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Fichamento

A AVENTURA DA MODERNIDADE: OS CONTRADITÓRIOS CAMINHOS


DO PROGRESSO
• Começasse o capítulo discorrendo sobre a obra de Marshall Bermann cujo reabriu
debates sobre a questão da modernidade, "Berman busca resgatar a modernidade
com experiencia vital e histórica utilizando-se de pensamento de autores que
classifica como modernista. Contudo para Perry Anderson existia uma falta de
historicidade do conceito de modernidade na análise de Berman,ele ainda
completa ressaltando que o “capitalismo é descontinuo no seu processo de
realização ao longo do tempo e que mesmo no século XIX ele não se encontra
difundido de maneira uniforme". Berman ao responder da ênfase mais as questões
teóricas do que as dúvidas históricas, sustentando que as respostas não seriam
encontradas na teoria pronta, mas que seria necessário formulá-las.
• Ainda sobre a questão da não-historicidade e da ausência de dimensão classista do
conceito, à obra de Berman não centraliza sua análise neste processo de
transformações econômico-socias ou na ação classista da burguesia, contudo os
utiliza como pressuposto do seu ponto central de análise, que seria o resgate da
modernidade como experiência vital no pensamento e autores modernistas.
Argumenta-se ainda de forma positiva sobre a historicidade do conceito, vale
ressaltar que os autores citados por Berman são do século XIX, remetendo a este
recorte temporal como epicentro do fenômeno.
• Entendesse modernidade como vivência, considera-se ser o sistema de fabrica o
núcleo das transformações, seria o coração do capitalismo, enquanto a
modernidade seria a expressão da “alma” daquele processo.
• O “turbilhão de mudanças” seria a sensação de viver em dois mundos concedida no
auge do capitalismo no XIX, onde tudo seria superado rapidamente
repetidamente. Em Marx, Berman identificaria a postura-símbolo da
modernidade. De um lado, a burguesia, na sua pressa de destruir barreiras, abria
espaço a críticas ao próprio sistema, enquanto o capitalismo seria capaz de
conseguir forças de suas próprias crises internas." Crítica e repúdio, mas também
admiração, magia e fascínio pelo vigor de um sistema em construção.”
• Sobre o texto de Baudelaire (texto sobre o “Salão de 1846”), flui do texto o
indício de que o saber e a cultura devem ter o apoio o mecenato e a predileção da
classe burguesa, complementos necessários a uma situação de predomínio sobre a
sociedade que se apoiava sobre a riqueza. A ambiguidade, contudo, permanece uma
constante em Baudelaire.
Olhando por outro viés, esta mesma ordem burguesa, que foi responsável por um
surto de desenvolvimento tecnológico que concebeu ao mundo novas Invenções, é
encarada pelo escritor como catastrófica e destruidora da verdadeira arte e do belo.
Para Baudelaire, o progresso, sendo o domínio progressivo da matéria pelo homem,
era, ao mesmo tempo, uma invenção da filosofia do seu tempo. É
• Obtém-se, portanto, em Baudelaire, com também em Marx, uma atitude de
ambiguidade, diante da evidência do sucesso burguês e o reconhecimento de sua
capacidade transformadora da natureza e da relação entre os homens, por um
lado, e as consequências deste processo, por outro. A propagação do capitalismo,
tendo por emissário a figura da máquina, materialização do progresso, do avanço
da técnica e do engenho humano, instalaria na sociedade a crescente fascinação
pelo novo, pela recente descoberta, pelo fascinante invento, pelo engenho fantástico,
insuspeitado até então pelos homens de outras épocas.
• O século XIX foi um momento de transformação em múltipla escala. A população
aumentara e a sociedade se desenvolveu de uma forma avassaladora. Produtos
novos e máquinas desconhecidas comprovavam que a ciência aplicada à tecnologia
era capaz de quase tudo. O que predominava progresso, estimada às elites que dele
faziam o esteio de uma visão de mundo triunfante e otimista.
• “[...] o presente, até aí carregado de todo o passado, se volta para o futuro. Esta
sensibilidade nova para o futuro, sustentada pela ideia do progresso, arrasta uma
consciência alargada sobre o tempo. Em contrapartida, o passado não estando mais

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fixado nem limitado numa tradição dada, o artista vai procurar vieses além da
antiguidade ou do classicismo. [...] O tempo da modernidade é o presente, distinto
do passado e do futuro, e simultaneamente portador dos dois. Esta nova concepção
do tempo conduz o homem a conferir um valor específico à época na qual ele vive".
• Não se trata apenas de colocar ao consumo das populações que se aglomeram nas
cidades grande variedade de mercadorias, mas do processo mediante o qual
palavras, pessoas e processos se tornam eles próprios mercadorias. O sentido é, aqui,
mais uma vez aquele empregado por Marx, fetichista e alienador, pelo qual as
coisas passam a exprimir algo que não é explícito, ou se travestem de uma
aparência que encobre uma essência. Daí, o recurso de Benjamin ao processo de
pensar a realidade por meio de alegorias, imagens condicionadas pelo fetiche da
mercadoria.
• "A intenção de Benjamin era derivar do fetichismo das mercadorias todas as
‘fantasmagorias’ do século XIX: a da própria mercadoria, cujo valor de troca
esconde seu valor de uso; a do processo capitalista em seu conjunto, em que as
criações humanas assumem uma objetividade espectral em relação a seus criadores;
a da cultura, cuja autonomia aparente apagou os traços de sua gênese, e a das
formas de percepção espaço-temporal — as fantasmagorias do tempo, ilustradas pelo
jogador e pelo colecionador, ou as do espaço, ilustrada pelos flâneurs".
• Dessa forma, entende-se que tanto a aparência quanto a essência ou o
inexprimível são partes integrantes da mesma realidade.
• Nesse sentido, em sua proposta de fabricação-ocultação da realidade, o sistema
produz as suas utopias, por meio das quais uma época é capaz de pensar o seu
futuro.
• Se o progresso foi uma utopia que embalou os sonhos do século XIX, os novos
inventos, fruto da aplicação da ciência à tecnologia, adquiriram aos olhos da
multidão o síafusde fantasmagorias, surgidas no mundo moderno para encantar a
humanidade.

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• as fantasmagorias, categorias benjaminianas que se equivalem ao fetiche da
mercadoria de Marx, como imagens produzidas socialmente, funcionam como
imagens de desejo coletivo. Este inconsciente coletivo corresponderia a um
correlato, na ordem da imaginação, da reificação no sistema de mercadorias. \
• Se o caminho do progresso é a trilha fadada a percorrer por uma humanidade
arrastada pelo turbilhão do capitalismo, o mito do "eterno retorno", ou a
experiência da "eterna repetição", é recordado por Benjamin pela figura do
trabalhador na usina. Condenado a repetir mecanicamente os mesmos gestos e a
nunca ver a tarefa encerrada (uma vez que a produção é contínua e o trabalho
parcelado, distanciando o operário do produto final), sua personagem é
comparada à de Sísifo, também ele condenado a uma tarefa inglória e destinada a
não ter fim.
• Benjamin via justamente no acelerado envelhecimento das invenções e novidades
brotadas do capitalismo a marca da modernidade. A moda, condenada a se
renovar sem cessar, figura como o "eterno retorno do novo ao ponto de ser,
igualmente, a paródia desta novidade”
• Uma coisa, contudo, é resgatar o senso crítico presente nas mentes iluminadas dos
pensadores que, de uma forma dialética, perceberam as transformações materiais e
as socialidades do seu tempo e cujo pensamento chegou até nós. Outra é perceber
que, de forma acrítica e não consciente, aquele turbilhão de mudanças influiu nos
atores sociais anônimos do processo sob a forma de senso comum, de representações
mentais e de um imaginário social.
• Múltipla, polifacetada, contraditória, descontínua, como experiência vital, ela
pressupõe mais de um olhar. Resguardado o direito de opção e de busca de
articulação entre as dimensões culturais com as condições concretas de existência, o
fio condutor desta análise é o que situa a modernidade na senda da constituição
do capitalismo.
• Nesse contexto (Europa Ocidental, no momento em que triunfava o sistema de
fábrica como a forma histórica mais adequada à realização da mais-valia, da
elevação da produtividade, da consolidação da dominação burguesa, do
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adestramento operário à disciplina do trabalho), a modernidade é um fenômeno do
domínio da cultura, da expressão do pensamento, das sensações, das mentalidades e
da ideologia. Sua base nascedoura é a transformação burguesa do mundo, que dá
margem a um novo sentir e agir.

Aluno: João Antônio Braga Araújo


Professor: Dr. Samuel
Disciplina: Cultura do Projeto

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