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DIREITOS AUTORAIS

Direito autoral ou direito de autor é um conjunto de prerrogativas conferidas por lei à


pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa usufruir de
quaisquer benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas
criações. É derivado dos direitos individuais e situa-se como um elemento híbrido,
especial e autônomo dentro do direito civil.

Para efeitos legais, divide-se em direitos morais e patrimoniais: os direitos morais


asseguram a autoria da criação ao autor da obra intelectual e são intransferíveis e
irrenunciáveis. Já os direitos patrimoniais se referem principalmente à utilização
econômica da obra intelectual, podendo ser transferidos e/ou cedidos a outras
pessoas. A transferência dos direitos patrimoniais se dá por meio de licenciamento
e/ou cessão.

Uma obra entra em domínio público quando os direitos patrimoniais expiram. Isso
geralmente é um período decorrido após a morte do autor (post mortem auctoris). O
prazo mínimo, a nível mundial, é de 50 anos e está previsto pela Convenção de
Berna. Muitos países têm estendido o termo amplamente. Por exemplo, nas
legislações brasileira e europeia, é de 70 anos. Uma vez passado esse tempo,
este trabalho pode então ser utilizado livremente, respeitando os direitos morais.

O direito de autor é compreendido como uma modalidade da propriedade intelectual


e um dos direitos humanos fundamentais na Declaração Universal dos Direitos
Humanos. No direito anglo-saxão se utiliza a noção de copyright (traduzido
literalmente como 'direito de cópia') que compreende a parte patrimonial dos direitos
de autor (direitos patrimoniais).

1. ORIGEM

a. BRASIL

Segundo a legislação brasileira, o conceito de autor é distinto daquele de titular dos


direitos autorais: o primeiro é a pessoa física criadora da obra literária, artística ou
científica; o segundo é a pessoa física ou jurídica legitimada a exercer os direitos
sobre a obra. A titularidade de uma obra pode ser transferida a terceiros, mas a
autoria, por ser um direito de personalidade, é intransferível

b. EXTERIOR

Em 1710, entrou em vigor a primeira lei de direitos autorais conhecida, o Copyright


Act, baixado pela Rainha Ana da Inglaterra em 1709, que dizia respeito apenas a
livros. Em 1735, foi adotada outra lei, que abrangia desenhos. Ao longo do século
XVII, nos reinos de Georges II e Georges III foram realizadas ampliações e
aperfeiçoamentos na legislação. Outros países como Dinamarca, Espanha,
Alemanha e Estados Unidos também adotaram legislações que versavam sobre
direitos de impressão e reprodução de obras.

2. LEIS DE PROTEÇÃO
a. BRASIL

No Brasil, o artigo 18 da Lei nº 9610/98 preconiza que a proteção a direitos autorais


independe de registro. Ou seja, perante a lei brasileira o registro é meramente
declarativo e não constitutivo de direito.

b. EXTERIOR

Nos países signatários da Convenção de Berna, promulgada no Brasil pelo Decreto


nº 75.699, de 06 de Maio de 1975., a proteção ao direito do autor se dá de forma
automática e não está subordinada a qualquer formalidade (registro).

3. REPRODUÇÃO VERSUS CONTRAFAÇÃO

Reprodução é a cópia de uma obra literária, artística ou científica. Contrafação é a


cópia não autorizada de uma obra. Sendo assim, Contrafação é a cópia sem
autorização do titular dos direitos autorais e/ou detentor dos direitos de reprodução
ou fora das estipulações legais.

4. EXPIRAÇÃO
Domínio público é uma condição jurídica na qual uma obra não possui o elemento
do direito real ou de propriedade que tem o direito autoral, não havendo, assim,
restrição de uso de uma obra por qualquer um que queira utilizá-la. Do ponto de
vista econômico, uma obra em domínio público é livre e gratuita. Nesse sentido,
domínio público é o antônimo do Direito autoral.

Via de regra, nos países signatários da Convenção de Berna, uma obra entra no
domínio público setenta anos após o falecimento de seu autor. Tal prazo se refere
tão somente aos direitos patrimoniais do autor, não se aplicando aos direitos morais,
os quais são imprescritíveis. Ou seja, independente de uma obra estar ou não em
domínio público, o autor deve ser sempre citado.
Outras situações em que a obra passa a ser de domínio público se dão quando o
autor não deixa herdeiros e quando o autor é desconhecido

5. ACESSO PELA INTERNET


Na internet, basicamente, quem produz o conteúdo tem o direito sobre ele, seja de
uso ou distribuição. Muitos criadores de conteúdo mantêm sites ou blogs onde
distribuem seu material gratuitamente ou não. Isso é muito comum em portais de
notícias, onde as matérias são disponibilizadas para leitura por qualquer um que
tenha acesso a elas.

Podem-se encontrar, inclusive, músicos e autores independentes que distribuem


gratuitamente em formato digital sua obra. Um bom exemplo disso é a banda “O
Teatro Mágico”, que mantém em seu site todas as suas músicas para download
gratuitamente. Como eles são os detentores dos direitos sobre as músicas, eles
distribuem da forma como preferirem.

6. PIRATARIA VERSUS FALSIFICAÇÃO

É preciso separar pirataria de falsificação. Pirataria de software, músicas, filmes e


livros são cópias idênticas ao original, que não tentam se passar pelo original. O
produto original não é afetado diretamente e quem copia ou compra a cópia sabe
que está comprando uma cópia. A falsificação é quando um produto tenta se passar
pelo original, com um preço menor e qualidade em geral muito inferior. Nesse caso
não só é um crime de propriedade intelectual, mas também um crime de estelionato.
Já que o consumidor está sendo enganado e não é conivente com a prática como no
caso da pirataria. Em resumo ela leva um produto, mas desejava levar outro.

As falsificações são de 3 tipos:


● Produtos praticamente idênticos ao original.
● Falsificações de qualidade inferior.
● Produtos evidentemente falsificados ou similares.

7. DIREITO PATRIMONIAL

Direito das coisas


Direito das coisas é um ramo do direito privado que trata dos direitos de posse e
propriedade dos bens móveis e imóveis, bem como das formas pelas quais esses
direitos podem ser transmitidos. Os direitos reais, que abrangem o direito de
propriedade e os direitos reais sobre coisa alheia (porém, não abarcam o direito à
posse), possuem previsão legal no art. 1225 do Código Civil. Este artigo é um rol
taxativo que enumera quais são os direitos reais admitidos no direito brasileiro,
motivo pelo qual não se pode dizer que direito à posse é um direito real. É
importante entender que essa designação de nenhum modo atribui direitos às
coisas: são pessoas, seres humanos, exclusivamente, os que podem ter direitos.

● Princípio da coisificação - direito real deve versar sobre coisas e não sobre
pessoas ou outros bens não coisificáveis;
● Princípio da especialidade ou individualização - o objecto dos direitos reais
deve ser uma coisa certa e determinada;
● Princípio da totalidade da coisa - o objecto de um direito real é a coisa na sua
totalidade;
● Princípio da compatibilidade - só pode existir um direito real sobre
determinada coisa, na medida em que seja compatível com outro direito real
que a tenha por objecto;
● Princípio da elasticidade - o direito sobre uma coisa tende a abranger o
máximo de utilidades que proporciona;
● Princípio da transmissibilidade - os direitos reais podem mudar de titular quer
inter vivos, quando vivos, quer mortis causa, quando mortos;
● Princípio da consensualidade - segundo o código civil Português, basta um
contrato para que se transmita um direito real, não é necessária a tradição da
coisa (eficácia real do contrato); porém, segundo redação do Art 1.226 do
Código Civil Brasileiro, dispõe de maneira diversa, onde somente será
transmitido um direito real com a tradição da coisa.
● Princípio da tipicidade - não é possível constituir direitos reais diferentes dos
previstos na lei;
● [Quanto à primeira parte (Portugal), de muito perto, Direitos Reais A. Santos
Justo, Coimbra Editora]

Esta segunda parte tem uma perspectiva de um editor Brasileiro (poucas ou


nenhumas diferenças existem, apenas no que toca à regulação legal, no essencial
os institutos são,está claro, os mesmos):

Posse

A posse pode ser real ou presumida, de boa-fé ou de má-fé, direta ou indireta.

Existem duas teorias que definem o conceito de posse:


Teoria de Savigny (Subjetiva): Para Savigny, a fim de se caracterizar a posse, é
necessário que o possuidor tenha o "corpus" (ter a coisa em seu poder), e "animus"
(vontade de ter a coisa como sua), sendo que se tiver somente o "corpus" não será
considerado possuidor e sim, detentor, não tendo, com isto, proteção possessória.
Teoria de Ihering (Objetiva): Para Rudolf von Ihering, a fim de se configurar a posse,
há necessidade de se comprovar apenas o "corpus", dispensando-se o "animus",
pois este encontra-se inserido naquele.
8. DIREITO MORAL

Direitos morais ou direito moral refere-se aos direitos consagrados pela lei aos
autores de obras protegidas por direitos de autor. Os direitos morais fazem parte dos
direitos de autor como direitos de natureza pessoal - ao contrário de direitos de
natureza patrimonial, também abrangido pelos direitos de autor - que por sua vez
são compostos por outros dois direitos: o direito à autoria e direito à integridade, que
permitem que este possa reivindicar a autoria da obra, assim como a genuinidade e
integridade desta. Ao contrário dos direitos patrimoniais, os direitos morais
normalmente não podem ser objeto de renúncia, seja ela forçada ou não. Além
disso, independentemente da extinção ou não dos direitos patrimoniais, o autor da
obra pode reivindicar os direitos morais durante toda a sua vida. Caso o autor faleça
e a obra ainda não esteja em domínio público, os herdeiros podem reivindicar os
direitos morais da obra.

● DIREITO DO AUTOR
○ Direitos patrimoniais
■ Direito de produção e reprodução
■ Direito de criação de obras derivadas
■ Direito de retransmissão
○ Direitos morais
■ Direito à autoria
■ Direito à integridade

9. ASSOCIAÇÕES

A lei número discorre sobre as associações no Título VI e sita em seus artigos:

Art. 97. Para o exercício e defesa de seus direitos, podem os autores e os titulares
de direitos conexos associar-se sem intuito de lucro.
§ 1º As associações reguladas por este artigo exercem atividade de interesse
público, por determinação desta Lei, devendo atender a sua função social.
§ 2º É vedado pertencer, simultaneamente, a mais de uma associação para a gestão
coletiva de direitos da mesma natureza.
§ 3º Pode o titular transferir-se, a qualquer momento, para outra associação,
devendo comunicar o fato, por escrito, à associação de origem.
§ 4º As associações com sede no exterior far-se-ão representar, no País, por
associações nacionais constituídas na forma prevista nesta Lei.
§ 5º Apenas os titulares originários de direitos de autor ou de direitos conexos
filiados diretamente às associações nacionais poderão votar ou ser votados nas
associações reguladas por este artigo.
§ 6º Apenas os titulares originários de direitos de autor ou de direitos conexos,
nacionais ou estrangeiros domiciliados no Brasil, filiados diretamente às associações
nacionais poderão assumir cargos de direção nas associações reguladas por este
artigo.
Art. 98. Com o ato de filiação, as associações de que trata o art. 97 tornam-se
mandatárias de seus associados para a prática de todos os atos necessários à
defesa judicial ou extrajudicial de seus direitos autorais, bem como para o exercício
da atividade de cobrança desses direitos.

10. ARRECADAÇÃO

O primeiro passo para receber pagamentos de direitos autorais é estar filiado a uma
associação, como a ABRAMUS. O ECAD – Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição – é o órgão responsável por fazer a arrecadação e distribuição de
direitos autorais no Brasil. Após fazer a arrecadação, o ECAD passa os valores para
as associações, que então faz o pagamento aos seus titulares. Por isso, é
imprescindível que todo profissional da área da música filie-se a uma associação e
mantenha seu cadastro sempre atualizado, seja ele autor, intérprete, músico ou
produtor fonográfico.

Cadastro de obras e fonogramas


Estar filiado não basta. Além disso, é preciso cadastrar as obras e os fonogramas
(as gravações das obras, isto é, a música que escutamos nos CDs, nas rádios etc).
Lembramos que o cadastro de fonogramas é feito pelo Produtor Fonográfico.

Quando o ECAD faz arrecadação de obras e fonogramas que não estão


cadastrados, os valores ficam “guardados”. Isto é o que chamamos de Crédito
Retido (ou Crédito Protegido). Existem vários motivos que geram essa retenção, que
podem ser a falta de cadastro de obras e fonogramas, como também cadastros com
informações incompletas ou incorretas, bem como titulares que não têm filiação.

Período de arrecadação e distribuição

O pagamento dos direitos autorais não é algo instantâneo como muitos pensam. O
processo de arrecadação e distribuição de direitos autorais é feito de forma
minuciosa para garantir um serviço de qualidade. Numa visão geral, funciona da
seguinte forma: a arrecadação é feita trimestralmente, leva mais três meses para
processar o que foi arrecadado, e a distribuição é feita no mês seguinte. Por
exemplo, o que é arrecadado entre janeiro e março é processado em abril, maio e
junho e distribuído em julho.

Esta não é uma explicação detalhada de todo o processo necessário para que o
artista receba o que é seu de direito, é apenas uma breve explicação de quais são
os passos necessários. Dúvidas podem surgir sempre, e por isso a ABRAMUS tem
profissionais no departamento de Artístico & Repertório para prestar esclarecimentos
e orientações. Clique aqui para encontrar o contato de todas as unidades.

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