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Contratos de Distribuição

em plataformas de streaming musical – Spotify


Universidade Federal
de Santa Catarina – UFSC
Curso de Direito Noturno
Direito Empresarial II
Profa. Melissa Ely Melo

Discentes:
Amarilho Kruger,
Evandro Dozol,
Franciele Rupolo,
Ketelin Dias,
Letícia Coelho e
Rebeca Mello.
1.
Introdução
1. Introdução

A linha do tempo
● mistura com a evolução das mídias e formatos
de distribuição
● usual: cessão de direitos autorais
● Ao vivo - gravações - lojas - rádios - streaming
● obra OU fonograma
● produto para serviço
1. Introdução

Os contratos de distribuição analógicos


● remuneração pela venda e não composição
● 1903 - Victor Talking Machine Company
● 1920 - KDKA
● necessidade da gravadora - convênio editora/gravadora
● estúdios de gravação únicos
● sistema fechado
● Frank Sinatra
● VEVO
1. Introdução

Os contratos de distribuição analógicos


● 1942 - UBC
● 1978 - ECAD (centralização)
● 50% das rádios são inadimplentes
● divulgador
● reprodução e sincronização (editores) - grandes
empresas
● execução pública (TV, rádio, cinema e streaming)
1. Introdução

No Rádio
● distribuição indireta
● royalties musicais de execução pública
● royalties de direitos conexos (fonograma)
● contratos gravadora - empresa de rádio
1. Introdução

Na TV
● distribuição indireta ou direta
● royalties musicais de execução pública
● royalties de direitos conexos
● contratos gravadora - emissoras
● taxas de licenciamento de sincronização
2.
Contratos de
Distribuição
2. Contratos de Distribuição: Aspectos Gerais
● CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO
● DISTRIBUIÇÃO-INTERMEDIAÇÃO
● CLÁUSULAS COMUNS:
○ EXCLUSIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO
○ EXCLUSIVIDADE DE ZONA
○ QUOTA DE FORNECIMENTO E AQUISIÇÃO
○ CRÉDITO
○ APARELHAMENTO DA EMPRESA DO DISTRIBUIDOR
3.
Contratos de
Distribuição
na indústria
da música
3. Contratos de Distribuição na indústria da música
3. Contratos de Distribuição na indústria da música
Uma música não precisa estar gravada para existir

A música é o máximo possível da imaterialidade, no ponto de vista da criatividade.

Diferente de um filme que não pode ser considerado uma obra se somente existir na
cabeça do diretor, a música pode existir apenas na cabeça do compositor e ainda ser
considerada uma obra.

Essa obra pode ser comunicada via partituras, por meio de sua execução ao vivo, ou
por meio de gravações fonográficas

Portanto, obra e fonografia são coisas diferentes e, com isso, direito autoral e direito
fonográfico são também coisas diferentes.

Intérprete é o sujeito que transmite, pelos seus próprios meios, a obra do autor. O
intérprete pode ser o próprio autor, mas nem sempre. Ambos são considerados
criadores.
3. Contratos de Distribuição na indústria da música
Nos contratos B2B entre criadores e contratantes, o autor (compositor) está para o
editor, como o intérprete está para a produtora (gravadora).

Em resumo: o autor é quem cria a música (de maneira abstrata), o intérprete é quem
materializa a música, o editor é quem administra a música e o produtor é quem
transforma a música em um produto
3. Contratos de Distribuição na indústria da música
Editor paga royalties para o compositor (% definida em contrato, ou cessão de direitos)

Produtor paga royalties para o intérprete (% definida em contrato)

Provedores de serviços digitais (PSD) pagam royalties para editores e produtores (% do preço
pago pelo consumidor, ou do faturamento do demand side platform (DSP)

compositor + intérprete + Editor + Produtor => organizações de gestão coletiva

Provedores de serviços digitais (PSD) pagam royalties para as organizações de gestão coletiva
e estas distribuem os royalties para autores, intérpretes, editores e produtores (distribuição por
obra/streaming)
3. Contratos de Distribuição na indústria da música
É complexo fazer a gestão individual do seu repertório em toda a cadeia
produtiva

Organizações de gestão coletiva centralizam a arrecadação de direitos

No Brasil, temos o ECAD - Escritório Central de Arrecadação e Distribuição.


Os clientes do ECAD são os locais onde as músicas são veiculadas (shows,
cinema, TV, etc).

Para ser contemplado na distribuição, o artista precisa ser associado em


alguma das associações que compõem o ECAD (atualmente são 7), ter
suas obras ou fonogramas corretamente cadastrados e a música tem que
estar sendo executada por clientes adimplentes.
4.
Direitos
Autorais
4. Direitos Autorais
● Lado artístico x Lado dos negócios
● Boa parte dos lucros dos profissionais da música advém dos direitos autorais.

Direito Autoral:

● baseado na Lei n. 9.610, de 1998.


● conjunto de normas que visam proteger legalmente autores de obras
intelectuais e seus conexos (outras pessoas relacionadas à criação)
para que tenham direitos patrimoniais e morais sobre suas criações.
4. Direitos Autorais
Direito moral autoral: é personalíssimo, intransferível e irrenunciável.
Só pode ser exercido por pessoa física e permanece mesmo após a morte
do autor. Ainda que a obra esteja em domínio público, ou seja, quando sua
utilização é livre e gratuita, o direito moral não desaparece.

Direito patrimonial autoral:


Está relacionado à exploração comercial da obra.
Ou seja, com os lucros e a monetização que uma obra pode ter (é possível
ceder ou vender parcial ou integralmente o direito patrimonial de uma obra).
Obra Musical x Fonograma

É a composição musical que É a gravação da obra


possui letra e melodia ou musical, ou seja, a
apenas melodia. Uma única fixação de uma obra em
obra pode ser gravada em um meio. Por exemplo: a
diversas versões diferentes. música que nós
escutamos no
A Obra Musical é cadastrada
streaming, rádios, CDs,
apenas uma única vez. O
entre outros, são
cadastro de uma Obra Musical
é feito através de uma fonogramas.
Associação de Música entre as
Cada nova gravação
sete existentes que
significa o cadastro de
administram o Ecad (Escritório
Central de Arrecadação e um novo fonograma
Distribuição). e que também, irá gerar
um novo ISRC.
4. Direitos Autorais
A transmissão de músicas por meio da internet por streaming está sujeita ao
pagamento de direitos autorais ao ECAD?
SIM.

O uso de obras musicais por meio da tecnologia streaming é considerado como


“execução pública”, conforme previsto na Lei nº 9.610/98?
SIM.

Art. 68. (...) Lei nº 9.610/98


§ 2º Considera-se execução pública a utilização de composições musicais ou lítero-musicais, mediante a participação de
artistas, remunerados ou não, ou a utilização de fonogramas e obras audiovisuais, em locais de frequência coletiva,
por quaisquer processos, inclusive a radiodifusão ou transmissão por qualquer modalidade, e a exibição cinematográfica.
4. Direitos Autorais
A transmissão de músicas por meio da rede mundial de computadores mediante
o emprego da tecnologia streaming (webcasting e simulcasting) demanda
autorização prévia e expressa pelo titular dos direitos de autor e caracteriza fato
gerador de cobrança pelo ECAD relativa à exploração econômica desses
direitos.
STJ. 2ª Seção. REsp 1559264/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
08/02/2017 (Info 597).
4. Direitos Autorais
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROPRIEDADE INDUSTRIAL E INTELECTUAL. SPOTIFY. TECNOLOGIA
STREAMING. DIVULGAÇÃO DE OBRA MUSICAL. MODALIDADE DE EXECUÇÃO PÚBLICA.
RESPONSABILIDADE CIVIL. 1. A reprodução de músicas pela internet nas modalidades simulcasting e
broadcasting, modalidades do gênero streaming, configura modalidade de execução pública das
obras, permitindo a sua exploração econômica, razão pela qual gera a responsabilidade civil a quem
utiliza este processo mediante divulgação em sua plataforma digital, independentemente de haver
adquirido as músicas das distribuidoras de mídia e gravadoras com quem possui contrato. 2. Em
que pese a agravada afirme que não participa diretamente do processo de produção e edição do
conteúdo musical que disponibiliza em sua plataforma digital, responde pela ausência da adequada
atribuição do "nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do
autor, na utilização de sua obra", tal como prevê o inciso II do art. 24 da Lei nº 9.610/98. 3. A Lei nº
9.610/98 confere proteção especial à violação dos direitos autorais em face da indevida
disponibilização da obra. Pedido que se cinge à inclusão do nome do autor das obras nas abas de
informações da página e do aplicativo administrado pela demandada, impondo-se a determinação
para que haja a indicação do crédito autoral. DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
(Agravo de Instrumento, Nº 50496049720218217000, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Eliziana da Silveira Perez, Julgado em: 05-08-2021).
5.
Royalties:
Quanto os
artistas
recebem?
5. Royalties: Quanto os artistas recebem

De um modo geral, a divisão é feita da seguinte


forma:

● 30% do valor arrecadado fica com a


plataforma de streaming/loja virtual;

● 70% do valor arrecadado fica com a parte


conexa e direitos autorais.
Para ter a sua obra ou
fonograma cadastrada no
ECAD e,
consequentemente,
receber os direitos e
lucros gerados por ela, é
preciso que você se filie
a uma dessas 7
sociedades autorais
5. Royalties: Quanto os artistas recebem
As músicas no Spotify ganham dois tipos de royalties:

● Royalties de gravação: o valor que o detentor dos direitos recebe pelas gravações que estão no
Spotify. Os artistas recebem o pagamento pelo licenciador que enviou as músicas (normalmente, a
gravadora ou distribuidora).
● Royalties de composição: o valor que o compositor ou proprietário de uma composição recebe. Os
pagamentos são enviados às editoras, sociedades de gestão e agências no território de uso.

Os detentores dos direitos recebem royalties por uma música toda vez que alguém, seja no plano Free ou
Premium, coloca ela pra tocar.
5. Royalties: Quanto os artistas recebem

Em fevereiro de 2017, o STJ definiu que a reprodução de música em


plataformas de streaming são reproduções de execução pública.

Dessa forma, passou a ser um dever legal das plataformas repassar os


valores de direitos autorais.

Quem recolhe e distribui os direitos autorais de execução pública é o ECAD.


6. Contrato
Spotify
6. Spotify - Termos de Uso
As contas de marca, ao se cadastrarem para postar músicas ou podcasts, relacionam-se como parte
do Serviço Spotify. Utilizam o serviço, seguindo as regras gerais dos Termos de Uso.

Servem para consumidores finais e contas de marcas. Tem direcionamentos específicos para as
contas de marca.
6. Spotify
Limitações do Spotify: cláusulas que preveem possíveis intervenções (Conteúdo poderá ser retirado sem justificativa,
cobrança de assinatura, ter seu podcast vinculado a outros conteúdos em publicidade, Aditamentos Unilaterais, Vedação em
regra de relação comercial ou endosso entre o criador de conteúdo e o ouvinte…)
- Formas de restringir, talvez não interessante para contratantes que buscam mais liberdade ou outro tipo de proposta.

Cláusula de Compromisso Arbitral!

Independência das cláusulas:


“se qualquer disposição destes Termos for considerada inválida ou inexequível por qualquer motivo ou em qualquer medida, as
restantes disposições destes Termos não serão afetadas e a aplicação dessa disposição será executada na medida do permitido
por lei.”
6. Spotify
Referências
https://ebaconline.com.br/blog/direitos-autorais-na-musica-e-as-plataformas-digitais.

https://www.mundodamusicamm.com.br/index.php/digital/itemlist/tag/direito%20autoral.html.
https://www.dizerodireito.com.br/2017/04/servicos-de-streaming-como-spotify-e.html.

https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/858140785

https://periodicos.uff.br/contracampo/article/download/17631/pdf/65563

https://www.teseopress.com/diversidadedeexpressoesculturaisnaeradigital/chapter/um-breve-panoram
a-da-evolucao-da-tecnologia-musical-promessas-e-riscos-para-a-diversidade-de-expressoes-culturais/

blob:https://web.whatsapp.com/10c7e463-ca1d-49dc-aa56-2a41088b8d49

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