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Sumário
Introdução...................................................................................................................................................3
A nossa história........................................................................................................................................4
Lutas e Conquistas................................................................................................................................14
Maria da Penha......................................................................................................................................24
Sobre o corpo..........................................................................................................................................49
Gênero.....................................................................................................................................................65
Ética Profissional.................................................................................................................................67
A rede de atendimento......................................................................................................................71
Prevenção e Combate.......................................................................................................................74
Referências Bibliográficas............................................................................................................78
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Introdução
Este curso foi construído para estudantes e profissionais
da psicologia com o objetivo de trazer formação e informação
sobre violência contra mulheres afim de capacitar o
recebimento e acolhimento das demandas nos serviços de
psicologia. É necessário compreender a violência contra a
mulher como uma questão de saúde pública e social é
importante para desenvolver um trabalho diante dos casos de
violência que surgem de forma cada vez mais numerosas nos
espaços onde se oferecem atendimento psicológico.
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A nossa história
O tema da violência contra mulheres precisa ser
entendido como uma questão de saúde pública e problema
social, que não se restringe a questões pontuais e sim a uma
estrutura social que contribui para a manutenção das
violências e que as abordagens precisam acontecer de forma
estrutural para mudanças efetivas e duradouras.
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A cultura indígena foi descrita a partir do paradigma
teológico e do princípio que OS BRANCOS ERAM OS ELEITOS
DE DEUS, E POR ISSO SUPERIORES AOS POVOS DO
CONTINENTE. O que era visto como marcas da barbárie era o
desconhecimento da palavra revelada (bíblia e Deus) e
ausência de organização estatal e da escrita (ditas feitorias
que ocorria por onde os portugueses passavam, fazendo uma
“organização”).
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Uma forma excepcional de resistência dos índios
consistiu no isolamento, alcançado através de contínuos
deslocamentos para regiões cada vez mais pobres. Em
limites muito estreitos, esse recurso permitiu a
preservação de uma herança biológica, social e cultural.
Mas, no conjunto, a palavra "catástrofe" é mesmo a mais
adequada para designar o destino da população
ameríndia. Milhões de índios viviam no Brasil na época
da conquista e apenas cerca de 250 mil existem nos dias
de hoje.
Ameaça francesa à posse do Brasil pelos portugueses
- Considerações políticas levaram a Coroa Portuguesa à
convicção de que era necessário colonizar a nova terra. A
expedição de Martim Afonso de Sousa (1530-1533)
representou um momento de transição entre o velho e o
novo período. Tinha por objetivo patrulhar a costa,
estabelecer uma colônia através da concessão não-
hereditária de terras aos povoadores que trazia (São
Vicente, 1532) e explorar a terra, tendo em vista a
necessidade de sua efetiva ocupação.
Há indícios de que Martim Afonso ainda se encontrava
no Brasil quando Dom João III decidiu-se pela criação
das capitanias hereditárias. O Brasil foi dividido em
quinze quinhões, por uma série de linhas paralelas ao
equador que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas,
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sendo os quinhões entregues aos chamados capitães-
donatários. Eles constituíam um grupo diversificado, no
qual havia gente da pequena nobreza, burocratas e
comerciantes, tendo em comum suas ligações com a
Coroa. E com os portugueses chegam uma organização
social - uma estrutura pronta com papéis sociais e
religiosos estabelecidos.
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tem uma justificativa para tal situação, pasmem): O homem
era superior e portanto cabia a ele exercer a autoridade. E
São Paulo na epístola aos efésios não deixa dúvidas
(escritos a mais de mil datada entre 60 e 63 DC. anos em
outra estrutura social e em outro continente):
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carnal, insaciável das mulheres, desta forma se daria a
associação entre sexualidade e feitiçaria.
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As condições impostas a formação de mulheres se
tratava de uma característica biológica que determinava
seu destino, o sexo biológico como único determinante do
destino dessas mulheres e tal definição já possuía seu
destino traçado, um roteiro pronto a ser seguido.
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predominância de um sexo único. Segundo essa teoria, entre
homens e mulheres haveria apenas uma diferença de grau,
sendo mulheres consideradas homens menores. (Zanello,
2018).
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importantes transformações sociais – consolidação do
capitalismo com a revolução social - momento de profundas
mudanças sociais , dentre elas o sonho da mobilidade social
para todos (menos mulheres e escravos e ex-escravos) e a
distinção entre público e privado, para justificar e deixar de
fora as mulheres e as deixasse dedicadas ao trabalho no
âmbito privado, foi através da afirmação das diferenças físicas
que as sociais foram naturalizadas.
Observação:
O que é capitalismo?
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capitalismo ou capitalismo comercial, o mercantilismo
(expansão marítima BR) - 2 fase final sec XVIII e início do
XIX capitalismo industrial revolução industrial Inglaterra
(imperialismo) Revolução francesa – 3 fase capitalismo
financeiro século XX segunda revolução industrial, revolução
tecnológica (hoje) especulações de estarmos entrando em
uma nova fase (máquina de moer gente)
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mal estar provocado mobilizou movimentos sociais como a
luta feminista, que teve início com mulheres brancas de classe
média e alta que sofriam com as desigualdades impostas. Por
outro lado, as desigualdades esse lugar restrito a
domesticidade foi apresentada como uma forma de
empoderamento colonizado às mulheres. Por ter corpo de
mulher deveriam ser exaltadas como mães, formadoras, o
futuro da nação.
Lutas e Conquistas
Constituição de 1824 (Brasil Império):
Apoiado pelo Partido Português, constituído por ricos
comerciantes portugueses e altos funcionários
públicos, D. Pedro I dissolveu a Assembleia
Constituinte em 1823 e impôs seu próprio projeto,
que se tornou a primeira Constituição do Brasil.
Apesar de aprovada por algumas Câmaras Municipais
da confiança de D. Pedro I, essa Carta, datada de 25 de
março de 1824 e contendo 179 artigos, é considerada
pelos historiadores como uma imposição do
imperador.
Entre as principais medidas dessa Constituição,
destaca-se o fortalecimento do poder pessoal do
imperador, com a criação do Poder Moderador, que
estava acima dos Poderes Executivo, Legislativo e
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Judiciário. As províncias passam a ser governadas por
presidentes nomeados pelo imperador e as eleições
são indiretas e censitárias.
O direito ao voto era concedido somente aos homens
livres e proprietários, de acordo com seu nível de
renda, fixado na quantia líquida anual de cem mil réis
por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos.
Para ser eleito, o cidadão também tinha que
comprovar renda mínima proporcional ao cargo
pretendido. Essa foi a Constituição com duração mais
longa na história do país, num total de 65 anos.
Constituição de 1891 (Brasil República)
Constituição de 1934 (Segunda República)
Constituição de 1937 (Estado Novo)
Constituição de 1946
Constituição de 1967 (Regime Militar)
Constituição de 1988 (Constituição Cidadã)
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O Brasil já concebeu oito constituições; a primeira, em
1824, excluía as mulheres de praticar todos os atos da vida
civil, tais como votar e ser votada. O Código Civil de 1916
expunha o indivíduo do sexo feminino como um ser inferior,
sendo “relativamente incapaz”, necessitado de orientação e
aprovação masculina. Um exemplo disso é o Art. 178 que
prevê, em dez dias, contados do casamento, a ação do marido
para anular o matrimonio contraído com a mulher já
deflorada. Outro é encontrado no Art. 233, que define o
marido é o chefe da sociedade conjugal.
Assim, como no Código Civil de 1916, o judaísmo declarava
através dos textos bíblicos proibições às mulheres, tais como:
“se a mulher trair o seu marido, ela será feita em objeto de
maldição pelo Senhor...”; “Se uma jovem é dada por esposa a um
homem e este descobre que ela não é virgem, então será levada
para a entrada da casa de seu pai e a apedrejarão até a morte”
(LIMA, 2010, p.4).
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2018 - Lei da Importunação Sexual
Até 1962, as mulheres casadas só podiam trabalhar fora
se o marido permitisse.
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com destaque à Bertha Lutz, que articulou a política que
resultou nas leis que deram direito ao voto feminino em 1932.
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preso. Após sofrer agressões durante anos, incluindo uma
tentativa de assassinato, que a deixou paraplégica, e após as
várias denúncias, o agressor tentaria novamente assassiná-la,
falhando novamente.
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acima, ser matizada pelo crescimento expressivo dos registros
de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI), que
tiveram incremento de 35,2% de 2018 para 2019, um total de
16.648 casos no último ano. Especificamente para o caso de
homicídios femininos, enquanto o SIM/Datasus indica que 3.737
mulheres foram assassinadas no país em 2019, outras 3.756
foram mortas de forma violenta no mesmo ano, mas sem
indicação da causa – se homicídio, acidente ou suicídio –, um
aumento de 21,6% em relação a 2018” Atlas 2021.
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Em suma, o crescimento das mortes violentas por causa
indeterminada dificulta uma melhor compreensão da
evolução da violência letal no Brasil. Pela dimensão desse
crescimento, não está invalidada, por exemplo, a conclusão de
que houve uma queda da taxa de homicídios no Brasil em
2019, mas reduz-se a precisão da magnitude dessa
diminuição. Além disso, os homicídios não computados
também podem afetar os resultados de outras variáveis,
reduzindo o nível de confiança das análises sobre juventude,
homens e mulheres, negros e não negros, pessoas indígenas e
homicídios por armas de fogo.
Os dados utilizados e a forma de apresentação revelam a
fragilidade e a baixa qualidade das informações, no atlas da
violência de 2021, onde temos uma REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER.
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ano, massem indicação da causa – se homicídio, acidente ou
suicídio –, um aumento de 21,6% em relação a 2018, Atlas
2021
Feita a ressalva metodológica, partimos para a análise dos
dados registrados oficialmente como homicídios. Os 3.737
casos registrados em 2019 equivalem a uma taxa de 3,5
vítimas para cada 100 mil habitantes do sexo feminino no
Brasil. A taxa representa uma redução de 17,9% em relação a
2018, quando foram registradas 4,3 vítimas para cada 100 mil
mulheres.
Agora partiremos aos dados de duas pesquisas
diferentes sobre a violência contra as mulheres, elas
mostram o cenário de2020/2021 e levam em conta o
período pandêmico:
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Apesar da redução verificada nos registros policiais, o
número de Medidas Protetivas de Urgência concedidas
cresceu, passando de 281.941 em 2019 para 294.440 em
2020, crescimento de 4,4% no total de MPU concedidas pelos
Tribunais de Justiça (Anuário 2021).
Em números absolutos, no ano de 2020 tivemos 1.350
mulheres assassinadas por sua condição de gênero, ou seja,
morreram por serem mulheres. No total, foram 3.913
mulheres assassinadas no país no ano passado, inclusos os
números do feminicídio. Esta relação indica que 34,5% do
total de assassinatos de mulheres foi considerado como
feminicídio pelas Polícias Civis estaduais (Anuário 2021).
A violência contra as mulheres por acontecerem na
maioria das vezes em casa e com pessoas próximas, na sua
maioria parceiros ou ex-parceiros, os desfechos desses casos
terminam com feminicídio, a morte da mulher. De acordo com
o Anuário da violência cerca de 81,5 das mortes registradas
como feminicídio, o autor era parceiros ou ex-parceiros ou
familiar.
O perfil das vítimas
O perfil racial também apresenta pequena diferença,
embora em ambos os casos se verifique a sobre representação
de mulheres negras entre as vítimas. Entre as vítimas de
feminicídio no último ano 61,8% eram negras, 36,5% brancas,
0,9% amarelas e 0,9% indígenas. Entre as vitimas dos demais
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homicídios femininos 71% eram negras, 28% eram brancas,
0,2% indígenas e 0,8% amarelas (Anuário 2021).
Vítimas de Feminicídio e demais mortes violentas
intencionais de mulheres, por raça/cor - Brasil, 2016-
2020.
Vítimas de Feminicídio e demais mortes violentas
intencionais de mulheres, por faixa etária - Brasil
(2020).
O anuário (2021) fez o levantamento de onde essas
mulheres foram mortas e ajuda a compreender o
contexto dessas mortes violentas, nos casos de
feminicídio mais da metade das vítimas morreram
dentro de casa, ao passo que dentre os demais
homicídios femininos 1/3 ocorreram em via pública.
Feminicídios e demais mortes violentas intencionais
de mulheres, por tipo de local do crime - Brasil
(2020).
O lugar mais perigoso para as mulheres é dentro de
casa.
Maria da Penha
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a
violência como o uso de força física ou poder, em ameaça ou
na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo
ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento,
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morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou
privação.
A violência pode ser definida como qualquer
comportamento que causa intencionalmente dano ou
intimidação moral a outro. Esse comportamento pode invadir
desde a autonomia, integridade física, psicológica e até
mesmo a vida do outro (SILVA, 2017).
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História da Maria da Penha
Lei Maria da Penha
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VIGILÂNCIA CONSTANTE
PERSEGUIÇÃO CONTUMAZ (STALKING)
INSULTOS
CHANTAGEM
EXPLORAÇÃO
LIMITAÇÃO DO DIREITO DE IR E VIR
RIDICULARIZAÇÃO
TIRAR A LIBERDADE DE CRENÇA
DISTORCER E OMITIR FATOS PARA DEIXAR A MULHER
EM DÚVIDA SOBRE A SUA MEMÓRIA E SANIDADE
(GASLIGHTING)
Violência sexual: Trata-se de qualquer conduta que
constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação
sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou
uso da força, sendo:
ESTUPRO
OBRIGAR A MULHER A FAZER ATOS SEXUAIS QUE
CAUSAM DESCONFORTO OU REPULSA
IMPEDIR O USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS OU
FORÇAR A MULHERA ABORTAR
FORÇAR MATRIMÔNIO, GRAVIDEZ OU PROSTITUIÇÃO
POR MEIO DE COAÇÃO, CHANTAGEM, SUBORNO OU
MANIPULAÇÃO
LIMITAR OU ANULAR O EXERCÍCIO DOS DIREITOS
SEXUAIS E REPRODUTIVOS DA MULHER
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Violência patrimonial: Entendida como qualquer conduta
que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total
de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. Sendo
identificadas como:
CONTROLAR O DINHEIRO
DEIXAR DE PAGAR PENSÃO ALIMENTÍCIA
DESTRUIÇÃO DE DOCUMENTOS PESSOAIS
FURTO, EXTORSÃO OU DANO
ESTELIONATO
PRIVAR DE BENS, VALORES OU RECURSOS
ECONÔMICOS
CAUSAR DANOS PROPOSITAIS A OBJETOS DA MULHER
OU DOS QUAIS ELA GOSTE
Violência moral: É considerada qualquer conduta que
configure calúnia, difamação ou injúria, como:
ACUSAR A MULHER DE TRAIÇÃO
EMITIR JUÍZOS MORAIS SOBRE A CONDUTA
FAZER CRÍTICAS MENTIROSAS
EXPOR A VIDA ÍNTIMA
REBAIXAR A MULHER POR MEIO DE XINGAMENTOS
QUE INCIDEM SOBRE A SUA ÍNDOLE
DESVALORIZAR A VÍTIMA PELO SEU MODO DE SE
VESTIR
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Construindo Mulheres, Processo de
Subjetivação e Dispositivos
“Não se nasce mulher, torna-se”
Simone de Beauvoir
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Meninos: Fortes, gostam de azul, brincam de
carrinho, podem ser super-heróis;
Meninas: Gentis, delicadas, gostam de rosa, brincam
de boneca, princesas.
Como criamos meninas: Dispositivo e a forma de
construir sujeitos.
Dispositivo para Foucault – Recorte de AGAMBEN:
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proposições filosóficas, etc. O dispositivo em sim mesmo
é a rede que se estabelece entre estes elementos.
O dispositivo tem sempre uma função estratégica
concreta e se inscreve sempre numa relação de poder.
Como tal, resulta do cruzamento de relações de poder e
de relações de saber.
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fundamento identitário. O dispositivo amoroso investe e
constrói corpos-em-mulher, prontos a se sacrificar, a viver no
esquecimento de si pelo amor de outrem.
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sujeito de um saber e a produção do saber sobre um sujeito
por meio de práticas discursivas e não discursivas diversas.
Atualmente, os moldes que detém os contornos
mulher/homem tornam quase impossível uma relação
igualitária nos embates sexuais, atravessados de poder. Há,
nas dobras dos lençóis, um maniqueísmo binário insidioso
mesmo se os papéis pode ser, eventualmente,
intercambiáveis.
Onde há sexualidade abriga-se também a posse, a
traição, a honra, a autoestima, a emoção, valores que se
confundem em torno de corpos definidos pelo poder de
nomeação, pela performatividade dos comportamentos
codificados pelo social, pelas condições de imaginação que
esculpem modelos e referentes ideais.
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Enrijecimento dos espaços públicos e privados - público,
espaço de trabalho e masculino e espaço privado como
naturalmente feminino pela capacidade procriação (ter
útero).
Divisão sexual do trabalho contrato do casamento
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crianças como alguém diferente do adulto, não um mini
adulto, então com necessidades diferentes.
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forma pelos reformadores católicos e protestantes no
século XVII e chegou ao seu apogeu com a psicanálise no
século XX, o conceito de responsabilidade foi
transformado em culpa materna.
As tarefas aumentam e ao mesmo tempo ocorre um
apogeu da imagem de mãe, é por meio de valores que se
firmaram nesta transição, devotamento e sacrifício da
maternidade a fizeram brilhar. É por meio de valores
que se firmaram nesta transição que se pode
compreender a configuração do dispositivo materno.
Empoderamento colonizado através maternidade,
através da compreensão de que o trabalho familiar é
necessário à sociedade , tomando uma importância que
elas jamais tiveram, direito ao respeito dos homens e o
reconhecimento de sua utilidade e de sua especificidade,
uma tarefa nobre que deveria ser fonte da felicidade
humana.
Associação ideológica entre o amor e o materno um
sentimento e um ideal feminino.
Um característica dos dispositivos (foucaultianos), a
possibilidade de reprimir e constituir, o poder de
repressão se tornou capaz de construir, tornando as
linhas de domínio quase imperceptíveis, criando o
desejo de ser, elevando as mulheres mortais à figura de
mãe, como maria, a ideia de DAR A LUZ a um bebê.
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Temos a passagem da mulher diabólica e perigosa (EVA)
para uma mulher especialmente materna, boa e
disponível para cuidar (Maria), a redenção da mulher , o
controle foi substituído.
Não amar um filho tornou-se um crime e não tê-los uma
aberração, a mulher foi sacramentada, agora como uma
santa seria necessário performar certos
comportamentos - vestir, olhar, olhos baixos e contraída,
com pudor nos gestos para uma mulher de família não
ser confundida com uma luxuriosa. Pudor e vergonha
foram instituídos qualidades femininas.
A chegada desses ideais no Brasil o poder civilizador da
maternidade, domesticação e povoamento, igreja e
medicina tiveram um papel importante.
Realização social pela maternidade, pois essa seria a
única forma de se tornar um ser social, havendo a falsa
sensação de igualdade com os homens.
Corpos de mulheres - branca para a maternidade e
negras e não-brancas para o desejo do homem branco e
seu ventre permite o aumento de seu número de
escravos, (os bastardos) patriarcal sexista e racista.
As pobres viviam no concubinatos e tinham filhos fora
do casamento, havia (e há) muito preconceito com mães
solteiras.
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Maternidade no Brasil - roda dos enjeitados - abandono
e infanticídio.
O processo para tornar a mulher responsável pela
família, casamento e procriação foi longo.
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Submissão: Elas são ensinadas a servir homens e serão
algum dia escolhidas.
Investimentos de energia e dedicação - a castração
psíquica de mulheres.
Cuidar, amar e procriar - a procriação não torna as
mulheres mais aptas para cuidar, nem naturalmente
(muitas conseguem ter prazer na maternagem, mas
outras sofrem, silenciosamente, frustradas e infelizes).
Dessentimentalizar o cuidado: pode ser entendido como
uma pronta resposta, concreta às necessidades do outro.
A mulher sem filhos ainda será interpelada a essa função
em maior e menor grau.
A dificuldade de dizer não e a culpa - a culpa materna
está em todo lugar, como a poluição do ar - ideal de
maternidade introjetado.
O silenciamento de sentimentos negativos vindos com a
maternidade (estratégia de sobrevivência) o dispositivo
é eficaz.
As mulheres são convidadas a contribuir
emocionalmente e cognitivamente na esfera paga e não
paga (por sua natural emocionalidade).
Adoecimento de mulheres pela sobrecarga.
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Invisibilidade do trabalho doméstico - classe social e
etnia - domésticas e babás (Exemplo: filme - Que horas
ela volta).
Ganho narcísico como mães são insubstituíveis -
funcionamento do dispositivo.
Feminilização da pobreza e realização pela maternidade
por ausência de outras possibilidades - gravidez na
adolescência - caminhos identitários apresentados.
Profissões femininas desvalorizadas - professoras e
magistério como entrada no mercado de trabalho -
relação com o dinheiro - doação, altruísmo e bondade e
dinheiro pressupõe obter benefícios.
Dinheiro = poder = masculino
Patologização das experiências - psiquiatria e psicologia.
Desigualdade, injustiça e desempoderamento.
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A violência doméstica é um fenômeno que não distingue
classe social, raça, etnia, religião, orientação sexual,
idade e grau de escolaridade. Todos os dias, somos
impactados por notícias de mulheres que foram
assassinadas por seus companheiros ou ex-parceiros. Na
maioria desses casos, elas já vinham sofrendo diversos
tipos de violência há algum tempo, mas a situação só
chega ao conhecimento de outras pessoas quando as
agressões crescem a ponto de culminar no feminicídio.
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dados – para se ter uma ideia, a cada 2 minutos 5
mulheres são violentamente agredidas. Outra
confirmação da frequência da violência de gênero é o
ciclo que se estabelece e é constantemente repetido:
aumento da tensão, ato de violência e lua de mel. Nessas
três fases, a mulher sofre vários tipos de violência (física,
moral, psicológica, sexual e patrimonial), que podem ser
praticadas de maneira isolada ou não.
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e difundir a Lei Maria da Penha e outros instrumentos de
proteção dos direitos humanos das mulheres.
A violência doméstica pode, sim, ser denunciada em
qualquer delegacia, sem perder de vista, entretanto, que
a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher
(DEAM) é o órgão mais capacitado para realizar ações de
prevenção, proteção e investigação dos crimes de
violência de gênero. O acesso à justiça é garantido às
mulheres no art. 3º da Lei Maria da Penha.
Grande parte dos feminicídios ocorrem na fase em que
as mulheres estão tentando se separar dos agressores.
Algumas vítimas, após passarem por inúmeros tipos de
violência, desenvolvem uma sensação de isolamento e
ficam paralisadas, sentindo-se impotentes para reagir,
quebrar o ciclo da violência e sair dessa situação.
Muitas mulheres acreditam que suportar as agressões e
continuar no relacionamento é uma forma de proteger
os filhos. No entanto, eles vivenciam e sofrem a violência
com a mãe. Isso pode ter consequências na saúde e no
desenvolvimento das crianças, pois elas correm o risco
não só de se tornarem vítimas da violência, mas também
de reproduzirem os atos violentos dos agressores.
A violência sofrida pela mulher é um problema social e
público na medida em que impacta a economia do País e
absorve recursos e esforços substanciais tanto do Estado
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quanto do setor privado: aposentadorias precoces,
pensões por morte, auxílios-doença, afastamentos do
trabalho, consultas médicas, internações etc.
De acordo com o § 2º do art. 3º da Lei Maria da Penha, é
de responsabilidade da família, da sociedade e do poder
público assegurar às mulheres o exercício dos “direitos à
vida, à segurança, à educação, à cultura, à moradia, ao
acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária”.
Além disso, desde 2012, por decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF), a Lei Maria da Penha é passível
de ser aplicada mesmo sem queixa da vítima, o que
significa que qualquer pessoa pode fazer a denúncia
contra o agressor, inclusive de forma anônima. Achar
que o companheiro da vítima “sabe o que está fazendo” é
ser condescendente e legitimar a violência num contexto
cultural machista e patriarcal. Quando a violência existe
em uma relação, ninguém pode se calar.
Se isso fosse verdade, eles também agrediriam chefes,
colegas de trabalho e outros familiares, e não somente a
esposa, as filhas e os filhos. A violência doméstica não é
apenas uma questão de “administrar” a raiva. Os
agressores sabem como se controlar, tanto que não
batem no patrão, e sim na mulher ou nos filhos. Além
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disso, eles agem dessa maneira porque acreditam que
não haverá consequências pelos seus atos.
Muitos homens agridem as suas mulheres sem que
apresentem qualquer um desses fatores.
É comum ver argumentos de que a Lei Maria da Penha
fere a Constituição Federal em seu art. 5º, inciso I,
segundo o qual “homens e mulheres são iguais em
direitos e obrigações nos termos desta constituição”.
Assim, o problema estaria no fato de que a lei teria
tratado a violência doméstica e familiar pelo viés de
gênero, o que, para muitos, seria uma “discriminação” do
sexo masculino, pois marcaria uma diferenciação entre
homens e mulheres e infringiria o princípio da isonomia.
No entanto, esse princípio não significa uma igualdade
literal, mas prescreve que sejam tratadas igualmente as
situações iguais e desigualmente as desiguais. Ora, as
mulheres enfrentam desvantagens históricas dentro do
contexto machista e patriarcal em que vivemos, as quais
vão desde o trabalho, passando pela participação política
e o acesso à educação, até as relações familiares, entre
outras.
Dessa forma, a Lei Maria da Penha, longe de privilegiar
as mulheres em detrimento dos homens, tem uma
atuação imprescindível para equilibrar as relações e
proteger as mulheres em situação de risco e violência,
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visando uma igualdade real, e não apenas teórica. Por
fim, vale ressaltar que o Supremo Tribunal Federal (STF)
também já se posicionou quanto a essa questão,
decidindo pela constitucionalidade da lei.
A Lei Maria da Penha será aplicada para proteger todas
as pessoas que se identificam com o gênero feminino e
que sofram violência em razão desse fato − conforme o
parágrafo único do art. 5º da lei, a violência doméstica e
familiar contra a mulher pode se configurar
independentemente de orientação sexual. Inclusive,
alguns tribunais de justiça já aplicam a legislação para
mulheres transexuais. Quanto ao homem, ele será
colocado diante da Lei n. 11.340/2006 sempre que for
considerado um agressor. Se ele for vítima, serão
aplicados os dispositivos previstos no Código Penal, e
não aqueles presentes na Lei Maria da Penha.
A Lei Maria da Penha cria mecanismos para enfrentar e
combater a violência doméstica e familiar contra a
mulher, ou seja, trata-se de uma lei elaborada para
proteger as mulheres, trazendo inclusive definições
claras e precisas sobre a violência de gênero. Todo
homem que se tornar um agressor infringe a lei e viola
os direitos humanos das mulheres. Portanto, é preciso
fazer o registro de ocorrência para que a autoridade
policial realize os procedimentos necessários tanto para
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a proteção da vítima quanto para a investigação dos
fatos. Diante disso, em vez de falar em “vingança”, deve-
se falar em “justiça”.
Fases de Violência:
FASE 1
AUMENTO DA TENSÃO
ATO DE VIOLÊNCIA
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Esta fase corresponde à explosão do agressor, ou seja, a
falta de controle chega ao limite e leva ao ato violento.
Aqui, toda a tensão acumulada na Fase 1 se materializa
em violência verbal, física, psicológica, moral ou
patrimonial.
Mesmo tendo consciência de que o agressor está fora de
controle e tem um poder destrutivo grande em relação à
sua vida, o sentimento da mulher é de paralisia e
impossibilidade de reação. Aqui, ela sofre de uma tensão
psicológica severa (insônia, perda de peso, fadiga
constante, ansiedade) e sente medo, ódio, solidão, pena
de si mesma, vergonha, confusão e dor.
Nesse momento, ela também pode tomar decisões − as
mais comuns são: buscar ajuda, denunciar, esconder-se
na casa de amigos e parentes, pedir a separação e até
mesmo suicidar-se. Geralmente, há um distanciamento
do agressor.
FASE 3
ARREPENDIMENTO E COMPORTAMENTO CARINHOSO
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o casal tem filhos. Em outras palavras: ela abre mão de
seus direitos e recursos, enquanto ele diz que “vai
mudar”.
Há um período relativamente calmo, em que a mulher se
sente feliz por constatar os esforços e as mudanças de
atitude, lembrando também os momentos bons que
tiveram juntos. Como há a demonstração de remorso, ela
se sente responsável por ele, o que estreita a relação de
dependência entre vítima e agressor.
Um misto de medo, confusão, culpa e ilusão fazem parte
dos sentimentos da mulher. Por fim, a tensão volta e,
com ela, as agressões da Fase 1.
Sobre o Corpo
49
difundindo representações hierárquicas e assimétricas de
sexo e sexualidade em imagens e discuros, em filmes, em
revistas, jornais, televisão, banalizando a venda de crianças
para o sexo, o abuso sexual, a violência doméstica, a
violência paroxística da prostituição, o estupro, a
discriminação e o assassinato de homossexuais, aqueles
que ameaçam a ordem instituída e organizada do “eu”e do
“nós”? Sem falar da violência do “eu” sobre “mim”, na
domesticação do desejo e do prazer, centrado e
simbolizado pelos órgãos genitais, na tarefa de me explicar
ou reproduzir, dentro ou fora da matriz da
heterossexualidade?
50
O direito sobre o corpo feminino assédio e violências.
Mulher como propriedade família/marido - corpo
público.
51
pessoas desconhecidas comentam as imagens,
compartilham e promovem um ciclo de violência contínua
às vítimas, que não atinge supostamente apenas a uma vida
virtual, mas principalmente a sua vida real no seu
cotidiano, através de humilhações e ameaças virtuais ou
físicas.
52
“pornografia de vingança”: modalidade de crime
eletrônico que consiste em expor para grupos ou de
forma massiva, sem autorização da vítima, imagens,
vídeos ou demais informações íntimas.
53
construção do sofrimento psíquico também ocorrerá dessa
maneira.
54
No Sistema Único de Saúde (SUS) a equidade se evidencia
no atendimento aos indivíduos de acordo com suas
necessidades, oferecendo mais a quem mais precisa e menos a
quem requer menos cuidados.
55
é mergulhar em uma profunda depressão. Desse modo, Garcia
(1995, p. 117) nos diz que “a depressão e auto anulação são as
expressões mais lógicas numa situação onde não há
instrumentos de superação de uma crise que se incorporou
durante toda uma vida”.
56
Patamar hierárquico permanece de homens superiores
(dadas as teorias aristotélicas sobre mulher como um
homem menor).
HOMEM REALIZAÇÃO COMPLETA DO SER HUMANO E A
MULHER COMO UM HOMEM EM FALTA (PSICANÁLISE
MANTÉM ESSA CONDIÇÃO DE MULHER NÃO TODA).
Dois seres completamente diferente em sua essência de
homem e mulher.
A essência natural dos homens se dá pela AÇÃO
ENÉRGICA, ATIVIDADE SEXUAL, CORAGEM,
RESISTÊNCIA FÍSICA E MORAL, CONTROLE DE SI
(CORPO E MENTE), cabendo a eles o espaço público e o
TRABALHO RECONHECIDO E REMUNERADO.
Firmando uma nova configuração de virilidade:
Virilidade: latino vir, virilitas e virtus (homem, verão) e
seus órgãos sexuais , apontando os princípios de
comportamento e de ações que designam no ocidente as
qualidades de um homem concluído, O MAIS QUE
PERFEITO DO MASCULINO.
A virilidade sofre mudanças - coragem de lutar até
morrer para os gregos e para os períodos de guerras
mundiais e vai adquirindo sentidos diferentes com o
avanço dos valores individuais.
57
A dominação do homem não se dá somente das
mulheres, mas de outros sujeitos sociais (bárbaros,
crianças, jovens e escravos).
A virilidade se firma sobre a dominação pautada nas
diversas virilidades (sexuais, guerreiras e laborais).
A dominação relacionada à virilidade no mundo
ocidental formou-se em quatro pilares: Mundo social
(suas características, culturais, históricas e locais), entre
si mesmo (inicialmente o embrutecimento,
posteriormente o controle de seus próprios
comportamentos e afetos, o ideal da razoabilidade),
contra as mulheres (consideradas sempre inferiores,
menos nobres) e contra outros homens (competição
com os iguais, como no exercício de controle e
subjugação dos considerados inferiores, de acordo com
valores sociais daquele momento: vencidos de guerra,
jovens, pobres etc.)
A sexualidade se mantém como um dos pontos
fundamentais de expressão e dominação e afirmação do
homem viril, o comportamento sexual ativo de pênis
ereto, são tomados e interpretados como meios para
atingir a plena maturidade (havendo variações).
A dominação na história humana
homoerotismo - elemento crucial (dentro de certas
regras ), para os GREGOS as práticas de dominação
58
sexual entre homens velhos e jovens acontecia como
etapa necessária para atingir o amadurecimento e a
virilidade como um longo processo de dominação
(ausência da palavra homossexualidade, o que
importava era a força do desejo e não o objeto,
colocando a capacidade do individuo marca da
virilidade). ROMANOS, transformações da virilidade
havendo uma continuidade da exaltação da ereção e a
sexualidade, mas o homoerotismo deixa de ser uma
prática educativa e a educação passa a ser exercida
pelo pai da família que ensina a “ser homem”.
Normalização do homem casado ter várias parceiras,
normalização da necessidade sexual masculina como
natural e a impotência passa a ser problematizada e
temida e motivo de escárnio, zombaria.
O pênis e o comportamento ativo como
representações viris: penetrar, mas não ser
penetrado, traça uma linha divisória do que é ser viril.
Ser penetrado é coisa (de afeminado que abdicou de
sua masculinidade se igualando a uma mulher e é
tratado como tal.
Idade Média no Império Romano, igreja, valores
católicos e profundo sexismo, trazendo uma nova
forma de virilidade com a fecundidade o ato sexual
para a procriação, o homem assume a função paterna.
59
Temos o surgimento dos cléricos homens da igreja
outra forma de virilidade, superioridade e lugar que
só poderá ser ocupado por homens em idade viril,
papel respeitado socialmente, papel paterno
desempenhado, virilidade moderna.
A mordenidade traz mudanças na virilidade , a noção
de força e dominação se une aos ideais de sabedoria,
ponderação e prudência. A força dá espaço pelo
cálculo, boas maneiras e o requinte, o poder do
convencimento. Os novos traços da civilidade, os
controles sociais mudam, há a instauração da
centralização de poder pelo Estado moderno
(organização política), uma dominação mais delicada,
o poder da palavra, gestes e consciência de si.
Iluminismo - apologia à razão: Avanços científicos e
filosóficos. Homem inspetor dos costumes de sua
mulher, o cabeça da casa, os valores religiosos
permanecem e encontram com a ciência e o controle
social que desenvolve a biologização do corpo
feminino, avanço da organização econômica através
do acúmulo de bens, o trabalho sofre mudanças com a
sua glorificação.
Medicina no século 19 retratou a atividade sexual
masculina como NECESSIDADE FISIOLÓGICA quase
60
INADIÁVEL. Se divertir na rua - sexo e sangue animal
andam de mãos dadas.
61
individualismo. A homossexualidade , sodomia ,
entendida como subversão da biologia e
compreendida como doença inserida nos manuais de
psiquiatria. A homossexualidade deveria ser
combatida e curada.
Iniciação à sexualidade ao corpo feminino - espiar
mulheres da família seminuas.
Masculinidade hegemônica passa a ser constituída no
valor do trabalho: função social de provedor
viabilizado pelo trabalho, fonte de auto realização.
62
outro, para eles o silêncio trata-se de manter a
cumplicidade e preservar narcisicamente a
cumplicidade com os homens , para a manutenção de
seus privilégios (sentimento de honra), um silêncio
para fora.
Hierarquia na casa - classe social e raça
(masculinidades não hegemônicas), marginalização,
havendo uma ordem interna de gênero - homens
negros - hipersexualização e periculosidade -
tratamento policial diferencial.
Violência como afirmação da virilidade (estupros
individual e coletivo) - diferenças territoriais –
regionalidade.
O macho provedor - verdadeiro homem:
63
O caráter sexuado do dinheiro associado à virilidade e
questionamentos de sua identidade sexual.
O sucesso econômico assume diferentes significados
de acordo com o sexo: Homem bem sucedido -
Mulher compensa um fracasso em realização
feminina.
A importância do trabalho para subjetividade de um
homem e na sua definição de indivíduo.
homem pobre x homem rico - o trabalho é
obrigatório ao homem pobre, ou se é considerado um
vagabundo. Homens ricos tem a glamourização e o
referencial de virilidade pelo acúmulo de bens, tem o
reconhecimento social, realização pessoal e simbólico
de outros homens , o que nem sempre acontece com
homens pobres, masculinidade subordinada.
O valor atribuído ao trabalho que como condição para
identidade masculina passa por questões sociais como
raça, classe social e sexualidade. Tudo o que constrói
um “verdadeiro homem” .
Virilidade laborativa e o surgimento dos workaholics,
vive em função do trabalho, casa com o trabalho
(status de sucesso aumenta o valor do capital
amoroso).
64
Adoecimento pelo esgotamento mental e físico em
decorrência de preocupações e o ritmo de trabalho.
Gênero
Simone de Beauvoir (1945): “ninguém nasce mulher, torna-se”.
65
organizações e instituições sociais, identidade subjetiva
(SCOTT, 1988); como divisões e atribuições assimétricas
de característicos e potencialidades (FLAX, 1987); como,
numa certa instância, uma gramática sexual, regulando
não apenas relações homem–mulher, mas também
relações homem–homem e relações mulher– mulher
(SAFFIOTI, 1992, 1997b; SAFFIOTI e ALMEIDA, 1995).
Misoginia
substantivo feminino
1. 1. ódio ou aversão às mulheres.
2. 2. aversão ao contato sexual com as mulheres.
Patriarcado - Safiotti – O sistema Sociopolítico como o
próprio nome indica, é o regime da dominação-exploração das
mulheres pelos homens.
66
também para assegurar as mulheres para si próprios. Seu
sucesso nesse empreendimento é narrado na história do
contrato sexual. O pacto original é tanto um contrato sexual
quanto social: é social no sentido de patriarcal – isto é, o
contrato cria o direito político dos homens sobre as
mulheres –, e também sexual no sentido do estabelecimento
de um acesso sistemático dos homens ao corpo das
mulheres. O contrato original cria o que chamarei, seguindo
Adrienne Rich, de ‘lei do direito sexual masculino’. O
contrato está longe de se contrapor ao patriarcado: ele é o
meio pelo qual se constitui o patriarcado moderno”.
Ética Profissional
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
67
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.
68
quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor
prejuízo. Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo
previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá
restringir-se a prestar as informações estritamente
necessárias.
69
violências cometidas contras as mulheres: psicológica, física,
sexual, moral e patrimonial
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm). O CFP produziu vídeos, os quais
podem ser facilmente acessados
(https://www.youtube.com/watch?v=084Z58rI8rE e
https://www.youtube.com/watch?v=6r3_uaUh59Q&feature=
youtu.be) no intuito de auxiliar as psicólogas e os psicólogos
no (re)conhecimento destes tipos de violência.
70
A comunicação externa deve ser feita em situações em que
a vida da mulher corra sério risco ou ainda a de seus filhos ou
de pessoas próximas. Nos demais casos, o psicólogo deve
trabalhar com a mulher, fortalecendo o seu protagonismo e
oferecendo ferramentas para que ela tome decisões (CREPOP,
2013).
A rede de atendimento
Âmbito Governamental
Centros de Referência de Atendimento à Mulher
Núcleos de Atendimento à Mulher
Casas-Abrigo
Casas de Acolhimento Provisório
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher
(DEAMs)
Núcleos ou Postos de Atendimento à Mulher nas
Delegacias Comuns
Polícia Civil e Militar
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Instituto Médico Legal
Defensorias da Mulher
Juizados de Violência Doméstica e Familiar
Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
Ouvidorias
Ouvidoria da Mulher da Secretaria de Políticas para as
Mulheres
Serviços de Saúde voltados para o atendimento dos
casos de violência sexual e doméstica
Posto de Atendimento Humanizado nos Aeroportos
Núcleo da Mulher da Casa do Migrante
72
Todas as possibilidades de atuação devem se orientar
pelo fortalecimento do protagonismo das mulheres e pelo
entendimento multidimensional da violência, como produto
das relações desiguais legitimadas e produzidas nas
diferentes sociedades.
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cientificamente válidas. Essa premissa ética é fundamental
para que se alcance qualidade nos serviços prestados.
Prevenção e Combate
Política Nacional
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implementadas independentemente de princípios
religiosos, de forma a assegurar os direitos consagrados
na Constituição Federal e nos instrumentos e acordos
internacionais assinados pelo Brasil.
Princípios e Diretrizes da Política Nacional de
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres,
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres
Política Nacional, Universalidade das Políticas – As
políticas públicas devem garantir, em sua
implementação, o acesso aos direitos sociais, políticos,
econômicos, culturais e ambientais para todas as
mulheres.
Justiça Social – A redistribuição dos recursos e riquezas
produzidas pela sociedade e a busca de superação da
desigualdade social, que atinge de maneira significativa
às mulheres, devem ser assegurados.
Transparência dos Atos Públicos – O respeito aos
princípios da administração pública, tais como
legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, com
transparência nos atos públicos e controle social, deve
ser garantido.
Participação e Controle Social – O debate e a
participação das mulheres na formulação,
implementação, avaliação e controle social das políticas
públicas devem ser garantidos e ratificados pelo Estado
75
brasileiro, como medida de proteção aos direitos
humanos das mulheres e meninas.
76
Estruturar a Redes de Atendimento à mulher em
situação de violência nos Estados, Municípios e Distrito
Federal.
77
Referências Bibliográficas
78
WhatsApp masculinos no Brasil. Gênero em perspectiva.
Curitiba: CRV, p. 79-102, 2020.
79
FAUSTO, Boris; FAUSTO, Sergio. história do Brasil. São Paulo:
Edusp, 1994.
80
GUEDES, Rebeca Nunes; SILVA, Ana Tereza Medeiros
Cavalcanti da; FONSECA, Rosa Maria Godoy Serpa da. A
violência de gênero e o processo saúde-doença das mulheres.
Escola Anna Nery, v. 13, p. 625-631, 2009.
81