Você está na página 1de 200

ENQUANTO

A FILA NÃO
ANDA
LUCA
MARTINI

ENQUANTO
A FILA NÃO
ANDA

SÃO PAULO, 2019


2A EDIÇÃO
Copyright © 2019 por Luca Martini
Publicado por HYPE EDITORA

Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.610, 19/02/1998.

Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão total e parcial deste


livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito do autor.

2a edição - novembro 2019

M298e

Martini, Luca
Enquanto a fila não anda/ Luca Martini. – São Paulo
Hype Editora 2019 / 200 p.

ISBN: 978-85-921696-1-9

1. Cristianismo. 2. Vida cristã 3. Relacionamento.


I. Título. II. Autor
CDD 240
CDU 24

Direção Geral: Ricardo Fonseca


Coordenação Editorial: Camila Carelli Fonseca
Revisão: Ana Beatriz Paes
Diagramação: André Rinaldi
Projeto Gráfico: FJR. Design / André Rinaldi
Fotografia: Marina Vancini
Impressão: Geográfica
DARIO MARTINI
Filholino mio! Você foi corajoso demais ao falar de teus pecados,
traumas e decepções de modo tão franco e absurdamente sábio ao de-
monstrar como sobreviveu aos infortúnios. Sua vida é fascinante!
Extraordinário como você extraiu lições inspiradoras de uma
fase confusa para ajudar seus leitores a uma introspecção púbere que
contribua para uma vida íntegra e consequentemente abundante. Ti
amo tantissimo! Papai.

PR. LIPÃO
Particularmente me alegrei muito quando soube que o Luca esta-
va escrevendo algo sobre sexulidade com a abordagem que você verá
ao longo da leitura. Creio que devamos falar mais sobre o assunto
porque temos dado os direitos autorais do sexo para o diabo enquanto
deixamos com Deus o velho “não pode”. A grande verdade porém é
que, em Deus, nunca temos o “não”, apenas o “sim”. Nas ocasiões em
que ouvimos um aparente “não” de Deus, na verdade, é porque não
estamos conseguindo ver o “sim” ainda maior.
Neste livro, você será surpreendido pela transparência, humilda-
de, humanidade e, principalmente, pelo compromisso do autor com
verdades absolutas e com a realidade presente. Permita-se ser muda-
do pela Verdade, para que possa ser capaz de experimentar a vida que
Jesus sonhou para você.

VICTOR AZEVEDO
Luca Martini tem um caráter único e umas das coisas mais incrí-
veis sobre ele é seu zelo pela Palavra de Deus. Neste livro ele aborda
temas muito específicos sem perder a clareza bíblica. Entre na aven-
tura desta leitura com uma certeza: você não vai conseguir continuar
pensando da mesma maneira. Aproveite a viagem.
YAGO MARTINS
Luca Martini está preocupado com sua vida. Ele não quer sim-
plesmente informar sua mente com notas elegantes sobre a vida sexu-
al. Ele quer pegar você pelo pescoço e dar uns tapas com aquela força
que só quem te ama muito usa. Eu sou pessoalmente beneficiado pelo
esforço devocional do Luca em seus vídeos no YouTube, lembrando
constantemente meu coração duro da importância de viver para Deus.
Oro para que este esforço literário também lembre você que os pra-
zeres do pecado são curtos e momentâneos, que a santidade muitas
vezes custa bem caro e que a recompensa eterna é tão gloriosa que
torna desinteressante e sem graça qualquer orgasmo do pecado. Que
Deus abençoe sua leitura assim como abençoou a minha.

FABÍOLA MELO
Essa é a típica leitura que teria mudado a minha vida se eu tives-
se acesso a ela a alguns anos atrás. “Enquanto a fila não anda” é um
verdadeiro guia de como fazer escolhas certas sem pular as estações.
Aproveite cada página com o mesmo entusiasmo de quem aproveita
a vida sendo guiado pela vontade de Deus.

ANGELO BAZZO
Meu amigo Luca tem perseguido uma paixao. Ele ama os perdi-
dos. Ele ama a Bíblia. Mas existe um amor maior - uma Paixão por Je-
sus Cristo e sua fama. Não foram poucas as madrugadas que passamos
(e ainda fazemos isso hoje) sonhando em como podemos criar uma
base de lançamento do foguete do avivamento para a “geração”.
Luca me ensinou a orar com ousadia pelos enfermos. Me ensinou
a não temer a cara feia de tio bebado no bar...mas ver nisso a possibili-
dade de avivamento. Eu recomendo o ministério do Luca para o Corpo
de Cristo como alguém que não negocia valores - que não abraça here-
sias, que mesmo sendo ousado em suas declarações ele não abandona
os fundamentos inabaláveis das Escrituras. Luca vc é o cara!
Dedico não somente este livro, mas, toda a mi-
nha vida. A Deus, nosso Pai, cujo nome leva toda
a família nos céus e na terra, aquele que é a fon-
te inesgotável de vida, verdadeira alegria e prazer.
E à minha querida Letícia, aquela para qual Deus,
através de sua bondade, me moldou como homem,
para que hoje, na hora certa pudéssemos nos tor-
nar aquilo que Ele desde o início planejou para sua
criação: ossos dos mesmos ossos, carne da mesma
carne, homem e mulher, uma família.
ÍNDICE
9 10 13
AGRADECIMENTO PREFÁCIO INTRODUÇÃO

21 31
1. NÃO ERA AMOR 2. APRENDENDO
COISA NENHUMA A AMAR

41 69
3. SEXO, E VIU 4. ESCAPES
DEUS QUE ERA PARA O
MUITO BOM PRAZER

91 109
5. MEU PROBLEMA 6. CARACA,
COM A QUE LIVRO
PORNOGRAFIA CHATO
115 131
7. A VIDA É SUA, 8. A ANSIEDADE
INFELIZMENTE DE NÃO SER VOCÊ

149 165
9. SEJA UM 10. A HORA ERRADA
CRISTÃO DE ENCONTRAR A
EGOÍSTA PESSOA CERTA

177 193
11. DEIXE O 12. ENQUANTO A
NAMORO PARA FILA NÃO ANDA,
DEPOIS E SEJA FELIZ EU ANDO
PREFÁCIO

Millôr disse que “quem mata tempo não é assassino, é sui-


cida”. Nada mais verdadeiro. De acordo com a Bíblia, o tempo
é uma oportunidade. Uma temporada estratégica, na qual deve-
mos amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a
nós mesmos. Devemos viver para glorificar a Deus. Está escrito:
“Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem, que não
seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máxi-
mo cada oportunidade, porque os dias são maus. Portanto, não
sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade
do Senhor” (Ef 5.15-17). Não podemos desperdiçar tempo. Se
o tempo é um anel de ouro, as oportunidades são os preciosos
diamantes que lhe dão ainda mais valor. Em cada ciclo de nossas
vidas existem oportunidades distintas.
Nesta obra, meu amigo Luca Martini apresenta orienta-
ções valiosas sobre o tempo na vida “enquanto a fila não anda”.
Construir uma família realmente não é uma brincadeira, é ne-
cessário preparo e seriedade. Mas, por outro lado, não adianta
ficar apavorado, cair em desespero. Dizem que uma mulher
preencheu uma ficha de emprego assim: “Estado civil: socor-
ro!”. Calma. Não é com ansiedade que se resolvem problemas.
A ansiedade nunca acrescentou nada saudável a ninguém. Na
leitura deste livro, você aprenderá outros horizontes, outras
possibilidades para sua vida pré-conjugal, na vida pré-namoro,
pré-relacionamentos sentimentais, românticos.
Luca Martini escreve em linguagem franca e direta es-
pecialmente aos jovens e adolescentes. Amparado por textos
bíblicos e nos escritos de vultos cristãos do passado como Jo-
nathan Edwards e C. S. Lewis, narra sua própria história, seus
dilemas e seu aprendizado sobre essas questões. Luca tem se
destacado como um missionário, evangelista, pregador, trans-
formando tudo em púlpito: seja uma praça, uma sala de aula,
um smartphone ou um templo religioso. Neste livro, ele abre
o coração e, na exposição de seus pensamentos, se verifica o
mesmo ao escutarmos uma de suas mensagens: um coração
apaixonado por Jesus Cristo. Boa leitura!

DAVI LAGO
IN-
TRO-
DU-
ÇÃO

13
lá! Gostaria, primeiramente, de agradecê-lo
pela confiança. Desejo que saiba que as pala-
vras escritas aqui foram primeiramente escri-
tas em minha vida, desde traumas à alegrias,
da infância à juventude. O autor que as escreve é alguém de 26
anos de idade, nascido nos anos 90, em uma cidade do interior
de São Paulo, que aos 2 anos perdeu sua mãe e, durante sua
adolescência, tantas outras pessoas importantes e próximas;
perdeu também muito tempo de sua vida ao não viver com
maior entendimento, entrega e responsabilidade a vida que es-
tava diante dele.
Escrevo este livro porque temo que tantos outros jovens
estejam vivendo ou planejando viver da mesma forma, ou até
mesmo não planejando nada.
A vida nos foi emprestada – precisamos usá-la da melhor
forma possível.
Desejo, com este livro, incentivar a vida, as alegrias, a
coragem e a vontade de viver. Como cristão, acredito em um
Deus bom, que admiravelmente ama sua criação em todos
os instantes, e através desta criação vemos a expressão desse
imenso amor.
Também escrevo este livro com a preocupação de que tan-
tos jovens vivam um vida distante de Deus, não por desejarem,
mas talvez por não entenderem quem Ele é e por que fez tudo o
que fez. É claro que eu acredito que existam aqueles que talvez

14
o conheçam mas não o desejem, e, com muita sinceridade, digo
que eu respeito isso; porém, acredito que anunciar a verdade
sobre Deus ajudará o mundo a funcionar melhor. Antes, acredi-
to que fará nossa vida funcionar melhor em uma fase tão difícil,
em dias tão difíceis.
Tenho como alvo adolescentes e jovens adultos, pessoas
que ainda não se casaram, principalmente as que o planejam,
mas também quem não o planeja. No entanto, acredito que este
livro não servirá somente para esse grupo de pessoas, já que
falaremos sobre tantas outras coisas pertinentes para o tempo
em que vivemos.
Não tomo como verdade absoluta nada do que será falado,
a não ser as citações bíblicas aqui expostas.
Escrevo de um lugar de amizade, desejando dar bons
conselhos a alguém que talvez não os tenha recebido. Mesmo
perdendo minha mãe, tive um pai sempre presente, e por isso
valorizo tanto os bons conselhos – eles foram de suma impor-
tância em minha vida. Mas, como tenho por alvo os adolescen-
tes, também sei que não somos bons em ouvir concelhos. Este
livro não será um livro de auto-ajuda, mas sim um grito de “SE
AJUDE”!
É a partir da adolescência que começamos realmente a
pensar sobre a vida, sendo esta a fase em que surgem os pri-
meiros questionamentos e os primeiros amores, em que os
hormônios estão em convulsão, explodindo como o Vesúvio,
em Nápoles.
É também nessa fase da vida que as responsabilidades co-
meçam a aparecer: o primeiro emprego, faculdade, contas para

15
pagar. Acredito que devamos tomar muito cuidado com todas
as escolhas que faremos nesse momento, já que podem ser es-
colhas irreversíveis.
Dentro do mundo cristão em que vivemos, existe uma for-
te posição a favor do casamento, da qual eu compartilho. O
que não sou a favor é da pressão que muitos cristãos exercem
sobre jovens para que se casem o mais rápido o possível, como
se esperar o momento certo fosse um pecado ou um sinal de
imaturidade espiritual. Aliás, também existem estas questões:
quando é o tempo certo? Gostar de uma pessoa é o suficiente
para que ela seja a pessoa certa?
Penso que existe um tempo oportuno para tudo debaixo do
sol, e sobre isso falaremos neste livro, pois minha inquietação é
saber que tem um monte de gente casando sem a convicção de que
deveria mesmo se casar, sem mesmo ter podido pensar um pouco
mais antes de fazer essa escolha, ou pelo puro desejo sexual.
Não tiro o crédito daqueles que se casaram bem jovens,
muito pelo contrário: torço para que tenha sido feita a escolha
correta e que tudo corra bem. Não escolher casar-se tão cedo, no
entanto, não deveria ser uma opção errada, se temos por princi-
pal desejo em nossa vida agradar a Deus em todos os sentidos.
Por outro lado, existem aqueles que se afastam do Evan-
gelho por conta dessa pressão ou também por não concordarem
com as verdades bíblicas. Aqui também cogitarei que não con-
cordam porque não entendem.
Um exemplo disso é o da proibição da relação sexual antes
do casamento. Por que Deus estava certo ao dizer para nos rela-
cionarmos sexualmente somente após o matrimonio?

16
Em uma pesquisa recente, feita pela revista Istoé com univer-
sitários, 65% das pessoas entrevistadas entre 17 e 25 anos discor-
dam das determinações religiosas, ou seja, discordam da Bíblia, o
que os leva a não frequentar igrejas. Creio, por experência própria,
que isso aconteça por falta de conversas francas sobre o assunto,
sem falsa santidade. Entende-se, muitas vezes, a Bíblia como lei e
não como Graça, não enxergando a bondade de Deus e a humani-
dade caminhado juntas, lado a lado em Cristo Jesus.
O inicio do livro tratará desse assunto que, a meus olhos, é
tão importante para o desenvolvimento da humanidade e para
a maturidade desta geração. Desejo que você discuta comigo,
pense, concorde e discorde, mas que, no final, consiga pensar
e tomar uma decisão por si próprio, entendendo e valorizando
a própria vida.
Como ênfase deste livro tenho a vontade de fazer com que
o jovem que o leia consiga aproveitar a vida da melhor forma
possível, da maneira que a sonha e com muita satisfação; que
aproveite um dos períodos mais incríveis e curtos da sua vida,
a vida de solteiro!
Procuro expressar de forma simples aquilo que a vida me
ensinou – também devo dizer que um dos principais alvos deste
livro sou eu mesmo. Escrevê-lo foi difícil e libertador. Algu-
mas coisas que contarei aqui jamais contei a alguém; momen-
tos de minha vida que me envergonhavam, mas que entendi
que foram necessários para amadurecer.
Devo alertar já de início que talvez este não seja o livro
“evangélico” que você esperava, com a linguagem e pensamen-
tos que esperava. Porém, é com este propósito que novos livros

17
são escritos: expressar novas formas de se pensar. Aqui, serão
discutidos assuntos bem chatos como ideologias politicas, se-
xualidade, pornografia, masturbação, prostituição, vícios, etc.
Também alerto aqueles que se ofendem fácil que muitas
piadas irônicas serão feitas como críticas a pensamentos com
que não concordo. Na verdade, sou totalmente contra tais pen-
samentos, principalmente a legalização do aborto e aqueles que
a defendem (se não sabe brincar, não desce pro play).
Todas as coisas escritas aqui são direcionadas primeira-
mente a mim, e o que escrevo é o que desejo viver todos os dias
da minha vida. Não que eu deseje ser solteiro para sempre, mas
o “para sempre” eu ainda não tenho; o que tenho é o agora, e
esse agora é tudo o que eu tenho.
Preocupo-me com uma geração que, por pensar demais no
amanhã, perde o hoje e, com ele, a força de sua juventude, não
construindo um amanhã saudável. Um castelo se constrói tijolo
por tijolo – é preciso pensar no castelo, mas também no tijolo.
Dito isso, algo muito perigoso está acontecendo conosco.
Vivemos dias em que não desejamos viver nossa própria vida,
mas sim a vida de outra pessoa. Temos compulsão por desejar
ser alguém que não somos, acreditando que a vida de outra
pessoa é melhor do que a nossa; tentamos ser aquela pessoa,
perdendo, assim, nossa identidade. Buscamos nas redes sociais
a aceitação das massas, nem que para isso seja necessário ven-
de-la. Transformamo-nos naquilo que não acreditamos e não
queremos ser, e assim perdemos a essência e alegria da vida.
Tudo que foi escrito aqui são dilemas meus, pessoais, mas
enxergo pequenos fragmentos seus espalhados na composição

18
da nossa sociedade. Com isso, quero dizer que recebemos de
nossos pais formas banais de se viver (1Pe. 1:18), o mundo vive
de uma forma banal e nós, inseridos neste mundo, vivemos as-
sim também. Com as redes sociais, passamos a viver de uma
forma mais drástica e, ao mesmo tempo, mais rasa.
Escrevo sobre isso porque temo perder o principal da vida
cotidiana: enxergar no outro a imagem do Deus que nos criou.
Como esses são dilemas próprios, perdoe-me pelas duras
palavras – eu só funciono na pancada.

19
01
NÃO
ERA
AMOR
COISA
NENHUMA

21
om 16 anos de idade, eu me mudei para Londres,
Inglaterra, com o sonho de estudar. Isso é o que
meu pai acreditava – na minha cabeça, eu queria
ser feliz, curtir a vida e estudar não estava nos
planos iniciais.
Durante aquele tempo, eu estava bem afastado de qualquer
coisa que tivesse Deus no meio. Devido a algumas situações
na minha vida, tinha chegado à terrível conclusão de que seria
melhor viver sem Deus ou qualquer coisa relacionada a alguma
fé ou religião.
Com esse estilo de vida, descobri que eu precisava de algo
que satisfizesse minha vida, um propósito, e um novo amor
seria perfeito.
Foi aí que consegui um emprego em um restaurante.
Por ainda não falar inglês e não ter idade para trabalhar em
um bar vendendo bebidas, tive de pegar o primeiro emprego
que aparecesse, afinal, viver sozinho também inclui pagar suas
contas sozinho. Consegui um emprego de KP (kitchen police),
que seria um lavador de pratos. Era um restaurante legal, com
pessoas legais, e a Bia.
Bia era uma menina linda, doce e amiga de todos. Conhecen-
do-a um pouco, descobri que era também muito aventureira: todos
os anos durante a temporada de inverno, ela se mudava para os Al-
pes franceses para trabalhar em restaurantes ali e praticar snowbo-
arding nas folgas. Me apaixonei. Só que a Bia era escocesa, eu,

22
brasileiro; a Bia falava inglês, eu, português; Bia tinha 21 anos e
eu? 16, e ainda lavava os pratos e o chão do restaurante. A missão
tinha ficado impossível, o que me deixou ainda mais apaixonado
(meninas, aprendam, nós amamos missões impossíveis).
Um ano se passou, e ela havia ido para a França. Um dia,
eu a encontrei no metrô, perto de onde trabalhávamos. Meu
inglês já estava melhor e agora conseguiria conversar (nos anos
anteriores, eu traduzia as cantadas no Google e escrevia em
uma papel). Começamos a namorar.
Foram dias lindos. Fazíamos planos, queríamos viajar o
mundo, comprar uma passagem só de ida para a Ásia, alugar
motos ou até mesmo ir pegando carona rodando por toda a Chi-
na (era o mais provável, eu não tinha dinheiro).
Nós nos dávamos muito bem. Eu a amava, ela me amava,
nos víamos todos os dias, e tinha certeza de que essa era a mu-
lher da minha vida (todo adolescente apaixonado pensa assim).
Como você pode estar se questionando, sim, nós tínhamos uma
vida sexualmente ativa – eu não estava seguindo a Cristo, e ela
nem mesmo acreditava em Cristo.
Só que, nesse momento da minha vida, algo mudou.
De uma hora para a outra, comecei a me interessar pela Bí-
blia de novo, voltei a ler os Evangelhos, os assuntos sobre Deus
estavam na minha conversa mais uma vez, dúvidas surgiram
na minha cabeça, e parecia que, mesmo com um grande amor,
ainda assim, a vida não me satisfazia.
Todos os dias eu falava com ela sobre a possibilidade ine-
vitável de tudo isso que nós vemos ter tido um criador, e, se
existisse um criador, seria um desperdício de vida viver sem

23
conhecê-lo; seria como ser um peixe dentro do aquário, quando
temos todos os rios e oceanos para descobrir.
Durante aqueles anos longe da fé, eu tinha estudado mui-
to sobre o assunto. Fui ao budismo, hinduísmo, espiritismo,
passei horas em meditação, tomei LSD como os hippies para
encontrar a paz e o amor (isso tudo primeiramente para provar
que Cristo não era o único caminho a Deus, depois, para desco-
brir o caminho – não funcionou).
Voltei a Cristo, mesmo com a vida toda torta. Se Ele exis-
tisse, precisava conhecê-lo; confesso que minha vida começou
a mudar, e comecei a ter momentos incríveis com Deus.
Foi quando recebi uma ligação do meu pai, me convidan-
do para passar três meses no Brasil interpretando um pregador
do Canada.
Na época, meu pai realizava cruzadas evangelísticas por
todo o Brasil, e ele precisava de um intérprete para o ajudar
dessa vez. Aceitaria o convite se fosse só por três meses, afinal,
eu amava a Bia e precisava voltar.
Foi quando descobri que seguir Jesus não era tão sim-
ples assim.
Foi ali que começou uma crise em minha vida.
Por que só posso transar no casamento? Isso não fazia sen-
tido, eu a amava, ela é a mulher da minha vida. Sério, eu não
estava interessado em transar com todo o mundo, não queria
sexo sem compromisso; sexo era uma prova de amor, e ela era
minha namorada, sabia que viveríamos juntos para sempre.
Lembro-me de ligar para amigos, conversar com pastores,
ler livros, com sinceridade tentando entender o porquê dessa

24
regra. Eu queria seguir a Cristo,
aquele não era um desejo “carnal”. O QUE SABIA
Na minha cabeça, eu a amava! ERA QUE TINHA
ENCONTRADO
Confesso que não foi fácil ALGUÉM MAIS
entender, e, no momento, eu não IMPORTANTE
entendi. O que sabia era que tinha DO QUE MINHA
PRÓPRIA VIDA,
encontrado alguém mais importan-
MAIS PRECIOSO
te do que minha própria vida, mais DO QUE MINHA
precioso do que minha felicidade, FELICIDADE, E
e esse alguém não era a Bia, era o ESSE ALGUÉM
NÃO ERA A BIA,
Senhor Jesus Cristo. ERA O SENHOR
Sem entender o porquê, decidi JESUS CRISTO.
obedecer, não porque achava certo
– eu realmente não achava certo –,
mas porque, de alguma maneira, Ele achava, e a sua opinião era
suficiente para mim.
Sabendo que nada na Bia tinha mudado, e que ela não ti-
nha tido a mesma experiência que eu, sabendo que eu corria
um risco muito grande de desobedecer a Deus e voltar a fazer
coisas que não agradariam a Deus e nem mesmo a mim, por
desagradar a Ele, terminei o namoro.
Foi sem dúvida uma das decisões mais difíceis da minha
vida. Nada tinha sido tão doloroso até então, lágrimas escor-
riam a cada lembrança. Conseguia sentir o seu perfume em to-
dos os lugares, via seus olhos toda vez que olhava para o mar,
não podia mais pensar na Ásia!
Decidi então, escrever um e-mail explicando o que tinha
acontecido, e começava assim:

25
“Querida Bia, espero que esteja bem.
Estou com muita saudade de você, mas preciso te contar
algo que fará toda a diferença para nós.
Eu me apaixonei por um homem. (imagino a cara dela len-
do isso, imagino a sua)
Ele sabe tudo sobre mim, conhece cada um dos meus pen-
samentos. Ninguém nunca me amou tanto, ninguém sonhou
como ele, ninguém me completou assim.
Não posso negar esse amor, nada é tão precioso como ele,
não posso deixa-lo por motivos egoístas, muita coisa está em jogo.
Esse homem é Jesus.”
Eu precisava chocá-la com a verdade. Ela tinha de saber
que Jesus é mais do que uma história, ou um conto de fadas –
ela precisava saber que Ele é real.
Verdadeiramente eu não era mais o mesmo. Meus sonhos
não eram os mesmos – sim, eu queria viajar o mundo, queria
ir para a Ásia, mas não para conhecê-la, e não para viver uma
historia e amor com a Bia, mas para fazê-lo conhecido.
Agora, meu sonho não era viver um romance, mas sim
cumprir uma missão.
Talvez você argumente que eu poderia ter ganhado ela
para Jesus, que ela poderia crer, e, sim, eu pensei nisso, orei
por isso, sonhei com isso.
Mas, se eu voltasse para lá, talvez você não estaria lendo
esse livro, talvez eu nem estivesse mais aqui – estou sendo posi-
tivo. Na verdade, eu sabia, tinha certeza de que me perderia mais
uma vez. Eu conhecia nosso estilo de vida, e sabia o quanto seria
difícil mudar, o quanto seria difícil para ela, e não podia cobrar

26
algo assim de alguém que não viveu o que eu tinha vivido.
Acima de tudo, não podia arriscar perder o tesouro mais
precioso desta existência. O risco era muito grande, e, agora,
Ele era mais importante do que eu mesmo e até mesmo mais
importante do que ela.
Fiz minha escolha, deixei as redes, e o segui.
Posso te afirmar, 8 anos depois dessa decisão, que eu não
me arrependo. Valeu a pena.
A Bia? Inicialmente, ela ficou revoltada comigo. Depois,
entendeu que era importante para mim, ficou triste mas come-
çou a namorar outra pessoa, foi para a Ásia, alugou uma moto,
encontrou um outro amor. Perdi o contato com ela, e oro para
que ela esteja bem e encontre o Senhor.
Com muita sinceridade, quero dizer a você que hoje, anos
depois, olhando para trás, vejo que foi a melhor escolha que fiz.
Com mais maturidade, consigo ver que ela não era a mulher
com que eu desejaria passar o resto da vida juntos, pois ela
não tinha os mesmos valores, princípios e cultura que a minha,
coisas que dificultariam muito um relacionamento.
Não só isso: hoje vejo que ela não era o amor da minha
vida; talvez tenha sido o da minha adolescência.
Se eu tivesse feito um escolha tão séria tão cedo, com cer-
teza me arrependeria depois ou, no mínimo, perderia muitos
anos da minha vida nadando para morrer na praia. Hoje, com
um pouco mais de experiência, de quilômetros rodados, não
consigo nos imaginar juntos, não mesmo. Se a conhecesse hoje,
com certeza não ficaria com ela. E outra: minha história mos-
trou que eu poderia amar de novo, e amar mais, muito mais.

27
Na época, minha cabeça e expectativa da vida eram muito
diferentes das que são hoje; deixar o tempo passar foi a melhor
escolha. Vejo hoje que, em escolhas assim, o coração e a ra-
zão precisam trabalhar juntos, porém, aos 16, praticamente não
existia razão, e isso tem um porquê.
A ciência mesmo explica que, dentro da cabeça humana,
existe uma amídala, a amídala cerebral. No período entre 11
e 21 anos (adolescência) ela triplica de tamanho; até ai tudo
bem. O problema é que essa mesma amídala é responsável pe-
las reações emocionais. Sendo assim, durante a adolescência,
as emoções são totalmente descontroladas (tchanaaan) – quan-
do se ri, ri-se demais, quando se chora, chora-se demais. Para
piorar a situação, junto com isso, cai por pelo menos a metade a
liberação de dopamina, o hormônio responsável pela sensação
de alegria no nosso organismo, no sangue, ou seja, de repente
o adolescente deixa de sentir prazer nas coisas, tudo fica chato!
Por isso é nesse período que existe uma tendência maior de
se adquirir vícios, pois as únicas coisas que dão muito prazer
para ele são aquelas que liberam muita dopamina, como sexo,
drogas e rock’n’roll.
Com tudo isso acontecendo dentro de você, talvez a ado-
lescência não seja a melhor hora de escolher alguém com que
passará o resto da vida junto. No entanto, mesmo com toda
essa crise hormonal, Deus ainda deixou o mandamento de fazer
sexo somente dentro de um casamento.
Mas fique tranquilo: não vou cobrar isso de você (não ago-
ra). Por mais que eu acredite que o argumento da obediência
seja o suficiente para obedecer, também acredito que o Senhor

28
nos mandou cumprir seus mandamentos e preceitos pensando
em nós, no nosso bem.
Por exemplo, veja as Leis dadas a Moises, e perceba como
Deus estava tentando fazer um grupo de pessoas que haviam
sido escravizados por 400 anos, e, por esse motivo, tinham
perdido toda a capacidade de se organizar, tornando-se quase
irracionais, em um grupo de pessoas civilizados.
Não é que Deus era ruim ou duro; é que eles tinham per-
dido a noção total de como ser um povo civilizado e de quem
era Deus. Junto com o pecado e a escravidão a outro sistema,
perderam também toda e qualquer semelhança com seu Cria-
dor. Não era Deus que era duro – eram eles que precisavam
aprender a ser gente e entender que Deus era Santo.
Pensando em nós, Ele nos diz o que fazer, e tenha certeza
de que o que Ele pede para você é sempre bom, porque Ele é
bom. Os mandamentos que Ele deixa são bons mandamentos.
Também funciona assim quando Deus diz que não deve-
mos praticar fornicação, que é o sexo fora de um casamento.
Mas por que transar fora do casamento seria ruim, se sexo é
bom? Por que raios devo obedecer a Deus?

29
02
APREN-
DENDO
A AMAR
stava tomando um café à beira do mar, onde que-
bram as melhores ondas do Havaí, com a prancha já
preparada (devo dizer que tenho uma prancha nova,
a melhor, tem até um adesivo daquelas marcas de
surf que a molecada sonha em ser patrocinada, e nem precisei
raspar a massa velha, acabei de aplicar a nova). Oito da manhã,
o rádio diz que são as melhores ondas do ano, o swell perfeito,
e, agora, a melhor notícia, quatro metros de onda, tubos se for-
mando... todos os grandes surfistas sonhariam estar aqui agora
(eu também sonharia estar lá, mas estou contando uma ficção,
sonhe comigo também)! Só tem um problema um pouco difícil
de resolver, e talvez leve algum tempo para que o resolva.
Qual problema é esse?
Eu nunca peguei uma onda de quatro metros na vida,
aprendi a surfar no mar de Bertioga, nunca vi um tubo naquele
lugar. Quando o mar estava bravo, eu simplesmente não en-
trava, mesmo as ondas não sendo tão grandes assim (e engoli
muita água).
Por mais que ela seja um sonho para todos os surfistas,
principalmente para nós brasileiros que sonhamos em ir para
o Havaí, entrar nesse mar significaria minha morte, uma lesão
ou, no mínimo, que voltaria sem prancha.
Por mais perfeito que fosse esse cenário, ele se tornaria
uma tragédia.
Assim é nossa vida, e talvez tantos amores. Por mais que

32
pareça perfeita e um sonho, precisamos aprender a viver e amar
para não acabarmos mortos.
Concordo que a experiência nos ensinaria, deixar a vida
me levar, talvez? Zeca Pagodinho tem razão?
Penso que teria se mais vidas eu tivesse, mas, como tenho
uma, preciso acertar nesta aqui. Não sou fã da famosa frase
punk, “live fast and die young”, não quero nem viver rápido e
nem morrer jovem; quero viver bastante (nas palavras de Jesus,
abundantemente).
Escrevo assim porque o que eu quero deixar claro nestas
páginas não seria possível sem um grande principio que molda
todas as linhas deste livro.
Já pincelei isso no capitulo anterior um pouco. No entanto,
preciso reforçar o que, para mim, é o principal desta vida, e
entender isso fará não só diferença em como encaramos o dia a
dia e as aventuras da nossa historia, como fará toda a diferença,
e, com certeza, mudará nossa história (é como surfar com o
Kelly Slater te ensinando).
O fato é: existe um Deus real e pessoal que ama a sua criação.
Sei que nem todos aqueles que estão lendo estas palavras
creem em Deus, e, por isso, pode parecer uma loucura tudo isto
que estou escrevendo, e nisso tenho de concordar com você (é
muito louco isto aqui, beira o absurdo).
A ideia de que existe alguém invisível para nós, mas que,
mesmo assim, optamos por agradá-lo ao invés de agradar a al-
guém que vemos ou até mesmo por satisfazê-lo ao invés de nos
satisfazer, não parece muito inteligente; ao contrário, parece
uma extrema burrice e desperdício de vida e juventude.

33
Eu concordaria com tudo isso se não fosse pelo simples
fato de crer em Deus.
Também devo pontuar, antes de prosseguir, que o Deus
que creio é o Deus Judaico-cristão, e, se não fosse o fato de
crer no Deus na Bíblia, todo o resto também seria burrice ou
até mesmo um caso de esquizofrenia aguda. Porém, como disse
o grande pensador inglês C.S. Lewis, “Você tem três opções
em relação à pessoa de Jesus Cristo e é só isso: ou Ele foi um
mentiroso, ou um louco, ou realmente o Filho de Deus”.
Deixo claro, então, que não creio nem na primeira, nem na
segunda, e sim na terceira opção.
Mesmo que você não creia,
A FÉ EM JESUS peço sua atenção na leitura destas
CRISTO FAZ páginas. Aprendi desde cedo que,
COM QUE TODO para criticar um livro, primeiro é
O RESTO FAÇA
SENTIDO E SEJA necessário entendê-lo, e, para isso,
PRAZEROSO. o melhor é inicialmente vê-lo atra-
TAMBÉM OUSO vés dos olhos do autor, esvaziando
DIZER QUE
suas próprias ideias e pensando com
SOMENTE A
FÉ EM CRISTO as dele.
POSSIBILITA Aqui não quero defender o
A VIDA QUE porquê de se crer em Deus, afinal,
OS SONHOS
ALCANÇAM, este não é um livro apologético. In-
UMA VIDA dicaria outros livros melhores para
CAPAZ DE que você lesse, até mesmo alguma
ABOLIR OS
obra daquele mesmo autor citado
PESADELOS
MAIS SOMBRIOS acima. Conheço minha limitação
em tantas aéreas, e, principalmente

34
nessa, dependo de mentes mais brilhantes e iluminadas para
pensar sobre isso.
Aquilo que desejo mostrar é que a fé em Jesus Cristo faz
com que todo o resto faça sentido e seja prazeroso. Também ouso
dizer que somente a fé em Cristo possibilita a vida que os sonhos
alcançam, uma vida capaz de abolir os pesadelos mais sombrios;
ainda mais, defendo os seus mandamentos porque creio de todo
o coração que eles foram dados de um lugar de amor, sabendo
que Ele é um bom Deus, e assim são os seus mandamentos.
Preciso que você entenda de onde surge em mim o desejo
de obediência a Ele, pois tudo o que escreverei só é possível
viver e ver através dessa ótica, dessa realidade.
Não quero neste capitulo nem mesmo discutir sobre os
mandamentos bíblicos, porque não são os mandamentos que
fazem Deus um bom Deus, e sim, Deus, por ser bom, faz com
que seus mandamentos sejam bons.
Se fôssemos depender de ordens e leis para acertarmos na vida,
qualquer uma serviria, até aquelas dadas pelos maiores sanguinários
que já existiram, afinal, todos eles pensavam saber o que é melhor
para o homem. Deste lugar nascem as tiranias: alguém olha para o
mundo e diz, “ninguém sabe de nada, não sabem viver; devo en-
siná-los, colocar ordem nisso aqui”. Isso é real até para o melhor
regime politico conhecido pela humanidade, a democracia (demos,
“povo”, kracia, “governo”), primeiramente pensada pelos atenien-
ses, mais precisamente, Clítenes, por volta do ano de 509 a.C.
Somente um homem decidindo por todos não funciona. A
história comprova isso, pois o risco do poder cair nas mãos de
um ditador sanguinário seria enorme.

35
Se o leitor for crítico (ou adolescente), como acredito que
seja, pode estar pensando, por que então alguém poderia deci-
dir por todos nós o que é certo e o que é errado? Como ousa
alguém me dizer como viver se a vida a minha? Nem minha
mãe fala assim comigo (os “mimadão”).
A grande diferença é que Ele é Deus, sendo, para nós, mui-
to difícil entendê-lo, já que nossa cabeça não consegue pensar a
partir da mente do Criador sendo criatura, e, para a criatura, as
coisas são sempre bem limitadas. É por isso que tantas vezes a
ciência atribui o inexplicável a “forças da natureza”.
Durante milhares de anos, essas questões foram debatidas,
as leis, os mandamentos, as forças, a existência nossa e o moti-
vo pelo qual existimos.
Essas coisas, por muitas vezes, podem nos distrair do que,
aqui, quero que seja o alvo, e creio que, se alcançarmos o Alvo,
alcançaremos todo o resto.
Afirmo para você que eu seria o primeiro a rejeitar todas
as palavras de Deus se Ele não fosse quem é. É verdade que
nunca saberemos com precisão quem Ele é, pois, no dia em que
conseguirmos definir Deus completamente, Ele não será mais
Deus. Se com nossa cabeça limitada entendêssemos o Ilimita-
do, seriamos nós os deuses, e não Ele.
A grande diferença do Deus bíblico para todos os outros
deuses e até mesmo aquele crido por tantos cientistas, é que Ele
é um Deus pessoal.
Homens como Benjamin Franklin, Thomas Jeferson, Albert
Einstein, Stephen Hawking, entre outros pais do pensamento mo-
derno, também acreditavam em um suposto deus. Porém, o deus

36
em que eles acreditavam foi aquele moldado pelo pensamento
Iluminista do século XVIII, o qual atribui a um ser superior toda
a criação do universo, dando a ele todo o mérito da criação, mas
dizendo que hoje ele não exerce mais influência nem possui re-
lação com sua criação, como se Deus tivesse criado um perfeito
relógio (Mr. relojoeiro cósmico – dá até para imaginá-lo de car-
tola), dado corda e o jogado na existência, deixando-o funcio-
nar sozinho, como se esse relógio tivesse a capacidade funcio-
nal perfeita e o Criador não precisasse prestar atenção nele. Tal
pensamento dá ao homem total responsabilidade e poder sobre
tudo, deixando-o que diga a si mesmo como se deve viver (esse
é basicamente o pensamento Iluminista e esses são os deístas).
Esse, no entanto, não é o Deus bíblico.
O Deus bíblico não só criou o universo mas interage com
ele, e, não somente isso, como podemos dizer que o próprio
universo é uma linguagem desse Deus pessoal.
O que acreditamos é que, se há um Deus criador, então,
os relacionamentos mais essenciais no universo são pessoais.
Sendo assim, o principio é simples: se queremos entender o
universo e, dentro disso, também nossa vida, precisamos en-
tender porque Deus o criou.
O cerne do pensamento cristão é que tudo faz conexão
com Deus.
Através de uma obra biográfica sobre a vida sobre o te-
ólogo e grande pensador do século XVIII Jonathan Edwards
(a história conta que Edwards teve grande influencia no pen-
samento americano, tendo sido para a igreja americana o que
Thomas Jefferson seria para a politíca, e sua filosofia teve

37
grande presença nos corações daqueles que fariam a famosa
Revolução Americana), o escritor George Marsden demonstra
como Edwards explicou muito bem o que essa relação íntima
com o Criador causaria na criação, e aqui seguiremos sua linha
de raciocínio. O Deus trino, Edwards escreveu, perfeitamente
amoroso, tinha de criar, para compartilhar aquele amor, outros
seres moralmente responsáveis. O uni-
verso é, em outras palavras, o resultado
O UNIVERSO do sempre expansivo big bang do amor
É, EM OUTRAS
de Deus. Se vemos a realidade em suas
PALAVRAS, O
RESULTADO verdadeiras dimensões, então, nós a ve-
DO SEMPRE mos como expressão contínua da beleza
EXPANSIVO
do amor que flui do Criador. O mundo
BIG BANG DO
AMOR DE DEUS. físico é a linguagem de Deus: “os céus
proclamam a glória de Deus”.
O grande problema é que o pecado
corrompeu parcialmente o universo e
nos cegou como consequência.
Essa cegueira muitas vezes nos impede de ver a verda-
deira essência.
Deus, porém, em seu infinito amor, através da obra da
Cruz, consegue transformar o coração do homem, restaurando,
assim, sua visão para que ele possa ver toda a realidade, não
impessoalmente, mas como uma linda expressão do amor de
Deus em sua essência.
Devido a isso, o relacionamento mais importante neste uni-
verso pessoal é o relacionamento com Deus, o Criador e Redentor.
O Espírito Santo trabalha no coração humano para que,

38
em vez de serem cegos para as coisas que realmente importam,
por seu amor ao ego e prazeres banais, vejam a beleza da luz
do amor de Deus.
De acordo com a verdade bíblica, é fato que tudo teve iní-
cio em um Deus perfeito e bom, e tudo terá fim nEle. Dessa
forma, a fé em Deus não é algo a ser acrescentado às normas
culturais, mas, em vez disso, é o ponto de partida, as lentes
pelas quais tudo mais deveria ser analisado.
C.S. Lewis expressou isso muito bem quando disse, “eu
creio no Cristianismo tal como creio que o Sol nasceu – não
apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo todas as
outras coisas”.
No entanto, não teremos nossos olhos abertos por essa ver-
dade se não entendermos como ela se faz possível em nós.
Não podemos pensar em Deus como um principio abstrato,
mas como alguém envolvido pessoalmente e intimamente com a
sua criação. Como disse Edwards, o Deus das Escrituras mantém
ativamente um relacionamento íntimo com o universo. O mais
importante é que esse Deus está realizando a sua obra redentora
em Cristo, que está no centro da história da humanidade.
Edwards usava o termo “beleza” para descrever o caráter
das ações de Deus na criação e na redenção, sendo essa “bele-
za” não apenas um objeto de contemplação passiva, e sim um
poder transformador. Marsden vai dizer que Edwards acredita-
va que, se alguém vê algo belo, não pode deixar de ser atraído
por aquilo. O coração da pessoa é atraído àquela beleza, e as
ações da pessoa seguirão o seu coração. O mesmo acontece
com a extraordinária beleza de Deus revelada em Cristo. A coi-

39
sa mais bela em toda a realidade, dizia Edwards, é um ser per-
feitamente bom sacrificar-se, com amor, em favor de criaturas
rebeldes e ingratas.
Se alguém vê a perfeita beleza desse amor, não pode deixar
de ser atraído por ele. Portanto, o nosso papel é o de transmitir
a verdade da revelação de Deus para que uma humanidade cega
para a beleza, por causa do amor próprio, tenha, pela graça de
Deus, seus olhos abertos para vê-la verdadeiramente. Se fizer
isso, seu coração será mudado e sua vida será dedicada a amar
e servir a Deus.
É exatamente nisso que eu acredito. Não creio que alguém
poderia explicar de uma melhor forma a necessidade de um
relacionamento pessoal com Deus como Edwards o fez. É atra-
vés desse relacionamento íntimo que todo o resto se torna real
– um relacionamento com um Deus presente e bom!
De dentro de uma prisão nazista durante a Segunda Guerra
Mundial, um pastor e teólogo alemão, chamado Dietrich Bo-
nhoeffer, que mais tarde seria enforcado por decreto de Hitler,
escrevia, em uma carta que mais tarde viraria um livro, a frase
que define e finaliza este capítulo: “é somente quando a criação
é direcionada a Cristo que o mundo se torna verdadeiramente
mundo, e quando o homem é direcionado a Cristo que o ho-
mem se torna verdadeiramente homem”.

TUDO SE TORNA INFINITAMENTE


MELHOR QUANDO SE ESTÁ EM DEUS,
ATÉ MESMO O SEXO.

40
03
SEXO,
E VIU
DEUS
QUE
ERA
MUITO
BOM
41
odas as vezes em que minha professora de ciên-
cia ou biologia mencionava a palavra “sexo” na
classe, ainda na sexta série, os olhares dos alunos
se encontravam em constrangimento, a bochecha
ficava rosada e um leve sorriso tímido surgia nos nossos rostos.
Não porque isso simplesmente nos constrangia, mas acontecia
por conta da maneira que enxergávamos o sexo. Não me lem-
bro de ouvir na minha igreja durante a infância ou até mesmo
na adolescência (lembrando que sou da geração 90’s) algo bom
sobre sexo – sexo era sempre um assunto ou proibido, ou errado.
O que não se sabia, mas se fingia não saber, é que todos ali
já tinham tido alguma experiência com sexo. Não uma experi-
ência prática, mas ao menos visto algo sobre isso, e visto bem
(já existiam filmes pornôs na TV às três da manhã de sábado).
Na nossa época, a internet estava apenas começando; não
era nada como hoje, em que todo grupo de WhatsApp da mole-
cada da escola é bombardeado com pornografia, mas isso não
significa que não dávamos um jeito de ver.
Algum colega tinha um tio que tinha uma Playboy guar-
dada em algum lugar, e esse colega a trazia para a sala de aula.
A nossa concepção de sexo começou muito errada.
Ninguém me falou o que era o sexo correto, ou que sexo
fosse uma coisa boa, e se era boa, qual sexo era esse.
Lembro o dia em que descobri como um neném é gerado
no útero da mulher, e confesso, foi um choque! Nunca imagi-

42
nei que seria assim, através de uma relação sexual (tinham me
falado que Deus colocava uma semente no umbigo da mulher
no dia do casamento).
Um grande tabu na igreja, que quase ninguém fala, mas
que a nova geração toda assiste. Se você é um pai e está lendo
esse livro, saiba, seu filho já sabe do que se trata, é melhor falar
sobre o sexo que é bom (sexo bom?).
Hoje, o sexo parece tão errado aos nossos olhos, que se
torna até difícil de acreditar que Deus o criou e que deu um
mandamento ao homem para fazê-lo (Gênesis 1:27-28).
Talvez você esteja lendo esse livro e não saiba disso, mas
a verdade é que não foi nenhum dos MC’s do funk que criou o
sexo, por mais que falem, dancem, remexam, requebrando até
o chão, descrevam e cantem com suas letras absurdas sobre
sexo o tempo todo (mas, convenhamos, funk nem é música).
Não, também não foi Hugh Hefner, fundador da Playboy, que
criou o sexo, e nem mesmo o Indianos (eles criaram o Kamasutra,
mas não o sexo).
Quem criou o sexo foi Deus, o QUEM CRIOU O
Criador dos Céus e da Terra e de tudo SEXO FOI DEUS,
que existe aqui, incluindo o assunto de O CRIADOR
DOS CÉUS E
que estamos tratando neste momento.
DA TERRA
Olhe isto: para criar o sexo, Deus
teve de pensar nisso e, depois de pen-
sar, Ele falou e tudo se fez, e não é por-
que Deus pensou em sexo que Ele tem a mente suja. Será
então que pensar ou falar sobre isso seja pecado? Deus não
pecaria, não é mesmo?

43
Precisamos falar e pensar sobre essas coisas, porque as-
suntos assim fazem parte da nossa humanidade, dos problemas
do mundo de hoje, parte das rodas e grupos de WhatsApp da
grande maioria dos adolescentes e dos dilemas de milhões de
jovens que precisam ouvir a opinião vinda e vista por meio da
Verdade. Não existe possibilidade de alcançarmos essa geração
sem falar sobre o que eles estão falando.
O problema é que o que a humanidade fez foi reprodu-
zir uma mentalidade totalmente errada e pervertida sobre o ato
sexual, enxergando o sexo através do olhar da realidade caída
pelo pecado, a qual é intrínseca à natureza humana.
Isso tornou a relação sexual algo sujo, e por isso fomos
levados a acreditar que seja errado tê-la, que seja errado falar
sobre ela, que seja errado pensar nela.
Para se ter uma ideia, a imagem sobre o sexo está tão
distorcida na cabeça das pessoas, que, quando a Igreja Onda
Dura, preocupada em ensinar um visão bíblica e pura sobre
vida sexual, espalhou pela cidade de Joinville outdoors com
a frase que deu nome a esse capítulo “Sexo, e viu Deus que
era muito bom”, com o intuito de convidar as pessoas para
um palestra sobre o assunto, foram acusados e processados
por apologia ao sexo.
Graças a Deus, o juiz teve bom senso e não aceitou a
acusação contra a Igreja. Eles ganharam a causa e falaram a
verdade pelas lentes do Evangelho.
Por possuirmos tal mentalidade e por não enxergarmos a
vontade boa, perfeita e agradável de Deus, acabamos nos afun-
dando em coisas que não gostaríamos.

44
Devido ao fato de ter vivido algo assim e experimentado
na pele essas coisas, tenho de vir aqui e contar uma história
trágica da minha vida, que talvez poderia ser evitada se esse
assunto tivesse sido conversado da forma certa, na hora certa e
pelas pessoas certas.
Não culpo meus pais, realmente acredito que eles fizeram
parte de um outro tempo, porém, esse não é o tempo que vive-
mos mais.
Imagens sensuais estão por todos os lados, em todas as es-
quinas, a cada vídeo de propaganda nas redes sociais. Se não fa-
larmos sobre as coisas reais e visíveis para essa geração através
de uma perspectiva bíblica das coisas, o mundo continuará fa-
lando da forma com que eles acreditam. Quando digo “mundo”,
estou falando de um sistema corrompido e cego para os valores
e princípios celestiais, e isso é ruim, muito ruim.
Saber que foi esse Deus maravilhoso que criou o sexo tam-
bém me faz acreditar que existe algo puro e maravilhoso nisso,
e é isso que quero descobrir com você neste livro.
Uma pergunta filosófica para você, que um dia meu amigo
Matheus Lapa me fez (eu sei que você gosta de perguntas difí-
ceis): Deus fez algo por que é bom
e justo ou algo é bom e justo por
que Deus fez? DEUS FEZ ALGO
POR QUE É BOM
Penso, então, que o sexo é E JUSTO OU
bom, porque Ele o criou, e a cria- ALGO É BOM E
ção de Deus é sempre boa. JUSTO POR QUE
DEUS FEZ?
Vejamos, então, qual seria o
sexo que não é bom.

45
O SEXO QUE NÃO É BOM
(UMA REDENÇÃO SEXUAL)
No livro Cartas de um diabo a seu aprendiz, de C.S. Lewis,
o diabo Maldanado escreve assim a seu sobrinho Vermelindo,
um demônio em treinamento:
“Quando lidamos com o prazer em sua forma saudável, nor-
mal e satisfatória, estamos, por assim dizer, no campo do Inimigo.
Eu sei que ganhamos muitas almas por meio do prazer. Ainda as-
sim trata-se de uma invenção dele, não nossa. Ele criou os praze-
res: todas nossas pesquisas até aqui não nos permitiram produzir
sequer um deles. Tudo o que podemos fazer é encorajar os huma-
nos a desfrutarem dos prazeres que nosso Inimigo produziu, mas o
utilizando de algum modo ou em níveis proibidos por ele.”
O que Maldanado está dizendo é que os prazeres vieram
de Deus, e nisso está incluso o sexo, e que seu trabalho en-
quanto diabo seria o de perverter o que Deus criou, levando o
homem a praticá-los de formas proibidas por Deus.
É importante termos em mente que esse Deus de que fala-
mos é conhecido por sua bondade, misericórdia e compaixão.
Um dos atributos dados a Deus na Bíblia é que Ele é amor
(1 João 4:8). Dele emanam todas as coisas boas da criação; se
existe alguém bom, esse é Deus.
Preciso reafirmar isso para você, porque, assim como fo-
mos “doutrinados” a ver a sujeira do sexo, também fomos dou-
trinados a ver um Deus distante e maligno, pronto para nos
condenar. Temos a terrível tendência de ver o Criador como es-
tando em oposição à sua criação, quando essa não é a verdade.
O fato de Deus ter se irado com o homem foi devido a

46
uma desobediência que traria morte a tudo que era bom, que
condenaria a criação a muita dor e sofrimento. Porém, em Cris-
to, o Pai salvaria sua criação, invertendo o jogo e restaurando
tudo em nós, começando por uma obra de justificação, criando
na condenação de Cristo o perdão da humanidade. Após essa
justificação, iniciou-se então a obra de santificação e, dentro
dessa obra, está a necessidade de uma transformação de mente,
que é mudar em nós como enxergamos a vida, Deus e toda
sua criação, aguardando, então, o maravilhoso momento em
que seremos glorificados e não existira mais mal nenhum, nem
mesmo em nossa carne (Paulo explica isso muito bem na sua
carta aos Romanos, por favor, leia).
Entendendo isso, fica fácil responder a pergunta, “qual
sexo que não é bom?” Ora, é obvio que é aquele que não é
permitido por Deus.
Qual é, então, aquele não permitido por Deus? Será só aquele
fora do casamento? Será que Deus é um ser tão caprichoso que
impõe regras sem sentido algum só pelo mero prazer de impô-las?
Não creio nisso, esse não seria Deus, seria um ditador do-
entio (como aqueles que algumas mentes ideológicas insistem
em defender na Venezuela).
O sexo não permitido por Deus é o sexo corrompido pelo
egoísmo do homem, usado como consumo, apenas como fer-
ramenta para o próprio prazer. É o sexo como business, objeto
ou um programa de fim de semana; sem compromisso, sem
propósito, sem valor.
É o sexo que encontramos nas conversas de bar, nas revis-
tas e na tela do celular. É o ato sexual simplesmente como ato,

47
sem sentimento, sem o entendimento metafísico que transcende
o aqui e o agora, que não respeita a expressão da criação divina
do outro. É o sexo que não tem futuro, uma prática imediata em
busca de prazer sem nenhuma real intimidade.
Se o sexo fosse uma moeda, se fosse dinheiro, com toda
essa pornografia, com a prostituição, com a banalização do tal,
ele seria uma moeda totalmente desvalorizada no mercado! No
mundo em que vivemos hoje, não existe mais valor nele. Ele não
é mais precioso – é fácil de se encontrar, fácil de conseguir. No
mercado de ações, sexo não vale nada ($exo).
O problema terrível é que é im-
possível ter uma relação sexual sem
QUANDO
FALAMOS DA alguém que foi também criado a ima-
BANALIZAÇÃO DO gem e semelhança de Deus. Quando
SEXO, ESTAMOS falamos da banalização do sexo, esta-
FALANDO DA
BANALIZAÇÃO E mos falando da banalização e desva-
DESVALORIZAÇÃO lorização do homem e da mulher em
DO HOMEM E DA si. Aquilo que está desvalorizado no
MULHER EM SI.
mercado de ações da vida somos nós,
nossos irmãos, toda a humanidade.
Falo isso pois senti na pele esse
tipo de realidade, pensando que essa era a única forma de se
pensar sobre o sexo, de enxergar o próximo, a mulher. Sei o quão
terrível é, e também sei o quão maravilhoso é ver o mundo por
outra lente, outro olhar, um olhar celestial! É por isso que grito
nestas páginas, NÃO SABEMOS VIVER! Acreditamos estar
vivendo quando, na verdade, estamos nos matando, e a cada dia
essa morte se torna ainda mais dolorosa.

48
Jesus morrendo na cruz é o exemplo de como a humanidade
vive sem Ele: uma morte lenta e dolorosa, e, às vezes, até cega.
Isso é muito sério. Se buscarmos entender o Evangelho,
veremos que ele é uma obra completa de redenção da humani-
dade – o sexo não pode ficar fora disso.
A concepção que hoje o mundo tem sobre esse assunto é
terrivelmente pervertida e imoral, nada parecido com algo tão
belo quanto a criação de Deus.
É terrível pensar que talvez esse seja o momento mais ín-
timo do homem e da mulher, e, mesmo assim, seja sem valor
algum, sem intimidade alguma.
No entanto, como algo tão precioso assim poderia perder
seu enorme valor?
Será que é possível transar de uma forma saudável fora do
casamento (é o que a molecada quer, transar sem ter a respon-
sabilidade de um homem e cuidar da sua família)?

O SEXO QUE É BOM

Pela forma que foi descrito nas páginas anteriores, pode


parecer ao leitor que transar fora do casamento é uma coisa in-
finitamente terrível, e que qualquer pessoa que tenha uma vida
sexual ativa antes de se casar é um possível maníaco compul-
sivo e por certo deveria estar preso como se tivesse cometido
um crime de ódio enquanto fazia amor (esse pensamento pode
parecer um absurdo, mas tem gente militando sobre algo muito
parecido com isso a respeito dos homens brasileiros, já ouviu
falar da cultura do estupro? Veremos mais a frente).

49
Entretanto, eu espero que você não viva no mundo da lua e
seja sincero com os fatos reconhecendo que é de uma forma per-
vertida como a descrita no capítulo anterior que o sexo é tratado
na maioria das conversas casuais, nos filmes, na nas propagan-
das ou até mesmo na grande mídia, sem contar a multidão de
pessoas que tiveram seus corações partidos por não pensarem
assim mas viverem em meio a essa cultura, sendo usadas.
Talvez você venha me dizer que o pecado sexual cometi-
do entre duas pessoas que se amam, como um casal adulto de
namorados, não seja pior pecado do mundo (afinal, não estão
matando, não estão roubando), porém, quando entramos no âm-
bito dos mandamentos, creio que não podemos tentar ser Deus,
inventando novas leis e condutas, mas que também não podemos
ser levianos e considerar aquilo que Deus disse sem importância
só porque para nossa cultura atual talvez não tenha.
Se você me perguntar o que é pecado, minha resposta é: o que
a Bíblia diz que é pecado. Sendo assim, minha própria opinião
não tem peso algum sobre esse assunto.
SE VOCÊ ME Pode ser também que, para você, ter
PERGUNTAR uma vida sexual antes do casamento não seja
O QUE É
algo terrível, porém, para Deus, é.
PECADO,
MINHA Nesse momento de confronto com a Pa-
RESPOSTA lavra de Deus, existem duas possibilidades
É: O QUE de reação: a primeira é a mais comum, a de
A BÍBLIA
virar a cara e seguir o próprio caminho, to-
DIZ QUE É
PECADO. mando as próprias decisões. Já a segunda, no
entanto, acredito que, mesmo que não faça
tanto sentido no início, o fará no final. Ela

50
consiste em dar ouvidos as palavras Eternas, deixando-se ser
transformado por Sua vontade e Seu Espirito, confiando que
Ele tem o melhor, é o melhor.
É muito provável que em você surja o mesmo questiona-
mento que surgiu em mim: “não estou transando com qualquer
um, eu a amo! Por que pode ser tão errado?”.
É aqui que se torna muito importante entendermos a razão
de Deus em dizer que o sexo fora da aliança é ruim. Nós preci-
samos pensar e entender o porquê de a relação sexual dentro do
casamento ser tão boa. Comparando as duas realidades, você
verá qual é a genuinamente boa.
Vamos entender qual era o plano de Deus para o sexo, então.
Após criar Adão, o Senhor Deus percebe que não era bom
que ele estivesse só, e, de sua costela, Ele faz a mulher, Eva.
Quando Adão a vê, recita um poema de amor – “ossos dos
meus ossos, carne da minha carne” (lembre-se, antes da que-
da, antes do pecado, Adão manda a cantada). Dá para dar uma
cantada sem pecar? Dá, meu, dá para ser bem romântico. A
Bíblia tem um livro só sobre romance, Cantares de Salomão
(leia, é legal, a primeira vez que li, falei, “caraca, isso aqui tá
na Bíblia?”).
A Bíblia ensina o homem a amar e respeitar sua mulher, e
vice-versa. A questão é fazer tais coisas no espírito certo, para
o momento certo.
Eu não estou aqui falando que você não irá errar e conversar
com a mulher errada; o ponto é, você só quer diversão ou quer
levá-la para o altar?
Repito, não significa que você irá conversar apenas com

51
sua esposa, afinal, como saberá que ela será sua esposa ou es-
poso se não conversar e conhecer primeiro? É isso que quero
dizer sobre espírito certo. Seu desejo é conhecer alguém para
se casar ou só para se divertir? Comece um relacionamento
apenas quando estiver pronto
COMECE UM para subir no altar e dizer sim.
RELACIONAMENTO Após o encontro românti-
APENAS QUANDO co, vem o mandamento divino,
ESTIVER PRONTO
PARA DIZER UM e – pasmem! – não foi a fra-
“SIM” ETERNO se “não transem” que saiu da
NO ALTAR. boca do Eterno; na verdade, foi
o oposto.
Deus disse: “multipliquem e encham a terra” (Gênesis
1:28). Lembrando que, na época, não existia inseminação arti-
ficial, o jeito era fazer amor.
Foi o sexo que os fez marido e mulher? Não acredito. O
que Adão disse foi o que significa o casamento diante de Deus,
um homem e uma mulher que são um só, mesmos ossos, mes-
ma carne, e porque, e somente porque, são um só, podem ago-
ra, coabitar (fui “tiozão” agora, “coabitar”, hahaha!) – podem
transar, fazer amor, dormirem juntos.
Responda agora, foi o casamento que foi feito para o sexo?
Case para transar?
Não, foi o sexo que foi feito para o casamento! Tran-
sem, pois se casaram.
Existe uma enorme diferença aqui.
Deus quer nos levar a ter um sexo bom. O sexo bom não
é aquele que te leva ao orgasmo, o que não é bom também faz

52
isso (as pessoas até pagam e se vendem para tê-lo). O sexo bom
é aquele que é feito no casamento, dentro de uma aliança. Há
um porquê, um motivo inteligente e com muita bondade e amor
de Deus para isso.
Um bom motivo é porque em
um casamento existe um detalhe O SEXO BOM É
AQUELE QUE
que faz toda diferença e que não É FEITO NO
existe fora dele. Quando o sexo é CASAMENTO,
feito no casamento, ele não será DENTRO DE
UMA ALIANÇA.
feito por consumo, para conven-
cer alguém a ficar com você, mas
sim para se entregar a essa pessoa, dizendo que ela é única para
você e que você é único para ela e, mesmo que tenham tido
uma noite ruim, isso não será o suficiente para se deixarem.
Como que são os relacionamentos fora?
Se eu não tenho nenhuma responsabilidade com você,
transaremos, e se eu não gostar, irei embora (não vou generali-
zar, mas também não quero que você pague para ver).
Não quero para uma filha minha um cara que a use e jo-
gue fora como um chiclete que, depois de mascado, cuspimos
na calçada.
Fora de uma aliança maior do que uma relação sexual, a pos-
sibilidade que isso aconteça é muito grande (tenho certeza de que,
se você não passou por uma experiência assim, conhece alguém
que tenha passado).
Relacionamentos que não são baseados em uma aliança, em
uma promessa e um compromisso, são como relacionamentos
com um vendedor.

53
Nós temos alguma coisa juntos, mas se eu encontrar al-
guém que me satisfaça melhor do que você, que tenha uma
oferta melhor, irei, então, procurar essa pessoa. Ou você se
ajusta, ou irei embora.
Como Timothy Keller diz em seu livro O Significado do
Casamento, “Em um relacionamento baseado em uma aliança,
eu me ajustarei a você, porque esse relacionamento é mais im-
portante.”
O desejo de Deus é o bem-estar e conforto dos dois, um
vivendo pelo outro, como mesmo osso e mesma carne.
Deus criou o sexo pensando em você, como também co-
locou a possibilidade de sexo somente dentro do casamento
pensando em você. A questão é que Ele não estava somente
com seu prazer em mente, mas pensava em você por completo.
Ele, conhecendo o coração do homem, sabia que o sexo
baseado em uma aliança seria muito mais saudável para sua
amada criação.
É por isso que a Bíblia diz que o sexo deve ser consu-
mado somente entre duas pessoas que têm um compromisso
eterno. Assim, seremos protegidos da banalidade e futilidade,
que levam os seres humanos a serem meros objetos de uso e
de prazer.
Sexo bom é aquele feito dentro do casamento, aquele que
te protege para que você seja quem é. Já o proibido por Deus
é aquele que é baseado em performance, naquilo que a pessoa
pode fazer por você e com a possibilidade de ela encontrar al-
guém que a satisfaça mais do que você.
Sobre esse argumento, você talvez diga: “meu, amo meu

54
namorado, nós vamos ficar juntos para sempre” (“bunitinhu”),
mas a verdade é que você não tem um total compromisso até
que tenha se casado.
É como se você dissesse, “bom, irei viajar na semana que
vem”, até que acorda no dia em que deveria viajar e resolve
simplesmente não viajar mais (já fiz isso, mesmo com tudo
pago, e ainda bem – no dia em que não fui viajar, me ligaram
oferecendo o apartamento que alugo e em que moro hoje).
Não podemos levar algo tão sério como se não fosse nada.
Deus criou o sexo para ser feito por duas pessoas que se
comprometeram a estarem juntas para sempre, e isso deixa a
vida e o sexo muito mais bonitos.
Provavelmente minha futura esposa ficará com muito ciú-
me de tudo que falarei aqui (brincadeira, sendo uma mulher de
Deus, entenderá que é para o bem geral da nação e que Cristo fez
novas todas as coisas).
Não pense que escrever e acreditar nisso seja fácil para mim;
seria mais fácil de acreditar e viver isso se eu já estivesse casado
e transando (mas não, estamos no mesmo barco, amigo). Não
obstante, minha experiência sexual sem estar casado foi horro-
rosa. Trouxe coisas para minha vida que eu não desejaria nunca
ter vivido. Me fez machucar corações, não só o de outro alguém,
mas o meu também (se arrependimento matasse...).
Perder minha virgindade aos 16 anos me tornou mais po-
pular entre meus amigos (eu mentia desde os 14 falando que já
tinha transado, para ser aceito). Olhe, que idiota, mas é isso que
acontece com muitos de nós – muitos perdemos a virgindade
por pura pressão de se perder, e o que ganhamos com isso?

55
Nesta semana eu ainda lamentava esse ocorrido. Não tê-lo feito
seria muito melhor para mim, primeiramente porque tirou a
minha pureza e me fez começar ver as pessoas como coisas, e
elas não o são.
Eu vivi alguns anos da minha vida mergulhado em uma
consciência machista de olhar para a mulher como um obje-
to de prazer. Digo isso com muita vergonha, porém, preciso
que saiba que quando digo que essas coisas acontecem, elas
realmente acontecem e Deus sabia que aconteceriam. Ele
quer te proteger.
Ouça-me: se você ainda está em ambientes assim, tome
vergonha na sua cara. Mulher não é troféu e homem não é o
banco central do Brasil. Falo para os dois lados, pois dos dois
lados existem exageros.
Durante essa época escura da minha vida (preferiria es-
quecer tudo isso), mantive relações simplesmente pelo prazer;
não via na pessoa diante de mim o real valor que possuía.
Isso é terrível de se lembrar, não desejo que ninguém passe
por isso. Olho para trás e as palavras do meu pai ecoam em
minha mente, “lembre-se de que
você tem irmã”. Hoje sei que ne-
USAR UMA PESSOA
SOMENTE PARA nhum ser humano merece ser trata-
SEU PRAZER É do como nada.
MASTURBAR-SE Eu tenho uma teoria um pouco
COM ELA, PENSE
mais pesada sobre isso: usar uma
BEM – NINGUÉM
MERECE ISSO. pessoa somente para seu prazer é
masturbar-se com ela, pense bem –
ninguém merece isso.

56
A questão é que não fazer sexo da forma que o Criador
propôs pode trazer inúmeros prejuízos para você e tirar a be-
leza que há dentro do casamento.
São tantos os casos de pessoas com o coração quebrado
porque se entregaram antes da hora, porque acreditaram em
uma promessa antes mesmo dela ser realmente feita, porque
conheceram pessoas que conheceram pessoas “melhores do
que elas” (quem nunca teve o coração quebrado?). Deus não
deseja isso para nós.

UM AMOR FATAL
Era 2010, verão inglês, o período mais esperado do ano.
Ninguém aguentava mais o sol se pondo às quatro e meia da
tarde, chuvas quase todos os dias, janelas fechadas, ventos
que fazem tremer os ossos, parques vazios, pés molhados, e a
falta de sorriso nos rostos (pense em um povo feliz, é gringo
quando vê sol).
Agora o sol está de volta, desde às quatro da manhã ele
brilha, poucas nuvens, o dia não tem fim, pássaros cantando,
parques lotados, churrascos e cerveja. Todos esperavam por es-
ses três meses mágicos do ano, o verão – um amor de verão,
uma vida de verão, peles bronzeadas ou, no caso dos ingleses,
queimadas, tostadas, vermelhas, quase roxas.
Uma segunda-feira e, dia de festa, porque, durante o verão,
até as segundas tem festas, que começam cedo para terminarem
só na terça.
Também feliz com o dia está Guto.
17 anos, ainda precisa falsificar os documentos. Não, fal-

57
sificar é uma palavra muito forte, criá-los, desenhá-los, montá-
-los no antigo Paint do Windows XP.
Todos se reúnem na casa de Matheus, também com 17
anos, também um mestre da falsificação.
O único que tem impressora – “tragam um foto 3x4 e ve-
nham”, dizia ele.
Alguns ainda com 15, o mais velho, 17, um grupo de ami-
gos e garrafas de álcool.
“Quantos anos você quer ter?”. “21”, Guto respondeu.
Ele podia, já tinha barba. “18”, eu disse. Era o suficiente
para entrar.
“O papel sulfite é muito mole, eles vão descobrir que é falso!”.
“Vamos plastificar, só que ainda é muito mole”.
Decidimos então deixar ainda mais artístico – “pegue o
bilhete do trem, um material mais resistente e com detalhes
em laranja! E pegue um de hoje, para provar quando fizemos”.
Bastava colocar contra a luz o documento que nos dava
acesso a vida noturna dos adultos felizes, e veria entre as folhas
verdes do RG e uma foto 3x4, um grande bilhete do metrô!
“Somos geniuses, prenda-me se for capaz”.
Antes de sair de casa, mais uma lata de cerveja e uma gar-
rafa de vinho da mais barata – tinha de ser vinho barato, nin-
guém tinha dinheiro, e a balada já iria custar dez libras. Nem
era uma balada gringa, só tinha brasileiros, e brasileiras, lógico.
Guto foi o primeiro a se sair bem, era o mais descolado e
tinha 21 anos (no RG).
Dançando na frente do bar estava uma ruiva, cabelos ca-
cheados, olhos que de longe pareciam claros, não conseguiria

58
dizer ao certo. Eu estava com a cabeça em outro lugar. Mas
Guto admirava a ruiva, que também sabia dançar. Antes de ir
até ela, comentou comigo, “vou casar com essa mina” (adoles-
cência – como poderia pensar em casar, acabou de conhecer?).
Guto era daquele tipo romântico, apaixonado, amante de
filmes em que existe amor à primeira vista: encontram-se, apai-
xonam-se, compram um barco e saem a navegar pelo oceano
de amor. Ele já havia me contado seus planos antes em outras
bebedeiras, enquanto ouvia Tim Maia.
Da minha parte, eu não acreditava nisso, ou pelo menos
na época, não queria nem imaginar algo do tipo. Tudo bem um
barco, mas, que tenha um amor em cada porto. Era assim que
eu pensava.
Meu RG me dava 18, mas eu tinha 16, e nem tinha co-
nhecido a Bia ainda.
Lá foi ele e eu fiquei parado observando.
Os seus olhares já haviam se cruzado, sorrisos também,
porém, ela virou o rosto quando Guto chegou. Colocando a
mão em sua cintura, ele sussurrou algo em seu ouvido. Mais
um sorriso.
Depois, a mão na mão e pronto…
Fim da noite (que já era dia), de frente para estação, cabeça
doendo, atrasado para o trabalho.
Guto me diz, “Bella, ela se chama Bella”.
A única coisa que consegui imaginar foi a Itália, macarrão e
os italianos repetindo “Bella”. Bella! Eram já seis da manhã de
uma “bella” terça-feira.
“Eu vou me casar com essa mina” (já ouviu o ditado,

59
“quem não te conhece que te compre”? Pois é, haviam apenas
se conhecido).
Por duas semanas não nos vemos, até que o encontro com
um sorriso de orelha a orelha e mais confiante do que antes.
“Já nos encontramos quatro vezes. Ela é demais, curte
Nirvana, sonha em viajar o mundo, é meia maluca, corajosa,
tem 16 anos. Outro ponto importante, nos damos super bem na
cama, rola uma química”. Já haviam transado algumas vezes.
Guto me convida para um churrasco na casa dela, é claro,
é verão – eu levo as cervejas.
Os dois se davam realmente bem, eram muito parecidos, ti-
nham tudo em comum. Ele também se dava muito bem com a so-
gra, que já tinha tido uma banda e adorava musica. As converses
eram eternas, falavam sobre tudo, mas principalmente sobre músi-
ca, a vida, sonhos, e planos apaixonados.
Isso rolou por quase um ano.
Um dia, quando trabalhávamos juntos, Guto recebeu um
telefonema, era Bella. Atendeu do meu lado: “e aí, meu amor,
que saudades de você… Ahm? Você está grávida?”. Com um
sorriso no rosto e um pouco de preocupação, ele repetiu em voz
alta para que eu ouvisse (eu, em minha cabeça perdida, pensa-
va, “vish, se ferrou”).
Ele tem 18 anos, como vai sustentar um filho? Conheço o
Guto, está comigo todos os dias; ele nem gosta da Bella tanto
assim, já ficou com várias outras, e ela também, eles estão de
acordo sobre isso, relacionamento aberto, diziam eles. Mas um
filho? Ferrou.
“O quê? Você está onde?”, repetiu de novo, agora com

60
cara de assustado. “Uma clínica? Agora? Você não me falou
nada! Por que não me contou?” (desculpe-me por contar a con-
versa dos outros).
Uma clínica de aborto, mano!
Não acredito! Ferrou mais ainda!
18 anos, ter um filho já não é fácil, mas 18 anos e matar um
filho? Ferrou forte agora! Poxa, tudo bem a gente acabar com
nossa vida, mas acabar com a vida de alguém que não tem nada
a ver com isso?
Guto desliga o telefone, olha para mim e diz, “eu seria pai,
ela vai abortar”.
Agora me deixe dar uma parada aqui para criticar algo se-
ríssimo.
Ele era o pai, e não teve escolha alguma na hora do abor-
to! Se levantamos esse argumento hoje, muitas feministas que
são a favor do aborto dizem, “sem útero, sem opinião”; digo
“algumas” porque existem tantas que não pensam assim e nem
concordam com o aborto, e estão lutando por pautas mais ge-
nuínas de direitos iguais para ambos os sexos e uma consciên-
cia maior da importância da mulher, e isso sou muito a favor.
(como cristão, preciso lutar pelos direitos da mulher, pois a
história mostra que a consciência do valor da mulher em uma
cultura vem a partir de Cristo). No entanto, quando o assunto
é aborto e envolve a vida de um terceiro, a discussão não pode
ser assim, na base de frases prontas e intolerantes. Precisamos
ser coerentes e elevar o nível do debate. Concordo que um filho
não se faz sozinho, um filho também não deve se criar sozinho
(homens são presos caso não deem assistência). Dessa manei-

61
ra, um filho também não pode ser
O AMOR abortado sozinho. O menino não
CRISTÃO teve nenhuma possibilidade – a úni-
NOS ENSINA
A AMAR OS ca forma seria convencer a mãe que
MAIS FRACOS; ligou dez minutos antes de entrar na
QUER SER MAIS sala de procedimento. Uma coisa
FRACO DO QUE
eu te digo, graças a Deus, leis assim
UM INDEFESO
DENTRO DE não entraram no Brasil e nós iremos
UM ÚTERO? lutar para que não cheguem a entrar.
O amor cristão nos ensina a amar os
mais fracos, quer ser mais fraco do que um indefeso dentro de
um útero? Deixo claro aqui também que precisamos lutar mais
pelas mães, o que fazemos tão pouco.
Voltando ao triste fato.
Não via meu amigo mais igual, e também não ouvia mais
palavras apaixonadas referentes a Bella – já não ouvia mais nada.
Ele ficou calado sobre o assunto e eu respeitei, não o jul-
garia, não estava em condições para tanto. Ela não cometeu
um crime diante dos homens (na Inglaterra o aborto é legal
desde 1967) e eu não a forçaria a obedecer a Deus antes mes-
mo de conhecer a Deus. Acho inútil entregar óculos para um
cego – pessoas que não creem em Deus não tem motivo al-
gum para obedecê-lo.
Se eu tivesse tido tempo com ela, apelaria para a razão do
porquê aquela vida era importante, não somente por obediência
a Deus, mas com bons argumentos a respeito do porquê Deus
ter razão naquilo que disse (penso que é assim que devemos
conversar com o mundo).

62
Para aquele que crê, o argumento de obediência deveria
ser o suficiente. Aos que não creem, precisamos provar com fa-
tos que o que Deus disse é sempre bom, porque, tenha certeza,
é possível provar – nada do que Ele disse foi à toa (já falamos
sobre isso) e é isso que estou tentando te mostrar durante todo
este livro.
Existe bondade em todos os mandamentos de Deus, inclu-
sive em “não assassinarás”!
Mas, já que ela já havia feito, não seria eu aquele a conde-
ná-la. Ninguém ali cria em Deus, e eu não estava nada crente
também, não.
Agora já foi, foi feito ficam as consequências e consequ-
ências muito ruins.
A Bella do lindo sorriso, do olhar brilhante, já não bri-
lhava mais.
Alguma coisa aconteceu. Ela se tornou tensa a partir dali.
Não tinha o mesmo sorriso, não tinha a mesma alegria; estava
amarga, até chegar a depressão e tentativa de suicídio. Quando
tentou se suicidar, eles já não estavam juntos; ele diz que era
esse o motivo, ela diz que não.
No ano de 2018, se começou um debate, na Inglaterra,
de preocupação com as mulheres que já teriam realizado um
aborto mais de três vezes. Especialistas debatiam no rádio
dizendo que uma mulher assim teria uma tendência muito
maior ao suicídio.
Parece que o tempo está mostrando que forçar um abor-
to não é uma prática natural, e os efeitos colaterais são de-
vastadores.

63
NÃO É SEXO, É AMOR
Sei que, quando estamos em um relacionamento, nosso co-
ração está tomado de paixão e de certeza que ela é a pessoa da
minha vida, e, sendo ela essa pessoa incrível, não é sexo, é amor!
Será mesmo que é amor? Que amor é esse que em um mo-
mento existe e no próximo feels like sh*t?
Depois de tanta dor, “isso não é para mim, vou virar freira,
padre, celibato, meus amigos”. Gritamos resistência a ditadura e
nos torturamos todos os dias (me incluo nisso tudo, já me torturei
muito na vida, e até namorar com Marx, já namorei). Colocando
os sentimentos na balança, será que esse amor vale a pena?
Corações despedaçados, achando-se usados(as), até que
meia hora de conversa com outro alguém do sexo oposto (ou
até mesmo do mesmo) os fazem voltar ao plano original.
Isso não é amor, é hormônio a 100 quilômetros por hora,
é adolescência à flor da pele, é carência, é instinto, é o instinto
animal que existe em nós. Mas, se é animal, temos uma vanta-
gem sobre eles, mas tal vantagem não é a racionalidade, ou a
possibilidade de usar o cérebro. Em estudos recentes1, a neuro-
biologista Margaret Livingstone conseguiu mostrar que macacos
conseguem resolver problemas matemáticos e dizem por aí que
alguns outros estudos de Harvard mostram que eles conseguem
até mesmo debater direito por meio de linguagem em sinais com
humanos – macacos advogados (macacos advogados mentem?
se existe evolução, acho que não evoluimos a macacos ainda,
continuamos meros seres humanos - entenda a ironia)

1 <https://www.theverge.com/2014/4/22/5638320/harvard-medical-school-study-rhesus-monkeys-ma-
th-human-brains>

64
Dessa forma, não é a racionalidade que nos diferencia de-
les, e embora seja certo que até alguma empatia animais con-
seguem ter, é a capacidade de conseguirmos sentir a dor do
próximo, nos colocar no lugar do próximo que faz tal diferen-
ciação – isso não é para animais, é para humanos.
No nosso caso, pelo nosso desejo sexual muitas vezes
egoísta, provamos nossa animalidade. Tudo pelo prazer, mes-
mo isso que custe sua dignidade.
O sexo dentro do casamento te protegerá de sofrer ou fazer
alguém sofrer, e, como cristãos, precisamos pensar nisso. O que
está em jogo não é só nossa vida, mas a do próximo também.
Outro fato alarmante foi exposto em documentos recentes
do departamento de saúde do Reino Unido, que mostram que
81% dos abortos em clínicas durante o ano de 2015 foram rea-
lizados por mulheres solteiras. Uma grande parcela dos abortos
são realizados por mulheres que moram com seus parceiros, na-
morados, mas não oficialmente casadas. Morar junto não signi-
fica estar casado (single with partner), morar com o namorado
hoje é uma prática muito comum, principalmente quando se vive
sozinho em uma metrópole onde os alugueis são caros. Dividir
o aluguel com um namorado é bem mais fácil. Vi isso acontecer
repetidas vezes com amigos e amigas que trocavam de parceiros.
Isso significa que mulheres casadas têm uma tendência
muito menor a praticar abortos.
Hoje, um assunto tão falado em nossa nação, tendo como
um dos fortes argumentos a favor o abandono dos pais, e a fal-
ta de compromisso destes, mostra mais uma vez como o sexo
dentro de uma aliança te protegerá de algo parecido.

65
No ano de 2016, 185.824 abortos foram realizados no Rei-
no Unido, e o número não tende a diminuir; em 2017 teve um
crescimento de mais de 5%.2
Você já pensou por quê mulheres solteiras tem uma ten-
dência maior de praticar o aborto?
Isso pode ser porque a gravidez nesse contexto não é nor-
malmente planejada, não deveria acontecer, não estava na hora
– “sou muito novo, ainda não realizei meus sonhos, não conhe-
ci a pessoa ideal, ele é só um ‘namoradinho’ ou um ‘ficante’ da
balada, como posso ter filhos?”.
Casais casados tem muito mais chances de receberem um
criança e aceitarem o desafio de criá-las, pois de uma forma
muito mais consistente estão planejando a suas vidas. Já pes-
soas solteiras, não, na sua grande maioria, não estão prontas e
nem mesmo desejam um filho.
Sendo assim, o filho não será um presente, será um aciden-
te a 150 quilômetros em via dupla. KABUM!
“Ué, já somos um acidente, deeerrr, big bang, explodiu
tudo, fogo na bomba!”.
Será mesmo que somos um acidente?
Não acredito nem por um minuto nessa hipótese (ou teo-
ria, se assim preferir.)
Estudos mostram que um homem pode produzir 525 bi-
lhões de espermatozoides durante toda sua vida, e liberam en-
tre 40 milhões e 1.2 bilhões de espermatozoides em cada ejacu-

2 https://abort67.co.uk/facts/uk_abortion_statistics
https://ionainstitute.ie/guttmacher-institute-is-dead-wrong-married-women-have-far-fewer-abortions/
https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/
file/570040/Updated_Abortion_Statistics_2015.pdf

66
lação (uma ejaculação tua é a população total do Reino Unido,
você aí, pai de multidões).
Isso significa que para nascer você ganhou uma corrida e
tanto – poderiam ser os outros 40 milhões no seu lugar, mas é
você que está aqui. Não chame isso de acidente, nem de sorte;
isso é Deus.
Sexo é bom, foi Deus quem criou. Até no livro mais fa-
moso do mundo o primeiro homem é encorajado por Deus a
transar, esse foi o primeiro mandamento. Parece que, até em
um mundo chamado religioso e atrasado, sexo é necessário e,
bom, como podem dizer que não seja, se foi Deus quem man-
dou fazer?
O problema que enfrentamos hoje não é o sexo em si, vai
muito além disso. Olhando para a História, veremos que desde
que o mundo é o mundo, o homem é um animal sexual em bus-
ca de satisfazer seus prazeres, isso sempre existiu (não significa
que por não ser o grande problema, não seja um problema). O
grande problema hoje é a tentativa de des-
truição do lugar onde o sexo é necessário.
Na adolescência? NÃO! O PIOR DE
TODOS OS
No casamento.
MALES É A
O pior de todos os males é a tentativa TENTATIVA
de destruir o que sexo produz de melhor, DE DESTRUIR
uma família. O QUE SEXO
PRODUZ DE
Nunca antes na História da humani-
MELHOR, UMA
dade houve o pensamento de que fosse FAMÍLIA.
possível a constituição de uma família
sem em que nela existisse um pai e uma

67
mãe, e o motivo é simples: somente através de um homem e
uma mulher que uma criança consegue vir ao mundo.
Sempre existiu sacanagem no mundo, mas jamais houve uma
tentativa tão grande de destruir o maior bem de todos, a família.
Digo, então, que o sexo foi feito para o casamento e não o
casamento para o sexo. Já que estou escrevendo tudo isso aqui,
desejo então te fazer pensar em casar?
É sobre isso este livro aqui?
Não, não é não, ainda não, muito pelo contrário; não quero
te fazer pensar em casamento, quero te fazer parar de pensar
em sexo da forma que o mundo te ensinou.

68
04
ESCAPES
PARA O
PRAZER

69
alvez agora suas bochechas fiquem rosadas assim
como a nossa durante as classes de biologia na
sétima serie, o assunto está ficando muito íntimo,
e ainda mais íntimo se você ganhou este livro dos
seus pais sabendo que depois te perguntarão sobre o que o livro
se trata (imagine eu que estou escrevendo e meu pai terá de
ler, imagine minha sogra lendo isso). “Um livro que crianças
podem ler não deveria falar sobre isso” (ouço isso o tempo todo
no meu canal do YouTube).
Eu concordaria com você se não vivêssemos em um mun-
do igual ao nosso, em que somos todos expostos aos maiores
absurdos a cada segundo. Aqui, somos bombardeados por
pornografia o tempo todo, e não apenas pornografia, mas a
forma como a mídia de grande público expõe a sexualidade
tende a passar uma noção de sexo como uma mercadoria, um
objeto de desejo, sem comprometimento, conexão ou conse-
quências (já falei sobre isso aqui, mas é tão revoltante, que
me imagine bem bravo repetindo isso). É sobre tal condição
que nossa cultura foi construída por tantos anos; cresci nas
ruas desse Brasil, vi a ascensão e decadência do Orkut, senti
isso na pele.
Mesmo nascendo em uma família cristã conservadora,
chegava a hora em que ficava só eu, a TV e uma fita cassete
(isso quando a banheira do Gugu não fazia o serviço).
É mesmo necessário falar isso aqui?

70
Não seria se não fosse a verdade – precisamos olhar para o
que os nossos olhos veem e sempre viram.
Pode ser que já tenha se tornado normal, porém, imagine
a sua mulher com um outro homem em uma banheira procu-
rando sabonetes, e eu e você, com oito anos, assistindo aquilo
como normal enquanto no fundo se cantava, “esse pinto não é
mole, esse pinto é safado, não consegue dormir sem ter uma
galinha do lado… o pinto do meu pai, fugiu com a galinha da
vizinha”. Olhando para o que temos hoje, ao menos lá atrás
existia um duplo sentido; hoje, o sentido é único.
No entanto, não podemos excluir o pensamento e possibi-
lidade de que essa realidade passada teve grande influência na-
quilo que cantamos hoje, pois a geração que assistia a banheira
é a que hoje canta sobre ela.
Já parou para pensar que essa pode acabar sendo a primei-
ra impressão que as crianças venham a ter sobre sexo? Qual foi
a sua primeira experiência com algo do âmbito sexual?
É quase impossível proteger seus pensamentos e seus
hormônios de tudo que jogam na nossa cara, sendo assim,
o aumento pelo desejo sexual é muito significativo e quase
irresistível.
Existem até pesquisas tentando descobrir quais batidas
musicais exercem mais influência sobre os impulsos sexuais,
para música ficar ainda mais sexy. Ainda dizem que a música
pode ser mais estimulante do que o tato (devem ser por isso as
inúmeras descidas ate o chão).
Já não seria fácil com os hormônios a milhão; agora, ima-
gine com tudo isso?

71
Desculpe-me se te pareço antiquado, mas a resistência que
desejo fazer é contra a comercialização da dignidade humana,
começando com crianças de dez anos. Se para a maioria tudo
isso seja bem normal, repito aqui as palavras da minha avó e
de todas as mães deste globo terrestre: eu não sou todo mundo.
Talvez você tenha pegado este livro para saber o que fazer
enquanto não arruma o príncipe encantado e foge da torre do
castelo cercado por um dragão, em que a vida te colocou; no en-
tanto, adoraria ter este tempo com você para pensarmos juntos.
É bem provável que existam neces-
sidades maiores do que essa no mundo
ISSO NÃO
FAZ DELE UM em que vivemos hoje. Também te alerto
MONSTRO; ELE sobre a possibilidade de que esse príncipe
CONTINUA que virá te salvar certamente sofra de to-
SENDO UM
PRÍNCIPE, SÓ dos ou da maioria dos problemas aqui fa-
QUE NÃO DE lados. Isso não faz dele um monstro; ele
UM CONTO DE continua sendo um príncipe, só que não
FADAS, E SIM
de um conto de fadas, e sim da vida real.
DA VIDA REAL.
Se o homem com que você se casar
conseguir sair vivo da adolescência, já é
quase um herói, só precisa se tornar ho-
mem (é isso que desejo produzir com este livro, e, vai por mim,
é com um homem que você deseja se casar).
O engraçado é que, em um livro em que não desejo fazer
com que você pense em casamento e pare de pensar tanto em
sexo, continuo com o argumento sexual a cada página. Devo te
dizer que faço isso porque entendo que, neste mundo, tomado
por apelos sensuais, é quase impossível pararmos de pensar

72
em sexo (não pensamos em sexo, estamos mergulhados nele),
e para um jovem cristão é ainda mais difícil, porque nós que-
remos agradar a Deus com uma vida santa, pensando em um
casamento em que não pecaremos contra o Senhor.
Sendo cristão ou não, você está neste mundão como um
ser humano e não como uma amoeba. Sua cabeça corre o risco
de maquinar sensualidade, e não porque quer pensar sobre isso.
É o mundo em que vivemos.
Talvez alguns digam que não é bem assim, mas, se formos
sinceros, na maioria dos casos e das conversas entre amigos,
esse é o assunto principal (falo da parte que eu sei, os homens).
Continuo com esse argumento pelos elementos excessi-
vos em nossa sociedade que apelam para a sensualidade, pelas
centenas de mensagens que recebo de jovens com dificuldades
nessa área e, é claro, por experiência própria (e também por-
que, desde que inventaram o “gemidão do WhatsApp”, ferrou).

OH, MARAVILHOSA MASTURBAÇÃO!


É ISSO MESMO?
Sempre gostei muito de ler, e sempre sonhei em escrever
livros. Por esse motivo passo horas em livrarias, folheando,
lendo e comprando muitos livros (nunca consigo ler tudo o
que compro, what a waste). Normalmente começo a procura
na parte dos best-sellers, vendo se tem alguma coisa que me
interessa, já que estão sendo tão vendidos, deve ter alguma
coisa boa ali. Outro motivo também é tentar entender o que
as pessoas estão lendo, e principalmente o que minha geração
esta lendo (o caminho para santidade não é se tornar um monge

73
alienado da realidade, P.S.: já tentei, não consegui, eu gosto
dessa vida aqui.)
Um dia desses, passando pelos mais vendidos, encontrei
um best-incrivelmente-seller livro de um digital influencer, e
um dos temas era algo sobre “o maravilhoso dia que descobri a
masturbação” (estou falando sério).
Eu fiquei chocado, e indignado (quem lê essa porcaria?).
Poxa, gente, em um mundo de Shakespeares, Clarices,
Machados, Tolstois, Chestertons, Agostinhos, Lewis, Thoreous
e etc., como podem ler algo assim?
“Calma, Luca, ele é jovem”, repito para mim mesmo!
De jovem para jovem, vos apresento Mary Shelley. Di-
fícil reconhecê-la pelo nome, não é mesmo? Que tal então,
Frankenstein? Ficou mais fácil agora, né?
E se eu te dizer que Mary Shelley aos 18 anos escreveu
uma das maiores obras literárias de todos os tempos? Franke-
nstein! Sim, ela tinha apenas 18 anos!
Pois é, você só pode estar pensando a mesma coisa que eu
agora – o que a banheira do Gugu fez com a gente?
Sinceramente, eu pensei, será que é isso que essa geração
está comendo, e será que realmente gostam de comer isso aí?
Não existe nada melhor que valha nossa atenção? Nós, os gran-
des heróis que mudarão o mundo? Não temos nada melhor para
falar, não? E, se é isso, acreditam mesmo que se masturbar é
uma dadiva, ou um comportamento belo, para se orgulhar?
O mesmo influencer tem um vídeo descrevendo todos os
nomes dados a masturbação masculina.
Desculpe-me, mesmo sendo crente, terei de dizer um pala-

74
vrão: Oftalmotorrinolaringologista (profissional especializado
nas doenças dos olhos, ouvidos, nariz e garganta)! É disso que
essa galera precisa, um médico, eles estão doentes!
É difícil escrever algo assim para pessoas que não creem
em Deus e na sua Palavra, já que, para eles, isso não seria erra-
do. Já para as pessoas que se nomeiam cristãs, mesmo a obedi-
ência a Deus sendo o maior argumento, aqui também gostaria
de apelar para a razão, acreditando que
tudo aquilo que Deus nos diz para fazer,
Ele o faz para nosso próprio bem.
POXA, SERÁ
QUE UM
Poxa, será que um banho mais de- BANHO MAIS
morado faz tanto mal assim? DEMORADO
Vamos aos dados. FAZ TANTO
MAL ASSIM?
De acordo com o Online Social Life
Survey (CSLS), 30% dos homens entre
os 18 e 23 anos disseram que tinham se masturbado nas últimas
24 horas (de 100, 30!), enquanto 26% não quiseram responder
a pergunta (temos quase metade que se entregou).
Em contraste, 8% das mulheres disseram ter se masturba-
do nas últimas 24 horas, enquanto 2% não quiseram responder
a pergunta.
Vemos, então, que homens têm uma tendência muito
maior para apelar à masturbação caso não tenham tido uma
relação sexual recente.
Isso não significa que mulheres não tenham desejos sexu-
ais. Sociólogos explicam tal estatística da seguinte maneira:
todos os anos homens gastam milhões de dólares com maté-
rias de mulheres com pouca roupa, como revistas masculinas

75
e outras coisas; em compensação, mulheres gastam pratica-
mente nada.
Alguns irão dizer que isso é devido ao fato de homens ve-
rem mulheres como um objeto sexual, enquanto as mulheres
não veriam os homens assim, porém, é mais do que isso.
O que muitos sociólogos afirmam é que o homem, por sua
própria natureza, responde visualmente à sexualidade. O ho-
mem vai muito mais pelo que vê do que pelo que sente ou ouve.
Essa é uma área em que o homem é tão diferente da mu-
lher, que é praticamente impossível que as mulheres enten-
dam isso.
É claro que mulheres acham homens atraentes e é claro
que uma mulher pode ter uma grande reação ao ver um homem
que realmente a agrada, porém, não existe comparação. A visão
do homem fala mais alto que tudo. Um contato visual é o sufi-
ciente para excitar um homem, enquanto que, para a mulher, é
necessário muito mais do que isso.
Pense comigo, se somente isso fosse necessário para a mu-
lher, a maioria dos maridos andariam pelados pela casa todas as
vezes que desejassem suas esposas. Mas vá lá, converse com
um homem casado, você verá que não é bem assim que funcio-
na (muito pelo contrário).
A maioria dos homens ficam “empolgados” (você sabe
muito bem o que quis dizer, mas vamos manter a postura) di-
versas vezes no dia só de ver uma mulher que os atrai, e, em
outras, só de pensar nela (isso é biologia, rapaz).
Esse não é o caso, na grande maioria das vezes, para
uma mulher.

76
Vamos ser honestos: existe uma razão para não existirem tan-
tas revistas mostrando pernas masculinas, como existem mostran-
do pernas femininas; homens gastam milhares para ver mulheres
fazendo topless, o que não é o mesmo para as mulheres.
É por isso que encontramos em tantas propagandas de
coisas que homens devem comprar uma mulher do lado de tal
produto. Eles procuram mexer com sua cabeça, te fazer ver
o que deseja (o capitalismo selvagem usará todos os métodos
possíveis para vender).
Nada disso pode ser usado como desculpa para nenhum tipo
de conduta inapropriada dos homens – devemos sempre ser res-
ponsáveis com nossos atos, e presos caso quebre-
mos a lei (e cumprir a pena total) –, mas negar o
HOMEM
poder dos olhos no homem é impossível.
NÃO TEM
Homem não tem sexto sentido, homem en- SEXTO
xerga o que vê. SENTIDO,
As naturezas são muito diferentes; confesso HOMEM
ENXERGA
que não posso responder pelas mulheres, depen-
O QUE VÊ.
do de estudos e conversas para ouvir sua opinião.
Ainda não provaram cientificamente que um
homem consegue virar mulher, então, opinarei
mais pelo lado masculino da questão (os defensores da escolha
do próprio gênero que briguem com a ciência).
Não defendo os pecados masculinos, porém, defendo que
existem muitos exageros contra nós, principalmente vindo das
mulheres, por não entenderem que somos feitos de forma dife-
rente, agimos diferente, pensamos diferente.
Na nossa natureza, o que vemos fala muito.

77
Basta observar a criação do primeiro homem: a Bíblia diz
que assim que Adão viu a Eva, logo ele fez um poema de amor,
não dizendo o que ela havia feito, ou falado, mas sim sobre o
que ele viu.
Pare e veja o primeiro poema de amor da história dessa
raça de bípedes chamada humanidade.
Gênesis 2:23: “então exclamou Adão: ‘Esta, sim, é osso
dos meus ossos e carne da minha carne!’”
“Exclamou Adão” – o homem dá um grito (depois dizem
que não existe amor a primeira vista)!
Caraca, imagino o pai de todos ajoelhado com um pedaço
de diamante na mão recém tirado de uma caverna maravilhosa
do Éden, recitando tal poema!
É muito claro que o homem é praticamente controlado
pelo que vê e é muito importante entendermos a força a que os
olhos exercem sobre nossa mente para vencermos esse proble-
ma, porque, meu irmão, masturbação é pecado.
Além do fato que a masturbação também pode ser con-
siderada uma forma de sexo fora do casamento (fornicação),
sendo usada para satisfazer a si mesmo, ou seja, um ato um
tanto egoísta, já que o marido deveria satisfazer a sua esposa e
vice-versa. O grande problema da masturbação é que raramen-
te ela vem sozinha.
Dizem que não conseguimos sonhar com algo que nun-
ca vimos.
Principalmente aos meninos, o que você vê é o que te atrai.
Vou dar um conselho para você: pare agora de assistir esses
vídeos que você recebe no WhatsApp e você vai parar de se

78
masturbar (a não ser que você já seja um maluco e um abacaxi
te excite).
Aqui entra a acompanhante infiel do adolescente que está
subindo pelas paredes: a pornografia.

PORNOGRAFIA TE DÁ PRAZER?
A cada segundo, 28,258 pessoas assistem pornografia na
internet, $3.075,64 dólares são gastos em pornografia, 372 pes-
soas procuram pela palavra “adulto” no google (enquanto você
lia essa frase, esse numero quintuplicou)1.
Por dia, 37 vídeos pornográficos
são criados nos Estados Unidos, 2.5 bi-
lhões de e-mails contendo pornografia 25% DE
TODAS AS
são enviados ou recebidos, 68 milhões
BUSCAS
de buscas são feitas sobre pornografia, FEITAS NA
e um total de 25% de todas as buscas INTERNET
feitas na internet são de gente pelada. SÃO DE
GENTE
Sites pornôs recebem mais visitas
PELADA.
do que Netflix, Amazon e Twitter juntos
(até eu fiquei impressionado com essa)!
Para você ter uma ideia, em 2016, mais de 4.599.000.000
horas de pornografia foram consumidas em todo o mundo –
isso é um total de 191.625.000 dias de pornografia. Seria como
se as sete bilhões de pessoas que hoje vivem na terra tivessem
consumido dois minutos de pornografia no ano (e eu que acha-
va que era o Instagram que tomava nosso tempo).
1 https://www.webroot.com/us/en/resources/tips-articles/internet-pornography-by-the-numbers
https://fightthenewdrug.org/10-porn-stats-that-will-blow-your-mind/
http://endsexualexploitation.org/wp-content/uploads/NCOSE_Pornography-PublicHealth_Research-
Summary_8-2_17_FINAL-with-logo.pdf

79
Segundo pesquisas feitas nos
NÃO EXISTE últimos anos, 64% dos jovens entre
NENHUMA 13 e 24 anos consomem pornogra-
INDÚSTRIA HOJE
QUE CRESÇA fia uma vez por semana ou mais.
MAIS DO QUE A Não existe nenhuma indústria
PORNOGRÁFICA. hoje que cresça mais do que a por-
nográfica.
A empresa de dados britânica Optenet concluiu uma pes-
quisa que revelou que mais de um terço da web (37%) é com-
posto de pornografia (isso está uma verdadeira zona).
Não bastando o consumo desenfreado, a miséria que está
por trás das duas pessoas transando na frente das telas é ini-
maginável.
Esta é a parte que rasga o coração.
Em uma pesquisa divulgada pela Treasures, voltada ao
resgate de pessoas do tráfico sexual, vemos números impres-
sionantes da indústria que movimenta mais de R$ 100 bilhões
por ano.
Acredita-se que a indústria pornô já ultrapassou o tráfico de
drogas e alcançou a 2ª posição no ranking de lucratividade para o
crime organizado, ficando apenas atrás do tráfico de armas (ima-
gine o Rio de Janeiro, que tem droga, arma e pancadão).
Apenas para se ter uma ideia do valor estupidamente alto
movimentado pela atividade, a cada segundo são gastos mais
de R$ 10 mil com pornografia (enquanto lia essa frase, uns 40
mil foram para o ralo).
Alvo de 94% da pornografia, as mulheres são as maiores víti-
mas dessa atividade. Embora muito discurso de defesa à atividade

80
diga que se trata de empoderamento feminino sobre o próprio cor-
po, dados revelam que o problema é muito mais complexo.
Para se ter uma ideia, 90% das mulheres da indústria do
sexo foram abusadas quando crianças. Cerca de 1.4 milhões
das mulheres são escravas sexuais ao redor do mundo, e a
taxa de desenvolvimento de síndrome de estresse pós-trau-
mático com essas mulheres é equivalente aos de veteranos de
guerras nos EUA.
Nesse caso, se a vida humana fosse uma moeda, estaria
valendo menos que estrume na Índia (lá, os dejetos da vaca
valem muito).
Nunca antes na História da humanidade pessoas foram es-
cravizadas assim. Entre 1525 e 1866, 10 milhões de africanos
foram trazidos como escravos para o Novo Mundo, uma média
de 29.325 escravos por ano.
Hoje, o numero mais que triplica só entre as mulheres
(cadê minhas irmãs militantes feministas para lutar contra algo
tão tenebroso? Uma militança contra algo do tipo terá todo meu
apoio e até vestirei a camisa que diz “lute como uma garota”.
Dou minha palavra).
Apesar de muito critico ao movimento feminista de hoje
em dia, aqui também devo graças a Deus por ele, porque foram
as primeiras a levantarem a voz em favor dessas mulheres que
são tratadas como carne em uma vitrine. Foram as feministas
as primeiras (depois da Igreja) a se colocarem contra a porno-
grafia no mundo secular. Digo depois da Igreja, pois, para o
Cristão, pornografia sempre foi errado, pecado, e a Igreja sem-
pre se opôs a uma prática assim.

81
Entenda que a crítica que faço não é ao movimento em si, mas
ao fato de que causas como o aborto são defendidas com mais âni-
mo. Por que não lutamos para libertar essas mulheres da escravidão?
Aqui fica também um clamor e crítica para nós, a igreja
também. Onde estamos nós no meio disso tudo? Na hora de
defender candidato, todo mundo foi para a internet (eu também
fui). E o resto? Vamos deixar assuntos assim debaixo da mesa
porque são muito difíceis de se tratar?
Nós também lutamos com mais
ânimo por causas menos urgentes.
ESPERO QUE, À
Pode ser que seja difícil para a
MEDIDA EM QUE
VOCÊ TENHA geração mais velha falar sobre assun-
LIDO ESSES tos desse tipo, mas e para nós? Vamos
DADOS, O SEU lá, o que te escandaliza? O que você
CORAÇÃO TENHA
SE ENCHIDO já não viu e ouviu nessa vida? Será
DE TRISTEZA E que existe espaço para não falar so-
REVOLTA, QUE bre algo porque é polêmico demais?
VOCÊ TENHA
Espero que, à medida em que
SENTIDO NOJO
DE SI MESMO POR você tenha lido esses dados, o seu
TER ASSISTIDO coração tenha se enchido de tristeza e
PORNOGRAFIA revolta, que você tenha sentido nojo
POR TANTO
TEMPO, NÃO de si mesmo por ter assistido porno-
“SIMPLESMENTE” grafia por tanto tempo, não “simples-
PORQUE É mente” porque é pecado, mas pela
PECADO, MAS
gravidade desses fatos.
PELA GRAVIDADE
DESSES FATOS. Fale a verdade, o que mais te
preocupa em ser pecado não é por
causa de Deus, não, e sim as pessoas

82
descobrirem, que vergonha seria, hein? (Deus te vê todo dia e
isso não te fez parar).
Por isso, peço agora que sejamos um pouco menos egoís-
tas. Dane-se nossa reputação, olhe para o que realmente impor-
ta, as pessoas diante da tela.
Espero que você tenha sentido nojo porque são vidas hu-
manas tratadas com a maior degradação e desprezo moral pos-
sível. Quem está preocupado com o coração deles? Se ninguém
se preocupa, ao menos a Igreja deveria.
No entanto, não desejo que você se martirize por isso, mas
que dentro de você nasça a mesma revolta que nasceu no co-
ração do apóstolo Paulo ao ver os atenienses enganados pela
idolatria – uma revolta que gera mudança, que gera um desejo
incansável de ver uma diferença real na sociedade e na vida
das pessoas.
Já que falamos de Paulo, que morra o Saulo pecador em
nós e nasça o Paulo reformador, que vira o mundo de ponta
cabeça (amém).
Sabe esse monte de gente que você viu nas telas da vida?
Comece a orar por eles agora – eles precisam conhecer vida
e liberdade, precisam viver, serem amados e valorizados por
quem são e não por quantas horas consecutivas conseguem
transar (e outra, eu duvido você se masturbar com alguém por
quem você está orando).
Durante o inverno de 2014, fui convidado para fazer uma
viagem missionária em Amsterdã. Quando chegamos ali, vimos
as famosas vitrines do Red Light District. São basicamente ca-
sas de prostituição legalizadas pelo governo. Ficam no centro

83
da cidade, nada escondido, 24 horas por dia, 7 dias na semana,
365 dias no ano e funcionam nos anos bissextos também.
Milhares de pessoas viajam para lá todos os anos para se
divertir.
Um dia, um dos missionários ali que lidava com tráfico
humano me disse, “essa prostituição das vitrines é para inglês
ver. A verdadeira prostituição está nos hotéis, onde as mulheres
são forçadas a praticá-la”.
Ali nos hotéis estão as mulheres
O PREÇO DA que não podem deixar o país, mulheres
PORNOGRAFIA que foram enganadas e trazidas a força,
NÃO É PAGO
tiveram seus passaportes tomados e são
COM DINHEIRO,
É PAGO COM ameaçadas todos os dias. Elas não rece-
SANGUE, COM bem por hora, não recebem nada – são
DOR, COM
escravas sexuais.
MISÉRIA. SÃO
INCONTÁVEIS O preço da pornografia não é pago
OS ABUSOS, com dinheiro, é pago com sangue, com
DESESPEROS, dor, com miséria. São incontáveis os
DEPRESSÕES
abusos, desesperos, depressões e mortes
E MORTES
CAUSADAS. causadas.
Diante de uma realidade assim, di-
ga-me, pornografia te dá prazer?

NÃO SEJA BURRO DE ASSISTIR


OU SE TORNARÁ BURRO POR ASSISTIR
Um dia, no alto do monte Sinai, Deus olha para Moisés e
diz: “não comais camarão”.
“’Pelamor’ de Deus, Deus! No alto do monte, falar sobre ca-

84
marão? Mostre o mapa do arco-íris aí, o fim do mundo, o número
da Mega Sena, mas camarão? Será que Deus é cozinheiro agora?”.
Ele, eu não sei, mas tem uns cozinheiros que se acham
Deus. Você já trabalhou em restaurante? Eu já, por dois anos.
Os caras são chatos.
O camarão é uma comida um tanto deliciosa (eu mesmo
gosto, meu pai tem alergia, e, se comer, ele vira um camarão),
apreciada mundialmente por todos aqueles que comem qual-
quer coisa deliciosa, até açúcar refinado, mesmo que essa coisa
cause tantos males no corpo humano.
Porém, até hoje os judeus não comem o bendito camarão.
Não comem por que Deus mandou? Também, mas fazem
um monte de coisa que Deus falou para não fazer e não fazem
outras tantas que Ele de fato falou.
Com o avanço da ciência e das pesquisas, descobriu-se
que o camarão é o lixão do alto mar, pois limpa todas as sujei-
ras deixadas por todos os outros amiguinhos peixinhos e dos
bípedes humanos também.
Com essas pesquisas, BUM – descobrimos que Deus não
é um chato que quer mandar e desmandar, mas, mais uma vez,
Ele tinha um bom motivo para falar, “Moisés, não comais ‘ca-
marais’ (para rimar)”.
Aí você fala, “caramba, esse Deus realmente parece que
conhece as coisas que criou”. Nessa altura, talvez você ainda
não concorde que Ele seja um Deus bom, mas que é um Deus
atento ao que faz, isso Ele realmente é.

Descobre-se que o agora maldito camarão causa um mal

85
desgraçado ao corpo humano, assim também o porco e as ou-
tras comidas por Deus proibidas.
Por que é que estou falando
isso? Quero reafirmar que tudo
A PORNOGRAFIA
VAI FAZER COM que Deus disse é bom, e, quando
SUA CABEÇA fazemos as coisas que Ele falou
EXATAMENTE
para não fazer, estamos fazendo
AQUILO QUE
VOCÊ ASSISTE mal para nós mesmos.
AS PESSOAS A pornografia vai fazer com
FAZEREM sua cabeça exatamente aquilo
NA TELA DO
que você assiste as pessoas fa-
CELULAR:
FERVER, zerem na tela do celular: ferver,
LITERALMENTE. literalmente.
Segundo estudos já avança-
dos no mundo inteiro e publicados por diversas revistas cienti-
ficas, o dano que a pornografia causa no cérebro é o equivalente
a um caminhão passando por cima da sua cabeça (ironia, mas é
sério): ela acaba com o cérebro, dilui, diminui, detona, te deixa
um asno e não adianta por a culpa só no Paulo Freire não, você
tem uma boa parcela disso.
Você quer ficar burro? Não precisa fumar crack, ligue o
computador.
De acordo com estudos recentes, o constante contato com
a pornografia ajuda na perda de atividade cerebral (e você
achando que só maconha queimava neurônios). Além de ser
lixo para nossos olhos, é devastador para nosso cérebro.
Não pense que a pornografia afetará somente a você e sua
cabeça; isso já é ruim, porém, existe algo muito pior.

86
Já que estamos aqui falando sobre a possibilidade de um
dia se casar, não pense que o casamento resolverá seu problema
com pornografia. São incontáveis os casamentos destruídos por
esse mal, dentro e fora da igreja.
O ideal para você e seu casamento sejam felizes é ani-
quilar esse problema da sua vida enquanto a fila não anda.
Ninguém deseja uma terceira pessoa envolvida na vida de um
casal, mesmo que ela esteja na mente ou seja até mesmo uma
fantasia virtual.
Vamos lá, somos melhores do que isso! Esse não é o exem-
plo que queremos deixar aos nossos filhos.
Não serei o pai que vai comprar uma Playboy de presente
para o meu moleque e também não serei o pai que esconderá as
minhas Playboys dele.
Enquanto escrevia este livro, procurei escutar pessoas, ouvir
histórias relacionadas a essa realidade, e são tantas as amargas
marcas deixadas pela pornografia na vida de tantos casais. Ouvi
também histórias belíssimas de casais que conseguiram superar
essa praga, e venceram juntos o diabo pornográfico. Porém, as
histórias de acordo com a primeira situação cortam o coração,
porque, por algo tão fútil, coisas lindas foram jogadas no lixo.
Uma das mais tristes foi a de um cara muito bem-sucedido
financeiramente, que tinha um bom casamento, uma linda famí-
lia, mas que a perdeu para a pornografia. Anos se passaram, e
ele continua sozinho, enquanto sua amada vive uma vida feliz
com outro.
Sei que muitas vezes isso pode ser doentio e até um vicio,
mas mulher nenhuma e homem nenhum merece saber que seu

87
cônjuge se excita vendo ou-
O PROBLEMA É tras pessoas fazendo sexo.
QUE MUITAS VEZES É duro de ler isso, não é
PREFERIMOS NÃO
ENXERGAR COM mesmo? É algo desgostoso de
HONESTIDADE O se ler e até mesmo de escre-
QUE ISSO SIGNIFICA ver, porém, é o que acontece.
COM AS PALAVRAS
O problema é que muitas ve-
CLARAS.
zes preferimos não enxergar
com honestidade o que isso
significa com as palavras claras.
Se o problema já é grave enquanto se está solteiro, ima-
gine casado?
Uma depressão toma meu ser só de pensar na possibili-
dade de perder a pessoa que eu realmente amo por causa de
uma pessoa que nunca vi, que não me conhece e é só uma
mentira virtual.
Para mim, seria um pesadelo trocar pelo botão de play um
dos maiores sonhos de todos os homens, aquele de ter a mulher
que ama do lado, a mulher que ele deseja proteger, prover, fa-
zer feliz, um casalzinho de filhos correndo pela casa enquanto
preparam o café e planejam as férias de fim de ano.
Imagine você perder isso por algo tão banal? Não dá.
Deixar o cérebro e sua inteligência serem devorados por
esse verme já é ruim; no entanto, perder o amor da sua vida?
Aquele que poderia ser o pai dos seus filhos? Não vale a pena!
Se você não consegue lutar por si mesmo, lute por aqueles
que ama, coloque na balança e veja o que realmente importa
nessa vida. Não troque uma vida inteira por dez minutos de

88
“prazer” (para mim, as palavras “prazer” e “pornografia” nem
encaixam na mesma frase).
Você deve estar se perguntando se eu sou um santão que
nunca colocou os olhos no traseiro de ninguém, não é mesmo?
De todo coração, já contei imensos podres meus aqui,
neste livro, e contarei mais nas páginas seguintes, e agora
desejo te contar o problema que tenho e o que já tive com
pornografia também.

89
05
MEU
PRO-
BLEMA
COM A
PORNO-
GRAFIA

91
ssim como aqueles 64%, também fui um con-
sumidor de pornografia por alguns anos da
minha vida; também por muito tempo a vi
como algo normal, ou, até mesmo, legal.
Nos meus primeiros anos da adolescência, a internet foi
um achado para a galera, e cada site pornô sem vírus desco-
berto era uma alegria para os meninos da classe da 6ª série
A da EMEF Edna Teresa Fiório, lá em Santa Gertrudes (nin-
guém conhece essa cidade; fica em São Paulo, perto de Piraci-
caba, no caminho para São Carlos, antes de Rio Claro. Ufa!).
Por que estou escrevendo isso?
Será que é para te trazer condenação e mostrar o quão ter-
rível você é e quão terríveis e vergonhosos são seus pecados?
Não, óbvio que não!
Estou escrevendo isso para te mostrar que você não está
sozinho nessa, que centenas de milhares de pessoas passam pe-
las mesmas dificuldades que você, pessoas que todos os dias
têm de lidar com os pesadelos do dia anterior, com a frustração
de nunca conseguir ser o humano que eles desejam. Pessoas
como você e eu, que todos os dias têm de lidar com aquilo que
mais odeiam; tanta gente que não se orgulha de nada disso,
tantas entre elas que não fazem porque gostam, que também
estão lutando.
Escrevi para que você saiba que estamos juntos.
Não me excluo da história.

92
O problema é que, na época, de alguma forma, aquilo não
parecia errado aos nossos olhos.
Eu sabia que era errado porque
me falaram que era pecado, mas não NADA
ENSINA MAIS
entendia por que era pecado, e, por
DO QUE O
isso, pensava, “por que seria errado?”. SOFRIMENTO.
Se eu tivesse lido o capítulo anterior
durante minha adolescência, talvez
isso tivesse me salvado muitas horas de produtividade, e tam-
bém muitas lágrimas de culpa.
No entanto, com o tempo, os anos, a maturidade e expê-
riencias que a vida te dá, as escamas começam a cair. Nada
ensina mais do que o sofrimento.
Primeiro vinha o sofrimento de estar errando contra Deus;
depois, o sofrimento de não conseguir vencer a mim mesmo –
sempre havia aquele sentimento de gol contra; e depois, o maior
dos sofrimentos, não o próprio, mas daquelas pessoas na tela.
Eu acreditava no Evangelho, e, por acreditar no Evange-
lho, começou a ser impossível não enxergar aquelas pessoas
como imagem e semelhança de Deus.
Via-me na mesma situação do primeiro cristão a gritar con-
tra a escravidão ainda nos anos 300. Se essas pessoas são a ima-
gem de Deus, são de extrema importância para Ele, ao ponto de
ter enviado seu próprio filho para morrer por elas. Não é possível
que eu possa usá-las para um prazer tão egoísta. A necessidade
da alma humana começou a falar mais alto no meu coração.
Se eu, que estava assistindo aqueles filmes, já me sentia
mal, como estariam aqueles que estavam fazendo o filme?

93
De onde eles vieram? Pelo o que passaram? Talvez as
suas histórias sejam mais difíceis do que a minha, talvez a
desculpa deles seja mais verdadeira.
Eu posso dizer que fui exposto de uma forma errada a se-
xualidade e por isso tenho alguma tendência a gostar de porno-
grafia, posso usar a muleta de dizer que a carne é fraca. Mas e
eles? O que aconteceu com eles? O que os levou até ali?
Deixei de olhar para o buraco errado, comecei a olhar
nos olhos.
Meu amigo, isso me quebrou em infinitos pedaços. Foi
uma explosão muito diferente daquela da criação (eu não ex-
cluo o fato de ter existido um big bang, o que não concordo é
que não existiu uma causa para isso, que, no caso, seria Deus,
e também não acredito em evolução). No meu caso, foi uma
bomba de Hiroshima, que destruiu tudo em mim.
Li vários relatos sobre pessoas que foram forçadas a fazer
filmes, até daquelas forçadas pela circunstâncias normais da
vida, como aquela de ter dinheiro para sobreviver (nem toda
prostituta é vagabunda, tem muitas que trabalham muito mais
do que a gente, que são forçadas a trabalhar), mas principal-
mente daquelas forçadas por outras pessoas.
A mídia japonesa relatou que o numero de japonesas for-
çadas a ingressar no mercado pornô só cresce. As meninas di-
zem que homens chegam com boas propostas em dinheiro, e,
depois que as convencem, eles começam a ameaçá-las – se não
continuarem, enviarão os vídeos para a casa de seus pais.
Vira um ciclo destrutivo.
Isso sem contar os abusos emocionais e físicos que correm

94
o risco de nunca serem curados (en-
gula seu pré-julgamento aí, cadê a A REALIDADE
compaixão?). POR DETRÁS
DAS CÂMERAS
Explodiu nos jornais britâni- DOS SETS
cos a história de uma mulher ro- PORNÔS É
mena que, em 2011, foi raptada em MUITO MAIS
ASSUSTADORA
Londres e forçada a fazer sexo com
DO QUE FILMES
dezenas de homens por dia, sem o DE TERROR.
direito de ver luz do dia, sem o di-
reito de sair do quarto.
Ela relatou que só podia descansar quando não tinha clien-
tes. Assim se sucedeu por meses a fio, até que, por um milagre,
conseguiu fugir e se apresentar em uma delegacia.
A realidade por detrás das câmeras dos sets pornôs é muito
mais assustadora do que filmes de terror.
Vendo isso, comecei a odiar o que fazia, mas o que isso
mudava?
Fazia de novo.
Não conhecia nenhum amigo que não consumia, como
conseguiria parar sozinho?
Será que existe alguém que consegue?
Você já se perguntou isso? Eu era daqueles que se alguém
te falasse que não vê, não acreditava.
Porém, deixa eu te contar um negocio que vai te encorajar.
Já há alguns anos, posso te dizer, um relato real, eu não vejo
mais pornografia.
Como consegui? Não diria como consegui, e sim, como
estou conseguindo.

95
Primeiramente, entendi que o pecado desagrada a Deus;
depois, descobri como aquilo fazia mal para mim, e também
vi o quanto que fazia mal para aqueles que faziam os filmes.
Essas coisas geraram em mim uma revolta contra toda essa in-
dústria e contra a minha própria vontade caída.
Entender o prejuízo que isso causa tem me ajudado muito,
mas o principal foi entender outra coisa.
Certa vez um senhor de 90 anos de idade, evangelista,
Thomas Tutyko me disse: “todos os dias tenho de colocar Jesus
em primeiro lugar da minha vida”. É isso que venho tentando
fazer desde então, colocar em primeiro lugar aquele que é Se-
nhor e Rei, mas que, ao mesmo tempo, me perdoa, me lava e
me ajuda a não pecar.
Não vou dizer que é fácil, mas é real, e só o Evangelho
pode produzir essa mudança.
Colocar Jesus em primeiro lugar significa também colocar
em prática suas palavras e açōes.
Ali estava eu, pecador, indigno de vida, digno de morte,
condenado, sem forcas e envergonhado. Todos os dias sendo
jogado por Satanás ao pés de Deus, com o dedo apontado para
mim que dizia, “Ele pecou, merece a morte”, assim como fize-
ram com aquela adúltera, lembra? Um dia a pegaram pecan-
do, adulterando, e, ainda nua, a trouxeram aos pés de Deus.
Quando a entregaram a Jesus, ele confronta as acusações com
uma afirmação: “aquele que nunca pecou, que atire a primeira
pedra”. Deus estava no meio do povo, e Ele sabia mais do que
ninguém a verdade sobre todos – todos aqui estão no mesmo
barco. Por isso era necessário que Ele viesse. Se o homem não

96
fosse mal, não precisaria de um salvador. Ele sabia disso, esta-
va ali para salvar.
O acusador já fazia a parte dele, a Terra não precisava de
mais um. O que o mundo precisava era de alguém que falasse
por eles, e quem falaria?
Eu tenho certeza de que você sabe João 3:16 de cor e sal-
teado – “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho
unigênito para todo aquele que nele crer não pereça mas te-
nha a vida eterna”. Mas e do versículo
17, você se lembra? “Porque Deus não
enviou seu filho ao mundo para que COMETEMOS O
IMENSO ERRO
condenasse o mundo, mas para que o
DE IMAGINAR
mundo fosse salvo por Ele”. QUE O PERDÃO
O que acontece muitas vezes é ABUNDANTE
que nós não entendemos o perdão de CONCEDIDO
POR DEUS É
Deus em Cristo Jesus. Cometemos o UM CARTÃO
imenso erro de imaginar que o perdão DE CREDITO
abundante concedido por Deus é um ILIMITADO PARA
SE PECAR E SER
cartão de credito ilimitado para se pe-
PERDOADO.
car e ser perdoado.
Não é isso, é mais do que isso.
Jesus responde daquela maneira
aos fariseus, que, de repente, começam a deixar suas pedras no
chão e vão todos embora.
Naquele momento, toda a eternidade para e observa esse
encontro mais que improvável. Ele, Deus Santo, e ela, pecado-
ra, pega em flagrante (uau!).
Jesus olha nos seus olhos e pergunta, “onde estão seus

97
acusadores?” (quem estava diante dela era Deus). Ela não os
encontra, e Ele então diz: “eu também não te condeno, vai e
não peques mais”.
Você consegue ver o que o perdão de Deus em Cristo Jesus
significa?
Não é, vá e, se pecar, será perdoada de novo. É melhor do
que isso.
O perdão ali dado por Cristo àquela adultera é aquele que
diz, “vá, você não precisa mais pecar, você está livre desse mal
que sempre te causou e sempre te causará tanta dor”.
Ali está a chave: o perdão.
O perdão de Cristo é o que nos liberta do pecado. Costumo
dizer que o perdão de Cristo é o desespero de Satanás (deve ser
frustrante ser Satanás uma hora dessas). O tinhoso do inferno
passa anos trabalhando em alguém, e, em um único encontro
com Cristo, o trabalho de uma vida é destruído.
O perdão de Cristo, o favor de Cristo, o amor de Cristo é o
que pode dizer, “agora vai e não peques mais”. Porque você é
perdoado, não precisa mais pecar.
Porque Cristo diz que não te condena, não há condenação. Por-
que Cristo diz “vai e não peques mais”, você pode não pecar mais.
Um princípio importantíssimo do Evangelho (boas notí-
cias) é entender o que Ele fez por você. Dessa forma, se hoje
Cristo não te condena, como poderia eu estar escrevendo algo
que te condenasse? Jamais – o que desejo é que você saiba que
o perdão te liberta.
A Bíblia vai usar a palavra “redimir” para definir a salva-
ção do homem.

98
Essa palavra significa comprar. O termo foi usado especifica-
mente em referência à compra da liberdade de um escravo. Éra-
mos escravos, escravos do pecado, mas, através da obra de Cristo
na Cruz, fomos comprados e libertos da escravidão do pecado.
Para tudo na vida cristã, dependemos da fé – “o Justo vi-
verá pela fé”. Crer que fomos libertos do pecado é de extrema
importância. Assim como você crê que existe um chão debaixo
do seu pé ao levantar da cama e sair andando, creia que a obra
de Cristo é suficiente para te livrar das correntes da escravidão.
Crer no perdão de Cristo é também crer na sua morte, e, com
Ele, na nossa morte. Crer que nossa carne foi crucificada com
Cristo nos libertará! Assim como viverei com Ele por toda eter-
nidade, também fui crucificado com Ele!
Lembro-me de uma história que me ajudou e me ajuda
tanto em tempos de tentação (que, na minha vida, parece que
são como ondas: às vezes o mar tá baixo, mas às vezes sobe e
vem com tudo).
Meu pai me contou que, enquanto pastoreava uma Igreja
ainda nos anos 80 lá em Santa Gertrudes (aquela cidade lá), um
homem homossexual começou a frequentar os cultos. Um dia,
ele, convencido pelo Espírito Santo, veio até meu pai e contou
que desejava deixar aquela vida (esse assunto é polêmico, hein,
mas não anularei a Bíblia). Antes de continuar, te darei meu
pensamento sobre homossexualidade.
É possível ser gay e cristão? Ué, se é possível ser fofo-
queiro e cristão, também é possível ser ambos. O ponto é o se-
guinte: eu não acredito que seja necessariamente uma escolha
própria que um homem goste de outro homem, e cheguei nes-

99
sa conclusão porque já conversei com muitos gays, entre eles,
amigos, desconhecidos, e até um primo meu, tentando entender
primeiramente como que eles preferiam um homem barbado ao
invés de uma mulher, isso era um absurdo para mim (comecei a
pesquisa antes de me converter, a pergunta era, pô, meu irmão,
como é que você gosta de homem com tantas lindas mulheres
por aí?). Eles não sabiam explicar, simplesmente gostavam, e
diziam que começaram a gostar na mesma idade que eu come-
cei a me interessar por mulheres, a idade normal que o desejo
pelo próximo é despertado no ser humano (comigo foi aos dez
anos; até lá, eu tinha raiva das meninas, da cor rosa e de como
elas me enchiam o saco cantando Sandy e Junior).
A Bíblia diz que a homossexualidade é pecado, assim
como todos esses outros pecados que tratei até aqui, e, se é pe-
cado, não é bom para você. Quer um exemplo simples de como
no final uma vida de homossexualidade não seria boa?
Um casal homossexual não pode ter filhos. Isso já era o
suficiente para trazer lágrimas aos olhos de tantas pessoas que
conversei.
Lembro-me de quando um amigo me disse, “eu não pode-
rei dar um neto para meu pai”.
À luz da Bíblia, homossexualidade não é doença, não é
crime – é pecado.
Graças a Deus, hoje temos entendimento disso, mas nem
sempre foi assim. Você sabia que até o ano de 1967 a homos-
sexualidade era crime no Reino Unido? Os homossexuais eram
forçados a tomarem hormônio ou serem presos.
Um dos heróis da Segunda Guerra Mundial, Alan Turing, o

100
homem que descobriu o segredo da Enigma, uma máquina de
comunicação criptografada alemã, e ajudou a Inglaterra a vencer
a guerra e libertar o mundo das mãos do nazismo, era homosse-
xual, e foi obrigado a tomar hormônios ou seria preso. Resulta-
do? Suicidou-se três anos depois do fim da guerra. Esse homem
não precisava de hormônio ou prisão, precisava de Jesus.
A você que traz um gay com pe-
dras nas mãos aos pés de Jesus, essa
SÓ QUE
fala agora é para você: “quem não pe-
UMA COISA
cou, que atire a primeira pedra”. PODEMOS
Só existe uma forma de se tratar DEIXAR DE
qualquer tipo de pecado: Jesus Cristo FAZER: PECAR.
UMA COISA É
de Nazaré. SER TENTADO,
Uma coisa que precisamos enten- OUTRA COISA
der é que pecado é diferente de tenta- É CAIR EM
PECADO.
ção. Ser tentado não é pecado.
Não acredito que um dia deixare-
mos de sentir tentação; é impossível, não depende de nós. Muitas
vezes, elas vêm de fora, do tentador, do acusador.
Só que uma coisa podemos deixar de fazer: pecar. Uma
coisa é ser tentado, outra coisa é cair em pecado.
O que acredito é que, se não forem alimentadas, as tenta-
ções perderão força, mas não sei se desaparecerão – as minhas
não sumiram ainda. Mas, pela graça de Deus, estou as mandan-
do para aquele lugar, para o inferno.
Dito isso, se você é gay e deseja servir a Deus, existe per-
dão (liberdade) para você como existe para mim; estamos nes-
se barco juntos. Eu, você e toda a humanidade adâmica.

101
A você que não tem a mesma tentação que eles, tenha mais
compaixão. Nós não sabemos o que é muitas vezes ser a ver-
gonha dos pais (muitos jovens já me escreveram contando que
seus próprios pais dizem ter vergonha deles).
Voltando à história do irmão.
Ele era um homossexual conhecido na cidade. Em uma
época muito mais difícil do que hoje, ele já se vestia como mu-
lher, porém, começou a ouvir o Evangelho, e, convencido pelo
Espirito Santo (é Ele quem convence do pecado, da justiça e do
juízo), chegou até meu pai e contou as dificuldades que estava
passando. Nas palavras dele, “olhe, estava tudo bem, eu estava
bem controlado, orando todos os dias, indo a igreja, muito fe-
liz. No entanto, entrou um cara novo no meu serviço, e todas as
vezes que eu o vejo, eu sinto um fogo dentro de mim, e tenho
de me segurar para não voar em cima dele”, e riu.
Meu pai, então, explicou que ele deveria crer que sua car-
ne estava crucificada, e que em todas as vezes que fosse tentado
deveria dizer para si mesmo, “estou crucificado com Cristo”.
Anos se passaram, meu pai foi embora da cidade, e, um
dia, quando a visitava, ao entrar em uma papelaria, um homem
o chamou: “Dario? Você lembra de mim?”.
Meu pai, sem jeito por não lembrar (a memória dele é hor-
rível, sem brincadeira), sorriu.
Ele disse, “sou eu, o Zacarias”.
Meu pai lembrou na hora.
Zacarias então continuou. “Você quer ir almoçar em casa essa
semana? Quero te apresentar minha esposa e meus três filhos”.
Creia no perdão de Cristo assim como você crê que o sol

102
nascerá pela manhã – deixe esse grito
de liberdade ecoar pelo seu ser! Vá, seja A PERGUNTA
QUE ME FAÇO
livre, não peque mais.
É QUE TALVEZ
Isso serve tanto para o mentiroso, VOCÊ CREIA
como para o viciado em pornografia, NO PERDÃO
como para o homossexual. DE CRISTO,
MAS SERÁ
Não sei se Zacarias deixou de ser QUE VOCÊ
tentado, mas os frutos da sua vida mos- SE PERDOA?
traram que ele deixou de pecar. Recebeu
o perdão de Cristo.
A pergunta que me faço é que talvez
você creia no perdão de Cristo, mas será que você se perdoa?
Será que consegue acreditar no amor de Deus por você enquan-
to você continua falho? Será que consegue vê-lo dizendo, “nem
eu te condeno”?
Se Ele não o faz, por que você se condena?
Claro, entendo o zelo. Não queremos mais fazer, não que-
remos seguir assim, sentimos nojo e tristeza todas as vezes em
que caímos no mesmo erro, todas as vezes em que apertamos o
play naquele computador e três minutos depois corremos para
nos limpar.
Por favor, entenda e acredite: só Ele pode te tirar daí. Se
não for com Ele, nunca sairá. Não existe santidade em outro
lugar, não existe perfeição, e não existe nada que se possa fazer
para alcançá-la senão se entregar a Ele e receber seu perdão.
A única forma de se libertar é entender que hoje você está
em Cristo, e, por isso, tem o poder de ir e não pecar mais.
Aquele que venceu a morte também venceu o pecado.

103
Se você acredita na sua salvação, também pode acreditar na
santificação.
É claro que aí entra nossa parte na história, entra nossa
resposta.
Mas a primeira fala é sempre a dEle. “Onde estão seus acu-
sadores?”.
Eles continuam aí diante de você, não continuam? Sata-
nás? Seu pecado? Passado? Você? Seus amigos?
Mas, diante do Deus criador dos Céus e da Terra, eles
podem continuar? Acho que não têm poder para isso, e nem
coragem.
Ele diz: “nem eu te condeno, seja livre”. A partir dessa
palavra, vá!
Como ir?
A mulher ouviu o Evangelho, as boas notícias de que exis-
tia perdão em Cristo, assim como hoje você ouve. Ela poderia
ter voltado ao pecado, mas resolveu ir, receber o perdão e ir.
“Vocês estavam mortos por causa de seus pecados e da
incircuncisão de sua natureza humana. Então Deus lhes deu
vida com Cristo, pois perdoou todos os nossos pecados” (Co-
lossenses 2:13).
Que maravilhosa verdade – estamos vivos pois somos per-
doados de nossos pecados.
Amo ver meu pai falar sobre como Paulo sempre baseava
sua teologia na verdade de que estamos em Cristo, representa-
da muito bem em João 15, na imagem da Videira verdadeira.
Especialmente em Colossenses, ele diz que se deve lutar,
mas sempre sabendo que tudo é por meio de Deus.

104
“Por isso trabalho e luto com tanto esforço, na dependên-
cia de seu poder que atua em mim” (Colossenses 1:29).
(Se você não é cristão e chegou até aqui no livro, já deve
estar bravo de eu ter citado tanto a Bíblia, mas, convenhamos,
uns conselhos bons desses deveriam ser escritos na testa).
Esse é um ótimo conselho, saber que não estamos sozi-
nhos, que tem alguém por nós, interessado na nossa vida.
Também o mesmo Paulo, escrevendo ao jovem Timóteo, diz
para que fujamos das paixões da juventude (“não peques mais”):
“Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a
fé, o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”
(2 Timóteo 2:22).
Paulo, falando com um jovem, sabia que, em certas situa-
ções da vida, a única escolha seria correr, não dava para brincar
com o perigo.
Aqui entra nossa responsabilidade no “não peques mais”.
Para cuidarmos de nós mesmos, precisamos saber por
onde andar.
Você não vai pisar no vidro se sabe que vai se cortar, e
nem pegar uma panela quente se sabe que vai se queimar. Você
presta atenção no que faz, vigia.
Assim é com todo o resto da sua vida, assim também é
com a pornografia.
Se sabemos que, principalmente nós, homens, temos uma
grande influência pelo que vemos, temos de tomar um cuidado
redobrado para onde olhamos. Pode ser que aquele ditado popu-
lar tenha razão – “o que os olhos não veem, o coração não sente”.
Lembre-se das últimas vezes em que ficou extremamente

105
tentado a ver pornografia, será que não começou com uma foto
sem muita malicia no Instagram, até que o pornô “bombou”?
Guarde seus olhos.
Para vencer a pornografia na minha vida, entendi a influ-
ência que meus olhos tinham sobre mim e decidi atender o con-
vite do Bob Sorge em seu livro Pacto com meus olhos. Nessa
obra, Sorge nos encoraja a fazer o que Jó fez, um pacto com os
olhos (não irei me aprofundar no assunto aqui, se se interessar,
leia o livro).
Depois de lê-lo, decidi aceitar o desafio; não queria mais
fazer parte desse mercado sombrio. Fiz o pacto com meus
olhos, e há mais de três anos meus olhos não veem pornografia
por vontade própria, e tento me desviar daquelas imagens que
o mundo joga na minha cara todos os dias (às vezes, o mundo
é um sexshop a céu aberto).
Pode ser que aqui surja o questio-
O QUE ME namento se foi o pacto com os olhos
MANTÉM o responsável por me manter longe da
LONGE DA pornografia.
PORNOGRAFIA
É A GRAÇA Eu respondo que não; o que me
DE DEUS, MAS mantém longe da pornografia é a Gra-
ESSE PACTO ça de Deus, mas esse pacto foi o “sim”
FOI O “SIM”
dito para a Graça. O pacto foi aceitar o
DITO PARA
A GRAÇA. O perdão e liberdade.
PACTO FOI Foi a pergunta que fizeram a Pe-
ACEITAR O dro no dia de Pentecostes, “se exis-
PERDÃO E
LIBERDADE. te tudo isso, esse Evangelho, Cristo,
Deus, Perdão, o que preciso fazer?”.

106
O pacto foi me entregar totalmente à dependência de Deus
para vencer esse pecado em minha vida.
No entanto, não é o pacto que faz a Graça possível; pelo
contrário, foi a Graça que fez com que o pacto desse certo. Sem
ela, ele seria quebrado em poucos dias. Porém, sem o “sim”,
tampouco existe Graça.
“Quem crê no Filho tem a vida eterna; aquele que não crê
no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre
ele”. (João 3.36)
Uma vida na Graça de Deus jamais será uma vida livre para
se pecar, mas será uma vida muito melhor do que essa – uma
vida livre do pecado.
Talvez a pornografia já se tornou um hábito, um vício, e,
se esse for o caso, trate como isso. Reconhecer uma dificuldade
é parte crucial para vencer o problema. Se você não reconhece
que está doente, não tomará remédio.
Mas, para começar esse processo, você não está sozinho.
Só peço que você, neste momento, feche os olhos e ima-
gine como seria se a pornografia fosse banida da sua vida, o
quanto que isso iria te ajudar em tantas outras tentações que
sofre diariamente.
Quanto tempo você não iria deixar de perder, quanta ver-
gonha deixaria de sentir de si mesmo, quantas lágrimas não iria
deixar de derramar?
Hoje o meu problema com a pornografia é outro.
É o de perceber que existe um monte de gente como a
gente, com coração, alma, família, sonhos, que estão se ven-
dendo ou sendo vendidas sem saber do valor que elas possuem.

107
Pessoas se vendendo e sendo vendidas em troca de dinheiro,
quando, há dois mil anos atrás, o Sangue Sagrado foi der-
ramado para comprá-las para um vida real, verdadeiramente
livre e eterna.

108
06
CARACA,
QUE
LIVRO
CHATO

109
é loko”, este livro está chato demais. Se
está chato para ler, você não imagina
como está sendo escrever isto aqui.
Todos esses fatos, pesquisas, nomes,
sites e onde e como e por que e onde, você não imagina as horas
que passei pesquisando tudo isso aqui!
É realmente massacrante ver uma realidade assim, mer-
gulhar em sentimentos às vezes tão duros; oro para que pelo
menos a parte do perdão de Cristo tenha sido um alívio para
você, como o é para mim.
O desejo em escrever tudo isso
ESTOU é só te dar um raciocínio lógico da
TENTANDO TE
CONVENCER A situação grotesca que é fazer bestei-
ISSO, E, ASSIM, ra. Não faça besteira!
CONSTRUIR Estou tentando te convencer a
UMA PONTE
isso, e, assim, construir uma ponte
PARA ALGO
MAIS REAL E para algo mais real e interessante na
INTERESSANTE vida, para uma vida que realmente
NA VIDA, PARA te dará prazer e não remorso, culpa
UMA VIDA QUE
REALMENTE TE e uma vergonha dos infernos.
DARÁ PRAZER E Vou ser bem sincero com
NÃO REMORSO, você. Muitas vezes é um saco para
CULPA E UMA
mim também!
VERGONHA
DOS INFERNOS. Ainda existe uma carne gritan-
te em mim; a praga foi crucificada

110
mas continua resmungando, e o velho homem insiste em viver.
Como dizia Martinho Lutero, “pensei que no meu batismo
tudo seria resolvido, e que mataria o velho homem. Porém des-
cobri que o desgraçado sabe nadar, desde então tento afogá-lo
todos os dias”.
Além do mais, não devo só me convencer, mas conven-
cer você, e meu irmão mais novo que chega todos os dias
em casa falando da francesa no seu trabalho que ficam dando
em cima dele. Passei a adolescência nessa Europa, eu sei das
francesas do trabalho.
Tentar convencê-lo a manter a cabeça no lugar certo é cha-
to, mas é assustador para mim, como irmão mais velho, saber
que ele pode acabar se machucando, desperdiçando tempo. É
difícil isso aí.
Só que, no final das contas, eu não tenho de te convencer
de nada, e nem vou por mais pesquisas aqui falando da capa-
cidade que o cérebro tem de aprendizagem. Ele só funciona se
você quiser. Você pode passar 2.732.483 mil horas estudando
física; se você não tiver interesse em aprender física, será à
toa, gastou tempo, foi para o saco, desperdiçou! O cérebro só
aprende o que tem interesse em aprender. Isso é ciência. Neu-
rociência.
Se não gosta de física, vai estudar a história das marmotas
marroquinas, que sem dúvida, são muito mais interessantes e
você vai aprender bem mais. Se um assunto te interessa, leia
sobre tal assunto – não gaste seu tempo à toa.
Não vou te forçar a nada, se não interessa, é impossível.
Na primeira oportunidade, você vai fazer o que você quer fa-

111
zer, vai sair com a primeira menina que tiver
interesse, e ainda vai mentir para si mesmo
NO FINAL,
SERÁ VOCÊ dizendo que não é assim, ou vai por a culpa no
QUE IRÁ Vulcão Hormônius (nome latino que dei para
DECIDIR esse vulcão que está aí dentro, que explode a
SOBRE A
cada olhar de uma pessoa interessante).
PRÓPRIA
VIDA. O ponto é que você sabe que, na verda-
de verdadeira, a culpa não será do vulcão e
sim sua. Quem irá carregar essa culpa des-
truidora por toda parte, vivendo assim em
um inferno invivível (essa palavra nem existe), será você.
Nossa vida está pior do que Dante em sua Divina Comédia.
Parece tudo comédia, e, depois, tentamos fazer piada e encher
a cabeça de pensamentos positivos para tentar nos convencer de
que nossa vida não é tão ruim assim, que mais um fim de semana
de cachaça vai resolver, ou então um aumento salarial. Comédia,
tudo comédia – não se engane.
O ponto não é te mostrar o quão mal isso vai te fazer; que-
ro te mostrar o quão bom será não fazer.
Sexo é bom, pornografia dá prazer, masturbação também
– não adianta, é verdade.
Igual à droga: droga dá prazer também. Se não fosse ver-
dade, não haveria milhões de viciados. Seria hipocrisia eu fi-
car com essa demagogia de que isso é tudo horrível, igual sua
mãe falava.
É bom mas é ruim! Tem o lado bom, o prazer momentâ-
neo, e o lado ruim, que é a destruição que tudo isso gera. (todo
o resto)

112
No final, será você que irá decidir sobre a própria vida.
Por isso este livro é sobre: “se ajude”. Se não quiser se aju-
dar, faça o que quiser da sua vida, isso é indiferente para mim!
Já comprou o livro mesmo, e agora estou tentando fazer o
que eu quero da vida, que, pode ter certeza, é fazer a coisa certa.
Mas ninguém, ninguém falou que seria fácil, não é o que
aquele hino do Coldplay diz, The Scientist?
Então se você não quer ouvir a Bíblia, e não quer ouvir
a mim, ouça o Chris Martin.
Eu quero te ajudar a querer algo da sua vida. Se você quer
algo diferente para você, continue a leitura; se não, jogue este
livro fora e volte para o Instagram, curta as fotos da vida que
você deseja ter mas não tem.

113
07
A VIDA
É SUA,
INFELIZ-
MENTE

115
eja bem, pense sua vida como um filme. Nessa
história, você é o ator, roteirista e diretor! “Ah,
não”, os mais crentes dirão, “e Deus?”.
Deus te deu perna para andar e cérebro
para pensar!
Temos de tomar alguma responsabilidade nessa história –
até quando vamos ficar jogando a culpa na Soberania, ou até
mesmo no acaso, para justificar nossas dores e fracassos?
A vida é sua, ponha a chuteira e entre em campo!
Deus te escalou, te colocou na posição, agora você tem
de jogar!
Acordar na segunda-feira e ir trabalhar é a sua parte de
processo. Ele te mantém
vivo, te da saúde, e, muitas
TEMOS DE vezes, você a perde, e a culpa
TOMAR ALGUMA
não é dele.
RESPONSABILIDADE
NESSA HISTÓRIA Veja o açúcar refinado,
– ATÉ QUANDO por exemplo, que vem sendo
VAMOS FICAR associado em diversas pes-
JOGANDO A CULPA
quisas à problemas cardiovas-
NA SOBERANIA,
OU ATÉ MESMO culares, obesidade e diabetes,
NO ACASO, PARA pois seu consumo em excesso
JUSTIFICAR
pode agravar os riscos de se
NOSSAS DORES E
FRACASSOS? contrair essas doenças.
Aí, o que você faz? Já

116
mata o café colocando uma montanha de açúcar nele, e assim
também se matando. Depois a culpa é de Deus? Tome café sem
açúcar, rapaz!
Se no seu RG está escrito seu nome, é você que tem de se
responsabilizar com sua vida, claro, confiando em Deus, mas
sabendo sua parte nisso.
Na verdade, mesmo, só sua mãe, além de você, está preo-
cupada com ela. No meu caso, nem minha mãe, porque eu não
a tenho.
Não espere que eu vá aqui me fazer de coitado porque
minha mãe teve leucemia quando eu tinha dois anos de idade;
aconteceu, ela morreu, e eu e todos os envolvidos, no caso,
minha família, temos de saber lidar com isso.
Temos de lidar com nossa vida e vivê-la, lutar por ela!
Ninguém irá lutar por nós (tenho certeza de que minha mãe
diria a mesma coisa para mim)!
Usei o exemplo da minha mãe para que você entenda que
você está sozinho nisso, humanamente falando (não tenho que
ficar repetindo que Deus está com você, você sabe disso, por
mais que às vezes não acredite). Devo te falar o que você tem
de fazer, já que Deus está com você.
Se você tem a consciência de que tem a benção de Deus, o
favor, o amor e tudo mais (se ainda não tem, volte para o capí-
tulo anterior e peça essa revelação do amor e perdão de Deus),
me diga, então, o que você vai fazer com sua vida, como irá
vivê-la?
Abra os olhos. Isso aqui não é Nárnia – e outra, até lá teve
morte, sofrimento e sangue, senão o livro não venderia. Fale

117
para mim, um livro bom sem ação e aventura? Sem uma história
emocionante? Assim é sua vida, só que sem leão e bruxa do gelo.
Já que estamos falando de Nárnia, e pode ser que goste de
viver lá, deixe-me te dar um resumo da história.
Aslam, o rei de Nárnia, é o rei de tudo. As pessoas come-
çam a fazer um monte de besteira, surge uma guerra entre o
mal e o bem, e, no final, o bem ganha.
Parece que não, mas C.S. Lewis se inspirou na Bíblia
para criá-la.
Assim, se quiser ficar em Nárnia, fique em Nárnia, mas
saiba que lá também o pau quebra.
Em meio à “quebração” de pau, está você!
Inserido sem votação, sem direito de escolha, você não deci-
diu estar aqui, não pediu para nascer, só que, de repente - BUM,
surge João ou Maria, ou os dois, e um gigante que não deixa eles
pegarem o feijão do pé de feijão.
Poxa, por quê, Sr. Gigante? Sem contar a bruxinha que es-
tava os alimentando para comê-los quando estivessem já mais
rechonchudinhos.
A decisão seria deles, de ficar com a bruxa ou encarar o
gigante (estão lascados, parece a vida real).
A decisão é sua: fique com a bruxa ou encare a bucha, que,
em nossa história, não é o gigante, é a vida!
Ninguém falou que seria fácil, mas, na verdade, o Chris
errou no quarto verso do refrão do hino The Scientist, que
diz “no one ever said it would be so hard”, quando, na real
mesmo, disseram, e não foi C.S. Lewis em seus contos in-
fantis – foi o próprio Jesus.

118
E agora, vou reclamar com quem? O fabricante avisou.
De novo, no meio da confusão da criação, você, aqui, per-
dido, filho de alguém que também não sabe o que está fazendo
aqui, descendente de grandes filósofos que não conseguiram ain-
da descobrir o sentido da vida.
Então, buscando respostas, inventamos um monte de bes-
teira, e concordo piamente com o que dizem por aí: “tudo
bem você não acreditar em Deus, o único problema é que,
para não se acreditar em Deus, você terá de acreditar em um
monte de besteira”.
É verdade, de onde viemos? DO NADA!
Nada criou alguma coisa que virou outra coisa? – o quê?
Repita, por favor.
O nada criou alguma coisa e essa coisa que o nada criou
virou outra coisa que já não é mais o nada e nem é a coisa que
o nada havia criado, sacou? (evolucionismo).
Okay, okay! Isso talvez não interesse tanto assim. Tem um
monte de coisa que não entendemos e nunca vamos entender
– o que importa mesmo é que você está respirando, tem um
monte de conta para pagar e ainda tem hormônios estourando.
O que vai fazer sobre isso?
Não vou te levar a responder as perguntas difíceis da vida.
Vamos para o prático, só para vida (como se viver já não fosse
complexo o bastante).
Nesse Brasilzão, bonito por natureza, voltamos a você em
meio ao caos.
Pareço pessimista, mas pior do que tá, fica, sim.
Se você se casar agora (não generalizando, estou falando

119
de você – a não ser que tenha menos de 18 anos, porque, até
os 18, sua mãe ainda tem o direito legal de te mandar calar a
boca), o que vai fazer da vida? Viver em Nárnia?
Nárnia está em guerra! E você nem tem culpa disso, só que
tem de lutar!
Ninguém, ninguém começa uma construção sem calcular
o custo. Você irá construir uma família. Calcule o custo!
A não ser que seu pai te banque (só que aí sua mina não
será sua mulher, será sua irmã, idiota). Com 16 anos (ou até
mais velho, na realidade tupiniquim de hoje em dia), você ain-
da não consegue se manter; imagine, ainda mais, manter uma
esposa, e a sua descendência.
Eu acho, só uma opinião, que dá para esperar um pouco
mais antes de ir para as fases mais difíceis. Vamos focar em
você, já é difícil o suficiente. Você sozinho já dá trabalho para
uma vida toda.
Com certeza, você não pediu para nascer. Contudo, nessa
estimativa de que a cada relação sexual que seu pai e sua mãe
tiveram 40 milhões de espermatozoides foram enviados do
saco escrotal do seu pai direto ao útero da sua querida mamãe,
e, desses 40 milhões, apenas um chegou à linha de chegada
antes de ser abatido e esse um é você, tem uma responsa aí.
Isso já é uma super vitória, convenhamos! 1 em 40 mi-
lhões, “pelamor”.
Desde que você nasceu, a Terra deu 83.129.821 voltas no
Sol (esse número não está certo, eu nem sei sua idade para fazer
o cálculo exato), e cada uma dessas voltas a uma distância per-
feita do Sol foram necessárias para a cultivação das suas células.

120
Meu Deus, que improbabilidade é essa, e depois chamam
isso de erro, acidente, ou big bang do nada?
Imagine que seus pais, recém casados, transassem três
vezes por semana (não, não imagine, isso seria horrível de se
imaginar), tentando ter você, em uma sequência de três meses,
até que sua mãe, feliz da vida, chegou com as boas notícias, e,
mesmo se tiver sido uma noticia ruim no momento, você ga-
nhou a corrida, e é isso que importa.
Isso, para mim, não pode ser chamado de erro; isso é saber
para o que se veio.
Você e sua vida não estão aqui por acidente.
Mesmo ainda acreditando que foi um acidente, uma ex-
plosão inesperada causada entre o encontro de nada com nada
(o que para mim não faz sentido algum, afinal, 0+0 não é igual
a 1, ou é? Mesmo assim, respeito sua ignorância), aconteceu,
estamos aqui. Já que estamos aqui, vamos fazer valer a pena,
como no filme “Resgate do Soldado Ryan”, quando o capitão
John Miller, na sua última frase antes de morrer, após salvar o
Soldado Ryan, diz, “earn it”, na legenda em português, “faça
valer a pena”.
Os nerds da internet assistiram o filme pausadamente para
descobrir quantas pessoas exatamente morreram em cena (vi-
vam os nerds).
Para salvar o soldado, 255 pessoas morreram (no filme,
atores… não morreram de verdade), entre inimigos e aliados.
Mas isso é filme; aqui, não, aqui é sério, aqui a gente morre em
média aos 70 anos aqui no Brasil, isso se uma bala perdida não
te pegar e você virar estatística (60 mil assassinatos por ano).

121
Para que você nascesse, 40 milhões
COMO? deixaram de nascer, então, earn it!
VIVA,
Como?
CARA,
VIVA! Viva, cara, viva!
MAS VIVA Mas viva a sua vida, não a vida de
A SUA VIDA, outro alguém.
NÃO A VIDA
DE OUTRO Outro fato interessante, importan-
ALGUÉM. tíssimo, e que vale a pena ser lembrado,
é que (no próximo capitulo discutire-
mos mais) durante todos esses 75 anos
(se não virar estatística) você só conse-
guirá ser você mesmo.
Ferrou, te frustrei. A Xuxa só tem uma!
Poxa, por que agora, diante dessas circunstâncias, você te-
ria de ser outra pessoa?
Responda-me, o que forma uma pessoa além de seu DNA,
heranças biológicas e estrutura celular (um monte de outra coi-
sa se for ser bem cientificamente específico, mas não o serei,
serei prático)?
Experiências.
As experiências formam pessoas.
Experiências boas e ruins, que gostariamos de esquecer e
também aquelas de desejamos viver mais uma vez.
Essas suas experiências formaram você – o que você expe-
rimentou até aqui montou o quebra cabeça, ou está montando.
Em alguns casos, como o meu, se desmontando.
Desfiguração de coisas que aprendi ontem e hoje estou
tentando desaprender, ou de coisas que ainda não aprendi e

122
com certeza serão preciosas para o futuro.
Realmente, eu não sou quem eu quero ser, mas sou quem
sou, e é dentro dessa realidade que tenho de viver.
Não adiantaria eu criar uma história utópica na minha ca-
beça e forçar os fatos.
Posso me vestir como o Godzilla, mas nunca serei um réptil
gigante que bota ovos devastando Nova Iorque, posso dançar, mas
jamais serei Mike, afinal, who has got the moves like Jagger?
Posso entrar naquele negócio de ser criativo e fazer o que
só meu talento pode fazer, que até acho importante e às vezes
inútil se não feito na hora certa, só que, agora, vou partir do
mais básico.
Você precisa descobrir quem é antes de saber o que faz.
Não digo isso entrando pelo lado filosófico da coisa, pensando
na pergunta chave da filosofia, de onde viemos, para que vie-
mos, nem pelo lado bíblico da coisa, de que àquele que recebeu
a Cristo foi dado o poder de se tornar filho de Deus (caraca,
isso é bom!).
Vejo, todavia de um lado muito mais simples, mas, ao
mesmo tempo, infinitamente complexo.
Você é um ser humano único, extremamente único, suas
moléculas são bem diferentes das minhas.
Um universo infinito ainda se estuda para dentro, como
se estuda para fora. Lá fora, o universo se expande; aqui
dentro, ele nunca termina. Os elétrons circulam os átomos
que nunca terminam, não tem fim.
“Never give up in such wonderful life” - o grupo Hurts
cantou.

123
Está bem, talvez tenha sofrido até aqui, mas quem poderá
contar sua história se não você mesmo?
Você correu muito para chegar até aqui, foram-se muitas
lágrimas, muita dor, sorrisos, vitórias, desafetos, frustrações,
mas você chegou aqui! Não foi seu artista ou pregador favo-
rito, foi você.
Ninguém sabe o que você pas-
sou! Respeite sua história.
NINGUÉM
SABE O QUE Só sobreviver neste mundão já
VOCÊ PASSOU! dá um grande filme de Hollywood,
RESPEITE SUA talvez feliz ou triste, mas você so-
HISTÓRIA.
breviveu, e vale a pena comprar os
ingressos para ver como você o fez.
Com certeza, quem está lendo este
livro quer um dia se casar e ter seu grande amor, mas se não
respeitar a própria história, não será respeitado por ninguém.
Nem mesmo por aquela outra pessoa que possivelmente te ame
e deseje um dia ser feliz com você para sempre. Se você não se
respeitar, ninguém irá.
Fora sua mãe, e, como eu disse aqui, no meu caso, em
específico, nem ela. Não me ache cruel por falar algo assim,
quem é você para falar da minha história? A vida é minha. Se
eu ficasse me queixando sobre tudo o aconteceu comigo até
aqui, já teria me enforcado.
Por favor, entenda o drama disso aqui. Outra coisa tam-
bém, meu pai me ama e me quer muito bem, muito mesmo.
Vou deixar isso claro aqui (também te amo, pai).
Talvez, você não tenha seu pai, e eu não tenha minha

124
mãe; isso nos coloca em um lugar parecido. Quem sabe, você
pode ter os dois, ou nenhum, ou já seja pai, ou mãe, não inte-
ressa – só você pode viver sua vida, nenhum dos indivíduos
anteriormente citados poderão fazer isso por você.
Para ajudar nessa sua construção caótica da história da sua
vida, quero propor que você não se case (um minuto de silêncio
depois dessa frase aqui).
Não, não foi isso que eu quis dizer, Deus me livre do celibato.
Não se case ainda!
Neste mundo aqui, neste globo gigante que flutua pelo uni-
verso, sempre nos ensinaram a nos prepararmos para o casamento,
principalmente a nós, cristãos; tudo é para casar, o alvo da vida
do jovem cristão é o casamento, e nada de errado com isso (ou de
muito errado). O problema é que ninguém te ensina a ser solteiro.
Solteiro nunca é sinônimo de algo bom; ou está encalhado,
ou é um solteirão aproveitando a vida, fazendo, ou querendo (e
querendo muito) fazer o que casados fazem.
Também tem uma outra possibilidade, que é aquela que
você se frustra tanto com o amor, que você acaba entrando em
uma teoria maluca de que todo homem é mal e é um possível
estuprador. Alistando-se assim a movimentos que dizem que
seu marido, ou futuro marido, não pode mandar em você (e não
pode mesmo, a Bíblia não diz isso, você que entendeu errado)
mas seu líder revolucionário pode, e como pode, uma vez que
se mandar você ficar pelada em publico e defecar sobre uma
foto, pode, e não só pode – você obedece.
Entretanto, o marido, não, “ele não manda em mim” (sim,
essa é uma crítica às extensões do movimento feminista, odeie-

125
-me por isso. Eu também te odeio quando você defende a vida
de ursos polares na Antártida mas despreza a vida de seres hu-
manos dentro do “seu” corpo – brincadeira, não te odeio, mas
te acho muito babaca).
Calma, antes de se revoltar comigo, vamos agradecer
a Deus pela possibilidade de multiplicidade de ideias! Eu
odiaria viver em um mundo onde todos pensam como você,
assim como você odiaria viver em um mundo em que todos
pensam igual a mim! Viva a democracia (depois a gente dis-
cute isso aí, não temos de concordar em tudo; ursos polares
valem a luta, porém, é o Greenpeace que salva ursos, eu
quero salvar você)!
Ser solteiro, por que ninguém ensina a ser solteiro? Nin-
guém aprendeu?
Eu estou tentando aprender. Podemos tentar juntos, porém
tentar juntos, solteiros, e não juntos, casados.
O fato é que ninguém fala sobre ser solteiro. Pode ser por-
que ninguém quer sê-lo, mas não estou exatamente falando
sobre ser, e sim sobre ficar solteiro, no sentido temporário da
palavra (a coisa mais difícil que tem é explicar para um gringo
esse “ser/estar” na língua portuguesa).
Quero propor meus motivos e não exatamente o “quem
casa, quer casa”, por mais que eu concorde com essa frase.
A questão mesmo é que ninguém fala, “vamos lá, pense
comigo”. Congresso de solteiro na sua igreja, para que serve?
Arrumar casamento, não para te ensinar a ser solteiro.
Não vou falar para você que quis chegar aos 25 anos sol-
teiro. Tentei não, tentei sim, continuei tentando.

126
Mas, chegando aos 26, agradeço a Deus – até aqui nos aju-
dou o Senhor.
Certa vez, fui atacado publicamente por uma pastora que
dizia em seus posts do Facebook que eu era 97% gay por ainda
estar solteiro aos 25 anos de idade (graças a Deus pelos 3%
que restaram, hoje não estou solteiro mais, estou noivo, irmãos,
posso ouvir um “glória”?).
A conta é fácil: se aos 21 me casasse, como planejava aos
20, ou se aos 20 me casasse como planejasse aos 18, não estaria
escrevendo este livro que espero ser também um antidepressi-
vo relacional, para abrir seus olhos para o fato de que a vida
é mais do que um casamento, e que tem coisas que só serão
possíveis agora enquanto solteiro. O que você pode viver ago-
ra, não poderá viver depois, não dá para dar reset e começar
de novo. Passou de fase, passou, então, aproveite antes que o
chefão chegue.
Olhe que fato interessante de se pensar: você terá menos anos
solteiros do que casados, isto é, se chegar nos 80 anos de vida.
Digamos que chegue aos 80, e se case com 25: viveu 15
anos como criança, dos 15 aos 25 começou a ter certa indepen-
dência, com 25 perdeu totalmente essa independência, e agora
viverá o resto da vida com muita responsabilidade, afinal, tem
alguém que depende de você do seu lado. Não estou falando
que essa responsabilidade é ruim, o que estou falando é para
você viver esses primeiros dez anos direito, aproveitá-los de
uma forma sábia e sadia.
Então, aproveite esses poucos anos para experimentar o me-
lhor da sua vida que só será possível agora. O depois virá depois!

127
Não adianta viver com sua cabeça lá e não estar aqui, vi-
ver com uma cabeça, “ah!, no dia que eu casar...”. Você só tem
mais dez anos ou menos. Eu talvez tenha mais três anos sozi-
nho, só (no meu caso, acho que tenho menos, mas vivi os 25
já, está bom).
O que você pode fazer agora enquanto está solteiro? Va-
mos piorar a pergunta.
O que você não poderá fazer depois que estiver casado?
Se você pensou, “desejar outra pessoa”, pensou errado,
otário (Choque de Cultura, presente). É impressionante como
muitas vezes pensamos a vida sempre pelas lentes sexuais. Pa-
rece que isso é a balança da nossa vida. Estamos pensando er-
rado (otários). Abre parêntesis: Choque de Cultura é um canal
no YouTube muito engraçado, e essa frase do otário é uma das
marcas do programa. Fecha parêntesis. (Show, Rogerinho).
Sua vida como solteiro não será a mesma que a de casado.
Por isso, não tenha o casamento como seu alvo final, e, se
para você for o alvo final, então, esse é mais um motivo para ir
com calma. Para que acabar tão cedo?
Estou feliz de ter chegado aqui assim. Sou um jovem via-
jante, mensageiro das boas novas, até aqui
foram mais de 30 países percorridos, qua-
SUA VIDA
tro continentes e umas 500 cidades, e tenho
COMO
SOLTEIRO quase certeza de que, se os planos dos 18
NÃO SERÁ tivessem dado certo com a mina lá, nada
A MESMA disso teria acontecido.
QUE A DE
CASADO. O porquê de não ter acontecido é fácil
de calcular.

128
Não teria dinheiro e muito menos tempo para isso.
Se passagens aéreas já foram difíceis de pagar para um, ima-
gine dois. E dormir em sofás desconhecidos, confiar em pessoas
que nunca viu, comer sem perguntar o que é ou simplesmente não
dormir em lugar nenhum? Em sã consciência, eu não faria minha
mulher passar por isso (a não ser que ela seja mais louca do que eu,
mas eu não quero uma mulher tão louca assim).
Decerto esse é um exemplo pífio, porém, talvez te ajude a
pensar fora da caixa, ou da casa que quem casa quer.
Pode ser que não seja um mensageiro, mas uma jornalis-
ta, um economista, taxista, um fascista/comunista (espero que
não), mas, se for, você tem seus objetivos.
Um casamento agora, facilitaria ou dificultaria alcançá-los?
Não estou falando sobre essas histórias de romance de
Hollywood, não, volte para Terra.
Essa Hollywood já deu pro-
blema demais; a não ser que seja NA VIDA
Resgate do Soldado Ryan, não leve REAL, SOB A
PERSPECTIVA
em consideração. Você não é fada
DAQUILO QUE
para acreditar em contos, também ESPERA VIVER,
espero que não seja o Shrek (por- SABENDO QUE
que, senão, só um burro e uma ogra O CASAMENTO
NÃO É O FIM,
na sua vida, irmão).
MAS UMA PARTE
Na vida real, sob a perspectiva DO TRAJETO,
daquilo que espera viver, sabendo SERÁ QUE ESSE
CASAMENTO
que o casamento não é o fim, mas
TE AJUDARIA
uma parte do trajeto, será que esse AGORA?
casamento te ajudaria agora?

129
Colocamos o casamento como alvo da vida, aí descobri-
mos que não é isso, que não é nem metade da história, que
fomos enganados, que enganamos, que o casamento é sim uma
parte muito importante da história mas não o último capítulo.
Se não é o último capítulo, qual é o capítulo da vida em que
você está no momento?

130
08
A ANSIE-
DADE DE
NÃO SER
VOCÊ

131
esde que nascemos, buscamos exemplos de como
se viver (este livro aqui é um exemplo).
Primeiramente, em nossos pais, depois em
nossos heróis, nossos amigos, professores, ro-
ckstar favorito, sendo você mais crente, algum
personagem bíblico, etc.
Eu particularmente gostava das histórias de guerras e fa-
cadas (para você, pacifista, eu nunca fui tão crente assim), se
dependesse de mim poderia ter Rambo nas Páginas Sagradas,
mas, mesmo assim, estava satisfeito com Davi e suas vitórias
incríveis!
Buscamos exemplos durante toda a vida, dependendo da-
quilo que desejamos ser, do que gostamos, buscamos exem-
plos próximos dessas coisas.
Quando nos perguntavam o que desejamos ser quando
crescer, tínhamos uma profissão na cabeça, um título, alguma
coisa a qual desejávamos fazer. Parece que esquecemos do
âmago da pergunta, que é, o que queremos ser quando crescer.
Ser é infinitamente mais do que fazer. Por mais que liga-
mos uma coisa na outra, não é exatamente o que fazemos que
define o que somos.
Com certeza, o que fazemos reflete um pouco daquilo que
somos, mas jamais será o que somos em sua totalidade.
Eu mesmo sempre fui um fã de música, principalmen-
te de rock’n’roll. Acompanhei muitas bandas durante muitos

132
anos, comprei muitos CD’s, e tenho também alguns vinis.
Sou abençoado de ter alguns CD’s produzidos nos anos 60 de
bandas que ainda gosto.
Antes que fale de música do mundo, digo o seguinte, não
existe música do mundo. Existe música boa e música ruim –
lembre-se de que seu ouvido não é penico.
Não é porque fala “Jesus” em uma música que ela se torna
cristã. Quando ouço uma melodia que gosto, procuro ver que
mensagem está passando para mim, o que o autor quis dizer, o
que ele estava sentindo.
Muitas vezes, ouvindo músicas de pessoas não cristãs, ten-
to ouvir sua alma para saber onde estão, o que pensam, o que
desejam, e como irei levar o Evangelho a elas de uma maneira
que entendam. Outra coisa, também: você, pensando em casar,
vai cantar hino da harpa para sua esposa?
Existe um princípio teológico chamado “graça comum”,
que é a verdade de Deus da qual toda a criação possui aspectos
impressos em si.
A cada ser humano, Deus deu algum talento, alguma coisa boa.
Tiago fala sobre isso – “toda boa dádiva e todo dom perfei-
to vêm do alto, descendo do Pai das luzes”.
Por isso, mesmo homens que não temem a Deus conse-
guem fazer coisas incríveis, criações incríveis. É a graça co-
mum. Deus dando a chuva e o sol a todos.
Como admirador de boas bandas, durante a adolescência,
quis ser um rockstar, e um certo pensamento sempre me pegou.
Ficava vendo aqueles caras talentosíssimos, com vozes
incríveis, capacidade de dedilhar uma guitarra e outros instru-

133
mentos com maestria, mas que, ao invés de serem uma banda
nova, mostrar algo que o mundo ainda não viu, usavam seus ta-
lentos para repetir aquilo que já fizeram, como: bandas covers.
Eu pensava. “Nossa, que difícil, isso. Não deve ser fácil,
com todo esse talento, serem lembrados com o nome de outros”.
Acredito ser uma profissão digna, mas não deve ser fácil
não ser reconhecido pelo que faz como um trabalho seu, carre-
gando o nome de outra pessoa.
Não sei você, mas nunca gostei que me chamassem pelo
nome de outro alguém, nem de apelidos. Por isso, pensava que
fosse bem difícil chegar no fim da noite, depois de uma su-
per apresentação, e te chamarem pelo

ASSIM MUITAS nome do outro.


VEZES VIVEMOS Assim, muitas vezes vivemos nos-
NOSSA VIDA, sa vida, tentando ser cópias de outras
TENTANDO
pessoas, vivendo a vida de outras pes-
SER CÓPIAS
DE OUTRAS soas, e isso não funciona.
PESSOAS, Sem contar o trauma que é tentar
VIVENDO ser alguém que você não é!
A VIDA DE
OUTRAS Não dá para imaginar ser a Rainha
PESSOAS, E da Inglaterra, uma velha que toma chá
ISSO NÃO todo dia às cinco da tarde.
FUNCIONA.
Imagine-me tentando ser a Rainha
– “sente-se assim”, “a Rainha não dor-
me de lado”, “a Rainha não come com
a mão direita”, “a Rainha não toma banho de chuveiro e não as-
siste futebol”, “a Rainha não pode andar sozinha no parque”…
“Você não serve para ser a Rainha!”.

134
Não, não sirvo mesmo. Dona Elizabeth já faz o trabalho
dela certinho.
Imagine você tendo de ser o Justin Bieber e ter o mundo
inteiro dando palpite se você deve casar ou não. Você não é
ele e já tem gente dando palpite demais. (no caso, eu, neste
exato momento).
Tentar ser outra pessoa nos destruirá. É impossível ser
quem você não é, e jamais seremos iguais. Como eu seria se
fosse a rainha, ou qualquer outra pessoa?
Já está difícil ser eu mesmo, imagine a possibilidade de ser ou-
tra pessoa.
Se as minhas calças já não entram, quanto mais a saia da
Rainha!
Também tem aquela parte mais sútil, que vem de leve, no
fundo da nossa cabeça, quase não a percebemos e, de repente,
já não queremos ser a outra pessoa, mas nos comparamos cons-
tantemente com ela.
Por não conseguir ser você, começo a me comparar a você,
e descubro que minha vida é miserável! Pior – me comparo com
a vida que acho que você vive, uma vida que demonstra viver.
Te acompanho pelo Instagram, e no Instagram é tudo ma-
ravilhoso, tudo lindo.
Deixe-me te falar um negócio: não, eu não. Deixa o Mr.
Bieber, que hoje tem 104M de seguidores em suas redes sociais
te falar um negócio.
Em uma postagem em seu Instagram, ele escreveu: “hey,
mundo, esses estilos de vida glamorosos que vocês veem pos-
tado pelas pessoas famosas no Instagram, não seja enganado

135
pensando que a vida deles é melhor do que as suas, eu posso
prometer, não é”.
Essa comparação nos corrói porque sempre existirá alguém
melhor do que a gente! Não importa o que faça, alguém é melhor
do que você – alguém ganha mais, alguém viaja mais, sempre.
Se viver pensando nisso, nunca será o suficiente para
si mesmo.
Sendo as pessoas melhores, como você será como elas?
Seja você mesmo.
Quando decidimos ser nós mesmos, descobrimos grandes
qualidades em nós. Um “pensamentinho”, no entanto, aparece
no fundo da nossa cabeça, o demônio sussurrando em nossos
ouvidos, “você não precisar ser ela, você é melhor!”.
A comparação agora vira competição.
Ouço Jesus respondendo a Pedro que não conseguia tirar João
da cabeça: “Se Eu desejar que ele fique vivo até que Eu volte, o
que te importa? Entretanto, quanto a ti, segue-me!” (João 21:22).
Focados na vida dos outros, deixamos de viver a nossa.
Deixe isso para lá – se não é sua vida,
não se importe com isso.
QUANTO Ficar pensando e se comparando
MENOS muito com os outros pode te fazer mal.
CONSEGUIR
Satanás não se importa se te joga
COMPARAR
SUA VIDA COM no buraco da esquerda ou da direita,
AQUELES AO se te faz sentir inferior ou superior.
SEU LADO,
Os dois são ruins.
MAIS FELIZ
SERÁ. Quanto menos conseguir compa-
rar sua vida com aqueles ao seu lado,

136
mais feliz será. Lá no mundo, eles dizem para clicar “a tecla F”.
É quase isso, só que sem ser vulgar.
Devemos nos desencanar do próximo, deixar para lá. A ver-
dade é que nem você paga a conta dele e nem ele paga sua conta.
“Quanto a mim, dizia Paulo, ‘ofereci minha vida como
oferta a Deus” (2 Timóteo 4:6). É isso que me importa: o que
eu estou fazendo, como eu estou vivendo.
Além de ser perigoso querer ser outra pessoa, é fisicamen-
te impossível.
A grande questão física aqui é que dois corpos não ocupam
o mesmo espaço (Newton giraria no túmulo ao ver você tentan-
do fazer uma barbaridade dessas).
Ah!, falando em física e ansiedade, sabia que Einstein
costumava dizer que, quando tinha ataques de ansiedade por
não conseguir resolver seus cálculos, parava tudo que estava
fazendo, se deitava no chão e ficava olhando para o teto até
as ideias se reorganizarem em sua cabeça? Não fazendo força
para pensar, parecia que pensava melhor.
Eu particularmente tentei isso algumas vezes, funciona
(levando em consideração que meus problemas são bem mais
simples que os do velho físico).
Você só pode ser você, você é único.
Não estou falando isso para que se encha de orgulho e se
ache melhor do que os outros, e sim para que viva sua vida,
seja você.
Viva os seus dias, os seus planos; seja o suficiente para você.
A sua vida será a única que conseguirá viver.
Quando foi a ultima vez que esteve satisfeito consigo

137
mesmo? Que olhou e gostou do que viu no espelho? Que se
achou bonita?
Quando foi que gostou do que fez e agradeceu aos Céus
pela dádiva de ser quem é?
Não aquele agradecimento clichê forçado, apenas porque
sabe que tem de ser grato, pelo simples motivo que de fato es-
tava feliz consigo mesmo.
Isso aqui parece besteira, mas vai no espelho agora, sorria
e diga para si mesmo como está bonito (a) hoje.
Diga que, se te visse na rua hoje, se apaixonaria.
Estou escrevendo e imaginando alguém feliz, sorrindo,
correndo pelos campos de girassóis. “Tá”, eu sei, Nárnia!
Mas, se passa tanto tempo com a cabeça nos outros, passe
com ela em você.
Se sonha com os outros, sonhe com você.
Gastamos horas imensuráveis de nossas vidas lendo sobre
a vida de pessoas, e às vezes pessoas que nem nos inspiram,
mas que estão na nossa timeline, imaginando como seria nossa
vida se estivéssemos onde essa pessoa está.
Passamos tempo vivendo em uma realidade que nunca
será a nossa.
Isso não é porque eles são ricos, famosos e aparentemente
felizes – tudo isso você também pode ser.
É uma realidade que não será nossa porque é a realidade deles.
Eles serão eles, eu serei eu – quanto a você? Seja você.
Seja este ser único que Deus criou, com um único olhar,
único sorriso, único timbre de voz, únicos talentos. Deus colo-
cou algo aí.

138
Concordo, e a Bíblia também, que você se deve buscar
inspirações em pessoas.
Paulo disso para que o imitássemos como ele imitava a Cristo.
Não existe problema algum nisso, pois estamos aqui para
inspirar uns aos outros, e devemos ser pessoas que inspiram,
principalmente a imitar a Cristo.
Uma coisa é se inspirar; outra coisa é querer ser a pessoa outra.
É isso que não pode acontecer.
Quando focamos nossa atenção em tentar ser alguém, ou
comparamos demais nossa vida com a delas, abrimos espaço
para um sentimento muito sutil, mas que pode ser muito preju-
dicial: a inveja.
Meu amigo, a inveja te transformará em um saco de pes-
soa. Daqui a pouco, se verá falando mal daquelas pessoas que
dizia amar.
Você tem de concordar que por mais chatos, mesquinhos,
metidos, cheios de si, ou super espirituais, aqueles que querem
mostrar que sabem mais do que todo mundo e se acham os do-
nos da verdade nem saíram das fraldas ainda e já se acham os
teólogos com suas fotos e orações no Instagram; isso quando
não ficam fazendo stories querendo por moral em todo o mun-
do; e ensinar à igreja o que deve fazer quando nem cresceram.
Gostemos ou não, eles só chegaram ali porque realizaram al-
guma coisa: lutaram, se esforçaram e convenceram milhares
ou talvez milhões de pessoas a segui-los. E agora? Mesmo que
eu fale e pense um monte de mal deles, eles estão lá; o que eu
penso não mudará nada sobre isso. Só me fará sentir ainda mais
essa coisa ruim no meu coração, que às vezes eu acho que é

139
“justiça”, mas que, na verdade, é só vontade de estar onde eles
estão, mesmo. Inveja.
É muito fácil julgá-los por onde estão sem considerar de
onde vieram e, pelo que passaram para chegar até ali.
Estou falando isso por experiência própria, e não é por
receber julgamentos, não, é por perceber que eu estava atri-
buindo julgamentos até demais. Comecei a olhar para mim,
tentando entender de onde vinham tais sentimentos e se os tais
sentimentos eram bons mesmo.
Será que estava realmente lutando pela justiça? Será que
eu estava interessado em revelar a verdade e ajudar a pessoa a
melhorar, ou, na verdade, falei mal porque tive inveja?
Assumir erros não é fácil; no entanto, é libertador.
Epa, espere aí! Antes que comece a pensar nas minhas fa-
lhas aqui, olhe para você de novo, como está seu coração?
Temos o terrível vício de só ver o que está na frente dos
olhos sem antes ver a partir dos olhos.
O que enxerga, enxerga por quê?
ASSUMIR
ERROS NÃO “Seus olhos são como uma lâmpada
É FÁCIL; NO que ilumina todo o corpo. Quando os olhos
ENTANTO, É são bons, todo o corpo se enche de luz, dis-
LIBERTADOR.
se Jesus” (Mateus 6:22-23).
Se aquilo que você vê na internet te faz
ficar ainda mais ranzinza e revoltado, pare
de ver. Está na cara que só está fazendo mal a você. Você está
ficando cada vez mais escuro, achando que está lutando para o
bem, mas já se perdeu faz tempo.
Fale para mim: que temos a ver com a vida dos outros?

140
Combater ideias, heresias, isso eu concordo. Mas pessoas?
Não, isso não.
Afinal, eles são como nós (quando falo “eles”, coloco-me deste
lado também), cheios de problemas, tentando acertar, também se
comparando, também tentando ser melhor, pecando, orando, lutan-
do para chegar no lugar certo, na hora certa. Também se frustram
quando olham para si e veem que não são o que queriam ser.
Se enxergássemos desse
ponto de vista, a vida como SE ENXERGÁSSEMOS
um filme e não uma foto, DESSE PONTO
talvez não nos compararía- DE VISTA, A VIDA
COMO UM FILME
mos tanto e também teríamos E NÃO UMA FOTO,
mais compaixão pelo próxi- TALVEZ NÃO NOS
mo. (Por isso prefiro cinema). COMPARARÍAMOS
TANTO E TAMBÉM
Todos pagamos um pre-
TERÍAMOS MAIS
ço para estar onde estamos. COMPAIXÃO
Lembro de como fala- PELO PRÓXIMO
vam que as bandas de rock
tinham vendido a alma para o diabo para conseguir sucesso, e,
realmente, não desacredito totalmente do uso de magia – existe
esse lixo, os Harry Potter estão por aí –, porém, também não
desprezo as horas de prática em cima de um instrumento, en-
saios, dias e noites acordados para conseguir fazer um som bom,
que trouxesse prazer para o público (é o que dizem por aí: “se
macumba ganhasse jogo, campeonato baiano só daria empate”).
Todo mundo trabalhou muito para chegar onde chegaram
e cada um tem sua história. Outros trabalharam menos, outros
mais, mas todos fizeram alguma coisa.

141
Considere Bach, não era um rockstar (ainda não tinham in-
ventado a guitarra elétrica), quando a London Philharmonic Or-
chestra escolheu as 50 maiores obras da musica clássica, a lista
incluía seis obras de Mozart, cinco de Beethoven e três de Bach.
Mozart sozinho compôs mais de 600 obras antes de mor-
rer aos 35 anos, Beethoven produziu 650 obras durante sua
vida, e Bach escreveu mais de mil!
Ele não só fez três músicas maravilhosas, fez muitas, e três
foram consideradas super maravilhosas.
Se queremos chegar em algum lugar, temos de fazer al-
guma coisa.
Talvez a quantidade do nosso trabalho dite nosso sucesso.
Vamos lá, tome um banho gelado – tomar banho gelado
tem muitos benefícios, entre eles, reduzir o estresse, melhorar
a resistência emocional, aumentar o estado de alerta, melhorar
pele e cabelo, aumentar a imunidade, melhorar a circulação e, o
principal, te acordar! Este livro poderia se chamar assim, “tome
um banho gelado”. Dentre todas as acordadas, acordar para você
mesmo, para seu foco, seu objetivo, sua vida.

QUANTO VALEM OS COMENTÁRIOS?


Arrumei mais uma treta no Twitter como de costume (se
você não tem Twitter, deveria, um ótimo lugar para arrumar
tretas, principalmente quando se é sobre assuntos que não são
politicamente correto; não que isso seja necessário, mas é le-
gal, se for construtiva). O que aconteceu foi que alguém pos-
tou uma frase dizendo que não gostava de mim, e eu comentei
concordando que não gostava de mim. O interessante é que

142
isso me fez pensar o quanto nos importamos com a opinião dos
outros, e principalmente com as críticas. O mais interessante
ainda é que a maioria das críticas, pelo menos na internet, são
de pessoas que você nunca viu e talvez nunca veja, pessoas que
você nem sabe o que fazem da vida, mas, mesmo assim, ainda
dá ouvidos. A pergunta é: através de qual olhar você se vê?
Será que, quando se vê no espelho, você se enxerga pelos
seus próprios olhos ou pelos olhos dos outros?
O que quero dizer é: o que te assusta no espelho? a sua
opinião, ou a dos outros, você se sente feio porque se acha feio
ou porque te acharam feio?
Não ligar tanto assim para a opinião dos outros é uma peça
importantíssima no autoconhecimento.
Você não precisa ser moldado pela O QUE TE
moda e muito menos pela opinião das ASSUSTA NO
ESPELHO, A SUA
pessoas que estão na moda.
OPINIÃO, OU A
A não ser que seja de alguém que DOS OUTROS,
você realmente admira; mas pare e pen- VOCÊ SE SENTE
FEIO PORQUE
se, essas outras, a maioria das pessoas,
SE ACHA FEIO
você admira? OU PORQUE
Tem relevância na sua vida? Por TE ACHARAM
que te machuca tanto? Estou pergun- FEIO?
tando para mim – “por que te machuca
tanto, Luca?”.
Não machuca tanto assim. Já machucou mais; hoje, nem tanto.
E você? Se enxerga por onde? Através de qual retina?
Minha opinião não importará, nem de ninguém; eu não
pago suas contas.

143
A única opinião necessária na construção de quem você é,
é a de Deus.
É só ali, quando você está comprometido com Ele, em
agradá-lo, que você conseguirá liberdade de vida.
Quando nos colocamos diante de Deus, com nossa vida
exposta a Ele, é ali que uma opinião interessa, somente a opi-
nião de Deus realmente importa.
Tem um monte de gente que acha que é dono da verdade
e vai ficar dando opinião na sua vida em todos os dias de todos
os calendários (grego, judaico, chinês e etc.), e, afinal, essas
opiniões te levaram para onde? Lugar nenhum.
Ouça, sim, opiniões, mas das pessoas que te amam, que
estão perto de você e que você sabe que levam a vida a sério e
falam para contribuir com sua vida, mas tome cuidado: ouça as
opiniões no lugar certo.
Se tiver problemas no fígado, não vá perguntar para seu
vizinho, procure um médico (hepatologista é o nome do es-
pecialista que cuida do fígado, viva o Google). Opiniões de
pessoas que entendem o que estão falando.
Isso não significa que eu entenda o que estou falando, mas,
já que está com meu livro na mão, presumo que esteja interessado
em saber a minha opinião.
Viver a sua vida e ponto.
Além disso, dentro dessa história maluca, você precisa
agir. Talvez jogar Sudoku ajude no raciocínio lógico, de que
todos precisamos.
O que hoje na sua vida precisa ser vivido por você?
Esta é uma faca de dois gumes, você querendo viver a vida

144
do outro ou o outro querendo viver sua vida. Nenhuma das
duas opções irão funcionar.
Você precisa viver sua vida. Isso não significa que não bus-
cará conselhos, mas que os buscará no lugar certo, e, depois,
porá em prática tudo o que aprendeu, nem que erre mil vezes.
Ouça o Michael Jordan: “Eu errei mais de 9.000 arremes-
sos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Em 26 oportuni-
dades, confiaram em mim para fazer o arremesso da vitória e
eu errei. Eu falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E é por
isso que tenho sucesso”.
Meu Deus, todo mundo erra, mas errar na final? Deve doer
demais!
Talvez seus erros, agora, não tenham um peso tão grande
assim, mas um dia terão, e você tem de estar pronto para isso.
Bach com milhares de músicas, Thomas Edson com mi-
lhares de tentativas de lâmpadas – ah!, isso é impressionante.
Depois de 1200 tentativas, ele concluiu a criação da primeira
lâmpada, 1200! Se ele tivesse parado, talvez ainda estivésse-
mos no escuro.
A vida é feita mais de erros do que acertos, só que, talvez,
um pequeno acerto seu te coloque no top 100 das melhores
músicas de todos os tempos.
Estou citando esses caras aqui, não para que você queira
ser eles, mas para que você seja você.
Jordan não seria Jordan se não jogasse como Jordan.
Vamos voltar para a Bíblia antes que considere este livro
secular demais. Davi, vamos falar de Davi.
Para derrotar Golias, ao menino pastor de ovelhas foi ofe-

145
recida a armadura do Rei Saul, que não era qualquer armadura,
era a do Rei, a melhor armadura!
Só que não funcionou para ele. A armadura não era dele,
ficou grande, pesada.
O que Davi fez? Reclamou da vida e disse que nada dava
certo? Não!
Ele fez o inesperado, pegou cinco pedras – “não! Um gi-
gante, cinco pedras? Você deve estar maluco! Alguém pare
esse menino”.
Mas era isso em que ele era bom, o que sabia fazer, como
sabia fazer, e fez. Acertou a testa do gigante!
Se ele ficasse com a armadura e opiniões dos seus compa-
triotas, talvez Israel nem existisse hoje.
Ele contou com a benção de Deus e o que sabia fazer, e fez.
Se todo o mundo tem uma digital diferente, também tem
uma vida diferente, uma história diferente, e cada um precisa
viver a sua.
Já disse e repito: seria um desperdício não viver a sua vida.
Todo o mundo é importante nesta grande obra chamada Criação,
e, enquanto o Autor da peça não entra no palco para encerrar a
apresentação, vamos atuar.
Por certo, ninguém melhor do que você mesmo para fazer
seu papel.
No final, pode ter certeza de que todas essas pessoas que
admiramos e que queremos ser têm os mesmos medos que nós, e
as mesmas dificuldades também. O que os diferencia é que eles
tomaram uma iniciativa.
Acredito que eles sabiam em seus corações que era melhor

146
falhar tentando do que nunca ter tentado.
É melhor falhar tentando ser você, vivendo sua vida, do
que tentando ser qualquer outra coisa.

ESTE PODE SER QUE SEJA O PRINCIPAL


CAPÍTULO DA SUA HISTÓRIA – NÃO DEIXE
ELE SER VIVIDO POR OUTRA PESSOA.

147
09
SEJA
UM
CRISTÃO
EGOÍSTA

149
odo mundo sabe que essa frase não combina com
um cristão. Que besteira é essa de egoísmo?
Realmente é inaceitável qualquer tipo de
egocentrismo no meio cristão, sabendo que deve-
mos sempre viver pelo coletivo, pelo corpo.
Porém, devemos entender que existem momentos na vida
em que construir o individual cooperara com o coletivo, não
quando isso seja feito de forma egoísta, para acumular bens e
viver por eles, mas sim quando nos
prepara para melhor operar aquilo que
PARA CUMPRIR está por vir. Para cumprir bem todas
BEM TODAS
as funções, existe um esforço indivi-
AS FUNÇÕES,
EXISTE UM dual necessário.
ESFORÇO Uma famosa frase de Jim Rohn
INDIVIDUAL explica muito bem isso: “uma edu-
NECESSÁRIO.
cação normal te fará sobreviver, uma
autoformação te dará uma fortuna”.
O que ele quer dizer aqui é que os esforços próprios que
colocamos naquilo que desejamos nos fará chegar mais longe.
Se, por exemplo, tenho um time de futebol, sei que é um
esporte coletivo. No entanto, com toda certeza do mundo, traba-
lharei para escalar os mais qualificados, aqueles que se preparam
para jogar. Mesmo sendo um esporte coletivo, o preparo indivi-
dual é sempre muito importante.
Assim também é em todas as outras áreas da vida.

150
Olhando pela ótica do evangelho para nossa vida, perceba
o tanto que um preparo próprio ajudaria em toda a missão.
Um exemplo simples é o de falar outra língua.
Tenho percebido todos os dias a importância de falar in-
glês, como isso mudou minha vida e a possibilidade de anun-
ciar o Evangelho em todas as nações.
Ainda não encontrei um país no mundo em que não con-
seguisse me comunicar com alguém, e olhe que já estive em
muitos. (37 até hoje)
No entanto, aprender essa língua não foi um plano e esfor-
ço coletivo e sim individual. Horas de prática, leitura, esforço,
tentativas. Recordo me de que quando cheguei na Inglaterra
aos 15 anos, eu não sabia nem o que significa “how are you”!
Não tinha ideia alguma de inglês.
Para aprender, passava horas ouvindo a BBC, uma rádio de
notícias, para, quem sabe, conseguir fazer com que meu ouvido
e cérebro se acostumassem com aquela nova língua estranha.
Depois foram horas de aula, muitos livros, tantas conversas.
Hoje, não tenho o inglês mais perfeito do mundo, porém,
entendo tudo, me comunico e consigo pregar. Estou feliz; não
satisfeito, mas feliz.
Diante disso, vejamos qual é o grande mandamento e
como um pouquinho de egoísmo te ajudaria para praticá-lo
com mais eficiência.
Não é o grande mandamento amar ao próximo como a ti
mesmo, dar a vida pelo seu irmão, perder para ganhar? Ora,
pois (os portugueses nem falam isso na verdade, nós brasileiros
que os zoamos). Vamos lá.

151
Se existe um mandamento importante na Bíblia, o mais
importante, esse é aquele que é o chamado de “o grande man-
damento”. Até aqueles que não acreditam em Cristo costumam
recitar essa sua frase, “ame ao próximo como a ti mesmo”.
Quando desejam pegar o que interessa, pegam, principalmente
em campanhas políticas, excluindo o mais importante (a parte
de amar a Deus).
É interessante porque é complexo, é aquela questão de fa-
zer pelo o outro o que gostaríamos que fizessem para nós.
Acho complexo porque nossa vida é feita de altos e bai-
xos, e a maioria de nós não gosta do que vê no espelho. Existe
uma corrida da moda no mundo, e tentamos constantemente
parecer melhores – qual roupa nos deixa mais bonito, corte de
cabelo, maquiagem –, parece que nunca está suficiente, pa-
rece que não iremos jamais gostar do que vemos. Já que não
nos amamos, como então pode ser possível amarmos alguém?
Pense comigo: a maioria de nós não gosta do que vê no
espelho, não gostamos da nossa voz no telefone; eu mesmo
não consigo assistir um vídeo ou pregação minha próximo de
alguém. Morro de vergonha.
Preciso confessar para você que sempre tive algum proble-
ma de auto estima, sabendo que nunca era o melhor em nada.
Até hoje fico extremamente nervoso antes de subir para dar
uma palestra ou pregar. Fico tímido ao conhecer pessoas novas.
Muitas vezes prefiro não ver o que as pessoas estão falando dos
meus textos.
Eu não sou o cara mais confiante do mundo, vai por mim,
e, às vezes, parece que não gosto tanto de mim assim. Desse

152
jeito, será que o mandamento estaria errado? Como amarei as
pessoas se não amo a mim mesmo?
Na verdade, só parece que não nos amamos. Parece que
não gostamos de nós mesmos, porém, gostamos até demais e,
por isso, nos importamos tanto com o que vemos e com o que
as pessoas veem.
O que realmente nos chateia não é o fato de não gostarmos
do que vemos no espelho, o que nos chateia é não gostarmos do
que os outros irão ver.
Diante da realidade de não ver em si tanto valor, ou não
gostar tanto assim do que vemos, a pergunta que faço é por
que nos interessa tanto o que as pessoas pensam sobre nós.
Assim me pergunto, será que sou eu que não gosto de mim, ou
as pessoas que não gostam, ou melhor, será que não sou eu que
acredito e penso que as pessoas não gostam de mim? Por isso,
e somente por isso, me incomoda e me causa tanto constrangi-
mento aquilo que vejo diante de mim.
Acredito que se encaixaria aqui
aquela frase, “nós não somos o que
pensamos, não somos o que os outros “NÓS NÃO
SOMOS O QUE
pensam, mas sim somos o que pensa-
PENSAMOS, NÃO
mos que os outros pensam de nós”. SOMOS O QUE OS
Mas por que raios nos interes- OUTROS PENSAM,
sa tanto que outras pessoas gostem MAS SIM SOMOS
O QUE PENSAMOS
de nós? QUE OS OUTROS
O primeiro fato é o óbvio: so- PENSAM DE NÓS”.
mos seres sociáveis. Não fomos
criados para vivermos em cavernas

153
ou sozinhos no mundo, dessa forma, dependemos de relaciona-
mentos e de bons relacionamentos, precisando assim ter certa
aceitação das pessoas ao nosso redor.
Isso é ótimo, desde que não vire uma obsessão social, de-
sejando e precisando da aceitação de todos e, de quantos mais,
melhor. Viramos, assim, viciados na aprovação da maioria e
verdadeiros “nóias” por likes e compartilhamentos.
Um outro fato, não tão bom assim, mas também normal
diante da nossa humanidade caída, que, sendo nova criatura
em Cristo, não podemos aceitar em nós, e, com a ajuda do
Espírito Santo, podemos vencê-la e mudá-la, é a da tal ne-
cessidade de nos sentirmos bem, quando os zumbis dos likes
tomam vida em nós e se tornam nossa preocupação e neces-
sidade na vida. Aqui, já não estou falando sobre nosso estado
social comum, mas uma idolatria ao ser alguém, ao ser aceito.
Quando chegamos nesse estado, começamos a perceber o ta-
manho do amor que temos por nós mesmos. O desejo de acei-
tação, na verdade, se mostra mais
O DESEJO DE do que uma necessidade básica so-
ACEITAÇÃO, NA cial, mas sim, se torna idolatria por
VERDADE, SE
si mesmo. Você consegue perceber
MOSTRA MAIS
DO QUE UMA isso em você?
NECESSIDADE Começamos a observar, então,
BÁSICA SOCIAL, que o reconhecimento que queremos
MAS SIM, SE
TORNA IDOLATRIA jamais seria em favor das pessoas
POR SI MESMO. em geral, e sim para nós mesmos.
Não é para que as pessoas se sintam
bem ao me ver, e sim para que eu me

154
sinta bem. O que quero é que gostem de mim, e não por eles,
mas por mim, e somente por mim. Existe a possibilidade de
talvez também querer que alguém se interesse por mim, mas
não para seu bem, e sim para que eu a conquiste.
No final, estou pensando em mim, esse é o amor próprio.
Você consegue perceber agora que talvez você se ame,
e ame até demais?
Mas, se amar é errado? É um sentimento ruim?
Não, de maneira nenhuma. Seria impossível cumprir o
grande mandamento sem nos amarmos. O padrão de amor que
Deus colocou foi esse, mostrando que o amor que devemos ao
próximo é o mesmo que temos por nós mesmos.
O que acredito ser errado é o amor exagerado. Todos os exa-
geros costumam ser ruins, e, no caso do amor próprio, podemos
nos amar tanto ao ponto de sermos levados a um egocentrismo
doentio, em que nossos olhos não enxergam nada além de nós
mesmos. Essa é uma realidade muito comum que, acredito eu,
só pode ser transformada através do cumprimento do primeiro
grande mandamento, que é o de amar a Deus sobre todas as coi-
sas (maa, sobre isso trataremos no próximo capitulo).
O que gostaria de pontuar agora é a necessidade de se amar,
como isso faz diferença em tudo o que vivemos, e como o amor
próprio não é ruim ou pecaminoso se não houver excessos.
Imagine um mundo onde as pessoas não amam a si mes-
mas, onde o bem estar próprio não é prioridade, onde todos
fossemos masoquistas e adoraríamos sofrer, e o conforto não
seria necessário. Pior do que um mundo de amor próprio, seria
um mundo de ódio próprio.

155
Imagine um mundo onde as pessoas odeiam a si mesmas –
como seria um lugar assim?
Talvez não existiriam perfumes, não teríamos boas comi-
das, nenhuma tecnologia. Pense em um lugar onde as pessoas
não tentam melhorar a própria vida, afinal, não se amam.
Imagine um mundo onde não existisse ar condicionado?
(estou na África neste momento em que escrevo esta parte do
livro, e, acredite em mim, não existe nada pior do que ir no
banheiro suado e não ter água para se lavar). Meu Deus, que
mundo seria esse?
Veja, de onde surgiu a ideia de encanar a água? De colocar
eletricidade em uma peneira, para que a água caísse quente so-
bre sua cabeça, enquanto você sente o doce perfume do sham-
poo na sua cabeça? E, depois de um longo banho, de colocar
seus chinelos para não gelar o pé, ou pisar sobre um tapete que
já te protege de um azulejo frio, que está ali, para te proteger de
um chão de terra?
Isso tudo só existe porque as pessoas se amam e, porque
se amam, desejam viver uma vida melhor, mais confortável,
mais tranquila.
As necessidades primeir aparecem para si mesmo, e então
para o próximo. É porque você sente frio, que sabe como se sente
aquele que está sem agasalho na rua durante o inverno.
Você já morou sozinho?
Experimenta mudar para uma casa nova e ir cozinhar. Aí
você vai perceber por que sua avó tinha aquele monte de pane-
la. Verá que só o fogo não resolve. Perceberá que um prato faz
toda diferença, e, quando precisar cortar o tomate, cadê a faca?

156
Todas as coisas criadas pelo homem só existem porque ele
se ama e quer viver melhor. O amor próprio fez com que o
homem criasse, evoluísse, e melhorasse em todos os aspectos.
Criamos ferramentas segundo as nossas próprias necessi-
dades, e, no final, é por amor próprio, é para sermos felizes,
afinal, e aqui cito Blaise Pascal, “todos os homens buscam a
felicidade. E não há exceção. Independentemente dos diversos
meios que empregam, o fim é o mesmo. O que leva um homem
a lançar-se à guerra e outros a evitá-la é o mesmo desejo, em-
bora revestido de visões diferentes. O desejo só dá o último
passo com este fim. É
isto que motiva as ações
“TODOS OS HOMENS
de todos os homens, BUSCAM A FELICIDADE.
mesmo dos que tiram a E NÃO HÁ EXCEÇÃO.
própria vida”. INDEPENDENTEMENTE
DOS DIVERSOS MEIOS
Ninguém tem por
QUE EMPREGAM, O
objetivo de vida ser de- FIM É O MESMO. O QUE
pressivo e não gostar de LEVA UM HOMEM A
si mesmo. Não faz parte
LANÇAR-SE À GUERRA
E OUTROS A EVITÁ-LA
da essência do homem a É O MESMO DESEJO,
tristeza. Esse sentimen- EMBORA REVESTIDO
to, na verdade, é um DE VISÕES DIFERENTES.
O DESEJO SÓ DÁ O
resultado da queda de
ÚLTIMO PASSO COM
Adão em desobediên- ESTE FIM. É ISTO QUE
cia a Deus. Por isso a MOTIVA AS AÇÕES DE
Bíblia diz que, no céu,
TODOS OS HOMENS,
MESMO DOS QUE TIRAM
tristeza não existirá e A PRÓPRIA VIDA”.
todas as lágrimas serão

157
enxugadas (Apocalipse 21:4). Esta é uma das vitórias da re-
denção da cruz.
A Bíblia também diz sobre como a tristeza faz mal para o
homem: “O coração bem disposto é remédio de grande eficácia,
mas a alma deprimida consome até dos ossos do corpo todo o
vigor (Provérbios 17:22).
A tristeza faz tão mal para o homem que, quando existe esse
sentimento, temos uma tendência muito grande de desistir, e isso,
sim, é ruim. Não podemos viver uma vida com a expectativa de
não vivê-la, pensando em desistir a todos os momentos, tendo nos-
sas emoções contra nós, afinal, não teremos duas vidas para viver.
Não dá pra desperdiçar, só que isso vem mais para frente.
O que quero falar aqui é da importância crucial de se amar.
Um amor sadio, genuíno e divino. O amor que Deus nos dis-
ponibiliza na vida.
Se temos nossa vida moldada pela ótica do Evangelho,
conseguiremos viver um amor próprio que nos beneficiará, que
nos fará viver.
Amar a si mesmo ao ponto de fazer a vida valer a pena, se
amar ao ponto de acreditar no que você está fazendo, e, se não
está fazendo nada, se amar ao ponto de fazer alguma coisa.
Nós precisamos pensar em nós mesmos um pouco, porque
isso, sim, irá atingir todas as outras pessoas ao nosso redor!
Se pensamos em casar, precisamos pensar em nós. Não
sejamos hipócritas, até quando escolhemos a pessoa para casar
estamos pensando em nós mesmos.
Aí está um problemão, se a sua vida não for satisfeita es-
tando sozinho, se buscamos alguém por carência, porque não

158
estamos bem sozinhos e queremos alguém por perto, estamos
buscando uma pessoa por desejo errado.
Precisamos buscar um casamento quando ele já não é uma
necessidade para nós, pois o certo não é casar para ser satisfei-
to, mas sim para satisfazer alguém.
Não será egoísmo se agora, ainda muito novo, você pensar
em você mesmo, tentando ser uma pessoa melhor, lutando pela
sua própria vida, ou lutando por um propósito maior, que vai
além da sua vida, que demanda toda a sua atenção.
Para o momento, ter alguém não seria o mais inteligente.
Se você é homem, saiba, uma mulher precisa de atenção,
precisa de tempo, mesmo que ela fale que não, ela precisa, e a
maioria dos “nãos” femininos querem dizer “sim” (isso é chato
demais! Falem logo o que desejam, adivinhar é muito difícil).
Sendo sincero com você mesmo, será que está na hora de parar
todos seus esforços para focar em outra coisa?
Eu acho que com 20, 20 e poucos anos, você precisa pen-
sar em você mesmo.
Na verdade, não tem tanto a ver com a idade, mas com quem
você é, com o que sonha da vida.
Se deseja alguém do seu lado para sempre, é necessário
que essa pessoa também deseje a mesma vida, deseje lutar pelo
o que você luta!
Mas, e se não está lutando por nada?
Aniquile mais uma vez o romantismo adolescente. Vida
real, de segunda a segunda, de sol a sol. Como será sua vida?
Agora é a hora de pensar nisso, não depois.
Sinceramente, que vida você quer dar para sua esposa?

159
(desculpem, meninas, o assunto ficou sério para os homens
aqui – agradeçam depois).
Você vai tirar sua esposa da casa dos pais dela, muitas ve-
zes dos sonhos dela, e vai levá-la para onde?
É besteira esse negocio de paixão. Ela acaba. Cientifica-
mente, dura no máximo quatro anos, e, depois, ela acaba, e
então talvez esteja casado, e não mais cego.
Não dizendo que não ame sua esposa, mas voltará com os
pés no chão, e verá que não só de coraçãozinho viverá o homem
e nem a mulher.
Se fizer do casamento o sentido da sua vida, o que irá fazer
depois do “sim”?
Lembre-se: é “sim” e “não” fim.
A vida começa, e começa a dois!
Uma coisa importante: se você se casar sem saber para
onde está indo, será levado para qualquer lugar!
Por isso que dizem que o casamento não é só de pessoas,
mas de propósitos.
É importante agora descobrir seu propósito, descobrir o
porquê de estar aqui, o porquê de se amar, amar a si mesmo e
entregar sua vida a isso.
Se for jovem, ainda tem muita força para conseguir, ain-
da não tem tantas preocupações que podem dificultar sua vida
mais para frente.
Talvez não tenha tantas contas, ou dívidas, e consiga cui-
dar melhor de suas finanças.
Se não consegue cuidar de si mesmo, como cuidará de ou-
tra pessoa?

160
Melhor assumir que não se está pronto
e começar a se preparar. ISSO É
APRENDER
Não escolhi necessariamente esperar a
A AMAR AO
pessoa certa, escolhi me preparar para ser a PRÓXIMO
pessoa certa. COMO A SI
Isso é aprender a amar ao próximo MESMO, E
NÃO AMAR
como a si mesmo, e não amar ao próximo
AO PRÓXIMO
para si mesmo. PARA SI
MESMO.
FAÇA POR SER, NÃO PARA TER
E ELIMINE AS POSSIBILIDADES
Amar ao próximo como a si mesmo sig-
nifica fazer ao próximo o que quer que seja feito para você. Cá
entre nós, você não recebe nada de alguém esperando que tenha
de dar algo em troca. Por que, então, sempre que falamos em fazer
uma coisa boa para uma mulher, é para conquistá-la?
Final de culto, pastor diz “Pague um lanche para a ir-
mãzinha”.
O porquê desse lanche? Tenho interesses nisso, tenho in-
teresses na irmãzinha, quero ela para mim, e porque quero ela
para mim, e somente por isso, pagarei um lanche.
Não só na fala do pastor, mas na vida em geral, o princípio
está errado.
Você é ensinado a fazer para ter, e não por ser.
Não fazemos porque somos gentis, porque somos cristãos,
porque amamos, mas porque temos o interesse de ter.
No meu ponto de vista, isso é perigoso para um futuro
casamento, porque assim que conquistamos, automaticamen-

161
te pensamos em missão cumprida. Como fui condicionado a
comprar o lanche para conquistá-la, depois que a conquistei,
não preciso mais do lanche.
Precisamos aprender a sermos bons sem querer nada em troca.
Fazemos o bem porque somos cristãos.
Da mesma forma que é perigoso para a mulher, pois corre
o risco de perder a gentileza depois da conquista, também pode
ser para o homem.
Se a mulher está condicionada a pensar que todas as gen-
tilezas que um homem faz para com ela, é somente para con-
quistá-la, então ela verá todas essas ações como uma forma de
flerte, e isso é doentio!
Depois acusarão os homens de defraudador (essa palavra
está na moda). “Olha, ele pagou um lanche para mim, logo, me
quer”. Na verdade, não quer.
Ele só está sendo gentil – isso não significa que está te
cantando.
Dentro de um relacionamento saudável, entre pais e filhos,
irmãos, amigos, gentilezas existem.
Estou aqui cobrando dos homens uma gentileza simples-
mente por serem bons homens, como também estou cobran-
do de uma mulher a maturidade de receber uma gentileza sem
imaginar uma possibilidade outra, e vice-versa.
Para isso, elimine todas as possibilidades.
Pare de ver todo mundo como possibilidade, isso é ruim!
Isso vai te machucar.
Um olhar não significa nada, um lanche também pode não
significar nada.

162
Mas, se na sua cabeça todo o mundo for uma possibilida-
de, cada gesto e cada ação será de conquista. Isso serve para os
dois lados, e os dois lados tem sua responsabilidade na história.
Precisamos aprender a fazer e receber gentilezas como pes-
soas saudáveis.
Também devemos saber reconhecer em relacionamentos
próximos a nós que as pessoas fazem gentilezas por serem gen-
tis, e, assim, não sermos os chatos que ficam colocando “pilha”
nas pessoas, dizendo que formam um casal bonito por sorrirem
um para o outro.
É muito normal ver pessoas machucadas por não terem o
amor correspondido, ou por se sentirem enganadas. Na maioria
das vezes, isso é um sinal causado pela carência, que precisa
ser curada, e não em outro, mas em você mesmo.
Não busque um relacionamento pensando em você.
Construa sua vida pensando em você, não inclua pessoas
nisso, elas não tem culpa.
Mais uma vez, elimine as possibilidades.
Se sua vida não está pronta para receber alguém, seu cora-
ção também não pode estar; precisamos usar a cabeça.
É muito difícil lutar contra uma utopia de que a vida é um
conto de fadas.
Deveria ser mais simples, explicar para um jovem de que
esteja cedo, talvez cedo demais para se conhecer alguém.
Quantas possibilidades já passaram pela sua vida? Quan-
tas deram certo? Quantas errado?
Não teria sido melhor simplesmente não considerar uma
possibilidade?

163
Isso mudaria todos os seus atos para com a pessoa, e da pessoa
para você.
Realmente esse não é um assunto fácil; estudos dizem que
a adolescência está terminando aos trinta anos nos nossos dias.
Somos adolescentes para nossas responsabilidades, mas
adultos para nossos prazeres.
Queremos um amor sem a responsabilidade que isso
implica – “deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá a
uma mulher”.
Tal verso fala sobre o homem ser responsável por si mes-
mo, e, então, ter uma mulher. Conseguir se sustentar, cuidar do
seu próprio nariz, e, só então,
SOMOS se casar.
ADOLESCENTES Quando corações estão em
PARA NOSSAS
RESPONSABILIDADES, jogo, não se joga dados. Não se
MAS ADULTOS PARA esqueça: essa menina aí é filha
NOSSOS PRAZERES. de Deus, um dia terá de encarar
o pai dela, ou seja, tudo tem de
ser friamente pensado.

164
10
A HORA
ERRADA
DE ENCON-
TRAR A
PESSOA
CERTA

165
embra da Bia, lá do primeiro capitulo? Era 2011, tan-
tas coisas aconteceram neste globo chamado planeta
Terra. A primeira presidente mulher assumia o poder
do Brasil, Dilma Rousseff, a estável economia euro-
péia entrava em uma crise que a Grécia jamais esqueceu (não
sei porque, uma crise capitalista não deveria tirar o primeiro mi-
nistro socialista do poder, era sua chance de provar que não se
precisa de dinheiro para sobreviver), no mundo árabe, explodia
a Primavera Árabe, tirando várias ditaduras do poder, e, tam-
bém lá, Bin Laden era morto. Para a alegria do povo brasileiro, a
FIFA confirmava a Copa do Mundo de 2014 no Brasil (isso nun-
ca deveria ter acontecido, nos arrependeríamos sete vezes mais).
Entre todos esses fatos, o mais importante ocorreu no dia 29 de
Abril de 2011, quando se casavam, no Reino Unido, o casal real,
Príncipe William e sua donzela Kate, enquanto eu partia da In-
glaterra para o Brasil (este sendo o mais importante).
Durante o casamento, eu estava em uma churrascaria
brasileira com um amigo. Até este exato momento em que
escrevia o livro, não conseguia me lembrar por que raios não
estava com o até então amor da minha vida, porém, escreven-
do, me lembrei. Ela tinha sido convidada para o casamento,
e antes que se pergunte, não era da família real, era de um
amigo na Escócia.
Antes que eu pegasse o avião de volta para minha terra,
nos falamos pela última vez pelo telefone, ela já estava bêba-

166
da (beber é o que mais fazíamos), rimos, e mal sabíamos que
aquele era o fim.
Mas rapaz, de novo essa mulher?
Será que não se esqueceu dela?
O seu nome, não, mas esqueci seu sobrenome, e também
apaguei a alguns anos atrás minha antiga conta no Facebook, o
que levam as chances de encon-
trá-la mais uma vez nessa vida, a ELA NÃO ERA
serem uma em sete bilhões. A PESSOA
CERTA NA HORA
Isso para mim não é proble- ERRADA, NEM EU
ma algum. Diferente do título des- ERA, NINGUÉM
te capítulo, ela não era a pessoa ERA, ESTAVA
TUDO ERRADO.
certa na hora errada, nem eu era,
ninguém era, estava tudo errado.
“Mas como namorou esse menino”.
Sim, como namorei.
É por isso e somente por isso que escrevo este livro.
Com a grande experiência de ter adubado a vida com mui-
tas fezes (porque m**** ficaria feio demais), te alerto: você
não precisa cometer os mesmos erros, ou precisa?
“Um homem sábio é aquele que aprende com o erro dos
outros”, dizia o pensador.
O tolo aprende com os próprios erros.
O que faz sermos uma pessoa certa? O que faz você a pes-
soa certa?
Por acaso existe a pessoa certa?
Será que, neste mundão de Deus, exista uma pessoa, uma
única pessoa que se encaixe perfeitamente a mim e eu a ela?

167
Devem existir várias, porque o mundo é cheio de pessoas
extraordinárias (esse pensamento me ajudou muito a terminar
um relacionamento). Pensava que só existia uma, mas já tinha
namorado duas, e em ambos os casos pensei a mesma coisa.
Se existe somente uma pessoa exata para cada ser humano,
alguém que casou errado pode ter casado com a mulher de ou-
tro homem, isso seria o suficiente para arruinar todos os outros
casamentos, afinal, se você casou com minha esposa, eu casarei
com a esposa de outro alguém e assim por diante.
Não me venha com esse negócio de que a pessoa certa é
a pessoa que Deus escolher. Pelo amor de Deus, até isso Ele
terá de se responsabilizar por você? E o cérebro? Deus deu
para quê?
Você pode pedir sabedoria, e ser uma pessoa que se coloca
na posição certa, com princípios e valores que te farão escolher
uma boa pessoa com quem se casar. Uma pessoa que tenha os
mesmos valores que você.
Você não é a pessoa “certa” para mim, mas é a pessoa que
eu escolho.
Também esse outro negócio de, “minha avó ouviu de um
anjo que meu avô era o marido dela”.
Isso é muito perigoso. Não faça de uma experiência uma
doutrina.
Não duvido que possa ter acontecido com sua avó, porém,
isso não significa que irá acontecer com você, ou comigo, ou
com o resto dos outros bípedes humanos no mundo.
Mas, e Isaque? Eu te pergunto, e Jacó?
Escolher um marido e uma esposa pode ser algo muito

168
complicado. Não pode ser levado como só mais um “eventi-
nho” na vida, um churrasco de fim de semana.
Esse momento irá influenciar todo o seu futuro, para o bem
ou para o mal.
Penso eu que o maior critério para se conhecer a pessoa
“certa” é se ela ama ao Senhor. Esse não é, porém, o único
critério necessário nessa escolha.
Temos de pensar além disso.
A pessoa que você é com 17 anos será a mesma pessoa aos
27 anos? Creio que não.
Dez anos farão diferença na sua experiência de vida? Pas-
sado esse tempo, você enxergará as coisas de forma diferente?
Pensará de forma diferente?
Se não for assim, ou você é um gênio, ou é um burro.
Gênio, pois, formidavelmente, como um prodígio, enten-
deu tudo na vida com dezessete anos de idade, não precisando
assim aprender mais nada, ou burro, porque está cada vez pior.
Não sendo a mesma pessoa, será que uma pessoa com quem
você se relacionaria aos dezessete anos seria a mesma pessoa
com que se relacionaria aos vinte e cinco anos?
Quase certeza que não.
Bom, espero que não (você não quer se casar com uma
criança). Até essa mesma pessoa será uma pessoa totalmente
diferente depois de tanto tempo.
Aos dezessete anos, é muito provável que ainda não tenha
uma profissão definida, não tenha nem uma missão definida.
Sua cabeça irá mudar totalmente dos dezoito aos vinte e
cinco anos (se soubesse disso, eu não teria feito uma tatuagem

169
aos dezoito anos – não que eu ache errado, fiz mais outras dez
depois, mas teria feito uma totalmente diferente dessa primeira).
Tudo na sua vida irá mudar, tudo!
Nada está definido, assim sendo também com as pessoas
com quem conversa – elas provavelmente mudarão, e muito.
Decidir por uma pessoa aos dezessete anos pode ser um
grande risco para o seu futuro.
Eu estou trabalhando com as piores hipóteses, mesmo.
Conte o prejuízo para saber o lucro.
Suponhamos, aqui, que você é uma menina que sonha em
ser missionaria na Ásia e se apaixona por aquele garoto que dese-
ja ser missionário nos EUA, os dois com corações para lados to-
talmente opostos do mundo. Não tem GPS que salve um situação
dessa, alguém vai perder aí. O caminho que leva para Hong Kong
não é o mesmo que te levará para Nova York (olhe que, nessa
parte, eu nem fui tão pessimista assim, ele ainda é missionário).
Poderia ser pior.
Você menina, uma missionária, se apaixona por um cara
que, aos dezoito anos, não sabe o que quer, e descobre mais
tarde que ele não quer nada além de trabalhar durante a semana
em um trabalho comum e assistir futebol aos domingos.
Ferrou.
Nada contra trabalhar durante a semana, todo trabalho é
digno, e assistir futebol aos domingos também, muito digno,
mas a pergunta é: é isso que você quer? É isso que sonhou
para sua vida?
Se for, glória a Deus, deu certo, mas, se não for, poderia ter
descoberto isso antes.

170
Pior ainda é se você cria em sua mente uma imagem irreal da
pessoa amada, esperando dela algo que ela nunca poderá te dar.
Neste caso, os prejuízos serão irreparáveis, e a possibilida-
de de infelicidade em um casamento é quase inevitável.
“Projetando uma imagem no outro / ficou preso na imagi-
nação / a gente machuca e é machucado apegado a uma ilusão /
tem vez que a gente acredita que era para ser / mas é que a gente
tem pressa e vê o que quer ver”
(Vamos assumir - O Terno) “PROJETANDO UMA
Pensa nisso, é o risco de IMAGEM NO OUTRO
se convencer que a pessoa er- / FICOU PRESO NA
IMAGINAÇÃO / A
rada é a pessoa certa.
GENTE MACHUCA
Depois dos vinte e poucos E É MACHUCADO
anos, você já está planejando APEGADO A UMA
ou está pelo menos nos prepa- ILUSÃO / TEM VEZ
QUE A GENTE
rativos de fazer algo que de- ACREDITA QUE ERA
sempenhará pelo resto da vida, PARA SER / MAS É
já estará mais focada em algo. QUE A GENTE TEM
PRESSA E VÊ O QUE
Com quem será as pessoas que
QUER VER” (VAMOS
conversará, e por quem se inte- ASSUMIR- O TERNO)
ressará, se apaixonará?
Quais serão os tipos de relacionamentos que você verá
como possibilidades?
Se é uma missionaria que viaja o mundo, com certeza não
será com alguém que não quer viajar o mundo.
Propósito, poxa, propósito.
As chances de conhecer alguém com os mesmos desejos
definidos que você serão bem maiores quando já estiver fazen-

171
do o que deseja fazer, porque lá conhecerá pessoas engajadas
na sua aérea de interesse.
E não uma paixão de adolescência.
Ah!, a adolescência. Que fase, meu amigo.
Seria tão mais fácil se ouvíssemos nossos pais. Quanto
adubo próprio não seria derramado em nosso jardim.
Para cada casamento de jovens apaixonados que deram
certo, existem um monte que deram errado.
Não sou eu que estou falando isso – você vê nas igrejas,
nos testemunhos, nos gabinetes pastorais.
A taxa de divórcios em meio aos cristãos só cresce. Por quê?
Casamos despreparados, com uma utopia de final feliz,
não considerando a realidade.
O alvo da nossa vida não pode ser o casamento.
Se assim for, sacrificaremos tudo por ele, mesmo que nisso
estejamos sacrificando nosso chamado e propósito de vida com
Deus (lembre-se de que estou falando para solteiros aqui; se já
se casou e está nessa situação, aguente a bucha e me ajude a
alertar o pessoal).
Com essa pressa para se casar, iludimo-nos a nós mesmos
com a possibilidade de tudo mudar depois do casamento, de
tudo melhorar.
“Ah!, ele vai ficar mais crente”. “Ah!, eu vou convencê-la
a ir comigo para o Taiti em uma viagem missionária”.
Não vai, não vai.
Como dizia meu irmão, “está ruim no namoro? Fica tran-
quilo, é só casar que piora”.
Isso significa que todo casamento é horrível? Com certeza

172
não, porém, se no namoro está assim, imagine quando se casar.
No casamento, você não poderá fugir, não tem como vol-
tar atrás – deu sua promessa que seria para sempre. “O que
Deus uniu, o homem não separe”.
Tem de pensar direito agora, levar tudo em consideração.
Senão, depois temos de ficar aconselhando casais.
Seria extremamente melhor ter aconselhado quando eram
solteiros.
Para que esperar dar errado lá na frente se podemos pensar
um pouquinho mais agora, antes de estragar tudo?
Conhecemos uma pessoa aos dezesseis anos, namoramos
até os vinte anos, planejando casar.
Só que deixamos de viver dos dezesseis aos vinte uma fase
que deveria ser uma fase de preparo.
Ter alguém é uma demanda de sonhos, concentração e
tempo (como vai tempo no telefone, hein).
Aí, aos vinte, dá errado. Aos vinte, descobrimos que temos
gostos diferentes, sonhos diferentes.
Nisso já foram quatro anos da nossa juventude jogados fora,
quando poderíamo estar nos preparando como pessoas, profis-
sionalmente, ministerialmente, para então, quem sabe, conhecer
alguém quando as coisas já estiverem organizadas e encaminha-
das, alguém que realmente esteja indo para o mesmo lugar, e que,
por estar indo para o mesmo lugar, encontramos no caminho.
E se você não for a pessoa certa? Está atrasando a vida do
seu amor.
Se você a ama realmente, veja se é um beneficio ou um
prejuízo para sua vida.

173
Ao invés dessa garota passar horas
SE VOCÊ A AMA no telefone com você, ela poderia estar
REALMENTE,
estudando, trabalhando, orando, pregan-
VEJA SE É UM
BENEFICIO OU do. Fazendo um monte de coisas mais
UM PREJUÍZO urgentes do que dizer que te ama.
PARA SUA VIDA Casar não é o principal. Existe um
relacionamento que é mais importante.
Nesse exato momento, tem alguém
que olha para você, que te conhece des-
de seu nascimento, que te deu a vida, que salvou sua vida, a
quem você deve a vida. Esse alguém é Deus.
Esse relacionamento é muito mais relevante que um ca-
samento, e é eterno.
Use seu tempo agora com esse relacionamento; gaste, ou
melhor, invista seu tempo, sua juventude, foque nas coisas que
são eternas – veja Jesus como sua maior possibilidade.
Dane-se! Não nasci para viver um romance, nasci para
cumprir a missão.
Não que um romance não venha a acontecer, ou não pos-
sa acontecer, mas é algo que jamais deveria ser o foco dos
seus dias.
Um romance com o Eterno, no máximo, pode vir a ser seu
foco, e, quem ama, obedece.
Obedece a missão de continuar o que Ele começou, até que
Ele venha.
Sinceramente, se seu foco não for esse, viverá por nada,
ou nada realmente relevante. Conhecerá pessoas que vivem
por nada realmente relevante.

174
Somente quando o Reino dos Céus é prioridade, é que
todo o resto se encaixa.
Até lá, está tudo pela metade, inclusive nossa existência e
nosso casamento.
Não existe a possibilidade de se falar com cristãos sem ape-
lar para a verdade eterna do amor a Deus – é isso que te faz
cristão. Sendo cristãos, esse é o motivo real da nossa existência.

175
11
DEIXE O
NAMORO
PARA
DEPOIS
E SEJA
FELIZ

177
alma, não fique triste! Ficar triste especialmente
agora, não te ajudará em nada. Como diz Mal-
danato em uma de suas cartas a Vermelino, “é
ali, em seus momentos de maior tristeza, que
será mais fácil de cair as tentações”. - É mais fácil pecar
quando se está triste do que quando se está feliz.
Seja sincero, quando você decidiu ligar o computador
para ver besteira, é porque estava feliz?
“Bora” ficar feliz, então! Tirar a poeira de cima da cabe-
ça e se mexer. É incrível como a felicidade é uma força que
nos move, nos motiva, nos inspira.
Não é à toa que Paulo dizia para nos alegrarmos. Te-
nho certeza de que sim, é um princípio de gratidão, mas
ele, com toda certeza, em sua vida experimentou momen-
tos de tristeza.
Se não for para escrever uma música, ou um poema, essa
tristeza não te ajudará muito (dizem que a tristeza ajuda na
arte). O que te ajuda mesmo é a felicidade!
Esta é a hora de ser feliz, realmente feliz, e nada melhor
do que perceber seu futuro dando certo, ver as coisas que
você sonhou e planejou dando certo.
Preste atenção na frase anterior, “planejou”!
Não tem como você continuar algo ou construir algo se
não souber exatamente para onde está indo.
Esse é um ponto crucial na ideia deste livro – realmente

178
saber para onde estamos indo, saber
que o casamento não deve ser esse SENDO ESSE
destino, e sim, o meio. ALVO ETERNO,
PRECISO DIZER
O final é outra coisa. O alvo não QUE EU NÃO
foi eu que decidi, decidiram por mim NASCI PARA
e me chamaram para fazer parte da- UM ROMANCE,
NASCI PARA
quilo que já estava decidido.
UMA MISSÃO,
O alvo foi escolhido pelo mes- E CUMPRIR
mo que me criou; vai além desta ESSA MISSÃO
vida, é eterno. É O OBJETIVO
DESTA CURTA
Sendo este alvo eterno, preciso EXISTÊNCIA
dizer que eu não nasci para um ro- QUE TENHO
mance, nasci para uma missão, e NESSA TERRA.
cumprir essa missão é o objetivo des-
ta curta existência que tenho nessa Terra.
Este é o meu plano, não sei qual é o seu, é impossível que eu
saiba o seu objetivo (a não ser que leia seu livro também – escreva
um livro!).
Acredito que todos temos objetivos na vida. Decidi escre-
ver este livro por acreditar que talvez existam pessoas que ain-
da não descobriram o seu, ou que também podem ter decidido
pelo objetivo errado.
Espero ajudá-lo a decidir pelo certo. Só que, como não sei
seu plano, se torna muito difícil responder aqui algumas coisas
que só você poderia responder.
Eu preciso viver por algo que me faça sair da cama de ma-
nhã com vontade de viver! Algo que estimule meu raciocínio
e me desafie todos os dias. Glória a Deus pelo Evangelho e a

179
missão que Cristo nos deixou, para mim não existe algo que
traga mais adrenalina na minha vida!
Tendo essa missão dada pelo Messias, preciso então colo-
car meu coração nisso!
Inútil seria dizer estas palavras se esse não fosse este o es-
copo da obra, completar a missão com um “parabéns” no final!
Um mundo irreal, sem a verdade Divina, seria totalmente
diferente. A entrega seria outra, os planos outros e a motivação
com certeza completamente diferente. Porém, existe um Deus
no céu, o que muda totalmente a narrativa.
Para atuar da melhor forma possível nessa missão que me
foi dada, preciso então por os pingos nos “is” nesta minha vida.
Organizá-la!
Não posso dizer exatamente qual é a hora certa para casar,
porém, certamente te posso dizer qual é a hora errada.
Você também pode dizer, “não é difícil de responder isso,
basta olhar para suas circunstâncias e planos”.
Antes de me engajar com alguém, preciso estar preparado
para levá-la até o altar e dizer “sim”. Não só preparado psico-
logicamente (o que é difícil, hein), mas preparado para tudo
aquilo que estou desenhando em minha vida com Deus.
Por que você casaria agora? Por carência? Para não pecar?
Para não ficar sozinho, ou, talvez, para fazer essa pessoa fe-
liz? Pode ser que eu tenha encontrado a mulher da minha vida,
okay, ótimo. São ótimas as alternativas.
No entanto, mudo a pergunta; na verdade, adiciono um
“se” nesta mesma pergunta, e gostaria que você também o adi-
cionasse e se perguntasse a si mesmo.

180
Por que casaria agora, se…
Ai, meu amigo, uhmmmm, existem tantos “ses”. Irei te
dizer alguns meus.
Por que casaria agora se tem a vida toda para fazer isso, e ago-
ra só se tem apenas vinte anos? Por que casaria agora se ainda não
realizou coisas que só serão possíveis serem realizadas solteiro?
Por que casaria agora se ainda não consegue manter uma
casa sozinho?
Por que casaria agora se o dinheiro que seria investido nis-
so poderia usar em tantas outras viagens mais urgentes do que
um casamento?
Por que casaria agora se precisa de muito tempo para ler
todos os livros da sua estante, se preparando, assim, para dis-
cutir tantos assuntos que serão necessários nesse objetivo final
que deseja realizar?
Por que casaria agora se precisa de tempo e concentração
para fazer muitas coisas que de fato são urgentes.
Por que casaria agora se nem terminou de pagar sua fa-
culdade?
Por que casaria agora se tem outras prioridades na vida?
Por que casaria agora?
A grande luta entre buscarmos um amor agora ou não é
se estamos realmente satisfeitos com o que estamos vivendo.
Sabemos que temos muita coisa para fazer e, talvez, um casa-
mento não ajudaria nesse momento.
Vejo tantas situações alarmantes que acontecem neste exa-
to momento ao redor do mundo. Vejo tantas desgraças aconte-
cendo e sonho em fazer alguma coisa por eles.

181
Quem se importará com as crianças órfãs da África? Quem
se importará com a igreja perseguida? Quem se importará com
uma geração entregue ao extremo materialismo, achando que
esta vida é tudo que teremos?
Onde estão aqueles que farão algo para mudar a realidade
às vezes tão triste do mundo em que vivemos?
As mulheres sendo traficadas, crianças sendo abusadas,
pessoas se entregando a mentiras pensando serem a verdade,
dando tudo o que tem a charlatões que falam em nome de Deus.
Quem irá se levantar?
Oh!, Senhor, envia-me a mim!
Dizendo “envia-me”, preciso entender a responsabilidade
que isso carrega, e muitas vezes, há o preço também.
Pode ser que, agora, o preço necessário para que eu ajude
de uma forma mais efetiva em todas essas situações seja real-
mente estar só, e focar nas maiores necessidades.
Precisamos ser sinceros conosco para entendermos se
esta é ou não a hora de ter alguém.

SEJA SINCERO Seja sincero com você, com Deus e


COM VOCÊ, até mesmo sincero com alguém que
COM DEUS E eventualmente venha a conhecer.
ATÉ MESMO
Tenho o desejo de ser mártir, e
SINCERO COM
ALGUÉM QUE morrer cedo não seria um problema, na
EVENTUALMENTE verdade, até preferiria. Imagine você, o
VENHA A peso que significaria para nossa geração
CONHECER.
hoje ver um jovem que morreu por Je-
sus. Estaria disposto, mas não depende
de mim, depende dEle. Eu o sigo.

182
Qual é o preço? Será que essa missão merece uma entre-
ga total da minha vida? Será que poderia dizer que sou como
aqueles no livro de Apocalipse, que não amaram a própria vida
mesmo diante da morte? Parafraseando, não amaram a própria
vida mesmo no dia do teu casamento? Não amaram a própria
vida mesmo diante de um aumento salarial?
É isso que esse versículo significa para mim, não amar a
própria vida mesmo diante da minha vida!
Se a Bíblia significa alguma coisa para mim, essa precisa
ser minha resposta, para os “sins” e para os “nãos”.
Custe o que custar.
Sim, isso me faz feliz, na verdade, é isso que verdadeira-
mente me faz feliz, saber que estou fazendo o que Deus espera
de mim, estou fazendo bem aos meus conterrâneos deste pla-
neta aqui!
Chegar no fim da vida e saber que realizei algo que ajudou,
que mudou a vida de alguém, e que, principalmente, agradou a
Deus; me fará feliz, não só agora, mas eternamente.
Eu sei, por experiência própria, que, se namorasse alguém
aos dezoito anos (eu namorei, você sabe), não teria estabilidade
emocional para dar o que essa pessoa precisa. Estava ocupado,
muito ocupado. Não era a hora.
Além de que há também o fato de que namorar alguém
naquele momento significaria pensar em mais uma coisa, e
pensar muito!
Você já namorou? Já namorou na adolescência?
Jogamos tempo no ralo, jogamos concentração no ralo.
Não conseguiria focar nas duas coisas. Ou encontro alguém

183
na hora certa, fazendo a coisa certa, ou morrem meus planos.
Somos muito intensos em tudo o que fazemos, e por isso
somos intensos em relacionamentos também. Gostamos de es-
tar perto, de dar atenção, de ligar, de estar junto.
Sabendo disso, precisamos proteger de nós mesmos as
prioridades da nossa vida. Neste exato momento onde o pon-
teiro do relógio está, estar em um relacionamento significaria
não estar em tantos outros lugares em que poderíamos e até
deveríamos estar.
É uma decisão muitas vezes difícil, mas bastante necessária.
Optar pelo mais importante é sempre uma tarefa árdua.
Vamos fazer o quê?
Nossa vida não é um jogo de video game, temos uma só.
Se eu não for duro comigo mesmo, e me forçar a tomar as
decisões corretas nos momentos corretos, corro o risco de me
perder no caminho.
Para o leitor, até pareça que o autor não é romântico. Muito
pelo contrário, sou, sim, e muito, até demais, porém, sou român-
tico com a vida em si, por todos os momentos da vida, um apai-
xonado pela existência.
Sei que o que está aqui hoje, não estará amanhã; se perder
esse trem, não sei se pegarei outro.
Quero aproveitar cada minuto, fazer o que tenho de fazer
agora e fazer da melhor forma possível.
Não me perdoaria um dia chegar diante do trono de Deus
e “descobrir” que era tudo verdade, que tudo aquilo que passei
a vida ouvindo e até mesmo pregando era realmente a absoluta
verdade e, no entanto, não acreditei o suficiente para ter en-

184
tregado toda minha vida, e principalmente a minha juventude.
Eu irei correr o mundo e, como eu disse a minha ex-namo-
rada que se recusou a me apoiar na missão, I will be somewhe-
re working for the Lord! É isso que faço e é também o que
estarei fazendo por toda a minha vida, casado ou não.
Quanto a você, ficou bem claro que o meu real desejo é
que você desista de se casar e também de namorar antes de re-
almente saber o porquê de ter nascido, e saber que está fazendo
aquilo para o que veio fazer com todas as suas forças!
Argumento para que você exclua todas as possibilidades
contrárias ao seu propósito principal, agradar ao Senhor, deixan-
do de pensar em sexo e até mesmo em namoro ou casamento.
Seja inteligente consigo
mesmo, por que raios você iria
pensar em algo que não pode SEJA INTELIGENTE
CONSIGO MESMO,
viver, gastar tempo com algo
POR QUE RAIOS
que no momento te atrapalha- VOCÊ IRIA PENSAR
rá a viver aquilo que entende EM ALGO QUE
NÃO PODE VIVER,
como de maior importância
GASTAR TEMPO
nesta sua passageira existência? COM ALGO QUE
Entendo e aceito que você NO MOMENTO TE
pode até não concordar comi- ATRAPALHARÁ
A VIVER AQUILO
go, tem todo o direito. Mas,
QUE ENTENDE
antes de jogar o livro fora e COMO DE MAIOR
me dar um dislike, achando IMPORTÂNCIA
NESTA SUA
que pode sim conhecer alguém
PASSAGEIRA
agora e se apaixonar, viver EXISTÊNCIA?
esse amor, e que esse amor

185
será ótimo para o que esta vivendo agora, te completará e ponto,
gostaria que pensasse em algo que pode fazer uma grande dife-
rença na sua decisão.
Se concorda que existe um Deus nos Céus que te criou,
que te salvou, que demonstrou todo amor do mundo envian-
do o seu Filho para pagar um preço que você jamais poderia
desembolsar, também tem de concordar que Ele deve ser sua
prioridade. Ou não?
Concordando, então, que Deus é sua prioridade, olhe para
si mesmo. Procure no seu coração, no mais profundo, pergunte
a si mesmo, reflita, desenhe, escreva, passe algum momento
entre você e você mesmo para chegar ao conhecimento real da
sua situação.
Não vá pelos sentimentos ou promessas bonitas, não vá
pelos sonhos passageiros, pelas carícias e nem pela carência.
Pense!
Será que isso que está vivendo agora, isso que está plane-
jando agora, toma Deus como sua absoluta prioridade? Será que
coopera com aquilo que Ele disse sobre você e que faz parte da
sua missão na sua vida?
Será que esse relacionamento que você está ou está pen-
sando em entrar, faz parte dessa entrega total a Deus?
Examinando com toda sinceridade do mundo, se sua res-
posta for sim, então pode jogar este livro para lá; não é um livro
para você.
No entanto, se essa não for sua realidade, percebeu que
está fazendo uma besteira e que esse relacionamento não te
ajudará em nada agora, continue a leitura porque vai ficar boa

186
(caso seja solteiro, leia porque precisará aconselhar seus ami-
gos com isso aqui).
Se a sua situação se encaixa no “estar entrando em um re-
lacionamento”, pare agora. Dado que este relacionamento não
fará bem ao relacionamento principal da sua vida, fuja dele
agora, pare, desiste, deixe para lá! Ainda dá tempo de dizer
não, de por as coisas no lugar.
Caso você já esteja um pouco avançado e já esteja namo-
rando, será um pouco mais complicado, porém, irei te ajudar.
Falando de irmão para irmão, de alguém que deseja seu
melhor, alguém que realmente quer te ver servindo a Deus de
todo coração, quero te dar um conselho.
Termina! Termina agora, tem de ser agora.
Não continue no erro! Contudo, já vou te avisando, vai
doer, e muito. Melhor seria se doesse só da sua parte, mas doerá
das duas.
Foi assim quando terminei com a Bia, aquela primeira
namorada. Assim que li o e-mail de resposta dela a meu pai,
ele disse uma frase que foi muito dolorida para mim: “escor-
reram lágrimas dos olhos dessa menina”.
Meu irmão, aquilo foi como uma faca no meio do meu
peito. Eu estava disposto a sofrer, tinha feito minha escolha,
mas não contava com o sofrimento dela também; não comecei
a namorar para isso e não terminei para isso.
Meu pai estava certo, ela realmente sofreu.
Seu namorado ou namorada irá sofrer, você irá sofrer, vai
doer um monte (estou te avisando com antecedência).
Só que, olhe para frente, feche os olhos agora e veja a ale-

187
gria que está proposta. Veja o motivo real desse rompimento,
imagine para onde isso irá te levar, o caminho que se abre. Se
conseguir admirar o que está por vir a frente, conseguirá passar
pela dor, assim como Jesus que suportou a cruz pela alegria que
estava proposta.
A dor que o Cristo sofreu ali não foi qualquer dor. Ele es-
tava pronto para levar sobre si toda a ira de Deus, tanto é que
por um minuto Ele temeu, pediu para que passasse o cálice se
possível. No entanto, resistiu e decidiu que a vontade do Pai
fosse feita, sabendo que sua vontade é sempre boa, perfeita e
agradável. Ele entregou totalmente ao seu propósito, suando
sangue, tremendo, orou pedindo o melhor para si mesmo: “seja
feita tua vontade!”.
Jesus passou pela cruz, pela ira, pela morte e o inferno,
para que então chegasse o momento que Ele esperava, em que
acredito que era onde seus olhos estavam fixados, o momento
em que o Pai seria glorificado, glorificando seu Filho Jesus, e a
Ele foi dado o nome que está sobre todo nome, o nome diante
do qual todo joelho se dobrará e que toda língua confessará que
é o Senhor.
Por causa daquele momento de extremo sofrimento, bi-
lhões de pessoas tiveram suas vidas resgatadas por esse nome
que o Pai exaltou e deu toda autoridade, tanto nos Céus quanto
na Terra.
Por ter passado por algo tão difícil, Ele pode se alegrar e
ver o fruto do seu salário, pode chegar até João e dizer, “eis que
estava morto, mas hoje vivo e vivo para sempre, e tenho nas
minhas mãos as chaves do inferno e da morte”.

188
Ele sabia para onde estava indo. Em um momento de fra-
queza, pensou em desistir, porém, entregando-se a vontade do
Pai, viu o resultado extraordinário da sua obediência.
Tenho certeza que era para lá que Ele olhava.
Não estou dizendo que com essa decisão você virará o
Messias, “pelamor” de Deus, que heresia seria essa?
O que estou dizendo é que esta é a vontade de Deus para
você: terminar seu namoro e se entregar totalmente para Ele ago-
ra. Você verá o fruto do seu trabalho também, você verá a vonta-
de de Deus se realizando na sua vida. Saiba, o que Deus pode te
dar, nenhum homem jamais dará!
Vai doer? Vai, mas com toda certeza, valerá a pena!
Então olhe para lá, para a linha de chegada!
No meu caso de amor na adolescência, a alegria que estava
proposta era servir a Jesus. Eu não sabia exatamente como, não
sabia exatamente onde, o que sabia era que Jesus estava diante
de mim.
O que eu posso dizer para te encorajar a fazer o que preci-
sa? Confie em Deus, o que Ele tem é sempre melhor!
Terminar nunca é fácil, só que é mais simples do que você
imagina.
Ligue para ele, diga que quer vê-lo e fale a verdade,
diga que quer terminar.
É assim, simples assim.
Depois que terminar, faça com que essa seja sua decisão
final, apague as fotos do celular, e o número também.
Se desejar realmente fazer isso, corte contato. Continuar
conversando só irá dificultar mais as coisas. Sabendo que é isso

189
que precisa fazer, termine e corte contato o mais rápido possível.
A saudade irá bater, mais do que a saudade, o hábito de estar
sempre junto, de ter aquela pessoa sempre a disposição para con-
versar, para sair, e até mesmo para brigar.
Inicialmente, isso tudo irá fazer muita falta, você vai sentir
falta até das chatices que não aguentava mais, mas seja forte.
Corte contato.
Estou repetindo várias vezes para cortar contato porque
realmente isso será crucial na sua decisão. Saiba que a carência
irá bater e você será muito tentado a ligar para essa pessoa, e
ela ligará para você. Corte contato, bloqueie o numero.
Você precisa tomar uma decisão severa se realmente pre-
cisa terminar. Apague as fotos, bloqueie o contato e o facebook
também! Não atrapalhe sua decisão, isso só te fará sofrer mais.
Lembre-se da alegria que está proposta e corra para lá!
A partir de agora, o alvo precisa estar o tempo todo diante dos
seus olhos!
Colocar na balança o que é mais importante para você – só
isso te manterá correndo.
Nos dias de solidão, ligue para um amigo, assista um fil-
me, chore e ore, ore muito.
Em alguns meses, esses sentimentos vão passar, acredite
em mim. Parece que é para sempre, mas não é não, fique tran-
quilo, essa dor passa, esse desespero de, “oh!, meu Deus, o que
farei da vida agora que não tenho ninguém”, passará.
O que ficará? A alegria que está proposta! Você estará livre
para cumprir o que precisa, com tudo que você é!
Depois da dor, descobrirá a liberdade de voar. Tire esse

190
momento para viver para si mesmo,
para se conhecer, melhorar, encontrar DEPOIS DA DOR,
DESCOBRIRÁ A
a vida de Deus.
LIBERDADE DE
Então, pronto, o argumento nem é VOAR. TIRE ESSE
mais o que será bom para você, mas o MOMENTO PARA
que é bom para Ele. VIVER PARA SI
MESMO, PARA
Se você já está em um relacio- SE CONHECER,
namento que te afasta de glorificar a MELHORAR,
Deus com sua vida, termine-o, simples ENCONTRAR A
VIDA DE DEUS.
assim!
Se seus planos estão te afastando
de glorificar a Deus com toda sua vida,
mude seus planos, alinhe sua vida com os planos eternos de
Deus – é nisso que a vida se constitui.
Pode ter certeza de que, assim como existem pessoas que
te afastam de Deus, também existem pessoas que te aproxima-
rão dEle; porém, não existe ninguém que possa te aproximar
mais de Deus do que você mesmo, e talvez este seja seu mo-
mento de se aproximar.
Não é porque não está namorando alguém que você ficará
parado esperando a vida passar. Tendo a bagagem mais leve se
viaja mais rápido. Aproveite este momento para voar.

191
12
ENQUAN-
TO A FILA
NÃO
ANDA,
EU ANDO

193
spero que você tenha entendido que o esforço ao
escrever livro foi de querer te ajudar e ver que entre
a adolescência e o casamento existem anos de vida
disponíveis a serem vividos e que seria um desper-
dício não vivê-los ao máximo, com a cabeça aqui e agora, ex-
perimentando os melhores anos da sua vida, da melhor forma
possível, glorificando ao Senhor.
Daqui há alguns anos, você olhará para trás e dirá, como
nossos pais dizem, “ah!, quando eu tinha dezoito anos...”.
Aproveite este momento, aproveite seus dias, sua juventude,
esses anos jamais voltarão e só se vive uma vez.
Também devo dizer que, se você chegou até aqui, está
fazendo muito bem. Já está com meio caminho andado para
aquilo que um dia será um ato tão importante na sua vida, o
casamento.
Tenho certeza de que, quando tomar essa decisão, será com a
cabeça no lugar correto, tendo planejado e se preparado para tanto,
entendendo que não precisa correr para tomar uma decisão que
será para a vida inteira.
Porém, digo que esteja já com meio caminho andado não
porque este livro resolveu todos seus problemas (longe disso,
acho que te deu ainda mais problemas), mas sim porque você
realizou uma das tarefas mais difíceis da nossa geração: está
terminando o que começou.
Parabéns, este é o caminho para que todo o resto aconteça

194
na sua vida. Ter palavra consigo mesmo e compromisso com
as coisas que planejou te levarão longe.
Além de chegar aos lugares que pla-
MUITAS VEZES
neja, terminar uma tarefa é tão bom para NOS SENTIMOS
você que até o seu cérebro reage a isso INCAPAZES
liberando dopamina, o que te deixa feliz NÃO PORQUE
REALMENTE O
e satisfeito.
SOMOS, MAS
Muitas vezes nos sentimos incapa- PORQUE NÃO
zes não porque realmente o somos, mas TERMINAMOS
porque não terminamos aquilo que co-
AQUILO QUE
COMEÇAMOS.
meçamos. Completar uma tarefa será
uma ferramenta muito necessária na sua
vida, e, como diz o título deste capitulo,
enquanto a fila não anda, eu ando!
Enquanto não chegar o momento em que estará seguro
para tomar tal decisão, se prepare para ele.
Qualquer atleta se prepara para um grande torneio. Assim
como eles, devemos nos preparar para o grande dia.
Realize os sonhos que deve realizar ainda solteiro, não se
case frustrado consigo mesmo, case-se satisfeito e feliz. Não case
porque se sente miserável sozinho, case porque chegou o momen-
to de virar a chave e começar um novo ciclo, que, se for pensado e
melhor planejado, trará muito mais felicidade para todos.
Dentro das suas decisões, lembre-se de onde elas deverão
ser feitas, e qual é o seu motivador, quem é o doador da vida,
quem a desenhou?
Nada parte de você. Existe alguém acima da sua realida-
de – volte-se a Ele.

195
É maravilhoso saber que Deus não está contra nós e que
preparou um caminho para seguirmos, nos deu as coordenadas,
e, através de um coração voltado a Ele, recebendo seu amor,
conseguiremos ir em frente.
Para tudo que você se dispõe a viver, é crucial a consciên-
cia desse fato, o entendimento de que Deus te ama – por causa
deste amor, todo o resto é possível.
Em minha vida, reconheço que foram seu amor e sua bon-
dade que me trouxeram até aqui.
Olho e vejo o Seu favor em minha vida, Sua misericórdia
em todos os momentos e, sabendo que conquistar esse favor
não foi um feito meu. Acredito e tenho como base de vida o
fato de que, se Deus é por nós, quem será contra nós?
Tenho a convicção, através da mensagem do Evangelho,
de que foi feito por mim o que eu não poderia fazer sozinho.
Talvez, durante a leitura, você tenha sentido o peso da
necessidade da conquista da sua própria vida, que, por vezes,
pode ser um grande esforço, e seria um esforço impossível de
se fazer se não fosse a possibilidade de vivermos tudo isso
em Cristo!
A possibilidade de estar em Cristo é impossível de se
conquistar; a única forma possível é ganhando esse presente
de Deus.
Funciona basicamente assim: eu não faço e então recebo,
eu recebo e então faço. A graça de Deus é o piso, a base, o ali-
cerce para a minha vida; é a partir dali que tudo acontece.
O mundo te dirá, “faça para ser”, enquanto o Evangelho te
diz, “seja para fazer”. Esse “ser” é o estar em Cristo, não é uma

196
conquista própria, é uma dádiva do Céu. Para nós, é impossível
ser, mas Ele nos faz.
Deus poderia nos dar a tarefa terrível de passar por essa
vida sozinhos, porém, não é assim, Ele está conosco!
Então, meu querido irmão ou irmã, vá para cima, se entre-
gue a Deus, conheça a vida, experimente a existência, a verda-
de, a realidade atemporal e também temporal!
Seja sincero consigo mesmo, tire as máscaras, viva para a
glória de Deus, viva!
Atravesse rios, suba montanhas, desça os vales, entre em
cavernas, faça fogueiras, acampe, surfe ou não faça nada disso,
mas saia da cama, olhe para sol e sorria! Cristo vive e nEle vi-
vemos, nos movemos e existimos (é vida que não acaba mais)!
Enquanto não encontra a pessoa que será para sempre sua,
seja leal consigo mesmo, cuide bem de si, e só então cuidará bem
de mais alguém.
Faça da sua vida uma vida que você goste de viver! Já
que está aqui, se organize, planeje, mantenha o foco no lugar
certo e faça a lição de casa.
Escrevi este livro porque acredito de todo coração que
você irá se casar.
Comecei o livro dizendo que não queria que pensasse
em casamento, mas só o escrevi porque sou eu que estou
pensando em seu casamento e desejo que ele seja o mais
feliz possível.
Que você seja o melhor pai ou mãe do mundo, esse é o
desejo de Deus.
Uma família saudável é uma das maiores provas da Ver-

197
dade do Evangelho. O mun-
UMA FAMÍLIA do precisa testemunhar essa
SAUDÁVEL É UMA verdade, uma vez que nossa
DAS MAIORES
PROVAS DA sociedade está doente porque
VERDADE DO as famílias estão doentes.
EVANGELHO. O Deus quer te usar para
MUNDO PRECISA
mudar essa história. No fi-
TESTEMUNHAR ESSA
VERDADE, UMA nal, até a sua felicidade será
VEZ QUE NOSSA usada para a gloria de Deus
SOCIEDADE ESTÁ e propagação do Evangelho
DOENTE PORQUE
AS FAMÍLIAS ESTÃO (esse Deus é muito bom).
DOENTES. Porém, creio que você
DEUS QUER TE deve concordar que existem
USAR PARA MUDAR
passos necessários para se che-
ESSA HISTÓRIA. NO
FINAL, ATÉ A SUA gar até lá, degraus, níveis, fases.
FELICIDADE SERÁ Viva, então, uma fase de
USADA PARA A cada vez, e aproveite o máxi-
GLORIA DE DEUS E
PROPAGAÇÃO DO mo cada uma delas.
EVANGELHO (ESSE Chegará o dia de ser o
DEUS É MUITO BOM). melhor marido; no entanto,
enquanto esse dia não chega,
seja o melhor aluno, o melhor amigo.
Não estou dizendo para ser o melhor de todos, você não
precisa ser e nem deve ser, mas seja a sua melhor versão em
tudo o que faz.
De tudo que fiz nesta vida, nunca fui o melhor, mas sempre
fiz o meu melhor.
Então, é isto: em tudo, faça seu melhor, vista a camisa da

198
sua vida, assuma suas responsabilidades como o pai/mãe de
família que um dia deseja ser.
No fim de tudo, o segredo é amar: amar a Deus, e ao pró-
ximo como ama a si mesmo.
Resumindo, ame!
Apaixone-se, apaixone-se pela vida que está diante de você!
Com amor, de seu irmão,
Luca Martini.

199
Fontes: Gotham e liberation Serif
Impressão: Geográfica
Papel Miolo: Polem Soft 70g/m2
Papel Capa: Supremo 250g/m2

Você também pode gostar