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Informática Jurídica - Módulo XI - Prof.

Álvaro

DIREITOS AUTORAIS
Para que se possa começar uma análise sobre direito autoral necessita-se de prévio entendimento
sobre a expressão "autor", assim definido por MATHIAS DE SOUZA1 como, "... a pessoa física criadora
da obra literária, artística ou científica. E, assim está consignado na Lei 9.610/98 (art. 11)."
Com isso, pode-se entender autor como o criador intelectual da obra. Cabe inicialmente, também,
ressaltar a diferença referenciada pela lei brasileira entre Direito de Autor e Direito Autoral, a seguir, nas
palavras de ASCENSÃO 2, encontra-se referida distinção:

Direito de Autor é o ramo da ordem jurídica que disciplina a atribuição de direitos


relativos a obras literárias e artísticas. O Direito Autoral abrange, além disso, os chamados
direitos conexos do direito de autor, como os direitos dos artistas intérpretes ou executantes,
dos produtores de fonograma e dos organismos de radiodifusão.

Com isso, pode-se entender que a expressão "Direito Autoral" passou a ser a designação de gênero,
a qual abrange com amplitude termos análogos não disciplinados pelo Direito de Autor. Tratando-se, tal
termo, de curiosa evolução, pois como bem explica ASCENSÃO3, referida expressão nada mais é do
que um neologismo introduzido por Tobias Barreto para corresponder a palavra Urheberrecht, de origem
alemã e que significa nada mais, nada menos do que direito de autor.

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ARAÚJO aprofunda um pouco mais sobre as nomenclaturas existentes, ensinando:

(...), como sua própria nomenclatura, tem sido matéria controvertida. Quanto a esta
última, doutrina, jurisprudência e direito positivo têm se fixado em Direito de Autor (com
maior incidência) e Direito Autoral (logo a seguir), apesar da multiplicidade de denominações
como "Direitos Intelectuais", "Direitos de Criação", "Direitos sobre Imateriais", "Propriedade
Intelectual". E muitas outras, encontradiças em obras nacionais e estrangeiras. Entretanto,
como um artigo de lei pode "inutilizar bibliotecas inteiras", fixemo-nos na nomenclatura oficial
do art. 1º da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, para o qual, no direito positivo
brasileiro, a expressão "Direitos Autorais" (no plural), abrange os "Direitos de Autor", mo-
rais ou pecuniários, sobre obras literárias, artísticas ou científicas, e os "Direitos Conexos",
ou "Direitos Próximos aos de autor", como os de artistas-intérpretes e executores, dos
produtores de fonogramas, organizações de radiodifusão, e outros, como os relativos a pro-
gramas de computador, que a modernidade vai inserindo nessa conceituação que, por gené-
rica, é dinâmica." (grifos meus).

1
SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral, p. 23.
2ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 15.
3ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 16.
4
ARAÚJO, Edmir Netto. Proteção Judicial do Direito de Autor, p. 15.

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No que se refere ao "direito" a ser tutelado bem exemplifica BITTAR , como sendo "o direito que o
autor, a pessoa física criadora de obra intelectual, tem de gozar dos benefícios morais e econômicos
resultantes da produção de suas criações. Ao criar uma obra de espírito, o autor adquire dois direitos: o
MORAL e o PATRIMONIAL", matéria que será analisada no próximo tópico.
Assim, deve ser bem enfatizado que, não há o que se falar em propriedade ou exclusividade de
idéias, para esta não existe tutela, pois, concebidas tornam-se patrimônios da humanidade, ou seja, pas-
sam a pertencerem ao mundo da cultura. Porém, o modo de manifestação dessa vontade, ou seja, a
6e7
forma, também chamada de exteriorização desta criação, é que está inserida na tutela jurisdicional .
Com isso, passa o presente trabalho a tratar dos dois direitos assegurados ao autor quando
exteriorizada a obra de espírito.

Direitos morais e patrimoniais

O autor conquista dois direitos com suas criações intelectuais, os direitos morais e os patrimoniais.
O primeiro trata de direitos inerentes à própria pessoa e dotado de particularidades, que limitam a
8
própria ação do titular, em melhor exposição, trata SOUZA sobre o assunto.

Direitos morais do autor como se sabe, são direitos personalíssimos, por isto inalienáveis
e irrenunciáveis. E, acrescente-se, com apoio em Clóvis Bevilácqua, imprescritíveis. De mes-
tre Clóvis as observações: "Merece ser tratado à parte o direito autoral pela particulari-
dade com que se apresenta, em face da ação dissolvente do tempo. Em primeiro lugar,
há uma parte do direito autoral, a mais íntima, a que se constitui atributo da pessoa,
que não se pode perder por prescrição. Por mais longo que seja o decurso do tempo,
um autor conserva a sua qualidade. Aristóteles é sempre o autor de Ética a Nicomaco;
Lucrécio, de De Natura Rerum; Alencar, de O Guarani. Em segundo lugar, pelo simples
decurso do tempo, extinguem-se, simultaneamente, o direito e a ação, que o garante,
não podendo acontecer, como em outras relações jurídicas, que o direito desprovido da
ação, ainda seja capaz de subsistir, e revelar a sua vida em dadas circunstâncias. É um
direito temporário".

Trata-se, pois, do direito da personalidade, pois nele está inserido, veja-se:


São direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua inte-
gridade física (vida, alimentos,...); a sua integridade intelectual (liberdade de pensa-
mento, autoria científica, artística e literária) e sua integridade moral (...). 9(grifos meus).

5 BITTAR, Carlos Alberto. Direito de Autor, p. 03.


6 SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral, p. 23.
7ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 28.
8
SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral, p. 24.
9 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, p. 102.

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Os direitos morais do autor basicamente se dividem em sete grupos, que nas palavras de SOUZA
são exemplificados:
1) o de paternidade, é dizer-se o de poder reivindicar, a qualquer tempo a autoria da
criação intelectual; 2) o de ter o nome, pseudônimo ou sinal convencional, identificadores da
autoria, anunciados sempre que utilizem a obra; 3) o direito de inédito, qual seja o de conser-
var inédita a criação; 4) o direito de conservar íntegra a obra, podendo opor-se a quaisquer
modificações nela ou ainda a atos que, de qualquer maneira, possam prejudica-la ou atingi-
lo em sua reputação ou honra; 5) o de poder modificar a criação do espírito, antes ou depois
de sua utilização; 6) o de retirar de circulação a obra ou suspender qualquer forma de utiliza-
ção já autorizada; e 7) finalmente, o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando
se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográ-
fico ou assemelhado, ou audiovisual (aquele que resulta fixação de imagens com ou sem som,
como o cinema, por exemplo), preservar sua memória.

No que se refere ao item "6" (retirada de circulação ou suspensão de utilização já autorizada), a Lei
6.910/98, trouxe modificações, criando certa restrição a essa faculdade que era garantida ao autor pela
Lei 5.988/73, ou seja, limitou o exercício apenas nas hipóteses em que a circulação resultar em afronta à
imagem ou à reputação do autor.
O segundo direito do titular da criação intelectual trata dos direitos patrimoniais. Neste caso existem
duas correntes que divergem sobre o assunto, a "monística e utilitária" e a "dualística".
A monística e utilitária aceita o posicionamento de que o direito patrimonial do autor, em relação a
sua obra, constitui-se de dois elementos; o que assegura o direito de afirmar a relação entre autor e obra
e o que permite exploração financeiramente dos frutos da obra. No entanto, alega uma confusão quanto
ao limite de cada elemento, transformando-se, assim, em duas facetas de um único direito11.
Já a corrente que defende a tese dualística, entende que existe uma divisão clássica no direito
patrimonial do autor, que separa a relação criativa do autor com sua obra e o seu direito de utilizá-la
economicamente. Esta teoria é a mais usual e é admitida pela legislação brasileira. Portanto, a única que
12
interessa para o contexto do trabalho.
Visto isto, torna-se possível entender porque os problemas começaram a surgir no que tange a
classificação dentro do quadro geral da ciência jurídica, para tanto, estudar-se-á no próximo tópico a
natureza jurídica do direito autoral.

10
SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral, p. 24.
11
SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral, p. 25,26.
12 SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral, p. 26.

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Natureza Jurídica

Este é um ponto crucial de se tratar devido a própria origem e a grande diversidade de idéias
apresentadas pelos doutrinadores. Como já visto, o Direito Autoral é uma espécie da Propriedade Inte-
lectual e, com isso, sua natureza jurídica desta depende, assim, já é de conhecimento que o direto de autor
enquadra-se, dentro da nova acepção jurídica, pós-visão tripartide, ou seja, os chamados "direitos inte-
lectuais".
No entanto, qualificar, exatamente, a natureza jurídica da Propriedade Intelectual e, conseqüente-
mente, dos direitos autorais tornasse uma grande problemática.
13
CHAVES demonstra, em sua obra, as diversas correntes existentes sobre o que deveria servir de
base para caracterizar a natureza jurídica dos Direitos Autorais, em apertada síntese traz-se a lume, as
citações e breves comentários, sintetizados pela autora que aqui escreve, em cima do entendimento do
referido autor:
I. O direito de autor é um direito da coletividade. Assim, Manzini: "O pensamento
manifestado pertence a todos: é uma propriedade social. A inspiração da alma humana não
pode ser objeto de monopólio".
Essa, corrente entende que a obra deve ganhar proteção do Estado, no entanto, deveria pertencer a
humanidade. Nesse caso não está sendo levado em consideração que o elemento essencial e caracterís-
tico da obra é a forma dada as idéias, e não essas idéias em si.
II. É um direito real de propriedade. Entre os que a ela assimilam o direito de autor,
sob alegação de que ambos têm como fundamento o trabalho, contam-se Köhler, Escarra e
Dabin.
Nessa teoria seus defensores esbarram na questão de que sendo considerada uma propriedade, não
pode, pois, ferir os princípios fundamentais a que esta se funda, o que realmente não acontece, afinal,
existindo no Direito de Autor o direito moral de caráter extrapatrimonial, possuindo suas particularidades
de direito que não pode ser embargado, alienado, que é intangível como inerente à própria personalidade,
resulta insustentável aceitar tal teoria. Necessário se faz, ao menos, que seus defensores acatem o direito
de autor como um direito dúplice.
III. É uma emanação do direito da personalidade. O fundador dessa teoria é o
francês Bertand, embora tenha sido elaborada pelo alemão Otto Von Gierke: "O direito de
autor é um elemento da personalidade, cujo objeto é constituído por uma obra intelectual,
considerada como parte integrante da esfera da própria personalidade".
De menor sorte é essa teoria, pois assegura ao autor, apenas e tão somente, o direito de tornar
pública ou não a sua obra, sem preocupar-se com os fins econômicos que o seu intelecto poderia lhe
proporcionar.

13 CHAVES, Antônio. Criador da Obra Intelectual, p. 19 a 26.

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IV. É um direito especial de propriedade, tendo por objeto um valor imaterial. Foi
a teoria acolhida nos art. 583 e 670 dos CC respectivamente chileno e colombiano: "Sobre
as coisa incorpóreas há também uma espécie de propriedade. Assim o usufrutuário tem a
propriedade de seu direito de usufruto".
Aqui outro ponto deve ser analisado, esses direitos atingem direitos em movimento, fortuna em
formação, classificando-se na dinâmica, possuem um objeto a ser produzido que ainda está indefinido,
conquanto os direitos pertinentes a propriedade e o crédito, classificam-se na estática jurídica, fortuna
adquirida, objeto estável e definido. Impossível, portanto, de ser tratado como um direito especial de
propriedade.
V. É um direito sui generis. Segundo Picard, não é possível incluir o direito de autor,
senão a golpes de martelo, na divisão tripartida clássica do direito romano: direitos pessoais,
direitos reais e obrigacionais. Cria, então, mais um grupo, que denomina de direitos intelectu-
ais.
Os partidários desta corrente defendem a idéia de que os direitos de autor não se encaixam nem na
categoria dos direitos reais, nem na dos direitos pessoais, devendo, portanto ser reconhecida uma terceira
variedade de direitos aos quais dão a denominação geral de "direitos intelectuais", suscetíveis não de
propriedade intelectual e sim de apropriação.
VI. Direitos de clientela. Para Roubier, o direito de autor estaria incluído entre o fundo
de comércio e as clientelas civis, cujo o aproveitamento seria o proveito tirado das relações
de negócio, vinculadas com uma clientela, certos elementos corporais ou incorporais, servin-
do de centro de ligação a esta.
Este entendimento prioriza os meios econômicos evidenciando a pecúnia, no entanto abandona
totalmente as particularidades que a propriedade literária e artística comporta, sendo com isso, inviável.
VII. Direito Privativo de Aproveitamento, no conceito de Plainol e Ripert, (...). "A
apropriação das coisas não depende do desejo do homem, e sim da natureza mesma delas;
o mundo natural está destinado à apropriação, mas não as idéias, que pertencem por nature-
za, ao direito de propriedade que presume a possibilidade de uma posse exclusiva." O autor
está livre de dar ou não à publicidade suas idéias. Mas, "uma vez realizada a publicação,
produz-se um fenômeno que escapa ao seu domínio: a idéia não é somente sua; o público a
possui e não pode perde-la mais. A idéia é refratária, por sua própria natureza, ao direito de
propriedade que presume a possibilidade de uma posse exclusiva".
Essa, realmente, não é uma tese bem aceita, com base em várias normas positivadas brasileiras
podemos rechaçá-la veementemente.
VIII. Direito pessoal de crédito. Daquela passagem do autor citado levanta Edmundo
Pizarro Dávila sua teoria, que por esta forma compendia: "Os direitos intelectuais sobre
obras literárias e artísticas assumem na pessoa do autor a significação de senhorio sobre o
bem intelectual, sustentado numa relação jurídica de paternidade intelectual, que, através da
lei, garante a proteção da qualidade abstrata ou talento criador inerente ao autor e expressa-
do na obra".
Os seguidores dessa teoria entendem ser perfeita sua denominação, por conter este "senhorio jurídi-
co" (traduzido num inalienável direito pessoal de crédito), abrangência necessária aos direitos de autor,
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possuindo em seu conteúdo dois atributos: um de caráter principal e permanente, que tutelaria o direito
moral e, outro de caráter acessória e temporal, que asseguraria o direito de sócio-econômico, priorizando
o valor da obra para a cultura humana agregado aos seus frutos econômicos. E, por fim, encontra-se a
última classificação elencada na obra de CHAVES:
IX. Direito dúplice de caráter real: pessoal-patrimonial. É a doutrina predominante,
incorporada a lei italiana de 1941 e que, aos poucos, inspira a maioria das legislações dos
demais países.
Reconhecidamente, é a teoria mais certeira para os direitos autorais, pois considera o valor de seus
dois elementos, o moral, assegurando a obra e a personalidade do autor nela refletida e o patrimonial,
onde prevê o monopólio de utilização econômica temporária, relativo e limitado, participando da eficácia
dos direitos reais. Seu único inconveniente consiste em não acomodar o direito de autor numa categoria
preexistente e, de não fundamentá-lo sobre uma noção única, cabendo ao intérprete deduzir suas conse-
qüências.
Constatada assim, a grande diversidade de idéias, facilmente observa-se a dificuldade de encontrar
a natureza jurídica dos direitos de autor. Ocorre que, por tratar-se de um ramo jovem da ordem jurídica,
sua matéria era fundamentada no extinto Código Civil de 1916, dentro dos ditames dos artigos 649 a
673, sob o tema "Da Propriedade Literária, Científica e Artística". Assim, por esta colocação, referida
matéria era estudada pelos doutrinadores como parte integrante do Direito Civil, como uma propriedade
entre as outras (será visto posteriormente se a expressão propriedade enquadra-se realmente ao direito
de autor), não sendo reconhecida sua autonomia14.
Com o advento da Lei nº 5.988/73 e posteriormente com a Lei nº 9.610/98, o Direito autoral
ganhou sua autonomia legislativa, porém continuou sem uma indicação de qual sua natureza jurídica,
deixando caminho aberto para os doutrinadores. Assim, mais problemas surgiram, pois, as dificuldades
que suscitam a propósito da delimitação dos ramos do direito uns em relação aos outros é muito grande.
Os critérios utilizados para solucionar o impasse da individualização dos ramos do direito são, normal-
mente, a existência de princípios próprios e autônomos de cada ramo15.
ASCENSÃO16trata do assunto fazendo analogias com demais ramos do direito que passaram e
ainda passam por problemas iguais:
Esta busca de princípios e normalmente tormentosa: recorde-se o que se passa com o
Direito Agrário. Mas o caminho, tomado por si, não parece errado. Será possível apresentar
princípios que justificam uma autonomização do Direito Penal ou do Direito do Trabalho.
Acontecerá assim com o Direito de Autor? É evidente a índole ou fisionomia específica deste
setor, a que está ligada uma grande complexidade. Mas já não é evidente a existência de
princípios próprios, porque a doutrina não tem tido a preocupação de demarcá-los.
Com isso, o autor supra citado finaliza seu pensamento com a observação de que a especificidade
deste ramo resulta não pela demarcação de princípios próprios e sim pela índole do objeto. Índole esta,

14
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 16 e 17.
15
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 18.
16
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 18.

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que determina o caráter imaterial do bem, aceitando, com isso, que represente um ramo autônomo do
Direito.
No entendimento de ARAÚJO17, a natureza do direito de autor é realmente especial, pois se enqua-
dra tanto no caráter pessoal como no patrimonial e ao mesmo tempo deles se distancia, em suas palavras:
Por exemplo, quanto a cessibilidade desses direitos: como direito pessoal, em princípio
intransferível, encontramos entretanto a possibilidade de cessão ou delegação de alguns as-
pectos que se colocam na esfera moral do direito de autor, como a complementação ou
alteração de projetos arquitetônicos por outro profissional. Por outro lado, no aspecto
patrimonial, poderão remanescer, para o autor, além dos atributos morais, algumas prerroga-
tivas patrimoniais, conforme o contrato que se faça, não se transferindo a íntegra dos direitos
patrimoniais.
18
Desta forma, ARAÚJO , entende e conclui que sendo a sua natureza especial, deve ser entendida
com enfoque em duas fases distintas, quais sejam:
a anterior à publicação (melhor se diria exteriorização), na qual existe o direito (moral)
de inédito; e a posterior à exteriorização, com as implicações patrimoniais referentes ao
aproveitamento comercial da obra e as morais relativas à personalidade do autor e ao respei-
to a sua criação e suas características.
19
BITTAR vai mais longe ao afirmar que se trata de um direito sui generis, de disciplina autônoma,
sendo esta, inquestionável, pelos componentes próprios, princípios específicos e as normas de índole
particular continuamente editadas.
Visto isso, cabe agora enquadrá-lo da melhor forma dentro da enciclopédia jurídica. Sendo assim,
primeiramente, faz-se necessário entender se os Direitos Autorais integram o Direito Público ou Privado.
Como é de conhecimento, referido direito reverencia a situação dos particulares e não à estrutura dos
órgãos públicos, por isso, e sem dúvidas pode-se afirmar que o Direito de Autor pertence ao Direito
Privado, ou como a doutrina20prefere dizer, "a um amplo Direito dos Particulares, que regula a situação
dos particulares no seio da sociedade".
Alicerçada esta observação, cabe agora entender se o Direito de Autor está integrado no Direito
Privado comum, Civil ou especial. Sabendo-se que todo Direito Civil é Direito Privado comum e que
como Direito Privado especial encontram-se: o Direito do Trabalho, o Direito Comercial, possivelmente
o Direito Agrário e outros cuja qualificação exata ainda se discute, como o direito Previdenciário21. Onde
o Direito de Autor se enquadraria? ASCENSÃO22 é quem traz a baila a conclusão.

17
ARAÚJO, Edmir Netto de. Proteção Jurídica do Direito de Autor, p. 16.
18 BITTAR, Carlos Alberto. Direito de autor, p.16.
19
ARAÚJO, Edmir Netto de. Proteção Jurídica do Direito de Autor, p. 16.
20ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 19.
21
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 19.
22ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 19.

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A relação que medeia entre Direito Civil e Direitos Privados especiais é uma relação de
especialidade. Os direitos privados especiais especializariam os princípios do Direito Co-
mum para às situações particulares que contemplam. O Direito Comercial adaptaria o Direito
Civil às situações particulares do comércio; o Direito do trabalho especializaria o Direito
Civil, mais particularmente o Direito da Obrigações, para a situação do trabalho subordina-
do, tendo em vista particularmente proteger o trabalho prestado em empresa; e assim por
diante. Realizará o Direito de Autor a especialização, para certo setor, de princípios de Direi-
to Civil? A resposta deve ser negativa. O Direito de Autor não adapta, cria de novo. Não há
nenhum instituto do qual possamos dizer que representa a adaptação a um setor particular de
regras de direito comum.

Assim, entende-se que, não sendo o Direito de Autor um ramo especial, não pode ser tratado como
Direito privado especial, passando, pois, a uma segunda análise, trata-se então, de Direito civil ou co-
mum?
Indiscutível é sua finalidade, ou seja, regular um setor da atividade normal dos particulares centrado
na criação literária e artística. Com isso, tem-se definido que trata de um Direito Civil, porém, que não se
enquadra em nenhum ramo da tradicional classificação clássica, necessitando assim, que lhe seja assegu-
rado sua autonomia como ramo do Direito Civil23.
OLIVEIRA24posiciona-se da seguinte forma:
O Direito de Autor é um novo sub-ramo especializado do Direito Civil, que além de ter
legislação própria, vai também ganhando autonomia didática, apesar de raras universidades
ministrarem a disciplina.
Finaliza-se dizendo que os Direitos autorais pertencem ao Direito Privado, na esfera Civil, possuin-
do natureza patrimonial (regulada pelo artigo 24 da Lei nº 9.610/98) e, natureza extrapatrimonial (regula-
da pelo artigo 24 da Lei nº 9.610/98).

23
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral, p. 20.
24 OLIVEIRA, Álvaro Borges de. Novos Direitos: Direito de Informática e a Tributação de Programa de
Computador, p. 17.

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PRINCÍPIOS GERAIS

Existem alguns aspectos que devem ser, nem que brevemente, vistos neste trabalho, quais sejam, os
fundamentos básicos e genéricos que norteiam a Legislação brasileira nos direitos assegurados ao autor
da obra científica ou literária e também a todos os seus direitos conexos. Citando GANDELMAN25, são
eles:
I. Idéias - As idéias entre si não são protegidas, mas sim suas formas de expressão, de
qualquer modo ou maneira exteriorizadas num suporte material.
II. Valor intrínseco - A qualidade intelectual de uma obra não constitui critério atributivo
de titularidade, isto é, a proteção é dada a uma obra ou criação, independentemente de seus
méritos literários, artísticos, científicos ou culturais.
III. Originalidade - O que se protege não é a novidade contida numa obra, mas tão
somente a originalidade de sua forma de expressão. (...).
IV. Territorialidade - A proteção dos direitos autorais é territorial, independentemente
da nacionalidade original dos titulares, estendendo-se através de tratados e convenções de
reciprocidade internacional. (...).
V. Prazos - Os prazos de proteção diferem de acordo com a categoria da obra. (...).
VI. Autorizações - Sem a prévia e expressa autorização do titular, qualquer utilização
de sua obra é ilegal.
VII. Limitações - São dispensáveis as prévias autorizações dos titulares, em determi-
nadas circunstâncias.
VIII. Titularidade - A simples menção de autoria, independentemente de registro, iden-
tifica sua titularidade.
IX. Independência - As diversas formas de utilização da obra intelectual são indepen-
dentes entre si (livro, adaptação audiovisual ou outra), recomendando-se, pois, a expressa
menção dos usos autorizados ou licenciados, nos respectivos contratos.
XI. Suporte físico - A simples aquisição do suporte físico ou exemplar contendo uma
obra intelectual protegida não transmite ao adquirente nenhum dos direitos autorais da mes-
ma.

25GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à Internet, p.36 e 37.

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A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Para entender melhor os ditames da Legislação vigente primeiramente é necessário fazer um breve
apanhado histórico sobre o assunto.
Segundo CHAVES26, antigamente os autores não possuíam qualquer amparo legal que protegesse
suas obras senão, a fustigação do prejudicado e a condenação da opinião pública para com a pessoa que
plagiava. No entanto, a insatisfação sempre se fez presente com estes atos abusivos. Platão se queixava
de que se faziam circular transcrições de seus discursos, na Sicília, assim como outros autores, porém, o
que lhes incomodava era simplesmente o, então desconhecido, direito moral sobre suas obras. Não
vislumbravam a questão econômica, pois, foi somente com a descoberta da imprensa e a conseqüente
facilidade na obtenção da reprodução dos trabalhos literários que o assunto começou a preocupar. Nesse
momento foi que começou a nascer às abusivas e desleais concorrências.
Posteriormente, passaram a ser concedidos alguns privilégios a determinados impressores, privilégi-
os estes que não decorriam de prerrogativas que os editores tivessem conseguido com os escritores, eram
apenas concedidos a título de compensação. Tanto os editores como os autores não reclamavam direitos,
que já possuíam caráter moral/patrimonial, asseguravam-se através do sistema de monopólio que, por sua
vez, era garantido pela inserção de dinheiro feita no negócio editorial. Assim, os editores eximiam-se de
conferir qualquer lucro para os autores, por menor que fosse, utilizavam-se da desculpa de compensar as
despesas da publicação. No entanto, com as idéias novas que se haviam de propagar pela Reforma e pela
Revolução Francesa a industria editorial se desenvolveu ainda mais e, o regime de compensação, come-
çou a cair no descontento dos autores que logo perceberam a importância de suas contribuições27.
Em 14/04/1710 foi criada, na Grã-Bretanha, com a célebre lei da Rainha Ana, a sanção ao copyright,
nascia aí a primeira regulamentação legal da matéria que, em 07/01/1741 foi seguida pela Dinamarca.
Houve muitos que se insurgiram contra o assunto, obviamente aqueles que perderam com isso, os propri-
etários dos privilégios perpétuos e os grandes nomes do negocio editorial. De lá para cá, a Constituição
norte-americana de 1787 tratou brevemente do assunto, porém, de grande valia, pois, foi através dela
que se originou a primeira Lei dos Estados Unidos em Direito de Autor, em 1790. Sua grande valia foi a
conceituação moderna de que o autor, não mais o editor, detém a propriedade da obra literária28.
Os reflexos da iniciativa norte-americana logo foram sentidos por toda Europa, ao longo de todo o
séc. XVIII. Mas, foi em julho de 1973, que estendeu-se a proteção a todas as outras obras literárias,
contendo apenas sete artigos, porém que servem de inspiração até hoje à legislação específica de todos
os demais países.

26
CHAVES, Antônio. Criador da Obra Intelectual, p. 39 e 40.

27
CHAVES, Antônio. Criador da Obra Intelectual, p. 42 e 43.

28 CHAVES, Antônio. Criador da Obra Intelectual, p. 44.

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Dentre o lapso temporal, acima demonstrado, o cenário internacional também tratou do assunto.
SOUZA29, assim demonstra:
Convenção de Berna para a Proteção das Obras Literárias e Artísticas, de 9 de setem-
bro de 1886, Completada em Paris a 4 de maio de 1896, Revista em Berlim a 13 de novem-
bro de 1908, Completada em Berna a 20 de março de 1914, Revista em Roma a 2 de julho
de 1928, em Bruxelas a 26 de julho de 1948, em Estocolmo a 14 de julho de 1967 e em
Paris a 24 de julho de 1971.
No Brasil, pode se dizer que a história do direito de autor teve seu início em 1827 com a reverencia
a criação de dois Cursos de Ciências Jurídicas e Sociais, um na cidade de São Paulo e outro na cidade de
Olinda, sua manifestação sobre o direito de autor encontra-se no art. 7º da Lei de 11.08.1827, que
previa:
Art. 7º. Os Lentes farão a escolha dos compêndios da sua profissão, ou os arranjarão,
não existindo já feitos (...), competindo aos seus autores o privilégio exclusivo da obra por
dez annos.30
Desde então, as várias Constituições republicanas brasileiras agasalharam os direitos de autor. Atu-
almente, no art. 5º, os incisos XXVII e XXVIII do texto em vigor assim se expressam:
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que partici-
parem, aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas.
Assinala, ainda, ARAÚJO31outros dispositivos Constitucionais que asseguram o direito de autor ou
a sua proteção, ainda no artigo 5º, os incisos IV (liberdade de manifestação do pensamento e vedação ao
anonimato), V (direito de resposta e indenização por dano à imagem), X (inviolabilidade da intimidade e
da imagem), XIII (liberdade de profissão), XIV (acesso à informação), além de todo o Capítulo da
Comunicação Social.
O Código Civil de 1916 consagrou referidos diretos em seu Título I, "Da propriedade", destinando-
lhes todo o Capítulo VI como sendo "Da propriedade literária, artística e científica", (arts. 649 a 673).
Diversas normas legais sobre o assunto apareceram
29 desde as primeiras constituições, porém de
forma esparsa e não sistematizada, ou seja, desde a Lei nº 4.944, de 01.08.1898, que já definia o direito
autoral, até a Lei nº 4.944, de 06.05.66, sobre direitos conexos dentre outras normas. No entanto foi
apenas com a Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973 que se criou uma norma central, no direito
positivo, que regia a matéria relativa ao direito de autor e conexos32 .

29 SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. Direito Autoral, p.137.


30 CHAVES, Antônio, Criador da Obra Intelectual, p. 45.

31
ARAÚJO, Edmir Netto. Proteção Judicial do Direito de Autor, p. 18.
32
ARAÚJO, Edmir Netto. Proteção Judicial do Direito de Autor, p. 18.

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Tratando-se da primeira especificação do assunto no direito positivo brasileiro e, também, pela


dinâmica da matéria, vários pontos foram deixados de lado, outros ficaram omissos, necessitando, pois,
de nova lei que a aperfeiçoasse e, suprisse suas falhas. O legislador criou então a Lei nº 9.610, de
fevereiro de 1998, possibilitando inclusive norma específica para programas de computador, ou seja, Lei
nº 9.609 da mesma data, que veio a regular o art. 7º, XII e parágrafos 1º, 2º e 3º, da primeira lei citada.

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LEGISLAÇÃO

a) Fazer Leitura Dos Artigos Da Lei 9610/98


b) Fazer Leitura do Artigo 184 do Código Penal - pegar Código atualizado pela
c) Veja algumas considerações da lei sobre direito autoral:

1. CONVENÇÃO DE BERNA (Constituição Federal, art. 5º, x 2º e 109, III, garantem a aceitação
dos tratados e acordos internacionais como lei interna):
"Art. 9º ……………………………………………………………
1- Os autores de obras literárias e artísticas protegidas pela presente Convenção gozam do direito
exclusivo de autorizar a reprodução de suas obras por qualquer procedimento e sob qualquer forma.
2- Reserva-se às legislações dos países membros da União a faculdade de permitir a reprodução de
ditas obras em determinados casos especiais, desde que tal reprodução não atente contra a exploração
normal da obra nem cause um prejuízo injustificado aos interesses legítimos do autor."

2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL
"Art.5º.......................................................................................
XXVII- aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar."

3. LEI DE DIREITOS AUTORAIS, LEI Nº 9.610/98:


"Art 1º. Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos do
autor e os que lhe são conexos. Art. 5º. Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I- publicação - o oferecimento da obra literária, artística ou científica ao conhecimento do público,
com o conhecimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por qualquer forma ou
processo;
IV- distribuição- colocação à disposição do público do original ou cópia de obras,.......mediante a
venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse;
VI- reprodução- a cópia de um ou mais exemplares de uma obra literária........incluindo qualquer
armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos, ou qualquer outro meio de fixação que
venha a ser desenvolvido;
VII- contrafação - a reprodução não autorizada;
VIII- editor - a pessoa física ou jurídica à qual se atribui o direito exclusivo de reprodução da obra
e o dever de divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição.
Art. 7º. São obras intelectuais protegidas as criações de espírito, expressas por qualquer meio ou
fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, como: I- os
textos de obras literárias, artísticas ou científicas; Art. 22. Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais
sobre a obra que criou. Art. 24. São direitos morais do autor: IV- o de assegurar a integridade da obra,
opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que,, de qualquer forma, possam prejudicá-la
ou atingi-la, como autor em sua reputação ou honra;
Art 29. Depende da autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra,por quaisquer
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modalidades, tais como:


I- a reprodução parcial ou integral;
II- a edição;
Art. 30. No exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais poderá colocar à
disposição do público a obra, na forma, local e tempo que desejar, a título oneroso ou gratuito.
§ 2º. Em qualquer modalidade de reprodução, a quantidade de exemplares será informada e contro-
lada, cabendo a quem reproduzir a obra a responsabilidade de manter os registros que permitam, ao
autor, a fiscalização do aproveitamento econômico da exploração.
Art. 37. A aquisição do original de uma obra, ou de exemplar, não confere ao adquirente qualquer
dos direitos patrimoniais do autor, salvo convenção em contrário entre as partes e os casos previstos
nesta Lei.
Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do
ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.
Art. 46 - Não constitui ofensa aos direitos autorais:
II - a reprodução, em um só exemplar, de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde
que feita por este sem o intuito de lucro;
Art. 53. Mediante contrato de edição, o editor, obrigando-se a reproduzir e a divulgar a obra literá-
ria, artística ou científica, fica autorizado, em caráter de exclusividade, a publicá-la e a explorá-la pelo
prazo e nas condições pactuadas com o autor.
Art. 63. Enquanto não se esgotarem as edições a que tiver direito o editor, não poderá o autor
dispor de sua obra, cabendo ao editor o ônus da prova.
§ 1º Na vigência do contrato de edição, assiste ao editor o direito de exigir que se retire de circula-
ção a mesma obra feita por outrem.
Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma
utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem
prejuízo da indenização cabível.
Art. 103. Quem editar obra literária, artística ou científica, sem autorização do titular, perderá para
este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-á o preço dos que tiver vendido.
Parágrafo único. Não se conhecendo o número de exemplares que constituem a edição fraudulenta,
pagará o trangressor o valor de três mil exemplares, além dos apreendidos.
Art. 104. Quem vender, expuser à venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar
obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, provei-
to, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos
termos dos artigos precedentes respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso
de reprodução no exterior.
Art. 106. A sentença condenatória poderá determinar a destruição de todos os exemplares ilícitos,
bem como as matrizes, moldes, negativos e demais elementos utilizados para praticar o ilícito civil, assim
como a perda de máquinas, equipamentos e insumos destinados a tal fim ou, servindo eles unicamente
para o fim ou, servindo eles unicamente para o fim ilícito, sua destruição. "

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4. CÓDIGO CIVIL:
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

5. CÓDIGO PENAL - LEI 10.695, DE 1º DE JULHO DE 2003, que,


Altera e acresce parágrafo ao art. 184 e dá nova redação ao art. 186 do Decreto-Lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940 - CÓDIGO PENAL, alterado pelas Leis nos 6.895, de 17 de dezembro de
1980, e 8.635, de 16 de março de 1993, revoga o art. 185 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940, e
acrescenta dispositivos ao Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
a seguinte Lei:
Art. 1o O art. 184 e seus §§ 1o, 2o e 3o do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940,
passam a vigorar com a seguinte redação, acrescen-tando-se um § 4o:
"Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto,
por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autoriza-
ção expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os
represente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui,
vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou
executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual
ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas
ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la
em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto
ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do
produtor de fonograma, ou de quem os represente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao
direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado
do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto." (NR)

Art. 2o O art. 186 do Decreto-Lei no 2.848, de 1940, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 186. Procede-se mediante:
I - queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184;
II - ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§ 1o e 2o do art. 184;
III - ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de entidades de direito
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público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder
Público;
IV - ação penal pública condicionada à representação, nos crimes previstos no § 3o do art. 184."
(NR)
Art. 3o O Capítulo IV do Título II do Livro II do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941,
passa a vigorar acrescido dos seguintes arts. 530-A, 530-B, 530-C, 530-D, 530-E, 530-F, 530-G, 530-
H e 530-I:
"Art. 530-A. O disposto nos arts. 524 a 530 será aplicável aos crimes em que se proceda mediante
queixa.
Art. 530-B. Nos casos das infrações previstas nos §§ 1o, 2o e 3o do art.
184 do Código Penal, a autoridade policial procederá à apreensão dos bens ilicitamente produzidos
ou reproduzidos, em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e materiais que possibi-
litaram a sua existência, desde que estes se destinem precipuamente à prática do ilícito.
Art. 530-C. Na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por 2 (duas) ou mais testemu-
nhas, com a descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre suas origens, o qual deverá
integrar o inquérito policial ou o processo.
Art. 530-D. Subseqüente à apreensão, será realizada, por perito oficial, ou, na falta deste, por
pessoa tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo que deverá
integrar o inquérito policial ou o processo.
Art. 530-E. Os titulares de direito de autor e os que lhe são conexos serão os fiéis depositários de
todos os bens apreendidos, devendo colocá-los à disposição do juiz quando do ajuizamento da ação.
Art. 530-F. Ressalvada a possibilidade de se preservar o corpo de delito, o juiz poderá determinar,
a requerimento da vítima, a destruição da produção ou reprodução apreendida quando não houver
impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação penal não puder ser iniciada por falta de determina-
ção de quem seja o autor do ilícito.
Art. 530-G. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens
ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde que
precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deve-
rá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e
pesquisa ou de assistência social, bem como incorporá-los, por economia ou interesse público, ao patrimônio
da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio.
Art. 530-H. As associações de titulares de direitos de autor e os que lhes são conexos poderão, em
seu próprio nome, funcionar como assistente da acusação nos crimes previstos no art. 184 do Código
Penal, quando praticado em detrimento de qualquer de seus associados.
Art. 530-I. Nos crimes em que caiba ação penal pública incondicionada ou condicionada, observar-
se-ão as normas constantes dos arts. 530-B, 530-C, 530-D, 530-E, 530-F, 530-G e 530-H."
Art. 4o É revogado o art. 185 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezem-bro de 1940.
Art. 5o Esta Lei entra em vigor 30 (trinta) dias após a sua publicação.
Brasília, 1o de julho de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


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