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A indústria musical

Lucas Antoniazzi
PRINCIPAIS PRODUTOS DO MERCADO
FONOGRÁFICO
O FONOGRAMA
A OBRA MUSICAL

Direitos Conexos: Protegem os músicos


executantes, o intérprete e o produtor
Direitos Autorais: protegem fonográfico
o compositor da música e o
criador da letra
MODALIDADE DE USO

• Cada forma de utilização de uma obra musical (e de fonograma) caracteriza uma modalidade de uso

distinta e independente (Art. 29 e 31 da LDA);

• Exemplos: reprodução, distribuição, tradução, sincronização, execução pública etc.

• OBS: Modalidade de Uso (forma de utilização) não se confude com Suporte Físico (CD, LP, DVD,

cassete etc.)
PRINCIPAIS FORMAS DE EXPLORAÇÃO
ECONÔMICA / CONSUMO
Direitos de Fixação e direitos
Criação de um fonograma (original ou versão):
conexos
Direitos de Reprodução e
Venda de suportes físicos (CDs, LPs, DVDs etc.):
Distribuição
Sincronização em obras audiovisuais ou games: Direitos de Sincronização
Direitos de Execução Pública
Apresentações ao vivo:
musical
Direitos de Reprodução e
Streaming: Distribuição, Armazenamento e
Execução Pública
Direitos de Execução Pública
Outras formas de execução pública:
musical
TITULARES DOS DIREITOS

Modalidade de Uso: Titular original dos direitos:


Direitos de Fixação Compositor da obra
Direitos de Reprodução e Distribuição Compositor da obra e produtor fonográfico
Direitos de Sincronização Compositor da obra e produtor fonográfico
Compositor da obra, produtor fonográfico,
Direitos de Execução Pública musical
intérpretes e musicos executantes
Direitos Conexos: Intérpretes e músicos executantes
GESTÃO DOS DIREITOS PATRIMONIAIS
• O compositor é o titular original da obra musical (art. 28 da LDA), assim como o
produtor fonográfico é o titular original do fonograma (art. 93 da LDA) e,
consequentemente, os responsáveis pela gestão dos direitos patrimoniais;

• Prática do mercado, em razão dos custos de transação, outorgar a terceiros


(intermediários) a gestão dos seus direitos;

• Formas de contratação:

• Licença;
• Cessão parcial;
• Cessão total de direitos (buy-out, contratos antigos de adiantamento);
INTERMEDIÁRIO CONFORME A MODALIDADE
DE USO
Direitos: Intermediários:
Direitos de Fixação Editora Musical
Direitos de Reprodução e Editora Musical e Gravadora e
Distribuição Distribuidora Digital
Direitos de Sincronização Editora Musical e Gravadora
Direitos de Execução Associações de Gestão Coletiva e
Pública musical Ecad
Direitos Conexos: Gravadora
Edição Musical

Partes: Compositor(es) e Editora


O compositor autoriza que a Editora faça a gestão dos
direitos patrimoniais da obra musical (com exceção dos
Escopo:
direitos de gestão coletiva), também chamados
“publishing rights”;
• Em regra, há cessão de direitos sobre a obra (20% a
30%);
• Exclusividade
Principais • Tempo Indeterminado;
Características: • Possibilidade de contratar subeditoras (responsáveis
por representar os direitos das obras em determinado
local ou país);
Contrato de produção fonográfica

Partes Compositor/Editora e produtor fonográfico


Autorização para a fixação da execução de
Escopo:
uma obra musical em um fonograma;
• Produtor fonográfico é quem incorre nos custos da
produção do fonograma e quem se torna o titular;
• Na maioria das vezes a própria gravadora já é
produtor fonográfico, mas é possível que o artista
seja o produtos do seu próprio fonograma e o ceda
ou licencie para a gravadora;
Principais Características: • O Produtor fonográfico, em um contrato a parte,
também deve obter a licença ou cessão dos direitos
conexos do intérprete e dos músicos
acompanhantes que tiveram a sua performance
musical fixada no fonograma;
Desenhando…
Distribuidores Digitais
Partes Artistas e gravadoras independentes e Distribuidoras Digitais
Autorizar que as Distribuidoras Digitais subam vídeos, fonogramas,
EPs ou álbuns digitais em plataformas de streaming, recebam das
Escopo:
plataformas os respectivos direitos mecânicos desses fonogramas e
repassem essa verba para os seus respectivos titulares
• É um tipo de intermediário específico para o segmento de
streaming;

• Apesar de as plataformas de streaming negociarem os direitos


mecânicos diretamente com as majors, haveria um custo de
Principais
transação muito alto se elas fossem negociar diretamente com as
Características:
demais gravadoras ou com os artistas independentes;

• A distribuidora digital cobra direitos de administração, em média,


na proporção de 25% da receita gerada pelos fonogramas;

• Muitas distribuidoras oferecem outros serviços agregados;


Associações de Editoras e Produtoras
Fonográficas
• Com vistas a reduzir ainda mais os custos de transação, os próprios intermediários,
editoras e gravadoras, se reúnem em associações que podem atuar em negociações que
envolvem todo o portfólio dos seus associados;

• Principais Associações:

• UBEM – Associação Brasileira de Editoras Musicais

• Pró-Música Brasil Produtores Fonográfico Associado (Som Livre, Sony, Warner e


Universal)

• ABMI – Associação Brasileira de Música Independente


Execução pública musical

• Art. 68 da LDA:

• § 2º Considera-se execução pública a utilização de composições musicais ou lítero-


musicais, mediante a participação de artistas, remunerados ou não, ou a utilização de
fonogramas e obras audiovisuais, em locais de freqüência coletiva, por quaisquer
processos, inclusive a radiodifusão ou transmissão por qualquer modalidade, e a
exibição cinematográfica.

• § 3º Consideram-se locais de freqüência coletiva os teatros, cinemas, salões de


baile ou concertos, boates, bares, clubes ou associações de qualquer natureza, lojas,
estabelecimentos comerciais e industriais, estádios, circos, feiras, restaurantes, hotéis,
motéis, clínicas, hospitais, órgãos públicos da administração direta ou indireta,
fundacionais e estatais, meios de transporte de passageiros terrestre, marítimo, fluvial
ou aéreo, ou onde quer que se representem, executem ou transmitam obras
literárias, artísticas ou científicas.
Como funciona a GC de execução pública
musical
• Os titulares de direitos autorais e conexos se filiam em associações, ou seja,
compositores, editoras, produtores fonográficos, intérpretes e músicas executantes –
Art. 97;

• Essas associações, que precisam ser habilitadas pelo MinC, se tornam mandatárias
legais desses titulares (art. 98 da LDA) e, por consequência, o Ecad se torna o
mandatário dessas associações (art. 99 da LDA);

• As associações se reúnem (mensalmente) em uma assembleia geral para deliberar


sobre a administração do Ecad, o seu funcionamento e, em especial, sobre as regras
de arrecadação e distribuição de direitos de execução pública musical, além de outros
temas de relevância para a gestão coletiva;
Titulares de direitos de execução pública

• Compositor(es);
• Editoras (e subeditoras, quando for o caso);
• Produtores fonográfico (gravadora);
• Intérpretes; e
• Músicos executantes.
Arrecadação
• O cálculo do preço da licença é realizado de acordo com o Regulamento de Arrecadação, um
conjunto de regras fixados pela Assembleia Geral (Disponível no site do Ecad);

• Em regra, a cobrança incide sobre a receita do usuário (Ex.: Shows, Televisão, festas, teatro
etc.), cujo índice varia de acordo com a importância da música para o usuário;

• Em casos em que não há receita, ou por deliberação da AG, o Regulamento prevê a


cobrança por outros parâmetros (área sonorizada, número de veículos, tabela de preço de
rádio);

• Unidade de Direito Autoral;

• Licenciamento deve ser prévio (art. 29 e 68 da LDA);


Distribuição
• Regulamento de Distribuição – Prevê as regras de distribuição dos valores arrecadados;

• Distribuição Direta e Indireta;

• Art. 16, §4º do Decreto nº 8.469/15 : Nas hipóteses em que determinado tipo de
utilização tornar inviável ou impraticável a apuração exata das utilizações de
obras, interpretações ou execuções e fonogramas, as associações responsáveis
pela cobrança poderão adotar critérios de amostragem baseados em
informações estatísticas, inquéritos, pesquisas ou outros métodos de aferimento
que permitam o conhecimento mais aproximado da realidade.

• Cada rubrica tem regras suas próprias regras de distribuição;

• Valores não identificados ficam retidos pelo prazo de 5 anos (art. 98, §11);
Repartição dos valores
• Taxa de administração (Ecad: 9%, Associação: 6%, Titular: 85%);
Pontos mais controvertidos
• Legitimidade para o Ecad realizar a cobrança (AgInt no REsp 1225752/MT, REsp 1190647/RS, REsp
812.763/RS).;

• Poder de policia;

• Critérios adotados para a fixação de preço da cobrança;

• Prescrição trienal (AgInt no AREsp 473112/SP, AgInt no AREsp 893943/SP, REsp 1589598 / MS);

• Tabela de preços (AgRg no Ag 780.560/PR, REsp 509.086/RJ, REsp 163.543/RS);

• Distribuição (não recebimento, cadastro, regras de distribuição);

• Conflitos de titularidade;
Limites à cobrança de direitos de execução pública

• Limites de Direito de Autor (arts. 46 a 48 da LDA);

• Domínio Público;

• Gestão pessoal (art. 98, § 15º da LDA);

• Titular não filiado;

• Ponderação com outros interesses constitucionais – interesse público da gestão


coletiva (art. 97,§1º, da LDA);
Repartição tradicional da receita no
Streaming
•30% remunera a plataforma;

•58% remunera o licenciamento dos fonogramas – se a obra foi distribuída por uma
distribuidora digital, desses 58%, em regra, 25% fica com o distribuidor digital e 75%
fica com o produtor fonográfico, que dependendo dos contratos ainda pode ter que
remunerar a editora, o compositor, o intérprete e o músico executante.

•9% remunera o licenciamento da obra musical; e

•3% remunera os direitos de execução pública musical


Repartição tradicional da receita no
Streaming

Fonte: Regulamento de Arrecadação do Ecad, maio 2023


Remuneração do compositor no streaming
• Direitos de reprodução, distribuição e armazenamento negociados pela Associação de sua Editora que
distribui direto com a plataforma – 75% de 9% da receita da plataforma - ou pelo produtor
fonográfico que contratou uma distribuidora digital – 9% de 75% dos 58% da receita da plataforma;

• Direitos de Execução Pública Musical – 75% dos 85% dos 3% da receita da plataforma musical.

• Se a plataforma for de streaming audiovisual, o compositor também já recebeu pela sincronização de


sua obra (negociado livremente, pela editora, com o produtor audiovisual)
Remuneração do compositor no streaming
•BARBOSA, Denis Borges. “On artefacts and middlemen: a musician ś note on the
•economics of copyright”. International Journal of Intellectual Property Management -
•IJIPM, Vol. 4, No. 1/2, 2010).

•Barbosa, Pedro Marcos Nunes. O STJ e o Streaming. Disponível em:


•https://www.jota.info/especiais/o-stj-e-o-streaming-07052017

•COSTA NETTO, José Carlos. “Direito Autoral no Brasil”, 2ª ed., São Paulo, FTD,
•2008.

•FRANCISCO, Pedro Augusto Pereira & VALENTE, Mariana Giorgetti (Org.). “Da
•rádio ao streaming: ECAD, direito autoral e música no Brasil”. 1. ed. - Rio de Janeiro:
•Beco do Azougue, 2016. http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/17034

•LOPES, Marcelo Frullani. “Direito de autor em obra audiovisual”. Disponível em:


•https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/direito-de-autor-em-obra-audiovisual-2
• Compositor(a);
• Editora;
• Produtor Fonográrico;
Principais • Músico Executante (artista);
atores do • Entidades de Gestão Coletiva;
mercado • Plataformas
fonográfico • Distribuidor Digital;
• Consumidor;

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