates X X X
Rachycentridae Rachycentron canadum X X X
Caranx crysos X X X
Carangidae
Chloroscombrus chrysurus X X X
Lutjanus vivanus X X X
Lutjanus jocu X X X
Lutjanidae Lutjanus synagris X X X
Ocyurus chrysurus X X X
Rhomboplites aurorubens X X X
Perciformes Haemulon parra X X X
Haemulon plumierii X X X
Haemulidae Haemulon melanurum X X X
Anisotremus surinamensis X X X
Anisotremus virginicus X X X
Sparidae Calamus pennatula X X X
Micropogonias furnieri X X X
Scianidae
Cynoscion microlepidotus X X X
Pomacanthidae Pomacanthus paru X X X
Scaridae Sparisoma frondosum X X X
Ephippidae Chaetodipterus faber X X X
Acanthuridae Acanthurus chirugus X X X
Trichiuridae Trichiurus lepturus X X X
Scomberomorus regalis X X X
Scombridae Scomberomorus brasiliensis X X X
Euthynnus alletteratus X X X
Aluterus monoceros X X X
Tetraodontiformes Monacanthidae
Aluterus scriptus X X X

Para o estudo ecomorfológico, as quatro correlação, a fim de verificar se a mesma possuía


espécies escolhidas foram aquelas pertencentes às correlações suficientes para a aplicação da análise
famílias mais representativas em número de fatorial. O KMO encontrado foi considerado bom
espécies e mais frequentes nos desembarques: (0,624), porém a inspeção da matriz de correlação
ariacó (Lutjanus synagris), guaiúba (Ocyurus anti-imagem revelou que dentre os 10 atributos
chrysurus), biquara (Haemulon plumierii) e salema ecomorfológicos, três apresentaram valores de
(Anisotremus virginicus). MSA abaixo de 0,5 (Largura Relativa da Boca –
0,455, Índice de Achatamento Ventral – 0,417 e
Os dados coletados de cada espécie foram
Aspecto da Boca – 0,412). Deste modo, o atributo
organizados em uma primeira matriz de

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com menor valor de MSA foi omitido na análise, análise para a elaboração de uma nova matriz de
sendo necessário calcular uma nova matriz. correlação.

Após o cálculo da nova matriz de correlação, Na terceira análise, a matriz de correlação


o KMO encontrado foi considerado ótimo (0,706), apresentou um KMO de 0,734 e todos os atributos
porém a matriz de correlação anti-imagem ecomorfológicos tinham valores de MSA maior
revelou novamente um atributo entre os nove, que que 0,5 (Tabelas 4 e 5). Portanto, a matriz de
apresentou valor abaixo de 0,50, o Índice de correlação foi considerada satisfatória para
Achatamento Ventral (0,424), que foi omitido da prosseguimento da ACP.

Tabela 4. Matriz de correlação entre os atributos ecomorfológicos (KMO = 0,734).

Atributo IC AR CRPCd ICPCd RANPt CRCa LRB ARB


IC 1,000 0,811 -0,776 0,458 0,561 -0,376 -0,436 -0,334
AR 1,000 -0,739 0,469 0,562 -0,182 -0,248 -0,193
CRPCd 1,000 -0,293 -0,434 0,405 0,410 0,222
ICPCd 1,000 0,482 -0,062 -0,262 -0,206
RANPt 1,000 -0,128 -0,287 -0,424
CRCa 1,000 0,701 0,764
LRB 1,000 0,670
ARB 1,000
Legenda:
(IC) Índice de compressão (AR) Altura relativa
(CRPCd) Comprimento relativo do pedúnculo caudal (ICPCd) Índice de compressão do pedúnculo caudal
(RANPt) Razão aspecto da nadadeira peitoral (CRCa) Comprimento relativo da cabeça
(LRB) Largura relativa da boca (ARB) Altura relativa da boca

Tabela 5. Matriz de correlação anti-imagem dos atributos ecomorfológicos (KMO = 0,734).


Atributo IC AR CRPCd ICPCd RANPt CRCa LRB ARB
IC 0,846 0,490 -0,306 0,135 0,150 -0,121 -0,121 0,038
AR 0,796 -0,380 0,179 0,103 0,139 0,165 -0,078
CRPCd 0,744 0,147 -0,195 0,382 0,162 -0,388
ICPCd 0,845 0,193 0,110 -0,194 -0,001
RANPt 0,681 0,457 0,033 -0,552
CRCa 0,596 0,245 0,715
LRB 0,868 0,253
ARB 0,583
Legenda:
(IC) Índice de compressão (AR) Altura relativa
(CRPCd) Comprimento relativo do pedúnculo caudal (ICPCd) Índice de compressão do pedúnculo caudal
(RANPt) Razão aspecto da nadadeira peitoral (CRCa) Comprimento relativo da cabeça
(LRB) Largura relativa da boca (ARB) Altura relativa da boca

Considerando a rotação varimax normalizada estes explicaram 71,9% da variação dos dados. O
e o método dos autovalores, dois fatores foram “fator 1” explicou 40,3% da variação, indicando
extraídos para a interpretação dos dados, em que maior influência das variáveis: Índice de

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Compressão, Altura Relativa do Corpo, Índice de Deste modo, a salema (A. virginicus) e a
Compressão do Pedúnculo Caudal e Razão biquara (H. plumierii) foram caracterizadas como
Aspecto da Nadadeira Peitoral, com relação as espécies de menor capacidade natatória que
inversa ao Comprimento Relativo do Pedúnculo habitam águas de baixa hidrodinâmica,
Caudal. O agrupamento dessas variáveis diferentemente do ariacó (L. synagris) e da
correspondeu às espécies de menor capacidade guaiúba (O. chrysurus) que são espécies adaptadas
natatória que habitam águas de baixa a locais de hidrodinamismo elevado e com maior
hidrodinâmica. O “fator 2” explicou 31,6% da capacidade de realizar arranques em curta
variação, onde os atributos Comprimento Relativo distância. Quanto ao hábito alimentar, a biquara
da Cabeça, Largura Relativa da Boca e Altura foi caracterizada como maior capacidade de
Relativa da Boca tiveram uma maior influência ingerir presas grandes, seguida do ariacó, da
neste eixo que caracterizaram espécies com maior guaiúba com presas medianas e da salema com
capacidade de ingerir presas grandes (Tabela 6). presas pequenas (Figura 2).
Tabela 6 – Análise de componentes principais dos atributos ecomorfológicos.

Atributos ecomorfológicos Fator 1 Fator 2

(IC) Índice de Compressão -0,867 -0,283

(AR) Altura Relativa do corpo -0,912 -0,060

(CRPCd) Comp. Relativo do Pedúnculo Caudal 0,775 0,271

(ICPCd) Índice de Compressão do Pedúnculo Caudal -0,655 -0,040

(RANPt) Razão Aspecto da Nadadeira Peitoral -0,721 -0,177

(CRCa) Comprimento Relativo da Cabeça 0,097 0,924

(LRB) Largura Relativa da Boca 0,248 0,838

(ARB) Altura Relativa da Boca 0,156 0,883

Autovalor 3,228 2,525

Variância Explicada 40,3% 31,6%

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Figura 2. Análise de componentes principais baseado nos atributos ecomorfológicos de quatro espécies da
ictiofauna desembarcada no Porto Mucuripe/CE.
Legenda:
(IC) Índice de compressão (AR) Altura relativa
(CRPCd) Comprimento relativo do pedúnculo caudal (ICPCd) Índice de compressão do pedúnculo caudal
(RANPt) Razão aspecto da nadadeira peitoral (CRCa) Comprimento relativo da cabeça
(LRB) Largura relativa da boca (ARB) Altura relativa da boca

DISCUSSÃO peixes, uma prática metodológica comum adotada


no controle estatístico da produção nas pescarias
A alta riqueza de espécies foi reportada em
multiespecíficas, ao englobar várias espécies de
inúmeros trabalhos no Brasil. Em estudos no
baixo valor comercial em grupos gerais que
ambiente marinho, constatou-se que a ictiofauna
mascaram sua composição e abundância. Na
predominante foi constituída por espécies
presente pesquisa constatou-se que mais da
demersais e carnívoras, principalmente aquelas
metade das espécies identificadas foi registrada
que fazem parte das famílias Carangidae,
como “caíco” e “outros”, tendo espécies de
Haemulidae, Lutjanidae, Ariidae, Scianidae e
famílias importantes comercialmente para a pesca
Serranidae (e.g. SILVA e FONTELES-FILHO, 2009;
(Haemulidae e Serranidae), assim como àquelas
CAMPOS et al., 2010; DANTAS et al., 2012;
para o comércio de peixes ornamentais
MARCENIUK et al., 2013), o que é compatível com
(Monacanthidae).
a composição específica da ictiofauna identificada
no presente trabalho. Quanto à categoria “espécie-alvo”, observou-
se a maior representatividade de espécies
A identificação de todos os representantes
pelágicas da família Scombridae, indicando que os
dessa biocenose, no entanto, tem sido prejudicada
indivíduos desta família são mais capturados
por depender da classificação comercial dos
devido ao seu alto valor comercial. Este resultado

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Composição específica, bioecologia e ecomorfologia da ictiofauna... 191

também foi observado em outras pesquisas encontram-se desatualizados, visto que, o último
realizadas em diversos Estados do Brasil (e.g boletim estatístico da pesca marítima e estuarina
RANGELY et al., 2010; BEGOSSI, 2011; da região nordeste do Brasil foi publicado em 2007
GONÇALVES et al., 2014). Uma característica pelo IBAMA. Além do que, houve uma lacuna de
importante das espécies desta família é que estas 10 anos das últimas listas das espécies de peixes
são migratórias e consequentemente suas capturas sobre-explotadas e ameaçadas de extinção
são sazonais, fazendo com que a exploração seja publicadas pelo Ministério do Meio Ambiente.
compartilhada por frotas ao longo da sua ampla
A atualização dos dados estatísticos referentes
área de ocorrência (BATISTA e FABRÉ, 2001;
aos estoques pesqueiros é de suma importância
BRITO e FURTADO-JÚNIOR, 2010; MAIA et al.,
para diagnosticar o estado atual em que se
2015). Deste modo, ações efetivas de manejo são
encontram esses recursos. As divergências
necessárias para a manutenção destes recursos.
encontradas nas publicações desses dados podem
Devido ao constante esforço de pesca aplicado indicar problemas potenciais para a conservação
sobre espécies-alvo, muitos recursos não dos recursos, dificultando a tomada de decisão em
conseguem garantir a renovação dos estoques, medidas adequadas de manejo, como a criação de
interferindo na produção anual disponível para a áreas protegidas, moratórias na pesca de
captura e levando muitas espécies aos estados de determinadas espécies e o estabelecimento de
sobre-explotação. Levando em consideração esses cotas de captura por embarcações. Tais medidas
fatores, observou-se que quatro espécies podem evitar situações de sobrepesca e colapso
identificadas no Porto do Mucuripe/CE constam dos estoques atuais, além da possibilidade de
na lista de espécies sobre-explotadas da Instrução recuperação dos recursos que se encontram sobre-
Normativa MMA Nº 5, de 21 de maio de 2004 explotados.
(BRASIL, 2004), sendo estas: guaiúba (O.
Na análise dos atributos ecomorfológicos,
chrysurus), pargo-piranga (Rhomboplites
foram avaliadas tanto espécies classificadas
aurorubens), corvina (Micropogonias furnieri) e
comercialmente como “espécie-alvo” (L. synagris -
sirigado (Mycteroperca bonaci).
ariacó, O. chrysurus - guaiúba e H. plumierii -
Soma-se a esta observação, nove espécies que biquara), como sem importância comercial,
foram registradas nos estudos do programa conhecida como “caíco” (A. virginicus - salema).
REVIZEE, que caracterizou o estado de explotação Deste modo, as espécies-alvo apresentaram uma
de estoques marinhos e estuarinos (BRASIL, maior capacidade de ingerir presas grandes
2006), sendo assim classificadas: (a) não avaliadas principalmente em ambientes de alto
– H. plumierii e M. bonaci; (b) subexplotadas - hidrodinamismo e a espécie sem valor comercial,
Caranx crysos; (c) plenamente explotadas - habita áreas mais calmas e se alimenta de presas
Lutjanus jocu, Lutjanus vivanus, Opisthonema menores.
oglinum e Scomberomorus brasiliensis e (d) sobre-
Considerando o estado de sobre-explotação
explotadas – L. synagris e O. chrysurus.
das espécies-alvo, fica evidente que a atividade
Vale ressaltar que, apenas a guaiúba (O. pesqueira atua como um forte fator no
chrysurus) constou em ambas as listas (REVIZEE e desiquilíbrio da estrutura da comunidade, como já
Instrução Normativa) como um recurso sobre- foi reportado em vários trabalhos que avaliaram a
explotado. O sirigado (M. bonaci) consta na abundância e riqueza de espécies em áreas recifais
listagem do REVIZEE como uma espécie “não no Brasil (e.g. FEITOSA, et al., 2012; XAVIER et al.,
avaliada”, divergindo da Instrução Normativa, 2012; PEREIRA et al., 2014).
onde o mesmo aparece como uma espécie “sobre-
Neste contexto, o conhecimento da
explotada” e que recentemente foi classificada
composição específica da ictiofauna e das relações
como ameaçada de extinção como consta na
ecológicas são importantes para a pesca, visto que,
Portaria MMA Nº 445, de 17 de dezembro de 2014
a partir do nível de conhecimento da distribuição
(BRASIL, 2014).
das espécies e dos seus hábitos de vida podem-se
Neste contexto, os dados sobre a produção desenvolver medidas de ordenamento que visem
das espécies de peixes marinhos por Estado manter o equilíbrio ecológico da comunidade

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192 PINHEIRO e FARIAS

ictiofaunística, como por exemplo, controlar o BRASIL. 2004 INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 05, de
esforço de pesca sobre as espécies-alvo, 21 de maio de 2004. Lista de espécies da fauna
minimizando principalmente a captura de de invertebrados aquáticos e peixes ameaças de
espécies sem valor comercial que contribuem para sobre-explotação ou sobre-explotadas. Diário
manter a produtividade das pescarias ou criar Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília,
áreas de proteção ambiental. 28 de maio de 2004.

BRASIL. 2006 Programa REVIZEE: avaliação


CONCLUSÃO
sustentável de recursos vivos na zona econômica
A composição específica da ictiofauna exclusiva: relatório executivo. Brasília: Ministério
desembarcada no Porto do Mucuripe, do Meio Ambiente. 280p.
Fortaleza/CE apresentou uma grande diversidade
de espécies, principalmente as de baixo valor BRASIL. 2014 PORTARIA MMA N° 445, de 17 de
comercial, hábito alimentar carnívoro, habitantes dezembro de 2014. Reconhece como espécies de
de ambientes rochosos costeiros e com ampla peixes e invertebrado aquáticos da fauna
variedade de nichos ecológicos, o que justifica os brasileira ameaçadas de extinção aquelas
vários métodos de captura empregados nas constantes da lista nacional oficial de espécies da
pescarias de pequena escala. O entendimento fauna ameaçadas de extinção – peixes e
sobre as relações ecológicas mostrou que as invertebrados aquáticos. Diário Oficial da
espécies-alvo utilizam os ambientes recifais para República Federativa do Brasil, Brasília, 18 de
crescerem e se alimentarem de espécies de dezembro de 2014.
pequeno porte, como é o caso das espécies
classificadas comercialmente como “caíco”. Assim BRITO, C.S.F.; FURTADO-JÚNIOR, I.F. 2010
como, as espécies do grupo “outros” que se Dinâmica sazonal da CPUE da serra,
alimentam de espécies-alvo equilibrando o Scomberomorus brasiliensis, capturada com rede
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