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TEMA: METODOLOGIA DO ENSINO DA FÍSICA

INTRODUÇÃO

Assim como os demais campos do conhecimento voltados para o ensino, a


Física tem apresentado, ao longo dos anos, diversas correntes didático-
metodológicas que, através de seus aspectos, contribuíram para que este ensino se
tornasse cada vez mais eficaz à prática docente e à Educação, em geral. Sendo
assim, pensando a metodologia do ensino da física, farei breves apontamentos
sobre três artigos que apresentam contribuições para o ensino desta disciplina.

ARTIGO 1: ENSINO DE FÍSICA NO BRASIL: RETROSPECTIVA E


PERSPECTIVAS (DE MARCO ANTONIO MOREIRA, PUBLICADO EM 2000)

Como o título já sugere, este trabalho revisita didáticas anteriores, e traça um


percurso histórico para mostrar as mudanças com que o ensino de Física passou
durante os anos e as expectativas em torno de novas metodologias. Começando
pelo curso de Física, criado em 1956 no Instituto de Tecnologia de Massachusets:
Tratava-se de uma proposta de mudança no currículo destinado ao ensino médio
daquela época. Em 1960, surge a primeira edição desse Curso, e em 1963, ele
surge no Brasil, traduzido pela Universidade de Brasília. O problema em torno desse
projeto é que ele refletia sobre o ensino, mas não considerava a questão da
aprendizagem. Nos anos 70, surge outro movimento que passou a considerar a
aprendizagem; um movimento voltado para a pesquisa no ensino de Física que se
firmou durante anos através do estudo das Concepções Alternativas; depois com as
pesquisas sobre mudanças conceituais; após isso, com as percepções em torno dos
alunos e da formação inicial e continuada dos professores; e posteriormente, com o
ensino relacionado à contemporaneidade. Algumas décadas depois, a ideia da
importância do laboratório surgiu como um tratado: as práticas experimentais
deveriam estar integradas ao ensino de Física.
Quanto às perspectivas, o autor defende a modificação no currículo da
graduação, pois, segundo ele, é preciso dar mais atenção ao ensino da Física Geral
e outras disciplinas iniciais para que a base dos alunos torne-se mais consistente e
possa auxiliá-lo no decorrer do curso, contribuindo para efetivar a sua formação e
evitar prováveis evasões devido ao não aprendizado de conteúdos que requerem
uma boa base de aprendizagem. Por outro lado, as perspectivas para um ensino de
Física no ensino médio estão nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os
quais propõem um ensino mais significativo ao aluno, gradativo, contextualizado, de
possibilidades de práticas construtivas e com foco na formação cidadã. Os PCNs
também apontam que a sistematização do conhecimento deve prezar pela vivência
com elementos concretos próximos aos alunos, em situações reais de ensino; e que
os conteúdos devem sempre se atualizar.

ARTIGO 2: O PAPEL DA EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DA FÍSICA (DE SÉRÉ,


COELHO E NUNES, PUBLICADO EM 2003)

Segundo os autores deste trabalho, para compreendermos a questão dos


experimentos é preciso considerarmos a linguagem dos símbolos e os suportes
utilizados nos estudos dos fenômenos, porque toda experimentação é formada por
leis, teorias, linguagens e símbolos que se relacionam. Nesse sentido, as atividades
experimentais permitem ao aluno estabelecer relações entre a teoria e a prática,
pois torna concreta sua dimensão linguística; proporciona o trato com objetos
técnicos; possibilita a aplicação de técnicas de investigação; incentiva a tomada de
decisões e estimula o desenvolvimento de uma postura mais crítica frente aos
resultados. Sendo assim, uma teoria interligada à prática permite ao aluno comparar
objetos de estudo, através de preceitos e vivências concretas com esses objetos, a
fim de definir os objetivos específicos da prática. Um exemplo disso é quando se
utiliza a avaliação de ordem de grandeza para organizar seu experimento, pois tal
utilização requer que a teoria seja revisitada.
Sobre o papel dos procedimentos, posso afirmar que durante a produção de
um experimento, a organização da coleta de dados forma o referencial empírico, que
consiste na escolha de metodologias procedimentais, como as técnicas de medição
e tratamentos de dados.

ARTIGO 3: METODOLOGIAS ATIVAS APLICADAS NO ENSINO DE FÍSICA


PARA O ENSINO MÉDIO (DE RENATO ISAC FERNANDES E OUTROS
AUTORES, PUBLICADO EM 2018)

Para esses autores, como o ensino de Física se mostra ameaçado pela


instrumentalização de um conhecimento matemático limitado em suas fórmulas e
símbolos, comprometendo, assim, a transmissão do saber, as novas tecnologias que
têm surgido na sociedade apresentam-se como novas estratégias. Nesse sentido, as
escolas estão avançando progressivamente ao proporcionar que os alunos tenham
contato com diversos tipos de tecnologias. Por essa razão, a sala de aula invertida
(flipped classroom) surge como uma estratégia de ensino em que o aluno estuda os
conteúdos, de forma on-line, antes mesmo da aula presencial, para posteriormente,
na sala de aula, preocupar-se com a resolução de atividades teóricas ou
experimentais, visando à sistematização dos conhecimentos adquiridos no estudo
dos conteúdos. Ao professor será incumbido apenas o papel de gerenciar as
dificuldades que os alunos apresentarem e mediar todo esse processo de
construção do conhecimento, em que os alunos são os principais protagonistas do
seu desenvolvimento.
Das vantagens apresentadas por esse tipo de metodologia pode-se
mencionar: mais flexibilidade nos estudos dos materiais; e a criação de um
cronograma de estudos que contemple a rotina e o ritmo do processo de aquisição
do conhecimento desse aluno, diferente da sala de aula, que determina um tempo
limite para que a apreensão dos conteúdos ocorra. Além disso, a sala de aula
invertida surge como um ganho para o ensino, pois coloca o professor diante de
novas possibilidades aliadas à tecnologia, como forma de otimizar a relação entre
todos os participantes da sala de aula. Ao assumir a postura de mediador, os
professores dão lugar ao protagonismo dos alunos que passam a operacionalizar o
desenvolvimento dos trabalhos e assumir posturas de protagonismo e coletividade
no trabalho em grupo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: De acordo com o que foi apresentado, concluo que a


metodologia do ensino da física consiste num conjunto de reflexões sobre métodos,
técnicas, correntes científicas e conceitos, considerando-se seus contextos sócio-
históricos, a organização do espaço escolar e suas demandas essenciais para o
currículo vigente, portanto.

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