Você está na página 1de 10

LAÍS DOS SANTOS

ESTUDOS ACERCA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Londrina
2023
LAÍS DOS SANTOS

ESTUDOS ACERCA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Avaliação referente à disciplina de


Empresarial II, do curso de Direito, tendo
por finalidade compor a nota do bimestre.
Docente: Professor Doutor William
Buzingnani

Londrina
2023
DIREITOS AUTORAIS E CONEXOS DE ATORES E ATRIZES DE NOVELA

1.1. INTRODUÇÃO

Por meio do presente estudo, busca-se analisar o conceito de direitos


conexos, cuja titularidade dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores
fonográficos e das empresas de radiodifusão é atribuída e sua interdependência
com os direitos do autor.

No ordenamento jurídico brasileira, o tema é abordado nos artigos 89 a 92


da Lei de Direitos Autorais, de modo que o presente trabalho busca discutir as
principais questões atinentes ao tema, visando sua compreensão e correlação com
os direitos autorais de atores e atrizes de novelas.

1.2.

Com a expansão da difusão de obras de radiodifusão e audiovisuais, surge


a necessidade de proteção daqueles que dão vida às obras escritas pelos autores,
tal atuação em obras preexistente é compreendia pelo direito autoral como “conexa”
e possui proteção própria conferida na Lei de Direitos Autorais. Nas lições de
Antônio Chaves, entende-se por obras conexas:

São, em primeiro lugar, os direitos dos artistas de interpretação


musical ou dramática (em termos amplos), como elaboradores já
não, evidentemente, de obras originárias (as literárias e as musicais
que executam), mas de obras “conexas”, isto é, que criam a partir
daquelas preexistentes, adquirindo, quando meritoriamente
desempenhadas, sua própria individualidade, como obras
interpretadas, através de execuções “ao vivo” ou mediante gravações
sonoras.

A proteção dos direitos conexos foi regulamentada em 1961 no plano


internacional com a Convenção de Roma, a qual estabeleceu que a sua proteção
não interfere na proteção dos direitos do autor sobre obras literárias e artísticas.
No plano legislativo brasileiro, a Lei de Direitos Autorais, a lei dispõe
preliminarmente que as normas relativas aos direitos do autor, aplicam-se, no que
couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores
fonográficos e das empresas de radiodifusão, conforme seu artigo 89:

Art. 89. As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que


couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos
produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão.
Parágrafo único. A proteção desta Lei aos direitos previstos neste
artigo deixa intactas e não afeta as garantias asseguradas aos
autores das obras literárias, artísticas ou científicas.

Antes que passemos a análise do tema proposto, faz-se necessária a


conceituação dos artistas intérpretes ou executantes, a qual é definida no art. 5º, XIII
da Lei de Direitos Autorais como “todos os atores, cantores, músicos, bailarinos ou
outras pessoas que representem um papel, cantem, recitem, declamem, interpretem
ou executem em qualquer forma obras literárias ou artísticas ou expressões do
folclore”. De modo que, estende-se a proteção dos direitos autorais conexos às
atrizes e atores de séries e novelas.

No que diz respeito à concessão de direitos aos beneficiários de direitos


conexos, são concedidas por lei ao artista intérprete ou executante o direito
exclusivo de, a título oneroso ou gratuito, autorizar ou proibir: a fixação de suas
interpretações ou execuções; a reprodução, a execução pública e a locação das
suas interpretações ou execuções fixadas; a radiodifusão das suas interpretações
ou execuções, fixadas ou não; a colocação à disposição do público de suas
interpretações ou execuções, de maneira que qualquer pessoa a elas possa ter
acesso, no tempo e no lugar que individualmente escolherem; qualquer outra
modalidade de utilização de suas interpretações ou execuções.

A proteção dada aos artistas e intérpretes, também se estende à


reprodução de voz e imagem associadas às suas atuações, sendo os seus direitos
exercidos pelo diretor do conjunto, quando houver vários artistas envolvidos na obra.

Ademais, são outorgados aos intérpretes e artistas os direitos morais


direitos morais de integridade e paternidade de suas interpretações, inclusive depois
da cessão dos direitos patrimoniais, sem prejuízo da redução, compactação, edição
ou dublagem da obra de que tenham participado, sob a responsabilidade do
produtor, que não poderá desfigurar a interpretação do artista.

Quanto aos direitos patrimoniais, são concedidos às atrizes e atores, o


direito à remuneração pelo uso de sua interpretação, inclusive nos casos de
reexibição das novelas.

No entanto, ainda que sejam outorgados direitos individuais aos atores e


atrizes, tendo em vista que estes artistas costumam estar vinculados a emissoras de
televisão ou produtora responsável pela produção, a elas também são atribuídos
direitos autorais sobre a novela como um todo e a performance dos autores.

A legislação brasileira estabelece que: “Cabe às empresas de radiodifusão


autorizar ou proibir a retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões, bem
como a comunicação ao público, pela televisão, em locais de frequência coletiva,
com entrada paga, de suas transmissões”. Do texto legal, extrai-se que, o que se
busca tutelar é a emissão(ou transmissão) das obras produzidas pelas empresas,
não autorizando a utilização não autorizada por terceiros.

A duração da proteção dos direitos conexos é de setenta anos o prazo de


proteção aos direitos conexos, contados a partir de 1º de janeiro do ano
subsequente, à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão.

Por fim, no que diz respeito à efetivação dos direitos, são medidas aplicáveis
em caso de infração ou violação dos direitos conexos: medidas conservativas ou
provisionais; sanções civis; sanções penais; medidas a serem adotadas na fronteira;
e medidas, recursos e sanções em caso de danos causados a dispositivos técnicos.

1.3. CONCLUSÃO

Diante do exposto, verifica-se que tendo em vista os direitos conexos


concedidos por lei e sua possibilidade de convenção e negociação pelas partes, o
que irá determinar os termos da exploração da atuação são os contratos de trabalho
dos atores e atrizes com as emissoras de televisão geralmente incluem cláusulas
que permitem o uso da performance em outros programas, como reprises.

Além disso, em regra, os direitos autorais da obra como um todo, são de


propriedade das empresas de radiodifusão, ficando limitada aos atores e atrizes a
remuneração pactuada em contrato de trabalho.

2. LICENÇA COMPULSÓRIA EM CASOS DE EMERGÊNCIA NACIONAL OU DE


INTERESSE PÚBLICO- ART. 71 DA LEI 9.279/96

2.1. INTRODUÇÃO

O regime de licenciamento compulsório impede os abusos que podem


resultar dos direitos exclusivos conferidos por uma patente. Esse regime também
pode ser aplicado em caso de não uso de uma invenção patenteada, dentro de um
período determinado.

Por meio da pesquisa realizada neste tópico, busca-se a compreensão


acerca dos elementos necessários para que sejam requeridas e concedidas licença
compulsória em casos de emergência nacional ou de interesse público.

2.2.

O artigo 71 da Lei 9.279/96, tem por finalidade garantir a possibilidade de


outorga de licença compulsória concedida de ofício, temporária e não exclusiva para
a exploração de patente ou pedido de patente, em casos de emergência nacional ou
internacional ou de interesse público declarados em lei ou em ato do Poder
Executivo federal, ou de reconhecimento de estado de calamidade pública de âmbito
nacional pelo Congresso Nacional.

Com a alteração da redação trazida pela Lei 14.200/21, o artigo também


inclui a regulamentação da referida concessão de licença compulsória, conforme
será estudado a seguir.
Em linhas gerais, a licença compulsória, no contexto do artigo 71, é
concedida quando o titular da patente não possui meios para suprir a demanda
interna por determinada invenção ou modelo de utilidade, em face de situação de
emergência nacional ou internacional ou de interesse público.

A concessão de licença compulsória, envolve a produção e publicação de


uma lista de patentes ou de pedidos de patente, por parte do Poder Executivo
Federal, potencialmente úteis para o enfrentamento das situações de calamidade
pública e emergência, a qual deverá conter: o número individualizado das patentes
ou dos pedidos de patente que poderão ser objeto de licença compulsória; a
identificação dos respectivos titulares e a especificação dos objetivos para os quais
será autorizado cada licenciamento compulsório.

A legislação prevê a atuação dos entes públicos, instituições de ensino e


pesquisa e outras entidades representativas da sociedade e do setor público
produtivo deverão ser consultados durante o processo de elaboração da lista de
patente ou de licença de patente que poderão ser objeto de licença compulsória,
podendo qualquer instituição pública ou privada realizar pedido de inclusão na lista
de patente ou de pedido de patente.

Garante-se a possibilidade exclusão da lista de patentes ou pedidos de


patente que ainda não tiverem sido objeto de licença compulsória nos casos em que
o INPI considerar que seus titulares assumiram compromissos objetivos capazes de
assegurar o atendimento das necessidades internas condições de volume, de preço
e de prazo compatíveis com as necessidades por meio de exploração direta da
patente ou do pedido de patente no País; licenciamento voluntário da patente ou do
pedido de patente; ou contratos transparentes de venda de produto associado à
patente ou ao pedido de patente.

Quanto ao procedimento, a partir da publicação de lista o Poder Executivo


no prazo máximo de 60 dias, irá realizar a avaliação individualizada das invenções e
dos modelos de utilidade, somente podendo conceder a licença compulsória, de
forma não exclusiva, para produtores que possuam capacidade técnica e econômica
comprovada para a produção do objeto da patente ou do pedido de patente, desde
que conclua pela sua utilidade no enfrentamento da situação que a fundamenta.
A outorga de licença compulsória não será dada a título gratuito, a
remuneração do titular da patente ou do pedido de patente objeto de licença
compulsória será fixada em 1,5% sobre o preço líquido de venda do produto a ela
associado. Não bastasse, deverão ser considerados no arbitramento da
remuneração do titular: o valor econômico da licença concedida, a duração da
licença e as estimativas de investimentos necessários para sua exploração, bem
como os custos de produção e o preço de venda no mercado nacional do produto a
ela associado.

No mais, destaca-se que caso o pedido de patente ainda esteja em


processo de análise, o INPI deverá dar prioridade à análise dos pedidos de patente
que foram objeto de patente.

2.3. CONCLUSÃO

Por todo o exposto, nota-se a relevância do presente artigo, tanto no cenário


econômico-produtivo, quanto no contexto social brasileiro. As novas alterações, no
artigo, trazidas em 2021 pela Lei, além de complementarem o anteriormente
disposto, mostraram-se de suma importância para que, no cenário pandêmico
mundial, pudesse ser oportunizada a maior produção de ativos necessários para o
enfrentamento da pandemia.

3. PATENTE DE INTERESSE DA DEFESA NACIONAL- ART 75 DA LEI 9.279/96

A defesa nacional é compreendida pela política Nacional de Defesa como


sendo o “conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase na expressão militar,
para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças
preponderantemente externas, potenciais ou manifestas.” O artigo 75 da Lei
9.279/96, disciplina que:
Art. 75. O pedido de patente originário do Brasil cujo objeto interesse
à defesa nacional será processado em caráter sigiloso e não estará
sujeito às publicações previstas nesta Lei.
§ 1º O INPI encaminhará o pedido, de imediato, ao órgão competente
do Poder Executivo para, no prazo de 60 (sessenta) dias, manifestar-
se sobre o caráter sigiloso. Decorrido o prazo sem a manifestação do
órgão competente, o pedido será processado normalmente.
§ 2º É vedado o depósito no exterior de pedido de patente cujo objeto
tenha sido considerado de interesse da defesa nacional, bem como
qualquer divulgação do mesmo, salvo expressa autorização do órgão
competente.
§ 3º A exploração e a cessão do pedido ou da patente de interesse
da defesa nacional estão condicionadas à prévia autorização do
órgão competente, assegurada indenização sempre que houver
restrição dos direitos do depositante ou do titular.

Nesse contexto, tendo em vista a importância e nível de sigilo de


informações atinentes à defesa nacional, o art. 75 da Lei 9.279/96, conferiu aos
pedidos de patente originários do Brasil cujos objetos interessem à defesa nacional,
o processamento em caráter sigiloso e sem que sejam realizadas as publicações
pelo INPI.

Quanto ao procedimento, o INPI deverá encaminhar o pedido, de imediato,


ao órgão competente do Poder Executivo, para, no prazo de 60 (sessenta) dias,
manifestar-se sobre o caráter sigiloso.

Por último, destaca-se que fica vedado o depósito no exterior de pedido de


patente objeto de interesse nacional, bem como sua divulgação, ficando a sua
exploração e decisão condicionada à autorização prévia do órgão competente,
sendo assegurada indenização sempre que houver restrição dos direitos do
depositante ou do titular.

4. REFERÊNCIAS
NETTO, José Carlos C. Direito Autoral no Brasil. Disponível em: Minha Biblioteca,
(3rd edição). Editora Saraiva, 2019.

BRASIL. Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998. Lei de Direitos autorais. Brasília:


Presidência da República, [1998]. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em 14 mar 2023.

BRASIL. Lei nº 9.279 de 14 de Maio de 1996. Lei de Propriedade Industrial.


Brasília: Presidência da República, [1996]. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm. Acesso em 15 mar 2023.

BRASIL, Governo do. Papel da Defesa Nacional. Brasília: Ministério da Defesa,


2022. Disponível em: https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/copy_of_estado-e-
defesa/papel-da-defesa-nacional#:~:text=Segundo%20a%20Pol%C3%ADtica
%20Nacional%20de,preponderantemente%20externas%2C%20potenciais%20ou
%20manifestas. Acesso em 19 mar 2023.

Você também pode gostar