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COMISSÕES DE CULTURA, COMUNICAÇÃO, FINANÇAS E

TRIBUTAÇÃO, E CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA.

SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI Nº 2.370, DE 2019


(APENSADOS: PL Nº 3.035/2019 E PL Nº 1.672/2021)

Altera o inciso XIV do Art. 5º, o §7º do


art. 68, o caput do Art. 81, o Art. 86, o inciso
II do Art. 90, os §§ 2º e 3º do Art. 98-A, e
acrescenta o inciso XVII ao Art. 5º, os §§2º-A,
2º-B e 9º ao Art. 68, o Art. 85-A, os Arts. 88-
A, 88-B e 99-C à Lei nº 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998, que altera, atualiza e
consolida a legislação sobre direitos autorais
e dá outras providências, para reconhecer o
direito de exibição pública de obras
audiovisuais e aperfeiçoar a transparência e
a equidade da remuneração por obras
protegidas em ambiente digital.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º A Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, passa a vigorar


com as seguintes alterações:

“Art.5º..........................................................................................

.....................................................................................................

V - comunicação ao público - ato pelo qual uma pluralidade de


pessoas tem acesso, simultâneo ou não, às obras, a título oneroso ou gratuito,
sem prévia distribuição de exemplares a cada uma delas e que não implique em
transferência de propriedade ou posse;

.....................................................................................................

IX - fonograma – fixação exclusiva de sons de uma execução ou


interpretação ou de outros sons, ou de uma representação de sons;
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......................................................................................................

XIII - artistas intérpretes ou executantes - todos os atores,


cantores, músicos, bailarinos ou outras pessoas que representem um papel,
cantem, recitem, declamem, interpretem ou executem em qualquer forma obras
literárias, artísticas ou religiosas ou expressões do folclore.

XIV - titular originário - o autor de obra intelectual, o intérprete, o


executante, o produtor fonográfico, as empresas de radiodifusão, e, no tocante
ao Art. 85-A, o produtor audiovisual; e

XV – provedor – empresa que oferta serviços ao público


brasileiro na internet, constituída na forma de pessoa jurídica, tais como:

a) Redes sociais: aplicação de internet cuja principal finalidade


seja o compartilhamento e a disseminação, pelos usuários, de criação, opiniões
e informações, veiculados por textos ou arquivos de imagens, sonoros ou
audiovisuais, no âmbito de plataforma, por meio de contas conectadas ou
acessíveis de forma articulada, permitida a conexão entre usuários;

b) Provedores de conteúdo sob demanda: aplicação de


internet cuja finalidade seja ofertar conteúdo, seja ou não de terceiros, inclusive
musical e audiovisual, sob demanda, e independentemente de caráter interativo
ou seguir programação linear; e

c) Outros provedores cujo modelo de negócios envolva a


utilização, em seu âmbito, de obras, fonogramas, interpretações, execuções ou
emissões.”

“ Art. 7° ...................................................................................
........................................

II - as conferências, alocuções, sermões, pregações e outras


obras da mesma natureza

[...] (NR)”
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“Art. 16. São coautores da obra audiovisual o diretor, o roteirista


e os autores do argumento literário e da composição musical ou literomusical
criados especialmente para a obra.

...............................................................................................”

“Art.68...........................................................................................

......................................................................................................

§ 2º-A Considera-se exibição pública a comunicação ao público


de obras audiovisuais por radiodifusão, emissão, transmissão ou retransmissão
por qualquer modalidade e por quaisquer processos, bem como a exibição
cinematográfica e a sua utilização na internet, nos termos do Art. 88-A.

§ 2º-B Além da exibição pública, a representação e a execução


públicas colocadas à disposição do público por provedores também incluem atos
de comunicação ao público.

......................................................................................................

§ 4° Previamente à realização da execução ou exibição pública,


o empresário deverá apresentar aos escritórios centrais previstos nos art. 99 e
99-C, respectivamente, a comprovação dos recolhimentos relativos aos direitos
autorais.

......................................................................................................

§7º As empresas cinematográficas, de radiodifusão, de Serviços


de Acesso Condicionado e os provedores manterão à imediata disposição dos
interessados, cópia autêntica dos contratos, ajustes ou acordos, individuais ou
coletivos, autorizando e disciplinando a remuneração pelos atos de execução,
representação e execução públicas das obras e fonogramas contidas em seus
programas ou obras audiovisuais, na forma de regulamentação pelo órgão
competente.

......................................................................................................

§ 10. O disposto nos §§ 5º a 8º aplica-se também à exibição


pública.”
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“Art. 81. A autorização do autor e do intérprete de obra literária,


artística ou científica para produção audiovisual implica, salvo disposição em
contrário, consentimento para sua utilização econômica pelo produtor, sem
prejuízo dos direitos devidos aos autores e intérpretes em decorrência de cada
exibição pública da obra audiovisual pelos responsáveis pelos atos de exibição
pública.”

“Art. 85-A. Fica assegurado aos autores da obra audiovisual


indicados no art. 16, aos intérpretes da obra audiovisual e ao produtor
audiovisual o direito de receber, de quem praticar o ato de comunicação ao
público, remuneração equitativa por cada execução pública das obras de que
participaram, independentemente da existência de prévia transferência de
direitos a terceiros pela produção e utilização econômica da obra audiovisual, na
forma da regulamentação editada pelo órgão competente.”

“Art. 86. Os direitos autorais decorrentes da exibição pública de


obras audiovisuais e da execução pública de obras musicais, literomusicais e
fonogramas incorporados em obras audiovisuais, serão devidos aos seus
titulares pelos responsáveis dos locais ou estabelecimentos a que alude o § 3º
do art. 68 desta Lei, que as exibirem, ou pelas empresas que as transmitirem,
bem como pelos provedores que façam exibição pública de obras audiovisuais.”

“Capítulo IX

Da Utilização da Obra na Internet

“Art. 88-A. O titular de direitos da obra, fonograma, interpretação,


execução ou emissão utilizada por provedores terá direito à remuneração a ser
paga pelo provedor pela sua utilização, ainda que este ato tenha sido deflagrado
por iniciativa de terceiros no âmbito dos serviços oferecidos pelo provedor.

§ 1º Regulamentação do órgão competente disporá, para cada


tipo de serviço oferecido pelos provedores, sobre a incidência e os parâmetros
de aplicação, dentre os direitos de autor e direitos conexos envolvidos em cada
caso concreto, que poderão ser:

I – para direitos de autor:


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a) a reprodução, observado o disposto no inciso VI do caput do


art. 5º, no inciso IX do caput do art. 29 e no § 1º do art. 30;

b) a distribuição prevista no inciso VII do caput do art. 29,


realizada mediante venda, locação ou qualquer forma de transferência de
propriedade ou posse; e

c) a comunicação ao público, conforme definição prevista no


inciso V do Art 5º, por qualquer uma das modalidades previstas nas alíneas “a”,
“b”, “g” e “j” do inciso VIII do caput do art. 29, conforme a categoria da obra,
incluindo-se:

i) o direito de execução pública previsto na alínea “b” do inciso


VIII do caput do art. 29 e no §§ 2º e 2º-B do art. 68, para as utilizações de obras
musicais, lítero-musicais e fonogramas; e

ii) o direito de exibição pública previsto na alínea “g” do inciso


VIII do Art. 29 e no § 2º-A do Art. 68, para as obras audiovisuais.

II – para direitos conexos:

a) a reprodução prevista no inciso II do caput do art. 90 e no


inciso I do caput do art. 93, incluindo qualquer armazenamento permanente ou
temporário por meios eletrônicos, em qualquer dispositivo ou suporte, observado
o disposto no inciso VI do caput do art. 5º e no § 1º do art. 30;

b) a distribuição prevista no inciso II do caput do art. 93, quando


realizada mediante venda, locação ou qualquer forma de transferência de
propriedade ou posse;

c) a modalidade prevista no inciso IV do caput do art. 90;

d) o direito de execução pública previsto no inciso II do caput do


art. 90 e o direito previsto no inciso III do caput do art. 93; e

e) o direito de exibição pública previsto no inciso II do caput do


Art. 90.

§ 3º A regulamentação mencionada neste artigo terá como


objetivos:
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I – assegurar a flexibilidade necessária à observância da


legislação brasileira por provedores com sede em outro País;

II - proporcionar uma repartição justa da remuneração entre os


diferentes titulares de direitos de autor e direitos conexos envolvidos; e

III – assegurar a neutralidade tecnológica frente às constantes


mudanças nos diferentes tipos de serviço.

§ 4º Não há obrigação de remuneração por conteúdo postado


por terceiros em comunicações privadas em serviços de mensageria instantânea
nem por conteúdo postado que esteja em domínio público ou de acordo com os
limites estabelecidos nos arts. 46 a 48 desta lei.

§ 5° Nos demais casos, regulamentação do órgão competente


disporá sobre os casos de dispensa da obrigação de remuneração por conteúdo
postado em decorrência da aplicação dos termos de uso do provedor.

§ 6º Na ausência de acordo para a remuneração de que trata


este artigo ou para a repartição de receitas entre os diversos tipos de obra,
fonograma, interpretação, execução ou emissão, o órgão competente poderá, na
forma de regulamentação, manifestar-se objetivando a aplicação do disposto
neste artigo e atuar administrativamente na resolução do conflito.

§ 7º O pagamento da remuneração prevista neste Artigo deverá


ser feito pelo provedor aos titulares que optarem por exercer seus direitos
individualmente ou às associações de gestão coletiva que congreguem os
titulares dos direitos autorais sobre obras, fonogramas, interpretações,
execuções ou emissões utilizados e deverá ser proporcional à utilização aferida
das obras, fonogramas, interpretações, execuções ou emissões colocadas à
disposição do público.

§ 8º No processo de definição dos critérios e da forma de


aferição da remuneração de que trata o caput, considerar-se-á a totalidade das
receitas, inclusive de publicidade, geradas em benefício dos provedores, e
inclusive os provedores de aplicações ofertantes de conteúdo sob demanda, em
virtude de conteúdo consumido no Brasil ou em virtude de conteúdo produzido
por cidadãos brasileiros, nos termos de regulamentação pelo órgão competente.
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§ 9º. Não constitui motivo legítimo para reduzir ou frustrar o


pagamento previsto neste artigo a eventual contabilização de receitas descritas
no § 8º em domicílio fiscal situado no exterior, mesmo nos casos em que tal
operação contábil seja porventura reputada lícita do ponto de vista estritamente
fiscal.”

“Art. 88-B Os provedores deverão agir com transparência e


diligência na relação com os titulares de direitos de autor e de direitos conexos
e entidades de gestão coletiva, na forma da regulamentação pelo órgão
competente.

Parágrafo único. Os provedores deverão obrigatoriamente


adotar medidas de transparência ativa e passiva e especificamente as seguintes:

I – informar o titular que optar por exercer seus direitos


individualmente ou às associações de gestão coletiva, conforme o caso, o
número de acessos às obras, fonogramas, interpretações, execuções ou
emissões, por meio de mecanismos de aferição capazes de registrar com
precisão cada conteúdo circulado;

II – abster-se de aumentar ou reduzir artificiosamente, sem


informação ao usuário, a frequência de utilização de obras ou fonogramas
específicos a fim de privilegiar, por meio dos sistemas de recomendação
baseados em algoritmo, a remuneração a empresa integrante do mesmo grupo
econômico, a empresa sócia, controladora ou coligada do provedor, bem como
a empresa que tenha firmado acordo comercial com o provedor; e

III – adotar medidas para identificar e neutralizar a atuação de


contas automatizadas que distorçam artificialmente ranqueamentos e listas de
reprodução.”

“Art. 88-C Os conteúdos jornalísticos utilizados pelos provedores


produzidos em quaisquer formatos, que inclua texto, vídeo, áudio ou imagem,
ensejarão remuneração às empresas jornalísticas.

§ 1º A remuneração a que se refere o caput não deve onerar o


usuário que acessa e compartilha, sem fins econômicos, os conteúdos
jornalísticos em seu perfil ou conta, de hiperlink ou localizador padrão de recurso
(“URL”).
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§ 2º Farão jus à remuneração prevista no caput as empresas de


radiodifusão e as demais pessoas jurídicas, mesmo individuais, constituídas há
pelo menos 24 (vinte e quatro) meses, que produzam conteúdo jornalístico
original de forma regular, organizada, profissionalmente e que mantenham
endereço físico e editor responsável no Brasil.

§ 3º O provedor não poderá promover a remoção de conteúdos


jornalísticos disponibilizados com intuito de se eximir da obrigação de que trata
este artigo, ressalvados os casos previstos nesta Lei, ou mediante ordem judicial
específica.

§4º As empresas jornalísticas poderão requerer a


indisponibilidade do conteúdo jornalístico colocado à disposição do público,
ainda que por terceiros, sem sua autorização.

§ 5º É livre a pactuação entre provedor de aplicação e empresa


jornalística, facultada a negociação coletiva pelas pessoas jurídicas previstas no
§ 2º, inclusive as que integrarem um mesmo grupo econômico, junto aos
provedores quanto aos valores a serem praticados, o modelo e prazo da
remuneração.

§ 6º Em caso de inviabilidade na negociação entre provedor e


empresa jornalística, poderá ser adotada a arbitragem perante a Câmara Arbitral
Privada ou junto a Comissão de arbitragem organizada pelo Ministério da
Justiça, por provocação das empresas jornalísticas.

§ 7º O processo arbitral conduzido pela Câmara Arbitral Privada,


nos termos da Lei Federal 9.307, de 23 de setembro de 1996, seguirá as regras,
taxas e honorários da entidade escolhida, bem como seu regulamento,
ressalvados os prazos e processo decisório previstos na presente Lei.

§ 8º A Comissão de Arbitragem organizada pelo Ministério da


Justiça será constituída por três árbitros escolhidos dentre especialistas
relacionados em lista pública publicada pelo Ministério da Justiça, devendo um
de seus integrantes presidir o procedimento arbitral, aplicando-se,
subsidiariamente, no que couber, a Lei 9.307, de 23 de setembro de 1996.

§ 9º O processo arbitral não será superior a 90 dias de sua


instauração podendo, no período, haver oitivas, tentativas de mediação e
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conciliação, bem como produção de provas a pedido da Câmara Arbitral Privada


ou da Comissão de Arbitragem instaurada pelo Ministério da Justiça ou das
partes.

§ 10º A arbitragem para aferição da remuneração de conteúdo


jornalístico será na modalidade de oferta final de preço fixo, em que cada uma
das partes apresentará proposta única com valor certo e regras objetivas para o
pagamento pelo provedor às empresas jornalísticas.

§ 11º A Câmara Arbitral Privada ou a Comissão de Arbitragem


deverá escolher fundamentadamente uma das ofertas apresentadas pelas
partes, não cabendo recurso dessa decisão.

§ 12º A decisão acerca da oferta para remuneração a ser paga


pelo provedor às empresas jornalísticas deverá considerar, os seguintes
critérios, de forma cumulativa, sem prejuízo de outros:

I – o volume de conteúdo jornalístico original produzido;

II – a audiência digital do veículo; e

III – o investimento em jornalismo aferido pelo número de


profissionais do jornalismo regularmente contratados pela empresa jornalística,
registrados em folha de pagamento e submetidos à Relação Anual de
Informações Sociais - RAIS.

§ 13º A empresa jornalística poderá, passados 02 (dois) anos da


decisão no processo Arbitral, apresentar pedido de revisão da remuneração
estabelecida.”

“Art. 88-D O Conselho Administrativo de Defesa Econômica –


CADE coibirá atos de infração à ordem econômica na área dos direitos autorais.”

“Art.90...........................................................................................

......................................................................................................

II - a reprodução, a execução pública, a exibição pública e a


locação de suas interpretações ou execuções fixadas;
..............................................................................................................................”
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“Art 98-A......................................................................................

......................................................................................................

§ 2º A habilitação de que trata o § 1º do art. 98 é um ato de


qualificação vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei e
por seu regulamento e não precisará ser renovada periodicamente, mas poderá
ser suspensa temporariamente ou anulada mediante decisão proferida em
processo administrativo ou judicial, quando verificado que a associação não
atende ao disposto nesta Lei, assegurados sempre o contraditório e ampla
defesa, bem como a comunicação do fato ao Ministério Público.

§ 3º A aplicação das sanções de advertência, suspensão


temporária e anulação da habilitação a que se refere o § 1º do art. 98 levará em
consideração a gravidade e a relevância das irregularidades identificadas, a boa-
fé do infrator e a reincidência nas irregularidades, conforme disposto em
regulamento, e somente se efetivará após a aplicação de advertência, quando
se concederá prazo razoável para atendimento das exigências apontadas pela
autoridade competente. (Incluído pela Lei nº 12.853, de 2013).

....................................................................................................”

“Art. 99-C. A arrecadação e distribuição dos direitos não


musicais derivados à exibição pública de obras audiovisuais será feita por meio
das associações de gestão coletiva criadas para este fim por seus titulares, as
quais deverão unificar a cobrança em um único escritório central, aplicando-se,
no que couber, as regras previstas para a arrecadação e distribuição dos direitos
relativos a execução pública de obras musicais, literomusicais e fonogramas.”

“Art. 99-D. As associações de titulares poderão manter fiscais,


aos quais é vedado receber do usuário numerário a qualquer título.

Parágrafo único. A inobservância da norma prevista no caput


tornará o faltoso inabilitado à função de fiscal sem prejuízo da comunicação do
fato ao Ministério Público e da aplicação das sanções civis e penais cabíveis.”

Art. 2º Esta Lei entra em vigor no prazo de 120 (cento e vinte


dias) a partir da data de sua publicação.
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Sala das Sessões, em de de 2023.

Deputado ELMAR NASCIMENTO


Relator

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